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Ássanas para o sistema de chacras

Prescrição de ássanas1 para ajudar a equilibrar as energias sutis do sistema de chacras.

Por: Barbara Kaplan Herring


Tradução: Estela M. F. Carvalho

Sétimo Céu
Em nosso corpo existem sete chacras, ou centros de energia, que ficam bloqueados devido a tensões
constantes ou a uma baixa autoestima. Ao praticar posturas que correspondem a cada chacra, podemos
aliviar estes bloqueios e abrir caminho para uma maior consciência.

O sistema de chacras proporciona uma base teórica para adequar a nossa prática de ioga à nossa
personalidade e às circunstâncias. Tradicionalmente, os indianos viam o corpo como se contivesse sete
chacras principais, ordenados verticalmente desde a base da espinha até o topo da cabeça. Em sânscrito,
chacra é uma palavra que significa roda, e estas “rodas” foram representadas como vórtices giratórios de
energia.

Cada chacra está associado a funções específicas do corpo e a questões específicas da vida e à forma
como lidamos com elas, tanto dentro de nós mesmos como em nossas interações com o mundo. Os
chacras são centros de força e podem ser considerados os locais onde recebemos, absorvemos e
distribuímos as energias da vida. Através de situações externas e hábitos internos, como tensão física
contínua e uma autoimagem limitada, a energia do chacra pode se tornar tanto insuficiente quanto
excessiva e, portanto, desequilibrada.
Este desequilíbrio pode se desenvolver temporariamente devido a desafios situacionais ou podem ser
crônicos. Um desequilíbrio crônico pode se originar de experiências vividas na infância, estresses ou
sofrimentos passados, além de valores culturais internalizados. Por exemplo, uma criança cuja família se
muda frequentemente de cidade pode ter dificuldades para aprender o que é se sentir enraizado em um
local, e pode crescer com um primeiro chacra deficiente.

1
Ássanas, chacras, ioga (com “i” e feminino), pratiaara são termos dicionarizados, encontrados, por exemplo, no
dicionário Houaiss. Mas estou à disposição da revista PYJ para adaptar a terminologia deste texto à grafia definida pelo
Conselho Editorial.

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Um chacra deficiente não recebe a energia adequada e nem revela facilmente a sua energia para o mundo.
Há uma sensação de estar física e emocionalmente fechado na região de um chacra deficiente. Pense nos
ombros caídos de alguém que está se sentindo deprimido e sozinho, com o chacra do coração retraído no
peito. O chacra deficiente precisa ser aberto.

Quando a energia de um chacra é excessiva, ele fica sobrecarregado para funcionar de forma saudável e
se torna uma força dominante na vida da pessoa. Por exemplo, alguém com excesso de energia no quinto
chacra (garganta) pode falar demais e ter dificuldade de escutar os outros. Se este mesmo chacra for
deficiente, a pessoa pode ter constrangimento e dificuldade de comunicação.

Muladhara Chakra (Raiz)

Minha aluna Anne me ligou recentemente para agendar uma sessão particular de ioga. Por causa do
trabalho de seu marido, alguns meses antes ela havia se mudado do estado da Geórgia para a região
metropolitana de São Francisco. Apesar de ter gostado da mudança, ela ainda não estava se familiarizando
com a casa nova e tinha dificuldades em encontrar um emprego como designer gráfica. Além de sentir
saudades da família, tinha medo de não encontrar trabalho, o que a deixava cansada e com receio de pegar
um resfriado.

Se a Anne tivesse procurado um consultor de carreiras, um psicoterapeuta e um médico, cada um de seus


problemas teria sido tratado em separado – e assim ela teria certamente conseguido resolvê-los de forma
bem sucedida. Porém, como há anos tenho visto a vida através das lentes do sistema de chacras, uma
forma de entender a vida humana que combina ioga e medicina tradicional indiana, eu conseguia ver uma
consonância nos problemas da minha aluna. E, o que é mais importante, eu estava certa de que tinha
condições de sugerir a ela posturas de ioga e outras práticas que a ajudariam a enfrentar cada um de seus
desafios.

