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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE ECONOMIA

LEONELA GUIMARÃES DA SILVA

A DINÂMICA DA PRODUÇÃO E DO COMÉRCIO MUNDIAL DAS


COMMODITIES (1995-2015)

CAMPINAS
2019
LEONELA GUIMARÃES DA SILVA

A DINÂMICA DA PRODUÇÃO E DO COMÉRCIO MUNDIAL DAS


COMMODITIES (1995-2015)

Tese de Doutorado apresentada ao


Instituto de Economia da Universidade
Estadual de Campinas, como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título
de Doutora em Desenvolvimento
Econômico, na área de concentração em
Desenvolvimento Econômico, Espaço e
Meio Ambiente.

Prof. Dr. Fernando Sarti - Orientador

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À


VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA
PELA ALUNA LEONELA GUIMARÃES DA
SILVA, E ORIENTADA PELO PROF. DR.
FERNANDO SARTI

CAMPINAS
2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ECONOMIA

LEONELA GUIMARÃES DA SILVA

A DINÂMICA DA PRODUÇÃO E DO COMÉRCIO MUNDIAL DAS


COMMODITIES (1995-2015)

Prof. Dr. Fernando Sarti - Orientador

Defesa em 03/06/2019

BANCA DE AVALIAÇÃO

Prof. Dr. Celio Hiratuka


Instituto de Economia / Unicamp
Presidente da Banca

Profa. Dra. Carolina Troncoso Baltar


Instituto de Economia / Unicamp

Prof. Dr. Marco Antonio Martins da Rocha


Instituto de Economia / Unicamp

Prof. Dr. José Augusto Gaspar Ruas


Faculdades de Campinas - FACAMP

Profa. Dra. Margarida Garcia de Figueiredo


Instituto de Ciências Exatas e da Terra / UFMT

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de
Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

CAMPINAS
2019
À Minha Mãe, in memoriam, com todo
amor, respeito e agradecimento.
Os professores abrem a porta, mas você
precisa entrar sozinho.
Provérbio Chinês
RESUMO

Essa pesquisa apresenta uma breve análise da estrutura da produção e do comércio mundial das
commodities no período entre 1995-2015. Para tanto, partimos da classificação das
commodities em seis setores, sendo o das primárias: agrícolas, minerais energéticos, minerais
não energéticos; e das processadas: alimentos, coque refinado e produtos do petróleo; metais
básicos. Os maiores exportadores de commodities primárias em 2015 foram: Arábia Saudita,
Rússia, Canadá, Austrália, Estados Unidos, Brasil, Noruega, Indonésia, Chile, México, Reino
Unido, Holanda, China, Colômbia e África do Sul. Em relação às commodities processadas, no
referido ano, os maiores exportadores foram Estados Unidos, China, Alemanha, Rússia, Coréia,
Canadá, França, Índia, Japão, Itália, Brasil, Holanda, Espanha, Bélgica e Reino Unido. No
período de análise as economias desenvolvidas lideram as exportações das commodities, em
especial das processadas, onde representam parcela majoritária. Mesmo que dentre essas
economias hajam importantes economias produtoras-naturais de commodities, portanto das
commodities primárias, como Estados Unidos, Austrália, Canadá, Noruega, isso não explica
completamente o peso do agrupamento das economias desenvolvidas, ou de algumas em
particular, nas exportações das commodities. A partir dessa pesquisa observa-se que na inter-
relação agrícola-alimentos a participação de economias desenvolvidas, como algumas
europeias, enquanto grandes exportadoras dessas commodities, projeta-se a partir de uma base
altamente subsidiada que implica não apenas em barreiras que reduzem o acesso das
importações agrícolas e de alimentos originárias de economias em desenvolvimento para esses
mercados, como também as possibilita participarem da oferta mundial concorrendo como
grandes exportadoras nesses setores. Na inter-relação mineração e extração-seus processados,
as importações do âmbito primário, extração e mineração, para composição parcial ou total da
demanda intermediária constitui um dos principais elementos para compreensão da participação
de algumas dessas economias nas exportações dessas commodities. Ou seja, muitas das
economias desenvolvidas utilizam as importações de commodities primárias dos setores de
mineração e extração para compor tanto a base para produção destinada ao mercado interno
como também utilizam essa produção, em especial das commodities processadas, para
participarem como grandes players nas exportações mundiais dessas commodities. Os subsídios
e as importações aparecem como alguns dos elementos centrais para compreensão da
participação das economias desenvolvidas com maior parcela das exportações mundiais das
commodities processadas, e esse movimento acaba por refletir, de certo modo, uma orientação
de um tipo de demanda que condiciona um tipo de oferta principalmente nas economias em
desenvolvimento produtoras-naturais de commodities para o mercado externo: uma oferta
baseada na ampliação da produção de commodities primárias em detrimento das commodities
processadas.
Palavras-chave: Commodities primárias. Commodities processadas. Produção mundial.
Comércio mundial. Concorrência.
ABSTRACT

This research presents a brief analysis of the structure of world commodity production and trade
in the period 1995-2015. To do so, we start with the classification of commodities in six sectors,
being the primary: agricultural, energy minerals, non-energy minerals; and processing: food,
refined coke and petroleum products; metals. The largest exporters of primary commodities in
2015 were Saudi Arabia, Russia, Canada, Australia, the United States, Brazil, Norway,
Indonesia, Chile, Mexico, the United Kingdom, the Netherlands, China, Colombia and South
Africa. In relation to processed commodities China, Germany, Russia, Korea, Canada, France,
India, Japan, Italy, Brazil, the Netherlands, Spain, Belgium and the United Kingdom. The
developed economies lead the exports of commodities, especially of the processed ones, where
they represent the majority share. Even though there are large primary commodity producers
such as the United States, Australia, Canada, this does not fully explain the weight of these
countries in processed commodity exports, given that the largest share of primary commodity
production is not in this group. In the agricultural-food interrelationship, the participation of
some developed economies as major commodity exporters, such as the European ones, is
projected from a highly subsidized primary base, implying not only barriers that reduce access
to agricultural imports from developing economies, but also enables competition with these
economies at the global level. Imports of primary commodities for partial or total composition
of the production of processed commodities are largely in the interrelations of the processed-
mining sectors. Imports appear as one of the fundamental elements of this dynamic and this
reflects an orientation of a type of international demand that ends up conditioning a type of
supply. In this sense, developing economies specializing in commodity production are generally
subjected to two paths: one is the increasing specialization in primary commodities, even with
an industrial structure capable of advancing the production of processed commodities; or,
advance in the processing of commodities, and adjust their productive structures still in the
sense of serving the external market.
Keywords: Primary commodities. Commodities processed. Competition. World market.
LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 – Maiores exportadores de petróleo em bruto e produtos do petróleo, 1995-2017. 115

Anexo 2 – Correspondência entre as classificações da ISIC: Revisão 3 e Revisão 4; de acordo


com os setores dos bancos de dados IOTs e TIVA, da OECD. .............................................. 116

Anexo 3 – Lista de países, de acordo com os bancos de dados da OECD. ............................ 117

Anexo 4 – Classificação1 dos países enquanto economias desenvolvidas e economias em


desenvolvimento. .................................................................................................................... 119
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Índice anual de preços das commodities, 1960-2016 (2000=100). ......................... 38

Figura 2 – Ilustração adaptada de uma tabela de Insumo-Produto, simétrica, setor x setor..... 49


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação formal das commodities, com base na Standard International Trade
Classification (SITC) Revisão 3. .............................................................................................. 44

Quadro 2 – Exemplificação do tratamento para compatibilização entre as classificações SITC


Revisão 3 e ISIC Revisão 4. ..................................................................................................... 45

Quadro 3 – Classificação dos setores selecionados como setores das commodities primárias e
das processadas, com base na ISIC Revisão 4.......................................................................... 45

Quadro 4 – Classificação dos principais perfis de participação das economias na estrutura da


produção e das exportações mundiais das commodities (agrupamento dos setores das
commodities) no período 1995-2015. ....................................................................................... 91

Quadro 5 – Classificação das economias por perfil, a partir da participação na estrutura da


produção (valor adicionado) e das exportações mundiais das commodities (agrupamento dos
setores das commodities) no período 1995-2015. .................................................................... 92
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities agrícolas,
1990/2017. ................................................................................................................................ 53

Tabela 2 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor agrícola: VBP doméstico e VBP com
importações, 1995/2011............................................................................................................ 54

Tabela 3 – Exportações mundiais do setor agrícola: participação (%) dos maiores exportadores
do setor, 1995/2015. ................................................................................................................. 55

Tabela 4 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor agrícola, das economias selecionadas:
VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015. ............................................................. 56

Tabela 5 – Valor adicionado mundial de commodities agrícolas: participação (%) dos maiores
produtores, 1995/2015. ............................................................................................................. 58

Tabela 6 – Participação (%) do valor adicionado do setor agrícola do país em seu valor
adicionado total, e participação (%) das exportações do setor agrícola do país no total das suas
exportações, para economias selecionadas, 1995/2015. ........................................................... 58

Tabela 7 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities alimentos,
1990/2017. ................................................................................................................................ 59

Tabela 8 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de alimentos: VBP doméstico e VBP
com importações, 1995/2011. ................................................................................................... 60

Tabela 9 – Exportações mundiais das commodities alimentos: participação (%) dos maiores
exportadores, 1995/2015. ......................................................................................................... 60

Tabela 10 – Distribuição (%) do VBP do setor de alimentos, das economias selecionadas: VBP
doméstico e VBP com importações, 2005 e 2015. ................................................................... 61

Tabela 11 – Valor adicionado mundial do setor de alimentos: participação (%) dos maiores
produtores, 1995/2015. ............................................................................................................. 62

Tabela 12 – Participação (%) do valor adicionado do setor de alimentos do país em seu valor
adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de alimentos do país no total das
suas exportações, para economias selecionadas, 1995/2015. ................................................... 62

Tabela 13 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities minerais
energéticos, 1990/2017. ............................................................................................................ 63

Tabela 14 - Distribuição (%) do VBP mundial do setor de minerais energéticos: VBP doméstico
e VBP com importações, 2005/2015. ....................................................................................... 64

Tabela 15 - Exportações mundiais de minerais energéticos: participação (%) dos maiores


exportadores do setor, 2005/2015. ............................................................................................ 65

Tabela 16 - Distribuição (%) do VBP do setor de minerais energéticos das economias


selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015........................................ 65

Tabela 17 – Valor adicionado mundial das commodities primárias minerais energéticas:


participação (%) dos maiores produtores do setor, 2005/2015. ............................................... 67

Tabela 18 – Participação (%) do valor adicionado do setor de minerais energéticos do país em


seu valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de minerais energéticos
do país no total das suas exportações, para economias selecionadas, 2005/2015. ................... 67

Tabela 19 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de coque refinado e produtos do


petróleo: VBP doméstico e VBP com importações, 1995/2011. .............................................. 68

Tabela 20 – Exportações mundiais de coque refinado e produtos do petróleo: participação (%)


dos maiores exportadores, 1995/2015. ..................................................................................... 69

Tabela 21 – Distribuição (%) do VBP do setor de coque refinado e produtos do petróleo, das
economias selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015. .................... 69

Tabela 22 – Valor adicionado mundial do setor de coque refinado e produtos do petróleo:


participação dos maiores produtores do setor, 1995/2015. ...................................................... 71

Tabela 23 – Participação (%) do VA do setor de coque refinado e produtos do petróleo do país


em seu VA total, e participação (%) das exportações do setor de coque refinado e produtos do
petróleo do país no total das suas exportações, para economias selecionadas, 1995/2015. ..... 71

Tabela 24 – Exportações a partir da participação (%) dos subsetores das commodities primárias
minerais não-energéticas e maiores exportadores por subsetor, 1990/2017. ........................... 72

Tabela 25 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de extração de minerais não-energéticos:


VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015. ............................................................. 73

Tabela 26 – Exportações mundiais de minerais não energéticos: participação (%) dos maiores
exportadores do setor, 2005/2015 ............................................................................................. 74

Tabela 27 – Distribuição (%) do VBP do setor de extração de minerais não-energéticos, das


economias selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015. .................... 75

Tabela 28 – Valor adicionado mundial do setor de minerais não energéticos: participação (%)
dos maiores produtores do setor, 2005/2015. ........................................................................... 76

Tabela 29 – Participação (%) do valor adicionado do setor de minerais não energéticos do país
em seu valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de minerais não
energéticos do país no total das suas exportações, para economias selecionadas, 2005/2015. 77

Tabela 30 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor do setor de metais básicos,
1990-2017. ................................................................................................................................ 78

Tabela 31 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de metais básicos: VBP doméstico e
VBP com importações, 1995/2015. .......................................................................................... 78

Tabela 32 – Exportações mundiais de metais básicos: participação (%) dos maiores


exportadores, 1995/2015. ......................................................................................................... 79

Tabela 33 – Distribuição (%) do VBP do setor de metais básicos, das economias selecionadas:
VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015. ............................................................. 80

Tabela 34 – Valor adicionado mundial de metais básicos: participação (%) dos maiores
produtores, 1995/2015. ............................................................................................................. 81

Tabela 35 – Valor adicionado e exportações de metais básicos: participação (%),


respectivamente, no valor adicionado total e nas exportações totais, das economias
selecionadas, 1995/2015. .......................................................................................................... 81

Tabela 36 – Exportações mundiais de commodities: participação (%) setorial, 1995-2015. ... 83


Tabela 37 – Valor adicionado mundial dos setores de commodities: participação (%) setorial na
VA mundial, 1995-2015. .......................................................................................................... 85

Tabela 38 – Distribuição (%) do VBP mundial, por setores agregados, 1995/2011. ............... 86

Tabela 39 – Exportadores mundiais de commodities: participação (%) dos maiores


exportadores, com as participações (%) dos grupos das commodities primárias e processada,
1995/2015. ................................................................................................................................ 87

Tabela 40 – Valor adicionado mundial de commodities: participação (%) dos maiores


produtores mundiais de commodities, 1995/2015. ................................................................... 87

Tabela 41 – Principais economias (participação %) exportadoras, produtoras, importadoras e


consumidoras de commodities primárias e processadas, 1995/2015. ...................................... 97

Tabela 42 – Participação (%) das importações intermediárias nas exportações dos setores de
commodities processadas, para os principais exportadores, 1995/2015. ............................... 103

Tabela 43 – Participação (%) das economias desenvolvidas, China e economias em


desenvolvimento no mercado mundial das commodities primárias e processadas, 1995/2015.
................................................................................................................................................ 104
SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................................... 17
Capítulo 1 Apontamentos acerca da formação e evolução do mercado mundial das
commodities ............................................................................................................................. 24
1.1 Formação do mercado mundial das commodities ......................................................... 24
1.2 Principais acordos de regulação e proteção nos mercados das commodities ................ 28
1.2.1 Os acordos interestatais .......................................................................................... 28
1.2.2 O protecionismo nos mercados agrícolas ............................................................... 31
1.2.3 As tarifas escalonadas ............................................................................................ 34
1.3 Ciclos de preços das commodities ................................................................................. 35
Capítulo 2 Definição de commodities e metodologia para tratamento dos dados ............ 41
2.1 Revisão das principais classificações para commodities ............................................... 41
2.2 Definição para commodities a partir de uma classificação setorial ............................... 42
2.3 Metodologia para tratamento dos dados ........................................................................ 46
2.3.1 Bancos de dados ..................................................................................................... 46
2.3.2 Principais variáveis da análise ............................................................................... 47
Capítulo 3 Os mercados das commodities primárias e das processadas, 1995-2015 ........ 52
3.1 Setor agrícola ................................................................................................................. 53
3.2 Setor de alimentos, bebidas e tabaco ............................................................................. 59
3.3 Setor de minerais energéticos (carvão mineral, petróleo bruto e gás natural) ............... 63
3.4 Setor de coque refinado e produtos do petróleo ............................................................ 68
3.5 Setor de minerais não energéticos (minerais não-metálicos e minerais metálicos) ...... 72
3.6 Setor de Metais básicos ................................................................................................. 77
Capítulo 4 A dinâmica do “mundo das commodities”, 1995-2015 ..................................... 83
4.1 Configuração geral do mercado de commodities .......................................................... 83
4.2 Perfil básico das economias no mercado das commodities ........................................... 88
4.3 Reflexões acerca da concorrência no mercado mundial das commodities .................... 94
Considerações Finais ............................................................................................................ 106
Bibliografia ............................................................................................................................ 110
Anexos .................................................................................................................................... 115
17

Introdução

Esta tese constitui uma pesquisa com o propósito de examinar a estrutura de produção e
comércio mundial das commodities, em especial no período 1995-2015. Nesse trabalho
adotamos a definição que agrupa tanto a parte primária, quanto uma parcela processada dessas
commodities primárias, e para essa definição parte-se de uma análise de setores econômicos,
quais sejam: agrícola1, e extração e mineração, que divide-se em minerais energéticos e
minerais não energéticos, enquanto setores das commodities primárias; e, alimentos, coque
refinado e produtos do petróleo, e metais básicos, os três principais setores enquanto
commodities processadas.
A definição de commodities a partir de setores econômicos é realizada com base
classificação internacional para setores econômicos, a classificação ISIC Revisão 4
(International Standard Industrial Classification of All Economic Activities). O uso dessa
definição deve-se a seleção de uma das principais fontes de dados dessa pesquisa, qual seja, o
banco de dados de tabelas de insumo-produto da OECD, o banco IOTs (Input-Output Tables),
o qual disponibiliza essas tabelas a partir de uma divisão setorial baseada na classificação ISIC.
O mercado mundial das commodities, no período de análise, tem como uma das principais
características a expansão dos preços das commodities no período 2002-2012. A expansão
desses preços, que foi parcialmente interrompida na Crise de 2008, é apontada como resultante
do movimento de crescimento econômico asiático que resultou em uma expansão da demanda,
e assim, refletiu como um dos principais vetores para o boom dos preços no referido período.
Houve, nesse sentido, uma expansão desse mercado e essa expansão influencia muitos dos
resultados que são aqui apresentados, e isso pode resultar em algum viés na análise. No entanto,
não houve a possibilidade de expansão da série de dados em função da limitação de dados
estatísticos para o período anterior a 1995, nos moldes dessa proposta de pesquisa.
Em 1995 a participação das commodities2 nas exportações totais mundiais correspondia
a aproximadamente 17,7% e, em 2015, essa parcela ampliou-se para 20,8%, sendo o pico da

1
No que diz respeito aos setores do âmbito primário, o setor agrícola tem em si um aspecto em que a sua produção
não corresponde completamente à uma produção orientada para o mercado, como é o caso do setor de extração e
mineração. No setor agrícola coexistem, no limite, ao menos dois tipos de produções: uma produção para
autossuficiência e uma produção orientada para o mercado. Os dados apresentados aqui não apresentam essa
distinção, e portanto, todo o setor agrícola é considerando como setor de commodities para fins dessa análise.
2
A referência a commodities indicará sempre o agrupamento dos setores selecionados enquanto setores das
commodities; quando referido a commodities primárias, isso indicará o agrupamento dos setores: agrícola,
minérios energéticos e minérios não energéticos; e quando referido a commodities processadas, o agrupamento
será referente aos setores: alimentos, coque refinado e produtos do petróleo, e metais básicos.
18

participação do agregado das commodities nas exportações mundiais em 2011, com


participação de 27,8%. Dentre os setores de commodities, o que apresentava maior participação
nas exportações mundiais em 1995, era o de alimentos, com 4,7%; seguido por metais básicos
com 4,4%; extração e mineração, 4,2%; agrícolas com 2,6%; e coque refinado e produtos do
petróleo com participação de 1,8%. Em 2015, o setor com maior participação foi o de extração
e mineração, 7,6%, sendo que esse setor alcançou participação de 12,5% em 2012,
impulsionado pelo setor de extração de minerais energéticos, que sozinho representou 5,2% das
exportações mundiais. Em termos de valor adicionado, a participação das commodities no valor
adicionado total mundial, era de 10,7% em 1995, e em 2015, de 13,1%, sendo que o setor com
maior parcela era o agrícola, 4,2%. Como será visto na Subseção 1.3, o comportamento das
oscilações de expansão e retração do peso das commodities no total das exportações mundiais,
tem relação com o comportamento de avanço e retração dos preços ao longo do Ciclo das
Commodities de 2002-2012.
Os quinze maiores exportadores de commodities primárias em 1995 eram responsáveis
por aproximadamente 57,5% das exportações do setor e, em 2015, essa participação era de
51,4%. Comparando o grupo de países de 1995 com os do ano de 2015, são comuns, nesses
dois recortes temporais os seguintes países: Estados Unidos, Alemanha, Holanda, França,
Arábia Saudita, Rússia, Austrália, Reino Unido, Noruega, Canadá, e China. No grupo dos
maiores exportadores de commodities no ano de 2015 estão também: Brasil, Indonésia, Índia e
Coréia. Em 1995 a economia brasileira apresentava uma participação de 1,8% nessas
exportações, enquanto décimo sétimo maior exportador de commodities no ranking mundial, e
em 2015 essa participação foi de 3,1%.
Importante notar a participação das economias desenvolvidas dentre os maiores
exportadores de commodities. Como será visto (Tabela 43), durante o período de análise o
agrupamento das economias desenvolvidas representa maior parcela das exportações mundiais
de commodities processadas, e uma participação de 29,2% nas exportações das commodities
primárias. Nos seis cenários dos setores analisados a participação das economias desenvolvidas
é significativa pelo lado da oferta mundial das commodities.
A participação dessas economias nesse mercado, não apenas pelo lado da demanda, mas,
pelo lado da oferta, precisa ser considerado como um dos principais elementos para
compreensão do comportamento da concorrência nessa parcela do mercado mundial. Esse
movimento tem uma relação com o que aqui chamaremos de economias que são produtoras-
naturais e economias que seriam produtoras-importadoras de commodities. No primeiro caso
estão os países que são grandes produtores naturais dado a disponibilidade de recursos naturais
19

que dão base para produção primária e das commodities processadas. Nesse grupo estão
economias como por exemplo: Brasil, Argentina, Rússia, México, Canadá, Austrália, Estados
Unidos, Indonésia e a Índia. As economias produtoras-importadoras seriam as economias que
em grande medida dependem das importações das commodities primárias como base de
produção, e consequentemente para concorrer no cenário da oferta mundial das commodities.
Nesse grupo estão economias como: Japão, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda e
Coréia.
O ordenamento geral da análise partiu da identificação das principais economias
exportadoras do agregado das commodities, e em cada setor analisado. Esse processo implicou
em alguns questionamentos, os quais foram norteando essa análise e deram base para os
principais resultados alcançados. Assim, a problematização geral foi construída em partes. As
primeiras evidências da configuração do cenário da oferta mundial das commodities
apresentaram a participação, dentre os maiores exportadores de commodities, de economias
desenvolvidas, sendo essas não somente aquelas que se destacam como grandes produtoras
primárias, dado a disponibilidade de recursos naturais, como Austrália, Canadá, Noruega,
Estados Unidos. Isso levou ao seguinte questionamento: o que explicaria a participação de
economias desenvolvidas no cenário do comércio mundial das commodities, pelo lado da
oferta? Para responder esse questionamento avançamos então para a necessidade de
compreensão de aspectos relacionados ao âmbito da produção, e em conjunto a isso, uma
tentativa de investigação que propiciasse também responder: por que algumas das grandes
produtoras e exportadoras das commodities primárias não reflete necessariamente grandes
produtoras e exportadoras das commodities processadas?
Assim, não se trata apenas de apresentar o comportamento das exportações e da produção
das commodities, mas, de apresentar os principais elementos do ponto de vista da produção,
que auxiliam na compreensão da participação de algumas economias enquanto grandes
exportadoras de commodities, para além da disponibilidade de produção primária. Como será
observado, algumas economias produtoras-importadoras alcançam posição de destaque no
ranking das exportações de commodities, em especial das processadas, com base em uma oferta
do setor primário dado a partir de importações, enquanto economias produtoras-naturais que se
destacam como grandes produtoras primárias ficam abaixo desses países. Esse será por exemplo
o caso da Arábia Saudita e da Alemanha nas exportações de coque refinado e produtos do
petróleo (Tabela 20).
Para tentar dar conta dessa tentativa de investigação dos elementos principais que
caracterizam o cenário de concorrência entre os maiores exportadores de commodities, são
20

apresentadas variáveis para o agregado mundial com as quais é possível visualizar o


comportamento das principais economias exportadoras e produtoras de commodities. Para
subsidiar essa análise, apresenta-se também variáveis que tentam evidenciar elementos que
caracterizam os setores das commodities nas, e a partir das, economias selecionadas, como é o
caso da variável distribuição do valor bruto de produção (VBP), a qual é apresentada pela ótica
do destino da oferta setorial, entre demanda intermediária e demanda final3.
O VBP setorial permitiu a identificação, por exemplo, de economias com orientação para
as exportações em detrimento do processamento interno das commodities primárias, como é o
caso da Arábia Saudita, em que o setor de minerais energéticos destinava em 2015, 80,1% da
oferta setorial para as exportações; e o caso das economias em que a oferta setorial para a
demanda intermediária (corresponde a demanda dos demais setores da economia em relação à
oferta do setor em questão) é dada em grande medida pelas importações, como é o caso da
Alemanha que em 2015 apresenta uma oferta setorial para demanda intermediária composta por
92,9% a partir de importações.
A elevada participação das importações na demanda intermediária nos setores de
commodities das economias desenvolvidas é um elemento histórico que faz parte da formação
e evolução do mercado mundial das commodities, dado que, em grande medida as economias
em desenvolvimento concentram maior parcela da produção mundial das commodities e as
economias desenvolvidas são historicamente reconhecidas pelo seu papel na demanda mundial
por commodities.
O que apresenta-se aqui de diferente, como uma característica observada no período de
análise, é que as economias desenvolvidas não participam apenas pelo lado “passivo” da
demanda mundial das commodities dado que muitas dessas economias participam pelo lado da
oferta, e essa oferta, em alguns casos será explicada justamente pelo comportamento que essas
economias estabelecem com a sua demanda no mercado mundial das commodities. Ou seja,
pelo caráter das importações, como é o caso da Alemanha no setor de minerais energéticos e
coque refinado e produtos do petróleo. O setor de minerais energéticos disponibiliza a oferta
básica que atende o setor de processamento imediato à esse, o setor de coque refinado e produtos
do petróleo. A Alemanha participava com 3,3% das exportações mundiais de coque refinado e
produtos do petróleo em 2015, sendo a sexta maior exportadora mundial do setor (Tabela 20),
sendo que, como já apresentado, a base de produção para o setor de coque refinado e produtos
do petróleo é dado, em grande medida, a partir de importações nessa economia. Além disso,

3
De modo mais claro, os aspectos metodológicos são apresentados no Capítulo 2.
21

um outro indicador ajuda a corroborar essa análise: o indicador de importações intermediárias


nas exportações (Tabela 42). No caso da Alemanha, para o setor de coque refinado e produtos
do petróleo, das importações intermediárias do setor, 41,3% estavam incorporadas nas
exportações do setor.
A participação de economias produtoras-importadoras no cenário das exportações das
commodities elucida um outro elemento, qual seja, o acesso a esses mercados consumidores
por economias produtoras-naturais. Observa-se uma tendência de orientação para importações
de commodities primárias em detrimento das importações das commodities processadas. O
processamento doméstico das commodities primárias, em economias produtoras-importadoras
reduz a demanda por commodities processadas, e para além disso, essas economias se colocam
na concorrência como exportadoras dessas commodities diante das economias produtoras-
naturais.
Alguns dos principais mecanismos que influenciam não apenas na orientação da
demanda para commodities primárias, como consequentemente na orientação da produção
desse grupo de commodities nas economias produtoras-naturais, são os mecanismos tarifários.
As economias desenvolvidas utilizam o mecanismo tarifário para reduzir as importações de
commodities processadas. Para aquelas economias que dependem, em algum grau, das
importações de commodities, em geral, as tarifas para importações das commodities primárias
são menores relativamente as tarifas para importações das commodities processadas. Esse
movimento estimula a expansão da produção das commodities primárias e indica que a decisão
de avançar no processamento desses bens primários não é uma decisão simples do ponto de
vista das economias exportadoras de commodities primárias. Ao realizarem esse movimento de
preferência por importações de commodities primárias, essas importações podem ser destinadas
tanto ao processamento como pode também, compor base de produção das commodities
processadas que possam atender a demanda internacional.
Mesmo que algumas economias desenvolvidas apresentem um comportamento de
participação nas exportações mundiais das commodities, que é semelhante ao comportamento
histórico de economias em desenvolvimento, como por exemplo as da América Latina, a
participação de economias desenvolvidas nesse cenário não reproduz o quadro, em geral,
observado historicamente nas economias em desenvolvimento exportadoras de commodities: a
dependência dessas exportações.
No período analisado, considerando duas variáveis: as exportações e o valor adicionado;
observa-se que, em casos de dependência dos setores de commodities, o padrão é observado
para pauta exportadora, mas não para o valor adicionado total (participação do valor adicionado
22

dos setores das commodities no valor adicionado total da economia, para economias
selecionadas4). Em geral, a dependência dos setores de commodities para receitas de
exportações, dado a concentração desses setores nas exportações totais, é observada
principalmente nas economias em desenvolvimento que são grandes exportadoras de
commodities (Quadro 5). No entanto, é importante destacar que em economias desenvolvidas
como Austrália, Canadá, Noruega há um peso significativo da concentração das exportações
das commodities, relativo ao restante das suas exportações.
Essa pesquisa está dividida em quatro seções principais, que corresponde aos capítulos
dessa tese. O Capítulo 1 tem por objetivo apresentar uma contextualização geral básica, sobre
a formação do mercado mundial das commodities. A formação e evolução do mercado mundial
das commodities se manifesta a partir dos processos de mutações da economia mundial, de
acordo com as formas de acumulação que estão na “fronteira” de cada tempo histórico, e assim,
o Capítulo 1 procura apresentar esse processo de evolução para se distinguir, quando possível,
os principais momentos da evolução da configuração desse mercado.
Muitas são as dimensões para tratar dos aspectos históricos da evolução do mercado
mundial das commodities, portanto, aqui estabelece-se como principais elementos a serem
discutidos: 1) uma contextualização do processo de surgimento do mercado das commodities:
principais aspectos da expansão comercial até os anos 1930; 2) o movimento de regulamentação
internacional dos preços que marcam o período de 1930-80, a partir de acordos entre economias
produtoras e economias importadoras, com objetivo de reduzir a instabilidade dos preços das
commodities; 3) desregulamentação dos acordos interestatais dos preços até o ciclo dos preços
das commodities do período 2002-2012.
No Capítulo 2 é apresentando um aparato metodológico que auxilia na compreensão do
tratamento empírico presente nesse trabalho, qual seja, o tratamento dos dados referentes a
estrutura da produção e do comércio das commodities, para o âmbito mundial e por economias
selecionadas, no período 1995-2015. A metodologia apresenta como foi realizada a definição
dos setores econômicos, bem como as principais variáveis de análise.
Foram selecionados seis setores econômicos que resultaram em um agrupamento para
commodities primárias (setores: agrícola; extração de minerais energéticos; extração de
minerais não-energéticos) e um agrupamento para commodities processadas (setores:
alimentos; coque refinado e produtos do petróleo; metais básicos).

4
A amostra para essa observação é de sessenta e quatro economias, de acordo com os dados disponíveis nos bancos
de dados da OECD, dos quais são extraídos essas variáveis. O detalhamento desses bancos de dados é realizado
na Subseção 2.3.1.
23

As principais variáveis de análise como valor bruto de produção, valor adicionado,


exportações, importações, dentre outras relacionadas, foram extraídas de dois dos principais
bancos de dados da base da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development), quais sejam: IOTs
(matrizes de insumo-produto) e TIVA (indicadores de comércio em valor adicionado).
No Capítulo 3 é realizado a primeira etapa de apresentação da análise empírica dessa tese,
com o tratamento dos setores das commodities em separado, ou seja, os seis principais
mercados: agrícolas; alimentos; minerais energéticos; coque refinado e produtos do petróleo;
minerais não-energéticos; metais básicos.
O Capítulo 4 tem como objetivo tratar a dimensão geral do mercado das commodities em
relação aos demais setores econômicos na economia mundial, para demonstrar o
comportamento do mercado mundial das commodities entre 1995-2015, do ponto de vista da
produção e das exportações, principalmente. Considerando o agregado “mercado mundial das
commodities”, apresenta-se as principais economias exportadoras de commodities e, a partir
disso, reestabelece-se uma conexão com o Capítulo 3, no que diz respeito a uma tentativa de
compreensão sobre como o que impulsiona a caracterização geral da participação das
economias nesse mercado. Por fim, apresenta-se alguns aspectos relacionados aos principais
determinantes da concorrência no mercado mundial das commodities a partir das inter-relações
entre o setor primário e o setor das commodities processadas.
A dimensão da análise aqui proposta resulta em limitações nesse primeiro momento, em
relação a completa articulação das variáveis e maior precisão dos resultados. Trabalhar com
uma amostra de sessenta e quatro economias, analisando agregados a nível mundial, e ainda
comportamentos setoriais de diferentes economias em diferentes setores, gera uma dimensão
de dados que infelizmente não puderam ser trabalhados de modo mais avançado nessa etapa da
pesquisa. Cientes dessas limitações, a nossa proposta consiste muito mais em propiciar um
estimulo para um debate que possa apresentar elementos maiores no que diz respeito ao cenário
das commodities e como as economias participam desse cenário.
24

Capítulo 1
Apontamentos acerca da formação e evolução do mercado mundial das
commodities

1.1 Formação do mercado mundial das commodities

O comércio intercontinental assume um papel fundamental no processo de acumulação,


aproximadamente entre os séculos XV-XVIII, e dentre as principais mercadorias
transacionadas nesse comércio estavam bens primários como o açúcar, o café e o chá. A busca
por alimentos, especiarias, e metais preciosos, marca esse período, a fase da expansão comercial
centrada nos interesses da Europa. A expansão marítima europeia constitui um dos principais
momentos de avanço das fronteiras no território mundial. Esse movimento constitui um dos
principais processos que nortearam grandes transformações no uso do território mundial e
consequentemente configurações de formações socioeconômicas, como se dará a partir do
processo de colonização. Essa expansão comercial, consolidada no comércio marítimo seria
responsável por promover a Europa a um centro industrial (LANDES, 1980).
Essa dinâmica sujeitou áreas, em especial as colônias de exploração, a um tipo de
movimento central de acumulação, ou seja, com um centro de poder, político e/ou econômico,
estabelecido e que direcionava à acumulação com o uso dessas áreas, a partir de seus interesses.
Durante a expansão comercial o papel das colônias se apresentava como o de “extensões
territoriais” das metrópoles, com a funcionalidade do fornecimento de bens primários. Assim,
não havia a liberdade dessas colônias na realização das trocas comerciais com companhias de
comércio marítimo que não fossem as autorizadas por suas respectivas metrópoles. No entanto:

a divisão do trabalho entre áreas industriais e agrícolas poderia ser


sustentada no mercado continental [europeu]. A Europa poderia
alimentar-se; na verdade, veremos que ela foi capaz de exportar
alimentos para outras partes do mundo. E tinha o que precisava para
vestir, abrigar e equipar-se com os instrumentos de fabricação e guerra.
O resto do mundo, então, permanecia como antes, principalmente uma
fonte de luxos desnecessários, de especiarias, medicamentos, madeiras
raras, tecidos caros, porcelanas finas, móveis elegantes. (LANDES,
1980, p. 297, tradução nossa).

Landes (1980) apresenta que o peso desse comércio marítimo europeu não estava atrelado
diretamente as necessidades básicas da demanda da região europeia. A acumulação europeia
que se origina do uso dessas “extensões territoriais” estaria atrelado, portanto, ao comércio
25

intercontinental marítimo que se desenvolverá a partir do uso dessas áreas.


Ao findar de alguns dos primeiros processos de colonização, um movimento de
descolonização5, entre fins do século XVIII até meados do século XIX, antigas colônias, em
especial do continente americano, passaram a integrar o mercado mundial que se formava no
entorno do desenvolvimento da indústria mundial centrada em um primeiro momento na
economia inglesa. A participação dessas antigas colônias se daria a partir de então, de modo
“livre” nesse mercado mundial em formação, de acordo com uma divisão internacional do
trabalho estabelecido pela principal economia desse período, a economia inglesa. Para melhor
compreensão:

o controle do mercado mundial foi a especificidade do capitalismo


britânico. O mercado mundial do século XIX foi uma criação britânica,
que o empresariado e o governo britânicos controlaram em conjunto
desde o momento de sua formação, durante e imediatamente após as
Guerras Napoleônicas, até o momento de sua desarticulação, durante e
imediatamente após a Primeira Guerra Mundial. [...] a auto-expansão
do capital britânico sempre esteve inserida num processo de formação
do mercado mundial, de modo que todos os segmentos mais
importantes desse capital passaram a depender de suprimentos e/ou
mercados compradores estrangeiros e coloniais. [...] Controle não é
uma palavra forte demais para designar a relação da Grã-
Bretanha com o mercado mundial no século XIX. De fato, se
entendermos por mercado o lugar onde a procura e a oferta se
encontram, a Grã-Bretanha era o mercado mundial, já que suas
instituições governamentais e empresariais eram as principais
intermediárias entre produtores e consumidores do mundo. (ARRIGHI,
1996, p. 298, grifo nosso).

O mercado mundial se organizava de acordo com a intensificação das relações comerciais


entre Grã-Bretanha e os demais países, produzindo um mercado consumidor externo para seus
bens manufaturados e capitais. Como destaca Hobsbawn (2009), a configuração da formação
do mercado externo inglês esteve em grande medida atrelado ao monopólio da industrialização
e das relações com o mundo ultramarino subdesenvolvido, entre 1780 e 1815, período de
intensificação dessas relações. O mercado externo também beneficiou-se da possibilidade da
conquista de mercados para exportação e a destruição da concorrência, estabelecendo um
monopólio através de guerras, revoluções locais, domínio imperial, como ocorreu na Índia6.

5
Importante destacar o processo de independência de algumas dessas, até então, colônias: Estados Unidos, em
1776; Argentina, em 1816; Chile, em 1818; Venezuela, em 1819; Colômbia, em 1819; México, em 1821; Brasil,
em 1822.
6
“As Índias Orientais haviam sido, [...], o exportador tradicional de tecidos de algodão, encorajada pela Companhia
das Índias Orientais. Mas como o interesse industrial estabelecido prevaleceu na Grã-Bretanha, os interesses
mercantis da Índia Oriental [...] foram empurrados para trás. A Índia foi sistematicamente desindustrializada e
passou de exportador a mercado para os produtos de algodão da região de Lancashire: em 1820 o subcontinente
26

Nesse contexto estão inseridas as principais relações que darão base para uma
configuração da formação de um mercado mundial das commodities pautado em grande medida
em uma especialização produtiva, em que áreas subdesenvolvidas, em especial antigas colônias
de exploração, inseriram-se como fornecedoras de bens primários e consumidoras de bens
manufaturados das economias centrais. Para Landes:

as importações europeias de alimentos e matérias-primas das partes


menos desenvolvidas do mundo aumentaram em quantidade e
mudaram de composição - muito mais lentamente, no entanto, do que
se poderia pensar. O antigo padrão de autossuficiência europeia
essencial na alimentação prevaleceu na metade do século [XIX]. As
principais importações continuaram sendo as chamadas mercadorias
coloniais: açúcar, chá e café em particular; também cacau e especiarias.
O consumo de açúcar aumentou de forma constante, assumindo, no
mínimo, um lugar de maior importância nas dietas dos pobres que nos
dos ricos. Aqueles que podiam pagar, comiam açúcar branco refinado;
aqueles que não podiam, comeram melado (LANDES, 1980, p. 306,
tradução nossa).

