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Agradeço aos meus pais, Vanilda Cristina Longatto Clemente e Milton Aparecido
Clemente, e ao meu irmão, Milton Longatto Clemente, pelo apoio, confiança e amor
que, tão incondicionalmente, depositaram em mim.
Agradeço ao Profo Dr. Fabio Ferrari Ruffino que aceitou me instruir e que me
ajudou com a execução deste projeto de todas as maneiras possı́veis. A clareza em
suas explicações e a paciência que dedicou a mim durante todo este tempo de trabalho
ficarão guardadas em minhas lembranças.
Agradeço aos meus antigos orientadores, Profo Dr. Daniel Vendrúscolo e Profa
Dra. Liane Bordignon, que tanto contribuı́ram para a minha formação acadêmica e
profissional. Aos inúmeros professores que me ensinaram e que não mencionei aqui,
meu muito obrigado!
Por fim, agradeço Caio Henrique Silva de Souza que me ajudou muito nos cursos
que fizemos juntos e que colaborou comigo em diversos trabalhos. Enfim, agradeço aos
colegas que comigo caminharam nesta árdua estrada e que a fizeram muito divertida e
prazerosa para mim.
Resumo
Este texto foi produzido como subproduto das atividades de estudo e discussão que
realizamos sobre a Teoria das Categorias, a Topologia Geral, a Topologia Algébrica e a
Álgebra Homológica. Portanto, o objetivo do mesmo é evidenciar o estudo que fizemos
sobre estes assuntos.
Não dispomos aqui todos os resultados e demonstrações estudados, especialmente
quando estes se encontravam completos nas bibliografias recomendadas. Em vez disso
apresentamos exercı́cios resolvidos e alguns complementos a fim de aprofundar ou tor-
nar mais claros os tópicos estudados. As palavras em negrito nesta composição são o
léxico geral da teoria estudada.
Uma vez que a definição de categoria que usamos depende da noção de classe,
não poderı́amos deixar de dizer as regras do jogo sobre estes objetos. Sendo assim,
escolhemos apresentar, na primeira seção do texto, a teoria de conjuntos Neumann-
Bernays-Gödel. Esta é uma extensão natural da teoria de conjuntos Zermelo-Fraenkel
mais Axioma da Escolha. É importante aqui a classe de todos os conjuntos que, equi-
pada com a devida estrutura, se torna uma das categorias mais notáveis de todo o
trabalho.
Em seguida, expomos nossa introdução à Teoria das Categorias. Aqui tratamos das
várias noções elementares: categorias, subcategorias, morfismos mônicos e épicos, pro-
dutos e coprodutos, funtores covariantes e contravariantes, isomorfismos e equivalências
de categorias, funtores representáveis, adjunções, limites diretos e inversos, et reliqua.
Esta parte é essencial em todo trabalho pois é a linguagem na qual este está escrito,
mas também contém assuntos que têm vida própria e que poderiam ser estudados per
si em suas generalidades.
Na terceira e quarta seções apresentamos alguns conceitos de Álgebra Homológica
e a Teoria de Homologia do ponto de vista categorial. Como dito no Resumo detalha-
mos o fato de o limite direto comutar com o funtor homologia singular e tratamos de
uma aplicação interessante do Método dos Modelos Acı́clicos que também foi estudado
cuidadosamente.
Sumário
1 Preliminares 1
1.1 Lógica elementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Teoria dos conjuntos Neumann-Bernays-Gödel . . . . . . . . . . . . . . 1
3 Álgebra Homológica 58
3.1 Grupos de homologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.2 Grupos graduados diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.3 Complexos de cadeias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.4 Homotopia de cadeias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.5 Complexos contráteis e acı́clicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.6 Complexo cone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4 Homologia Singular 73
4.1 Funtor homologia orientada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.2 Funtor homologia singular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.3 Homologia relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.4 Axiomas de Eilenberg-Steenrod . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.5 Sequência de Mayer-Vietoris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
1
a teoria de von Neumann tomando classe e conjunto como conceitos primitivos. Por
fim, Kurt Gödel (1906-1978) simplificou a teoria de Bernays através de sua prova da
consistência relativa do Axioma da Escolha e da Hipótese de Contı́nuo Generalizada 2 .
Os termos primitivos para a teoria dos conjuntos Neumann-Bernays-Gödel são
classe e uma relação dicotômica ∈ entre estas. Todas as variáveis como A , A, x, dentre
outras, representam classes. Além disso, para cada duas classes quaisquer, a afirmação
A ∈ B é verdadeira ou falsa. Uma propriedade p significa uma fórmula construı́da
a partir da afirmação A ∈ B por negação, conjunção, disjunção ou quantificação de
variáveis de classe.
Definição 1.2.2. Dizemos que uma classe A é um conjunto se existe uma classe A
de sorte que A ∈ A . Caso A não seja um conjunto dizemos que A é uma classe
própria. I
2
• A classe que não possui nenhuma outra subclasse que não ela mesma ∅ :=
{(x é um conjunto) ∧ (x 6= x)} que chamamos de Classe Vazia.
Definição 1.2.3. Dizemos que duas classes A e B são disjuntas se, e somente se,
A ∩ B = ∅. I
A = {x : (x = A) ∨ (x = B)}
é um conjunto. I
3
Uma vez que membros de classes são conjuntos, definimos a Classe das Partes
P(A ) de uma classe A como P(A ) = {B : (B é um conjunto) ∧ (B ⊂ A )}; deste
modo, mesmo que A não seja um conjunto, P(A ) tem como membros somente as
subclasses de A que são conhecidamente conjuntos.
Axioma 8 (das Partes). Seja A uma classe. Se A for um conjunto, então P(A)
também é um conjunto. I
O Axioma 9 diz que: (i) nenhum conjunto não-vazio pode ser membro de si mesmo
e, (ii) se A e B são conjuntos não-vazios, então não é possı́vel que ao mesmo tempo se
tenha A ∈ B e B ∈ A. Provamos agora somente (i) porque a demonstração de (ii) é
análoga. Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio tal que A ∈ A; sabemos que
nesta situação {A} também é um conjunto e, como seu único membro é A, {A} nega
o Axioma 9.
4
Observação 1.2.6. A classe dos números naturais é um conjunto. Enfaticamente,
seja A um conjunto que goza das duas propriedades enunciadas no Axioma 10. Seja
B ⊂ P(A) definida por
Axioma 11 (da Escolha). Dada uma famı́lia não-vazia {Aα }α ∈ A de conjuntos dois
a dois disjuntos, existe um conjunto S consistindo de exatamente um elemento de cada
Aα . I
Em 1938, Kurt Gödel demonstrou que se a teoria dos conjuntos baseada nos axi-
omas acima, com exceção do Axioma 11, é consistente, então a teoria dos conjuntos
fundamentada em todos os onze axiomas também o é. O resultado devido a Gödel
deixava aberta a possibilidade de que o Axioma da Escolha fosse derivável a partir dos
outro dez axiomas. Em 1963, Paul Cohen (1934-2007) demonstrou que este não era o
caso.
3
Alguns matemáticos do século XIX como Weierstrass, Dedekind e Cantor produziram construções
para os númers reais que reduziam todas as discussões matemáticas ou metamatemáticas para os
números naturais. Em 1889, Giuseppe Peano (1858-1932) apresentou os Axiomas de Peano que são
uma coleção de axiomas para o conjunto dos números naturais.
