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RELATÓRIO DE NÃO CONFORMIDADES

Elaborado por: Hellô Carapau ao Mar, SROC


Heloísa Becker
Maria Sereno
Paula Martins SROC

UFCD 0622 – AUDITORIA E CONTROLO INTERNO


Formadora: Dra. Rute Silva

MARÇO/2022
RELATÓRIO DE NÃO CONFORMIDADES – MARWINE

Registos Contabilísticos
Para todos os registos analisados

Nota prévia: A informação analisada carece de organização e um maior cuidado na


apresentação, o que dificultou uma análise linear e mais célere.

De salientar, entre as maiores dificuldades, a ausência de datas de registo no razão


esquemático, células em branco no meio dos registos da conta e o atraso no envio da
informação relevante e crucial para o bom desenvolvimento do trabalho de auditoria.

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Pessoal
Processamento de vencimentos

Taxa de Retenção na Fonte, em sede de IRS, de 3% para a totalidade dos trabalhadores.


Da análise às tabelas de IRS de 2021, e para os valores de salário bruto apresentados
(1.304,00€ e 1.154,00€), nenhum trabalhador se enquadra naquele valor de taxa, pelo
que todos os vencimentos líquidos estão incorretamente calculados.

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Analisando o “Mapa auxiliar a Processamento de Salários – Outubro”, constante do


separador “Remunerações”, verifica-se que o valor apurado para o salário líquido se
encontra incorretamente calculado, uma vez que a fórmula remete para:

RB – 11% TSU – 23,75% TSU + subs alim

Todavia em termos de registo contabilístico nas contas 6311 e 6321, os valores


mencionados estão em conformidade com a fórmula para o cálculo do valor líquido desta
remuneração:
RL = RB – 11% TSU – RF IRS + sub alim

Os subsídios de refeição devem ser registados nas respetivas subcontas (63115/63215


Subsídio de refeição) das contas 631/632, consoante digam respeito a subsídios
atribuídos aos órgãos socias ou ao pessoal.

A conta 638 – Outros gastos com o pessoal “Engloba outros gastos com pessoal,
nomeadamente formação, gastos com vestuário e calçado e transporte de pessoal.”

In Portaria nº 189/2016, de 14 de julho

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Os pagamentos efetuados nos meses de novembro e dezembro respeitantes a


vencimentos, TSU e Retenção na Fonte não podem ser feitos numa única transferência,
pois destinam-se a entidades distintas, pelo que deverá ser feita transferência em
separado para cada uma das entidades (como demonstrado infra).

A contabilização do subsídio de Natal está registada indevidamente nas contas


6312/6322, quando as contas corretas seriam 63113/63213.

As contas 6312 e 6322 registam abonos variáveis ou eventuais, que não é o caso do
Subsídio de Natal, que é um rendimento certo e permanente.

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No mês de dezembro não foram contabilizados os valores de Retenção na Fonte, em sede


de IRS, respeitantes ao Subsídio de Natal.

No mês de dezembro não foram contabilizados os valores de Encargos da Segurança


Social sobre remunerações, respeitantes ao Subsídio de Natal.

O valor do Subsídio de Natal está incorretamente calculado. O valor correto é calculado


tendo por base a fórmula: RB/12 * 3

Para os Órgãos Sociais temos: 1.304,00€/12 * 3 = 326,00€ de Subsídio de Natal para cada
um dos sócios (1.304,00€ no total, e não o valor registado de 1.043,20€).

Para o Pessoal: 1.154,00€/12 * 3 = 288,50€ de Subsídio de Natal para cada um dos


trabalhadores (577,00€ no total, e não o valor registado de 461,60€).

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Capital
Realização do Capital

Não há indicação de que forma o valor foi realizado (em numerário, por cheque ou por
transferência bancária). Em relação à entrada do valor em Bancos (conta 121) apenas
está contabilizado um movimento único, quando deveria ter sido feito um registo por
cada sócio.

A subscrição e realização de Capital têm por base um único movimento, quando deveriam
ser quatro movimentos (um por cada sócio).

A conta 444 – Propriedade Intelectual designa-se, de acordo com a Portaria 218/2015,


de 23 de julho como Propriedade Industrial, apesar de poder designar-se como
Propriedade Industrial e Intelectual, de acordo com a Portaria 189/2016, de 14 de julho.

