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Recomendações Construtivas e de

Controle Tecnológico das Bases de SAFL

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6.1 INTRODUÇÃO
A espessura adequada de uma base de SAFL deve ser obtida com uso do método de
dimensionamento do DER-SP (1986), (Manual de Normas seção 6.04),
que prevê, para esse tipo de base, o coeficiente de equivalência estru-
tural K=1. Quando executada em uma única camada sua espessura
deve ter, no mínimo 15 e no máximo 18 cm, por motivos construti-
vos. Caso necessário espessura superior a 18 cm, deve-se executá-la
em duas camadas, com espessura mínima de 12 cm cada.
Para a execução e o controle das bases de SAFL e de sua imprimadura até 1988, o
DER-SP utilizava as instruções: I-58-56t para base estabilizada e
I-39-75t para imprimadura asfáltica. Constatou-se, no entanto, que
as recomendações nelas contidas não foram suficientes para evitar
alguns defeitos que ocorrem nesse tipo de base.
O acervo de experiências adquirido na execução dessas bases, suplementado com
a realização dos ensaios de laboratório e campo preconizados na
metodologia MCT, trouxe um melhor conhecimento da fenome-
nologia do comportamento dessas bases. Esses fatos permitiram a
proposição de recomendações construtivas e de controle mais apro-
priadas para esses serviços, que se constituem no principal escopo

deste Capítulo. Como complemento, são incluidas considerações


sobre defeitos ocorridos em bases de SAFL, causados por deficiências
da técnica construtiva.
Observe-se que o Manual de Normas - Pavimentação do DER-SP (1991) já contempla,
na seção 3.09 “Base de Solo Arenoso Fino”, muitas das recomenda-
ções aqui propostas.
As recomendações propostas são fundamentadas na experiência adquirida por
Villibor, no acompanhamento da execução de trechos em diversos
Estados brasileiros, e nos estudos dos autores sobre solos representa-
tivos de trechos escolhidos em função das dificuldades construtivas
das suas bases de SAFL. Esses solos foram retirados de jazidas utiliza-
das na construção de trechos, desde aqueles sem qualquer problema
construtivo, até as que apresentaram dificuldades extremas e exigi-
ram soluções executivas especiais. Os conceitos expressos no subitem
4.3.5.3, também contribuíram para o desenvolvimento da associação
da técnica construtiva com os grupos de solos da MCT.

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Pavimentos Econômicos

6.2 TIPOS DE SAFL PARA BASE SEGUNDO


A SISTEMÁTICA MCT
6.2.1 Principais Tipos
Preliminar mente, a escolha dos tipos mais recomendados pode ser
feita através do simples uso da classificação MCT, ou por procedimen-
tos expeditos tátil-visuais como o método das “pastilhas”. Na fase
de projeto, entretanto, deve-se utilizar o procedimento baseado no
comportamento de amostras compactadas pela Sistemática MCT.
As diversas áreas, a serem consideradas para a escolha dos tipos de SAFL mais
recomendados para base de pavimentos, estão discriminadas na
figura 6.1, da mesma forma como foram definidas no Capítulo 4.

Figura 6.1 Áreas dos tipos de SAFL, associados à técnica construtiva de acordo com a
classificação MCT.

Esses tipos foram definidos com a experiência advinda de uma série muito grande
de trechos, executados até o presente, englobando os 36 trechos
iniciais. Recomenda-se que seja obedecida a ordem de preferência
dos tipos, para as condições prevalecentes no interior do Estado de
São Paulo (ou similares), de acordo com o seguinte:
t Tipo I, com prioridade da subárea próxima à interface com o tipo
II.
t Tipo II, com prioridade da subárea próxima à interface com o
tipo I.
t Tipo III, com prioridade da subárea próxima à interface com o
tipo II.
t Tipo IV (quando os solos que se situam nesta área forem usados
para bases de pavimentos urbanos, convém executar solo-cimen-
to, em faixas de 1 m, próximas às sarjetas).

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RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

Os problemas de construção, associados aos tipos de solos que se situam nas áreas
acima discriminadas, serão objeto de considerações apresentadas a
seguir.
Observe-se que, se as condições ambientais e os tipos genéticos dos solos
forem distintos daqueles prevalecentes no interior do Estado de São
Paulo, as prioridades poderão diferir das acima consideradas. Além
disso, regionalmente, podem ser desenvolvidas não só novas prio-
ridades, como serem introduzidas condições adicionais. Assim, por
exemplo, no interior do Estado de São Paulo, dentro de cada área as
prioridades são definidas de acordo com detalhes granulométricos
(Villibor, Nogami e Sória, 1987).
O fato de um solo localizar-se numa área da classificação MCT considerada favorável,
não o dispensa da necessidade de obedecer às exigências estabeleci-
das no item 5.3, para que possa ser utilizado em bases de pavimentos
econômicos.

6.2.2 Peculiaridades da Técnica Construtiva


dos Tipos de SAFL
O tipo de SAFL influencia, consideravelmente, as operações construtivas
da base. A identificação dos vários tipos pode ser feita utilizando-se
a classificação MCT, conforme ilustrado na figura 6.1. As peculiari-
dades desses tipos de solos são (Villibor, Nogami e Sória, 1987):
a] SAFL do Tipo II (c’ de 1,0 a 1,3)
a-1) Excelente compactabilidade, alcançando facilmente o grau
de compactação 100%, relativamente à Massa Específica Aparente
Seca máxima (MEASmáx) da energia Intermediária (EI).
a-2) Fácil acabamento da superfície da base e baixo desgaste super-
ficial sob a ação do tráfego de serviço.
a-3) De baixa a média contração por secagem, resultando em
blocos de dimensões da ordem de 40x40 cm, aproximadamente
(figura 6.4).
a-4) Satisfatória receptividade à imprimadura betuminosa, propor-
cionando boa aderência ao revestimento.
a-5) Superfície e borda da base pouco susceptíveis ao amolecimen-
to por umedecimento excessivo, proporcionando boa resistência
à erosão hídrica.
b] SAFL dos Tipos III e IV (c’de 0,3 a 1,0)
b-1) Má compactabilidade: com os equipamentos normalmente
utilizados, o grau de compactação alcança valores na faixa de
90 a 95%, relativamente à MEASmáx correspondente à energia
Intermediária.
b-2) Propensão para formação de lamelas no acabamento da
base.

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b-3) Dificuldade de acabamento superficial da base e desgaste


excessivo sob a ação do tráfego de serviço.
b-4) Superfície e bordas da base muito suscetíveis ao amolecimen-
to por molhagem, apresentando, ainda, elevado grau de erodibi-
lidade hídrica. Observe-se que os problemas acima considerados,
de uma maneira geral, acentuam-se no sentido do tipo III para
o tipo IV.
c] SAFL do Tipo I (c’ de 1,3 a 1,8)
c-1) Peculiaridades similares a a-1) e a-2).
c-2) Possibilidade de contração excessiva por secagem produzindo,
na base, trincamento que conduz à formação de blocos de dimen-
sões reduzidas, da ordem de 20x20 cm (figura 6.15).
c-3) Danos excessivos na superfície da base, sob a ação do tráfego
de serviço. A desagregação das bordas das placas provoca alar-
gamento das trincas, na sua parte superficial, o que possibilita
aumento da umidade por penetração da água pluvial, na época
da execução.
c-4) Recomenda-se, sempre que possível, usar os solos com c’ entre
1,3 a 1,6, para os quais os problemas acima são minimizados.

6.3 RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA CONSTRUTIVA DA


BASE E DA IMPRIMADURA
6.3.1 Principais Operações
A construção de uma base de SAFL compreende, f undamentalmente,
as seguintes operações:
t Exploração da jazida, compreendendo a remoção das camadas
estéreis, sobretudo a de capeamento. De uma maneira geral, as
jazidas de SAFL não apresentam problemas quanto à sua explora-
ção devido à pequena espessura do capeamento e grande espessu-
ra aproveitável, como ilustra a figura 6.2. Pode
envolver, em alguns casos, providências para
diminuição ou aumento do seu teor de umida-
de.
t Escavação, carga, transporte e descarga
do SAFL. Geralmente utilizam-se caminhões
basculantes para o transporte e, nesse caso, a
descarga é feita em leiras de dimensões cons-
tantes.
t Distribuição, misturação, umedecimen-
to ou secagem, compactação, acabamento
superficial, cura por secagem, imprimação
e, eventualmente, execução da camada anti-
Figura 6.2 Jazida de SAFL para exploração.

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RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

cravamento. Essas operações, quando envol-


vem o SAFL, exigem técnicas específicas; por
isso serão discutidas, detalhadamente, nos
subitens seguintes.

6.3.1.1 Distribuição e Homogeneização da Umidade


Usualmente, a distribuição e o acerto do colchão de solo a ser compactado
são executados com motoniveladora e o ajuste, com uniformização
da umidade, é conseguido pela ação combinada de grade de discos,
pulvi-misturadoras (figura 6.3) e irrigadeiras.
A maioria dos problemas relacionados com a uniformização do teor de umidade
é proveniente do mau uso da
irrigadeira que, frequentemente,
distribui de maneira irregular a
água, tanto em sentido trans-
versal como longitudinal. Outro
problema está relacionado com
a perda de umidade decorrente
de insolação e ventos. Tem sido
constatada, em diversas ocasi-
ões, uma nítida diminuição da
umidade na parte superior do
colchão, numa espessura por
volta de 5 cm, em especial nos
Figura 6.3 Pulverização do solo.
SAFL pertencentes aos tipos III
e IV.
As variações no teor de umidade do colchão têm provocado heterogeneidade
na compactação, tanto em profundidade como na transversal, devido
às peculiaridades do SAFL, que apresenta grandes variações de massa
específica aparente, decorrentes de pequenas variações no teor de
umidade (valores de d’ elevados).
Visando a obtenção de umidades mais uniformes no colchão de SAFL a
compactar, recomenda-se, além de cuidado e rigor na irrigação, a
seguinte ordem nas operações construtivas:
t Pulverização e umedecimento feitos no fim da tarde.
t Logo cedo, na manhã seguinte, uma nova pulverização eventual.
t Ajuste no teor de umidade.
t Início imediato da compactação.

6.3.1.2 Compactação
O conceito, generalizado no meio técnico rodoviário, de que para obter-se uma
camada com características satisfatórias o que importa é a obten-

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Pavimentos Econômicos

ção de uma MEASmáx, no caso de bases de SAFL


precisa ser encarado com reserva e cuidado.
Embora todos os solos usados em bases de SAFL
sejam arenosos, a amplitude de propriedades
mecânicas e hídricas é grande, a qualidade da
camada pode diferir substancialmente e a técni-
ca construtiva não é a mesma para todas as suas
variedades. O princípio, um tanto difundido, de
que pode-se usar a mesma técnica para se cons-
truir bases utilizando quaisquer dos tipos de
solos arenosos, não se confirma na prática.
A compactação deve ser, de maneira geral,
Figura 6.4 Ínicio da compactação com rolo pé-de-carneiro de iniciada com rolo pé-de-carneiro de patas
pata longa vibratório.
longas vibratório (figura 6.4) e prosseguir
até que não haja mais penetração das suas
patas na camada em compactação. Em segui-
da, deve ser utilizado rolo de pneus ou rolo
pé de carneiro vibratório pesado (figura 6.5).
A complementação do grau de compactação, se
necessária, e o acabamento deverão ser feitos, de
preferência, com rolo de pneus de pressão variá-
vel (figura 6.6) ou, quando esse equipamento não
for disponível, com rolo liso vibratório (figura
6.7). Quando esse equipamento for utilizado,
não se recomenda dar mais que duas coberturas,
porque isso provoca a formação de corrugações
Figura 6.5 Compactação intermediária com rolo pé-de-
carneiro pesado. e lamelas, especialmente nas variedades de SAFL
dos tipos III e IV (mais raramente no tipo II).

Figura 6.6 Compactação da base intermediária, Figura 6.7 Complementação de compactação


com rolo de pneus de pressão variável. de campo, com rolo liso vibratório.

Para evitar lamelas, recomendam-se os rolos compactadores com patas


de superfície plana. Em especial, para muitos solos do tipo IV, a

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RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

compactação poderá ser executada só com o rolo de pneus de pressão


variável, tipo SP 12.000 ou similar. Para se conseguir alta produtivi-
dade, poderá ser usado rolo pé-de-carneiro vibratório pesado, após o
uso do rolo pé-de-carneiro de patas longas, em especial para os solos
dos tipos I e II.
O uso de rolo pé-de-carneiro de patas curtas não deve ser permitido no início
da compactação, pois a camada inferior da base ficaria com uma
massa específica aparente relativamente baixa. Agravando essa defi-
ciência, a compactação demasiadamente intensa da parte superficial
(supercompactação), usada para ajustar o grau especificado para a
camada, pode provocar a formação de lamelas muito prejudiciais que
se desprenderão no futuro (na fase de acabamento ou após abertura
ao tráfego), conforme ilustrado nas figuras 6.8 a 6.11.

Figura 6.8 Fissuramento da parte superior da Figura 6.9 Lamelas soltas pela ação do tráfego
base. Compactação excessiva com rolo vibratório de serviço (Trecho: Cândido Rodrigues - SP).
(trecho: Gastão Vidigal - Floreal - SP).

Figura 6.10 Base executada em camadas Figura 6.11 Acabamento da base em


apresentando lamelas construtivas (Trecho: “aterrinhos”, causando a formação de
Aeroporto Araraquara - SP). “panelas” (Trecho: Aeroporto).

A tabela 6.1 apresenta, como orientação, dois conjuntos típicos de equipamentos


com os respectivos esquemas de compactação, em função do tipo de
solo, segundo a Classificação MCT.

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Pavimentos Econômicos

Tabela 6.1 ORIENTAÇÃO SOBRE CONJUNTOS DE EQUIPAMENTOS E


PRODUTIVIDADE, EM FUNÇÃO DOS TIPOS DE SOLOS.

Quanto ao percurso a ser seguido pelos compactadores, devem ser obedecidas


as recomendações gerais, lembrando que a operação será iniciada
pelas bordas. Nos trechos em tangente a compactação caminhará das
bordas para o centro, em percursos equidistantes da linha base (eixo).
Os percursos do compactador utilizado, serão distanciados entre si de
maneira que, em cada percurso, seja coberta metade da faixa coberta
no percurso anterior. Nos trechos em curva, devido à sobrelevação,
a compactação caminhará da borda mais baixa para a mais alta, de
forma análoga à descrita para os trechos em tangente.
Na parte adjacente ao início e ao fim da base em construção, a compactação
será executada transversalmente à linha base (eixo). Nos locais
inacessíveis aos rolos compactadores (como, por exemplo, cabeceiras
de obras de arte), a compactação será executada com compactadores
portáteis, manuais ou mecânicos.
Deve ser tomado especial cuidado com a compactação nas bordas do pavimento,
muitas vezes negligenciada, o que ocasiona o aparecimento dos defei-
tos que serão considerados nas seções seguintes.
As operações de compactação deverão prosseguir até que, em toda a espessura e
superfície da base, o grau de compactação atinja um mínimo de
100% em relação à MEASmáx dada pelo método DNER-ME 129-94
(Ensaio Intermediário), ou equivalente.
Para solos em que, por motivos práticos, não se consiga esse grau de compactação,
o mínimo exigido deverá ser obtido em trechos experimentais, sendo
utilizado, como referência, o grau de compactação que produza, no
mínimo, um Mini-CBR in situ igual ou superior a 40% para base, e
20% para a sub-base.
Não é raro que, após a execução do trecho experimental, seja fixado um grau
de compactação da ordem de 90% a 95%. Isso tem ocorrido, princi-
palmente, nos SAFL dos tipos III e IV da figura 6.1. Em geral, a insis-

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RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

tência na compactação desses solos é prejudicial, em


lugar de benéfica. Essa tentativa de se conseguir o
grau de compactação especificado, com base exclu-
sivamente no ensaio laboratorial de compactação,
pode produzir uma base lamelada e estruturalmente
fraca.

6.3.1.3 Acabamento da Base


O acabamento da base é constituido das operações de corte
com motoniveladora (vide figura 6.12), para confor-
mar sua superfície ao projeto, e da rolagem para seu
acabamento.
A conformação superficial da base deve ser feita, exclusiva- Figura 6.12 Acabamento
mente, por corte com motoniveladora pesada e sua da base, por corte com
motoniveladora.
lâmina deve estar em perfeitas condições de fio, sem
desgastes ou irregularidades. As bordas da base nos
acostamentos (largura > 1,20 m) devem ser cortadas a 45º e todo o
solo cortado deve ser levado para fora da pista (vide figura 6.13).
Após essa operação deve-se usar rolos pneumáticos ou lisos para a rolagem final
de acabamento da base.
Nesta fase um procedimento incorreto no acabamento
da base, como o preenchimento de depres-
sões ou a complementação de espessura da
mesma, pode levar à formação de “aterri-
nhos” de pequena espessura, mostrados na
figura 6.11, os quais, apesar de recompac-
tados pela ação dos rolos, não apresentam
aderência e se desprendem da camada infe-
rior formando lamelas que, posteriormente
sob a ação do tráfego, provocam a formação
de panelas, conforme figura 6.9. Figura 6.13 Acabamento da borda da base, por corte
com motoniveladora.

6.3.1.4 Secagem ou “Cura” da


Base
O processo de secagem (ou “cura”) da base de SAFL é de fundamental importância.
A base, depois de compactada e acabada superficialmente, deverá
ser deixada secar, livremente, por um período que pode variar de
48 a 60 horas. Essa secagem proporciona um aumento considerável
de suporte e melhora as condições de recebimento da imprimadura
betuminosa; além disso, permite examinar o padrão de trincamento
que se desenvolve posteriormente.
O padrão de trincamento depende do grupo ao qual pertence o SAFL (figuras 6.14

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Pavimentos Econômicos

e 6.15) e serve para caracterizar o trincamento das bases executadas


com as variedades mais típicas que ocorrem no Estado de São Paulo.

Figura 6.14 Trincamento devido à secagem do Figura 6.15 Trincamento devido à secagem do
SAFL - Grupo LA’. SAFL - Grupo LG’.

6.3.1.5 Imprimadura (ou Imprimação)


Após o período de cura por secagem, a base deve ser, se necessário, varrida
energicamente para eliminar o material solto eventualmente presente
e, em seguida, irrigada levemente, com uma taxa de água variando
de 0,5 a 1,0 litro/m 2 , para facilitar a penetração da imprimadura. A
distribuição do material betuminoso deve ser feita cerca de 15 minu-
tos após o término da irrigação.
A boa ligação da base de SAFL com o revestimento e a integridade e impermea-
bilidade da camada superior da base são fatores importantes para o
sucesso do pavimento. A penetração excessiva da imprimadura deixa
de conferir, à superfície da base, parte da coesão necessária; devido a
isso, fica frágil sua interface com o revestimento. Se, por outro lado,
a imprimadura penetrar pouco, deixará excesso de resíduo betumi-
noso, o que provocará exsudações e até
instabilidades.
A imprimação deve ser feita com mate-
rial e taxa definidos na especificação de
serviço (ou no projeto), de tal modo que,
na base, haja uma penetração de 6 a 10
mm. Não deve ser permitido tráfego sobre
a base imprimada antes que esteja seca, o
que em geral, ocorre 72 horas depois da
aplicação da imprimadura. A figura 6.16
ilustra o aspecto de uma base de SAFL
devidamente imprimada. Nas bases de
Figura 6.16 Aspecto da base devidamente imprimada. SAFL que não necessitam de camada de
proteção, recomenda-se que elas, após a

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imprimadura, sejam submetidas a um tráfego controlado, não muito


intenso, por um período de até 20 (vinte) dias.

6.3.1.6 Camada de Proteção (ou Anticravamento)


De maneira geral, as bases executadas com solos dos tipos I e II (figura 6.1) são
coesivas, enquanto aquelas executadas com solos dos tipos III e IV
têm baixa coesão; para essas últimas pode resultar, mesmo após a
imprimadura, uma superfície demasiadamente frágil. Quando isso
acontece, o agregado da primeira camada do revestimento rompe a
superfície da base, logo durante a sua rolagem. Consequentemente,
o revestimento se solta e o agregado penetra base adentro, deixando
livre o betume e provocando exsudações.
Para que esses fenômenos não aconteçam, nos casos de bases pouco coesivas,
deve-se construir sobre a imprimadura uma camada de proteção
(anticravamento), que consiste num tratamento superficial simples,
invertido. Sobre essa camada, será construído o revestimento.
Outra situação, em que a camada anticravamento é necessária, ocorre quando o
tráfego excede determinados limites. A experiência atual mostra que,
para um tráfego maior que 10 6 solicitações do eixo padrão (quando
não existe camada de proteção), ocorre a penetração do agregado do
revestimento na base. A construção da camada considerada tem-se
mostrado muito eficaz para evitar esse fenômeno.
Terminada a construção da camada anticravamento, o tráfego deve ser liberado
por um período superior a cerca de um mês, a fim de se verificar o
surgimento de eventuais áreas com problemas. Somente após esse
período e a correção dos eventuais defeitos, é que deve ser executada
a camada de revestimento sobrejacente.

6.4 CONTROLE TECNOLÓGICO DA BASE E DA IMPRIMADURA


6.4.1 Considerações Gerais
Será exposta, sucintamente, a sistemática de controle vigente na década de setenta,
para a execução da base e da imprimadura, ressaltando suas deficiên-
cias. A seguir, serão feitas recomendações atualizadas para o contro-
le, baseadas na utilização de ensaios da metodologia proposta, que
complementam a Sistemática MCT, eliminando ou minimizando os
defeitos que ocorrem nas bases de SAFL.

6.4.2 Controle Tecnológico Tradicional e


suas Deficiências
O procedimento de controle construtivo que o DER-SP utilizava para bases de
SAFL consistia, somente, na obtenção de um grau de compactação
pelo menos igual ao obtido em laboratório, na energia de projeto.

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Pavimentos Econômicos

A sistemática de controle utilizada preconizava que, de cada trecho de 150 m,


fosse retirada uma amostra de solo e realizado ensaio de compacta-
ção na energia estabelecida pelo projeto, a fim de se obter o valor da
MEASmáx o qual servia para controle do grau de compactação da
base no trecho. Normalmente era exigido um grau de compactação
de, no mínimo, 95% do “Proctor Modificado” ou 100% do “Inter-
mediário”, independentemente das características do solo. Para o
controle da umidade fixava-se, inicialmente, a faixa Ho ± 0,1 Ho,
sendo que, após a execução dos primeiros subtrechos, ajustava-se
a faixa de umidade para se conseguir mais facilmente o grau de
compactação exigido.
Quanto ao controle da imprimadura exigia-se que essa cobrisse, uniformemente,
toda a superfície da base (inclusive os acostamentos), sendo a taxa e
uniformidade de distribuição verificadas pelo processo de pesagem
em bandeja (dimensão mínima de 50 x 50 cm), ou processo similar,
realizando-se uma determinação em cada 100 m de faixa imprimada,
fixando-se uma taxa entre 1,2 e 1,4 1/m2, e o CM-30 como único tipo
de material betuminoso.
O procedimento, acima descrito para o controle da base, mostrou-se
inadequado devido aos seguintes fatores:
t A inexistência de ensaios tecnológicos de controle do solo na pista
não permite detectar eventuais mudanças nas características do
solo explorado que, por vezes, pode tornar-se inapropriado para
uso em base, apesar de aprovado no estudo da jazida.
t O procedimento utilizado, de fixar-se um único grau de compac-
tação independentemente do tipo de solo a ser compactado, é
inadequado, pois, em muitos casos, a tentativa de se atender a isso
conduz à supercompactação, com formação de uma camada super-
ficial não devidamente ligada ao restante da base, já amplamente
discutida. A formação dessa camada compromete mais seriamente
o comportamento futuro do pavimento do que a obtenção de um
grau de compactação menor do que o especificado.
Quanto ao procedimento adotado para o controle da imprimação, a maior
restrição está na adoção de um mesmo tipo e taxa de imprimadura,
independentemente das características do solo da base.

6.4.3 Controle Tecnológico Proposto


6.4.3.1 Controle do SAFL
O acompanhamento tecnológico da execução, objetivando garantir a aplicação
adequada de materiais e o uso de procedimentos construtivos apro-
priados, é indispensável para o sucesso do pavimento. Para tanto, é
necessário dispor de uma equipe adequadamente treinada e executar
uma quantidade mínima de ensaios, conforme o seguinte programa:

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RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

a] Determinação do teor de umidade, a cada 40 m, imediatamente


antes da compactação.
b] Determinação da massa específica aparente úmida in situ e do
respectivo teor de umidade, com espaçamento de, no máximo, 40
m de pista, em pontos obedecendo à ordem: borda direita, eixo,
borda esquerda.
c] Ensaios da Sistemática MCT em amostras com espaçamento
máximo de 200 m, podendo-se utilizar as seguintes alternativas:
c.1) Solos com propriedades conhecidas e/ou rodovias de trânsito
relativamente leve:
n Classificação MCT e Mini-CBR determinados de acordo com
o item 3.2 e complementado pelo Anexo II.
c.2) Solos com propriedades ainda não suficientemente conheci-
das pelo uso em trechos similares, e/ou trânsito pesado:
c.2.1] Classificação MCT (inclui os ensaios de Compactação
Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão, do Anexo II).
c.2.2] Determinação das seguintes propriedades, em corpos
de prova moldados na MEASmáx e umidade ótima da energia
Intermediária:
t Mini-CBR sem imersão.
t Mini-CBR com imersão.
t Expansão.
t Contração axial.
Outras variantes são possíveis, dependendo da experiência que se tenha
sobre os tipos de SAFL utilizados.
Os valores máximos e mínimos da amostragem, a serem confrontados com os
valores especificados no projeto, devem ser calculados de acordo com
os critérios adotados no controle estatístico de materiais. Cabe obser-
var que resultados satisfatórios têm sido obtidos, por exemplo, pelas
fórmulas adotadas pelo DER-SP.

6.4.3.2 Controle da Base Construída


Devido às deficiências constatadas nos procedimento tradicionais, propõe-se:
1) Exigência de um grau de compactação mínimo e de uma faixa
de umidade de trabalho, fixados após a execução de um trecho
experimental com uso do solo em questão, de acordo com o
exposto no subitem 6.3.1.2.
2) Controle do SAFL colocado na pista, por meio dos ensaios da
Sistemática MCT, a fim de garantir que as características do solo
utilizado se encontram nos intervalos propostos para a sua quali-
ficação para emprego em base.

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Pavimentos Econômicos

6.4.3.3 Sistemática Proposta para a Execução do Trecho


Experimental e Obtenção de Dados para Controle
da Base de SAFL
Preconiza-se a execução de um trecho experimental, com no mínimo 150 m
de extensão, que será representativo do trecho a ser executado com o
solo da jazida escolhida. As camadas inferiores da pista experimental
devem ser preparadas em conformidade com os requisitos do projeto
do pavimento.
Após a colocação do solo na pista, deve-se coletar uma amostra representativa e
submetê-la ao ensaio de compactação na energia Intermediária a
fim de obter-se, em laboratório, a MEASmáx e a umidade ótima de
compactação, designado MEASmáxlabor.
Obtidos esses valores, procede-se à execução da base em conformidade com o
sub-item 6.3.1, sugerindo-se, inicialmente, para o teor de umidade
do colchão de solo solto, o intervalo de umidade 0.8 Ho a Ho e, se
necessário, ajustando-o para obter-se maior eficiência no processo
de compactação. Durante esse processo serão controladas a MEAS
de campo e a umidade, no mínimo, em 10 locais. O processo será
suspenso quando se constatar uma das seguintes situações:
1) Obtenção do grau de compactação no campo de, no mínimo,
100% em relação à MEASmáx obtida no ensaio de compactação
na energia Intermediária.
2) Aparecimento de danos na parte superior da base, conforme
descrito no sub-item 6.3.1.2, causados pelo processo de compac-
tação, ainda que o grau de compactação não tenha atingido o
valor especificado.
Quando se verificar a 1º situação, recomenda-se que o processo de execução
da pista experimental seja adotado no restante do trecho a ser execu-
tado com o solo da jazida em questão. Nesse caso utiliza-se, para
o controle dos trechos subsequentes, 100% do grau de compacta-
ção e a faixa de umidade de trabalho de campo que proporcionou
maior eficiência no processo de compactação. Para o Recebimento
da Execução da Base, no que diz respeito ao grau de compactação,
após calculado os valores da MEAS de campo in situ (Método DER-SP
M23-57), deve ser atendida uma das condições:
t Não ser obtido nenhum valor menor que 100% da MEAS de labo-
ratório.
t Estar satisfeita a expressão:
onde:


X = média aritmética dos graus de compactação obtidos.
K e S = ver subitem 5.2.3, para N=10.
Quando se verificar a 2a situação, caracterizada quando, na compactação da base,

162
RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

o maior valor da MEAS obtido no campo ou seja MEASmáxcampo


for menor que MEASmáxlabor, recomenda-se a execução do ensaio
de Mini-CBR in situ.
Durante a execução da base do trecho experimental devem ser efetuadas
10 determinações do suporte Mini-CBR, cujo valor médio deverá
enquadrar-se em um dos seguintes casos:
1) Mini-CBR médio in situ ≥ 50% (recomendado pelos estudos dos
itens 4.3 e 4.4.).
2) Mini-CBR médio in situ ≤ 50%.
Se o valor médio do suporte se enquadrar no 1º caso utilizar, para o Recebimento
da Execução da Base dos trechos subsequentes, o grau de compacta-
ção relativo a 100% da massa específica aparente seca média (MEAS
média da pista), obtida nos locais controlados da pista experimental
e, para a umidade, o intervalo de valor utilizado na pista experimen-
tal, tendo em vista os estudos dos itens acima referidos.
Se o valor médio do suporte se enquadrar no 2º caso, alterar o processo de
compactação, inclusive com mudança nos equipamentos, para se
conseguir cair no 1º caso, ou seja, um valor de Mini-CBR de campo
superior a 50%. Se isto não for possível, considerar o solo não apro-
priado para uso em base.
Para conhecimento de detalhes de Controle de Recebimento, recomenda-se a
leitura do item 4, página 120, da seção 3.09 do Manual de Normas de
Pavimentação do DER-SP (1991).

6.4.3.4 Controle Geométrico da Base


Após a execução da base, deve-se proceder à relocação e nivelamento do eixo
e bordas, permitindo-se as tolerâncias consideradas apropriadas pela
fiscalização. Resultados satisfatórios têm sido obtidos com o uso de
tolerâncias adotadas pelo DNIT e pelo DER-SP (1991, Manual de
Normas de Pavimentação).

6.4.4 Controle Tecnológico da Imprimadura


6.4.4.1 Considerações Preliminares
O solo a ser usado no trecho experimental, referido no subitem 6.4.3.3, deverá
ser submetido ao critério de dosagem do subitem 4.5.5.2 para se obter
o tipo e taxa de material betuminoso para imprimadura do trecho.
Com o tipo e taxa obtidos, aplica-se a imprimadura (precedida de irrigação
leve ± 0,5 1/m 2) sobre a base, já submetida a um período de “seca-
gem” de, no mínimo, 60 horas. Após 48 horas de cura da imprimadu-
ra, verificar sua penetração na base (mínimo de 36 determinações). O
valor médio obtido para a penetração pode ser um dos três casos:
1) Penetração entre 6 e 10 mm.

163
Pavimentos Econômicos

2) Penetração superior a 10 mm.


3) Penetração inferior a 6 mm.
Verificando-se o 1º caso, usar o tipo e taxa de imprimadura utilizada em laboratório.
Para o 2º caso recomenda-se usar asfalto diluído menos viscoso e
a mesma taxa de laboratório ajustada, no campo, para se obter a
penetração entre 6 e 10 mm. Para o 3º caso, utilizar o mesmo tipo
de material betuminoso, porém com taxa de aplicação de 0,8 1/m 2 ,
aceitando, inclusive, penetrações inferiores a 6 mm.

6.4.4.2 Recomendações para o Controle da


Imprimadura
Obtida a taxa e o material betuminoso recomendado, efetuar os seguintes
ensaios de controle:
a] Controle de qualidade dos materiais betuminosos: consiste na
realização de um conjunto de ensaios previstos na especificação
correspondente, para cada lote de material.
b] Controle de qualidade do material aplicado: consiste na determi-
nação das taxas de aplicação dos materiais betuminosos (1/m 2),
para cada subtrecho executado no dia. As taxas de aplicação
poderão ser determinadas:
n Pesando o veículo distribuidor, antes e depois da aplicação.
n Determinando a quantidade de material consumido, por inter-
médio da diferença de leituras da régua, aferida e graduada em
litros, que acompanha o veículo distribuidor.
n Pelo método da bandeja (mínimo três determinações). Reco-
menda-se utilizar sempre esse método.
c] Controle da penetração da imprimadura. Deverá ser realizado 48
horas após a aplicação e conter 9 determinações, no mínimo.
Para a aceitação da imprimadura recomenda-se:
t No que se refere à qualidade do material da imprimadura: deverá
atender às especificações pertinentes.
t No que se refere à distribuição: não existirem falhas nem diferen-
ças, de taxas de aplicação, maiores que 0,1 1/m2 , relativamente à
taxa de projeto.
t No que se refere à penetração: deverá ser uniforme e sua média
deverá estar dentro da faixa fixada no trecho experimental.

