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Professora Elizabeth
Introdução
Os seres humanos são seres gregários por natureza. As pessoas necessitam da convivência permanente com outras pessoas.
Só assim o ser humano se desenvolve. Estas verdades foram confirmadas pela sociologia.
“Excellentia naturae” – Pessoas que, voluntariamente, num ato de sacrifício, rompiam os vínculos com os agrupamentos
humanos para se dedicarem ao estudo do divino. É o exemplo clássico dos eremitas, que eram encontrados em várias áreas
da Europa na época do império romano.
“Corruptio naturae” – Pessoas que tinham uma natureza má e que, ao praticar uma ação (crime) contra o grupo, eram
excluídas. Portanto sofriam o ostracismo.
“Mala fortuna” – Sorte cruel, sorte adversa. Casos de pessoa que, por um acontecimento sobre o qual elas não tinham
controle, sem vontade e sem a intenção, acabavam ficando isoladas do grupo. As pessoas que sofriam um acidente ou um
destino cruel ficavam isoladas contra a sua vontade. Um exemplo clássico é o dos náufragos.
Atualmente, nenhuma destas formas é encontrada. São casos sem nenhuma aplicação na atualidade. O ser humano necessita
viver em convívio com outros seres humanos.
Os homens precisam, desde o inicio, viver em grupos, cada vez mais complexos, para a satisfação de suas necessidades.
Assim, surge a necessidade da auto-organização. Só com esta organização e regulamentação de condutas o ser humano
sobrevive. São regras de tipo jurídico e político. Nos grupos mais primitivos, regras mais primitivas, mas da mesma forma
necessárias. Muitos grupos perecem por não serem capazes de se organizar.
Quanto mais complexa a sociedade (maior número de membros), mais complexas tendem a ser as suas regras.
1648 – Paz de Vestfália (formada pelos tratados de Münster e Osnabrüick) – consagrou politicamente os Estados Nacionais
(soberania). A soberania é uma prerrogativa exclusiva dos Estados. Os Estados soberanos não reconhecem nenhuma
autoridade superior à sua soberania, a não ser que eles queiram reconhecer (poder jurídico).
Dentro de cada Estado, este é completamente soberano para aplicar suas regras e subordinar seus integrantes. Ainda que não
se goste da regra, deve-se submeter a ela, mesmo os imigrantes ou turistas. Existem momentos nos quais pode uma pessoa
se opor à lei, porém, após sua obrigatoriedade (validade), esta deve ser cumprida. “Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de
fazer qualquer coisa, a não ser em função da lei”. É uma limitação aos direitos individuais.
Para fins jurídicos, todos os estados são iguais juridicamente. Podem haver diferenças econômicas, territoriais e etc., mas
sempre há igualdade jurídica. A soberania é fonte da igualdade jurídica.
Os Estados, assim como os seus membros, precisam se aproximar uns dos outros e manter relações entre si para estabelecer
uma comunidade – sociedade internacional. Os Estados também fazem isso por necessidade. Não existe ninguém obrigando
um Estado à manutenção de relações diplomáticas com outros países, mas existe a necessidade desta relação.
“Ao falar em ‘direito internacional’ partimos do pressuposto da existência de ‘sociedade de nações’ e da suposição de que o
conjunto do mundo constitua, nesse sentido uma única sociedade ou comunidade. O caráter do direito internacional é
necessariamente determinado no interior da sociedade, onde este opera, e um não pode ser compreendido sem o outro”
(manual de DIP – Hildebrando Accioly – p.233)
Os Estados membros só se submetem à subordinação da sociedade internacional pois o fizeram voluntariamente, exercendo
sua soberania. A comunidade européia, por exemplo, é criação dos povos europeus. E isto só ocorreu pois, através de tratados
soberanos europeus, ocorre a construção do espaço europeu.
Como já se viu, os membros de uma sociedade internacional só se integram voluntariamente. Porém, uma vez como
participantes, o tratado deve prevalecer sobre a lei interna. Este princípio vem expresso no art. 27 da Convenção de Viena
sobre o direito dos tratados: “Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento
de um tratado”.
A jurisprudência brasileira está evoluindo lentamente na direção de aceitar tal acepção de superioridade hierárquica da norma
internacional sobre a norma interna, porém ainda se preza pela prevalência da Constituição ou da lei posterior sobre o tratado
internacional.
Desde a Emenda Constitucional n.45 (2004) “há nova classe de tratados alçados a patamar constitucional”. A saber, os
tratados de direitos humanos.
Art.5º, § 3º - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
constitucionais
É um direito de coordenação e não de subordinação. Não existe um órgão supranacional. Os Estados vêem como necessária a
cooperação internacional. Ex: Haiti
Autonomia do DIP
O DIP é autônomo, pois possui sujeitos próprios, fontes próprias e surgiu como uma disciplina própria.
A paz de Vestfália – deu início ao direito internacional. A primeira denominação do DIP era direito das gentes, sendo uma
assimilação indevida com o ius gentilis do direito romano. Denominação esta alterada por Jeremias Bentham . No Brasil se deu
a denominação de Direito Internacional Público (para ser distinguido do direito internacional privado). Nos países de língua
inglesa, foi chamada de “International Law” ou “Conflict Law”. É uma disciplina ensinada como jurisprudência nas universidades
inglesas.
A nomenclatura “D. Internacional Público” não é também a mais correta, pois existe uma diferença entre nação e Estado. Um
Estado pode ser composto por diversas nações. Existem estados binacionais ou até plurinacionais. Ex: Bélgica – Ao norte e ao
leste têm-se uma concentração de Flamengos (protestantes calvinistas). Os Valões são católicos. Ex.2: Suíça – origens:
Franceses; Alemães e Italianos. Ex.3: África – existem centenas de grupos que falam línguas diferentes só na Nigéria.
Foi proposto o nome “Direito Interestatal”. Mas a ONU vem adotando a nomenclatura de “Organizações Intergovernamentais”
Estados
Justiça.
• Durante certa de 300 anos, o direito internacional ocupava-se exclusivamente dos estados. Apenas no século XX
aparecem as organizações internacionais e apenas ainda mais recentemente aparecem os indivíduos como sujeitos
de direito internacional, a partir, por exemplo, da responsabilidade penal internacional.
O primeiro princípio da Carta das Nações Unidas é que “a Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos
os seus membros”.
“O paradoxo central do direito internacional está no fato de este ter o estado como sujeito e ao mesmo tempo somente se
ordena e se constrói como sistema institucional e normativo, na medida em que põe limites a esse sujeito, na expressão
concreta da soberania do estado.”
“A presença e a influência dos estados são incontornáveis no direito internacional, no sentido de que estarão sempre
presentes e atuantes os estados, na formação e aplicação do direito de regência das relações entre eles”
Organizações Internacionais
Só surgem no Séc. XX. Antes disto, apenas os Estados eram sujeitos de DIP. A primeira (Sociedade das Nações ou Liga das
Nações, surgiu em 1919)
São sujeitos derivados, possuem capacidade jurídica, outorgada pelos Estados-Membros através de um tratado de criação. O
Grau de autonomia e as competências das organizações internacionais são estabelecidos pelos Estados. Este é o mandato
das org. internacionais, pois elas não podem ultrapassar estas competências.
Podem ser:
• Organizações Globais: Exemplo: Nações Unidas ou, anteriormente, a Liga das Nações
E podem ter:
• UNESCO
Decorrem do crescimento das relações internacionais e da cooperação necessária entre as nações. As organizações
internacionais passaram a ter maior relevância a partir da criação da Liga das Nações.
Estas organizações têm como objetivo diversas questões, tais como: obtenção ou manutenção de paz, resolução de conflitos
armados, desenvolvimento econômico e social etc.
Organização das Nações Unidas (ONU) – é a sucessora da Liga das Nações – a partir da ONU as org. internacionais passam
a ter maior impacto na vida internacional. Não é um super-estado, apesar de reunir a quase totalidade dos estados existentes.
Corte Internacional de Justiça – Principal órgão judicial da ONU – “é o resultado de décadas de sedimentação da idéia de
órgão jurisdicional capaz de assegurar a solução de controvérsias entre estados”.