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Compras
Mercadorias / Ativos Fixos Tangíveis / Ativos Intangíveis

Na conta 433 – Equipamento Básico foram registados os valores respeitantes a


Empilhadora, Computadores, Tablets e Telemóveis. Somos da opinião de que apenas a
Empilhadora deverá estar registada nesta conta, os restantes itens devem estar
registados na conta 435 – Equipamento Administrativo.

Os equipamentos devem ser registados por natureza de artigo (computadores, tablets,


telemóveis, etc.) e não de forma agrupada num único registo.

Na conta 443 – Programas de computador não deve ser feito um único registo para os
diversos softwares, dado tratar-se de artigos diferentes e com finalidades distintas.

O IVA dedutível da carrinha de transporte, adquirida pelo valor de 11.382,11€ + IVA, foi
erradamente contabilizado na conta 243213 IVA Dedutível Inventários, ao invés de estar
contabilizado na conta 243223 IVA Dedutível AFT, pelo valor de 2.617,89€.

Foi adquirida mercadoria, a crédito, ao fornecedor Producenter no valor de 164.062,39€


+ 23% IVA, estando apenas registado contabilisticamente o valor de 139.241,77€ + IVA,
encontrando-se por registar o valor de 24.820,62€ + IVA.

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Fornecimentos e Serviços Externos


(outubro, novembro, dezembro)

Nos 3 meses em análise, não há evidências de registo das faturas aquando da receção,
apenas do seu pagamento. Considera-se que deverá ser feito o registo da fatura (conta
6, por contrapartida de 278) e posteriormente o seu pagamento (conta 278, por
contrapartida de 121).

Em relação aos Seguros (Auto, Instalações e Equipamentos) não encontramos evidências


do registo do respetivo Imposto do Selo, para os 3 meses em análise.

Em relação à fatura de consumo de Água (outubro e dezembro), verificou-se que o IVA


está erradamente calculado e contabilizado. Este serviço é taxado à taxa reduzida de IVA
(6%), pelo que o valor a registar deveria ser de 8,70€, ao invés de 33,35€, e contabilizado
na conta 243231.

Em relação ao Combustível, uma vez que se trata de gasóleo para carrinha de transporte
de mercadorias, o mesmo confere direito à dedução em 50% do seu valor, pelo que o
valor a registar em custo com combustível, conta 6242, deverá ser o valor base acrescido
de parte do valor do IVA que não confere direito à dedução, neste caso 446,00€ (400,00€
+ 46,00€), e não apenas 400,00€ como se encontra registado. Não há qualquer evidência
de registo do remanescente do valor respeitante ao IVA, nem evidência do seu
pagamento, uma vez que o valor debitado da conta 121 Bancos é de 446,00€. Esta
situação repete-se para os 3 meses analisados.

Em relação à renda das instalações (caução e meses de outubro, novembro e dezembro),


verificou-se que não se encontra corretamente contabilizada e calculada, dado que
enquanto pessoa coletiva, a Marwine, está obrigada a fazer a retenção na fonte de 25%,
ao abrigo do art.º 101º, nº 1, alínea e) do CIRS (segundo informação do sócio Nuno
Travanca, o senhorio é pessoa singular), devendo esse valor de retenção ser entregue ao
Estado até ao dia 20 do mês seguinte àquele a que respeita.

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A contabilização da renda deveria ser feita da seguinte forma:

Relativamente à contabilização do custo com manutenção de conta, consideramos mais


correto o seu registo na conta 6227, ao invés da conta utilizada (688 – Outros). Verificou-
se também que não foi considerado o valor respeitante ao Imposto do Selo, a ser
contabilizado na conta 681231. Esta situação repete-se nos 3 meses em análise.

No mês de novembro, verificou-se o registo de compras de mercadorias no valor de


70.000,00€ + IVA, estando o IVA correspondente erradamente contabilizado na conta
243233 (Iva dedutível fornecimentos e serviços externos 23%), quando deveria estar na
conta 243213 (Iva dedutível existências taxa 23%). Verificou-se também que não existe a
contabilização da compra na conta corrente de fornecedores, contrariamente ao
sucedido com a compra realizada no mês de outubro.

De acordo com os documentos analisados, verificou-se que foi realizado um pagamento


em 26/11/2021, no valor de 86.100,00€ ao Fornecedor Producenter para liquidação da
fatura recebida dia 24/11/2021. Todavia, verifica-se que não existe qualquer registo
desta fatura no mês de novembro na conta de fornecedores.

