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Resumo
O objetivo do trabalho é analisar a relação entre a chamada teoria dos leilões e a abertura do
setor de energia elétrica brasileiro a privatizações. O setor elétrico, que antes era basicamente
governamental e monopolista, passou a ser extremamente competitivo e concorrencial, onde
as empresas, para sobreviverem neste mercado devem ter eficiência de gestão e custos baixos,
para assim poderem vencer os leilões de energia elétrica e continuarem atuando neste ramo.
Os Leilões são mecanismos econômico de negociação, utilizados na comercialização de bens
em mercados complexos, principalmente, quando não existe uma referência de preço estável.
Os leilões podem ser definidos como um método formal para alocar recurso baseado na
competição, onde vendedor e comprador buscam o maior benefício possível. Neste trabalho
são apresentados os principais tipos de leilões, suas formulações, formas de aplicação no setor
elétrico e algumas das estratégias, tanto para o leiloeiro como para os agentes participantes, de
atuação que podem ser formatadas utilizando essa teoria. No setor elétrico podemos
identificar vários ambientes de aplicação de leilões. São eles: leilões de empreendimentos,
mercado de contratos bilaterais, e o antigo mercado de cotas. O mecanismo de leilão é
utilizado para que os agentes do setor elétrico possam ter uma ideia do preço da energia
elétrica, no caso de sua aplicação em mercados, ou do preço de concessões, no caso dos
leilões de empreendimentos, sendo um mecanismo justo e eficiente de fixação de preços.
1 Introdução
valiosa base de teste para a teoria econômica, especialmente para a teoria dos jogos com
informação incompleta. A teoria dos leilões tem sido importante no entendimento de outros
métodos de formação de preço, em sua maioria com preços fixados e negociações nas quais o
comprador e o vendedor estão envolvidos na determinação do preço. Existe uma estreita
ligação entre leilões e mercados competitivos.
Vale destacar que os leilões são entendidos como instrumentos dinâmicos e eficientes,
utilizados na comercialização de bens em mercados complexos, principalmente, quando não
existe uma referência de preço estável.
O problema de pesquisa que se coloca é: Os leilões de energia são essenciais na
reformulação do sistema elétrico brasileiro? Sem a existência dos leilões de energia seria
possível equilibrar a oferta e a demanda de consumo de energia sem afetar diretamente o
preço final? Quais os principais mecanismos da teoria dos leilões aplicados ao setor elétrico?
Como objetivo geral tem-se então: analisar a relação entre a chamada teoria dos leilões
e a abertura do setor elétrico brasileiro a privatizações a partir do novo marco regulatório
setorial. Os específicos são: (i) Identificar as metodologias da teoria dos jogos aplicados em
leilões de energia elétrica; (ii) Analisar os vários tipos de leilões usando uma abordagem de
teoria dos jogos (iii), estudar a importância da utilização dos leilões de energia para expansão
de geração elétrica.
O trabalho se justifica, pois, parte de uma análise de um setor de grande relevância
para sociedade brasileira, assim como um estudo sobre como a teoria dos leilões que
atualmente é a principal forma de contratação de energia no Brasil garante a expansão do
setor ao menor custo possível.
2 Referencial Teórico
Este capítulo visa apresentar o panorama da estrutura do setor elétrico brasileiro com
foco nos modelos de comercialização de energia elétrica e expor os principais tópicos da teria
dos leilões, quais seja: teoria, tipos de leilões, estratégias e aplicações do leilão no setor
elétrico.
Competitive Sealed Tenders, quem desenvolveu caracteres de teoria dos jogos na dinâmica da
teoria dos leilões. Esta, apresenta sua atualidade, tendo sido, novamente, colocada em pauta
com a premiação de Paul Milgrom (1987) e Robert Wilson (1987) com o prêmio Nobel em
Economia em 2020. Por mais que não seja uma ferramenta recente, uma grande variedade e
quantidade de bens, serviços e instrumentos financeiros são comercializados por meio de
leilões. (KLEMPERER, 2004, p. 15).
Sob a ótica da teoria econômica, os leilões podem ser entendidos por um jogo de
assimetria de informações, no qual os participantes não sabem exatamente, qual foi a
avaliação feita pelos demais sobre ao objeto leiloado, não conhecendo, a quantidade de
recursos que cada um está disposto a ofertar, ou arrecadar, dependendo do posicionamento,
para se sair vitorioso da disputa. (FIANI, 2015, p. 296).