Os sintomas da Anne me pareciam uma deficiência no primeiro chacra. Isso não era uma surpresa, pois as
mudanças recentes na vida dela representavam clássicos desafios ao primeiro chacra. O Muladhara Chakra
(Chacra Raiz) está centralizado no períneo e na base da espinha. Este vórtice de energia está relacionado
ao cuidado com nossas necessidades de sobrevivência, à afirmação de uma sensação saudável de ligação
à terra, de proporcionar cuidados básicos ao corpo e limpar as suas impurezas. Entre as partes do corpo
que se associam a ele estão a base da espinha, as pernas, os pés e o intestino grosso.

As circunstâncias que arrancam as nossas raízes e causam uma deficiência no primeiro chacra (o que
aconteceu com a Anne) incluem viagens, mudanças, apreensão, grandes alterações no corpo, na família,
nas finanças e nos negócios. Algumas pessoas, principalmente aquelas com mentes inquietas e imaginação
ativa, não precisam de desafios específicos para tornar este chacra deficiente; elas se sentem
“desaterradas” a maior parte do tempo, vivendo mais na mente do que no corpo.

Experimentamos deficiências neste chacra como “crises de sobrevivência”. Sejam elas brandas ou severas
– ao sofrer uma ação de despejo, falência ou apenas uma gripe – estas crises normalmente exigem uma
grande ação imediata. Por outro lado, sinais de excesso no primeiro chacra se refletem em ganância,
acumulação de posses ou dinheiro, ou a tentativa de se “aterrar” através do ganho de sobrepeso.

Várias posturas de ioga corrigem desequilíbrios no primeiro chacra, trazendo-nos de volta ao nosso corpo e
à terra, ajudando a nos sentirmos seguros, protegidos e tranquilos. O Muladhara Chakra representa o
“aterramento” físico e emocional, está associado ao elemento terra e à cor vermelha, que tem uma vibração
mais lenta do que as cores que simbolizam os outros chacras.

Para ajudá-la a se “aterrar”, Anne e eu começamos a prática com foco nos pés. Todas as posturas que
alongam e fortalecem as pernas e os pés a favorecem o primeiro chacra. Ela fez movimentos com um pé e
depois com o outro sobre uma bolinha de tênis, para que a pressão despertasse as solas (um mini-
tratamento de acupuntura) e abrisse as “portas” dos pés. Para estimular os dedões e encorajá-los a se abrir
para as posturas em pé, ela se sentou com as pernas cruzadas e entrelaçou os dedos das mãos entre os
dedos dos pés, desde a sola até o topo dos pés. Depois, ela se ajoelhou sobre os pés por alguns instantes.
Após estes aquecimentos, fizemos uma hora de aberturas de panturrilha, alongamentos dos tendões e
posturas em pé, para ajudá-la a abrir, fortalecer e fixar sua atenção para a parte inferior do corpo.

Quando nossos tendões estão enrijecidos, a contração cria uma sensação de que estamos sempre
preparados para sair correndo. Conforme alongava a parte posterior das pernas fazendo Uttanasana
(postura do alongamento intenso) e Janu Sirsasana (postura da cabeça no joelho), a Anne sentia alguns
dos benefícios do primeiro chacra: tranquilidade, paciência, uma vontade de desacelerar e ficar quieta.

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Conforme ia fortalecendo os quadríceps e abrindo os tendões, conseguia recuperar a autoconfiança e o
engajamento necessário às próximas etapas que encontraria em sua jornada. Os seus medos diminuíam à
medida que se permitia confiar na terra e em seu próprio corpo.

Anne e eu terminamos nossa sessão com uma série de posturas restaurativas, como Supta Baddha
Konasana (postura reclinada em ângulo fechado), Salamba Savasana (postura do cadáver com apoio) e
Salamba Balasana (postura da criança com apoio). Todas elas ajudam a assentar uma mente hiperativa e
encorajam a nos rendermos à ação da gravidade. Ao final da nossa sessão, ela não estava mais angustiada.
Sentindo o próprio corpo como se fosse a sua casa, ela estava mais bem preparada para os desafios que
tinha que enfrentar.