De acordo com os documentos analisados, verificou-se que foi realizado um pagamento,


em 17/11/2021, no valor de 150.000,00€ ao Fornecedor Producenter para liquidação
parcial do valor em dívida, referente a fatura recebida dia 15/11/2021. Todavia, verifica-
se que não existe qualquer registo desta fatura no mês de novembro na conta de
fornecedores, existindo sim um saldo para este fornecedor registado no mês de outubro.

No mês de dezembro, verificou-se o registo de compras de mercadorias no valor de


30.000,00€ + IVA, estando o IVA correspondente erradamente contabilizado na conta

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243233 (Iva dedutível fornecimentos e serviços externos 23%), quando deveria estar na
conta 243213 (Iva dedutível existências taxa 23%).
Dos documentos analisados, retira-se que a 19/11/2021, foi liquidada a fatura da
Publicitys, rececionada no dia 17/11/2021 no valor de 153.75€, através de transferência
bancária. Da verificação dos registos, constata-se que o pagamento foi feito em duas
tranches, uma no valor de 51,25€ e outra no valor de 102,50€.

Da análise dos documentos verificou-se que, em 22/12/2021, foi feito um pagamento,


através de cheque nº 8004, ao fornecedor Altivez, Imp/Exp, no valor de 20.000,00€ para
liquidação da fatura de fornecimento emitida nessa data.
No mesmo dia, foi realizado um segundo pagamento, através de cheque nº 8005, ao
fornecedor Producenter, no montante de 20.000,00€, referente a fatura de fornecimento
emitida a 22/12/2021.
Porém, nos registos contabilísticos, verificou-se a saída de Bancos de um montante único
de 40.000,00€, ao invés de dois débitos diferenciados, por contrapartida de uma conta
de fornecedores conta corrente (22111) e outra de fornecedores de investimento (2711).
Uma vez mais, verifica-se que não existe qualquer registo destas faturas no mês em
apreço, quer na conta de fornecedores conta corrente, quer na conta de fornecedores
de investimento.

Verifica-se, no mês de dezembro, o registo de gastos na conta 6881, que não parece ser
o mais correto, uma vez que esta conta se destina a fazer correções relativas a períodos
anteriores, nomeadamente “Esta conta regista a diminuição de impostos (diretos e
indiretos) e taxas a corrigir ao período anterior, quando a estimativa foi superior ao
imposto liquidado («devido a final»). (Portaria 189/2016, de 14 de julho). Deste modo,
apresenta-se infra a proposta de registo:

 Pagamento de multa (por MbWay), no valor de 120,00€ - conta 6888


 Pagamento Via Verdão (portagens/estacionamento), no valor de 250,00€ + IVA -
conta 6251 e conta 243231/243232/243233 (consoante a taxa de IVA aplicável)
 Pagamento da taxa de manutenção de conta – já indicado supra qual o tratamento
adequado

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Relativamente ao pagamento da fatura de EMLI, no valor de 43,90€ + IVA, não temos


informação a que respeita este gasto, pelo que não é possível determinar se está
corretamente contabilizado.
Por indicação dos sócios, o valor das provisões para garantias a clientes foi calculado
tendo por base as vendas do trimestre (428.796,83€) e corresponderia a 5% do valor total
das mesmas. Apurar-se-ia assim, um valor de provisões para garantias a clientes de
21.439,84€. No entanto, verifica-se o registo nas contas 29 e 672 do valor de 73.200,00€,
que corresponde a aproximadamente 17% das vendas, contrariando as informações
disponibilizadas.

Relativamente aos lançamentos de final de exercício obrigatórios, verifica-se que não há


registo em conta de diferimentos (281 – Gastos a reconhecer) dos valores estimados para
os consumos respeitantes a água, eletricidade e comunicações, assim como não há
reconhecimento do custo respeitante aos encargos com férias e subsídio de férias (2 dias
por cada mês), e que deveria estar registado na conta 2722.

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Depreciações
(outubro, novembro, dezembro)

Nota prévia: O artigo 33.º do CIRC - «Elementos de reduzido valor», com a redação que
lhe foi introduzida pela Lei n.º 2/2014, de 16 de Janeiro, passou a estabelecer o seguinte:
“Nos casos em que o custo unitário de aquisição ou produção de elementos do activo
sujeitos a deperecimento não ultrapasse 1.000 €, é aceite a sua dedução integral no
período de tributação em que seja reconhecido, excepto quando tais elementos façam
parte integrante de um conjunto que deva ser depreciado ou amortizado como um todo”.