Na visão das ciências econômicas, uma licitação, utilizada para a escolha de uma
instituição, junto à qual, o Estado celebra uma concessão, nada mais seria do que uma espécie
de leilão reverso. No caso, trata-se de um processo em que o Estado estabelece o objeto que
demanda e, após determinar as regras do leilão, recebe ofertas de entidades privadas para o
fornecimento de tal objeto, devendo escolher a proposta que mais lhe agrade. (FIUZA;
MEDEIROS, 2015, p. 31).
Diferente do leilão tradicional, aquele que promove o leilão reverso, no caso, o Estado
na figura da Administração Pública, não está oferecendo um bem ao mercado, mas, em
sentido oposto, se propõe a receber propostas deste para que tenha o objeto demandado
fornecido por outros agentes econômicos. As conclusões próprias da teoria dos leilões devem
ser interpretadas com a inversão da regra de preços (SILVA, 2017, p. 11). Ou seja, os
resultados de maior receita (ou de maior preço) na teoria dos leilões equivalem ao menor
custo (ou menor preço) nas licitações.
Quando aplicado aos processos licitatórios, um dos mais relevantes e fundamentais
resultados da teoria dos leilões, é o chamado teorema da equivalência das receitas.
Observadas as condições ideais, o leiloeiro tende a obter o mesmo retorno por meio da
utilização de diferentes tipos de leilões. Por meio dessa teoria, tem-se que, em determinadas
circunstâncias, um modelo de leilão traz resultados melhores do que outros. (WEISHAAR,
2013, p. 42).
fechamento (primeiro ou segundo preço). Destaca-se que é usual que regras sejam inseridas,
como preço de reserva, tempo máximo para realização do lance e taxa de participação.
(CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p. 711).
2.2.1.1 Natureza
São três os tipos de leilões baseados na posição dos participantes: (i) o leilão duplo;
(ii) o leilão de oferta; e (iii) o leilão de demanda (CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p.
711-712).
No leilão duplo os vendedores fazem lances de ofertas e os compradores fazem lances
de demanda paralelamente. O preço de liquidação é definido no intervalo entre os lances de
oferta e demanda, quando o lance de oferta for inferior ao lance de demanda
(DEKRAJANGPETCH e SHEBLÉ 2000).
No leilão de oferta os vendedores ofertam um bem que o leiloeiro pretende adquirir
pelo menor preço. Neste tipo, o leiloeiro pode fixar um preço de reserva acima do qual o bem
ou serviço não é adquirido e vence o participante que fizer o melhor lance de oferta, no caso,
o menor. (CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p. 712).
Já no leilão de demanda, os compradores podem efetuar lances, demandando por um
bem ou serviço que o leiloeiro pretende vender. O leiloeiro pode fixar um preço de reserva
abaixo do qual o bem ou serviço não é vendido, vence o participante que fizer o lance mais
alto, desde que seu lance seja maior do que o preço de reserva. (CORREIA; LANZOTTI;
SILVA, 2003, p. 712).
Forma
São dois os tipos de leilões baseados na revelação de preços: (i) o leilão aberto (ou
inglês); e o (ii) leilão fechado (holandês). (KLEMPERER, 2004, p. 11).
O leilão aberto (ou inglês), caracteriza-se por lances sucessivos, nos quais os agentes
fazem lances com valores crescentes, até o lance mais alto, que é o lance comprador, desde
que o preço de reserva tenha sido atendido. Este leilão permite que o valor de oportunidade de
cada participante seja confrontado com os demais. Já no leilão fechado (holandês), os lances
são apresentados simultaneamente ao leiloeiro em envelopes fechados. Sai vitorioso o agente
que fizer o melhor lance, com a condição de que o preço de reserva tenha sido alcançado.
Exige-se que cada participante faça um lance, considerando exclusivamente, seu valor de
oportunidade, pois ele só terá conhecimento dos demais lances quando o leilão estiver
finalizado. (CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p. 713).
2.2.2 Estratégias
As estratégias adotadas em um leilão baseiam-se no comportamento racional de cada
agente na escolha de seu lance, considerando sua expectativa acerca dos demais lances.
(CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p. 713).