6.5 DEFEITOS ASSOCIADOS À FALHAS OU INADEQUAÇÕES


DO PROJETO E/OU TÉCNICA CONSTRUTIVA
6.5.1 Generalidades
Tendo em vista que as bases de SAFL vêm sendo largamente utilizadas em
rodovias vicinais, pavimentação urbana e pequenos aeródromos, a
divulgação da sua técnica construtiva mais adequada e dos defeitos

164
RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

que têm apresentado reveste-se de considerável importância para


evitar possíveis insucessos. O técnico desavisado pode atribuir os
defeitos ao material (solo, no caso) quando na realidade a causa pode
ter sido o emprego de métodos de construção que não são apropria-
dos para o material usado.
O elenco de propriedades mecânicas e hídricas da base de SAFL, considerado na
metodologia MCT, está diretamente relacionado ao desempenho do
pavimento que contém esse tipo de base na sua estrutura. Muitos
dos defeitos do pavimento podem ser atribuídos a uma ou mais de
suas propriedades. A tabela 3.1 mostra associação das propriedades
das bases de SAFL, com defeitos construtivos.
Ressalte-se que essa filosofia, de procurar ensaios que retratem de perto
as propriedades e o comportamento do pavimento, representa um
passo avante, quando comparada com a abordagem tradicional,
baseada na granulometria e no LL e IP, a qual apresenta limitações
comentadas nos capítulos 2 e 3.

6.5.2 Recalques Longitudinais


Tanto nas rodeiras como nas bordas dos pavimentos, podem ocorrer recalques
longitudinais causados por:
a] Deficiência de compactação da base e/ou camadas subjacentes
que, sob a ação do tráfego, provocam recalques permanentes que
atingem, geralmente, profundidades máximas da ordem de 1 a 2
cm. Com o tempo, esses recalques estabilizam-se sem ocasionar
outros problemas mais sérios no pavimento.
b] Perda de suporte por umedecimento excessivo, provocado pela
entrada da água pelas bordas do pavimento. Os recalques assim
originados, tendem a evoluir para a formação de panelas ou para
a ruptura da base, com deslocamento lateral do SAFL.
c] Deslocamento lateral do SAFL da base, devido à presença de lame-
las, geralmente acelerado ou intensificado pelo tráfego excessiva-
mente pesado para a estrutura do pavimento executado. A evolução
dessa deformação depende, sobretudo, da intensidade do tráfego.
Os recalques acima considerados são mais comuns nas bases de SAFL que se
enquadram nos tipos III e IV da figura 6.1 e onde o acostamento,
pavimentado possui largura insuficiente para as características de
infiltrabilidade d’água e regime de equilíbrio hídrico prevalecente
no trecho. Além disso, o aumento do teor de umidade, consequente
à infiltração lateral d’água, pode ser provocado pela presença, junto
às bordas, de solo mal compactado ou leiras de material terroso. A
figura 6.17 ilustra o aspecto final de um pavimento com incidência
de recalques, na pista, do tipo considerado nesse item.

165
Pavimentos Econômicos

6.5.3 Ruptura da Base nas Bordas do


Pavimento
As dificuldades de compactação acarretam, nas bordas
do pavimento, camadas com graus de compacta-
ção menores. Essas partes são as mais próximas
das valetas laterais de drenagem e, portanto, mais
sujeitas à infiltração lateral das águas pluviais.
Um g rau de compactação insuf iciente acar re-
ta maior absorção d’água, provoca uma drástica
redução na sua capacidade de suporte e dá origem
a deformações acentuadas que, em alguns casos,
chegam a provocar ruptura da base. Esse defeito,
que é uma versão ampliada daquele considerado
Figura 6.17 Recalques longitudinais no pavimento. no item precedente, também é mais frequente nos
Deficiência de compactação. solos que se enquadram nos tipos III e IV da figura
6.1, onde o acostamento, pavimentado, possui
larg ura inferior a 1,20m. A fig ura 6.18 ilustra esse tipo de defeito.
Esse comportamento pode ser evidenciado, em laboratório, pelos ensaios da
MCT. De fato, tem-se verificado que, nos SAFL, a diminuição da MEAS no ramo
seco das curvas de compactação, em relação à MEASmáx
não só significa uma drástica redução da capacidade de
suporte, após imersão de 24 horas, como, também, um
aumento no valor do coeficiente de sorção (figura 4.14).
Os procedimentos adotados para evitar os defeitos
considerados neste item são:
t Acostamentos ≥ 1,20 m.
t Compactação adequada das camadas de base e
sub-base, incluindo o acostamento.
t Uso de rampa mínima de 1% nos trechos em corte
e raspagem.
Figura 6.18 Ruptura da base em borda de pavimento
sem acostamentos.
t Colocação de uma camada anticravamento e de
um revestimento apropriado ao trânsito previsto.
t Não foi analisada a ruptura da base, pela ocorrên-
cia de lençol freático superficial, pois considera-se que foi
atendida a exigência de projeto: ele se encontra a mais de
1,5 m da superfície do pavimento.

6.5.4 Ondulações no Revestimento e Lamelas


Esse defeito está ligado, frequentemente, à ocorrência de lamelas na parte
superficial da base de SAFL, pois, elas, sob a ação do tráfego, produ-
zem ondulações no revestimento (figura 6.19) que podem causar, em
alguns casos, fendilhamento e posterior desprendimento, ou desliza-
mento. Dependendo do estágio de evolução desse defeito, a base pode

166
RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

ficar exposta ao tráfego, ocasionando a formação de panelas. Essas


panelas evoluem rapidamente, nos SAFL que se encaixam nos tipos
III e IV da figura 6.1 e podem exigir reconstrução da parte afetada
pelo defeito. As ondulações podem ocorrer associadas a recalques, já
considerados no subitem 6.5.2.
As lamelas nas bases de SAFL podem ser provocadas pelos fatores abaixo discri-
minados, que podem atuar conjuntamente:
a] Superposição de camada de pequena
espessura (menor que 5 cm)sobre outra já
compactada. A figura 6.19 ilustra defeitos
decorrente da superposição de camadas
na execução. O revestimento é um trata-
mento superficial e o tráfego é leve.
b] Uso excessivo de rolo vibratório na
compactação (figura 6.8).
c] Supercompactação para o teor de umida-
de da camada, mesmo sem uso de rolo Figura 6.19 Ondulações provenientes de
vibratório. lamelas por superposição de camadas na base.
Revestimento de tratamento superficial simples.

6.5.5 Panelas
As panelas são defeitos localizados, consequentes ao desaparecimento do reves-
timento e formação de uma depressão na base, com forma aproxi-
madamente circular, com diâmetro de até dezenas de centímetros.
Em geral, elas decorrem de deficiências da imprimadura, em pontos
alinhados ou isolados (defeitos de falhas
de bico na distribuição da imprimadura),
quando o material betuminoso não adere
convenientemente à base de SAFL.
As panelas podem, também, resultar de lamelas que se
desprendem, soltando a parte superior da
base junto com o revestimento ou, ainda,
ter sua origem nos defeitos apontados nos
itens anteriores. Elas evoluem aumentan-
do de diâmetro e causando umedecimento
prejudicial da base nas suas vizinhanças,
Figura 6.20 Panela típica em bases.
com consequentes deformações localiza-
das. Uma panela típica está ilustrada na
figura 6.20.

6.5.6 Trincas de Reflexão


Após sua execução, a base é submetida à cura por secagem. Nessa fase ocorre
um trincamento devido à contração que, normalmente, não causa
problemas, podendo até mesmo identificar o tipo de solo quanto

167
Pavimentos Econômicos

ao seu desempenho como base. Contudo, se a base for compactada


com umidade excessiva, o trincamento resultante pode associar-se a
trincas demasiadamente abertas e, por isso, prejudiciais.
Segundo ensaios laboratoriais nos SAFL, para a mesma energia de compacta-
ção, quanto maior for a umidade de compactação (ou de moldagem),
maior será a contração.
Em cp compactados acima da Ho, podem ocorrer contrações superiores a 1%.
Outros fatores contribuem para a variação da contração, sendo os
mais importantes: a porcentagem e o tipo de finos,
e os detalhes granulométricos da fração areia (vide
seção 3.6.4 de Nogami e Villibor, 1995).
Quando não se efetua a cura adequadamente, as
trincas consideradas ocorrem posteriormente e
podem refletir no revestimento betuminoso, confor-
me ilustra a figura 6.21. Esse fenômeno ocorre,
sobretudo, nos SAFL que se encaixam nos tipos I
e II da figura 6.1 e se acentua com a diminuição
da espessura do tratamento superficial e, principal-
mente, com o uso de revestimentos usinados. Geral-
Figura 6.21 Trincas de reflexão da base, por falta
mente as trincas de reflexão, apesar de facilitarem
de cura, em um tratamento superficial simples.
a penetração das águas pluviais, não ocasionam
problemas sérios. Problemas podem ocorrer quando
a abertura delas for exageradamente grande, caso em que poderá
haver desagregação do revestimento junto às trincas.
Quando as trincas de reflexão apresentarem indícios de danos ao pavimento, elas
devem ser seladas com a sobreposição de uma imprimadura betumi-
nosa selante e revestimento betuminoso, raramente utilizada.

6.5.7 Exsudação de Material Betuminoso no


Revestimento
A exsudação, isto é, a emergência de material betuminoso livre na superfície do
revestimento deve-se, nos pavimentos com base de SAFL, a diversas
causas, a saber:
a] Material betuminoso excessivo na execução da imprimadura ou
do revestimento. O excesso ocorre, frequentemente, nas bases em
que se usam solos que se enquadram nos tipos I e II da figura 6.1.
Isso porque esses tipos de SAFL apresentam baixa capacidade de
absorver a imprimadura. Nesses casos, é essencial que se determine
apropriadamente a taxa de ligante a ser aplicada, executando-se
ensaios laboratoriais complementados, em seguida, com a execução
de trechos experimentais.
b] Execução do tratamento superficial sobre imprimadura mal
curada e/ou logo após chuvas, sem esperar a secagem completa

168
RECOMENDAÇÕES CONSTRUTIVAS E DE CONTROLE TECNOLÓGICO 6

da imprimadura e, também, a aplicação da imprimadura sobre a


base muito úmida (que não secou suficientemente).
c] Penetração do agregado do tratamento superficial na base, com
deslocamento de material betuminoso para cima, juntamente com
o SAFL da base. Os solos dos tipos III e IV da figura 6.1 são mais
suscetíveis a esse fenômeno que, entretanto, ocorre com outros
tipos de SAFL, em menor escala. Esse tipo
de exsudação é provocado diretamente
pelo tráfego, em função de sua intensi-
dade e volume de caminhões pesados. A
possibilidade dessa ocorrência, deve levar
à colocação da camada anticravamento.
A figura 6.22 ilustra a exsudação de uma
das faixas, por cravamento do agregado
na base, provocada por tráfego pesado a
baixa velocidade, em rampa ascendente.
Figura 6.22 Exsudação por excesso de betume e
cravamento do agregado do tratamento na base.
6.5.8 Erosões na Borda do Pavi-
mento
Erosões muito intensas podem ocorrer quando não se protegem, adequadamen-
te, as bordas do pavimento; esse defeito é mostrado na figura 6.23.
A existência de acostamentos, drenagem superficial, o corte a 45o
da borda da base e sua imprimação betumi-
nosa, são garantias contra esse tipo de defeito
(figura 6.9).
Em geral, os solos dos tipos III e IV (e alguns do tipo II)
são bastante erodíveis e a base não resiste à
atuação da lâmina d’água diretamente sobre
ela. Embora esse defeito não seja classicamen-
te um defeito de pavimento, é pertinente se
comentar e ressaltar a importância que tal
problema assume, uma vez que em regiões
como a do Pontal do Paranapanema-SP, onde
Figura 6.23 Erosão na borda da base do
os solos são predominantemente do tipo IV e pavimento.
extremamente erodíveis, trechos com dezenas
de quilômetros tiveram metade de sua plataforma pavimentada erodi-
da, no período de chuvas, alguns meses após a construção. O mau
desempenho provocado pela falta de certos cuidados na construção
pode comprometer o uso do SAFL (e de outros tipos de bases) e tornar
desacreditado esse tipo de solução.
No livro de Nogami e Villibor (1995), são encontradas, no capítulo 7, que trata
detalhadamente das bordas de pavimentos, considerações sobre o
problema da erosão na faixa marginal.

169
ESTUDO GEOTÉCNICO DE SOLO LATERÍTICO –
AGREGADO PARA BASE COM O USO DA MCT

170
7.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE SOLO-AGREGADO
De uma maneira geral é frequente a ocorrência de SAFL que pode constituir-se
em jazidas para base de pavimentos. No entanto, mesmo em regiões
com ocorrências desse solo, seu uso para esse fim não é recomendá-
vel, nas situações:
1) Tráfego superior ao recomendado atualmente para esse tipo de
base, ou seja: Nt > 10 6 solicitações do eixo simples roda dupla
(ESRD) de 80 kN.
2) Ocorrências de SAFL próximas ao trecho, mas cujos solos não
atendem os requisitos para utilização em bases.
3) Em rodovias com greide que acompanha perfil montanhoso e
com curvas horizontais acentuadas, onde a aderência do revesti-
mento com a base imprimada é insuficiente para evitar seu escor-
regamento.
4) Por motivos econômicos:
n Ocorrências de materiais granulares para base, mais próximas
ao trecho do que jazidas adequadas de SAFL.
n Em região em que ocorrem jazidas de solos do tipo IV, as
quais exigem a execução da camada anticravamento, resultan-
do numa base mais onerosa que a de solo agregado.

n Em regiões em que as jazidas de SAFL acham-se distantes da


obra.
Em qualquer uma dessas situações é possível a opção pelo uso de bases de solo
laterítico–agregado de granulação grossa, com material natural ou
obtido por mistura (artificial). Esses materiais são provenientes de
jazidas naturais (granulometria contínua e descontínua) e de mistu-
ras de solo laterítico-agregado que, para o estudo em questão, foram
restritas àquelas de granulação descontínua (SLAD). O uso do termo
solo laterítico refere-se a um solo de comportamento laterítico,
segundo a classificação MCT.
Ressalta-se que, em 1952, foi executada no Brasil a primeira base de granulometria
contínua, também designada “estabilizada granulometricamen-
te”, num trecho experimental de 1 km em Safra – ES, na BR-101. Os
executores foram os Engenheiros do DER-ES, orientados pelo norte-
americano Engº William Mills (vide Silva Prego, A.C, 2001).
A possibilidade de uso de solo laterítico–agregado de granulação grossa
é ampla e abrange uma grande variedade de materiais granulares que

171
Pavimentos Econômicos

ocorrem em muitas regiões e que podem ser misturados com SAFL,


também abundante no território nacional.
A observação de campo e os ensaios tecnológicos, tanto de campo como de
laboratório, mostram que as rodovias pavimentadas com o uso dessas
bases apresentam comportamento estrutural altamente satisfatório,
inclusive para trafégo pesado (Nt > 5x106 ). Além disso uma peculia-
ridade das mesmas é permitirem uma perfeita aderência com os mais
diversos tipos de camada de rolamento, desde tratamento superficial
até usinado a quente, não ocorrendo escorregamento destes sobre
elas. Os motivos desse fenômeno são:
t Pela presença de agregado grosso na mistura, não ocorre formação
de lamelas na base. Eles travam a estrutura verticalmente e não
permitem essa ocorrência durante o processo de compactação.
t A superfície da base apresenta uma elevada rugosidade devido aos
grãos maiores que acham-se incrustados nela. Isso produz uma
aderência extremamente alta com o revestimento, evitando seu
escorregamento, mesmo em curvas e rampas acentuadas.
t Pela elevada porcentagem de grãos graúdos, a contração por seca-
gem ao ar (cura) dessas bases é muito baixa; portanto, não ocorre
trincamento excessivo, o que pode ser constatado pelo padrão
de trincamento observado na sua superfície, formado por blocos
de grandes dimensões (1m x 1m).

7.2 ANÁLISE CRÍTICA DO PROCEDIMENTO TRADICIONAL PARA


ESTUDO GEOTÉCNICO DE SOLO LATERÍTICO-AGREGADO
Os estudos com uso de critérios tradicionais para a qualificação de base de solo
laterítico-agregado apresentam uma série de dificuldades e defici-
ências que jusficam a necessidade de novos estudos para esse fim,
conforme conceitos apresentados por Nogami e Villibor (1995).
Tradicionalmente, os critérios de qualificação de materiais para base
de solo agregado utilizam as seguintes características:
t Granulometria.
t Limite de liquidez e índice de plasticidade.
t Resistência dos grãos.
t Suporte e expansão.
t Equivalente areia.

Quando se procura utilizar os critérios tradicionais nas regiões tropicais,


surgem dificuldades e deficiências, destacando-se as seguintes:
1) Dificuldade para encontrar materiais in natura que satisfaçam as
condições impostas pelas especificações tradicionais.
2) Constatação de que as bases de solo-agregado, embora não satis-
fazendo as exigências tradicionais, têm, frequentemente, desem-

172
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

penho satisfatório quando um dos componentes da mistura é um


solo de comportamento laterítico.
3) Limitações e Deficiências dos requisitos dos critérios tradicionais
para o estudo de bases de solo-agregado.
Os ítens 1 e 2 não serão tratados por serem autoexplicativos.

7.2.1 Limitações e Deficiências dos Critérios


Tradicionais
Considerações sobre as características utilizadas pelos critérios:
a] Granulometria
Geralmente, deve estar dentro de uma faixa granulométrica limi-
tada por curvas de granulometria contínua.
Os critérios tradicionais exigem que o solo-agregado tenha uma
densidade elevada, graças ao preenchimento adequado de grande
parte dos vazios intergranulares pelos seus grãos constituintes.
Esse preenchimento gera grande número de contatos que assegu-
ram uma elevada resistência à ação das cargas aplicadas.
As curvas granulométricas que resultam em densidades elevadas
foram estudadas, empiricamente, para o concreto de cimento
(Fuller e Thompson, 1907; Talbot e Richard, 1923) e obedecem à
expressão:
P = 100 (d/D)n
onde:
P = porcentagem, em peso, da fração com grãos de diâmetro
menor que d.
d = diâmetro (variável) [mm] da abertura da peneira para cálculo
da porcentagem que passa, em peso.
D = diâmetro máximo [mm] dos grãos constituintes do material
(peneira na qual passa 95 % em peso dos grãos) .
n = coeficiente que depende das peculiaridades geométricas do
material; geralmente varia entre 0,33 e 0,50.
As faixas granulométricas tradicionais, recomendadas pela AASHTO, ASTM,
TRRL, LCPC-SETRA, e que foram adotadas pelo DNIT e DER-SP, entre
outros orgãos rodoviários brasileiros, apresentam uma semelhança
morfológica com as curvas que são obtidas por meio da expressão
acima. Praticamente, há a necessidade de se impor uma condição,
relacionada com a execução de camadas compactadas no campo, que
fica atendida utilizando-se materiais com diâmetro máximo compre-
endido entre 2 e 25 mm.
Sem dúvida alguma, a imposição granulométrica tradicional tem significado
independente da natureza dos componentes finos do solo-agrega-
do. Contudo, a prática tem mostrado que o solo laterítico-agregado
usado em bases tem sua deficiência granulométrica compensada pela

173
Pavimentos Econômicos

melhor qualidade dos referidos finos lateríticos; dois exemplos signi-


ficativos são:
1) Misturas solo arenoso fino laterítico-agregado (brita) de granu-
lometria descontínua têm sido usadas, satisfatoriamente,
mesmo para bases de pavimentos com tráfego pesado (Villibor
e Nogami, 1984).
2) Os solos-agregados constituídos de pedregulhos lateríticos com
finos lateríticos, de granulometria descontínua e com excesso
de finos, têm sido usados, satisfatoriamente, como base de
pavimentos, mesmo em trechos de tráfego pesado (Committee
on Tropical Soils of ISSMFE, 1985, Chapter 4.2.4; Santana e
Gontijo, 1987).
Os motivos que justificam o comportamento excepcional desses solos-
agregados residem, principalmente, no seguinte:
t Os finos lateríticos compensam as deficiências granulométricas
dos exemplos citados. Assim, é possível utilizar materiais com
excesso de finos, mal graduados e de grãos arredondados, contra
indicados pelos critérios tradicionais. Cabe observar que o uso de
solos-agregados, com essas características, implica em uma certa
redução da capacidade de suporte da base; porém torna-os menos
críticos relativamente à quantidade de finos e possibilita o uso de
maior porcentagem deles.
t No fato de os solos-agregados constituídos de pedregulhos late-
ríticos e de seixo rolado apresentarem, frequentemente, um bom
desempenho como material de base, apesar de não satisfazerem
as condições impostas pelas especificações tradicionais, sobretudo
no que se refere à resistência dos seus grãos e à faixa granulomé-
trica. Isto é devido, em parte, à fragmentação parcial dos grãos,
durante a compactação de campo, que contribui para conferir um
elevado grau de entrosamento à camada compactada. A resistên-
cia dos grãos será tratada em ítem específico.
Isto posto, no caso específico em que um dos componentes é um solo fino laterítico,
mesmo os requisitos granulométricos tradicionais (granulometria
contínua) podem ser opcionais e não obrigatórios para a aceitação de
materiais de solo-agregado de granulação grossa, porquanto granu-
lometrias descontínuas também têm sido usadas em bases que estão
apresentando ótimo comportamento nas condições ambientais brasi-
leiras .
b] Limite de Liquidez e Índice de Plasticidade
Valores obtidos na fração do material em estudo, que passa na
peneira de 0,42 mm, devem estar entre os fixados tradicionalmen-
te, ou seja: LL < 25 % e IP < 6%.
b-1] Algumas Considerações sobre LL e IP

174
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

A exigência de um valor máximo admissível para o LL e para o IP


dos solos-agregados decorre da necessidade de se evitar a perda de
suporte ou a expansão excessiva, em bases executadas com esse
material, quando elas forem submetidas ao aumento de umida-
de, por infiltração d’água ou degelo. A validade dessa exigência
foi verificada, na década de 30, nos Estados Unidos, de maneira
empírica, quando foram propostos os valores até hoje utilizados
como máximos admissíveis: LL < 25 % e IP < 6%.
Segundo Wooltorton (1954), o significado teórico desses valores
é que os máximos admissíveis para o IP e LL deveriam variar
em função da porcentagem dos finos e dos vazios disponíveis.
O DER-SP usa este critério através de inequações, para definir os
valores máximos do LL e IP (vide especificação ET-DE-P00/014
do DER-SP).
A adoção dos valores limites tradicionais para LL e IP, para as
condições tropicais, foi posta em dúvida devido ao desempenho
das bases de solos-agregados nas regiões tropicais e aos valores
das propriedades mecânicas e hidrícas desses materiais quando
compactados nas condições similares às de campo.
Efetivamente, argilas lateríticas e solos argilosos lateríticos que
possuem elevados valores de LL e IP, quando apropriadamente
compactados, mesmo em contato com a água livre, quase não
se expandem e nem perdem, sensivelmente, a capacidade de
suporte. As hipóteses surgidas para explicar esse fenônemo não
conseguiram unanimidade, exceto o fato de que ele esta ligado às
peculiaridades físico-químicos da fração argila dos solos lateríti-
cos, que possui uma constituíção quimica e mineralógica bastante
diferente da fração argila dos solos não tropicais.
b-2] Inadequação do LL e IP para estudo dos finos de bases
n Dispersão dos valores obtidos nos ensaios
Nos solos tropicais lateríticos e saprolíticos, têm surgido sérios
problemas resultantes da elevada dispersão dos resultados de
ensaios, para obtenção do LL e IP, efetuados por operadores dife-
rentes, conforme dados apresentados no subitem 2.3.1. Uma das
causas frequentes pode ser atribuída ao grau de espatulação, que
precede a determinação do limite de liquidez, no aparelho de
Casagrande. Uma espatulação mais intensa nos solos lateríticos
corresponde, geralmente, a uma elevação do valor do LL e do IP,
acontecendo o contrário com alguns solos saprolíticos micáceos
e/ou caoliníticos (Ignatius, 1988). Outro fator causador das disper-
sões dos resultados é atribuível à desigualdade da secagem no
preparo da amostra, ainda não devidamente padronizado.

175
Pavimentos Econômicos

n Limitações para o estudo de solos de comportamento laterítico


e não laterítico
Por meio de LL e IP é inadequado pois valores iguais, para esses
diferentes tipos de solos, apresentam propriedades mecânicas e
hídricas totalmente distintas, comprovadas nas pesquisas reali-
zadas no ítem 4.2.
Pelo exposto, em síntese, na opinião dos autores, o uso do LL e
IP não mais se justifica para a qualificação do estudo de materiais
com a finalidade de uso em bases de solo-agregado.
c] Consideração sobre a Resistência dos Grãos
O ensaio mais utilizado para avaliar essa resistência é o ensaio
de Abrasão Los Angeles, que é executado sobre a fração retida na
peneira de 2,00 mm de abertura.
As especificações tradicionais exigem, geralmente, que os grãos de
areia e pedregulho do solo-agregado possuam elevada resistência,
avaliada por ensaio apropriado, como o ensaio de Abrasão Los
Angeles, muito difundido no Brasil.
Nas regiões tropicais, devido ao intenso intemperismo, é bastante
frequente a ocorrência de grãos de pedregulho (seixos e concre-
ções) de resistência relativamente baixa, não atendendo aos requi-
sitos tradicionais exigidos pelos valores de Abrasão Los Angeles.
Muitos solos-agregados, que contêm grãos nessas condições,
têm-se comportado satisfatoriamente nas regiões tropicais.
A solução encontrada pela maioria das instituições rodoviárias foi
abrandar as exigências até um nível considerado seguro, permi-
tindo o uso de grãos com menor resistência. Para maiores escla-
recimentos sobre esse assunto sugere-se a leitura de Carneiro e
Monteiro (1979). No entanto, parece ser mais apropriada a solu-
ção de se incluir um ensaio de suporte ou de deformabilidade,
efetuado em corpos de prova compactados, visando reproduzir,
o mais fielmente possível, as condições esperadas no campo. Se
essa reprodução for considerada insatisfatória, há necessidade de
se recorrer à execução de trechos experimentais.
d] Consideração sobre Capacidade de Suporte e Expansão
Tradicionalmente, quando satisfeitas as exigências de granulo-
metria contínua (com elevada densidade), limites de LL e IP e
resistência dos grãos, já estariam implícitas a estabilização e a
durabilidade da camada de base.
No entanto, esta filosofia não tem sido muito adotada, devido aos
problemas surgidos com discrepâncias de comportamento e de
propriedades em solos-agregados utilizados para bases nas regiões
tropicais. Isto posto, além das exigências tradicionais, nas especi-
ficações brasileiras, tem-se exigido a consideração de um mínimo

176
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

de suporte e máximo de expansão. Para essa finalidade, utiliza-se,


sobretudo, o ensaio CBR, fixando-se um valor mínimo de suporte
e expansão máxima admissível, geralmente com base nos valores
adotados pelo U.S. Army Corps of Engineers (adotado pelo DNER,
especificação: ES 303/97 e DER -SP, especificação: ET-DE-P00/006
e ET-DE-P00/014).
e] Ensaios de Equivalente Areia (EA)
Quando os valores de LL e IP acham-se maiores que o recomen-
dado (LL < 25 % e IP < 6 %), tem sido acrescentado aos tradicio-
nais o ensaio do equivalente de areia, que é um ensaio empírico
desenvolvido na Califórnia por Hveen (1953), utilizável especial-
mente em solos-agregados pobres em finos argilosos e/ou siltosos.
Sendo um ensaio empírico, a sua aplicação para solos-agregados,
com componentes possuindo peculiaridades tropicais, limita o
uso de muitos tipos de solos considerados satisfatórios pelo seu
desempenho.
Segundo o LCPC-SETRA (1974), o equivalente de areia mínimo
admissível varia de 30 a 40 %, valores que não são atingidos
pelos SAFL. Segundo Serra (1987), 14 solos arenosos finos late-
ríticos, usados com sucesso em bases de pavimentos em estradas
do DER-SP, apresentaram EA médio de cerca de 11 % e valores
extremos compreendidos entre 2 e 28 % (vide tabela 7.1).
Também o equivalente areia (EA) com valores superiores a 30 %, que poderia
substituir o LL e IP, segundo as normas tradicionais, não é adequado
para esse fim. As bases de solo laterítico agregado, praticamente, não
atendem esse requisito; apesar disso elas
apresentam, na prática um comportamento
Tabela 7.1 VALORES DE EA EM AMOSTRAS DE
excepcional. Isto, também, confirma que ALGUNS SOLOS LATERÍTICOS EM BASE.
os finos dessas bases, quando lateríticos,
por suas peculiaridades mineralógicas, têm   ()*
comportamento totalmente distinto dos ()* !
  "
finos que ocorrem em climas temperados a   "     #$
frio, de onde as especificações tradicionais    ! ()*" %
se originaram. Este fato mostra a deficiên- ()*# "  "
cia no uso do EA para estudo de estabiliza-  &  #
ção, quando os finos são lateríticos. '     #

7.3 UMA DIRETRIZ FILOSÓFICA PARA ESTUDO GEOTÉCNICO


DE SOLO L ATERÍTICO -AGREGADO
A diretriz proposta para este estudo geotécnico é fundamentada em ensaios
e pesquisas de laboratório e de campo, acrescidos da experiência dos
autores, e consta das seguintes fases:
t Estudo da fração fina (SL) do material, caracterizada pelos finos

177
Pavimentos Econômicos

que passam na peneira # 2,00 mm, admitindo-se um máximo de


10 %, por meio dos ensaios da Sistemática MCT.
t Estudo da fração grossa, caracterizada pelo agregado retido na
peneira #2,00 mm e que passa na peneira #1”, por meio do ensaio
tradicional de Abrasão de Los Angeles.
t Estudo do material integral realizado mediante as características
granulométricas do material da mistura, e o suporte e expansão
da mistura compactada por meio do ensaio de CBR tradicional.
Em última instância, a diretriz proposta tem como princípio que esse
tipo de base se comporta adequadamente porque:
t Apresenta alta estabilidade e durabilidade ao longo de sua vida
útil, principalmente, devido à qualidade peculiar do solo laterí-
tico e à resistência dos grãos do agregado existentes na camada,
que devem resistir aos esforços do processo de compactação sem
serem quebrados excessivamente.
t As condições ambientais tropicais produzem uma umidade
de equilibrio baixa na base, geralmente inferior à umidade de
compactação em sua execução.
Esses materiais ocorrem em jazidas in natura ou são misturas de jazidas
de SAFL com agregados de diversas origens, tais como britado (solo
brita) ou pedregulhos naturais (quartzo ou lateríta).
Geralmente, as bases granulares descontínuas são mais econômicas que
as contínuas, por usar menor porcentagem de agregado na mistura.
A figura 7.1 apresenta o organograma dos materiais mais usuais para
bases granulares, utilizando-se as seguintes simbologias: SL (Solo
Laterítico), B (Brita), P (Pedregulho de Quartzo) e LAT (Laterita).



Figura 7.1 Organograma de Materiais para Bases Granulares.

A figura 7.2 ilustra um canteiro de obra com solo laterítico (LG’) e pedregulho
lavado de rio, que serão misturados para uso em base. A figura 7.3
mostra o solo laterítico LA’ e pedra britada, sendo misturados com
pá carregadeira, para obtenção do material para base de SLAD.

178
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

Figura 7.2 Solo Laterítico (LG’) sendo misturado com Figura 7.3 Aspecto do Solo Laterítico (LA’) misturado
Pedregulho de rio. com brita.

As misturas de materiais para base, podem ser de granulometria contínua


ou descontínua. Na primeira, a granulometria é fundamental para
garantir a estabilização da base compactada, pois há formação de
um arcabouço granular que transmite as pressões provenientes
das cargas ao longo do mesmo para a camada inferior. Na segunda,
tem-se uma menor contribuição da granulometria na resistência da
camada, porém a qualidade dos finos lateríticos (SL) tem uma parti-
cipação substancial na estabilização pela interação de seus grãos de
areia com argila laterítica de elevada coesão, uma vez que os grãos
maiores, geralmente, não têm contato entre si, e estão distribuídos na
massa do solo laterítico, gerando uma estrutura diferentes daquelas
das bases estabilizadas granulometricamente (contínua).
As figuras 7.4 e 7.5 ilustram a distribuição de agregados em camadas de base de
granulometria contínua e descontínua, respectivamente, mostran-
do o arcaboço granular com contato entre os grãos, na primeira, e
os grãos isolados distribuidos na massa do solo fino laterítico, na
segunda.

Figura 7.4 Foto e croqui do aspecto da base de solo laterítico-agregado estabilizada,


granulometricamente tradicional.

179
Pavimentos Econômicos

Figura 7.5 Foto e croqui do aspecto da base de solo laterítico-agregado (brita) de granulometria
descontínua (SLAD).

Os estudos geotécnicos desses materiais abrangerão o uso da MCT para estudo


de sua parte fina (SL) e de ensaios tradicionais (granulometria, CBR
e Abrasão Los Angeles), para o material integral para uso em base.
Para melhores esclarecimentos, vide Nogami e Villibor, 1995.
Serão estudados os tipos de solo-agregado para uso em base:
t Materiais Naturais.
t Misturas artificiais de solo laterítico-agregado.

7.4 PROPOSTA DE ESTUDO GEOTÉCNICO DE MATERIAIS


NATURAIS PARA BASE DE SOLO LATERÍTICO-AGREGADO
No Estado de São Paulo, não é mais comum a ocorrência de materiais granulares
para a execução de pavimentos. Devido à alta qualidade dos mate-
riais existentes, seu uso, ao longo do tempo, esgotou muitas jazidas.
Essa afirmação, não verdadeira para muitas regiões de outros estados,
é motivo para justificar o presente estudo.
Quando há materiais granulares, tais como ocorrências de pedregulho de quart-
zo e laterita próximos ao trecho, elas deverão seguir um estudo geotéc-
nico para sua qualificação como material para base, que abrangerá
uma fase preliminar e outra básica, como no caso de SAFL.

7.4.1 Fase Preliminar


Essa fase dará subsídios para a escolha, nas proximidades do trecho a ser
pavimentado, das ocorrências granulares a serem usadas em bases
para sua caracterização geotécnica. Essa fase é constituída por:
t Informações pedológicas.
t Reconhecimento de campo.
t Ensaios expeditos sobre a parte fina (solo fino) da amostra do
material granular.
t Ensaios granulométricos e hierarquização das ocorrências.
t Fluxograma ilustrativo das atividades.