Radetzki (2008) destaca que a redução dos custos de transportes, resultante de inovações
como aplicação da energia a vapor, a partir de meados do século XIX, foi determinante para
expansão do comércio mundial das commodities. A partir dessa redução, houve uma expansão
em volume nesse comércio. “Um grande grupo de matérias-primas produzidas a distâncias
crescentes da costa em territórios ultramarinos tornou-se economicamente acessível aos centros
industriais do mundo, pois o transporte terrestre por tração animal foi sendo transferido para
ferrovias e navios a vapor de metal substituíam os veleiros de madeira” (RADETZKI, 2008, p.
12, tradução nossa). Também, o desenvolvimento de técnicas de conservação de alimentos
foram fundamentais para impulsionar o comércio mundial desses bens a partir de fins do século
XIX.

Décadas de experimentos foram concretizadas em 1877, quando um


engenheiro francês chamado Charles Tellier instalou equipamentos de
refrigeração em dois navios e os enviou de Buenos Aires para Rouen:
eles chegaram com algum desgaste, mas com a carga praticamente
intacta. Três anos depois, um navio frigorífico chegou a Londres com
quarenta toneladas de carne bovina australiana. [...] A nova técnica
logo encontrou muitas outras aplicações - no transporte de frutas da
América Latina e da África, por exemplo. (LANDES, 1980, p. 310,
tradução nossa).

De acordo com Topik (2003 apud FREDERICO, 2013) o café foi a primeira commodity

adquiriu somente 11 milhões de jardas; mas, por volta de 1840 já adquiriu 145 milhões” (HOBSBAWN, 2018, p.
69).
27

agrícola mundial, com base na revolução dos transportes e na invenção do telégrafo7. De acordo
com esse autor, a partir da instalação do primeiro cabo submarino entre Nova York, Londres e
América do Sul, em 1874, teria revolucionado o mercado internacional do café, padronizando
informações em relação aos preços, oferta e demanda. Portanto, a padronização e a capacidade
de troca dessas informações padronizadas, aparecem como essenciais para a criação dos
mercados das commodities.
Ainda considerando o caso do café, de acordo com Frederico (2013) a ação decisiva para
essa padronização, commoditização do café, teria ocorrido a partir de 1882, com a criação
Coffee Exchange in the City of New York (CENY), a Bolsa de Café de Nova York. A criação
da CENY “normatizou o comércio internacional de café, ao padronizar e classificar o café em
diferentes tipos, favorecendo a permutabilidade dos fornecedores e definindo a qualidade
necessária para uma economia de produção e consumo em massa” (FREDERICO, 2013, p.
101).
No que diz respeito ao desenvolvimento do comércio mundial das commodities minerais
energéticas, no setor de petróleo, o crescimento da indústria se dá após a abertura do campo da
Pensilvânia em 1859 (a produção passou de dois mil para mais de quatro milhões de barris em
uma década) (LANDES, 1980). Na década de 1860, quase toda a oferta comercial mundial
origina-se da Pensilvânia, mesmo que essa produção tenha se espalhado pelo mundo em fins do
século XIX: Rússia, em 1870; Galícia, em 1878; Romênia, em 1880; Sumatra, em 1883; Java,
em 1886, Burma, em 1890; Bornéu, em 1896; Texas, 1898 (LANDES, 1980).
Data-se de 1859 o marco inicial do uso sistemático do petróleo, a partir da perfuração do
primeiro poço de petróleo, o qual ocorreu no estado da Pensilvânia, Estados Unidos, a partir da
iniciativa do coronel Edwin L. Drake. Funda-se aí a primeira companhia petrolífera do mundo,
a Pennsylvania Rock Oil Company of New York (LUSTOSA, 2002). A indústria moderna do
petróleo teve início com o surgimento da Standard Oil Company, cujo principal fundador foi
John D. Rockefeller, em 1870 e, a partir disso, Rockefeller junto à Standard Oil, dominou o
mercado americano e mundial de petróleo, até aproximadamente 1909.
A partir da substituição do carvão como fonte energética pelos derivados do petróleo,
estabeleceu-se uma dependência na indústria mundial, nos transportes em geral, no uso desse
bem. Não apenas como fonte de energia, surge a partir dos anos 1930, a indústria petroquímica,
implicando no uso do petróleo não apenas como fonte de energia, mas, como insumo para

7
A patente do telégrafo foi realizada no ano de 1837, tornando-se o principal sistema de comunicação a longa
distância até o começo do século XX.
28

diversos setores industriais.


O carvão mineral, durante a I Revolução Industrial, foi a principal fonte de energia. Essa
predominância perdura até aproximadamente fins do século XIX, quando passa a ser
substituído, parcialmente, pelo petróleo. De acordo com Hobsbawm (2018) “em 1800, a Grã-
Bretanha deve ter produzido perto de 10 milhões de toneladas de carvão, ou cerca de 90% da
produção mundial. Seu competidor mais próximo, a França, produziu menos de um milhão” (p.
82). No que diz respeito, assim, à produção mundial de carvão, nesse período a região central
era responsável pelo atendimento do seu respectivo consumo e do restante do mundo
(LANDES, 1980).
O Centro também era extremamente rica em minérios de ferro. Foi a partir do século XX
que o contínuo aumento da demanda, combinado com o esgotamento dos depósitos mais ricos
e acessíveis na Europa e nos Estados Unidos, estimularam uma busca mundial por depósitos
minerais e deu origem ao padrão de troca conhecido atualmente.

1.2 Principais acordos de regulação e proteção nos mercados das commodities

Podemos destacar três movimentos importantes envolvendo algum tipo de


intervencionismo nos mercados das commodities, que intensificam-se no pós II Guerra
Mundial: a regulamentação a partir dos acordos interestatais para regulação dos preços das
commodities (MAIZELS, 2003; SWARAY, 2007; RADETZKI, 2008); expansão da adoção de
políticas protecionistas nos mercados agrícolas (FRIEDMANN, 1995; CARVALHO, 2016;
FRIEDMANN e McMICHAEL, 1989); protecionismo via aplicação de tarifas escalonadas
pelos países desenvolvidos às importações de commodities processadas (MENDIVE, 1978;
RADETZKI, 2008). Desses movimentos, ainda influenciam na estrutura da produção e
comércio mundial das commodities: protecionismo agrícola e tarifas escalonadas.

1.2.1 Os acordos interestatais

No início do pós II Guerra Mundial, a política comercial baseava-se essencialmente nos


princípios do livre mercado e na não-discriminação, conforme estabelecido em 1948 na Carta
de Havana (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Trabalho). A Carta reconheceu
que o comércio de alguns produtos básicos poderia ser afetado por “dificuldades especiais” e
aprovou o uso de acordos internacionais de commodities (International Commodity Agreements
29

- ICAs) para prevenir ou aliviar tais dificuldades (MAIZELS, 2003).


Alguns acordos interestatais já haviam sido firmados antes da II Guerra Mundial, voltados
para o controle dos preços do açúcar, do trigo, do chá, da borracha natural e do estanho, com o
objetivo de manutenção ou garantia de preços mínimos (MALHOTRA et. al., 2004;
RADETZKI, 2008). Entre 1945-64, teriam sido firmados acordos com o mesmo objetivo,
somente para o trigo, açúcar, estanho e o café. Durante os anos 1950 várias alianças foram
realizadas por países dependentes de commodities não-petrolíferas, como uma tentativa
estratégica de controlar o mercado internacional de commodities (SWARAY, 2007).
As primeiras negociações, nesse contexto, resultaram no Acordo Internacional do Açúcar
(International Sugar Agreement - ISA) e no Acordo Internacional de Estanho (International
Tin Agreement - ITA), sob a égide das Nações Unidas em 1954. A partir de então, países
produtores e importadores de produtos primários assinaram mais três acordos que envolviam:
café em 1962, cacau em 1972 e da borracha natural em 1980. Esses acordos tinham por objetivo
a tentativa de evitar o problema da queda dos termos de troca e volatilidade dos preços,
administrando a oferta através de financiamento de estoques reguladores, através da criação de
um Fundo Comum, e controles de exportação baseados em cotas pré-determinadas atribuídas a
cada país produtor (SWARAY, 2007; NISSANKE, 2010).
O Fundo Comum financiaria ambos os Fundos de Estabilização de ICAs individuais (ou
seja, fundos para a compra de estoques reguladores ou superávits), bem como a compensação
de ganhos de exportação. No entanto, o Fundo Comum não se tornou uma realidade. Os Estados
Unidos recusaram-se constantemente a participar, e vários outros países desenvolvidos (embora
concordassem, em princípio, com a ideia) não conseguiram ratificar o Acordo para criar o
Fundo (TREBILCOCK e HOWSE, 1999).
De acordo com Frederico (2013) os acordos eram firmados entre agências estatais dos
países produtores e importadores. Considerando o caso do café, uma das principais
commodities negociadas nesse período, esse autor apresenta, de modo mais claro que:

as agências estatais de regulação da cafeicultura dos países produtores


- como o Instituto Brasileiro do Café e a Federación Nacional de
Cafeteros da Colômbia, apenas para citar duas entre as mais
importantes -, garantiam preços mínimos, formavam estoques
reguladores, subsidiavam a compra de insumos químicos, realizavam
empréstimos a baixos custos aos produtores, desenvolviam pesquisas e
extensão rural, regulavam os preços do mercado interno do café torrado
e moído e promoviam a imagem do café, principalmente no caso da
agência colombiana. (FREDERICO, 2013, p. 103)

No processo de regulamentação do mercado das commodities, vale destacar a proposta


30

apresentada por Keynes8, como um dos pilares da sua proposta geral, durante a conferência de
Bretton Woods, em 1944. De acordo com Raffer e Singer (2001), a preocupação de Keynes
com a regulação do mercado internacional de commodities já aparecia em seu artigo "A política
de armazenamento governamental de alimentos e matérias-primas" de 1938. Em sua proposta
em Bretton Woods, Keynes propunha também uma organização internacional para estabilizar
os preços das commodities primárias de aproximadamente trinta commodities, incluindo ouro
e petróleo. O objetivo era impedir um possível colapso dos preços das commodities através do
controle dos seus preços.
Embora essa proposta de Keynes, na forma original, não tenha se concretizado, dado a
forte oposição do governo dos Estados Unidos na época, os acordos internacionais de
commodities (ICAs) foram estabelecidos, mesmo que não fidedignos à proposta original, e
resultaram em várias negociações que culminaram no Programa Integrado de Commodities
adotado na Resolução de Nairóbi da UNCTAD, em 1976 (NISSANKE, 2010). O objetivo desse
programa era fortalecer o setor de commodities das economias em desenvolvimento, a partir de
acordos para a estabilização de preços em uma série de commodities, evitando flutuações de
preços, com a justificativa de que os preços, do lado da oferta e da demanda, fossem equitativos.
Entretanto, no contexto de um movimento de desregulamentação dos mercados que passa
a caracterizar as economias a partir dos anos 1970, consubstanciado nas ideias neoliberais, os
ICAs passam por um processo de desestruturação/extinção (MAIZELS, 2003; CARNEIRO,
2012). Essa desregulamentação estava ancorado em um movimento maior de mudanças que se
encontravam em curso como orientação das políticas de Estado após os anos 1970: a adoção
dos pressupostos neoliberais em “todas” as esferas da economia. Assim como a fase de
implementação dos ICAs também era resultante de um movimento maior na condução das
políticas econômicas, nesse caso, as ideias keynesianas, a desregulamentação dos ICAs não será
algo isolado da dinâmica econômico-político mundial.
No entanto, a tentativa de regulamentação interestatal não se esgota completamente com
o fim dos ICAs, dado que, outras tentativas de negociações interestatais foram estabelecidas,
mas, em grande medida para tentar “solucionar” conflitos dados as práticas protecionistas que
foram intensificando-se nas economias desenvolvidas, em seus setores de produção de
commodities.

8
John Maynard Keynes (1883-1946), economista britânico, cuja a principal obra foi “A teoria geral do emprego,
do juro e da moeda”, publicada em 1936. Foi um dois principais economistas na construção do pensamento
econômico relacionado ao papel da intervenção do Estado na economia, com o objetivo de reduzir os ciclos de
instabilidade econômica.
31

Uma das instituições previstas a serem criadas a partir da Conferência de Bretton Woods,
seria a Organização Internacional do Comércio, com o objetivo de supervisionar um novo
regime multilateral de comércio mundial liberal, o que não aconteceu (TREBILCOCK e
HOWSE, 1999). Estabeleceu-se assim, em 1947, um acordo provisório entre os vinte e três
principais países comerciais do mundo o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT),
como uma tentativa de estabelecer os critérios para um comércio internacional sem práticas
protecionistas. No que diz respeito ao setor agrícola, somente na Rodada do Uruguai, rodada de
negociações que durou entre 1986 a 1993, levou-se em consideração o tratamento para esse
setor.
Também vale destacar a Rodada de Doha, a qual teve início em 2001 no Catar e tinha
como objetivo ampliar o acesso das economias em desenvolvimento, exportadoras de
commodities, aos mercados das economias desenvolvidas. Essa Rodada de negociações,
também chamada de Rodada do Desenvolvimento, tinha uma previsão de negociações para três
anos, mas, foi um fracasso em relação ao objetivo inicial. Os principais temas em negociação
envolviam agricultura; acesso a mercados para bens não-agrícolas (NAMA); regras sobre
aplicação de direitos antidumping, subsídios e medidas compensatórias; comércio e meio
ambiente; facilitação do comércio e alguns aspectos de propriedade intelectual; além de uma
discussão para pensar estratégias especiais e diferenciadas a favor de países em
desenvolvimento.
No entanto, as práticas protecionistas, impostas por economias desenvolvidas em seus
mercados importadores permanecem como um dos principais dilemas das negociações
internacionais de livre-comércio. No que diz respeito ao setor primário, as distorções se dão em
grande medida no setor agrícola, e, quando se contrapõe as commodities primárias e as
processadas, observa-se que as economias desenvolvidas impõe tarifas escalonadas de modo a
inibir as importações das commodities processadas em seus mercados.
No que tange à possibilidade de que essas negociações se concretizassem, para algumas
economias que apresentam algum tipo de dependência do comércio mundial das commodities,
seja pelo peso em suas receitas de exportações e/ou da produção interna, seria possível
pressupor alguns ganhos em um primeiro momento, mas, também é necessário pensar que essa
ampliação de acesso pode implicar em uma consolidação cada vez maior da dependência dessas
economias em relação a esse comércio.

1.2.2 O protecionismo nos mercados agrícolas


32

Além de um processo de regulamentação interestatal, em paralelo, intensificou-se um


processo de protecionismo nacional de um dos principais setores das commodities, o setor
agrícola. O ICAs tinham a proposta em tentar estabelecer o controle dos preços das commodities
a partir de acordos interestatais entre produtores e importadores. O protecionismo interno, por
outro lado, caminhava no sentido de fortalecer o setor primário doméstico. Ou seja, os ICAs,
na medida que procuravam de algum modo articular os interesses de países produtores e
importadores, as medidas protecionistas criavam barreiras e estabeleciam atritos entre os
produtores mundiais das commodities.
A economia americana foi se constituindo um dos principais centros produtores das
commodities agrícolas , em especial pelo avanço da integração do setor agrícola com o setor
industrial, a partir de fins do século XIX. A economia americana foi também se constituindo
em um dos maiores produtores de grãos, e principal origem das importações de grãos pelos
países europeus até aproximadamente os anos 1960-70. Conforme Goldfarb (2013) os
excedentes da produção americana tinham como principal mercado de destino a Europa e, no
contexto do pós II Guerra Mundial irão abastecer através de assistência alimentícia, à Europa –
em reconstrução -, o Japão e depois ao chamado naquele momento de Terceiro Mundo. A
problemática desses excedentes se dá principalmente pelo contexto da política protecionista via
controles de importações e subsídios às exportações, implementados na economia americana.

Os programas agrícolas do New Deal dos anos 1930 foram mantidos


após a Primeira Guerra Mundial, apesar da ampla conscientização do
problema dos excedentes. As práticas mercantis tinham de ser usadas
para eliminar os excedentes e evitar uma inundação de importações
para os Estados Unidos. Como potência econômica dominante após a
Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos insistiram em regras
internacionais consistentes com seus próprios programas nacionais de
apoio a fazendas. Essas regras finalmente permitiram que os Estados
Unidos criassem uma preponderância esmagadora na produção e no
comércio agroalimentar mundial, muito além de sua participação
histórica. (FRIEDMANN, 1995, p. 514, tradução nossa).

As políticas protecionistas irão estruturar uma dinâmica de produção e de participação


dessa produção do mercado mundial, como será o caso do protecionismo implementado em
especial na economia americana, no setor agrícola europeu e no Japão, sendo que “entre os
países desenvolvidos, os aumentos na proteção agrícola foram muito maiores no Japão, com
taxas médias de proteção nominal aumentando de 17,5% em 1955 para 83,5% em 1980”
(BALASSA, 1991, p. 155, tradução nossa).
De acordo com Friedmann (1995), em relação ao setor agrícola, no período de 1947-72,
estabeleceu-se um padrão de regulamentação intensamente nacional, voltado para proteção
33

agrícola, como uma resposta ao protecionismo que se desenvolvia no mercado interno


americano. Conforme esse autor apresenta, “as restrições comerciais dos EUA, destinadas a
proteger os programas agrícolas nacionais, incentivaram outros países a se concentrarem em
seus próprios setores agroalimentares nacionais. Os estados replicaram a regulamentação dos
setores nacionais dos EUA, mas adaptaram as políticas aos contextos locais” (FRIEDMANN,
1995, p. 514, tradução nossa). Na Comunidade Econômica Europeia foi institucionalizado a
Política Agrícola Comum Européia (PAC) nos anos 1960, mas, alguns instrumentos
protecionistas já eram utilizados na política agrícola dos países europeus.

As políticas comerciais europeias variaram – em grande medida – com


a necessidade e o desejo de proteger a agricultura, a partir de 1880,
quando a mecanização do setor decorrente das inovações tecnológicas
aumentou sua produtividade e as importações baratas do mercado
internacional se tornaram uma constante na Europa. Quando a
importância estratégica da agricultura ganhou ainda mais força no
contexto das grandes guerras mundiais do século XX, as confluências
de interesses configuraram-se na esteira do início do processo de
integração regional da Europa e culminaram, na década de 1950, com
as primeiras propostas de cooperação agrícola regional (CARVALHO,
2016, p. 17).

A partir do PAC, em fins dos anos 1960, a Comunidade Européia podia se auto abastecer
na maioria dos produtos de consumo interno e aumentava o comércio de produtos dentro da
Comunidade, o que culminou em uma tensão entre EUA e Comunidade Econômica Europeia e
resultaria em impactos no mercado agroalimentar mundial (GOLDFARB, 2013). Conforme
aponta Balassa (1991):

ao fixar os preços no mercado interno acima dos níveis do mercado


mundial e ao aumentá-los mais ou menos regularmente, as políticas
aplicadas não só salvaguardaram os mercados internos dos produtores
da CEE [Comunidade Econômica Europeia], mas também conduziram
a excedentes em diversas mercadorias. Entre 1967-71 e 1982-83, a
extensão da autossuficiência no Mercado Comum aumentou de 82%
para 159% para o açúcar, de 91% para 114% para a manteiga, de 100%
para 109% para outros produtos lácteos, de 101% para 110% para aves,
90% a 105% para carne bovina, e atingiu 121% para o trigo.
(BALASSA, 1991, p. 154, tradução nossa).

O avanço na autossuficiência criaria a capacidade, tanto da redução das importações de


uma gama de commodities agrícolas, como possibilitaria a participação da oferta dessa região
no mercado internacional dessas commodities. “Em 1982-3, sua participação nas exportações
agrícolas mundiais, excluindo o comércio intra-CEE, alcançou 19% em açúcar, 47% em
manteiga, 45% em queijo, 39% em aves, 52% em ovos e 14% em carne de bovino, e 17% em
34

trigo” (BALASSA, 1991, p. 154, tradução nossa). Esse arcabouço institucional protecionista
agrícola, nas economias desenvolvidas, ainda é hoje, objeto de discussão internacional, dado a
manutenção de grande parte dessa estrutura.
De acordo com Radetzki “em 2003-5, os subsídios agrícolas representaram 34% do valor
das receitas agrícolas totais na EU [União Europeia] e 58% no Japão [...]. Para alguns produtos,
os subsídios excedem 100%” (2008, p. 18, tradução nossa). Nas economias industrializadas
houve um processo de aprofundamento de políticas protecionistas (barreiras comerciais e
subsídios as exportações). Confirmando essas assertivas, para Anderson (2004 apud
RADETZKI, 2008, p. 48) “that almost two-thirds of the distortions (and hence of the potential
gains) arise from measures to protect agriculture, and that almost one-half of the global total is
due to agricultural protection by the rich world.”

1.2.3 As tarifas escalonadas

A questão tarifária imposta pelas economias desenvolvidas às importações de


commodities processadas se faz presente na dinâmica do mercado mundial das commodities,
aproximadamente, desde os anos 1970. Essas tarifas são superiores às tarifas impostas às
importações das commodities primárias. Portanto, a estrutura tarifária dos países desenvolvidos
é em grande medida mais restritiva às commodities já processadas, em detrimento das
commodities em estado bruto (MENDIVE, 1978; HOEKMAN, NG e OLARREAGA, 2002;
RADETZKI, 2008; PRATES, 2007; TREBILCOCK e HOWSE, 1999).
Hoekman, Ng e Olarreaga (2002) indicam, como exemplo, que os produtos alimentícios,
totalmente processados, enfrentam tarifas muito superiores aos bens produzidos nessa cadeia,
em etapas anteriores. Ademais, Mendive (1978) indica que os produtos de exportação, dos
países latino-americanos eram afetados por tarifas relativamente baixas, quanto por tarifas
relativamente altas.

Las primeras se aplican a productos primários no competitivos de las


producciones internas de los países desarrollados y sobre productos
industriales de alta densidade de capital y tecnología, en tanto que las
segundas, y otras tasas de nivel intermedio, se aplican a ciertos
productos agrícolas competitivos y, en general, a produtos
manufacturados principalmente con tecnologia de alta densidad de
mano de obra. Así, confecciones, telas, casimires, calzado, y muchos
artículos de cuero soportan pesados aranceles y, por otra parte, ocorre
lo mismo con la carne, el tabaco y el azúcar, por ejemplo. (MENDIVE,
1978, p. 92).
35

De acordo com Radetzki (2008, p. 53, tradução nossa), acerca de um tipo de política
protecionista, amplamente aplicada a todas as mercadorias, “trata-se de uma escalada tarifária
ao longo da cadeia de processamento do material bruto para o produto acabado, e sua finalidade
precisa é garantir a localização do processamento de mercadorias no país que importa o material
bruto”. Para exemplificar o autor apresenta que “if processing increases the value of the product
from $80 to $100, and if the nominal tariff is 10% on the crude material but 20% on the
processed product, then the effective tariff imposed on the value added created at the processing
stage works out at a prohibitive 60% ($12 / $20)” (RADETZKI, 2008, p. 54). Assim, tarifas
diferenciadas para matérias-primas, produtos semiacabados e bens finais levam à chamada
escalada tarifária, que pode ter a virtude de tornar a taxa efetiva de proteção dos fatores de
produção, às vezes, superior à taxa nominal.
Prates (2007), ao tratar da relação entre as políticas protecionistas dos países, destaca que
essas políticas protecionistas tem dois pilares: “tarifas escalonadas, crescentes com o grau de
processamento dos bens, que desestimulam o processamento das commodities pelos países
periféricos; e subsídios agrícolas que, ao estimularem a manutenção ou aumento da produção,
deprimem os preços mundiais dos produtos” (p. 328).
De acordo com Trebilcock e Howse (1999) a escalada tarifária denota uma tendência dos
países desenvolvidos de impor tarifas muito baixas sobre as importações de matérias-primas e
tarifas muito mais altas sobre produtos processados ou acabados que são feitos a partir dessas
matérias-primas. Essa prática tornaria “muito mais fácil” para os países em desenvolvimento
exportarem matérias-primas em estado não processado e muito mais difícil exportar produtos
que tenham um componente significativo de valor agregado.
O efeito de escalonamento ocorre porque, enquanto os produtores dos produtos
processados ou acabados dos países desenvolvidos têm acesso às matérias-primas quase ao
mesmo preço que os produtores dos países em desenvolvimento (devido às baixas tarifas sobre
as matérias-primas), eles também têm um mercado protegido contra os produtores dos países
em desenvolvimento, em virtude da significativa tarifa imposta aos produtos processados ou
acabados em questão.

1.3 Ciclos de preços das commodities

As oscilações de preços no mercado de commodities carrega um elemento histórico-


estrutural: as tendências cíclicas. Assim, não é possível falar do mercado das commodities, sem
36

tratar minimamente esses ciclos, pois, de algum modo eles irão impactar no comportamento
desse mercado. Os principais ciclos de preços das commodities podem ser agrupados da
seguinte forma: 1) 1894-1932, com pico de preços em 1917; 2) 1932-1971, com pico de preços
em 1951; 3) 1971-1999, com pico de preços em 1973; 4) 2002-2012 (ERTEN e OCAMPO,
2012; RADETZKI, 2008; UNCTAD, 2013). Nos deteremos aqui ao período pós anos 1970.
O ciclo de expansão dos anos 1970 é marcado pelo crescimento dos preços das
commodities tanto petrolíferas, quanto não-petrolíferas, atingindo nível mais alto em 1974,
acompanhado do primeiro choque de preços do petróleo. De acordo com Cooper e Lawrence
(1975), mesmo deixando de lado o petróleo como um caso especial, os preços das commodities
primárias mais que dobraram entre meados de 1972 e meados de 1974, enquanto os preços de
algumas commodities individuais, como açúcar e ureia (fertilizantes nitrogenados), subiram
mais de cinco vezes. “A crise alimentar do início dos anos 70, combinada com crises
simultâneas de moeda e petróleo, iniciou um período de instabilidade [...]. A sensação de crise
no início dos anos 70 resultou da mudança repentina e inesperada do excedente para a escassez,
que elevou os preços dos grãos” (FRIEDMANN, 1995, p. 513, tradução nossa). No mesmo
sentido:

os anos 70 foram uma década de sucessivos "choques" nos mercados


mundiais de commodities. Começou com um aumento acentuado dos
preços do petróleo em 1973-1974, que provocou temores de um
aumento mais generalizado dos preços das commodities, enquanto uma
sucessão de escassez de algumas commodities (por exemplo, açúcar e
café) em anos específicos resultou em oscilações de preços
excepcionalmente grandes. Durante essa década, a tendência dos
preços reais das commodities subiu levemente (MAIZELS, 2000, p. 2,
tradução nossa).

No entanto, os preços das commodities entre os anos 1980-2002, apresentam tendência


decrescente. De acordo com Unctad (2013), durante o período 1980-2000, os preços das
commodities exibiram alguma volatilidade, com picos temporários em 1988 e 1997, mas no
geral eles caíram. De acordo com Maizels (2003), no final da década de 1980, a queda dos
preços das commodities foi mais severa e consideravelmente mais prolongada do que a que
ocorre durante a Grande Depressão.
As transformações9 que se dão na estrutura do capitalismo nos 1980, relacionadas às

9
Considerando que a partir de 1979 os EUA empreenderam uma política estratégica para retomada de sua
hegemonia, através da retomada do controle financeiro internacional, via dólar forte, essa política resultará em
uma recessão generalizada até 1983. Resumidamente, dada a complexidade de elementos que estão
interconectados nessa estratégia, os EUA estabeleceram uma política de dólar forte, portanto, sobrevalorizado
entre 1979-85, acompanhado do aumento das taxas de juros. Entre 1985-89, empreendem uma desvalorização do
37

medidas de tentativa de retomada do crescimento, pelas economias desenvolvidas e, em


especial, pelas medidas dos Estados Unidos em recuperar sua centralidade econômica mundial,
tem relação com a queda de preços dos anos 1980, mesmo diante da recuperação de uma parte
da economia mundial, a partir dos anos 1980.
Para Maizels (2003), a causa imediata da queda dos preços das commodities no início dos
anos 80 reside na imposição de políticas monetárias restritivas nos principais países
industrializados, a fim de reduzir as pressões inflacionárias. Isso resultou em uma desaceleração
acentuada em suas taxas de crescimento econômico e em uma forte contração do crescimento
da demanda por commodities primárias. A segunda razão, para esse autor, seria que, nesse
contexto, houve um aumento do volume de exportações de commodities dos países em
desenvolvimento, em cerca de 40,0%, de 1980 a 1990.
Nesse período, Radetzki (2008) ainda destaca um movimento no consumo mundial de
commodities, caracterizado como uma desmaterialização, ou seja, uma redução do uso de
matérias-primas nos processos produtivos nas economias industrializadas. Isso teria sido um
elemento importante para a queda dos preços de commodities agrícolas (1974-2002) e das
commodities combustíveis (1981-1998), uma vez que a demanda teria reduzido durante esse
processo de desmaterialização. De acordo com Maizels (2003), para muitas commodities houve
substanciais substituições de materiais sintéticos nas décadas 1980-2000, enquanto uma
mudança de indústrias tradicionais “pesadas”, como ferro e aço, também limitou a taxa de
expansão da demanda por matérias-primas naturais.
Nesse mesmo sentido, Prates (2007) também destaca que um dos elementos para redução
dos preços mundiais das commodities nos anos 1980, se deve a uma mudança no padrão
industrial e tecnológico, que teria como um dos impactos, a menor intensidade na utilização
desses tipos de insumos. Para essa autora “do lado da demanda, esses avanços possibilitaram o

dólar, desregulam os principais mercados de capitais, e no período 1989-96, os juros são reduzidos enquanto a
política monetária foi mantida para desvalorização do dólar, frente ao marco e ao iene (TAVARES e MELIN,
1997). O contexto que antecede essa mudança estrutural do capitalismo mundial é marcado pelo período após II
Guerra Mundial até os anos 1970, quando as economias vivem os anos dourados do capitalismo. Nesse período
as economias em desenvolvimento, como as latino-americanas, passam por processos de desenvolvimento
industrial, baseados em projetos de investimentos orientados pelos Estados Nacionais e dada a baixa taxa de juros
registrada no período, esses projetos são em grande medida financiados por empréstimos com essas taxas. A década
de 1970 representou nos países desenvolvidos, uma transição na forma de acumulação do sistema capitalista, que
resultaram a partir da década de 1980, em um receituário para a periferia. Os principais pontos em que se
constituíram as propostas de ajuste dos anos 80 para a América Latina foram: políticas fiscais, com cortes radicais
nos gastos correntes e investimentos públicos; política monetária para conter a expansão dos meios de pagamentos,
redução do crédito e ampliação das taxas de juros; política salarial através da contenção dos reajustes; e, política
cambial e de comércio exterior pautada na desvalorização cambial, portanto, incentivando as exportações e
restringindo as importações (CANO, 2000).
39

maioria dos preços das commodities despencou quando o crescimento global desacelerou [...].
No entanto, desde então, todos os subgrupos de commodities se recuperaram fortemente: por
exemplo, em 2011 os preços médios de metais, matérias-primas agrícolas e bebidas
ultrapassaram as médias de 2008”.
Para Radetzki (2008), a recuperação dos preços do início dos anos 2000, das commodities
agrícolas, combustíveis e metais, é, em grande medida, resultante da expansão da demanda da
região asiática, em especial da China e da Índia, como grandes consumidoras de commodities.
Para esse autor, mesmo que tenha ocorrido um processo de desmaterialização, os processos
produtivos não podem prescindir do uso de matérias-primas em sua totalidade.
Para Erten e Ocampo (2012), o recente aumento dos preços das commodities do início do
século XXI tem sido comumente atribuído ao forte desempenho do crescimento global das
economias dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), particularmente da China,
pois seus processos produtivos são intensivos em metal e energia. Prates (2007) compreende
que seriam dois os principais determinantes comuns à alta dos preços das commodities, do pós-
2003, quais sejam: condições macroeconômicas globais e o efeito-China.
Como apresenta Unctad (2013), uma característica particular desse boom pós anos 2000,
em relação aos ciclos anteriores, é a crescente presença de investidores financeiros nos
mercados futuros de commodities, com investimentos em fundos fortemente concentrados no
lado da compra e, esse influxo substancial de capital seria responsável pela origem das bolhas
de preços futuros. Isso alteraria, por sua vez, os preços spot10, alterando, portanto, as
expectativas de aumento dos preços. Carneiro (2012) destaca que:

De um ponto de vista mais geral, para os anos recentes pode-se postular


uma aproximação entre a determinação dos preços das commodities e
a dos outros ativos financeiros, obviamente com algumas
especificidades para as primeiras. A semelhança residiria na
importância dos mercados futuros na determinação dos preços
exatamente por terem o atributo da maior liquidez. Uma vez
determinados os preços futuros, os preços à vista se determinariam por
arbitragem. A diferença com os mercados financeiros residiria na
existência de um mercado à vista no qual se transacionam bens físicos
e não apenas valores. (CARNEIRO, 2012, p. 24).

Para Radetzki (2008), a expansão dos preços das commodities primárias fez com que
gestores de fundos de hedge, fundos de pensão e outras carteiras de capital passassem a investir

10
Mercado spot é o tipo de mercado em que as transações com entrega imediata da mercadoria e o pagamento é
feito à vista. Esse mercado é distinto, portanto, dos mercados futuro e a termo, nos quais os pagamentos são
efetuados em prazos que podem variar, de acordo com os contratos de negociação.
40

em commodities, tanto como meio de diversificação quanto pelas expectativas de aumento da


rentabilidade. Esse fenômeno contribui, de acordo com esse autor, como um incentivo para
ampliação ainda mais expressiva na elevação dos preços das commodities.
Os mercados futuros das commodities não são uma invenção do mercado financeiro
contemporâneo, pois, como já foi apresentado, esses mercados surgiram a partir de meados do
século XIX (Subseção 1.1). A principal justificativa para criação desses mercados seria a
necessidade de estabelecer algum mecanismo capaz de reduzir as oscilações de preços que as
commodities apresentavam. Mas em grande medida é a partir dos anos 1970-80 que esses
mercados colocam-se em evidência não apenas como um instrumento para redução das
oscilações dos preços das commodities, mas, como mais um dos espaços de acumulação na
lógica rentista. Nesse sentido que os preços das commodities passarão a ser influenciados
também pelas relações que estão se dando na lógica financeira.
De acordo com Goldfarb (2013, p. 95) “em 2007, o movimento do mercado de futuros no
mundo superou em muito as safras mundiais. Isto é, havia mais produtos agrícolas nos contratos
do que na realidade. O aumento dos preços dos alimentos observados até meados de 2008 se
explica, em grande parte, por isso”. Conforme Frederico (2013, p. 110) “os especuladores atuam
no mercado futuro desde o seu início, no final do século XIX, porém, a sua ação tornou-se muito
mais expressiva a partir do último quartel do século XX, com a criação dos fundos de
commodity e do mercado de opções”.
41

Capítulo 2
Definição de commodities e metodologia para tratamento dos dados

2.1 Revisão das principais classificações para commodities

A definição de commodities em geral é dada como bens que apresentam homogeneidade


ou baixo grau de diferenciação e, nesse sentido, os produtos oriundos da produção primária e
seus primeiros processos de industrialização podem ser considerados enquanto commodities.
Unctad (2013) define commodities como uma tipologia de mercadorias, geralmente homogênea
e negociada a granel e, que, frequentemente são utilizadas como insumos na produção de outros
bens ou serviços.
Fally e Sayre (2018a) empreenderam uma árdua tarefa no sentido de sistematizar a
classificação de commodities para seu trabalho. Os autores relatam a dificuldade inicial sobre
as diferentes bases, classificações dos produtos, e nível de agregação. Empreenderam uma
sistematização metodológica para compatibilizar diferentes bases de dados, para diferentes
tipos de commodities, como o uso do The British Geological Survey (BGS website) para
produção mineral e, FAOSTAT (Food and Agriculture Data), para agricultura. O objetivo
desses autores também é tratar a dimensão da produção e do comércio internacional das
commodities e optaram por consolidar um banco de dados11 com a apresentação das
commodities com nível o mais desagregado possível, compatibilizando bases que fornecessem
informações estatísticas para grandes grupos de commodities, enquanto produtos. A
nomenclatura para compatibilização foi o Sistema Harmonizado12 (SH), a quatro e seis dígitos
e, também incluíram alguns produtos intermediários com um certo nível de processamento,
como o cobre fundido e minério de cobre.
Radetzki (2008) define o grupo de commodities a partir da classificação da SITC
(Standard International Trade Classification), que inclui as seções de animais vivos e todos os
produtos alimentícios (primários e processados); bebidas e tabaco; matérias-primas não
comestíveis, exceto combustíveis (matérias-primas de óleo comestível); combustíveis minerais,
lubrificantes e materiais correlatos; óleos e gorduras animais e vegetais; ferro e aço; e metais

11
Fally e Sayre (2018b).
12
Sistema Harmonizado (SH) - Harmonized System (HS) - da Organização Mundial das Alfândegas, que surgiu
através da cooperação internacional durante as décadas de 1970 e 1980 como uma medida de facilitação do
comércio. O SH especifica produtos usando seis dígitos, de 010110 (criação pura de cavalos vivos, asnos) a 970600
(obras de arte antigas que excedem 100 anos de idade). Ver UNSD (2018).
42

não ferrosos. Oyejide (1989) define commodities com base também na classificação SITC e
indica como agrupamento das commodities os produtos primários, agrícolas e minerais.
Unctad (2013) apresenta que historicamente vários termos teriam evoluído para fazer uma
distinção entre as diferentes commodities que são negociadas internacionalmente, como por
exemplo: commodities tradicionais e não-tradicionais; commodities tropicais e não-tropicais,
mas, indicam que uma distinção mais útil seria entre as commodities soft e hard (UNCTAD,
2013). As commodities leves (soft), seriam principalmente produtos agrícolas, como cereais,
bebidas tropicais, matérias-primas agrícolas, óleos vegetais e oleaginosas, e as commodities
duras (hard), seriam produtos derivados de mineração e outras indústrias extrativas similares,
como petróleo bruto, bauxita, diamantes, ouro e cobre.
Para Radetzki (2008), uma definição de commodities, a partir da ISIC (International
Standard Industrial Classification of All Economic Activities) poderia implicar em uma
classificação ambígua de setores definidos enquanto commodities e se tornaria inadequada para
as análises de commodities no comércio internacional. Para exemplificar, esse autor apresenta
que carne, pasta de papel e cobre refinado são importantes produtos primários no comércio
internacional, mas uma proporção significativa de seu valor foi adicionado pelo setor
manufatureiro através das atividades de matadouros, fábricas de celulose e fundições de cobre
e refinarias. Nesse sentido, “perder-se-ia” uma parte importante dos valores das commodities,
e portanto, prejudicaria uma análise mais ampla a partir do entendimento que também há uma
parcela de commodities que está no âmbito do processamento/industrialização. Se
considerarmos a divisão em geral apresentada pelas Contas Nacionais que aparecem com
elevado grau de agregação setorial em relação aos bens manufaturados, realmente o uso poderia
tornar-se inadequado. No entanto, como será exposto na Subseção 2.2, o uso da ISIC para
definição de setores enquanto setores produtores de commodities foi possível dado que a base
específica de dados da OECD.Stat (2018) disponibiliza informações estatísticas para um nível
de desagregação em trinta e quatro setores, e assim foi possível definir uma parte das
commodities processadas a partir dessa classificação.