Svadisthana Chakra (Quadris, Sacro, Genitais)

Em sânscrito, o segundo chacra é chamado de Svadisthana, que é traduzido como “o seu próprio lugar ou
base”, o que indica o quanto este chacra é fundamental para as nossas vidas. Um aluno que esteja com
problemas relacionados ao segundo chacra pode estar enfrentando preocupações bem diferentes das de
Anne. O trabalho com o primeiro chacra destinava-se a colocar as coisas em ordem. As atividades voltadas
ao segundo chacra devem permitir que haja movimento emocional e sensual em nossas vidas, para que
possamos nos abrir ao prazer e aprender a “seguir o fluxo normal das coisas”. Associado aos quadris, o
sacro, a coluna lombar, os genitais, o ventre, a bexiga e os rins, este chacra está relacionado à
sensualidade, sexualidade, emoções, intimidade e desejo. Todos os nossos fluxos corporais têm a ver com
este chacra: circulação, urinação, menstruação, orgasmo, lágrimas. A água flui, se movimenta e se
transforma; um segundo chacra saudável deve nos permitir fazer o mesmo.

Tentar influenciar o mundo externo não faz parte das atribuições do segundo chacra. Em vez de exigir que o
nosso corpo ou um relacionamento seja diferente, o segundo chacra nos motiva a experimentar os
sentimentos que surgem conforme nos abrimos para a vida como ela é. Conforme nos permitimos aceitar
isso, saboreamos a doçura (ou amargura) da vida. Quando diminuímos nossa resistência à vida, nosso
quadril se solta, nossos órgãos reprodutores se tornam menos tensos, e nos tornamos abertos a vivenciar
nossa sensualidade e sexualidade.

Junto com o segundo chacra na pelve, os outros chacras de número par (o quarto, do coração, e o sexto,
do terceiro olho) são relacionados às qualidades “femininas” de remissão e sinceridade. Estes chacras
exercitam o nosso direito de sentir, amar e ver. Os chacras de número ímpar, encontrados nas pernas e pés,
no plexo solar, na garganta e na coroa da cabeça, estão relacionados ao esforço “masculino” de empregar a
nossa vontade no mundo, reivindicando nossos direitos a ter, indagar, falar e saber. Os chacras masculinos,
de número ímpar, tendem a mover a energia através de nossos sistemas, empurrando-a para fora no
mundo, criando receptividade e calor. Os chacras femininos, de número par, esfriam e atraem a energia
para dentro.

No mundo moderno, o princípio masculino e feminino da vida está desequilibrado. A energia masculina da
ação e expressão frequentemente domina a energia feminina da sabedoria e aceitação, causando um
aumento do estresse em nossas vidas. Por isso, muitas pessoas estão assumindo uma ética de trabalho
que ridiculariza o prazer e proporciona pouco tempo ao lazer e ao descanso. Após ter trabalhado o segundo
chacra em um workshop, uma aluna me contou como era difícil se permitir ter prazer em sua vida, pois era
viciada em trabalho. Criamos um plano para que ela pudesse se permitir 20 minutos diários dedicados ao
poder curativo do prazer: ouvir música, fazer posturas suaves de ioga, receber uma massagem. Nossas
vidas nos dão inúmeras oportunidades para nos expressarmos e sermos ativos; precisamos ter certeza de
complementar essas ações com relaxamento e receptividade, tanto em nossa prática de ioga quanto fora
dela. Harmonia exige equilíbrio. Em ioga, isso significa criar uma prática que combine força e flexibilidade,
esforço e entrega. Qualquer desequilíbrio em sua prática de ioga será refletido nos seus chacras.

Em uma cultura tão confusa quanto a nossa a respeito de sexualidade, prazer e expressão emocional, uma
infinidade de caminhos nos levam a ter um segundo chacra desequilibrado. Por exemplo, pessoas que
foram educadas em um ambiente onde as emoções eram reprimidas ou onde o prazer era negado terão
maior propensão a ter falta de energia no segundo chacra. Os sintomas de deficiência no segundo chacra
incluem o medo do prazer, distanciamento de seus próprios sentimentos e resistência a mudanças.
Problemas sexuais e incômodos na coluna lombar, nos quadris e nos órgãos reprodutores também pode ser
sinal de que este chacra precisa de um pouquinho de atenção. Abuso sexual sofrido durante a infância pode
levar a sentir este chacra fechado ou fazer com que a energia sexual se torne a parte dominante da
personalidade. Um segundo chacra sobrecarregado pode fazer uma pessoa ter um comportamento
excessivamente emocional, ter desejo compulsivo por sexo ou ter problemas com limites. O excesso

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também pode ser o resultado de um ambiente familiar onde havia constante necessidade de estímulo
sensorial (festas e divertimento) ou dramas emocionais frequentes.