180
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

7.4.1.1 Informações Pedológicas Iniciais


No caso em que se conhece o local da ocorrência, antes do reconhecimento de campo,
podem-se verificar as unidades de mapeamento de solo, na região no
entorno da mesma, para verificar o seu caráter laterítico. Ocorrendo
solos que apresentem comportamento pedológico laterítico, é um
bom indício de que os finos da ocorrência granular devem ter-se
originado dessas unidades próximas e, portanto, também devem
apresentar caráter laterítico.
Para tanto sugere-se a utilização de dados contidos nos mapas pedológicos.
No subitem 5.1.1 são tecidas as considerações que podem ser úteis
para o conhecimento dos solos da região do trecho.

7.4.1.2 Reconhecimento de Campo


A equipe sob a supervisão de um geotécnico, deverá realizar um reconhecimento
de campo nas áreas indicadas de ocorrência de matérias naturais.
Após essa vistoria, sendo a ocorrência explorável por apresentar um
volume adequado, a equipe deverá realizar uma prospecção prelimi-
nar, executando cinco furos de sondagem, um em cada canto e um
no centro da área da ocorrência, com o objetivo de coletar material
e realizar inspeção tátil-visual das amostras. Em cada furo será cole-
tada um par de amostras representativas de seu solo, perfazendo 10
amostras.
Caso o geotécnico da equipe não seja capaz de diagnosticar o caráter laterítico da
fração fina das amostras, deve-se realizar o seguinte procedimento:
t Para cada uma das amostras, efetuar a separação por meio de
peneiramento da fração que passa na peneira de malha # 2,00
mm (método M-6-61 do DER-SP). O material assim obtido será
designado de solo fino da amostra (SF).
t Cada amostra de SF deverá ser submetida ao ensaio expedito pelo
método da pastilha que, por meio da tabela 3.6, permitirá obter
seu grupo segundo a MCT.
t Caso todas as amostras ensaiadas pertençam aos grupos LA, LA’
ou LG’ da MCT, prosseguir o estudo geotécnico; caso contrário, a
ocorrência granular não poderá ser usada para esse tipo de base.

7.4.1.3 Ensaios Granulométricos e Hierarquização


das Ocorrências
Após a definição das ocorrências potencialmente mais interessantes para
jazidas, deve-se submeter uma amostra integral do solo de cada furo
(cinco amostras) aos ensaios de granulometria simples.
Cada uma dessas amostras deverá ser submetida ao ensaio de granulometria, pelo
Método M-6-61 do DER-SP, gerando uma curva granulométrica.

181
Pavimentos Econômicos

Obter a curva média das cinco amostras e verificar se sua granulo-


metria se enquadra em qualquer uma das faixas da tabela 7.2.
Essas graduações podem ter uma tolerância em todas as peneiras de + 5 %, exceto
na nº200, que é de + 2 %, e são orientativas. Portanto, uma ocorrên-

Tabela 7.2 FAIXAS GRANULOMÉTRICAS DE SOLO LATERÍTICO -AGREGADO PARA BASE GRANULAR.





   
       

cia que não se enquadre em nenhuma das faixas (nem entre faixas),
mas cujos finos sejam lateríticos, ainda poderá ser utilizada como
jazida, desde que atenda a todas as exigências da fase básica. No
entanto, é baixa a probabilidade de que isto ocorra.
Caso a granulometria se enquadre e haja mais que uma ocorrência
a estudar, deve-se proceder à sua hierarquização com base nos requi-
sitos do fluxograma da figura 7.6.
Essas condições indicam uma maior resistência mecânica da base pela
presença de elevada porcentagem de grãos graúdos resistentes, além
de apresentarem uma porcentagem adequada de finos lateríticos que
dará coesão para a mesma e, consequentemente, com baixíssima
permeabilidade, o que é extremamente vantajoso para seu compor-
tamento nas condições ambientais prevalecentes no país.

7.4.1.4 Fluxograma da Fase Preliminar


A figura 7.6 apresenta o fluxograma da fase preliminar do estudo geotécnico das
ocorrências granulares.

7.4.2 Fase Básica


Nessa fase serão realizados, sobre as amostras das ocorrências, um elenco
de ensaios da MCT e os ensaios tradicionais de suporte (CBR e Expan-
são) e resistência dos grãos (ensaio de abrasão Los Angeles). É cons-
tituída de:
t Amostragem sistemática.
t Ensaios da MCT e sua sequência de execução.

182
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

Figura 7.6 Fluxograma da Fase Preliminar do estudo geotécnico das ocorrências de materiais naturais.

t Tratamento estatístico dos valores das propriedades.


t Qualificação das ocorrências granulares para jazidas.
t Escolha das jazidas definitivas.
t Fluxograma ilustrativo das atividades.

183
Pavimentos Econômicos

7.4.2.1 Amostragem Sistemática


Na prospecção e amostragem das ocorrências granulares, deve ser utilizado
um procedimento apropriado de sondagem que permita a coleta
das amostras, com o uso de trado cavadeira, em furos de sonda-
gem equidistantes de 30 m, dispensando a abertura de cavas e
poços, que é bem mais onerosa. Cada amostra colhida deverá ter
massa aproximada de 30 kg, quantidade suficiente para a realiza-
ção de todos os ensaios. As sondagens realizadas deverão permitir
também a quantificação do volume de solo da ocorrência estuda-
da. Durante o processo de sondagem, os furos devem ser executa-
dos até a profundidade em que o solo for julgado aproveitável e
deverá ser amostrado, o seu perfil, a partir da profundidade de 0,5
m até o término da ocorrência granular, geralmente menor que
4 m. Também deve ser identificado o final da ocorrência, por ter
elevado significado genético (solo saprolítico). Em cada furo colher
3 amostras para a executação dos ensaios necessários.

7.4.2.2 Ensaios MCT e sua Sequência de Execução


Com os materiais das ocorrências mais promissoras, executar os ensaios
laboratoriais, conforme os métodos do Anexo II, segundo o roteiro:
t Cada uma das amostras dos furos deverá ser submetida a um
ensaio de peneiramento, somente com a # 2,00 mm. O material
da fração que passa será designado de solo fino (SF), gerando
uma nova amostra.
t Com a nova amostra (SF), obter sua classificação MCT e os valores
de suas propriedades, por meio dos ensaios referidos abaixo, e na
sequência indicada.
a] Ensaios classificatórios: método da pastilha, Mini-MCV e
Perda de Massa
Executar com cada uma das novas amostras de SF os ensaios clas-
sificatórios, conforme o método expedito da pastilha e os méto-
dos M5 (Mini-MCV) e M8 (Perda de Massa).
b] Ensaios para obtenção dos valores das propriedades
Providenciar o preparo de alíquotas de SF, para cada teor de umida-
de, em quantidade suficiente para a compactação dos corpos de
prova necessários à execução dos ensaios especificados:
n Compactação: Ensaio Mini-Proctor - M1, na energia Inter-
mediária. Com os corpos de prova obtidos determinar as
propriedades abaixo:
n Suporte e Expansão: Ensaio Mini-CBR , conforme o método
M2.
Os corpos de prova devem ser ser ensaiados sem sobrecarga, para
avaliar essas propriedades (do SF da mistura), a favor da segurança.

184
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

n Contração ao ar (ensaio de contração Axial): aproveitar,


eventualmente, os mesmos corpos de prova utilizados na
determinação do Mini-CBR, sem imersão, e executar o ensaio
conforme o método M3.
c] Sequência de Execução dos Ensaios
Os ensaios sobre as amostras dos finos (SF) da ocorrência de mate-
rial granular (no mínimo 10), para sua qualificação, devem ser
executados na sequência:
c1] Ensaios para a qualificação do comportamento laterítico da ocor-
rência, segundo a classificação geotécnica MCT do método
M9.
c2] Caso as amostras de SF apresentem comportamento laterítico
(grupos LA, LA’ ou LG’), submetê-las aos ensaios indicados
no item b. Esses ensaios permitem obter, na Ho da energia
Intermediária, os valores individuais das propriedades: Mini-
CBRHo, Es e Ct, representativas dos solos das amostras ensaia-
das. Para cada propriedade, efetuar o tratamento estatístico
dos valores obtidos (no mínimo 10).

7.4.2.3 Tratamento Estatístico dos Valores das


Propriedades
O tratamento estatístico dos valores das propriedades indicadas acima
deverá ser realizado de acordo com o subitem 5.2.3.

7.4.2.4 Qualificação das Ocorrências Granulares


para jazidas
a] Qualificação da parte fina (SF) da ocorrência
Os valores estatísticos obtidos das propriedades por meio das amos-
tras de SF servirão para qualificar o material fino da ocorrência.
Com esses dados, o estudo geotécnico da ocorrência granular
poderá prosseguir, desde que os valores das propriedades se enqua-
drem na tabela 7.3. Caso todos os resultados dos ensaios atendam
aos requisitos, o tratamen-
to estatístico poderá ser Tabela 7.3 PROPRIEDADES DAS AMOSTRAS DOS SOLOS FINOS (SF)
OBTIDOS DOS FUROS DA OCORRÊNCIA GRANULAR.
dispensado.
Os intervalos admissíveis
considerados na tabela
re fe r id a fora m obt idos
toma ndo -se os va lores,
para as propriedades, base-
ados nos dados provenien-
tes de trechos executados
na região central e oeste do

185
Pavimentos Econômicos

Estado de São Paulo, em especial, nas regiões de Ribeirão Preto,


Araraquara e Pontal do Paranapanema; entretanto, seu uso já
foi ampliado para várias regiões do Brasil, com sucesso, para as
seguintes condições ambientais:
Tipos climáticos do sistema Köpen:
n Cwa (quente com inverno seco)
n Aw (tropical com inverno seco)
n Cwb (temperado com inverno seco)
b] Qualificação da ocorrência granular
b-1] Considerações iniciais
As amostras dos materiais da ocorrência, obtidos dos furos, serão
submetidas aos ensaios para avaliar as propriedades:
n Resistência dos grãos , retidos na peneira # 2,00 mm, por
meio do ensaio de Abrasão Los Angeles (método M-24-61 do
DER-SP).
n Suporte CBR e Expansão (M-53-71 do DER-SP) da amostra
integral compactada na Ho da energia indicada na tabela 7.4,
em função do valor da Abrasão Los Angeles (LA).
Para a obtenção do suporte e expansão é indicado o uso da compactação na energia
Modificada (EM) preconizada no M-53 - 71, quando a fração grossa
do material granular é constituído de grãos de alta resistência (LA
< 60%). Esse nível de energia produz bases com elevada densidade
aparentemente gerada pelo melhor entrosamento entre os grãos e
pela maior quantidade de solo fino que se consegue introduzir entre
eles. Estas bases apresentam as seguintes características:
1) Alta qualidade estrutural devido ao seu suporte (CBR) e módulo
de resiliência (MR) elevados.
2) Permeabilidade extremamente baixa (da ordem de 10 -7 cm/s).
3) Melhor acabamento da superfície, devido à elevada interação da
mistura do fino laterítico coesivo com os grãos do agregado, que
diminui o desprendimento na execu-
ção do corte e acabamento da base.
A importância da compactação desse
material para base, em uma energia
elevada como a EM, fica evidenciado
na figura 7.7. Nela se compara o supor-
te obtido com esse nível de energia, em
relação ao obtido com a compactação,
com a energia EI, inferior.
Esta figura também permite obter,
numéricamente, o seguinte:
t Há um ganho de suporte medido
Figura 7.7 Influência do suporte CBR em misturas de solo laterítico- pelo ensaio de CBR (da ordem de 50 %)
brita com diferentes porcentagens.

186
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

quando a compactação é realizada na EM, em relação a EI, para as


porcentagens de brita, na mistura, superiores a 60 %, que produz
um material com granulometria contínua.
t Para misturas com porcentagem de brita de 30 a 50 %, há um
ganho substancial no valor do suporte (chegando a 200 %)
quando ocorre a mudança do nível de compactação da EI para a
EM. Essas misturas apresentam granulometria descontínua nas
quais há um grande benefício no suporte pelo aumento do nível
de compactação. Estes fatos justificam a exigência da compac-
tação na EM, para misturas com grãos resistentes (Los Angeles
< 60%), para se conseguir o suporte mínimo recomendado na
tabela 7.4, uma vez que para esse estudo específico o suporte da
camada compactada na EI não alcança o valor mínimo preconi-
zado para Nt > 5x106 .
b-2] Requisitos para a qualificação da ocorrência granular
A escolha das ocorrências, para uso como jazidas, devem-se apoiar
nos valores estatísticos obtidos nos ensaios representativos das
propriedades e compará-los com as recomendações da tabela 7.4.
Os valores do CBR e Expansão, nas energias EI e EM, são referen-
ciados ao método de ensaio M-53-71 do DER-SP.

TABELA 7.4 REQUISITOS PARA QUALIFICAÇÃO DAS OCORRÊNCIAS PARA JAZIDAS.

7.4.2.5 Escolha definitiva de jazidas


A hierarquização para escolha das melhores jazidas estudadas será definida
pelos requisitos da figura 7.6. Estas jazidas produzem as melhores
bases, quanto ao aspecto construtivo, além de propiciarem pavimen-
tos com comportamento altamente satisfatório em serviço.

7.4.2.6 Fluxograma da Fase Básica


A figura 7.8 apresenta o fluxograma da amostragem sistemática da fase básica
das ocorrências mais promissoras das amostras.

187
Pavimentos Econômicos

Figura 7.8 Fluxograma da Fase Básica do estudo de ocorrências de materiais naturais e sua
qualificação para jazidas de base .

188
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

7.5 ESTUDO GEOTÉCNICO DE MISTURA ARTIFICIAL PARA BASE


DE SOLO L ATERÍTICO -AGREGADO DESCONTÍNUO
(SLAD)
7.5.1 Considerações sobre as bases de SLAD
As bases de solo-agregado são usadas em diversos estados brasileiros. No caso
de São Paulo, em sua Região Central, seu uso é intenso, pois há abun-
dância de jazidas de solos lateríticos ao lado de pedreiras comerciais
que fornecem agregados britados com uniformidade granulométrica,
a preços baixos.
Naquela região, muitas bases utilizadas são de SLAD cuja tecnologia de seu uso
foi desenvolvida pelos engenheiros da equipe técnica da regional
de Ribeirão Preto do DER-SP, integrada pelos engenheiros Eurípedes
Barsanulfo e Luiz Couto Rosa, entre outros. Os pavimentos daquela
regional têm sido projetados e executados com esse tipo de base,
desde 1964, quando foi executado um subtrecho experimental na Via
Anhanguera, com 1 km de extensão, próximo a cidade de Ribeirão
Preto, com sucesso incontestável. Após 1970, seu uso foi intensificado
na região.
Villibor e Nogami (1984) propuseram o primeiro “Critério para Escolha de
Mistura Descontínua de Solo Laterítico Brita Para Bases de Pavimen-
tos” inédito, por utilizar a sistemática MCT, abandonando o critério
tradicional de estudo para bases estabilizadas granulometricamente.
Em outros estados, também há ocorrências de pedregulhos lavados, que produzem
materiais designados “seixos” ou mesmo, em muitas regiões, a presen-
ça de jazidas de quartzito ou laterita, em exploração comercial. Um
exemplo disso são os “pedregulhos finos” de quartzito na região de
Brasília e no nordeste e as pedregulheiras no Mato Grosso do Sul,
Estado este que utilizou SLAD em muitas rodovias, como na ligação
entre as cidades de Três Lagoas e Campo Grande, cujo comportamen-
to foi excepcional, mesmo com tráfego muito pesado.
Geralmente essas bases são, economicamente, mais vantajosas que as outras
convencionais, como Brita graduada ou Solo cimento. Uma de suas
vantagens é a possibilidade de se conseguir, por meio da dosagem
adequada dos seus materiais componentes, misturas que apresentem
características definidas em função das necessidades que o tráfego
exige dos pavimentos com este tipo de base, a preços adequados.
Outro aspecto importante, que também ocorre em algumas bases granulares
naturais, é que, muitas vezes, a fração grossa é constituída de grãos
resistentes, que geralmente não estão presentes em bases, por exem-
plo, naquelas do tipo SAFL, ou de solo cimento. Este fato permite
uma perfeita aderência entre a base e o revestimento, evitando seu
escorregamento.

189
Pavimentos Econômicos

As peculiaridades das bases de SLAD são:


t O material pode ser compactado com equipamentos pesados,
produzindo base com alta densidade e sem danificar seus grãos
maiores por quebra no processo de compactação, pois os agre-
gados acham-se disseminados, na massa do solo laterítico sem
contato entre si.
t A misturação de SL e agregado é fácil, bastante simples e pode ser
executada com grade de disco, pá carregadeira, pulvimisturadora
(agrícola ou rodoviária) ou usina misturadora tipo pugmil.
t No processo de misturação não há a necessidade de uma mistura
eficiente que garanta uma uniformidade ao longo da espessura
ou mesmo ao longo do trecho. Isso é explicado pelo fato da desu-
niformidade do material não alterar a qualidade da base, que já
é descontínua. Este fato já não ocorre nas bases estabilizadas de
granulometria contínua, pois a graduação da mistura é determi-
nante em seu comportamento.
t Quando a mistura é com solo de jazidas LA’ e LG’, apresentam
baixíssima permeabilidade (da ordem 10 -7 cm/s), o que é extre-
mamente vantajoso para seu comportamento em condições
ambientais tropicais, em especial, em regiões de elevado índice
pluviométrico como por exemplo, a bacia amazônica.
Os pavimentos executados com esse tipo de base também exigem técnicas
construtivas adequadas, cujos conceitos e técnicas acham-se detalha-
dos em Villibor e Nogami (1984) e em Nogami e Villibor (1994).
Os estudos geotécnicos dessas misturas abrangem:
t Jazidas de solo laterítico fino.
t Agregados granulares (britados, ou ocorrências naturais).
t Dosagem da mistura de SLAD e sua qualificação para base.
O estudo da ocorrência de solo laterítico fino deverá seguir toda a sistemática
apresentada no capítulo 5, para o estudo geotécnico de jazida para
base de SAFL. No entanto, quando não é possível o atendimento
integral dos requisitos da qualificação do solo para base pela tabela
5.4, poderão ser utilizados, com segurança, para a aceitação do solos
lateríticos, os valores indicados na tabela 7.3, já apresentados para
estudo dos SF das bases granulares.

7.5.1.1 Solo Laterítico


As jazidas de solos lateríticos, para uso como componente da base SLAD devem
satisfazer os requisitos:
t Condição Ideal: a jazida deve ser submetida ao estudo geotécni-
co preconizado no capítulo 5, para estudo de solos para base de
SAFL. No entanto, é opcional a obtenção dos valores das proprie-
dades RIS, Sorção e Permeabilidade, para sua qualificação.

190
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

t Condição Aceitável: caso o solo da jazida não atenda algum dos


requisitos da condição ideal, ainda assim poderá ser homologada,
com segurança, desde que atenda os requisitos das proprieda-
des para qualificação de solos finos para ocorrência granular da
tabela 7.3, que são mais tolerantes.
A tabela 7.5 apresenta os valores admissíveis para atender às condições acima.

TABELA 7.5 VALORES ADMISSÍVEIS PARA O SF.

7.5.1.2 Agregados Granulares


a] Agregados Naturais
a-1] Resistência dos grãos
As ocorrências naturais de pedregulho, laterita ou mesmo pedre-
gulhos lavados, podem não apresentar características similares
às dos agregados britados, quanto à qualidade e granulometria,
podendo, no entanto, para sua aceitação como SLAD, serem mais
tolerantes. Cabe ressaltar que, como a mistura é de granulometria
descontínua, os grãos maiores não têm contato entre si, como
ocorre no caso a base estabilizada granulometricamente em que
há contato entre eles. Devido a isso, há uma tolerância quanto ao
valor da resistência desses agregados, podendo ser menor do que
a preconizada para materiais britados. Isto posto, para a qualifi-
cação da resistência dos grãos agregados, deverá ser executado o
ensaio de Abrasão Los Angeles em três amostras da ocorrência. O
valor médio obtido deverá satisfazer os valores:
n Abrasão Los Angeles < 60 %.

191
Pavimentos Econômicos

n Abrasão Los Angeles < 70 %. O agregado poderá ser usado


desde que haja experiência na região, com sucesso com esse
nível de valor.
n > 70 %, não usar o agregado.
a-2] Granulometria
A granulometria será obtida com o método M 15-61 do DER-SP
por peneiramento. Deverão ser realizados três ensaios sobre amos-
tras da ocorrência e o seu resultado médio deverá atender:
n Granulometria do agregado: 100 % passando na peneira # 2”
e no máximo 10 % passando na # 2,00 mm.
b] Agregados Britados
O agregado britado é obtido de britagem de rocha ou de seixo
lavado. Normalmente adquirido de pedreiras comerciais, suas
características são bem estudadas e, geralmente, seus grãos são
de alta qualidade.
b-1] Resistência dos grãos
Sua escolha deve atender as características:
n Fragmentos duráveis com Abrasão Los Angeles < 50%.
n Sem excesso de partículas lamelares e forma adequada.
b-2] Granulometria
n O material para uso na mistura pode ser obtido mediante a
composição (em massa) de pedra 1 (# 19 mm) e pedrisco em
proporções iguais, ou outra composição, desde que atenda
os requisitos de 100 % passando na peneira 1” e tendo no,
máximo, 10% passando na # 2,00 mm.

7.5.1.3 Dosagem da mistura de SLAD e sua qualificação


para base
1) Estudo da composição da mistura
Tabela 7.6 MISTURAS-TENTATIVA DO SOLO Com o solo laterítico de cada jazida e com o agregado
LATERÍTICO (SL) E AGREGADO. granular definido anteriormente, serão obtidas misturas
com diferentes porcentagens de solo e agregado, para o
seu estudo geotécnico.
Para obtenção do material do SLAD, serão estudadas três
misturas tendo componentes com diferentes porcenta-
gens em massa, conforme tabela 7.6.

2) Ensaios geotécnicos da mistura


No laboratório devem-se obter 5 amostras representativas
de cada uma das misturas A,B e C (massa seca), com a
quantidade de material que permita executar os seguintes
ensaios:

192
ESTUDO DE SOLO L ATERÍTICO - AGREGADO COM A MCT 7

nGranulometria conforme método M 6-61 do DER-SP - 5


ensaios.
n Ensaio de suporte califórnia (CBR) conforme M 53 - 71 do
DER-SP - 3 ensaios.
Com os valores obtidos nos ensaios de granulometria, de cada uma das
misturas, obtém-se a granulometria média que deve se enquadrar na
faixa granulometrica da tabela 7.7.

Tabela 7.7 FAIXA GRANULOMÉTRICA.

As amostras das misturas que se enquadrarem na faixa deverão ser submetidas a


três ensaios de CBR para obtenção do Suporte e Expansão.
Esses ensaios deverão ser executados na energia conforme abaixo:
t Abrasão Los Angeles < 60 %: compactação na Energia Modificada.
t Abrasão Los Angeles > 60 e < 70 %: compactação na Energia
Intermediária.
Com os valores dos ensaios serão obtidos os valores médios do índice de Suporte e da
Expansão, da mistura representativa das amostras.

7.5.1.4 Aceitação e escolha da Mistura de SLAD


Os valores médios obtidos para aceitação de cada mistura, devem atender
às exigências de suporte e expansão, em função do tráfego Nt, confor-
me indicadas na tabela 7.8.
Tabela 7.8 EXIGÊNCIAS DE SUPORTE E
A dosagem da mistura recomendada é aquela que atenda
EXPANSÃO EM FUNÇÃO DO TRÁFEGO Nt.
às exigências da tabela referida, com a menor
porcentagem de brita na sua composição e com
o mínimo de 40 % em massa de agregado na
mistura.

193
CONSIDERAÇÕES FINAIS

194
Tendo como fundamento o exposto neste livro, podem-se tecer as seguintes
considerações:
1) A sistemática, do estudo tecnológico de SAFL e de misturas solo
laterítico-agregado para uso em base de pavimentos, baseada nos
ensaios convecionais, apresenta deficiências tais que sua adoção
não mais se justifica para as condições tropicais.
2) Para sua substituição, é preconizado o uso da Sistemática MCT
que apresenta resultados, teóricos e práticos, adequados para a
avaliação das propriedades tecnológicas das bases em questão e
compatíveis com o comportamento real das mesmas.
3) Os conceitos apresentados permitiram propor a elaboração da
Sistemática MCT e a apresentação de seus ensaios, para o estudo
das bases SAFL e de misturas de solo laterítico-agregado, tanto na
fase de projeto como na executiva.
4) A experiência adquirida em mais de 35 anos em projetos, constru-
ção e observação de pavimentos com os tipos de bases referidas,
possibilitou, aos autores, concluir que:
n Mesmo com o uso de materiais homologados pela MCT para
essas bases, o sucesso do seu comportamento está diretamente
ligado ao uso correto da técnica construtiva, do controle tecno-
lógico e da proteção das suas bordas, pelos acostamentos.

n O bom comportamento dos pavimentos econômicos, além


da execução correta de sua base, está ligado intimamente à
dosagem e à execução adequada de sua imprimadura e de sua
camada de rolamento, geralmente de tratamento superficial.
Ressalta-se, entretanto, que tal comportamento é bastante
sensível à existência de defeitos construtivos nesses serviços,
os quais o comprometem, rapidamente.
5) Discutir (Anexo I), em forma de questões e respostas, os conceitos
fundamentais para o uso adequado dos pavimentos econômicos
com bases constítuidas de materiais com predominância de Solos
Finos Lateríticos.
6) Como consequências econômicas mais importantes do conteúdo
desse livro, têm-se:
n Aumento da gama de solos aproveitáveis, para execução das
bases, considerados inapropriados pelo critério convencio-
nal.
n Redução da incidência de defeitos nos pavimentos, diminuição

195
Pavimentos Econômicos

dos custos de conservação e maior segurança na execução.


7) Podem-se, ainda, visualizar as seguintes perspectivas futuras:
n Estudo de bases SAFL e de solo laterítico-agregado, para pavi-
mentos com tráfego elevado e com revestimento espesso de
CAUQ.
n Utilização dos ensaios propostos da Sistemática MCT, para o
mapeamento de solos para fins rodoviários.
n Uso da MCT para dar subsídios à elaboração de novas especifi-
cações de outras camadas do pavimento, tais como sub-bases,
reforços, etc.
n Aproveitar a experiência de prefeituras e de orgãos rodoviá-
rios que construiram pavimentos peculiares, usando os conhe-
cimentos acumulados dos seus engenheiros e técnicos, que
apresentaram resultados satisfatórios quanto ao comporta-
mento estrutural, apesar de não atenderem as especificações
de serviços vigentes, geralmente, por motivos econômicos.
Tais pavimentos se enquadram no conceito de Engenharia de
Evidência, proposta por villibor (Revista Lenc, 2007), que é
fundamentada na observação de resultados. Algumas das solu-
ções adotadas para a estrutura desses pavimentos, merecem
estudos tecnológicos aprofundados para gerar novas especifi-
cações regionalizadas, com beneficios técnicos e econômicos,
possíveis de serem utilizadas em regiões com solos e condições
ambientais similares. Essa mesma filosofia norteou o desenvol-
vimento da tecnologia do uso de SAFL para bases.
Por serem, ainda hoje, atuais e consentâneas com a filosofia desse livro,
transcreve-se parte das conclusões do trabalho A tecnologia local das
estradas vicinais de Sória, Villibor e Nogami (1988):
“O impacto econômico-social provocado pelos pavimentos com otimização do
uso de materiais locais é evidente: a diminuição do custo favorece
a viabilidade da obra. No caso de estradas vicinais ou pavimentos
urbanos, soluções de baixo custo inicial, mesmo que resultem em
pavimentos que precisem ser melhorados no futuro, podem resolver
problemas de regiões mais carentes. Para comunidades de poucos
recursos, uma solução de baixo custo pode representar a diferença
entre o acesso ou não à pavimentação de uma estrada vicinal, por
exemplo.
Num país com as dimensões do Brasil (só o Estado de são Paulo tem área quase
igual à metade da França) as soluções para a pavimentação exigem
um tratamento regionalizado. As especificações dos materiais como
solos e sedimentos têm, necessariamente, que ser tratadas em nível
local ou regional. As possibilidades de uso de materiais e consequen-
temente técnicas não tradicionais são grandes. Há materiais que têm
sido utilizados, às vezes, sem estudos técnicos mais cuidadosos, mas

196
CONSIDERAÇÕES FINAIS 8

que se forem estudados com profundidade podem levar a especifica-


ções que permitam um uso generalizado e seguro.
É nesse panorama que se inserem três desafios apresentados aos nossos
engenheiros, pesquisadores e professores:
1) desenvolver a tecnologia adequada ao uso de materiais locais,
levando-a até o nível de especificações e recomendações;
2) ensinar aos técnicos que militam na área, ao aluno de graduação
e de pós-graduação, não só a tecnologia tradicional dos livros-
textos consagrados e calcados (atualmente) no conhecimento
internacional, mas também ensinar a tecnologia desenvolvida
ou em desenvolvimento no país;
3) despertar no engenheiro consciência da necessidade de buscar
soluções mais adequadas à sua região.”
Os autores esperam que os conceitos expressos contribuam para consolidação
da tecnologia apresentada, adequada às peculiaridades tropicais, por
meio de estudos e pesquisas em outras regiões que possuam condi-
ções favoráveis ao uso de pavimentos com as bases econômicas de
SAFL, SLAD e ALA (AL = Argila Laterítica e A = Areia), para execução
de rodovias, vias urbanas e aeródromos.
Finalmente, ressalta-se a importância do envolvimento de Instituições de ensino,
do DNIT e dos DERs estaduais, como fomentadores de novas tecno-
logias adequadas às regiões tropicais, como aquela aqui divulgada.

197
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA UTILIZAÇÃO DE BASES COM
PREDOMINÂNCIA DE SOLO FINO LATERÍTICO

ANEXO 1

198
Este Anexo apresenta, por meio de discussão de questões, os conceitos funda-
mentais para o uso de bases com predominância de solo fino laterí-
tico: SAFL, ALA e SLAD. Alerta-se para o fato de algumas questões
discutidas serem síntese de assuntos já tratados e outras envolverem
explicações que se repetem por tratarem de assuntos interligados.

ASSUNTOS ABORDADOS
Conforme os assuntos, as questões foram agrupadas nos blocos de 1 a 6, a saber:

1 Conceituação
1) Qual o Conceito de Pavimento Econômico?
2) Quais são os tipos de Base de Baixo Custo utilizadas em Pavi-
mentos Econômicos no Estado de São Paulo?
3) Conceitue os Solos Finos Lateríticos Arenosos e Argilosos.
4) Quais as Peculiaridades Mineralógicas e das Microfábricas dos
Solos Lateríticos e Saprolíticos?
5) Onde ocorrem os SAFL no Brasil?
6) Qual a Extensão das Rodovias e a Área das Vias Urbanas que
utilizam Pavimentos com Base de SAFL?

7) Quais os Trechos mais Antigos com Base de SAFL?

2 Campo de Aplicação
8) Para quais Tipos de Tráfego e Características Climáticas pode-
se usar Pavimentos com Base de SAFL, ALA ou SLAD?
9) Quando um SAFL é adequado para Base de Pavimentos?

3 Ocorrências de Jazidas
10) Quais as Peculiaridades das Ocorrências de SAFL para Bases?
11) Pode-se obter SAFL Artificial para uso em Bases?

4 Técnica Construtiva e Controle Tecnológico


12) Qual a relação entre o Tipo de SAFL e a Técnica Construtiva
das suas Bases?
13) Quais os cuidados na Compactação e Acabamento das Bases
de SAFL e ALA?

199
Pavimentos Econômicos

14) Nas Bases de SAFL e ALA, quais as Funções e a Dosagem da


Imprimadura?
15) Pode-se se Imprimar as Bases de SAFL, ALA e SLAD com Emul-
são Asfáltica?
16) Quais as Normas para execução das Camadas de Revestimento
sobre Bases de SAFL, ALA e SLAD e quando se usa a Camada
de proteção?
17) Como é o Controle Tecnológico das Bases de SAFL e ALA?

5 Comportamento Tecnológico
18) O que explica o Bom Comportamento das Bases de SAFL, ALA
e SLAD?
19) Quais as Experiências que mostram a Ação do Gradiente
Térmico e da Cura por Secagem da Base no Comportamento
do Pavimento?
20) Por que não se recomenda o uso de Critérios Tradicionais para
o Estudo das Bases com Predominância de Solo Fino Laterí-
tico?
21) Podem ser usados Solos Argilosos Finos Lateríticos (LG’) em
Bases de Pavimento Econômico?
22) Solos Arenosos pouco Coesivos, com elevados valores de CBR,
podem ser usados para Bases?
23) O Acostamento é essencial nos Pavimentos com Base de Baixo
Custo?
24) O que explica o Bom Comportamento dos Pavimentos com
Bases de SAFL e ALA revestidas com Tratamentos Superficiais?
25) Qual o Período de Vida da Base e o do seu Revestimento de
Tratamento Superficial, em Pavimentos Econômicos?
26) Como ocorre a Deterioração Estrutural da Base de SAFL?
27) Qual o Conceito, a Especificação e a Técnica Construtiva das
Bases de SLAD?

6 CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO
28) Quais os Principais Defeitos no Revestimento de Tratamento
Superficial dos Pavimentos Econômicos com Base de Baixo
Custo?
29) Qual o Procedimento Recomendado para Recuperação de
Pavimentos Econômicos com Elevado Nível de Deterioração?

