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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.


Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

ANÁLISE DA CAPACIDADE
PRODUTIVA EM UMA MICRO-
EMPRESA PRODUTORA DE VASSOURA
DE PIAÇAVA ATRAVÉS DE UM ESTUDO
DE TEMPO E MOVIMENTOS
Davi Filipe Vianna Moreira (UEPA)
davifilipe@globo.com
jesse ramon de azevedo espindola (UEPA)
jjespindola@uol.com.br
RAFAEL ELIAS PAES ALMEIDA (UEPA)
r.e.p.a@zipmail.com.br
Raphael Araújo Barbosa (UEPA)
raphael_barboa_@hotmail.com
Thiago Lobato Rodrigues (UEPA)
thiagolobator@globo.com

Este artigo demonstra e analisa um estudo de tempos e movimentos


realizado em uma micro-empresa produtora de vassouras. O objetivo
central deste estudo foi determinar a capacidade produtiva da fábrica
levando em consideração uma de suas etaapas: encher cepo, de
vassouras de piaçava de 14 furos. Após fazer um rigoroso
detalhamento desta etapa, foram colhidos os dados necessários para
calcular o tempo padrão de produção, além de um estudo de
movimentos e tempos sintéticos, tendo em vista a padronização do
processo. Ao término do estudo, verificou-se que a empresa trabalhava
abaixo de suas capacidades, e, após analisar as causas desse fato,
sugeriu-se melhorias à empresa, tais como: Rearranjo do layout,
padronização da produção, criação de um espaço físico menos
agressivo e treinamento da mão-de-obra.

Palavras-chaves: tempos cronometrados, movimentos, tempos


sintéticos, capacidade produtiva.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

1. Introdução
Este trabalho aborda uma aplicação do estudo de tempos e movimentos para a determinação
da capacidade produtiva de uma manufatura, no caso, uma empresa produtora de vassouras,
localizada na cidade de Belém. Com o advento da Administração Científica proposta por
Taylor, a cronometragem dos tempos e a análise de movimentos e tempos sintéticos de
operações, desenvolvida por Gilbreth, tornaram-se as melhores formas de mensurar o trabalho
e assim buscar minimização de esforços na produção, bem como a busca de falhas na mesma
e o aumento de rendimento dos funcionários.
A indústria de vassouras no Estado do Pará tem crescido bastante em demanda nas últimas
décadas, mas pouco tem se modernizado ou buscado um embasamento científico para sua
evolução, assim tem sofrido com problemas de demanda reprimida e estoque. Sendo assim, o
estudo de tempos e movimentos é de fundamental importância para um início de resolução
desses problemas.
Também é objetivo do estudo auxiliar na tomada de decisão, na padronização das atividades e
na organização do processo produtivo como um todo, pois são fatores de suma importância
para o desenvolvimento de qualquer indústria.
A partir de análises e de entrevistas foi encontrado o produto mais importante para a empresa
e do seu processo de fabricação a etapa mais importante foi destacada e usada no estudo.
2. Produção de vassouras
A vassoura, já utilizada pelos índios mesmo antes dos portugueses colonizarem o Brasil, é um
item indispensável e sempre lembrado quando fala-se de limpeza para diversos ambientes,
principalmente o doméstico. Por se tratar de um produto que é utilizado desde as camadas
pobres até aos mais abastados, a quantidade de vassouras comercializadas é significativa no
país.

Porém, a produção de vassouras é feita principalmente por micro e pequenas empresas, não
havendo tradição de grandes marcas e monopólio de pontos de venda, apesar da grande
utilidade e comercialização (COSTA, 2005). O grande número de micro e pequenas empresas
produtoras pode ser explicado pelo fato de ser um empreendimento de fácil implantação e de
baixo investimento inicial, provocando a competição entre as várias micro-empresas
produtoras de vassoura.

Portanto, para a melhor evolução da produção de vassouras, é de grande valia fazer um estudo
do comportamento, capacidade produtiva e os fatores de investimento desse tipo de
empreendimento. A dificuldade resulta, principalmente, na mensuração da capacidade,
valendo ressaltar a rudicidade e primariedade do processo produtivo, ou seja, sem tecnologia
adequada. Nesse contexto, o estudo de tempos e movimentos mostra-se bastante útil devido à
simplicidade e a pouca onerosidade para a micro-empresa.

