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METODOLOGIA DO BDI

e ENCARGOS SOCIAIS
AULA 01

Manaus - 2020
PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

PROFª. Marivone Oliveira


marivoneoliveira29@hotmail.com

1. PREÇO DE VENDA
Definição
O preço de venda PV é a soma de todos os preços
resultantes da multiplicação dos preços unitários com
as suas respectivas quantidades, acrescido do BDI
aplicado.
O PV é o valor total para a execução da obra e deve
ser discriminado obrigatoriamente na planilha
orçamentária, na proposta de preços e no contrato
celebrado entre as partes interessadas.
Preço de Venda = Custo Direto($) + BDI ($)
O preço de venda está diretamente vinculado ao
custo direto(CD) da obra e do BDI aplicado e pode
ser demonstrado através da fórmula:

Tisaka (2015), M. (p.68)

Note que a fórmula aplicada destina-se a converter os


valores do BDI que normalmente é dado em (%). Desta
forma o preço de venda calculado ao final é
apresentado em valores monetários.
(*) O PV pode ser calculado nas composições de
custos unitárias e repassado implicitamente para a
planilha orçamentária, entretanto, esta prática é
desaconselhável nos processos licitatórios, pois
pode caracterizar indício de fraude no sistema.

Segundo a Lei 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU): Art. 46.


Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação,
o Tribunal declarará a inidoneidade do licitante fraudador
para participar, por até cinco anos, de licitação na
Administração Pública Federal.
Exemplo: O engenheiro de uma empresa montou uma
composição de custos para cada item e chegou ao custo
direto para determinado serviço:
Concreto Virado em Unid. Coeficiente Preço Unit. Preço Total
Obra 25 MPa (m³) (R$) (R$)
Ajudante h 6 4,98 29,88
Areia m 0,828 60,00 49,68
Seixo m 0,836 150,00 125,40
Cimento CP2-E-32 kg 367 0,71 260,57
Betoneira 400l. 2HP h 0,3060 4,41 1,35
Custo (sem Leis Sociais) 466,88
Correto
Custo (com Leis Sociais, 85,99%) 492,56
Incorreto
(exemplo fictício) Custo (BDI 25%) 615,70
Exemplo de PV modificado na raiz, ou seja, na
composição de preços unitários (CPU)

Modificado

CD irregular
PV irregular
Nos processos licitatórios, a Lei 8.666/93 no
Art. 90 e seguintes, esclarece sobre a questão:

Lei 8.666/93 - Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante


ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o
caráter competitivo do procedimento licitatório, com o
intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação:
Pena - detenção de 2 a 4 anos, e multa.
Lei 8.666/93 – Atualizada e Esquematizada (2020)
Excetuando-se processos licitatórios, a prática (*)
não constitui crime desde que não afete valores
salariais vigentes ou encargos tributários, pois do
contrário, podem ser indícios de fraude contra as
Leis Trabalhistas e Tributárias, e se tornarem alvo
de investigação, caso haja denúncia.
2. DESPESAS E CUSTOS NA CONSTRUÇÃO
O que é custo?

Custos são os gastos da


empresa com o
empreendimento final e
estão ligados à aquisição
dos insumos ou ao processo
produtivo da construção.
EXEMPLOS GERAIS DE CUSTOS:
Matéria-prima;
Mão de obra;
Gastos gerais do processo de construção;
Depreciação de máquinas e equipamentos;
Energia elétrica, água e esgoto;
Manutenção;
Materiais de conservação e limpeza para a obra;
Viagens de serviço relativas ao empreendimento, etc.
O que é despesa?
As despesas englobam todos
os gastos relativos à
administração da empresa,
como as áreas comercial, de
marketing, financeira, RH,
serviços jurídicos, e outros, ou
seja, são os desembolsos
necessários para manter a
estrutura funcionando, porém,
não contribuem diretamente
para a geração de novos itens
que serão comercializados.
Exemplos gerais de despesas:
Contas de luz, água e internet da sede da empresa
ou filiais;
Serviços de vigilância da sede ou filiais
Aluguel do prédio ou salas comerciais;
Materiais de expediente,
Jardinagem;
Gastos com telefonia corporativa,
Alimentação e transporte extra de funcionários, etc.
Tudo o que é gasto no processo produtivo ou
para o funcionamento dele, incluindo prestação
de serviços é classificado como custo.
Em outras palavras, o custo é o bem ou serviço
que se utiliza na produção de outro bem ou
serviço. A despesa é aquela usada para gerar
receita.
Os custos podem ser:
diretos ou indiretos.
O Custo Direto (CD) é
aquele que interfere
diretamente na produção
de um bem ou execução
de um serviço, como
matéria-prima e mão-de-
obra de colaboradores
pertencem aos centros de
custo produtivos.
Custo Indireto (CI) é aquele que depende da adoção
de algum critério de rateio para ser atribuído à
produção de um bem ou execução de um serviço. Os
colaboradores da manutenção, do almoxarifado, do
planejamento, etc.
Exemplos de
Custo Diretos,
Custos Indiretos
e Despesas
3. Composição do BDI