• Uma competência Jurisdicional (contenciosa)- limitada exclusivamente aos Estados, que reconheçam esta
competência. Apenas Estados contra Estados. Ou seja, apenas os Estados podem postular perante a Corte, que
prolata sentença.
• Uma competência Consultiva – emite pareceres consultivos. Só a Assembléia Geral da ONU e outras instituições
podem pedir estes pareceres.
1947 – Conferência de Havana sobre Comércio e Emprego. – organização internacional do comércio (OIC). Porém, a maioria
dos países latino-americanos, desconfiava das intenções das potências para criar um monopólio do comércio e a OIC não saiu
do papel.
1994 – OMC – organização mundial do comércio. Surgiu a partir do GATT, que foi um acordo comercial que contribuiu para a
construção de uma confiança em uma regulamentação do comércio internacional e culminou na criação da OMC.
Indivíduos
• Sujeitos sui generis, com certas condições: possuem DIREITOS E DEVERES garantidos por Tratados
Internacionais.
Estes Tratados surgiram depois de 1945, permitindo acesso a Tribunais específicos como demandantes (sistemas regionais)
ou réus(Tribunais Penais ad hoc e Tribunal Penal Internacional).
Indivíduos podem e devem responder por atos criminosos cometidos contra a humanidade.
A preocupação com estes direitos individuais surgiu a partir de 1945, a partir das barbaridades da 2ª Guerra mundial.
Declaração Universal dos Direitos do Homem – não é um tratado (não é um instrumento cogente, de caráter obrigatório) é
apenas uma declaração de princípios, mas com uma força moral muito grande que gerou grande reconhecimento. Muitos
tratados e convenções se uniram à carta dos direitos humanos.
Humanidade
É titular de direitos específicos, criados a partir da década de 60, para proteger os BENS COMUNS (espaço sideral, Antártida,
fundos oceânicos, atmosfera).
Humanidade é um conceito muito amplo, mas pode ser definida como o conjunto dos indivíduos que habitam o planeta,
incluindo as FUTURAS GERAÇÕES. Os direitos das gerações futuras colocam imposições à fruição dos bens da humanidade.
As gerações futuras também devem ter condições de usufruir destes mesmos bens, e para isto a geração presente deve
utilizá-los sem deterioração ou destruição. Alguns destes bens já pereceram, pois os nossos antepassados não cuidaram deles
devidamente. O que se tenta fazer é impedir que isto volte a ocorrer.
Espaços internacionais
Kelsen dizia que existem áreas que não podem ser apropriadas pelos Estados. Eram necessários os regimes jurídicos
especiais para regulamentar a exploração destas áreas ou espaços (ex: alto-mar, Antártida, fundos oceânicos, espaço
ultraterrestre ou sideral).
COPUOS (Comitê das Nações Unidas para Uso Pacífico do Espaço) – regula o espaço sideral ou ultraterrestre. Consolida
o princípio da não apropriação do território, inclusive de corpos celestes.
Visa impedir que nesta área também vingasse o princípio de quem chega na frente, serve-se à vontade (first come, first
served). Uma questão ainda em aberto é a da fronteira entre os espaços aéreos e ultraterrestres.
Conferência das Nações Unidas sobre o direito do mar – Convenção de Montego Bay (82) - Alto mar = Res communis
juris
Fundos oceânicos = foi considerada “A Área” que é guardada pela “Autoridade”. Tamanha importância para os fundos
oceânicos foi aferida, pois é lá onde metais de grande valor se depositam e podem despertar grande interesse dos países.
Nenhum país pode explorar estes recursos sem autorização da Autoridade, a Área foi declarada patrimônio da humanidade.
Para a exploração, deve-se pagar para um fundo com o escopo de investir na modernização da pesca nos países
subdesenvolvidos. Criou-se também um Tribunal Internacional do Mar.
Manual de DIP – 1.4.8. Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar
Nasceu de discurso pronunciado por Arvid Prado, Delegado de Malta à Assembléia Geral das NU de 1967. Abordou os
“últimos progressos verificados em relação à exploração dos mares, principalmente dos fundos oceânicos, de onde, ao que
tudo indicava, seria possível extrair quantidades fantásticas de minérios, sobretudo nódulos de manganês, níquel, cobre e
ferro, além de outros minérios em menores quantidades, além do potencial dos subsolo dos fundos marinhos em matéria de
petróleo e gás natural.”
O pronunciamento de Arvid Prado foi recebido com entusiasmo pelos países em desenvolvimento, interessados na exploração
dessas riquezas. Em 1970, foi aprovada uma resolução declarando que a ÁREA passaria a constituir PATRIMÔNIO COMUM
DA HUMANIDADE (novo sujeito de DIP). A CONVENÇÃO DE 1982 TEM SIDO CONSIDERADA POR MUITOS COMO O MAIS
IMPORTANTE TRATADO DE CONDIFICAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL.
Santa Sé – é a cúpula da igreja católica. Foi extremamente importante ao longo da história e um dos sujeitos mais influentes
do DIP até o séc. XIX. Perdeu força com a unificação do Estado Italiano, quando perdeu a maioria dos seus territórios
pontifícios e ficou submetida ao governo italiano. Através do Tratado de Latrão, o governo da Itália reconheceu o Estado
Vaticano. As autoridades que constituem o “governo” do Vaticano são as mesmas autoridades que representam a igreja
católica na Santa Sé. O reconhecimento da Santa Sé é limitado, por causa da separação do Estado da igreja no estado de
direito. O Brasil mesmo não reconhecia a SS como estado, porém, voltou a reconhecer, não apenas a SS, mas a igreja católica
recentemente através do DECRETO Nº7107/2010 REONHECENDO O Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. É
possível que uma ADIN seja proposta em face deste decreto.
Movimentos beligerantes – movimentos revolucionários. Ganharam importância no período da Guerra Fria, pois os lados da
guerra reconheciam ou deixavam de reconhecer estes movimentos. É um grupo que se opõe ao governo de um estado, mas
que também podem ocupar um pequeno espaço no Direito internacional Público: deve ser um movimento estável e com apoio
de uma parcela da população; deve ser um movimento organizado, com diferentes níveis hierárquicos; devem demonstrar, na
prática, ao longo de um prazo de alguns anos, que respeitam tanto as convenções de Genebra (Direito Humanitário) e também
que respeitem os Direitos Humanos básicos (mínimos); devem, ainda, demonstrar que, no caso de assumirem o governo, irão
manter os compromissos anteriores dos estados, especialmente os deveres dos estados indicados pela ONU. No caso de
serem presos, serão julgados em uma justiça especial militar, como se fossem presos de guerra. Os requisitos evitam que
grupos terroristas se tornem movimentos beligerantes. Existem convenções coibindo o terrorismo e prevendo a cooperação
entre os estados para tal fim. Ex: IRA, OLP (Palestina)
Sujeitos atípicos
As ONGs, embora não sejam sujeitos de DIP, têm grande importância consultiva no contexto internacional. Uma das
características mais importantes do DIP, atualmente, é o papel das organizações não governamentais. A carta de São
Francisco da ONU deu espaço para o surgimento de ONGs. A carta previu entre as atribuições do ECOSOC (um dos órgãos
da ONU) a função de credenciar Organizações Não Governamentais como órgãos consultivos da ONU (ou seja, não tem
direito a voto, mas se são credenciadas tem direito a serem consultadas). Este credenciamento representa uma confirmação
da seriedade de uma ONG. Existem mais de mil ONGs credenciadas, atualmente, como órgãos consultivos. Ex: Anistia
Internacional (Direitos Humanos), WWF (Direitos Ambientais), Nature Conservancy.
