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Entre 1993 e 1994, a implementação do Prêmio Resgate do Cinema Brasileiro, no curso de três
seleções, contribuiu com a finalização de 90 projetos, dentre eles, 25 curtas, nove médias e 56
longas-metragens.
Itamar Franco e participa ativamente por dois mandatos consecutivos da promoção da cultura
cinema. Várias produções ocorreram com essa iniciativa, destacando-se a da atriz e cineasta
Carla Camurati, que teve seu filme parcialmente financiado pelo Prêmio Resgate.
De 1996 a 1998, o cinema brasileiro passou por uma transformação por conta da modificação
provisória da Lei do Audiovisual, que garantiu às empresas novos financiamentos com elevação
do limite de abatimento dos impostos. Assim, novas produções foram surgindo,
sacramentando a estética de originalidade autoral, com respeito à narração e à pesquisa
linguística de ficção e documentário. Nesse período, o cinema brasileiro não parou mais de
crescer, pois vários filmes se tornaram excelentes obras, premiadas e reconhecidas
internacionalmente. O filme Baile perfumado (1997), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, ao lado
de O que é isso, companheiro? (1997), de Bruno Barreto e Central do Brasil (1998), de Walter
Salles, foram divisores de água que marcaram a nova era de retomada brasileira do cinema.
O ápice da retomada ocorreu no ano de 1998 com a desvalorização do real, momento em que
novas iniciativas de apoio surgem por parte da Petrobrás, Banespa e TV Cultura que auxiliaram
Em 2001, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) foi implementada, o que representou nova
CURIOSIDADE
A expressão “cinema de autor”, “cinema autoral” ou “cinematografia autoral” significa um filme
que utiliza estética inovadora e acaba se tornando obra histórica, reconhecida e premiada, pois o
cineasta marca esse formato pela reflexão sobre a forma de se ver o mundo.
De 1998 a 2003, a criação da produtora Globo Filmes, por intervenção das Organizações Globo,
revalorizou o cinema brasileiro em conceitos de audiovisual com produções cinematográficas
premiadas e destacadas mundialmente.
ministro e cantor Gilberto Gil, e a Secretaria do Audiovisual foi administrada pelo diretor e
alma feminina; a tradicional oposição entre cidade e campo; o debate sobre a identidade
As zonas de fronteira e o cenário de áreas de ruptura social são também escolhas nas produções e
situações de limite, pois o confronto com a violência existe, o cotidiano é imprevisível, comunidades
mostram disputas de território, gangues rivais em confronto, em um cenário sem solução imediata
na história. Esses conflitos uniram grandes produções de Amazonas, Brasília, Ceará, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. O resgate ao sertão e ao cangaço, retorno à região
agrária do Nordeste, é retratado pelo cineasta André Klotzel no filme Capitalismo
selvagem (1993) com um dos núcleos de cinema mais significativos dos anos 90 do eixo São
Paulo e Amazonas. Correspondendo ao diálogo estético cinemanovista, o filme trabalha com
a identidade nacional numa tentativa de retratar o objeto criticado e criticar, na mesma
intensidade.
EXPLICANDO
O diálogo estético cinemanovista tinha por objetivo a busca de identidade nacional
acordo com Rocha (2004, p. 30), como “o nervo de sua própria sociedade”.
Outro filme premiado e que marcou o período foi Terra estrangeira (1995), de Walter Salles e
Daniela Thomas. Produzido em preto e branco, é um drama que inicia como filme policial e
utiliza simbolicamente metáfora inversa, pois sua estrutura ocorre da ficção à realidade. A
linguagem estética revela o problema político-social com contradições que prendem a atenção
do público.
O filme Corisco e Dadá (1996), de Rosemberg Cariri, retoma o tema do cangaço com uma
história de amor entre Corisco (Diabo louro) e Dadá, sua mulher, cujo objetivo estético foi de
ressignificar a relação do cangaceiro com Deus, confrontando a vida e a morte.
EXPLICANDO
O equipamento Super-8 foi lançado em 1965 pela empresa Eastman Kodak Company
como uma evolução da película 8mm. Seu uso era empregado tanto na produção de
filmes familiares quanto em reportagens, documentários e ficções. A sua capacidade
cinema brasileiro.
A temática da favela também é explorada por essa década. Considerada território limite da
civilização moderna, habitam no mesmo núcleo o tráfico, a miséria e a violência, isto é, a
imagem marginalizada da sociedade. O filme Como nascem os anjos (1997), de Murilo Salles,
retrata esse ambiente.
Outro filme na mesma temática sobre favela é Orfeu (1999), de Carlos Diegues, com a
reconfiguração do trágico mito grego do Orfeu e Eurídice em que faz emergir situações de
pobreza, generosidade, porém crueldade mostrada nas comunidades.
A “identidade feminina” também é outra temática abordada pela década a partir da
demonstração de comportamentos e sentimentos atribuídos socialmente às mulheres. São
vários os trabalhos que evocam o que se constrói como figura feminina:
As meninas (1996), de Emiliano Ribeiro;