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CURSO INTRODUTÓRIO EM SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

MÓDULO 1

Gestão de informação em SIG e sua aplicação


na produção geográfica para ciências
ambientais

Tutorial 1

Instalação do software
Preâmbulo do curso
Os sistemas de Informação geográfica (SIG) apareceram como uma ferramenta automatizada para
auxiliar na resolução de problemas de natureza espacial, tornando-se bastante versáteis e largamente
aplicados, reduzindo recursos necessários para a realização de actividades em várias áreas de actuação.
Permitindo o carregamento, armazenamento, análise, processamento e visualização concomitante de
várias camadas de informação, os SIG permitem a obtenção e divulgação de informação geográfica de
forma gráfica e incisiva, trazendo informações e perspectivas únicas que de outro modo não seria
possível.

Apoiando-se nos conceitos e métodos de várias ciências (directa ou indirectamente), os SIG constituem
uma ferramenta poderosa no planeamento, gestão e execução de processos e actividades, sendo um
suporte fiável para a tomada de decisão em várias áreas de empreendimento, como a gestão de recursos
naturais, factores ambientais, agricultura, infra-estruturas, ordenamento do território, transportes,
telecomunicações, comércio, etc. Por outro lado, a investigação e o ensino, também são áreas
directamente beneficiadas pelas potencialidades dos SIG, podendo ser utilizadas para o planeamento,
gestão e divulgação de pesquisas, permitindo a produção e apreciação de novos conhecimentos.

Este curso introdutório insere-se numa série de módulos com o intuito de equipar os participantes com
conhecimentos e ferramentas específicas de SIG para a aquisição, gestão e processamento de dados,
visualização e aplicação dos modelos geográficos em casos reais.

Sobre o tutorial:

Neste primeiro tutorial, serão delineados um conjunto de passos para a aquisição e instalação do software
SIG usado nestas séries, bem como explicações resumidas de aspectos relacionados à escolha e decisão
dos melhores provedores, bem como as melhores versões para os utilizadores.

É esperado que o participante comece a perceber os aspectos básicos da indústria dos SIG, diversidade
de provedores, aplicações e usos e requisitos de sistemas, bem como aspectos relacionados com a tomada
de decisões para atingir os seus objectivos e suprir as suas necessidades.

i
Condições de uso e propriedade intelectual
Este curso foi produzido, compilado e adaptado pelo Instituto Superior Politécnico Tundavala (ISPT),
com base em bibliografia de especialidade, devidamente publicada e autorizada para uso público, sendo
dado o devido crédito aos seus autores/promotores, bem como produções e desenvolvimentos próprios
do ISPT, para uso didáctico e de extensão comunitária.

O software utilizado (QGIS) é de domínio aberto (open source), sendo por isso permitido usar, estudar,
alterar e distribuir de forma gratuita para qualquer usuário e para qualquer fim, desde que adquirido no
site oficial. O software, bem como documentação secundária e de suporte pode ser encontrado em
www.qgis.org .

Os dados utilizados nos exercícios propostos possuem metadados próprios, foram adquiridos em fontes
próprias, estando na forma de informação secundária e primária, os quais não pressupõem violação de
direitos autorais ou litígio comercial, visto serem gratuitas e de domínio público. Pelo objectivo inerente
deste curso, isto é, de permitir a obtenção da capacidade de uso dos SIG para fins didácticos e
profissionais, o ISPT furta-se da responsabilidade decorrente da utilização de dados ou fins ilícitos por
parte de terceiros, com base em exercícios propostos nestas séries.

Ficha técnica

ISPTundavala
Rua Patrice Lumumba nº 30 R/C
CP 298
Lubango
Huila-Angola
Telefone: +244 261 225 750 / 928 033 233
Correio Electrónico: info@isptundavala.ed.ao
Web: http://www.isptundavala.org
NIF: 517 116 41 00
Autoria e Redacção: Eng. MSc Evanilton E. S. Pires
e-mail:
pires.evanilton@gmail.com/newton10dan@hotmail.com
A reprodução ou transmissão (no todo ou em parte) deste produto, não é autorizada, por qualquer processo electrónico,
mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, ou outros, sem a
permissão explicita dos autores em suporte escrito.

ii
Índice
Preâmbulo do curso ................................................................................................................................................ i

Condições de uso e propriedade intelectual ....................................................................................................... ii

1 Tutorial 1 Instalação do Software ............................................................................................................... 5

1.1 Introdução ............................................................................................................................................... 5

1.2 O software SIG ...................................................................................................................................... 6

1.3 O download ............................................................................................................................................ 7

1.3.1 Baixar a versão desejada................................................................................................................ 7

1.4 Instalar o software................................................................................................................................ 10

Preâmbulo do curso ................................................................................................................................................ i

Condições de uso e propriedade intelectual ....................................................................................................... ii

2 Tutorial 2 Conhecendo o software. O início ........................................................................................... 17

2.1 Introdução ............................................................................................................................................. 17

2.1.1 Escala ............................................................................................................................................. 17

2.1.2 Projecções, Datum e Sistemas de coordenadas ....................................................................... 18

2.2 Uso do QGIS........................................................................................................................................ 19

2.2.1 Conhecendo a GUI do QGIS.................................................................................................... 19

2.2.2 Começando a trabalhar com mapas .......................................................................................... 21

2.2.3 Navegando no QGIS .................................................................................................................. 22

2.2.4 Visualizando diferentes escalas e sistemas de coordenadas ................................................... 23

2.2.5 Guardar projecto.......................................................................................................................... 27

2.3 Conclusões e exercícios complementares ......................................................................................... 28

Preâmbulo do curso ................................................................................................................................................ i

Condições de uso e propriedade intelectual ....................................................................................................... ii

3 Tutorial 3 Adição e manipulação visual de dados ................................................................................... 32

3.1 Introdução ............................................................................................................................................. 32

3.1.1 Modelos de dados ........................................................................................................................ 33

iii
3.1.2 Formatos e fontes de dados ....................................................................................................... 35

3.1.3 Vector vs Raster ........................................................................................................................... 38

3.2 Adição e estilização de dados no QGIS ........................................................................................... 39

3.2.1 Preparação do espaço de trabalho ............................................................................................. 39

3.2.2 Adição de Vectores...................................................................................................................... 39

3.2.3 Adição de um raster..................................................................................................................... 41

3.2.4 Estilização de dados .................................................................................................................... 44

3.3 Conclusões e exercícios complementares ......................................................................................... 52

3.3.1 Exercício ....................................................................................................................................... 53

Preâmbulo do curso ................................................................................................................................................ i

Condições de uso e propriedade intelectual ....................................................................................................... ii

4 Tutorial 4 Criação de Layouts e Mapas para Impressão ........................................................................ 57

4.1 Introdução ............................................................................................................................................. 57

4.1.1 Geodesia e Cartografia ................................................................................................................ 57

4.1.2 Mapas e elaboração de mapas .................................................................................................... 57

4.1.3 Tipos de mapas ............................................................................................................................ 59

4.2 Compositor de impressão (impressor de layouts) ........................................................................... 60

4.2.1 Criar o ambiente de impressão .................................................................................................. 61

4.2.2 Adicionar e dispor os elementos ............................................................................................... 62

4.2.3 Exportação do layout .................................................................................................................. 68

4.3 Conclusões e exercício ........................................................................................................................ 70

4.3.1 Exercício ....................................................................................................................................... 71

5 Referências .................................................................................................................................................... 72

iv
1 Tutorial 1 Instalação do Software
1.1 Introdução
Os Sistemas de Informação Geográfica têm sido uma parte integrante do desenvolvimento da sociedade
moderna na forma de ferramenta de planeamento, gestão e actuação, principalmente como suporte a
decisão. Os mapas geográficos e outros tipos de representação de fenómenos ou objectos, permitem
inequivocamente uma compreensão facilitada dos mesmos, tendo ainda melhores resultados quando
obtidos de forma expedita.

A rapidez e robustez das representações e processamentos feitos em SIG resultam na verdade do


funcionamento conjunto de vários elementos que constituem os Sistemas de Informação Geográfica.
Esses elementos são (GrindGIS, 2020; Hussain, 2016; Chissingui, 2019):

• Indivíduos: são o componente humano dos SIG, nas suas variadas formas e com específicos
fins, desde o cidadão privado, grupos associativos, empresas de pequena ou grande dimensão, até
aos órgãos estatais, por exemplo, que têm a responsabilidade de gerir, desenvolver e aplicar planos
e actividades na resolução de problemas reais.
• Dados: são os aspectos e características dos objectos ou fenómenos utilizados como insumos
nos SIG. Constituem, possivelmente a principal componente dos SIG, visto ser com base neles
que as necessidades, o funcionamento e os resultados dos sistemas vão orbitar.
• Métodos de análise: são o conjunto de operações e processamentos a que se submetem os
dados para a obtenção da informação desejada pelos utilizadores e apoiar a tomada de decisões.
• Hardware: A componente física dos sistemas computorizados que auxilia as operações dos
sistemas. Fazem parte destes os computadores, servidores, GPS’s, impressoras, etc.
• Redes: a mais recente adição aos componentes dos SIG. Com o desenvolvimento e ascensão das
plataformas virtuais, as aplicações webgis têm-se mostrado uma eficaz forma de executar análises
espaciais sem a necessidade de movimentar muita informação e de partilhar resultados de forma
abrangente através da internet e não só.
• Software: são o conjunto de instruções lógicas que os computadores utilizam para executar as
tarefas, funções e as ferramentas usadas para os devidos objectivos.
Este tutorial cinge-se essencialmente neste último componente, o Software.

5
1.2 O software SIG
Sendo a parte lógica dos computadores, ele nos é invisível, porém possui componentes que nos permitem
interagir com ele. Esse conjunto de instruções (1) está armazenado num Sistema de Gestão de Base
de Dados (DBMS, em inglês) e permite aceder, recolher e armazenar mais informação nesses sistemas,
(2) a sua linguagem é traduzida pelos sistemas de input/output dos computadores, de forma a
podermos introduzir e controlar as acções e tarefas executadas pelo mesmo e (3) os resultados são obtidos
e observados através da Interface Gráfica do Usuário (GUI em inglês).

Na indústria dos softwares SIG, muitos desenvolvedores criaram as suas próprias formas de análise e
instruções para os sus fins específicos. Ainda assim, as técnicas de análise e de processamento são
essencialmente as mesmas, visto serem baseadas em métodos científicos padronizados, havendo apenas
um ou outro caso que seja exclusivo. Não obstante este facto, um aspecto que claramente diferencia os
vários softwares é a sua GUI. Esta é na verdade a cara e a identidade visual de cada software. Outro
aspecto importante é o facto de cada desenvolvedor, muitas vezes, criar o seu próprio formato de dados,
o que exige ferramentas específicas para a conversão em outros formatos ou o reconhecimento por
outros softwares. A título de exemplos de grandes provedores de softwares SIG são a ESRI
(https://www.esri.com/en-us/home, autora do líder ArcGIS, embora pago), HEXAGON
(https://www.hexagongeospatial.com/, dona do ERDAS IMAGINE e agora do Intergraph), MapServer
(http://mapserver.gis.umn.edu), SAGA (http://www.saga-gis.org/en/index.html), GRASS GIS
(http://www.grass.itc.it), o SPRING (http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html) e o Open
Source Geospatial Foundation (https://www.osgeo.org/, responsável por muitos projectos abertos
como o QGIS), estando conectados por uma iniciativa comunitária bem sucedida que cria padrões para
resolver problemas de interoperabilidade, o Open Geospatial Consotium OGC
(http://opengeospatial.org).

