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Poesia dos heterónimos

EDUCAÇÃOLITERÁRIA

1. Lê as duas odes de Ricardo Reis.

Não tenhas nada nas mãos


Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,

Que quando te puserem


Nas mãos o óbolo1 último,

Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.

Que trono te querem dar


Que Átropos2 to não tire?
5

Que louros3 que não fanem


Nos arbítrios de Minos4?

Que horas que te não tornem


Da estatura da sombra

Que serás quando fores


1. óbolo: moeda colocada nos mortos para pagar a
Na noite e ao fim da estrada? passagem para o Hades (reino dos mortos).
2. Átropos: uma das três deusas que comandavam
os destinos dos humanos.
Colhe as flores mas larga-as, 3. louros: glórias, triunfos (na Grécia antiga, os atletas
10 vencedores eram laureados com coroas de
Das mãos mal as olhaste. louros).
4. Minos: rei da ilha de Creta, que, após a morte, se
tornou um dos juízes dos mortos.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio.

REIS, Ricardo, Op. cit., pp. 39-40.

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2. Indica se as afirmações são verdadeiras ou falsas, corrigindo as falsas.


a. No poema articulam-se os temas da efemeridade da vida, da inexorabilidade do tempo
e da encenação da morte.
b. Ao longo do poema desvalorizam-se os princípios estoicos e epicuristas.
c. A ideia de morte é suavizada através de hipérboles.

ENC12DP © Porto Editora


Poesia dos heterónimos

d. O sujeito poético recorre ao modo indicativo para aconselhar o destinatário a optar


por uma vida de abdicação, contemplação e passividade.
e. O sujeito poético considera que o desapego de bens materiais e a renúncia voluntária
dos prazeres da vida intensificarão o sofrimento ao morrer.
f. As interrogações retóricas presentes nos versos 7 a 10 acentuam a inutilidade das riquezas
e glórias terrenas no momento da morte.

SOLUÇÕES|SUGESTÕESMETODOLÓGICAS

“Não tenhas nada nas mãos” (p. 18)


Educação Literária

a. V. b. F – Ao longo do poema valorizam-se os princípios estoicos (abdicação, autodomínio, resistência ao sofrimento, a


renúncia / passividade, etc.) e epicuristas (vivência moderada, contida e serena dos prazeres da vida). c. F – A ideia de
morte é suavizada através de eufemismos (vv. 11, 14). d. F – O sujeito poético recorre ao modo conjuntivo (“tenhas”, v. 1) e
imperativo “Colhe”, “larga”, v. 15; “Senta-te”, “Abdica”, v. 17) para aconselhar o destinatário a optar por uma vida de
abdicação e renúncia. e. F – O sujeito poético considera que o desapego dos bens materiais e a renúncia voluntária dos
prazeres da vida levarão à aceitação da morte sem sofrimento. f. V.

ENC12DP © Porto Editora

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