Você está na página 1de 23

1

AUDITORIA DE ESTOQUE: INSTRUMENTO DE CONTROLE E


GESTÃO ADOTADO POR UMA LOJA DEPARTAMENTO

VANDERLEI CARLOS CANCELIER JÚNIOR 1


2
MATHEUS HENRIQUE ALVES DA COSTA

RESUMO

Trata-se de um estudo sobre auditoria interna de estoque como instrumento de controle e


gestão em uma loja de departamento situada na cidade de Barreiras-BA. Cabe ressaltar que
o bom controle do estoque é essencial para uma empresa, pois contribui para a lucratividade
da mesma. Desse modo, o objetivo desse estudo é conhecer os impactos e contribuições da
auditoria interna de estoque utilizada em uma loja de departamentos como ferramenta de
controle de estoque. Esse trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa exploratória,
bibliográfica e estudo de caso, com análise qualitativa dos dados, utilizando-se como
instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada, realizada com o gerente de
uma loja de departamentos situada na cidade de Barreiras-BA. Os dados coletados,
mostraram que a auditoria interna de estoque é uma ferramenta eficiente que garante custo
benefício e qualidade na logística, pois reduz falhas, perdas e custos para a empresa. Por fim,
este estudo traz contribuições para a formação pessoal e acadêmica dos pesquisadores
envolvidos, bem como, para a sociedade local/regional e para a comunidade acadêmica. A
auditoria de estoque traz contribuições e impactos para a empresa pesquisa, dentre as
contribuições pode-se citar o custo benefício, maior segurança, pois evita perdas, mantém o
estoque, as fichas e os inventários atualizados, poupa tempo e energia humana e elétrica;
dentre os impactos foram citados pelo gerente da empresa que a auditoria gera uma melhor
qualidade na logística, evita compras em excesso e ocupação desnecessária de espaço no
estoque.

Palavras-chaves: Contabilidade; Auditoria interna; Controle de estoque.

1
Auxiliar Administrativo, Estudante do curso Bacharel em Ciências Contábeis, Centro Universitário
São Francisco de Barreiras (UNIFASB), Bahia (matheusjony@hotmail.com)
2
Auxiliar Administrativo, Estudante do curso Bacharel em Ciências Contábeis, Centro Universitário
São Francisco de Barreiras (UNIFASB), Barreiras, Bahia (vanderleicarlos926@gmail.com)
2

INTRODUÇÃO

A auditoria interna é o exame minucioso do controle interno e das


demonstrações financeiras e patrimoniais da empresa. Ela contribui para que os
recursos da empresa sejam utilizados de forma eficiente e eficaz. Revela os números
e resultados, bem como a situação financeira e econômica da empresa.
A auditoria interna de estoque compreende os bens destinados à fabricação ou
à venda, com o intuito de obter lucros para a empresa. Desse modo, a auditoria interna
de estoque, possui como principais objetivos: levantar o estoque, que pode estar na
empresa ou, em domínio de terceiros; observar se os princípios de contabilidade
foram aplicados corretamente; verificar a existência de estoques penhorados ou
fornecidos em garantia; investigar se as demonstrações estão classificadas
corretamente e se as notas explicativas foram devidamente divulgadas.
Diante disso, pode-se afirmar que um bom controle de estoque acompanhado
do monitoramento sistemático da sua movimentação são atividades indispensáveis
que contribuem para a competitividade e lucratividade da empresa; no entanto, o custo
do controle de estoque não poderá exceder os benefícios que ele possa proporcionar.
Em resumo a auditoria interna de estoque, tem o papel de otimizar o
investimento em estoques, aumentar o uso eficiente dos meios internos de uma
empresa, e dessa forma minimizar as necessidades de capital investido em estoque.
Nesse contexto, a auditoria de estoques é uma ferramenta que exerce um papel
fundamental na verificação de irregularidades. Diante disso, depreende-se conhecer:
Quais as contribuições da auditoria interna de estoque utilizados como instrumento de
controle e gestão em uma loja de departamento situada na cidade de Barreiras-BA?
Esse trabalho teve como objetivo geral, conhecer as contribuições da auditoria
interna de estoque utilizados em uma loja de departamentos como instrumento de
controle e gestão de estoque. E como objetivos específicos: 1) relatar os
procedimentos e técnicas de controle de estoque recomendados pela auditoria de
estoques da empresa; 2) identificar as práticas atuais de controle de estoque junto a
loja de departamentos pesquisada; e 3) descrever as contribuições da utilização da
auditoria de estoques e os impactos decorridos dela.
3

Para isso, foi realizado um estudo com método indutivo, através da exploração
bibliográfica e estudo de caso, com análise qualitativa dos dados, mediante realização
de entrevista com perguntas estruturas e amostra intencional.
A população da pesquisa é composta por apenas um componente, o gerente
da loja de departamento. E a amostra representa cem por cento da população.
O bom controle do estoque é essencial para uma empresa, pois colabora para
a lucratividade da mesma, por isso, a auditoria de estoque, precisa receber atenção
do auditor fiscal contábil, uma vez que é através dela, que são avaliados os registros
em relação a situação patrimonial da empresa em determinada data, bem como suas
variações em determinado período analisado. Dados como os do presente estudo
podem trazer contribuições para o meio acadêmico e empresarial, bem como para a
sociedade. Consiste na apresentação das razões de ordem teórica e/ ou prática que
justificam a realização da pesquisa. Nos campos intelectual/científica/social, essa
pesquisa se tornou relevante, pois levanta informações fidedignas, inclusive dados
contábeis mais precisos e confiáveis que os auxiliem as empresas em suas tomadas
de decisões. Na prática, o controle interno de estoque contribui para redução de
fraudes e erros. Para a comunidade, garante qualidade do produto e menor preço.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico trará uma abordagem bibliográfica sobre auditoria,


apresenta o histórico da contabilidade desde a pré-história até o período colonial,
partindo para uma discussão sobre a auditoria com ênfase na auditoria de estoque.
Em seguida serão abordados a metodologia empregada na pesquisa e a
análise e discussão dos dados coletados, afim de ter embasamento para tecer as
considerações finais sobre a pesquisa executada.