Para a escolha do software mais adequado pressupõe vários aspectos precisam ser tidos em conta, como:

• Objectivo, qual a área de aplicação a utilizar;


• A capacidade e especialidade de processamento, há softwares com melhores capacidades e
facilidades em processar vectores, outros rasters, outros imagens, etc.;
• Custo de aquisição: se é pago, que normalmente têm grandes vantagens e estabilidade, ou se é
grátis, normalmente desenvolvidos pela comunidade voluntária, supre muitas necessidades, mas
pode possuir limitações.
• Exigência de conexão à internet.

6
1.3 O download
Tendo em conta os aspectos supracitados, para facilitar a realização destes cursos, decidiu-se utilizar um
software versátil, sem grandes custos e sem muita necessidade de conexão à internet.

O QGIS, anteriormente denominado QuantumGIS, é uma aplicação SIG desktop profissional, com
bastante permissão de personalização e agregação, e uma plataforma de desenvolvimento grátis e de fonte
aberta (Open Source). É desenvolvida para Windows, Linux, Unix e Mac OS, suportando numerosos
formatos e funcionalidades para vectores, raster e bases de dados. O download da aplicação, código fonte
e documentação de suporte pode ser encontrado em https://qgis.org/en/site/forusers/download.html.

1.3.1 Baixar a versão desejada


1º Passo: Para baixar o QGIS desktop, navegue até ao link do download, escrevendo no seu
navegador1 o endereço https://qgis.org/en/site/forusers/download.html.

Figura 1- Introdução do endereço no navegador

Para este caso, as indicações e imagens serão feitas para Windows, visto ser bastante comum, porém
também se aplica a outros sistemas operativos, apenas com algumas ligeiras diferenças. Em princípio a
página abrirá já na opção do seu sistema operativo.

Na página de download, encontram-se várias opções:

• Instalador de rede (QGIS in OSGeo4W; indicador vermelho na Figura 2), é um instalador


avançado (para 32 e 64 bits) que permite a instalação personalizada não só do QGIS, mas também
de outros softwares e recursos da fundação OSGEO e;
• Os pacotes de instalação única do QGIS, que vem em duas versões correntes: (1) uma versão
recente, mais rica em funcionalidades e (2) uma versão de longo prazo, que é mais antiga, mas já
testada e mais estável (também para 32 e 64 bits) (em azul e amarelo na Figura 2)
Nota: as versões disponíveis mudam ao longo do tempo, dependendo do estado de
desenvolvimento do software. Nestes exemplos utilizaram-se imagens com as versões

1O navegador é uma aplicação que permite a navegação na internet como o Google Chrome, Internet Explorer, Microsoft
Edge ou Mozilla Firefox.
7
QGIS 3.12, QGIS 3.10 e 3.4, apenas para fins de demonstração. Tenha em atenção que
quando estiver a utilizar o tutorial, as versões actuais poderão ser diferentes.

Figura 2 – Opções de instaladores do QGIS para Windows

A escolha do instalador de rede ou do pacote único depende da capacidade do utilizador em aceder a


internet facilmente, pois o pacote único é baixado apenas uma vez, podendo depois disso ser instalado,
armazenado e copiado offline, enquanto o instalador de rede baixa e instala directamente a partir da
internet, desde que o computador esteja conectado.

As grandes vantagens do instalador de rede é que permite aceder a mais softwares que o pacote único e
actualiza a instalação dos softwares em apenas um directório, enquanto o pacote único refere-se apenas
a uma única versão e cria instalações próprias, sendo que caso queiramos novas versões, instalaremos as
novas versões em pastas separadas o que implica um uso acrescido de espaço no computador. A
desvantagem do instalador de rede é a exigência de internet.
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2º Passo: Para este curso, utilizaremos o pacote único da versão de longo prazo, visto ser a versão mais
estável e que diminuirá a probabilidade de ocorrerem erros e bugs decorrentes do seu uso. Deste modo,
clique num dos pacotes de instalação única de longo prazo (os mais abaixo), escolhendo o de 32 bits ou
de 64 bits dependendo do seu sistema operativo.

Nota: é importante que saiba onde está a guardar o ficheiro que está a baixar para que depois
possa instalá-lo com facilidade (se no ambiente de trabalho, nos documentos ou outro directório
a sua escolha).

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Figura 3 – Setup do QGIS

1.4 Instalar o software


3º Passo: Depois de baixado o instalador, clique no ficheiro para iniciar a instalação e na caixa de diálogo
da instalação clique sempre no botão “Seguinte/Concordo/Instalar” ou “Next/Agree/Install”.
Assim vai fazer a instalação com as definições padrão sem ter de se preocupar com mais nada.

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Figura 4 – Caixa de diálogo da instalação do QGIS.

Figura 5 – Licenciamento do software.

11
Figura 6 – Directório da instalação.

Figura 7 – Recursos adicionais e início da instalação.

12
4º Passo: Depois de terminar a instalação, poderá encontrar a aplicação QGIS desktop no seu
computador, bastando procurar por ele no menu iniciar. Poderá facilitar o acesso à aplicação adicionando
atalhos e personalizando o seu ambiente de trabalho.

Figura 8 – QGIS desktop no Menu Iniciar.

NOTA: as imagens são meramente indicativas, podendo haver diferenças significativas nas
máquinas dos utilizadores.

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CURSO INTRODUTÓRIO EM SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

MÓDULO 1

Gestão de informação em SIG e sua aplicação


na produção geográfica para ciências
ambientais

Tutorial 2

Conhecendo o software. O início


Preâmbulo do curso
Os sistemas de Informação geográfica (SIG) apareceram como uma ferramenta automatizada para
auxiliar na resolução de problemas de natureza espacial, tornando-se bastante versáteis e largamente
aplicados, reduzindo recursos necessários para a realização de actividades em várias áreas de actuação.
Permitindo o carregamento, armazenamento, análise, processamento e visualização concomitante de
várias camadas de informação, os SIG permitem a obtenção e divulgação de informação geográfica de
forma gráfica e incisiva, trazendo informações e perspectivas únicas que de outro modo não seria
possível.

Apoiando-se nos conceitos e métodos de várias ciências (directa ou indirectamente), os SIG constituem
uma ferramenta poderosa no planeamento, gestão e execução de processos e actividades, sendo um
suporte fiável para a tomada de decisão em várias áreas de empreendimento, como a gestão de recursos
naturais, factores ambientais, agricultura, infra-estruturas, ordenamento do território, transportes,
telecomunicações, comércio, etc. Por outro lado, a investigação e o ensino, também são áreas
directamente beneficiadas pelas potencialidades dos SIG, podendo ser utilizadas para o planeamento,
gestão e divulgação de pesquisas, permitindo a produção e apreciação de novos conhecimentos.

Este curso introdutório insere-se numa série de módulos com o intuito de equipar os participantes com
conhecimentos e ferramentas específicas de SIG para a aquisição, gestão e processamento de dados,
visualização e aplicação dos modelos geográficos em casos reais.

Sobre o tutorial:

Neste primeiro tutorial, serão delineados um conjunto de passos para se familiarizar com as ferramentas
mais utilizadas no manuseio do software, bem como aspectos iniciais sobre dados, escala e sistemas de
coordenadas.

É esperado que o participante comece a perceber os aspectos básicos do funcionamento da interface e


navegação do software SIG, bem como aspectos relacionados com a incorporação dos conceitos e
ferramentas geográficas nos mesmos.

i
Condições de uso e propriedade intelectual
Este curso foi produzido, compilado e adaptado pelo Instituto Superior Politécnico Tundavala (ISPT),
com base em bibliografia de especialidade, devidamente publicada e autorizada para uso público, sendo
dado o devido crédito aos seus autores/promotores, bem como produções e desenvolvimentos próprios
do ISPT, para uso didáctico e de extensão comunitária.

O software utilizado (QGIS) é de domínio aberto (open source), sendo por isso permitido usar, estudar,
alterar, e distribuir de forma gratuita para qualquer usuário e para qualquer fim, desde que adquirido no
site oficial. O software, bem como documentação secundária e de suporte pode ser encontrado em
www.qgis.org .

Os dados utilizados nos exercícios propostos possuem metadados próprios, foram adquiridos em fontes
próprias, estando na forma de informação secundária e primária, os quais não pressupõem violação de
direitos autorais ou litígio comercial, visto serem gratuitas e de domínio público. Pelo objectivo inerente
deste curso, isto é, de permitir a obtenção da capacidade de uso dos SIG para fins didácticos e
profissionais, o ISPT furta-se da responsabilidade decorrente da utilização de dados ou fins ilícitos por
parte de terceiros, com base em exercícios propostos nestas séries.

Ficha técnica

ISPTundavala
Rua Patrice Lumumba nº 30 R/C
CP 298
Lubango
Huila-Angola
Telefone: +244 261 225 750 / 928 033 233
Correio Electrónico: info@isptundavala.ed.ao
Web: http://www.isptundavala.org
NIF: 517 116 41 00
Autoria e Redacção: Eng. MSc Evanilton E. S. Pires
e-mail:
pires.evanilton@gmail.com/newton10dan@hotmail.com
A reprodução ou transmissão (no todo ou em parte) deste produto, não é autorizada, por qualquer processo electrónico,
mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, ou outros, sem a
permissão explicita dos autores em suporte escrito

ii
2 Tutorial 2 Conhecendo o software. O início
2.1 Introdução
O QGIS, é uma aplicação SIG desktop profissional, com bastante permissão de personalização e
agregação de funções, e uma plataforma de desenvolvimento grátis e de fonte aberta (Open Source).
Desenvolvido pela Open Source Geospatial Foundation (uma organização sem fins lucrativos devota na
abertura e criação de softwares de desenvolvimento comunitário), permite criar, editar, visualizar e
publicar informação geoespacial nos sistemas operativos Windows, Linux, Unix e Mac OS, suportando
numerosos formatos e funcionalidades para vectores, raster, bases de dados e ainda padrões WEB para
publicação online.

Sendo os dados um conjunto de valores ou elementos sobre um ou mais objectos e estes serem usados
para o(os) representar, nos SIG os dados geográficos apresentam-se em tipos de dados espaciais, como
dados vectoriais (pontos, linhas e polígonos) e raster (matrizes de valores), e dados tabulares ou
temáticos (atributos e dados alfanuméricos). É com base nestes tipos de dados (os quais serão explanados
com mais detalhe a posteriori) que se obtêm as informações pretendidas sobre os objectos, depois de
processados e inquiridos.

As dimensões e características dos dados dependem da forma como são concebidos ou adquiridos, da
finalidade para que se propõem e da escala em que se observam. Por exemplo, uma cidade pode ser
considerada um polígono quando observada a uma escala próxima da real, ao mesmo tempo que pode
ser considerada um ponto se vista a uma escala regional.

2.1.1 Escala
As representações dos fenómenos ou objectos feitas nos mapas geográficos, é feita num ecrã ou suporte
físico com dimensões reduzidas que muitas vezes não correspondem a dimensão real destes na superfície
da Terra. A relação entre as entre as dimensões dos objectos no mapa (numerador) e as suas dimensões
na realidade (denominador) é chamada de escala do mapa.