200
ANEXO 1

DISCUSSÃO DAS QUESTÕES

1 Conceituação
1ª Questão: Qual o Conceito de Pavimento Econômico?
É o pavimento que:
t Utiliza base constítuida de materiais naturais ou misturados com
pequena porcentagem de agregado, cujos custos de execução são
substancialmente menores do que aqueles apurados nas bases
tradicionais, como: brita graduada, macadame hidráulico, solo-
cimento, etc.
t Utiliza revestimento betuminoso, tipo tratamento superficial
duplo ou triplo, com espessura máxima de 3 cm e, frequente-
mente, da ordem de 1,5 cm.
t Suporta um tráfego máximo do tipo médio, com Nt ≤10 6 solici-
tações do eixo simples padrão de 80 kN.
A figura A.1 exemplifica uma secção transversal típica de um pavimento
econômico rodoviário, sem escala e com medidas em m. Observe-se
que a imprimadura impermeabilizante, também deve ser executada
nas bordas da base e nos acostamentos, para evitar a infiltração de
água pelas laterais.

Figura A.1 Secção transversal típica de um pavimento econômico rodoviário.

Para efeito de ilustração serão apresentadas as vantagens do uso de pavimento


econômico com base de SAFL, em comparação com aqueles que usam
bases tradicionais, abrangendo aspectos econômicos e ambientais.
Quanto ao aspecto econômico, foi realizado um estudo dos preços
por m2 de pavimentos, com diversos tipos de base e revestimento de
tratamento superficial duplo, utilizados em rodovias vicinais.
A figura A.2 ilustra a estrutura de um pavimento usual de rodovia vicinal (com 4
alternativas para a base), que forneceu subsídios ao estudo econômi-
co. Com esta estrutura foi gerado o orçamento, das camadas indica-

201
Pavimentos Econômicos

Figura A.2 Estrutura de um pavimento econômico, com diversos tipos de base.

das na tabela A.1 que teve, como referência, os preços unitários da


tabela do DER-SP de Dezembro de 2008.
A tabela A.2 apresenta dados para compa-
Tabela A.1 PREÇO DE EXECUÇÃO DE CAMADAS, POR m2.
ração dos preços unitários da base de SAFL
e das tradicionalmente utilizadas no Estado
de São Paulo, além dos preços dos pavi-
mentos resultantes. Utilizou-se o preço por
m2 dessas bases, considerando que tenham
espessura de 15 cm e que a distância média
de transporte seja de 5 km.
Analisando a primeira coluna da tabela
A.2, verifica-se que o preço da base de
SAFL é o menor, sendo da ordem de 29%
do preço da de solo brita, ou da de solo
cimento e 19% do de brita graduada. As
duas últimas colunas (PT e RC) mostram
que o preço total dos pavimentos com base
de solo brita, solo cimento e brita
2
TABELA A.2 COMPARAÇÃO DE PREÇOS, POR m , DE PAVIMENTOS COM graduada, é muito superior ao do
DIVERSOS TIPOS DE BASE. pavimento com base de SAFL.
O tipo de base, com preço total mais
próximo daquele correspondente à
base de SAFL, é o solo brita, que resul-
ta 53% mais caro; os demais resultam
maiores, respectivamente: 54% (solo
cimento) e 91% (brita graduada).
Esses percentuais mostram a grande
vantagem do uso das bases de SAFL
para a execução de rodovias vicinais:

202
ANEXO 1

com o orçamento necessário para executar 1.000 km de pavimento


de solo brita (largura de 8,40 m), podem-se executar 1.530 km de um
pavimento estruturalmente similar com SAFL, ou seja, construir uma
extensão 53 % maior.
Além dos benefícios econômicos há, também, vantagens ambientais
proporcionadas pelo uso das bases de SAFL, em relação às tradicio-
nais de brita graduada, solo brita e solo cimento. Essas vantagens
estão ligadas ao fato de suas jazidas serem ocorrências naturais, o
que permite:
t Executar um projeto de recuperação da área degradada pela explo-
ração, com uma configuração que a reintegre à paisagem existen-
te, além de proporcionar um sistema de drenagem superficial
adequado, minimizando os danos ao meio ambiente.
t Reconstituir a vegetação de sua superfície, por meio da reposição
do material orgânico (proveniente da camada vegetal estocada
quando da limpeza da jazida), diminuindo o dano ambiental,
pela rebrota rápida da cobertura original.
Por outro lado, as bases tradicionais utilizam, na sua execução, materiais
beneficiados (agregados britados e cimento), cuja obtenção cria sérios
problemas ambientais, tais como:
t Degradação da área explorada.
t Ruídos e resíduos sólidos (pó) gerados na exploração das pedrei-
ras.
t Gastos com energia e equipamentos específicos para o beneficia-
mento dos materiais.
Esses três aspectos são relevantes na execução de grandes programas de rodovias
vicinais, por demandarem elevadas quantidades de materiais bene-
ficiados.
Isto posto, ambientalmente, a alternativa do uso dos SAFL é a mais favorável
por gerar menor passivo ambiental do que as bases tradicionais.

2ª Questão: Quais são os tipos de Base de Baixo Custo


utilizados em Pavimentos Econômicos no Estado de São
Paulo?
Os tipos são:
t Bases de SAFL com materiais de ocorrências naturais.
t Bases de Solo Laterítico-Agregado, a saber:
n De granulação fina, designado ALA, cujo material é constítui-
do de mistura de argila laterítica com areia. Vide questão 11.
n De granulação grossa, designado SLAD, cujo material é constí-
tuido de mistura de solo laterítico com baixa porcentagem de
agregado (brita, pedregulho ou laterita). Vide capítulo 7.
A secção transversal da estrutura desses pavimentos é a mesma indicada na figura A.1.

203
Pavimentos Econômicos

3ª Questão: Conceitue os Solos Finos Lateríticos Arenosos


e Argilosos.
Conceitua-se, tecnologicamente, como Solo Arenoso Fino Laterítico
(SAFL) aquele que:
t Possui menos de 10 % de fração retida na peneira de 2,00 mm
(nº 10).
t Possui mais de 50 % de fração retida na peneira de 0,075 mm (nº
200).
t Essas frações devem ser constituídas, predominantemente, de
grãos de quartzo.
t Pertence à classe de solos de comportamento laterítico e a um dos
grupos LA, LA’ ou LG’, da Classificação Geotécnica MCT (confor-
me M9).
Conceitua-se, tecnologicamente, como Solo Argiloso Fino Laterítico
aquele que:
t Possui menos de 10 % de fração retida na peneira de 2,00 mm
(nº 10).
t Possui menos de 50 % de fração retida na peneira de 0,075 mm
(nº 200).
t Essas frações podem conter, além do quartzo, óxidos e hidróxidos
de Fe, Al e Ti.
t Pertence à classe de solos de comportamento laterítico e ao grupo
LG’, da Classificação MCT.
Houve a necessidade de se introduzir, no meio técnico brasileiro, as designações
e conceituações acima, para evitar que os Solo Arenoso Fino Late-
rítico e Solo Argiloso Fino Laterítico fossem confundidos com os
Pedregulhos Lateríticos ou Cascalhos Lateríticos ou, ainda, Concre-
ções Lateríticas (popularmente designados de Canga, Tapiocanga,
Piçarra, etc), constituídos de elevada porcentagem de fração retida
na peneira de 2,00 mm. Esses últimos materiais foram designados de
Solos Lateríticos nas normas do DNIT, o que pode ocasionar confu-
sões conceituais.

4ª Questão - Quais as Peculiaridades Mineralógicas e das


Microfábricas dos Solos Lateríticos e Saprolíticos?
As peculiaridades mineralógicas e microfábricas inerentes aos solos conhecidos
como lateríticos (na gíria geotécnica) são consequência de terem sido
submetidos, por um longo tempo durante sua formação, a processos
pedogenéticos de laterização próprios de regiões tropicais úmidas.
A fig ura A.3 mostra o perfil de um corte rodoviário onde ocorrem,
na superfície natural do terreno, uma camada de solo laterítico e,
subjacentes, camadas de solo saprolítico, peculiares às rochas sedi-
mentares. Essas camadas são resultantes da ação das intempéries

204
ANEXO 1

sobre a rocha e herdaram, ainda, macrofábricas da rocha matriz,


formada por camadas plano-paralelas. Este tipo de solo saprolítico
gera, no talude, uma forma erosiva característica desta parte do corte,
conforme mostrado na figura A.3.

Figura A.3 Corte rodoviário, com camada laterítica sobrejacente a camadas saprolíticas
de origem sedimentar, com as correspondentes microfábricas.

Pela análise das microfábricas das duas camadas em consideração, pode-se notar
diferenças facilmente perceptíveis, mesmo por técnicos não especia-
lizados, a saber:
t Laterítica - os grãos são muito pequenos (da ordem de milioné-
simo de mm), constituídos externamente por óxidos e hidróxidos
de Fe e Al; além de serem pouco expansivos em contato com a
água funcionam, quando secos, como um cimento natural e se
coalescem, formando uma fábrica conhecida como “pipoca” ou
“esponja”. Quando classificado pela MCT, este solo pertence à
classe de comportamento Laterítico (Solos L).
t Saprolítica - são percebidos, nitidamente, grãos de areia e, preen-
chendo os vazios intergranulares, cristais em forma de folhas
associadas, o que dá um aspecto de bucho de vaca, corresponden-
te a um argilo-mineral da família das smectitas (ou da montmo-
rillonita), que se caracteriza pela sua elevada expansibilidade na
presença da água livre. Quando ensaiado pela sistemática MCT,
este solo pertence à classe de comportamento Não Laterítico

205
Pavimentos Econômicos

(Solos N). Aos interessados em um aprofundamento científico


nesse assunto, sugere-se a leitura do livro de Nogami e Villibor
(1995).

5ª Questão: Onde ocorrem os SAFL no Brasil?


Estimativas iniciais, baseadas em considerações geológicas e pedológicas,
previam a ocorrência de jazidas de SAFL em cerca de 60 % do territó-
rio ocupado pelo Estado de São Paulo. Posteriormente, dados obtidos
sobre a distribuição efetiva das jazidas de SAFL confirmaram aquela
porcentagem.
Também, pelo exame de mapas geológicos e pedológicos disponíveis,
foi possível prever a potencialidade da ocorrência de SAFL, em áreas
fora do Estado de São Paulo, tais como nos Estados do Paraná, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia, entre outros.
A figura A.4 ilustra áreas de solos lateríticos arenosos (LA e LA’) e argilosos (LG’),
perfazendo 65% do território brasileiro. Nessas áreas ocorrem jazi-
das promissoras de solos para execução de bases de SAFL, tanto in
natura, como artificial com material obtido por mistura. Dois tipos

Figura A.4 Ocorrências de Solos Finos Arenosos e Argilosos, de comportamento


laterítico, no Brasil.

206
ANEXO 1

de misturas podem ser efetuadas para a utilização desses materiais


como base de pavimentos, ou seja: em caso de ocorrência de solos
argilosos lateríticos (LG’) nas proximidades da obra, estes devem ser
corrigidos com a adição de areia laterítica quartzosa e/ou areia lavada
de rio; se houver ocorrência de areia laterítica (LA), a ela deverá ser
adicionado solo argiloso laterítico.
Ainda, mesmo nas áreas em amarelo, ocorrem pequenas áreas de solo laterítico.

6ª Questão: Qual a Extensão das Rodovias e a Área das Vias


Urbanas que utilizam Pavimentos com Base de SAFL?
A tabela A.3 indica os dados da extensão e da área desses pavimentos,
em vários estados do Brasil.
Particularmente, a figura A.5 ilustra, no mapa do Estado Tabela A.3 PAVIMENTOS COM BASES DE
SAFL NO BRASIL (2005).
de São Paulo, a localização das vicinais e das cida-
des que possuem pavimentos com base de SAFL.
Mais detalhes sobre o uso de base de SAFL em pavimentos
urbanos podem ser obtidos no mestrado de Alexan-
dre Zuppolini Neto (1994).

Figura A.5 Vicinais e cidades com pavimento de SAFL no Estado de São Paulo.

7ª Questão: Quais os Trechos mais Antigos com Base de


SAFL?
Os trechos mais antigos estão indicados na tabela A.4. Os três primeiros
foram executados como sendo uma “proteção à terraplanagem”; no
entanto, pelo comportamento apresentado, foram considerados, pelo

207
Pavimentos Econômicos

DER-SP, como efetivamente pavimentados. Os demais foram execu-


tados como pavimentos de baixo custo com base de SAFL e com
penetração invertida simples, dupla, ou tripla, tanto na execução
como no recapeamento.
Analisando a tabela A.4 verifica-se que, em 2005, as primeiras bases de SAFL já
estavam em funcionamento há mais de 32 anos, mostrando o acerto
do uso desse solo para bases. Na ocasião, em todo o Brasil, a rede de
vicinais com esse tipo de base, com tratamento superficial, já ultra-
passava os 12.000 km (vide tabela A.3).

Tabela A.4 TRECHOS MAIS ANTIGOS COM BASE DE SAFL.


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2 CAMPO DE APLICAÇÃO
8ª Questão: Para quais Tipos de Tráfego e Características
Climáticas pode-se usar Pavimentos com Bases de SAFL,
ALA ou SLAD?
Pela experiência atual tem-se:
t Tráfego: O tráfego preconizado para uso de pavimentos com as
bases referidas, abrange os tipos: muito leve, leve e médio, e deve
atender aos seguintes limites especificados:

208
ANEXO 1

n VDM inicial < 1.000 veículos com, no máximo, 35 % de veícu-


los comerciais.
n Nt ≤ 106 solicitações do eixo simples padrão durante o período
do projeto: usar SAFL ou ALA com camada de rolamento de
tratamento duplo ou triplo.
n Nt ≤ 5 x 10 6 solicitações: usar SAFL ou ALA, com camada
de proteção, ou SLAD.
n Nt ≤ 107 solicitações: usar SLAD, recomendando-se camada
de rolamento de CAUQ.
t Clima: As características climáticas da região devem ser:
n Tipo Climático, segundo Köppen:
u Cwa – quente com inverno seco.
u Cwb – temperado com inverno seco.
u Aw – tropical com inverno seco.
u Temperatura: média anual >20º C.
n Condições Hídricas: índice pluviométrico anual médio de
1.000 a 1.800 mm e índice de umidade, segundo Thornthwai-
te, dos tipos subúmido e úmido.

9ª Questão: Quando um SAFL é adequado para Base de


Pavimentos?
Nem todos os SAFL são apropriados para uso em bases, ou seja, somente
podem ser utilizados aqueles que satisfazem as especificações:
t Ter granulometria que permita a aplicação da Metodologia MCT,
ou seja: deve passar integralmente na peneira de 2,00 mm de
abertura ou ter, no máximo, 10 % retido.
t Pertencer à classe de solos de comportamento laterítico da Clas-
sificação Geotécnica MCT (grupos LA, LA’ ou LG’).
t Apresentar, quando compactado na EI do Mini-Proctor, valores
das propriedades mecânicas e hídricas, dentro dos intervalos
recomendados nas tabelas 5.3 e 5.4.
O critério para a verificação do comportamento laterítico, assim como das
propriedades dos solos para uso em bases, é essencialmente tecno-
lógico. Os valores dos intervalos das referidas tabelas foram obtidos
pela avaliação de pistas executadas com esse tipo de base, as quais
apresentaram bom comportamento em serviço, conforme detalhado
no Capítulo 4.

3 Ocorrências de Jazidas
10ª Questão: Quais as Peculiaridades das Ocorrências de
SAFL para Bases?
As ocorrências que são aproveitáveis como jazidas de SAFL apresentam uma série
de peculiaridades que as tornam adequadas. As principais são:

209
Pavimentos Econômicos

t Localizam-se junto à superfície do terreno e são capeadas com


uma camada de terra vegetal, de pequena espessura, inaprovei-
tável para pavimentação; quase sempre essa camada é inferior a
cerca de 1 m e pode ser usada, vantajosamente, como material
orgânico para o plantio de vegetação destinada à proteção de
aterros, cortes, etc.
t A camada aproveitável atinge, frequentemente, grandes espessu-
ras (acima de 5 m) e se estende por centenas de metros quadrados;
também pode ser o próprio corte da rodovia.
t As condições de drenagem são geralmente excelentes, o que se
constitui numa exigência necessária para a evolução pedológica
do seu comportamento.
t Facilmente identificáveis pelo exame táctil - visual expedito, pois
se caracterizam pela sua cor (vermelho, marrom, amarelo e suas
combinações) e existência de trincas e torrões bem desenvolvidos,
quando ocorrem partes expostas; nas variedades mais arenosas,
do tipo SAFL, pela presença dos inconfundíveis grãos de areia de
quartzo (no SAFL) e ausência frequente de camadas bem delimita-
das ou anisotropias aparentes (acamamento, xistosidades, mosque-
amento, etc). Só excepcionalmente, há necessidade de se usar
procedimentos laboratoriais para a identificação desses solos.
t Têm correlação, geralmente muito boa, com as unidades pedológi-
cas constantes de mapas publicados no Brasil, sendo que predomi-
nam ocorrências pertencentes ao grande grupo latosolo e argisolo
(podzólico ou pozolizado, na designação antiga). Grande parte
dos SAFL utilizados é de textura média.
Algumas das peculiaridades acima podem ser observadas nas figuras A.8 e A.9
da 12ª Questão.

11ª Questão: Pode-se obter SAFL Artificial para uso em


Bases?
Sim, por mistura de solos lateríticos e, também, pela adição de areia
a solos argilosos finos lateríticos, de maneira similar à utilizada na
correção das misturas estabilizadas tradicionais.
Estas misturas são usadas por motivos econômicos quando, ao longo do trecho,
existem ocorrências de materiais que são solos lateríticos finos (argila
e areia), mas que não preenchem os requisitos para serem jazidas de
SAFL.
A base constituída desta mistura é designada de ALA e seu processo de dosagem
é o seguinte:
a] Classificar, pela metodologia MCT, o solo a ser usado; caso seja
LG’ misturá-lo com areia (ou solo LA) nas porcentagens de 20, 30
e 40 % em peso de areia.

210
ANEXO 1

b] Classificar, pela metodologia MCT, as três misturas, lançá-las no


gráfico classificatório da MCT e escolher, sempre que possível, as
misturas que se localizam dentro da área hachurada; quando não
possivel, na satisfatória, conforme indicado na figura A.6.
Índice e’

Coeficiente c’

Figura A.6 Áreas para a mistura ALA, segundo a classificação MCT.

c] Submeter as misturas escolhidas aos ensaios da MCT para a


obtenção das propriedades apresentadas na tabela 5.4.
d] Critério de dosagem da mistura ALA: escolher a que apresenta
propriedades que se enquadram nos intervalos recomendados
para SAFL, na tabela referida; a seguir, utilizar a hierarquização
indicada no fluxograma da figura 5.4.
A figura A.7 mostra fase do processo de obtenção de SAFL artificial, pela mistura de
argila laterítica com areia lavada. Contrariamente, quando a jazida
disponível for muito arenosa, obtém-se o SAFL artificial por adição
e mistura com argila laterítica.
Deve-se ressaltar que, escolhida a porcentagem dos componentes da mistura,
pode-se, para a execução da base, proceder à misturação dos mesmos
através de pulvimixer, enxada rotativa (agrícola) ou, mesmo, grade
de disco; facilmente, obtém-se a uniformidade do material, tanto ao
longo do trecho como na espessura da base (a areia ajuda no proce-
dimento de misturação).
Após esta fase, deve-se proceder a execução da base e da sua imprimadura, conforme
recomendado para bases de SAFL.
Para maiores detalhes sobre o uso de bases de ALA, sugere-se a leitura do mestra-
do de Paulo R. M. Serra (1987).

211
Pavimentos Econômicos

Figura A.7 Material para base de ALA: misturação na pista, de argila


laterítica e areia lavada de rio.

4 Técnica Construtiva e Controle Tecnológico


12ª Questão: Qual a relação entre o Tipo de SAFL e a
Técnica Construtiva das suas Bases?
O Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL), utilizado para a execução de bases
de pavimentos, é, geralmente, proveniente de jazidas situadas nas
proximidades do trecho a pavimentar ou, mesmo, em alargamentos
da plataforma; em casos excepcionais, pode ser solo da própria pista
a pavimentar. O uso de jazidas permite garantir uma maior homoge-
neidade do solo a ser utilizado na execução da base. O SAFL deverá
pertencer a um dos grupos seguintes: LA, LA’ ou LG’, da Classificação
Geotécnica MCT.
Caso sejam disponíveis várias fontes igualmente interessantes para a execução
da base, recomenda-se escolher aquela(s) que menos problemas cons-
trutivos venha(m) a acarretar. Para obter essa informação deve-se
localizar os diversos solos potencialmente interessantes, plotá-los no
Gráfico da Classificação MCT e verificar se caem dentro, ou nas proxi-
midades, das áreas assinaladas na figura 6.1. Dados bastante nume-
rosos, sobre as técnicas construtivas e de comportamento, foram
colhidos em solos pertencentes às áreas referidas naquela figura. A
priorização do uso destes tipos de solo, assim como suas relações com
as técnicas construtivas, acham-se detalhadas no subitem 6.2.2.
As figuras A.8 e A.9 ilustram jazidas de SAFL dos tipos I e IV exploradas para a
execução de bases, sendo a primeira Argilosa (LG’) e, a segunda,
Arenosa (LA).

212
ANEXO 1

Figura A.8 Aspecto de uma jazida de SAFL do Tipo I – Figura A.9 Aspecto de uma jazida de SAFL do Tipo IV –
Argilosa (LG’). Arenosa (LA).

13ª Questão: Quais os cuidados na Compactação e Acaba-


mento das Bases de SAFL e ALA?
Além dessa resposta, para um melhor conhecimento do assunto, recomenda-se
a leitura do item 6.3.
A compactação deve ser iniciada, preferencialmente, com o rolo “pé de carneiro
de patas longas” (não vibratório) até que não haja mais penetração
das “patas” do equipamento; completa-se com rolo de pneus (ou
corrugado vibratório).
A complementação do grau de compactação e, se necessário, do acabamento,
deverá ser feita, preferencialmente, com rolo de pneus de pressão
variável ou, na impossibilidade, com liso vibratório. Quando isso
ocorrer, é desaconselhável fazer mais que duas coberturas, pois pode-
se provocar a formação de corrugações e lamelas, especialmente em
determinados solos das áreas III e IV e, em menor escala, nos da área
II. Ainda, para evitar a tendência de formação de lamelas, somente
são recomendados os rolos compactadores com patas de superfície
plana. Porém, para muitos solos da área IV, a compactação deverá ser
executada com rolo de pressão variável (tipo SP 12.000 ou similar).
Não deve ser permitido o uso de rolos de “patas curtas” porque, quando se
começa com ele a compactação, a camada inferior da base fica com
uma densidade relativamente baixa. Para compensar e obter uma
densidade média, dentro das especificações, o executor tentará obter
uma densidade alta na parte superior da base; isto pode levar ao
aparecimento de lamelas, pelo uso excessivo de compactação.
Há certos materiais, principalmente os dos tipos II e IV, que não permitem,
na pista, a obtenção da densidade preconizada pelo laboratório. A
insistência na compactação desses materiais, em lugar de melhoria,
geralmente, leva a prejuízos; a tentativa de obter a densidade espe-
cificada produzirá uma camada lamelada e estruturalmente fraca.
Nesses casos, recomenda-se que sejam feitos segmentos experimen-

213
Pavimentos Econômicos

tais para determinar a densidade a ser especificada; a compactação


deve ser conduzida até atingir uma densidade limite, acima da qual
apareceriam as lamelas na superfície da base. Não é raro que a espe-
cificação, em lugar de 100 % do Proctor Intermediário original, caia
para 95 % ou até 92 %.
Deverá ser tomado cuidado especial com a compactação das bordas do pavimento
que, em muitos casos, é negligenciada, levando ao aparecimento de
defeitos.
O acabamento da base deverá ser feito exclusivamente em corte, com moto-
niveladora, logo após um ligeiro umedecimento. O preenchimento
das falhas (ou complementação da espessura), é proibido porque esse
material ficaria com uma ligação frágil com o corpo da base, forman-
do lamelas ou lâminas finas de material e vindo a desprender-se com
o tráfego.
O material cortado deverá ser posto fora da pista. A lâmina da motoniveladora
deverá estar em perfeitas condições de fio e de desgaste, ou irregu-
laridades. Nas bordas, a base deverá ser cortada a 45º e imprimada
também nesse corte.

14ª Questão: Nas Bases de SAFL e ALA, quais as Funções e


a Dosagem da Imprimadura?
Esse assunto encontra-se desenvolvido na pesquisa realizada no item 4.5.
Em síntese:
a] Funções da Imprimadura Asfáltica Impermeabilizante:
A imprimadura consiste na aplicação de uma camada contínua de
material asfáltico diluído (tipo CM-30 ou CM-70) sobre a superfí-
cie da base concluída, que tem por objetivo permitir a penetração
da imprimadura em sua superfície, em uma espessura (profundi-
dade) que varia em função das diversas características intrínsecas
do solo, do seu estado de compactação e do material utilizado na
imprimação. A imprimadura asfáltica, nesses pavimentos, tem
funções bem definidas, quais sejam:
n Impermeabilizar a base evitando, tanto quanto possível, a pene-
tração da água que porventura se infiltre pelo revestimento.
n Proporcionar aderência entre a base e o revestimento.
n Aumentar a coesão da porção superficial da base, ao formar
nela um solo betume.
b] Critério de Dosagem da Imprimadura Impermeabilizante (tipo
e taxa)
Para dosar, em laboratório, o tipo e a taxa de imprimadura que
devem ser aplicados sobre uma base de SAFL, pode-se utilizar o
critério proposto no subitem 4.5.5.2, que utiliza o ensaio M-6 do
Anexo II.

214
ANEXO 1

Também é possível, experimentalmente, dosar o tipo e taxa da


imprimadura sobre um segmento da ordem de 100 m, conforme
as etapas:
n Após a secagem da base, irrigá-la levemente com 0,8 l/m 2 .
n Após 15 minutos, efetuar a imprimação com asfalto diluído
tipo CM-30, em uma temperatura entre os limites de 30 a
50°C, com uma das taxas indicadas abaixo:
u Bases com solo tipo I ou II (figura 6.1) taxa: 0,8 a 1,0 l/m 2 .
u Bases com solo tipo III ou IV (figura 6.1) taxa: 1,0 a
1,2 l/m 2 .
n Esperar a imprimadura curar por 48 horas, medir a espessu-
ra de penetração na base, por meio de (no mínimo) 9 furos
executados com talhadeira na sua superfície, e obter a pene-
tração média.
Com a média obtida, utilizar, para a imprimadura do trecho em
questão, o tipo e a taxa que se enquadrem numa das situações
abaixo:
n Penetração média inferior a 4 mm: CM-30, com temperatura
de aplicação 30ºC, na taxa de 0,8 a 1,0 1/m 2 .
n Penetração média de 4 a 10 mm: CM-30, com temperatura
de aplicação 30ºC, na taxa de 1,0 a 1,4 1/m 2 (Ideal de 4 a 7
mm, na taxa de 1,2/m 2).
n Penetração média superior a 10 mm: CM-70, com viscosi-
dade Saybolt-Furol de 80 a 100 s, obtida a 40º C, na taxa de
0,8a 1,0 l/m 2 .
c] Recomendações sobre a Técnica Construtiva
As recomendações construtivas mais importantes ligadas à impri-
mação, resumidamente, são:
n Deverá ser efetuada, obrigatoriamente, com a utilização de
asfalto diluído do tipo CM-30 e CM-70 (asfalto diluído com
querosene), o qual, por apresentar baixa viscosidade, infiltra
na base e permite que a parte residual (betume) penetre conve-
nientemente na sua superfície. Com a evaporação do solven-
te, a superfície da base permanece impregnada de betume, o
que propicia a formação de uma mistura solo + betume (solo
betume) e fica, assim, impermeabilizada tanto quanto possí-
vel, além de proporcionar uma ligação adequada para com os
tratamentos superficiais que vier a receber.
n Para este fenômeno ocorrer é necessário que a imprimação
da base seja precedida de uma secagem prévia e, em seguida,
uma varredura enérgica (vassouras rotativas e/ou jatos de ar
comprimido), com o objetivo de eliminar toda a poeira e mate-
rial solto em sua superfície. Após esse procedimento, deve-se
realizar irrigação com taxa de água de 0,5 a 1,0 l/m2 . Somente

215
Pavimentos Econômicos

após este serviço é que se deve imprimar a base, com a taxa e o


tipo de imprimadura indicados em projeto. O umedecimento
causado pela infiltração da água facilita a conveniente pene-
tração da imprimadura e, consequentemente, a impermeabi-
lização da base.
n A imprimadura deve permitir a formação do solo betume pela
penetração do asfalto na camada superficial (±1 cm) da base,
para impermeabilizá-la; além disso, deve penetrar e preencher
as trincas, tanto quanto possível, permitindo a execução da
camada de rolamento de tratamento, sem danificar a super-
fície da base pela ruptura frágil de sua superfície, quando da
rolagem dos agregados do tratamento superficial. A figura 4.39
mostra esse processo e a figura A.10 ilustra uma imprimadura
executada mostrando a formação do solo betume na super-
fície da base.

Figura A.10 Aspecto de uma penetração adequada da imprimadura, com


formação do solo betume na superfície da base.

Cabe ressaltar, ainda, que devem ser seguidas as recomendações construtivas


adicionais, indicadas a seguir:
n Diante da possibilidade de grande perda de umidade (consta-
tada no campo), o início da compactação da base dar-se-á com
a umidade ótima e, seu final, abaixo da ótima.
n Evitar, a qualquer custo, a superposição de faixas de irriga-
ção.
n Acabamento da base sempre em corte, de modo a evitar a
formação de lamelas e impregnação com a imprimadura, o
que, fatalmente, provocaria escorregamento.
n A imprimadura nunca deverá ser executada com o solo satura-
do, seja por chuva ou eventual excesso de irrigação.

216
ANEXO 1

15ª Questão: Pode-se se Imprimar as Bases de SAFL, ALA e


SLAD com Emulsão Asfáltica?
A imprimação deverá ser efetuada, obrigatoriamente, com a utilização
de asfalto diluído tipo CM-30 e CM-70. Vide 14ª Questão.
Entre os insucessos resultantes do uso da imprimação com Emulsão
Asfáltica, ressalta-se o ocorrido, por exemplo, em uma cidade do
Estado de São Paulo onde, após a execução, bases de SAFL foram
imprimadas com aquele tipo de ligante. Na ocasião, substituiu-se
a imprimação com CM-30, recomendada em projeto, pela Emulsão
Asfáltica RR-1C.
Após a imprimação, foi executada a camada de revestimento com tratamento
superficial, antes do período das chuvas. Inicialmente observou-se
ocorrência de pequenos defeitos, como o descolamento do revesti-
mento. A seguir, entretanto, no primeiro período chuvoso de uso do
pavimento, toda a camada de rolamento se “desprendeu” da base.
Após o ocorrido, foi adotada a correção: retirar a camada de revestimento
existente, dar novo acabamento na base, imprimar com CM-30 e
executar, novamente, toda a camada de revestimento betuminoso.

16ª Questão: Quais as Normas para Execução das Camadas


de Revestimento sobre Bases de SAFL, ALA e SLAD e quando
se usa a Camada de Proteção?
Sugere-se que a execução seja como preconizado pelo DER-SP, em seu “Manual
de Normas de Pavimentação” (1991), ou seja:
t Tratamento superficial: Seção 3.12.
t Camada de CBUQ (atual CAUQ): Seção 3.13.
A camada de proteção consiste na aplicação, sobre a imprimadura de uma
base de SAFL ou ALA, de um tratamento superficial simples invertido
(Seção 3.12), antes da execução da camada final do revestimento do
pavimento.
Dois casos podem ser considerados, a saber:
1º Caso - Revestimento de Tratamento Superficial:
n Os solos dos tipos I e II, da Classificação Geotécnica MCT,
conduzem a bases coesivas; os dos tipos III e IV conduzem a
bases pouco coesivas, podendo resultar, mesmo após a impri-
madura, em uma superfície muito frágil. Quando isso acon-
tece, o agregado da primeira camada do revestimento rompe
a superfície da base, logo durante a sua rolagem; consequen-
temente, o revestimento se solta e o agregado penetra base
adentro, deixando livre o betume e provocando exsudação.
n Outra situação, em que a camada considerada é necessária,
ocorre quando o tráfego excede alguns limites. A experiên-
cia atual mostra que, para um tráfego com Nt > 5x10 6 solici-

217
Pavimentos Econômicos

tações do eixo padrão, ocorre a penetração do agregado na


base, quando não existe a camada de proteção, cuja execu-
ção, tem-se mostrado muito eficaz para evitar tal penetração.
2º Caso - Revestimento Usinado Tipo CAUQ ou PMQ:
n Neste tipo de revestimento pode ocorrer seu escorregamen-
to sobre a base, devido aos esforços horizontais do tráfego e
à fraca ligação entre ambos. Para os solos dos tipos III e IV
recomenda-se o uso da camada anticravamento, para prevenir
esse tipo de defeito.
n O sucesso dessa técnica está ilustrado nas figuras A.11 (rodo-
via), A.12 (via urbana) e A.13 (aeródromo), cujos pavimentos,
com mais de 20 anos de uso, foram construidos com bases
de SAFL, camada anticravamento de tratamento superficial
simples e posterior recobrimento de CAUQ. Em vários trechos
de rodovias, onde se previa Nt > 5x106 solicitações, em vias
urbanas e aeródromos, o uso desta técnica resultou em pavi-
mentos com comportamento excelente.

Figura A.11 Araraquara a G. Peixoto - SP. Figura A.12 Via urbana em Araraquara - SP.