O Benefício e Despesas Indiretas (BDI) por vezes


chamado Lucro e Despesas Indiretas (LDI), representa
um percentual aplicado sobre todos os itens da
planilha orçamentária com os custos diretos. Sobre o
CD Total da obra, atribuem-se valores em percentuais
para os custos indiretos mais o lucro do construtor.

Observe que BDI e Lucro da Empresa são diferentes:


BDI = Custos e Despesas Indiretas + Lucro da Empresa
BDI em Venda para
Empresa Privada -
A forma de montagem do
BDI fica a critério do
construtor. Os elementos
dos custos indiretos bem
como a taxa de
lucratividade da empresa,
ficam todos a encargo do
fornecedor dos serviços.
MONTAGEM DO BDI PARA VENDA PRIVADA
A seguir, veremos em exemplo simples, mas que funciona
para qualquer tamanho de projeto.
Será simulada uma obra com apenas 6 itens de serviços.
PLANILHA DE CUSTOS DIRETOS DOS SERVIÇOS
Em todas as composições de custos (diretos e
indiretos) é necessário considerar que serão inseridos
os valores dos encargos sociais trabalhistas.
Essa porcentagem depende principalmente da região
aplicada. No Amazonas a porcentagem fica entre
85,99% a 116,14% (desonerado e não desonerado,
respectivamente).

Para saber mais, vide o link:


http://www.caixa.gov.br/Downloads/sinapi-manual-de-metodologias-e-
conceitos/Livro2_SINAPI_Calculos_e_Parametros_1_Edicao.pdf
Exemplo: se a hora de um Servente é:
R$ 4,98/h – no custo direto, para o empregador o
custo no mínimo da hora de trabalho desse
funcionário sairá para a empresa a R$ 9,26/h,
utilizando a taxa de encargos sociais de 85,99%
(desonerado para o Amazonas).

Essa alta porcentagem é resultado dos inúmeros


impostos que incidem sobre a hora-homem
trabalhada e os direitos dos trabalhadores (férias,
décimo terceiro, aviso prévio, etc.)
No exemplo da mini planilha, já estão embutidas as Leis
Sociais, mas o montante de R$ 12.613,91 não é ainda o
preço de venda; é apenas o custo direto.
Precisamos somar agora ao custo direto:
. Os custos indiretos da obra;
. Custos de administração central;
. Custo financeiro (riscos/gastos eventuais/contingências);
. Lucro e impostos.
No dia a dia das construtoras, esses valores de
rateio são bastante variáveis e dependem de vários:
quantidade de obras em curso, qualificação e/ou
especialização do corpo técnico, perfil do projeto,
leis do Estado, dificuldade de acesso ao local,
aspectos culturais, religiosos e políticos, enfim, de
uma série de fatores.
No geral, empresas no Brasil escolhem trabalhar numa
faixa de valores, considerada funcional.
Suponhamos neste exemplo que a gestão da empresa
tenha escolhido os seguintes valores:
Para calcular o preço de venda, a fórmula é:

PV= 12.613,91 + 1.009,11 + 1.261,39 + 126,14 = 15.010,55 = 17.253,51


1 – 0,08 – 0,05 0,87

Este valor de é o preço de venda (aproximado) da


planilha com aqueles 6 serviços iniciais, caso fosse
para uma venda privada.
Agora, é necessário diluir este valor do PV em cada
um dos 6 serviços, utilizamos um coeficiente ou fator
de majoração.

Fator = 17.253,51 = 1,3678


12.613,91

O fator 1,37 corresponde a um acréscimo de 37%


sobre o custo direto de cada serviço para se chegar
ao preço de venda apresentado ao contratante.
Observe que devido aos arredondamentos, o PV final foi
‘puxado’ para cima. Isso não ocorre quando o fator é exato.