5
2 Introdução à Teoria das Categorias
A partir de 1943, Samuel Eilenberg (1913-1998) e Saunders Mac Lane (1909-2005)
colaboraram na área de Topologia Algébrica e, em especial, na área de Álgebra Ho-
mológica. Em 1945 estes matemáticos lançaram os fundamentos da Teoria das Ca-
tegorias com a publicação General Theory of Natural Equivalences. Rapidamente as
noções introduzidas neste trabalho se mostraram muito mais interessantes do que se
imaginava porque vários campos da Matemática puderam ser interpretados em seus
termos.
Nesta seção estudamos a Teoria das Categorias a fim de entender algumas rami-
ficações deste ponto de vista na Matemática. Apesar de estudarmos vários exemplos
e aplicações na área de Álgebra, nosso escopo é compreender as noções fundamentais
acerca da Topologia Algébrica através desta teoria. As referência usadas nesta parte
do texto foram [HUNGERFORD], [HILTON-STAMMBACH] e as notas de aula do
orientador.
(f, g) 7→ g ◦ f.
h ◦ (g ◦ f ) = (h ◦ g) ◦ f ;
3. para cada A ∈ C existe um morfismo idA ∈ HomC (A, A) tal que para todas
f ∈ HomC (A, B) e g ∈ HomC (C, A),
f ◦ idA = f e idA ◦ g = g,
7
Observação 2.1.1. A condição 3 da Definição 2.1.1 determina unicamente o morfismo
identidade idA ∈ HomC (A, A) para todo A ∈ C . De fato, se idA , id0A ∈ HomC (A, A)
são morfismos identidade para o objeto A, então, em particular, idA = id0A ◦ idA =
idA ◦ id0A = id0A . J
Observação 2.1.2. A condição 1 da Definição 2.1.1 garante que todo morfismo tem
domı́nio e contradomı́nio bem-definidos. Se tal condição não se verificar, então pode-
mos impô-la por construção. Isto se faz da seguinte maneira: suponha que haja um
conjunto de morfismos HomC (A, B), A, B ∈ C , de modo que não valha (i); defini-
mos Hom0C (A, B) := HomC (A, B) × {A} × {B}. Assim temos que Hom0C (A, B) =
Hom0C (A0 , B 0 ) ⇔ A = A0 e B = B 0 . Considerando a função HomC (A, B) →
Hom0C (A, B), f 7→ (f, A, B), tem-se que há uma correspondência biunı́voca entre
estes dois conjuntos. Portanto podemos trocar HomC (A, B) por Hom0C (A, B) na ca-
tegoria C sem prejuı́zo algum. J
4. Seja R a categoria dos anéis cujos morfismos são os homomorfismos de anéis. Seja
também Ru a categoria dos anéis unitários cujos morfismos são os homomorfismos
de anéis unitários. Lembramos que todo homomorfismo de anéis unitários é um
homomorfismo de anéis que preserva as unidades.
5. Seja MlR a categoria dos R-módulos à esquerda cujos morfismos são homomor-
fismos de R-módulos.
7. Seja Top a categoria dos espaços topológicos cujos morfismos são as aplicações
contı́nuas. Seja Top+ a categoria dos espaços topológicos com ponto marcado
(X, x0 ) cujos morfismos f : (X, x0 ) → (Y, y0 ) são aplicações contı́nuas f : X → Y
8
de sorte que f (x0 ) = y0 . Seja também Topn a categoria das n-uplas de espaços
topológicos (X, A1 , · · · , An−1 ) tais que An−1 ⊂ · · · ⊂ A1 ⊂ X cujos morfismos
f : (X, A1 , · · · , An−1 ) → (Y, B1 , · · · , Bn−1 ) são aplicações contı́nuas f : X → Y
de modo que f (Aj ) ⊂ Bj para todo 1 ≤ j ≤ n − 1. Identificamos Top1 com
Top para que a definição de Topn faça sentido para todo n ∈ N∗ . Por fim,
seja Topn+ a categoria das n-uplas de espaços topológicos com ponto marcado
(X, A1 , . . . , An−1 , x0 ) tais que x0 ∈ An−1 ⊂ · · · ⊂ A1 ⊂ X cujos morfismos
f : (X, A1 , · · · , An−1 , x0 ) → (Y, B1 , · · · , Bn−1 , y0 ) são aplicações contı́nuas f :
X → Y de sorte que f (Aj ) ⊂ Bj para todo 1 ≤ j ≤ n − 1 e que f (x0 ) = y0 .
Identificamos Top1+ com Top+ para que a definição de Topn+ faça sentido para
todo n ∈ N∗ . J
9
Exemplo 2.1.3 (Categoria quociente). Seja C uma categoria na qual, para cada
dois objetos A, B ∈ C , está definida uma relação de equivalência ∼ no conjunto
HomC (A, B). Variando o par de objetos obtemos uma famı́lia de relações de equi-
valência em C . Dizemos que esta famı́lia é compatı́vel com a composição se, para
todos A, B, C ∈ C , f1 , f2 : A → B e g1 , g2 : B → C tais que f1 ∼ f2 e g1 ∼ g2 ,
tivermos que g1 ◦ f1 ∼ g2 ◦ f2 .
Se C é uma categoria com relações de equivalência compatı́veis com a composição,
então definimos a classe de objetos C∼ como sendo a classe C . Além disso, para
todos A, B, C ∈ C , definimos o conjunto de morfismos
e a lei de composição
2.1.1 Subcategorias
10
2. para todos f ∈ HomC 0 (A, B) e g ∈ HomC 0 (B, C) a composição g ◦ f coincidir
com a composição em C , sendo A, B, C ∈ C 0 .
Se para todos A, B ∈ C 0 valer que HomC 0 (A, B) = HomC (A, B), dizemos que a
subcategoria C 0 é cheia. I
A
Dizemos também que um morfismo entre os objetos f : A → X e g : A → Y de C ↑ A
é um morfismo h : X → Y de sorte que o Diagrama (2.1.3) seja comutativo.
A
g
f (2.1.3)
X h
Y
11
Definimos a lei de composição de morfismos de C ↓ A e de C ↑ A como a restrição
da lei de composição da categoria de morfismos (vide Exemplo 2.1.4). As categorias
C ↓ A e C ↑ A são subcategorias não-cheias de Hom(C ). De fato, as classes C ↓
A e C ↑ A são subclasses de Hom(C ), por definição. Ademais, temos a inclusão
HomC ↓A (f, g) ⊂ HomHom(C ) (f, g), h 7→ (idA , h), pois o Diagrama (2.1.2) é equivalente
ao Diagrama (2.1.4).
f
X A
h idA (2.1.4)
Y g A
Analogamente, temos a inclusão HomC ↑A (f, g) ⊂ HomHom(C ) (f, g), h 7→ (h, idA ).
Estas subcategorias não são cheias pois fica fixado idA como morfismo de A a A. J
2.1.2 Isomorfismos
h (2.1.5)
g
C
Definimos h de modo que o Diagrama (2.1.5) seja comutativo, isto é, de modo
que h = g ◦ f . Veja que h é o isomorfismo cujo inverso é h−1 = f −1 ◦ g −1 .
12
Proposição 2.1.2. Sejam C uma categoria e A, B, A0 , B 0 ∈ C . Se f : A → B e
g : A0 → B 0 são dois isomorfismos em C , então existe uma bijeção
que faz o Diagrama (2.1.6) comutativo para todo morfismo α ∈ HomC (A, A0 ).
