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Políticas Públicas –

Economia Política das


Políticas Públicas
PROFESSOR MURILO JUNQUEIRA
UFPA
O surgimento do Estado de Bem-
Estar Social: o papel das instituições.
As regras do Jogo na Política de Saúde

As instituições determinam o resultado de


política.

◦Exemplo prático da importância das Ellen Immergut


instituições: o caso da Saúde na Europa (1957), cientista
político.
(Ellen M. Immergut).
Universidade
Humbolt, Berlin.

Immergut, E. M. (1996). AS REGRAS DO JOGO : A lógica da política de


saúde na França , na Suíça e na Suécia. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, 30, 139–165
Neoinstitucionalismo

•Exemplo: saúde pública na Europa.

◦De 1945 os anos 1970s, França, Suíça e Suécia tentaram


criar sistemas públicos de saúde.
•Isso aconteceu independente da linha ideológica dos
governos.
•Os médicos foram contra.
Neoinstitucionalismo

Suécia
•A Suécia conseguiu socializar a
reforma da saúde e controlar os
preços do mercado privado.

Parlamento Sueco.
Neoinstitucionalismo

França
•A França, após um longo processo
político, conseguiu instituir uma
saúde pública, mas não controlou os
preços privados.
Neoinstitucionalismo

Suíça
•Na Suíça, não houve nem sistema
público de saúde bem controle dos
preços privados.
•A saúde permaneceu privada.
Explicações para o Sucesso da Reforma
◦Poder da profissão
◦ Não se pode fazer política sem a concordância dos
médicos.
◦ Monopólio do atendimento médico.
◦ Escassez:
◦ Havia maiores controles sobre o número de médico na
Suécia.
◦ Suécia 89 médicos para cada 100 mil habitantes em 1959,
contra os 107 na França e os 141 na Suíça.
Explicações para o Sucesso da Reforma

◦Poder da profissão
◦Do ponto de vista da organização, a profissão
médica na França devia ser a mais fraca.
◦ Entre 40 e 60 por cento de sindicalização da França, em
comparação com mais de 90 por cento na Suécia e na
Suíça.
◦Os médicos suecos e suíços estavam organizados
em sindicatos únicos, enquanto no caso dos
franceses havia uma competição entre organizações
separadas por divergências políticas.
Explicações para o Sucesso da Reforma

◦Poder da esquerda
◦A Suécia possui a maior sindicalização e porcentagem
de partidos de esquerda no parlamento.
◦No entanto, a Suíça sempre teve taxas de sindicalização
e votação na esquerda maior que a França.
◦O poder da esquerda prediz a intensidade das
reivindicações, não dos ganhos.
Explicações para o Sucesso da Reforma
◦Poder da esquerda
Explicações para o Sucesso da Reforma

◦Poder da esquerda
◦ No período estudado (de 1950 a 70), os três governos
buscaram aprovar a reforma, inclusive os conservadores.

◦ A primeira iniciativa de reforma partiu dos liberais


Suecos.
◦ Os Charles De Gaulle (conservador) foi que propôs a
reforma.
◦ Os partidos de esquerda, centro e direita na Suíça
defenderam a reforma.
Explicações para o Sucesso da Reforma

◦Poder do Estado e dos burocratas


◦ Os Governos que herdam burocracias intervencionista do
passado autoritário tendem a propor mais políticas
públicas.
◦ Ex: intervencionismo econômico na Alemanha, Inglaterra e
EUA.

◦Inércia institucional.
◦ No entanto, na área da saúde, todas os países começaram
no zero.
Explicação Institucional

◦São as instituições que deram oportunidade aos


grupos de veto (no casos os médicos) de barrar a
reforma.

