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Redes de Telecomunicações Banda larga integrada em um município através de FTTH

Capítulo 2 – Tecnologia Wi-Fi

A conexão via banda larga sem fio possibilita que voz, dados e imagens
sejam transmitidos e recebidos em altas velocidades, com custo relativamente baixo
em comparação a tecnologias convencionais. Por meio de uma tecnologia sem fio
ou sua combinação com outras, é possível viabilizar acesso a todo o município de
Cambuí, isto é, disponibilizar conectividade em todo o território, tanto na zona
urbana quanto rural.

A expansão da banda larga sem fio pode ser feita de forma gradativa de
acordo com a demanda, dispensando investimento em infraestrutura. Ela tem como
base protocolos de internet, e por isso torna-se bastante flexível.

O Wi-Fi, com a promessa de mobilidade, abre uma nova dimensão para a


liberdade de seus usuários. É possível alcançar benefícios, como disponibilidade
física enquanto se mantém conectividade em ambientes comerciais e residenciais
com crescimento de redes sem a necessidade de instalação de cabos ou fios.

O projeto a ser adotado em Cambuí conjuga fibra óptica e rede sem fio,
baseando-se na experiência aplicada em outros municípios, onde o sinal de internet
segue por fibra ótica até os bairros principais e os demais acessos serão distribuídos
por ondas de rádio para áreas onde é inviável a chegada da fibra.

2.1 – Freqüência

Os espectros de radiofreqüência que possibilitam a comunicação sem fio é


dividido em faixas, onde a responsável pela sua regulamentação é a Anatel.

Recentemente, a Resolução 397 de 06/04/2005 da Anatel - Regulamento


sobre condições de uso de radiofreqüências da faixa de 2.400 MHz a 2.483,5 MHz
por equipamentos utilizando tecnologia de espalhamento espectral ou tecnologia de
multiplexação ortogonal por divisão de freqüência estabeleceu que as estações que
possuam potência e.i.r.p superior a 400 mW instaladas em localidades com
população superior a 500.000 habitantes devem ser licenciados. 

A atual rede da MG Net opera em duas freqüências, 2.4 GHz, ou seja, padrão
WI-FI, para emissão do sinal que chega ao usuário final, e 5.8 GHz banda de
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freqüência não licenciada para comunicação entre os próprios rádios, que se


interconectam. Na tabela 1 é mostrada as faixas de frequência regulamentadas pela
Anatel.

Tabela 1 - Faixas de freqüência

Quanto à ocupação espectral, representa os espectros dos canais disponíveis


nas faixas de 2,4 e 5 GHz respectivamente.

As frequências de ISM (Industrial, Científica e Médica) são utilizadas para


comunicação das redes Wi-Fi, possibilitando um custo de implementação baixo e
facilidade de operação.

A desvantagem é quanto ao congestionamento do espectro, ou interferência.


É preciso tomar cuidado no planejamento de RF para que os canais utilizados pelos
diferentes dispositivos não estejam na mesma frequência. Na figura 1 observamos a
alocações de canais para padrões 802.11b e 802.11a.

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Figura 1 - Alocações de canais para padrão 802.11b

2.2 – Arquitetura

O padrão IEEE baseia-se em arquiteturas diferentes, uma arquitetura fixa e a


outra móvel baseada no padrão 802.11, todos eles homologados pelo IEEE. Dentro
dessas arquiteturas temos tipos de topologias que seguem o padrão IEEE e tem em
uma de suas topologias os elementos STA, BSS, AP e ESS e dentre esta existem
outras topologias como por exemplo: as topologias ponto a ponto, ponto-multiponto
e Mesh.
Temos vários padrões difundidos chamados de Família 802.11 conforme é
apresentado na Tabela 2.

Tabela 2 – Família 802.11

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O padrão 802.11 especifica a interface aérea de RF (radio frequency) para


transmitir e receber dados entre um cliente wireless e uma estação radiobase ou
access point (na configuração "infrastructure"), assim como entre dois ou mais
clientes wireless que estejam dentro da faixa de comunicação entre eles (na
configuração "ad hoc").

Atualmente o anexo do padrão 802.11 mais difundido é o 802.11g. Porém,


existem alguns dispositivos que trabalham no padrão 802.11b por serem mais
simples e outros dispositivos que trabalham no padrão 802.11n por exigirem maior
vazão de dados, taxa superior a 100 Mbps. Dentro da família de protocolos 802.11
existem três que se destacam, conforme visto na Tabela 3. Apresentamos também
na Tabela 4 um comparativo destas três tecnologias de redes sem fios.