1.1 História da Contabilidade: da pré-história ao período Colonial

Segundo Martins (2001), a contabilidade já era utilizada pela humanidade como


ferramenta de controle do crescimento patrimonial, mesmo sem o desenvolvimento
4

da escrita. Podemos dizer que as pedras e as fichas de barro eram formas utilizadas
para se fazer o registro contábil.
Através do desenvolvimento da escrita pictográfica (3100 a.C) e alfabética
(1100 A.C) foi possível conhecer a história da contabilidade. No Egito há 2000 A.C já
se utiliza livros e documentos comerciais (MARTINS, 2001).
Já na fase moderna da contabilidade, entre os séculos XII e XIII, a Europa, que
passou a ocupar uma posição centralizadora, criou mecanismos de gerenciamento de
negócios, diante disso surge o Sistema das Partidas Dobradas (MARTINS, 2001).
Segue abaixo um quadro com a história da contabilidade no Brasil.

Quadro 1. História da contabilidade no Brasil.


Período Acontecimento
1530 A da contabilidade teve início na época colonial, diante da necessidade de
controles contábeis para o desenvolvimento das alfandegas. Ao criar os
armazéns alfandegários Portugal, nomeou Gaspar Lamego como o primeiro
contador das terras do Brasil
1679 Foi criada a Casa dos Contos, que tinha a incumbência de fiscalizar as receitas
e despesas do Brasil.
1808 Com a chegada da Família Real ao Brasil passou a comercializar produtos
para outros países; houve também a criação do Banco do Brasil, que fechou
no ano seguinte, em função do déficit nos cofres públicos; criação da Imprensa
Régia, com a publicação de jornais e também o Museu Nacional. Devido ao
aumento dos gastos nas contas públicas foi criado o Enário Régio, órgão
controlador das contas e receitas do Estado.
1809 O Brasil começou a utilizar a escrituração e relatórios contábeis, realizados por
profissionais que fizessem aulas de comércio, tendo como primeiro professor
de contabilidade o Sr. José Antônio Lisboa, conhecido como Visconde de
Cairu.
1850 Foi estabelecido o Código Comercial Brasileiro, regulamentador dos
procedimentos contábeis, o qual impôs aos comércios fazer a escrituração dos
livros e apresentar os fatos patrimoniais.
1869 Foi criado a Associação dos Guarda Livros da Corte, constituída de
profissionais da contabilidade que tinha o dever de elaborar contratos e
distratos, controlar a entrada e saída de dinheiro, através de pagamentos e
recebimentos, criar correspondências e fazer toda a escrituração mercantil
Fonte: Reis e Da Silva, 2008.

A contabilidade pode ser considerada uma ciência, que utiliza um sistema de


informação e avaliação complexo, pois tem características científicas, institucionais e
sociais, cujo principal objetivo é dar conta da demanda informacional de seus usuários
internos e externos (IUDÍCIBUS, MARTINS, CARVALHO, 2005).
5

1.2 Auditoria

A auditoria pode ser definida como o levantamento, estudo e avaliação das


transações, operações, procedimentos, rotinas e demonstrações financeiras de uma
empresa (ATTIE, 2010). A auditoria também compreende o exame de livros,
documentos e registros para a inspeção e obtenção de informações e confirmações
internas e externas, relacionadas ao controle patrimonial de determinada empresa
(FRANCO; MARRA, 2001). Desse modo, podemos dizer que a auditoria examina os
registros e demonstrações administrativas, e o papel do auditor é observar a
integridade e autenticidade das informações dos documentos contábeis.
Em relação a história da auditoria, seu surgimento se deu em decorrência do
desenvolvimento dos negócios, que experimentaram mudanças significativas ao
longo dos anos, e procuraram acompanhar a evolução dos tempos e o crescimento
tecnológico. Historicamente, afirma-se que o auditor surgiu na Inglaterra no fim do
século XIII, quando o Imperador Eduardo I, disse que as contas por ele analisadas,
não refletiam a realidade dos fatos, contudo esse seu testemunho foi motivo de
punição. A posteriori, no século XIX, o auditor recebe outro nome, Perito Contador,
que tinham a papel de encontrar erros e fraudes. Só a partir de 1900, com o
desenvolvimento do Capitalismo, que a profissão de auditor tomou maior notoriedade,
pois as organizações foram obrigadas implicitamente a aprimorar seus produtos para
competir com o mercado. É aí que nasce a auditoria, como técnica para apuração da
fidedignidade das demonstrações financeiras, o que proporcionou a segurança na
tomada de decisões (CORDEIRO, 2013).
Não existem pesquisas que indicam o surgimento da auditoria no Brasil, o que
se sabe é que ela tem origem inglesa. Segundo Perez Junior (2004) e Attie (2010)
apud Cordeiro (2013), o primeiro parecer de auditoria foi publicado em 1903. Assim
as pesquisas conferem o início da Auditoria no Brasil, a abertura de filiais e
subsidiárias de firmas estrangeiras; financiamento de empresas brasileiras por
entidades internacionais; crescimento e diversificação das atividades econômicas das
empresas brasileiras; e a evolução do mercado de capitais.
Observe na figura 1, a linha do tempo, com os fatos mais importantes da história
da auditoria no mundo e no Brasil.
6

Segundo Cordeiro (2013), existem dois tipos de auditoria, a externa e a interna.


A auditoria externa refere-se a trabalhos executados por auditores independentes, são
profissionais sem vínculo empregatício com a empresa, e que tem como principal
objetivo as demonstrações contábeis. Já a auditoria interna refere-se a trabalhos
executados por auditores internos, profissionais que possuem vínculo empregatício
com a empresa, dessa forma, possuem mais tempo para se dedicar as atividades de
revisão dos processos, e avaliar as operações contábeis, financeiras dentre outras.

Figura 1. Linha do tempo sobre a Auditoria contábil, no mundo e no Brasil.

Fonte: Rosário, 2010.

1.3 Auditoria de Estoque

A auditoria de estoque está baseada na Deliberação CVM nº 575 de 05 de


junho de 2009, com a aprovação do pronunciamento técnico CPC 16 do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis que versa sobre estoques (GIACOMELLI, 2014).
Segundo Attie (2010) e Franco e Marra (2001) os objetivos da auditoria de
estoque são:
Quadro 2. Objetivos da auditoria interna de estoque.
Autor Objetivos
Franco e  Assegurar-se de que os estoques existem fisicamente e são de
Marra (2001) propriedade da empresa auditada;
7

 Determinar se os estoques são apropriados para sua finalidade e se tem


condições de realização, ou seja, verificar se existem obsolescências,
defeitos, má conservação etc.;
 Examinar os critérios de avaliação e a adequação desses critérios, tendo
em vista os princípios fundamentais de contabilidade e a correção dos
cálculos.
Attie (2010)  Determinar a eventualidade da existência de ônus pesando sobre os
estoques ou parte deles, e qual a natureza do ônus;
 Determinar se estão corretamente classificados no balanço patrimonial
e se as divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas.
Fonte: Attie (2010) e Franco; Marra (2001).