◦Alguns sistema políticos são mais abertos à


influência de lobbies localizados e bem organizados
do que outros.
Neoinstitucionalismo

Suíça
•Houve amplo consenso parlamentar
a favor da saúde pública, mas os
médicos barraram a reforma em
referendo popular.
•Os médicos conseguiram aproveitar
as características consensuais do
sistema suíço para barrar a reforma.
Neoinstitucionalismo

Suécia
•Apesar de ampla resistência das
associações médicas e uma mídia
hostil, a Suécia conseguiu
“socializar” a saúde.
•As características majoritárias do
sistema sueco impediram que
setores localizados impedissem a
reforma.
Parlamento Sueco.
Neoinstitucionalismo
Charles De Gaulle

França
•Durante a IV República o governo
não conseguiu implantar o sistema
de saúde.
•Os médicos conseguiam barrar a
reforma no congresso.
Neoinstitucionalismo
Charles De Gaulle

França
•Mas em 1958 o presidente De Gaulle
conseguiu mudar a Constituição e
finalmente aprovar a reforma.
•A V República era muito mais
majoritária que a IV República.
Em resumo do caso:
A “vontade política” nos três casos era a
mesma:
◦Os governos queriam criar os sistemas de saúde.
◦Os médicos eram contra.

O que variou foram as instituições.


◦Os países onde o governo precisava enfrentar
menos arenas de veto conseguiram aprovar a
reforma.
Explicação Institucional

◦As decisões políticas não são atos singulares tomados


em determinado momento do tempo; ao contrário,
são o resultado final de uma sequência de decisões
tomadas por diferentes atores situados em distintas
posições institucionais.

◦Uma sucessão de votos afirmativos em todas as


instâncias de decisão (decision points).
Explicação Institucional
Explicação Institucional

◦Se os políticos que ocupam o Executivo querem aprovar um


novo programa de ação, eles têm de ser capazes de reunir
votos favoráveis em todas as instâncias de decisão dessa
cadeia.

◦Os dispositivos constitucionais criam oportunidades de veto,


estabelecendo regras de procedimento que determinam a
divisão do poder entre os representantes eleitos.
Explicação Institucional

◦Quanto mais instâncias de decisão (decision points) menor a


chance de aprovação de propostas.

◦Caso os atores de uma instância controlarem os atores de


outra, então na prática só existe uma instância de veto.

◦As chances de aprovação se anulam se grupos contrários à


aprovação dominaria uma instância de decisão.
Explicação Institucional

◦As regras formais, como a separação entre os


poderes Executivo e Legislativo, ou a divisão da
legislatura em duas câmaras, estabelecem a
quantidade de instâncias de decisão necessária
para a aprovação de uma lei e, por conseguinte, o
número e a localização de potenciais vetos.
Explicação Institucional

◦Esses fatores políticos e institucionais dão origem a


lógicas complexas de tomada de decisão, que criam
diferentes oportunidades e limites para a ação, tanto
dos líderes políticos quanto dos grupos de interesse.
Explicação Institucional
Suécia
•Sistema parlamentarista
◦Primeiro-Ministro com apoio do
Parlamento.
◦Partidos Disciplinados.
◦Ausência de oportunidades de
recursos extra-parlamentos
(Suprema Corte ou referendos).

Parlamento Sueco.
Explicação Institucional

Suíça
•Sistema Presidencialista colegiado.
•Fortes oportunidades de vetos na
arena eleitoral.
Explicação Institucional

França
•Sistema Semi-Presidencialista.
•Enquanto o Congresso era
indisciplinado e o Presidente Fraco,
o Legislativo era uma arena de veto.
As regras do Jogo na Política de Saúde
As instituições (no curto prazo) não alteram
as preferências dos atores ou incentivam
determinadas propostas.

No entanto, elas modificam as chances de Ellen Immergut


(1957), cientista
aprovação das reformas fortalecendo ou político.
enfraquecendo as possibilidades de veto.
Universidade
Humbolt, Berlin.
Muito Obrigado
EMAIL: MJUNQUEIRA@UFPA.COM.BR
INSTAGRAM: @MURILOJUNQUEIRA31

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