Discorra sobre o Plano Trienal, a partir dos seus objetivos, dificuldades e críticas.
Durante o governo parlamentarista que se instaurou com a renúncia de Jânio Quadros
em 1961, João Goulart lança, por meio de liderança de Celso Furtado o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele foi lançado, pela ocorrência da queda do crescimento da economia do Brasil, bem como o agravamento do quadro inflacionário. Os seus objetivos mais gerais, lançados em 1962 eram: conciliar crescimento econômico, com reformas sociais e o combate à inflação. Os objetivos específicos do plano eram: (1) garantir a taxa de crescimento do PIB a 7% ao ano, próximo a média dos anos anteriores; (2) reduzir a taxa de inflação para 25% em 1963, visando alcançar 10% em 1965; (3) garantir um crescimento real dos salários à mesma taxa do aumento da produtividade; (4) realizar a reforma agrária como solução não só para a crise social como para elevar o consumo de diversos ramos industriais; e (5) renegociar a dívida externa para diminuir a pressão do seu serviço sobre o balanço de pagamentos. São objetivos bastante utópicos, contraditórios, como você quer crescer em 7% o PIB e combater a inflação, e ao mesmo tempo, aumentar o salário real. Era mais um plano político, no plano econômico era inviável. Na racionalidade econômica, em verdade, deveria se reduzir a inflação e o déficit público, isso era correto no ponto de vista racional. Mas ele tinha tido o apoio popular no plebiscito ele teve que assumir um plano que agradasse, principalmente às massas. Então Furtado mostra que tinha que aumentar os salários, reforma agrária, que teve um pequeno desenvolvimento com o “Estatuto da Terra”. Até hoje, ainda é ujm divisor de águas na distribuição agrária do Brasil. Queriam negociar a dívida externa, sem muitas mudanças. Então tinha práticas ortodoxas, mas também liberais de crescimento. Uma diferença do Plano Trienal, ele não foi um plano de choque, um tratamento de choque, ele foi um plano “gradualista”, isso foi fundamental para se conseguir estabilizar, e promover, no momento seguinte reformas estruturais. Com relação a inflação, Furtado a diagnosticava como consequência do excesso de demanda, causado pelo déficit público. Para combater a inflação, propunha políticas ortodoxas: a correção de preços públicos defasados, o realismo cambial, corte de despesas, controle da expansão do crédito ao setor privado e aumento do compulsório sobre depósitos a vista. (receita) Medidas de caráter ortodoxos, dentro de políticas monetárias e fiscais recessivas. Reduzir então, a emissão de moeda e a concessão do crédito privado. Na reforma fiscal seria o corte de despesas governamental. O que é contrário ao âmbito do plano, que queria aumentar investimentos, tentar igualar as distribuições regionais. Iria então, combater a inflação de forma gradual e ao mesmo tempo reverter os investimentos. Porém, eles precisavam de empréstimos dos Estados Unidos, mas não deram certo. Seria um fator conjuntural, como a crise inflacionária, deterioração dos bancos públicos e dívidas externa. Não havia, porém uma política compatível com o FMI, política liberais, ortodoxas, recessivas. O Goulart tinha conexões comunistas, era defensor dos sindicais, do salário mínimo. Com os Estados Unidos, então, houve esse desfavorecimento. O Goulart aumentou o salário mínimo, isso significava então, mais despesas. O problema como maior demanda, com o maior salário, aumenta a inflação. Houve uma incompatibilidade nesse sentido. Sua estratégia de desenvolvimento, se encaixava na tradição cepalina. Furtado acreditava que a crise pela qual passava o Brasil, era uma crise de desenvolvimento, que só poderia ser revertida com o aprofundamento do próprio modelo, com o aumento do mercado interno por meio da reforma agrária e outras políticas de redistribuição de renda. *A solução que o Plano Trienal ofertava era: correção dos preços defasados, redução do déficit público e controle de expansão do crédito ao setor privado. Além disso, houve a abolição dos subsídios do petróleo e do trigo, ocasionando um aumento do preço dos produtos, reajuste nas tarifas de transporte urbano, estabelecimento de limites nominais de expansão de crédito ao setor privado e o aumento do depósito compulsório dos bancos comerciais. Dantas, responsável por viajar aos Estados Unidos, para tentar negociar o reescalonamento da dívida externa e investimentos no Brasil, não rendeu bons frutos, visto ao problema gerado pelas políticas de remessa de lucros do capital estrangeiro no Brasil. No final, não houve