Attie (2010), traz outra discussão, em relação aos procedimentos que devem
ser realizados durante a auditoria:

 Exame físico – sendo a contagem de estoque de matérias-primas e


materiais em consignação ou com terceiros;
 Confirmação de estoque – que consiste em confirmar o estoque com
terceiros, de terceiros e em consignação;
 Exame documental – análise das notas fiscais por compra e pagamentos,
de contratos de compra e venda, da apropriação de matérias primas e de mão de
obra, de atas e assembleias.
 Cálculos – soma do estoque, quantidades pelo preço da unidade, valor
dos impostos e valor das despesas gerais;
 Escrituração – análise da conta e razão dos produtos acabados, de
importações em trânsito, das ordens de fabricação e follow-up das contagens físicas;
 Investigação – análise detalhada dos documentos de compra, de ordens
de fabricação em aberto, do registro perpétuo, do cut-off de compras e vendas;
 Inquérito – analise da variação de saldo de estoque e da existência de
produtos morosos ou obsoletos;
 Registros auxiliares – análise do registro perpétuo de estoques e das
ordens de produção/fabricação;
 Correlação – análise do relacionamento das vendas com a baixa de
estoques e das compras com os fornecedores;
 Observação - classificar adequadamente as compras, observando os
princípios da contabilidade e os estoques morosos ou obsoletos.
8

Segundo Crepaldi e Crepaldi (2016), a observação do estoque é considerada


um procedimento aceito pelas normas de Auditoria, ele ajuda os auditores a atingirem
determinados objetivos, principalmente no que concerne a propriedade, quantidades,
existência real e possibilidade de venda. Esta observação do estoque, quando bem-
feita, possibilita ao auditor a certeza de características físicas, qualitativas e
quantitativas dos estoques. Assim, para controle interno do estoque, alguns
procedimentos devem ser executados.
No estoque, deve-se obter uma lista de bens e determinar-se (CREPALDI;
CREPALDI, 2016. P. 661), ver quadro abaixo:

a) o total está em conformidade com o saldo do balancete; e


b) a lista baseia-se na contagem física do estoque.
• Indagar sobre o método para realizar a contagem do estoque.
• Caso a contagem física não tenha sido realizada até a data do balanço, indagar se:
a) o sistema permanente de estoque é utilizado e se são feitas comparações
periódicas com as quantidades reais em estoque; e
b) o sistema de custo integrado é utilizado e se, historicamente, ele tem
disponibilizado informações confiáveis.
• Discutir ajustes realizados resultantes da última contagem física do estoque.
• Indagar sobre os procedimentos aplicados para controlar o corte e quaisquer
movimentações no estoque.
• Indagar sobre a base utilizada para avaliar cada categoria do estoque e, em particular,
em relação à eliminação de lucros entre entidades do mesmo grupo.
• Indagar se o estoque é avaliado pelo menor valor entre o custo e o valor líquido de
realização.
• Considerar a consistência com a qual os métodos de avaliação de estoque foram
aplicados, incluindo fatores, tais como material, mão de obra e gastos gerais.
• Comparar os valores das principais categorias do estoque com os valores dos períodos
anteriores e com os que foram previstos para o período corrente. Indagar sobre as
principais variações e diferenças.
• Comparar a movimentação do estoque com a dos períodos anteriores.
• Indagar sobre o método utilizado para identificar estoque de giro lento e obsoleto e se
esse estoque foi registrado pelo valor líquido de realização.
• Indagar se algum estoque foi consignado à entidade e, caso tenha sido, se foram feitos
ajustes para excluir essas mercadorias do estoque da entidade.
• Indagar se algum estoque foi dado como garantia, ou armazenado em outros locais ou foi
dado em consignação a outras partes, além de considerar se essas transações foram
registradas de forma adequada.
Fonte: CREPALDI; CREPALDI, 2016.

Segundo Martins (2004), o auditor deverá considerar três pontos fundamentais


para a auditoria de estoque, dos quais, vale citar: conhecer bem a área auditada,
através do Manual de procedimentos, ou fazer perguntas aos responsáveis pelo setor,
se necessário com uso de questionário; a partir de tais informações, deverá elaborar
9

um programa, estudá-lo e analisá-lo para possíveis modificações; aplicar testes de


acordo foi estabelecido no programa e elaborar suas conclusões quando se sentir
seguro, através de uma opinião bem fundamentada.
O auditor, primeiramente aplica um questionário de controle interno, para
verificar a existência desse controle na empresa, as respostas desse questionário
serão analisadas e diante dos resultados serão aplicados os procedimentos de
auditoria (GIACOMELLI, 2014).
Esses procedimentos de auditoria possuem a função de assegurar a existência
dos estoques físicos da empresa, determinar se são apropriados, verificar a existência
de materiais obsoletos, e que estes estejam separados dos materiais correntes, fazer
parte do balanço patrimonial, examinar os critérios de avaliação e adequar esses
critérios aos princípios da contabilidade (SANTOS, 2005).
Segundo Santos (2005), o auditor de estoque, precisa conhecer e entender os
controles internos da empresa, para tomar posições, fazer as adequações de
necessário. Precisa conhecer a confiabilidade desses controles, de modo a
recomendar as melhorias cabíveis para atingir um sistema mais ágil, econômico e
funcional.
O auditor precisa se certificar de que os controles internos são seguidos e
realizados adequadamente. Para tal, o auditor poderá utilizar testes de
procedimentos, que são a possibilidade de elaborar um bom programa de trabalho
para adequado as necessidades do controle interno (SANTOS, 2005).
O controle interno deve ser revisado periodicamente pelo auditor, a fim de obter
a confiabilidade para que possa determinar a extensão do seu trabalho, os
procedimentos que serão utilizados e o tempo necessário para a realização do mesmo
(SANTOS, 2005).
Dentre os cuidados que o auditor precisa levar em consideração ao estoque,
alguns itens merecem destaque, entre eles (ATTIE, 2018), como a contagem física de
estoques; a avaliação dos estoques; a realização dos estoques; e o cut-off de
contabilização.
A contagem física é necessária para assegurar que o registro contábil reflita
com propriedade a existência física. Geralmente essa contagem é responsabilidade
da companhia, e o auditor é responsável pelo acompanhamento e pela observação
(ATTIE, 2018).
10

