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Geoprocessamento

Prof. Eliseu Weber

Aula 4:
Sistemas de Informação Geográfica - SIG
Representação digital de dados
geoespaciais
Exercício prático 1
Geoprocessamento e Sistemas de Informação
Geográfica (SIG)
Relembrando:
• Geoprocessamento é uma área que reúne um conjunto de
tecnologias para a tarefa de coletar e tratar informações
geoespaciais
• Informação geoespacial é qualquer informação cuja localização
geográfica seja uma característica inerente
• Cartografia é a ciência básica para o geoprocessamento, pois
reúne métodos e técnicas para localizar os dados geograficamente e
para representá-los de forma coerente
• Sistemas de Informação Geográfica (SIG): uma classe especial de
programas que servem de ferramenta para a análise digital de dados
geoespaciais
• Eles são a principal tecnologia para o geoprocessamento, mas não
são a única! Também não são os únicos programas úteis!
Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e
outros programas
Existem diversos outros programas com alguma capacidade
de manusear dados geoespaciais, tais como:
• Desenho auxiliado por computador (CAD - Computer-Aided
Design): AutoCad, Microstation, Datacad, Projecad, etc.
• Processamento digital de imagens: PCI, Erdas, Envi, GRASS,
etc.
• Tratamento de dados GPS (Global Positioning System):
Garmin, Trimble, etc.
• Gerenciadores de bancos de dados (SGBD): Oracle, MySQL,
Sybase, Access, PostGre, etc.
Mas somente os SIG são capazes de manusear diferentes
sistemas geodésicos de referência e projeções
cartográficas, e de integrar e analisar uma grande variedade
de dados geoespaciais de natureza distinta
Imagens

Um programa de SIG pode


ter vários componentes:
Sistema de
processamento
de imagens
Relatórios
Mapas estatísticos

Sistema de
Sistema de
análise
digitalização
estatística
Mas a parte mais de mapas
importante são os Dados
dados geoespaciais! Banco de Banco de
geoespaciais
dados dados de
Eles podem ser espacial atributos
Gráfica Atributos Sistema de
Sistema de
analisados sem um análise gerencia-
geográfica mento de
SIG (manualmente), banco de
Base
mas um SIG não tem dados
de dados
utilidade sem dados tabular
adequados! Sistema de
visualização
E eles sempre são cartográfica
constituídos de duas partes!
Dados são a parte mais cara e mais difícil de
obter, por isso merecem atenção especial! Mapas
1. Modelos de representação de dados geoespaciais

• Dados geoespaciais em um SIG devem ser estruturados


de modo a armazenar tanto a representação gráfica das
feições de interesse da superfície da Terra, quanto os
atributos (características) que essas feições possuem.
• Para tanto, a representação digital de dados geoespaciais
pode ser feita basicamente segundo dois modelos:
matricial e vetorial.
Modelo Matricial ou Raster
Resolução
Colunas
Representação gráfica: espacial

• A área mapeada é dividida em uma


matriz: uma grade regular de células Linhas
(pixels) com espaçamento conhecido
(resolução espacial).
• A posição de cada célula na matriz é
definida pela sua linha e coluna.
• Cada célula contém um único valor, que corresponde a um
atributo (uma característica) da superfície terrestre naquele
local. O espaço é todo coberto por células (cada localização na
área de estudo corresponde a uma célula).
• Não existem fronteiras de feições geográficas, preenche-se o
interior das mesmas.
• De fato, não existem feições geográficas, apenas células
independentes; as feições são representadas pelo agrupamento
de pixels com o mesmo valor, exibidos com a mesma cor.
Modelo Matricial ou Raster
Armazenamento de atributos:
• No modelo matricial a representação gráfica e os atributos
ficam “fundidas” em um mesmo arquivo de dados.
• Cada célula só admite um valor, assim a representação de
vários atributos de uma mesma área exige o uso de várias
matrizes, cada uma para um atributo.
• Cada célula pode assumir um valor diferente, tornando o
modelo matricial adequado para representar dados que
apresentam variação contínua no espaço (p. ex.: altimetria,
teor de minerais no solo, temperatura do ar, concentração de
poluentes, etc. ).
• A estrutura simples (valores em linhas e colunas) torna o
processamento computacional eficiente, por isso muitos
programas optam por este modelo para analisar conjuntos de
dados geoespaciais.
Modelo Vetorial
xn,yn
Representação gráfica: Ponto
x,y
• No modelo vetorial as entidades do mundo real
são representadas por pares de coordenadas X
e Y, formando pontos, linhas ou polígonos. Linha