Padrão Taxa de bits


802.11a até 54 Mbit/s (na banda de 5 GHz)
802.11b até 11 Mbit/s (na banda de 2,4GHz)
802.11g até 54 Mbit/s (na banda de 2,4GHz)

Tabela 3 – Características dos Padrões 802.11a, b e g

Padrão Alcance Compatibilidade Custo


25 a 100 metros Incompatível com o 802.11b e
802.11a Alto
(indoor) 02.11g
100 a 150
802.11b Adoção generalizada. O mais baixo
metros (indoor)
Compatibilidade com o 802.11b a
100 a 150
802.11g 11Mbit/s. Baixo
metros (indoor)
Incompatível com o 802.11a.

Tabela 4 - Comparativo entre os padrões

2.3 – Topologia
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Os três tipos de redes sem fio são as Redes Locais – Wireless Local Area
Network (WLAN): pequena área de cobertura e grande vazão de dados; Redes
Metropolitanas - Wireless Metropolitan Area Network (WMAN): enlaces ponto-
multiponto de uma grande área de cobertura; Redes de Longa Distância - Wireless
Wide Area Network (WWAN): enlaces ponto-a-ponto em uma grande área de
cobertura.

2.3.1 - Ponto a Ponto

Na topologia ponto a ponto a ligação é feita de um único ponto de origem e


um único ponto de destino, esta ligação é exclusiva e pode ser utilizada para
diferentes aplicações, como interligação de redes corporativas, de acesso a internet
ou ainda ligação direta ao cliente final como mostra a figura 2.

Figura 2 – Topologia Ponto a Ponto

2.3.2 - Ponto-Multiponto

A topologia ponto-multiponto nada mais é que a ligação de um único ponto de


origem para vários pontos de destino. Com isso atende diversos usuários ao mesmo
tempo, mas com uma diferença da topologia ponto a ponto, utiliza apenas uma BSS,
demonstrada na Figura 3.
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Para esse tipo de ligação são utilizadas antenas omnidirecionais ou diretivas


setoriais, dependendo da área de cobertura que se deseja atingir. As áreas de
cobertura formadas pelas antenas são denominadas células. Do mesmo modo que a
topologia ponto a ponto, pode-se utilizar esta topologia para ligações de redes
corporativas, acesso a internet e outros tipos de aplicação.

Figura 3 - Topologia Ponto-Multiponto

2.3.3 – Mesh

A topologia Mesh é uma topologia de redes em malha ou multihop, onde além


das ligações das BSS com as ESS, existem ligações de uma BSS com outra ESS, e
portanto pode-se ter um escoamento maior do tráfego de dados na rede. Este tipo
de topologia pode ser interessante pois ampliaria esta rede sem a necessidade de
implantação de novas BSS, visto que a implementação de uma BSS tem um alto
custo em relação a implantação de uma ESS. Funciona como as outras duas
topologias, a única diferença é somente no tipo da estrutura, mostrado na Figura 4.

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Figura 4 - Topologia de Rede Mesh

Dentro do padrão IEEE temos os elementos STA, Stations, que são as


estações de trabalho que comunicam-se entre si dentro da BSS, Basic Service Set,
que corresponde a uma célula de comunicação wireless, demonstrado na Figura 6.
Já o elemento AP, Access Point, que funciona como uma ponte entre a rede
wireless e a rede tradicional. Coordena a comunicação entre as STA dentro da BSS.
Não há limites teóricos para o número de usuários de uma mesmo ponto de acesso.
Na prática, cerca de 120 usuários dividem o uso de um ponto de acesso sem
problemas, e ESS, Extended Service Set, que consiste de várias células BSS
vizinhas que se interceptam e cujos AP estão conectados a uma mesma rede
tradicional. Nestas condições uma STA pode movimentar-se de um BSS para outro
permanecendo conectada à rede. Este processo é denominado Roaming,
demonstrado na Figura 5.

Figura 5 - Roaming

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2.4 – Equipamentos

A arquitetura da MG NET possui na sua estrutura atual os seguintes


equipamentos: roteadores wireless que trabalham nas faixas de frequência de
2.4GHz e 5.8GHz, spliters, amplificadores, antenas setorias, omnidirecionais ligadas
aos roteadores através de cabo coaxial RGC de 50 OHMS.

Funcionando como uma ponte entre a rede wireless e a rede tradicional o


Acess Point, coordena a comunicação entre as STA dentro da BSS. Em geral, se
conecta a uma rede cabeada servindo de ponto de acesso para outra rede, por
exemplo, a Internet.

As antenas direcionais, que além de concentrarem o sinal na vertical,


concentram-no também na horizontal, fazem com que, em vez de um ângulo de 360
graus, o sinal seja concentrado em um ângulo de 90 graus ou menos, como pode
ser observada na Figura 3.