α
A A0
f g (2.1.6)
B Φf,g (α)
B0
f : 1 7→ 3, 2 7→ 4;
g : 1 7→ 4, 2 7→ 3.
Verifica-se diretamente que HomU (A, A) = {φi }4i=1 e HomU (B, B) = {ψi }4i=4 em
que
φ1 : 1 7→ 1, 2 7→ 2; ψ1 : 3 7→ 3, 4 7→ 4;
φ2 : 1 7→ 2, 2 7→ 1; ψ2 : 3 7→ 4, 4 7→ 3;
φ3 : 1 7→ 1, 2 7→ 1; ψ3 : 3 7→ 3, 4 7→ 3;
φ4 : 1 7→ 2, 2 7→ 2; ψ4 : 3 7→ 4, 4 7→ 4.
Para cada possibilidade de combinação entre f e g segue abaixo a especificação da
bijeção entre HomC (A, A) e HomC (B, B).
Φf,f : HomC (A, A) → HomC (B, B), Φg,g : HomC (A, A) → HomC (B, B),
φi 7→ ψi , para i = 1, 2, 3, 4; φi 7→ ψi , para i = 1, 2,
φ3 7→ ψ4 e φ4 7→ ψ3 ;
Φf,g : HomC (A, A) → HomC (B, B), Φg,f : HomC (A, A) → HomC (B, B),
φ1 7→ ψ2 , φ2 7→ ψ1 , φ1 7→ ψ2 , φ2 7→ ψ1 e
φ3 7→ ψ4 e φ4 7→ ψ3 ; φi 7→ ψi , para i = 3, 4.
Cada par (f, f ), (f, g), (g, f ) e (g, g) induz uma bijeção distinta das outras, como
demonstrado na Observação 2.1.4 a seguir. J
13
Observação 2.1.3. Com a notação da Proposição 2.1.2, se f = f 0 e g = g 0 , então
claramente Φf,g = Φf 0 ,g0 . A recı́proca desta afirmação não é necessariamente verda-
deira. Isto é, Φf,g = Φf 0 ,g0 não necessariamente implica f = f 0 e g = g 0 . Um exemplo
desta situação ocorre na categoria Gab dos grupos abelianos. Sejam p, q ∈ N∗ números
primos distintos; HomGab (Zp , Zq ) = {0}, em que 0 é o homomorfismo trivial. Desta
forma, quaisquer automorfismos f : Zp → Zp e g : Zq → Zq são tais que Φf,g aplica 0
em 0. J
Suponhamos que f˜ 6= idA . Isto é, suponhamos que exista a ∈ A tal que f˜(a) 6= a. Neste
caso, como A0 contém pelo menos dois elementos distintos, digamos a1 e a2 , existe
α : A → A0 de modo que α(a) = a1 e α(f˜(a1 )) = a2 . Isto contradiz a Equação 2.1.8.
Destarte f˜ = idA e, portanto, f = f 0 . Assim segue a afirmação. J
Exemplo 2.1.9 (Categoria cujos morfismos não são funções). Seja G um grupo,
que denotamos multiplicativamente. Dizemos que {G} é uma categoria unitária com
Hom{G} (G, G) = G; ou seja, os morfismos de G a G são os elementos do grupo. A
composição de dois morfismos a, b ∈ G é simplesmente ab ∈ G, a operação binária
do grupo. Desta forma todo morfismo em {G} é um isomorfismo nesta categoria.
Evidentemente, idG = e, em que e é o elemento neutro do grupo G. J
Definição 2.1.4 (Categoria Concreta). Uma categoria C equipada com uma função σ
que associa a cada A ∈ C um conjunto σ(A) ∈ U , chamado conjunto subjacente
de A, de modo que
14
1. haja uma injeção do conjunto HomC (A, B) no conjunto HomU (σ(A), σ(B)) para
todos A, B ∈ C . Denotamos um morfismo f : A → B de C no conjunto
HomU (σ(A), σ(B)) por σ(f ) : σ(A) → σ(B);
Com a mesma notação da Definição 2.1.5, observamos que o que faz um objeto
livre L especial é o fato de que para definir um morfismo com domı́nio L é suficiente
especificar a imagem do subconjunto i(X).
i j (2.1.9)
X f
X0
15
Da mesma maneira, como f é um bijeção existe sua inversa f −1 : X 0 → X e pelo
fato de L0 ser livre existe um morfismo ψ : σ(L0 ) → σ(L) tal que o Diagrama (2.1.10)
seja comutativo.
ψ
σ(L0 ) σ(L)
j i
(2.1.10)
X0 X
f −1
i i j j (2.1.11)
X X X0 X0
f −1 ◦f =idX f ◦f −1 =idX 0
Um exemplo bastante simples é o grupo trivial {e} que tanto é um objeto univer-
sal quanto um objeto couniversal na categoria G dos grupos. Além do grupo trivial
podemos considerar o Exemplo 2.1.11 que parte de uma categoria concreta arbitrária
e que relaciona objetos livres com objetos universais.
16
Os objetos universais e couniversais de uma categoria C são totalmente caracteriza-
dos: quaisquer dois elementos universais (respectivamente, couniversais) são isomorfos.
Fazemos a prova desta afirmação somente para objetos universais, dado que a demons-
tração deste fato para objetos couniversais é análoga.
Demonstração. Sejam I, I 0 ∈ C objetos universais. Como I é um objeto universal,
existe um único morfismo f : I → I 0 . Da mesma forma, como I 0 é um objeto universal,
existe um único morfismo g : I 0 → I. Portanto, as composições g ◦ f : I → I e
f ◦ g : I 0 → I 0 são morfismo de C . Entretanto, idI : I → I e idI 0 : I 0 → I 0 também são
morfismos de C . Destarte, g ◦ f = idI e f ◦ g = idI 0 . Assim temos que I é isomorfo a
I 0 e terminamos a prova.
2.1.5 Morfismos
f ◦ g1 = f ◦ g2 ⇒ g1 = g2 .
h1 ◦ f = h2 ◦ f ⇒ h1 = h2
17
Demonstração. (⇐) Sejam A ∈ MlR e g1 , g2 ∈ HomMlR (A, B). Se f é um morfismo
injetor e (f ◦ g1 )(a) = (f ◦ g2 )(a) para todo a ∈ A, então necessariamente g1 (a) = g2 (a)
para todo a ∈ A. Portanto g1 = g2 e, assim, f é um monomorfismo.
(⇒) Se f é um monomorfismo e b1 , b2 ∈ B são tais que f (b1 ) = f (b2 ), então
tomamos A = R e definimos g1 , g2 : A → B de modo que g1 (1R ) = b1 e que g2 (1R ) = b2 .
Então f ◦ g1 = f ◦ g2 e, portanto, g1 = g2 ⇒ g1 (1R ) = g2 (1R ) ⇒ b1 = b2 .
Definição 2.1.8 (Objeto zero). Seja C uma categoria. Um objeto 0 ∈ C é dito objeto
zero caso ele seja, concomitantemente, um objeto universal e um objeto couniversal
(vide Definição 2.1.6). I
18
A Categoria Universal U não possui objetos zero. Já a categoria MlR dos R-
módulos à esquerda possui o R-módulo trivial como objeto zero. Também a categoria
G dos grupos e a categoria R dos anéis têm como objetos zero o grupo trivial e o anel
trivial, respectivamente.
Sejam C uma categoria e B ∈ C . Como demonstrado na Sub-subseção 2.1.4,
quaisquer dois objetos universais (respectivamente, couniversais) de C são isomorfos.