Da análise ao Mapa de Depreciações da Marwine pode concluir-se que, para os itens


abaixo assinalados a amarelo, a entidade utilizou a taxa de amortização correta (33,33%),
mas indicou no seu mapa de depreciações a taxa de 20%. Mais se verifica que para alguns
dos bens considerados na tabela, o código utilizado pela entidade, bem como as taxas de
depreciação, não são os mais corretos, pelo que se apresenta proposta de retificação nas
colunas com referência a SROC.

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Nos registos contabilísticos respeitantes a depreciações, são apresentados valores


superiores para os meses de novembro e dezembro, em comparação com o mês de
outubro, não havendo, no entanto, qualquer evidência de aquisição de novos ativos fixos
tangíveis. O valor registado passou de 586,10€, em outubro, para 668,69€ nos restantes
meses do trimestre.

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Vendas
(outubro, novembro, dezembro)

Nota prévia: a entidade responsável pela auditoria não teve acesso à informação no que
concerne ao custo de aquisição das mercadorias vendidas pela entidade.

Quando ocorre uma venda, dever-se-á fazer o registo de forma individual, na conta 71
tendo por base a fatura a que corresponde a venda. Da mesma forma, a saída das
mercadorias de armazém, o registo na conta de IVA Liquidado, o registo na conta de
clientes, bem como o registo na conta CMVMC deve também ser feito de forma individual
e não como um valor global, por forma a transmitir informação clara e inequívoca.

Da análise da informação recebida, verificou-se que durante o mês de outubro foram


realizadas as seguintes vendas:

Cliente VRAJ, a 1/10/2021


 2.239,59€ + IVA

Cliente HCM, a 2/10/2021


 12.618,89€ + IVA
 102.369,59€ + IVA

Cliente WF, a 19/10/2021


 7.746,99€ 6+ IVA

No entanto, pela análise dos registos contabilísticos, verifica-se que os lançamentos não
estão corretamente efetuados. Foi feita uma única saída de armazém (conta 321) por
contrapartida de CMVMC (conta 611), no valor total de 84.278.69€, quando deveriam ter
sido feitos 4 lançamentos distintos. Em relação ao cliente HCM, verificou-se o registo
conjunto das duas vendas numa única, nas contas de vendas (711), IVA Liquidado
(243313) e clientes (211101).

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Verificou-se a devolução de mercadorias por parte do cliente HCM, cujo registo


contabilístico está corretamente efetuado.

Nos mês de novembro, foram registadas vendas aos clientes Jolumo (43.267,50€ + IVA)
e Páginas Amarelas (132.500,00€ + IVA), não tendo sido verificado o respetivo registo na
conta de clientes conta corrente. A venda (conta 711) e respetivo IVA Liquidado (conta
243313) foi feita por contrapartida direta de Bancos (conta 121)

Da informação analisada apurou-se a existência de um adiantamento do cliente HCM, no


valor de 2.500,00€ + IVA, sendo referido pela Marwine a emissão de um recibo de
adiantamento. Contudo, a obrigação legal nestas situações, em cumprimento da alínea
c) do n.º 1 do artigo 36.º do CIVA, prevê a emissão de uma fatura à data do recebimento,
uma vez que o IVA se torna exigível no momento de recebimento do adiantamento, pelo
montante recebido. Isto é quando se trata de um adiantamento, o fornecedor que
recebe o dinheiro tem de liquidar o IVA, e por sua vez o cliente que faz o adiantamento
de compras futuras pode deduzir o IVA referido no valor, operação sustentada pela
emissão de uma fatura e não pela emissão de um recibo de adiantamento.

No mês de dezembro foi feita a “anulação do adiantamento de 10% que o Cliente HCM
havia feito, referente a alienação de mercadorias sem preço fixado, e emissão de fatura
no valor de” 25.000,00€ + IVA. A fazer fé na informação transmitida pelos sócios, o registo
do adiantamento não se encontra devidamente contabilizado, uma vez que deveria ter
sido utilizada a conta 218 – Adiantamentos de clientes (adiantamentos recebidos para
vendas futuras sem preço fixado), ao invés da conta 276 – Adiantamentos por conta de
vendas (adiantamentos recebidos respeitantes a vendas futuras com preço fixado). No
entendimento da AT, o procedimento a adotar deve ser: emissão de uma fatura no
momento do adiantamento, emissão de outra fatura em consequência da venda, pelo
valor total dos bens, sem abater o valor do adiantamento recebido, emissão de uma nota
de crédito a anular o adiantamento e, por fim, emissão de um recibo no momento do
recebimento do valor em dívida.

