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Curso de Introdução ao QGIS

Módulo I - Introdução ao software QGIS

Dados espaciais

Estrutura de dados espaciais

Os dados para se trabalhar em SIG podem ser diretamente espaciais, com


alguma coordenada associada, ou não espaciais que podem ser integrados aos
espaciais. Com relação à estrutura de armazenamento (ou formato) de dados
espaciais digitais, eles são comumente diferenciados em dois tipos: Raster
(matricial) e Vetorial.
A estrutura matricial, ou em grade, é uma malha quadriculada regular
sobre a qual se constrói célula a célula o elemento que está sendo representado.
Essa estrutura é representada por uma matriz com n linhas e m colunas M(n, m),
onde cada célula é denominada pixel (picture element) e apresenta um valor z
que pode indicar, por exemplo, uma cor ou tom de cinza a ele atribuído (FITZ,
2008). Exemplos de dados raster: fotografias aéreas, imagens de satélite,
Ortomosaicos, MDS e MDT.
A estrutura vetorial utiliza um sistema de coordenadas para sua
representação e é composta por três primitivas básicas, ou ainda, três diferentes
tipos de geometria, sendo elas: pontos, linhas e polígonos (FITZ, 2008), também
conhecidas por feições:
 Pontos: são representados por apenas um par de coordenadas, e
são utilizados para representar, por exemplo, a localização de
determinado objeto ou fenômeno;
 Linhas: são representados por um conjunto de pares de
coordenadas, e servem para representar, por exemplo, cursos de
rios, rodovias, ferrovias, linhas de transmissão etc.;
 Polígonos: são representados por um conjunto de pares de
coordenadas, e servem para representar, por exemplo,
delimitações de áreas.

Nas Tabelas 1 e 2 são apresentadas as principais características dos


dados vetoriais e matriciais.
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Tabela 1. Comparação entre os modelos matriciais e vetoriais.


Característica Matricial Vetorial
Captação do dado Rápida Lenta
Área de armazenamento Grande Pequena
Gráficos Médio Bom
Estrutura de dados Simples Complexa
Precisão geométrica Baixa Alta
Análise de rede Baixa Bom
Análise de área Bom Médio
Generalização Simples Complexa
Geração de desenho Rápida Lenta
Modelagem Simples Complexa
Operação pontual Simples Complexa
Transformação de coordenadas Complexa Simples
Fonte: (Miranda, 2015)

Tabela 2. Estrutura de dados matriciais e vetoriais.


Matriz Vetor
Traduz imagens digitais matriciais Traduz imagens vetorizadas, compostas
geradas por sensoriamento remoto e por pontos, linhas e polígonos.
processos de escanerização.

Execução de operações entre camadas Execução de operações entre camadas


ou layers de mesma área e atributos ou layers de mesma área e atributos
distintos é extremamente fácil e rápida. distintos é bastante complexa e
demorada.

Vínculo com atributos alfanuméricos é Vínculo com atributos alfanuméricos


dificultado (pixel a pixel). torna-se facilitado, já que se dá através
do ponto, linha ou polígono registrado.

Resolução digital está vinculada Resolução digital do mapa é limitada pela


diretamente à quantidade de pixels da quantidade de vetores dispostos e de sua
imagem, podendo requerer impressão, proporcionando grande
processadores de grande capacidade e detalhamento.
velocidade.

Fronteiras das imagens são descontínuas Fronteiras das imagens são contínuas
(efeito serrilhado). (feições regulares).

Cálculos de distâncias, áreas etc. Cálculos de distâncias, áreas etc. não,


vinculam-se ao desemprenho do em geral, simplificados, tornando o
hardware. processamento mais rápido.

Fonte: (Fitz, 2008)

As feições vetoriais e alguns formatos de dados raster podem ter


associados o que chamamos de atributos. Atributos podem ser considerados
características ou propriedades que descrevem as feições, podendo ser
quantitativos ou qualitativos, espaciais (com alguma coordenada associada) ou
não espaciais.
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Formato de dados espaciais

Formato de dados vetoriais


Existem diferentes formatos de dados geográficos vetoriais. Os mais
difundidos são:
a) Arquivo shape ESRI (*.shp*.SHP)
 As feições vetoriais são mais comumente representadas em
arquivos SHP (shapefile);
 O formato SHP é um dos padrões de armazenamento de
feições vetoriais mais utilizados em SIG e pode ser
manipulado em vários softwares;
 A estrutura de dados geográficos vetoriais do formato SHP
contém, basicamente, dois tipos de informações: (i) a
informação espacial, que descreve o formato do objeto
geográfico, e (ii) a informação alfanumérica, que descreve
as características não espaciais desses objetos (atributos);
 Esse formato armazena a informação geograficamente
referenciada em um conjunto de arquivos:
shp - Dados vetoriais, armazena a geometria das
entidades;
dbf - Conjunto de dados, contém a informação
descritiva das entidades;
shx - Arquivo de índices, armazena as ligações entre
as entidades (dbf) e a sua geometria (shp);
prj - Definição do sistema de referência e projeção
cartográfica, quando possuir um sistema de
coordenadas associado;
sbn - Realiza as ligações entre as entidades vetoriais
e a sua informação descritiva;
ain - Somente existem quando se procedem a
operações de joining (concatenação) de banco de
dados.
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b) Comma Separated Values (*.csv*.CSV)