Portanto, em particular, quaisquer dois objetos zero são isomorfos. Assim, se 0 ∈ C é
um objeto zero, então o único morfismo 0 → B é um monomorfismo e o único morfismo
B → 0 é um epimorfismo.
19
Proposição 2.1.7. Sejam C uma categoria e f, g : C → D morfismos de C . Se
i : B → C é um equalizador do par (f, g), então i é um morfismo mônico. Também,
se i : B → C e j : A → C são equalizadores do par (f, g), então existe um único
isomorfismo h : A → B de sorte que i ◦ h = j.
Demonstração. Sejam h, k : F → B morfismos de C tais que i ◦ h = i ◦ k. Então
f ◦ (i ◦ h) = (f ◦ i) ◦ h = (g ◦ i) ◦ h = g ◦ (i ◦ h). Como, por hipótese, i é um equalizador
do par (f, g), temos que existe um único morfismo t : F → B de modo que i ◦ t = i ◦ h.
Entretanto t = h e t = k satisfazem esta condição e, portanto, h = k. Destarte i é um
morfismo mônico.
Agora, por hipótese, existem únicos morfismos h : A → B e k : B → A tais que
i ◦ h = j e j ◦ k = i, respectivamente. Consequentemente i ◦ h ◦ k = j ◦ k = i = i ◦ idB
e j ◦ k ◦ h = i ◦ h = j = j ◦ idA . Como visto, i e j são monomorfismos e, portanto,
h ◦ k = idB e k ◦ h = idA . Logo h é um isomorfismo.
Seja C uma categoria em que 0 é um seu objeto zero. Devido à Proposição 2.1.6,
C possui morfismos zero. Definimos o núcleo do morfismo f : C → D de C como
sendo o equalizador do par (f, 0C,D ). Usualmente denotamos o núcleo do morfismo f
por Ker(f ). A Definição 2.1.9 e as Proposições 2.1.6 e 2.1.7 mostram que k : K → C é
o núcleo de f : C → D se, e somente se, k for um monomorfismo tal que f ◦ k = 0C,D e,
para todo h : B → C de sorte que f ◦ h = oB,D , existir um único morfismo h̄ : B → K
de C de modo que k ◦ h̄ = h.
O conúcleo t : D → E de um morfismo f : C → D de C é o coequalizador do
par (f, 0C,D ). Usualmente denotamos o conúcleo do morfismo f por Coker(f ). Como
no parágrafo anterior, o conúcleo t é caracterizado por ser um epimorfismo tal que
t ◦ f = 0C,E e por, para todo g : D → F de sorte que g ◦ f = 0C,F , existir um único
morfismo ḡ : E → F de modo que ḡ ◦ t = g.
Nas categorias dos grupos, dos anéis e dos R-módulos à esquerda temos que o
núcleo de um morfismo f : C → D é a aplicação inclusão ι : Ker(f ) → C onde
Ker(f ) = {c ∈ C : f (c) = 0}. Na categoria dos R-módulos à esquerda o epimorfismo
π :→ D → DIm(f ) é o conúcleo de f .
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Definição 2.2.1 (Produto de dois objetos). Sejam C uma categoria e A, B ∈ C . Se
existir um objeto A × B ∈ C e morfismos πA : A × B → A e πB : A × B → B de
modo que, para todo C ∈ C e para todos f : C → A e g : C → B, existe um único
morfismo hf, gi : C → A × B de forma que o Diagrama (2.2.1) é comutativo, dizemos
que (A × B, πA , πB ) é um produto para A e B em C .
C
f g
A hf, gi B (2.2.1)
πA πB
A×B
21
`
morfismo if, gh : A B → C de forma que o Diagrama (2.2.2) é comutativo, dizemos
que (A B, iA , iB ) é um coproduto para A e B em C .
`
C
f g
A ϕ B (2.2.2)
iA iB
`
A B
Exemplo 2.2.2 (Coproduto na categoria Gab ). Sejam Gab a categoria dos grupos abe-
lianos e G1 , G2 ∈ Gab . Consideramos o grupo abeliano soma direta G1 ⊕ G2 com a
operação binária clássica. Isto é, para todos (a1 , b1 ), (a2 , b2 ) ∈ G1 ⊕ G2 , definimos
Lembramos aqui que, sendo f e g morfismos em Gab , tem-se f (0) = g(0) = 0. Logo
if, gh ◦ i1 : G1 → G é idêntico a f pois, para todo a ∈ G1 , temos que if, gh ◦ i1 (a) =
if, gh (a, 0) = f (a) + g(0) = f (a). Analogamente if, gh ◦ i2 : G2 → G é igual a g pois,
para todo b ∈ G2 , temos que if, gh ◦ i2 (b) = ϕ(0, b) = f (0) + g(b) = g(b).
(Unicidade) A exigência
de que o Diagrama (2.2.2) seja comutativo faz if, gh ◦ i1 =
f, if, gh ◦ i2 = g ⇒ ∀a ∈ G1 , ∀b ∈ G2 , if, gh (a, 0) = f (a) e if, gh (0, b) =
g(b) . Sendo assim, a forma de if, gh fica completamente determinada pelo Dia-
grama (2.2.2) pois devemos ter if, gh (a, b) =if, gh (a, 0)+if, gh (0, b) = f (a) + g(b).
Logo, a aplicação if, gh definida acima é única. J
22
Seja C uma categoria. Dados dois morfismos f : C → A e g : D → B de C , se
existirem os produtos (C × D, πC , πD ) e (A × B, πA , πB ), fica definido o único morfismo
f × g : C × D → A × B que verifica πA ◦ (f × g) = f ◦ πC e πB ◦ (f × g) = g ◦ πD .
De fato, basta aplicar a Definição 2.2.1 tomando os morfismos f ◦ πC : C × D → A e
g ◦ πD : C × D → B. Vide Diagrama (2.2.3).
πC πD
C C×D D
f f ×g g (2.2.3)
A πA A×B πB B
` `
Analogamente, se existirem
` `os coprodutos
` (C D, iC ,` iD ) e (A B, iA , iB ) fica
` definido
o único morfismo f g : C D → A B tal que (f g) ◦ iC = iA ◦ f e (f g) ◦ i` D =
iB ◦g. De fato, basta
` aplicar a Definição 2.2.2 tomando os morfismos iA ◦f : C → A B
e iB ◦ g : D → A B. Vide Diagrama (2.2.4).
iC ` iD
C C D D
f f
`
g g (2.2.4)
`
A iA
A B iB
B
Nem sempre existem o produto ou o coproduto entre dois objetos de uma catego-
ria C , mas se existirem são únicos a menos de um único isomorfismo. Fazemos esta
demonstração somente para o caso do produto, dado que a prova para o coproduto é
análoga. Mais formalmente, sejam A, B ∈ C e (A × B, πA , πB ) e (A ×0 B, πA0 , πB0 )
dois produtos para estes objetos em C . Os morfismos πA ×0 πB : A × B → A ×0 B e
πA0 × πB0 : A ×0 B → A × B são os únicos isomorfismos, inversos entre si, que comutam
com as projeções.
