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38boas Praticas Bovinocultura Leiteira
38boas Praticas Bovinocultura Leiteira
Superintendente de
Desenvolvimento Sustentável
Nelson Teixeira Alves Filho
ISSN 1983-5671
CDD 636.2142
Editoração:
Coordenadoria de Difusão de Tecnologia
CDT/Pesagro-Rio
Fotos:
Mônica Mateus Florião
Sumário
1. Introdução......................................................................................................5
3. Recomendações técnicas..............................................................................44
5. Referências...................................................................................................45
6. Bibliografia recomendada..............................................................................49
Revisores Técnicos
- Carlos Wilson Gomes Lopes, Médico Veterinário, PhD, LD, Professor Titular
(Orientador) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ,
pesquisador 1A no CNPq.
Colaboradores
Agradecimentos
1. Introdução
1
Médica Veterinária, Mestre em Ciências Veterinárias, concentração em Parasitologia, discente do Programa
Binacional de Doutorado em Ciência, Tecnologia e Inovação em Agropecuária da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro - UFRRJ. E-mail: monicafloriao@hotmail.com
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Dentre as principais parasitoses que acometem os bovinos em seus
criatórios, causando significativas perdas, tanto de ordem produtiva quanto
econômica, estão a eimeriose ou coccidiose, as helmintoses e a dermatobiose.
A eimeriose ou coccidiose é uma doença comum e importante por estar
associada à diarreia em bovinos e é causada por espécies do gênero Eimeria
(ERNST; BENZ, 1986; REBOUÇAS et al., 1997; URQUHART et al., 1998; RIBEIRO
et al., 2000). Eimeria é um dos mais importantes protozoários que afetam o
trato gastrointestinal da espécie bovina, produzindo enterite contagiosa, que
proporciona o aparecimento de diarreia (RODRÍGUEZ-VIVAZ et al., 1996) (Fig. 1
e 2).
Figuras 1 e 2: Bezerros com coccidiose apresentando diarreia, que pode causar Síndrome da Má
Absorção, com perdas no ganho de peso e aumento da mortalidade.
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aparecimento precoce da coccidiose clínica (REBHUN, 2000; NORONHA JÚNIOR;
BUZETTI, 2002). Os animais adultos são portadores e fontes potenciais de
infecção para os bezerros recém-nascidos, que podem contrair a infecção poucos
dias após o nascimento, enquanto estão com as mães (CERQUEIRA, 1988;
RODRIGUEZ-VIVAS et al., 1996).
Além desse problema, o controle dos helmintos de rebanhos leiteiros é
influenciado pelas variações sazonais de suas populações, que são reguladas,
principalmente, pelas condições climáticas, raça e susceptibilidade individual do
hospedeiro. E ainda pela interação entre hospedeiro e parasito, que pode ser
influenciada pela concentração de animais por área, faixa etária e índice
nutricional (CATTO, 1982).
O parasitismo por helmintos é responsável por elevadas perdas
econômicas, ocasionando baixa eficiência reprodutiva, perda progressiva de
peso, redução na produção de leite e, em casos extremos, até morte dos animais
(Fig. 3 e 4). O controle de parasitos gastrintestinais em vacas de leite é de
grande relevância, já que são mantidas em pastejo contínuo, o que as torna
vulneráveis às reinfecções, assim como fontes de reinfestações das pastagens
(CHARLES; FURLONG, 1992).
Figuras 3 e 4: Bezerras apresentando pelos arrepiados e sem brilho e emagrecimento, aspecto característico
da infestação por helmintos.
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Figura 5: Larva (L3) de D.hominis. Figura 6: Vaca apresentando dermatobiose.
Bem-estar animal
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diretos e indiretos de produtividade e na qualidade do produto final. Por outro
lado, o manejo inadequado, além de causar estresse e sofrimento desnecessário,
afeta diretamente a produtividade e a qualidade dos produtos de origem animal.
O bem-estar animal deve ser priorizado através da utilização de:
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Figura 8: Funcionalidade das instalações; instalações do
bezerreiro têm comunicação com sala de ordenha,
facilitando o manejo.