A escala define o detalhe contido no nosso mapa e pode ser representada por uma escala verbal/nominal
(uma frase a revelar a escala, como: 1cm representa 50m), por uma fracção matemática (1:5000) ou
graficamente por uma barra de escala ( ).

Como referência, a escala diferencia muito bem dois tipos principais de mapas: (1) os de referência, que
são normalmente feitos sobre grandes áreas e com muita informação geral e (2) mapas temáticos, que
retractam objectos particulares e são normalmente de pequenas áreas e aspectos específicos. Para

17
representar grandes áreas, o denominador da escala será elevado (e.g. 1:1000000) resultando numa relação
baixa (10-6) e por consequência a escala é chamada de “pequena escala”. Por outro lado, a representação
de pequenas áreas exige baixos denominadores (e.g. 1:100) resultando numa relação relativamente alta
(10-2) mais próxima da real (1), sendo assim denominada de “grande escala”. O nível de detalhe retractado
é o primordial para a utilidade dos mapas em análises e usos específicos, sendo que quanto mais detalhe,
mais completa está a informação. É de extrema importância que o mapa contenha a escala
correspondente para que seja possível fazer-se uma leitura correcta do mesmo, sendo possível associar
as dimensões dos objectos nos mapas com as suas verdadeiras dimensões na realidade.

2.1.2 Projecções, Datum e Sistemas de coordenadas


A terra é aceite maioritariamente como aproximadamente esférica, o que pode representar uma grande
limitação na sua representação em superfícies planas como o papel e os ecrãs. Um bom exemplo para a
compreensão deste problema, seria a tentativa de descascarmos uma laranja completa e a estendermos
na mesa para a vermos numa superfície plana (se puder, tente). Fica muito claro que essa tentativa,
embora possível, produz distorções, rasgos e erros em muitas partes da casca da laranja.

As projecções são os processos usados para converter a superfície curva da Terra em uma superfície
plana e pode ser feita de várias formas. As três principais formas de projecção são a plana, cónica e
cilíndrica (considerando que há uma lâmpada no centro da Terra e projecta para a superfície) (DeMers,
2009). Contudo, as distâncias, formas e áreas, por exemplo, são distorcidas de uma forma ou de outra. O
importante para nós é decidir qual a melhor projecção para o nosso fim, dependendo de que característica
do nosso objecto queremos preservar.

A transformação de projecções implica erros que se repetidos podem tornar os dados inviáveis para uso.
A escala joga um papel importante no peso do erro, sendo que pequenas escalas sofrem pouco com os
erros de projecção, ao passo que grades escalas sofrem muito com a perda de precisão e detalhe nas
medições. A Geodesia trata especificamente com os métodos de medição e referenciação na superfície
terrestre, usando como linhas de base os Datum. Os Datum são modelos geodésicos de referenciação da
superfície da Terra e especificam as origens e orientam os sistemas de coordenadas. Estes baseiam-se nos
diâmetros da Terra em diferentes pontos, outros usam relações entre os diâmetros polares e equatoriais
e ainda a esfericidade de partes da Terra. Porque existem vários métodos e várias superfícies de referência
(elipsóide de revolução, plano e esfera), resulta assim na existência de vários Datum, locais e globais.
Torna-se assim importante definir correctamente o Datum que minimiza os erros de localização e
medições.

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O sistema de coordenadas permite-nos definir e localizar pontos numa superfície. Estes sistemas
baseiam-se em conjuntos de referenciais, em relação aos quais as posições nas superfícies são
determinadas. Exemplos destes sistemas constituem os sistemas de coordenadas geográficas, que
referenciam superfícies curvas e, por conseguinte, utilizam distâncias angulares (graus decimais; graus,
minutos e segundos), meridianos e paralelos como eixos; e os sistemas de coordenadas
projectadas/rectangulares, que usam superfícies planas como referência e, por conseguinte, distâncias
métricas e eixos X e Y. Um dos sistemas mais utilizados é o UTM (Universal Transverse Mercator), que
usa os conceitos de coordenadas geográfica e cartográfica em simultâneo, dividindo a Terra (curva) em
várias quadrículas planas, considerando o equador e o meridiano como referências para as quadrículas
(dividindo as quadrículas em 6º de latitude e o valor 10 000 000 m Norte para o equador e 500 000 m
Este para o Meridiano de Greenwich) e o canto superior Esquerdo de cada quadrícula como origem para
medir as distâncias métricas dentro destas.

Os SIG possuem já incorporados vários Datum e sistemas de coordenadas, prontos para serem utilizados,
sendo apenas necessário que o utilizador o defina de acordo com os seus melhores interesses.

2.2 Uso do QGIS


Tal como qualquer software, a nossa principal forma de lidar com o QGIS é através da sua Interface
Gráfica do Usuário (GUI), pela qual nos comunicamos com a arquitectura de instruções que acontecem
no background do software e assim utilizamos todas as suas potencialidades.

2.2.1 Conhecendo a GUI do QGIS

1º Passo: assumindo que já possui o QGIS instalado, inicie a aplicação clicando no criado no
ambiente de trabalho ou a partir do menu iniciar do seu computador. Ao iniciar a aplicação pela primeira
vez, a primeira coisa que aparece é uma janela com vários botões, algumas palavras e alguns quadrados
brancos, mais ou menos com o aspecto da Figura 9:

19
Figura 9 – Aparência do QGIS após instalação

O que se vê no GUI, inicialmente contempla (1) uma barra de menús (as palavras) e barras de ferramentas
em cima (a barra com os pode ser relocalizada em qualquer lado), (2) alguns painéis a esquerda (os
quadrados pequenos), (3) uma barra de estados (com um conjunto de informações e campos de
introdução na barra inferior) e (4) uma tela ou “canvas” na maior parte do ecrã (quadrado grande no
centro para a direita), como se pode ver diferenciado na Figura 10.

Figura 10 – Diferentes elementos do GUI

20
2.2.2 Começando a trabalhar com mapas
Tal como já foi referenciado, os SIG utilizam dados geográficos para se obter informações pertinentes
através da sua visualização como forma de os representar na superfície terrestre. Para começarmos a
visualizar esta capacidade no QGIS, vamos usar um dado embutido no nosso QGIS.

2º Passo: escreva “world” no campo coordenadas/coordinates na barra de estados, seguido de


“Enter”, o que fará aparecer um mapa mundi na tela e no painel das camadas (Figura 11):

Figura 11 – Mapa mundi no QGIS

Podemos agora começar a trabalhar com um mapa a sério.

Nota: esta funcionalidade só é possível a partir da versão 3 do QGIS.

21
2.2.3 Navegando no QGIS
2.2.3.1 Zoom (aproximar/afastar)
3º Passo: agora que temos os nossos dados adicionados (o nosso mapa mundi), tente navegar pelo mapa
fazendo zoom in/zoom out (aproximando/afastando a visualização) utilizando a rodinha do seu rato (se

tiver) ou usando as ferramentas/botões (aproximar/afastar). Para um controlo mais fino, use essas
ferramentas enquanto prime a tecla “control”.

Figura 12 – Zoom in / Zoom out (em relação a Figura 11)

2.2.3.2 Arrastar/mover visualização

4º Passo: pode arrastar o mapa para visualizar diferentes localizações utilizando a ferramenta
(pan/arrastar). Basta clicar nela para a seleccionar e depois clicar nalgum ponto do mapa e, mantendo o
botão esquerdo do rato premido, arrastar o mapa na direcção desejada. Outra forma seria pressionar a
rodinha do rato (se tiver) e fazer o arrasto.

Há muitas outras ferramentas muito úteis para a navegação no mapa. Por exemplo, quando nos perdemos
na visualização e não temos como voltar ou queremos fazê-lo de forma imediata, podemos simplesmente

clicar no botão (aproximar tudo) ou quando queremos aproximar uma camada em específico,
seleccionamos a camada desejada no painel das camadas (quadrado pequeno no canto inferior esquerdo

da Figura 11) e depois clicamos na ferramenta (aproximar à camada).

22
2.2.4 Visualizando diferentes escalas e sistemas de coordenadas
A barra de estados é uma componente do GUI que contêm várias informações importantes referentes à
visualização e até para a interacção com o mapa. Para já, vamos explorar os campos coordenada e escala.

5º Passo: Olhando para a barra de estados, na parte inferior do GUI, encontramos um campo mais a
direita, escrito “EPSG:4326” (realce vermelho na Figura 13).

Figura 13 – Código do Sistema de coordenadas do mapa

Esta é a projecção em que a nossa visualização se encontra. O EPSG:4326 refere-se ao Sistema Geodésico
Mundial de 1984 (WGS 84), que é uma norma usada em cartografia, de origem geocêntrica e base
elipsoidal, utilizada pela maioria dos serviços de amplitude global, como os GPS e os sistemas de
navegação por satélites (National Geo-spatial Information, 2020). Este datum é tido como um bom
referencial, no geral, para a representação da superfície terrestre completa ao mesmo tempo. Todavia não
é o único, havendo vários datum que lhe podem ser alternativos.

6º Passo: preste bem atenção na forma como o seu mapa está, na presente projecção (WGS 84,
EPSG:4326), tendo também em atenção o formato em que aparecem as coordenadas (no realçado azul
da barra de estados na Figura 13; x.xx,y.yy). Note que as áreas dos polos aparecem esticadas lateralmente.

23
Clique no campo EPSG (canto realçado vermelho na Figura 13) e veja a quantidade de sistemas de
coordenadas disponíveis para visualização.

Figura 14 – Selecção do sistema de coordenadas

7º Passo: seleccione outro sistema de coordenadas a partir do filtro (realçado amarelo da Figura 14),
escrevendo 6871 e seleccionando o sistema de coordenadas “WGS 84/Pseudo Mercator” que aparece
na lista das coordenadas (realçado a vermelho na Figura 14; Figura 15).

Figura 15 – Lista de coordenadas predefinidas

Logo após a selecção do novo sistema, verá que o formato das coordenadas mudou e agora aparece
apenas como xxxxxxx,yyyyyyy (realçado azul na Figura 13; Figura 16). Navegue até visualizar todo o mapa

24
(clicando em , ver tudo) e observe que quase todos os continentes do nosso mapa parecem bem
representados, principalmente do hemisfério Norte, mas a Antárctida está muito exagerada (Figura 16).

Figura 16 – Visualização do EPSG:6871

Como se pode ver, a alteração do tipo de projecção realçou uma grande diferença entre a forma como
essas projecções alteram as características dos objectos espaciais. Nestes dois casos em específico, nota-
se uma grande diferença na disposição dos continentes nas latitudes mais altas, ou seja, próximo dos
polos (o que não implica diferenças próximo do equador). Um alonga horizontalmente, enquanto o outro
alonga verticalmente.

As projecções que experimentamos até agora, referem-se a datum globais e são recomendadas para
trabalhos que englobem vastas áreas. Vamos agora exagerar ainda mais esta possível distorção, definindo
para a extensão do globo um sistema de coordenadas concebido para visualizações mais localizadas:

8º Passo: no filtro da lista de coordenadas, defina agora o sistema de coordenadas EPSG:32733, ou seja,
WGS 84/UTM Zone 33S e veja qual foi o resultado da aparência da Terra.

25
Figura 17 – Aparência do globo na projecção WGS 84/UTM Zone 33S

Clique no botão (ver tudo/zoom to full) e poderá perceber que praticamente todos os continentes,
excepto África (e talvez a europa ocidental) é que manteve a sua forma original. Isto aconteceu porque o
UTM Zone 33S refere-se a quadrícula 33 do hemisfério Sul (Figura 18) e só essa área é que está
garantidamente bem representada, sendo por isso a melhor projecção para se usar em trabalhos a ela
referentes.