As Organizações Mistas são consideradas sujeitos atípicos do DIP. Nestas organizações, além de serem formadas por
indivíduos, também possui participação governamental em suas administrações. Ex: Cruz Vermelha – está ligada apenas à
Suíça, o Comitê Executivo da Cruz vermelha é composto apenas por suíços. A Cruz Vermelha possui uma grande importância
política, pois atende aos feridos em caso de guerra. Ex.2: UIEN – União Internacional de Conservação da Natureza – Possui
apoio do governo alemão. Ajuda a preparar convenções de matéria ambiental. Surgiu como ONG, mas Estados se associaram
à UIEN, tornando-a uma organização mista. Criou a CITES – convenção que proíbe a comercialização de espécies de animais
em extinção. Ex.3: OXFAM – organização humanitária, com trabalho semelhante ao da Cruz Vermelha, especialmente em
catástrofes naturais e surgiu de um fundo de ajuda aos países mais pobres vitimados na guerra (está presente, por exemplo,
no Haiti e no Chile). Os membros originários eram apenas indivíduos, mas nos últimos 20 anos vários Estados se associaram à
OXFAN, tornando-a organização mista.
Cidades internacionalizadas: figuras históricas. Cidades que por sua importância estratégica ou econômica eram objeto de
várias guerras (séc. XIX). Como forma de controlar a disputa, era adotado o status de cidade internacionalizada. Essas cidades
passavam a ser controladas por vários Estados. Com a 1ª Guerra, começaram a acabar as cidades internacionalizadas. Ex:
Jerusalém, declarada temporariamente cidade internacionalizada em 1948 pela ONU. Esse status permanece, mesmo que não
reconhecido por Israel, que definiu Jerusalém como sua capital.
O Direito, por ser parte das ciências humanas, não possui definições e classificações absolutas, são todas discutíveis. A
classificação a seguir é de Hildebrando Accioly.
Está vinculado aos fundamentos do direito internacional. Diferentes visões filosóficas que diferentes escolas doutrinárias
possuem para justificar a disciplina de DIP.
Escolas do direito natural, que surgiram antes mesmo do DIP, no seco XVI, até o fim do século XVII.
Início do juspositivismo
Costumes, tratados, princípios gerais do direito etc. Estão, portanto, ligados às fontes imediatas do DIP. As formas como o
direito é produzido na prática. – está subordinada ao direito internacional teórico racional.
Direito da paz
Conjunto de regras que regem as relações pacíficas (de normalidade) entre Estados.
Direito da guerra
A partir do séc XIX começaram a surgir discussões, conferências que criticavam o direito da guerra tradicional. Rousseau
critica o direito da guerra tradicional e afirma que se devia reconhecer que as questões relativas aos direitos armados não têm
raiz jurídica, as guerras não são fenômenos jurídicos, mas também não são antijurídicos. Os conflitos armada são fenômenos
extrajurídicos ou anajurídicos. O DIP pode apenas regulamentar de forma a reduzir o impacto dos conflitos armados sobre as
pessoas e os combatentes.
Tradicional, surge na Idade Média, idéia de guerra justa (não necessariamente legítima).
Visa reequilibrar uma situação política e jurídica destruída ou ameaçada por uma guerra. Na prática, direito dos vencedores
imposto aos perdedores.
Passou a ser criticada no fim do século XIX. O Tratado de Versalhes foi a última grande aplicação do Jus bellum clássico, com
conseqüências catastróficas .
Começou a ser formada uma nova visão da Guerra (1919). Em 1929 foi assinada a Convenção de Paris, que muda o conceito
de guerra. Incorporado na carta da ONU. Direito preventivo da guerra. Mudança de paradigma. Não se trabalha mais com o
aspecto punitivo da guerra, mas preventivo.
Objetivo de procurar minorar os sofrimentos e impactos negativos do conflito, sobre combatentes, população civil e locais em
que ocorrem os conflitos.
DIP – Especialização
Direito público internacional: conjunto de regras de validade geral reconhecidas por um grande número de Estados como
essenciais a proteger valores.
Direito Penal Internacional: sanções aplicáveis aos estados e também pessoas físicas, ex: genocídio. Distinto do Direito
Internacional Penal: cooperação entre estados para coibir a criminalidade
Os conceitos aplicáveis às formas de organização política e social não permitem a utilização adequada do termo
“internacional”. As relações entre os povos da Antiguidade giravam em torno do binômio Guerra/Paz (dominação x dominação).
Mas havia uma rede de relações entre pessoas de cidades diferentes, embora as relações entre chefes das cidades não
fossem: (a) estáveis; (b) ocorressem em um quadro geográfico limitado. Mas em períodos de relações pacíficas podemos
discernir origens de alguns institutos do DIP atual.
Tratados
Rei de Lagash e cidade de Uma (Mesopotâmia – c. 4.550 AC). Muitos estudiosos modernos negam a confirmação da
existência deste tratado.
Mais importante: Tratado de Kadesh, entre faro Ramsés II e o rei dos hititas Katusil III (c. 1.291 A.C).
Gregos
Proxenói – alguém de confiança do rei que era enviado para outras cidades-estado para fazer contatos com os governantes
de outros povos visando promover os interesses comerciais da sua cidade-estado. A cidade-estado de Atenas foi a que mais
contribuiu para esta prática.
Diversas formas de tratados – distinção entre acordos comerciais (celebrados pelo Proxenói sem grandes formalidades) e
acordos de maior importância (tratados de paz, geralmente) com maior complexidade
Asilo – asilo religioso. Uma pessoa perseguida pelas autoridades por um crime que se refugiasse no interior de um templo,
passava a gozar da proteção do Deus daquele tempo e não poderia mais ser presa, embora também não pudesse sair do
templo. Nos tempos modernos, resiste o asilo em algumas igrejas.
Algumas regras de guerra marítima – visavam proteger os navios comerciantes, mercantes e neutros. Algumas regras
gregas acabaram se incorporando ao digesto dos romanos.
Prática da diplomacia aberta – toda vez que um rei de uma cidade-estado desejava negociar uma questão importante com
outro rei, ele enviava alguém de sua confiança (irmão, filho).
Não se fala propriamente em representação diplomática pois não era uma atividade organizada, afinal o representante poderia
tanto ser bem recebido ou ser morto como inimigo.
Cosmopolitismo – Zenon de Parma – o universo constituindo um todo. Para sobreviver este cosmos, precisa estar em
constante equilíbrio, caso contrário, o resultado é o KAOS. Cada parte do cosmos tem um peso no equilíbrio do cosmos (o ser
humano tem o maior peso para este equilíbrio). Portanto, na visão dos cosmopolitas, todos os seres humanos tem o mesmo
peso para a manutenção do peso, logo, sendo todos iguais entre si – visão revolucionária para a época.
Estoicismo – Sócrates, Platão e Aristóteles – todos os seres humanos trazem, dentro de si, conceitos e categorias que são
anteriores e superiores à existência do próprio ser humanos. Em função destes pré-conceitos, todos os seres humanos
nascem sabendo o que é correto, o que é certo. Diziam os estóicos que todos os seres humanos que agem de acordo com sua
natureza, tendem a praticar o bem, pois o bem nasce com eles. Quem praticasse o mal não apenas estaria negando estas
categorias inscritas em sua natureza humana, mas também estaria agindo contra a sua inteligência, o que significa que só
podia praticar o mal quem estivesse privado de sua consciência.
Mas faltava conceito “moderno” de liberdade em todas essas doutrinas filosóficas: liberdade do indivíduo resumia-se à sua
atuação na “polis” (liberdade individual x estado).
Existia apenas o conceito de liberdade positiva (ser seu próprio amo e senhor em oposição aos escravos ou não-livres). A
liberdade em sentido negativo não era conhecida (área na qual um indivíduo pode agir sem ser objeto de interferência de outro
ou da sociedade). Não existia o direito de escolha.
O conceito moderno de liberdade é muito mais amplo: abrange o direito de opção de escolha das pessoas, além do conceito
de liberdade positiva dos gregos. Todo homem é livre para fazer ou deixar de fazer alguma coisa e, a não ser por concordância
do próprio indivíduo, nem mesmo pela autoridade (sociedade).
Romanos
Poucas contribuições
Consulados, diplomatas – não havia preocupação com negociação, pois mantinham relações hegemônicas: “civitas” romana =
“civitas gentium”. Ou seja, a comunidade humana se resumia ao que era bom para Roma.
