Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
JUST-IN-TIME
dia é objetivo de toda a empresa, tanto no uso mais eficiente dos recursos de
manufatura, quanto na melhoria das relações dentro da empresa, entre operários e
administradores, e fora dela, com fornecedores e clientes.
A meta de "zero defeitos" pode ser inatingível, contudo o estabelecimento desta
meta é o que leva ao movimento de melhoria ou aprimoramento contínuo. Além disto,
os erros, dentro do JIT, têm importância fundamental como fonte de informações para o
melhoramento contínuo, pois através da análise destes pode-se descobrir porque os
processos apresentam falhas e, com a investigação de cada defeito e suas causas básicas,
melhorar o processo produtivo.
Lubben (l989) observa que a meta do JIT é atingida através de um mecanismo
de integração e otimização dos sistema, não só redução de estoques, mas também
eliminação de inspeção, retrabalho, equipamento e mão-de-obra em excesso. O processo
de produção estará equilibrado quando a última remoção de excessos resultar em perda
de qualidade de produção. A redução dos estoques e do lead-time de produção serve
como medida dos avanços progressivos na implantação do JIT.
escaninhos, e uma ou várias vezes por dia os cartões são recolhidos juntamente com os
recipientes vazios, para serem enviados às seções onde se inicia o processo de
fabricação das diferentes peças.
3.3 MATERIAIS
Um dos principais pilares da filosofia JIT é a redução dos lotes de produção e de
compra. Procura-se chegar ao estoque zero de inventários, ainda que se considere isto
como uma situação ideal. Esta meta visa tornar a empresa mais flexível na produção,
atendendo à variação da demanda do mercado quase que instantaneamente, produzindo
normalmente em lotes pequenos, e com qualidade garantida.
Tradicionalmente, os princípios da gestão de materiais mandam que se
determine o tamanho do lote através do balanço entre os custos com a manutenção dos
estoques e os custos fixos de obtenção do lote. Um exemplo deste balanço é a
determinação do lote econômico. No caso da compra de materiais, algumas medidas
podem ser tomadas visando reduzir custos com a burocracia dos pedidos, as cotações e
as inspeções de recebimento, envolvendo até mudanças no relacionamento com os
fornecedores. No caso da produção, a redução do custo de obtenção se dá pela redução
do tempo necessário para a preparação do ferramental e máquinas, ou set-up, quando
troca-se o tipo de produto na linha de produção, e pela redução dos tempos de
fabricação, dentre outros fatores.
Uma das conseqüências da aplicação da filosofia tradicional é a constituição de
estoques, seja de matérias-primas, produtos em processo ou produtos acabados. Tem-se
visto que a finalidade principal dos estoques é amortecer as variabilidades do sistema
produtivo, ou em outras palavras acobertar problemas e suas fontes, os quais podem
também ser originários de fornecedores. Um dos objetivos da filosofia JIT é reduzir os
estoques de modo que os problemas fiquem visíveis e possam ser eliminados através de
esforços concentrados e priorizados. É muito conhecida a analogia de redução de
estoques com a diminuição do nível de água de um lago, onde o nível da água simboliza
o nível de estoques, o volume do lago simboliza os investimentos, que representam os
estoques, e as pedras no fundo do lago, os problemas que os estoques acobertam.
Entre as razões para a existência e manutenção de estoques pode-se encontrar as
seguintes (Shingo, 1989; Moura, 1989):
a. Falta de balanceamento entre os diversos processos no fluxo de
produção. Os estoques acobertam capacidades não afinadas da linha
sendo reflexo da dificuldade de coordenação entre a demanda de um item
e seu processo de
O JIT tenta reduzir cada um destes componentes básicos quanto for possível,
sendo que os maiores elementos unitários do tempo total de produção num sistema
tradicional de manufatura por lotes são os tempos de transporte e os tempos de espera
entre operações.
A seguir vamos focalizar algumas considerações importantes de cada um destes
elementos.
O Tempo de set-up : a troca de ferramentas ou set-up refere-se ao tempo gasto
na preparação, troca e ajuste de ferramentas com o objetivo de mudar a produção. O
set-up inclui o tempo transcorrido desde a última peça fabricada de um determinado lote
até a primeira peça do lote seguinte. A redução de tempos de troca de ferramentas
permite diminuir o tempo total de produção e o tamanho dos lotes, permitindo produzir
vários tipos de produtos em pequenos intervalos de tempo. Lotes menores de produção
minimizam os inventários de matérias-primas, estoques em processo e produtos
acabados, bem como, permitem uma melhor utilização das capacidades das máquinas.