Figura 18 – Quadrícula 33 Sul do sistema UTM

Como podemos perceber, este último sistema de coordenadas não é adequado para trabalhos, nem
visualizações a esta escala. Registe a escala em que estamos a visualizar actualmente (veja no campo
realçado em verde na Figura 13). O que isto quer dizer é que um centímetro na nossa tela equivale àqueles
centímetros na realidade (1:175 025 046, na Figura 17). Agora faça uma aproximação/zoom in até ficar
suficientemente aproximado a Angola (Figura 19).
26
Figura 19 – Visualização de Angola a escala nacional

Note que o número observado no campo da escala mudou, estando agora a ser lido como 1:6 854 231,
o que significa que nesta visualização, 1 cm na nossa tela equivale a 6854231 cm na realidade.

O que se pode perceber pelas diferentes escalas observadas é que ao olharmos todo o globo, a relação
entre as dimensões encontra-se a 0,00000000571 (5,71*10-9), enquanto a observação de apenas Angola
estima-se em 0,000000146 (1,459*10-7). Uma vez que 10-9 < 10-7, pode-se dizer que a visualização a escala
global tem menos detalhe que a visualização a escala nacional.

2.2.5 Guardar projecto


Uma acção importante enquanto estiver a trabalhar e depois de acabar o seu trabalho, é salvar as
alterações que fazemos ao nosso projecto, de modo que se houver falhas no sistema ou precisemos de
fazer pausas no trabalho, podemos sempre retomar onde deixamos.

Sempre que necessitarmos de guardar o projecto, bem como qualquer alteração, devemos utilizar o botão

(guardar), sendo que da primeira vez que o fizermos, teremos de definir um directório/lugar/pasta
no computador para guardarmos o nosso projecto.

27
2.3 Conclusões e exercícios complementares
Com este tutorial podemos conhecer algumas das ferramentas de navegação do QGIS, as quais estaremos
constantemente a utilizar, e percebemos superficialmente como os conceitos de escala e sistemas de
coordenadas estão incorporados nos SIG. Há muito mais conceitos para se explorar e conhecer, pelo que
se sugere um contínuo aperfeiçoamento e prática da utilização dos SIG para a nossa capacitação no seu
uso. Bom proveito!

Deixa-se aqui alguns exercícios para consolidar o aprendizado que se teve e para começar a ter uma ideia
de como os SIG podem nos ajudar a obter respostas.

1º Exercício: Complete a seguinte tabela e registe as visualizações.

Objecto a visualizar Sistema de coordenada Escala global Escala nacional


Angola WGS 84
UTM Zone 33S
Namíbia WGS 84
UTM Zone 33S
RDC WGS 84
UTM Zone 33S
Nota: utilize as ferramentas de navegação para manipular a visualização. Pode também escrever escalas
desejadas no campo de escala na barra de estados.

2º Exercício: Usando a visualização, a escala nacional de Angola, arraste o mapa para ver a República
Democrática do Congo (RDC) e diga se é possível observar a esta mesma escala os dois países. Depois
faça a mesma coisa para visualizar a Namíbia. Comente as suas respostas.

a) Que pergunta podemos responder utilizando a resposta da pergunta no 2º exercício?

28
CURSO INTRODUTÓRIO EM SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

MÓDULO 1

Gestão de informação em SIG e sua aplicação


na produção geográfica para ciências
ambientais

Tutorial 3

Adição e manipulação visual de dados


Preâmbulo do curso
Os sistemas de Informação geográfica (SIG) apareceram como uma ferramenta automatizada para
auxiliar na resolução de problemas de natureza espacial, tornando-se bastante versáteis e largamente
aplicados, reduzindo recursos necessários para a realização de actividades em várias áreas de actuação.
Permitindo o carregamento, armazenamento, análise, processamento e visualização concomitante de
várias camadas de informação, os SIG permitem a obtenção e divulgação de informação geográfica de
forma gráfica e incisiva, trazendo informações e perspectivas únicas que de outro modo não seria
possível.

Apoiando-se nos conceitos e métodos de várias ciências (directa ou indirectamente), os SIG constituem
uma ferramenta poderosa no planeamento, gestão e execução de processos e actividades, sendo um
suporte fiável para a tomada de decisão em várias áreas de empreendimento, como a gestão de recursos
naturais, factores ambientais, agricultura, infra-estruturas, ordenamento do território, transportes,
telecomunicações, comércio, etc. Por outro lado, a investigação e o ensino, também são áreas
directamente beneficiadas pelas potencialidades dos SIG, podendo ser utilizadas para o planeamento,
gestão e divulgação de pesquisas, permitindo a produção e apreciação de novos conhecimentos.

Este curso introdutório insere-se numa série de módulos com o intuito de equipar os participantes com
conhecimentos e ferramentas específicas de SIG para a aquisição, gestão e processamento de dados,
visualização e aplicação dos modelos geográficos em casos reais.

Sobre o tutorial:

Neste tutorial, serão apresentados os diferentes tipos e estruturas de dados mais utilizados em SIG,
algumas fontes úteis para sua aquisição e são explicadas brevemente as suas características e aplicações,
bem como situações, prós e contras da sua utilização.

É esperado que o participante entenda o conceito de “dados”, saiba identificar os diferentes tipos,
formatos e fontes de dados geográficos e consiga adicionar e manipulá-los visualmente em ambiente SIG.
Espera-se também que o seu entendimento permita definir as fontes e tipos de dados relevantes para
aplicações em necessidades próprias.

i
Condições de uso e propriedade intelectual
Este curso foi produzido, compilado e adaptado pelo Instituto Superior Politécnico Tundavala (ISPT),
com base em bibliografia de especialidade, devidamente publicada e autorizada para uso público, sendo
dado o devido crédito aos seus autores/promotores, bem como produções e desenvolvimentos próprios
do ISPT, para uso didáctico e de extensão comunitária.

O software utilizado (QGIS) é de domínio aberto (open source), sendo por isso permitido usar, estudar,
alterar, e distribuir de forma gratuita para qualquer usuário e para qualquer fim, desde que adquirido no
site oficial. O software, bem como documentação secundária e de suporte pode ser encontrado em
www.qgis.org .

Os dados utilizados nos exercícios propostos possuem metadados próprios, foram adquiridos em fontes
próprias, estando na forma de informação secundária e primária, os quais não pressupõem violação de
direitos autorais ou litígio comercial, visto serem gratuitas e de domínio público. Pelo objectivo inerente
deste curso, isto é, de permitir a obtenção da capacidade de uso dos SIG para fins didácticos e
profissionais, o ISPT furta-se da responsabilidade decorrente da utilização de dados ou fins ilícitos por
parte de terceiros, com base em exercícios propostos nestas séries.

Ficha técnica

ISPTundavala
Rua Patrice Lumumba nº 30 R/C
CP 298
Lubango
Huila-Angola
Telefone: +244 261 225 750 / 928 033 233
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Web: http://www.isptundavala.org
NIF: 517 116 41 00
Autoria e Redacção: Eng. MSc Evanilton E. S. Pires
e-mail: pires.evanilton@gmail.com
newton10dan@hotmail.com
A reprodução ou transmissão (do todo ou em parte) deste produto, não é autorizada, por qualquer processo electrónico,
mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, ou outros, sem a
permissão explicita dos autores em suporte escrito.

ii
3 Tutorial 3 Adição e manipulação visual de dados
3.1 Introdução
O processo de concepção e construção de um SIG segue, tal como qualquer empreendimento humano,
um conjunto de etapas e passos desde a formulação do problema, o inventário das necessidades e a
definição dos métodos, para que se possam atingir os objectivos propostos, resolver os problemas
recorrentes ou obter as respostas necessárias.

Os “dados” são um dos mais pertinentes componentes dos Sistemas de Informação Geográfica, dado o
facto de serem a base tanto do processo de obtenção de informação inicial relevante quer por
influenciarem as respostas necessárias a extrair do nosso SIG. O resultado obtido após a análise aplicada
aos dados é largamente dependente da qualidade e robustez dos dados utilizados. Por isso é importante
conhecer-se e ponderar cuidadosamente o tipo, formato ou estrutura do conjunto de dados a utilizar para
o fim que se propõe.

DeMers (2009) refere que se podem encontrar quatro formas de dados geográficos (pelo menos
visualmente): pontos, linhas, polígonos e superfícies. A estes adiciona ainda um quinto, os volumes,
relacionado às superfícies. A diferenciação entre estes tipos provém das dimensões associadas e das
características que possuem, sendo que estas variam de acordo com a concepção dos dados, a escala a
que se observa e o propósito do seu uso. Os pontos, por exemplo, não possuem dimensões espaciais
(largura/comprimento/altura), mas podem representar características de um mapa, superfície ou lugar;
linhas possuem apenas comprimento, embora na realidade possam ter largura, mas também podem
carregar atributos; polígonos possuem largura e comprimento, já permitindo mais cálculos geométricos
(formas, áreas, perímetros, etc.), além dos atributos; enquanto superfícies tendem a ser dados contínuos,
com todas as dimensões, podendo ainda ser físicas (concretas) ou não. Alguns exemplos das diferentes
formas podem ser:

Pontos: árvores, poços, chaminés, postes, igrejas, etc., dependendo da escala observada;

Linhas: estradas, caminhos de ferro, rios, cercas e divisões administrativas;

Polígonos ou áreas: Forais urbanos, campos agrícolas e territórios administrativos;

Superfícies: superfícies topográficas, batimétricas, barométricas, populacionais e económicas.

Note-se que a uma grande escala, por exemplo, uma igreja é representada por um polígono, mas a
pequenas escalas pode ser um ponto. O mesmo pode-se dizer de uma cidade ou vila.

32
3.1.1 Modelos de dados
Os dados geográficos também podem ser classificados em dois tipos de dados (Chissingui, 2014):
espaciais (vectores e rasters) e tabulares (alfanuméricos e atributos). Um mesmo dado espacial pode
conter informações espaciais bem como atributos ou valores.

3.1.1.1 Dados em modelo “vectorial”


Este modelo utiliza entidades geométricas para representar os objectos ou características do espaço a que
se refere. Este representa o espaço por primitivas geométricas que contém os elementos mais destacados
do mesmo, podendo estas primitivas ser do tipo ponto, linha ou polígono (Olaya, 2011). Ao considerar
um mapa ou representação, cada ponto possui uma coordenada X e Y associada, cada linha é um conjunto
de pontos conectados (cada um com as suas coordenadas), enquanto um polígono é um conjunto de
linhas, sendo esta um conjunto de pontos, que têm início e fim na mesma coordenada (DeMers, 2009).

Cada entidade geométrica pode conter, além da informação espacial usada para a representar, um
conjunto de informações associadas que definem ou caracterizam os objectos representados. Por
exemplo, um dado geográfico de pontos que represente poços de água, pode também conter
características associadas a cada registo, como o diâmetro, profundidade, nível freático, tipologia de solo
do local em que se encontra, etc.; um conjunto de árvores pode conter a altura e o diâmetro da copa; um
rio pode conter o seu caudal, velocidade, etc., (Figura 20).