Assimilar e processar em Roma contribuições de outros povos (“melting pot”) – garantiram, assim, que não desaparecessem a
cultura de outros povos.
O estoicismo grego teve grande força em Roma (Cicero: “societas ominum inter omnes” – a sociedade é o tudo entre todos).
“Roma manteve relações de direito internacional com muitos dos estados, nações e tribos além dos limites do Império”
Os conceitos de Imperium e Potestades máxima. – possibilidade da existência jurídica de um poder supremo que não
reconhece nenhum outro que lhe seja superior (soberania).
Causas endógenas:
Peso da burocracia herdada do Império, porém esvaziada de qualquer poder (forma e solenidade mais importantes que
conteúdo);
Política tributária, resultando em aumento da massa de pobres e desprovidos de terras e do número de servos;
Causas exógenas:
. Processo de migração de crescentes grupos (tribos), provenientes do norte e leste da ‘fronteira’ imaginária traçada pelos rios
Reno e Danúbio (406 d.C). – a causa desta migração é o final de uma era glacial – era estudada como invasão bárbara
(aqueles que não falavam latim), embora pouquíssimas destas tribos eram agressivas, a maioria buscava terra e comida para
sobreviver; Descaso dos exércitos romanos com estes bárbaros, analfabetos, mal vestidos e deseducados de homens
armados com armas primitivas e sem qualquer organização militar;
Anterior assimilação de grupos “bárbaros” (gauleses) – achavam, os romanos, que o fenômeno ocorreria novamente, o que
não aconteceu.
Fragmentação social que reflete-se em pouca mobilidade e difíceis comunicações. Esta fragmentação social, de forma
contraditória, corresponde a uma uniformidade da corrente de presença do cristianismo. A religião deu um caráter mais ou
menos uniforme à sociedade medieval. O ideal de um grande império humano continua vivo durante a idade média
(“imperium”).
Esta é a base da “res pública christiana” e da “communitas gentium” (na visão cristã, todos os homens nascem iguais entre si
pois são criados à imagem e semelhança de seu Deus).
Sociedade aninternacional.;
Distribuição feudal do poder baseada nas relações hierárquicas (suserania/vassalagem), sem consolidação de um poder único
sobre um território determinado, com a dupla autoridade feudal (Papado/Império) partilhando o poder sobre toda a estrutura.
Surgimento do conceito de guerra justa (bellum justum), admitida contra os pagãos em casos de:
a. Blasfêmias;
Desenvolvimento das relações diplomáticas estáveis (núncios apostólicos – embaixador da Santa Sé e do Estado do Vaticano);
Utilização do Papa dos meios de solução pacífica de litígios entre os senhores medievais (mediação) – Papa resolvendo
conflitos entre senhores feudais de forma a evitar guerras;
Conceito de uma ordem legal universal (escolástica espanhola tardia): direito natural válido para todos, produto da razão.
Causas de superação
e. Fator político – insatisfação de alguns senhores feudais com a estrutura hierárquica que lhes obrigava a pagar
impostos a seus suseranos. Ocorre um processo de centralização do poder e imposição de um poder jurídico
(autoatribuição do poder de fazer leis).
Francisco de Vitoria (1480-1546) Dominicano teólogo. – “de relectiones theologicae”. Os Estados são soberanos, mas, como
os homens, precisam viver em sociedade. De onde o Direito internacional é necessário e suficiente: o “jus inter gentes” é de
origem Natural, direito universal que, por suas regras, afasta até mesmo a vontade dos soberanos (“De indiis”).
Francisco (1548/1617) Jesuíta, teólogo. “De Legibus ac Deo legislatore”. Reconhece que o Direito das Gentes não é de
origem exclusivamente natural: é dinâmico e evolutivo, corresponde ao reconhecimento pelos povos (positivo), mas está
subordinado às normas imutáveis e universais do direito Natural.
Hugo Grotius (1583/1645) Jurista, filósofo, diplomata e poeta holandês, Hugo de Groot é considerado o pai do Direito das
Gentes. Tendo participado da política de seu país, foi preso (1619); fugiu para a França e em 1634 passou a servir o rei da
Suécia, de quem foi embaixador; atuou em Westfália.
Principais obras: “de jure praede” – direito de presas(1605); “De mare liberum” (1609); “De jure belli ac pacis” (1625). Esta
última obra continua preservando sua importância atual.
Ao estudar a soberania diz que é em função dela que os Estados são independentes e não têm poder que lhes seja superior.
Reconhecem, no entanto, a necessidade das leis e subordinam-se racionalmente às leis do direito natural - Grocius distingue o
direito natural do voluntário, aceito pelos Estados e obrigatório pela força do “pacta sunt servanda”, regra do direito natural.
Ao reconhecer o direito dos Estados à guerra justa, Grocius submete-a também ao Direito Natural, pois a guerra só é legítima
quando é justa e é o Direito Natural que estabelece que a guerra só é justa quando se tem por propósito afastar um ato injusto,
que é igualmente delimitado pelo Direito Natural (portanto não é mais a igreja que determina se a guerra é justa ou não).
De acordo com ele, a injustiça é cometida contra os direitos dos Estados. São eles:
b. Independência
d. Respeito mútuo
e. Participação no comércio
A guerra só é justa quando há lesão a um desses direitos. Porém, para Grotius, o Estado que está sendo lesionado deve
procurar meios de solução pacífica (arbitragem e mediação) antes de utilizarem do direito da guerra.
Art. 33 da Carta da ONU – os Estados membros deverão, no caso de desavença, recorrer a meios de solução pacífica.
“A guerra (bellum justum), somente poderia ser declarada havendo justa causa (justa causa belli)”.
Alberico Gentili (1551/1608) Italiano, jurista, foi professor regio na Universidade de Oxford.
“De Legationibus livre tres” (1582); “De jure belli libre tres” (1589); “Hispanicae advocatius” (1613).
Nascido em S. Ginesio, na Itália, aos 28 anos teve que fugir com sua família, protestante, para a Inglaterra. Teve importante
atuação acadêmica e profissional até sua morte.
Seu primeiro livro (Terceiro Livro sobre as Legações – Legações podem ser traduzidas modernamente como direito
diplomático) fundou as bases jurídicas da diplomacia moderna.
Dizia: O representante diplomático possui IMUNIDADE DE EXECUÇÃO. Ou seja, não pode ser executado no país em que está
cumprindo a diplomacia. Daí decorrem deveres: o principal é o de não se envolver em assuntos internos do país em que está
por representação. Pode ser julgado e condenado neste país, porém o soberano deve entregá-lo novamente para o soberano
de origem do representante diplomático que o indicou, para que este decida se executa ou não a pena que foi determinada
naquele país.
Sistema de Westfália
Tratados que formam a Paz de Westfália – 1648 até 1815. Estes tratados encerraram a guerra dos 30 anos. O sistema de
Westfália é composto pelos tratados: de Münster e Tratado de Osnabrück (atualmente são nomes de cidades na Alemanha).
As duas localidades eram necessárias, pois líderes Protestantes e Católicos recusavam reunir-se (os protestantes ficaram em
Osnabrück, os católicos em Münster).
Consagração de direitos para os Estados Nacionais e estabelecimento da base das relações jurídicas entre os estados. –
idéias decorrentes de Grotius.
Esses tratados acolheram muitos dos ensinamentos de Hugo GRÓCIO, surgindo daí o direito internacional tal como o
conhecemos hoje em dia, quando triunfa o princípio da igualdade jurídica dos estados, estabelecem-se as bases do princípio
do equilíbrio europeu, e surgem ensaios de regulamentação internacional positiva. – Hildebrando Accioly.
A rigor, se vem falar em direito internacional, a partir dos tratados de Münster e Osnabrüick, também ditos Paz de Vestfália
(1648)
Este conjunto de diplomas inaugurou o moderno Sistema Internacional, ao acatar consensualmente noções e princípios como
o de soberania estatal e o de Estado nação. Embora o imperativo da paz tenha surgido em decorrência de uma longa série de
conflitos generalizados, surgiu com eles a noção embrionária de que uma paz duradoura derivava de um equilíbrio de poder,
noção essa que se aprofundou com o Congresso de Viena (1815) e com o Tratado de Versalhes (1919). Por essa razão, a Paz
de Vestfália costuma ser o marco inicial nos currículos dos estudos de Relações Internacionais.
Características
Surgimento do chamado “jus publicum europeo”. O direito anterior era essencialmente privado (regulamentação de relações
jurídicas impostas pelo soberano). O Direito Público não era desenvolvido. Passa-se, agora, a atribuir-se o nome de Direito
Público à regulamentação dos direitos não de indivíduos singulares, mas do conjunto de todos os indivíduos.
Relações jurídicas entre os Estados (povos). Não temos mais relações baseadas exclusivamente na força, mas sim baseadas
no direito. É aquilo que os modernos autores de relações internacionais chamam de “poder de convencimento”. Importante
papel da soberania e do respeito mútuo – Grotius
Laicização do Direito das Gentes – que resulta no fortalecimento do papel dos tratados, enquanto manifestação de vontade
soberana dos Estados. Não se têm mais tratados baseados em imposições religiosas ou em interesses religiosos. Ex: Tratado
de Madrid (1756), que demonstra de forma clara esta laicização, ao rever os critérios que serviram de base para a demarcação
das colônias dos estados europeus. “uti possidetis iure” – o papa não pode mais determinar quem fica com o que (ex: Tratado
de Tordesilhas).
Superação
Os Tratados de Westfália consagraram juridicamente uma certa forma de governo (monarquias hereditárias) e, portanto, esse
sistema de Westfália foi contestado doutrinariamente. Na época era necessário um poder muito forte e centralizado para
assegurar o funcionamento do estado, porém, com o tempo, esta visão política do estado começou a ser contestada.
Visão do poder
“ex parte principis” – o poder se proclama legítimo pela herança. – VISÃO DE WESTFÁLIA
“ex parte populi” – o governo é legítimo não porque o poder foi herdado, mas sim porque decorre de uma aceitação dos
governados.
Como a visão do sistema de Westfália era “ex parte principis”, pode-se falar que este sistema deu origem ao ABSOLUTISMO.
A Revolução Norte-americana surge da contestação deste poder soberano. Contestação esta com bases econômicas
(financeiras), em detrimento dos impostos do Rei Inglês
Nasce o primeiro estado baseado em um acordo entre governantes e governados. O poder se justifica “ex parte populi”.
Sistema não apenas político, mas também jurídico que representa a modernização, não apenas dos Estados, mas do Direito
Internacional Público – deixa de existir o Direito das Gentes, pois aqui nasce o Direito Internacional.
Características
Constitui o que se chama atualmente de equilíbrio de poder. Para manter este equilíbrio era necessário que um sistema de
alianças fosse mantido de tal forma que, sozinho, nenhum membro pudesse ameaçar os demais.
• Reconhecimento da pentarquia – aceitação de que 5 estados europeus eram os mais fortes: Grã-Bretanha; França,
Áustria; Espanha; Rússia.
• Os estados médios/pequenos: Polônia, Portugal, Principados Italianos, Principados Alemães, Principados Helvéticos
(Suiça).
• Segurança relativa – todos os estados deveriam se sentir territorialmente seguros, mas não tão seguros de forma
que pudessem impor seu poder hegemônico.
• Satisfação parcial – nenhum estado pode obter a satisfação total das suas prioridades políticas.
• Sistema de consultas (conferências diplomáticas = “congressos”) – chamadas a responder qualquer questão que
envolvesse a segurança ou o desejo político dos estados soberanos europeus.
• Crescimento do DIP – tratados resultantes das conferências. Costumes se fortalecem na medida em que, nessas
conferências, substitui-se o uso da força pelo uso da razão e as guerras passam a abrir espaço para um diálogo para
negociação e, portanto, isto vai ajudar a desenvolver também o costume internacional. Surgimento das UNIÕES
(UPU; União da Propriedade Intelectual; Uniões aduaneiras e administrativas)
• Eurocentrísmo absoluto – resulta nos grandes Impérios Coloniais do séc. XIX e no próprio sistema colonial.
A condição de país neutro de que gozam os Países Baixos fizeram da cidade da Haia um importante centro para conferências
e encontros internacionais.
Criado o primeiro tribunal internacional: Tribunal Internacional de Presas Marítimas. Este tribunal dá origem às fontes
modernas do DIP.
Novamente regulamenta as guerras. Resulta em alguns acordos proibindo certos tipos de projéteis e certos tipos de gases.
• Última grande conferência do sistema do concerto europeu e primeira grande conferência do séc. XX.
• Primeira conferência não eurocêntrica – são convidados alguns representantes de estados americanos. Ruy Barbosa
participou da conferência – “Águia de Haia”.
Presença de doutrinas americanas é anterior ao próprio processo de independência das colônias da América luso-espanhola:
• Tratado de Madri – 1750 = Princípio do “uti possidetis” (deter como se seu fosse) defendido por Alexandre de
Gusmão – o soberano precisaria demonstrar atos concretos para justificar a sua posse, ou seja, não basta declarar
que é seu.
• Congresso do Panamá – 1826 = tratado criava uma unificação parcial através da “União e Liga da Confederação”
sob influência de Simon Bolívar
Base: uma união de interesses e comunhão de civilização + grande número de Estados, muitos de reduzida dimensão e
população (Grã-Colombia).
Mas problemas de consolidação interna da soberania e freqüentes desacordos com os EUA retardaram a criação da
“República” ou “Confederação” Latina.
• 1889 – Conferência dos Estados Americanos (iniciativa dos EUA). Cria condições para a celebração de grande
número de Convenções (DIPrivado, Asilo, etc.) que não chegam a entrar em vigor de forma uniforme.
• 1901 – lançadas as bases (órgãos) que levariam à criação da União Panamericana (1910)
Doutrinariamente, autores latino-americanos vão lançar a discussão sobre a existência de um “Direito Internacional Americano”
(Alexrande Alvarez – Chile – 1910) ou sua inexistência pela impossibilidade de aceitação de um DIP particular (Sá Vianna –
Brasil – 1912)
Inegável a existência de institutos próprios (extradição, asilo, reconhecimento de governo), importantes autores e de um ideal
de criação de uma confederação presentes desde o século XIX.
A guerra só foi decidida quando, finalmente, os americanos entraram no conflito. A demora se deu ao princípio norte-americano
de não intervenção em assuntos europeus. Os norte americanos tinham uma visão política mais avançada do que a dos
europeus. Wilson (o presidente) foi o responsável por sérias mudanças, inclusive no direito internacional – 14 pontos do
presidente Wilson. Wilson era professor de direito internacional. Seus pontos propunham uma modernização das relações
políticas internacionais.
Houveram muitas mortes na guerra. Os franceses chegaram a convocar reservistas de até 35 anos de idade.
Marca um momento importante na evolução do DIP, pois, ao incorporar algumas propostas americanas, resulta em um
progresso de um direito internacional moderno próprio do séc. XX, rompendo com os critérios consagrados de Westfália e do
Sistema do Concerto Europeu.
• Cria a Sociedade das Nações – Pacto das sociedades das Nações (SDN).
• Cria a Organização Internacional do Trabalho(OIT). Com o objetivo de internacionalizar as condições dos hipo-
suficientes.
• Conferências (a maioria delas de Genebra) que resultam na internacionalização de outros temas importantes, como
os direitos humanos de segunda geração, que vão surgir na constituição de Weimar. Além disto: Arbitragem privada
entre empresas, direitos da mulher, regulamentação da aviação civil internacional e outros. Não são mais
conferências eurocêntricas.
• Criada a primeira corte penal internacional permanente: Corte Permanente De Justiça Internacional – CPJI. Conjunto
de juízes internacionais permanentes. O estatuto foi criado por uma comissão de juristas que o discutiram por 3
anos, portanto, é um estatuto muito técnico. A Corte Internacional de Justiça (atual) copiou grande parte do estatuto
desta corte. A definição de conflito internacional adotada por esta corte continua a mesma atualmente. Todas as
sentenças da corte foram integralmente cumpridas pelos países partes. Portanto, se inclui entre as mais importantes
contribuições após a 1ª Guerra Mundial.