Os ássanas para o segundo chacra nos auxiliam na adaptabilidade e receptividade. A posição da perna em
Gomukhasana (postura da cara de vaca), a flexão para frente com as pernas no primeiro estágio de Eka
Pada Rajakapotasana (postura do pombo), Baddha Konasana (postura reclinada em ângulo fechado),
Upavistha Konasana (postura do ângulo afastado), e todas as outras aberturas de quadris e virilhas
proporcionam liberdade de movimentos na pelve. Estas aberturas de quadris e virilhas nunca devem ser
forçadas, pois exigem a força sutil e feminina de sensibilidade e entrega.

Manipura Chakra (Umbigo, Plexo Solar)

Localizado na área do plexo solar, do umbigo e do sistema digestivo, o ardente terceiro chacra é chamado
de Manipura, a “joia reluzente”. Associado à cor amarela, este chacra está relacionado à autoestima, à
energia combativa e ao poder de transformação; ele também rege a digestão e o metabolismo. Um terceiro
chacra saudável e vivaz nos ajuda a dominar a inércia, a dar impulso à nossa atitude de ação para que
possamos correr riscos, afirmar nossa vontade e assumir a responsabilidade pela nossa própria vida.
Também é deste chacra que sai aquela gargalhada que vem do fundo da barriga, a receptividade, a
naturalidade e a vitalidade que ganhamos ao praticar atitudes abnegadas.

Correr riscos de forma consciente é uma forma de ganhar confiança e tornar os seus músculos de força do
terceiro chacra mais flexíveis. Para algumas pessoas, é um risco mudar de Tadasana (postura da
montanha) para Urdhva Dhanurasana (postura do arco elevado); para outros, ir à primeira aula de ioga já
representa um risco. Os riscos podem envolver a confrontação, o estabelecimento de limites, ou até mesmo
pedir aquilo que desejamos – todos são formas de reivindicar o nosso poder.

Problemas digestivos, desordens alimentares, sentir-se vítima, ou ter uma baixa autoestima podem ser
indícios de um terceiro chacra deficiente. Quando você sente que está incapacitado ou precisando de uma
reenergização, as posturas do terceiro chacra avivam as chamas do seu fogo interno e restauram a sua
vitalidade, para que você possa se movimentar com a energia do seu âmago. Pratique Suryanamaskar
(saudação ao sol), posturas fortalecedoras do abdômen, como Navasana (postura do barco), Ardha
Navasana (meia postura do barco) e Urdhva Prasarita Padasana (postura dos pés para cima), posturas do
guerreiro, torções e Bhastrika Pranayama (respiração do fole ou respiração do fogo).

Perfeccionismo, raiva, ódio e ênfase excessiva em poder, status e reconhecimento revelam um excesso no
terceiro chacra. Além disso, aceitar mais do que você pode assimilar ou usar também indica excesso.
Retroflexões passivas e restaurativas, que esfriam o fogo interno, são agentes sedativos para um excesso
no terceiro chacra.

Vivemos em uma época em que somos pouco estimulados a prestar atenção nos níveis naturais de energia
do nosso corpo e a dar a ele o que precisa. Assim, normalmente quando estamos muito cansados,
ignoramos nossa necessidade de descanso e manipulamos o nosso corpo com cafeína, açúcar e outros
estimulantes, criando uma falsa sensação de energia. Quando estamos superestimulados e queremos
relaxar ou nos retirarmos para dentro de nós mesmos, alguns se voltam para o excesso de alimentos, álcool
ou drogas para desacelerar. A ioga nos oferece uma opção diferente: escutar o que o nosso corpo está
pedindo e nos alimentarmos de verdade, utilizando os ássanas e pranaiamas certos para proporcionar mais
energia ou relaxamento. Quando fizermos isso, poderemos sentir o sabor de nosso verdadeiro poder
pessoal.