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Figura 10: Bebedouros com água potável, com
abastecimento controlado por sistema de boia.
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Figura 12: Sombreamento de pastagem com espécie de
leguminosa arbórea, garantindo sombra com penetração de
raios solares para melhor crescimento da forragem, e boa
ventilação.
● Corredores com espaço adequado para o trânsito de bovinos leiteiros (Fig. 13)
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A arborização das pastagens, além de propiciar conforto térmico, confere
ao solo maior teor de minerais, que serão transmitidos às gramíneas, sendo
essenciais para a nutrição dos animais (PACIULLO; AROEIRA, 2012). A
distribuição uniforme das espécies arbóreas também é capaz de homogeneizar a
carga de esterco depositada naturalmente pelos animais durante o período de
permanência sobre as pastagens, contribuindo para a biociclagem de nutrientes
(BUSATO et al., 2009) (Fig. 14).
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Quando se garantem boas condições de pastoreio ao rebanho, está-se, por
conseguinte, investindo em produtividade e longevidade dos animais (Fig. 15 a 20).
Figura 18: Plantio de muda de Albizia sp e início de montagem da proteção da muda em pasto para bovinos
leiteiros.
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Figura 19: Piquete de pastagem para bovinos com mudas
protegidas de Albizia sp, já implantadas e incorporadas ao
pastoreio.
Figura 20: Fornecimento de suplementação volumosa para bovinos leiteiros com leguminosa (fonte de
fibra e proteína) no período da seca para composição da dieta e feno de Gliricidia sp (à direita).
15
Figura 21: O estresse psicológico é evitado, facilitando o
contato e manejo dos animais, que se tornam dóceis.
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As vacas leiteiras estabelecem rotinas, sendo fundamental a definição de
horários específicos para alimentação e descanso, e também para a ordenha.
Elas devem ser conduzidas ao local da ordenha com zelo, preferencialmente nos
mesmos horários e pelas mesmas pessoas. São de responsabilidade do
ordenhador: o cumprimento dos horários de ordenha, a preparação das
instalações, o acompanhamento da saúde das vacas, a realização da ordenha e o
acompanhamento da qualidade do leite. Além de cumprir suas responsabilidades,
o responsável pela ordenha deve demonstrar paciência, habilidade e
sensibilidade no manejo das vacas. Também é importante que esteja bem
preparado fisicamente para o desempenho do seu trabalho.
O local onde é realizada a ordenha deve ser projetado de forma que o
ordenhador tenha segurança e os animais estejam confortáveis. As instalações
devem ser bem ventiladas para se evitar a proliferação de patógenos (Fig. 23 e 24).
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Linha de Ordenha - a ordem em que as vacas são ordenhadas é chamada de
linha de ordenha (Fig. 25), que geralmente é definida com base no diagnóstico
de mastite. A ordenha é realizada na seguinte sequência:
Este é um esquema lógico que deve ser aplicado com a finalidade de evitar
a transmissão da mastite contagiosa no momento da ordenha. Ao esquematizar
a linha de ordenha, lembre-se de respeitar a individualidade das vacas, não
misturando, na mesma bateria, animais que não são companheiros.
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Vacas com problemas de saúde deverão ficar por último na linha de
ordenha para que o ordenhador possa lhes dar atenção especial. Essa prática
também reduz o risco de transmissão de doenças às outras vacas.
É importante lembrar que vacas com problemas de casco, mastite ou com
outras enfermidades, geralmente sentem dor e desconforto e caminham mais
lentamente que as demais. É importante que se respeite o tempo de locomoção
de cada vaca para evitar que elas se acidentem.
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Figura 27: Contenção das vacas na sala de ordenha por meio
de correntes.
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Mastite contagiosa: causada por micróbios que estão presentes no úbere e são
transmitidos pelas mãos do ordenhador e equipamentos de ordenha. Esses
micróbios entram no canal do teto e causam a infecção. Esse tipo de mastite é
facilmente transmitido de um animal para outro durante a ordenha, por isso a
importância da adoção de boas práticas de higiene e desinfecção.
Figura 29: Esquema da morfologia da glândula mamária das vacas e a “porta de entrada”
para os agentes causadores de mastite.