33
Figura 20 – Comparação de entidades geométricas no modelo vectorial de dados. Fonte (Olaya, 2011).

3.1.1.2 Dados em modelo “raster”


Uma das formas de representar registos de uma determinada superfície é através de uma grelha
referenciada em que cada célula ou unidade dessa grelha alberga uma determinada área da superfície
terrestre. Este tipo de representação denomina-se “raster” e assume que a terra, com as suas diferentes
características, está simplificada em quadrículas ajustadas a um sistema de coordenadas, tal como um
tabuleiro de xadrez ou damas. Cada célula, possui um número associado (código numérico), o qual é
convertido pelo nosso SIG em uma cor visível que representa uma característica ou registo do fenómeno
ou objecto retractado, que a diferencia das outras características ou registos. Numa representação do
coberto do solo com ocorrências de rochas, floresta, savana, prado, solo nu e água, por exemplo, seria
atribuído o mesmo valor para cada célula que representasse as diferentes características (rocha = 1; água
= 2; solo nu = 3; floresta = 4; savana = 5; prado = 6) e este valor corresponderia por sua vez a uma
determinada cor (Figura 21).

34
Figura 21 – Exemplo de um dado geográfico em modelo raster (Chissingui, 2014). 1 = rocha; 2 = água; 3 = solo nu; 4 =
floresta; 5 = savana; 6 = prado.

3.1.2 Formatos e fontes de dados


Os dados geográficos serão sempre apresentados em dois modelos de dados geográficos: vectoriais e
rasters. Poderão apresentar-se como pontos, linhas, polígonos ou como grelhas de células com valores
associados (grelha de pixel). Já os formatos em que podem encontrar dados vectoriais e rasters são muito
variados. Estes referem-se a linguagem percebida pelo hardware e software para que se possa perceber e
representar os mesmos de forma correcta. Tal como um ser humano ouve sons pelos ouvidos, vê luz
pelos olhos e sente pressão, formas e superfícies através da pele (sendo estas algumas das nossas forma
de comunicação), os equipamentos eletrónicos percebem códigos e sinais elétricos convertidos pelos
dispositivos de entrada com que os controlamos (teclado, rato, etc.). Do mesmo modo nós apenas
conseguimos perceber os resultados que estes produzem visualmente pela interface gráfica que emite
imagens luminosas no ecrã ou por sons produzidos pelos altifalantes. Os tipos de códigos e
formatos/linguagens utilizados em computação variam em grande medida, tendo vindo a se desenvolver
até com o aparecimento dos diversos softwares que constituem o mercado.

Seguem-se alguns exemplos de formatos de dados que podem ser adicionados aos softwares SIG.
Especificidades e detalhes dos mesmos serão discutidos em próximas oportunidades, tal como o uso de
bases de dados e serviços WEB.

35
3.1.2.1 Formatos vectoriais
Uma lista extensiva de formatos vectoriais pode ser encontrada no website da GDAL
(https://gdal.org/drivers/vector/index.html). Exemplos de formatos vectoriais mais comumente
utilizados em SIG incluem (Graser, 2013):

• Ficheiros:
o ESRI shapefiles (.shp)
o GPS eXchange Format (.gpx)
o Comma separated values (.csv)
o Keyhole Markup Language (.kml)
o AutoCAD DXF (.dxf)
• Directórios:
o U.S. Census TIGER/Line Arc/Info Binary Coverage
o Arc/Info Binary Coverage
• Bases de dados:
o ODBC
o ESRI Personal GeoDatabase
o MSSQL
o PostgreSQL
• Protocolo:
o GeoJSON

3.1.2.2 Formatos raster


Uma lista extensiva de formatos raster pode ser encontrada no website da GDAL
(https://gdal.org/drivers/raster/index.html). Alguns exemplos de formatos mais comumente utilizados
em SIG incluem (Graser, 2013):

• ArcInfo ASCII Grid (.asc)


• Erdas Imagine (.img)
• GeoTIFF (.tif/.tiff)
• JPEG/JPEG-2000 (.jpg or .jpeg/.jp2 or .j2k)
• Portable Network Graphics (.png)
• Rasterlite (.sqlite)
• USGS Optional ASCII DEM (.dem)
36
3.1.2.3 Exemplos de fontes de dados
Os dados utilizados em SIG são produzidos e disponibilizados por várias fontes, podendo estas ser de
fontes primárias (produzidas por levantamentos, observações ou produções próprias do utilizador) ou de
fontes secundárias (dados produzidos por terceiros ou provedores de serviços que são disponibilizados
para várias aplicações). As produções próprias são sempre as mais adequadas, uma vez que são levantadas
e processadas para fins específicos, enquanto dados de fontes secundárias, embora possam ser úteis,
podem possuir inconvenientes para usos específicos.

São apresentadas a seguir alguns sítios de repositórios na internet onde se podem encontrar dados
secundários úteis (Tabela 1):

Tabela 1 – Alguns links para obtenção de dados

Fonte/Dados Sítio
DIVA-GIS (Vectores e Raster) por país http://www.diva-gis.org/gdata
Earth explorer da USGS (Imagens de satélite https://earthexplorer.usgs.gov
Raster)
WorldClim (dados climáticos) https://www.worldclim.org
TOPOGIS (dados sobre Angola e não só) https://www.topogis-ao.com
Free GIS, Remote Sensing, Spatial and http://free-gis-data.blogspot.com
Hydrology data
ArcGIS Living Atlas of the World https://livingatlas.arcgis.com/en/home
NOAA Imagery Data https://www.nesdis.noaa.gov/content/imagery-data-0
NOAA serviços de satélite https://gis.nnvl.noaa.gov/arcgis/rest/services
NASA World View https://worldview.earthdata.nasa.gov/
GeoNetwork – FAO portal de imagens e dados http://www.fao.org/geonetwork/srv/en/main.home
MeteoBlue Maps – Clima e Solo https://www.meteoblue.com/en/weather-
maps/bacuma_angola_3351789?variable=obssat_pressure
&level=surface&lines=none&mapcenter=-
13.4955N17.1631&zoom=7#coords=4/-
12.6/18.4&map=windAnimation~rainbow~auto~10%20
m%20above%20gnd~none

37
Fonte/Dados Sítio
NASA Fire Maps LANCE-FIRMS https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/map/#t:adv%3bd:
2021-03-05%3bl:noaa20-
viirs%2cviirs%2cmodis_a%2cmodis_t%2c1%2c2%2c3%2
c4%2c5%2c6%2c7%2c8%2c9%2c10%2c11%2c12%2cpro
tected_areas%3b%4032.8%2c0.0%2c3z
SASSCAL Weathernet http://www.sasscalweathernet.org/weatherstat_daily_AO
_we.php?loggerid_crit=0000361101&yrmth_crit=2018-11

3.1.3 Vector vs Raster


Uma das questões mais importantes encontradas ao longo da construção e utilização de um SIG é qual a
estrutura de dados mais adequada. Cada uma destas tem vantagens e desvantagens, porém podem muito
bem ser combinadas e ainda convertidas umas nas outras. É apenas imperioso ter em mente quais os
nossos objectivos e necessidades (em termos de funcionalidade, precisão e espaço de armazenamento),
bem como precaver possíveis inconvenientes ou erros decorrentes das transformações e processamentos
realizados. Seguem-se na Tabela 2 algumas comparações entre vectores e rasters dadas por DeMers (2009),
Olaya (2011) e Chissingui (2014):

Tabela 2 – Comparação dos prós e contras do modelo vectorial vs modelo raster

Característica/aspecto Vector Raster

Armazenamento Baixo Alto

Rapidez/facilidade de Cálculo Baixo Alto

Precisão espacial Alta Baixa

Recomendação para modelação Menor Maior

Resultado visual (relativo a suavidade visual) Melhor Não tão boa

Compatibilidade com dados scaneados ou DT2 Menor Maior

2 “Detecção Remota”, a técnica de adquirir dados através de equipamentos que não estejam em contacto com os objectos
estudados, pelo registo da energia electromagnética emitida ou reflectida por estes.
38
3.2 Adição e estilização de dados no QGIS
3.2.1 Preparação do espaço de trabalho
Antes de se começar a trabalhar no projecto que se pretende, é boa prática criar uma estrutura
organizativa que facilite e permita a realização do mesmo, diminuindo a ocorrência de erros, perdas de
informação ou outros inconvenientes. Assim, recomenda-se que: (1) escolha um directório (uma pasta
para usar como fonte, como o ambiente de trabalho, documentos ou outra qualquer a sua escolha), o
mais próximo possível da fonte do sistema operativo3 e crie uma pasta de projecto com um nome a sua
escolha; (2) dentro desta última crie duas novas pastas com os nomes “dados” e “resultados”; (3) crie
um novo projecto QGIS e guarde o projecto na referida pasta projecto; (4) guarde quaisquer dados
necessários ao projecto na pasta “dados” e sempre que produzir informações relevantes guarde na pasta
“resultados”.

3.2.2 Adição de Vectores


Tal como dito anteriormente, aos SIG podem-se adicionar dados vectoriais para construir modelos e
realizar vários tipos de análises e manipulações. Neste exercício, faremos a adição de três tipos de dados
e ajustaremos a sua visualização para construir um modelo que representa as províncias de Angola, as
capitais das províncias e os principais rios do país. Os dados para adição serão fornecidos durante a
realização do curso ou baixados aqui (…), recomendando-se que os guarde na pasta “dados” do seu
espaço de trabalho.

Passo 1: Depois de aberto o seu novo projecto, vá até a barra de menus “Camadas ou Layers” ou utilize
a “barra de gestão de camadas4”, para utilizar o comando “adicionar camada vectorial” (camada »
adicionar camada » adicionar camada vectorial; Figura 22). Aparecerá uma caixa de diálogo (Figura 23), onde
especificaremos o tipo de fonte para ficheiro (refira a 3.1.2.1) e a fonte dos ficheiros (caminho e pasta
onde se encontram).

Passo 2: para especificar a fonte, clique no botão com as reticências, abrirá uma janela do explorador do
Windows e use-a para navegar até à pasta dados » Map layers » Orientation. Seleccione os seguintes
dados: (1) procincia.shp, (2) rios em geral.shp e (3) capital_provincia.shp. Depois de seleccionados,
clique em adicionar e feche o diálogo para ver os dados no projecto (Figura 24).

3 Fonte do sistema operativo refere-se ao armazenamento onde este se encontra instalado. Normalmente é o disco (C:), porém
pode variar de máquina para máquina.
4 Se esta não estiver activa, pode activá-la clicando com o botão direito do rato em qualquer parte da barra de ferramentas e

active a “barra de gestão de camadas”.


39
Figura 22 – Procedimento de adição de camadas vectoriais.

Figura 23 – Caixa de diálogo para adição dos dados vectoriais.

40
Figura 24 – Dados vectoriais adicionados

Nota: as cores e a ordem de visualização das camadas poderão não aparecer exactamente como
na figura. As selecções das cores exibidas são aleatórias e por isso podem diferir. Disponha a
ordem de visualização arrastando as camadas na ordem indicada.

Foram assim adicionadas as três geometrias de dados vectoriais: (1) províncias (polígonos), (2) rios
(linhas) e (3) capitais de província (pontos).

3.2.3 Adição de um raster


Para adicionar um ficheiro raster, segue-se um procedimento semelhante a adição de vectores, porém
com ligeiras diferenças.

Passo 3: seguindo o procedimento inicial descrito no “Passo 1”, em vez de adicionar camada vectorial,
vai usar o comando para adicionar camada raster usando o menú camada ou a barra de gestão de camadas
(camada » adicionar camada » adicionar camada raster; Figura 25).