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Anahata Chakra (Coração)

O quarto chacra, o chacra do coração, está localizado no centro do sistema de chacras, no âmago do nosso
espírito. Sua localização física é o coração, a parte superior do peito e a parte superior das costas. O quarto
chacra é o ponto de equilíbrio, que integra o mundo material (os três chacras inferiores) com o mundo
espiritual (os três chacras superiores). Através do chacra do coração, nos abrimos e nos conectamos com
harmonia e paz. A saúde do nosso centro coronário registra a qualidade e o poder do amor em nossas
vidas. Em sânscrito, o chacra do coração é chamado de Anahata, que significa “desbloqueado” ou “íntegro”.
O seu nome sugere que, lá no fundo do nosso histórico pessoal de tristeza e dor, nosso coração abriga
integridade, amor infinito e uma fonte infinita de compaixão.

O elemento deste chacra é o ar. O ar se espalha e energiza. Assim como a água, o ar assume a forma
daquilo que preenche, apesar de ser menos sujeito à gravidade do que a água. Quando você se sente
arrebatado de paixão, geralmente precisa replantar o seu primeiro chacra para se manter “aterrado”. O ar
permeia a respiração e, por isso, a prática de pranaiamas ajuda a equilibrar e a harmonizar este chacra.
Todas as formas de pranaiama podem ajudá-lo a usar melhor o ar e o prana e, assim, aumentar a sua
vitalidade e o entusiasmo pela vida.

Se você perceber que a sua postura projeta a sua cabeça para frente, com os ombros arredondados e o
seu peito caído, está na hora de começar a praticar posturas para o quarto chacra e dar espaço para o seu
coração respirar. Quando nos guiamos com a cabeça e não com o coração, podemos estar muito focados
nos pensamentos e temos tendência a nos distanciar de nossas emoções e do nosso corpo. Quando o
chacra do coração está deficiente, você pode sentir vergonha e solidão, incapacidade de perdoar ou falta de
empatia. Os sintomas físicos podem incluir respiração superficial, asma e outras doenças pulmonares.

Entre os ássanas que aliviam o chacra do coração estão as aberturas passivas do peito, nas quais
arqueamos suavemente sobre um cobertor ou almofadão, alongamentos de ombros, tais como as posturas
de braços Gomukhasana e Garudasana (postura da águia), além das retroflexões. Como é um chacra
feminino e de número par, o centro coronário deseja naturalmente se soltar e relaxar. As retroflexões
ajudam a desenvolver a confiança e a entrega de que precisamos para abrir totalmente o coração. Quando
nos sentimos apreensivos, não há espaço para o amor, e os nossos corpos ficam contraídos. Quando
optamos pelo amor, os medos se dissolvem e a nossa prática adquire uma qualidade de alegria. Em várias
retroflexões o coração fica em uma posição mais alta do que a cabeça. É maravilhosamente restaurador
deixar a mente sair da posição superior e sermos guiados pelo coração.

Alguns sinais de que o chacra coronário está oprimindo a sua vida são a codependência, possessividade,
ciúmes, doenças coronárias e pressão alta. Para estes sintomas, as flexões à frente são o melhor antídoto,
pois são “aterradoras” e promovem a introspecção. Enquanto que as pessoas que têm chacras coronários
deficientes precisam se abrir para receber o amor de forma mais integral, aqueles que têm um excesso no
chacra coronário se sentem aliviados ao desacelerar e descobrir dentro de si mesmos o alimento que
estavam buscando nos outros.

A forma mais poderosa para abrir, energizar e equilibrar não apenas o chacra do coração, mas todos os
nossos chacras, é amar a nós mesmos e aos outros. Amar é a melhor forma de curar. Em nossa prática de

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hatha yoga, quando lembramos daquilo que amamos e estimamos enquanto praticamos os ássanas para o
quarto chacra, fortalecemos o poder das posturas e do nosso bem-estar em geral.

Visuddha Chakra (Garganta)

Como vimos, o chacra do coração forma uma ponte entre os centros de energia mais físicos e inferiores e
aqueles mais metafísicos e superiores. Conforme ascendemos pelos chacras, o quinto é o primeiro a estar
focado principalmente no plano espiritual. O chacra da garganta, chamado Visuddha, está associado à cor
azul-turquesa e aos elementos som e éter, o campo das vibrações sutis, que os antigos indianos
acreditavam permear o universo. Localizado no pescoço, na garganta, na mandíbula e na boca, o chacra
Visuddha repercute com nossa verdade interior e nos ajuda a encontrar uma forma pessoal de propagar a
nossa voz ao mundo exterior. O ritmo na música, a habilidade da dança, a vibração do canto e a
comunicação que fazemos através da escrita e da fala são formas de nos expressarmos através do quinto
chacra.