A ×0 B
0
πA 0
πB
A 0 ×π 0
πA B B (2.2.5)
πA πB
A×B
23
A×B
πA πB
A πA ×0 πB B (2.2.6)
0
πA 0
πB
A ×0 B
Assim fica definido o morfismo (πA ×0 πB ) ◦ (πA0 × πB0 ) : A ×0 B → A ×0 B de modo
que πA0 ◦ (πA ×0 πB ) ◦ (πA0 × πB0 ) = πA ◦ (πA0 × πB0 ) = πA0 e πB0 ◦ (πA ×0 πB ) ◦ (πA0 × πB0 ) =
πB ◦ (πA0 × πB0 ) = πB0 (vide Diagrama (2.2.7)). Analogamente fica definida a composição
(πA0 × πB0 ) ◦ (πA ×0 πB ) : A × B → A × B de modo que πA ◦ (πA0 × πB0 ) ◦ (πA ×0 πB ) = πA
e πB ◦ (πA0 × πB0 ) ◦ (πA ×0 πB ) = πB (vide Diagrama (2.2.8)).
A ×0 B
0
πA 0
πB
0 ×π 0
πA B
πA πB (2.2.7)
A A×B B
0 πA ×0 πB 0
πA πB
A ×0 B
A×B
πA πB
πA ×0 πB
0
πA 0
πB
A A ×0 B B (2.2.8)
0 ×π 0
πA
πA B πB
A×B
Novamente usando a notação da Definição 2.2.1, consideramos C = A × B e os
morfismos f = πA e g = πB . Como mostrado anteriormente, o morfismo πA × πB :
A×B → A×B que torna o Diagrama (2.2.9) comutativo é único e, portanto, πA ×πB =
(πA0 × πB0 ) ◦ (πA ×0 πB ). Substituindo πA × πB por idA×B temos que o Diagrama (2.2.9)
continua sendo comutativo. Logo, (πA0 × πB0 ) ◦ (πA ×0 πB ) = idA×B .
A×B
πA πB
A πA ×πB B (2.2.9)
πA πB
A×B
Analogamente mostra-se que πA0 ×0 πB0 = (πA ×0 πB ) ◦ (πA0 × πB0 ) = idA×0 B . Desta
forma a afirmação está demonstrada.
24
As noções de produto e coproduto em uma categoria C podem ser estendidas para
uma famı́lia qualquer de objetos como na Definição 2.2.3 e na Definição 2.2.4. Continua
valendo para famı́lias arbitrárias de objetos da categoria C que nem sempre existem
o produto ou o coproduto, mas que se existirem são únicos a menos de um único iso-
morfismo. A prova para este fato é análoga à prova dada acima para o produto de dois
objetos.
Seja C uma categoria na qual quaisquer dois objetos admitam um produto. Dados
A, B, C ∈ C sabemos que os produtos A × B e (A × B) × C existem e que lhes estão
25
associadas as projeções πA : A×B → A , πB : A×B → B, πA×B : (A×B)×C → A×B
e πC : (A × B) × C → C. Afirmamos que A × B × C equipado com as projeções
πA ◦ πA×B : A × B × C → A, πB ◦ πA×B : A × B × C → B e πC : A × B × C → C é
um produto para A, B e C na categoria C .
Demonstração. Dados morfismos f1 : D → A, f2 : D → B e f3 : D → C definimos
unicamente hf1 , f2 i : D → A × B de modo que πA ◦ hf1 , f2 i = f1 e πB ◦ hf1 , f2 i = f2 .
Isto é sempre possı́vel graças à propriedade do produto A × B representada no lado
esquerdo do Diagrama (2.2.10).
A D
f1 πA hf1 , f2 i f3
πB πA×B πC
f2
B (A × B) × C
D D
f1 f2 f1 f2
πA πB πA πB
A×B A×B
26
2.3 Produto e coproduto fibrados
D
f1 f2
f1 ×C f2
A A ×C B B (2.3.1)
πA πB
g1 g2
C
I
Exemplo 2.3.1 (Produto fibrado na categoria Top dos espaços topológicos). Sejam
X, Y, Z ∈ Top. Dadas aplicações contı́nuas g1 : X → Z e g2 : Y → Z, temos que o
produto fibrado X ×Z Y é o subespaço topológico de X × Y formado pelos pares (x, y)
tais que g1 (x) = g2 (y) com as projeções naturais πX : X ×Z Y → X, (x, y) 7→ x, e
πY : X ×Z Y → Y , (x, y) 7→ y. Enfaticamente, sendo W ∈ Top e f1 : W → X e
f2 : W → Y aplicações contı́nuas tais que g1 ◦ f1 = g2 ◦ f2 , segue que f1 ×Z f2 : W →
X ×Z Y , w 7→ (f1 (w), f2 (w)), é a única aplicação contı́nua de W a X ×Z Y que torna
o Diagrama 2.3.1 comutativo. J
27
` `
A C B → D que torna o Diagrama (2.3.2) comutativo, dizemos que (A C B, iA , iB )
é um coproduto fibrado, ou push-forward, de g1 através de g2 em C .
D
f1 ` f2
f1 C f2
(2.3.2)
`
A iA
A C B iB
B
g1 g2
C
I
Exemplo 2.3.2 (Coproduto fibrado na categoria Top dos espaços topológicos). Sejam
X, Y, Z ∈ Top. Dadas ` aplicações contı́nuas g1 : Z → X e g2 : Z → Y , temos que
o coproduto fibrado X Z Y é o quociente topológico de X t Y pela relação
` ∼, sendo
g1 (z) ∼ g2 (z) para
` todo z ∈ Z, com as inclusões naturais iX : X → X Z Y , x 7→ [x],
e iY : Y → X Z Y , y 7→ [y]. Enfaticamente, sendo W ∈ Top e f1 : X`→ W
e f`2 : Y → W aplicações contı́nuas tais que f1 ◦ g1 = f2 ◦ g2 , segue que f1 ` Z f2 :
X Z Y → W , [x] 7→ f1 (x), [y] 7→ f2 (y), é a única aplicação contı́nua de X Z Y a
W que torna o Diagrama 2.3.2 comutativo. J
28
Exemplo 2.3.3 (Produto e coproduto fibrados na Categoria Universal U ). Sejam A,
B e C objetos na Categoria Universal. Temos que A ×C B = {(a, b) ∈ A × B : g1 (a) =
g2 (b)} com as projeções naturais e A C B = A t B∼ com as inclusões naturais,
`
sendo g1 (c) ∼ g2 (c) para todo c ∈ C. Observamos
` que se C = A ∩ B e se g1 : C → A
e g2 : C → B são as inclusões, então A C B = A ∪ B. Também, se C for um
conjunto
` unitário, temos que A ×C B = A × B e se C for o conjunto vazio, então
A C B = A t B. J
Aik
gik gki
Aij Ajk
Definição 2.3.4 (Produto fibrado de uma famı́lia genérica). Sejam C uma categoria,
J um conjunto de ı́ndices e Ω = ({Aj }, {Aij }, {gij }) uma tripla cartesiana em C com
Q em J. Um produto fibrado em C para a tripla
ı́ndices QΩ é um objeto de C , denotado
por Ω Aj , junto com uma famı́lia de morfismos πj : Ω Aj → Aj tais que, para todo
B ∈ C e toda famı́lia de morfismos fj : B → Aj Q de modo que gij ◦ fi = gji ◦ fj para
todo i, j ∈ J, existe um único morfismo f : B → Ω Aj de modo que πj ◦ f = fj para
todo j ∈ J. I
29
Exemplo 2.3.4 (Produto fibrado genérico na Categoria Universal). Sejam J um con-
({Aj }, {Aij }, {gij }) uma tripla cartesiana em U
junto de ı́ndices e Ω =Q Q com ı́ndices em
J. O produto fibrado Ω Aj é o subconjunto do produto cartesiano j ∈ J Aj formado
pelos elementos {aj } tais que gij (aj ) = gji (ai ) para todos i, j ∈ J. J
A imposição na Definição 2.3.5 de que Aij = Aji para todos i, j ∈ J é feita a fim
de garantir que os morfismos gij e gji tenham o mesmo domı́nio para todos i, j ∈ J.