Segundo FRANCISCHINI (2007), o estudo de tempos e movimentos tem como objetivo


desenvolver o método (técnica) mais adequado (relacionando custos, tempo de produção,
qualificação de mão-de-obra, etc.) às necessidades da empresa. Então, através do mesmo, a
avaliação da capacidade da empresa poderá ser feita para uma melhor programação de

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matéria-prima, jornada de trabalho e estoques de material, evitando ociosidade, desperdícios e


erros, agregando qualidade ao produto final.

3. Estudo de Tempos e Movimentos


A cronometragem é o método mais empregado na indústria para medir o trabalho. Em que
pese o fato de o mundo ter sofrido consideráveis modificações desde a época em F.W. Taylor
estruturou a administração científica e o Estudo de Tempos Cronometrados e Gilbreth propôs
o Estudo de Movimentos e Tempos Sintéticos, objetivando medir a eficiência individual, essa
metodologia continua sendo muito empregada para que sejam estabelecidos padrões para a
produção (MARTINS & LAUGENI, 1998).
Pelo fato da mensuração do trabalho ser feita de forma individual, é necessário considerar a
variabilidade da ação humana no processo. Com este objetivo, BARNES (1977), desenvolveu
um padrão mundial para avaliar a velocidade do operador (distribuição de 52 cartas de
baralho), em que aqueles que apresentarem velocidades entre 90 e 110%, são denominados
“operadores padrão” por apresentarem baixa variabilidade na sua atividade, portanto, serão
usados como modelo para coleta das amostras de tempos cronometrados.
Para a validação das amostras de tempos coletadas, calcula-se o número de cronometragens
necessárias (n) para que o estudo seja feito com segurança e constroem-se os gráficos de
controle (médias e amplitudes). O cálculo de n é feito da seguinte forma:
2
 Z×R 
n= 
 ER × D2 × X 
Onde:
n = número de ciclos a serem cronometrados;
Z = coeficiente da distribuição normal para uma probabilidade determinada;
R = amplitude da amostra;
Er = erro relativo da medida;
d2 = coeficiente em função do número de cronometragens realizadas preliminarmente;
X = média da amostra.

Na prática costuma-se utilizar probabilidades entre 90% e 95% e erro relativo variando de 5%
a 10% (MARTINS & LAUGENI, 1998).

Para a construção dos gráficos de controle, são estabelecidos intervalos de segurança, ou seja,
limite inferior e superior de controle (LIC e LSC, respectivamente). No gráfico das médias,
caso algum dado fique fora do intervalo de segurança, a amostra coletada será descartada nos
cálculos posteriores. No gráfico das amplitudes, um dado fora dos limites de controle fará
com que o dia em que a amostra foi coletada seja descartado. Os limites superior e inferior
para o gráfico das médias são determinados pelas equações abaixo:
LSC = X + A × R
LIC = X − A × R
Onde:
X = média das amostras;
A = coeficiente tabelado em função do número de cronometragens necessárias;

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R = amplitude da amostra.

Para o gráfico das amplitudes, os valores dos limites de controle são calculados da seguinte
forma:

LSC = D4 × R
LIC = D3 × R
Onde:
R = amplitude da amostra;
D3 e D4 = coeficientes tabelados em função do número de cronometragens necessárias.

Depois de obtidos os tempos cronometrados válidos, deve-se adicionar o fator de ritmo (V) do
operador para que seja encontrado o tempo normal de operação (TN), desconsiderando as
tolerâncias sofríveis. Para o cálculo do Tempo Normal segue:
N

∑ TCV ×V
i =0
i
TN =
N
Onde:

TCVi = tempos cronometrados válidos;


V = fator de ritmo do operador;
N = número de cronometragens válidas;
TN = tempo normal.

De acordo com Barnes (1977), o Tempo Normal não considera as necessidades fisiológicas e
a fadiga que o operador sofre pela ação do ambiente de trabalho (baixa iluminação,
temperatura inadequada, excesso de ruído, ergonomia, etc.). Todos esses fatores influenciam
no aumento da fadiga e na capacidade produtiva do operador, e faz com que o operador tenha
um tempo permissivo ou de descanso, tempo em que este não produz (NOGUEIRA et al,
2007). Logo, devemos considerar o Fator de Tolerância no cálculo do Tempo Padrão, assim
temos:

TP = TN × FT
Sendo que:
1
FT =
1− p
Onde:

TN = tempo normal;
FT = fator de tolerância;
p = porcentagem do tempo permissivo sobre o tempo de produção;
TP = tempo padrão.