PV com
BDI = 37%
BDI em Obras Públicas –
Por ser um percentual e visando
dar transparência aos valores
nos orçamentos, os editais de
licitação devem apresentar em
anexo, além das composições
de custos unitários dos serviços da
planilha, ainda o detalhamento do
BDI, com a devida discriminação de
cada componente de custos,
fundamental para conferir
transparência e controle nas
contratações de obras públicas.
MONTAGEM DO BDI EM ORÇAMENTOS PARA
LICITAÇÕES
A taxa de BDI de obras públicas é composta por
3 grupos:
(i) despesas indiretas, compreendendo: taxas de
rateio da administração central, riscos, seguros,
garantias e despesas financeiras;
(ii) remuneração da empresa contratada;
(iii) tributos incidentes sobre o faturamento.
Grupos formadores do BDI
Na literatura especializada,
encontra-se uma grande
variedade de métodos de
cálculo do BDI, mas o TCU,
em seus julgados, adota a
fórmula que será vista
adiante.
FÓRMULA UTILIZADA PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU)

Onde:
AC = taxa representativa das despesas de rateio
da administração central;
R = taxa representativa de riscos;
S = taxa representativa de seguros;
G = taxa representativa de garantias;
DF = taxa representativa das despesas financeiras;
L = taxa representativa do lucro/remuneração; e
T = taxa representativa da incidência de tributos.
Tabela 1 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário

TABELA DE FAIXA DE PERCENTUAIS DE BDI POR TIPO DE OBRAS


Taxa de Administração Central
Uma das questões mais polêmicas no BDI é a
determinação da taxa de despesa da Administração
Central, pois é a parcela de maior relevância dentro
do custo indireto e também a mais complexa de se
estimar.
São gastos indispensáveis para se elaborar o plano
de orçamento do projeto, pois mantem em
operação a estrutura central dentre a matriz até as
filiais.
Administração Central
Segundo Mattos (2016), a
administração central
corresponde à matriz e
filiais onde se encontra a
estrutura necessária para
execução das atividades de
direção da empresa,
incluindo as áreas
administrativa, financeira,
contábil, de suprimento,
recursos humanos etc.
Segundo o TCU, consiste em uma estimativa média de
gastos para manter em operação a estrutura central da
empresa, ou seja, gastos com salários de todo o pessoal
administrativo e técnico lotado na sede central, no
almoxarifado central, na oficina de manutenção geral, pró-
labore de diretores, viagens de funcionários a serviço,
veículos, aluguéis, consumos de energia, água, gás,
telefonia da sede da empresa, combustível, refeições,
transporte, materiais de escritório e de limpeza, seguros,
dentre outros. Esses valores são somados e distribuídos
pelas obras em andamento da empresa.
Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário

TABELA DE FAIXA DOS PERCENTUAIS DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL


DO BDI POR TIPO DE OBRAS
É influenciada principalmente pelo porte, faturamento e
eficiência da empresa, bem como pela quantidade de
contratos em execução pela empresa.

O conceito de administração central não deve ser


confundido com taxa de administração local que deverá
ser considerado na planilha de custo direto pois são
custos medidos individualmente e bem definidos,
enquanto que, no BDI, deverão ser alocados os custos
com base em critério de rateio, estimativa ou
aproximação
Conforme o quadro a seguir, são inúmeros e
variados os gastos que definem a taxa de rateio
da administração central.
COMPONENTES DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL

Mattos (2016)
Seguros
As apólices de seguros são contratos regidos pelo direito
privado, firmados entre o particular (segurado) e a
companhia seguradora (segurador)....
... Limita-se essa obrigação ao valor da importância
segurada a que tem direito o segurado pela ocorrência do
sinistro.
Seguros (cont.)
Nos orçamentos de obras públicas, considera-se que a
parcela de seguros da composição de BDI refere-se ao
valor monetário do prêmio de seguro, que pode variar
de acordo com o perfil dos segurados e as
características do objeto segurado, como: custos totais
de implantação, complexidade e porte da obra,
cronograma de execução, condições locais, métodos
construtivos, dentre outras variáveis.
Seguros (cont.)
Deve ser feita a análise custo-benefício da relação
existente entre o acréscimo de custos da obra com o
repasse dos encargos financeiros do prêmio de seguro
e os benefícios dessa contratação com a redução da
taxa de riscos a ser mensurada na composição de BDI.
Entretanto, mesmo com a exigência de contratação de
seguros, deve-se considerar que sempre existe um
risco residual a que o particular ainda continua
descoberto, que deve ser tratado e mensurado na taxa
de riscos do BDI.
Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário
(continuação)