2.2 Definição para commodities a partir de uma classificação setorial

Para sistematização metodológica apresentada nesta tese, inúmeras foram as dificuldades


relacionadas à compatibilização entre as diversas bases de dados e o uso de classificações de
43

produtos e setores13, e isso se torna mais complicado quando há necessidade de estabelecer uma
análise agregada de produtos e setores, como é o caso dessa pesquisa. Vale ressaltar que essa
construção constitui uma proposta metodológica de acordo com a base de dados utilizada na
pesquisa, e portanto, com a classificação adotada por essa base na apresentação dos dados.
O ponto de partida para classificação das commodities se deu pela identificação de uma
classificação formal da categoria commodities, a padronização internacional apresentada no
Quadro 1, a partir da Standard International Trade Classification (SITC) Revisão 314. A SITC
é uma das classificações para bens transacionados no mercado internacional, e a única no
âmbito internacional que apresenta uma classificação formal para um grupo de mercadorias
enquanto commodities. Assim as commodities são classificadas como commodities primárias,
mesmo no caso das commodities que passam por processos de industrialização/processamento.
Em geral, a SITC é a classificação usual adotada nos trabalhos que discutem o mercado
mundial das commodities, em especial porque as principais bases de dados desse âmbito
comercial são apresentadas por essa classificação, como é o caso da UNCTAD (United Nations
Conference on Trade and Development). No entanto, a classificação formal da SITC não é a
classificação principal adotada nesta pesquisa, uma vez que, o âmbito desse trabalho está tanto
na estrutura do comércio internacional, como da produção mundial, e, não foi possível encontrar
uma base de dados que ofertasse variáveis tanto da produção quanto do comércio, a partir da
classificação da SITC, mas, ela é ponto de partida para construção da nossa classificação.
Em um contexto de análise mundial, as variáveis precisam de certa uniformidade para se
estabelecer um padrão de análise entre as economias. Como destacado, em geral as bases
estatísticas que disponibilizam dados de acordo com a classificação da SITC não fornecem
todos os dados necessários ao objetivo desta pesquisa, mas, é através da classificação da SITC
que avançamos para uma classificação de commodities a partir de setores econômicos,
utilizando a International Standard Industrial Classification of All Economic Activities (ISIC)
Revisão 4 (UNSD, 2008). A utilização da ISIC se fez necessária, pois, a base estatística
principal dessa pesquisa é a da OECD (Organization for Economic Co-Operation and
Development).

13
Para ver mais sobre essas classificações: consultar UNSD (2018).
14
A versão mais recente da SITC corresponde a Revisão 4, no entanto, a Unctad até então disponibiliza os dados
de acordo com a Revisão 3, por isso a adoção dessa versão como referência.
44

Quadro 1 – Classificação formal das commodities, com base na Standard International


Trade Classification (SITC) Revisão 3.
Grupos de Commodities primárias (SITC 0 + 1 Subgrupos
Código
+ 2 + 3 + 4 + 68)
Animais vivos
Carne e preparações de carnes
Laticínios e ovos de aves
Pescado (exceto mamíferos marinhos),crustáceos, moluscos e invertebrados
Alimentos e animais vivos
aquáticos e suas preparações
0 Cereais e preparações de cereais
Vegetais e frutas total
Açúcares, preparações de açúcar e mel
Café, chá, cacau, especiarias, e respectivos produtos
Alimentos para animais (não incluindo cereais não moídos)
Produtos e preparações alimentícias diversos
Bebidas
1 Bebidas e tabaco
Tabaco e suas manufaturas
Couros e peles, peles finas, em bruto
Sementes e frutos oleaginosos
Borracha em bruto (incluindo sintética e reconstituída)
Cortiça e madeira
Materiais em bruto, não comestíveis, exceto Celulose e resíduos de papel
2
combustíveis Fibras têxteis e seus resíduos (não transformados em fios/tecido)
Fertilizantes em bruto e minerais em bruto (excluindo petróleo, carvão e
pedras preciosas
Minérios metálicos e sucata
Matérias brutas de animais e vegetais
Carvão, coque e briquetes
Combustíveis minerais, lubrificantes e materiais Petróleo, produtos petrolíferos e materiais relacionados
3
relacionados Gás, natural e manufaturado
Energia elétrica
Óleos e gorduras animais
4 Óleos animais e vegetais, gorduras e ceras Gorduras e óleos vegetais, em bruto, refinados ou fracionados
Ceras e outros óleos/gorduras de origem animal/vegetal
(61) 68 Metais não-ferrosos
Fonte: UnctadStat (2018b)
1 Metais não-ferrosos faz parte do agrupamento sob o código 6 “bens manufaturados”. Desse agrupamento, portanto, apenas o

subgrupo metais não-ferrosos compõe a classificação das commodities.

A proposta para compatibilização entre SITC e ISIC, elaborada aqui, é realizada a partir
de uma sistematização disponibilizada pelo MDIC (2017) para diferentes classificações de
produtos e setores, das principais classificações no âmbito internacional e nacional. A
sistematização apresentada pelo MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços),
fornece uma desagregação, para ambas as classificações, da SITC e da ISIC, em termos de
agrupamentos que vão sendo desagregados em produtos com grau de
especificidade/detalhamento de até oito dígitos. A uniformidade dessa nomenclatura, a
Nomeclatura Comum do Mercosul, construída com o padrão internacional do Sistema
Harmonizado (SH), em ambas as classificações, auxiliou a construção da correspondência entre
SITC e ISIC, de acordo com o exposto no Quadro 2.
45

Quadro 2 – Exemplificação do tratamento para compatibilização entre as classificações


SITC Revisão 3 e ISIC Revisão 4.
SITC ISIC
Bovinos reprodutores de raça pura, Bovinos reprodutores de raça pura,
NCM 01021010 NCM 01021010
prenhe ou cria ao pé prenhe ou cria ao pé
Item 00111 Animais de raça para reprodução Divisão 1 Agricultura e pecuária
Agricultura, pecuária, produção
Subposição 0011 Bovinos vivos Grupo 01A03
florestal pesca e aquicultura
Animais vivos não incluídos no capítulo Agricultura, pecuária, produção
Posição 001 Seção A
03 florestal, pesca e aquicultura
Animais vivos não incluídos no capítulo
Capítulo 00
03
Seção 0 Produtos alimentícios e animais vivos
Fonte: Elaborado a partir de MDIC (2017).

A partir dessa compatibilização, o resultado foi a identificação dos setores conforme o


Quadro 3. Essa compatibilização não resultou em 100% de relação direta entre SITC e ISIC,
mas, permitiu aproximar as duas bases, no que diz respeito ao que é a classificação foram de
commodities na SITC. Uma parte dos produtos classificados enquanto commodities na SITC,
quando compatibilizados com a ISIC, correspondiam aos setores têxtil, couro e calçados;
madeira e produtos de madeira e cortiça; e celulose, papel e produtos de papel, mas, esses
setores, em grande medida apresentam, enquanto agregado, uma diversidade de produtos que
não são classificados enquanto commodities na SITC, por isso, não estão entre os setores
selecionados. A OECD utiliza a classificação ISIC para os principais bancos de dados utilizados
nessa pesquisa, no entanto, vale ressaltar que essa instituição tem uma classificação particular
para a disposição dos dados, conforme apresentado no Anexo 2.

Quadro 3 – Classificação dos setores selecionados como setores das commodities


primárias e das processadas, com base na ISIC Revisão 4.
Setor na ISIC Grupo de commodities ISIC Revisão 4 ISIC Revisão 3
Agricultura, caça, silvicultura e pesca Commodities primárias agrícolas 01, 02, 03 01, 03, 05
Minérios energéticos Commodities primárias minerais energéticas 05, 06 10, 11
Minérios não-energéticos Commodities primárias minerais não-energéticas 07, 08 12, 13
Alimentos, bebidas e tabaco Commodities processadas alimentos 10, 12 15, 16
Coque, produtos petrolíferos refinados e Commodities processadas coque refinado e produtos
19 23
combustível nuclear de petróleo
Metais básicos Commodities processadas metais básicos 24 27
Fonte: OECD (2017)

Em termos empíricos, observou-se também que, o setor de alimentos, é o principal setor


da demanda intermediária das commodities agrícolas; o setor de coque refinando e produtos do
petróleo, é o principal setor de demanda intermediária das commodities primárias minerais
energéticas; o setor de metais básicos, o principal setor de demanda intermediária do setor de
commodities primárias minerais não-energéticas. A demanda intermediária das commodities
primárias não se limita aos setores a jusante citados, mas, esses são os principais, como será
46

visto a partir dos dados de distribuição do Valor Bruto de Produção, no Capítulo 3.


Em termos de intensidade tecnológica, aqui adotamos a classificação de que o setor
agrícola e os setores de extração, são classificados enquanto setores primários da economia; o
setor de alimentos, como baixa intensidade tecnológica, e os setores de coque refinado e
produtos do petróleo, e metais básicos, como média-baixa intensidade tecnológica, conforme
EUROSTAT (2019).

2.3 Metodologia para tratamento dos dados

A partir da base de dados estatísticas da OECD optou-se pelo uso de três dos seus
principais bancos de dados: os das matrizes de insumo-produto (IOTs), os indicadores de
comércio em valor agregado (TIVA), e o banco de dados de comércio bilateral (BTDIxE).
Foram extraídas variáveis desses três bancos, mas, o peso maior recaí nas informações
estatísticas das matrizes de insumo-produto, sendo os outros dois bancos complementares. Os
dois principais softwares para organização/estruturação dos dados foram: o Microsoft Power
BI, e os recursos de tabelas dinâmicas do Excel.

2.3.1 Bancos de dados

As matrizes de insumo-produto da OECD (Input-Output – IOTs/OECD), são


disponibilizados para sessenta e quatro países e o agregado do restante do mundo (ROW), em
duas séries, sendo uma com base na ISIC Revisão 3, para o período de 1995-2011; e outra com
base na ISIC Revisão 4, para o período de 2005-2015. Para o período de 2005-2015, as matrizes
são apenas para os sessenta e quatro países (lista de países no Anexo 3), e não há informações
para o agregado ROW.
O uso da série IOTs 2005-2015 se justifica por dois motivos principais. Primeiro, amplia
a série de análise, a qual estava disponível somente até 2011. O segundo motivo refere-se ao
setor de extração e mineração, o qual aparece enquanto agregado na IOTs ISIC Rev. 3, mas, na
IOTs ISIC Rev. 4 está desagregado em três setores, sendo: mineração de produtos energéticos;
mineração de produtos não-energéticos; serviços de mineração. Para o uso dessa série, IOTs
ISIC Rev. 4, dois foram os principais problemas encontrados: 1) a necessidade de
compatibilização entre as versões da ISIC – Rev. 3 e Rev. 4, para as duas séries; 2) a falta da
matriz para ROW (restante do mundo) para o período de 2005-2015.
47

A matriz ROW auxilia na construção dos dados agregados a nível mundial, como o valor
bruto de produção mundial de cada um dos setores das commodities. Mas, como a OECD
disponibiliza a matriz insumo-produto inter-países (Inter-Country Input-Output - IDIO15), e
nessas matrizes estão o agregado ROW, foi possível isolar e extrair a matriz insumo-produto
para o agregado resto do mundo. Esse exercício foi realizado somente para os setores:
mineração de produtos energéticos; e mineração de produtos não-energéticos; para possibilitar
a construção do VBP mundial dos mesmos, para o período 2005-2015. Para os demais setores
o VBP mundial foi construído com base apenas na série de 1995-2011, a IOTs ISIC Rev. 3.
Um segundo grupo de variáveis origina-se dos indicadores de comércio em valor
agregado (trade in value added – TIVA16), que são disponibilizados, assim como nas matrizes
IOTs, para dois períodos de acordo com as classificações ISIC Revisão 3 e ISIC Revisão 4. O
número de países contemplados é também sessenta e quatro, mas com informações estatísticas
para o grupo ROW nos dois períodos.
O terceiro grupo de variáveis é extraído do banco BTDIxE (Bilateral Trade in Goods by
Industry and End-use) ISIC Revisão 4. O BTDIxE auxilia na investigação sobre padrões de
comércio de bens intermediários entre países, em redes globais de produção e cadeias de
fornecimento. É um banco para as variáveis de comércio internacional: exportações,
importações, reexportação, reimportação. A opção pelo uso do banco BTDIxE se dá pela
disponibilidade de uma série histórica de dados que contempla cento e sessenta e três países,
para o período 1990-2017, desagregados por subsetores. Esse nível de desagregação, em termos
de disponibilidade de informações estatísticas, não se faz presente nos demais grupos de
variáveis da OECD.Stat. No entanto, dado a tentativa de manter o mais uniforme possível os
parâmetros dessa análise, desse banco extraiu-se somente as informações de dados de
exportações desagregadas de cada setor principal das commodities.

2.3.2 Principais variáveis da análise

As principais variáveis de análise desta pesquisa são extraídas de tabelas de insumo-

15
Essa base constitui o núcleo principal da construção do banco IOTs e TIVA, da OECD.
16
O banco de dados de comércio em valor agregado da OECD (trade in value added – TIVA/OECD) considera o
valor agregado de cada país na produção dos bens e serviços consumidos em todo o mundo. Os indicadores
incluem, por exemplo: discriminação das exportações brutas pela indústria em seus mercados interno e externo,
conteúdo estrangeiro, origem do valor adicionado na demanda final dos países, o conteúdo dos serviços das
exportações brutas pela indústria exportadora por origem estrangeira/doméstica), saldos comerciais bilaterais
baseados em fluxos de valor agregado consubstanciados na demanda final interna, intermediário importações
incorporadas nas exportações.
48

produto17, sendo a fonte dessas tabelas, no que diz respeito à essa pesquisa, o banco de dados
IOTs (Input-Output tables) da OECD. Nesse banco de dados são disponibilizadas tabelas18 de
insumo-produto simétricas19, setor por setor, da economia total (doméstica + importações)
(YAMANO e AHMAD, 2006).
O formato de apresentação da tabela de insumo-produto do banco IOTs/OECD, refere-se
a uma estrutura que pode ser caracterizada como “tabela de insumo-produto com exportações
líquidas, uma vez que as importações são tratadas como valores negativos [...] as importações
podem ser compensadas com exportações [...], ou mantidas em uma coluna separada com um
sinal negativo” (UNITED NATIONS, 2018, p. 335-346, tradução nossa). As importações, nesse
tipo de estrutura, são apresentadas como um vetor da demanda final, ou seja, as importações
são “alocadas aos setores que normalmente as produziriam e não aos setores que de fato as
consomem” (RIJCKEGHEM e CAMARGO, 1967, p. 8 apud CARVALHEIRO, 1998, p. 146).
Ainda, como aponta Leontief “em uma tabela de insumo-produto de um país ou região que
comercializa através de suas fronteiras, as exportações podem ser inseridas como positivas e as
importações como componentes negativos da demanda final” (LEONTIEF, 1986, p. 27).
Nessa pesquisa as tabelas de insumo-produto são utilizadas a partir de uma perspectiva
descritiva das principais variáveis que podem ser extraídas das mesmas. Sendo assim, à
apresentação dos aspectos metodológicos relacionados as tabelas de insumo-produto são
tratados parcialmente20. Como pode ser visto na Figura 2, o quadro básico de informações
disponíveis em uma tabela de insumo-produto permite extrair importantes variáveis, tais como:

17
Wassily Leontief (1906-1999), economista, professor da Universidade de Harvard, que a partir da publicação
“The Structure of the American Economy”, de 1941, apresentou a primeira versão da matriz insumo-produto, que
ficou conhecida como a Matriz de Leontief. Em 1973, Leontief recebeu o prêmio Nobel em Economia pelo
desenvolvimento desse modelo.
18
Para descrição da amostra de países para os quais estão disponíveis as tabelas de insumo-produto no banco
IOTs/OECD, bem como a delimitação temporal da série, ver Subseção 2.3.1.
19
De acordo com United Nations (2018) a compreensão do termo “simétrico” se deve no sentido de que as IOTs
são tabelas quadradas (permitindo, por exemplo, inversão de matrizes e geração de multiplicadores) e a forma
como as Tabelas Indústria por Indústria são apresentadas. No entanto, ressalta que “conceitualmente é incorreto
usar o termo ‘simétrico’, uma vez que em termos matemáticos as IOTs não são matrizes simétricas, isto é, o
elemento de tabela (i, j) não é igual ao elemento (j, i). Em outras palavras, o uso de aço pela indústria de fabricação
de metais básicos não é o mesmo que o uso de metais básicos pela indústria siderúrgica” (UNITED UNIONS,
2018, p. 324). Mantém-se o uso do termo “simétrico” aqui, em referência à como são apresentadas as tabelas no
banco IOTs/OECD (ver YAMANO E AHMAD, 2006, p. 17).
20
De acordo com Richardson (1978) a tabela de insumo-produto tem duas funções diferentes, sendo, em primeiro
lugar, uma estrutura descritiva que demostra a interdependência entre os setores de uma economia, através das
relação de produção e consumo. Em “segundo, dadas certas suposições econômicas sobre a natureza das funções
de produção, ela é um instrumento analítico para medir o impacto de perturbações autônomas sobre a produção e
a renda de uma economia” (RICHARDSON, 1978, p. 23). Nesse sentido que esse autor aponta que há uma
distinção entre contabilidade de insumo-produto e modelo operacional de insumo-produto. Em grande medida, a
tabela de insumo-produto é utilizada enquanto um modelo que é capaz de medir, por exemplo, os efeitos de
encadeamentos produtivos e de choques de demanda.
49

o valor adicionado, as exportações, o valor bruto de produção, as importações.

Figura 2 – Ilustração adaptada de uma tabela de Insumo-Produto, simétrica, setor x setor.


Demanda intermediária Demanda final
VBP
Setor 1 Setor 2 ... Setor n DFSE EXP IMP ( - )
Setor 1 z11 z12 ... z1n s1 e1 m1 x1
Setor 2 z21 z22 ... z2n s2 e2 m2 x1
... ... ... ... ... ... ... ... ...
Setor n zn1 zn2 ... znn sn en mn xn
VA v1 v2 ... vn

VBP x1 x1 ... xn

Fonte: Elaborado pela autora.

Seja uma economia de n setores, a partir da Figura 2 temos:


zij = produção do setor i que é utilizada como insumo intermediário pelo setor j, assim,
corresponde a demanda intermediária (DI);
si = produção do setor i que é consumida na demanda final sem exportações (DFSE);
ei = produção do setor i que é exportada (EXP);
mi = total das importações (IMP) para compor a oferta do setor i;
xi = total de produção do setor i, aqui tratado como o valor bruto de produção (VBPi);
vi = valor adicionado (VA) gerado pelo setor i.
A análise básica da disposição das informações da tabela de insumo-produto se dá a partir
da interpretação das informações que aparecem por linha (i) e por coluna (j), sendo que as
relações intersetoriais podem ser compreendidas como: “as filas horizontais [i] de cifras
mostram a distribuição da produção de cada setor da economia entre os outros setores.
Inversamente, as colunas verticais [j] mostram como cada setor obtém dos outros os necessários
insumos de bens e serviços” (LEONTIEF, 1983, p. 16).
O VBP quando analisado pela linha, VBPi, apresenta a distribuição do total oferta setorial
entre a demanda intermediária (DI) e a demanda final (DF). Na Figura 2 observa-se que a
variável importações (IMP) é destacada com o sinal de negativo (-) na composição do VBPi,
isso porque nas tabelas de insumo-produto do banco de dados IOTs/OECD, as importações
aparecem na composição da oferta setorial, e portanto, estão distribuídas entre DI e DF.
A partir de Kronenberg (2012) podemos identificar duas diferenças principais sobre o
tratamento das importações em tabelas simétricas de insumo-produto. As importações podem
ser apresentadas como um vetor coluna que refere-se as importações do que seria a produção
do setor i. Uma outra forma de apresentação das importações é através de um vetor de linha
50

onde as importações representam importações de todos os tipos para uso pelo setor j. Portanto,
como já foi dito, quando as importações são apresentadas enquanto um vetor coluna, isso indica
que elas estão alocadas aos setores que normalmente as produziriam e não aos setores que de
fato as consomem. De modo ainda mais claro, as importações no vetor coluna representam uma
demanda que não é atendida pela produção doméstica, ou seja, essas importações tem o caráter
da produção do setor i. Quando as importações são apresentadas na horizontal da tabela de
insumo-produto, elas representam bens e serviços que o setor j consome em seu processo
produtivo. Para tabelas de insumo-produto da economia total (doméstica + importações), as
importações são subtraídas do VBPi, por isso aparecem em negativo, conforme Figura 2.
A equação 1 apresenta a composição do VBPi.

VBPi = DI + DF – IMP (1)

Dado que a DF, para fins dessa pesquisa, é dividida em duas principais variáveis: a
demanda final sem exportações (DFSE) e as exportações (EXP). A DFSE agrega: despesa de
consumo final das famílias, instituições sem fins lucrativos, consumo final do governo,
formação bruta de capital fixo, variação dos estoques, compras diretas por não residentes
(exportações). Assim,

VBPi = DI +DFSE + EXP – IMP (2)

Na IOTs os dados das importações estão disponíveis tanto para a DI, as importações
intermediárias (IMP_INT), como para a DF, as importações de bens finais (IMP_BF), portanto:

IMPi = IMP_INT + IMP_BF (3)

Assim:

VBPi = (DI_DOM + IMP_INT) + (DF_DOM+IMP_BF) – IMP (4)

Conforme a equação 4, é possível então extrair a parcela (participação %) das importações


da composição da DI e da DF, sendo que para nossa análise prioriza-se à apresentação da
participação das importações na DI. Dado o caráter de interdependência setorial que as tabelas
de insumo-produto permitem captar, e dado o caráter dessa pesquisa a qual apresenta para três
setores primários, os três principais setores de transformação da produção primária, isso
possibilita captar essa interdependência ao apontar, pelas tabelas de distribuição do VBPi
setorial, os principais setores que demandam da oferta do setor i. Ou seja, o setor de coque
51

refinado e produtos do petróleo depende da oferta do setor de minerais energéticos, dado que
esse último setor representa a base de produção para o primeiro.
Assim, em uma economia que não há oferta doméstica do setor de minerais energéticos,
suficiente para dar base de produção para o setor de coque refinado e produtos do petróleo, as
importações registrados na linha do setor de minerais energéticos, que portanto aparecem
enquanto total das importações de minerais energéticos no vetor coluna das importações, devem
compor a oferta desse setor e assim dar base de produção ao setor de coque refinado e produtos
do petróleo, uma vez que a base de produção desse setor origina-se da oferta do setor de
minerais energéticos.
Ainda no que diz respeito à análise das importações, é utilizado o indicador de
importações intermediárias incorporadas nas exportações, o IMGRINT_REII, o qual está
disponível no banco TIVA/OECD. Esse indicador mensura, a partir do total das importações
intermediárias, ou seja, importações destinadas a demanda intermediária, a participação dessas
no total das exportações por setor.
A distribuição do VBPi será tratada de duas formas principais. Primeiro apresenta-se essa
distribuição do ponto de vista do setor a nível mundial, apontando os principais setores para os
quais foram destinados a oferta setorial, bem como as participações entre DFSE e EXP. Essa
variável também é apresentada para economias selecionadas de acordo com cada setor
analisado, identificando, em especial, a participação da DI, das exportações, e o peso das
importações na DI. Ao analisar essa distribuição é possível identificar, por exemplo, no caso
dos setores primários, economias que são orientadas para as exportações em detrimento do
processamento primário doméstico, pois, grande parte da produção é exportada enquanto
produção primária ao invés de ser destinada a DI, onde seria adquirida pelos setores de
processamento. Ao mesmo tempo permite, também, identificar economias em que a DI do setor
primário é composta com base em importações.
52

Capítulo 3
Os mercados das commodities primárias e das processadas, 1995-2015

O Capítulo 3 representa uma parte central dessa pesquisa e por isso a apresentação desse
conteúdo pode se tornar exaustivo do ponto de vista do leitor, dado a necessidade do caráter
repetitivo do tratamento das principais variáveis da análise. No entanto, esse exercício é
necessário, pois ajuda na identificação dos principais elementos que darão base para os
principais resultados da pesquisa, os quais são apresentados no Capítulo 4. A sequência do
tratamento das variáveis de análise para cada setor apresenta-se conforme os apontamento a
seguir.
1. Exportações por subsetores: apresenta o peso das exportações dos principais
subsetores de cada setor em análise, com exceção de coque refinado e produtos do
petróleo, para o qual não há essa informação disponível. Esse caráter de desagregação é
apresentado para demonstrar os principais subsetores então, de cada setor, e isso é feito
a partir do banco de dados BTDIxE/OECD, pois, não há disponibilidade desses dados
desagregados no banco IOTs/OECD.
2. Distribuição do VBP mundial setorial: essa varável apresenta a distribuição do valor
bruto de produção (VBP) de cada setor analisado, entre demanda intermediária e
demanda final, destacando na demanda intermediária as principais demandas setoriais
em relação à oferta do setor em análise.
3. Maiores exportadores por setor: apresenta as economias que destacaram-se como
principais exportadoras por setor.
4. Distribuição do VBP setorial, para economias selecionadas: essa variável apresenta,
para um grupo de economias selecionadas por setor, a distribuição do VBP entre
demanda intermediária e demanda final. A seleção das economias se faz a partir
daquelas que estão entre as maiores exportadoras do setor, no entanto, como será
observado, quando apresentada para os setores das commodities primárias (agrícolas,
minerais energéticos, minerais não energéticos) destaca tanto as principais exportadoras
do setor, quanto aquelas que estão entre as maiores exportadoras das commodities
processadas respectivas a cada setor primário. Isso se faz necessário, como já apontado
na Subseção 2.3.2, pois, a variável importações, no que diz respeito ao seu papel em
relação as importações que dão base para a produção de commodities processadas, são
identificadas em grande medida a partir das importações do setor primário. Dado a
53

compreensão geral do ordenamento das informações estatísticas da tabela de insumo-


produto, a análise horizontal indica a distribuição da produção setorial entre os demais
setores (demanda intermediária) e a demanda final (DFSE e EXP), ou seja, as
importações que aparecem nas linhas indicam o suprimento de uma demanda não
atendida pela produção doméstica do setor em questão.
5. Maiores produtores por setor: apresenta as economias que destacaram-se como
maiores produtoras de cada setor analisado.
6. Participação das exportações e do valor adicionado setorial, nas exportações totais
e no valor adicionado total, respectivamente, para economias selecionadas:
apresenta o peso das exportações do setor analisado nas exportações totais da economia
selecionada, bem como o peso do valor adicionado do setor analisado no valor
adicionado total da economia selecionada. A seleção das economias se fez a partir da
identificação das economias que se destacam dentre as maiores exportadoras e/ou
produtoras de cada setor.

3.1 Setor agrícola

Antes de explorarmos a análise geral do setor de commodities agrícolas, é importante a


apresentação dos diferentes subsetores do agregado “commodities primárias agrícolas”, com o
objetivo de evidenciar a composição interna das exportações desse agrupamento de
commodities. Denominadas de commodities agrícolas, esse setor engloba os subsetores:
agrícola, animais e caça; exploração madeireira, pesca e aquicultura. O subsetor agrícola,
animais e caça, é o principal responsável pela composição das exportações do agregado
agrícola. Representava 88,7% das exportações em 1990, e em 2017 a participação era de 90,9%.
O setor de pesca e aquicultura é o segundo principal subsetor e, em 2017, era responsável por
6,2% dessas exportações (Tabela 1).

Tabela 1 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities


agrícolas, 1990/2017.
Setor 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Agrícola e de animais, caça 88,7 89,5 87,8 88,8 91,4 91,4 90,9
Silvicultura e exploração madeireira 5,8 4,8 5,4 4,8 3,3 3,0 2,9
Pesca e aquicultura 5,5 5,8 6,8 6,3 5,3 5,6 6,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

O setor das commodities primárias agrícolas estabelece principal relação intersetorial


54

com o setor de alimentos (na demanda intermediária) e também com a demanda final, exceto
exportações (DFSE). De modo mais claro, o setor de alimentos representou uma demanda de
31,1% do valor bruto de produção (VBP) doméstico em 1995, e em 2011, 30,6%. A DFSE foi
responsável por 37,8% da demanda em 1995, e 35,8% em 2011 (Tabela 2). A relação
intersetorial indica que o principal setor de transformação das commodities primárias agrícolas
é o setor de alimentos. Em relação às exportações, essas correspondiam à 7,4% da demanda
pela produção desse setor em 1995, e em 2011 a participação foi de 8,1%.

Tabela 2 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor agrícola: VBP doméstico e VBP
com importações, 1995/2011.
VBP doméstico21 VBP com importações
Distribuição do VBP
1995 2000 2005 2010 2011 1995 2000 2005 2010 2011
Demanda intermediária 54,8 55,6 55,2 55,6 56,1 59,6 60,0 59,5 60,2 61,1
Setor agrícola 11,6 12,0 11,9 11,3 11,3 12,4 12,8 12,6 12,1 12,2
Setor de alimentos 31,1 29,6 29,2 30,4 30,6 34,0 32,2 31,7 33,1 33,6
Demais setores de commodities 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1
Manufaturas, exceto setores de commodities
6,6 6,3 6,5 7,0 7,2 7,1 6,9 7,1 7,6 7,8
processadas
Setor de serviços 5,4 7,5 7,5 6,8 6,8 5,9 8,0 8,0 7,3 7,4
Demanda final 45,2 44,4 44,8 44,4 43,9 48,3 47,4 48,0 47,8 47,5
Demanda, exceto exportações 37,8 37,3 37,8 36,9 35,8 40,4 40,0 40,6 39,8 38,9
Exportações 7,4 7,0 7,0 7,5 8,1 7,9 7,4 7,4 8,0 8,7
Importações - - - - - -7,9 -7,4 -7,5 -8,1 -8,7
Importações - - - - - -7,9 -7,4 -7,5 -8,1 -8,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Em 1995 o setor de commodities agrícolas correspondia a 2,6% das exportações mundiais


e, em 2015, essa participação foi de 2,2% (Subseção 4.1). No período analisado (1995-2015), a
maior participação foi registrada no ano de 1995, e destacaram-se como maiores exportadores
nesse ano: Estados Unidos com participação de 18,2% nas exportações mundiais do setor;
Holanda, com 7,1%; França, 7,0%; Canadá, 4,4%; Espanha, 3,6%; Austrália, 2,6%; Alemanha,
2,5%; Rússia, 2,3%; México e China com participação de 2,1% cada; Itália e Argentina,
participação de 2,1% cada; Brasil, 1,9%; Colômbia e Indonésia, participação de 1,8% cada.
Em 2015, Estados Unidos ainda destacava-se como maior exportador das commodities
agrícolas, mas sua fração reduziu-se para 12,9%, bem como da Holanda, para 3,4%, que era a
segunda maior exportadora em 1995, em 2015 torna-se a sétima. Destaca-se o avanço da
economia brasileira e da economia chinesa. A participação brasileira é a segunda maior em
2015, 8,6%; e da economia chinesa, de 4,1%, sendo a quinta maior parcela dessas exportações

21
Para os casos de distribuição do VBP, quando apontado como VBP doméstico, refere-se somente as tabelas de
insumo-produto domésticas, e no caso com do VBP com importações, referem-se a economia total (doméstica +
importações).
55

(Tabela 3).

Tabela 3 – Exportações mundiais do setor agrícola: participação (%) dos maiores


exportadores do setor, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País País Part. Part. País Part. País Part.
Est. Unidos 18,2 Est. Unidos 14,9 Est. Unidos 13,2 Est. Unidos 15,1 Est. Unidos 14,4 Est. Unidos 12,9
Holanda 7,1 França 6,4 Canadá 7,8 Brasil 6,1 Brasil 6,9 Brasil 8,6
França 7,0 Holanda 6,0 Holanda 5,9 Canadá 5,0 Canadá 4,7 Canadá 5,0
Canadá 4,4 Canadá 4,6 França 5,7 França 4,6 França 4,6 França 4,3
Espanha 3,6 Espanha 4,3 Brasil 4,4 Holanda 4,3 Argentina 3,5 China 4,1
Austrália 2,6 Austrália 3,9 Espanha 4,1 China 3,4 Holanda 3,5 Espanha 3,4
Alemanha 2,5 Alemanha 3,0 China 3,1 Argentina 3,3 Austrália 3,1 Holanda 3,4
Rússia 2,3 China 2,9 Argentina 2,9 Espanha 3,2 China 3,1 Austrália 2,9
México 2,1 México 2,6 Austrália 2,7 Austrália 2,5 Espanha 2,9 Argentina 2,7
China 2,1 Brasil 2,5 Rússia 2,6 Indonésia 2,1 Indonésia 2,3 México 2,3
Itália 2,0 Argentina 2,4 Alemanha 2,1 Alemanha 1,9 Rússia 2,1 Rússia 2,0
Argentina 2,0 Itália 1,9 México 2,0 Rússia 1,7 Tailândia 2,0 Alemanha 1,8
Brasil 1,9 Rússia 1,8 Itália 1,8 México 1,7 Alemanha 1,8 Vietnã 1,6
Colômbia 1,8 Malásia 1,6 Dinamarca 1,4 Índia 1,6 México 1,7 Irlanda 1,4
Indonésia 1,8 R. Unido 1,4 Turquia 1,4 Itália 1,6 Índia 1,6 Turquia 1,4
Total 61,5 Total 60,2 Total 61,2 Total 58,2 Total 58,3 Total 57,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

No caso das commodities primárias, como é o caso do setor agrícola, o acesso à matéria-
prima é fundamental para dar base às exportações. Duas são as principais formas para esse
acesso: a produção primária doméstica e/ou as importações. As exportações, de modo geral,
implicam na necessidade da produção interna e/ou de importações. Considerando o setor de
commodities agrícolas, estamos tratando da produção de bens que não apresentam, ainda, grau
de transformação. No entanto, do total produzido nesse setor, ele será distribuído entre a
demanda intermediária (o consumo intersetorial, que corresponde aos bens intermediários) e a
demanda final (os bens finais) e nesse sentido, são demandados internamente e externamente
para complementar o processo produtivo de diferentes setores, bem como, a demanda final. Em
grande medida, seja domesticamente ou internacionalmente, esse setor tem uma característica
geral de que o setor de alimentos e a DFSE, serão os principais destinos dessa produção.
A Tabela 4 auxilia, em parte, na compreensão da distribuição do VBP desse setor, nas
principais economias exportadoras. O peso das exportações no VBP das economias
selecionadas, dentre os maiores exportadores do setor, pode auxiliar na compreensão das
economias com maior/menor especialização da produção, voltada para as exportações.
No caso da Holanda, para complementar a demanda intermediária, ou seja, compor uma
parcela do VBP do setor, em 2005, a participação das importações na DI desse setor foi de
24,4%, e em 2015, de 30,9%. No ano de 2005 a Alemanha foi a economia que apresentou maior
peso nas importações na demanda intermediária, sendo 25,8%; seguido pela Holanda; Espanha,
56

com 13,8%; e em 2015, as participações foram de 33,6% e 17,4%, na DI da Alemanha e


Espanha, respectivamente (Tabela 4).