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Para o Estudo de Movimentos e Tempos Sintéticos, desenvolvido por Gilbreth, podemos


determinar o tempo padrão dividindo a operação em micro-movimentos e aplicar os valores
tabelados para cada micro-movimento (NOGUEIRA et al, 2007).

De posse do tempo padrão calculado, podemos determinar a capacidade produtiva da


operação analisada e posteriormente tomar decisões para melhorias na produção.
4. Metodologia
Para efetuar o estudo, foram feitas visitas à fábrica, primeiramente para se conhecer todo
processo produtivo, e identificar as operações que compõem a produção de vassouras, com o
auxílio do fluxograma do processo. Com esse conhecimento, foi possível identificar qual era a
operação crítica do processo: encher cepo; e assim dividi-la em elementos: pegar cepo, pegar
tafolho, preparar operação e encher cepo; os quais seriam submetidos à cronometragem.
A partir desse ponto, buscou-se conhecer os funcionários responsáveis por essa operação, com
o intuito de determinar o fator de ritmo de cada um, através do teste internacional de ritmo
(distribuição de 52 cartas de baralho), coletando cinco amostragens de tempo para cada um
deles.
Para se determinar qual seria o chamado “operador-padrão”, selecionou-se, dentre os
resultados encontrados, aquele que se encontrava com fator de ritmo entre 90% e 110%.
A partir desse ponto, começou o processo de cronometragem dos elementos da operação
crítica realizados pelo “operador-padrão”. A fim de dar ao estudo uma maior confiabilidade,
essas cronometragens foram feitas em cinco dias de atividades na fábrica.
Com os tempos obtidos, foram realizados cálculos descritos na teoria de Estudos Tempos e
Movimentos e com eles a determinação da capacidade produtiva da empresa para sua
utilização na tomada de decisão.
Além do estudo de tempos cronometrados, foi feito também um estudo de movimentos e
tempos sintéticos. Para isso, a operação foi dividida em micro-movimentos, e, utilizando os
tempos sintéticos tabelados para cada micro-movimento, determinou-se um novo tempo
padrão e uma nova capacidade produtiva.
Analisando e comparando os dois valores de tempo padrão e capacidade produtiva
encontrados, foram feitas propostas de mudanças e melhorias no processo produtivo, com o
objetivo de otimizar a produção da empresa.

5. Estudo de caso

5.1. Reconhecimento do processo produtivo


A micro-empresa produtora produz os seguintes modelos de vassouras:
− Vassoura de 14 furos;
− Vassoura de 18 furos;
− Vassoura de chapa metálica;
− Vassoura de chapa plástica;
− Escovão de 22 furos;
− Escovão de 30 furos.

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O produto escolhido para o estudo em desenvolvimento foi o da vassoura de 14 furos, por ser
o produto mais vendido pela micro-empresa. Entre as matérias-primas beneficiadas na
produção de vassouras de piaçava de 14 furos, está a Ucuúba (Virola surinamensis), que é um
tipo de madeira de origem amazônica, leve, de textura média, empregada em diversos fins,
principalmente na carpintaria, como a produção de embalagens leves, palitos, compensados
etc. (CESARINO, 2006). Além da madeira, outra matéria-prima utilizada é a piaçava, que
vem de outros estados, como da Bahia e do Amazonas, sendo assim, o comércio de vassouras
provoca certa mobilidade logística nessas regiões.

O processo produtivo ocorre em três etapas simultâneas, trabalho com a piaçava, o trabalho
com o cepo (serralheria) e o trabalho com o cabo. Cada uma dessas três etapas se divide em
atividades menores. O trabalho com a piaçava se divide em: o corte dos amarrados de piaçava
(matéria-prima que é comprada em lotes de longos fios enrolados que pesam de 30 kg a 70
kg), após cortados, são divididos em tafolhos (fios curtos de piaçava amarrados em pequenos
volumes que serão encaixados no cepo), enchimento dos cepos (parte de madeira da vassoura
onde são encaixados os tafolhos), que consiste em colocar os tafolhos nos furos do cepo, em
seguida o acabamento que consiste em pentear (eliminar os excessos), aparar as pontas e
rotular.
A operação de encher cepo mostrou-se a ideal para o estudo desenvolvido por apresentar-se
como gargalo da produção, pois é a atividade que necessita de mais homem-hora para
absorver a quantidade de produtos gerados pelas atividades anteriores, além disso, é a
operação onde a vassoura propriamente dita está pronta.
Todos estes produtos utilizam a mesma matéria-prima (piaçava e madeira), e possuem lote
comercial em dúzias. O processo é descrito no fluxograma abaixo:

Figura 1 – Fluxograma do processo

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A figura abaixo ilustra de forma esquemática o fluxo de materiais no processo de produção de


vassouras:
VASSOURA
DE PIAÇAVA
SERRALHERIA ACABAMENTO DA
(início) VASSOURA

CEPOS DE 14 FUROS VASSOURAS


ACABADAS
ENCHER CEPO
TAFOLHOS
COLOCAÇÃO DOS
CABOS

AMARRAÇÃO DA PIAÇAVA
VASSOURAS
EM TAFOLHOS
PIAÇAVA CORTADA COM CABO

ESTOCAGEM EM
CORTE DA PIAÇAVA LOTE (fim)
(início)

Figura 2 – Fluxo de materiais no processo


5.2. Estudo de tempos
Para o estudo de tempos cronometrados, primeiramente foi determinado o “operador-padrão”
para a operação analisada. Depois, foram coletadas, no total, 25 amostras, sendo cinco em
cada dia durante as visitas na empresa. As amostras coletadas estão na tabela abaixo:

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Figura 3 – Amostras de tempo coletadas

Para o cálculo do número de cronometragens necessárias (n) foram realizadas cinco


cronometragens preliminares, com um erro relativo de 10%. O valor de n encontrado foi igual
á 5, logo dizemos que as vinte e cinco cronometragens são suficientes para o estudo de
tempos cronometrados neste artigo. No gráfico de controle das médias, os valores de LSC e
LIC foram 114,95s e 79,96s, respectivamente. Já no gráfico das amplitudes, LSC foi igual a
64,08s e LIC igual a 0s. Após analisar os gráficos de controle, constata-se que todas as
cronometragens estão dentro dos limites de controle, portanto são válidas.

Com a utilização da teoria do estudo de tempos cronometrados, considerando que o fator de


ritmo encontrado de 1.05, o valor do Tempo Normal da operação igual a 101,51s.
No cálculo do Tempo-Padrão, precisamos determinar o fator de tolerância da atividade. De
acordo com entrevista informal na empresa, temos que o tempo permissivo da operação é de
60 minutos aproximadamente. Com o expediente diário de 540 minutos (9 horas por dia),
temos o fator de tolerância igual a 1,12. Logo, o Tempo-Padrão calculado foi de 113,69. A
partir deste Tempo-Padrão encontrado podemos calcular a capacidade produtiva em um dia de
atividade. Com a capacidade diária igual a 284 vassouras por dia, deduzimos que o número de
dúzias de vassouras que podem ser produzidas por um operário, considerando os diversos
aspectos da atividade é de 23 dúzias por dia. Como na atividade de encher cepo trabalham três
operários, a capacidade total diária passa a ser de 69 dúzias.
5.3. Estudo de Movimentos e Tempos Sintéticos
A operação analisada será também a de encher vassoura, o Estudo de Movimentos e Tempos
Sintéticos será dividido em três partes que no final irão complementar-se uma a outra.
a) 1ª parte:
Esta parte consiste basicamente nas etapas em que o operador prepara o local de trabalho para
o início da operação. O que ocorre a cada duas dúzias de vassouras produzidas.

Figura 4 – Tempo sintético da 1ª parcial

O tempo da primeira parcial é igual á 56,5s.

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b) 2ª parte:
Os movimentos na tabela abaixo descrevem os procedimentos que ocorrem a cada cepo que
será cheio com tafolhos.

Figura 5 – Tempo sintético da 2ª parcial

Tempo da 2ª parcial será igual a 1,9s.

c) 3ª Parte:
A terceira parte corresponde á colocação de um tafolho no cepo.