Podemos conceber uma tripla cocartesiana como no Diagrama (2.3.4).
Aik
gik gki
Aij Ajk
Definição 2.3.6 (Coproduto fibrado de uma famı́lia genérica). Sejam C uma catego-
ria, J um conjunto de ı́ndices e Ω = ({Aj }, {Aij }, {gij }) uma tripla cocartesiana em C
com ı́ndices em` J. Um coproduto fibrado em C para a tripla Ω é um ` objeto de C ,
denotado por Ω Aj , junto com uma famı́lia de morfismos ij : Aj → Ω Aj tais que,
para todo B ∈ C e toda famı́lia de morfismos fj : A `j → B de modo que fi ◦gij = fj ◦gji
para todo i, j ∈ J, existe um único morfismo f : Ω Aj → B de modo que f ◦ ij = fj
para todo j ∈ J. I
Pode-se mostrar que se uma categoria C admite (co)produtos fibrados finitos para
quaisquer dois objetos seus, então C admite (co)produtos fibrados finitos quaisquer.
Não provamos aqui esta afirmação pois os passos necessários para a demonstração são
essencialmente os mesmos passos já vistos na prova da afirmação análoga para produ-
tos e coprodutos presente na Seção 2.2.
Proposição 2.3.1. Seja C uma categoria. Se C tem produtos fibrados finitos e objetos
finais, então C tem produtos finitos e equalizadores.
30
Demonstração. (Produtos finitos) Sejam F ∈ C um objeto final e A, B ∈ C . Existem
únicos morfismos fA : A → F e fB : B → F em C . Sendo assim, definimos o produto
de A e B em C como sendo o produto fibrado de fA através de fB em C . Ou seja, um
produto para A e B em C é a tripla (A ×F B, πA , πB ). Lembramos que uma categoria
tem produtos binários se, e somente se, tem produtos finitos quaisquer.
(Equalizadores) Sejam f, g : A → B morfismos de C . Como há produtos finitos em
C , existem únicos morfismos hidA , f i e hidA , gi de C de sorte que os Diagramas (2.3.5)
são comutativos. Ou seja, existem únicos morfismos de modo que πA ◦ hidA , f i = idA ,
πB ◦ hidA , f i = f , πA ◦ hidA , gi = idA e que πB ◦ hidA , gi = g.
A A
idA f idA g
πA πB πA πB
A×B A×B
Seja (A ×A×B A, π1 , π2 ) o produto fibrado de hidA , f i através de hidA , gi. Uma vez
que o Diagrama (2.3.6) é comutativo porque πA ◦ hidA , f i = idA e πA ◦ hidA , gi = idA ,
temos que π1 = idA ◦ π1 = idA ◦ π2 = π2 .
A ×A×B A
π1 π2
πA
idA idA
E
π π
πB
f g
31
Logo, π ◦ (h ×A×B h) = h. Escrevendo k = h ×A×B h terminamos a prova.
C
h h×A×B h h
A π E π A (2.3.8)
hidA , f i hidA , gi
A×B
Observação 2.3.3 (Uma categoria com produtos finitos e equalizadores mas sem ob-
jetos finais). Seja Ru∗ a categoria dos anéis unitários, com exceção do anel trivial, cujos
morfismos são os homomorfismos de anéis unitários. Esta categoria possui produtos
quaisquer e, portanto, em particular, possui todos os produtos finitos. Além disso, da-
dos dois morfismos f, g : B → C de Ru∗ , a aplicação inclusão ι : A → B, em que
A = {b ∈ B : f (b) = g(b)}, é o equalizador do par (f, g). Uma vez que todo homomor-
fismo de anéis unitários fixa o elemento neutro da soma e a identidade multiplicativa
do anel, segue que A ∈ Ru∗ . Entretanto Ru∗ não possui objetos finais dado que o único
candidato, a menos de isomorfismo, seria o anel trivial. J
D E
πA ◦e f2
f1 πB ◦e
hf1 ,f2 i e
A πA A×B πB B (2.3.9)
g1 g2
32
f1 ×C f2 : D → E tal que e ◦ (f1 ×C f2 ) = hf1 , f2 i. Temos que (πA ◦ e) ◦ (f1 ×C f2 ) =
πA ◦ hf1 , f2 i = f1 e que (πB ◦ e) ◦ (f1 ×C f2 ) = πB ◦ hf1 , f2 i = f2 .
(Unicidade) Se (f1 ×C f2 )0 : D → E é tal que πA ◦ (f1 ×C f2 )0 = f1 e que πB ◦
(f1 ×C f2 )0 = f2 , então e ◦ (f1 ×C f2 )0 = hf1 , f2 i = e ◦ (f1 ×C f2 ). Uma vez que todo
equalizador é um morfismo mônico, (f1 ×C f2 )0 = (f1 ×C f2 ).
Nas Proposições 2.3.1 e 2.3.2 assumimos sempre, como em todo texto, que os pro-
dutos e produtos fibrados não se dão sobre famı́lias vazias. No caso em que esta
possibilidade é aceita temos que uma categoria C tem produtos finitos e equalizadores
se, e somente se, C tem produtos fibrados finitos e objetos finais.
2.4 Funtores
33
Aqui Im(T ) não é uma categoria porque a composição T (f2 ) ◦ T (f1 ) não está definida.
De fato, sendo T (f1 ) = g1 e T (f2 ) = g2 , deverı́amos ter T (f2 ) ◦ T (f1 ) = g3 . Entretanto
g3 não pertence a Im(T ). J
Exemplo 2.4.1 (Funtor covariante identidade). Seja C uma categoria. Dizemos que
IdC : C → C , que a cada objeto A ∈ C fornece IdC (A) = A e que a cada morfismo
f ∈ C fornece IdC (f ) = f , é o funtor covariante identidade da categoria C em
si mesma. Temos que, para todo A ∈ C , IdC (idA ) = idA = idIdC (A) . Além disso,
para todos morfismos f, g ∈ C cuja composição esteja definida, T (g ◦ f ) = g ◦ f =
T (g) ◦ T (f ). J
Exemplo 2.4.2 (Funtor covariante entre MlR e Gab ). Sejam R um anel e A ∈ MlR
fixado. Lembramos que na Subseção 2.1 encontram-se definidas as categorias MlR dos
R-módulos à esquerda e Gab dos grupos abelianos. Se f : B → C é um morfismo
em MlR , então a aplicação hf : HomMlR (A, B) → HomMlR (A, C), ϕ 7→ f ◦ ϕ, é
um morfismo de Gab . Enfaticamente, para todos ϕ1 , ϕ2 ∈ HomMlR (A, B) e para todo
a ∈ A, temos que
hf (ϕ1 + ϕ2 )(a) = (f ◦ (ϕ1 + ϕ2 ))(a) = f (ϕ1 (a) + ϕ2 (a)) = f (ϕ1 (a)) + f (ϕ2 (a))
= (f ◦ ϕ1 )(a) + (f ◦ ϕ2 )(a) = hf (ϕ1 )(a) + hf (ϕ2 )(a)
= (hf (ϕ1 ) + hf (ϕ2 ))(a).