41
Passo 4: na caixa de diálogo aberta (Figura 26), use o botão das reticências para especificar a fonte e, ao
abrir o explorador do Windows, navegue até à pasta dados » raster de Angola e seleccione o ficheiro
Angola.tif.

Figura 25 – Procedimento de adição de camadas vectoriais.

Figura 26 – Caixa de diálogo para adição de um dado raster.

Depois de seleccionado, clique em adicionar e feche o diálogo para ver os dados no projecto (Figura 27).

42
Figura 27 – Raster de Angola adicionado.

Nota: este raster é um Modelo Digital de Elevação (MDE ou DEM em inglês) e representa a
superfície altimétrica de Angola (e um pouco de outros países). Este será usado em algumas
análises ao longo do curso.

Passo 5: para ver a extensão deste raster, reorganize a ordem das camadas para que o raster esteja na
parte posterior da pilha de camadas e seja o último a ser visualizado, seleccionando-a e arrastando para
baixo de todas as outras (Figura 28).

43
Figura 28 – Mapa reorganizado. Dados vectoriais por cima e raster por baixo (ponto, linha, polígono, raster).

3.2.4 Estilização de dados


Dado que a adição de dados vectoriais resulta num estilo (ou simbologia) aleatória, esta necessita muitas
vezes de ser personalizada para atender à correcta representação dos objectos dos nossos dados ou
modelo. Vamos agora personalizar todos os nossos dados, de forma a criar uma harmonia entre todos.

3.2.4.1 Estilização de vectores


Passo 6 [Estilizar Pontos(capitais)]: comecemos por alterar o estilo das nossas capitais de províncias
para lhes darmos um toque diferente. Usando o painel de estilo ou nas propriedades da respectiva camada
(clicar com o direito sobre a camada » propriedades » separador “Estilo/Simbologia”), podemos
aceder a um conjunto de opções de estilo para os nossos pontos (Figura 29). Aqui pode-se ajustar
definições desde o tamanho dos pontos, a cor do preenchimento e do traço, o seu estilo e muito mais.
Por agora vamos apenas mudar as cores, clicando no botão da “cor do preenchimento” e seleccionando
o preto no selector de cor, enquanto a cor do traço será branca. Pode-se ver o resultado na Figura 30.

44
Figura 29 – Propriedades dos pontos

45
Figura 30 – Pontos estilizados.

Passo 7 [Estilizar Linhas(rios)]: para estilizarmos as linhas, seguiremos mais ou menos o mesmo
procedimento, pois o mecanismo é bastante semelhante para todos os tipos de vectores (clicar com o
direito sobre a camada » propriedades » separador “Estilo/Simbologia”), com apenas algumas
diferenças. Abra as propriedades da camada “rios em geral” (semelhante ao pop-up da Figura 29) e na
simbologia, altere a cor da linha para um tom de azul de modo a representar os recursos hídricos do país
(Figura 31). O resultado pode ser visto na Figura 32.
46
Figura 31 – Simbologia dos rios

47
Figura 32 – Linhas estilizadas

Passo 8 [Estilização de Polígonos(províncias)]: neste passo seguiremos o mesmo procedimento que


nos passos anteriores (clicar com o direito sobre a camada » propriedades » separador
“Estilo/Simbologia”), sendo que desta vez vamos apenas alterar o estilo de preenchimento para “sem
preenchimento” e a espessura do traço para “0,46 mm” (Figura 33). O resultado está espelhado na Figura
34.

48
Figura 33 – Diálogo da simbologia das províncias.

49
Figura 34 – Polígonos estilizados sem preenchimento e com espessura aumentada.

3.2.4.2 Estilização de rasters


Para estilizar rasters, seguem-se os mesmos passos para abrir o diálogo, porém as propriedades gráficas
destes seguem uma estrutura e opções bastante diferentes.

Passo 9: Abra as propriedades da simbologia do raster (clicar com o direito sobre a camada »
propriedades » separador “Estilo/Simbologia”). Nesse diálogo, clique na opção “Tipo de render” e
em vez de “banda única cinza”, escolha “banda única de cor falsa” (Figura 35). Na opção rampa de cores,
clique na setinha da direita e escolha uma rampa de cores ao seu gosto. Neste caso, sugiro tons de verdes.
Por uma questão estética, faremos inversão da rampa de cores (realçado em azul na Figura 35). Não se

50
esqueça de classificar os dados em relação a nova rampa (realçado laranja na Figura 35) e já pode aplicar
as configurações. O resultado pode ser visto na Figura 36.

Figura 35 – Simbologia do raster. Definição de uma banda única de cor falsa.

51
Figura 36 – Raster estilizado com tons de verde.

3.3 Conclusões e exercícios complementares


Como se pode ver, fizemos uma combinação de cidades, divisões administrativas, rios e ainda uma
superfície altimétrica (modelo digital de elevação). Conseguimos sobrepor num projecto diferentes tipos
de dados que nos dão uma ideia da distribuição espacial desses objectos e características pelo espaço
angolano e ainda manipulamos a sua aparência para que sejam mais explícitos (ou bonitos). Parabéns!!

52
3.3.1 Exercício
Como forma de exercitar, utilizando tudo o que aprendeu e, quem sabe, explorando um pouco o
desconhecido, tente replicar a estilização de cada camada como visto na Figura 37. Boa sorte!!

Figura 37 – Exercício complementar. Boa sorte! Dica: na camada rios, use uma simbologia graduada com base no campo “ordem”
e na camada capital_provincia aceda a opção “Rótulo” /” Etiqueta” para definir estas com base no campo “town name”.

53
CURSO INTRODUTÓRIO EM SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

MÓDULO 1

Gestão de informação em SIG e sua aplicação


na produção geográfica para ciências
ambientais

Tutorial 4

Criação de Layouts e Mapas para Impressão


Preâmbulo do curso
Os sistemas de Informação geográfica (SIG) apareceram como uma ferramenta automatizada para
auxiliar na resolução de problemas de natureza espacial, tornando-se bastante versáteis e largamente
aplicados, reduzindo recursos necessários para a realização de actividades em várias áreas de actuação.
Permitindo o carregamento, armazenamento, análise, processamento e visualização concomitante de
várias camadas de informação, os SIG permitem a obtenção e divulgação de informação geográfica de
forma gráfica e incisiva, trazendo informações e perspectivas únicas que de outro modo não seria
possível.

Apoiando-se nos conceitos e métodos de várias ciências (directa ou indirectamente), os SIG constituem
uma ferramenta poderosa no planeamento, gestão e execução de processos e actividades, sendo um
suporte fiável para a tomada de decisão em várias áreas de empreendimento, como a gestão de recursos
naturais, factores ambientais, agricultura, infra-estruturas, ordenamento do território, transportes,
telecomunicações, comércio, etc. Por outro lado, a investigação e o ensino, também são áreas
directamente beneficiadas pelas potencialidades dos SIG, podendo ser utilizadas para o planeamento,
gestão e divulgação de pesquisas, permitindo a produção e apreciação de novos conhecimentos.

Este curso introdutório insere-se numa série de módulos com o intuito de equipar os participantes com
conhecimentos e ferramentas específicas de SIG para a aquisição, gestão e processamento de dados,
visualização e aplicação dos modelos geográficos em casos reais.

Sobre o tutorial:

Neste tutorial, serão abordados os conceitos, métodos e ferramentas para a criação de mapas ou layouts
para impressão, importação em imagens ou outros formatos para usos finais, bem como aspectos e dicas
de Cartografia e Geodesia. Serão apresentados os passos e opções para a definição do ambiente de
impressão e a manipulação dos diferentes elementos para a obtenção do produto final desejado.

É esperado que o participante entenda as componentes científicas, artísticas e gráficas da elaboração de


cartas e mapas, com respeito às sinalizações convencionais, de modo a retractar os fenómenos em causa
de forma assertiva e concisa, e que seja capaz de aplicar essa compreensão em situações reais.

i
Condições de uso e propriedade intelectual
Este curso foi produzido, compilado e adaptado pelo Instituto Superior Politécnico Tundavala (ISPT),
com base em bibliografia de especialidade, devidamente publicada e autorizada para uso público, sendo
dado o devido crédito aos seus autores/promotores, bem como produções e desenvolvimentos próprios
do ISPT, para uso didáctico e de extensão comunitária.

O software utilizado (QGIS) é de domínio aberto (open source), sendo por isso permitido usar, estudar,
alterar, e distribuir de forma gratuita para qualquer usuário e para qualquer fim, desde que adquirido no
site oficial. O software, bem como documentação secundária e de suporte pode ser encontrado em
www.qgis.org .

Os dados utilizados nos exercícios propostos possuem metadados próprios, foram adquiridos em fontes
próprias, estando na forma de informação secundária e primária, os quais não pressupõem violação de
direitos autorais ou litígio comercial, visto serem gratuitas e de domínio público. Pelo objectivo inerente
deste curso, isto é, de permitir a obtenção da capacidade de uso dos SIG para fins didácticos e
profissionais, o ISPT furta-se da responsabilidade decorrente da utilização de dados ou fins ilícitos por
parte de terceiros, com base em exercícios propostos nestas séries.

Ficha técnica

ISPTundavala
Rua Patrice Lumumba nº 30 R/C
CP 298
Lubango
Huila-Angola
Telefone: +244 261 225 750 / 928 033 233
Correio Electrónico: info@isptundavala.ed.ao
Web: http://www.isptundavala.org
NIF: 517 116 41 00
Autoria e Redacção: Eng. MSc Evanilton E. S. Pires
e-mail: pires.evanilton@gmail.com
newton10dan@hotmail.com
A reprodução ou transmissão (do todo ou em parte) deste produto, não é autorizada, por qualquer processo electrónico,
mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, ou outros, sem a
permissão explicita dos autores em suporte escrito.

ii
4 Tutorial 4 Criação de Layouts e Mapas para Impressão
4.1 Introdução
A necessidade de representar o mundo em que vivemos sempre esteve presente na vida da humanidade,
como se pode até testificar pela existência de pinturas rupestres datadas de tempos remotos a sua
evolução até a aparição da Cartografia e da Geodesia. Esse desenvolvimento tem sido contínuo e
constantemente se desenvolvem novas tecnologias e aparecem técnicas mais elaboradas para se
representar e comunicar os fenómenos e eventos do nosso planeta.

4.1.1 Geodesia e Cartografia


A palavra Geodesia, derivada do grego “geodaisia”, tem o significado de dividir a Terra (estudando a sua
forma e tamanho), ocupando-se da medição e representação da Terra, incluindo o seu campo
gravitacional, no espaço tridimensional e sua variação temporal. Contudo, é considerado que esta trata
apenas de medições de grandes porções da superfície terrestre onde a curvatura da superfície do planeta
é um aspecto importante. Já a Cartografia, é tida como o estudo ou a prática de fazer mapas, isto é, a
produção de retractos e representações da superfície terrestre por meio de cartas ou mapas, aplicando
meios gráficos e compilações de conhecimentos especializados. Pode-se também considerar que se dedica
a fazer essas representações para superfícies planas (ou tentativas de tornar a superfície curva da terra em
uma representação plana). Além do design de mapas, a Cartografia também se ocupa da captura e
manipulação dos dados, processamento de imagens e exibição visual. Alguns exemplos de
desenvolvimentos mais recentes destas especialidades, adicionados aos tradicionais, são as impressões
dinâmicas, uso de tecnologias espaciais (GPS e Detecção Remota) e modelos impressos em 3D (NOAA,
2021; NGI, What is Cartography, 2021; NGI, What is Geodesy, 2021).