• Ponto: um único par de coordenadas, sem dimensão, Polígono


apenas localização. x2,y2

• Linha: pares de coordenadas interligadas por


x1,y1
segmentos de retas, possuindo apenas comprimento.
• Polígono: pares de coordenadas interligadas em uma
cadeia fechada, definindo uma superfície
bidimensional que possui área e perímetro.
• No modelo vetorial as feições geográficas são representadas
pela delimitação de suas fronteiras, o espaço não é preenchido.
• Os pares de coordenadas interligados em sequência conferem
sentido às feições, possibilitando assim descrever
relacionamentos espaciais.
Modelo Vetorial
Representação gráfica:
• A consideração ou não dos relacionamentos espaciais possibilita a
adoção de duas estruturas de dados distintas: Spaghetti e Topológica.
• Sem relacionamentos espaciais (estrutura
Estrutura Spaghetti
Spaghetti): é típica de programas de
desenho (ex.: CAD, Corel Draw, etc.), onde
linhas e polígonos são armazenadas como A
simples sequências de coordenadas. Os
limites de áreas adjacentes precisam ser
B
armazenados duas vezes, sem exigências
quanto a conectividade, fechamento e
duplicidades.
Estrutura Topológica
• Com relacionamentos espaciais (estrutura
Topológica): é típica de Sistemas de
Informação Geográfica (SIG). O sentido A
das feições possibilita descrever vários
tipos de relacionamentos espaciais, com B
ênfase geralmente na conectividade,
contiguidade e contingência.
Modelo Vetorial
Armazenamento de atributos:

• No modelo vetorial os atributos das feições geográficas


podem ser armazenados em tabelas vinculadas à
representação gráfica.
• As tabelas de atributos admitem tanto valores numéricos
quanto conteúdo na forma de texto.
• As colunas (campos)das tabelas possibilitam armazenar
simultaneamente vários atributos (características) para
uma mesma feição geográfica, sem ter que repetir a
representação gráfica várias vezes.
• O vínculo entre a representação gráfica e os atributos é
feita por meio de um identificador único dado a cada
feição geográfica, utilizando recursos de sistemas de
gerenciamento de bancos de dados (SGBD).
Esquema de representação gráfica no modelo vetorial, na
estrutura topológica, vinculada a uma tabela com vários
atributos
2
1
Arco


3 5
Identificador único

Polígono

4 6 Um identificador único
possibilita encontrar os
atributos de cada feição na
tabela
Tabela de atributos
RECNO AREA PERIMETRO SOLOS# SOLOS_ID SOLO CLASSE APTIDÃO
1 36.0 24.0 1 0 -- -- ---
2 3.0 9.0 2 1 A3 113 ALTA
3 2.5 8.5 3 2 C6 95 BAIXA
4 15.0 15.0 4 3 B7 212 MODERADA
5 4.0 8.5 5 4 B13 201 MODERADA
6 2.0 4.5 6 5 Z22 86 BAIXA
7 5.5 12.0 7 6 A6 77 ALTA
8 4.0 7.0 8 7 A1 117 BAIXA
Comparação entre representação gráfica e armazenamento de
atributos nos modelos matricial (raster) e vetorial

Representação 802 812


gráfica por pares 3
de coordenadas 801 810
que definem 806
Original
Original
limites, e um
identificador 803 809
804 2
único por feição.
1
808 805
807

+
ID Uso Área 0 0 0 0 0 3 3 3
Apenas um
Vários atributos 0 0 0 0 3 3 3 0
atributo numérico
armazenados em 801 201 6305 0 0 2 3 3 3 3 0 por célula.
uma tabela e 802 202 6412 Representação
0 0 2 2 3 3 0 0
vinculados à 803 112 7221 gráfica pelo
representação 1 0 0 2 2 0 0 0
804 201 12532 agrupamento de
gráfica através de 805 312 14638 1 1 1 2 2 2 0 0
células de valor
identificador 806 201 6120 1 1 2 2 2 0 0 0 igual, exibidas
único. 807 111 8914 com a mesma cor.
1 1 0 0 2 0 0 0

Vetorial Raster
Vetorial Matricial (raster)
Comparação entre aspectos dos modelos de representação
matricial (raster ) e vetorial