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Quadro 1: Características gerais das mastites contagiosa e ambiental em função do
indicador utilizado.
MASTITES
Geralmente, ao parto e
Ocorrência dos casos Durante a lactação
início da lactação
Mãos do ordenhador,
Solo, fezes, lama e camas
Principais vetores panos, esponjas, teteiras e
orgânicas
moscas
Escherichia coli
Klebsiela sp.
Streptococcus agalactiae
Microrganismos Enterobacter sp.
Staphylococcus aureus
envolvidos Streptococcus uberis
Corynebacterium bovis
Streptococcus dysgalactiae
Serratia sp.
Mastite clínica: é mais fácil de ser percebida, pois geralmente causa diminuição
na ingestão de alimentos, a vaca fica com o úbere inflamado (com aumento de
volume, avermelhado e quente) e o leite com grumos, pus ou sangue. Para
melhor controle desse tipo de mastite, deve-se fazer o teste da caneca de fundo
preto em todas as vacas e em todas as ordenhas. Além do teste da caneca, pode
ser feita a palpação do úbere nos casos de suspeita de mastite; úbere mais
rígido que o normal, quente e avermelhado é sinal de mastite.
Vacas com mastite clínica podem apresentar o úbere inchado e dolorido,
por isso, aproxime-se suavemente e toque o úbere com delicadeza. Tire três
jatos de leite de cada um dos tetos, acondicione na caneca de fundo preto e
confira um por um se há alguma alteração, como grumos (Fig. 31) ou pus e se
há sangue ou coloração alterada. Caso haja alteração no leite de algum dos
tetos, limpe a caneca antes de continuar o teste. Ao deixar o leite contaminado
na caneca, corre-se o risco de contaminação dos tetos sadios.
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Figura 31: Teste da caneca de fundo preto com resultado positivo
para mastite clínica.
Mastite subclínica: é mais difícil de ser percebida, pois a vaca não apresenta
sintomas claros do problema, a não ser pequena queda na produção de leite. A
mastite subclínica pode ser detectada pelos testes de contagem de células
somáticas no leite - CCS ou pelo Califórnia Mastite Teste - CMT (Fig. 32).
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Deve-se realizar o teste de CMT ou CCS pelo menos duas vezes por mês.
Os resultados devem ser utilizados para planejar a linha de ordenha.
O CMT é o teste mais comum por ser de fácil execução. É necessário
utilizar uma raquete própria e a solução CMT para realizá-lo, materiais que
podem ser adquiridos em lojas agropecuárias (Fig. 33). Para executá-lo
corretamente, coleta-se o leite de cada teto em cada um dos compartimentos da
raquete; em seguida, inclina-se a raquete até que o leite atinja a marca inferior
(indicada no compartimento da raquete e que corresponde a 2 ml de leite);
depois, adiciona-se a solução CMT até atingir a marca superior
(aproximadamente 2 ml de solução). Feito isso, devem-se realizar movimentos
circulares com a raquete para promover a mistura do leite com a solução CMT
para, em seguida, fazer a leitura do teste.
A leitura do CMT leva em conta a reação do leite com a solução CMT e o
diagnóstico deve ser sempre realizado por pessoa capacitada, mediante
orientação de um médico veterinário.
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Figura 34: Pré-dipping. Figura 35: Secagem do teto com papel toalha.
Figura 36: Após a ordenha, os bezerros devem ficar em contato com suas mães
para mamarem completamente o leite do úbere, evitando o leite residual e
impedindo que as vacas deitem logo após a ordenha, predispondo a mastite.
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Sequência das ações até a ordenha propriamente dita
Figura 37: Após a entrada no canzil de ordenha, as vacas devem ser contidas com peias.
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D. Higiene das mãos do ordenhador com sabão neutro (Fig. 40)
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Em ordenhas mecanizadas, em que vacas e bezerros ficam presos no
canzil de ordenha, aconselha-se abrir o portão de saída e estimulá-los a sair,
batendo palmas e falando com eles, permitindo que mãe e filho mantenham
contato durante pelo menos 20 minutos.