A troca rápida de ferramentas, mais que uma técnica, é um conceito que requer
alterações nas atitudes de todo o pessoal da fábrica. Nas fábricas japonesas, a redução
do tempo de troca de ferramentas é implantada pela ação de pequenos grupos de
operários, sejam "círculos de qualidade" ou "zero defeitos", que lhes capacita a
enfrentar desafios similares em outras áreas da fábrica (Monden, 1984). Já na visão de
consultores americanos, como Harmon & Peterson (l99l) e Harmon (l993) a redução
dos tempos de set-up está mais relacionada com esforços feitos por equipes de
engenharia e projetos antes que na ação direta dos trabalhadores.
5. FUNÇÕES DO KANBAN
As funções do kanban podem ser resumidas nos seguintes pontos:
Acionado pelos próphos operários, o kanban inicia o processo de fabricação
entre estações de trabalho apenas quando houver necessidade de produção. Caso
surja algum problema de produção e este não seja solucionado, o sistema obriga
a paralisar a linha;
Sendo uma ferramenta para a administração de informações e estoques, o
kanban permite o controle visual do processo produtivo, constituindo-se em um
mecanismo mais simples de controle, evitando excesso ou falta de materiais nos
diferentes estágios do processo produtivo;
Acompanhado de treinamento adequado, o kanban estimula a iniciativa e o
senso de propriedade nos operários. Delega-se autoridade à supervisão do chão-
de-fábdca, bem como, promove a participação dos grupos de operários na
eliminação de problemas e na melhora do desempenho do processo produtivo;
Através da redução planejada do número de kanbans, procura-se diminuir os
estoques em processo, visando descobrir e eliminar os problemas que os
estoques acobertam;
Permite a produção de peças em lotes pequenos, sincronizando as tarefas de
execução e controle com os objetivos de produção nivelada;
Aqui, cada tipo de peça tem seu contenedor específico no qual se armazena uma
quantidade preferivelmente reduzida de peças, sendo que cada contenedor sempre está
acompanhado de um cartão, seja de movimentação ou de produção. Vamos considerar
duas estações de trabalho genéricas, uma precedente e outra subseqüente, cada uma com
uma área de estoque de entrada de peças a serem trabalhadas e outra de estoque de saída
com as peças já processadas. Iniciando o ciclo no processo subseqüente, as etapas de
utilização do kanban são:
a. O abastecedor ou operário do processo subseqüente se dirige ao estoque
do processo precedente com o número de cartões kanban de requisição e
os contenedores vazios correspondentes. Ele executa esta ação quando
um número predeterminado de kanbans de requisição tiver sido
destacado e acumulado no painel correspondente, ou em horários
regulares predeterminados;
b. Quando o abastecedor do processo subseqüente retira as peças do
estoque do processo precedente, ele destaca o kanban de produção que
estava afixado junto às peças, nos contenedores, e deixa o kanban de
produção no posto de recebimento. Além disto, deixa os contenedores
vazios no lugar assinalado para seu posterior uso no posto precedente;
c. Para cada kanban de produção que ele destacou e colocou no posto de
recebimento, anexa em seu lugar um kanban de requisição, verificando
que as informações dos dois kanbans coincidam. Feita a verificação, leva
de volta para o estoque de entrada no processo subseqüente os
contenedores com peças com seus kanbans de requisição
correspondentes;
d. Conforme são consumidas as peças do estoque no processo subseqüente,
vai-se separando os contenedores e colocando os kanbans de requisição
no painel correspondente, para uma vez acumulados em quantidades
predeterminadas, ou a intervalos regulares de tempo, iniciar novamente a
operação de requisição desde o ponto 1;
e. Os kanbans de produção coletados no posto de recebimento são retirados
em horários determinados e colocados no painel de kanbans de produção
na mesma seqüência em que foram requisitados os materiais pela estação
subseqüente. Este fato é importante, já que com uma análise dos kanbans
que não estão sendo movimentados pode-se identificar oportunidades
para sua eliminação e conseqüente redução de estoques em processo.
f. A estação de trabalho no posto precedente continua a produção de peças
de acordo com a seqüência no painel de kanbans e segundo a quantidade
ou número de kanbans de uma mesma peça, o que indica ao operador a
prioridade de produção;
g. Já no processo de produção, cada cartão de produção deve acompanhar
suas peças correspondentes. Pode-se notar que existe um consumo de
peças ou matérias-primas do estoque de entrada, o que no momento
necessário produzirá uma requisição para o processo anterior, com a
mesma seqüência de operações que as indicadas de 1. a 4.;
h. Uma vez que as peças sejam processadas, elas são colocadas junto ao
kanban de produção correspondente no estoque de saída, permitindo ao
abastecedor do posto subseqüente retirá-las no tempo que seja
necessário.
