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Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO UNIVERSITÁRIO DE NACALA

AULA 3:
Efeitos Térmicos em Motores
Eléctricos

Accionamentos Eléctricos
Efeitos Térmicos em Motores Eléctricos
• A potência nominal de um motor elétrico que vem especificada na
sua placa de identificação representa a potência mecânica útil
disponível no eixo. Porém, este valor está condicionado a pelo
menos dois fatores:
a) A temperatura do meio regrigerante (em geral o ar ambiente) não
deve ultrapassar os 40º C.
b) A altitude do local onde o motor vai operar deve ser, no máximo,
1000 metros.

• Estas condições em nada afectam as grandezas electromagnéticas


que produzem o conjugado do motor.
• Ele é capaz de fornecer a sua potência e conjugado nominais sempre
que for ligado a uma rede com a sua tensão e frequência nominais.
Cont.
• Se as duas funções não forem atendidas, não será possivel ao
motor fornecer a sua potência nominal, pois o calor produzido
pelas perdas, tendo dificuldades em ser dissipado para o meio
ambiente, elevaria a temperatura a um valor tal que o seu
enrolamento poderia ser destruido ou a sua expetactiva de
vida util ser seignificativamente reduzida.

• A expectativa de vida útil de um motor é a expectativa de vida


de seu enrolamento.

• A vida útil de um motor termina quando ocorre uma falha no


seu isolamento, pois o custo do reenrolamento representa cerca
de 50% do custo do motor.
Classes de Isolamento Térmico
• Ao se fazer a especificação de um motor eléctrico para realizar
um determinado accionamento, dois pontos fundamentais devem
ser observados:
a) O motor deve possuir conjugado suficiente para atender a todas
as solicitações de carga normais da máquina accionada, bem
como a possíveis sobrecargas momentâneas que possam ocorrer,
sem que a sua velocidade seja reduzida a valores que
prejudiquem a operação da máquina.
b) Sob todas as condições possíveis de funcionamento, a
temperatura dos enrolamentos não deverá exceder a temperatura
máxima permitida para a classe de isolamento térmico dos
materiais usados como isolantes.
Cont.
• Para fins de normalização, os materiais isolantes e os sistemas
de isolamento térmico, cada um deles formado por uma
combinação de vários materiais, são agrupados em classes de
isolamento térmico, definidas pelo valor máximo de
temperatura que os materiais que as compõem podem
suportar, continuamente, sem que a sua vida útil seja afectada.

• A experiência mostra que se a temperatura de operação do


motor for mantida abaixo do valor correspondente à sua classe
de isolamento térmico, a sua vida útil é praticamente ilimitada.

Classe de isolamento Y A E B F H N R

Temperatura (° C) 90 105 120 130 155 180 200 220


Cont.
• Os materiais das classes A, B e F são os mais comumente usados na
fabricação dos motores eléctricos industriais. Os seguintes materiais
compõem estas classes:
• Classe A: tecidos de algodão, papel, fibras de celusose, seda e
similares, todos eles impregnados com verniz.
• Classe B: mica, asbesto e fibras de vidro aglomeradas por
substâncias orgânicas.
• Classe F: os mesmos materiais da classe B impregnados com verniz
ou outra substância sintética.
• A temperatura do enrolamento do motor, durante o seu
funcionamento, é resultado da soma de duas parcelas: a primeira,
representada pela temperatura ambiente do local em que o motor
está instalado; a segunda, pela elevação de tª, acima da temperatura
ambiente, provocada pelas perdas do motor.
Cont.
• A elevação de temperatura se define, portanto, como a
diferença entre a temperatura do motor e a temperatura
ambiente.

• Quando um motor está funcionando e sua temperatura é igual


à temperatura limite de sua classe de isolamento dizemos que
ele está utilizando toda a sua capacidade térmica.

• Quando o motor opera em um regime contínuo, e após a sua


temperatura ter estabilizado, isto é, o motor atingir o equilíbrio
térmico, a soma da temperatura ambiente e da elevação de
temperatura não deverá exceder o valor limite de sua classe de
isolamento.
Medição da Temperatura do enrolamento
• O método comumente usado pra medir a temperatura do
enrolamento de motores eléctricos é o Método de Variação da
Resistência (MVR) que consiste em medir a tª do enrolamento
pela variação da sua resistência ohmica com a tª.
• Para o efeito, a seguinte expressão é usada:

• R2 – resistência do enrolamento ao final do ensaio (na


temperatura t2);
• R1 - resistência do enrolamento no inicio do ensaio (na
temperatura t1);
• 235 - aproximação de 234,5° C negativos que representa a
temperatura do cobre para o qual a sua R seria teoricamente nula.
Cont.
• A temperatura t2 obtida representa um valor médio da tª do
enrolamento e o não a tª de um detrminado ponto do mesmo.
Assim, a tª do ponto mais quente do enrolamento será maior que t2 e
obviamente não poderá ultrapassar o valor correpondente a classe de
isolamento térmico.