O pós-dipping é a imersão dos tetos em solução desinfetante glicerinada,
sendo geralmente utilizada solução de iodo (0,5%), de clorexidine (de 0,5 a
1,0%) ou de cloro (de 0,3 a 0,5%). Esse procedimento tem o objetivo de
proteger os tetos contra a infecção por microrganismos causadores da mastite.
O alimento deve ser fornecido para a vaca assim que ela sair da sala de
ordenha. Ao fazê-lo, diminui-se a probabilidade de ela se deitar. É importante
que ela fique de pé por no mínimo 30 minutos, tempo necessário para que o
esfíncter do teto se feche, diminuindo o risco de mastite ambiental.
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Na ordenha manual, os baldes e os utensílios deverão ser lavados com
água corrente e detergente. Depois de lavados, coloque-os virados para baixo
em local limpo para secarem naturalmente. Após cada ordenha, deixe as
instalações e todos os equipamentos, materiais e utensílios preparados para o
início da próxima.
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Figura 44: Piquetes maternidade devem ser, de preferência,
planos e próximos ao curral, além de garantirem conforto e
segurança para a vaca no pré-parto.
Parto - o período de gestação da vaca chega ao fim por volta de 285 dias após a
cobertura. E para que se possa auxiliar, caso necessário, é de extrema
importância que os tratadores sejam treinados para saber identificar quando o
momento do parto se aproxima.
Um pouco antes de parir, as vacas ficam inquietas, geralmente se
afastando do rebanho em busca de local para o parto. Esse período pode durar
de 4 a 24 horas. Vacas muito gordas ou muito magras apresentam maior risco
de problemas de parto; as gordas por apresentarem contrações mais fracas e as
magras por poderem não ter a energia necessária para o trabalho de parto. A
maioria das vacas que parem facilmente permanece deitada até o nascimento do
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bezerro, finalizando o parto ao se levantar, o que resulta no rompimento do
cordão umbilical. O fato de a vaca parir em pé pode estar relacionado às causas
ambientais (presença de cães ou urubus no pasto), à dificuldade de parto
(bezerro fraco, muito grande, condição corporal não adequada da vaca) e à
inexperiência da vaca (novilhas).
Em condições normais, o parto tem duração de 30 minutos a 4 horas. A
expulsão da placenta ocorre de 4 a 5 horas após o parto, não devendo
ultrapassar 24 horas, o que é indicativo de retenção de placenta. Em geral a
vaca ingere a placenta (Fig. 45).
O ideal é que o bezerro mame pela primeira vez em até três horas após o
parto. Esse tempo é geralmente maior em casos de novilhas, que são mais
sensíveis ao estresse do parto e inexperientes no cuidado com os filhotes,
resultando em movimentos que dificultam o acesso dos bezerros ao úbere ou
atos agressivos (coices e cabeçadas) dirigidos aos mesmos. Geralmente, esses
comportamentos ocorrem nas primeiras horas após o parto, diminuindo ou
cessando à medida que se acostumam com os bezerros.
No momento do parto os seguintes cuidados são recomendados:
- Utilizar luvas descartáveis, que protegem todo o braço (luva de inseminação).
- Lavar bem com água e sabão o posterior da vaca, principalmente a região do
reto e da vulva.
- Caso seja necessário amarrar os membros do bezerro para auxiliar a retirada,
utilize material limpo e desinfetado.
- A retirada do bezerro deve ser feita com cautela e segurança (quando for
necessário ajudar). Não utilize força demasiada.
- Após a retirada do bezerro, observe se o mesmo consegue respirar
normalmente e, se necessário, retire as secreções placentárias da sua boca e
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narinas e faça movimentos cadenciados com as duas mãos, massageando o seu
tórax.
- Deixe o bezerro e a mãe sozinhos, mas fique por perto para observar se a vaca
consegue se levantar e se o bezerro vai conseguir mamar.
Não se deve permitir que outros animais, como cães e galinhas, tenham
acesso às vacas recém-paridas, pois sua presença pode levá-las a reagir com
movimentos bruscos que podem causar acidentes com os bezerros (Fig. 46).