O auditor deve observar os seguintes aspectos no levantamento dos estoques


(ATTIE, 2018, P. 454), ver quadro abaixo:

a) revisão das instruções de contagens para determinar quais os métodos e critérios


a serem seguidos pela companhia.
b) observação da contagem física quanto à:
• obediência do pessoal participante do inventário quanto às instruções de contagem;
• inclusão de todos os itens de estoque;
• constatação de que os estoques de propriedade de terceiros estão sendo incluídos da
contagem;
• existência de estoques considerados como morosos ou obsoletos, para posterior follow-
up quanto ao tratamento contábil a ser destinado a esses itens; e
• correta emissão de etiquetas dos itens contados fisicamente;
c) execução de testes de contagens para certificar-se da correta apuração dos
estoques;
d) solicitação do pedido de confirmação de estoques em poder de terceiros ou de
terceiros em poder da companhia; e
e) elaboração do cut-off de entradas, saídas e etiquetas.
Fonte: Attie, 2018.

Para avaliação dos estoques o auditor deve apurar se a base que a companhia
utiliza é seguida e aplicada corretamente. Sendo que os critérios de avaliação aceitos
são do preço médio, Fifo e Lifo, e que para efeitos locais, o critério geralmente utilizado
é o do preço médio (ATTIE, 2018, P. 456).
Geralmente, os estoques envolvem as contas de matérias-primas, produtos em
processo, produtos acabados e materiais em trânsito ou importações em andamento.
Para a realização dos estoques, o trabalho de auditoria deve cobrir (ATTIE, 2018, P.
457), ver quadro abaixo:

• observação do inventário físico quanto à existência de itens morosos ou obsoletos;


• revisão dos registros perpétuos quanto à data de movimentação dos itens e obtenção de
explicações para os itens julgados anormais;
• discussão com a gerência da companhia ou pessoal qualificado para a determinação dos
estoques consideráveis como morosos ou obsoletos;
• para as matérias-primas: comparação com os preços de mercado e inclusão das matérias-
primas no consumo da produção subsequente;
• para as matérias-primas: comparação com os preços de mercado e inclusão das matérias-
primas no consumo da produção subsequente;
• para os produtos acabados: comparação com as tabelas de preços vigentes, diminuídos
das despesas para vender e margem de lucro esperada; exame de mercado quanto à
possibilidade de colocação dos produtores; e
• para os produtos em processo: idem aos produtos acabados, incluídos os custos a incorrer
para a elaboração do produto final.
Fonte: Attie, 2018.
11

E por fim, “o cut-off visa identificar a correta contabilização das transações em


seus períodos de competência” (ATTIE, 2018, P. 458).

2 METODOLOGIA

Essa pesquisa possui o método de abordagem indutivo, que segundo Marconi


e Lakatos (2003), é fundamentado na experiência, sem levar em consideração
princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo as generalizações provêm de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à
elaboração de generalizações.
Quanto à natureza, a pesquisa é do tipo aplicada, uma vez que objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos.
Do ponto de vista da abordagem, ele é de origem qualitativa visto que os dados
coletados não poderão ser, mensurados. Em relação aos objetivos, possui caráter
exploratório, pois possui a finalidade de obter mais conhecimento sobre o problema
da pesquisa, para torná-lo claro ou a construir hipóteses.
Quanto ao tipo de análise, a pesquisa é do tipo temática, uma vez que serão
utilizadas frases, parágrafos e sentenças do entrevistado como unidade de análise
(CAMPOS, et al, 2004).
Em relação aos instrumentos e técnicas para a coleta de dados, é do tipo
bibliográfica, e toma como base pesquisas já publicadas, constituído principalmente
de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.
Em resumo, esse trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa
exploratória, com análise qualitativa dos dados.
Como estratégia de pesquisa utilizou-se o estudo de caso, com o objetivo de
entender melhor as práticas de auditoria nos estoques.
O estudo de caso foi realizado em uma filial de uma grande empresa do
segmento de lojas e departamentos situada na cidade de Barreiras-BA, sendo parte
de um grupo de megalojas distribuídas por todo o Brasil. Essa megaloja oferece
produtos nos setores de cama, mesa e banho, utilidades domésticas, decoração,
eletroeletrônicos, televisão e áudio, telefonia e ferramentas, bem como peças de
vestuário.
12

A população da pesquisa corresponde à um único participante, o gerente da


loja de departamentos, situada na cidade de Barreiras, Bahia. E a amostra da
pesquisa foi de 100% (cem por cento), não probabilística por adesão, por
intencionalidade, sendo abordado o gerente da loja de departamentos da cidade de
Barreiras, Bahia.
A coleta de dados foi realizada através de entrevista semiestruturada, guiada
por formulário com 10 perguntas com questões abertas e fechadas, de autoria das
pesquisadoras, a decisão da entrevista ancorou-se em Manzini (2003), quando afirma
que em uma perspectiva histórico-cultural (dialética), esta ferramenta possui
perguntas designadas como explicativas ou causais, com o objetivo de determinar
razões imediatas ou mediatas do fenômeno social, tem como uma de suas
características a utilização de um roteiro previamente elaborado.
Neste aspecto, a entrevista semiestruturada tem como característica
questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam
ao tema da pesquisa, pois os questionamentos dão frutos a novas hipóteses surgidas
a partir das respostas dos informantes e o seu foco principal seria colocado pelo
investigador-entrevistador.
É válido considerar que Rosa e Arnoldi (2008), orientam o uso da entrevista
semiestruturada em casos nos quais o pesquisador precisa obter respostas mais
profundas, para que os resultados do estudo sejam realmente atingidos de forma
fidedigna. No caso em questão, entende-se que a história oral é em essência uma
entrevista em profundidade, possibilita fuga do tema e, portanto, precisa de
instrumentos de direcionamento do pesquisador frente ao entrevistado.
Os dados foram coletados entre o período de julho a dezembro de 2018, e
utiliza como instrumento, a entrevista, que foi realizada após a assinatura da Carta de
Aceite e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade São Francisco de
Barreiras.
Previamente, o participante foi abordado de maneira individual pelos
pesquisadores, que irão se apresentar. Nesse momento, foi esclarecido sobre os
objetivos da pesquisa e foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, que foi assinado pelo mesmo.
13