O lance ótimo é composto do custo marginal somado ao markup, que depende do
custo marginal e da probabilidade de ganhar o leilão com um lance acima do custo marginal e
do número de participantes. (CORREIA; LANZOTTI; SILVA, 2003, p. 714).
Estratégia do leiloeiro
A ordem de eficiência dos leilões pode ser organizada da seguinte forma: Leilão Inglês
ascendente, de segundo-preço (Vickrey), Holandês descendente e fechado de primeiro-preço.
Essa ordem reforça a melhor estratégia, que é revelar todas as informações sobre o bem, uma
vez que assimetria entre os agentes pode gerar lances menos agressivos (REYNOLDS, 2001).
Estratégia do agente
A estratégias dos agentes envolvidos depende do tipo de leilão que está sendo
realizado. No leilão inglês ascendente a estratégia é dar lances pouco maior ao valor mais alto
e parar quando os lances tiverem alcançado seu valor de oportunidade. Esta estratégia é ótima,
pois o agente sempre negociará o bem enquanto seu preço for menor que o seu valor
estimado. A vantagem do leilão inglês é que o agente adquire informações a cada lance,
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permitindo que o mesmo avalie o valor de oportunidade e a estratégia dos outros participantes
durante o leilão.
No leilão Vickrey a estratégia dominante é dar um lance igual ao valor de
oportunidade, já que o agente pode perder o leilão dando um lance inferior. Dando um lance
superior ao seu valor de oportunidade, o agente pode sofrer a maldição do ganhador. Já no no
leilão Holandês descendente e no leilão fechado de primeiro-preço a estratégia é dar um lance
igual ao valor de oportunidade do bem, uma vez que o agente não possui informação dos
lances e consequentemente das estratégias de seus concorrentes.
3 Metodologia
Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foi conduzida uma revisão da literatura
acerca do domínio do problema vigente, ou seja, sobre o tema Teoria dos leilões e o mercado
de energia elétrica no Brasil, traça-se a trajetória do mercado de energia elétrica no Brasil, a
partir de 1990, com a abertura a privatizações e criação da Agência Nacional de Energia
Elétrica, até a escassez observada no início dos anos 2000. A partir de 2003, tem-se aprovação
de um modelo regulatório híbrido, que se pretende um meio termo entre a atuação privada e
estatal sobre o setor.
Logo após, é abordado a teoria dos leilões, um método utilizado para alocação de
recursos a partir da competição entre os agentes econômicos, por meio da qual vendedores e
compradores buscam obter o maior benefício possível. A partir daí, descreve-se seus tipos e
estratégias por meio de revisão da literatura econômica.
Finalmente, o ponto principal das atividades de pesquisa, a análise da aplicação da
metodologia da teoria dos leilões ao modelo de privatizações sobre o setor de energia elétrica,
observado o cenário do mercado de energia elétrica no Brasil.
Como parte das atividades de pesquisa serão apresentados, neste trabalho, a conclusão,
cuida-se ao máximo das remissões às seções anteriores para finalização deste trabalho a partir
da retomada dos pontos discutidos, com a exposição dos resultados obtidos, bem como com a
resolução do objetivo principal a ser perseguido.
4 Conclusão
Referências
CORREIA, P. B.; LANZOTTI, C. R.; SILVA, A. J. Teoria dos Leilões: Formulações e
Aplicações no Setor Elétrico. In: Anais do II Congresso de Inovação Tecnológica em
Energia Elétrica. CITENEL. 2003. p. 711-715.
FIANI, Ronaldo. Teoria dos Jogos. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
FIUZA, Eduardo Pedral Sampaio; MEDEIROS, Bernardo Abreu de. A agenda perdida das
compras públicas: rumo a uma reforma abrangente da lei de licitações e do arcabouço
institucional. Texto para discussão/Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Brasília: Rio
de Janeiro: Ipea, 2015.
KLEMPERER, Paul. Auctions: Theory and Practice. Princeton: Princeton University Press,
2004.
MATOSO, Flávia. Teoria dos Leilões: uma abordagem para a promoção da defesa e da
advocacia da concorrência, V Prêmio SEAE – Defesa da Concorrência e Regulação
Econômica, 2010, p. 475-476. Disponível em:
<http://www.seae.fazenda.gov.br/premio-seae/edicoes-anteriores/edicao-2010/v- premio-
seae2010/Estudantes_2_lugar_Flavia_Diagramado.pdf>.