A informação facultada pelos sócios refere o recebimento de um adiantamento do


Cliente DIGA PC, à data de 27/12/2021, referente à fatura emitida nessa mesma data.
Uma vez que não há qualquer registo respeitante ao adiantamento referido, equaciona-
se a possibilidade de estarmos perante um pagamento parcial e não de um

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adiantamento. Esta hipótese é sustentada pelos movimentos contabilísticos verificados,


dado que apenas há registo da entrada do valor em caixa, sem contrapartida a crédito,
com subsequente saída de caixa e entrada em bancos. Todavia verificamos que toda a
documentação referente a esta operação menciona sempre “adiantamento / sinal”, pelo
a ser verdade, a empresa deverá adotar os movimentos corretivos abaixo referentes ao
registo do adiantamento, fazendo posteriormente a anulação do mesmo, pela emissão
de uma Nota de Crédito, a regularização do IVA, através da conta IVA Regularizações a
favor da empresa, e o registo da venda através da respetiva conta de clientes conta
corrente.

Ainda relativamente a este cliente DIGA PC, foi registada a venda, não tendo sido
verificado o respetivo registo na conta de clientes conta corrente. A venda (conta 711) e
respetivo IVA Liquidado (conta 243313) foi feita por contrapartida direta de Bancos
(conta 121)

Constata-se também no mês de dezembro informação respeitante à venda realizada ao


cliente Alfinete, apresentando-se a contabilização nos mesmos moldes anteriores, isto é,
foi registada a venda, não tendo sido verificado o respetivo registo na conta de clientes
conta corrente. A venda (conta 711) e respetivo IVA Liquidado (conta 243313) foi feita
por contrapartida direta de Bancos (conta 121).

Por forma a otimizar o sistema em operações de recebimentos em cheque, e estando a


contabilidade em regime de outsoursing, não parece fazer sentido a passagem dos
cheques pela conta Caixa (11), embora não seja um procedimento incorreto, torna-se
redundante e desnecessário.

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IVA Apuramento
(outubro, novembro, dezembro)

O valor de IVA apurado pela Marwine resulta num valor a pagar de 33.295,70€. Valor este
que se encontra incorretamente calculado, uma vez que a taxa de IVA considerada para
o consumo de água foi erradamente de 23%, ao invés dos 6% aplicáveis. Para além disso,
não foi incluído no apuramento o IVA Dedutível respeitante a dois gastos efetuados em
dezembro (VIA VERDÃO e EMLI).

O apuramento efetuado pela Hellô Carapau ao Mar, SROC resulta num valor de
33.277,41€ IVA a pagar.

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Reconciliação Bancária
(outubro, novembro, dezembro)

De acordo com a análise realizada aos registos contabilísticos versus registos bancários
apresentados, e tendo-se verificado que não existem discrepâncias entre o saldo
contabilístico e o saldo bancário para os meses de outubro e novembro, parece ser esse
o motivo pela não apresentação de reconciliação bancária para estes meses.

Em relação à reconciliação bancária de dezembro, embora a mesma esteja correta do


ponto de vista da identificação de todos os movimentos que se encontram em falta, quer
no extrato contabilístico quer no extrato bancário, verificamos que o saldo final, de
ambos os extratos, utilizado para a elaboração da reconciliação não está correto. Para o
saldo do extrato bancário foi usado o valor 246.185,33€, sendo o saldo à data de
31/12/2021, de 246.178,05€. Para o extrato contabilístico foi usado o saldo de
48.804,43€, quando o saldo correto seria de 48.797,15€.

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Análise de balancetes
(outubro, novembro, dezembro)

De acordo com a informação disponibilizada no manual de procedimentos da empresa,


parece que a empresa determinou a utilização de um fundo de maneio (Caixa), com um
valor limite de 2.000,00€. No entanto, pela análise dos balancetes do trimestre, não há
qualquer evidência dessa prática, uma vez que a conta 11 não apresenta qualquer registo
desta natureza.

Segundo informação dos sócios, em 26/11/2021, procedeu-se à constituição de fundo de


caixa, no valor de 2.500,00€. No entanto, pela análise do balancete do mês em questão,
não há qualquer evidência dessa constituição, uma vez que a conta 11 não apresenta
qualquer registo deste valor. Todavia o valor representado na conta 121 reflete
incorretamente este montante, ainda que o saldo contabilístico da conta em questão,
121 Bancos, (apresentado no separador “conciliação bancária”) e o saldo bancário
registem esse movimento de saída da conta.