17ª Questão: Como é o Controle Tecnológico


das Bases de SAFL e ALA?
O acompanhamento tecnológico da execução,
objetivando garantir a aplicação adequada de
materiais, bem como o uso de procedimentos
construtivos apropriados, é indispensável para o
sucesso do pavimento. Para tanto, é necessário
executar uma quantidade mínima de ensaios, por
Figura A.13 Aeródromo em São Carlos - SP. uma equipe treinada adequadamente. Recomenda-
se o seguinte programa:

218
ANEXO 1

t Determinação do teor de umidade, a cada 40 m, imediatamente


antes da compactação.
t Determinação da massa específica aparente úmida, in situ, e do
respectivo teor de umidade com espaçamento de, no máximo, 40
m de pista, em pontos obedecendo à ordem: borda direita, eixo,
borda esquerda.
t Ensaios da metodologia MCT, em amostras com espaçamento
máximo de 200 m, podendo ser utilizada, para solos com proprie-
dades conhecidas e/ou rodovias de trânsito relativamente leve, a
alternativa seguinte:
n Classificação MCT.
n Determinação, em corpos de prova compactados com a massa
específica aparente seca máxima e umidade ótima da energia
intermediária ( ou de outra energia fixada após trechos expe-
rimentais), das seguintes propriedades:
a] Mini-CBR sem imersão.
b] Mini-CBR com imersão e Expansão.
c] Contração axial.
Os valores máximos e mínimos de amostragem, a serem confrontados com
os valores especificados no projeto, devem ser calculados de acordo
com os critérios adotados no controle estatístico de materiais. Cabe
observar que resultados satisfatórios têm sido obtidos, por exemplo,
pelo uso das fórmulas adotadas pelo DER/SP (Manual de Normas de
Pavimentação, 1991) e pelo DNIT.

5 Comportamento Tecnológico
18ª Questão: O que explica o Bom Comportamento das
Bases de SAFL, ALA e SLAD?
Em meados de 1972, no início do uso das bases referidas, revestidas com
tratamentos asfálticos superficiais duplos ou triplos esbeltos (1 a 3
cm), a maior preocupação dos responsáveis pela sua construção era
a possibilidade de que, durante o período chuvoso, elas apresentas-
sem defeitos, em especial, a ocorrência do amolecimento de toda a
estrutura da base, o que causaria sua ruptura.
O tempo mostrou que tal preocupação era irreal, pois os defeitos esperados
não ocorreram. Os pavimentos tiveram um comportamento excep-
cional, além do esperado, tendo alguns ultrapassado 30 anos de
bom desempenho. Os principais fatores que contribuíram para isso
foram:
t Características Mecânicas e Hídricas das Bases de SAFL.
t Projeto e Técnica Construtiva Específicos de pavimentos com
bases de SAFL, que permitem aproveitar as Peculiaridades do
Ambiente Tropical Úmido.

219
Pavimentos Econômicos

a] Características Mecânicas e Hídricas das Bases em questão


Essas bases são constituídas por solos de comportamento laterí-
tico com granulometria descontínua e fina (predominantemente
sem, ou com pequena fração retida na peneira de 2,00 mm), não
atendendo às especificações tradicionais para bases estabilizadas
granulometricamente. Apesar disto apresentam, quando compac-
tadas na Massa Específica Aparente Seca Máxima (MEASmáx), da
energia intermediária:
n Elevada capacidade de suporte quando de sua execução, CBR
(ou Mini-CBR) às vezes ultrapassando 80 %, e manutenção
(ou mesmo aumento) desse suporte em serviço, ao longo do
tempo.
n Baixa expansibilidade pelo contacto com a água livre sendo,
predominantemente, da ordem de 0,1 %.
n Elevado Módulo de Resiliência (MR); frequentemente apre-
sentando valores superiores a 200 MPa, tanto em amostras
compactadas em laboratório, como
Tabela A.5 VALORES OBTIDOS EM PAVI- no campo. Para bases de rodovias
MENTOS COM BASE DE SAFL.
típicas do Estado de São Paulo, Alva-
rez Neto (1998) apresenta, na tabela
A.5, resultados obtidos a partir de
retroanálises de superfícies defor-
madas, com emprego de FWD. Essas
características das bases compacta-
das são resultantes das peculiarida-
des mineralógicas e microfábricas
inerentes ao solos lateríticos, confor-
me apresentado na 3ª Questão.

b] Projeto e Técnica Construtiva


Específicos e Peculiaridades do
Ambiente Tropical Úmido
Os pavimentos com bases de Solo
Fino Laterítico, revestidas com trata-
mentos superficiais e/ou pré misturados esbeltos, fazem com que
a estrututura do pavimento trabalhe com uma umidade de equilí-
brio baixa (70 a 80 % da ótima), em relação à umidade do Proctor
Intermediário. Este fato, ao longo do tempo, leva a base a aumen-
tar seu suporte inicial e a resistir adequadamente ao tráfego, sem
apresentar problemas, comparativamente às bases tradicionais. A
figura A.14 ilustra a movimentação d’água no pavimento e vizi-
nhança, tanto sob a forma de vapor como líquida, o que leva a
uma umidade de equilíbrio baixa, como acima referido.

220
ANEXO 1

Figura A.14 Fatores que alteram a umidade de equilíbrio em bases com predominância de
Solo Fino Laterítico.

Observe-se que contribuem para essa umidade de equilíbrio:


t Fatores Naturais da região tropical úmida.
t Projeto e Técnicas Construtivas apropriadas.
Quanto aos Fatores Naturais, ressalta-se as condições climáticas das
regiões tropicais úmidas e a posição do lençol freático:
As condições climáticas predominantes na maior parte do Brasil aquecem,
intensamente, o pavimento durante o dia. Isto provoca o estabele-
cimento de um gradiente térmico entre a superfície da base, onde a
temperatura do revestimento betuminoso chega aos 60ºC (sobretudo
quando o revestimento é delgado) e o subleito, onde ela se mantém
proxima dos 25ºC, dia e noite.
Tal gradiente térmico, por si só, ocasiona o movimento descendente da água,
tanto sob a forma líquida, como sob a forma de vapor. Ao anoitecer e
durante a noite, geralmente, ocorre inversão do gradiente, o que favo-
rece a subida do vapor d’água; porém esse gradiente é muito menor,
comparado com aquele que aparece durante um dia ensolarado.
Observa-se que, em climas frios e temperados frios onde ocorre a precipitação da
água sob forma de neve, a movimentação da água sob forma líquida
é inversa, podendo a água subir para a base e provocar a formação de
gelo. Esse gelo derrete durante a primavera, ocasionando a embebição
da base; isto explica a necessidade de se considerar, naqueles climas,
a capacidade de suporte e o módulo de resiliência, nas condições
saturadas ou muito próximas a elas.
A posição do lençol freático e das camadas aquíferas, também, se constitui
em um fator favorável por ser raro estarem a menos de 5 m de profun-
didade; frequentemente, estão a mais de 10 m.
Evidentemente, para que o gradiente térmico seja efetivo na redução do teor
de umidade da base de pavimentos com revestimento betuminoso
delgado, é indispensável que sejam satisfeitas algumas condições,
referentes ao Projeto e Técnicas Construtivas dos pavimentos,

221
Pavimentos Econômicos

dentre as quais destacam-se:


t Escolha apropriada do solo, conforme as especificações próprias
para este tipo de base, que exigem o uso de solos com baixos
coeficientes de sorção e de permeabilidade.
t Compactação apropriada da base, não só em termos de massa
específica aparente seca máxima e teor de umidade de compac-
tação e, quanto à sua estrutura, havendo necessidade de utilizar,
em seguida, uma série de compactadores apropriados para evitar a
formação de lamelas que são estruturas anisotrópicas plano para-
lelas. Para uma compactação adequada, o conjunto de compacta-
dores, geralmente, é diferente em função do tipo de SAFL.
t Secagem ou cura da base, o que provoca o trincamento e um
aumento irreversível da capacidade de suporte da mesma. Este
fato indica uma coesão adequada do solo e garante um compor-
tamento satisfatório da base em serviço. Esta secagem também
permite uma movimentação descendente da água, tanto sob a
forma líquida como de vapor, e um aumento benéfico da pene-
tração na superfície da base.
t Imprimadura betuminosa apropriada das faces superior e laterais
da base, mas nunca na camada subjacente de reforço do subleito
ou do subleito compactado; ela deve ser distribuída, com taxa
apropriada, e ter viscosidade que permita uma penetração entre
os intervalos de 4 a 7 mm de espessura. Vide 14ª Questão.
t Acostamento sempre presente, com largura mínima de 1,20 m,
devidamente compactado, imprimado e revestido, constituído de
solo de baixos coeficientes de sorção e de permeabilidade.
t Revestimento flexível e o mais impermeável possível, a fim de
evitar, ao máximo, a penetração da água pela superfície superior
do pavimento. É recomendável que a primeira etapa comece por
um tratamento superficial; para recapeamento em etapas poste-
riores podem-se usar, além do tratamento, concretos asfálticos
esbeltos e flexíveis.
t Drenos apropriados para evitar a presença do lençol freático
deixando-o, no mínimo, 1,50 m abaixo do nível do subleito e
para eliminar o efeito da migração d’água pelo gradiente térmico.
Conforme o caso, há necessidade da construção de drenos inter-
ceptantes para aquíferos, tanto permanentes, como periódicos
(aparecem somente na estação chuvosa), e drenos para rebaixa-
mento do lençol freático. Geralmente as condições ambientais,
existentes nas regiões em que ocorrem os “solos arenosos finos
lateríticos”, são muito favoráveis quanto à posição do lençol freá-
tico: prevalecem lençol freático e camadas aquíferas, a profundi-
dades superiores a 5 m (frequentemente estão a mais de 10 m).

222
ANEXO 1

19ª Questão: Quais as Experiências que mostram a Ação


do Gradiente Térmico e da Cura por Secagem da Base no
Comportamento do Pavimento?

1ª Parte - Ação do gradiente térmico no comportamento do pavimento


t Introdução
A experiência para a constatação do efeito do gradiente térmico no movimen-
to descendente da água (líquida ou vapor), foi a execução de um
segmento experimental de 1 km, num trecho de 10 km de pavimen-
to, com uma única diferença: a superfície das suas camadas inferio-
res (sub-base e base) foi impermeabilizada, conforme figura A.15. A
finalidade foi evitar o movimento da água, da base para as camadas
inferiores, devido ao gradiente térmico que é criado pelas condições
ambientais.

Figura A.15 Pavimento projetado por Villibor, 1982: segmento experimental no trecho
Santa Lúcia - Rincão - SP, estruturas com e sem impermeabilização da sub-base e reforço.

t Diagnóstico do comportamento
Após um ano de tráfego, incluindo um período chuvoso, quase todo o segmento
experimental apresentou uma série de defeitos: deformações excessi-
vas (afundamentos), trincamentos nas rodeiras e rupturas em diver-
sas áreas.
Isto ocorre, pois, com as chuvas, a água infiltra e permanece na base, pela falta
de ação do gradiente térmico. Essa água livre penetra na interface das
“placas” (plano horizontais e inclinadas) da estrutura da base, gera-
das pela compactação durante a execução. Seu efeito é a diminuição
drástica do atrito entre as placas, o que possibilita uma movimenta-

223
Pavimentos Econômicos

ção delas, pela ação cisalhante das cargas, resultando na ruptura (da
base), caracterizada pelo afundamento das rodeiras e soerguimento
da parte central da pista. Este fenônemo é ilustrado pelas figuras A.16
e A.17, obtidas em uma vala de inspeção aberta em área com ruptura,
que mostram as camadas inferiores impermeabilizadas nesse expe-
rimento e, também, a sub-base e o reforço nivelados e em perfeitas
condições.

Figura A.16 Detalhe da inclinação do plano de Figura A.17 Aspecto da vala com base
ruptura da base. rompida e sub-base perfeita.

A contraprova desse efeito foi demonstrada no restante do trecho, executado


conforme o indicado na figura A.15. Sua estrutura permitiu a ação do
gradiente térmico que provocou a movimentação da água nas cama-
das do pavimento e no solo da sua fundação. Isto causou uma dimi-
nuição na umidade dessas camadas, em especial da base, em relação
à sua umidade de compactação (Hc), conferindo-lhe uma estrutura
estável e de suporte elevado, com reflexo na excelente performance
do pavimento, até hoje (mais de 25 anos), apesar do tráfego pesado
de caminhões com areia, pedregulho e tijolos, na rodovia.

2ª Parte - Efeito da cura por secagem da base no comportamento do pavi-


mento
t Introdução
Uma experiência, que mostra a importância da cura por secagem de uma base de
solo laterítico argiloso, foi implementada com a execução de um
segmento experimental de 1 km no trecho Sertãozinho - Dumont
(SP). Vide Barquete (1986).
Após a compactação na Ho do Proctor Intermediário, a superfície da base, sem
a cura por secagem, foi impermeabilizada com CM-30, com taxa de 1,0 l/
m 2 . Sobre ela foi aplicada uma manta geotêxtil não tecida,
que recebeu uma nova imprimação com CM-30 à taxa de
1,0 l/m2 . A seguir foi aplicada areia, feita a rolagem e, após, executa-
do um revestimento triplo. Este “pacote impermeabilizante” tinha a
finalidade de minimizar (ou evitar) a saída da água por evaporação.

224
ANEXO 1

A figura A.18 ilustra a fase da impermeabilização com uso do geotêxtil e a figura


A.19, o inicio do efeito da contração da base, no revestimento.

Figura A.18 Fase da imprimação com geotêxtil. Figura A.19 Inicio do reflexo das trincas da base
(6 meses).
t Diagnóstico do comportamento
Passados seis meses, teve início o aparecimento de reflexos de placas no revestimento;
após 1 ano, todo o segmento mostrava “blocos” delineados pela
penetração do “geotêxtil” e do tratamento, nas trincas de contração
da base geradas pela sua secagem devido ao fenônemo do gradiente
térmico. Este experimento mostra a importância de deixar trincar a
base, antes de executar seu revestimento, ou seja, a importância da
sua “cura por secagem”. As figuras A.20 e A.21 ilustram o padrão de
contração da base, refletido na camada de rolamento.

Figura A.20 Evolução do trincamento da Figura A.21 Aspecto da placa com as bordas
base, refletida no revestimento, após um ano afundadas e não trincadas pela presença do
de tráfego. geotêxtil.
t Conclusão
Pelo exposto, podem-se resumir os benefícios, a saber:
n Nunca se deve executar imprimadura impermeabilizante sobre
sub-bases e/ ou reforço do subleito, pois o pavimento, muito
provavelmente, apresentará problemas estruturais. Ainda, esse
procedimento errôneo, não permitirá usufruir os benefícios do
gradiente térmico no comportamento dos pavimentos.
n É obrigatório efetuar a cura da base, por secagem ao ar (aumen-

225
Pavimentos Econômicos

to dos vazios com ar). Esse procedimento evita trincamentos


futuros e propicia uma melhor ação do gradiente térmico no
processo de manutenção permanente de uma baixa umidade
de equilíbrio (He) na base, em relação à umidade de compacta-
ção (Hc), garantindo pavimentos com alta performance estru-
tural (He < 0,8 Hc).
n A ação conjunta do gradiente térmico e da cura por secagem
ao ar, grande responsável pelo comportamento peculiar desses
pavimentos nos trópicos, tem comprovação prática na figura
4.29. Ela mostra valores do teor de umidade, obtidos para três
trechos, durante periodos que variaram de 06 a 13 anos. Essa
ação conjunta, não ocorre em climas temperados e frios; daí a
necessidade de se modificar a tecnologia importada, quando
se pretende utilizar pavimentos com bases que tenham finos
lateríticos.

20ª Questão: Por que não se recomenda o uso de Critérios


Tradicionais para o Estudo das Bases com Predominância
de Solo Fino Laterítico?
Os critérios tradicionais para o estudo de bases estabilizadas granulometricamente
(também designadas de Solo-Agregado, pelas ASTM e AASHTO),
geralmente adotados nos organismos rodoviários brasileiros, foram
fundamentados em solos e condições ambientais de climas tempe-
rados e frios.
Dois aspectos principais devem ser considerados no projeto de bases de
pavimentos nas regiões tropicais:
t Natureza peculiar dos materiais, sobretudo solos, disponíveis para
a sua construção.
t Natureza peculiar do ambiente em que as bases e sub-bases de
pavimentos ficam sujeitas ao clima tropical úmido.
Quando a escolha dos solos, ou das misturas de solos-agregados, para uso nas
regiões tropicais é elaborada com base em critérios desenvolvidos
para regiões de climas temperados e frios, várias dificuldades ocor-
rem, destacando-se:
t Relativa pobreza de materiais granulares naturais que satisfaçam
integralmente as especificações tradicionais.
t Necessidade de onerosas correções na granulometria e nos índices
plásticos dos solos que, mesmo após essas correções, muitas vezes
não apresentavam bom desempenho como base de pavimentos.
Fracassos frequentes ligados a esse mau desempenho aconte-
ciam, sobretudo, quando o solo continha elevada porcentagem
de macrocristais de caulinita e micas, de várias granulometrias.
Esses minerais têm sido encontrados, frequentemente, nos solos

226
ANEXO 1

tropicais típicos designados de saprolíticos. Verificou-se que esses


fracassos estavam ligados a baixos valores de suporte e do módulo
de resiliência.
Por outro lado, muitos solos lateríticos, que não atendem aos critérios tradicio-
nais de granulometria e de propriedades índices, podem ser apropria-
dos para bases por possuírem: elevado CBR, baixa expansão e elevado
módulo de resiliência, entre outras propriedades.
Foram essas dificuldades que levaram os autores deste livro, após um período
de mais de 30 anos de exaustivos estudos de laboratório e de campo
com solos lateríticos e saprolíticos, a propor a Sistemática MCT, que
abandona os critérios tradicionais, para o estudo das bases descon-
tínuas (constituídas por misturas de agregados e finos lateríticos) e
de SAFL.

21ª Questão: Podem ser usados Solos Argilosos Finos Late-


ríticos (LG’) em Bases de Pavimento Econômico?
Sim, mesmo que não satisfaçam as condições exigidas para as bases de Solo
Fino Laterítico. Porém devem ser obedecidas as restrições: somente
para tráfego muito leve, com predominância de veículos de passeio
e com, no máximo, 5 veículos comerciais por dia. Normalmente,
estas bases são executadas com solos mais coesivos e designadas de
“bases de argila laterítica”. Um exemplo marcante do uso de bases de
argila laterítica compactada é encontrado nos pavimentos urbanos
executados nas regiões de Jaú e Ribeirão Preto/SP, com mais de 3
milhões de m2 implantados. Este tipo de base foi utilizado em alguns
subtrechos rodoviários no Estado de São Paulo, como no acesso à
Usina Zanin (Araraquara), na cidade de Viradouro e, também, no
Estado do Paraná, no trecho entre 1º de Maio e Sertanópolis, em uma
extensão de 20 km.
Esses pavimentos são altamente econômicos, estão em uso desde a década de
oitenta e têm apresentado comportamento satisfatório. No entanto,
foi necessária uma técnica construtiva peculiar para execução de suas
bases, conforme referido nos trabalhos indicados abaixo.
A tecnologia de escolha desse tipo de solo ainda não está normalizada, os procedimentos
de execução são extremamente particularizados e não serão discuti-
dos neste livro; ressalta-se, entretanto, que os critérios são bastante
diferenciados dos utilizados para a escolha dos SAFL. Recomenda-
se, para maiores esclarecimentos, a leitura dos trabalhos: Villibor e
Nogami (1990); “Pavimentação Urbana de Baixo Custo com Base de
Argila Laterítica” (Villibor, Nogami, Fortes, Tonato, 1995) e Nogami
e Villibor (1995). No estágio tecnlógico atual, seu uso é restrito
a tráfego leve e onde essa tecnologia já tenha sido utilizada com
sucesso.

227
Pavimentos Econômicos

22ª Questão: Solos Arenosos pouco Coesivos, com elevados


valores de CBR, podem ser usados para Bases?
Os pavimentos com base de SAFL são revestidos por camada de rolamento
esbelta com espessura na faixa de 1,5 a 3,0 cm, geralmente de trata-
mento superficial invertido. É necessário que exista uma ligação
perfeita entre a base e sua camada de rolamento, para que esta não
venha a se soltar pelos esforços horizontais impostos pela ação do
tráfego. Para que isto não ocorra é necessário que o SAFL tenha
coesão caracterizada, por exemplo, através do ensaio de contração
da MCT. Além dessa coesão, sua superfície também deverá receber
uma imprimadura responsável pela ligação da interface base-reves-
timento.
Em laboratório, essa coesão é correlacionada com o ensaio de contração
da metodologia MCT e o solo compactado deverá apresentar valor
de contração entre 0,1 e 0,5 %. Nesse caso, o solo terá uma coesão
satisfatória, gerará uma interface base-revestimento resistente, e seu
revestimento não se soltará com os esforços tangenciais provocados
pelo tráfego.
Na prática, a constatação da coesão do material pode ser inferida através do
padrão de trincamento, visível na superfície da base, o qual acon-
tece, geralmente, após 3 dias da conclusão de sua execução, desde
que não ocorram chuvas durante este período. Esse trincamento é
caracterizado pela largura das trincas e pelas dimensões das placas
que definem o padrão de trincamento. Por exemplo, padrão de 2 a 3
mm de largura e placas na superfície, com dimensões da ordem de
20 x 30 cm, indicam bases coesivas; padrão de 1 a 2 mm e placas de
40 x 40 cm indicam coesão média da base, porém ainda aceitável; no
entanto, bases cuja largura da trinca é inferior a 1,0 mm e padrão de
trincamento de metro em metro possuem coesão baixa e não propi-
ciam uma aderência adequada da camada de rolamento.
Outro diagnóstico de solos extremamente arenosos, e com baixa ou nenhuma
coesão, é obtido após a base ser imprimada e com a ocorrência de
uma penetração da imprimadura, na superfície da base, da ordem de
1,0 a 2,0 cm. Neste caso, quando da execução do seu revestimento,
ou quando o mesmo estiver submetido ao tráfego, a superfície da
base poderá “estilhaçar”, formando um pó escuro (solo betume),
abaixo do revestimento. A explicação para esse fato, é que ocorre
o cravamento do agregado do revestimento na superfície da base,
provocando sua ruptura e dando origem ao pó escuro.
Já nos solos que apresentam coesão, esse fenômeno não ocorre e a penetração da
imprimadura é de 0,2 a 0,8 cm. Nesse caso, há aderência perfeita
entre a camada de rolamento e a base, mesmo em rampas fortes com
inclinações da ordem de 8 %. Não há escorregamento da camada de

228
ANEXO 1

rolamento quando o solo apresenta coesão adequada, segundo os


critérios de escolha de solos para bases de SAFL.
No início do uso das bases de SAFL, alguns projetistas julgavam que o
importante era o solo apresentar um elevado valor de CBR e usavam,
para a base, os solos extremamente arenosos e pouco argilosos, esco-
lhidos pelo seu alto índice de suporte. Isto levou a muitos insucessos,
devido aos escorregamentos do revestimento sobre a base.
Atualmente, o critério de escolha de solos para bases não “privilegia”
somente o valor de suporte; devem ser analisadas, também, todas as
características mecânicas e hídricas do solo, conforme o exposto.
As figuras A.22 e A.23 ilustram, respectivamente, o desprendimento e o escorrega-
mento do tratamento superficial, sobre bases de SAFL pouco coesivas,
do tipo LA.

Figura A.22 Desprendimento. Figura A.23 Escorregamento.

23ª Questão: O Acostamento é essencial nos Pavimentos


com Base de Baixo Custo?
Sim, é necessário ter acostamentos pavimentados ou, no mínimo, uma faixa de
proteção de 1,20 m de cada lado da pista, também pavimentada. As
bases de SAFL podem ser muito erodíveis em sua borda e, além disso,
no período chuvoso, pode haver um aumento excessivo no teor de
umidade da borda da pista do pavimento. Este aumento é explicado
pelo fenômeno da infiltrabilidade, que trata da movimentação da
água em meios não saturados, cujas propriedades mais importantes
são dadas pelo coeficiente de sorção e pela velocidade da frente de
umidade que conduz a água para as rodeiras do pavimento.
A observação de vários trechos já executados, mostrou ser imprescindível a existência
do acostamento, ou faixa de proteção mínima de 1,20 m de cada
lado, para evitar deformações indesejáveis nas rodeiras da rodovia
e conduzir, assim, a um comportamento adequado durante a vida
de projeto. Quando, por motivos econômicos, forem executadas em

229
Pavimentos Econômicos

ambos os lados da borda da pista as faixas de proteção, elas deverão


ser estabilizadas com cimento (ou outro aditivo adequado) para: dar
maior resistência à erosão por água livre, aumentar o confinamento
das bordas da base e diminuir a sorção pelas bordas do pavimento.
As figuras A.24 e A.25 ilustram dois segmentos de trechos com base SAFL: um
sem acostamento, com drenagem deficiente, apresentando deforma-
ção na rodeira externa e, outro, com acostamento e boa drenagem.

Figura A.24 Segmento sem acostamento e com drenagem Figura A.25 Segmento com acostamento e boa
deficiente. drenagem.

24ª Questão: O que explica o Bom Comportamento dos


Pavimentos com Bases de SAFL e ALA revestidas com Trata-
mentos Superficiais?
O bom comportamento desses pavimentos é consequência da interação das
contribuições das bases e dos tratamentos superficiais a saber:
a] Contribuição das bases: As bases, incluindo a sua imprimadura,
que forem executadas de acordo com as recomendações prescritas
neste livro apresentarão um comportamento altamente satisfató-
rio na estrutura do pavimento; os motivos acham-se expostos na
18ª Questão.
b] Contribuição do Tratamento Superficial: Esse tipo de revesti-
mento tem apresentado um comportamento altamente satisfató-
rio, pois:
n Não ocorre o fenômeno do escorregamento entre o revesti-
mento e a base, pelo fato de a ligação entre essas duas camadas
ser feita por meio da imprimadura impermeabilizante e de
um pequeno cravamento do agregado da primeira camada do
revestimento no solo betume formado pela imprimadura, o
que cria condições para uma aderência perfeita entre aquelas
camadas.

230
ANEXO 1

n Não há o fenômeno da fadiga, que é provocado pelas tensões


de tração geradas pelas cargas repetitivas de tráfego pois,
neste tipo de revestimento esbelto (1,5 a 2,8 cm), somente são
geradas tensões de compressão. A tabela A.6 ilustra ese fato,
apresentando os valores obtidos através do programa compu-
tacional Elsym5. Os módulos de resiliência empregados na
análise foram obtidos a partir de retroanálise em pavimentos
com estruturas similares, submetidos ao tráfego.

Tabela A.6 TENSÕES NA FACE INFERIOR DO REVESTIMENTO DO TRATAMENTO.

25ª Questão: Qual o Período de Vida da Base e o do seu


Revestimento de Tratamento Superficial, em Pavimentos
Econômicos?
Até o presente pode-se afirmar, com segurança, que este tipo de base tem um período
de vida superior a 30 anos e que a durabilidade da camada de reves-
timento betuminoso, constituído de tratamento superficial, pode
ser estimada em 8 anos para os tratamentos duplos e em 10 para os
triplos, quando bem executados.

26ª Questão: Como ocorre a Deterioração Estrutural da


Base de SAFL?
A deterioração estrutural desse tipo de base é distinta da deterioração
das bases granular e de solo cimento e pouco difundido no meio
técnico. Três aspectos merecem ser enfocados:
t Considerações sobre a Estrutura e Funcionamento da Base.
t Fatores Determinantes da Deterioração.
t Processo Final de Deterioração.

a] Considerações sobre a Estrutura e Funcionamento da Base


Numa base de SAFL a ser utilizada em pavimentos, sua imprimadura imper-
meabilizante não pode ser dissociada da sua estrutura pois, pelas

231
Pavimentos Econômicos

peculiaridades deste tipo de base, a imprimadura é fundamental para


sua obtenção.
A base é coesiva. Isso é conseguido exigindo que o solo a ser usado na execução
da base apresente, no ensaio de Contração da Sistemática MCT,
0,1%≤ Ct ≤0,5 % , para garantir a coesão do solo compactado e evitar
trincamento excessivo. Além disso, o solo deverá, quando compac-
tado, satisfazer às exigências de qualificação do solo para base de
SAFL e às recomendações construtivas e de controle preconizadas
nos capítulos 5 e 6.
Após a execução da base, ocorre o trincamento que pode ser explicado, em parte,
pela “cimentação” dos grãos de quartzo da areia (inerte) pelo ligante
de argila laterítica (coesivo), que são frações constituintes do solo.
A compactação força o contato dos grãos de quartzo com a argila
laterítica, a qual está umedecida pela água que é necessária para se
obter o teor de umidade de compactação. O processo de secagem
da base gera esforços de tração (criados pelas tensões capilares) que
protendem a camada, produzindo trincas verticais e horizontais e
criando uma base com estrutura em blocos, que lembra um arenito
natural cimentado por argila. Essa cimentação é resultante de uma
coesão diferente da química (não há reações) e ocorre pelo binômio
compactação-capilaridade, aliado a outros fatores ainda não clara-
mente definidos. Esses blocos apresentam dimensões irreversíveis,
mesmo quando há aumento eventual no teor de umidade da base
em relação ao teor após secagem. O processo de cura por secagem da
base, exigido pelas normas, define todo o sistema inicial de trinca-
mento da mesma. As figuras A.26 e A.27 ilustram, uma base de SAFL
em processo de trincamento e outra trincada, de um pátio de esta-
cionamento plano, estável, mesmo sem o tratamento superficial.





Figura A.26 Base de SAFL em processo de Figura A.27 Trincamento de uma base curada de
trincamento por “cura ao ar”. SAFL sem revestimento, em um pátio.

232
ANEXO 1

A estrutura da base é complementada pela imprimadura impermeabilizante,


executada através da aplicação de ligante tipo CM-30 ou CM-70 (vide
14ª Questão).
Pode-se concluir que, estruturalmente, uma base de SAFL apresenta as seguintes
características:
t É formada em blocos.
t A parte superficial é constituída de um solo betume (0,5 a
1,0 cm).
t As trincas que chegam à superfície são preenchidas, tanto quanto
possível, com betume.
Os esforços das cargas do tráfego, que chegam à base, são parcialmente absorvidos
pelos seus blocos coesivos; o restante é transmitido à camada inferior:
pela estrutura da base, que é constituída por aqueles blocos, e pelo
atrito existente entre eles.

b] Fatores Determinantes da Deterioração


Uma das grandes surpresas constatadas na avaliação do comportamento
dos pavimentos com bases de SAFL foi o fato de que, apesar de serem
coesivas, elas não trincaram por fadiga, mesmo em trechos com mais
de 30 anos de uso e submetidos ao tráfego de Nt > 5 x 106 solicita-
ções do eixo padrão. Por outro lado, conforme será explanado, tem-se
verificado a ocorrência de fadiga no revestimento, após 10 anos de
uso, quando oxidado.
Nas bases de SAFL, em função do tipo de trincamento e das características do
solo constituinte, não ocorre o fenômeno de “bombeamento”, nem
fadiga do tipo que aparece nas bases de solo-cimento. Além disso,
também se verificou que o comportamento das bases de SAFL é bem
diferente do comportamento das bases granulares, as quais se insta-
bilizam pelo desgaste e/ou quebra dos grãos maiores, que são seus
principais constituintes.
Isto posto, pode-se afirmar que uma base de SAFL não é tão resistente à tração como
uma base de solo-cimento; porém é mais coesiva do que muitas bases
granulares.
Os principais fatores, cuja interação leva à deterioração das bases de SAFL, são:
t Ocorrência de panelas.
t Retrincamento da base e do revestimento, por deformação perma-
nente.

b.1) Ocorrência de Panelas


O primeiro revestimento das bases de SAFL sempre é de tratamentos superficiais
duplos ou triplos, nos quais, por ocorrer somente compressão, não vai
aparecer trincamento por fadiga enquanto o revestimento mantiver
características adequadas de deformabilidade.

233
Pavimentos Econômicos

A oxidação do ligante do revestimento resulta de um efeito combinado do oxigê-


nio do ar e da luz solar, além de outros fatores. Para tratamento
com Cimento Asfáltico de Petróleo, o processo tem início durante a
execução, devido ao aquecimento do ligante; nessa fase ocorre um
grande percentual da oxidação, que continua aumentando durante
toda vida útil do revestimento. Devido a isto, o ligante vai perdendo
sua ductilidade e seu poder de aglutinar os agregados; após 10 ou 12
anos de uso, o revestimento torna-se tão rígido que tem início um
processo de trincamento por fadiga e de desprendimento dos agre-
gados constituintes, pela ação das cargas do tráfego e, mais inten-
samente nos períodos chuvosos, pelo binômio carga-água. A figura
A.28 mostra detalhes de um revestimento de penetração invertida
dupla, e a figura A.29, de uma tripla, ambas com despreendimento
de agregados.

Figura A.28 Revestimento com ligante oxidado e Figura A.29 Revestimento com ligante oxidado, trincado
desprendimento de agregados da penetração dupla. e desprendimento de agregados da tripla penetração, após
15 anos de uso.