34
Definimos então o funtor covariante T : MlR → Gab , B 7→ HomMlR (A, B), f 7→ hf ,
entre as categorias MlR e Gab . Vejamos que T é realmente um funtor covariante entre
estas duas categorias. Temos que, para todo B ∈ MlR , T (idB ) : HomMlR (A, B) →
HomMlR (A, B), ϕ 7→ idB ◦ ϕ = ϕ, e, pois, T (idB ) = idHomM R (A,B) = idT (B) . Além
l
disso, dados f : B → C e g : C → D morfismos em MlR , temos por definição
que T (g ◦ f ) : HomMlR (A, B) → HomMlR (A, D), ϕ 7→ (g ◦ f ) ◦ ϕ. Uma vez que
(g◦f )◦ϕ = g◦(f ◦ϕ) para todo ϕ ∈ HomMlR (A, B), segue-se T (g◦f ) = T (g)◦T (f ). J
35
O funtor covariante esquecedor do Exemplo 2.4.5 “esquece” toda e qualquer estru-
tura que a categoria concreta (C , σ) possa ter. Podemos, entretanto, definir outros
funtores esquecedores que “se lembram” de algumas propriedades mas não de outras.
Por exemplo, podemos definir o funtor covariante T : MlR → Gab que associa a cada
R-módulo à esquerda seu grupo abeliano subjacente e que a cada homomorfismo de R-
módulos associa o mesmo morfismo pensado como homomorfismo de grupos abelianos.
Este funtor “se lembra” somente da estrutura aditiva de grupos mas não da estrutura
de multiplicação externa de R-módulo.
Exemplo 2.4.6 (Funtor contravariante entre MlR e Gab ). Sejam R um anel e A ∈ MlR
fixado. Se f : B → C é um morfismo em MlR , então a aplicação hf : HomMlR (C, A) →
HomMlR (B, A), ϕ 7→ ϕ ◦ f , é um morfismo de Gab . Enfaticamente, para todos ϕ1 , ϕ2 ∈
HomMlR (C, A) e para todo b ∈ B, temos que
36
HomC (B, A) → HomC (B, A), ϕ 7→ ϕ ◦ idB = ϕ, e, pois, homA (idB ) = idHomC (B,A) =
idhomA (B) . Além disso, dados f : B → C e g : C → D morfismos em C , temos por
definição que homA (g ◦ f ) : HomC (D, A) → HomC (B, A), ϕ 7→ ϕ ◦ (g ◦ f ). Uma vez
que ϕ ◦ (g ◦ f ) = (ϕ ◦ g) ◦ f para todo ϕ ∈ HomC (B, A), segue-se homA (g ◦ f ) =
homA (f ) ◦ homA (g). J
37
2.4.5 Funtores de duas variáveis
Assim a igualdade hfg (ϕ1 + ϕ2 ) = hfg (ϕ1 ) + hfg (ϕ2 ) garante que hfg é um homomorfismo
de grupos abelianos e, pois, que é um morfismo de Gab . Definimos então o funtor de
duas variáveis T : MlR × MlR → Gab , (A, B) 7→ HomMlR (A, B), (f, g) 7→ hfg . Graças
aos Exemplos 2.4.2 e 2.4.6 vemos que T é realmente um funtor de duas variáveis e que
é contravariante na primeira variável e covariante na segunda variável. J
Bem como os funtores ligam duas categorias, podemos ligar dois funtores entre duas
categorias fixadas graças à noção de transformação natural. Uma transformação natu-
ral pode ser considerada um ”morfismo de funtores”.
38
Definição 2.5.1 (Transformações naturais). Sejam C e D categorias e T1 , T2 : C → D
funtores covariantes.
αB
T1 (B) T2 (B)
T1 (f ) T2 (f ) (2.5.1)
T1 (C) αC T2 (C)
Uma transformação natural ou morfismo canônico α : T1 → T2 é uma função
que associa a cada objeto A ∈ C um morfismo αA : T1 (A) → T2 (A) de D de modo
que, para todo morfismo f : B → C de C , o Diagrama (2.5.1) seja comutativo. I
T (C) idC
T (C)
Por causa da Definição 2.5.2, os funtores entre duas categorias fixadas são eles mes-
mos objetos de uma categoria. Os morfismos desta nova categoria são as transformações
naturais entre os funtores que são seus objetos. Assim, em particular, dois funtores
T1 , T2 : C → D são isomorfos se existirem duas transformações naturais α1 : T1 → T2
e α2 : T2 → T1 de forma que α1 ◦ α2 = IdT2 e que α2 ◦ α1 = IdT1 (vide Exemplo 2.5.2).
Neste caso dizemos que α1 e α2 são isomorfismos naturais entre T1 e T2 , dizemos
que T1 é naturalmente isomorfo a T2 e escrevemos T1 ' T2 .
39
Demonstração. (⇒) Se a transformação natural α : T1 → T2 é um isomorfismo natural,
−1
então seu inverso α−1 : T2 → T1 e a Definição 2.5.2 garantem que αA ◦ αA = idT1 (A)
e que αA ◦ αA = idT2 (A) para todo A ∈ C . Desta forma, αA é um isomorfismo em
−1
Exemplo 2.6.1 (TopD ' U ). Sejam TopD a categoria dos espaços topológicos mu-
nidos da topologia discreta. Definimos o funtor T : U → TopD que associa a cada
conjunto X o espaço topológico (X, P(X)) e que a cada função f : X → Y em U
associa a mesma função em TopD pensada como aplicação contı́nua entre os espaços
(X, P(X)) e (Y, P(Y )). As categorias TopD e U são isomorfas pois o funtor cova-
riante esquecedor T −1 : TopD → U é o inverso do funtor T . J
Existe uma dicotomia que diferencia as categorias cuja classe de objetos são con-
juntos daquelas cuja classe de objetos são classes próprias. As primeiras são chamadas
de categorias pequenas e, as segundas, de categorias grandes.
Não podemos pensar em uma categoria cujos objetos sejam as categorias grandes
e cujos morfismos sejam os funtores entre elas pois a coleção de todas as categorias
grandes não é uma classe. Desta forma, com mais razão, não podemos falar na categoria
de todas as categorias. Entretanto, podemos tratar sobre a categoria de todas as
40
categorias pequenas. Ou seja, podemos considerar a categoria UC cujos objetos são as
categorias pequenas, cujos morfismos são os funtores entre estas e cuja lei de composição
de morfismos é a lei de composição de funtores previamente definida.
e que
41
• sendo (M1 , R1 ), (M2 , R2 ), (M3 , R3 ) ∈ Ml , a lei de composição de morfismos em
Ml é definida por
tal que f (∞) = ∞. O fato de que este funtor seja injetor entre os objetos e entre os
morfismos é imediato a partir de sua definição. Já o fato de que seja sobrejetor sobre
os morfismos dá-se porque a condição f (∞) = ∞ pode tanto ser acrescentada quanto
retirada de f sem que haja prejuı́zo à continuidade e às inclusões que este morfismo
deve verificar. Portanto o funtor assim definido é de fato um mergulho cheio entre as
categorias Topn e Topn+ . J
Observação 2.6.1. Através da composição dos mergulhos cheios dos Exemplos 2.6.3
e 2.6.4 fica definido um mergulho não-cheio Topn ,→ Topn+1 . Também existem ou-
tros mergulhos como Topn ,→ Topn+1 , (X, A1 , · · · , An−1 ) 7→ (X, A1 , · · · , An−1 , ∅) e
Topn+ ,→ Top(n+1)+ , (X, A1 , · · · , An−1 , x0 ) 7→ (X, A1 , · · · , An−1 , {x0 }, x0 ), que agem
como a identidade sobre os morfismos. J
42
Exemplo 2.6.5 (Top2 ,→ Hom(Top)). Seja ι : Top2 ,→ Hom(Top) o funtor covariante
que associa ao objeto (X, A) o objeto i : A ,→ X, sendo i a aplicação inclusão, e
que associa ao morfismo f : (X, A) → (Y, B) o morfismo (f, f |A ). Este funtor é
um mergulho cheio pois, se i : A ,→ X e j : B ,→ Y são inclusões, então, dado um
morfismo (f, g) : i → j, temos que g(a) = g ◦ i(a) = j ◦ f (a) = f (a) para todo a ∈ A.