TABELA DE FAIXA DO PERCENTUAIS DO SEGURO + GARANTIAS


DO BDI POR TIPO DE OBRAS
Garantias
A garantia contratual tem como objetivo resguardar a
Administração Pública contra possíveis prejuízos
causados pelo particular contratado em razão de
inadimplemento das disposições contratuais, sendo
exigida por decisão discricionária do administrador
público, desde que prevista no instrumento
convocatório.
A garantia prestada pelo particular é de no máximo 5%
do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
mesmas condições daquele. Para obras de grande vulto,
o limite da garantia poderá ser elevado até 10% do valor
contratado.
Garantias (cont.)
O contratado é livre para escolher uma das quatro
modalidades de garantia previstas em lei:
[i] caução em dinheiro,
[ii] caução em títulos da dívida pública,
[iii] fiança bancária,
[iv] seguro-garantia.
Ao final da obra, o valor da garantia é restituído ao
contratado. Por este motivo, o valor que deve constar no
BDI referente à garantia é apenas para cobrir os
eventuais custos com fiança bancária ou seguro-garantia,
e não o percentual da garantia propriamente dita.
Riscos
Eventos futuros e incertos, originados de fontes internas e
externas, que podem influenciar de forma significativa o
alcance dos objetivos de uma organização, cuja probabilidade
de ocorrência e seus impactos não podem ser determinados
com precisão e nem antecipadamente.
Em um orçamento de obra, por mais detalhado e criterioso
que seja, é impossível prever com exatidão todas as
peculiaridades do projeto. Sempre existirá um grau de
incerteza na implantação de qualquer empreendimento, que
pode afetar de forma positiva ou negativa o projeto, tais como:
prazo de execução, qualidade dos serviços executados, custos
totais, dentre outros.
Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário
(continuação)

TABELA DE FAIXA DO PERCENTUAIS DE RISCOS DO BDI


POR TIPO DE OBRAS
Despesas Financeiras
As despesas financeiras são gastos relacionados ao custo
do capital decorrente da necessidade de financiamento
exigida pelo fluxo de caixa da obra, e ocorrem sempre
que os desembolsos acumulados forem superiores às
receitas acumuladas, sendo correspondentes à perda
monetária decorrente da defasagem entre a data de
efetivo desembolso e a data do recebimento da medição
dos serviços prestados.
No caso de obras públicas, esse custo de oportunidade
geralmente é mensurado com base na taxa de juros
referencial da economia (Taxa Selic).
Despesas Financeiras
O cálculo das despesas financeiras leva em
consideração, especialmente, o prazo médio de
financiamento da obra, isto é, o intervalo de tempo
entre a data dos desembolsos financeiros e a data das
receitas correspondentes, sendo considerado o
período em que efetivamente a empresa terá que
financiar as suas atividades operacionais, como
estocagem, produção, pagamento aos fornecedores,
medição dos serviços e recebimento das receitas.
Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário
(continuação)

TABELA DE FAIXA DO PERCENTUAIS DAS DESPESAS FINANCEIRAS


DO BDI POR TIPO DE OBRAS
Remuneração do Construtor
O lucro declarado no BDI é uma meta, que, se alcançada,
torna possível a justa remuneração da empresa em
decorrência da obra.
Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário
(continuação)

TABELA DE FAIXA DO PERCENTUAIS DO LUCRO DO BDI POR TIPO DE OBRAS


Tabela 2 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário
(continuação)