Tabela 4 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor agrícola, das economias


selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
VBP doméstico VBP com importações Importações
País País IMP País Importações na
DI DFSE EXP DI DFSE EXP
DI DFSE DI
2005
Argentina 56,8 21,1 22,1 Argentina 58,0 21,4 22,1 -1,2 -0,4 Argentina 2,1
Alemanha 55,1 36,2 8,7 Alemanha 74,2 52,8 8,7 -19,2 -16,6 Alemanha 25,8
Austrália 59,0 25,2 15,8 Austrália 60,3 26,1 15,8 -1,3 -0,9 Austrália 2,2
Bélgica 59,7 25,7 14,6 Bélgica 92,0 42,0 14,6 -32,4 -16,3 Bélgica 35,2
Brasil 63,5 24,1 12,4 Brasil 65,3 25,1 12,4 -1,8 -0,9 Brasil 2,8
Canadá 51,7 15,2 33,1 Canadá 57,7 18,7 33,1 -6,0 -3,5 Canadá 10,4
China 62,3 35,9 1,8 China 65,3 37,3 1,8 -3,0 -1,3 China 4,7
Espanha 54,7 29,7 15,6 Espanha 63,4 35,1 15,6 -8,8 -5,4 Espanha 13,8
Estados Unidos 67,4 24,3 8,3 Estados Unidos 71,5 26,3 8,3 -4,1 -2,0 Estados Unidos 5,7
Filipinas 65,2 31,6 3,3 Filipinas 66,4 32,2 3,3 -1,3 -0,6 Filipinas 1,9
França 55,0 31,9 13,1 França 61,5 36,0 13,1 -6,4 -4,1 França 10,4
Holanda 43,0 14,8 42,3 Holanda 56,8 19,2 42,3 -13,9 -4,5 Holanda 24,4
Índia 52,4 46,8 0,9 Índia 52,9 47,2 0,9 -0,5 -0,4 Índia 1,0
Indonésia 51,9 44,5 3,6 Indonésia 54,6 46,6 3,6 -2,7 -2,2 Indonésia 4,9
Irlanda 65,2 16,5 18,3 Irlanda 77,7 19,9 18,3 -12,4 -3,5 Irlanda 16,0
Itália 53,3 40,9 5,8 Itália 62,6 48,5 5,8 -9,3 -7,6 Itália 14,9
Japão 69,4 30,3 0,3 Japão 78,7 33,9 0,3 -9,3 -3,6 Japão 11,8
México 48,0 42,6 9,5 México 53,5 47,2 9,5 -5,5 -4,6 México 10,3
Reino Unido 48,8 43,9 7,3 Reino Unido 64,7 60,3 7,3 -15,9 -16,5 Reino Unido 24,5
Rússia 55,0 36,3 8,7 Rússia 60,2 40,1 8,7 -5,2 -3,8 Rússia 8,6
Tailândia 62,8 32,3 4,9 Tailândia 66,5 34,3 4,9 -3,7 -2,0 Tailândia 5,6
Turquia 39,1 56,8 4,1 Turquia 40,7 59,1 4,1 -1,6 -2,3 Turquia 3,9
Vietnã 51,0 38,4 10,6 Vietnã 55,2 41,0 10,6 -4,1 -2,6 Vietnã 7,5
2015
Argentina 60,8 27,2 12,0 Argentina 61,3 27,4 12,0 -0,5 -0,2 Argentina 0,8
Alemanha 58,7 28,6 12,7 Alemanha 88,4 45,1 12,7 -29,7 -16,5 Alemanha 33,6
Austrália 63,4 21,3 15,2 Austrália 64,9 22,2 15,2 -1,5 -0,8 Austrália 2,3
Bélgica 61,6 25,6 12,8 Bélgica 96,9 43,0 12,8 -35,3 -17,3 Bélgica 36,5
Brasil 48,3 28,2 23,5 Brasil 49,7 29,1 23,5 -1,3 -1,0 Brasil 2,7
Canadá 58,5 14,0 27,5 Canadá 66,0 16,6 27,5 -7,5 -2,6 Canadá 11,4
China 68,0 31,1 0,9 China 70,9 32,3 0,9 -2,9 -1,2 China 4,2
Espanha 54,2 22,8 23,0 Espanha 65,6 27,8 23,0 -11,4 -5,0 Espanha 17,4
Estados Unidos 66,3 22,9 10,9 Estados Unidos 72,1 25,3 10,9 -5,8 -2,5 Estados Unidos 8,1
Filipinas 56,7 42,0 1,4 Filipinas 58,3 43,1 1,4 -1,6 -1,2 Filipinas 2,8
França 51,2 31,1 17,6 França 58,6 35,6 17,6 -7,4 -4,5 França 12,6
Holanda 44,4 15,0 40,6 Holanda 64,3 20,8 40,6 -19,9 -5,8 Holanda 30,9
Índia 47,3 51,7 1,1 Índia 47,8 52,3 1,1 -0,5 -0,6 Índia 1,1
Indonésia 54,0 43,1 3,0 Indonésia 56,2 44,6 3,0 -2,2 -1,6 Indonésia 3,9
Irlanda 22,0 14,6 63,4 Irlanda 33,1 22,2 63,4 -11,1 -7,6 Irlanda 33,6
Itália 50,5 41,3 8,2 Itália 60,4 50,3 8,2 -9,9 -9,0 Itália 16,4
Japão 71,3 28,0 0,7 Japão 82,6 32,6 0,7 -11,3 -4,5 Japão 13,7
México 59,1 25,8 15,1 México 67,8 29,2 15,1 -8,7 -3,3 México 12,8
Reino Unido 46,8 44,4 8,8 Reino Unido 60,1 58,7 8,8 -13,3 -14,3 Reino Unido 22,2
Rússia 61,1 32,3 6,7 Rússia 66,3 35,4 6,7 -5,3 -3,1 Rússia 7,9
Tailândia 64,6 28,2 7,2 Tailândia 68,6 30,1 7,2 -4,0 -1,9 Tailândia 5,9
Turquia 44,5 50,7 4,9 Turquia 47,4 54,1 4,9 -2,9 -3,4 Turquia 6,2
Vietnã 61,6 30,0 8,3 Vietnã 69,1 32,9 8,3 -7,5 -2,8 Vietnã 10,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A economia holandesa e a canadense, apresentam as maiores parcelas do VBP destinadas


às exportações, sendo de 42,3% e 33,1%, em 2005, respectivamente, e de 40,6% e 27,5%, em
2015. Considerando o valor adicionado do setor, da economia holandesa, a participação dessa
no VA mundial do setor agrícola foi inferior a 1,5%, durante o período de análise. Alemanha e
Espanha, em 1995, estavam entre os quinze maiores produtores mundiais do setor, com
participação de 2,6% e 2,5%, respectivamente, mas, em 2015, a participação da Espanha
57

decresceu para 1,0% e da Alemanha foi inferior a 1,0%. As economias, como do Brasil e da
Argentina, que são grandes produtoras do setor, apresentaram participação de 2,8% e 2,1%,
respectivamente, de importações na demanda intermediária do setor.
A economia brasileira saltou de décimo terceiro maior exportador do setor, em 1995, para
segundo maior exportador em 2015. Isso refletiu na ampliação da parcela do VBP, destinada
para DI e exportações. Em 2005, o Brasil era o quinto maior exportador, com participação de
4,4% das exportações, enquanto em 2015, a mesma foi de 8,6%. Na distribuição do VBP do
setor, em 2005, 63,5% era destinada a DI e 12,4% às exportações; em 2015, a parcela para DI
foi de 48,3% e para as exportações, 23,5%. Essa ampliação do peso das exportações no VBP
pode ajudar a compreender o avanço na participação do setor nas exportações totais dessa
economia, que ampliaram-se de 5,1% em 1995, para 15,1% em 2015 (Tabela 6). A participação
do setor no VA total dessa economia não apresenta grandes oscilações, sendo sua parcela de
5,6% em 1995 e, de 5,1%, em 2015.
Na economia argentina, ocorre uma redução da parcela destinada às exportações entre
2005 e 2015, de 22,1% para 12,0%, e uma ampliação na parcela destinada a DI, de 56,8% para
60,5%, e na DFSE, de 21,1% para 27,2%. Esses indicadores auxiliam na compreensão da
expansão do VA desse setor, de 4,8% para 9,7% no VA total.
A economia chinesa participava com 2,1% das exportações mundiais de commodities
agrícolas em 1995, em 2015, houve uma ampliação para 4,1%, tornando-se a quinta maior
exportadora. O incremento da participação dessa economia na produção mundial avançou de
12,3% em 1995 para mais de um quarto da produção mundial do setor, 27,5%, em 2015 (Tabela
5). O peso das importações na composição da demanda intermediária foi inferior a 5%, entre
2005/2015 e o peso das exportações no VBP, reduziram de 1,8% em 2005, para 0,9% em 2015.
Em 1995, as economias que apresentaram maiores parcelas desse setor no valor
adicionado doméstico foram: Índia, com 24,8%; Filipinas, 21,5%; China, 20%; Indonésia,
15,3%; e, Turquia, 11,8%, Nos Estados Unidos e na Alemanha, essa participação foi de 1,3%,
em cada; no Japão, de 1,8%. Na economia brasileira a participação era de 5,6% em 1995,
enquanto, em 2015 foi de 5,1%, A participação do setor no VA interno da economia chinesa
reduziu para 8,5% em 2015 (Tabela 6).
58

Tabela 5 – Valor adicionado mundial de commodities agrícolas: participação (%) dos


maiores produtores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
China 12,3 China 16,3 China 15,6 China 20,5 China 21,3 China 27,5
Japão 7,8 Índia 8,9 Índia 9,9 Índia 11,1 Índia 10,8 Índia 10,5
Índia 7,4 E. Unidos 8,2 E. Unidos 9,8 E. Unidos 6,6 E. Unidos 6,9 E. Unidos 6,0
E. Unidos 7,3 Japão 6,8 Japão 3,5 Indonésia 4,0 Brasil 4,0 Indonésia 3,6
França 4,0 França 3,1 Turquia 3,1 Brasil 3,7 Indonésia 4,0 Brasil 2,6
Brasil 3,2 Brasil 2,8 Brasil 2,8 Turquia 2,7 Rússia 2,4 Turquia 1,9
Indonésia 2,9 Itália 2,5 Itália 2,5 Japão 2,4 Turquia 2,3 Argentina 1,7
Itália 2,9 Turquia 2,5 França 2,5 Rússia 2,0 Japão 2,2 Rússia 1,7
Alemanha 2,6 México 2,3 Indonésia 2,4 França 1,7 França 1,6 Japão 1,5
Coréia 2,5 Indonésia 2,3 Rússia 2,1 Itália 1,5 Argentina 1,6 França 1,3
Espanha 2,5 Espanha 2,0 Espanha 2,1 Argentina 1,4 Itália 1,5 Tailândia 1,3
Turquia 2,2 Coréia 2,0 México 1,8 Tailândia 1,3 Tailândia 1,3 Filipinas 1,2
Rússia 1,8 Alemanha 2,0 Coréia 1,7 México 1,3 México 1,2 Itália 1,2
Reino Unido 1,7 Canadá 1,5 Alemanha 1,4 Espanha 1,3 Austrália 1,2 México 1,2
Filipinas 1,5 Rússia 1,5 Austrália 1,3 Austrália 1,1 Espanha 1,1 Espanha 1,0
Total 62,5 Total 64,8 Total 62,5 Total 62,7 Total 63,4 Total 64,1
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Considerando as exportações totais nas estruturas produtivas das economias selecionadas,


vale destacar como algumas das economias com maior participação do setor em suas
exportações, 1995 e em 2015: Argentina, 12,2% e 15,5%; a Holanda, 6,1% e 3,8%; Austrália,
5,4% e 4,8%; e Brasil, com 5,2% em 1995 e 10,1% em 2015. Nos Estados Unidos que em 2015
era o maior exportador do setor no mundo (participação de 12,9%), o peso das exportações
corresponderam a 3,5% em 1995 e 2,5% em 2015, das suas exportações totais.

Tabela 6 – Participação (%) do valor adicionado do setor agrícola do país em seu valor
adicionado total, e participação (%) das exportações do setor agrícola do país no total das
suas exportações, para economias selecionadas, 1995/2015.
Valor adicionado Exportações
1995 2000 2005 2010 2011 2015 1995 2000 2005 2010 2011 2015
Argentina 4,8 4,2 9,2 9,6 9,7 9,7 Argentina 12,2 10,3 13,7 14,4 16,1 15,5
Austrália 3,8 3,9 2,9 2,4 2,4 2,6 Australia 5,4 5,9 4,1 3,4 4,2 4,8
Brasil 5,6 5,6 5,3 4,8 5,1 5,1 Brasil 5,1 5,4 7,0 9,0 10,3 15,1
Canadá 3,0 2,5 1,7 1,5 1,7 1,8 Canadá 3,2 2,0 4,1 3,9 4,0 4,5
China 20,0 15,1 11,2 9,3 9,0 8,5 China 2,2 1,4 0,9 0,8 0,7 0,8
Alemanha 1,3 1,3 0,8 0,8 0,8 0,6 Alemanha 0,7 0,7 0,5 0,5 0,6 0,6
Espanha 5,4 4,3 3,0 2,5 2,5 2,8 Espanha 4,0 3,4 3,3 3,3 3,1 3,8
França 3,3 2,8 1,9 1,8 1,8 1,8 França 3,1 2,4 2,2 2,5 2,8 2,6
Indonésia 15,3 15,5 12,0 14,1 13,6 13,7 Indonésia 4,5 2,7 1,9 3,9 4,2 2,8
Índia 24,8 21,8 19,0 18,4 18,1 17,1 Índia 4,2 2,4 1,2 1,6 1,6 1,3
Irlanda 7,2 3,2 1,3 1,2 1,6 1,0 Irlanda 1,5 0,7 0,9 1,0 1,2 1,9
Itália 3,3 2,7 2,2 2,0 2,1 2,2 Itália 1,1 0,9 0,9 1,1 1,0 1,1
Japão 1,8 1,6 1,1 1,1 1,1 1,1 Japão 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
México 5,3 4,1 3,2 3,3 3,2 3,4 México 3,7 1,9 1,8 2,0 2,1 2,4
Holanda 3,4 2,6 2,0 2,0 1,7 1,8 Holanda 6,1 4,8 4,7 4,5 4,0 3,8
Filipinas 21,5 14,1 12,5 14,0 14,1 14,0 Filipinas 1,6 1,7 2,4 1,7 2,1 1,2
Rússia 7,6 7,2 4,3 3,4 3,8 4,3 Rússia 3,8 2,1 2,2 1,5 1,8 2,1
Tailândia 9,1 8,5 8,8 10,5 10,7 10,4 Tailândia 1,8 0,9 1,2 2,1 3,5 2,0
Turquia 11,8 10,8 10,3 9,9 9,1 7,7 Turquia 3,0 2,6 2,9 3,2 3,0 3,0
Estados Unidos 1,3 1,0 1,2 1,2 1,4 1,1 Estados Unidos 3,5 1,9 2,3 3,1 3,3 2,5
Vietnã 27,2 24,5 14,5 15,0 14,9 14,6 Vietnã 5,5 6,4 5,2 4,7 5,5 4,1
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
59

Na economia americana, maior exportadora do setor, da distribuição do VBP em 2005, a


parcela destinada para exportações era de 8,3%, e, em 2015, 10,9%. O peso das importações na
DI foi inferior a 10,0% no período, mas, com uma mudança de 5,7% em 2005 para 8,1% em
2015. Essa economia era a quarta maior produtora do setor, com participação de 7,3% em 1995,
e, em 2015 foi a terceira maior produção mundial, apesar da redução na participação para 6,0%.

3.2 Setor de alimentos, bebidas e tabaco

O setor da commodities alimentícias agrega os subsetores de produtos alimentícios,


bebidas, e produtos de tabaco. O subsetor alimentício, em 2017, era responsável por 85,2% da
composição desse agregado, seguido pela participação de 11,2% das bebidas, e 3,7%, dos
produtos de tabaco. No período analisado, 1990/2017, observa-se que produtos de tabaco
perderam importância, em face da expansão das exportações do subsetor de produtos
alimentícios (Tabela 7).

Tabela 7 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities


alimentos, 1990/2017.
Setor 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Produtos alimentícios 81,0 83,0 82,1 83,8 85,4 85,2 85,2
Bebidas 11,7 10,5 11,6 11,7 10,6 10,9 11,2
Produtos de tabaco 7,2 6,5 6,2 4,6 4,0 3,9 3,7
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A característica principal de destino das commodities alimentos, considerando a


distribuição do VBP (Tabela 8) é a demanda final, como era de se esperar, considerando a
natureza das mercadorias desse setor, que se constituem na maior parte em bens finais de
consumo. Em 1995, a demanda final era responsável por 70,8% do destino desse VBP e, em
2011, por 65,1%. As exportações representavam aproximadamente 10,0% do VBP em 1995 e
em 2011 correspondiam a uma parcela de 11,8%. Assim como no setor agrícola, o peso das
exportações é relativamente baixo considerando o agregado mundial, indicando que em grande
medida a produção desse setor é destinada para consumo interno, mas nesse caso, para o âmbito
da demanda final, ao contrário do primeiro setor, o qual tem o caráter da produção destinada
para a demanda intermediária.
60

Tabela 8 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de alimentos: VBP doméstico e VBP
com importações, 1995/2011.
VBP doméstico VBP com importações
Distribuição do VBP
1995 2000 2005 2010 2011 1995 2000 2005 2010 2011
Demanda intermediária 29,2 30,1 31,3 34,7 34,9 32,6 33,6 35,6 39,0 39,4
Setor agrícola 3,6 3,5 3,6 4,7 4,8 4,0 3,9 4,0 5,2 5,3
Setor de alimentos 11,1 11,2 12,3 14,1 14,2 12,4 12,6 14,0 15,8 16,0
Demais setores de commodities 0,1 0,1 0,2 0,3 0,3 0,1 0,1 0,2 0,3 0,3
Manufaturas, exceto setores de
1,5 1,4 1,6 2,2 2,3 1,8 1,6 1,9 2,5 2,6
commodities processadas
Setor de serviços 12,8 13,8 13,5 13,4 13,2 14,3 15,3 15,4 15,2 15,1
Demanda final 70,8 69,9 68,7 65,3 65,1 78,5 77,4 77,4 73,6 73,7
Demanda final sem exportações 60,9 60,0 57,1 54,0 53,4 68,0 67,1 65,2 61,6 61,2
Exportações 10,0 9,9 11,6 11,3 11,8 10,5 10,3 12,1 12,0 12,5
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -11,2 -11,1 -12,9 -12,6 -13,1
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -11,2 -11,1 -12,9 -12,6 -13,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Dentre os maiores exportadores de alimentos entre 1995-2015 destacam-se: Estados


Unidos, Holanda, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Irlanda, Tailândia, Brasil, Espanha,
Canadá e China. Essas são as economias que estavam entre as quinze maiores exportadoras
desse setor em 1995, e também em 2015 (Tabela 9). No entanto, no conjunto dessas economias,
apresentaram expansão na participação dessas exportações somente a China, que avança de
2,4% em 1995 para 6,1%, em 2015; a economia brasileira, de 2,8% para 4,0%; Espanha, de
2,6% para 3,2%; Tailândia, de 3,1% para 3,2%.

Tabela 9 – Exportações mundiais das commodities alimentos: participação (%) dos


maiores exportadores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Est. Unidos 10,0 Est. Unidos 11,3 Est. Unidos 7,5 Est. Unidos 7,8 Est. Unidos 7,3 Est. Unidos 8,8
Holanda 9,4 Holanda 7,1 Alemanha 6,6 Alemanha 6,6 Alemanha 6,4 China 6,1
França 8,0 França 7,0 França 6,2 Brasil 5,3 China 5,5 Alemanha 6,0
Alemanha 6,7 Alemanha 6,3 Holanda 5,3 China 5,0 Brasil 5,2 França 4,5
R. Unido 4,9 R. Unido 3,9 Brasil 4,5 França 4,9 França 4,9 Holanda 4,2
Itália 3,7 Canadá 3,7 China 4,3 Holanda 4,4 Holanda 4,1 Brasil 4,0
Bélgica 3,4 Itália 3,7 Itália 3,8 Itália 3,5 Indonésia 3,8 Indonésia 3,6
Dinamarca 3,2 China 3,3 Canadá 3,7 Indonésia 3,4 Espanha 3,4 Irlanda 3,3
Irlanda 3,1 Espanha 3,3 Espanha 3,7 Espanha 3,4 Tailândia 3,4 Espanha 3,2
Tailândia 3,1 Austrália 3,1 Irlanda 3,3 Tailândia 3,1 Itália 3,3 Tailândia 3,2
Brasil 2,8 Tailândia 3,0 R. Unido 3,3 Malásia 2,9 Malásia 3,2 Itália 3,2
Espanha 2,6 Bélgica 2,7 Bélgica 2,8 R. Unido 2,7 Índia 2,8 Vietnã 2,9
Canadá 2,5 Brasil 2,6 Austrália 2,6 Canadá 2,7 Argentina 2,7 Bélgica 2,5
China 2,4 Dinamarca 2,6 Dinamarca 2,4 Argentina 2,6 Reino Unido 2,6 R. Unido 2,5
Austrália 2,4 Argentina 2,2 Tailândia 2,4 Bélgica 2,4 Canadá 2,6 Canadá 2,5
Total 71,8 Total 65,6 Total 62,4 Total 60,6 Total 61,1 Total 60,3
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Da distribuição do VBP desse setor, em 2005, as economias com maiores participações


das exportações nesse VBP foram: Irlanda, 54,4%; Holanda, 37,1%; Bélgica, 34,3%; Vietnã,
61

32,9%; Tailândia, 24,4%; e Canadá, 22,1%. Em 2015, essas participações foram de 53,7% na
economia irlandesa, 44,8% na economia belga, 42,5% na economia holandesa (Tabela 10).
A indústria de alimentos é, tipicamente, altamente concentrada – não exclusiva – nos
países desenvolvidos, tanto no varejo quanto nas etapas de processamento (MCCORRISTON,
SEXTON e SHELDONC, 2005). No entanto, importante destacar que na produção mundial
apresentaram redução da participação nessa produção, entre 1995-2015: Japão, Estados Unidos,
Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha, mesmo que ainda estão permaneçam dentre
as quinze maiores produções do setor (Tabela 11).

Tabela 10 – Distribuição (%) do VBP do setor de alimentos, das economias selecionadas:


VBP doméstico e VBP com importações, 2005 e 2015.
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Bélgica 29,8 36,0 34,3 Bélgica 40,7 50,2 34,3 -10,9 -14,2 Bélgica 26,8
Brasil 32,2 49,6 18,2 Brasil 33,2 51,5 18,2 -1,0 -1,9 Brasil 3,1
Canadá 29,2 48,8 22,1 Canadá 34,2 58,6 22,1 -5,1 -9,8 Canadá 14,8
China 34,6 59,0 6,4 China 36,1 61,8 6,4 -1,5 -2,8 China 4,1
Alemanha 35,7 49,5 14,8 Alemanha 43,1 60,1 14,8 -7,5 -10,5 Alemanha 17,3
Espanha 47,3 41,9 10,9 Espanha 52,6 47,2 10,9 -5,3 -5,3 Espanha 10,1
França 35,1 49,6 15,3 França 40,8 58,0 15,3 -5,7 -8,4 França 14,0
Reino Unido 25,3 64,3 10,4 Reino Unido 32,2 81,3 10,4 -6,9 -17,0 Reino Unido 21,5
Indonésia 23,2 61,1 15,7 Indonésia 24,8 65,3 15,7 -1,6 -4,2 Indonésia 6,6
Irlanda 24,1 21,6 54,4 Irlanda 30,7 26,5 54,4 -6,6 -5,0 Irlanda 21,4
Itália 38,2 51,3 10,5 Itália 43,7 59,3 10,5 -5,4 -7,9 Itália 12,5
Holanda 26,4 36,5 37,1 Holanda 33,1 45,1 37,1 -6,7 -8,6 Holanda 20,3
Tailândia 43,1 32,5 24,4 Tailândia 47,3 35,3 24,4 -4,2 -2,8 Tailândia 8,9
Estados Unidos 29,2 66,5 4,2 Estados Unidos 31,5 71,8 4,2 -2,2 -5,3 Estados Unidos 7,0
Vietnã 31,5 35,6 32,9 Vietnã 35,9 40,7 32,9 -4,4 -5,1 Vietnã 12,3
2015
Bélgica 29,0 26,2 44,8 Bélgica 45,6 42,1 44,8 -16,6 -15,9 Bélgica 36,5
Brasil 29,0 55,4 15,6 Brasil 30,5 57,6 15,6 -1,5 -2,3 Brasil 4,8
Canadá 44,8 39,8 15,4 Canadá 52,4 47,9 15,4 -7,7 -8,1 Canadá 14,6
China 42,6 54,0 3,4 China 44,4 56,4 3,4 -1,8 -2,4 China 4,1
Alemanha 36,6 40,5 22,9 Alemanha 47,4 52,4 22,9 -10,8 -11,9 Alemanha 22,8
Espanha 49,6 35,7 14,7 Espanha 55,7 40,6 14,7 -6,1 -4,9 Espanha 10,9
França 34,2 46,2 19,5 França 41,9 56,5 19,5 -7,6 -10,2 França 18,2
Reino Unido 23,8 62,6 13,6 Reino Unido 32,6 82,6 13,6 -8,8 -20,0 Reino Unido 27,1
Indonésia 25,1 57,5 17,3 Indonésia 26,5 60,7 17,3 -1,3 -3,2 Indonésia 4,9
Irlanda 26,4 19,9 53,7 Irlanda 31,9 23,4 53,7 -5,5 -3,5 Irlanda 17,1
Itália 36,6 47,5 15,8 Itália 42,9 56,4 15,8 -6,3 -8,9 Itália 14,7
Holanda 28,4 29,1 42,5 Holanda 38,1 38,9 42,5 -9,7 -9,8 Holanda 25,5
Tailândia 33,5 37,6 29,0 Tailândia 37,7 41,7 29,0 -4,2 -4,1 Tailândia 11,2
Estados Unidos 32,8 60,7 6,4 Estados Unidos 35,9 66,7 6,4 -3,0 -6,0 Estados Unidos 8,4
Vietnã 38,6 29,7 31,7 Vietnã 44,2 34,0 31,7 -5,5 -4,3 Vietnã 12,5
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A economia chinesa que em 1995 tinha uma parcela de 5,6% na produção mundial, é
responsável por 22,2% em 2015, e isso ajuda na compreensão do avanço dessa economia na
participação das exportações mundiais do setor, apesar de que, em termos de distribuição do
VBP, a parcela destinada às exportações dessa economia reduz de 6,4% em 2005, para 3,4%
62

em 2015. O peso das importações na DI desse setor é estável em 4,1%, considerando esses dois
anos.

Tabela 11 – Valor adicionado mundial do setor de alimentos: participação (%) dos


maiores produtores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Japão 18,3 Est. Unidos 21,2 Est. Unidos 16,2 China 15,2 China 16,7 China 22,2
Est. Unidos 17,2 Japão 17,8 Japão 11,2 Est. Unidos 13,8 Est. Unidos 11,8 Est. Unidos 14,0
Alemanha 6,4 China 7,1 China 8,0 Japão 9,3 Japão 9,0 Japão 6,0
China 5,6 Alemanha 4,5 Alemanha 5,5 Alemanha 4,0 Alemanha 4,0 Alemanha 3,3
França 4,2 México 4,1 França 4,6 Brasil 3,4 Brasil 3,8 Indonésia 3,1
R. Unido 3,8 R. Unido 4,1 R. Unido 4,4 França 3,3 França 3,3 México 2,9
Indonésia 3,0 França 3,2 México 3,6 Indonésia 3,1 Indonésia 3,2 França 2,8
Itália 3,0 Itália 2,8 Itália 3,0 México 3,1 México 3,1 R. Unido 2,5
Brasil 2,6 Canadá 2,0 Espanha 2,8 R. Unido 2,5 Espanha 2,5 Brasil 2,3
México 2,1 Brasil 1,8 Canadá 2,1 Espanha 2,5 Reino Unido 2,4 Canadá 1,9
Espanha 1,9 Indonésia 1,8 Brasil 2,0 Itália 2,3 Rússia 2,2 Espanha 1,8
Canadá 1,8 Espanha 1,5 Indonésia 2,0 Rússia 2,1 Itália 2,2 Índia 1,8
Holanda 1,6 Índia 1,3 Rússia 1,7 Índia 1,9 Índia 2,1 Itália 1,7
Rússia 1,4 Turquia 1,3 Holanda 1,6 Canadá 1,9 Canadá 1,8 Argentina 1,7
Turquia 1,3 Austrália 1,3 Austrália 1,6 Austrália 1,6 Austrália 1,7 Filipinas 1,6
Total 74,1 Total 75,7 Total 70,2 Total 69,9 Total 69,7 Total 69,7
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
1 Posição 16º.

Dentre os maiores exportadores do setor de alimentos o peso das exportações dessas


mercadorias em suas exportações totais foram de 3,3% das exportações dos Estados Unidos,
em 2015, 24,7% na Argentina, 15,5% na Indonésia, 13,5% no Brasil, e 9,3% na Tailândia
(Tabela 12). Em termos de valor adicionado, em 2015, dentre as economias selecionadas, a
participação das commodities alimentos oscilou até no máximo em 10% do VA interno, como
foi o caso da Filipinas.

Tabela 12 – Participação (%) do valor adicionado do setor de alimentos do país em seu


valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de alimentos do país
no total das suas exportações, para economias selecionadas, 1995/2015.
Continua
Valor adicionado Exportações
1995 2000 2005 2010 2011 2015 1995 2000 2005 2010 2011 2015
Argentina 3,8 3,3 5,6 5,5 5,5 5,5 Argentina 21,4 18,4 21,0 21,0 21,7 24,7
Bélgica 2,6 2,4 2,5 2,2 2,1 2,3 Bélgica 7,1 6,0 5,8 5,9 6,3 7,6
Brasil 2,9 2,4 2,6 2,6 2,7 2,6 Brasil 13,7 10,6 14,2 14,4 13,7 13,5
Canadá 2,3 2,1 2,0 1,9 1,7 2,4 Canadá 3,3 3,2 3,9 3,9 3,9 4,3
China 5,7 4,4 3,9 4,0 3,9 3,9 China 4,6 3,2 2,5 2,2 2,3 2,1
Alemanha 2,0 1,9 2,1 1,9 1,9 1,9 Alemanha 3,3 3,0 3,2 3,5 3,7 3,6
Espanha 2,5 2,0 2,7 2,8 2,9 2,9 Espanha 5,3 5,2 5,8 6,5 6,6 6,9
França 2,1 2,0 2,4 2,0 2,1 2,2 França 6,4 5,1 4,8 4,9 5,2 5,3
Reino Unido 2,6 2,2 1,9 1,7 1,6 1,7 Reino Unido 4,2 2,8 2,6 2,8 2,9 2,8
Indonésia 10,0 8,1 6,8 6,3 6,2 6,7 Indonésia 5,2 5,0 8,4 12,0 12,5 15,5
Índia 1,9 2,2 2,1 1,9 1,9 1,6 Índia 9,4 6,6 3,9 3,9 5,0 4,5
Irlanda 4,5 3,3 4,0 4,5 4,5 7,9 Irlanda 17,5 6,8 9,6 6,4 6,6 8,3
Itália 2,1 2,0 1,8 1,8 1,7 1,8 Itália 3,5 3,3 3,6 4,3 4,4 4,7
63

Tabela 12 – Participação (%) do valor adicionado do setor de alimentos do país em seu


valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de alimentos do país
no total das suas exportações, para economias selecionadas, 1995/2015.
Continuação
Valor adicionado Exportações
1995 2000 2005 2010 2011 2015 1995 2000 2005 2010 2011 2015
Japão 2,6 2,8 2,4 2,5 2,5 2,5 Japão 0,3 0,2 0,3 0,4 0,4 0,6
México 4,9 4,9 4,4 4,5 4,5 4,7 México 2,4 1,9 2,2 2,6 2,7 2,9
Holanda 3,1 2,6 2,7 2,1 2,1 2,4 Holanda 14,5 11,0 8,2 8,4 8,3 9,1
Filipinas 6,4 6,8 9,8 10,1 10,2 10,0 Filipinas 4,0 3,5 5,3 5,8 6,0 3,5
Rússia 3,5 3,4 2,3 2,1 2,0 2,1 Rússia 2,1 1,1 1,0 1,3 1,3 1,7
Tailândia 5,4 6,0 6,2 6,0 6,2 6,0 Tailândia 12,3 10,8 8,2 9,1 10,5 9,3
Estados Unidos 1,9 1,7 1,3 1,4 1,3 1,5 Estados Unidos 3,5 2,9 2,6 2,9 3,0 3,3
Vietnã 4,5 5,6 5,2 5,2 5,2 5,1 Vietnã 11,4 13,1 15,9 15,4 15,1 14,9
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Na economia Argentina o VA desse setor amplia-se de 3,8% em 1995, para 5,5% em


2015, Na economia brasileira, oscila de 2,9% para 2,6%, e isso tem relação com a redução da
parcela do VBP do setor agrícola para DI, pois, esse movimento afeta o principal setor de
transformação dessas commodities. Nas exportações o peso do setor de alimentos na economia
brasileira oscila de 13,7% em 1995, para 13,5%, em 2015.

3.3 Setor de minerais energéticos (carvão mineral, petróleo bruto e gás natural)

Esse setor divide-se em dois subsetores, quais sejam, o de extração de carvão e linhite22
e de extração de petróleo bruto e gás natural, sendo esse último, responsável pela maior parcela
da composição das exportações do setor (Tabela 13). O peso do subsetor de extração de petróleo
em bruto e gás, foi de 83,8% das exportações do setor.

Tabela 13 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor das commodities


minerais energéticos, 1990/2017.
Setor 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Mineração de carvão e linhite 15,3 11,6 4,3 5,7 8,2 8,6 16,2
Ext. de petróleo bruto e gás natural 84,7 88,4 95,7 94,3 91,8 91,4 83,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

O setor de extração de minerais energéticos estabelece a maior relação com o setor de


produção de coque refinado e produtos do petróleo, sendo que, em 2005, do total mundial da
demanda intermediária doméstico, o total destinado para esse setor foi de 20,7% e, em 2015,
essa parcela foi de 22,0% (Tabela 14). O peso das exportações foi extremamente significativo

22
É considerado uma forma menor de carvão devido a seu baixo poder calórico.
64

no período, correspondendo a uma parcela de 47,6% do VBP em 2005 e de 35,0% em 2015. Os


setores de extração, aparentemente muito além do setor agrícola, carregam um peso maior das
exportações.
Importante destacar que a Venezuela é uma das maiores produtoras e exportadoras de
petróleo do mundo, no entanto, não há disponibilidade de dados estatísticos nos bancos TIVA
e IOTs, da OECD, apenas no banco BTDIxE23, o que impede que essa economia “apareça”
entre os principais dados apresentados para o setor agregado das commodities minerais
energéticas. Assim, ressaltamos que a Venezuela participava com 4,6% das exportações
mundiais de petróleo em bruto e produtos de petróleo em 1995, e em 2017, essa parcela era de
1,5%, com base em UnctadStat (2018a) (Anexo 1).

Tabela 14 - Distribuição (%) do VBP mundial do setor de minerais energéticos: VBP


doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
VBP doméstico VBP com importações
Distribuição do VBP
2005 2010 2015 2005 2010 2015
Demanda intermediária 48,5 48,6 59,5 94,2 93,1 93,0
Extração minerais energéticos 8,3 9,7 12,5 10,1 10,7 13,3
Coque refinado e produtos do petróleo 20,7 20,2 22,0 49,4 48,5 43,4
Metais básicos 2,6 3,6 5,2 3,7 5,1 6,2
Demais setores de commodities 2,2 2,1 3,4 2,7 2,6 3,8
Manufaturas, exceto setores de commodities processadas 3,0 3,0 3,9 6,0 5,8 6,1
Setor de serviços 11,7 10,0 12,4 22,3 20,3 20,2
Demanda final 51,5 51,4 40,5 53,4 52,9 42,0
Demanda final, exceto exportações 3,9 5,2 5,5 5,8 6,7 7,0
Exportações 47,6 46,2 35,0 47,6 46,2 35,0
Importações 0,0 0,0 0,0 -47,6 -46,0 -35,0
Importações 0,0 0,0 0,0 -47,6 -46,0 -35,0
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A Arábia Saudita respondia por 15,4% das exportações mundiais do setor em 2005 e
12,3% em 2015 (Tabela 15), e somente esse setor era responsável por 78,3% das receitas de
exportações desse país em 2005 e por 66,1%, em 2015 (Tabela 18). No ano de 2015 os maiores
exportadores de minerais energéticos foram Arábia Saudita; Rússia, com participação de 9,7%;
Canadá, com participação de 7,3%; Noruega, 4,8%; e, Austrália, 3,3%.

23
Ver Subseção 2.3.1.
65

Tabela 15 - Exportações mundiais de minerais energéticos: participação (%) dos maiores


exportadores do setor, 2005/2015.
2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Arábia Saudita 15,4 Arábia Saudita 13,4 Arábia Saudita 14,4 Arábia Saudita 12,3
Rússia 7,1 Rússia 7,2 Rússia 7,2 Rússia 9,7
Canadá 7,0 Noruega 5,2 Noruega 4,8 Canadá 7,3
Noruega 6,8 Canadá 4,8 Canadá 4,6 Noruega 4,8
México 2,8 Austrália 3,3 Indonésia 3,2 Austrália 3,3
Reino Unido 2,2 Indonésia 2,9 Austrália 3,0 Indonésia 2,9
Austrália 2,2 México 2,3 México 2,3 Reino Unido 2,0
Indonésia 1,7 Reino Unido 2,2 Cazaquistão 2,0 Cazaquistão 1,8
Cazaquistão 1,6 Cazaquistão 2,0 Reino Unido 1,8 Colômbia 1,7
Malásia 1,4 Colômbia 1,4 Colômbia 1,6 Estados Unidos 1,7
Holanda 1,0 Malásia 1,3 Malásia 1,2 México 1,5
Estados Unidos 1,0 Estados Unidos 1,2 Estados Unidos 1,2 Malásia 1,4
Vietnã 0,8 Brasil 1,1 Brasil 1,0 Holanda 1,1
Colômbia 0,7 Holanda 1,0 Holanda 0,9 Brasil 1,0
China 0,7 Brunei 0,6 Brunei 0,6 África do Sul 0,5
Total 52,5 Total 49,8 Total 49,7 Total 53,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A principal característica do VBP desse setor na Arábia Saudita é o peso das exportações
que em 2005 representavam 88,4% desse VBP e em 2015, 80,1%. Outras economias que
apresentaram esse mesmo padrão no período analisado, ou seja, com peso das exportações
indicando produção orientada para o mercado externo, foram Noruega, 84,2% em 2005 e,
também em 2015; Cazaquistão, 79,9% em 2005, e 75,4% em 2015 (Tabela 16).