 Valores separados por vírgula;
 Formato bastante leve e rápido de ser processado;
 Pode ser produzido em editores de texto.
c) Keyhole Markup Language [KML] (*.kml*.KML)
 Formato produzido, inicialmente, para ser visualizado no
software Google Earth;
 Diversos sites atualmente distribuem informações nesse
formato.
d) GPS eXchange Format [GPX] (*.gpx*.GPX)
 Formato em que a maioria dos programas que processam
dados de GPS conseguem exportar as informações
coletados em campo.
e) Microstation DGN (*.dgn*.DGN)
 Formato do software de Desenho Assistido por Computador
(CAD);
 Mais utilizado no Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA).
f) AutoCAD DXF (*.dxf*.DXF)
 O Drawing Exchange Format (DXF), é um arquivo de
intercâmbio para modelos de CAD.

Formato de dados matriciais


Dados matriciais (raster) utilizam conjunto de células (pixels), com as
quais representa entidades espaciais sob uma forma numérica. Dados matriciais
mais utilizados possuem extensão:
a) Tagged Image File Format (TIFF)
 Foi desenvolvido em 1986, em uma tentativa de criar um
padrão para imagens geradas por equipamentos digitais.
b) Tagged Image File Format (Geotiff, TIF)
 É um padrão de metadados de domínio público o qual
permite embutir informações das coordenadas geográficas
em um arquivo TIFF;
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 As informações adicionais incluem; projeções cartográficas,


sistema de coordenadas, elipsoides, Data (plural de Datum),
e tudo que é necessário para estabelecer a referência
espacial exata no arquivo;
 As informações de georreferenciamento estão contidas em
um arquivo secundário separado com extensão .tfw.
c) Joint Pictures Expert Group (JPEG)
 É um formato de imagem que através de compressão
elimina as informações de cores que o olho humano não é
capaz de detectar.
 Apesar de haver perda de dados, ela não é facilmente
percebida e, com isso, os arquivos gerados são de tamanho
relativamente pequeno;
 As informações de georreferenciamento estão contidas em
um arquivo secundário separado com extensão .jfw;
 Imagens obtidas por Drones e que sejam utilizadas nesse
formato tem a coordenada nos metadados, padrão EXIF.
Essas coordenadas são, em geral, do centro da imagem e
conhecidas como Geotag.
d) Enhanced Compression Wavelet (ECW)
 É um formato de imagem de compressão Wavelet
proprietário otimizado para fotografia aérea e imagens de
satélite. O formato compacta com eficiência imagens muito
grandes. No entanto ainda existem perdas em radiometria,
valores de pixel.

Formato Geopackage (*.GPKG)


 É de formato aberto, ou seja, as especificações sobre a
estrutura desse arquivo são abertas/disponíveis para
pesquisa;
 A estrutura do arquivo Geopackage tem como base um
banco de dados do tipo SQLite;
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 No formato Geopackage, diferente do formato shapefile,, há


apenas uma extensão, a extensão *.GPKG;
 Pode armazenar dados e metadados;
 Compõem o GPKG:
o Vetores;
o Tiles, arquivos raster e matrizes em várias escalas;
o esquema (campos de tabelas);
o metadados;
o extensões.
 Site oficial: Geopackage.org
 É possível ter um arquivo híbrido, ou seja, em um mesmo
arquivo é possível ter inúmeras geometrias e estruturas;
 Não há limite de caracteres no nome das colunas;
 O limite de colunas é de no máximo 2.000 colunas, diferente
do shapefile que permite apenas 255 colunas. Esse número
máximo de colunas ainda pode ser configurado.

Todos os formatos até então descritos consideravam dados em duas


dimensões. Por mais que esses dados possuam como atributo algum dado que
indique uma terceira dimensão, eles são 2D. Para dados nativos em 3 dimensões
X, Y e Z temos outros padrões comumente adotados em nuvem de pontos.
Nuvens de pontos são uma categoria de dados em SIG. O formato mais comum
para troca de nuvens de pontos é o LAS.

Formato dados em nuvem de pontos


a) LAS (LASer)
 O formato LAS é um formato de arquivo projetado para o
intercâmbio e arquivamento de dados da nuvem de pontos.
É um formato aberto e binário especificado pela Sociedade
Americana de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto
(ASPRS, 2013). O formato é amplamente utilizado e
considerado como um padrão para nuvem de pontos;
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b) LAZ
 O formato de arquivo LAZ é uma versão compactada do
formato de arquivo LAS.

Figura 1. Formatos de dados espaciais.

Fonte: os autores.

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