4.1.2 Mapas e elaboração de mapas


A palavra mapa pode ser usada em vários contextos (mapa de recursos humanos, mapa de custos, mapa
de consumos, etc., por exemplo), no entanto, em Cartografia é definido como um modelo visual/gráfico
– estático ou dinâmico – que transporta uma mensagem ou conta uma história, sendo de crucial
importância os aspectos visual, espacial e comunicativo (ESRI, 2020). Um mapa deve retractar um
evento ou fenómeno, quer seja tangível, abstracto ou até uma alteração ao longo do tempo
(comunicativo); o objecto ou tema retractado deve ser baseado em dados espaciais (relativos a um
determinado lugar) relevantes e o mais autoritários e verdadeiros possível (espacial), disposto através de
simbologias, textos e outros sinais convencionais (visual) (IGeoE, 2008).

Field, Nelson e Punt (2020) estabelecem que, sendo um mapa uma forma de comunicar fenómenos
geográficos de uma forma artística, é necessário (i) Harmonização e equilíbrio entre de todos os

57
elementos, (ii) inclusão da Arte (visual e de comunicar), (iii) usar as Oportunidades de optimizar a
comunicação dependendo do que se trata, (iv) o uso das várias Grafias ou gráficos mais adequados como
ferramentas de comunicação e (v) Propósitos naquilo que se faz ou que se diz para evitar ruído (do inglês:
CARTOGRAPHY = C-compromise; ART-arte; O-opportunities; GRAPH-grafic; Y-why?).

Uma boa forma de estabelecer o processo de elaborar mapas ou layouts é definir o porquê da sua
elaboração, qual o público-alvo, o formato mais adequado e a disponibilidade de recursos para o fazer
(disponibilidade de dados, softwares disponíveis e suas capacidades, tempo5, etc.), sem esquecer que este
processo não é tido como linear, pois por ser arte é difícil definir um término concreto, sendo apenas
possível determinar quando se atingiram os objectivos com razoabilidade. Pode assim ser útil responder
a perguntas como “Qual é o propósito, mensagem ou a audiência do mapa?”, “Quais os parâmetros e
tratamentos (projecção, dados, classificações, mapas de base/referência) necessários?”, “Qual a
simbologia (cores, tamanhos, transparência, padrões, letras) mais adequada?”, “Quais os elementos
(legendas, gráficos, tabelas, descrições) a incluir?” e, mais lá para o fim, “Como posso afinar o meu
modelo (torná-lo mais simples, atractivo, compreensivo ou interactivo)?”.

Por outro lado, é de extrema importância considerar as limitações inerentes à representação de uma
superfície [grande] como a Terra em uma [pequena] tela ou pedaço de papel, por exemplo: as distorções
ou erros de tamanho, distância, área, forma ou orientação decorrentes da representação; usar estilos de
letra e de símbolos apropriados ao público-alvo (estes não existem na realidade, são apenas suporte) e;
ajustar as cores e padrões ao tema e aos objectivos da comunicação, mantendo a parecença mais real e
adequada possível.

Felizmente, os softwares já possuem imensos leques de ferramentas e utilidades de suporte para apoiarem
a criação de produtos acabados, sendo apenas necessário por parte do utilizador definir as suas
necessidades e conjugar os recursos de forma eficiente, de modo a melhor utilizar todas as
funcionalidades disponíveis para atingir os seus objectivos e criar verdadeiras obras de arte.

5 Vale lembrar que 90% das tarefas levam 10% do tempo e 10% das tarefas levam 90% do tempo. Com o tempo se experimenta
este adágio.
58
4.1.3 Tipos de mapas
Alguns exemplos de mapas, dependendo de algumas características visuais que possuam ou da finalidade,
podem ser vistos na Tabela 3:

Tabela 3 – Exemplos de tipos de mapas. Fonte: IGeoE, 2008.

Tipo de Mapa/Carta Definição


Carta planimétrica Mostra os objectos e suas posições relativas no plano de referência.

Carta topográfica sem ou Apresenta o relevo de uma determinada região. Com relevo é impressa
com relevo em plástico e moldada para apresentar o formato tridimensional.
Fotomapa / Reprodução de fotografia aérea transformada à escala com elementos
2) ortofotomapa adicionais/ 2) com correcção de distorções decorrentes do relevo.
Carta itinerária Indica a localização de estradas, caminhos, vias férreas, ciclovias, etc.
e as distâncias entre localidades, bifurcações, entroncamentos, etc.
Mapas temáticos De finalidade específica: geológico, de solos, de riscos de incêndio,
climático, etc., feito a partir da sobreposição dos dados em topografia.
Pequena escala Cartas gerais e estratégicas em escala < 1: 1 000 000, até 1: 800 000

Média escala Cartas tácticas ou logísticas com escalas entre 1: 600 000 e 1: 75 000

Grande escala Plantas para planos de povoações, artilharia militar, cadastros, planos
de pormenor, etc. com escalas > 1: 50 000

59
4.2 Compositor de impressão (impressor de layouts)
O compositor permite-nos adicionar os diferentes elementos (Tela do mapa, rótulos de texto, imagens,
legenda, barras de escala, formas, setas, tabelas e molduras HTML), permitindo ajustar o tamanho,
alinhamento, posicionamento, rotação e outras propriedades de cada elemento para a criação do layout e
a exportação deste em formato de imagem, PostScript, PDF ou SVG.

Como já se disse, para se fazer a impressão, pressupõe-se que já foi feito todo o processamento e análise
dos dados, bem como a correspondente estilização para a melhor visualização dos mesmos. Deste modo,
para este tutorial, utilizar-se-ão como exemplo os resultados do Tutorial 3, secção 3.1. (Figura 38). A este,
adicionar-se-ão os elementos convencionais e far-se-á a exportação do produto final para publicação.

Figura 38 – Resultado do exercício complementar no Tutorial 3, secção 3.1.

60
4.2.1 Criar o ambiente de impressão
Tendo-se os dado já processados e estilizados, podemos então proceder à utilização do compositor de
impressão para criar o nosso produto final. Para esta utilização é conveniente definirmos de antemão
alguns parâmetros que servirão de definição para a estrutura final do nosso layout e dependem dos nossos
objectivos.

Passo 1: na barra de ferramentas ou na barra de menus (Figura 39, esquerda), seleccionamos a opção
“Nova composição de impressão…” e atribuímos um nome para esta na pequena caixa que se apresenta
(Figura 39, direita). Ao clicar em “OK”, abre-se assim o nosso compósito de impressão.

Figura 39 – Menu projecto, realçado em azul a opção “nova composição de impressão” (esquerda) e caixa para inserção do nome da
impressão (direita).

NOTA: Podem-se criar vários compositores no mesmo projecto, podendo estes serem acedidos
posteriormente a partir do “Gestor de composições…”. Estes podem ainda ser guardados como
templates para serem usado em outros projectos ou sessões e ainda gerar-se múltiplos mapas com
base nestes para visualização pelo gerador de atlas.

O compositor tem um aspecto semelhante ao GUI (Figura 40), possuindo menus, barras de ferramentas
(realce laranja) e painéis (realce vermelho) para a manipulação do compositor (“folha/tela” branca no
centro).

61
Figura 40 – Janela do compositor de layout, tela, menus, ferramentas e painéis.

Passo 2: Clique com o botão direito do rato na tela para abrir as opções disponíveis para este e seleccione
“propriedades da página…”, activando as opções correspondentes no painel “Propriedades do item” no
lado direito da janela (realce vermelho na Figura 40). Aqui podemos definir o tamanho da página (A4,
A3, etc.) ou a orientação do layout (paisagem ou retracto). Estes dependem de como tencionamos dispor
os diferentes elementos. Por agora vamos manter as definições em A4, paisagem.

4.2.2 Adicionar e dispor os elementos


4.2.2.1 Mapa
Passo 3: através do menu “adicionar item” ou da barra de ferramentas no lado esquerdo (realce laranja

na Figura 40), seleccione a ferramenta “Adicionar Mapa” e desenhe com o rato uma área na tela
onde quer que o mapa apareça (clicando num ponto da tela e arrastando para outro até completar a área).
Escolha a área e a proporção mais apropriada segundo a sua preferência. Pode seguir o exemplo da Figura
41.

Caso a disposição do [conteúdo do] mapa não lhe satisfaça, pode editar a sua posição usando a ferramenta

“Mover conteúdo”, arrastando o mesmo para a posição desejada e, se necessário, ajustar o

zoom/aproximação. Outra ferramenta importante para o ajuste é a “Seleccionar/mover item”, que


deve usar para seleccionar o elemento que deseja editar ou até mesmo reajustar a área em que se encontra.

62
Figura 41 – Adição do mapa ao layout e seu ajuste.

NOTA: - tenha em mente que o mapa adicionado à tela depende dos dados e estilização do canvas
no projecto original. Se quiser ou tiver necessidade, pode fazer alterações no projecto e estes serão

reflectidos no compositor quando actualizar ou clicar em “Actualizar vista”. Pode, no


entanto, bloquear as camadas e seus estilos no painel das propriedades do item para que se
mantenham no layout mesmo que sejam alteradas no projecto.

- Pode também adicionar mais de um mapa à tela e definir mais de uma vista, incluindo um
“overview” automático nas propriedades do item.

4.2.2.2 Barra de escala


A forma de se saber quais as dimensões reais dos objectos num mapa é através da barra de escala6. Esta
é calculada automaticamente pelo software, dependendo do “elemento” mapa ao qual se referir.

Passo 4: Para adicionar a barra de escala ao layout, use a ferramenta “Adicionar Barra de escala” e
desenhe uma área na tela onde quiser posicioná-la. Tal como qualquer outro elemento, esta pode ser

6 Para mais informações, refira ao Tutorial 2 do Módulo 1 deste curso.


63
personalizada nas propriedades do item, onde poderá alterar a sua aparência. Por agora penas
garantiremos que esta possui 4 segmentos a direita e que o intervalo é de 100 Km (Figura 42).

Figura 42 – Adição da barra de escala.

4.2.2.3 Orientação (seta do Norte ou rosa dos ventos)


Para ser possível a orientação no terreno pela leitura do mapa, é necessário termos um diagrama que
mostra a posição do mapa em relação ao Norte geográfico, cartográfico e/ou magnético da Terra, sendo
para este fim utilizada a seta do Norte ou outro diagrama adequado ao efeito.

Passo 5: No QGIS, pode-se adicionar a orientação de duas formas: (1) pelo botão “Adicionar seta

do Norte” (só para QGIS 3) ou (2) pelo botão “Adicionar imagem”, na propriedade do item
«Directórios de pesquisa» (para QGIS 2 e 3). Clicando num desses botões, desenhe na tela a área em que
deseja ter a orientação e ajuste a dimensão do diagrama (Figura 43). Nas propriedades do item, pode
alterar a imagem ou diagrama, a cor do preenchimento e do traço, bem como definir uma imagem original
ou ao seu gosto estabelecendo o caminho e o ficheiro que deseja.