Visuddha significa “puro” ou “purificação” Purificação do corpo através da atenção à aquilo que comemos,
ioga, meditação e exercícios nos faz desabrochar para a experiência de aspectos mais sutis dos chacras
superiores. Alguns iogues percebem que quando bem mais água e abandonam produtos como tabaco e
laticínios, conseguem soltar o pescoço e os ombros e limpar a voz. Além disso, o próprio som é purificador.
Se você pensar na forma como se sente depois de entoar canções devocionais indianas, ler poesia em voz
alta, ou simplesmente cantarolar a sua música favorita, vai perceber como as vibrações e ritmos afetam o
seu corpo de forma positiva até o nível celular.

Energia deficiente neste chacra causa rigidez no pescoço, tensão nos ombros, briquismo, problemas nos
maxilares, indisposições na garganta, tireóide hipoativa e medo de falar. Falar demais, incapacidade de
escutar, problemas de audição, gagueira e uma tireóide hiperativa estão relacionadas a excessos neste
chacra. Dependendo da indisposição, alguns alongamentos do pescoço e aberturas de ombros, como
Ustrasana (postura do camelo), Setu Bandha Sarvangasana (postura da ponte), Salamba Sarvangasana
(postura invertida sobre os ombros) e Halasana (postura do arado), podem ajudar o quinto chacra.

Ajna Chakra (Terceiro Olho)

Você consegue se lembrar do que sonhou na noite passada? Pode imaginar como gostaria que o seu corpo
se sentisse amanhã? Estas habilidades imaginativas – visualizar o passado, criar imagens positivas do
futuro e “sonhar com os olhos abertos” – são aspectos do Ajna Chakra, cujo nome em sânscrito significa
tanto “o centro da percepção” como “o centro de comando”. Associado ao elemento luz e à cor azul-índigo,
o sexto chacra está localizado no meio e logo acima dos olhos físicos, criando um terceiro olho espiritual.
Enquanto nossos dois olhos veem o mundo material, o nosso sexto chacra vê além do físico. A visão inclui
a clarividência, telepatia, intuição, os sonhos, a imaginação e a visualização.

O sexto chacra está envolvido tanto na criação e percepção da arte quanto no reconhecimento de que
aquilo que vemos tem um poder de impacto sobre nós. Mesmo quando não nos damos conta disso, somos
todos sensíveis a imagens que encontramos em nosso meio. Lembro-me ter sido uma adolescente que
cresceu na cidade de Los Angeles em meio a uma profusão de outdoors de cigarros e bebidas alcoólicas.
Olhar para eles não me fazia sentir saudável ou feliz; pelo contrário, eles me passavam a mensagem de
que eu precisava de drogas para me sentir um ser completo. Logo depois fui para a Tailândia, para fazer
um intercâmbio como estudante de ensino médio. Em vez de outdoors, vi estátuas de Buda nas ruas;
aquelas imagens serenamente majestosas despertaram a minha união com a paz interior.

Quando o terceiro olho está excessivamente carregado de energia, temos dor de cabeça, alucinações,
pesadelos e dificuldade de concentração. Quando este chacra está deficiente, nossa memória fica fraca,
temos problemas de visão, dificuldade em reconhecer padrões e nossa imaginação fica prejudicada.

Às vezes gosto de trabalhar este chacra em minhas práticas de ioga, pedindo que os alunos façam uma
aula inteira com os olhos vendados. Ao serem temporariamente privados da visão, que é responsável por
um grande percentual da nossa absorção sensorial, os alunos têm uma experiência totalmente nova com a
ioga. Eles não se distraem com a sala e os outros alunos, ou olhando de forma crítica para os seus próprios
corpos. Em vez disso, eles vivenciam o pratiaara, ou retração da atividade sensorial. Após uma aula como
essa, os alunos comentaram comigo que tiveram profundos insights sobre seus corpos e suas vidas, que só
lhes ocorreram porque sua visão estava mais profundamente direcionada para dentro de si mesmos. Outra
abordagem ióguica para ajudar na saúde do Ajna Chakra consiste em fazer flexões à frente com suportes,
colocando mais um almofadão ou cobertor para pressionar e estimular a área do terceiro olho. Além disso,

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criar imagens e visualizações positivas é uma prática que ajuda a ter um sexto chacra mais saudável. Estas
visões afirmativas agem como ímãs naturais, direcionando a situação imaginada para a sua vida.