Tabela 16 - Distribuição (%) do VBP do setor de minerais energéticos das economias


selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
Continua
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Austrália 42,7 3,9 53,3 Austrália 62,8 6,8 53,3 -20,1 -2,9 Austrália 32,0
Alemanha 81,1 10,4 8,5 Alemanha 431,3 108,1 8,5 -350,2 -97,6 Alemanha 81,2
Arábia Saudita 10,6 1,1 88,4 Arábia Saudita 10,6 1,1 88,4 0,0 0,0 Arábia Saudita 0,1
Argentina 60,6 13,9 25,5 Argentina 63,3 14,0 25,5 -2,7 -0,1 Argentina 4,3
Bélgica 89,8 0,7 9,5 Bélgica 3649,2 42,4 9,5 -3559,3 -41,7 Bélgica 97,5
Brasil 85,3 0,2 14,5 Brasil 121,4 0,4 14,5 -36,1 -0,2 Brasil 29,7
Canadá 33,1 3,3 63,6 Canadá 50,6 4,8 63,6 -17,5 -1,5 Canadá 34,6
Cazaquistão 19,7 0,5 79,9 Cazaquistão 24,0 0,6 79,9 -4,3 -0,2 Cazaquistão 17,9
China 92,7 2,4 4,9 China 122,5 3,2 4,9 -29,8 -0,8 China 24,3
Colômbia 37,3 0,4 62,3 Colômbia 38,7 0,5 62,3 -1,4 -0,1 Colômbia 3,5
Coréia 93,3 6,6 0,2 Coréia 4424,1 70,7 0,2 -4330,8 -64,1 Coréia 97,9
Espanha 93,8 4,3 2,0 Espanha 1675,1 13,7 2,0 -1581,3 -9,5 Espanha 94,4
Estados Unidos 92,7 4,2 3,1 Estados Unidos 175,6 4,7 3,1 -82,9 -0,5 Estados Unidos 47,2
Holanda 42,8 6,8 50,4 Holanda 138,8 24,1 50,4 -96,0 -17,3 Holanda 69,2
Índia 99,3 0,3 0,3 Índia 210,9 0,6 0,3 -111,6 -0,2 Índia 52,9
Indonésia 49,2 0,9 49,8 Indonésia 75,0 1,5 49,8 -25,7 -0,6 Indonésia 34,3
Japão 98,2 1,7 0,2 Japão 5099,7 92,0 0,2 -5001,6 -90,3 Japão 98,1
Malásia 42,9 17,5 39,6 Malásia 50,7 20,5 39,6 -7,8 -3,0 Malásia 15,4
México 56,9 0,7 42,4 México 57,9 1,0 42,4 -1,0 -0,3 México 1,7
Noruega 6,9 8,9 84,2 Noruega 7,5 9,4 84,2 -0,6 -0,5 Noruega 7,5
Reino Unido 50,6 10,6 38,8 Reino Unido 91,2 16,5 38,8 -40,5 -5,9 Reino Unido 44,5
Rússia 26,4 4,7 68,8 Rússia 27,9 5,0 68,8 -1,5 -0,2 Rússia 5,4
66

Tabela 16 - Distribuição (%) do VBP do setor de minerais energéticos das economias


selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
Continuação
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Tailândia 84,5 0,0 15,5 Tailândia 283,4 0,1 15,5 -198,9 -0,1 Tailândia 70,2
2015
Austrália 31,6 9,1 59,3 Austrália 39,4 11,0 59,3 -7,8 -2,0 Austrália 19,7
Alemanha 70,0 12,1 17,9 Alemanha 980,0 334,9 17,9 -910,0 -322,8 Alemanha 92,9
Arábia Saudita 18,2 1,7 80,1 Arábia Saudita 18,2 1,7 80,1 0,0 0,0 Arábia Saudita 0,2
Argentina 82,7 14,9 2,4 Argentina 95,2 15,2 2,4 -12,6 -0,3 Argentina 13,2
Bélgica 14,5 1,0 84,5 Bélgica 7373,5 99,3 84,1 -7358,6 -98,3 Bélgica 99,8
Brasil 68,4 7,4 24,2 Brasil 95,3 8,9 24,2 -26,9 -1,5 Brasil 28,2
Canadá 32,6 4,4 63,0 Canadá 51,4 6,1 63,0 -18,8 -1,7 Canadá 36,7
Cazaquistão 19,8 4,8 75,4 Cazaquistão 20,7 5,2 75,4 -0,9 -0,3 Cazaquistão 4,6
China 97,9 1,5 0,6 China 130,9 2,3 0,6 -33,0 -0,8 China 25,2
Colômbia 20,9 0,8 78,3 Colômbia 21,7 0,9 78,3 -0,9 -0,1 Colômbia 4,0
Coréia 94,3 5,3 0,4 Coréia 5632,4 84,0 0,4 -5538,1 -78,7 Coréia 98,3
Espanha 65,2 5,3 29,5 Espanha 3856,6 21,2 29,5 -3791,4 -15,9 Espanha 98,3
Estados Unidos 88,5 5,1 6,4 Estados Unidos 142,8 5,6 6,4 -54,3 -0,5 Estados Unidos 38,1
Holanda 29,7 5,2 65,1 Holanda 155,1 25,2 65,1 -125,4 -19,9 Holanda 80,9
Índia 99,2 0,4 0,4 Índia 275,9 0,9 0,4 -176,7 -0,5 Índia 64,1
Indonésia 54,4 0,8 44,8 Indonésia 65,7 1,0 44,8 -11,3 -0,2 Indonésia 17,2
Japão 98,5 1,4 0,2 Japão 8010,8 127,6 0,2 -7912,4 -126,2 Japão 98,8
Malásia 57,1 15,3 27,6 Malásia 63,1 16,9 27,6 -6,1 -1,6 Malásia 9,6
México 50,2 2,2 47,7 México 51,8 2,8 47,7 -1,7 -0,7 México 3,2
Noruega 5,7 10,0 84,2 Noruega 6,9 11,8 84,2 -1,2 -1,8 Noruega 17,4
Reino Unido 33,0 12,4 54,6 Reino Unido 100,0 23,1 54,6 -67,0 -10,7 Reino Unido 67,0
Rússia 33,9 2,7 63,4 Rússia 36,4 3,0 63,4 -2,5 -0,3 Rússia 7,0
Tailândia 99,7 0,0 0,3 Tailândia 228,1 0,1 0,3 -128,4 -0,1 Tailândia 56,3
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Dentre as economias exportadoras destacam-se como as que apresentaram maior peso da


DI na distribuição desse VBP doméstico em 2005: Estados Unidos (92,7%), Brasil (85,3%),
México (56,9%), Reino Unido (50,6%), Indonésia (49,2%) e Holanda (42,8%). Em 2015, com
exceção da Indonésia, que ampliou para 54,4% a parcela do VBP destinada a DI, as economias
em desenvolvimento em destaque ampliaram a parcela destinada às exportações. Ainda em
relação a essas economias, entre 2005 e 2015 o peso das importações na DI reduziu na economia
americana de 47,2% para 38,1%; na economia brasileira, de 29,7% para 28,2%; e ampliou-se
no Reino Unido, de 44,5% para 67,0%; e na Holanda de 69,2% para 80,9%.
A China, em 2005, respondia por aproximadamente 6,3% do VA mundial do setor de
minerais energéticos, e em 2015 era a maior produtora mundial do setor, com parcela de 12,4%,
os Estados Unidos participavam com 13,0% em 2005, e em 2015, com 11,4% (Tabela 17). Dos
maiores produtores do setor, em 2005, Estados Unidos, Arábia Saudita, China, Canadá,
Noruega, Rússia, México, Reino Unido, Austrália, Indonésia, Malásia, Índia, Brasil, Holanda,
Dinamarca, esses dois últimos já não aparecem no grupo dos quinze maiores produtores em
2015, sendo que a Argentina e Cazaquistão passam a compor esse grupo em conjunto com os
demais países citados.
67

Tabela 17 – Valor adicionado mundial das commodities primárias minerais energéticas:


participação (%) dos maiores produtores do setor, 2005/2015.
2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Estados Unidos 13,0 Estados Unidos 11,1 Arábia Saudita 12,1 China 12,3
Arábia Saudita 12,1 Arábia Saudita 10,3 Estados Unidos 10,5 Estados Unidos 11,4
China 6,3 China 9,2 China 9,4 Arábia Saudita 8,5
Canadá 5,9 Rússia 5,1 Rússia 5,6 Rússia 5,4
Noruega 5,3 Noruega 3,8 Noruega 4,0 Canadá 4,4
Rússia 5,2 Canadá 3,7 Canadá 3,6 Noruega 2,9
México 4,4 México 2,9 México 3,1 Indonésia 2,3
Reino Unido 3,2 Indonésia 2,6 Indonésia 3,0 Malásia 1,8
Austrália 1,8 Austrália 2,0 Brasil 2,2 Austrália 1,6
Indonésia 1,7 Reino Unido 2,0 Austrália 2,0 México 1,5
Malásia 1,6 Brasil 1,7 Reino Unido 1,7 Índia 1,5
Índia 1,4 Índia 1,5 Colômbia 1,3 Reino Unido 1,3
Brasil 1,3 Malásia 1,4 Malásia 1,3 Brasil 1,1
Holanda 1,2 Cazaquistão 1,2 Índia 1,3 Argentina 1,0
Dinamarca 0,7 Holanda 1,1 Cazaquistão 1,2 Cazaquistão 0,9
Total 65,2 Total 59,6 Total 62,3 Total 58,1
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Em termos de valor adicionado no âmbito doméstico, o peso desse setor diminui na China,
de uma participação de 3,8% em 2005 para 2,3% em 2015 (Tabela 18). A Arábia Saudita é a
economia com maior peso desse setor no valor adicionado doméstico, relativo às demais
economias selecionadas, sendo que em 2005 o setor representava 47,5% do VA total dessa
economia, e em 2015, 26,1% (Tabela 18).

Tabela 18 – Participação (%) do valor adicionado do setor de minerais energéticos do país


em seu valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de minerais
energéticos do país no total das suas exportações, para economias selecionadas, 2005/2015.
Valor adicionado Exportações
País 2005 2010 2011 2015 País 2005 2010 2011 2015
Arábia Saudita 47,5 41,5 48,6 26,1 Arábia Saudita 78,3 77,2 79,3 66,1
África do Sul 1,7 2,4 2,4 2,0 África do Sul 6,1 6,5 7,4 6,3
Argentina 4,2 3,8 3,7 3,4 Argentina 7,0 3,6 2,5 1,1
Austrália 3,3 3,5 3,7 2,7 Austrália 15,3 19,1 18,8 15,8
Brasil 2,1 1,8 2,5 1,3 Brasil 3,1 6,7 7,1 5,1
Canadá 6,7 5,1 5,6 5,9 Canadá 16,6 16,2 18,1 18,5
Cazaquistão 14,1 17,1 17,6 10,1 Cazaquistão 51,3 50,1 49,4 42,8
China 3,8 3,4 3,5 2,3 China 0,9 0,3 0,3 0,1
Colômbia 6,0 8,3 11,3 5,7 Colômbia 29,5 45,8 54,4 46,2
Estados Unidos 1,3 1,6 1,8 1,3 Estados Unidos 0,8 1,0 1,3 0,9
Holanda 2,5 2,9 3,0 2,0 Holanda 3,6 4,5 4,6 3,4
Índia 2,3 2,0 1,9 1,5 Índia 0,1 0,04 0,1 0,05
Indonésia 7,2 7,4 9,0 5,5 Indonésia 15,8 23,3 27,5 18,2
Malásia 13,7 11,8 11,8 11,7 Malásia 8,8 9,1 10,1 7,8
México 6,6 5,9 7,2 2,6 México 11,9 11,1 13,1 4,5
Noruega 23,6 19,8 22,9 16,1 Noruega 51,0 47,6 51,7 40,8
Reino Unido 1,7 1,8 1,8 0,9 Reino Unido 4,0 5,2 5,3 3,2
Rússia 8,8 7,1 7,9 8,3 Rússia 27,3 26,5 28,4 29,4
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A economia norueguesa apresentava um peso da participação desse setor nas exportações


68

totais de 51,0% em 2005 e de 40,8%, em 2015, sendo que em termos de participação do setor
no VA total da economia, essas participações eram de 23,6% e 16,1%, nos referidos anos. A
parcela desse setor em 2015, nas receitas das exportações do Canadá, foi de aproximadamente
18,5%; da Rússia, 29,4%; da Austrália, 15,8%; da Colômbia, 46,2%; e do Cazaquistão, essa
participação era de 42,8% (Tabela 18).
Vale destacar que no setor de minerais energéticos podemos destacar como economias
produtoras naturais: China, Estados Unidos, Arábia Saudita, Rússia, Canadá, Noruega,
Indonésia, Malásia, Austrália, México, Índia, Reino Unido, Brasil, Argentina; e como principais
economias produtoras-importadoras: Alemanha, Bélgica, Coréia, Espanha, Holanda e Japão.

3.4 Setor de coque refinado e produtos do petróleo

O peso das exportações no VBP doméstico, desse setor, ampliou-se de 13,5% em 1995,
para 21,8% em 2011. A maior parcela da distribuição desse VBP corresponde ao agregado dos
setores de serviços, o qual foi responsável por 33,3% da demanda desse setor em 2011 (Tabela
19).

Tabela 19 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de coque refinado e produtos do


petróleo: VBP doméstico e VBP com importações, 1995/2011.
VBP doméstico VBP com importações
Distribuição do VBP
1995 2000 2005 2010 2011 1995 2000 2005 2010 2011
Demanda intermediária 60,9 56,5 55,9 57,0 55,7 70,2 68,6 68,9 71,5 71,1
Coque refinado e produtos do petróleo 4,6 3,9 4,4 5,5 4,9 5,5 5,0 5,7 7,5 7,0
Demais setores de commodities 7,1 5,7 5,9 6,0 6,1 8,3 7,2 7,4 7,4 7,7
Manufaturas, exceto setores de commodities
11,0 10,9 10,9 11,8 11,5 12,8 13,6 13,7 14,8 14,6
processadas
Setor de serviços 38,3 36,0 34,7 33,8 33,3 43,6 42,9 42,1 41,8 41,8
Demanda final 39,1 43,5 44,1 43,0 44,3 44,6 51,2 52,4 52,2 54,8
Demanda final, exceto exportações 25,5 25,4 24,5 22,3 22,4 30,4 32,0 31,6 29,1 29,6
Exportações 13,5 18,1 19,6 20,7 21,8 14,2 19,2 20,8 23,1 25,3
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -14,8 -19,8 -21,3 -23,7 -25,9
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -14,8 -19,8 -21,3 -23,7 -25,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Destacam-se entre os maiores exportadores desse setor em 1995: Estados Unidos, com
participação de 8,0%; Holanda, 6,0%; Cingapura, 5,7%; Arábia Saudita, 4,8%; e, Reino Unido,
4,5%. Nesse ano, a Rússia era a sexta maior economia exportadora, com parcela de 4,1%; a
Coréia, o décimo maior no ranking, com participação de 3,0%. Em 2015 a economia americana
ampliou sua participação para 17,8% dessas exportações; a Rússia era o segundo maior
exportador, 11,8%; e a Coréia, terceiro maior, com participação de 6,1% (Tabela 20).
69

Tabela 20 – Exportações mundiais de coque refinado e produtos do petróleo: participação


(%) dos maiores exportadores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Est. Unidos 8,0 Est. Unidos 7,9 Rússia 9,9 Est. Unidos 13,4 Est. Unidos 15,1 Est. Unidos 17,8
Holanda 6,0 Coréia 5,3 Est. Unidos 9,1 Rússia 11,2 Rússia 10,9 Rússia 11,8
Cingapura 5,7 Holanda 5,0 Cingapura 5,5 Índia 6,8 Índia 6,7 Coréia 6,1
A. Saudita 4,8 Cingapura 4,4 A. Saudita 4,7 Coréia 4,8 Coréia 6,3 Cingapura 5,3
Rei. Unido 4,5 Rei. Unido 4,2 Coréia 4,2 Cingapura 4,1 Cingapura 4,5 Índia 5,0
Rússia 4,1 França 4,0 Alemanha 3,9 Bélgica 3,0 Bélgica 3,0 Alemanha 3,3
França 4,1 Canadá 3,8 Bélgica 3,5 Canadá 2,9 Canadá 2,7 China 2,7
Alemanha 3,8 A. Saudita 3,8 Índia 3,3 A. Saudita 2,6 Alemanha 2,5 A. Saudita 2,7
Bélgica 3,8 Alemanha 3,7 Canadá 3,0 Alemanha 2,5 A. Saudita 2,5 Canadá 2,6
Coréia 3,0 Rússia 3,2 Holanda 2,9 Holanda 2,4 Reino Unido 2,5 Bélgica 2,5
Itália 2,7 Bélgica 3,1 França 2,7 Japão 2,3 Japão 2,3 Holanda 2,3
Japão 2,4 Itália 2,5 Taiwan 2,5 Rei. Unido 2,1 Espanha 2,3 Japão 2,3
Espanha 2,1 Espanha 2,4 Itália 2,3 Taiwan 2,1 Holanda 2,3 Espanha 2,1
Canadá 1,9 Brasil 1,8 Rei. Unido 2,2 Espanha 2,1 França 2,0 Malásia 2,0
Indonésia 1,4 China 1,7 Japão 2,0 China 2,1 China 1,9 Tailândia 2,0
Total 58,2 Total 56,8 Total 61,8 Total 64,4 Total 67,7 Total 70,5
China1 1,3 China3 1,8 Brasil5 1,1 Brasil6 1,1 Brasil7 1,0
Brasil2 1,3 Brasil4 1,8
Fonte: OECD.Stat (2018).
1 Posição 16º. 2 Posição 18º. 3 Posição 17º. 4 Posição 18º. 5 Posição 20º. 6 Posição 20º. 7 Posição 21º

A expansão da participação da economia americana nas exportações mundiais desse setor


implicou em uma expansão da participação da parcela das exportações na distribuição desse
VBP, sendo que em 2005 as exportações representavam 5,8% do VBP desse setor, e em 2015,
17,0% (Tabela 21). Nessa mesma tendência observa-se também a Alemanha (de 16,6% para
26,3%), Canadá (19,8% para 22,8%), Japão (3,9% para 7,2%). Arábia Saudita apresentou uma
tendência de especialização da produção voltada para as exportações, dado que no ano de 2005,
a parcela destinada às exportações foi de 82,0%, entretanto, no ano de 2015 essa parcela reduz
para 36,1%, resultante de uma expansão do consumo interno (demanda intermediária) na ordem
de 56,1%.

Tabela 21 – Distribuição (%) do VBP do setor de coque refinado e produtos do petróleo,


das economias selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
Continua
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Bélgica 48,3 14,1 37,6 Bélgica 61,5 19,5 37,6 -13,1 -5,4 Bélgica 21,4
Brasil 79,2 12,9 7,9 Brasil 83,9 14,6 7,9 -4,7 -1,7 Brasil 5,6
Canadá 64,6 15,6 19,8 Canadá 81,3 22,0 19,8 -16,7 -6,5 Canadá 20,6
China 93,3 2,3 4,4 China 102,6 2,7 4,4 -9,3 -0,4 China 9,1
Alemanha 46,4 37,0 16,6 Alemanha 59,8 47,8 16,6 -13,4 -10,8 Alemanha 22,4
Espanha 60,5 24,5 15,0 Espanha 73,7 30,8 15,0 -13,1 -6,4 Espanha 17,8
Índia 74,9 14,9 10,2 Índia 78,3 16,1 10,2 -3,4 -1,2 Índia 4,3
Japão 62,1 34,0 3,9 Japão 68,8 38,0 3,9 -6,7 -4,1 Japão 9,7
Coréia 61,1 15,4 23,5 Coréia 71,4 20,1 23,5 -10,3 -4,7 Coréia 14,4
Malásia 71,4 3,7 24,8 Malásia 90,5 5,4 24,8 -19,1 -1,7 Malásia 21,1
Holanda 46,8 17,7 35,6 Holanda 59,1 22,7 35,6 -12,4 -5,0 Holanda 20,9
70

Tabela 21 – Distribuição (%) do VBP do setor de coque refinado e produtos do petróleo,


das economias selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
Continuação
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Rússia 46,7 6,6 46,8 Rússia 47,9 7,1 46,8 -1,2 -0,5 Rússia 2,5
Arábia Saudita 13,0 5,0 82,0 Arábia Saudita 14,0 5,7 82,0 -1,0 -0,7 Arábia Saudita 6,8
Cingapura 19,6 3,2 77,2 Cingapura 41,0 8,0 77,2 -21,3 -4,9 Cingapura 52,1
Tailândia 72,7 10,9 16,3 Tailândia 78,9 12,5 16,3 -6,1 -1,6 Tailândia 7,8
Estados Unidos 62,7 31,5 5,8 Estados Unidos 70,9 37,2 5,8 -8,2 -5,7 Estados Unidos 11,6
2015
Bélgica 42,8 13,7 43,5 Bélgica 62,9 20,8 43,5 -20,2 -7,0 Bélgica 32,0
Brasil 76,2 19,6 4,2 Brasil 81,6 22,1 4,2 -5,4 -2,5 Brasil 6,6
Canadá 54,7 22,5 22,8 Canadá 72,0 33,2 22,8 -17,3 -10,7 Canadá 24,0
China 94,3 3,5 2,2 China 98,8 4,0 2,2 -4,6 -0,4 China 4,6
Alemanha 36,9 36,8 26,3 Alemanha 64,4 61,0 26,3 -27,6 -24,2 Alemanha 42,8
Espanha 42,1 30,4 27,4 Espanha 53,2 39,8 27,4 -11,1 -9,4 Espanha 20,8
Índia 71,5 16,9 11,6 Índia 74,2 17,8 11,6 -2,6 -0,9 Índia 3,6
Japão 67,4 25,4 7,2 Japão 76,4 29,1 7,2 -9,0 -3,7 Japão 11,8
Coréia 55,1 13,0 31,9 Coréia 66,4 18,0 31,9 -11,4 -5,0 Coréia 17,1
Malásia 55,8 18,8 25,4 Malásia 76,1 27,0 25,4 -20,3 -8,2 Malásia 26,7
Holanda 43,9 14,7 41,4 Holanda 60,1 19,9 41,4 -16,3 -5,2 Holanda 27,1
Rússia 49,2 5,3 45,5 Rússia 50,9 5,8 45,5 -1,7 -0,5 Rússia 3,3
Arábia Saudita 56,1 7,8 36,1 Arábia Saudita 59,0 9,0 36,1 -2,9 -1,1 Arábia Saudita 4,9
Cingapura 23,3 3,8 72,9 Cingapura 71,1 11,1 72,9 -47,8 -7,4 Cingapura 67,2
Tailândia 71,9 9,3 18,8 Tailândia 78,0 10,5 18,8 -6,0 -1,2 Tailândia 7,8
Estados Unidos 52,4 30,6 17,0 Estados Unidos 58,5 35,9 17,0 -6,1 -5,3 Estados Unidos 10,5
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Considerando as economias selecionadas, observa-se que a participação das importações


na composição da oferta setorial dessas economias tem comportamento distinto dessa mesma
variável, para o setor das commodities minerais energéticas (principal base de produção para
coque refinado e produtos do petróleo). Em 2005 as economias que apresentam maior
participação das importações na composição da oferta para demanda intermediária, no setor de
coque refinado e produtos do petróleo foram: Cingapura (52,1%), Alemanha (22,4%), Bélgica
(21,4%), Holanda (20,9%), Canadá (20,6%); e em 2015, destacam-se: Cingapura (67,2%),
Alemanha (42,8%), Bélgica (32,0%) e Holanda (27,1%).
Destacaram-se entre os maiores produtores do setor, em 1995, o Japão, com participação
na produção mundial de 26,7%; Estados Unidos, com 13,4%; Turquia, 4,0%; França, 3,7%; e
a China, 3,7% (Tabela 22). As transformações nesse mercado levam a uma configuração, no
ano de 2015, em que a economia japonesa, maior produtora em 1995, reduz sua participação
para 4,3%, e aparece como quinto maior produtor mundial do setor, e nesse ano, destacam-se
entre os maiores produtores: Estados Unidos, com participação de 22,4%; a China, participação
de 17,5%; Rússia, 5,7%; e Índia, 5,7% (Tabela 22).
71

Tabela 22 – Valor adicionado mundial do setor de coque refinado e produtos do petróleo:


participação dos maiores produtores do setor, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Japão 26,7 Japão 21,9 Est. Unidos 30,4 Est. Unidos 20,8 Est. Unidos 23,3 Est. Unidos 22,4
Est. Unidos 13,4 Est. Unidos 17,6 Japão 9,6 China 12,8 China 13,3 China 17,5
Turquia 4,0 China 5,2 Rússia 6,4 Japão 9,1 Rússia 9,1 Rússia 5,7
França 3,7 França 3,0 China 6,2 Rússia 7,3 Japão 7,3 Índia 5,7
China 3,7 Turquia 2,8 Alemanha 3,2 Índia 4,5 Indonésia 4,3 Japão 4,3
Indonésia 3,2 Indonésia 2,7 Índia 3,0 Indonésia 4,1 Índia 3,4 Indonésia 3,3
Itália 3,0 A. Saudita 2,4 Brasil 2,9 Brasil 2,7 A. Saudita 2,2 Brasil 2,2
Rei. Unido 2,5 Alemanha 2,3 Indonésia 2,5 A. Saudita 2,5 Coréia 1,9 A. Saudita 2,2
Rússia 2,5 Rússia 2,3 A. Saudita 2,1 Alemanha 2,0 Alemanha 1,9 Argentina 1,7
Taiwan 2,1 Índia 2,2 Coréia 1,9 Coréia 1,7 Argentina 1,4 Coréia 1,6
A. Saudita 2,1 Itália 2,0 França 1,7 Rei. Unido 1,6 Reino Unido 1,4 Alemanha 1,5
Brasil 2,1 Rei. Unido 1,9 Itália 1,7 Argentina 1,4 Tailândia 1,2 Tailândia 1,3
Índia 2,0 Taiwan 1,8 Espanha 1,7 Tailândia 1,3 Canadá 1,1 Canadá 1,3
Coréia 1,4 Brasil 1,8 Rei. Unido 1,6 México 1,2 Itália 1,1 México 1,3
Tailândia 1,3 Coréia 1,7 Canadá 1,2 Itália 1,1 México 1,0 Rei. Unido 1,1
Total 73,7 Total 71,5 Total 76,1 Total 73,9 Total 73,9 Total 73,4
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Na Arábia Saudita observa-se baixa contribuição do setor para formação do valor


adicionado: 3,2% em 1995, e 2,5% em 2015 (Tabela 23). Em 1995 a participação desse setor,
nas exportações totais desse país era de 9,4%, e em 2015, de 6,2%. A orientação da produção
do setor de minerais energéticos paNo Brasil esse setor também apresentou redução da
participação nas exportações totais, de 2,5% em 1995 para 2,1%, em 2015 e, no valor
adicionado ampliou de 0,7% para 1,0%, o percentual do setor (Tabela 23).

Tabela 23 – Participação (%) do VA do setor de coque refinado e produtos do petróleo do


país em seu VA total, e participação (%) das exportações do setor de coque refinado e
produtos do petróleo do país no total das suas exportações, para economias selecionadas,
1995/2015.
Valor adicionado Exportações
1995 2000 2005 2010 2011 2015 1995 2000 2005 2010 2011 2015
Argentina 0,9 0,8 2,6 2,3 2,3 2,3 Argentina 1,9 3,9 5,7 3,0 2,8 1,8
Bélgica 0,5 0,6 1,3 1,1 1,1 1,3 Bélgica 3,1 4,9 5,6 6,6 7,9 4,8
Brasil 0,7 0,8 1,8 0,9 0,2 1,0 Brasil 2,5 5,2 4,2 2,7 2,8 2,1
Canadá 0,2 0,3 0,5 0,4 0,5 0,7 Canadá 1,0 2,3 2,3 3,7 4,0 2,8
China 1,1 1,0 1,4 1,5 1,5 1,3 China 1,0 1,2 0,8 0,8 0,8 0,6
Alemanha 0,1 0,3 0,6 0,4 0,4 0,4 Alemanha 0,7 1,2 1,4 1,2 1,4 1,3
Espanha 0,5 0,5 0,8 0,4 0,5 0,5 Espanha 1,7 2,7 2,3 3,5 4,4 2,8
Rei. Unido 0,5 0,3 0,3 0,5 0,5 0,3 Rei. Unido 1,5 2,1 1,3 2,0 2,7 0,9
Indonésia 3,1 3,9 4,0 3,6 3,8 3,0 Indonésia 2,5 2,8 2,3 2,2 2,1 0,9
Índia 1,2 1,2 1,8 1,9 1,5 2,2 Índia 1,2 2,3 6,5 10,6 11,8 5,9
Japão 1,1 1,1 1,0 1,1 0,9 0,8 Japão 0,5 0,4 1,0 1,6 2,0 1,5
Coréia 0,6 0,8 1,1 1,1 1,3 0,9 Coréia 2,1 4,8 4,0 5,1 7,4 4,8
México 0,8 0,6 0,3 0,8 0,7 0,9 México 0,8 0,7 0,9 1,1 1,2 0,7
Malásia 0,8 2,1 1,9 2,6 2,6 2,6 Malásia 1,7 2,2 3,2 4,1 4,7 4,8
Holanda 0,3 0,4 0,7 0,4 0,5 0,5 Holanda 3,6 5,5 3,5 4,0 4,6 3,2
Rússia 1,9 2,4 4,1 3,2 3,8 3,3 Rússia 4,7 5,2 12,5 15,7 16,3 15,3
A. Saudita 3,2 3,0 3,1 3,2 2,5 2,5 A. Saudita 9,4 8,5 7,9 5,7 5,2 6,2
Tailândia 1,7 2,1 2,2 2,5 2,7 2,6 Tailândia 0,4 2,0 3,1 3,5 5,3 3,7
Estados Unidos 0,4 0,5 1,2 1,0 1,2 1,0 Estados Unidos 1,1 1,4 2,4 4,5 6,0 4,3
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
72

Comparando os anos 1995 e 2015, destacam-se as economias que apresentaram expansão


da participação do setor no VA doméstico: Argentina, de 0,9% para 2,3%; Bélgica, de 0,5%
para 1,3%; e Índia, de 1,2% para 2,2%. Em relação ao peso das exportações desse setor nas
exportações totais, as principais economias que apresentaram incremento na participação,
foram: Rússia, de 4,7% para 15,3%; Estados Unidos, de 1,1% para 4,3%; Bélgica, de 3,1% para
4,8%; Índia, de 1,2% para 5,9%; Japão, de 0,5% para 1,5%; e, Coréia, de 2,1% para 4,8%
(Tabela 23).

3.5 Setor de minerais não energéticos (minerais não-metálicos e minerais metálicos)

Os minerais não-energéticos são a fonte inicial para extração de metais e dividem-se em


duas grandes categorias: os minerais não-metálicos e os metálicos. Os bens minerais não-
metálicos dividem-se em: rochas e minerais industriais, podendo-se citar a grafita, a magnesita,
a crisólita, o calcário, a areia industrial, a barita, a bentonita e a fluorita, entre outras. Os bens
minerais metálicos podem ser distribuídos em três categorias principais: metais ferrosos, entre
os quais estão o ferro, o nióbio, o manganês e o cromo; metais não ferrosos, como alumínio,
cobalto, cobre, chumbo, estanho, metais do grupo da platina, tálio, tântalo, terras-raras, titânio,
vanádio, molibdênio e zinco; e metais preciosos, como o ouro e a prata (MESQUITA et. al.,
2016). Nessa categoria estão, portanto, os metais básicos, que refere-se à fabricação de ferro e
aço básicos, fabricação de metais preciosos e não ferrosos, fundição de metais.
Os principais subsetores do setor de minerais não-energéticos: mineração de minerais
metálicos, e outras indústrias extrativas. O primeiro subsetor progrediu na participação das
exportações do setor, de 44,2% em 1990, para 78,5%, em 2017 (Tabela 24).

Tabela 24 – Exportações a partir da participação (%) dos subsetores das commodities


primárias minerais não-energéticas e maiores exportadores por subsetor, 1990/2017.
Setor 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Mineração de minerais metálicos 44,2 42,1 41,0 55,8 74,2 67,6 78,5
Outras indústrias extrativas 55,8 57,9 59,0 44,2 25,8 32,4 21,5
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Na análise do VBP mundial desse setor, observa-se uma pequena expansão da


transformação doméstica das commodities de extração mineral não-energética no período de
2005/2015. Isso porque, a inter-relação com o setor de metais básicos, que representava uma
participação de 25,2% em 2005, aumenta para 28,9% em 2015 (Tabela 25).
73

Essas informações auxiliam no entendimento do principal destino das commodities


primárias minerais não-energéticas, qual seja, o setor de metais básicos. Esse pode ser entendido
como o comportamento geral, no entanto, cada economia tem uma distribuição do VBP
particular, de acordo com o perfil de uso dessa produção. Algumas economias são
especializadas em produzir essas commodities primárias para atender o mercado internacional
através das exportações, em detrimento da transformação principal doméstica, o setor de metais
básicos. O peso das exportações na distribuição desse VBP foi de 22,5% em 2005 e de 19,9%
em 2015.

Tabela 25 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de extração de minerais não-


energéticos: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
VBP doméstico VBP com importações
Distribuição do VBP 2005 2010 2015 2005 2010 2015
Demanda intermediária 75,2 70,2 77,6 97,5 96,5 97,3
Extração de minerais não-energéticos 11,0 10,8 11,2 11,6 11,6 11,9
Metais básicos 25,2 25,4 28,9 37,0 42,6 41,4
Coque e produtos do petróleo 2,0 2,1 1,9 3,1 2,8 2,5
Demais setores de commodities 4,3 4,2 4,1 4,5 1,6 4,3
Manufaturas, exceto setores de commodities processadas 16,1 13,8 15,4 21,2 18,6 19,0
Setor de serviços 16,5 13,9 16,0 20,1 16,6 18,4
Demanda final 24,8 29,8 22,4 25,0 30,0 22,6
Demanda final, exceto exportações 2,3 3,2 2,5 2,5 3,4 2,7
Exportações 22,5 26,6 19,9 22,5 26,6 19,9
Importações 0,0 0,0 0,0 -22,5 -26,5 -19,9
Importações 0,0 0,0 0,0 -22,5 -26,5 -19,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Dentre os maiores exportadores do setor de extração de minerais não-energéticos (ano de


2015) estão: Austrália, respondendo por 19,9% dessas exportações; Chile, 13,8%; Brasil, 7,3%;
Canadá, 6,4%; Peru, 5,8%. Em 2005 o Chile era o maior exportador mundial desse setor, com
participação de 17,4% (Tabela 26). O Canadá em 2005 era o terceiro maior exportador, com
participação de 9,8%, mas, em 2015 sua parcela era de 6,4%, tornando-se o quarto maior
exportador.
A economia chinesa apresentou maior peso no valor adicionado mundial desse setor,
sendo em 2005, 11,4% e, em 2015, 18,2%. No entanto, esse peso no valor adicionado mundial
não reflete necessariamente em significativa expressão dessa economia nas exportações
mundiais do setor, dado que foram de 1,2% no ano de 2015. Enquanto no VA mundial observa-
se um avanço dessa economia, nas exportações elas reduziram de 2,1% em 2005 para 1,2% em
2015, bem como o peso desse setor nas exportações totais da China que decrescem de 0,4% em
2005 para 0,1% em 2015. No VA total doméstico esse setor apresentou redução na participação,
de 1,5% em 2005 para 0,9% em 2015. Esse contexto tem relação com a distribuição do VBP
74

do respectivo setor nessa economia, pois, de acordo com a sua distribuição, em 2005, 95,6%
foi destinado a DI, e em 2015, 98,3% (Tabela 27).

Tabela 26 – Exportações mundiais de minerais não energéticos: participação (%) dos


maiores exportadores do setor, 2005/2015
2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Chile 17,4 Austrália 19,6 Austrália 21,1 Austrália 19,9
Austrália 11,4 Chile 14,6 Chile 12,4 Chile 13,8
Canadá 9,8 Brasil 10,5 Brasil 11,7 Brasil 7,3
Brasil 6,6 Peru 6,2 África do Sul 6,2 Canadá 6,4
Peru 6,2 Canadá 5,8 Peru 6,1 Peru 5,8
África do Sul 5,4 África do Sul 5,6 Canadá 5,7 África do Sul 5,3
Indonésia 4,2 Indonésia 4,0 Rússia 3,1 Estados Unidos 2,9
Reino Unido 4,2 Rússia 2,6 Indonésia 2,8 Rússia 2,8
Rússia 3,3 Índia 2,2 Estados Unidos 2,0 Indonésia 2,0
Índia 3,1 Estados Unidos 2,0 Reino Unido 1,6 México 1,7
Estados Unidos 3,1 Reino Unido 1,7 Cazaquistão 1,5 Turquia 1,2
China 2,1 Suécia 1,3 Índia 1,3 China 1,2
Suécia 1,0 China 1,0 Suécia 1,3 Suécia 0,9
Polônia 0,8 Turquia 1,0 China 0,9 Índia 0,8
Cazaquistão 0,8 Cazaquistão 0,9 México 0,9 Espanha 0,8
Total 79,3 Total 78,7 Total 78,5 Total 72,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

A economia chilena teve uma participação de 11,9% de importações em 2005 na DI desse


setor e, uma parcela de 84,2% do VBP, destinado às exportações. Dentre os maiores
exportadores, é a economia com maior peso das exportações no VBP do setor. O
comportamento da distribuição setorial do VBP chileno indica uma especialização da sua
produção, que é voltado para atender o mercado internacional com as commodities primárias
não-energéticas. Em 2015, o peso das exportações no VBP do setor reduziu para 81,6%.
A Austrália, maior exportadora do setor, em 2005, apresentou participação de 1,5% em
importações para a DI do setor e, em 2015, 3,5%. Assim como ocorre uma expansão
significativa da participação desse país nas exportações do setor, ocorre um avanço na parcela
do VBP, destinada às exportações, de 32,2% em 2005, para 60,9% em 2015, reduzindo assim,
a parcela destinada a DI. A economia peruana, em 2005, apresentava uma participação das
importações na DI do setor, de 1,5%, e da distribuição do VBP setorial, 66,6% eram destinados
para exportações. Em 2015, o peso das exportações reduziram para 55,1%.
75

Tabela 27 – Distribuição (%) do VBP do setor de extração de minerais não-energéticos,


das economias selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
2005
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
África do Sul 70,6 0,9 28,5 África do Sul 75,9 0,9 28,5 -5,3 0,0 África do Sul 6,9
Alemanha 65,0 5,1 29,9 Alemanha 350,8 9,8 29,9 -285,8 -4,7 Alemanha 81,5
Argentina 75,9 1,6 22,5 Argentina 89,5 1,8 22,5 -13,7 -0,1 Argentina 15,2
Austrália 67,0 0,8 32,2 Austrália 67,9 0,8 32,2 -0,9 0,0 Austrália 1,3
Bélgica 19,1 1,6 79,3 Bélgica 481,1 11,6 79,2 -461,9 -10,0 Bélgica 96,0
Brasil 51,4 1,1 47,5 Brasil 67,3 1,2 47,5 -15,9 -0,1 Brasil 23,7
Canadá 34,6 1,2 64,2 Canadá 59,1 1,5 64,2 -24,4 -0,3 Canadá 41,4
Chile 15,7 0,1 84,2 Chile 17,8 0,1 84,2 -2,1 0,0 Chile 11,9
China 95,6 0,7 3,7 China 127,4 0,8 3,7 -31,7 -0,1 China 24,9
Coréia 93,3 2,2 4,6 Coréia 323,3 3,6 4,6 -230,0 -1,5 Coréia 71,2
Espanha 89,0 2,1 8,8 Espanha 122,1 2,4 8,8 -33,1 -0,3 Espanha 27,1
Estados Unidos 86,0 6,7 7,3 Estados Unidos 99,6 7,0 7,3 -13,5 -0,3 Estados Unidos 13,6
França 87,3 2,5 10,2 França 130,3 3,3 10,2 -43,0 -0,7 França 33,0
Índia 45,4 -0,2 54,8 Índia 144,6 -0,1 54,8 -99,2 -0,1 Índia 68,6
Indonésia 60,7 0,0 39,3 Indonésia 65,1 0,0 39,3 -4,3 0,0 Indonésia 6,7
Itália 82,7 2,3 15,1 Itália 201,3 2,9 15,1 -118,6 -0,6 Itália 58,9
Japão 92,1 3,9 4,0 Japão 287,2 4,7 4,0 -195,1 -0,8 Japão 67,9
México 90,0 0,9 9,1 México 101,6 1,1 9,1 -11,6 -0,2 México 11,5
Peru 31,3 2,1 66,6 Peru 31,8 2,1 66,6 -0,5 0,0 Peru 1,5
Reino Unido 53,3 2,7 44,0 Reino Unido 105,5 3,1 44,0 -52,2 -0,4 Reino Unido 49,5
Rússia 62,0 3,4 34,6 Rússia 86,8 3,5 34,6 -24,8 -0,1 Rússia 28,6
Turquia 84,6 1,5 13,9 Turquia 101,5 1,6 13,9 -16,9 -0,1 Turquia 16,6
2015
África do Sul 60,6 1,4 38,0 África do Sul 62,8 1,4 38,0 -2,2 0,0 África do Sul 3,5
Alemanha 79,5 4,5 15,9 Alemanha 173,5 5,7 15,9 -94,0 -1,2 Alemanha 54,2
Argentina 93,5 1,6 4,9 Argentina 97,8 1,7 4,9 -4,3 -0,1 Argentina 4,4
Austrália 37,0 2,1 60,9 Austrália 38,4 2,1 60,9 -1,4 0,0 Austrália 3,5
Bélgica 24,7 -0,5 75,8 Bélgica 738,9 13,6 75,9 -714,2 -14,1 Bélgica 96,7
Brasil 39,4 0,3 60,2 Brasil 48,1 0,4 60,2 -8,7 -0,1 Brasil 18,1
Canadá 49,6 1,7 48,7 Canadá 76,1 1,9 48,7 -26,5 -0,2 Canadá 34,8
Chile 18,3 0,1 81,6 Chile 19,2 0,1 81,6 -0,9 0,0 Chile 4,8
China 98,3 0,7 1,0 China 132,6 0,8 1,0 -34,4 -0,1 China 25,9
Coréia 85,7 2,0 12,3 Coréia 487,4 4,1 12,3 -401,8 -2,1 Coréia 82,4
Espanha 66,7 2,1 31,2 Espanha 129,7 2,6 31,2 -63,0 -0,5 Espanha 48,6
Estados Unidos 76,5 13,7 9,8 Estados Unidos 88,2 14,2 9,8 -11,7 -0,4 Estados Unidos 13,3
França 84,1 2,5 13,4 França 128,8 3,8 13,4 -44,7 -1,3 França 34,7
Índia 89,8 0,0 10,2 Índia 195,0 0,0 10,2 -105,2 -0,1 Índia 53,9
Indonésia 82,1 0,2 17,7 Indonésia 87,0 0,2 17,7 -4,9 0,0 Indonésia 5,6
Itália 53,2 2,4 44,5 Itália 421,5 5,7 44,5 -368,3 -3,4 Itália 87,4
Japão 81,6 10,6 7,8 Japão 480,7 15,9 7,8 -399,1 -5,3 Japão 83,0
México 77,5 0,8 21,7 México 83,3 0,9 21,7 -5,8 -0,1 México 7,0
Peru 42,8 2,1 55,1 Peru 43,4 2,1 55,1 -0,7 0,0 Peru 1,5
Reino Unido 86,7 3,3 10,1 Reino Unido 118,1 3,7 10,1 -31,4 -0,5 Reino Unido 26,6
Rússia 68,3 2,9 28,8 Rússia 74,1 3,0 28,8 -5,8 -0,1 Rússia 7,8
Turquia 71,9 1,4 26,7 Turquia 85,8 1,5 26,7 -13,9 -0,1 Turquia 16,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Há uma disparidade em relação ao peso das exportações no VBP dos maiores


exportadores do setor, que indica que algumas economias produzem com um perfil de
atendimento da demanda mundial, enquanto alguns grandes exportadores como a economia
americana, onde o peso das exportações do setor no respectivo VBP correspondia à 7,3% em
2005 e, 9,8%, em 2015; na China, essa parcela foi de 3,7% em 2005 e, 1,0% em 2015. A
economia mexicana apresenta uma mudança expressiva, pois, em 2005, o peso das exportações
76

nesse VBP era de 9,1% e, em 2015, ele salta para 21,7%.