A análise dos balancetes respeitantes aos meses de outubro e novembro não merece
qualquer reparo da parte dos auditores, a não ser o anteriormente mencionado quanto
à utilização incorreta da taxa de IVA no registo contabilístico da fatura do consumo de
água, o que origina um valor impreciso para a conta 24 no mês de outubro (em novembro
não há fatura de água).

O balancete de dezembro apresenta uma incongruência na conta 24 - EOEP, que de


acordo com a análise realizada provem de:

 Aplicação de taxa errada na fatura respeitante ao consumo de água;


 Ausência de inclusão nos cálculos do apuramento do IVA, do valor de IVA Dedutível
respeitante aos gastos efetuados em dezembro, das entidades - VIA VERDÃO e
EMLI;

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 Não inclusão dos cálculos referentes à retenção na fonte e à contribuição e


quotização para a Segurança Social, respeitantes aos subsídios de Natal.
Para o efeito, apresenta-se infra o correto processamento de salários e subsídios
de Natal.

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Balanço e DR
Relativamente aos cálculos e respetivos resultados apresentados, encontram-se em
concordância com os procedimentos adotados pela Marwine e consequentes balancetes.
Reiterando-se, no entanto, que os procedimentos no que concerne a:

 taxas de retenção na fonte;


 cálculo de proporcionais de subsídio de Natal;
 não contabilização de acréscimos de gastos;
 taxas de IVA erradamente utilizadas;
 não inclusão de todos os valores de IVA Dedutível no apuramento do imposto;
 não consideração de encargos com a SS sobre os subsídios de Natal;
 não consideração de retenção na fonte sobre os rendimentos dos subsídios de
Natal;
 cálculo impreciso das depreciações de AFT;
 gastos não registados (IVA do combustível na parte que não confere direito à
dedução);
 constituição das provisões para garantias a clientes por um valor substancialmente
superior ao correto:
 …

A adoção de procedimentos em conformidade, originaria resultados obrigatoriamente


diferentes dos apresentados pela entidade.

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Manual de Procedimentos
Nota prévia: A informação analisada carece de um maior rigor na apresentação, por
forma a transmitir uma imagem mais profissional e cuidada da entidade.

Uma vez que o processo de auditoria reporta ao último trimestre de 2021, e referente a
uma empresa constituída em outubro do ano transato, verificamos que o Manual de
Procedimentos remetido refere o ano de 2022, pelo que não sabemos se a informação aí
disponibilizada está em concordância com as práticas preconizadas e adotadas pela
entidade em 2021.

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INTRODUÇÃO

DEPARTAMENTO DE INVENTÁRIOS E LOGÍSTICA – ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES

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DEPARTAMENTO DE INVENTÁRIOS E LOGÍSTICA – PROCESSO DE ENTRADA DE


MERCADORIAS EM ARMAZÉM

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DEPARTAMENTO DE INVENTÁRIOS E LOGÍSTICA


SAÍDA DE ARMAZÉM – DEVOLUÇÃO A FORNECEDOR

DEPARTAMENTO FINANCEIRO

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RELATÓRIO DE NÃO CONFORMIDADES – MARWINE

Observação: Não obstante o mapa de remunerações constante do Manual de


Procedimentos não incluir qualquer administrativo no Departamento Financeiro, o
ficheiro Excel, no separador “Remunerações”, apresenta um quadro auxiliar onde refere
a posição de administrativo. Todavia não parece existir correlação direta entre as funções
mencionadas no quadro em questão e as apresentadas no Manual de Procedimentos,
conforme demonstrado abaixo.

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DEPARTAMENTO DE COMPRAS / ENCOMENDAS

DEPARTAMENTO DE MARKETING E RELAÇÕES-PÚBLICAS

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RELATÓRIO DE NÃO CONFORMIDADES – MARWINE

Conclusão
Este trabalho de auditoria teve como objetivo primordial a observação, entendimento e
proposta de correção, se necessário, da informação contabilística disponibilizada pela
entidade Marwine.

Pretendeu-se colocar em prática a aplicação eficiente e eficaz das regras NCF, medidas e
procedimentos de controlo interno, assim como o cumprimento das obrigações legais a
que a empresa está sujeita, tendo sempre presente a visão transmitida pela entidade
contratante.

Pudemos concluir que, apesar do objetivo da empresa em operar de forma transparente


e de acordo com os padrões de legalidade instituídos, algumas melhorias devem ser
implementadas por forma a atingir os níveis de excelência a que a mesma se propõe.

Lisboa, 5 de março de 2022

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