As primeiras em ordem hierárquica são as antenas setoriais, que concentram


o sinal em um ângulo de aproximadamente 90 graus, ou seja, um quarto de um
círculo completo. Se instaladas no canto de um galpão ou cômodo, elas distribuem o
sinal em todo o ambiente, deixando pouco sinal vazar no outro sentido

Figura 3 – Antena direcional


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As antenas Omnidirecionais ou dipole são antenas que irradiam num ângulo


de 360º horizontais, ideal para provedores de internet que desejam atingir um
diâmetro médio de 3Km, elas irradiam o sinal em todas as direções, permitindo que
o usuário se conecte à rede a partir de qualquer ponto na área em torno do ponto de
acesso.

Ao utilizar uma antena ominidirecional, o sinal emitido pelo ponto de acesso


tem formato de um donut, como observamos na Figura 4.

Figura 4 – Sinal emitido pelo AP

2.5 - Segurança de Rede

A utilização das redes sem fio está cada vez mais presente no cotidiano das
pessoas. Além de serem adequadas a situações em que é necessária mobilidade,
são flexíveis e de fácil instalação.

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Porém como nas redes Wi-Fi o sinal é transmitido através de ondas de rádio,
é mais difícil manter controle sobre o sinal, já que este se propaga em todas as
direções e isso traz uma vulnerabilidade a rede.

A definição de segurança estabelece duas suposições iniciais, a rede contém


dados e recursos valiosos que são críticos para as organizações e/ou usuários, e os
dados e recursos da rede são valiosos e por isso devem ser protegidos.
O objetivo de se implementar segurança em uma rede é manter a
confidencialidade, integridade e disponibilidade dos dados e recursos. Nas redes Wi-
Fi são utlizados os protocolos de segurança, WEP, WPA e WPA2.

 
2.5.1 - WEP - Wired Equivalent Privacy

O WEP foi o protocolo criado inicialmente para prover segurança nas redes
do padrão 802.11, que até então estavam desprotegidas. O WEP foi desenvolvido
por um grupo de voluntários, todos membros do IEEE, que queriam implementar
segurança no novo padrão de rede que estava surgindo. O WEP se propôs a
atender as seguintes necessidades, confiabilidade, segurança e confidencialidade
da informação transmitida, autenticação e integridade.

Ele foi criado com o objetivo de possibilitar o uso de criptografia para


transmissão dos dados, autenticação na rede sem fio e controle de integridade dos
dados.

A autenticação nas redes Wi-Fi, até este ponto, pode ocorrer de dois modos
sendo que um deles usa criptografia e o outro não. Sem o uso de criptografia, o
acesso pode ser aberto ou fechado. O acesso é aberto quando os APs da rede
enviam pacotes em broadcast para que os clientes Wi-Fi tomem conhecimento da
existência da rede. Este é o método utilizado nos HotSpots, que ocorre com o WEP
desabilitado.

O acesso é fechado quando o SSID não é enviado em broadcast para os


clientes. Dessa forma o cliente deve ter conhecimento prévio do SSID da rede para

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poder se conectar. Neste método, o envio do SSID em broadcast é desabilitado. Os


dois métodos são extremamente vulneráveis.

O método que utiliza criptografia consiste em configurar chaves


preestabelecidas nos clientes sem fio e APs. Este método autentica os clientes no
AP, mas não autentica o AP no cliente, não garantindo se o AP é ou não é um AP
autorizado. O método criptográfico de autenticação funciona através do método
Desafio/Resposta.

No entanto, o protocolo WEP foi muito criticado por possuir falhas em seus
mecanismos de segurança, perdendo credibilidade.

Devido às fortes críticas quanto às suas falhas, era necessário criar


mecanismos mais eficientes de segurança para as redes Wi-Fi. Surgiu então o WPA
- Wi-Fi Protected Access.

2.5.2 WPA – Wi-Fi Protected Acess

Para corrigir as falhas encontradas no WEP, o IEEE criou um grupo para


desenvolver um novo padrão. O grupo foi chamado de Task Group I. O WPA2 foi
desenvolvido com mais prudência que o WEP. Todo o processo foi abertamente
discutido.

Enquanto o padrão 802.11i não ficava pronto, foi desenvolvido pela Wi-Fi
Alliance em conjunto com o IEEE um padrão intermediário entre WEP e 802.11i.
Este padrão foi chamado de WPA (Wi-Fi Protected Access) e fornece melhor
tratamento de segurança que o WEP, ao passo que é compatível com o hardware
que roda o WEP. Dessa forma a atualização do WEP para WPA é feita através da
atualização do frameware dos dispositivos Wi-Fi, não necessitando mudanças na
infra-estrutura de hardware. O WPA possui melhores mecanismos de autenticação,
privacidade e controle de integridade que o WEP.

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