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi feita em uma empresa que é filial de uma grande rede de lojas
de departamentos do Brasil, e é considerada a loja mais completa, está presente em
15 estados com 114 megalojas físicas, e fornece diversos produtos, que vão desde
cama, mesa e banho; utensílios domésticos; brinquedos; eletroeletrônicos; vestuário;
tapetes e artigos de decoração; calçados; ferramentas; material escolar; tecidos;
artigos de praia e de camping. A variedade de produtos atende o cliente da classe A
à classe D e a variedade de produtos atende o cliente da classe A à classe D.
A empresa pesquisada é uma loja do setor varejista, comercia artigos nacionais
e importados no varejo e atacado. Foi fundada como uma pequena loja de atacado de
tecidos em 1986 de apenas de apenas de 45 metros quadrados, após três anos foi
construída sua sede própria, passou por várias expansões ao longo dos anos, e
atualmente possui estrutura atual de 30 mil metros quadrados de área de vendas.
Essa empresa tem como conceituação mercadológica serem centros de
turismo, lazer e compras para a região onde estão inseridas. Para tanto, os
estabelecimentos geralmente são construídos em rodovias de fluxo de veículos,
possibilita maior visibilidade da loja, que possui arquitetura moderna, bem como
grande tamanho de área física. Além dessa estrutura, a empresa também conta com
praça de alimentação geralmente com redes de fast foods.
O empresário também investiu em um robô para chamar e cativar a clientela
em datas comemorativas. Quanto ao horário de atendimento, é bem amplo, pois
funciona aos sábados, domingos e feriados, e estão situadas nas margens de
rodovias, onde o tráfico de veículos é intenso aos fins de semana. A empresa também
possui um cartão próprio e oferece diferentes maneiras de pagamento aos clientes.
Ela está instalada em Barreiras, oeste da Bahia, localizada em um ponto
estratégico nas margens da BR-242, situada a 3 (três) anos e 10 (dez) meses, e
atualmente possui 80 (oitenta) colaboradores, dos quais 3 (três) trabalham
diretamente e indiretamente no setor de estoque.
Esses funcionários recebem regularmente treinamentos para atuarem nesse
setor, dentre eles existem 2 (dois) conferentes e 1 (um) auxiliar. O treinamento é feito
pela loja matriz e é passado para eles através de, um programa que ajuda os
colaboradores, de forma online e virtual, ou seja, através de vídeo conferência por
14

outros profissionais da loja matriz. Esse treinamento traz benefícios à matriz, pois
economiza-se recursos humanos que seriam necessários a esse treinamento. A loja
matriz programa os treinamentos, a serem realizados pelos colaboradores de
diferentes setores, com o intuito de gerar profissionais totalmente qualificados para
exercerem a função do seu setor, esses treinamentos são realizados por meio de
vídeo aulas, e vídeo conferencia em tempo real entre a filial e a matriz.
O treinamento é uma ferramenta essencial no setor de estoque, uma vez que
através de um estoque atualizado, é possível evitar gastos e falta de espaço. A
presença do treinamento para o setor de estoque na presente loja estudada, a coloca
na frente de muitas outras. Pois, Mota (2012) em seu estudo sobre o controle de
estoque nas organizações, percebeu que apenas 10% do pesquisados possuem esse
tipo de treinamento, desse modo recomenda-se as empresas que façam treinamentos
e capacitem seus funcionários, pois com essas inciativas quem mais ganha é a
empresa.
Segundo Da Silva e Cardoso (2017), precisam ocorrer treinamentos específicos
que mostrem a importância dos controles de estoque na organização com um todo.
Pois esses treinamentos podem resolver muitos problemas de falta de
conscientização e atenção dos profissionais envolvidos, como por exemplo, erros de
armazenagem, falha de digitação, problemas de comunicação e outros. Durante o
treinamento é necessário a presença de um representante do setor de estoque, para
direcionar o foco em um âmbito estratégico da organização.
Para Corrêa, Gianesi e Caon (2009), as organizações precisam entender que
o gerenciamento de estoque, serve para que se possa analisar sua realidade
organizacional no mercado, uma vez que estoques organizados de forma estratégica,
sem sobra de materiais desnecessários, sem que os mesmos faltem quando for
preciso é o que chamamos de essência da gestão de estoques. Segundo Jardim
(2014) para que os resultados esperados pelo treinamento de estoque sejam atingidos
se faz necessário empenho por parte da direção, colaborando com a conscientização
dos funcionários e responsáveis pela gestão de estoques e suprimento.
A realização de auditoria nesta filial, parte do interesse da administração, com
o intuito de padronizar todas as lojas e assim manter qualidade e maior eficiência em
seus procedimentos internos. Essa motivação para a realização da auditoria corrobora
com as ideias de Granato (2012), em que afirma que a auditoria se trata de uma
avaliação periódica de qualquer atividade da organização, inclusive logística, pode e
15

deve ser aplicada no setor de estoque, com ações preventivas e corretivas, melhoria
em processos pré-estabelecidos, pois essas ações impulsionam e estimulam a
qualidade, ou seja, uma excelente ferramenta no controle de falhas e padronização
dos processos. No entanto a visão de Granato (2012), é diferente a da empresa
pesquisado, uma vez que ele afirma que a auditoria parte dos departamentos
financeiros, contábeis e fiscais e no presente projeto parte do departamento
administrativo.
O foco da pesquisa é a auditoria de estoques em uma empresa do segmento
de departamento e, portanto, será descrito a seguir as informações coletadas por meio
de uma entrevista feita com o gerente da loja filial.
Existem na loja matriz, os colaboradores de cada setor que possuem a função
de fazer a aquisição de materiais, produtos e mercadorias novos, esses colaboradores
viajam o Brasil a fora e acompanham os novos lançamentos em feiras e eventos de
todo o mundo, desse modo, assim que esses colaboradores identificam novidades é
proposta a parceria entre a loja e o fabricante, e logo depois é feito o pedido dos
produtos. Essa mercadoria que chega segue um fluxograma (ver figura 02 mais a
frente).
O processo de aquisição de mercadoria, segue alguns procedimentos (Figura
2), podem ser citados: recebimento via Centro de Distribuição (CD), sendo que a
mercadoria já sai da matriz conferida e lacrada em uma carreta (não ocorre a
conferencia para produtos item a item, a conferência é realizada apenas no lacre do
transporte); após o recebimento a mercadoria é descarregada e armazenada; depois
de armazenada na loja, os conferentes e auxiliares iniciam o processo de reposição
que vai depender da necessidade da loja.