Como resultado de todas estas atividades, cada estação de trabalho receberá as
peças e materiais necessários no momento e no tempo que sejam realmente necessários,
ajudando o kanban no balanceamento das linhas de produção de acordo as necessidades
de cada processo.
O sistema kanban pode ser aplicado com um cartão no caso de ter dois ou mais
processos de produção estreitamente ligados entre si, sendo feita a comunicação de
forma simples e não havendo necessidade de trocas de cartões. Este é o caso do kanban
comum ou interligado que foi mencionado.
são fabricadas via programação, pode-se acumular estoques caso um centro de trabalho
subseqüente esteja paralisado por algum problema, não se controlando a quantidade de
contenedores que se enchem com cada tipo de peça.
9. KANBAN EXTERNO
O kanban externo é um tipo especial de kanban de movimentação usado para trazer
peças e materiais dos fornecedores. Antes de fazer uma descrição do funcionamento do
kanban externo, é importante mencionar que no modelo da Toyota, explicado por
Monden (l984), salienta-se que a Toyota envia dois tipos de informações aos seus
fornecedores:
a. Plano de produção mensal, comunicado ao fornecedor no meio do mês
precedente. Usando este plano o fornecedor determina o planejamento
dos seguintes itens: tempo do ciclo de cada processo, rotina de operações
padrões e alocação de operários e quantidades de materiais a serem
requisitados dos seus fornecedores; e
b. Plano e informação diária, especificando o número real de peças a serem
enviadas ao cliente, neste caso a Toyota. Esta informação diária pode ser
enviada de duas formas diferentes: via cartão kanban no caso do sistema
de reposição de reabastecimento posterior, e via tabela seqüencial do
programa de produção no caso do sistema de requisição de retirada
seqüencial.
10. DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE KANBANS
Vários autores (Monden, 1984; Wang & Wang (l99O); Li & Co, 1991) objetivando
determinar o número de kanbans, têm desenvolvido fórmulas e equações adaptáveis às
diversas particularidades dos sistemas produtivos. A seguir apresenta-se as fórmulas
básicas para determinar o número de kanbans, a posição do kanban triangular e o
número de kanbans externos. Deve-se ressaltar que o número de kanbans pode ser
obtido num processo interativo de tentativa e erro, à medida que a empresa vai se
especializando no JIT. Assim, inicialmente o número de kanbans pode ser calculado
com a seguinte expressão:
sendo:
K = Número de kanbans
L= Lead-time, isto é, a soma de todos os tempos relacionados: set-up, processamento,
transporte e espera.
S = Estoque de segurança; usualmente 10 % ou menos da relação ( D * L ), e que
também pode ser expresso por uma relação do tipo ( l + a ), onde (x é um fator
percentual de segurança.
C = Capacidade do contenedor, uma quantidade fixa, usualmente 10 % da demanda
diária.
D = Demanda esperada média diária. Pode ser calculada pela explosão do MRP ou pelo
seguinte cálculo (Moura, 1989):
D = Un + Mq + Ht + Td [3.2]
onde:
Un = Número de peças consumidas em uma máquina por hora.
Mq = Número de máquinas que trabalham com essas peças
Ht = Número de horas por turno de trabalho
Td = Número de turnos por dia.
Na equação [3.1], o máximo nível de inventário M, é expresso por:
M = K * C = D * L + S [3.3]
Ao considerar-se o estoque de segurança próximo ou igual a zero, o inventário
dependerá somente da demanda requisitada pelos processos subseqüentes e do lead-time
necessário para repor os contenedores.
Focalizando as peças, pode-se agrupar os tempos do lead-time em dois grupos,
associando os tempos de set-up e processamento a um Tempo de Processo (Tp=) , e os
tempos de transporte e espera a um Tempo de Movimentação (Tmov). Assim, a equação
[3.l] toma a seguinte forma: