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movimentos sociais? Porque a luta pela anistia passa a ser uma luta pelos DH?
É sugerido que o motivo para seu centralismo no período tenha ocorrido pela
participação de um grande número de indivíduos que viram nos direitos humanos
uma forma de expressar seu desejo de um mundo melhor e, acima de tudo,
movimentos sociais os adotaram como lema pela primeira vez. Os indivíduos
começam a ganhar um espaço fundamental nesta luta, mostrando que não será uma
questão decidida apenas por meio do aparato estatal e sim pela opinião pública que se
estabelece em sua transnacionalidade por diferentes motivos conforme o contexto dos
acontecimentos, como por exemplo: solidariedade, crenças religiosas ou liberalismo
internacional.
Isto afeta o sistema internacional como um todo, pois influencia uma mudança
na tradicional noção de soberania dos países. Sendo os Estados os principais atores do
âmbito global, fazem da luta a favor dos direitos humanos abrangente, com a
participação de ONGs, OIs, fundações privadas, que passarão a ter papeis
fundamentais nos movimentos que dizem respeito à segurança e integridade dos
indivíduos.
Mais tarde, suas táticas inovadoras foram adotadas por outros membros de
redes possibilitando o aumento de sua habilidade, importância e ressonância dos
Direitos Humanos perante o público. Isso promoveu cada vez mais a atração de um
suporte com maior abrangência em escala mundial por possibilitar que a pessoas
ganhassem uma maior consciência sobre os direitos humanos e sua seguridade
necessária.
Muitos ativistas latinos começaram a fazer parte da rede dos direitos humanos
como resultado das experiências obtidas em frente aos regimes militares da região,
como exemplo temos a Argentina com organizações como as “Grandmothers of Plaza de
Mayo”e“Mothers of Plaza de Mayo”.Pode-se notar a concretização da transnacionalidade
da primeira com suas viagens à Europa, Estados Unidos e Canadá denunciando as
violações na Argentina em procura de solidariedade internacional, assistência científica
para a resposta de algumas questões entre outros.
Porém foi com Manifesto da Mulher Brasileira pelo Movimento Feminista pela
Anistia (MFPA), primeiro em São Paulo e depois com uma irradiação para todo o
Brasil e o mundo através dos Comitês Brasileiros de Anistia, que começou-se
fortemente com as movimentações contra a situação repressiva do Estado, com a busca
da memória dos desaparecidos, ou a defesa de familiares presos e exilados (Greco,
p.66-69).
Apenas através das OIs, principalmente pelas ONGs que os governos começam
a se voltar aos Direitos Humanos em vista da pressão causada por elas e pelas redes
transnacionais que estas foram e são capazes de construir. Todavia, esta ligação para se
tornar estável irá depender dos governantes presentes no aparato estatal e do contexto
ao redor da política interna e externa do país no momento em que ocorrem as
violações.
Referências:
MOYN, Samuel. The last utopia: human rights in history. The Belknap Press of
Harvard University Press: Cambridge, 2010.