Dentre os maiores produtores desse setor, considerando o ano de 2015, destacam-se a
China, com participação no VA mundial setorial, de 18,2%; Estados Unidos, 7,7%; Austrália,
6,9%; Chile, 4,0%; Canadá, 3,4%; e, África do Sul, 3,1% (Tabela 28).

Tabela 28 – Valor adicionado mundial do setor de minerais não energéticos: participação


(%) dos maiores produtores do setor, 2005/2015.
2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
China 11,4 China 14,1 China 14,8 China 18,2
Estados Unidos 9,7 Austrália 11,0 Austrália 10,2 Estados Unidos 7,7
Austrália 8,3 Estados Unidos 7,2 Estados Unidos 6,8 Austrália 6,9
Chile 5,9 Chile 5,5 Brasil 5,7 Chile 3,9
África do Sul 4,6 Brasil 4,8 Chile 5,0 Canadá 3,4
Canadá 4,4 África do Sul 4,0 Canadá 4,1 África do Sul 3,1
Indonésia 3,0 Canadá 3,7 África do Sul 3,9 Indonésia 2,9
Brasil 2,7 Indonésia 3,6 Indonésia 3,1 Peru 2,7
Rússia 2,3 Peru 2,4 Peru 2,6 Brasil 2,2
México 2,2 Rússia 2,1 Rússia 2,6 México 2,0
Peru 1,8 Índia 1,8 México 1,9 Rússia 2,0
Reino Unido 1,7 México 1,7 Índia 1,5 Argentina 1,6
Índia 1,2 Argentina 0,9 Argentina 0,9 Índia 1,5
Espanha 1,2 Turquia 0,8 Polônia 0,8 Turquia 0,9
Turquia 1,1 Polônia 0,7 Turquia 0,7 Reino Unido 0,9
Total 61,6 Total 64,3 Total 64,7 Total 60,1
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Em termos de participação do VA desse setor no VA total doméstico, Chile e Peru


apresentaram maior peso, dentre as economias selecionadas, sendo 9,2% e 7,9%,
respectivamente, em 2015. A China, enquanto maior produtora mundial (em termos de
participação do setor dessa economia no VA mundial do setor), apresentava um peso de apenas
0,9% desse setor em seu VA total em 2015. Dentre os maiores exportadores mundiais, o peso
desse setor nas exportações totais da economia chilena foi de 42,9%, em 2015, e vale destacar
que o pico dessa participação foi no ano de 2010, de 48,9% das receitas de exportação desse
país (Tabela 29).
A economia chinesa ampliou a participação no VA mundial desse setor, de 11,4% em
2005, para 18,2% em 2015, ao contrário do que ocorre com as exportações chinesas de minerais
não energéticos, dado que apresenta uma redução da participação nas exportações mundiais do
setor, de 2,1% (em 2005) para 1,2% (em 2015). O comportamento das exportações desse país
pode ser entendido pela redução da participação das exportações na distribuições do VBP do
setor, que foi de 3,7% para 1,0%. No entanto, a expansão da DI pode ajudar no entendimento
da expansão dessa economia, como maior exportadora e produtora de metais básicos (Subseção
3.6).
77

Tabela 29 – Participação (%) do valor adicionado do setor de minerais não energéticos do


país em seu valor adicionado total, e participação (%) das exportações do setor de
minerais não energéticos do país no total das suas exportações, para economias
selecionadas, 2005/2015.
Valor adicionado Exportações
País 2005 2010 2011 2015 País 2005 2010 2011 2015
África do Sul 5,1 6,6 6,8 5,6 África do Sul 9,6 14,6 18,0 12,9
Argentina 1,1 1,3 1,3 1,5 Argentina 1,7 2,2 1,9 1,0
Austrália 3,2 5,3 4,9 3,2 Austrália 9,9 20,7 23,4 18,5
Brasil 0,9 1,4 1,7 0,7 Brasil 5,8 12,3 14,2 7,0
Canadá 1,1 1,4 1,7 1,2 Canadá 2,9 3,6 4,0 3,1
Chile 13,7 15,4 13,7 9,2 Chile 41,9 48,9 47,1 42,9
China 1,5 1,4 1,4 0,9 China 0,4 0,2 0,2 0,1
Espanha 0,3 0,3 0,3 0,2 Espanha 0,3 0,4 0,6 0,5
Estados Unidos 0,2 0,3 0,2 0,2 Estados Unidos 0,3 0,3 0,4 0,3
Índia 0,4 0,7 0,6 0,4 Índia 2,3 1,7 1,1 0,5
Indonésia 2,7 2,8 2,5 1,9 Indonésia 4,9 5,9 4,2 2,5
México 0,7 0,9 1,2 1,0 México 0,4 0,6 0,9 0,9
Peru 6,7 9,9 11,2 7,9 Peru 36,7 42,6 42,5 32,6
Polônia 0. 1,0 1,1 0,6 Polônia 1,0 1,0 1,2 0,7
Reino Unido 0,2 0,2 0,2 0,2 Reino Unido 0,9 0,7 0,8 0,1
Rússia 0,8 0,8 1,0 0,9 Rússia 1,6 1,7 2,1 1,6
Suécia 0,5 0,8 0,8 0,4 Suécia 0,7 1,8 2,1 1,0
Turquia 0,6 0,7 0,7 0,6 Turquia 0,8 1,7 1,5 1,4
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

O Peru, dentre os maiores exportadores também exibe uma grande participação desse
setor para suas receitas de exportação, porquanto, em 2005 essa parcela foi de 36,7%; em 2010,
de 42,6%; e em 2015, de 32,6%. Na economia australiana o peso desse setor avançou de 9,9%
em 2005, para 18,5% das exportações totais, com destaque para o ano de 2010, em que esse
setor representou 20,7% das receitas de exportação desse país.

3.6 Setor de Metais básicos

Os principais produtos desse setor são os resíduos de metais de base não ferrosos e de
sucata; minérios e concentrados de cobre; minérios e concentrados de níquel; prata, platina;
ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas; lingotes e outras
formas primárias, de ferro ou aço; produtos semi-acabados de ferro ou aço; fios de ferro ou aço;
produtos; trilhos ou elementos de vias férreas, de ferro ou aço; alumínio; chumbo; zinco;
estanho; metais não-ferrosos diversos empregados na metalurgia; jóias, artigos de matérias
preciosas ou semipreciosas; ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus
concentrados).
O setor de metais básicos divide-se em dois subsetores principais: ferro e aço; e metais
não-ferrosos. O peso do subsetor de metais não-ferrosos nas exportações mundiais do setor, era
superior ao de ferro e aço entre 1990-2005, apresentando uma participação de 43,8% em 1990,
78

mas, em 2010 esse peso altera-se para 53,9%, e em 2017 para 60,8% (Tabela 30).

Tabela 30 – Exportações a partir da participação (%) por subsetor do setor de metais


básicos, 1990-2017.
Setor 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Ferro e aço 56,2 55,2 50,2 55,9 46,1 37,8 39,2
Metais não-ferrosos 43,8 44,8 49,8 44,1 53,9 62,2 60,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

De modo geral a produção de metais básicos é destinada para serviços e manufaturas,


sendo 38,7% em 1995 e 32,9% em 2011 (Tabela 31). O próprio setor, metais básicos, foi
responsável, em 1995, pelo consumo de 27,7% do VBP setorial e as exportações por 21,9%.
Em 2011 essas participações foram de 28,2% e 24,2%, respectivamente. O caráter do setor de
metais básicos é em grande medida o da produção de insumo intermediários, pois, como
observa-se, a parcela de demanda final, excluindo exportações, era de 1,6% em 1995, e 2,5%
em 2011.

Tabela 31 – Distribuição (%) do VBP mundial do setor de metais básicos: VBP doméstico
e VBP com importações, 1995/2015.
VBP doméstico VBP com importações
Distribuição do VBP
1995 2000 2005 2010 2011 1995 2000 2005 2010 2011
Demanda intermediária 76,5 74,4 71,3 74,2 73,3 97,7 98,1 97,2 96,7 96,5
Metais básicos 27,7 25,3 25,4 28,1 28,2 34,0 31,7 32,6 34,7 35,1
Demais setores de commodities 0,9 1,1 1,2 1,3 1,4 1,2 1,5 1,8 2,0 2,1
Manufaturas, exceto setores de
38,7 39,1 35,2 33,8 32,9 50,2 52,8 49,3 45,1 44,6
commodities processadas
Setor de serviços 9,1 9,0 9,6 10,9 10,7 12,3 12,1 13,5 14,9 14,6
Demanda final 23,5 25,6 28,7 25,8 26,7 26,6 28,6 32,5 29,7 31,1
Demanda final, exceto exportações 1,6 1,3 2,0 2,4 2,5 2,3 1,9 2,8 3,3 3,5
Exportações 21,9 24,3 26,6 23,4 24,2 24,3 26,7 29,7 26,3 27,6
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -24,3 -26,7 -29,7 -26,3 -27,6
Importações 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -24,3 -26,7 -29,7 -26,3 -27,6
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Das exportações totais mundiais, em 1995, esse setor representou 4,4% dessas
exportações; em 2005, 4,5%; em 2008 alcança um pico de 5,6%, uma expansão em consonância
com o aumento da participação das commodities nas exportações mundiais, pois, entre 1995 e
2008, o ano de 2008 representa a maior participação das commodities nas exportações, 26,7%.
Entre 1995-2015 o ano de 2008 é no qual o setor apresenta a maior parcela nas exportações
mundiais. Em 2015 ela foi de 4,0% (Subseção 4.1: Tabela 36).
A Alemanha era a maior exportadora do setor em 1995, com participação de 10,7%,
seguida pela economia japonesa, com parcela de 8,1%; Estados Unidos, 7,8%; Rússia, 5,6%; e
79

França, 5,3%. Essas cinco economias concentravam aproximadamente 37,5% dessas


exportações e no conjunto das quinze maiores economias exportadoras desse setor, a
concentração era de 68,4% dessas exportações, em 1995 (Tabela 32).

Tabela 32 – Exportações mundiais de metais básicos: participação (%) dos maiores


exportadores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Alemanha 10,7 Alemanha 9,4 Alemanha 9,0 China 8,9 China 10,1 China 15,4
Japão 8,1 Rússia 8,6 Rússia 7,9 Alemanha 8,1 Alemanha 8,2 Alemanha 6,9
Est. Unidos 7,8 Japão 7,9 Japão 6,9 Est. Unidos 7,5 Est. Unidos 8,0 Japão 6,2
Rússia 5,6 Est. Unidos 4,9 China 6,8 Japão 7,5 Japão 6,9 Est. Unidos 6,0
França 5,3 França 4,7 Canadá 5,9 Rússia 6,0 Canadá 5,3 Canadá 5,1
Canadá 4,4 Canadá 4,4 Est. Unidos 5,8 Canadá 5,2 Rússia 5,3 Coréia 5,0
Austrália 4,2 Austrália 3,6 França 4,0 Coréia 4,7 Coréia 5,2 Rússia 4,2
Rei. Unido 4,0 Itália 3,2 Coréia 3,9 Austrália 3,6 França 3,5 França 3,3
Itália 3,7 Rei. Unido 2,9 Itália 3,6 França 3,6 Austrália 3,4 Itália 3,0
Bélgica 3,6 China 2,8 Austrália 2,8 Índia 3,3 Itália 3,1 Austrália 3,0
Suécia 2,3 Bélgica 2,4 África do Sul 2,5 Itália 3,1 Índia 2,4 Índia 2,8
China 2,3 Coréia 2,4 Brasil 2,5 Espanha 2,1 Bélgica 2,2 Brasil 2,4
Coréia 2,2 África do Sul 2,2 Bélgica 2,5 Taiwan 2,0 Taiwan 2,1 Rei. Unido 2,4
África do Sul 2,2 Espanha 2,1 Rei. Unido 2,5 Bélgica 2,0 Brasil 2,0 Turquia 2,4
Espanha 2,1 Chile 2,1 Taiwan 2,3 Rei. Unido 2,0 Reino Unido 2,0 Bélgica 2,1
Total 68,4 Total 63,4 Total 69,0 Total 69,4 Total 69,8 Total 70,2
Brasil1 1,5 Brasil2 1,3 Brasil3 1,9
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
1posição 21º. 2 posição 21º. 3 posição 17º

Em 2010 a China destaca-se como maior exportadora desse setor, com participação de
8,9%; a Alemanha, como segunda maior exportadora, 8,1%; seguida por Estados Unidos e
Japão, com parcela, cada um, de 7,5%; e a Rússia com 6,0%. A China em 1995 representava
2,3% das exportações desse setor e era décimo segundo nesse ranking, contudo, em 2000, sua
posição foi de décima maior exportadora, com 2,8%; em 2005 se posicionou como quarta maior
economia exportadora do setor, com participação de 6,8%. A partir de 2010 a Alemanha torna-
se a segunda maior exportadora desse setor enquanto a China torna-se a líder.
A China ampliou sua fatia nessas exportações, de 2,3% em 1995, para 15,4% em 2015.
O Canadá participava com 4,3% em 1995, e em 2015 essa participação foi de 5,1%; a economia
coreana avança de uma participação de 2,2% em 1995 para 5,0% em 2015; e a economia
brasileira de 1,5% para 2,4%, nos respectivos anos (Tabela 32).
Tendo as economias exportadoras desse setor como referência, observa-se que o Canadá
é a economia com maior parcela, na distribuição do VBP setorial, destinada às exportações,
sendo 67,9% em 2005, e de 73,6%, em 2015. A economia chinesa destinava 11,0% do VBP
desse setor para as exportações em 2005, e 6,7%, em 2015 (Tabela 33).
80

Tabela 33 – Distribuição (%) do VBP do setor de metais básicos, das economias


selecionadas: VBP doméstico e VBP com importações, 2005/2015.
VBP doméstico VBP com importações IMP
País País IMP País
DI DFSE EXP DI DFSE EXP IMP na DI
DI DFSE
2005
Austrália 67,4 1,3 31,3 Austrália 76,1 1,5 31,3 -8,7 -0,2 Austrália 11,4
Bélgica 42,6 1,9 55,5 Bélgica 57,6 2,6 55,5 -15,0 -0,7 Bélgica 26,0
Brasil 60,4 1,3 38,3 Brasil 68,0 1,5 38,3 -7,6 -0,2 Brasil 11,2
Canadá 30,9 1,2 67,9 Canadá 59,4 1,8 67,9 -28,5 -0,6 Canadá 47,9
China 88,0 1,0 11,0 China 103,2 1,0 11,0 -15,2 -0,1 China 14,7
Alemanha 53,5 2,1 44,4 Alemanha 86,4 2,7 44,4 -32,9 -0,5 Alemanha 38,1
França 49,3 0,2 50,5 França 97,7 1,4 50,5 -48,4 -1,2 França 49,5
Reino Unido 51,4 6,9 41,7 Reino Unido 86,6 8,6 41,7 -35,2 -1,7 Reino Unido 40,6
Índia 82,3 2,4 15,3 Índia 116,6 2,5 15,3 -34,3 -0,1 Índia 29,4
Itália 69,7 2,2 28,1 Itália 112,8 2,6 28,1 -43,1 -0,5 Itália 38,2
Japão 87,0 1,8 11,1 Japão 93,1 2,0 11,1 -6,1 -0,2 Japão 6,5
Coréia 74,3 1,1 24,6 Coréia 105,1 1,2 24,6 -30,8 -0,1 Coréia 29,3
Rússia 51,1 1,5 47,5 Rússia 58,2 1,6 47,5 -7,1 -0,1 Rússia 12,3
Turquia 75,3 2,0 22,7 Turquia 121,5 2,4 22,7 -46,2 -0,5 Turquia 38,0
Estados Unidos 85,0 0,9 14,0 Estados Unidos 113,4 2,1 14,0 -28,4 -1,1 Estados Unidos 25,0
2015
Austrália 36,2 6,1 57,7 Austrália 54,0 6,8 57,7 -17,8 -0,7 Austrália 33,0
Bélgica 24,0 2,5 73,5 Bélgica 52,9 3,3 73,5 -28,9 -0,8 Bélgica 54,7
Brasil 60,3 3,1 36,6 Brasil 71,8 3,6 36,6 -11,4 -0,5 Brasil 15,9
Canadá 25,1 1,3 73,6 Canadá 61,1 2,3 73,6 -36,1 -1,0 Canadá 59,0
China 92,3 1,0 6,7 China 97,1 1,0 6,7 -4,9 -0,1 China 5,0
Alemanha 52,1 1,9 46,0 Alemanha 87,4 2,6 46,0 -35,3 -0,7 Alemanha 40,4
França 27,2 0,0 72,8 França 82,1 1,8 72,8 -55,0 -1,7 França 66,9
Reino Unido 35,4 5,3 59,2 Reino Unido 79,6 7,8 59,2 -44,2 -2,5 Reino Unido 55,5
Índia 84,2 2,0 13,8 Índia 121,6 2,1 13,8 -37,3 -0,1 Índia 30,7
Itália 59,1 3,9 37,0 Itália 108,2 4,4 37,0 -49,1 -0,5 Itália 45,3
Japão 83,3 2,4 14,3 Japão 89,6 2,9 14,3 -6,3 -0,5 Japão 7,0
Coréia 68,2 1,0 30,8 Coréia 92,6 1,2 30,8 -24,4 -0,2 Coréia 26,4
Rússia 70,6 1,1 28,3 Rússia 77,3 1,2 28,3 -6,7 -0,2 Rússia 8,6
Turquia 65,8 1,5 32,7 Turquia 109,6 2,1 32,7 -43,8 -0,6 Turquia 39,9
Estados Unidos 79,8 0,8 19,4 Estados Unidos 112,5 2,6 19,4 -32,7 -1,8 Estados Unidos 29,0
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

O setor de metais básicos representa a principal parcela da demanda pelas commodities


primárias minerais não-energéticas (Subseção 3.5). Nesse sentido, as economias exportadoras
desse setor dependem de acesso à produção primária, seja internamente, via produção
doméstica, ou externamente, via importações. No caso da economia chinesa, esse país
representou a maior parcela do VA mundial do setor mineral não-energético no período de 2005
a 2015: 11,4% em 2005, 14,2% em 2010, e 18,2% em 2015 (Tabela 28).
Em 1995 o VA do setor de metais básicos da China representou 7,5% da VA mundial
desse setor, enquanto em 2015, esse indicador foi de 41,4% (Tabela 34). A economia japonesa
em 1995 era responsável por 25,7% desse VA, mas, em 2015, essa participação havia reduzido
para 9,8%. O VA da economia brasileira está no grupo dos quinze maiores produtores (em
termos de VA) desse setor, mas com participação relativamente baixa, comparada a economias
como a chinesa, japonesa, americana e russa, pois, em 1995 participava com 1,9% e, em 2015
com 1,5%.
81

Tabela 34 – Valor adicionado mundial de metais básicos: participação (%) dos maiores
produtores, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2011 2015
País Part. País Part. País Part. País Part. País Part. País Part.
Japão 25,7 Japão 23,4 Japão 15,7 China 29,7 China 31,6 China 41,4
Est. Unidos 13,8 Est. Unidos 15,5 China 15,5 Japão 15,7 Japão 12,4 Japão 9,8
China 7,5 China 9,1 Est. Unidos 12,0 Est. Unidos 7,0 Est. Unidos 7,2 Est. Unidos 7,1
Alemanha 6,9 Alemanha 5,5 Rússia 6,3 Rússia 5,3 Rússia 5,5 Rússia 4,2
Coréia 3,9 Coréia 3,9 Alemanha 6,1 Coréia 4,2 Índia 4,6 Coréia 3,6
Itália 3,6 Rússia 3,1 Coréia 4,8 Alemanha 3,8 Coréia 4,1 Alemanha 3,4
França 3,0 Índia 3,1 Itália 2,8 Índia 3,3 Alemanha 4,0 Índia 3,1
Rússia 2,9 México 2,8 Índia 2,6 Brasil 2,4 Brasil 2,4 Argentina 1,5
Índia 2,7 Canadá 2,8 Canadá 2,5 México 1,8 México 1,8 Brasil 1,5
Rei. Unido 2,7 França 2,7 Austrália 2,4 Itália 1,8 Itália 1,7 Turquia 1,5
Espanha 2,2 Itália 2,7 México 2,2 Canadá 1,5 Turquia 1,7 México 1,5
Canadá 2,1 Brasil 2,1 França 2,0 Espanha 1,4 Canadá 1,6 Itália 1,3
Brasil 1,9 Espanha 2,1 Brasil 2,0 Turquia 1,4 França 1,4 Espanha 1,2
Austrália 1,8 Rei. Unido 2,0 Espanha 2,0 França 1,4 Espanha 1,3 Canadá 1,2
México 1,6 Taiwan 1,7 Rei. Unido 1,4 Austrália 1,3 Cazaquistão 1,2 França 1,0
Total 82,2 Total 82,5 Total 80,3 Total 82,0 Total 82,3 Total 83,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Na pauta exportadora, o peso dessas exportações para China era de 4,0% em 1995 e de
5,1% em 2015; no VA, a participação era de 3,3% e 3,2%, respectivamente. Em termos de VA,
na economia brasileira esse setor contribuiu na faixa de 0,9% em 1995, e 0,7% em 2015; na
pauta exportadora, essa estatística foi de 6,9% em 1995 e 7,7% em 2015. Austrália (9,1%),
Turquia (8,9%), Canadá (8,2%), Rússia (8,1%), e Brasil (7,7%), são as economias que
apresentaram maiores participações do setor em suas exportações, em 2015 (Tabela 35).

Tabela 35 – Valor adicionado e exportações de metais básicos: participação (%),


respectivamente, no valor adicionado total e nas exportações totais, das economias
selecionadas, 1995/2015.
Valor adicionado Exportações
1995 2000 2005 2010 2011 2015 1995 2000 2005 2010 2011 2015
Argentina 1,4 1,2 2,2 2,1 2,1 2,1 Argentina 3,3 3,6 5,0 5,7 5,6 5,2
Austrália 1,7 1,2 1,7 0,8 0,6 0,4 Austrália 14,4 10,3 10,3 11,1 10,5 9,1
Bélgica 1,7 1,4 1,4 1,0 1,0 0,9 Bélgica 6,9 5,3 6,3 6,3 7,3 5,8
Brasil 0,9 1,1 1,2 0,8 0,9 0,7 Brasil 6,9 5,3 9,4 6,5 6,9 7,7
Canadá 1,2 1,2 1,1 0,7 0,8 0,6 Canadá 5,5 3,6 7,4 9,3 10,4 8,3
China 3,3 2,2 3,5 3,7 3,7 3,2 China 4,0 2,7 4,8 4,8 5,5 5,1
Alemanha 1,0 0,9 1,1 0,9 1,0 0,9 Alemanha 5,0 4,4 5,2 5,4 5,9 4,0
Espanha 1,3 1,1 0,9 0,8 0,8 0,9 Espanha 3,9 3,2 3,8 4,8 5,0 3,9
França 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4 França 4,0 3,4 3,7 4,4 4,8 3,7
Reino Unido 0,8 0,4 0,3 0,3 0,3 0,3 Reino Unido 3,2 2,0 2,3 2,6 2,9 2,5
Índia 2,5 1,9 1,6 1,5 2,1 1,3 Índia 3,0 3,2 6,2 7,1 5,5 5,1
Itália 1,1 0,8 0,8 0,6 0,7 0,6 Itália 3,3 2,9 4,0 4,7 5,3 4,2
Japão 1,6 1,4 1,6 2,0 1,7 1,8 Japão 4,3 3,9 5,3 7,2 7,8 6,2
Coréia 2,5 2,2 2,7 2,9 3,0 2,2 Coréia 3,7 3,0 6,0 7,0 7,9 5,9
México 1,6 1,3 1,2 1,3 1,4 1,1 México 4,6 1,9 2,5 4,6 5,5 2,9
Rússia 3,3 3,9 4,0 2,5 2,4 2,6 Rússia 15,5 19,3 15,8 11,9 10,3 8,1
Turquia 1,9 1,2 1,2 1,4 1,8 1,5 Turquia 6,2 4,1 7,0 9,4 9,6 8,9
Est. Unidos 0,7 0,5 0,5 0,3 0,4 0,3 Est. Unidos 2,5 1,2 2,4 3,5 4,2 2,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
82

Dentre os maiores exportadores desse setor em 2015: China, Alemanha, Japão, Estados
Unidos, Canadá, que representavam 38,4% das exportações mundiais, e 62,9% do VA mundial
desse setor. Em relação as exportações de metais básicos, o peso desse nas exportações totais
de economias selecionadas variou de uma participação de 2,2% nas exportações dos Estados
Unidos, a uma participação de 8,3% nas exportações do Canadá; e em termos de VA do setor
no VA doméstico total de economias selecionadas, variou de uma participação de 0,3% na
economia americana, até 3,2% na economia chinesa, no ano de 2015.
83

Capítulo 4
A dinâmica do “mundo das commodities”, 1995-2015

4.1 Configuração geral do mercado de commodities

Em 1995 a participação das commodities nas exportações totais mundiais correspondia a


aproximadamente 17,7% e, em 2015, essa parcela ampliou-se para 20,8%, sendo o pico da
participação do agregado das commodities nas exportações mundiais em 2011, com
participação de 27,8%. Dentre os setores de commodities, em 1995, o setor de alimentos
apresentou maior participação nas exportações totais mundiais, 4,7%; seguido pelo setor de
metais básicos, 4,4%; extração de minerais energéticos e não-energéticos, 4,2%; agrícola, 2,6%;
e, coque e produtos do petróleo, 1,8% (Tabela 36).

Tabela 36 – Exportações mundiais de commodities: participação (%) setorial, 1995-2015.


Extração minerais e metais Coque
refinado
Serviços p/ e Metais Demais
Ano Agrícolas Minerais Min. não- Alimentos Total
ext. e Total produtos básicos setores
energéticos energéticos do
mineração
petróleo
1995 2,6 - - - 4,2 4,7 1,8 4,4 17,7 82,3
1996 2,5 - - - 4,9 4,6 2,0 4,2 18,2 81,8
1997 2,3 - - - 5,0 4,4 1,9 4,0 17,7 82,3
1998 2,4 - - - 3,8 4,4 1,6 3,8 15,9 84,1
1999 2,2 - - - 4,7 4,1 1,9 3,4 16,2 83,8
2000 1,9 - - - 6,7 3,6 2,6 3,6 18,3 81,7
2001 2,0 - - - 6,3 3,9 2,5 3,5 18,2 81,8
2002 1,9 - - - 5,9 3,9 2,3 3,6 17,6 82,4
2003 1,9 - - - 6,2 3,9 2,2 3,8 18,1 81,9
2004 1,7 - - - 6,4 3,7 2,8 4,3 18,9 81,1
2005 1,9 8,4 1,1 0,0 9,5 3,7 2,8 4,5 22,4 77,6
2006 1,8 9,2 1,2 0,0 10,4 3,6 2,9 5,1 23,9 76,1
2007 1,9 8,6 1,2 0,0 9,9 3,7 3,0 5,5 24,0 76,1
2008 2,0 10,3 1,3 0,0 11,7 3,8 3,7 5,6 26,7 73,3
2009 2,1 8,5 1,3 0,1 9,9 4,2 3,0 4,3 23,4 76,6
2010 2,1 9,1 1,7 0,0 10,8 3,9 3,5 4,9 25,1 74,9
2011 2,3 10,5 1,8 0,0 12,4 4,0 4,0 5,1 27,8 72,2
2012 2,2 10,8 1,6 0,0 12,5 4,0 4,1 4,7 27,5 72,5
2013 2,2 10,0 1,6 0,0 11,7 4,1 4,1 4,2 26,4 73,7
2014 2,2 8,9 1,4 0,0 10,4 4,2 3,7 4,2 24,6 75,4
2015 2,2 6,3 1,2 0,1 7,6 4,3 2,7 4,0 20,8 79,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
1 Os dados desagregados para o setor de extração, estão disponíveis apenas para o período 2005-2015.

Em 2015 os setores de commodities participaram das exportações totais mundiais na


seguinte ordem: extração de minerais energéticos e não-energéticos, com 7,6%, sendo 6,3% em
exportações dos minerais energéticos; alimentos, 4,3%; metais básicos, 4,0%; setor de coque
refinado e produtos do petróleo, com 2,7%; e, setor agrícola com 2,2%. O setor de extração é o
84

que alcança maior relevância nas exportações totais mundiais durante o período 1995-2015,
com pico de participação nos anos de 2008 e 2013, quando participou com 11,7% em cada um
desses anos. Do setor de extração, os percentuais mais elevados se devem, como pode ser visto
a partir de 2005, ao setor de minerais energéticos. O segundo setor, com pico de participação
nas exportações totais mundiais foi o de metais básicos, que em 2005 a em 2008 alcança uma
parcela de 5,6%.
As commodities primárias (agrícolas e extração de minerais) representavam 6,8% das
exportações mundiais, e as commodities processadas, 10,9%, em 1995; no ano da série, em que
apresenta pico de participação das commodities nas exportações mundiais (em 2011, de 27,8%),
as commodities primárias foram responsáveis por 14,7% da participação.
Radetzki (2008, p. 27) argumenta sobre a perda de importância das commodities no
comércio global, ao afirmar que “I established a very clear trend of declining commodity
importance in the macroeconomy, as nations develop [and] confirms this tendency looking at
global trade patterns over an extended period during which the global economy experienced
considerable expansion”. De acordo com esse autor, em 1965, as commodities representavam
quase 50% do comércio global de bens, mas em 2005 indicador se reduziu para menos de 30%,
mesmo em face do boom dos preços das commodities, que iniciara em 2002, com uma expansão
desses preços superior ao registrado no pós II Guerra Mundial.
Em 1995, a participação total do valor adicionado das commodities no valor adicionado
total mundial foi de 10,6% e, em 2015, de 13,1%, sendo que nesse período, 2012, foi o ano com
maior indicador, 14,3% (Tabela 37). Em 1995, o setor com maior destaque no VA mundial,
dentre os setores de commodities foi o agrícola, com 4,2%. Em 2005, o setor de extração
mineral-metais tem maior importância enquanto agregado: 3,6%, sendo o ano de 2012 com
maior relevância desse setor, 5,2%. Os dados desagregados desse setor indicam que essa
participação é resultante do desempenho do setor de extração e mineração de produtos
energéticos, onde encontra-se a extração do petróleo em bruto, sendo os anos entre 2011 e 2013
(considerando 2005-2015), o período com maiores participações desse setor no VA mundial,
3,8%.
85

Tabela 37 – Valor adicionado mundial dos setores de commodities: participação (%)


setorial na VA mundial, 1995-2015.
Extração minerais e metais Coque
refinado
Minerais Serviços e Metais Demais
Ano Agrícolas Minerais Alimentos Total
não- p/ ext. e Total produtos básicos setores
energéticos do
energéticos mineração
petróleo
1995 4,2 - - - 1,9 2,6 0,8 1,2 10,6 89,4
1996 4,4 - - - 2,1 2,6 0,8 1,0 10,9 89,1
1997 4,2 - - - 2,1 2,5 0,8 1,0 10,7 89,3
1998 4,1 - - - 1,8 2,5 0,8 0,9 10,0 90,0
1999 3,8 - - - 1,9 2,5 0,7 0,9 9,9 90,2
2000 3,6 - - - 2,6 2,4 0,8 0,9 10,4 89,7
2001 3,6 - - - 2,5 2,4 0,8 0,9 10,2 89,8
2002 3,6 - - - 2,5 2,4 0,7 0,9 10,0 90,0
2003 3,6 - - - 2,6 2,3 0,8 0,9 10,2 89,8
2004 3,7 - - - 3,0 2,3 0,9 1,0 10,8 89,2
2005 3,4 2,8 0,6 0,2 3,6 2,3 1,1 1,1 11,4 88,6
2006 3,4 3,1 0,7 0,3 4,1 2,3 1,1 1,1 11,9 88,1
2007 3,6 3,1 0,7 0,3 4,2 2,2 1,1 1,2 12,3 87,7
2008 3,8 3,8 0,8 0,3 4,9 2,3 1,1 1,2 13,3 86,7
2009 3,9 2,9 0,7 0,3 3,9 2,5 1,0 1,0 12,2 87,8
2010 4,1 3,3 0,9 0,3 4,6 2,4 1,0 1,1 13,3 86,8
2011 4,3 3,8 1,0 0,4 5,1 2,4 1,1 1,2 14,1 85,9
2012 4,3 3,8 0,9 0,4 5,2 2,4 1,2 1,2 14,3 85,7
2013 4,5 3,8 0,9 0,4 5,0 2,5 1,1 1,1 14,2 85,8
2014 4,5 3,5 0,8 0,4 4,7 2,5 1,1 1,1 13,9 86,1
2015 4,5 2,8 0,8 0,3 3,8 2,5 1,0 1,1 13,1 86,9
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Do total de VBP dos setores de commodities, em 1995, 60,8% foi destinado para a
demanda intermediária; 14,6%, para as exportações; e, DFSE, 39,5% (Tabela 38). O perfil dos
bens denominados como commodities, em geral é o uso enquanto insumo de outros setores
econômicos, com exceção do setor de alimentos e de produtos de petróleo, os quais produzem
em grande medida para consumo final.
Fally e Sayre (2018a) apontam24 que a principal indústria compradora do setor de
commodities respondia por 35% da demanda por uma commodity primária, em média; três
setores de compras equivaliam a 60% do total de compras por commodity (em média entre
commodities). Quando esses autores analisam os dados do Global Trade Analysis Project25
(GTAP), identificaram que uma média de 50% de cada produção de commodities é usada por
um único setor a jusante.

24
A partir das tabelas de insumo-produto dos EUA de 2007, definidas em categorias de commodities e indústria,
NAICS (North American Industry Classification System) de seis dígitos, que corresponde à aproximadamente
quatrocentos e trinta setores.
25
O GTAP é uma rede global de pesquisadores que conduzem análises quantitativas de questões de política
internacional.
86

Tabela 38 – Distribuição (%) do VBP mundial, por setores agregados, 1995/2011.


Setor/distribuição 1995 2000 2005 2010 2011
Commodities 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
DI 60,8 63,1 66,5 68,2 69,3
DFSE 39,5 37,2 33,8 32,0 30,9
EXP 14,6 18,1 20,6 19,8 21,6
IMP -15,0 -18,4 -21,0 -20,1 -21,9
Manufaturas, exceto setores de commodities processadas 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
DI 62,0 62,4 63,8 66,3 66,4
DFSE 38,4 38,1 36,8 34,4 34,3
EXP 26,0 31,5 35,2 33,5 33,5
IMP -26,5 -32,0 -35,9 -34,1 -34,2
Eletricidade e Constr. 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
DI 29,6 31,4 34,0 34,9 34,3
DFSE 70,5 68,6 66,0 65,1 65,7
EXP 0,9 1,0 1,3 2,0 1,9
IMP -1,0 -1,0 -1,3 -2,0 -1,9
Serviços 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
DI 41,4 42,8 43,2 43,5 43,8
DFSE 59,8 58,4 57,9 57,6 57,3
EXP 5,2 5,6 6,4 6,9 7,1
IMP -6,4 -6,8 -7,6 -8,0 -8,3
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Os quinze maiores exportadores de commodities primárias em 1995 eram responsáveis


por aproximadamente 57,5% das exportações do setor e, em 2015, essa participação era de
51,4%. Comparando o grupo de países de 1995 com os do ano de 2015, são comuns, nesses
dois recortes temporais os seguintes países: Estados Unidos, Alemanha, Holanda, França,
Arábia Saudita, Rússia, Austrália, Reino Unido, Noruega, Canadá, e China. No grupo dos
maiores exportadores de commodities no ano de 2015 estão também: Brasil, Indonésia, Índia e
Coréia. Em 1995 a economia brasileira apresentava uma participação de 1,8% nessas
exportações, enquanto décimo sétimo maior exportador de commodities no ranking mundial, e
em 2015 essa participação foi de 3,1% (Tabela 39).
Da participação da economia americana, nas exportações mundiais de commodities em
1995, 62,2% eram de commodities processadas, mas, essa economia era a segunda maior
exportadora de commodities primárias nesse ano, com participação de 8,6% nesse mercado
(Tabela 39). Os cinco maiores exportadores de commodities, em 1995 (representavam 28,6%
das exportações), apresentavam maior participação das commodities processadas em
detrimento das commodities primárias na composição da participação nas exportações mundiais
de commodities.
O contexto que observa-se no período de análise, após 1995, ainda é de um cenário com
importância significativa de economias desenvolvidas na liderança do mercado das
commodities, mas, com uma característica de redução da participação dessas economias e
expansão da participação das economias em desenvolvimento.
87

Tabela 39 – Exportadores mundiais de commodities: participação (%) dos maiores


exportadores, com as participações (%) dos grupos das commodities primárias e
processada, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2015
País Part. PRI1 PRO2 País Part. País Part. País Part. País Part. PRI PRO
E. Unidos 8,7 37,8 62,2 E. Unidos 6,2 A. Saudita 6,5 E. Unidos 6,4 E. Unidos 7,4 28,8 71,2
Alemanha 5,4 10,3 89,7 A. Saudita 5,3 Rússia 6,0 Rússia 5,7 Rússia 5,8 57,1 42,9
Holanda 5,1 30,0 70,0 Canadá 4,7 Canadá 6,0 A. Saudita 5,3 China 5,2 11,6 88,4
França 5,0 22,2 77,8 Rússia 4,7 E. Unidos 5,2 Canadá 4,4 Canadá 5,0 62,9 37,1
R. Unido 4,4 37,7 62,3 Alemanha 4,0 Alemanha 3,6 Austrália 3,8 A. Saudita 4,2 88,4 11,6
A. Saudita 4,2 86,8 13,2 R. Unido 3,6 Noruega 3,1 China 3,3 Austrália 3,5 69,8 30,2
Canadá 4,0 51,3 48,7 França 3,5 China 2,9 Alemanha 3,2 Alemanha 3,3 8,1 91,9
Rússia 3,8 47,0 53,0 Holanda 3,4 França 2,7 Brasil 2,9 Brasil 3,1 53,8 46,2
Austrália 3,2 44,4 55,6 Noruega 3,1 Austrália 2,6 Noruega 2,4 França 2,2 21,7 78,3
Itália 2,5 14,0 86,0 Austrália 3,0 R. Unido 2,5 Indonésia 2,3 Indonésia 2,1 53,9 46,1
Japão 2,4 1,8 98,2 China 2,1 Holanda 2,4 Índia 2,2 Holanda 2,0 34,1 65,9
Bélgica 2,4 9,2 90,8 Itália 1,9 Brasil 2,3 França 2,1 Noruega 1,9 84,1 15,9
Noruega 2,4 68,6 31,4 México 1,9 Itália 1,8 R. Unido 2,1 Coréia 1,9 1,8 98,2
Espanha 2,0 28,4 71,6 Espanha 1,9 México 1,8 Holanda 1,9 R. Unido 1,9 39,4 60,6
China 2,0 31,3 68,7 Japão 1,8 Japão 1,8 Japão 1,9 Índia 1,9 10,4 89,6
Total 57,5 - - Total 51,1 Total 51,1 Total 49,8 Total 51,4
Brasil3 1,8 30,6 69,4 Brasil4 1,5
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
1 Commodities primárias (agrícolas; extração e mineração). 2 Commodities processadas (alimentos; coque refinado e produtos

do petróleo; metais básicos). 3 Brasil, posição 17º. 4 Brasil, posição 18º.