Os EUA nunca foram, efetivamente, integrantes deste pacto, pois, mesmo com a assinatura do presidente Wilson, o
parlamento americano não aprovou o pacto.
A década de 20, porém, não foi apenas de progressos. Também foi marcada pelo surgimento de governos totalitários
(Alemanha, Espanha, Itália).
O DIP teve um grande desenvolvimento no período entre guerras. Entre outras contribuições deste período, temos a criação
das organizações internacionais e a Corte Permanente de Justiça Internacional, como já foi dito. Também tivemos uma
modernização das questões e assuntos tratados pelo DIP, que antes eram preocupações exclusivas do direito interno (direito
dos trabalhadores, da mulher, segunda geração dos direitos humanos – econômicos, sociais e culturais).
Esta evolução na área jurídica encontra várias barreiras na situação instável e oscilante que imperava na Europa entre 1919 e
1939. As condições do Tratado de Versalhes serviriam como estufa para as causas da 2ª g.m. As próprias condições
estabelecidas neste tratado garantiriam esta situação. A Convenção de Paris ocorreu no período entre guerras –
desenvolvimento da jurisprudência como fonte do DIP.
Portanto, apesar dos retrocessos políticos (governos totalitários na Europa e América), não se pode deixar de mencionar a
importância destas contribuições.
O governo alemão assina um tratado de não agressão com a URSS, com o único intuito de se rearmar e criar um exército
moderno e bem treinado.
Um grande número de conferências, não só militares, mas também diplomáticas, são celebradas durante a segunda g.m.
• Em 1942, surge o Tratado das Nações Unidas (primeira vez em que é utilizada a expressão Nações Unidas),
proveniente da Carta do Atlântico (1941). Começam a estabelecer um status quo a ser estabelecido ao final da
guerra. Os soviéticos e chineses também participaram de conferências seguintes (o que significa uma modificação
no modelo eurocêntrico imperante até então), formando um conjunto de estados discutindo o novo sistema
internacional.
• O paradigma do direito internacional contemporâneo é resultado de todas estas discussões ocorridas quase 3 anos
antes da guerra acabar, pois uma das grandes preocupações dos estadistas era a de evitar os erros cometidos no
tratado de Versalhes. Não se fala mais em uma derrota humilhante da Alemanha. Discute-se, sim, a reconstrução
dos estados europeus ocupados durante a guerra. É criado um sistema internacional multilateral com a participação
de um maior número de estados possível e que NÃO leva em conta, apenas, punir os estados causadores da
guerra.
Conferência de Alca
A Conferência de Alca trouxe a condição de rendição para os países do eixo, que seriam atos, necessariamente, coletivos. Ou
seja, apenas quando todos os países participantes desta aliança internacional recebessem a rendição alemã, o processo de
retomada da paz estaria completo.
A Conferência de São Francisco foi realizada em duas etapas: a primeira se instala em março de 1945 e vai até o final de abril
do mesmo ano, quando é suspensa por causa do armistício. A segunda etapa é realizada de maio a junho e é ratificada neste
último mês.
Em nenhum ponto da carta se tem menção a ganhadores e perdedores. Ao mesmo tempo, a única menção à guerra que existe
é uma menção genérica encontrada no preâmbulo, mas que não possui um caráter de vingança, para evitar os males do qual
foi aferido o Tratado de Versalhes.
A expressão NAÇÕES UNIDAS é livre de concepções políticas e/ou ideológicas. Também não se fala em Estados, ma sim em
POVOS.
• O que deve ser combatido não é o ex-inimigo, é a guerra – muito diferente do preâmbulo da Sociedade das Nações.
• Os estados deixam de ser o centro das questões internacionais. A maior preocupação é com os indivíduos e povos.
• Tratados são o instrumento para atingir a justiça e a paz – Direito Internacional como ferramenta para a preservação
dos povos.
Multilateralismo – acordo no qual todos os manifestantes tiveram direito de se manifestar, independentemente de seu grau de
desenvolvimento. Não apenas todos os estados participam destas negociações, mas também os documentos que surgem
destas discussões representam um mínimo aceitável por todos os estados. O multilateralismo significa um acordo de um
mínimo comum aceitável, ainda que seja um acordo mais fraco com um número maior de países.
IGUALDADE JURÍDICA – faz parte do multilateralismo. A Assembléia Geral é muito importante para garantir esta igualdade
jurídica. Todos os Estados possuem, portanto, os mesmos direitos no plano internacional.
Sistema de Segurança Coletiva – “Real Politik” – é o reconhecimento de que, talvez, as guerras não possam ser acabadas,
mas que é possível lidar com elas pragmaticamente como um fato da vida real e controlar seus efeitos. Este sistema é
baseado em um tripé:
a. Meios preventivos dos conflitos (art. 1º) – preventivo (órgãos que analisam os conflitos e procuram soluções
pacíficas) – art. 33, Carta da ONU.
c. Conceito de guerra “legal” – só quando houver ataque. Não existe legítima defesa putativa no DIP.
É evidente que tais medidas adotadas pela Carta da ONU traçam novos paradigmas no mundo contemporâneo. Ainda ocorrem
guerras, porém, podemos sentir uma grande diminuição nos efeitos destas.
Carta da ONU
CAPÍTULO I
PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS
Artigo 1
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, coletivamente, medidass efetivas para evitar ameaças à
paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os
princípios da justiça e do direito internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma
perturbação da paz;
CAPÍTULO VI
Artigo 33
1. As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão,
antes de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso a
entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha. 2. O Conselho de Segurança convidará,
quando julgar necessário, as referidas partes a resolver, por tais meios, suas controvérsias
Artigo 41
O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas
para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão
incluir a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos ,
postais, telegráficos, radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas.
Artigo 42
No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são
inadequadas, poderá levar e efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter
ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras
operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
As OIs, a partir de 1945 se transformaram em um instrumento importante na execução do paradigma do DIP contemporâneo.
O sistema das nações unidas abrange mais de 20 organizações. Essas OIs atuam em todas as áreas de interesse dos estados
modernos.
Mais de 300 organizações intergovernamentais já foram criadas. Têm como membros estados soberanos.
O papel das organizações é essencial. Ex: O FMI está ajudando a Grécia a se recuperar de sua crise (2010)
É mais um fenômeno próprio do DIP atual. Ao lado da segurança coletiva, do multilateralismo e do surgimento de um grande
números de OIs, temos outras características novas no DIP:
Cooperação internacional
Um exemplo é a própria questão da Grécia. Temos também diversos tratados de preocupação com a preservação do meio
ambiente. Reconstrução de estados que passaram por guerras civis.
Grandes Temas
Há temas em que os estados são insuficientes para regulamenta. Essas questões vão além da capacidade individual de cada
estado e também não podem ser resolvidas através de tratados bilaterais clássicos. São objetos de uma regulamentação
internacional.
Um grande exemplo são os direitos humanos (declaração UNIVERSAL dos Direitos do Homem). Outro exemplo: espaços
internacionais (Antártida, fundos oceânicos, alto mar, espaço ultraterrestre etc.). Ainda se pode citar as questões que envolvem
o meio ambiente.
Autodeterminação
A autodeterminação está mencionada no art. 1º da Carta da ONU como objetivo da organização. Ao longo daquelas
conferências realizadas durante a segunda guerra e que resultariam na Carta de São Francisco, ficou claro, desde o início, que
os sistemas coloniais eram incompatíveis com a segurança coletiva. Enquanto alguns estados impusessem o seu poder a
outros povos, isto sempre ameaçaria a segurança coletiva. Era, portanto, um instrumento da segurança coletiva o término dos
sistemas coloniais.
É um direito dos povos. Direito que já está devidamente delimitado e expresso com as suas características e com os seus
limites nas resoluções da Assembléia Geral.
É, portanto, um direito de, em certas condições, um povo criar seu próprio estado. Obviamente não é um direito ilimitado.