64
Figura 43 – Adição da orientação e sua personalização.

NOTA: é assumido que os mapas estão sempre orientados para Norte e por esse motivo nem todos
os especialistas defendem sempre o uso da orientação. No entanto, não há dúvidas da sua
obrigatoriedade no caso de haver uma inclinação da representação (quando o Norte se alinha com
outra direcção que não a de cima). Em todo o caso, na opinião do autor, o seu uso é recomendável.

4.2.2.4 Legenda
A legenda é um dos elementos mais importantes para a leitura do mapa, já que ela descodifica os símbolos
e cores usados. É pela correspondência dessa definição com a que se estabelece a relação dos símbolos
com a mensagem passada. Normalmente, nos softwares, a legenda é adicionada automaticamente
dependendo dos dados adicionados ao projecto e sua simbologia (na forma definida a priori).

PASSO 6: Para se adicionar a legenda, use a ferramenta “Adicionar Legenda” e desenhe a área em
que deseja posicioná-la.

Poderá dar-se o caso de que aparecerá deslocada da extensão definida, no entanto é normal o QGIS
adicionar todas as camadas presentes no projecto e estas ocuparem um espaço diferente. O que deve
fazer é editar a legenda no painel “propriedades do item” para que adquira a aparência desejada. Por
agora, faça questão de adicionar um título à legenda nas «propriedades principais», editar os nomes dos
«itens da legenda» e, se desejar, adicionar um fundo contrastante com a simbologia adoptada (Figura 44).

65
Figura 44 – Adição da legenda e edição de algumas propriedades.

NOTA: tenha em atenção que a alteração dos itens da legenda não é permitida por predefinição.
Para que seja possível, desactive a actualização automática para que consiga então personalizá-los.

4.2.2.5 Título
Na elaboração de qualquer documento ou texto, é regra incluir títulos e/ou rótulos que resumam as ideias
ou temas ou secções retractadas neles. Nos mapas e cartas, essa regra não é diferente, sendo de capital
importância incluir nestes textos indicativos do conteúdo apresentado. Exemplos de etiquetas incluem
nomes de referenciais, indicação dos métodos de projecção e sistema de referência, notas de
responsabilidade (comumente chamado título e indica o produto e o método de compilação utilizado)
ou outros.

PASSO 7: para se adicionar um título ao compositor, utilize a ferramenta “Adicionar etiqueta”, tal
como com todos os outros, desenhando uma área em que quer ajustar o texto. Depois de definida a caixa
do texto, deverá editá-lo nas propriedades do item, escrevendo o texto integral que deseja nas
«propriedades principais» e alterando o tipo e tamanho de letra na «aparência» (Figura 45). Sugere-se usar
todos os caracteres maiúsculos, em negrito e tamanho relativamente grande.

66
Figura 45 – Adição do título e sua edição.

4.2.2.6 Elementos adicionais/opcionais


Depois de se adicionarem todos os elementos principais, passa-se então à fase da afinação e finalização
do layout. É esta fase que poderá levar mais tempo e mais exige do senso artístico do autor para saber
quando se atingiram os objectivos e quando se deve parar.

Mencionamos a seguir alguns exemplos de adornos que podem ser úteis na leitura e embelezamento dos
modelos, mas deve-se ter sempre em mente que tudo o que se utiliza deve ter uma razão de ser, isto é,
um objectivo. De outro modo, facilmente se torna ruído. Note-se, porém, que estes não são as únicas
alternativas de acabamentos. Não se acomode às sugestões pré-definidas. Há muito mais que se explorar!

4.2.2.6.1 Grelha
As grelhas são elementos decorativos que assinalam intervalos de distâncias e/ou coordenadas. Também
são bastante personalizáveis em termos de padrões, cores estilos, posições, ordem, molduras, etc. Estas
são adicionadas e personalizadas nas propriedades do item do elemento mapa desejado.

4.2.2.6.2 Logos e assinaturas


Esta é uma forma de identificar o nosso trabalho. Com a adição de um logotipo, de uma assinatura ou
uma marca podemos eternizar uma peça de arte como sendo de nossa autoria. Pode ser uma forma
interessante de dar o toque final. Estes podem ser adicionados como etiqueta ou imagens.

67
4.2.2.7 Retoques finais
PASSO 8: faça todos os ajustes finais que achar necessários para obter o seu layout “final” (ou pelo
menos que lhe satisfaça). No exemplo que estamos a desenvolver, vamos ajustar o mapa para dar um
espaço marginal a volta para a inclusão de uma moldura e etiquetas das coordenadas, bem alinhar todos
os outros elementos além do mapa num mesmo eixo central do lado direito da tela (Figura 46).

4.2.3 Exportação do layout


Após terminar todas edições, o último passo para a obtenção do produto final é a exportação deste no
formato desejado. Tal como dito anteriormente, o QGIS nos permite exportar em vários formatos, sendo
que compete aos autores decidir qual o mais adequado. Quando se quer usar o layout como um produto
visual para agregar valor à um relatório, documento ou trabalho académico, por exemplo, é mais
conveniente exportar como imagem. Já quando o layout for para publicar como produto final, pode ser
mais conveniente exportar como PDF. Neste exemplo, faremos apenas a exportação em imagem.

Ao exportar como imagem, uma questão importante a considerar é a dicotomia entre qualidade de
imagem e tamanho do ficheiro. Quando lhe for pedido para definir a resolução da exportação (em «dpi»),
tenha em mente que quanto mais dpi, maior será a qualidade e nitidez da imagem final, no entanto o
ficheiro resultante terá muito mais informação e, por conseguinte, uma necessidade maior de
armazenamento.

PASSO 9: para se fazer a exportação em formato de imagem, use a ferramenta “Exportar como

imagem” ou a mesma opção a partir do menu “Composição”. Se quiser exportar como PDF, use
“Exportar como PDF”. Defina o caminho e nome do ficheiro, bem como a resolução do ficheiro de
saída. Depois disso, espere que o software termine a exportação e poderá abri-lo em qualquer visualizador
de imagem e usá-la para o fim que desejar. No caso aqui apresentado, o resultado pode ser visto na Figura
46.

68
Figura 46 – Layout final do tutorial 4. Mapa de Angola em superfície altimétrica, toponímia e principais cursos de água.

69
4.3 Conclusões e exercício
Terminamos de criar uma produção cartográfica dos principais rios de Angola. Como pôde ver, no
exemplo dado, tentamos criar um mapa da ocorrência dos principais rios de Angola, referenciando a sua
localização com a proximidade das capitais de província e a relação da ocorrência das ordens com a
altitude do território (se não tinha percebido que era esse o objectivo desta produção, ora aí está a
explicação). Tentou-se, da melhor maneira possível, harmonizar os diferentes elementos convencionais
e os aspectos artísticos (esquema de cores, contrastes, tamanhos, posições, etc.) para obter um mapa
informativo, compreensivo, apelativo e, acima de tudo, correcto.

Pode então ser visto, pela leitura do nosso mapa, que a maior parte dos rios do território se iniciam na
zona central de Angola, sendo poucos os que atingem ordens mais elevadas. Por outro lado, vê-se que
os rios mais longos são os que nascem nas zonas mais elevadas, e que apenas estes atingem ordens
superiores a 2. É também interessante notar que quase todas as cidades estão relativamente próximas de
pelo menos um rio. Muitas mais ilações podem ser tiradas do nosso mapa, as quais deixaremos que quem
quiser explorar a nossa produção, nos diga as suas perspectivas (envie uma mensagem com as suas ideias
para o e-mail pires.evanilton@gmail.com ou newton10dan@hotmail.com).

Parabéns!! Você terminou as componentes mais importantes das bases de utilização dos SIG.
Esperamos que tenha gostado e ficado com um gostinho por aprender mais e continuar a desenvolver o
seu aprendizado nesta área. Desejamos boa sorte e bom trabalho na sua caminhada que agora começa. [e
que faça sempre] BONS MAPAS!

70
4.3.1 Exercício
Para que tenha uma referência na sua exploração das capacidades e ferramentas cartográficas fornecidas
pelo QGIS, com base no exercício passado, tente replicar a elaboração do layout da Figura 47. BOA
SORTE!

Figura 47 – Layout final do exercício autónomo. Dica: adicione mais de um mapa, ajuste as disposições e o zoom e adicione grelhas
com molduras e coordenadas, use também imagens para assinar e mais uma etiqueta ou tabela para especificar o sistema de coordenadas
utilizado na representação. Não se esqueça de editar a simbologia ;/.

71
5 Referências
Chissingui, V. (Maio de 2014). Sistemas de Informação Geográfica aplicados à Biodiversidade e
Conservação. Curso de Sistemas de Informação Geográfica. Lubango, Huíla, Angola: ISCED-Huíla.

Chissingui, V. (20 de Novembro de 2019). Ciência e SIG no cumprimento da agenda 2030. GISday
ISCED-Huíla. Lubango, Huíla, Angola: ISCED-Huíla.

DeMers, M. N. (2009). GIS for Dummies. USA/Canada: Wiley Publishing, Inc.

ESRI. (Abril de 2020). Cartography. Massive Online Open Course on Cartography. (K. Field, J. Nelson, & E.
Punt, Edits.) ONLINE Course, USA: Environmental Systems Research Institute.

Field, K., Nelson, J., & Punt, E. (Realizadores). (2020). What is Cartography [Filme]. USA. Obtido em 5 de
Agosto de 2021, de https://www.youtube.com/watch?v=wsidXGshNgA

Graser, A. (2013). Learning QGIS. Bermingham, UK: Packt Publishing.

GrindGIS. (28 de 3 de 2020). Components of GIS. Obtido de GrindGIS:


https://grindgis.com/blog/components-of-gis

Hardware, H. &. (28 de 03 de 2020). Components of GIS. Obtido de What is GIS? :


www.highpointnc.gov/DocumentCenter/View/1900

Hussain, M. R. (28 de Março de 2016). Essental Elements of Geographic Information Systems. Obtido de
ResearchGate:
https://www.researchgate.net/publication/305392153_Essential_Elements_of_Geographic_In
formation_System_GIS

IGeoE. (2008). Manual de Leitura de Cartas (7º ed.). (L. Good Dog Design, & P. M. Guerreiro, Edits.)
Lisboa, Lisboa, Portugal: Instituto Geográfico do Exercito, Av. Dr. Alfredo Bensaude 1849-014
LISBOA. doi:978-989-21-0103-3

National Geo-spatial Information. (11 de Abril de 2020). World Geodetic System 1984 (WGS84) and the
International Terrestrial Reference Frame (ITRF). Obtido de National Geo-spatial Information:
http://www.ngi.gov.za/index.php/technical-information/geodesy-and-gps/world-geodetic-
system-1984-wgs84-and-the-international-terrestrial-reference-frame-itrf

72
NGI. (5 de Agosto de 2021). What is Cartography. Obtido de National Geospatial Information; Rural
Development and Land reform of the Republic of South Africa:
http://www.ngi.gov.za/index.php/technical-information/catography/what-is-cartography

NGI. (5 de Agosto de 2021). What is Geodesy. Obtido de National Geospatial Information; Rural
Development and Land reform of the Republic of South Africa:
http://www.ngi.gov.za/index.php/technical-information/geodesy-and-gps/what-is-geodesy

NOAA. (5 de Agosto de 2021). What is Geodesy? Obtido de National Oceanic and Atmospheric
Administration, U. S. Department of Commerce:
https://oceanservice.noaa.gov/facts/geodesy.html

Olaya, V. (2011). Sistemas de Información Geográfica. Espanha: Creative Commons / Open Source Geospatial
Foundation.

73
1

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