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Figura 47: Manejo mãe-cria, colostragem do recém-nascido nas
primeiras 3 horas de vida.
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Figura 49: Aconselha-se que a condução de vacas e bezerros
seja feita após os recém-nascidos apresentarem boa agilidade,
evitando-se o risco de abandono por parte da vaca.
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No Quadro 2, encontra-se o Quadro Geral de vacinação dos bovinos.
35
Ao planejar a vacinação, verifique a dosagem a ser aplicada (indicada pelo
fabricante) e compre a quantidade que será usada. Considere perdas em torno
de 3%. Leia as recomendações de uso da vacina (no rótulo ou na bula), pois em
alguns casos deve-se agitar o frasco antes de carregar a seringa.
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Figura 51: Rebanho mestiço Zebu x Europeu (Gir
leiteiro x Holandês).
Figuras 52 e 53: Na sala de ordenha, curral de espera e bezerreiro, a remoção das fezes com pá e rodo
e posterior lavagem com água.
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Figura 55: Lote de bezerras desmamadas (dos 7 meses
aos 330 kg de peso vivo), separadas dos adultos.
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dos helmintos nos animais parasitados. Uma alimentação equilibrada determina,
também, melhor resistência do hospedeiro às infecções, ocasionando redução da
instalação e da fertilidade dos parasitos.
Para controle das infestações por carrapatos, devem ser adotadas práticas
de manejo visando reduzir o nível de infestação do ambiente (pastagens). Dentre
as medidas mais eficazes, destacam-se o rodízio de pastagens com descanso de
pelo menos 30 dias por piquete, ou tempo suficiente para inviabilizar as formas
imaturas do carrapato presentes no ambiente. A utilização de raças resistentes
ao carrapato e bem adaptadas também contribui para o controle, sendo os
bovinos com maior grau de sangue indiano (Zebu) mais resistentes a
ectoparasitas (Fig. 57).
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Figura 58: Pastagem com forrageira de folha larga
infestada por carrapatos.
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Figuras 61 e 62: Pelagem castanho em tonalidades típicas e branca pintada de preto.
41
por enfatizar o olhar mais atento ao indivíduo e a suas particularidades, visando
restabelecer o equilíbrio do organismo como um todo.
A adoção da homeopatia está associada a alterações na rotina de manejo
e na percepção das pessoas em relação aos animais e à propriedade como um
todo.
Atualmente, tanto animais de companhia como de produção,
principalmente na produção orgânica, têm sido tratados com a medicina
homeopática. São tratadas doenças agudas ou crônicas (EUROPEAN COUNCIL
FOR CLASSICAL HOMEOPATHY, 2003).
Na medicina de rebanhos, é muito importante a aplicação de princípios
preventivos para minimizar ou eliminar doenças infecciosas. Por isso, tem havido
aumento na demanda de veterinários que utilizem a homeopatia (DAY, 1992).
Portanto, apesar de a homeopatia ser descrita como uma medicina que só pode
ser prescrita com base nos sintomas individuais do paciente, alguns estudos têm
sido feitos para validar sua aplicação no tratamento de grupo. Pesquisas em
homeopatia na criação animal têm enfatizado seus efeitos sobre a saúde do
úbere em vacas leiteiras (FOSSING, 2003) e também no controle de nematódeos
gastrintestinais de ruminantes naturalmente infectados (ALBERTI, 2005) e
ectoparasitas em rebanho bovino (MENDONÇA, 2000).
É imprescindível, porém, que se esclareça que o processo de cura pelo
“sistema homeopático” é diferente do convencional, portanto, resultados como
aumento nos valores de CCS (Contagem de Células Somáticas) em vacas de
leite, nos primeiros meses de uso dos medicamentos homeopáticos, são comuns
e até esperados, em função da reação do organismo que antecede a cura
(MITIDIERO, 2004).
Grande parte dos contatos entre o tratador ou ordenhador e seus animais
está relacionado a estímulos negativos, como vacinações, tratamento veterinário
ou transporte. No gado leiteiro, existe ainda o contato diário devido à ordenha,
que pode ser positivo ou negativo, dependendo do ambiente da ordenha,
incluindo aí o ordenhador. Vários estudos demonstraram correlação desfavorável
entre medo de humanos e aspectos da produtividade de bovinos leiteiros, como
a produção de leite ou a taxa de concepção após inseminação artificial (BREUER
et al., 2000; RUSHEN, 1999).