A ONU criou um mecanismo chamado sistema de tutela (exercido pelo Conselho de Tutela), através do qual, estados que
tinham colônias ou protetorados, foram obrigados a transferir as suas colônias ou os seus territórios para o sistema de tutela. A
tutela tem um objetivo básico: garantir que, ao longo do tempo, estes territórios e estes povos atingissem as condições para
adquirir a autodeterminação e criar um estado próprio.
JURISDICIONALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
. A maior característica
A sociedade internacional é cada vez menos anárquica e cada vez mais juridicamente organizada. O que falta ainda é um
governo internacional, O que é necessário e já se tem são os instrumentos para garantir essa jurisdicionalização.
• Guerra Fria 52/89 – bipolaridade nuclear relativa (EUA e aliados da OTAN / URSS e aliados do Pacto de Varsóvia)
• A nova sociedade internacional não evitou os conflitos políticos, porém, ao menos os conflitos em campos de guerra
foram evitados durante a Guerra Fria. .
• Criação da OMC
As fontes do DIP são próprias, em seu conjunto distinguem-se das fontes das demais disciplinas jurídicas, constituindo uma
das peculiaridades e causas da autonomia da disciplina.
• Tradicionais ou clássicas
Mencionadas no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça; incorporadas ao DIP desde o início do séc. XX, não há
uma ordem hierárquica:
a. Tratados
b. Costume
d. Equidade
a. jurisprudência;
b. b. doutrina.
CONVENÇÕES
Tratados e convenções são muito importantes por trazerem, na forma escrita, a vontade soberana dos Estados de assumirem
direitos e obrigações.
Atualmente, surgem como resultado do trabalho de codificação do DIP por órgãos técnicos (Comissão de Direito Internacional
– CDI-ONU; Comitê Jurídico Interamericano – OEA; Associação de Direito Internacional ou ILA etc.).
Legal: Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados/69 – art. 2º - Acordo internacional concluído por escrito (acordos
verbais não são objeto do DI) entre Estados e regido pelo Direito Internacional (quando a solução jurídica de um conflito for
dada pelo direito interno, não é tratado). Quer conste de um instrumento único, quer conste de dois ou mais instrumentos.
• V. Marotta Rangel: Ato jurídico bilateral ou plurilateral que Estados ou organizações internacionais celebram entre si
com o propósito de criar relações jurídicas mútuas regidas pelo Direito Internacional.
• J. F. Rezek: Acordo formal concluído entre sujeitos de Direito Internacional e destinado a produzir efeitos jurídicos.
A definição legal da CVDT não considera a denominação dos Tratados, mas sim a presença dos elementos jurídicos que o
constituem. Mas tradicionalmente a prática internacional e diplomática dá denominações específicas aos Tratados, de acordo
com seu conteúdo, objeto, finalidade, forma um forma de conclusão. Os limites entre essas figuras, no entanto, não são
rígidos:
Convenção – tratam de assuntos mais específicos, embora freqüentemente sejam utilizados como sinônimo de Tratado.
Carta, Constituição, Estatuto – tratados constitutivos de Organizações Internacionais. Carta: Organizações de maior
importância (ONU), as agencias especializadas da ONU têm a denominação Constituição. Estatuto: ao lado das normas
constitutivas e operacionais, são incluídas normas de tipo processual ou procedimental, adota-se o nome (CIJ, AIEA).
Processo de formação
É um processo longo, deve levar em conta, em todos os momentos, a manifestação soberana dos Estados.
São várias etapas até sua entrada em vigor no plano internacional e sua incorporação ao Direito interno dos Estados-membros.
Embora os momentos de entrada em vigor no plano internacional e a incorporação em norma de Direito interno sejam
diferentes, são igualmente importantes.
Redação Registro
Fases anteriores
Discussão e aprovação: geralmente é feito com base em texto pré-divulgado; deve ser livre e baseada na autodeterminação;
ocorre nas línguas oficiais
Adoção e autenticação: feita através da aposição de uma assinatura pelo representante plenipotenciário.
Consentimento
Ocorre através da assinatura, ratificação, aceitação, aprovação e troca de instrumentos (artigos 11 a 16 – CVDT/69); se
posterior, ocorre a adesão.
Tanto pela aprovação ou pela aceitação, as partes adquirirão obrigações decorrentes do princípio “pacta sunt servanda”.
Fases posteriores
Depósito do tratado.
Registro do tratado.
A ratificação é uma forma de consentimento de grande impacto. É o grande instrumento de consentimento dos estados. Se
tornou um instrumento de manifestação do legislativo sobre o instrumento que é produzido, aceito e promulgado pelo
executivo. A ratificação possui sua importância pois abre espaço para a análise dos órgãos do legislativo (representação
política da sociedade).
• Não é obrigatória;
Apenas a OIT pode aprovar tratados e convenções de matéria trabalhista. Portanto, as convenções internacionais do trabalho
possuem prazo para serem ratificadas e os Estados devem avisar à OIT se irão ou não ratificar.
São os Estados que determinam os mecanismos de incorporação ou transformação das normas do tratado em normas que
produzem efeitos no direito interno.
Este processo é, após o consentimento, estabelecido por cada Estado em sua legislação nacional, respeitando os artigos
supracitados.
Dualismo
Para os autores dualistas, o Direito Internacional e o Direito Interno formam duas ordens jurídicas distintas.
Os dualistas deverão, então, determinar como se vinculam ambas as ordens. Não há um processo de incorporação, para esta
doutrina. Uma norma de direito interno elaborada separadamente é necessária para que as normas do tratado possuam efeitos
internos.
Monismo
Os autores filiados ao monismo partem de um ponto comum a todos eles: um único conjunto no qual estariam incluídas as
distintas ordens e entre as quais haveria relações de subordinação.
Assim, os monistas deverão precisar qual será a relação hierárquica entre as normas do Direito Interno e as normas do Direito
Internacional.
Para Kelsen, a norma internacional predomina sobre a norma de direito interno, ainda que as normas internas estejam mais
consolidadas, enquanto as normas de direito internacional são mais dinâmicas.
O Direito Internacional está subordinado ao Direito Interno, e teríamos então o monismo com primazia do Direito Interno.
É um sistema utilizado em governos totalitários, quando o Direito Internacional passa a ser um instrumento do Estado que pode
desrespeitá-lo com base em seus interesses internos.
O Direito Interno e o Direito Internacional estariam incluídos em uma ordem superior – o Direito Natural.
Discute-se como harmonizar as normas do direito interno com as normas do direito internacional. O que importa não é saber
qual a ordem jurídica superior, mas sim qual o grau hierárquico no qual as normas internacionais irão se incorporar ao sistema
jurídico interno do Estado.
Portanto, os tratados internacionais, depois de ratificados, promulgados e publicados, possui o mesmo status de norma
ordinária.
Como as demais normas infraconstitucionais, os Direitos Humanos provenientes de Tratados ratificados pelo Brasil
ingressavam em nosso sistema como Leis ordinárias federais.
Poderiam, portanto, ser modificados por lei ordinária federal posterior. Instrumentos básicos de proteção dos DDHH e data de
ratificação.
Todos estes tratados foram ratificados antes da EC45/2004. Portanto, podem todos ser modificados por lei ordinária posterior.
A principal causa desta demora é a de que este processo é regulado não por lei, mas pelo regimento interno do Congresso
Nacional.
O tratado deve ser decretado , ao final, pelo Presidente da República, para que possua validade no plano interno.
O Presidente não promulga o tratado, mas sim um decreto que traz como anexo estas normas internacionais.
A CVDT é um instrumento técnico de elaboração e entrada em vigor dos tratados. Mas, obviamente, a CVDT não podia ignorar
a questão política, o fato de que tratados são acordos entre estados soberanos e que, portanto, estão sujeitos à interferência
destes fatores políticos e até fatores militares, que podem diminuir ou retirar o caráter de instrumentos jurídicos que eles têm.
Exatamente com a intenção de reduzir o impacto destes acontecimentos políticos e militares, a CVDT preocupou-se em
estabelecer condições para a validade dos tratados. Condições que vão de requisitos essenciais até condições que podem
representar o comprometimento ou a redução da manifestação de soberania dos estados.