Figura 2 - Fluxograma do processo de aquisição de mercadoria pela loja de departamentos


pesquisada na cidade de Barreiras, Bahia, Brasil.

Reposição na
Recebimento Descarga Armazenamento
loja

Fonte: Próprio autor, 2018.

É importante observar como ponto positivo para que sejam evitadas perdas,
perdas de vendas e fraudes o fato de a mercadoria já sair da loja matriz conferida,
16

uma vez que em muitas empresas a mercadoria sai da loja matriz e só é conferida no
momento que chega na loja filial, o que abre brechas para perdas e fraudes.
Segundo Tadeu et al (2010), a paralização da mercadoria para conferência, faz
com que a mercadoria leve mais tempo para ser exposta na área de vendas,
consequentemente ocasionado prováveis perdas de vendas, uma vez que quando o
cliente não visualiza o produto, pode não perguntar sobre este e deixar de efetuar a
compra. Desse modo, como a mercadoria não para nesse processo de conferencia,
os produtos possuem uma maior rotatividade de vendas.
Segundo Fiabani (2015), o processo de reposição e organização das
mercadorias devem ocorrer de acordo com grupos, destinando-se preocupação com
os prazos de vencimentos. Assim, os produtos que chagam primeiro devem sair
primeiro, deve-se manter os produtos extremamente organizados, pois isso torna o
processo mais ágil, evita perda de vendas e facilita a contagem no inventário de
estoque.
Segundo informações do gerente, a auditoria de estoque, é realizada pela
equipe do estoque, os dois estoquistas conferentes e um auxiliar de estoque,
juntamente com os colaboradores do administrativo, e se necessário, pode ser
realizada via televisão (TV) ou através de câmeras como suporte auxiliar. Segundo
Fiabani (2015), a auditoria de estoque garante a confiança e exatidão entre os
registros físicos e contábeis dos materiais, esse controle é imprescindível, pois auxilia
administradores no seu dia a dia, na tomada de decisões de forma correta, para a
realização de ajustes necessários, visto que evita a ocorrência de falhas e prejuízos.
Carvalho (2006), afirma que a auditoria de estoque necessita de uma minuciosa
análise do auditor, evitando-se equívocos, uma vez que o controle dos produtos dos
estoques são essências desde a produção até a venda final. No estoque são
encontrados bens e produtos que serão utilizados para venda, processos produtivos
e consumo, e desse modo, os itens dele, devem receber tratamento especial, pois irão
refletir nos resultados da empresa. Os resultados da empresa podem ser negativos
devido uma super ou subavaliação dos estoques.
Com relação as contribuições da auditoria para a empresa, foram citados pelo
gerente alguns benefícios da auditoria de estoque, dentre eles: padronização que
segue as exigências da matriz; confiança e praticidade para o recebimento de cargas;
e contribui para evitar e diminuir possíveis perdas. Como afirma Fiabani (2015), a
auditoria de estoque auxilia na compreensão de procedimentos corretos, pois evita
17

falhas, erros e perdas. Carvalho (2006), também corrobora com as ideias de Fiabina,
quando afirma que o grande objetivo da auditoria de estoques é o apuramento de
possíveis falhas, através da verificação do inventário físico da empresa, visto que
gera, uma expectativa da geração de possíveis benefícios lucrativos futuros. Desse
modo, é importante um controle periódico do setor de estoque nas empresas.
Com relação ao controle interno no setor de estoque, o gerente informou que
este é realizado pelos conferentes (que são também os estoquistas), estes
diariamente emitem vários inventários para conferência de diversos setores, como por
exemplo: cama, mesa e banho, eletrodomésticos, roupas, brinquedos. E desse modo,
ocorre a conferência diariamente através desses inventários (que são chamados de
inventários rotativos), em que se confere produtos negativos e extraviados.
Segundo Almeida (2009) muitas empresas adotam por segurança a execução
de contagens cíclicas, por meio de inventários rotativos, em que todos os itens e
produtos são contatos várias vezes ao longo do ano. Esses inventários são
importantes para as organizações, pois indica toda movimentação financeira, permite
maior segurança e conferência de possíveis produtos negativos e extraviados.
Essa conferência ocorre em duas etapas: a primeira etapa é realizada, assim
que chega a carreta com as mercadorias, e caso ocorra a identificação de alguma
avaria nos produtos, o responsável elabora um relatório dentro do prazo de dois dias
uteis, e assim o Centro de Distribuição (CD) repõe esse produto na próxima carreta.
Na sequência a segunda etapa é realizada no setor de bazar, onde ficam os objetos
de risco, como vidros e porcelanas, caso algum colaborador quebre algo desse setor,
é utilizada uma ficha chamada ficha 05, que é preenchida e logo após de preenchida
é feito o descarte desse produto pela própria loja.
Antes de iniciar a discussão acerca do controle interno, cabe aqui defini-lo,
Almeida (2012) afirma que o controle interno de uma empresa pode ser caracterizado
pela execução de um conjunto de tarefas e processos rotineiros, com o objetivo de
melhorar a auxiliar a organização e gerenciamento dos negócios da empresa.
Também é considerado todo meio pelo qual se destina a ser vigiado, controlado e
fiscalizado pela organização.
Segundo Da Silva (2008), o controle interno permite a segurança do controle
existente sobre os estoques, é caracterizado com um sistema eficiente de registro de
entradas e saídas de estoque, de forma rigorosa, com a realização de inventários
18