Outrossim, muitos dos maiores exportadores de commodities (referência, ano de 2015),


se constituíam também, como grandes produtores mundiais de commodities em 2015, quais
sejam: o total de VA dos setores das commodities da China apresentaram participação de 22,6%
no VA mundial do agrupamento das commodities; Estados Unidos, 10,7%; Índia, 5,2%; Rússia,
3,0%; Japão, 2,9%; Indonésia, 2,9%; Arábia Saudita, 2,3%; Canadá, 2,1%; Brasil, 2,1%;
Austrália, 1,5%; Alemanha, 1,4%; e, França, 1,2% (Tabela 40).

Tabela 40 – Valor adicionado mundial de commodities: participação (%) dos maiores


produtores mundiais de commodities, 1995/2015.
1995 2000 2005 2010 2015
Part. Total Part. setor Part. Total Part. Total Part. Total Part. Total Part. setor
País Part. Prim. Proc. País Part. País Part. País Part. País Part. Prim. Proc.
Japão 12,6 26,7 73,3 E. Unidos 13,7 Est. Unidos 14,3 China 16,0 China 22,6 58,8 41,2
E. Unidos 11,9 43,6 56,4 Japão 10,5 China 10,4 Est. Unidos 10,6 Est. Unidos 10,7 51,6 48,4
China 8,3 70,5 29,5 China 10,3 Japão 5,7 Índia 5,1 Índia 5,2 79,5 20,5
Alemanha 3,9 37,8 62,2 Índia 4,2 Índia 4,3 Japão 4,5 Rússia 3,0 63,5 36,5
Índia 3,8 82,9 17,1 México 3,4 Rússia 3,6 Rússia 3,5 Japão 2,9 18,9 81,1
França 3,3 50,9 49,1 R. Unido 2,9 A. Saudita 3,5 Indonésia 3,1 Indonésia 2,9 67,4 32,6
Rei. Unido 2,9 52,4 47,6 A. Saudita 2,8 Canadá 2,9 A. Saudita 3,1 A. Saudita 2,3 86,2 13,8
Indonésia 2,8 61,4 38,6 Canadá 2,6 México 2,8 Brasil 3,0 Canadá 2,1 72,6 27,4
Itália 2,7 49,4 50,6 Alemanha 2,6 Alemanha 2,5 Austrália 2,2 Brasil 2,1 62,7 37,3
Brasil 2,4 58,9 41,1 França 2,4 Rei. Unido 2,5 Canadá 2,2 México 1,7 53,3 46,7
Rússia 2,1 60,6 39,4 Itália 2,1 Brasil 2,2 México 2,1 Argentina 1,5 60,5 39,5
México 2,0 61,7 38,3 Indonésia 2,1 França 2,1 Alemanha 1,6 Austrália 1,5 77,5 22,5
A. Saudita 2,0 88,9 11,1 Brasil 2,0 Indonésia 2,0 Rei. Unido 1,4 Alemanha 1,4 21,5 78,5
Canadá 2,0 64,4 35,6 Rússia 1,7 Austrália 2,0 Turquia 1,4 R. Unido 1,2 46,7 53,3
Coréia 1,9 56,7 43,3 Turquia 1,6 Itália 1,9 França 1,3 França 1,2 39,7 60,3
Total 64,7 - - Total 64,7 Total 62,5 Total 61,2 Total 62,2 - -
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
88

Entretanto, entre os maiores produtores, em 2015, não aparecem como maiores


exportadores: a economia mexicana, economia argentina e a economia inglesa. A participação
da produção (em termos de VA) dos setores de commodities do México e da Argentina são
superiores à participação da Austrália, Alemanha e França no VA mundial dos setores de
commodities, mas, no entanto, a participação da Austrália nas exportações mundiais de
commodities, era de 3,5%, em 2015, e essa economia era a sexta maior exportadora mundial de
commodities; enquanto a Alemanha, participava das exportações do setor com parcela de 3,3%.

4.2 Perfil básico das economias no mercado das commodities

No estágio de desenvolvimento das economias neste século XXI, a industrialização das


suas estruturas produtivas é fenômeno em grande medida consolidado. No entanto, o processo
de formação dessas estruturas industriais não foi concomitante, tão pouco homogêneo em grau
de desenvolvimento tecnológico, e as disparidades resultaram em uma estrutura industrial
mundial heterogênea. Uma das principais formas para compreensão dessa heterogeneidade está
posta na teoria cepalina, na discussão para compreensão das relações entre desigualdades na
formação das estruturas produtivas e a divisão internacional do trabalho. A heterogeneidade da
indústria mundial reflete em grande medida a forma de inserção das economias no comércio
mundial.
Mesmo que algumas economias, como as da América Latina, tenham passado por um
processos de industrialização (em especial no período 1930-80), isso não foi capaz de igualar
as estruturas industriais. Tão pouco isso ocorre a partir do movimento de indução da
liberalização e desregulamentação dos mercados paralelo a redução da participação dos Estados
Nacionais em projetos de desenvolvimento, após os anos 1990, fundamentado nas medidas
propostas pelo Consenso Washington26.
O padrão de inserção de uma economia pelo lado das exportações e/ou das importações,
pode resultar em uma série de distorções internas e portanto, os efeitos da inserção não podem
ser reduzidos à captação de rendas externas – exportações – ou composição de mercado
consumidor – importações.

26
Foi formulado em 1989 como um documento consensual de economistas de instituições como o FMI (Fundo
Monetário Internacional), o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, com o objetivo de
indicar medidas de ajustamento macroeconômico a serem adotadas, em especial, pelos países periféricos que
passavam por crises econômicas naquele momento. Ao passo que essas economias precisaram recorrer a
empréstimos do FMI no contexto da crise da dívida externa, esse receituário tornou-se um movimento concreto
de imposição dessa instituição das medidas entendidas como necessárias à esse ajustamento.
89

A escola cepalina ao se ocupar da interpretação da problemática do subdesenvolvimento,


encontrou para o período em estudo uma relação da constituição da região central e da região
periférica mundial a partir da forma de inserção dessas regiões na divisão internacional do
trabalho, que refletia as suas estruturas internas de determinação do crescimento econômico.
De acordo com a interpretação Centro-Periferia, os países periféricos eram dependentes
do crescimento econômico externo, devido à dependência que a renda nacional apresentava em
relação as exportações de commodities primárias, e os países centrais eram especializados na
produção e exportação de bens industrializados. Os resultados da análise indicaram que essas
relações tornavam-se um agravante para a condição de periferia e “alimentava” o crescimento
industrial no Centro. Um dos principais argumentos que dão base para construção da
problemática entre desenvolvimento e inserção externa baseada em uma especialização na
produção primária, na interpretação cepalina, está ancorado na hipótese Prebisch-Singer.
Singer e Prebisch, nos anos 1950, elaboram, em separado, uma análise, que ficou
conhecida na literatura como a hipótese de Prebisch-Singer. A análise de Prebisch que centrou-
se na relação entre os termos de troca da economia inglesa com o mundo, nos anos 1876 e 1947,
considerando os bens primários e bens manufaturados, identifica que havia uma tendência de
deterioração nos preços das importações em relação aos preços das exportações, sendo que,
essas importações eram representadas pelos bens primários e, as exportações, pelos bens
industrializados.
Na interpretação de Singer, em 1950, a deterioração dos termos de troca tem uma relação
com a demanda inelástica por bens primários. Em face de um contexto de avanço da
incorporação de progresso técnico na indústria, superior à incorporação na produção de bens
primários, os preços dos bens industrializados aumentariam relativamente aos preços dos bens
primários. Isso ocorreria porque a demanda por bens industrializados aumenta conforme ocorre
a expansão da renda, mas, a de bens primários não, conforme a Lei de Engel27. “As relações de
preços deslocam-se em favor dos produtos primários, nas fases crescentes; mas, em geral, nas
fases decrescentes, perdem mais do que tinham ganhado durante o curso das primeiras”
(CEPAL, 1949, p. 157).
Singer (1999) aponta que vários são os estudos que procuram, e procuraram, testar a
hipótese da deterioração dos termos de trocas e, a maioria deles, tem identificado essa
deterioração, ou pelo menos não a tem refutado. Nesse trabalho Singer realiza uma extensão da

27
Interpretação formulada pelo estatístico alemão Ernst Engel (1821-1896). Esse autor indica que quanto menor o
rendimento de uma família, maior será a proporção da renda empregada no consumo com alimentação, mas, ao
passo que a renda aumenta, o gasto proporcional com alimentos diminui.
90

hipótese Prebisch-Singer, partindo da compreensão da evolução que as economias


subdesenvolvidas passaram em suas estruturas industriais. Esse autor faz isso no sentido de
testar a referida Hipótese, mas, ressalta que a análise deva ser ampliada para uma relação entre
produtos de alta e de baixa tecnologia, ou produtos padronizados e produtos inovadores, dado
a transformação das estruturas produtivas.
As estruturas produtivas são hoje muito distintas, como apontou Singer (1999), do que
seria a “periferia clássica”. No entanto, considerando o aspecto do padrão de participação das
economias no mercado mundial de commodities, as economias em desenvolvimento ainda
apresentam uma grande dependência de suas receitas de exportação a partir das exportações de
commodities e, em alguns casos, a renda interna (valor adicionado) também é dependente desse
setor. Assim, mesmo em face de um processo de industrialização, o qual possibilitaria a
participação dessas economias com bens manufaturados no mercado internacional, as
commodities ainda representam suas principais mercadorias para concorrência no mercado
internacional de modo geral.
Identificamos dozes perfis (Quadro 4), que agrupam grupos de economias considerando
duas variáveis principais: valor adicionado e exportações. Para identificação desses perfis,
considerou-se a participação dessas duas variáveis, nas exportações e no valor adicionado
mundial do setor total das commodities, além da importância dessas duas variáveis na pauta
exportadora e no valor adicionado total doméstico. Os principais perfis, ou seja, que agrupam
maior número de economias, com características semelhantes (de acordo com as referidas
variáveis), são os perfis 1, 2, 3 e 4 (Quadro 5). Essa construção de perfis é extremamente básica,
mas, nos auxilia a visualizar o agrupamento das economias, de acordo com o papel das
commodities, dessas, e nessas economias, em relação ao peso em suas estruturas produtivas e
no mercado internacional.
Desses perfis vale destacar os perfis 1 e 3. O Perfil 1 (alta, alta, baixa, baixa) agrupa as
economias que apresentam, na participação mundial do setor (agregado dos setores das
commodities) de commodities, uma participação acima da média mundial, tanto nas
exportações, quanto na produção (VA), entretanto, a parcela desse setor na pauta exportadora e
valor adicionado doméstico, se posicionam abaixo da média mundial. O Perfil 3 (alta, alta, alta)
agrupa as economia em que o peso do setor das commodities está acima da média mundial, no
que diz respeito à participação nas exportações e VA mundial das commodities, e também no
âmbito doméstico.
91

Quadro 4 – Classificação dos principais perfis de participação das economias na estrutura


da produção e das exportações mundiais das commodities (agrupamento dos setores das
commodities) no período 1995-2015.
Alta, participação (%) média do país é maior e/ou igual à participação (%) média mundial. Baixa, participação
(%) média do país é menor e/ou igual à participação (%) média mundial.
Âmbito mundial Âmbito doméstico
Part. das exportações de Part. do VA dos setores
Part. das exportações de Part. do VA das
Perfis commodities do país, nas de commodities do país,
commodities do país, no commodities do país, em
exportações mundiais de no VA mundial dos
total das suas exportações seu VA total doméstico
commodities setores de commodities
Perfil 1 Alta Alta Baixa Baixa
Perfil 2 Baixa Baixa Alta Alta
Perfil 3 Alta Alta Alta Alta
Perfil 4 Alta Alta Alta Baixa
Perfil 5 Baixa Baixa Baixa Baixa
Perfil 6 Alta Baixa Baixa Baixa
Perfil 7 Baixa Alta Baixa Baixa
Perfil 8 Alta Alta Baixa Alta
Perfil 9 Baixa Alta Alta Baixa
Perfil 10 Baixa Baixa Baixa Alta
Perfil 11 Alta Baixa Alta Alta
Perfil 12 Baixa Alta Baixa Alta
Fonte: Elaboração própria da Autora.

Os maiores exportadores mundiais de commodities (ano de 2015) estão distribuídos entre


o Perfil 1: Estados Unidos, Alemanha, França, Espanha, Coréia e Japão; o Perfil 3: Austrália,
Brasil, Canadá, Arábia Saudita, Rússia, Indonésia e Índia; Perfil 5: Holanda; e, Perfil 8: China.
Destaca-se, portanto, que nos Perfis 1 e 3, encontra-se o agrupamento das maiores economias
exportadoras de commodities, tanto no agregado das commodities, quanto em relação aos
mercados individuais e, isso se deve em grande medida ao caráter desses dois perfis, que é o
agrupamento das economias que apresentam participação médias nas exportações e na produção
mundial das commodities, acima da média mundial. A principal diferença entre esses dois
perfis, é o peso das commodities, em suas estruturas produtivas.
No Perfil 1, o peso das commodities nas exportações das economias que aparecem entre
as quinze maiores exportadoras mundiais (Estados Unidos, Alemanha, França, Espanha, Coréia
e Japão), é inferior à 17,9%. No perfil 3, considerando economias que estão no grupo dos quinze
maiores exportadores, o peso das commodities na pauta exportadora interna é maior que 17,9%,
sendo, de forma mais clara, de 20,2% nas exportações da Índia; 37,4%, no Canadá; na
Indonésia, 38,6%; Brasil, 43,8%; Austrália, 48,7%; Rússia, 58,5%; e, Arábia Saudita, 83,4%.
Em relação ao peso no valor adicionado interno, no Perfil 1, esse peso é inferior a 11,5% e, no
perfil 3, estão entre, por exemplo, 12,0% no Canadá e 47,3% na Arábia Saudita.
Coincidentemente a participação dessas economias é predominância – não exclusividade
- do peso das suas commodities enquanto commodities primárias no mercado mundial. Por
92

exemplo, a economia australiana ampliou sua participação nas exportações mundiais de 11,5%,
em 2005, para 19,9% em 2015, no setor das commodities minerais não-energéticas (Tabela 26).
No âmbito das suas receitas de exportação, o setor ampliou participação no período, 2005-2015,
de 9,9% para 18,5% (Tabela 29). No caso da Noruega, no setor de minerais energéticos, mesmo
em face de uma redução de 6,8% para 4,5% na participação nas exportações mundiais desse
setor (Tabela 15), e redução do setor nas receitas de exportação, que reduziram de 51,4% para
40,8%, (Tabela 18) o peso do setor ainda é significativo na pauta exportadora dessa economia.

Quadro 5 – Classificação das economias por perfil, a partir da participação na estrutura


da produção (valor adicionado) e das exportações mundiais das commodities
(agrupamento dos setores das commodities) no período 1995-2015.
Alta, participação (%) média do país é maior e/ou igual à participação (%) média mundial; Baixa, participação
(%) média do país é menor e/ou igual à participação (%) média mundial.
continua
Part. média das
Part. média do VA de Part. média das
exportações de Part. média do VA das
commodities do país, no exportações de
País commodities do país, nas commodities do país, em seu
VA mundial das commodities do país, no
exportações mundiais de VA total doméstico
commodities total das suas exportações
commodities
Méd. Mundial 0,7 0,4 17,9 11,5
Perfil 1 Alta Alta Baixa Baixa
Alemanha 3,9 2,5 10,1 4,5
Espanha 1,7 1,5 15,7 7,3
França 2,7 2,1 13,5 5,2
Reino Unido 2,5 2,4 12,5 5,4
Itália 1,9 1,9 10,3 5,7
Japão 1,7 5,7 6,7 6,7
Coréia 1,6 1,3 11,7 8,4
Suécia 0,7 0,4 10,9 5,2
Taiwan 0,7 0,5 8,3 6,7
Estados Unidos 6,4 12,7 11,5 5,6
Perfil 2 Baixa Baixa Alta Alta
Bulgária 0,2 0,1 31,3 16,9
Brunei 0,2 0,1 87,0 62,8
Costa Rica 0,1 0,1 30,1 15,9
Islândia 0,1 0,03 48,3 16,3
Camboja 0,04 0,05 30,9 37,3
Marrocos 0,2 0,3 23,4 25,5
Nova Zelândia 0,5 0,3 39,7 14,8
Peru 0,6 0,4 65,4 24,8
Romênia 0,2 0,4 17,9 20,3
Tunísia 0,1 0,1 21,7 19,1
Vietnã 0,6 0,4 35,8 31,2
Perfil 3 Alta Alta Alta Alta
Argentina 1,0 1,1 50,2 24,8
Austrália 3,3 1,7 48,7 13,3
Brasil 2,3 2,5 43,8 12,6
Canadá 4,5 2,2 37,4 12,0
Chile 1,1 0,5 60,3 20,9
Colômbia 0,7 0,6 57,0 21,0
Indonésia 1,9 2,4 38,6 35,6
Índia 1,3 4,5 20,2 27,5
México 1,7 2,7 18,5 17,8
Malásia 1,3 0,8 21,5 29,7
Noruega 2,7 1,3 53,8 25,8
93

Quadro 5 – Classificação das economias por perfil, a partir da participação na estrutura


da produção (valor adicionado) e das exportações mundiais das commodities
(agrupamento dos setores das commodities) no período 1995-2015.
Continuação
Part. média das
Part. média do VA de Part. média das
exportações de Part. média do VA das
commodities do país, no exportações de
País commodities do país, nas commodities do país, em seu
VA mundial das commodities do país, no
exportações mundiais de VA total doméstico
commodities total das suas exportações
commodities
Méd. Mundial 0,7 0,4 17,9 11,5
Perfil 3 Alta Alta Alta Alta
Rússia 5,7 3 58,5 21,8
Arábia Saudita 5,3 2,8 83,4 47,3
Tailândia 1,0 0,9 18,4 21,8
Turquia 0,7 1,3 17,9 16,6
África do Sul 1,2 0,7 44,7 17,4
Resto do Mundo 23,3 17,9 59,4 37,1
Perfil 4 Baixa Baixa Baixa Baixa
Áustria 0,6 0,3 12,3 5,9
República Checa 0,3 0,2 10,8 8,6
Finlândia 0,4 0,2 12,9 6,7
Hong Kong 0,1 0,1 2,6 3,7
Hungria 0,3 0,2 11,3 10,0
Irlanda 0,6 0,2 9,7 7,1
Israel 0,2 0,2 7,5 6,4
Portugal 0,3 0,2 10,8 6,3
República Eslovaca 0,2 0,1 17,3 10,8
Eslovênia 0,1 0,04 8,5 6,3
Perfil 5 Alta Alta Alta Baixa
Bélgica 1,5 0,4 18,9 5,5
Dinamarca 0,8 0,4 18,7 7,4
Holanda 2,4 1,0 25,2 8,5
Perfil 6 Alta Baixa Baixa Baixa
Cingapura 0,7 0,1 10,3 2,2
Perfil 7 Baixa Alta Baixa Baixa
Polônia 0,6 0,6 14,6 11,1
Perfil 8 Alta Alta Baixa Alta
China 2,9 11,7 9,4 25,4
Perfil 9 Baixa Alta Alta Baixa
Grécia 0,4 0,4 19,7 9,5
Perfil 10 Baixa Baixa Baixa Alta
Croácia 0,1 0,1 13,4 12,6
Perfil 11 Alta Baixa Alta Alta
Cazaquistão 0,9 0,3 74,4 30,4
Perfil 12 Baixa Alta Baixa Alta
Filipinas 0,2 0,6 9,5 27,9
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Esses dados auxiliam na compreensão de que a participação significativa na produção e


nas exportações de commodities não é algo restrito às economias em desenvolvimento, mas,
são as economias em desenvolvimento que em geral apresentam maior dependência das receitas
das exportações e do VA interno, em relação às commodities. No entanto, há algumas exceções,
dentre as economias desenvolvidas, que apresentam dependência das exportações e/ou do VA
do setor de commodities, quais sejam: Islândia, Nova Zelândia, Austrália, Noruega e o Canadá.
No âmbito doméstico, o peso das commodities, em geral, é mais significativo nas
exportações, e menor em termos de produção, dado que na média mundial da participação das
94

commodities nas exportações totais do país é de 17,9% e, em relação ao VA doméstico, 11,5%.


Dentre essas economias, a Noruega apresentou uma parcela média de 25,8% das commodities
no VA doméstico, enquanto as economias em desenvolvimento apresentaram parcela média
entre 10% e 20%.
Na Argentina, a média de participação do agregado das commodities nas exportações
totais do país foi de 50,2%, e no valor adicionado doméstico foi de aproximadamente 24,8%;
no Chile, essas médias foram de 60,3% e 20,9%; na Colômbia, 57,0% e 21,0%; no Peru, 65,4%
e 24,8%, respectivamente; sendo que a economia peruana, dentre as últimas citadas, dentre as
citadas, é a que apresenta uma participação nas exportações mundiais e na produção mundial
de commodities abaixo da média mundial (Perfil 2). O Brasil apresentou uma média de 43,8%
em commodities nas suas exportações e 12,6% na composição do valor adicionado interno.
De acordo com Sally e Fayre (2018) o fenômeno da concentração (acima de 40% da pauta
exportadora) das exportações em commodities, mesmo que intuitivamente pareça um fenômeno
particular de países menores, também ocorre em grandes países, especialmente grandes países
de baixa renda. Os autores apresentam o caso da Venezuela, em que as exportações de uma
única commodity representa mais de 50% da pauta exportadora; a economia de Angola, com
concentração em três commodities; o caso das exportações de castanha-de-caju para a Guiné-
Bissau; e, o urânio para a Eritréia.
No entanto, mesmo em face de uma participação expressiva de algumas economias
desenvolvidas no mercado mundial das commodities isso não resulta em uma dependência das
receitas das exportações e/ou do VA doméstico, não indica especialização da economia nesse
setor, ao contrário do que continua sendo um processo presente na maior parte das economias
em desenvolvimento que são importantes nesse comércio. Por oportuno, Oyejide (1989), ao
analisar o comércio internacional de commodities até fins dos anos 1980, apontava que esse
comércio era liderado por economias desenvolvidas, mas, eram as economias em
desenvolvimento as mais dependentes delas para renda nacional, receita de exportações e
emprego.

4.3 Reflexões acerca da concorrência no mercado mundial das commodities

Como a produção primária das commodities tem uma forte relação com as condições de
disponibilidade de recursos naturais, isso limita parcialmente o acesso de algumas economias
enquanto exportadoras nesse mercado, mas, não necessariamente ao âmbito do mercado das
95

commodities processadas. Isso porque, economias importadoras de commodities primárias,


podem a partir dessas importações, participar da produção mundial de commodities
processadas, e assim, também das exportações mundiais dessas commodities. Nesse sentido
que essa pesquisa apresenta a inter-relação entre os mercados das commodities primárias e das
processadas, no âmbito internacional, através do comportamento das economias produtoras-
naturais e das economias produtoras-importadoras.
Nossa análise foi realizada para o agregado de commodities que engloba tanto a parte
primária quanto as processadas, e ao realizar essa desagregação foi possível destacar o peso das
economias que mesmo não dispondo de relevância no cenário da produção primária, destacam-
se na produção e exportações das commodities processadas. Isso indica que uma das formas de
concorrência seria o uso das importações de commodities primárias.
Em um primeiro momento pode causar estranheza o destaque de economias
desenvolvidas na concorrência no mercado mundial das commodities. Para exemplificar esse
cenário, somente das economias desenvolvidas (Estados Unidos, Alemanha, Holanda, França,
Reino Unido, Canadá, Austrália, Itália, Japão, Bélgica, Noruega e Espanha) que compunham o
grupo dos quinze maiores exportadores de commodities em 1995, já é possível identificar uma
participação de 47,5% das exportações mundiais das commodities originárias de economias
desenvolvidas. Em 2015, os países desenvolvidos que fazem parte desse grupo são os Estados
Unidos, Canadá, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Noruega, Reino Unido, os quais
representavam 27,2%, das exportações mundiais de commodities (Tabela 39). Importante
destacar que os referidos países apresentavam maior proporção dessas exportações em
commodities processadas em detrimento das commodities primárias, com exceção do Canadá
e da Noruega em 1995, e da Austrália, Canadá e Noruega em 2015 (Tabela 39). Essas exceções
se explicam dado que a participação dos países desenvolvidos não limita-se ao âmbito das
commodities processadas, pois, podemos citar, como exemplos, economias como os Estados
Unidos, Noruega, Austrália e Canadá que são notórias no âmbito da produção primária dada a
disponibilidade de recursos naturais em seus territórios.
Destacam-se entre os maiores exportadores de commodities primárias em 1995: Arábia
Saudita (9,5%), Estados Unidos (8,6%), Canadá (5,4%), Rússia (4,6%), Reino Unido (4,4%),
Noruega (4,3%), e Holanda (4,0%); e, como maiores exportadores das commodities
processadas: Estados Unidos (8,8%), Alemanha (7,8%), França (6,3%), Holanda (5,8%), e,
Reino Unido (4,5%). Em 2015 destacam-se como maiores exportadores de commodities
primárias: Arábia Saudita (8,0%), Rússia (7,1%), Canadá (6,7%), Austrália (5,2%), Estados
Unidos (4,5%), Brasil (3,5%). Os países: Índia, França, Malásia, Espanha já não aparecem no
96

grupo dos quinze maiores em 2015 e suas participações nessas exportações são inferiores a
1,2% (Tabela 41). Em 2015, algumas economias que não estavam dentre os quinze maiores
exportadores de commodities primárias em 1995 e que apresentavam participação inferior a
1,5% nessas exportações, despontam no agrupamento dos quinze maiores exportadores de
commodities primárias em 2015, sendo elas: Brasil (participação de 3,7%), Indonésia
(participação de 2,4%), Chile (2,0%). Dos países citados do grupo dos quinze maiores em 1995,
apresentaram expansão na participação das exportações mundiais das commodities primárias:
Canadá, de 5,4% em 1995 para 6,7%, em 2015; Austrália, de 3,8% para 5,2%; Rússia, de 4,6%
para 7,1%. Os quinze maiores exportadores de commodities primárias em 1995 eram
responsáveis por aproximadamente 57,5% das exportações do setor e, em 2015, essa
participação era de 51,4%.
Em 1995 destacaram-se como principais exportadores de commodities processadas:
Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda, Reino Unido, Japão, Bélgica, Itália, Rússia,
Canadá e Austrália, Espanha, China, Brasil e Coréia, e em 2015: Estados Unidos (10,0%),
China (8,7%), Alemanha (5,7%), Rússia (4,7%), Coréia (3,6%), Canadá (3,5%), França, Índia,
Japão, Itália, Brasil, Holanda, Espanha, Bélgica e Reino Unido (Tabela 41).
Os principais produtores (em termos de valor adicionado – VA) das commodities
primárias em 1995 foram a China, com 10,3% da produção mundial; Estados Unidos, 9,1%;
Japão 5,9%; Índia, 5,6%; e Arábia Saudita com 3,1%. Em 2015 a China era responsável por
20,8% da produção mundial dessas commodities; Estados Unidos, 8,6%; Índia, 6,5%; Arábia
Saudita, 3,1%; Indonésia, 3,0%; Rússia, 3,0%; Canadá, 2,4%; Brasil, 2,0%; Austrália, 1,8%;
Argentina, 1,5%; e nesse ano a economia japonesa apresentou uma redução na sua participação
para menos de 1,0% (Tabela 41).
Na produção das commodities processadas, em 1995, vale destacar como alguns dos
principais produtores mundiais: Japão, com participação de 21,6%; Estados Unidos, 15,7%;
China, 5,8%; Alemanha, 5,7%; e França com 3,8%. Em 2015 os principais produtores foram:
China, 25,8%; Estados Unidos, 14,3%; Japão, 6,5%; Rússia, 3,1%; e a Índia, com participação
de 3,0%; Alemanha, 2,9%; Indonésia, 2,6%; México, 2,2%; Brasil, 2,1%; e França, 1,9%.
Destacam-se dentre os principais mercados importadores das commodities primárias em
1995: Japão, 15,1%; Estados Unidos, 15,0%; Alemanha, 8,3%; Itália, 5,2%; França, 4,9%;
Coréia, 4,7%; Reino Unido, 3,9%; Holanda, 3,5%; e a Espanha, com 3,4%. Em 2015 esse
cenário era composto por China, 19,3%; Estados Unidos, 11,8%; Japão, 7,5%; Índia, 6,3%;
Coréia, 5,5%; Alemanha, 5,3%; Itália, 3,6%; e Taiwan, 3,1%. Os principais importadores das
commodities processadas foram, em 1995: Estados Unidos, 10,1%; Alemanha, 9,4%; Japão,
97

8,9%; França, 6,4%; Itália, 5,8%. Em 2015 destacaram-se: Estados Unidos, 11,0%; China,
8,5%; Alemanha, 5,8%; Índia, 4,2%; Japão, 3,9%.

Tabela 41 – Principais economias (participação %) exportadoras, produtoras,


importadoras e consumidoras de commodities primárias e processadas, 1995/2015.
Continua
Exportações
Commodities primárias Commodities processadas
1995 2015 1995 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Arábia Saudita 9,5 Arábia Saudita 8,0 Estados Unidos 8,8 Estados Unidos 10,0
Estados Unidos 8,6 Rússia 7,1 Alemanha 7,8 China 8,7
Canadá 5,4 Canadá 6,7 França 6,3 Alemanha 5,7
Rússia 4,6 Austrália 5,2 Holanda 5,8 Rússia 4,7
Reino Unido 4,4 Estados Unidos 4,5 Reino Unido 4,5 Coréia 3,6
Noruega 4,3 Brasil 3,5 Japão 3,9 Canadá 3,5
Holanda 4,0 Noruega 3,5 Bélgica 3,6 França 3,3
Austrália 3,8 Indonésia 2,4 Itália 3,5 Índia 3,2
Índia 3,7 Chile 2,0 Rússia 3,2 Japão 3,0
França 2,9 México 1,7 Canadá 3,2 Itália 2,7
México 2,5 Reino Unido 1,6 Austrália 2,9 Brasil 2,7
África do Sul 1,8 Holanda 1,5 Espanha 2,3 Holanda 2,5
China 1,6 China 1,3 China 2,2 Espanha 2,5
Malásia 1,5 Colômbia 1,3 Brasil 2,0 Bélgica 2,4
Espanha 1,5 África do Sul 1,2 Coréia 1,7 Reino Unido 2,2
Total 60,1 Total 51,3 Total 61,7 Total 60,4
Valor adicionado
Commodities primárias Commodities processadas
1995 2015 1995 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
China 10,3 China 20,8 Japão 21,6 China 25,8
Estados Unidos 9,1 Estados Unidos 8,6 Estados Unidos 15,7 Estados Unidos 14,3
Japão 5,9 Índia 6,5 China 5,8 Japão 6,5
Índia 5,6 Arábia Saudita 3,1 Alemanha 5,7 Rússia 3,1
Arábia Saudita 3,1 Indonésia 3,0 França 3,8 Índia 3,0
Indonésia 3,0 Rússia 3,0 Reino Unido 3,3 Alemanha 2,9
França 2,9 Canadá 2,4 Itália 3,2 Indonésia 2,6
Reino Unido 2,7 Brasil 2,0 Indonésia 2,5 México 2,2
Alemanha 2,6 Austrália 1,8 Brasil 2,3 Brasil 2,1
Brasil 2,5 Argentina 1,5 Rússia 1,9 França 1,9
Itália 2,3 México 1,4 Coréia 1,9 Reino Unido 1,8
Rússia 2,2 Noruega 1,2 Espanha 1,9 Coréia 1,8
Canadá 2,2 Malásia 1,2 México 1,8 Argentina 1,7
México 2,2 Turquia 1,2 Turquia 1,7 Canadá 1,6
Coréia 1,9 Reino Unido 0,9 Canadá 1,6 Espanha 1,4
Total 58,5 Total 58,6 Total 74,7 Total 72,7
Importações
Commodities primárias Commodities processadas
1995 2015 1995 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Japão 15,1 China 19,3 Estados Unidos 10,1 Estados Unidos 11,0
Estados Unidos 15,0 Estados Unidos 11,8 Alemanha 9,4 China 8,5
Alemanha 8,3 Japão 7,5 Japão 8,9 Alemanha 5,8
Itália 5,2 Índia 6,3 França 6,4 Índia 4,2
França 4,9 Coréia 5,5 Itália 5,8 Japão 3,9
Coréia 4,7 Alemanha 5,3 Reino Unido 5,1 Reino Unido 3,6
Reino Unido 3,9 Itália 3,6 Coréia 3,6 França 3,4
Holanda 3,5 Taiwan 3,1 Holanda 3,1 Itália 3,0
Espanha 3,4 França 2,7 Taiwan 2,6 Coréia 3,0
Taiwan 2,1 Reino Unido 2,6 Espanha 2,6 Canadá 2,7
Canadá 1,8 Espanha 2,5 Canadá 2,5 México 2,3
98

Tabela 41 – Principais economias (participação %) exportadoras, produtoras,


importadoras e consumidoras de commodities primárias e processadas, 1995/2015.
Continuação
Importações
Commodities primárias Commodities processadas
1995 2015 1995 2015
País Part. País Part. País Part. País Part.
Bélgica 1,8 Canadá 2,4 Bélgica 2,4 Turquia 1,9
China 1,8 Holanda 2,1 China 2,1 Espanha 1,8
Índia 1,7 Tailândia 1,6 Rússia 1,9 Hong Kong 1,7
Brasil 1,3 Bélgica 1,2 Tailândia 1,6 Austrália 1,6
Total 74,5 Total 77,5 Total 68,1 Total 58,4
Consumo1
Commodities primárias Commodities processadas
1995 2011 1995 2011
País Part. País Part. País Part. País Part.
Estados Unidos 13,1 China 25,0 Japão 17,9 China 23,8
China 10,8 Estados Unidos 11,0 Estados Unidos 16,9 Estados Unidos 13,8
Japão 8,6 Índia 5,7 Alemanha 6,4 Japão 9,0
Índia 4,5 Japão 3,9 China 5,7 Índia 4,1
Alemanha 4,2 Brasil 3,4 França 4,6 Alemanha 3,7
França 3,9 Rússia 2,3 Itália 4,0 Coréia 3,5
Reino Unido 2,9 Indonésia 2,2 Reino Unido 3,4 Brasil 3,0
Itália 2,8 Canadá 2,1 Coréia 3,2 França 2,6
Brasil 2,7 Coréia 2,0 Brasil 2,9 Itália 2,4
Coréia 2,3 França 1,8 Espanha 2,5 Rússia 2,3
Rússia 2,3 Alemanha 1,8 Índia 2,2 México 1,9
Espanha 2,2 México 1,7 Indonésia 2,1 Canadá 1,8
Canadá 1,9 Itália 1,7 Canadá 1,7 Espanha 1,8
Indonésia 1,8 Austrália 1,5 México 1,6 Reino Unido 1,8
Turquia 1,8 Reino Unido 1,5 Rússia 1,5 Turquia 1,7
Total 65,8 Total 67,6 Total 76,6 Total 77,2
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
1
O consumo mundial é apresentado somente para os anos de 1995-2011, dado que essa variável é extraída das matrizes de
insumo-produto do banco IOTs 1995-2011.