Raster Vetorial
Maior volume de dados Menor volume de dados
Estrutura de arquivo simples Estrutura de arquivo complexa
Análise geográfica simples e rápida Análise geográfica complexa e mais
lenta
Ideal para dados com variação Ideal para dados com variação
contínua no espaço (altitude) discreta no espaço
Difícil ligação com banco de dados Facilidade de ligação com banco de
dados
Análise de rede difícil Análise de rede fácil
Ruim para produção de mapas Bom para a produção de mapas
impressos impressos
Adequado para processar imagens Inadequado para processar imagens
de satélite de satélite

Fonte: INPE
2.Organização da base de dados geoespaciais

• Independente do modelo de representação gráfica, matricial


(raster) ou vetorial, dados geoespaciais um SIG devem ser
organizados de forma padronizada.
• A organização deve ser clara, consistente e permitir acesso
rápido aos dados requeridos para uma análise espacial em
particular.
• Os dados geoespaciais de uma determinada área devem ser
organizados como níveis, camadas ou planos de informação
elementares, que podem ser comparados a uma "colecão de
mapas".
• Cada camada ou plano de informação deve representar uma
informação diferente sobre a mesma área, possibilitando assim
combinar diversas variáveis e usar somente aquelas que são
de interesse para estudos específicos.
Organização da base de dados em camadas (ou planos de
informação, níveis, layers), elementares, individuais

planos de informação
Camadas individuais vegetação
hidrografia
solos
rede viária

SIG

análises

Mundo real
RESULTADOS
Aspectos da organização em camadas (planos de
Informação ou layers)
• A base de dados fica dividida em mapas temáticos
elementares, com apenas um tipo de informação por camada
• A separação por assuntos específicos propicia clareza
organizacional e facilidade de manuseio
• Também fica mais rápido e fácil selecionar e acessar camadas
de interesse para uma análise em particular, agilizando o
processamento
• Assim a aplicação de critérios
para uma determinada análise
pode ser feita usando
somente as camadas
necessárias (ex.: localizar
todos os postos policiais
situados a menos de 500 m
da avenida “X”)
3.Organização do ambiente de trabalho

As camadas de dados podem ser muitas, por isso há necessidade


de organizá-las em um ambiente de trabalho. Há basicamente duas
formas de organização do ambiente em programas de SIG:
1. Baseada em bancos de dados geográficos
• O esquema conceitual das entidades a incluir no banco de
dados geográficos deve ser definido antecipadamente
• Devem ser especificadas as representações geométricas, os
atributos associados e os relacionamentos entre os dados.
• O procedimento é similar ao de um banco de
dados relacional, onde a definição da
estrutura das tabelas precede a entrada dos
dados.
• Essa lógica é mais empregada em sistemas
de maior porte, de uso corporativo, onde há
vários usuários.
Organização das camadas em um ambiente de
trabalho (Câmara, 1996)
1. Baseada em bancos de dados geográficos
Vantagem
Maior consistência, deixando explícitas as permissões de
acesso dos usuários e as relações entre os diferentes temas
do banco de dados. Isso facilita o gerenciamento e a
segurança dos dados e o desenvolvimento de aplicações.
Desvantagem
Em ambiente corporativo, requer infraestrutura de tecnologia
de informação maior e mais complexa. Para uso individual,
requer conhecimento razoável sobre conceitos de bancos de
dados por parte do usuário para ele poder administrar o
sistema diretamente.
Organização das camadas em um ambiente de
trabalho (Câmara, 1996)

2. Baseada em projetos
Deve ser definido previamente um referencial geográfico para a
área de interesse, ao qual dados geoespaciais poderão ser
agregados conforme a necessidade. O “projeto” se torna
meramente uma coleção de pastas onde os dados estarão
armazenados.

água

vegetação

fauna
Organização das camadas em um ambiente de
trabalho (Câmara, 1996)

2. Baseada em projetos

Vantagem
Facilita o uso por parte de usuários iniciantes, pois permite a
entrada e o manuseio dos dados de uma forma mais livre.
Também não requer conhecimento prévio sobre conceitos de
bancos de dados.
Desvantagem
Traz maiores riscos relacionados a consistência e integridade
da base de dados. Qualquer usuário pode modificar ou excluir
dados do projeto, muitas vezes sem possibilidade de desfazer
essas ações.

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