metódicos e verificações físicas frequentes. Assim, observa-se que a empresa


pesquisada realiza o controle interno da forma correta.
Segundo o gerente, a auditoria de estoque proporciona como custo benefício,
maior segurança, evita perdas, mantém o estoque atualizado, as fichas e os
inventários, e desse modo, poupa tempo, e energia humana e elétrica. Características
que também foram citadas nos estudos de Da Silva (2008), quando afirma que a
auditoria de estoque garante a segurança do controle existente sobre os estoques, e
de Stumm (2016) quando diz que a auditoria de estoque possibilita a acuracidade do
estoque de mercadorias.
Quanto aos impactos que a auditoria interna de estoque traz a empresa, o
gerente apontou que o inventário é realizado de maneira correta, e segue as normas
de padronização. Ele gera ao departamento de compras, uma melhor qualidade na
logística. Desse modo, um inventário correto de compras aliado as necessidades da
loja, evita compras em excesso e consequentemente, também evita a compra de
produtos sem demanda e a ocupação excessiva de espaço no estoque, que poderia
ser utilizado para outras finalidades. Observou-se que a auditoria interna de estoque
contribui para uma melhor qualidade na logística da empresa, logo evita compras em
excesso e ocupação do espaço do estoque sem necessidade. Estes aspectos
positivos também foram citados por Rautmann (2012) quando afirma que a auditoria
interna é ferramenta extraordinária para melhorar processos, reduzir custos e apontar
falhas.
Vicenzi e Silva (2015) afirmar que antigamente os estoques eram gerenciados
manualmente, e por isso ocorriam muitas falhas, pois o controle era feito apenas de
forma visual, e utilizava fichas. Podemos dizer que era um trabalho lento e de baixa
segurança e precisão, cada produto tinha uma ficha descritiva com as informações
necessárias, e ficavam situados no almoxarifado. Hoje em dia, diferentemente, a
depender do tamanho da organização, os estoques são analisados mediante
controles internos precisos e sistemas de tecnologias modernos e adequados, os
quais garantem maior segurança, credibilidade e confiabilidade, o que evita falhas e
perdas.
O participante do estudo citou os furtos como principal motivo para a realização
das auditorias, relatou ainda que a empresa possui alto risco de sofrer furtos, e por
isso até para trocar de gerente são realizadas auditorias, exemplificou isso como um
caso que ocorreu recentemente na empresa. Nas auditorias, são verificadas a parte
19

externa, interna da loja por completo, em todos os setores, e quando o proprietário faz
uma visita à loja, é realizada mais uma vistoria.
Estes dados corroboram com o estudo de Marques (2016), quando afirma que
atualmente as empresas enfrentam o desafio de mitigar os furtos causados por
funcionários, essas perdas podem levar a empresa a não perenidade e ao
desequilíbrio econômico. O gerente descreve ainda, que a maioria dos furtos por
funcionários ocorre por desvios de ativos tangíveis ou intangíveis. Para ele, o meio de
controle mais eficaz para os gestores descobrirem e evitarem esses furtos são os
sistemas de segurança (câmeras de monitoramento e revista pessoal). No entanto,
ele também sugere a realização de bons controles internos e auditorias.
Attie (2000), também corrobora com esses dados ao escrever sobre os
desfalques existentes nas empresas investigadas por auditores, classifica esses
desfalques em temporários e permanentes. Marques (2016), afirma que dentre as
principais formas de detectar as fraudes nas organizações a denúncia por colegas e
atuação da auditoria interna, sendo a primeira forma mais ocorrente. No entanto, as
empresas utilizam muito essa forma de auditoria para confirmar e tentar evitar os
furtos, perdas e desfalques.
Desse modo, pôde-se observar que a auditoria interna é uma ferramenta eficaz
para controles dos furtos, perdas e desfalques.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tento em vista o objetivo de conhecer as contribuições da auditoria interna de


estoque utilizados em uma loja de departamentos como instrumento de controle e gestão
de estoque, os resultados obtidos podem auxiliar como embasamento para que novos
pesquisadores possam identificar as lacunas relacionadas a essa temática. A partir
desse estudo foi possível obter um panorama geral da auditoria interna de estoque, com
levantamento aspectos positivos principalmente no que concerne à redução de falhas,
perdas e custos.
Os dados coletados, mostram que a auditoria interna de estoque é uma
ferramenta eficiente que garante custo benefício e qualidade na logística da empresa.
20

Suas características positivas, como evitar desfalques, foram altamente ressaltadas,


mostrando importância.
Observou-se que os treinamentos recebidos pelos funcionários do setor de
estoque, contribuem para a formação de profissionais qualificados que garantem um
estoque atualizado, evitando gastos desnecessários e falta de espaço.
Registrou-se que o processo de aquisição de materiais pela loja segue um fluxo
padronizado, por meio do recebimento, descarga, armazenamento e reposição na loja,
realizado por funcionários capacitados e treinados. Esse fluxo evita perdas, perdas de
vendas e fraudes.
Foi possível observar que auditoria realizada pela filial garante a padronização
entre as lojas, mantendo a qualidade e eficiência dos procedimentos internos. Na
empresa pesquisada a auditoria de estoque é realizada mensalmente por dois
estoquistas conferentes e um auxiliar de estoque, via televisão ou através de câmeras
de monitoramento, o que proporciona maior transparência, segurança, confiabilidade
e evita falhas e prejuízos.
Dentre as práticas atuais de controle de estoque junto a loja de departamentos
pesquisada, foi possível observar que são realizadas diariamente a emissão de
inventários para conferências de diversos setores a produtos negativos e extraviados.
Essa conferência ocorre em duas etapas, a primeira quando chega a carreta de
produtos e a segunda no setor de bazar, proporciona ainda mais acuracidade no
processo de conferência.
Constatou-se ainda que a auditoria de estoque traz contribuições e impactos
para a empresa pesquisada, dentre as contribuições pode-se citar o custo benefício,
maior segurança, pois evita perdas, mantém o estoque, as fichas e os inventários
atualizados, poupa tempo e energia humana e elétrica; dentre os impactos foram
citados pelo gerente da empresa que a auditoria gera uma melhor qualidade na
logística, evita compras em excesso e ocupação desnecessária de espaço no
estoque.
Os resultados obtidos não encerram as discussões acerca da auditoria de
estoque, mesmo porque, esse não era o objetivo deste estudo, no entanto este estudo
traz contribuições para estudos posteriores e para os interessados no assunto.
21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti: Auditoria: Um curso moderno e completo. 6. ed.- 7.


reimpr. São Paulo: Atlas, 2009.

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São


Paulo: Atlas, 2012.

ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2000.

ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

ATTIE, William. Auditoria: conceitos e aplicações. 7. ed. – São Paulo: Atlas, 2018.

CARVALHO, Aline. Auditoria interna nos estoques de uma empresa de


comércio varejista. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) em Ciências
Contábeis da Faculdades Integradas Machado de Assis, p. 90, 2016.

CAMPOS, Claudinei José Gomes et al. Método de análise de conteúdo: ferramenta


para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. Revista brasileira de
enfermagem, 2004.