Com utilização de emulsão, devido à baixa temperatura atingida, não há


oxidação do ligante durante a execução do revestimento; entretanto
ela ocorre durante toda a vida útil da camada de rolamento. Ressalta-
se que, com a evolução da tecnologia para emulsões modificadas
com polímeros, atualmente dispõe-se de uma ótima solução para
aumentar a vida útil desse tipo de revestimento: pode-se retardar
a oxidação do ligante e o consequente aparecimento das primeiras
panelas no mesmo.
Quando a camada de rolamento for constituída de revestimento inicial
de tratamento, complementado com uma camada de CAUQ, a tempe-
ratura durante o processo de usinagem é muito elevada, acelerando
a oxidação do ligante que pode chegar, nessa fase, a 70% do total
que será atingido no final da vida útil do revestimento. Isso aumenta

234
ANEXO 1

a sensibilidade do revestimento ao trincamento por fadiga e causa


uma incidência crescente de áreas trincadas, em pequenos blocos.
Para minimizar o problema, deve ser exigido um controle rigoroso de
temperaturas durante a execução da mistura pois, caso a temperatura
de usinagem ultrapasse o valor recomendado em normas, ocorrerá
uma oxidação severa do ligante; como consequência, será iniciado
um processo de fadiga prematura que provocará trincamento intenso
no revestimento e desprendimento de agregados, após 4 a 5 anos de
uso.
Em revestimentos nas condições acima, a água que infiltra pelas trincas vai
amolecer o material da interface revestimento-base, propiciando que
as rodas dos veículos arranquem agregados e/ou pedaços do revesti-
mento, nas regiões das rodeiras e nos locais onde o teor de asfalto foi
menor durante a execução, resultando na formação de panelas. Isto
acontece mesmo que o revestimento tenha sido executado satisfazen-
do as tolerâncias exigidas pelas normas. A existência de panelas no
revestimento expõe a base à ação das rodas dos veículos e propicia,
após o desgaste da camada superficial de solo betume formada pela
imprimadura, o início da formação de panelas na base. O crescimen-
to dessas panelas depende da sensibilidade do solo da base quanto
à erodibilidade e ao amolecimento, na presença de água. As panelas
devem ser tapadas, pela conservação de rotina do trecho, reconsti-
tuindo o revestimento pois, caso não haja atuação adequada, a inten-
sidade e o crescimento das panelas, tanto no revestimento como na
base, aumentam exponencialmente.
A figura A.30 mostra um trecho de rodovia vicinal do acesso a Viradouro - SP
com pavimento de base de SAFL e revestimento de penetração inver-
tida tripla, com seu ligante oxidado e início do fenômeno da forma-
ção de panelas.

b.2) Retrincamento da Base e


do Revestimento, por Defor-
mação Permanente
A ocorrência de deformações, nas camadas
inferiores da base, é responsável
pelo aparecimento de deforma-
ções permanentes na superfície
do pavimento, em especial nas
rodeiras. Quando tais deforma-
ções são de nível muito eleva-
do (flechas superiores a 2,5 cm),
podem causar um retrincamen-
Figura A.30 Revestimento de penetração invertida tripla
to, tanto da base como do reves- oxidado, com desgaste e ínicio de formação de panelas.

235
Pavimentos Econômicos

timento, apesar da grande acomodabilidade de ambos. Como


o tratamento superficial é extremamente flexível e possui uma
elevada acomodabilidade, a deformação permanente das cama-
das inferiores da base, em níveis baixos (< 1 cm), é acompanha-
da por ela e, também, pelo revestimento, sem maiores problemas.

c] Processo Final de Deterioração


A possível ocorrência do “Retrincamento da Base e do Revestimento por
Deformação Permanente”, ela não é representativa; portanto, pode-se
afirmar que a deterioração de uma base de SAFL, com revestimento
inicial de tratamento superficial, é, quase que exclusivamente, devida
à ocorrência de panelas e à sua elevada velocidade de crescimento
que, “caminhando” de cima para baixo, vai destruindo a base. A
formação de panelas é intensa em locais que apresentam desgaste
e/ou desprendimento (devido à oxidação do betume) de porções do
revestimento; isto expõe a base à ação das intempéries e do tráfego.
A figura A.31 ilustra, esquematicamente, o fenômeno da deterioração
de uma base de SAFL.

Figura A.31 Fenômeno da Deterioração de uma Base de SAFL.

O fenômeno da evolução das panelas pode ser descrito como:


t No início, após a exposição da base, a evolução é lenta pois o solo
betume, proveniente da imprimadura, tem resistência à abrasão
causada pelas rodas dos veículos.
t Após o desgaste do solo betume, a evolução é acelerada, prin-
cipalmente no período chuvoso, pois as rodas dos veículos vão
retirando o solo das partes saturadas e amolecidas da superfície
exposta da base, no interior das panelas.

236
ANEXO 1

A figura A.32 ilustra local com ocorrência de desgaste, no revestimento


e no solo betume, com início de formação de panelas na base, mas
ainda, sem problemas na sua estru-
tura.
O crescimento das panelas é muito variável, de
trecho para trecho, pois depende dire-
tamente do tipo de solo da base (os
mais erodíveis e arenosos são mais
sensíveis ao fenômeno) e é acelera-
do em função do tempo de uso do
pavimento, em especial quando se
aproxima o fim da vida útil do revesti-
mento. Essa afirmativa é confirmada,
na prática, pelo fato de o pavimento
não apresentar ruptura na sua base,
Figura A.32 Desgaste no revestimento e no solo betume;
em locais onde aparecem panelas em início da formação de panelas na base de SAFL,
grande número. A explicação de tal (12 anos de uso).
comportamento é simples: a baixíssi-
ma permeabilidade da base impede a entrada de água, pelas pane-
las, em volume que comprometeria seu suporte. Medidas realizadas
mostraram que, em áreas circunjacentes às panelas, o teor de umida-
de da base ainda é inferior ao teor de umidade de compactação,
mesmo em períodos chuvosos; este fato é que mantém sempre alta a
capacidade de suporte de uma base de SAFL.
A figura A.33 mostra subtrecho com altíssima ocorrência de tapa-buracos,
provenientes de panelas alcançando a base de SAFL, e o revestimento
já no fim da sua vida útil, por ter seu ligante intensamente oxidado.
Nesta situação é aconselhável a reconstrução da base e do revesti-
mento.
A figura A.34 mostra um subtrecho com grande
ocorrência de panelas na base,
formadas a partir do desgaste do
revestimento. Como o pavimento
está completamente destruido (está-
gio falimentar), deverá ser reconstí-
tuido.

Figura A.33 Elevada incidência de panelas preenchidas


com mistura asfáltica (> 20% da área), com o pavimento no
estágio final da sua vida útil.

237
Pavimentos Econômicos

Figura A.34 Subtrecho em estágio falimentar, após 15 anos de uso.

27ª Questão: Qual o Conceito, a Especificação e a Técnica


construtiva das Bases de SLAD?
a] Conceito
As misturas de solo laterítico - agregado, material para as bases de SLAD, são
de granulometria grossa, ou seja, apresentam elevada porcentagem
de grãos retidos na peneira de abertura de 2,00 mm. Seus finos,
fração que passa na peneira de 2,00 mm, devem apresentar compor-
tamento laterítico segundo a classificação MCT. Os agregados podem
ser artificiais (pedra britada ou escória de alto forno) ou naturais
(pedregulho de cava, lateritas concrecionadas e/ou quartzitos) com
baixa porcentagem de material passando na peneira de abertura de
0,075 mm). Quanto à sua graduação, apresentam uma granulometria
descontínua e, normalmente, utilizam misturas com menos de 50 %
de agregado em peso. Esta base tem custo bem inferior ao das bases
de solo - agregado de granulometria contínua (estabilizadas granulo-
metricamente) que utilizam misturas com mais de 70 % de agregado,
em peso, na sua constituição.
Este tipo de base de solo - agregado de granulometria descontínua, tem sido
utilizada com sucesso quando compactada na energia Modificada.
O bom comportamento das misturas SLAD está, sem dúvida, na alta qualidade
de seus finos de comportamento laterítico e na baixa umidade de
equilíbrio de trabalho dessas bases, geralmente da ordem de 80%
da umidade ótima. Esses fatos conduzem, nos trópicos, a bases de
elevada capacidade de suporte real e baixa permeabilidade, principal-
mente para misturas de solo agregado de granulometria descontínua.
Portanto, a teoria proposta para o estudo de bases de granulometria
descontínua é consubstanciada no estudo detalhado de seus finos,
através da Metodologia MCT, e das características dos agregados. O

238
ANEXO 1

ângulo de atrito dessas misturas é garantido pelos agregados e fração


areia do solo e, a coesão, pelos finos lateríticos (silte mais argila).
Quando a mistura tem em sua constituição solos lateríticos que se situam nas
áreas IV e III da Figura 6.1, a base terá um comportamento, geralmen-
te granular não coesivo, cuja resistência após a compactação, deve-se
sobretudo, ao ângulo de atrito interno entre as partículas. Já no caso
do solo laterítico situar-se nas áreas I e II, a base terá comportamento
de um material granular coesivo, cuja resistência é dada pelo atrito
interno e pela coesão de suas partículas finas. As bases executadas
com as misturas acima, têm as seguintes características:
n Bases Granulares Pouco ou Não Coesivas. Apresentam pequena
suscetibilidade à segregação do solo e da brita no processo de
execução, nenhuma contração por secagem ao ar, permeabi-
lidade da ordem de 10 -6 cm/s, perda de umidade quando da
compactação excessiva e baixa coesão. Além do mencionado,
apresentam elevada penetração da imprimadura impermeabi-
lizante na camada superficial da base.
n Bases Coesivas. Apresentam média suscetibilidade à segregação
do solo e da brita no processo de execução, podem apresentar
contração por secagem ao ar, baixa permeabilidade da ordem
de 10 -7 cm/s, pequena perda de umidade na compactação e
elevada coesão (que facilita sua aderência à camada de rola-
mento). Além do mencionado, apresentam excelente capacida-
de de receber compactação alcançando, com facilidade, o grau
de compactação de 100% do Proctor Modificado.
b] Especificação do solo laterítico - agregado (SLAD) para bases
de pavimentos
A especificação para as misturas descontínuas de SLAD e as recomendações
sobre o tráfego que deverão suportar, acham-se nos subitens 7.5.1.3
e 7.5.1.4.
c] Técnica Construtiva
Em alguns locais, tanto para misturas coesivas como para pouco coesivas, pode
ocorrer pequena segregação entre o solo e o agregado. A experiência
do autores na execução dessas bases, no Estado de São Paulo, mostrou
que a misturação, tanto obtida em usina como com pá carregadeira,
não traz prejuízo significativo para a qualidade da base.
A Tabela A.7 apresenta o Procedimento Construtivo e de Controle Tecnológico
das bases de SLAD, e a figura A.35 ilustra alguns dos seus aspectos
construtivos e detalhes de sua superfície.

239
Pavimentos Econômicos

TABELA A.7 TÉCNICA CONSTRUTIVA E CONTROLE TECNÓLOGICO DA BASE DE SLAD.

240
ANEXO 1

 
   
  
    

Figura A.35 Aspectos construtivos de Bases de SLAD e texturas de suas superfícies.

As peculiaridades do comportamento observado, nos pavimentos com base de


SLAD, são:
n Ausência de r upt u r a na ba se: não foi constatada
nenhuma ruptura, a não ser em pontos isolados, onde
o nível d’água se encontrava a pequena profundidade.
n Pequena deflexão: os valores das deflexões situam-se entre
20 a 60/100 mm.

241
Pavimentos Econômicos

n Condição hidrológica da base: as determinações dos teores


de umidade, efetuadas na base, têm revelado valores abaixo
da umidade ótima de compactação correspondente à energia
de referência adotada.
n Ausência de lamelas na base: pelo fato de a mistura conter
elevada porcentagem de agregado britado, não ocorrem lame-
las causadas por supercompactação, nem causadas pelo corte,
na fase de acabamento da base.
n Escorregamento do revestimento: não ocorre, devido ao
elevado atrito entre a interface da base imprimada e o revesti-
mento, mesmo em curvas fechadas.
n Trincamento no revestimento: este defeito ocorre muito
esporadicamente, em locais isolados e é explicado pelo excesso
de umidade na camada de solo-brita, especialmente em solos
bastante coesivos.

6 Conservação e Recuperação
28ª Questão: Quais os Principais Defeitos no Revestimento
de Tratamento Superficial dos Pavimentos Econômicos com
Base de Baixo Custo?
Aqui serão enfocados os principais defeitos que ocorrem no revestimento, prove-
nientes de três fatores: desgastes, exsudações e superposição (ou enca-
valamento) dos agregados, indicando as causas, a evolução e os servi-
ços de conservação necessários.
a] Desgastes
Podem ocorrer, entre outras causas, devido a:
t Fragilidade do agregado: muitos agregados são frágeis e, quando
utilizados, já na execução pode acontecer a quebra dos seus grãos.
Os grãos quebrados se soltam da estrutura em quantidades maio-
res ou menores (conforme o nível de fragilidade do agregado),
causando desgaste prematuro no revestimento.
t Falta de adesividade entre agregado e ligante: a ocorrência de
excesso de pó ou água, sobre os agregados durante a execução,
cria uma película que os isola e impede sua aderência ao ligante;
isso causa, prematuramente, o desprendimento deles.
t Falha de bico, ou penteadura: o entupimento de alguns bicos
do espargidor, ou o lançamento não homogêneo do ligante entre
os diversos bicos devido a uma falha na regulagem da bomba
distribuidora, resulta numa redução da taxa de ligante em algu-
mas trilhas longitudinais do revestimento. Isso provoca, num
curto espaço de tempo, o desprendimento do agregado dessas
trilhas, carcterizando o defeito conhecido como falha de bico.
t Oxidação do ligante: essa oxidação pode ocorrer, prematuramen-

242
ANEXO 1

te, quando o tratamento é executado com CAP. Muitas vezes, defi-


ciências construtivas provocam superaquecimento deste ligante,
causando oxidação e diminuição na sua capacidade de aglutinar
os agregados. Como consequência, em até seis meses após a execu-
ção do revestimento, ocorre um desgaste generalizado provocado
pela ação do trânsito e pela falta de uma coesão adequada entre
os agregados. Ressalta-se que a oxidação do ligante continua, ao
longo do tempo, devido à ação do sol e das chuvas; entretanto, a
porcentagem dela que acontece no processo de execução, causada
pelo aquecimento do CAP, pode chegar a 70%. Esses fatores, mais
a ação combinada água-tráfego, no periodo chuvoso, são respon-
sáveis pelo crescimento exponencial do desgaste que chega, em
alguns casos, a destruir toda a camada de revestimento.
b] Exsudações
São dois os tipos mais frequentes:
t Devido ao excesso de ligante no revestimento, por um problema
construtivo ou, até mesmo de dosagem.
t Devido ao bombeamento do ligante, observada apenas nos
trechos em que foi executado um banho diluido de ligante sobre
o pedrisco do tratamento.
Ambas as ocorrências são preocupantes pois, em estágios mais extre-
mos, em alguns locais o betume pode grudar nos pneus de cami-
nhões, arrancando o revestimento, o que pode levar à formação de
buracos. Sua correção ideal é a execução de um novo tratamento
superficial sobre o local, com uma taxa reduzida de ligante.
c] Superposição (ou encavalamento) dos agregados:
Em uma mesma camada de tratamento pode haver uma superpo-
sição de agregados (excesso de agregado), sendo mais comum nos
triplos. Este fato acarreta uma pequena corrugação na superfície do
revestimento, que gera uma vibração desconfortável nos veículos.
A menos da maior porosidade, que acaba acarretando no tratamen-
to, e da consequente retenção maior de água (que apenas em casos
excepcionais pode levar a um bombeamento do ligante ou a um
amolecimento da superfície da base), este tipo de defeito não é muito
preocupante pois, geralmente, não apresenta evolução.
A correção da superposição só é eficiente através da execução de um
novo tratamento superficial sobre o revestimento.
A figura A.36 apresenta fluxograma que ilustra o inter-relacionamento
entre os diversos defeitos que ocorrem no revestimento, suas causas,
evolução e a indicação dos serviços de conservação para repará-los.
Para um melhor conhecimento dos defeitos em pavimentos econômicos
com base de SAFL revestidas com tratamentos superficiais, sugere-se
a leitura do mestrado de Fábio Q. Fortes (1994).

243
Pavimentos Econômicos

Figura A.36 Ocorrência de defeitos no revestimento.

29ª Questão: Qual o Procedimento Recomendado para


Recuperação de Pavimentos Econômicos com Elevado Nível
de Deterioração?
Para ilustrar o procedimento recomendado foi escolhido um trecho altamente
deteriorado, cujo pavimento apresentava desgaste acentuado em
seu revestimento e evolução para buracos em sua base. Vide figura
A.37.

Figura A.37 Elevado nível de deterioração no trecho


SP-255-Cabaceiras-SP-318 (SP).

244
ANEXO 1

O trecho, executado com base de solo laterítico-brita descontínua (SLAD), apesar


do elevado nível de deterioração, com buracos atingindo a camada de
base e grande quantidade de remendos, ainda mantinha um compor-
tamento estrutural bom, sem ocorrência de ruptura na base e com
valores de deflexão, medidos pela viga Benkelman, inferiores a 80
1/100 mm. O procedimento recomendado para sua recuperação, foi
constituído de duas etapas:
1º Etapa: Serviços preliminares
Para a execução dos serviços preliminares, pode-se usar os proce-
dimentos executivos preconizados por Villibor et al. (2008), que
abrangem:

n Tapa-buracos.
n Rupturas localizadas.
n Restauração da borda (erosões e ruptura).
n Correções de drenagem na pista, em locais onde ocorrem
empoçamentos de água.

Somente após essas correções, deve-se iniciar a etapa subsequente.


2º Etapa: Recuperação da Camada de Rolamento.
Para tanto, pode-se utilizar o procedimento recomendado pelo
Engº Fábio Quintela Fortes, do DER-SP de Araraquara, que tem
uma grande experiência na supervisão desse tipo de serviço, com
excelentes resultados. A recuperação consta das fases:
Inicial, Intermediária e Final.

t Fase Inicial
Como consequência do desgaste muito intenso do revestimento, das panelas e
dos remendos, a irregularidade superficial do trecho era acentuada o
que exige uma camada de regularização precedida de uma impri-
madura ligante.
Essa deve ser de CAUQ, rica em asfalto e com granulometria da faixa D do anexo
I da seção 3.13 do Manual de Normas e Pavimentação do DER-SP
(1991); sua espessura é variável em função das irregularidades, mas
com o mínimo de 1,0 cm nos picos da seção transversal do pavi-
mento.
Essa camada deverá:
1) Ter flexibilidade para se acomodar às irregularidades, além
de preencher e / ou selar as trincas da superfície do pavi-
mento deteriorado, com coesão suficiente para não se soltar.
2) Tornar a interface do pavimento antigo e do recapeamento
menos porosa e mais impermeável.

245
Pavimentos Econômicos

3) Funcionar como “camada dobradiça” (dobrar sem trincar,


graças à flexibilidade), inibindo ou retardando a propagação,
para a camada de recapeamento, do intenso trincamento,
característico dos pavimentos econômicos deteriorados.
A camada de regularização nunca pode ser executada logo após periodos
de chuva. Essa recomendação é necessária devido ao elevado nível de
infiltrabilidade da água pelas trincas do revestimento (geralmente de
tratamento superficial), em período de chuvas. A água infiltrada fica
armazenada na parte superior da base ou na interface com o reves-
timento e a execução da camada de regularização, nestas circuns-
tâncias, sela a superfície e não permite a evaporação da água. Nessas
condições, há uma desestabilização da interface que provoca o escor-
regamento da camada de regularização e o do revestimento.
Inicialmente os defeitos ocorrem nas rodeiras com consequente deformação
excessiva da borda do pavimento, ou mesmo sua ruptura, devido à
falta de suporte causada pela sua deterioração.
Portanto é prudente, após períodos de chuva, furar a base para determinar seu
teor de umidade e só executar a camada de regularização se a umida-
de estiver abaixo ou igual a ótima (Ho).

t Fase Intermediária
Submeter a camada de revestimento ao tráfego da rodovia, por um período de
pelo menos 30 dias. Esse é o melhor teste (prova de carga) que pode
ser efetuado com o pavimento. Devido à pequena espessura da regu-
larização, eventuais pontos frágeis serão revelados com a ação do
tráfego. Também é indicada, nessa fase, uma campanha de ensaios
com viga Benkelman para confirmar a qualidade estrutural do pavi-
mento, quanto à deformação, definindo-se um valor para Dmáx < 80
1/100 mm, para Nt < 5 x 106 solicitações do eixo padrão.

t Fase Final
Atendidos os requisitos da fase intermediária executar uma camada de rolamento
com CAUQ com faixa granulométrica C do anexo I da seção 3.13 do
Manual de Normas Pavimentação do DER-SP, já referido, com espes-
sura entre 2,5 e 3,0 cm.
As figuras A.38 e A.39 mostram o trecho da figura A.37, após a conclusão dos serviços
de recuperação. Na figura A.38 observa-se na borda do pavimento
recuperado: a superfície do pavimento original, a camada interme-
diária de regularização com massa fina de CAUQ e a camada final de
revestimento com CAUQ.

246
ANEXO 1

Figura A.38 Pavimento original, camada de Figura A.39 Aspecto do trecho recuperado da SP-255 /
regularização e final e revestimento final. cabaceiras / SP-318.

Além do exposto, sugere-se a leitura de Villibor et al (2005), que trata desse assunto.

247
MÉTODOS DE ENSAIO DA SISTEMÁTICA MCT

ANEXO 2

248
Neste Anexo foi alterada a forma de redação dos ensaios propostos na Tese
de Doutoramento de Villibor (1981), visando proporcionar uma
melhor idéia dos seus objetivos; também, foram introduzidos os
ensaios classificatórios (M5, M8) e inseridos detalhes executivos
que interessam, sobretudo, aos técnicos responsáveis pela execução
dos ensaios. Isto resultou nos “Métodos de Ensaios da Sistemática
MCT” apresentados a seguir, cujo mentor e parceiro de Villibor no
seu desenvolvimento, foi Nogami.

M1 - Ensaio de Compactação Mini-Proctor


M2 - Ensaio Mini-CBR e Expansão
M3 - Ensaio de Contração
M4 - Ensaio de Infiltrabilidade e Permeabilidade
M5 - Ensaio de Compactação Mini-MCV(*)
M6 - Ensaio de Penetração da Imprimadura Betuminosa
M7 - Ensaio Mini-CBR de Campo por Penetração Dinâmica (*)
M8 - Ensaio da Perda de Massa por Imersão (*)
M9 - Classificação Geotécnica MCT (*)
(*) - Ensaios acrescentados após a tese de Villibor (1981)

1 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO MINI-PROCTOR (M1)


1.1 Considerações Preliminares
Este ensaio obedece ao mesmo procedimento geral, proposto por Proctor, para
compactar os solos em laboratório e fornece a curva de Compactação
correspondente a uma dada energia aplicada por meio de soque-
te. Essa curva permite determinar a umidade ótima Ho e a Massa
Específica Aparente Seca Máxima (MEASmáx) para a referida ener-
gia. Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as
mesmas diretrizes, em seu método DER M-191-88.
O procedimento Mini-Proctor difere do procedimento conhecido univer-
salmente como “Proctor” ou “AASHTO”, no que se refere a:
a] Tipo de soquete, de seção plena: o seu pé tem diâmetro pratica-
mente igual ao da parte interna do molde de compactação.
b] Diâmetro interno do molde igual a 50,0 mm (designação Mini).
c] Utiliza somente os solos que passam, integralmente, na peneira
de 2,00 mm e aqueles que possuem porcentagem muito baixa da
fração retida (<10%).

249
Pavimentos Econômicos

As vantagens que o procedimento Mini-Proctor apresenta são as seguintes:


1) Diminuição drástica da quantidade de amostra e do esforço na
aplicação dos golpes.
2) Possibilidade de medir, com exatidão, a altura do corpo de prova
após a aplicação dos golpes do soquete.
3) Maior uniformidade nos corpos de prova compactados.
Devido a essas vantagens, além do uso idêntico do Proctor, é possível utilizar o
procedimento Mini-Proctor na obtenção de corpos de prova para
uso na determinação de várias propriedades mecânicas e hídricas
dos solos, na dosagem de solos com diversos aditivos estabilizantes
e, ainda, na classificação dos solos.
A maior limitação do procedimento considerado é a sua inaplicabilidade
para solos que possuem elevada porcentagem da fração retida na
peneira de 2,00 mm. A sua limitação para areias e solos muito micá-
ceos é similar ao que se constata no Proctor tradicional.

1.2 Material e Aparelhagem Específicos


Conforme recomendações do DER-SP, em seu método M-191-88.
1.2.1 Moldes
Os moldes têm 50,0 mm diâmetro interno e 130,0 mm de altura, de preferência
de aço cadmiado ou inoxidável, conforme modelo do DER-SP.
1.2.2 Compactador
As dimensões do compactador são indicadas na figura A.1. Ele é composto por:
a] Dispositivos, para medida da altura do corpo de prova após qual-
quer número de golpes do soquete, a saber:
a.1) Dispositivo provido de extensômetro (40,0 mm de curso, conta
voltas e leitura em 0,01 mm) removível da posição de medida, por
rotação, com suporte não diretamente solidário à armação; isto
evita os efeitos resultantes da violenta vibração produzida na apli-
cação dos golpes do soquete.
a.2) Conjunto contendo uma escala, com divisão submilimétrica,
colada à haste do soquete, e uma lupa, com cerca de 10x de aumen-
to, solidária à armação do compactador.
b] Extrator de alavancas, conforme modelo adotado no DER-SP.
c] Padrão Cilíndrico para aferição (49,8 mm de diâmetro e 50,0 mm
de altura).
d] Pistão Inferior de 49,9 mm de diâmetro e 80,0 mm de altura.
e] Contador de número de golpes.
f] Armação e base, suficientemente rígidas e alinhadas.
1.2.3 Anéis de vedação
De Aço inoxidável, latão ou bronze, seção triangular (catetos de 2,5 mm) e
diâmetro externo de 50,0 mm.

250
ANEXO 2

Figura A.1
Compactador
miniatura
1.2.4 Soquetes
De tipo leve e pesado, com pés circulares de 49,8 mm, respectivamente com
massas de 2.270 g e 4.500 g; altura de queda 30,0 cm.
1.2.5 Espaçadores
De meia cana, altura de 70,0 mm e raio interno de 50,0 mm.
1.2.6 Dispositivo de medida
Da altura dos cp compactados, dentro de moldes, provido de extensômetro de
0,01 mm de leitura direta, conta giros e curso de, no mínimo, 10 mm
(necessário quando não se dispõe dos dispositivos 1.2.2 a).
1.2.7 Assentador cilíndrico
Com 49,0 mm de diâmetro, comprimento de cerca de 90,0 mm, de preferência
de madeira dura ou PVC rígido.
1.2.8 Bastão
De bambu ou de meia cana de plástico rígido, com 25,0 mm nominais, para
socar o solo solto introduzido no molde.
1.2.9 Funil
De folha metálica ou de plástico, com ângulo de aproximadamente 30º, para
introdução da alíquota de solo no cilindro de compactação.

1.3 Procedimento de Ensaio


1.3.1 Preparo da Amostra
Secar a amostra ao ar ou em estufa (a no máximo 60°C), passá-la na
peneira de 2,00 mm e desterroá-la com uso de almofariz. Separar,

251
Pavimentos Econômicos

no mínimo, 3.000 g dessa fração, uniformizá-la e obter 5 porções


com massa de 600 g cada uma. Essa quantidade deve ser aumentada
no caso de ser necessário o preparo de corpos de prova para ensaios
suplementares.
1.3.2 Umedecimento e Cura
Adicionar ág ua, em volume reg ular mente crescente, para se obter,
pelo menos, 2 corpos de prova com teor de umidade abaixo da ótima
e 2 com teor acima. Consegue-se essa regularidade, pesando sempre a
mesma massa de solo seco ao ar e adicionando água em quantidades
uniformemente crescentes. Homogeneizar cada porção, deixar em
repouso (pelo menos 12 horas) dentro de recipientes herméticos ou
sacos plásticos bem vedados e guardá-las em caixa de isopor.
Quando o objetivo do ensaio é apenas a obtenção da MEASmáx e Ho, as referidas
umidades podem ser um pouco afastadas da ótima, a qual pode ser
avaliada de várias maneiras empíricas. Por exemplo, nos solos coesi-
vos a umidade ótima está próxima do limite de plasticidade que é
atingido quando o solo seco, ao receber adição de água, começa a
aderir às paredes do recipiente de mistura.
1.3.3 Compactação
Determinar a constante de aferição do dispositivo a.1) para a medida da altura
do corpo de prova no compactador, utilizando-se do Padrão Cilíndri-
co referido no item 1.2. Colocar o espaçador em volta do pistão infe-
rior do aparelho compactador e, em seguida, o molde previamente
untado internamente com fina camada de vaselina sólida. Colocar,
em seguida, um disco de folha de polietileno sobre o pistão inferior
e, sobre ele, o anel de vedação (subitem 1.2.3).
Homogeneizar o conteúdo da primeira alíquota, de preferência a mais úmida,
dentro do recipiente apropriado (e/ou no próprio saco plástico) e
completar com agitação, mantendo o ar represado
Pesar cerca de 200 g dessa alíquota e introduzir no molde, socando levemente
com auxílio do bastão a que se refere o subitem 1.2.8. Conformar a
parte superior do corpo de prova, com auxílio do assentador. Colocar
o anel e um disco de folha de polietileno, introduzir o pé do soquete
dentro do molde e dar o número de golpes apropriado (4 de tipo leve,
para energia Normal; 6 de tipo pesado, para energia Intermediária).
Inverter o corpo de prova e repetir o número de golpes.
Determinar a posição final do topo do corpo de prova mediante leitura
do extensômetro ou da escala colada à haste do soquete; isso permi-
tirá, por meio da constante de aferição, obter a sua altura final que
deve ser de 50± 1 mm (altura a1). Caso isso aconteça, extrair ou
aproveitar para outros ensaios. No caso de aproveitar para outros
ensaios, convém deslocar o corpo de prova de maneira que uma de
suas extremidades fique rente à borda do molde e, então, determinar

252
ANEXO 2

a altura com dispositivo apropriado (subitem 1.2.6), se não forem


disponiveis os dispositivos do subitem 1.2.2.a.
Se a altura do corpo de prova diferir da altura a1) calcular, por simples
proporção, a quantidade de uma nova alíquota que dará exatamente
50,0 mm e repetir a Compactação com ela. Na segunda tentativa,
geralmente, obtém-se a altura dentro do almejado. Repetir a molda-
gem no mesmo teor de umidade, caso necessário, para ensaios suple-
mentares.
Retirar do saco que contém a sobra das Compactações acima uma alíquota
de cerca de 100g, para a determinação do teor de umidade.
Executar as Compactações para outras alíquotas, com outros teores de umidade.

1.4 Cálculo e Apresentação dos Resultados


Calcular a massa seca de cada corpo de prova e, a partir dela, a sua Massa Específica
Aparente Seca (MEAS). Representar a MEAS em ordenadas (eixo y)
e o teor de umidade de Compactação em abscissas (eixo x). O uso
de escala proporcional a 1/MEAS em ordenadas facilita o traçado
da curva de Compactação, porquanto os ramos seco e úmido terão
partes sensivelmente retilíneas. Um ensaio bem feito deve ter, pelo
menos, 2 a 3 pontos no ramo seco. A curva no ramo úmido é menos
importante, porquanto ela deverá ser sensivelmente paralela à linha
de saturação que, para melhor interpretação dos resultados, deve
constar do gráfico da folha de ensaio.
Traçar, com os dados obtidos, a respectiva curva de Compactação ou curva de
Proctor e, a partir dela, determinar a MEASmáx e a umidade ótima
Ho. Devem-se, sempre, discriminar a energia ou os golpes e o tipo
de soquete (leve ou pesado, ou outro utilizado).

2 ENSAIO MINI-CBR E EXPANSÃO (M2)


2.1 Considerações Preliminares
Este ensaio fornece a Capacidade de Suporte utilizável no dimensionamento de
pavimentos e na escolha de solos e solos-agregados para base, reforço
e sub-base e, também, para caracterizar os solos do subleito.
O procedimento de ensaio é, em linhas gerais, o mesmo adotado para o CBR (ou ISC)
tradicional; entretanto, requer mais cuidado, razão pela qual serão
apresentados os detalhes que mais devem ser considerados.
Inicialmente proposto por Nogami para a energia Normal e por Villibor (1981)
para a energia Intermediária, foi implantado no DER-SP, com as
mesmas diretrizes, em seu método DER M-192/88.

253
Pavimentos Econômicos

2.2 Aparelhagem Específica Essencial


2.2.1 Prensa, constituída de:
a] Macaco mecânico, capaz de aplicar carga de até 1.000 kgf (10 4 N),
com velocidade constante de 1,25 voltas/min.
b] Anel dinamométrico provido de extensômetro que meça a carga
aplicada em função de leituras em 0,01 mm, com capacidade de
cerca de 400gf (4N); é desejável que se disponha, também, de anéis
para cargas maiores e menores, todas aplicadas por meio um de
pistão com 16,0 mm de diâmetro.
c] Dispositivo que indica o valor da penetração do pistão, geral-
mente constituído por um extensômetro com graduação de 0,01
mm e um suporte, solidário ao pistão a que se refere o subitem
anterior, que permita controlar a velocidade de penetração do
referido pistão.
d] Armação com rigidez e alinhamento adequados.
Geralmente os aparelhos, fabricados para executar adequadamnte o CBR
tradicional, podem ser facilmente adaptados; neste caso, as alterações
maiores referem-se ao anel dinamométrico (de menor capacidade) e
ao pistão, também de diâmetro bem menor.
2.2.2 Relógio-analógico
Ajustado de maneira que a agulha gire com velocidade de 1,25 voltas/min; diver-
sos metrônomos podem ser utilizados para obtenção desta medida.
2.2.3 Recipiente para embebição
2.2.4 Armação para determinação da Expansão
Conforme Padrão do DER-SP ou do DNIT.
2.2.5 Suporte e Sobrecargas de 340g
Conforme Padrão DER-SP ou do DNIT.
2.2.6 Sobrecarga perfurada padrão de 340 g
A ser usada na ocasião da penetração do pistão (furo de 18 mm de diâmetro).