No âmbito do consumo das commodities primárias, em 1995 os principais consumidores


foram Estados Unidos, 13,1%; China, 10,8%; Japão, 8,6%; Índia, 4,5%; Alemanha, 4,2%;
França, 3,9%; Reino Unido, 2,9%; Itália, 2,8%; Brasil, 2,7%; Coréia, 2,3%; e Rússia, 2,3%. Em
2011 a China era responsável por aproximadamente um quarto do consumo mundial das
commodities primárias, sendo 25,0%; Estados Unidos, 11,0%; Índia, 5,7%; Japão, 3,9%; Brasil,
3,4%; Rússia, 2,3%. Os principais consumidores das commodities processadas foram, em 1995:
Japão 17,9%; Estados Unidos, 16,9%; Alemanha, 6,4%; China, 5,7%; França, 4,6%. Em 2011
destacam-se as seguintes economias: China, 23,8%; Estados Unidos, 13,8%; Japão, 9,0%;
Índia, 4,1%; Alemanha, 3,7%.
Nos diversos mercados de intercâmbio comercial da economia mundial, as importações
constituem um dos principais elementos para determinar a participação de algumas economias
no cenário internacional. Entretanto, seria possível pressupor que o mercado das commodities
seria controlado, em geral, pelas economias em desenvolvimento onde concentra-se maior
parcela da produção (em termos de VA) das commodities primárias (Tabela 43), portanto, a
99

base para produção de commodities processadas, e dado que nos demais mercados, conforme
avança-se em intensidade tecnológica, o espaço de concorrência para essas economias, com
exceções como no caso dos Tigres Asiáticos (Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan)
e da China, é reduzido frente aos países desenvolvidos. Mas, a organização da dinâmica
econômica não se dá com base no pressuposto de uma coordenação da produção e
consequentemente da concorrência. É nesse sentido que essa análise coloca que algumas
economias líderes no mercado das commodities não necessariamente o são com base no peso
da produção primária doméstica, mas, sim o são, com base nas importações do insumo básico.
A ampliação das importações de commodities primárias em função da expansão do setor
de processamento nas economias importadoras pode resultar em estímulo à expansão da
produção primária nas economias produtoras-naturais e concorrência entre essas economias e
as produtoras-importadoras nos mercados das commodities processadas. O problema reside
que, considerando que algumas dessas economias produtoras-importadoras seriam os principais
mercados de destino das exportações das produtoras-naturais, e assim, a região de consumo
condiciona parte dessa dinâmica, em especial a partir de práticas protecionistas. Nesse sentido,
as economias desenvolvidas tem implementado estratégias de modo a reduzir sua dependência
das commodities importadas ou criar autonomia frente à essa dependência, como está posto nas
barreiras tarifárias e não-tarifárias.
No que diz respeito as commodities, duas são as principais práticas protecionistas: os
subsídios, e as tarifas as importações de commodities processadas (ver Subseção 1.2). Os
subsídios à produção primária em grande medida são voltados para área agrícola, portanto não
se estendem a toda produção primária, como os setores de extração e mineração. Em geral esse
tipo de barreira é adotada nas economias desenvolvidas como forma de “igualar” a concorrência
da produção interna com a do mercado externo. Em geral os Estados Unidos e a União Européia,
são pioneiros no uso dessas barreiras. As práticas de subsídios não são explícitos nos setores de
extração e mineração, nas economias desenvolvidas dado a dependência das importações
primárias desse setor.
A imposição de tarifas superiores nas importações de commodities processadas relativas
às tarifas das commodities primárias, indica que em geral a demanda dos países desenvolvidos
é norteada para commodities primárias, resultando no entendimento de que esses mercados
consumidores demandam commodities processadas, mas, criam mecanismos para que esse
processamento seja realizado domesticamente. Isso é extremamente importante de
compreender, pois, estabelece a base para análise de que a decisão de processar a commodity,
ou seja, incluir mais um passo na etapa produtiva na dimensão das economias produtoras-
100

naturais, da produção destinada ao mercado internacional, não é uma simples decisão a ser
tomada no âmbito nacional, pois, depende também das condições da demanda externa.
As importações de commodities primárias contribuem para a participação de economias
que não são produtoras-naturais a participarem do mercado mundial das commodities, em
grande medida no âmbito das exportações das commodities processadas. O entendimento para
essa inter-relação é brevemente apontada ao analisarmos a distribuição das demandas pelo setor
primário respectivo. Ou seja, na distribuição das demandas pela oferta do setor agrícola, na
demanda intermediária, a principal demanda origina-se do setor de alimentos. Dado o caráter
dos setores em análise, ou seja, de insumo básico de produção, isso indica que o principal setor
de demanda, representa o principal setor de transformação/processamento dessa commodity
primária, dado que, está levando-se em consideração o caráter da demanda intermediária. Para
o setor de alimentos de um determinado país, apresentar produção e exportações do setor, ele
necessita da produção do setor primário. Caso não haja capacidade de produção doméstica para
atender essa demanda, importações pelo setor agrícola podem ser realizadas. A partir desse
movimento, é criado base para produção do setor de alimentos.
As importações são analisadas aqui, de duas formas principais: uma delas é olhar o peso
das importações no valor da DI do setor primário, e a segunda forma é através do uso do
indicador28 da parcela das importações intermediárias que são exportadas (IMGRINT_REII),
portanto, do total das importações intermediárias, a parcela incorporada nas exportações29. A
partir disso é possível, em primeiro lugar, identificar as economias que tem base da produção
primária, em termos de DI, formada em grande medida por importações. Considerando que o
caráter da variável das importações intermediárias, qual seja, o de importações para atender a
demanda dos diferentes setores para o setor em questão, isso permite compreender que essas
importações intermediárias contribuem para compor essas exportações.
Como já apontado, não necessariamente as maiores economias produtoras-naturais são
também as maiores economias exportadoras das commodities processadas. Os mercados das
commodities processadas tem casos de economias que não apresentam base de produção
primária suficiente para subsidiar a produção de commodities processadas para consumo
interno e exportações, mas, estão como as maiores exportadoras do setor. Essa situação só pode
ser entendida a partir do peso das importações. Assim, essas importações podem aparecer tanto

28
Refere-se as importações intermediárias reexportadas pelo setor exportador como parte das importações
intermediárias mostram quanto das importações são exportadas. Indicador – IMGRINT_REII - extraído do banco
TIVA/OECD (OECD.Stat, 2018).
29
Importante ressaltar que esse indicador não diz respeito a uma parcelas das exportações, e sim, uma parcela das
importações intermediárias que está incorporada nas exportações.
101

pelo setor primário, quanto pelas próprias importações do setor das commodities processadas,
enquanto reexportações.
Os maiores produtores de commodities agrícolas em 2015 foram: China, Índia, Estados
Unidos, Indonésia, Brasil, Turquia, Argentina, Rússia, Japão, França, Tailândia, Filipinas,
Itália, México e Espanha e no setor de alimentos: China, Estados Unidos, Japão, Alemanha,
Indonésia, México, França, Reino Unido, Brasil, Canadá, Espanha, Índia, Itália, Argentina,
Filipinas. Observa-se assim que Alemanha, Reino Unido, Canadá e Filipinas são grandes
produtoras de alimentos, mas não necessariamente estão como as principais produtoras do setor
agrícola em 2015.
Destacam-se como maiores exportadores de alimentos, em 2015: Estados Unidos, China,
Alemanha, França, Holanda, Brasil, Indonésia, Irlanda, Espanha, Tailândia, Itália, Vietnã,
Bélgica, Rei. Unido, Canadá (Tabela 9). No entanto, Alemanha, Reino Unido e Canadá não
estão entre os maiores produtores agrícolas (Tabela 5). A participação das importações na DI
do setor agrícola em 2005 na Alemanha era de 25,8%; no Canadá, 10,4%; no Reino Unido, de
24,5%. Em 2015 essas participações foram de: Alemanha, 33,6%; Canadá, 11,4%; Reino
Unido, de 22,2% (Tabela 4). No setor de alimentos, em 2005, a parcela das importações
intermediárias contida nas exportações de alimentos eram de 25,0% na Alemanha; no Canadá,
de 32,3%; no Reino Unido, de 16,1%; e, em 2015, essas participações foram de: Alemanha,
32,1%; Canadá, 30,2%; e, Reino Unido, 20,9% (Tabela 42). Observa-se que na inter-relação do
setor agrícola-alimentos, não há grande dependência das importações intermediárias como
determinante da participação de algumas economias enquanto grandes exportadoras do setor de
alimentos. Nesse sentido, podemos destacar a partir de Radetzki (2008) que:

Os EUA, a Europa Ocidental e o Japão exibem dependência limitada


de importação de produtos alimentícios. Para a Europa Ocidental e o
Japão, isso é o resultado de uma proteção agrícola profunda. Por outro
lado, todas as três áreas tornaram-se fortemente dependentes das
importações de matérias-primas industriais no decorrer do século XX,
à medida que as necessidades domésticas espocavam em resposta à
industrialização das respectivas regiões. A dependência das
importações desenvolveu-se anteriormente nos EUA e na Europa
Ocidental do que no Japão, mas no último país a dependência da oferta
importada tornou-se muito mais acentuada, principalmente devido à
sua alta densidade populacional (RADETZKI, 2008, p. 44, tradução
nossa).

Os maiores produtores do setor das commodities minerais energéticas em 2015 foram:


China (12,4%), Estados Unidos (11,4%), Arábia Saudita (8,5%), Rússia (5,4%), Canadá
(4,5%), Noruega (2,9%), Indonésia (2,3%), Malásia (1,8%), Austrália (1,6%), México (1,5%),
102

Índia (1,5%), Reino Unido (1,3%), Brasil (1,1%), Argentina (1,0%), Cazaquistão (0,9%) e
Colômbia (0,8%).
Os maiores exportadores de coque refinado e produtos do petróleo em 2015 foram:
Estados Unidos, Rússia, Coréia, Cingapura, Índia, Alemanha, China, Arábia Saudita, Canadá,
Bélgica, Holanda, Japão, Espanha, Malásia, Tailândia. Nesse ano, a participação das
importações na demanda intermediária do setor de commodities minerais energéticas dessas
economias foi de: 38,1% nos Estados Unidos; na Rússia, 7,0%; Coréia, 98,3%; Índia, 64,1%;
Alemanha, 92,9%; China, 25,2%; Arábia Saudita, 0,2%; Canadá, 36,7%; Bélgica, 99,8%;
Holanda, 80,9%; Japão, 98,8%; Espanha, 98,3%; Malásia, 9,6%; Tailândia, 56,3%.
Portanto, das principais economias exportadoras de coque refinado e produtos do petróleo
em 2015, Coréia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Japão e Espanha, apresentavam uma
participação das importações acima de 70% no valor da demanda intermediária do setor base
de produção para coque refinado e produtos do petróleo, qual seja, setor de minerais energéticos
(Tabela 16).
Além das importações pelo setor primário, as economias também podem realizar as
importações pelo setor de processamento. Para medir esse elemento, podem utilizar a variável
da participação das importações intermediárias que estão nas exportações. Dentre os principais
exportadores de coque refinado e produtos do petróleo, vale destacar que em 2015 a economia
coreana apresentava como parcela das importações intermediárias de 44,1% nas exportações, a
economia alemã, de 41,3%, e a economia tailandesa, participação de 53,6% (Tabela 42).
Os maiores exportadores de metais básicos, em 2015 foram: China, Alemanha, Japão,
Estados Unidos, Canadá, Coréia, Rússia, Austrália, França, Itália, Índia, Turquia, Brasil,
Bélgica, Espanha (Tabela 32). Em 2015, o peso das importações na DI do setor de minerais
não-energéticos era de: 25,9% na China; 54,2% na Alemanha; 83,0%, no Japão; 13,3% nos
Estados Unidos; 34,8% no Canadá; 82,4% na Coréia; 7,8% na Rússia; 3,5% na Austrália; 34,7%
na França; 87,4% na Itália; 53,9% na Índia; 16,2% na Turquia; 18,1% no Brasil; 96,7% na
Bélgica; e 48,6% na Espanha (Tabela 27). Ainda dentre os maiores exportadores de metais
básicos, destacam-se Bélgica, Alemanha, Canadá, Itália, Coréia e França, como participação
acima de 50% das importações intermediárias do respectivo setor, que são reexportados. Assim,
observa-se que nesse setor, as importações, tanto do setor primário como no próprio setor, são
elementos importantes para dar base para produção e participação de algumas economias no
mercado internacional das commodities.
103

Tabela 42 – Participação (%) das importações intermediárias nas exportações dos setores
de commodities processadas, para os principais exportadores, 1995/2015.
Alimentos Coque refinado e produtos do petróleo Metais básicos
País 1995 2005 2011 2015 País 1995 2005 2011 2015 País 1995 2005 2011 2015
Irlanda 62,9 58,4 67,8 74,0 Cingapura 57,4 74,4 75,3 76,2 Bélgica 71,5 68,6 66,4 63,3
Bélgica 39,6 41,2 45,7 49,0 Bélgica 52,0 53,5 65,1 56,6 Alemanha 48,7 55,0 59,3 60,7
Holanda 44,9 41,8 46,8 49,5 Tailândia 36,9 49,0 52,2 53,6 Canadá 65,4 47,1 64,5 48,5
Vietnã 24,0 39,8 41,6 41,8 Holanda 55,3 49,2 51,0 51,4 Itália 43,8 40,7 47,9 52,1
Tailândia 33,4 35,7 41,3 41,8 Malásia 47,3 60,4 58,9 50,5 Coréia 32,9 45,3 58,4 56,6
Alemanha 15,2 25,0 30,3 32,1 Alemanha 27,9 37,9 42,0 41,3 França 47,2 46,3 49,3 51,6
Canadá 27,4 32,3 25,8 30,2 Coréia 32,9 37,0 47,4 44,1 Rei. Unido 49,8 38,0 49,1 44,3
Espanha 20,2 21,5 25,2 28,9 Espanha 28,9 32,8 38,9 38,3 Turquia 18,8 26,5 31,1 34,0
França 21,3 25,9 26,9 28,5 Canadá 26,7 39,9 31,7 32,0 Japão 21,2 29,6 33,4 34,3
Itália 25,3 21,5 22,7 24,6 Rússia 45,7 38,0 37,8 34,6 Rússia 55,0 47,6 36,1 34,9
Rei. Unido 17,7 16,1 20,6 19,5 A. Saudita 31,7 50,7 34,8 22,5 China 64,8 34,7 32,1 29,4
Indonésia 12,8 17,7 17,0 16,8 Índia 11,8 22,5 24,2 22,0 Índia 10,7 21,3 24,6 24,4
Brasil 8,1 20,4 12,5 15,2 China 22,1 30,4 26,4 22,6 Est. Unidos 26,9 20,7 29,7 24,5
China 54,8 19,0 14,5 12,9 Japão 9,2 16,8 18,0 19,7 Brasil 22,7 28,9 17,3 24,6
Est. Unidos 9,2 7,7 10,5 10,1 Est. Unidos 13,3 9,5 12,6 13,4 Austrália 36,8 14,4 21,5 18,8
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Em 2015 as economias que destinaram parcela do VBP para exportações, em percentual


acima de 50% foram Austrália (57,7%), Bélgica (73,5%), Canadá (73,6%), França (72,8%),
Reino Unido (59,2%) (Tabela 33). Dessas economias, observa-se que há concentração de
exportações, enquanto principal parcela na distribuição no valor da produção setorial de metais
básicos e que dessas economias, França participa das exportações mundiais desse setor, com
base nas importações tanto no setor primário (Tabela 33) quanto das reexportações do próprio
setor (Tabela 42). Dos demais grandes exportadores de metais básicos em 2015, do VBP setorial
a China apresenta menor parcela destinada às exportações, 6,7%, a Índia, 13,8%, Japão, 14,3%,
Estados Unidos, 19,4%, Rússia, 28,3%, Coréia, 30,8%, Turquia, 32,7%, e Brasil, 36,6% (Tabela
33). Portanto, a produção (em termos de VBP) dessas economias não é orientada, de forma
concentrada, para as exportações. Na produção primária – minerais energéticos para o setor de
metais básicos - os países com orientação da produção para as exportações, ou seja, maior
parcela do VBP para as exportações, em 2015, foram: Austrália (60,9%), Bélgica (75,8%),
Brasil (60,2%), Chile (81,6%), Peru (55,1%) (Tabela 27).
No período de análise, as economias desenvolvidas são responsáveis pela maior parcela
das exportações das commodities processadas no mundo, mesmo que, com tendência de
redução na participação ao longo do período, mas, em 2015, ainda eram responsáveis pela maior
parcela dessas exportações, qual seja, de 51,1% (Tabela 43).
104

Tabela 43 – Participação (%) das economias desenvolvidas, China e economias em


desenvolvimento no mercado mundial das commodities primárias e processadas,
1995/2015.
Exportações
Primárias Processadas
Ano Desenvolvidos China Demais países Ano Desenvolvidos China Demais países
1995 42,6 1,6 55,8 1995 66,4 2,2 31,4
2000 31,0 1,3 67,7 2000 58,7 2,7 38,6
2005 28,7 1,2 70,1 2005 55,6 4,7 39,8
2011 24,4 0,8 74,8 2011 52,0 6,2 41,8
2015 29,2 1,3 69,5 2015 51,1 8,7 40,3
Valor adicionado
Primárias Processadas
Ano Desenvolvidos China Demais países Ano Desenvolvidos China Demais países
1995 40,2 10,3 49,5 1995 66,4 5,8 27,9
2000 35,6 12,3 52,1 2000 64,1 7,2 28,7
2005 33,0 11,1 55,9 2005 59,9 9,3 30,8
2011 24,2 15,2 60,6 2011 44,2 19,7 36,2
2015 20,8 20,8 58,3 2015 39,6 25,8 34,6
Importações
Primárias Processadas
Ano Desenvolvidos China Demais países Ano Desenvolvidos China Demais países
1995 73,8 1,8 24,4 1995 68,7 2,1 29,3
2000 71,8 3,2 25,0 2000 69,4 3,5 27,1
2005 66,8 6,3 26,8 2005 63,3 5,4 31,3
2011 55,5 14,6 29,8 2011 52,9 6,9 40,1
2015 49,6 19,3 31,2 2015 49,0 8,5 42,4
Consumo
Primárias Processadas
Ano Desenvolvidos China Demais países Ano Desenvolvidos China Demais países
1995 51,4 10,8 37,7 1995 68,0 5,7 26,3
2000 50,4 13,7 35,8 2000 65,7 8,3 26,0
2005 45,4 16,0 38,6 2005 59,9 11,5 28,6
2010 33,7 23,2 43,1 2010 45,9 23,1 30,9
2011 33,5 25,0 41,4 2011 45,7 23,8 30,5
2015 - - - 2015 - - -
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).

Nas exportações das commodities primárias, as economias desenvolvidas apresentaram


uma redução na participação desse mercado, dado que era de 42,6%, em 1995 e 29,2% em 2015.
A participação da China permaneceu baixa (1,6% em 1995 e 1,3% em 2015) e, portanto, a
expansão ocorre no agrupamento das economias em desenvolvimento, de 55,8% em 1995 para
69,5%. São as economias em desenvolvimento, que puxam as exportações mundiais das
commodities primárias. No que diz respeito ao comportamento da economia chinesa no
mercado mundial, os resultados da Tabela 43 apontam na direção apresentada por Kupfer
(2009):

contudo, é importante enfatizar que a tendência chinesa de liderar o


crescimento do consumo de commodities industriais é acompanhada de
maior ênfase na importação de recursos naturais do que de produtos
transformados. Um exemplo pode ser dado pela cadeia siderúrgica. No
caso de minério de ferro, a China saiu de importação de cerca de 52
milhões de t/ano, em 1998, para 384 milhões de t/ano, em 2007. Em
comparação, a China importava, em 1998, oito t/ano de aço e passou a
105

exportar 52 t/ano, em 2007. Sob esse ponto de vista, as perspectivas de


demanda externa por materiais metálicos parecem ser mais promissoras
na área de mineração do que na área da indústria de transformação
(KUPFER, 2009, p. 5).

Mesmo em face de uma expressiva participação das economias desenvolvidas nos


mercados das commodities, essa participação vem diminuindo diante da expansão da China e
das economias em desenvolvimento, tanto nos cenários da demanda, quanto da oferta (Tabela
43). A economia chinesa apresenta mudanças significativas nos mercados das commodities,
apenas com exceção das exportações das commodities primárias. As economias desenvolvidas
eram responsáveis por 73,8% das importações das commodities primárias em 1995, por 66,8%
em 2005, e por 49,6% em 2015.
Em consonância com os resultados de Radetzki (2008), podemos compreender a relação
da redução da participação das economias desenvolvidas na demanda mundial das
commodities, dado que:

a China evoluiu para um importante exportador global de manufaturas


contendo matérias-primas. Como o centro de gravidade global da
produção e exportação de manufaturas que contêm matéria-prima
se desloca para a China, ela deve necessariamente resultar em uma
aceleração da demanda de matérias-primas chinesas e uma
desaceleração concomitante nas economias ricas para as quais as
exportações chinesas são direcionados. (RADETZKI, 2008, p. 40,
tradução nossa).

Mesmo diante de uma redução na participação das importações mundiais das


commodities primárias, é possível observar que das principais economias desenvolvidas
exportadoras de commodities, a participação das importações na composição das suas
exportações ainda é significativo.
Isso pode evidenciar que no contexto da expansão dos preços das commodities torna-se
cada vez mais complexo a concorrência a partir das importações. É nesse sentido que é possível
observar também o comportamento de expansão da participação do grupo das economias em
desenvolvimento no avanço da produção e das exportações das commodities processadas.
O avanço do processamento das commodities, nas economias em desenvolvimento, pode
indicar maior relação com a produção para o mercado internacional, ao contrário, nas
economias desenvolvidas o processamento das commodities tem uma relação maior com o
consumo interno, e depois com as exportações.
106

Considerações Finais

A complexidade, e o desafio, de tratar o âmbito da produção e do comércio mundial das


commodities, provavelmente apresenta limitações, nesse primeiro momento, no avanço da
apresentação de evidências e interpretações da configuração dessa estrutura e isso refletiu nos
resultados alcançados dessa pesquisa. Entretanto, importantes elementos foram apresentados
para pensarmos o movimento de concorrência no mercado mundial como resultante do
comportamento dos setores das commodities nas, e a partir das, principais economias
exportadoras.
O Capítulo 3 apresentou esse comportamento a partir dos seis setores de commodities.
Mesmo que apresentados em separado, esses seis setores apresentam um caráter de
interdependência que resulta em três principais relações intersetoriais, em nossa análise, quais
sejam: agrícolas-alimentos; minerais energéticos-coque refinado e produtos do petróleo;
minerais não energéticos-metais básicos.
A análise da distribuição do valor bruto de produção setorial mundial, quando analisado
para cada um dos setores primários, elucidou o principal setor de destino da sua oferta. No caso
do setor agrícola, o principal destino da sua oferta foi o setor de alimentos (Tabela 2); no caso
do setor de minerais energéticos, o setor de coque refinado representou a principal demanda
para a oferta desse setor (Tabela 14); e da oferta setorial de minerais não energéticos, o principal
destino foi o setor de metais básicos (Tabela 25).
Dado o caráter dos setores analisados aqui, ou seja, as commodities primárias
correspondem ao setor primário da economia, e os três setores de processamento enquanto
principais setores do imediato processamento de grande parcela da produção primária, isso
contribui para a compreensão que os setores de alimentos, coque refinado e produtos do
petróleo, e de metais básicos, são setores dependentes da produção primária agrícola, de
minerais energéticos, e de minerais não energéticos, respectivamente. A base de produção dos
setores de processamento está atrelada, em grande medida a oferta setorial primária.
A compreensão dessas relações intersetoriais é fundamental para a compreensão de um
dos principais elementos que caracterizam as relações de concorrência no âmbito da oferta
mundial das commodities. Os dados de distribuição do valor bruto de produção setorial para
economias selecionadas, para o setor agrícola (Tabela 4), setor de minerais energéticos (Tabela
16) e setor de minerais não energéticos (Tabela 27) ajudam nessa compreensão. Dado o
entendimento da interdependência dos setores de processamento imediatos a esses, os dados
107

são apresentados nas referidas Tabelas para economias que destacam-se como principais
exportadoras do setor primário, bem como do setor de processamento imediato. Ou seja, na
Tabela 4 o VBP setorial agrícola foi apresentado para os maiores exportadores desse setor, bem
como para os maiores exportadores de alimentos, e o mesmo é realizado com os demais setores.
Isso foi feito com o objetivo de apresentar tanto a distribuição da oferta setorial (o VBP setorial)
entre a demanda intermediária e a demanda final, como a participação das importações na
composição dessa oferta. Essa análise resultou na apresentação de economias que destacam-se
como grandes exportadoras, em especial das commodities processadas, mas, com base de
produção que encontra relação significativa com as importações.
Na inter-relação agrícola-alimentos, o peso das importações primárias não aparece como
um dos principais elementos das relações de concorrência entre os exportadores dessas
commodities, dado que os maiores exportadores, em geral, são também grandes produtores
primários. No entanto, há uma distorção nesse cenário que é criada em especial por economias
desenvolvidas produtoras agrícolas, como é o caso das economias europeias. Para essas
economias há um elemento fundamental que além de criar barreiras para as importações, e
portanto, redução do acesso a esses mercados, também impulsiona as exportações agrícolas e
de alimentos desses países, que é a Política Agrícola Comum (PAC) da Europa. Essa política
estabelece um pacote ações, como subsídios agrícolas, subsídios às exportações dessas
commodities, além do comportamento das tarifas para importações desses dois setores. Assim,
há um caráter de distorção que garante capacidade de concorrência das economias europeias
com economias em desenvolvimento exportadoras de commodities agrícolas-alimentícias, mas,
em grande medida não tem relação direta com o peso das importações primárias como será o
caso dos setores de extração e mineração.
No período da análise o mercado mundial das commodities encontra uma fase de
significativa expansão, dado o avanço da demanda por commodities na Ásia, em especial na
China, que representa um dos principais elementos para compreensão do Ciclo das
Commodities entre 2002-2012. Isso contribui para o entendimento do avanço da China no
mercado mundial das commodities em termos de demanda (expansão de uma participação de
1,8% das importações mundiais de commodities em 1995, para uma participação de 19,3%, em
2015) mas, também, em termos de oferta, dado que avançou na participação de 10,3% no valor
adicionado mundial de commodities primárias em 1995, para uma participação de 20,8% em
2015 (Tabela 43). Essa economia tornou-se uma das “gigantes” nas diferentes esferas do
mercado mundial das commodities, com exceção das exportações de commodities primárias.
A discussão sobre as commodities em geral suscita o debate sobre questões de
108

desenvolvimento, principalmente em função da referência à teoria Centro-Periferia apresentada


pelos autores da CEPAL na década de 1940-50. Esse não foi um dos focos do nosso trabalho,
mas, vale alguns apontamentos como pontos de reflexão, dado os resultados que foram
apresentados aqui. Ao longo da exposição dessa pesquisa, fica muito evidente a participação de
economias desenvolvidas como grandes produtoras e grandes exportadoras de commodities e
isso deve ser considerado como ponto de reflexão. Compreendemos que a teoria Centro-
Periferia deixa muito claro a problemática do subdesenvolvimento em estruturas produtivas
dependentes da economia das commodities, que nos termos da referida teoria, tratavam como
bens primários. E essa dependência é apresentada como problemática justamente pelo caráter
desses bens no comércio mundial, ou seja, enquanto bens que estavam sujeitos às oscilações do
comportamento da demanda mundial, e assim, economias dependentes desse tipo de produção
apresentavam um processo de crescimento sujeito à essas oscilações. No entanto, a teoria
Centro-Periferia não indica que a problemática do subdesenvolvimento está atrelada somente a
produção dos bens primários. Produzir commodities não é um problema para o
desenvolvimento, mas, a produção dessas mercadorias que resultasse em uma dependência, essa
sim seria um problema.
A construção dos perfis (Quadro 5) de participação das economias no mercado mundial
das commodities elucidam através de dois perfis em especial, o Perfil 1 e o Perfil 3, o destaque
das principais economias exportadoras de commodities no período de 1995-2015. No Perfil 1
estão as economias: Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Itália, Japão, Coréia, Suécia,
Taiwan e Estados Unidos; e no Perfil 3: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia,
Indonésia, Índia, México, Malásia, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, Tailândia, Turquia e
África do Sul.
Esses dois perfis agrupam economias que apresentaram uma média de participação da
produção e das exportações das commodities, acima da participação média mundial para essas
duas variáveis, ou seja, são economias que se destacam como grandes produtoras e exportadoras
e que puxaram o comportamento dessas variáveis. A principal diferença entre esses dois grupos
está na média de participação das exportações de commodities nas exportações totais da
economia, bem como do valor adicionado das commodities no valor adicionado total da
economia. As economias do Perfil 1 conseguem se destacar no cenário da produção e do
comércio mundial sem necessariamente que isso reflita uma condição de dependência desse
setor, o contrário do que ocorre com grande parte das economias em desenvolvimento que são
grandes produtoras e exportadoras de commodities.
As commodities tem um papel significativo, historicamente, para o processo de
109

desenvolvimento das economias, não pelas possibilidades de desenvolvimento a partir desses


setores, mas, pela necessidade desses setores para os processos de desenvolvimento. O caso da
China demonstra o quão um processo de avanço da industrialização é dependente, mesmo em
face de processos de desmaterialização, da produção das commodities
A participação de economias desenvolvidas no cenário produtivo das commodities, a
partir de estratégias como tarifas relativamente superiores as importações de commodities
processadas em relação as commodities primárias, indica uma orientação para o
desenvolvimento do setor de processamento interno nessas economias, e os consequentes
encadeamentos produtivos que podem se originar. Portanto, para muitas economias em
desenvolvimento que já carregam uma estrutura com peso significativo das commodities, uma
estratégia seria pensar como reorientar essa produção para encadeamentos com o setor
produtivo doméstico, não simplesmente no sentido do avanço do processamento para
atendimento do mercado externo, mas, para processos produtivos domésticos.
110

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115

Anexos

Anexo 1 – Maiores exportadores de petróleo em bruto e produtos do petróleo, 1995-2017.


País 1995 2000 2005 2010 2015 2016 2017
Arábia Saudita 12,55 11,19 11,79 10,07 9,20 11,37 10,74
Rússia 6,65 6,36 9,67 10,35 10,56 9,70 9,73
Estados Unidos 1,99 1,75 1,54 3,29 5,77 6,08 6,73
Emirados Árabes 6,08 5,27 5,28 4,53 7,55 6,73 6,62
Holanda 3,83 2,94 3,22 3,78 4,49 4,74 4,60
Canadá 3,07 3,16 2,99 3,46 4,20 3,91 4,22
Iraque 0,15 3,69 1,96 2,64 3,76 3,33 3,56
Cingapura 3,52 2,37 2,84 3,34 3,36 3,49 3,41
Irã 4,70 4,37 4,13 3,54 2,33 3,51 3,34
Kuwait 3,62 3,08 3,21 2,77 2,98 2,92 2,58
Coréia 0,81 1,69 1,33 1,70 2,20 2,18 2,28
Índia 0,16 0,26 0,88 1,97 2,07 2,20 2,25
Nigéria 3,78 3,66 3,53 3,90 2,70 2,10 2,22
Angola 1,16 1,29 1,95 2,70 2,13 2,15 2,13
Noruega 5,61 5,92 4,38 2,78 2,04 2,10 1,97
Reino Unido 4,58 4,08 2,85 2,42 1,88 1,81 1,97
China 1,09 0,86 0,85 1,07 1,50 1,75 1,84
Bélgica 0,96 1,43 1,36 1,42 1,78 1,81 1,82
Cazaquistão 0,31 0,80 1,56 2,03 1,89 1,63 1,77
Venezuela 4,61 4,70 3,81 2,99 2,25 1,91 1,52
Total 69,22 68,88 69,17 70,75 74,65 75,42 75,29
Fonte: Elaborado a partir de UnctadStat (2018a)
116

Anexo 2 – Correspondência entre as classificações da ISIC: Revisão 3 e Revisão 4; de


acordo com os setores dos bancos de dados IOTs e TIVA, da OECD.
IDIO1 34 lista de setores (TiVA 2016) ISIC Revisão 3 Compatibilização ISIC Revisão 4
Agricultura, caça, silvicultura e pesca 01, 02, 05 01, 02, 03
Extração e mineração 10, 11, 12, 13, 14 05, 06, 07, 08, 09
Alimentos, bebidas e tabaco 15, 16 10, 11, 12
Têxteis, produtos têxteis, couro e calçado 17, 18, 19 13, 14, 15
Madeira e produtos de madeira e cortiça 20 16
Celulose, papel, produtos de papel, impressão e publicação 21, 22 17, 18, 58
Coque, produtos petrolíferos refinados e combustível nuclear 23 19
Produtos Químicos e Produtos Químicos 24 20, 21
Produtos de borracha e plásticos 25 22
Outros produtos minerais não metálicos 26 23
Metais básicos 27 24
Produtos metálicos fabricados, exceto máquinas e equipamentos 28 25
Máquinas e equipamentos n.e.c 29 28
Computador, produtos eletrônicos e ópticos 30, 32, 33 26
Máquinas e aparelhos elétricos n.e.c 31 27
Veículos a motor, reboques e semi-reboques 34 29
Outro equipamento de transporte 35 30
Fabricação n.e.c; reciclando 36, 37 31, 32, 33
Eletricidade, gás e abastecimento de água 40, 41 35, 36
Construção 45 41, 42, 43
Comercio no atacado e varejo; reparos 50, 51, 52 45, 46, 47, 95
Hotéis e restaurantes 55 55, 56
Transporte e armazenamento 60, 61, 62, 63 49, 50, 51, 52, 79
Correios e telecomunicações 64 53, 61
Finanças e seguros 65, 66, 67 64, 65, 66
Atividades imobiliárias 70 68
Locação de máquinas e equipamentos 71 77
Computador e atividades relacionadas 72 62, 63
Pesquisa e desenvolvimento 73 72
Outras atividades de negócios 74 69, 70, 71, 73, 74, 75, 78, 80, 81, 82
Admin público. e defesa; segurança social obrigatória 75 84
Educação 80 85
Saúde e trabalho social 85 86, 87, 88
37, 38, 39, 59, 60, 90, 91, 92, 93, 94,
Outros serviços comunitários, sociais e pessoais 90, 91, 92, 93
96
Domicílios particulares com pessoas empregadas 95 97, 98
Fonte: OECD (2017)
117

Anexo 3 – Lista de países, de acordo com os bancos de dados da OECD.


IOTs e TIVA BTDIxE
Sigla Nome Sigla Nome
AUS Austrália ALB Albânia
AUT Áustria DZA Argélia
BEL Bélgica ARG Argentina
CAN Canadá ABW Aruba
CHL Chile AUS Austrália
CZE Rep. Checa AUT Áustria
DNK Dinamarca BRB Barbados
EST Estônia BLR Belarus
FIN Finlândia BEL Bélgica
FRA França BLZ Belize
DEU Alemanha BMU Bermuda
GRC Grécia BOL Bolívia
HUN Hungria BIH Bósnia e Herzegovina
ISL Islândia BWA Botswana
IRL Irlanda BRA Brasil
ISR Israel BRN Brunei Darussalam
ITA Itália BGR Bulgária
JPN Japão BDI Burundi
KOR Korea CPV Cabo Verde
LVA Letônia CMR Camarões
LTU Lituânia CAN Canadá
LUX Luxemburgo CHL Chile
MEX México CHN China
NLD Holanda TWN Taiwan
NZL Nova Zelândia COL Colômbia
NOR Noruega COG Congo
POL Polônia HRV Croácia
PRT Portugal CYP Chipre
SVK República Eslovaca CZE Rep. Checa
SVN Eslovênia DNK Dinamarca
ESP Espanha DOM República Dominicana
SWE Suécia ECU Equador
CHE Suíça EGY Egito
TUR Turquia SLV El Salvador
GBR Reino Unido EST Estônia
USA Estados Unidos FIN Finlândia
ARG Argentina MKD República da Macedônia
BRA Brasil FRA França
BRN Brunei Darussalam GEO Geórgia
BGR Bulgária DEU Alemanha
KHM Camboja GHA Gana
CHN China GRC Grécia
COL Colômbia GIN Guiné
CRI Costa Rica GUY Guiana
HRV Croácia HND Honduras
CYP Chipre HKG Hong Kong, China
HKG Hong Kong, China HUN Hungria
KAZ Cazaquistão ISL Islândia
IND Índia IND Índia
IDN Indonésia IDN Indonésia
MYS Malásia IRL Irlanda
MLT Malta ISR Israel
MAR Marrocos ITA Itália
PER Peru JAM Jamaica
PHL Filipinas JPN Japão
ROU Romênia JOR Jordan
RUS Rússia KAZ Cazaquistão
SAU A. Saudita KEN Quênia
SGP Cingapura KOR Coréia
ZAF África do Sul KWT Kuwait
TWN Taiwan KGZ Quirguistão
THA Tailândia LVA Letônia
TUN Tunísia LTU Lituânia
VNM Vietnã LUX Luxemburgo
ROW Resto do mundo MDG Madagascar
118

MYS Malásia
MLI Mali
MRT Mauritânia
MUS Mauritius
MEX México
MDA Moldova
MNE Montenegro
MOZ Moçambique
MMR Myanmar
NAM Namíbia
NPL Nepal
NLD Holanda
NZL Nova Zelândia
NIC Nicarágua
NGA Nigéria
NOR Noruega
OMN Omã
PAK Paquistão
PRY Paraguai
PER Peru
PHL Filipinas
POL Polônia
PRT Portugal
ROU Romênia
RUS Rússia
KNA São Cristóvão e Névis
VCT Saint Vin. and the Grenadines
STP São Tomé e Príncipe
SEN Senegal
SRB Sérvia
SYC Seychelles
SLE Serra Leoa
SGP Cingapura
SVK República Eslovaca
SVN Eslovênia
ZAF África do Sul
ESP Espanha
LKA Sri Lanka
SDN Sudão
SUR Suriname
SWE Suécia
CHE Suíça
TZA Tanzânia
TGO Togo
TUN Tunísia
TUR Turquia
UGA Uganda
GBR Reino Unido
USA Estados Unidos
URY Uruguai
ZMB Zâmbia
Fonte: Elaborado a partir de OECD.Stat (2018).
119

Anexo 4 – Classificação1 dos países enquanto economias desenvolvidas e economias em


desenvolvimento.
Economias em desenvolvimento2
Economias desenvolvidas Economias em desenvolvimento, exceto
Economias menos desenvolvidos Economias em transição
países menos desenvolvidos
Bermuda Argélia Afeganistão Albânia
Andorra American Samoa Angola Armênia
Austrália Anguilla Bangladesh Azerbaijão
Áustria Antígua e Barbuda Benin Belarus
Bélgica Argentina Butão Bósnia e Herzegovina
Bulgária Aruba Burkina Faso Geórgia
Canada Bahamas Burundi Cazaquistão
Croácia Bahrain Camboja Quirguistão
Chipre Barbados República Centro-Africana Montenegro
Czechia Belize Chade República da Moldávia
Checoslováquia Bolívia Comores Rússia
Dinamarca Bonaire, Sint Eustatius and Saba Congo Sérvia
Estônia Botswana Djibouti Sérvia e Montenegro
Ilhas Faroe Brasil Eritreia Yugoslavia
Finlândia Ilhas Virgens Britânicas Etiópia Tajiquistão
França Brunei Darussalam Gambia Macedônia
Alemanha Cabo Verde Guiné Turcomenistão
Gibraltar Camarões Guiné-Bissau Ucrânia
Grécia Ilhas Cayman Haiti Uzbequistão
Groenlândia Chile Kiribati
República Democrática Popular do
Santa Sé China
Laos
Hungria Taiwan Lesoto
Islândia Colômbia Libéria
Irlanda Congo Madagascar
Israel Ilhas Cook Malawi
Itália Costa Rica Mali
Japão Costa do Marfim Mauritânia
Letônia Cuba Moçambique
Lituânia Curaçao Myanmar
Luxemburgo Dominica Nepal
Malta República Dominicana Níger
Holanda Equador Ruanda
Nova Zelândia Egito São Tomé e Príncipe
Noruega El Salvador Senegal
Polônia Eswatini Serra Leoa
Portugal Ilhas Malvinas Ilhas Salomão
Romênia Fiji Somália
São Pedro e Miquelon Polinésia Francesa Sudão do Sul
San Marino Gabão Sudão
Eslováquia Gana Timor-Leste
Eslovênia Granada Togo
Espanha Guam Tuvalu
Suécia Guatemala Uganda
Suíça Guiana Tanzânia
Reino Unido Honduras Vanuatu
Estados Unidos Índia Iêmen
Indonésia Zâmbia
Irã
Iraque
Jamaica
Jordan
Quênia
Coréia
Kuwait
Líbano
Líbia
Malásia
Maldivas
120

Ilhas Marshall
Mauritius
México
Micronésia
Mongólia
Montserrat
Marrocos
Namíbia
Nauru
Holanda
Nova Caledônia
Nicarágua
Nigéria
Niue
Ilhas Marianas do Norte
Omã
Ilhas do Pacífico, Território da Confiança
Paquistão
Palau
Panamá
Papua Nova Guiné
Paraguai
Peru
Filipinas
Qatar
Saint Helena
São Cristóvão e Névis
Santa Lúcia
São Vicente e Granadinas
Samoa
Arábia Saudita
Seychelles
Cingapura
Sint Maarten (parte holandesa)
África do Sul
Sri Lanka
Estado da Palestina
Suriname
República Árabe da Síria
Tailândia
Tokelau
Tonga
Trinidad e Tobago
Tunísia
Turquia
Ilhas Turks e Caicos
Emirados Árabes
Uruguai
Venezuela
Vietnã
Ilhas Wallis e Futuna
Saara Ocidental
Zimbábue
Fonte: Elaborado a partir de UnctadStat (2018c)
1 Classificação geral apresentada em UnctadStat (2018c), a qual divide as economias nos seguintes grupos: economias

desenvolvidas (Developed economies), economias em desenvolvimento (Developing economies), países menos desenvolvidos
(LDCs - Least developed countries), economias em transição.
2 Para fins dessa análise, a referência à economias em desenvolvimento refere-se às economias classificada pela UnctadStat

(2018c) enquanto economias em desenvolvimento/economias menos desenvolvidas/economias em transição.

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