Sahasrara Chakra (Coroa)

O nome em sânscrito para o sexto chacra é Sahasrara, que significa “milhares”. Apesar de este chacra ser
representado por uma flor-de-lótus com centenas de pétalas (símbolo de pureza e espiritualidade), o
número 1.000 não tem um significado literal; na verdade, ele representa a natureza infinita deste chacra,
que nos proporciona a mais direta conexão com o Divino. Apesar dos professores associarem este chacra à
cor violeta, ele é normalmente associado ao branco, uma combinação de todas as cores, pois este chacra
sintetiza todos os outros.

O sétimo chacra está localizado na coroa da cabeça e funciona como uma coroa para o sistema de chacras,
simbolizando o mais elevado estado de iluminação e facilitando o desenvolvimento espiritual. O sétimo
chacra também é como um halo sobre a cabeça. Artisticamente, Cristo é frequentemente representado com
uma luz dourada ao redor de sua cabeça, e o Buda aparece com uma projeção sobre sua cabeça vinda de
cima. Em ambos os casos, estas imagens representam a espiritualidade despertada do Sahasrara Chakra.

O elemento do sétimo chacra é o pensamento, e este chacra está associado às mais altas funções da
mente. Apesar de que a mente não pode ser vista ou sentida de forma concreta, ela cria os sistemas de
crenças que controlam nossos pensamentos e ações. Para dar um exemplo simples, o meu aluno George
teve uma queda feia de um beliche quando era criança. Agora, com 40 anos e um porte atlético, ele ainda
tem medo de fazer posturas invertidas. Seu antigo trauma ajudou a criar a crença de que ficar de cabeça
para baixo era sempre perigoso. Apesar de que agora ele tem a capacidade para aprender de forma fácil e
segura a fazer inversões, o medo faz com que ele fique paralisado e a sua crença se torna uma profecia
que se cumpre por si mesma. Assim criamos as nossas vidas, a partir dos pensamentos que temos.

Um excesso neste chacra se manifesta através de uma intelectualidade excessiva ou o fato de considerar a
si próprio como membro de uma elite intelectual ou espiritual. No caso de energia deficitária, há uma
dificuldade em pensar por si próprio, apatia, ceticismo espiritual e materialismo.

A meditação é a melhor prática ióguica para trazer equilíbrio a este chacra. Assim como o nosso corpo
precisa de banhos regulares, uma mente muito ocupada com pensamentos e preocupações também
precisa de limpeza. Qual o objetivo de se lidar com os problemas de hoje com a mente confusa de ontem?
Além disso, a energia deste chacra nos ajuda a vivenciar o Divino, a nos abrirmos para um poder mais
profundo. Todas as várias formas de meditação, incluindo tanto a concentração quanto as práticas de
autoconhecimento, permitem que a mente se torne mais presente, clara e capaz de compreender.

Os antigos hindus associavam os chacras à deusa da serpente adormecida, chamada Kundalini. Ela fica
enrolada na base do primeiro chacra e, quando despertada, flui para cima através dos canais de energia
(nadis) e penetra em cada chacra, proporcionando estados superiores de consciência de forma sucessiva,
que culminam com a iluminação no chacra da coroa.

Ao almejar a transcendência, muitas pessoas que buscam estados de consciência superiores negligenciam
a importância dos chacras inferiores. Entretanto, todos nós precisamos do suporte sólido e forte dos
chacras básicos para nos abrirmos para a espiritualidade de forma saudável e integrada. Os chacras
inferiores contemplam detalhes como nossa casa, família e sentimentos, enquanto que os chacras
superiores desenvolvem visões sintetizadas e sabedoria, que nos ajudam a compreender a grande ordem
de todas as coisas. Todos os nossos chacras influenciam uns aos outros e, no final das contas, eles
trabalham em conjunto. Conforme aprendemos a usar este antigo sistema indiano para entender as nossas
vidas, podemos aumentar nossa compreensão sobre questões pessoais que exigem nossa atenção – e
podemos utilizar as técnicas da hatha yoga para devolver a harmonia aos nossos chacras e às nossas vidas.

Barbara Kaplan Herring é professora de ioga na cidade de El Cerrito, Califórnia.

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