2.3 PROCEDIMENTO DE ENSAIO


2.3.1 Preparação dos Corpos de Prova
Os corpos de prova devem ser obtidos conforme os métodos M1 ou M4.
Quando se requerem resultados mais precisos, recomenda-se preparar
corpos de prova suplementares, sobretudo para se obter uma curva
de variação do Mini-CBR mais precisa. Isso é, frequentemente, verda-
deiro para estudo do aproveitamento de “Solos Arenosos Finos Late-
ríticos” em pavimentação.
2.3.2 Embebição e Expansão
Segundo a metodologia MCT, é rotina efetuar a determinação do Suporte,
tanto em corpos de prova embebidos como não embebidos (ou na

254
ANEXO 2

umidade de Compactação Hc). Nos corpos de prova não embebidos,


efetuar a determinação da penetração após cerca de 1 hora, conforme
subitem 2.3.3. Nos corpos de prova a serem embebidos, colocar papel
de filtro sobre a base da armação e sobre o topo do corpo de prova,
devidamente deslocado para uma das extremidades do seu molde.
Introduzir o suporte de sobrecarga, com o respectivo disco perfurado
e o número apropriado de sobrecargas (geralmente, em ensaios roti-
neiros utiliza-se uma sobrecarga padrão de 340 g). Montar o conjunto
de fixação do molde e do extensômetro, para medida da Expansão.
Transferir o conjunto para o tanque de imersão e efetuar a leitura inicial
do extensômetro, Li. Encher d’água o recipiente até que a altura fique
alguns mm acima do plano superior do fixador superior perfurado,
do molde. Anotar o horário de ínicio da embebição. Efetuar leitura
após 12 horas, no mínimo, e maior tempo até que a leitura do exten-
sômetro se estabilize. Obter a leitura Lf, em mm, com precisão de
0,01 mm. Retirar o conjunto do banho d’água e deixá-lo em repouso
cerca de 1 hora, para prosseguimento na determinação da penetração
(subitem 2.3.3), ou para determinação de outras propriedades.
2.3.3 Determinação da Penetração
Transferir o conjunto, molde c/ corpo de prova, submetido ou não à embebição,
para o prato da prensa; retirar, caso exista, o papel de filtro ou outro
disco presente no topo do corpo de prova. Introduzir, conforme o
caso, a sobrecarga anelar padrão. Encostar a ponta do pistão no topo
do corpo de prova, o que pode ser verificado pelo movimento do
cursor do dinamômetro.
Ajustar o extensômetro para que o cursor marque zero de deslocamento, regulando
de maneira apropriada o dispositivo de fixação do extensômetro
ao pistão de penetração. Acionar o relógio, devidamente calibrado
para dar 1,25 voltas/min, e manter o extensômetro do medidor da
penetração coincidente com o ponteiro do relógio calibrado; efetuar
leituras no dinamômetro, correspondentes às seguintes penetrações:
0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0;..., ou antes, afim de não exceder a capaci-
dade do dinamômetro. Nos solos de suporte elevado, efetuar leituras
a 0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25;... 3,0, ou antes, afim de não exceder a
capacidade do dinamômetro. Repetir a penetração para os demais
corpos de prova.
2.3.4 Observações Finais
Convém anotar o aspecto da parte superior do corpo de prova, sobretudo
a ocorrência de trincas radiais, inchamentos ou ainda uma depres-
são bem menor, o que, caso constatado, indica ser o material muito
resiliente.

255
Pavimentos Econômicos

2.4 Cálculo da Expansão


Chamando de Lo a altura inicial do corpo de prova, a Expansão é calculada
pela fórmula:
  


sendo Lf e Li, os valores [mm] obtidos no subitem 2.3.2.
Quando Lo = 50 mm, tem-se:

 
  

2.5 Cálculo do Mini-CBR


2.5.1 Traçado das Curvas Carga-Penetração
Representar as curvas Carga-Penetração, em tamanho apropriado, com os
dados obtidos no subitem 2.3.3; efetuar correções nos seguintes
casos:
a] Eliminação de calombos, tanto côncavos como convexos, em rela-
ção à tendência geral.
b] Mudança de origem, para a interseção da tangente do ponto de
inflexão com o eixo horizontal (ou das penetrações).
c] Prolongar a curva quando ocorrer decréscimo da carga, antes da
penetração atingir o valor de 2mm.

2.5.2 Métodos para Determinação do Mini-CBR


2.5.2.1 Método das Correlações – utilizando as seguintes
expressões:
log (Mini-CBR) = –0,254 + 0,896 × logCl
log (Mini-CBR) = –0,356 + 0,937 × logC2
Onde C1 e C2 são, respectivamente, as cargas [kgf] correspondentes às penetrações
2,00 e 2,50 mm, obtidas das curvas corrigidas segundo o subitem
2.5.1. Adotar o maior dos Mini-CBR obtidos. A aplicação dessas
fórmulas fica facilitada pelo uso de tabelas apropriadas.

2.5.2.2 Método das Cargas Padrão – utiliza as seguintes


expressões:
Mini-CBR = 100 x Cp1 / 72,60 × 2
Mini-CBR = 100 x Cp2 / 108,90 x 2
Onde Cp1 e Cp2 são as cargas [kgf] obtidas das curvas corrigidas a que se refere
o subitem 2.5.1, correspondentes às penetrações 0,84 e 1,70 mm,
respectivamente. O valor 2, que aparece no denominador das fórmu-
las acima, corresponde à área do pistão de penetração [cm 2 ], cujo
diâmetro é de 1,6 cm.

256
ANEXO 2

Nota: O procedimento das cargas padrão é, teoricamente, mais correto e geral,


mas exige maior precisão das leituras de carga no início da penetra-
ção do pistão.

2.6 Apresentação dos Resultados


Apresentar os valores obtidos, das Expansões e dos Mini-CBR, sempre em
função da respectiva curva de Compactação, de maneira que se possa
determinar facilmente a variação do Mini-CBR nas diversas condições
de compactação. Para isso, representá-los na mesma folha, usando
a mesma escala horizontal e coincidente, para o teor de umidade e,
de preferência, o Mini-CBR na parte superior e a Expansão na parte
inferior.
Como já foi observado, o uso da escala dos valores da MEAS proporcional ao seu
inverso apresenta a vantagem de retificar os ramos da curva de
Compactação, sendo também retilíneas as linhas de mesmo grau de
saturação dos corpos de prova.
Adotar, para escala dos Mini-CBR, a escala logarítmica, porquanto a variação do
Mini-CBR ao longo da curva de Compactação é, quase sempre,
também retilínea. A curva de variação da Expansão poderá ser traça-
da no mesmo gráfico do Mini CBR.

2.7 Variantes
Diversas variantes são possíveis, das quais se destacam:
1) Sob lâmina d’água: útil nas áreas sujeitas a enchentes.
2) Com sobrecarga maior: para reproduzir os efeitos das espessas
camadas sobrejacentes.
3) Penetração dinâmica: para determinações expeditas tanto em
laboratório como no campo (vide determinação do Mini-CBR no
campo).

3 ENSAIO DE CONTRAÇÃO (M3)


3.1 Considerações Preliminares
É um dos ensaios suplementares mais importantes para o melhor aproveitamento
de solos tropicais em pavimentação, sobretudo daqueles de granula-
ção fina, apropriados para baixo volume de tráfego e de baixo custo.
Isso decorre de uma peculiaridade climática tropical – elevada tempe-
ratura média anual e forte insolação – que, aumentando a evaporação,
acelera a perda de umidade nas camadas de solos compactados.
Entretanto, tradicionalmente são consideradas algumas propriedades dos solos
ligadas à Contração, tais como o “limite de Contração” e a “Contra-
ção volumétrica”, que pouco representam para a finalidade em vista,
devido a serem determinadas a partir de corpos de prova moldados

257
Pavimentos Econômicos

em estado de pasta (próximo ao limite de liquidez) e, portanto, com


solos não compactados. Além disso, tais ensaios são bastante trabalho-
sos e, muitos deles, envolvem o uso de mercurio, atualmente conside-
rado material tóxico que requer cuidados especiais para o manejo.
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas diretrizes,
em seu método DER M 194-88. O método descrito, embora se cons-
titua em uma importante contribuição da metodologia MCT, ainda
carece de maiores informações.

3.2 Aparelhagem Específica


Dispositivo de medida da Contração axial (figura A-2, esquemática), compre-
endendo:
a] Armação rígida que permita abrigar, verticalmente, um corpo
de prova de cerca de 50,0 mm de diâmetro e 50,0 mm de altura,
mais 2 discos de pedra porosa e um extensômetro, para medida
da variação do comprimento axial (altura) de um corpo de prova,
e que possibilite boa ventilação do corpo de prova por todos os
lados, inclusive na base.
b] Extensômetros adaptáveis à armação, pelo menos 3 com mola
normal e 3 sem mola, leitura direta de 0,01mm, curso de pelo
menos 10,0 mm, munidos de contavoltas.
c] Placas de pedra porosa circulares, com diâmetro por volta de
50,0 mm e espessura de 5,0 mm, com poros visíveis a olho nu e
faces perfeitamente planas e paralelas; aquelas destinadas a rece-
ber a ponta do extensômetro, devem ter um pequeno círculo ou
quadrado de apoio plano (de vidro, acrílico, etc).

3.3 Procedimento de Ensaio


3.3.1 Corpos de Prova
Devem ser preparados segundo procedimento Mini-Proctor ou, em casos
preliminares, segundo o procedimento Mini-MCV Simplificado (M5),
dando 10 ou 30 golpes (excepcionalmente outro número de golpes),
conforme o que se pretende obter no campo.
Nos casos rotineiros, podem ser utilizados corpos de prova submetidos à penetração
Mini-CBR (evidentemente não embebidos) e logo após o término
daquele ensaio. Os corpos de prova devem ser extraídos cuidadosa-
mente, com extrator apropriado.

3.3.2 Montagem
Colocar uma pedra porosa no centro da base do dispositivo de medida da
Contração e, sobre ela, colocar o corpo de prova. Sobre o topo do
corpo de prova, colocar uma pedra porosa apropriada (subitem 3.2.c)

258
ANEXO 2

ou colar, com parafina ou epóxi, uma pequena


   
placa plana para servir de apoio à ponta da
haste do extensômetro. Utilizar armações com
extensômetros sem mola, para corpos de prova
que possuem teor de umidade de Compactação
 
no ramo úmido. Ajustar o extensômetro de
   
   
maneira que se possa ler uma eventual peque-
na Contração (ordem de alguns centésimos


de mm). Evitar, ao máximo, secagem muito



rápida ou muito lenta, evitando correntes de
 

ar e exposições ao sol.

3.3.3 Leituras

   

A leitura inicial (Li) do extensômetro (em centésimos de Figura A.2 Esquema de montagem para o ensaio
mm) deve ser feita o quanto antes, porquan- de Contração
to certos corpos de prova começam a contrair
logo após sua retirada do molde. Efetuar a
segunda leitura antes de completar uma hora. Observar que, nos
extensômetros sem mola, é necessário apertar com os dedos, leve-
mente, a sua haste de medida.
Efetuar leituras de hora em hora; após algumas horas, o espaçamento das
leituras pode ser aumentado, podendo fazer coincidir com o perí-
odo noturno. Geralmente, no dia seguinte, isto é, após cerca de 14
horas, os corpos de prova atingem uma variação constante perió-
dica, considerada como a leitura final (Lf) do extensômetro (em
centésimos de mm).

3.4 Cálculo da Contração


Utilizar a fórmula:

onde:
Ct = Contração axial.
Li e Lf = valores [mm] obtidos no subitem 3.3.3.
Lo = comprimento inicial [mm] do corpo de prova.

3.5 Apresentação dos Resultados


Representar Ct em função do teor de umidade de Compactação, traçar a curva
e determinar o valor correspondente à umidade ótima de Compac-
tação; as curvas devem ser contínuas. A presença de depressões ou
calombos, geralmente, corresponde a erros nas determinações.

259
Pavimentos Econômicos

4 ENSAIOS DE INFILTRABILIDADE E DE PERMEABILIDADE (M4)


4.1 Considerações Preliminares
O ensaio de Infiltrabilidade objetiva determinar a penetração d’água em corpos
de prova de solos compactados afim de que se possa, qualitativa-
mente, prever esse fenômeno nas camadas dos pavimentos e suas
adjacências, sobretudo logo após a sua compactação. Observe-se que
em solos tropicais, principalmente nos lateríticos, essa penetração
pode se afastar bastante dos resultados obtidos em corpos de prova
compactados em laboratório, devido à interferência de trincas e fissu-
ras que se desenvolvem, geralmente pelo uso de técnica construtiva
não convencional (que inclui a secagem durante essa fase), ou após
vários anos de serviço.
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas diretrizes,
em seu método DER M 194-88. O uso prático dos resultados deste
ensaio, por enquanto, limita-se à escolha de solos para acostamentos
e para bases revestidas de camadas betuminosas delgadas, sujeitas
eventualmente a considerável infiltração d’água, com eventual desen-
volvimento de panelas.
Os ensaios de Infiltrabilidade não devem ser confundidos com os de Perme-
abilidade, tradicionalmente considerados em Mecânica dos Solos. Os
primeiros diferem, fundamentalmente, no que se refere à saturação
(não saturados) dos corpos de prova e por envolverem um fenômeno
transiente, em que a propriedade varia em função do tempo. Na Infil-
trabilidade a quantidade de água infiltrada diminui, sensivelmente,
com o tempo de medida.
Neste contexto, o ensaio de Permeabilidade é feito de uma maneira expedita e
simplificada, comparativamente aos procedimentos tradicionais da
Mecânica dos Solos, o que se justifica pela limitação do uso desta
propriedade em pavimentação. O estudo de camadas de solos tropi-
cais constituintes dos pavimentos, sobretudo aqueles do tipo econô-
mico (os quais, nas condições climáticas prevalecentes em grande
parte do Brasil, tendem a secar), mostrou que quase não ocorre a
necessária exposição prolongada a uma lamina d´água, até o estabe-
lecimento do regime permanente, indispensável para que o processo
da Permeabilidade se instale.
Além disso, para solos argilosos, argilo-arenosos e siltosos (coeficiente c’ > 1),
uma idéia da Permeabilidade pode ser obtida através do ensaio de
Infiltrabilidade.

4.2 Aparelhagem Específica


4.2.1 Aparelhagem para Medida da Infiltrabilidade (figura
A.3), composta de:

260
ANEXO 2

a] Recipiente basal: provido de uma placa porosa circular (50,0 mm


de diâmetro e 5,0 mm de espessura), com Permeabilidade aproxi-
mada de 10 -2 cm/s, disposta horizontalmente, cheia d’água, que
se comunica com o tubo de vidro (abaixo discriminado) provido
de um dispositivo que permite um contato estanque com a face
externa basal do molde de Compactação (geralmente envolvido
por um tubo de vedação de borracha).
b] Tubo de vidro: diâmetro interno de cerca de 5,0 mm de seção
uniforme conhecida, comprimento de 1000 a 1400 mm, provido
de escala em milímetros, disposto horizontalmente de maneira
que o menisco d’água, dentro dele, permita manter um nível
hidrostático coincidente com a superfície da placa porosa acima
referida.
c] Suporte ajustável que possibilite nivelar o molde com o corpo de
prova, o recipiente basal e o tubo de vidro.



 
  

  

  

 


   

 

 

  
   



 
 
Figura A.3 Esquema de montagem para o ensaio de Infiltrabilidade.

4.2.2 Aparelhagem para Medida da Permeabilidade


(figura A-4)
Permeâmetros que permitam aproveitar diretamente os corpos de prova
compactados, preparados segundo o procedimento descrito no item
1.3, compostos de:
a] Bandeja de base que permite manter firmes e na vertical, os
corpos de prova, e escoar a água; recipiente basal (mesmo usado
no ensaio de Infiltrabilidade) contendo placa, borracha de veda-
ção, bico e conexões apropriadas.
b] Rolha de borracha perfurada, que permite ligar a bureta ao molde
por meio de tubos de borracha ou de plástico, flexíveis.
c] Buretas de seção com cerca de 1,0 e de 2,0 cm 2, dispostas verti-
calmente e providas de escala milimétrica (para leitura do nível

261
Pavimentos Econômicos

d’água), graduadas com o zero coincidente com o nível de descarga


do recipiente basal referido no item a) acima, e o fim, um número
inteiro, por exemplo, 700, 800 mm, corres-
pondente ao nível máximo na bureta, para
Menisco d’água facilitar as leituras.

Graduação [mm]
Bureta com origem no 4.3 Corpos de Prova
bico tubular do
recipiente basal Obtê-los segundo o procedimento Mini-
(nível zero) Proctor, conforme o item 1.3, e de maneira
que os corpos de prova estejam devidamen-
Tubo flexível
Torneira (opcional) te deslocados para uma das extremidades do
molde da figura A.3.
Água Rolha de borracha

4.4 Procedimento para


Suporte da sobrecarga
Molde Determinação da Infiltrabilidade
Sobrecarga
4.4.1 Montagem do Conjunto
para Ensaio
Placa porosa
E nrola r, se necessá r io, o t ubo veda-
Tubo de vedação dor de borracha de maneira que a parte

Recipiente enrolada fique no mesmo plano da pedra
basal Nível zero
Bandeja
Água
Água porosa do recipiente basal. Verificar se esse
recipiente está isento de ar. A eliminação do
ar pode ser feita mergulhando o recipien-
Figura A.4 Montagem para o ensaio de Permeabilidade. te basal dentro d’água e injetando água a
partir da ponta do tubo de vidro. Verificar o
nível do conjunto e o nível relativo da superfície da placa porosa com
o do tubo horizontal, de maneira que a lamina d’água seja visível
sobre a placa porosa, sem que haja derramamento lateral.
Remover os discos de polietileno, porventura aderentes nas extremidades do
corpo de prova; colocar sobre o mesmo um disco de pedra porosa e
uma placa perfurada com haste e peso padrão. Transferir o molde,
contendo o corpo de prova, de maneira que se adapte perfeitamente
sobre a placa porosa, encostando inicialmente de um lado e endirei-
tando depois, para expulsar água e ar.
Desenrolar o tubo vedador de borracha colocando, se necessário, um “0” Ring
para assegurar a necessária estanqueidade. Retirar ou adicionar água,
no tubo de vidro horizontal, até que o menisco atinja o início da
graduação, ou sua proximidade. A figura A.3 ilustra o conjunto para
a execução do ensaio em questão.

262
ANEXO 2

4.4.2 Leituras
Proceder à leitura Lo, no tubo horizontal, correspondente ao tempo t 0 .
Quando os corpos de prova estão no ramo seco da curva de compac-
tação, o deslocamento do menisco no tubo é muito rápido e a primei-
ra leitura dificilmente coincidirá com o zero da escala milimétrica.
Quando os corpos de prova estiverem no ramo úmido da curva de compactação,
o ajuste do zero do menisco, no tubo horizontal, pode ser feito
mediante retirada da água com seringa apropriada. Efetuar leituras
sucessivas dos pares Li e ti, em tempos proporcionais a t1/2 , por exem-
plo: 1, 4, 9, 16, 25,..., n² (n= 1,2,3....) minutos, ou próximo a esses
valores (geralmente n varia de 4 a 20).
Considerar terminado o ensaio quando o deslocamento do menisco no
tubo horizontal estabilizar, o que geralmente ocorre antes de 23
horas. Se não ocorrer a referida estabilização, deve haver um vaza-
mento no conjunto, o que invalida os resultados obtidos.

4.5 Determinação da Permeabilidade


4.5.1 Saturação dos Corpos de Prova para Ensaio
de Permeabilidade
Terminado o ensaio de Infiltrabilidade, geralmente todos os corpos de prova
provenientes dele, são utilizados sem retirar o recipiente basal e o
tubo de vedação. Após o corpo de prova ter sido submetido ao ensaio
de Infiltrabilidade, mergulhá-lo em um banho d’água que mantenha
nível pouco abaixo do bordo superior do molde.
Se o corpo de prova for argiloso e tiver umidade acima da ótima, para acelerar a
saturação pode-se mergulhá-lo em um banho de água capaz de apli-
car maior coluna d’água, colocando um suplemento estanque acima
do molde ou, então, ligar um tubo flexível ao bico do recipiente
basal, que possa ser ligado a uma coluna apropriada de água. Deixar
escoar água até que a lâmina d’água suba dentro do molde.
Quando o cp não foi submetido, previamente, ao ensaio de Infiltrabilidade,
deve-se adaptar o mesmo tipo de recipiente basal utilizado naquele
ensaio, tendo-se o cuidado de enchê-lo, completamente, com água
e manter o seu bico ligado a um tubo flexível em contato com um
reservatório de água, com lâmina d’água próximo do nível da placa
porosa, até saturar o cp. Prosseguir, em seguida, como indicado no
caso de corpos de prova provenientes do ensaio de Infiltrabilidade.

4.5.2 Montagem do Conjunto para Ensaio de


Permeabilidade
Transferir o conjunto (molde com corpo de prova e o respectivo recipiente basal
e sobrecarga) para a bandeja de suporte. Encher de água o molde e

263
Pavimentos Econômicos

adaptar a rolha com tubo de borracha de maneira que, ao apertar a


rolha, a água suba pela bureta, expulsando o ar. Encher a bureta até
o nível máximo inteiro da escala, e deixar escoar a água.
No caso de Permeabilidade elevada, em que se percebe o abaixamento do
nível na bureta, deve-se deixar escorrer, pelo menos uma vez, até o
nível mínimo do menisco e reiniciar a leitura, enchendo a bureta.
Nos casos em que o abaixamento do nível é quase imperceptível,
regular o nível pela retirada d’água com uso de seringa apropriada.

4.5.3 Leituras da Permeabilidade


As leituras da posição do menisco (Hi) na bureta (subitem 4.2.2.c) são feitas na
escala graduada [mm] que é colocada paralelamente à mesma, confor-
me figura A.4. No caso de Permeabilidade elevada, levar em conta
o tempo de abertura da torneira ao se determinar, com um cronô-
metro, o tempo correspondente à primeira leitura (H1), na escala
graduada. A seguir, realizar leituras após 10, 20, 30, 40 e 60 minutos,
ou até esgotar o volume d´água na bureta. No caso de Permeabilida-
de baixa, efetuar as leituras da posição do menisco nos tempos 10,
20, 30, 40, 60, 80, 120, 240 e 300 minutos, ou até esgotar o volume
d´água na bureta.

4.5.4 Outros Corpos de Prova


Repetir as operações, similarmente, para outros corpos de prova.

4.6 Representações Gráficas


4.6.1 Infiltrabilidade
Representar, para cada corpo de prova, ou para cada conjunto de leituras para o
mesmo corpo de prova (caso de repetição), os valores das leituras adotando-se em
ordenadas (eixo y), as leituras (em cm) do menisco no tubo horizontal e, em abscis-
sas (eixo x), o tempo da leitura em escala proporcional à raiz quadrada do tempo
(em minutos) e verificar se os pontos se alinham segundo uma reta inclinada.
Frequentemente, os pontos iniciais pertencem a uma curva. Nesse
caso, deslocar paralelamente a parte retilínea inclinada, de maneira
que passe pela origem, a fim de facilitar os cálculos. O alinhamento
dos últimos pontos deve tender a uma horizontal.
A interseção das retas obtidas, com a horizontal, dará, para cada corpo de prova,
o tempo de ascensão (ta) em minutos.

4.6.2 Permeabilidade
Representar as leituras Hi nas ordenadas, em escala logarítimica e o tempo
nas abscissas, em escala linear. Os valores deverão alinhar-se segundo
a reta, da qual se calcula o coeficiente de Permeabilidade.

264
ANEXO 2

4.7 Cálculos
4.7.1 Coeficiente de Sorção (ou Sortividade):

onde:
L1 e L 2 = são pontos da reta [cm] que passa pela origem (a que se refere o subi-
tem 4.6.1) e correspondentes aos tempos t1 e t 2, da mesma reta, expressos em
minutos.
St = seção interna média do tubo horizontal [cm 2].
Sp = seção do corpo de prova [cm 2].

4.7.2 Velocidade de Caminhamento da Frente


de Umidade

onde:
a = altura inicial do corpo de prova [cm].
ta = tempo de ascensão [min].

4.7.3 Coeficiente de Permeabilidade:

onde:
a = altura do corpo de prova, geralmente 5,0cm.
Sb = seção interna média da bureta [cm 2].
Sp = seção do corpo de prova [cm 2].
H1= nível do menisco, correspondente ao tempo t1 [mm].
H2 = nível do menisco, correspondente ao tempo t 2 [mm].
t = t 2 — t1 [min].

Esta fórmula pode ser simplificada sendo possível, também, a elaboração de


ábacos apropriados para facilitar os cálculos.

4.8 Representação dos Resultados


Representar, para cada teor de umidade de compactação, os valores
de log k e log s e obter o valor correspondente ao teor ótimo de umida-
de da energia adotada. Indicar sempre o procedimento seguido.

5 ENSAIO DE COMPACTAÇÃO MINI-MCV (M5)


5.1 Considerações Preliminares

265
Pavimentos Econômicos

A Compactação Mini-MCV consiste na miniaturização do método de compac-


tação apresentado por Parsons, do Road Research Laboratory da Grã-
Bretanha, em 1976 e difere do Proctor tradicional por variar, simulta-
neamente, o teor de umidade e a energia de compactação durante a
execução do ensaio. Obtém-se assim, no fim do ensaio, uma família
de curvas similares às do Proctor.
O ensaio apresentado por Parsons foi, originalmente, desenvolvido como
um procedimento para avaliar rapidamente o teor de umidade de
compactação no campo. O Mini-MCV objetiva, sobretudo, a classi-
ficação geotécnica dos solos tropicais. A sigla MCV, abreviatura de
“Moisture Condition Value”, é uma nova propriedade geotécnica de
solos.
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas
diretrizes, em seu método DER M 191-88.

5.2 Aparelhagem Específica e Preparo da Amostra


Idênticos aos do Ensaio Mini-Proctor (vide itens 1.2 e 1.3 deste Anexo).
Cabe observar que o Compactador, para o Mini-Proctor do método
M1, foi adaptado devido ao desenvolvimento do Mini-MCV.

5.3 Escolha do Procedimento


São disponíveis os dois procedimentos a seguir:
5.3.1 – Série de Golpes proposta por PARSONS, que é a seguinte:
1, 2, 3, 4, 6, 8, 12,... n,..., 4n.
Este procedimento é recomendado:
n Quando o objetivo é caracterizar, de maneira abrangente, a
influência dos diversos graus de compactação.
n Para fins classificatórios de amostras que caem muito próximo
do limite, entre as classes de solos de comportamento Laterí-
tico e Não Laterítico.
5.3.2 – Série Simplificada, que se caracteriza por adotar qualquer
série, contínua ou descontínua, contanto que seja apropriada para
a finalidade em vista. Na realidade, a designação mais correta
desta série seria LIVRE, mas o uso desse termo é de compreensão
mais difícil. Além disso, o procedimento de cálculo das deforma-
ções para o traçado das curvas de deformabilidade (detalhes no
subitem 5.9.3), é diferente.
Observe-se que, a partir dos dados obtidos pelo uso da série de Parsons,
podem-se obter as curvas de deformabilidade adotadas no procedi-
mento simplificado. O procedimento simplificado é indicado para
fins classificatórios e para o preparo de corpos de prova nas fases
preliminares.

266
ANEXO 2

5.4 Preparo da Amostra


Preparar as alíquotas para ensaio de maneira similar à adotada no Ensaio Mini-
Proctor (item 1.3), exceto no que se relaciona ao volume das alíquo-
tas, cujo peso é consideravelmente menor, podendo, nos casos gerais,
utilizar-se apenas 300g de solo seco ao ar, passado na peneira de 2
mm de abertura. Além disso, quase sempre é necessário adotar uma
amplitude maior nos teores de umidade de compactação.

5.5 Procedimento de Ensaio Utilizando a Série


de Parsons
Iniciar a compactação pesando 20 0g da alíquota mais úmida, dar os
golpes iniciais da série de Parsons, efetuar leituras da posição da
haste do soquete após esses números e parar quando as leituras suces-
sivas da série forem iguais ou inferiores a 0,1 mm. Essa condição
corresponde à máxima densidade atingível para a sua umidade, cons-
tituindo-se numa condição designada como de patamar. Isso deve
acontecer com 8 a 12 golpes. Caso não aconteça, deve-se providen-
ciar o preparo de alíquotas mais úmidas, até que o patamar apareça
naquela faixa. Os corpos de prova que apresentarem o patamar com
6, ou menos golpes, devem ser desprezados.
Se, mesmo com o preparo das alíquotas mais úmidas, não aparecer o “patamar”
na referida faixa, a amostra é areia ou silte, do grupo NA da MCT. A
condição referida associa-se, geralmente, a uma abundante exsudação
d’água. A adoção de um patamar, antes que ocorra a condição estabe-
lecida no parágrafo anterior, leva, geralmente, à obtenção de curvas
de deformabilidade inaproveitáveis para fins classificatórios.
Efetuar a compactação, de maneira idêntica, para a alíquota imediatamente menos
úmida, a qual deverá apresentar patamar com 16 a 32 golpes.
Prosseguir a compactação para as alíquotas menos úmidas seguintes, desprezan-
do aquelas em que o patamar aparecer após os 256 golpes.

5.6 Curvas de Deformabilidade da Série de Parsons


Traçar estas curvas lançando, em ordenadas (eixo y), as diminuições
sucessivas da altura An dos corpos de prova (ou o deslocamento da
haste do soquete de compactação) para cada corpo de prova, e, em
abscissas (eixo x), os valores de n em escala log ou 10xlog n (escala
dos Mini-MCV).
An = Ln − L4n
onde:
n = 1, 2, 3,..., n.
Ln = leitura da posição da haste do soquete após n golpes, expressa em mm,
com aproximação de 0,1 mm.

267
Pavimentos Econômicos

L4n = leitura da posição da haste do soquete após 4n golpes, expressa em mm,


com aproximação de 0,1 mm.

A partir das curvas traçadas, obter:


a.l) Mini-MCV dos Corpos de Prova − A projeção, no eixo x da
interseção de cada curva de deformabilidade com a linha hori-
zontal de equação y = 2 mm fornece uma propriedade designada
Mini-MCV, que pode ser expressa tanto em golpes de soquete,
como em 10xlogn.
a.2) Coeficiente c’ - A cada teor de umidade de compactação,
corresponde uma curva de deformabilidade; o coeficiente angu-
lar, dado pela inclinação da parte retilinea (ou parte assimilável
a uma reta) de cada uma delas, é denominado, genericamente, de
coeficiente C’n.’ Quando a curva de deformabilidade não apresen-
ta parte retílinea, traça-se uma tangente à mesma no ponto em
que ela é cortada pela linha horizontal y = 2 mm; o coeficiente
angular desta tangente é o C´n. Para fins classificatórios utiliza-
se de um C´n no qual n=10 e cuja abreviatura é, simplesmente,
c’. Como, quase sempre, não se obtém curva de deformabilidade
nessas condições, ela é obtida por interpolação apropriada. Cabe
observar que o corpo de prova, que fornece essa curva de defor-
mabilidade, possui teor de umidade que se aproxima da ótima da
energia Normal.
a.3) Curva de Variação do Mini-MCV com a Umidade de
Compactação - Esta curva é utilizável para fins de controle
da umidade e a sua forma geral (retilínea, côncava, convexa) é
uma indicação do eventual comportamento laterítico do solo
(côncava).
a.4) Curva de Variação da Altura Final do Corpo de Prova com
o Mini-MCV — Esta curva permite classificar os solos em dois
grandes grupos: solos de densidade alta, quando a altura final
do corpo de prova, no Mini-MCV=10, for menor que 48 mm de
densidade baixa, em caso contrário. Esta distinção é necessária
para que se possa determinar a “Perda de Massa por Imersão”,
conforme M8 deste Anexo.

5.7 Família de Curvas de Compactação, Linha das


MEASmáx e Coeficiente d’ (Procedimento
Série de Parsons)
Representar, em abscissas, os teores de umidade de compactação e, em orde-
nadas, as MEAS, após n golpes dados ao cp; unindo os pontos obti-
dos com o mesmo valor de n, obtém-se uma família de curvas de
compactação.

268
ANEXO 2

Além disso, unindo os valores das MEAS correspondentes aos corpos de prova
quando atingiram o patamar (o que corresponde, também, ao estado
final dos corpos de prova), obtém-se uma linha das Massas Específicas
Aparentes Secas finais (MEASf), de tendência retilínea, geralmente
paralela à linha do máximo grau de saturação atingido pelos corpos
de prova.
Convencionou-se chamar coeficiente d’ a inclinação da parte retilínea do
ramo seco da curva de compactação correspondente a 12 golpes,
quando se utiliza a Série de Parsons.

5.8 Procedimento de Ensaio Utilizando a Série


Simplificada
5.8.1 Tipos Mais Utilizados
a] Mini-MCV-Proctor - Este procedimento é utilizável no preparo
de corpos de prova para determinação do Mini-CBR, Contração
e outras propriedades da metodologia MCT, aplicando somente
número prefixado de golpes (por exemplo 10 golpes de soquete
leve para energia Normal e 30 golpes para energia Intermediaria);
nesses casos será mais apropriado designá-lo como Mini-MCV-
Proctor. Difere do Mini-Proctor, pelo fato de usar a mesma massa
úmida de 200g ou 210g, para qualquer teor de umidade, o que
resulta em pequena variação da energia aplicada por volume
unitário, devido às diferenças de altura final dos corpos de prova
obtidos. A grande vantagem deste procedimento, em relação ao
Mini-Proctor, é a redução da quantidade de amostra nas alíquotas
a compactar, pela eliminação das tentativas para acertar o volume
constante adotado no Mini-Proctor.
b] Mini-MCV-Classificatório − Este procedimento objetiva, prin-
cipalmente, obter a classificação geotécnica MCT e, secunda-
riamente, os valores aproximados da umidade ótima da energia
Normal.

5.9 Procedimento Mini-MCV-Classificatório


5.9.1 Generalidades
A principal peculiaridade deste procedimento é que se pode adotar qualquer
número de golpes, desde que esse número seja suficiente para definir
a curva de deformabilidade, próximo ou no teor de umidade corres-
pondente ao Mini-MCV = 10. Isto é necessário para se obter o valor
do coeficiente c’, a altura final do corpo de prova e para saber se há
necessidade de se obter novos corpos de prova para determinação da
Perda de Massa por Imersão, próximo ao Mini-MCV = 15.