Para saber mais sobre o ACÓRDÃO Nº 2622/2013 – TCU – Plenário, vide o link:
https://licitacoes.ufsc.br/files/2014/10/Ac%C3%B3rd%C3%A3o-2622-2013-BDI.pdf
Nota-se que exceto as taxas relativas aos tributos, todas as
outras taxas estão contidas nas tabelas 1 e 2 do Acórdão
2622/2013 – TCU Plenário.
Assim, a gestão da empresa licitada deve escolher dentre os
valores constantes desse acórdão quais os valores que mais
se adequam as suas necessidades e seu perfil empresarial.
Na prática, quase sempre as empresas adotam os valores
médios em seus BDIs para aumentar sua chance de vitória
na licitação.
TRIBUTOS
A definição da taxa de tributos é variável e de depende de
inúmeros fatores, entre eles:
➢ Alíquota municipal do imposto incidente sobre o
empreendimento na cidade onde este será executado. Esta
alíquota é variável conforme o município.
Exemplo: Imposto sobre Serviços de Qualquer natureza (ISS
ou ISSQN). No Brasil, varia de 2 a 5%. Em Manaus é 5%.
Alguns municípios têm na sua legislação a
previsão de incidência da alíquota sobre todo o
orçamento (material e mão de obra da planilha
orçamentária).
Outros municípios, no entanto, fazem incidir tal
alíquota somente sobre a mão de obra,
isentando a incidência do ISS sobre os materiais.

Quer saber mais:


https://leismunicipais.com.br/a2/issqn-iss-manaus-am
Nesses casos, para efeitos de facilitação do cálculo do
BDI e para que não haja erros de aplicação no
percentual a ser considerado, o que poderia configurar
o enriquecimento ilícito da contratada, é feito cálculo
de uma alíquota proporcional do ISS, que, considera
somente sobre a mão de obra, pode ser lançada
diretamente na tabela do BDI que será aplicado a
todos os itens da planilha orçamentária.

Quer saber mais:


https://pt.slideshare.net/fabianatome/iss-na-construo-civil-fabiana-tom-20142
FÓRMULA DE CÁLCULO DO ISS PROPORCIONAL (*)

ENAP - Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia (Mód. III)

(*)ESAF - Escola de Administração Fazendária


Veja, a seguir, as duas formas de cálculo do BDI.
A primeira é incorreta, ao fazer incidir a alíquota do
ISS em todos os itens da planilha orçamentária,
indistintamente. A segunda está correta, fazendo
incidir o ISS somente sobre a mão de obra, através do
cálculo do ISS proporcional, conforme a fórmula
apresentada.
Assim, calculado esse ISS diferenciado, pode-se lançá-
lo diretamente na planilha de cálculo do BDI.
EXEMPLO DE ISS LANÇADO INCORRETAMENTE
NA PLANILHA (1) DO BDI

ENAP - Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia (Mód. III)


Neste 1º exemplo, a alíquota de 4% do ISS
foi incluída integralmente no BDI. Essa iniciativa está
incorreta, pois para o município em questão, a
legislação considera que o ISS incide apenas sobre a
mão de obra. Como o BDI é um (%) aplicado sobre o
custo do contrato (R$ 4.000.00,00), essa alíquota é
transportada indiretamente para os valores do
material.
APLICANDO A FÓRMULA DE CÁLCULO DO ISS PROPORCIONAL

Do exemplo da planilha (1):


VMO (sem BDI) = 1.000.000,00
VT (sem BDI) = 4.000.000,00
% ISS = 4%

Aplicando esse ISS


diferenciado na
Planilha (2), teremos...
EXEMPLO DE ISS LANÇADO CORRETAMENTE
NA PLANILHA DO BDI

ENAP - Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia (Mód. III)


Neste 2º exemplo, ao calcular-se a
alíquota proporcional do ISS, ainda que o BDI
resultante seja aplicado sobre o custo global do
contrato, a incidência do ISS proporcional será
apenas sobre a mão de obra.
Essa é a recomendação da Escola Nacional de
Administração Fazendária (ESAF) e é aplicada pela
fiscalização de projetos e obras de engenharia dos
órgãos públicos correspondentes.
. Alíquota estaduais dos impostos incidentes sobre o
empreendimento, a serem pagas no Estado onde a obra
será realizada. Podem ser fixas ou variáveis.
Exemplo: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS). No Amazonas a alíquota é 18%.
. Alíquotas federais dos impostos incidentes sobre o
empreendimento, a serem pagas à União quando a obra
for realizada. Podem ser fixos ou variáveis.
Exemplos: Instituto Nacional de Seguro Social (INSS),
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Imposto
de Importação (II), Imposto de Renda Pessoa Jurídica e
Física (IRPJ e IRPF), Programa de Integração Social (PIS),
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS), e outros.
Os tributos que incidem sobre o faturamento (receita
bruta) de uma obra pública, segundo o entendimento do
Acórdão TCU – 2369/2011 e devem ser inseridos no BDI
são:
(i) Imposto Sobre Serviços (ISS ou ISSQN) ➢ Alíquota = 2 a
5,00% e em alguns municípios, isento;
(ii) Programa de Integração Social (PIS) ➢ Alíquota = 0,65%;
(iii) Contribuição Social para Financiamento da Seguridade
Social (COFINS) ➢ Alíquota = 3,00 %