Figura 6 – Tempo sintético da 3ª parcial

Com os mesmos dados, temos o tempo da terceira parcial igual a 3,7s. Como a vassoura
estudada possui 14 furos, logo são necessários 14 tafolhos para encher uma vassoura, o que
corresponde multiplicar o resultado da terceira parte do estudo de movimentos por 14, então
temos que o tempo da 3ª parcial será 51,4s.

O tempo total para encher uma vassoura será igual à soma de cada parte do estudo de tempos
sintéticos. Assim, o tempo total da operação será igual á 110,2s. Então a capacidade produtiva
diária será a razão entre o tempo total de operação e o tempo padrão sintético, logo, a
capacidade produtiva diária é igual á 294 vassouras, o que equivale a 24 dúzias de vassouras
produzidas por dia. Mas como na operação trabalham três operadores, a capacidade de
produção passar a ser de 72 vassouras diariamente.
5.4. Conclusões
O Estudo mostrou que a empresa opera com 87% de sua capacidade produtiva, quando
considerado o estudo de tempos cronometrados, e com 83% da capacidade se considerado o
estudo de movimentos e tempos sintéticos. Logo a empresa opera com uma capacidade abaixo
de seu potencial. Com o conhecimento in loco do processo de fabricação, podemos apontar

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algumas razões para a não razão da total eficiência da produção. Entre elas: (1) o arranjo
físico confuso; (2) o ambiente de trabalho agressivo aos operadores e; (3) a baixa
padronização do processo. Após esta análise do processo, várias sugestões foram propostas,
inclusive uma delas, o rearranjo físico, foi quase que imediatamente implantada. Porém, as
outras sugestões necessitam de mais tempo e capital para serem adotadas e são consideradas,
pelo menos em curto prazo, inviáveis financeiramente para a empresa, mesmo sendo viáveis
economicamente.
É fato que este estudo proporcionou uma análise mais geral da empresa, indo além do seu
objetivo principal que era determinar a capacidade produtiva. Foi possível detectar falhas não
só no seu processo produtivo como também falhas estruturais, como ergonomia, que, na
maioria das vezes, é posta em segundo plano ou até mesmo desconsiderada, principalmente,
pelos micro e pequenos empresários.
Entretanto, a maioria dos empresários desconhece a teoria do Estudo de Tempos e
Movimentos. Por falta desse conhecimento, não levam em consideração as mudanças
propostas por esse tipo de estudo, mesmo que as análises mostrem que é de grande relevância
um estudo de tempos e movimentos que, apesar de sua simplicidade, é instrumento de suma
importância no descobrimento de características críticas para empresa como a capacidade
produtiva e gargalo da produção, que identifica qual o setor que necessita de investimentos
imediatos, além de mostrar falhas estruturais de layout, ambiente de trabalho e falta de espaço
físico.
Logo, é fundamental que os empresários busquem melhor conscientização e passem a utilizar
mão-de-obra mais especializada no planejamento e controle de produção, de modo a utilizar
seus recursos de forma mais otimizada e assim evitar desperdícios, principalmente quando a
matéria-prima de sua produção provém da natureza. Além do fator moral, também é uma
estratégia vencedora de diferenciação que faz com que a empresa fique bem vista pelo bem
mais importante que possui: seus clientes.
6. Referências bibliográficas
BARNES, Ralph M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida de trabalho. 6. ed.
São Paulo: Edgard Blüchen, 1977.
CESARINO, Fabiano. Informativo Técnico Redes de Sementes da Amazônia. Macapá:
IEPA, 2006.
Francischini, Paulino G. Estudo de Tempos e Métodos. Disponível em:
<http://www.prd.usp.br/disciplinas/docs/pro2421/p2421cro%20Apostila%20Cronoan%C3%
A1lise.pdf> . Acesso em 10 de nov. 2007

MARTINS, Petrônio G. & LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. São


Paulo: Saraiva, 1998.
NOGUEIRA, Juliana Ramos et al. Análise da capacidade produtiva de refrigerantes
tubaínas a partir de um estudo de tempos e movimentos. Anais do XXVII Encontro Nacional
de Engenharia de Produção. Foz do Iguaçu, 2007.
COSTA, Magda das G. Formulário de resposta técnica padrão: fabricação de vassouras.
SBRT – Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Disponível em: <www.sbrt.ibict.br>.
Acesso em 25 de fev. 2008.

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