• Deste modo, a diferença entre t2 e t1 representa um valor médio da


elevação da tª.

• Se um motor trabalha na condição nominal, a 40º C, a sua elevação


de tª não poderá ser obtida simplesmente pela diferença entre a
temperatura da sua classe de isolamento e 40° C, pois isto implicaria
em ignorar a existência de temperaturas maiores do que o valor
médio, nos chamados pontos mais quentes do enrolamento.
Cont.

• t – a temperatura do ponto mais quente do enrolamento;


• t0 – temperatura ambiente do meio refrigerante;
• Θ – elevação da tª do enrolamento em regime contínuo;
• K – diferença entre a tª da classe de isolamento e a elevação da tª
para a condição nominal de operação a tª ambiente de 40º C.

Composição da temperatura das classes de isolamento térmico:


Classe de isolamento A E B F H
tª ambiente (° C) 40 40 40 40 40
Elevação da tª (° C) 60 75 80 105 125
Constante K (° C) 5 5 10 10 15
tª da classe de isolamento (° C) 105 120 130 155 180
Processo de Elevação da Temperatura
• A elevação de temperatura que ocorre durante a operação do
motor é devida às perdas que são geradas durante o processo
de transformação da energia eléctrica em energia mecânica.

• Estas perdas ocorrem nos núcleos do estator e do rotor, nos


enrolamentos do estator e do rotor e no atrito entre as partes
móveis e as partes fixas do motor.

• Todas estas perdas são convertidas em calor que aquece as


partes componentes do motor de uma maneira não uniforme.

• Em geral, as partes mais aquecidas do motor são as secções


internas do enrolamento, no interior das ranhuras, tanto as do
rotor quanto as do estator.
Cont.
• Após um certo tempo de funcionamento, quando a máxima
temperatura do motor foi atingida, para esta determinada condição
de carga, todo o calor gerado pelas perdas é dissipado no meio
ambiente.
• Nesta condição de operação a temperatura do motor permanece
estável e ele atingiu o que se chama de temperatura de equilíbrio
térmico.
• Podemos dizer, portanto, que a elevação de temperatura do motor é
diretamente proporcional à perda total que ocorre durante a sua
operação.

• A equação fundamental sobre a qual se baseia o estudo da elevação


de temperatura durante a operação de um motor pode ser escrita da
seguinte forma:
Cont.
• Q - Calor gerado pelas perdas.
• Qa – Calor absorvido pelo motor para elevar sua temperatura acima
da temperatura ambiente.
• Qd - Calor dissipado para o meio ambiente.

• Existe uma relação direta entre as elevações de temperatura e as


perdas que ocorrem no motor.
• Supondo uma quantidade de calor gerada na condição nominal de
operação igual a Qn, produzida pela perda nominal ΔPnom, à
qual corresponde a elevação de temperatura máxima Θm; uma
quantidade de calor Q, produzida pela perda ΔP, à qual
corresponde a elevação de temperatura Θ, podemos escrever:
Cont.
• Exemplo: Um motor de carcaça aberta de classe A (105° C) opera a
plena carga, em regime contínuo, em um ambiente cuja temperatura
é 30° C. Qual será a provável temperatura do seu ponto mais
quente?
• t = t0 + Θ + K = 30 + 60 + 5 = 95° C
• Supondo que o rendimento a plena carga do motor seja igual a 90%,
qual será o percentual do acrescimo que ele teria na sua perda total,
se ele funcionasse utilizando toda a sua capacidade termica?
• Θm=60° C (verificar na tabela)
• Para que o motor utilize toda a sua capacidade térmica a temperatura
de seu ponto mais quente deve ser 105° C.
• A elevação da temperatura nesta condição será: Θ = 105 – (30+5) =
70° C.
• As perdas na condição nominal: ΔPnom= Pe - Ps = [(1/0.9)-1] Pn
= 0.1111Pn
Cont.
• As perdas na condição de máxima capacidade térmica será:

• Assim, o acréscimo percentual de perda total, se o motor utilizar toda a sua


capacidade térmica, será:

• Qual seria o rendimento nesta condição de operação, supondo que a carga


passou a solicitar uma potência de 1,15 da sua potência nominal?
Obrigado!

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