Esses tributos podem ter suas alíquotas alteradas com a


adoção do regime diferenciado do Simples Nacional em
relação às microempresas e empresas de pequeno porte.
Além desses tributos, um novo tributo incidente
sobre o faturamento (receita bruta), denominado
Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta
(CPRB), cuja alíquota de 2%, foi criado por medidas
provisórias para substituir temporariamente a
contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a
folha de pagamento, deve também ser incluído no
BDI.
Tributos incidentes sobre a renda (lucro), tais
como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ)
e a Contribuição Social sobre o Lucro líquido
(CSLL), por não serem tributos incidentes sobre
a atividade necessária à prestação de serviços,
não devem ser discriminados na taxa de BDI de
obras públicas.

Para saber a diferença entre Receita e Renda:


https://pt.talkingofmoney.com/what-is-difference-between-
revenue-and-income
Considerando o Custo Direto (CD) da mini planilha = R$ 12.613,91
Considerando que os valores de MOD mínimo, médio e máximo
são respectivamente: 25%, 30% e 35%.
Podemos calcular o ISS diferenciado ou proporcional a mão de
obra para o município de Manaus:
ISS(dif.1) = 0,25 x 5% = 1,25%
ISS(dif.2) = 0,30 x 5% = 1,50% (escolhido para a montar o BDI)
ISS(dif.3) = 0,35 x 5% = 1,75%
Vamos aos Cálculos:
MONTAGEM DO BDI PARA UMA OBRA PÚBLICA (LICITAÇÃO)
Verificação do BDI proposto para construção de edifícios
Para atender a Tabela 1 do Acórdão 2.622/2013 TCU-Plenário,
não se deve escolher valor inferior a 20,34% e nem valor superior
a 25,52%. Observe que no cálculo do BDI, o orçamentista chegou
ao intervalo de 18,42 a 25,52%.
Nesse exemplo, o valor do BDI escolhido foi de 22%.
Verificação do BDI proposto para construção de
edifícios
Sendo o CD da obra R$ 12.613,91 e o BDI proposto de
22%, calcula-se o valor do PV da obra licitada:
PV = 12.613,91 x 1,22
PV = R$ 15.388,97
Este, será o valor com BDI (22%) que deverá figurar na
planilha orçamentária, na proposta de preços e no
contrato com o órgão público.
Influência do Sinapi no BDI
As Leis de Diretrizes Orçamentárias, desde a Lei
10.524/2002 (LDO/2003) até a Lei 12.708/2012
(LDO/2013), e mais recentemente o Decreto
Federal 7.983/2013, determinam que, no caso de
orçamentos de referência para obras públicas,
devem ser adotadas as produtividades e
consumos utilizados pelos sistemas referenciais
de custos.
As principais fontes para a definição do custos
diretos nos orçamentos de obras públicas, são:
(i)o Sistema de Custos Rodoviários – Sicro, para
obras rodoviárias;
(ii) o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil (Sinapi), para obras de
edificações e/ou realizadas em ambiente urbano.
O SICRO é mantido pelo DNIT como referencial
oficial de preços para obras rodoviárias.
O SINAPI, é um banco de dados de composições de
serviços, alimentado por pesquisas mensais de
custos dos insumos da construção civil. As
entidades que gerenciam e mantém o SINAPI são a
CEF e o IBGE.
Os principais relatórios gerados pelo SINAPI são:
a. Relatório de custos de insumos;
b. Relatório sintético do custo de serviços;
c. Relatório de composições analíticas com a
discriminação dos insumos utilizados e dos
coeficientes por unidade de serviço;
d. Relatório de conjuntura – evolução dos custos
e indicadores da construção civil;
É importante registrar que as composições do SINAPI
não trazem em seu bojo as parcelas a seguir:
 BDI do construtor (indireto);
 Mobilização e desmobilização da obra (direto);
 Instalação/manutenção do canteiro: água, energia
elétrica, telefone, material de consumo etc. (indireto);
 Administração local: Engenheiro, Técnicos, etc.)
(variável);
 Ferramentas (direto);
 (EPIs e EPCs) (variável);
 Alimentação e transporte (indireto);
 Horas extras e adicional noturno (indireto e variável);
 Custos com mão de obra não considerado na tabela
salárial, mas obrigatórios por força de acordo coletivo de
trabalho: exames admissionais, demissionais,
treinamentos, seguro de vida, etc. (variável).