• Anulabilidade
• Nulidade
• Inexistência
Movimentos beligerantes – admitidos por alguns tratados; OLP: GATT; Resolução n 3237 – AG/ONU.
Estados – regra geral: plenos poderes ou exercício de cargo dotado de poderes de representação externa originária (art. 7º -
CVDT de 69). O que a CVDT fez, aqui foi positivar regras de costume.
O representante deve receber um documento de plenos poderes (portanto, é PLENIPOTENCIÁRIO). Permite a estes
representantes, falar, discutir e assinar textos em nome dos Estados de origem. . Alguns representantes não necessitam
destes documentos. Estamos falando de uma verdadeira pirâmide hierárquica que atribui, com base na legislação de CADA
ESTADO (a fonte, no caso, não é o DIP, mas sim o direito interno), um grau maior ou menor de poder de representação:
• Irregularidades quanto a limitações dos poderes do representante não viciam o Tratado, caso não tenham sido
notificadas pelo Estado representado (art. 47 – CVDT/69). Portanto, se o Estado se silencia, não será decretada a
anulabilidade
No DIP, a possibilidade deve ser verificada sob a perspectiva jurídica do objeto do Tratado.
É importante respeitar as normas do jus cogens internacional, nos termos dos arts. 53, 64 e 71 das CVDTs
• As condições relativas à negociação (adoção e autenticação, quando previstas) e à aceitação (ratificação e outras
formas previstas no art. 11 da CVDT) e ao registro, depósito e publicação ( arts. 76 e 77 CVDT e art. 102 – Carta da
ONU) também devem ser observadas.
Observância pelas Partes das normas constitucionais: em princípio, não afetam a validade dos Tratados (art. 46 – CVDT/69)
mas em se tratando de violação manifesta de norma essencial do direito interno, pode ser alegada. Ou seja, alguém que não
era legitimado para aceitar o tratado.
2. CONDIÇÕES SUBSTANCIAIS
São as que dizem respeito à livre manifestação de vontade soberana dos Estados. Algumas também dizem respeito ao objeto
possível, especificamente o art. 53, que traz as conseqüências de um tratado celebrado contra o jus cogens internacional.
A. Erro (art. 48 – CVDT) – anulável. Deve envolver condição essencial (se o Estado soubesse do erro, deixaria de
assinar o tratado). Obs: não é um vício comum no direito internacional, pois os Estados possuem uma grande
máquina de suporte para evitá-los.
B. Dolo (art. 49 – CVDT): anulável. Violação clara do princípio da boa-fé. Ocorre quando um estado ou um grupo de
estado induzem outro estado em erro.
D. Coação sobre o representante (art. 51 – CVDT) – o tratado é inexistente (não produz efeitos). Vai contra o principio
da autodeterminação dos povos. É um ato de covardia e vai de encontro aos preceitos do DIP.
Se todas as condições forem observadas, o que é a regra no Direito Internacional, os efeitos dos tratados válidos são os
seguintes.
Regra geral: observância do princípio pacta sunt servanda (CVDT – 26). Baseado no princípio da boa fé, sobre o qual
repousam todos os sistemas jurídicos modernos (confiança entre as partes).
Tratados nulos e inexistentes não produzem efeitos, tal como os que ainda estão em processo de formação. Apenas produzem
efeitos os tratados já ratificados.
Efeitos no espaço
“Non Liquet” – impossibilidade de resolver uma questão por falta de uma fonte de direito. É um fenômeno evitado por todas as
formas. É uma aberração jurídica.
Efeitos no tempo
Regra geral: irretroatividade (art. 28). A não ser que as partes estabeleçam de forma diferente.
São obrigatórios (art. 46 + 27). Nenhum estado pode descumpri-lo, alegando violação de seu direito interno (art.27).
Exceção (art. 46) – “a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma norma de
“Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda, na matéria, de conformidade com
a prática normal e de boa fé”. – análise superficial dos Estados “prima facie” – evidente.
Ou seja, quando houver um defeito essencial e evidente quanto a uma norma interna de consentimento do Estado, poderá a
parte interessada alegar a nulidade do tratado.
Regra geral: art. 30. A norma de direito interno posterior revoga apenas as cláusulas de normas anteriores que com aquelas
são incompatíveis.
Se o próprio tratado determina que estará subordinado a um outro –posterior ou anterior – ou caso não seja incompatível com
este, prevalecerá o último (art. 30.1)
Obs: por ser muito complexo o processo de modificação de um tratado, é mais fácil e prático criar um novo do que modificar o
existente.
• Novo tratado entre as mesmas partes : prevalece o mais recente, salvo normas do anterior que sejam compatíveis
com posterior (art. 30. 3 e 4).
b. Entre uma parte nos dois e uma parte em apenas um: aplica-se aquele comum aos dois Estados.
Regra geral: O tratado não produz efeitos sobre Estados não parte sem o seu consentimento (art. 34).
REGRA CONSUETUDINÁRIA: nada impede que um Tratado crie direitos ou obrigações para terceiros como costume
internacional (ART. 38).
Exceções
a. Quando criam obrigações: necessária aceitação expressa por escrito, pois esta não será presumida (art. 35);
b. Quando criam direitos: para rejeitá-los, terceiro deve indicar, pois são presumidos aceitos até então (art. 36).
Art. 37: qualquer modificação ou revogação desses direitos e obrigações exige consentimento do terceiro.
Se estamos falando de um direito de coordenação, é preciso saber qual o momento através do qual o tratado vai deixar de
produzir efeitos sobre os Estados-partes.
FORMAS DE TÉRMINO
Expiração
• CONDIÇÃO RESOLUTÓRIA – geralmente redução das Partes a um número abaixo do mínimo estabelecido no
Tratado.
• RESCISÃO – por vontade das partes. Deixa de produzir efeitos ex nunc (a partir de então)
• DESUSO
Dissolução
As partes, diante de certas condições, tácita ou expressamente, deixam de atribuir efeitos ao tratado
• RETIRADA (denúncia/expressa) – retirada de uma das partes. Denúncia é ato jurídico unilateral do Estado.
Extinção
• PERECIMENTO DO ESTADO-PARTE. Ex: Antiga Tchecoslováquia (Rep. Tcheca e Eslováquia). Obs: o perecimento
de um estado parte pode levar, também, à ocorrência de uma condição resolutiva.
• PERECIMENTO DO OBJETO.
Nulidade
Os casos são aqueles previstos na CVDT/69, que envolvem as condições formais e materiais.
Prazo
O Tratado com validade temporal limitada pode terminar caso não ocorra sua renovação pelas Partes (é o menos comum).
CVDT – art. 19
Os Tratados, como instrumentos surgidos da vontade dos Estados, estão sujeitos a uma série de normas que não se aplicam
no caso de acordos regidos pelo direito interno dos estados.
Uma das características essenciais dos Tratados e que decorre do fato de serem resultados de acordos de vontades livres
entre sujeitos soberanos, é o fato de que, desde que o tratado permita, os Estados-parte podem celebrar estes tratados
mediante reserva.
É um ato unilateral pelo qual um Estado deixa de aplicar, afasta por ocasião da ratificação, a aplicação de uma cláusula, de um
parte de uma cláusula ou de um artigo inteiro em relação a si.
As reservas, portanto, são instrumentos que permitem aos Estados, adaptarem o próprio tratado às suas regras de direito
interno com as suas políticas internas.
As reservas estão previstas nos arts. 19 e seguintes da CVDT. As reservas, em primeiro lugar, devem estar previstas no
próprio tratado. A apresentação da reserva pode ocorrer em qualquer um dos momentos ligados á entrada em vigor do tratado.
É importante que o estado que formula a reserva, deixe claro quais são as regras que são objeto da reserva.
Quando o tratado não autorizar a reserva, para que esta seja válida, deverão os outros Estados aceitá-la. Caso haja objeção, a
cláusula não será aplicada a nenhum dos Estados (o que fez a reserva e o que objetou-a). (art. 21)