CORDEIRO, C. M. R. Auditoria interna e operacional: fundamentos, conceitos e


aplicações práticas. São Paulo: Atlas, p.242, 2013.

CORRÊA, Henrique Luiz; GIANESI, Irinei Gustavo Nogueira; CAON, Mauro.


Planejamento, programação e controle da produção: MRP II/ERP: conceitos, uso
e implantação: base para SAP, Oracle Applications e outros softwares integrados de
gestão. 5. ed. 3. reimp. São Paulo: Atlas, 2009.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil, Teoria e Pratica. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 2002.

CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Auditoria contábil:


teoria e prática. 10. ed. – São Paulo: Atlas, 2016.

DA SILVA, Jania Borges. Contribuição de estudo da auditoria de gestão dos


estoques aplicado em uma concessionária de automóveis. Trabalho de
Conclusão de Curso (MBA) em Auditoria Integral da Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2008.

DA SILVA, Filipe Martins; CARDOSO, Vanessa Chaves. Análise dos controles


internos de estoque de produtos prontos: estudo de caso em uma distribuidora de
aço da Cidade de Cachoeirinha–RS. REVISTA DE ADMINISTRAÇÃO E
CONTABILIDADE-RAC (CNEC), v. 15, n. 30, 2017.
22

FIABANI, Maicon. Análise do processo de gestão de estoque da agropecuária


Alfa Matriz. Graduação (Monografia) Curso de Administração da Universidade
Federal da Fronteira Sul, Chapecó, SC, p. 95, 2015.

FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria Contábil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

GELATTI, Cristiane Braida et al. A importância da auditoria nos estoques. Revista


Eletrônica de Contabilidade, v. 5, n. 1, p. 93, 2008.

GIACOMELLI, Alessandra. Auditoria interna de estoques: estudo de caso na


empresa Aga Cosméticos. 2014. 68 f. Monografia (Bacharel em Ciências
Contábeis). Curso de Ciências Contábeis. Universidade de Passo Fundo, Passo
Fundo, RS, 2014.

GRANATO, Guilherme. Inventários cíclicos como ferramenta no aumento da


acuracidade de estoque. Especialização (Monografia) em Gerência de Sistemas
Logísticos da Universidade Federal do Paraná, p. 35, 2012.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; CARVALHO, L. Nelson. Contabilidade:


aspectos relevantes da epopéia de sua evolução. Rev. contab. finanç., São
Paulo, v. 16, n. 38, p. 7-19, Aug. 2005.

JARDIM, Camila Rodrigues. A importância da gestão de estoque no setor de


varejo utilizada como ferramenta para tomada de decisão no suprimento.
Graduação (Monografia Bacharelado) Curso de Engenharia de Produção da
Universidade Federal do Pampa, p. 70, 2014.

KAUARK, Fabiana. Metodologia da pesquisa: guia prático / Fabiana Kauark,


Fernanda Castro Manhães e Carlos Henrique Medeiros. – Itabuna: Via Litterarum,
p.88, 2010.

MANZINI, Eduardo José. Considerações sobre a elaboração de roteiro para


entrevista semi-estruturada. Colóquios sobre pesquisa em educação especial.
Londrina: Eduel, v. 2010, 2003.

MARQUES, Daniel Alves. PERCEPÇÃO E REAÇÃO DOS GESTORES AOS


FURTOS POR EMPREGADOS: Um Estudo no Varejo de Materiais para Construção
Civil de Belo Horizonte. Projetos, dissertações e teses do Programa de
Doutorado e Mestrado em Administração, v. 9, n. 1, 2016.

MARCONI, M. de A; Lakatos, E.M. Fundamentos de metodologia científica. 5.


Ed.- São Paulo: Atlas, p. 310, 2003. Disponível em:
<http://docente.ifrn.edu.br/olivianeta/disciplinas/copy_of_historia-i/historia-ii/china-e-
india>. Acessado em: 16 de abril de 2018.

MARTINS, H. A. Procedimentos de Auditoria no Estoque. Monografia


(Universidade Candido Mendes - Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em
Auditoria e Controladoria). Rio de Janeiro, 2004.
23

MARTINS, Maria de Fátima Oliveira. Um passeio na contabilidade, da pré-história ao


novo milênio. Revista Adcontar, Belém, v. 2, n. 1, p. 7-10, 2001.

MOTA, Eder Barros da Cruz. Uma análise acerca da importância do controle de


estoques das organizações: estudo de caso da Empresa X do ramo
sucroalcooleiro. Graduação (Monografia Bacharelado) – Curso de Administração a
Distância, Universidade Federal do Maranhão, p. 43, 2012.

RAUTMANN, Peter Horst. Auditoria em Supply Chain - Método de auditoria de


estoques para agregar valor à Supply Chain. MBA (Monografia) em Gerência
de Sistemas Logísticos da Universidade Federal do Paraná, p. 28, 2012.

REIS, Aline de Jesus; DA SILVA, Selma Leal. A história da contabilidade no Brasil.


Seminário Estudantil de Produção Acadêmica, v. 11, n. 1, 2008.

ROSA, M.V.F.P.C.; ARNOLDI, M.A.G.C. A entrevista na pesquisa qualitativa. Belo


Horizonte: Autêntica, 2008.

ROSÁRIO, Everton Dias do. Relação entre auditores independentes e auditados:


um estudo de caso em uma entidade fechada de previdência complementar. 2010.
43 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2010.

SANTOS, M. M. F. Auditoria de estoque - Estudo de caso: Acompanhamento de


inventário na empresa Pepsico do Brasil Ltda. Monografia (Universidade Cândido
Mendes – Curso de Finanças e Gestão Corporativa). Niterói, 2005.

STUMM, Magale Maria. Auditoria de estoque em empresa varejista. Trabalho de


Conclusão de Curso (Relatório), Bacharel em Ciências Contábeis da Faculdades
Integradas Machado de Assis, Santa Rosa, p. 86, 2016.

TADEU, Hugo Ferreira Braga. et al. Gestão de estoques: fundamentos, modelos


matemáticos e melhores práticas aplicadas. São Paulo: 2010.

VICENZI, B.; SILVA, I. A. Processos e controles internos de estoque em uma


empresa de produção customizada. Anais... IX seminário de iniciação científica
curso de ciências contábeis da FSG, V.5, n. 2, 2015.

Você também pode gostar