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Técnico do Ipea ressalta que transporte

privado cresce em detrimento do público


Autor de nota técnica sobre tarifação e financiamento do transporte público, Carlos Henrique
Carvalho afirma que o aumento do número de automóveis nas cidades é um desastre para a
qualidade de vida urbana.

09/07/2013 - 11:57  

Segundo o técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)


Carlos Henrique de Carvalho, os últimos anos têm mostrado um aumento no acesso ao transporte
privado, que ficou mais barato, e uma redução da demanda de usuários por meios públicos de
locomoção.

Ele foi um dos autores da nota técnica “Tarifação e Financiamento do Transporte Público Urbano”,
do Ipea, que analisou o transporte público nos últimos anos. De acordo com o estudo, enquanto o
Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação no País, teve alta de 125% entre
janeiro de 2000 e dezembro de 2012, o aumento das tarifas dos ônibus foi de 192% – 67 pontos
percentuais acima da inflação.

“O impacto disso é muito grande para as cidades. As classes mais baixas estão tendo acesso a um
bem durável, mas do ponto de vista da qualidade de vida urbana é um desastre”, disse, durante
comissão geral no Plenário da Câmara que discute a política de transporte público no Brasil. Ele
citou como problemas as mais de 40 mil mortes por ano por acidentes de trânsito, além do aumento
da poluição e dos engarrafamentos cada vez maiores.

Financiamento
Carvalho defendeu o financiamento do transporte público. Segundo ele, toda a sociedade se
beneficiará com um transporte público de qualidade. “Sem transporte público não há trabalhador, e
sem transporte público não há consumidor”, disse.

De acordo com ele, o principal beneficiário do transporte atualmente é o usuário do automóvel. Em


São Paulo, estima-se que 25% da tarifa de ônibus é atribuída aos engarrafamentos.

Impacto
A pesquisa do Ipea evidencia que, para as famílias brasileiras mais pobres, o impacto médio do
gasto com transporte público na renda domiciliar é de 13%, enquanto a média total, que inclui
famílias de todas as faixas de renda, é de 3,4%. Entre 2003 e 2009, esse comprometimento foi
amortecido pelo aumento geral de renda, mas, como o transporte privado ficou relativamente mais
barato, grande parte do adicional de renda foi canalizada à aquisição de meios particulares de
transporte.

Carvalho destacou ainda que a indústria de motocicletas no Brasil vem crescendo três vezes mais
que o Produto Interno Bruto (PIB), e a indústria automobilística, duas vezes mais que o PIB.

O debate sobre a política de transporte público prossegue no Plenário.

Reportagem – Tiago Miranda


Edição – Marcos Rossi
Fonte: Agência Câmara de Notícias
Por que a tarifa zero não resolve todos os
problemas?
Artigo assinado por Wesley Ferro Nogueira , secretário Executivo do Instituto
MDT, discute o tema e mostra que, para o passageiro, a infraestrutura e a
tecnologia são mais importantes do que a gratuidade

Roberta Soares
Publicado em 15/11/2021 às 10:00

NOTÍCIA
Apesar de ser uma indiscutível e importante estimuladora da inclusão e justiça
sociais, a Tarifa Zero não tem atraído passageiros para os sistemas e/ou
retirado as pessoas dos automóveis nas cidades onde foi adotada - FOTO:
Fernando Frazão/Agência Brasil

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Por Wesley Ferro Nogueira (*)

Quem atua na área da mobilidade urbana frequentemente se vê diante de


algumas opiniões que parecem reproduzir a percepção dominante dentro da
sociedade, mas que ao mesmo tempo traduzem um certo desconhecimento da
real situação vivida. Uma delas se manifesta com extrema intensidade com a
afirmação de que os sistemas de transporte público das cidades são de
péssima qualidade, que não atendem adequadamente à população, que os
veículos são velhos, que operam sempre lotados, etc. Os usuários tem,
seguramente, toda a legitimidade para avaliar negativamente o
transporte público, mas também precisavam ter elementos para compreender
que o sistema poderia operar em condições bem diferentes da atual se uma
série de instrumentos fossem implementados por gestores públicos. O que
causa mais estranheza é o fato de que, via de regra, são os não-usuários dos
sistemas de transporte público os maiores críticos e quem estabelecem a pior
avaliação da operação, reproduzindo esses conceitos dentro da sociedade e
reforçando uma defesa da necessidade de mais investimento em soluções que
possam atender o transporte individual motorizado em detrimento do que
estabelece as premissas de uma mobilidade urbana sustentável.

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