Esses custos deverão ser apropriados


separadamente pelo orçamentista.
Em relação ao Sistema SINAPI, é bom saber:
ENCARGOS SOCIAIS
Os encargos sociais são tratados de duas formas
diferentes:
(i) (Mensalistas), no caso de profissionais do quadro
permanente da empresa, os encargos são sobre a folha
de pagamento;
(ii) (Horistas), no caso de profissionais com horas
apontadas, os encargos ficam sobre o custo operacional
de mão de obra nas diversas frentes de trabalho.

Onde encontrar o valor salarial dos profissionais


da construção e outros acessórios ???
TABELA DE PISOS SALARIAIS 2019/2020
Referente a indústria da construção Civil no Amazonas
TABELA DE PISOS SALARIAIS 2019/2020 (cont.)
Referente a indústria da construção Civil no Amazonas
TABELA DE PISOS SALARIAIS 2019/2020 (cont.)
PISO SALARIAL DO ENGENHEIRO
SISTEMA CONFEA-CREA

Leia mais: https://www.salario.com.br/profissao/engenheiro-civil-cbo-


214205/manaus-am/
Os encargos ou leis sociais são classificados em 4 grupos:
Grupo A – Encargos Sociais Básicos: São as contribuições
sociais obrigatórias por lei, que incidem sobre a folha de
pagamento;
Grupo B – São aqueles que sofrem incidência dos
encargos sociais básicos;
Grupo C – São aqueles que não sofrem incidência dos
encargos sociais básicos;
Grupo D – Taxa de Reincidência.
Para a mão de obra (MO) horista, não existe
nenhum encargo incluído no salário hora. Portanto,
no percentual dos encargos sociais deve ser
considerado tanto o (DSR) descanso semanal
remunerado e os feriados.
Para a MO mensalista, os salários já incluem alguns
itens do custo, por exemplo o DSR e os feriados,
ambos considerados como leis sociais.
DETALHAMENTO DOS ENCARGOS SOCIAIS DO AMAZONAS

SINAPI – Cálculos e Parâmetros (2020), pag. 92


DETALHAMENTO DOS ENCARGOS SOCIAIS DO AMAZONAS (cont.)

SINAPI – Cálculos e Parâmetros (2020), pag. 92


DETALHAMENTO DOS ENCARGOS SOCIAIS DO AMAZONAS (cont.)

SINAPI – Cálculos e Parâmetros (2020), pag. 92


Vale observar que a Lei 12.546/2011 (modificada pela Lei
12.844/2013) instituiu a regra que desonera as empresas
dos encargos previdenciários.
De acordo com esta lei, deve-se excluir dos encargos
sociais os 20% referente à Contribuição Previdenciária e,
como medida compensatória, deve-se incluir no BDI a
alíquota de 2% sobre o lucro bruto referente a
Contribuição Previdenciária sobre a Renda Bruta (CPRB).
Essa regra é válida apenas para os Cadastros Específicos
do INSS (CEI) criados posteriormente à vigência da Lei e
para as empresas enquadradas no art. 7º da Lei
12.546/2011.
Um ponto que costuma causar bastante discussão
diz respeito aos chamados “encargos adicionais da
mão de obra”:
(i) transporte de empregados,
(ii) alimentação,
(iii) planos de saúde,
(iv) seguros de vida em grupo,
(v) equipamentos de proteção individual e coletiva,
(vi) ferramentas manuais, dentre outros custos
associados à mão de obra, na administração local da
obra (como custos diretos da planilha orçamentária).
Esses itens são de fácil mensuração e quantificação
pois estão associados número de operários estimado
e ao prazo de execução da obra. Por isso é desejável
que os custos dos encargos adicionais da mão de
obra sejam discriminados como custos diretos, por
ser mais fácil de justificar sua inclusão (vide Acórdão
2622/2013-TCU-Plenário). Do contrário, todos os
percentuais devem ser justificados (conforme
Acórdão 1427/2007-TCU-Plenário).
ENCARGOS COMPLEMENTARES – AMAZONAS

SINAPI – Cálculos e Parâmetros (2020), pag. 119


PROSSEGUE NA PRÓXIMA AULA...

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