Além das condições de saúde dos animais, a escolha por diferentes opções
terapêuticas deve ser feita também pelos seus efeitos na saúde humana e no
ambiente. Souza (1998), em uma pesquisa sobre resíduos de antibióticos no
leite comercializado para consumo humano, em Santa Catarina, encontrou
50,52% das amostras positivas, 44,01% suspeitas e somente 5,46% negativas.
Considerando-se os efeitos danosos à saúde humana e ao ambiente causados
pelos resíduos de tratamentos convencionais, principalmente para endo e
ectoparasitos e mastites (piretróides, ivermectinas e antibióticos), os
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medicamentos alternativos, como os homeopáticos, devem ser utilizados como
principal opção terapêutica para tratamento de animais de produção.
A terapêutica homeopática é oficialmente uma especialidade veterinária
oficialmente amparada pela resolução n° 625, de 16 de março de 1995, do
Conselho Federal de Medicina Veterinária, que dispõe sobre o registro de título
de especialista no âmbito dos conselhos regionais (BRASIL, 1995).
Atualmente, o crescente interesse pelo uso de homeopatia na produção
animal, associado – mas não exclusivamente – ao interesse pela produção
orgânica, confronta-se com uma incipiente experiência tanto por parte de
extensionistas como de produtores. Para garantir o sucesso da adoção da
terapêutica homeopática, especialmente no período de transição, faz-se
necessário conhecer a sua efetividade a campo, as suas limitações, as
motivações e restrições dos agricultores para o seu uso e os efeitos da transição
para essa forma terapêutica nas relações dos agricultores com os animais e a
propriedade rural como um todo. Essas informações podem ser utilizadas para
construir uma base confiável para a transição para sistemas de produção
agroecológica.
Como já foi mencionado anteriormente, um novo conceito de manejo
proposto por Florião (2011) para a Fazendinha Agroecológica do Km 47, baseado
no bem-estar animal, controle estratégico de parasitos e terapêutica
homeopática está em utilização desde setembro de 2009: o esquema terapêutico
homeopático preventivo consistiu na administração mensal (Fig. 63) dos
medicamentos Calcarea carbonica 6cH, exceto para os jovens desmamados que
receberam C. phosphorica 6cH e Sulphur 6cH, separadamente. Os jovens
lactentes receberam ainda Silicea terra 6cH uma vez por mês. Os medicamentos
foram administrados por aspersão, na dose de 2ml, por via vaginal para as
fêmeas adultas e via nasal para os jovens e o touro (Fig. 64 A, B e C). O
esquema foi eficiente em manter a saúde do rebanho bovino leiteiro (rebanho
mestiço Gir Leiteiro x Holandês).
Figura 63: Frascos com medicamentos homeopáticos e acondicionamento dos medicamentos em borrifadores
para administração no rebanho.
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A B C
Figura 64: Medicamentos administrados por aspersão, via vaginal, em fêmeas adultas (A) e via nasal em
jovens e touro (B e C).
3. Recomendações técnicas
44
Indicadores com estimativas de custos
5. Referências
45
CARVALHO, L. A. et al. Sistema de alimentação. Juiz de Fora: Embrapa Gado
de Leite, 2002. Disponível em:<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/
FontesHTML/Leite/LeiteCerrado/alimentacao.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.
46
Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária).
Instituto de Veterinária, Departamento de Parasitologia Animal, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2011.
47
MOYA BORJA, G. E. Controle biológico do berne, Dermatobia hominis e de seus
foréticos: crise e perspectiva. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v. 13, supl. 1, p. 111-113, 2004.
48
Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) - Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 1998.
6. Bibliografia recomendada
49
HAHNEMANN, S. Exposição da doutrina homeopática ou organon da arte
de curar. 2. ed. Trad. David de Castro; Rezende Filho, Kamil Cury. São Paulo:
GEHSP Benoit Mure, 1995. 191 p.
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