269
Pavimentos Econômicos

Os corpos de prova que não se destinam à determinação da Perda de Massa


por Imersão e nem para determinação do coeficiente c’, podem ser
compactados com apenas 10 golpes (ou 10 e 20 golpes, para solos
arenosos), a fim de se obter o coeficiente d’ da classificação MCT.
Igualmente, como no procedimento descrito para o caso do uso da série de Parsons,
sempre se usa a mesma massa úmida de 200g e os conceitos dos coefi-
cientes c’ e d’ continuam válidos. A maior diferença conceitual reside
na maneira de traçar as curvas de deformabilidade pois, cada uma
delas depende da umidade do corpo de prova e do tipo de soquete
utilizado. Ainda mais, as curvas são obtidas a partir dos afundamen-
tos, que sofrem os corpos de prova, os quais são calculados tendo
como referência a máxima deformação (Lf) obtida na compactação, a
qual, por sua vez, corresponde, também, à Massa Específica Aparente
Seca final (MEASf) do corpo de prova. Essa massa específica não pode
ser confundida com a máxima da curva de compactação (MEAS-
máx).

5.9.2 Detalhes do Procedimento de Ensaio


Iniciar a compactação pesando 200g da alíquota mais úmida; dar, inicialmente,
3 golpes e efetuar a primeira leitura (L 3); em seguida, dar mais 7
golpes para totalizar 10 golpes. Se, após esse número de golpes, a
leitura (ou altura) diferir menos de 0,2 mm, o corpo de prova pode
ser desprezado.
Se, entretanto, a diferença (L3 -L10) superar 0,2 mm, deve-se prosseguir aplicando
mais 10 golpes; se a diferença (L10 - L 20) for igual ou menor do que
0,2mm, traçar a curva com os dados obtidos, considerando como
origem a leitura dos 20 golpes, obtendo-se os valores (L 3 −L 20) e
(L10 −L 20). Estes dados deverão dar uma curva de deformação tal que
resulte em um Mini-MCV igual ou menor do que 10. Determinar a
altura final (ou mínima) do corpo de prova, Lf utilizando o relógio
comparador (extensômetro) da figura A.1.
Se isso não acontecer, isto é, se o Mini-MCV obtido for maior do que 10, haverá
necessidade de se preparar alíquotas mais úmidas até que a condição
acima seja satisfeita.
As areias e muitos siltes podem não satisfazer os 0,2 mm, acima referidos, após
20 golpes (ou 0,01 mm/golpe quando for utilizado outro número de
golpes), mesmo com o preparo de alíquotas mais úmidas; nesse caso,
deve-se continuar efetuando as leituras após 20, 30, 40 e 60 golpes,
ou parar antes, caso se obtenha uma diferença de leituras igual ou
inferior a 0,2 mm. Se essa diferença não for atingida, mesmo com 60
golpes, provavelmente trata-se de um solo para o qual a determinação
do Mini-MCV é impossível. Nesse caso, a compactação de alíquotas
com menores teores de umidade fornece curvas de deformabilidade

270
ANEXO 2

similares, das quais pode-se obter o coeficiente c’, e o solo será clas-
sificado como NA.
Prosseguir com a compactação da alíquota imediatamente mais seca, dando
3, 10, 20, 30, 40, 60, 80... n golpes, até verificar a condição de dife-
rença menor que 0,2 mm, efetuando, sempre que atingir o patamar,
a determinação da sua altura e o seu Mini-MCV. Se essa altura for
maior do que 48mm, podem-se compactar os corpos de prova, que
deram Mini-MCV acima de 12, com apenas 10 (ou 10 e 20 nos solos
arenosos) golpes. Outra série de golpes pode ser usada e, nesses casos,
o valor que caracteriza o patamar deve ser obtido dividindo a defor-
mação pelo número de golpes, que deverá ser inferior a 0,01 mm/
golpe.
Entretanto, se essa altura for inferior a 48 mm, há necessidade de prosseguir
a compactação (de corpos de prova com menor umidade) até conse-
guir uma curva de deformabilidade tal que dê um Mini-MCV igual ou
maior do que 15, que corresponde, aproximadamente, a 30 golpes.

5.9.3 Curvas de Deformabilidade, Mini- MCV e


Coeficiente c’
Como foi visto nos itens anteriores, estas curvas e os respectivos valores do
Mini-MCV, vão sendo obtidos à medida que se processa a compac-
tação. Cabe ressaltar que o traçado da curva de deformabilidade e
o cálculo do seu Mini-MCV são sempre feitos considerando como
origem (ou deformação zero) a plataforma correspondente à maxima
densidade, para qualquer teor de umidade. Dessas curvas, obtém-se
o coeficiente c’ de maneira análoga à considerada para o ensaio com
uso da série de Parsons.

5.9.4 Curvas de Compactação


Obtém-se uma curva de compactação, frequentemente incompleta (sem o ramo
úmido), correspondente a 10 golpes e, eventualmente, a linha das
MEASf e o ramo seco, correspondente a 20 golpes, recomendável
para verificar a influência do aumento da energia de compactação
no valor de d’.

5.9.5 Curva de Mini-MCV em função do Teor


de Umidade
Só se justifica o seu traçado quando os teores de umidade dos corpos de prova
proporcionarem a obtenção de, pelo menos, 3 curvas completas de
deformabilidade que permitam verificar a forma da curva. Os solos
de comportamento laterítico acentuado dão uma curva côncava,
enquanto os de comportamento não laterítico, os saprolíticos e os

271
Pavimentos Econômicos

arenosos, podem dar uma curva convexa, tendendo a uma reta. Isto
pode ser decisivo no reconhecimento de solos de comportamento
muito próximo do limite laterítico/não laterítico.

6 ENSAIO DE PENETRAÇÃO DA IMPRIMADURA


BETUMINOSA (M6)
6.1 Considerações Preliminares
Este ensaio permite prever, preliminarmente, o comportamento do solo
quanto à Penetração da Imprimadura Betuminosa, utilizando-se
corpos de prova compactados em laboratório segundo a Sistemática
MCT.
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas
diretrizes, em seu método DER M-199/89.

6.2 Aparelhagem Específica e Materiais


a] Macho circular metálico, plano, de 1,5 mm de espessura e
35,0 mm de diâmetro.
b] Conta gotas com 2 ml de capacidade.
c] CM-30, CM-70 ou outro, que se planeja utilizar no campo.

6.3 Montagem, Extração e Secagem dos Corpos


de Prova
Obter, de preferência, corpos de prova (geralmente 05) compactados segundo
o procedimento Mini-Proctor, e introduzir, antes da colocação da
alíquota de solo, o macho circular, devidamente centrado. Em estu-
dos preliminares, resultados menos precisos podem ser obtidos com
uso do procedimento Mini-MCV-Proctor.
Extrair, cuidadosamente, os corpos de prova com o extrator de alavanca,
integrante do conjunto compactador.
Deixar os corpos de prova à sombra por, pelo menos, 60 horas.

6.4 Aplicação da Pintura Betuminosa, Cura e


Determinação da Penetração da Imprimadura
Umedecer os corpos de prova aplicando, unifor-
Tabela A.1 VISCOSIDADE E TEMPERATURA DE APLICAÇÃO DA memente no topo dos mesmos, aproximadamen-
IMPRIMADURA.
te 0,5 ml (correspondente à taxa de 0,5 l/m 2) de
água.
Efetuar a Imprimação com asfalto diluído, apli-
cando 1,2 ml (correspondente à taxa de 1,2 l/m2)
após decorridos 15 minutos do umedecimento,
obedecendo às condições fixadas na tabela A.1.
Após a Imprimação, parafinar os corpos de prova

272
ANEXO 2

(exceto na parte imprimada) e, em seguida, deixá-los em repouso ao


ar por, pelo menos, 72 horas.
S e cc iona r os cor p os de prova, long it ud i na l me nte, dete r m i na r a
espessura da camada penetrada em, pelo menos, 6 locais e calcular
média dos valores obtidos para cada corpo de prova.
Representar, gráficamente, a variação das médias obtidas, conjuntamente
com a curva de Proctor da amostra ensaiada.

7 ENSAIO MINI - CBR DE CAMPO – PROCEDIMENTO


DINÂMICO (APLICAÇÃO DE GOLPES DE SOQUETE) (M7)
7.1 Considerações Preliminares
Existem vários procedimentos para a determinação do Mini-CBR no campo.
Quando a determinação é feita estaticamente, como no método M2
deste Anexo, dispõe-se de dois procedimentos: um que utiliza carga
estática de um veículo e outro que utiliza pesos apropriados (tambo-
res de água, pesos de sondagens a percussão, etc.) (vide esquema e
referências na seção 3.6.3.6 do livro “Pavimentação de Baixo Custo
com Solos Lateríticos” de Nogami e Villibor, 1995).
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas
diretrizes, em seu método DER M-191-88.
Neste anexo apresenta-se, apenas, o procedimento dinâmico portátil, pelas
vantagens que apresenta sobre aqueles que se baseiam no uso de
carga estática.

7.2 Aparelhagem Específica


Aparelho portátil, segundo o esquema da Figura A.5.

7.3 Procedimento
t Aplainar a área onde se quer determinar o Mini-CBR, ou escolher
uma superfície plana preexistente.
t Apoiar, cuidadosamente, a ponta do penetrômetro (figura A.6)
sobre a superfície que se pretende ensaiar. Se necessário, nivelar
o conjunto variando a altura de um dos pés.
t Efetuar a leitura inicial Li.
t Aplicar um golpe do soquete e, em seguida, efetuar a leitura Lf.
t Utilizar a seguinte fórmula de correlação, ou tabelas, ou gráficos
derivados dela:
log (Mini-CBRd) = 2,28 − 1,5 log (Li-Lf)
onde: Mini-CBRd = Mini-CBR obtido pelo procedimento dinâ-
mico.
t Efetuar, pelo menos, mais 3 determinações num raio de cerca
de 10 cm da primeira, adotando-se a média. Dependendo dos

273
Pavimentos Econômicos

valores obtidos, efetuar determinações adicionais a fim de que o


resultado final tenha representatividade estatística.
t Do local em que se efetuou a penetração, retirar uma alíquota de
solo, com cerca de 100g, para determinação do teor de umidade
e, eventualmente, outras propriedades do mesmo.

Figura A.5 Esquema da


aparelhagem para medida do
Mini-CBR no campo.

Figura A.6 Penetrômetro de campo.

8 ENSAIO DA PERDA DE MASSA POR IMERSÃO (M8)


8.1 Considerações Preliminares
Este ensaio fornece uma das propriedades dos solos tropicais compactados,
consideradas na Classificação Geotécnica, da Sistemática MCT.
Proposto por Villibor (1981), foi implantado no DER-SP, com as mesmas
diretrizes, em seu método DER M-197/88.

8.2 Aparelhagem Específica


a] Suporte dos moldes de compactação para que se possam mergu-
lhar, em posição horizontal, os cilindros com os respectivo corpos
de prova (cp) e, além disso, acomodar cápsulas para coletar o solo
que, eventualmente, se desprender de cada um dos cp (figura
3.10).
b] Tanque que permita acomodar, em posição horizontal pelo menos
5 cilindros de compactação, cada um com o respectivo corpo de
prova compactado, inteiramente mergulhados em meio aquoso.

274
ANEXO 2

8.3 Preparo dos Corpos de Prova


Compactá-los segundo o método Mini-MCV, seja obedecendo à série
de Parsons ou à série Simplificada. No caso de se usar o procedimen-
to simplificado, somente serão aproveitados os corpos de prova dos
quais foi possível obter uma curva de deformabilidade completa.
Os corpos de prova que satisfazem a condição acima são extraídos, apenas
parcialmente, a fim de que, exatamente, 10 mm da parte inferior de
cada um deles, fiquem expostos ou salientes. Efetuar esta operação
logo após a compactação, lembrando que a parte exposta deve ser
protegida contra perda de umidade. Aguardar, pelo menos 1 hora,
antes de prosseguir o ensaio.

8.4 Imersão e Coleta do Solo Desprendido


Passado esse tempo, mergulhar cuidadosamente o conjunto (cilindros com os
corpos de prova), assentando-o no suporte (8.2.a) de maneira para
que fique inteiramente mergulhado no banho d’água, em posição
horizontal, pelo menos por 12 horas.
Retirar, cuidadosamente, as cápsulas nas quais houve deposição de solo e anotar
o aspecto do material depositado, o qual, após eliminação de água
limpa, deve ser colocado numa estufa, a 105-110° C (até constância
de peso), para determinação da sua massa seca desprendida (Md).
Retirar, cuidadosamente, os moldes do banho, anotar o aspecto do corpo
de prova e descartá-lo em seguida.

8.5 Cálculo da Perda por Imersão


Para os corpos de prova em que não ocorreu desprendimento de material,
adotar Perda por Imersão Pi = 0.
Para os corpos de prova em que houve desprendimento, calcular a perda Pi,
pela fórmula:

onde:

Me = Massa Seca da parte extrudada do corpo de prova [g].


Md = Massa Seca desprendida [g].
Fc = 0,5 somente quando a parte desprendida é um monobloco.
Fc = 1,0 para os outros casos.

Representar os valores de Pi obtidos, em função de seus respectivos Mini-MCV, e

275
Pavimentos Econômicos

obter as Perdas de Massa Pi, por interpolação, correspondentes às


seguintes situações:
t Solos de baixa MEAS (hcp ≥ 48 mm): Calcular a Perda no Mini-
MCV = 10.
t Solos de alta densidade (hcp < 48 mm): Calcular a Perda no Mini-
MCV = 15.
Onde: hcp = altura do corpo de prova no final da compactação.
O valor da Perda, Pi, obtido conforme as instruções acima, será usado
para fins classificatórios.

9 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA MCT (M9)


9.1 Considerações Preliminares
Esta classificação foi desenvolvida tendo em vista que as classificações tradicionais
baseadas nas propriedades índices (tais como granulometria, limites
de liquidez e índice de plasticidade, compreendendo aquelas conheci-
das por Classificação Unificada-USCS e HRB-AASHTO), quando apli-
cadas para os solos típicos dos climas tropicais úmidos (incluindo os
lateríticos e saprolíticos), resultavam em incongruências relativamen-
te às suas propriedades mecânicas e hídricas e, consequentemente, no
estabelecimento de uma hieraquia para os diversos grupos.
Assim, solos considerados por aquelas classificações como inservíveis para bases
de pavimentos, frequentemente, possuiam elevada capacidade de
suporte. Como resultado, a aplicação daquelas classificações tornava
a escolha preliminar de solos para uso em rodovias, muitas vezes,
incorreta e restringia a utilização de jazidas de solos de boa qualida-
de, com consequente aumento nos custos de construção.
Os fatos acima relatados foram verificados logo após a introdução dos princípios da
Mecânica dos Solos no estudo de solos para rodovias, no inicio da
década de quarenta.
No ínicio da década de setenta, engenheiros do DER-SP e pesquisadores da USP
começaram a desenvolver uma nova classificação mais adaptada para
os solos e ambiente tropical úmido, brasileiros. O procedimento que
pareceu mais promissor foi o uso de CBR em escala miniatura, redu-
zindo as dimensões dos equipamentos para l/3, em relação aos tradi-
cionais. Essa diminuição resultou em drástica redução dos custos
desse ensaio e permitiu, com menores gastos, a determinação de
outras propriedades tais como suporte sem embebição, contração,
infiltrabilidade, permeabilidade, etc.
Somente no início da década de oitenta, foi possível vislumbrar uma classificação
geotécnica com base no Mini-CBR, que, entretanto, era específica
demais. Para torná-la mais genérica, utilizou-se com sucesso um novo
ensaio de compactação designado MCV — de Moisture Condition

276
ANEXO 2

Value, proposto em 1976, por Parsons do então Road Research Labo-


ratory da Grã-Bretanha. Foi necessário, ainda, introduzir um novo
ensaio, que é o M8 deste Anexo.
A Classificação Geotécnica MCT foi apresentada pela primeira vez em 1981,
por Nogami e Villibor, no Simpósio de Solos Tropicais em Engenharia
- COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro. Algumas alterações, mais substanciais,
foram apresentadas pelos autores no Primeiro Congresso Internacio-
nal de Geomecânica Sobre Solos Tropicais Lateríticos e Saprolíticos,
Brasília, 1985. Foi implantada no DER-SP, com as mesmas diretrizes,
em seu método DER M-196/89, com a designação “Classificação de
Solos Tropicais, segundo a metodologia MCT”.
A maior alteração, feita mais recentemente pelos autores, refere-se à introdu-
ção de um novo conceito do coeficiente c’, concebido em 1998, já
introduzido neste Anexo. Tal alteração, entretanto, mantém o uso
do gráfico classificatório original, a não ser no caso de areias, em
que a compactação adotada na metodologia MCT apresenta algu-
mas restrições que só poderão ser resolvidas mediante estudos de
compactação desses solos no campo, envolvendo execução de trechos
experimentais.

9.2 Ensaios e Procedimento Classificatório


A compactação MCV, realizada em moldes usados no ensaio Mini-CBR, foi
designada de Mini-MCV (o MCV usa corpos de prova de 100 mm de
diâmetro e o Mini-CBR, corpos de prova de 50 mm de diâmetro).
O ensaio Mini-MCV fornece duas propriedades de interesse classificatório:
t Inclinação da Curva deformabilidade, designada coeficiente c’.
t Inclinação do ramo seco da curva de compactação corresponden-
te à energia de 12 golpes do soquete leve (2270 g, queda de 30cm,
seção plena), quando se usa a Série de Parsons e 10 golpes para a
Simplificada, designada coeficiente d’.
O ensaio da Perda de Massa por Imersão fornece o coeficiente Pi.
A classificação MCT considerou a laterização expressa, numericamente, pela fórmula:

onde:
e’ = índice de laterização.
Pi = perda de massa por imersão, obtida segundo o método M8, em [%].
d’ = inclinação do ramo seco da curva de compactação MCV obtida conforme
acima.
Nesta fórmula e no Gráfico Classificatório, os valores numéricos foram obtidos
considerando, como modelo de comportamento laterítico, os solos
classificados pedologicamente como latossol roxo e latossol verme-

277
Pavimentos Econômicos

lho escuro, da classificação do “Levantamento de Reconhecimento


de Solos do Estado de São Paulo”, Ministério da Agricultura, 1960. A
raiz cúbica foi adotada, apoiada em aproximadamente uma centena
de dados disponíveis até 1984, a fim de que os solos das duas classes,
de comportamento laterítico e não laterítico, ocupassem áreas equi-
valentes no Gráfico Classificatório.
O Gráf ico Classif icatór io e o quadro referente às propr iedades dos
grupos e hierarquização constam da figura 3.11 e tabelas 3.4 e 3.5.
Informações adicionais sobre a ocorrência dos diversos grupos da classificação
podem ser obtidas na Seção 3.7.8 do livro “Pavimentação de Baixo
Custo com Solos Lateríticos”, Editora Vilibor, São Paulo, 1995.

9.3 Procedimentos Expeditos de Classificação


Numerosas tentativas têm sido feitas no sentido de se obter a classificação
MCT, mais expeditamente do que mediante o procedimento acima
descrito. Dentre elas cabe citar:
a] Equipamento subminiatura: no qual os corpos de prova são de
26 mm de diâmetro, porém com procedimento idêntico àquele
baseado no Mini-MCV. A menor quantidade de amostra necessá-
ria (apenas 30g) permite que se faça a determinação muito mais
rapidamente e com muito menos esforço.
b] Método das Pastilhas: inicialmente moldadas em estado de
pasta (preparada com a fração de solo que passa na peneira de
0,42 mm), de consistência padronizada (pelo uso de um mini-
penetrômetro), em anéis de 20 mm de diâmetro interno e 5mm
de altura. Esses corpos de prova são submetidos à secagem à baixa
temperatura (cerca de 50°C em estufa ou ao ar), após a qual a
contração diametral é medida. Essa contração correlaciona-se,
razoavelmente, com o coeficiente c’ (eixo x do gráfico classifica-
tório). As pastilhas obtidas são, em seguida, submetidas à embe-
bição de água, por capilaridade. A consistência das pastilhas, após
a embebição, é determinada com o uso do mini-penetrômetro já
referido. O valor da consistência obtida após embebição corre-
laciona-se, razoavelmente, com o coeficiente e’, possibilitando
classificar a amostra ensaiada. O subitem 3.2.10 apresenta mais
informações sobre esse método; para esclarecimentos adicionais
sugere-se a leitura do trabalho técnico “Modificações Recentes na
Classificação Geotécnica MCT” de Nogami e Villibor (2003).
c] Pastilhas e outras propriedades, obtidas das pastas da fração
passada na peneira de 0,42 mm de abertura, tais como: plasticida-
de, umidade de moldagem, resistência ao esmagamento de esferas
(bolinhas com cerca de 20 mm de diâmetro), comportamento
dessas esferas à imersão total ou parcial em água, plasticidade e

278
ANEXO 2

ou rigidez das pastas, etc, podem, para certos solos, permitir uma
classificação aproximada dos grupos MCT a que pertence o solo.
Vários procedimentos estão em fase de pesquisas.
Para maiores esclarecimentos sobre os métodos dos ensaios da MCT apresentados,
os autores sugerem a consulta aos métodos oficiais do DER-SP e do
DNIT, disponíveis em seus manuais de ensaio.

9.4 Exemplo para obtenção da Classificação MCT


de um Solo com Uso da Série Simplificada de
Nogami e Villibor
Por permitir a obtenção rápida da classificação geotécnica MCT de um solo,
que é pouco divulgada no meio técnico, é apresentado um exemplo
completo do procedimento em questão. Para tanto utilizam-se os
ensaios de Mini-MCV (M5) com a série simplificada, e da Perda de
Massa por Imersão (M8).
Para esse exemplo adotou-se uma amostra representativa de um solo designada S.
Para classificá-lo devem-se obter os seguintes elementos:
1ºPasso: curvas de deformabilidade Mini-MCV e coeficiente c’.
2ºPasso: curvas de compactação e coeficiente d’.
3ºPasso: Perda de Massa por imersão (Pi).
Com esses elementos e com o gráfico classificatório da MCT, obtém-se a
Classificação MCT do solo.

9.4.1 Curvas de Deformabilidade com seus Mini-MCV


e coeficiente c’ (1º Passo)
a) Dados para obtenção da curva de deformabilidade
No processo de compactação, pelo procedimento Mini-MCV com a série simpli-
ficada, calculam-se as diferenças de alturas (afundamentos) segundo
a expressão:
∆ an = (An – A F) [mm]
onde:
An = Altura do corpo de prova correspondente aos números de golpes n:
3,6,10,20,40..................[mm].
A F = Altura final do corpo de prova [mm].
Efetua-se a compactação Mini-MCV para o cp1, na umidade de compactação
Hc; com os dados obtidos, indicados na tabela A.2, calculam-se os
afundamentos em mm, conforme abaixo:

279
Pavimentos Econômicos

b) Obtenção das curvas de deformabilidade da série simpli-


ficada
Plotar em gráfico os dados indicados na tabela A.2. No
Tabela A.2 DADOS PARA A OBTENÇÃO DA CURVA
eixo das abscissas é plotado, em escala logarítmica, o
DE DEFORMABILIDADE DO CP1.
número de golpes n e, no eixo das ordenadas, o afunda-
mento ∆ an, em escala linear. Com estes dados traça-se
a curva de deformabilidade indicada na figura A.7.
De modo análogo aos cálculos efetuados para o cp1
e indicados na tabela A.2, (Hc = 18,5 %) elabora-se a
tabela A.3 para outros teores de umidade: Hc =16,3; 14,8
e 13,3 %.
Com os dados da tabela A.3, foram traçadas as curvas de
deformabilidade, de forma similar à do cp1, para o cp2 e
o cp3; a figura A.8 mostra as três curvas.

Figura A.7 Curva de deformabilidade do cp1 da amostra S.

Tabela A.3 DADOS DE ENSAIOS DOS CP1, CP2, CP3 E CP4 PARA OBTENÇÃO DAS CURVAS DE
DEFORMABILIDADE.

280
ANEXO 2

c) Cálculo dos valores do Mini-MCV das curvas


As intersecções da linha ∆ an = 2,00 mm com as curvas de deformabilidade da
figura A.8, fornecem o número de golpes n para as
Tabela A.4 DADOS PARA OBTENÇÃO DAS
três curvas (uma para cada teor de umidade). Com
CURVAS DE DEFORMABILIDADE.
os valores n obtidos, são calculados os respectivos
valores do Mini-MCV = 10 log n, conforme tabela
A.4.
Esses valores serão usados para traçar as curvas Pi e A F versus
Mini-MCV, indicadas nas figuras A.10 e A.11.
d) Cálculo do coeficiente c’
O coeficiente c’ é a inclinação da curva de afundamento
correspondente ao valor de Mini-MCV = 10 (hipo-
tética). Para tal, seguindo-se as inclinações das outras curvas, inter-
pola-se uma curva que passe pelo ponto de abscissa = 10 golpes e
ordenada 2,0 mm.
Por exemplo, o valor de c’ para o cp1 da figura A.8 foi calculado por:

Figura A.8 Curvas de deformabilidade (ou de Mini-MCV) para os três corpos


de prova.

O valor desse coef iciente correlaciona-se, aprox imadamente, com a


granulometria do solo (vide subitem 3.2.9).

281
Pavimentos Econômicos

9.4.2 Curva de compactação e coeficiente d’ (2º


Passo)
a] Cálculo da Massa Específica Aparente Seca (MEAS)
Os dados das MEAS da tabela A.5 foram calculados conforme o exemplo indi-
cado a seguir.
Para o cálculo da MEAS do cp1 e com o número de golpes
Tabela A.5 DADOS PARA O CÁLCULO DO n= 10 tem-se:
COEFICIENTE ’.
Dados para o cp1:
Rcp = 2,5 cm = raio cp1
Acp = πR 2 cp = 19,63 cm 2 = área do cp1
A10 = 47,30 mm =4,73 cm = altura final do cp1
Vcp1= Acp x A10 = volume do cp1 para 10 golpes:
Vcp1 = 19,63 x 4,73 = 92,85 cm3

Cálculo da MEAS:

onde:
Mh e Ms = massa específica úmida e seca respectiva-
mente.
Hc = teor de umidade de compactação.

MEAS = Ms / Vcp1 = 168,77/92,85 = 1,818g/cm3

Para os outros valores das MEAS da tabela A.6, o procedimento de cálculo é idêntico.
b] Curva MEAS versus Hc e obtenção do d’
Com os valores da tabela A.6 e para os números de golpes n = 10 e 20,

Tabela A.6 OBTENÇÃO DOS VALORES DA MEAS PARA O TRAÇADO DAS CURVAS
DA MEAS VERSUS HC.

282
ANEXO 2

traçam-se as curvas de MEAS versus Hc indicadas no gráfico da


figura A.9.
No gráfico da figura A.9, de acordo com as unidades utilizadas (MEAS kg/m3
e Hc %), e para n =10 golpes, obtém -se o coeficiente d’ conforme
indicado:

Figura A.9 Curva de compactação da MEAS versus Hc.

A curva de 20 golpes foi traçada para efeito de controle da inclinação da curva de


10 golpes.
9.4.3 Procedimento para obtenção da Perda de Massa
por Imersão (Pi) representativa do solo S (3º
Passo)
Para tanto deve-se:
t Obter a curva da Pi versus Mini-MCV para os cp1, cp2 e cp3.
t Determinar o valor do Mini-MCV no qual deve-se obter a Pi
representativa do solo.
t Cálculo do valor da Pi representativa do solo S.

a] Curva da Pi versus Mini - MCV para os cp1, cp2 e cp3


a.1) Cálculo da Perda de Massa (Pi) para os cp1, cp2 e cp3
Pi é determinada da seguinte forma:
t Após a compactação, os corpos de prova resultantes são parcial-
mente extrudados do molde (1,0 cm) e colocados em água, com
seu eixo na horizontal, para a determinação da perda de massa
por imersão. Vide método M8.
t A massa, eventualmente desprendida durante o ensaio, é coletada
após a secagem, para o cálculo da perda de massa por imersão

283
Pavimentos Econômicos

(Pi), que é a relação entre a massa seca que se desprendeu (Md) e


a massa seca (1 cm) colocada para fora do cilindro (Me), expressa
em porcentagem.
Conforme M8:

onde:
Pi = Perda de massa por imersão.
Md = Massa seca desprendida [g].
Me = Massa seca extrudada = 1,0 cm x área do cp x MEAS.
Fc = Fator de correção = 1, no caso desse exemplo.

n Cálculo, em detalhe, do valor da Pi para o cp1:


Obtenção da Md: Submeter o cp1, resultante do processo de
compactação Mini-MCV, ao ensaio de perda; após seu término,
separar a massa seca desprendida do cp1, em recepiente próprio e
submetê-la à secagem, em estufa, até a constância de peso. Nesta
condição obter o valor da massa seca (Md) que, para o exemplo,
foi Md = 53,50 g.
Cálculo da Me: Será obtida através da massa seca correspondente
ao (Ve) volume extrudado de 1 cm do cp.

Para o cp1, tem-se:


Ve = 1,0 cm x área do cp = 1,0 x 19,63 = 19,63 cm3 (volume extrudado).
Na tabela A.5, obtém-se o valor da MEAS = 1,818 g/cm3, para o cp1.
Com o valor da MEAS e o valor de Ve obtem-
Tabela A.7 VALORES DA PI PARA CP1, CP2 E CP3.
se:
Me = 1,818 x 19,63 = 35,69 g

Figura A.10 Gráfico Pi versus Mini-MCV.

284
ANEXO 2

n C á l c u l o d o
valor de Pi
Substituindo os valores de Md e Me na expressão, tem-se:

Esse valor de Pi = 150 % acha-se indicado na tabela A.7 para o cp1.


De forma análoga, calculam-se os valores de Pi para o cp2 e cp3, (tabela A.7).

a.2) Traçado da curva Pi x Mini-MCV


Com os valores da tabela A.7, usando escalas lineares, foi traçada a curva
da Pi versus Mini-MCV do solo S, (figura A.10).

TABELA A.8 VALORES DO MINI-


b] Determinação do valor do Mini-MCV, no qual MCV E A F.
se deve obter a Pi
Inicialmente, deve-se calcular o valor
d a A F do c p no M i n i- MC V = 10 e, ap ó s,
aplicar o critério para definir qual o Mini-MCV de
referência, para determinar a Pi em função do A F
calculado.
Para tanto, deve-se:
t Traçar a curva A F versus Mini-MCV e, no Mini-MCV = 10, obter
o valor correspondente da A F.
t Aplicar critério para determinar em qual Mini-MCV deve-se obter
a Pi do solo (Mini-MCV = 10 ou 15).
b.1) Cálculo do valor da AF no Mini-MCV = 10

Figura A.11 Gráfico Mini-MCV versus A F.

Para esse fim usam-se os procedimentos:


1) Obter a altura final (hcp = A F) do cp no fim da compactação, a

285
Pavimentos Econômicos

partir da curva de deformabilidade mais proxima da curva corres-


pondente ao Mini-MCV = 10.
As tabelas A.3 e A.4 fornecem os valores do Mini-MCV e da A F, indicados na
tabela A.8.
Por essa tabela obtém-se o valor da A F = 45,50 mm, como a altura final do cp2,
no Mini-MCV = 11,1, que é o mais próximo do Mini-MCV = 10.
2) Q u a n d o for necessário deter minar, com
ma ior prec isão, o va lor de A F pa ra o M i n i-
MCV = 10, pode-se fazê-lo por interpolação, conforme indicado
na figura A.11, obtida com os dados da tabela A.7.
Da figura A.11, por interpolação, obtém-se A F = 46,00 mm.
Portanto, pelo dois procedimentos, o valor da A F do solo S é igual ou inferior a
46,00 mm.

b.2) Critério para determinação do valor da Pi:


O critério baseia-se no seguinte:
n Se a altura A F for inferior a 48 mm (indicando solo com alta
densidade), a Pi é determinada para o Mini-MCV = 15.
n Caso contrário, altura maior que 48 mm, (solo com baixa
densidade) a Pi é determinada para Mini-MCV = 10.
Seg undo esse critér io sendo A F < 48 mm, deve-se calc ular o valor
da Pi do solo S no Mini-MCV = 15.

c] Cálculo do valor da Pi do solo S


No gráfico da figura A.10, entrando com valor de Mini-MCV = 15, determinado
acima, obtém-se, da curva de Pi versus Mini-MCV, o valor da perda
para solo S: Pi = 20 %.

9.4.4 Classificação MCT do solo S


Para a classificação do solo é necessário o valor de c’, o cálculo do índice e’
e o gráfico classificatório da MCT.
a] Cálculo do índice e’
Para o solo S foram obtidos: d’ = 100 (vide figura A.9) e Pi =
20 %.
Com esses valores obtém-se o índice de laterização e’:

O valor desse índice indica o comportamento laterítico, ou não, do solo (subitem 3.2.9).

b] Valores para a classificação MCT do solo

286
ANEXO 2

Figura A.12 Gráfico da classificação MCT.

Conforme obtidos, anteriormente, têm-se:

c’ = 1,33 (vide figura A.8) e e’ = 0,74.

c] Classificação MCT
Plota r os va lores ac i ma no g rá f ico classi f icatór io da f ig u ra A .12,
para obter a classificação do solo.
Pela posição no gráfico classificatório da MCT, o solo S pertence:
t A classe L: Solo de comportamento. laterítico.
t Ao grupo LA’: Solo Laterítico arenoso.

Para esse solo, a estimativa de suas propriedades, com seus valores numéricos, e
sua utilização em rodovias acham-se indicadas nas tabelas 3.4 e 3.5
do subitem 3.2.9.

287
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