nem investimentos, nem renegociação da dívida externa. Além disso, a política externa independente do Brasil (Cuba, descolonização, União Soviética), dificultava a relação do Brasil com os Estados Unidos e os países a Europa. Além disso, o pedido de ajuda ao FMI também foi negado, mostrando que o programa de estabilização do Brasil havia, novamente falhado. Outro fator que pode ser considerado como uma dificuldade do Plano Trienal, em seu estabelecimento, foi a constante oposição entre os de esquerda e os conservadores, principalmente pois os últimos eram maioria no Congresso e não aceitavam abertamente as ideias do Presidente Jango. Houve a diminuição dos investimentos estrangeiros do Brasil. O que afetou, principalmente, o desempenho dos gêneros industriais que dependiam do crédito, em especial, os produtores de bens de consumo durável. Pela falta de liquidez. Insatisfação política com o Jango no poder, principalmente os militares. O legado eu JK deixa a partir de seus Planos de Metas, não conseguem ser resolvidos nesse momento de transição, foram questões macroeconômicas que se deterioravam com o passar do tempo. João Goulart abandona a ortodoxia econômica por causa: do fracasso da missão de Dantas, às críticas a mesma da opinião pública e também, as medidas contracionistas do Plano Trienal. Desta forma, ele irá substituir a equipe do plano trienal do ministério, e a partir daquele momento há: o descontrole das contas públicas, permanência do déficit da balança de pagamentos, forte desaceleração econômica, perda de dinamismo do PSI. Interpretações que mostram uma relação causal entre o Plano Trienal e a recessão de 1963: Wells – diz que a recessão de 1963, provém do programa de estabilização. As interpretações mostram que: houve uma perda de dinamismo do PSI, com significativo aumento da relação marginal capital-produto à medida que este afetava novos gêneros industriais, e as flutuações de investimento naturalmente associadas a instalação de plantas com escalas de produção muito além do tamanho de mercados, durante o Plano de Metas, principalmente os bens de capital, pelo fato da contração dos gastos públicos. Outras interpretações, mostram: a possível incompatibilidade entre a demanda associada a perfis específicos de distribuição de renda e a oferta dos gêneros industriais instalados mais recentemente. Serra e Sochaczewski, tentam voltar para as questões estruturais da desaceleração. Críticas ao Plano Trienal, visto que Futado e Dantas acreditavam que o controle inflacionário dependia da redução do salário real. Os argumentos de Wells, sobre: o impacto da diminuição de liquidez sobre a indústria produtora de bens de consumo duráveis, que agravou as consequências da contração de gastos públicos como causa imediata da recessão, são válidos. Algumas interpretações são dificilmente aceitas, como: a associação da recessão à aceleração inflacionária ou a deterioração do quadro político. Além daquela que enfatiza a importância das restrições externa como proposto por Leff (1968). O Plano não dá certo pelo fato do aumento do salário, não havendo aumento dos salários, além da não ajuda dos Estados Unidos. Havia ainda despesas com investimentos necessários, que provinham de antes do Plano de Metas, isso então, vai jogando mais combustível. Por outro lado, alguns cortes que se teve em novos investimentos e cortes que tivemos na contenção do crédito, isso afetou o nível futuro de investimento privado e público, o que compromete crescimento da economia. As econômias recessivas tiveram um efeito, mas ela afeta o crescimento da economia. Havia então insatisfação do público, principalmente dos seus oponentes, os militares. Agora se tinha todos os elementos para que o golpe, realmente ocorresse. O que o Goulart, faz uma troca ministerial, tirando o Celso Furtado, depois que o Plano deu Certo, ele parou com as medidas recessivas, e começou a se pautar em planos estruturais, como por exemplo, a Reforma Agrária (era um tapa na cara dos militares); novo reajuste do salário mínimo, acima da produtividade, volta com os subsídios do trigo e do petróleo, há uma reversão em cima de medidas mais populistas, mas é um “tiro de misericórdia” que não dá certo. Mais um ingrediente para os militares criarem corpo. O Goulart sai e Castelo Branco assumo, com: inflação altíssima, contas externas e públicas deterioradas, sem negociação externa, altíssimas despesas governamentais, como os salários e outras, e uma economia que estava dando sinais de pouquíssimo investimento, como por exemplo, em 1963, o PIB cresceu 0,3%.