Portanto g = f |A .
Mais geralmente temos o mergulho cheio ι : Topn ,→ Homn (Top) que associa ao
objeto (X, A1 , · · · , An−1 ) a sequência de inclusões An−1 ,→ · · · ,→ A1 ,→ X e que
associa ao morfismo f : (X, A1 , · · · , An−1 ) → (Y, B1 , · · · , Bn−1 ) o morfismo (f, f |A1
, · · · , f |An−1 ). J
43
Exemplo 2.6.6 (Funtor não-injetor fiel). Definimos o funtor covariante esquecedor
T : G → U em que G é a categoria dos grupos. Este funtor não é injetor entre os
objetos pois um mesmo conjunto pode admitir várias estruturas de grupo. Entretanto
T é um funtor fiel pois um morfismo de grupos é, em particular, uma função entre
conjuntos. J
Exemplo 2.6.7 (Funtor não-sobrejetor cheio). Seja V a categoria dos espaços vetorias
cujos objetos são os pares (V, K), onde K é um corpo e V é um K-espaço vetorial, e
cujos morfismos entre (V, K) e (V 0 , K0 ) são os pares (f, ϕ) em que ϕ : K → K0 é um
homomorfismo de corpos e f : V → V 0 é uma aplicação tal que f (λ1 v1 + λ2 v2 ) =
ϕ(λ1 )f (v1 ) + ϕ(λ2 )f (v2 ) para todos λ1 , λ2 ∈ K e para todos v1 , v2 ∈ V . Definimos
a composição dos pares (f1 , ϕ1 ) : (V1 , K1 ) → (V2 , K2 ) e (f2 , ϕ2 ) : (V2 , K2 ) → (V3 , K3 )
como sendo (f2 , ϕ2 ) ◦ (f1 , ϕ1 ) := (f2 ◦ f1 , ϕ2 ◦ ϕ1 ). Lembramos que Ru é a categoria
dos anéis unitários cujos morfismos são os homomorfismos de anéis que preservam as
unidades.
Definimos então o funtor covariante T : V → Ru que associa a cada par (V, K) o
anel unitário K e que a cada par (f, ϕ) associa o morfismo ϕ pensado como homomor-
fismo de anéis unitários. Este funtor é cheio pois, para todos (V, K), (V 0 , K0 ) ∈ V ,
todo morfismo ϕ : K → K0 de Ru é a imagem do morfismo ({0}, ϕ) de V . Entretanto
este funtor não é sobrejetor entre os objetos. J
A T (A) (S ◦ T )(A)
f T (f ) (S◦T )(f ) (2.6.1)
B T (B) (S ◦ T )(B)
αB
44
g 7→ βT−1(B) ◦ g ◦ βT (A)
é uma aplicação bijetora uma vez que βT (A) e βT (B) são isomorfismos. Destarte T :
HomC ((S ◦ T )(A), (S ◦ T )(B)) → HomD ((T ◦ S ◦ T )(A), (T ◦ S ◦ T )(B)) é sobre-
jetora. Graças à Proposição 2.1.2, os isomorfismos αA e αB induzem uma bijeção
entre HomC ((S ◦ T )(A), (S ◦ T )(B)) e HomC (A, B). Analogamente, os isomorfismos
βT (A) e βT (B) induzem uma bijeção entre HomD ((T ◦ S ◦ T )(A), (T ◦ S ◦ T )(B)) e
HomD (T (A), T (B)). Portanto T : HomC (A, B) → HomD (T (A), T (B)) é sobrejetora
e, pois, T é um funtor cheio.
βT (A)
βT (B)
Enfim, para todo objeto B ∈ D fixado, definimos A := S(B). Destarte fica definido o
isomorfismo βB entre T (A) e B.
(⇐) Vamos mostrar que existe um funtor S : D → C de sorte que S ◦T ' IdC e que
T ◦ S ' IdD . Para cada B ∈ D, fixamos A ∈ C de modo que B ' T (A) e definimos
S(Y ) := A, fixando um isomorfismo ηA,B : T (A) → B. Dado um morfismo f : B → B 0
em D, sejam A = S(B) e A0 = S(B 0 ). Definimos ϕ := ηA−10 ,B 0 ◦ f ◦ ηA,B : T (A) → T (A0 ).
Dado que T é um funtor fiel e cheio, existe um único morfismo ξ : A → A0 tal que
T (ξ) = ϕ. Definimos então S(f ) := ξ.
Exemplo 2.6.8 (Equivalência que não é um isomorfismo entre categorias). Seja V¯fK
a subcategoria cheia de VfK cujos objetos são somente os espaços vetoriais Kn , para
todo n ∈ N. Segue imediatamente do Teorema 2.6.1 que o mergulho de V¯fK em VfK é
uma equivalência de categorias. Obviamente este mergulho não é um isomorfismo de
categorias dado que não é sobrejetor entre os objetos. J
45
(vide Exemplo 2.4.3) e o funtor T . Dizemos também que S é um funtor repre-
sentável se existir B ∈ C de modo que haja um isomorfismo natural β entre o funtor
contravariante homB (vide Exemplo 2.4.7) e o funtor S. Os pares (A, α) e (B, β) são
ditos representações de T e de S, respectivamente. Além disso, T é dito representado
pelo objeto A e S é dito representado pelo objeto B. I
homB (Y ) βY
S(Y )
De fato, para toda função f : X → Y , temos que
(S(f ) ◦ βY )(g) = S(f )(g −1 (1)) = f −1 (g −1 (1))
= (g ◦ f )−1 (1) = βX (g ◦ f )
= (βX ◦ hf )(g).
Uma vez que, para todo X ∈ U , βX é um isomorfismo em U , a Proposição 2.5.1
diz que β se trata de um isomorfismo natural. Destarte S é um funtor contravariante
representável e (B, β) é uma sua representação. J
46
Consequentemente,
βB
homA (B) T (B)
homA (C) βC
T (C)
como afirmado.
47
(A, αA (idA )) e (B, s) e, pois, (A, αA (idA )) é um objeto universal em CT . Equivalente-
mente, (A, αA (idA )) ∈ E(T ).
Sejam (A, u) ∈ E(T ) e β : homA → T a transformação natural do Lema 2.7.2
que é tal que βC : HomC (A, C) → T (C), f 7→ T (f )(u), para todo C ∈ C . Se
s ∈ T (C), então (C, s) ∈ CT . Uma vez que (A, u) é um objeto universal em CT , existe
f ∈ HomC (A, C) de sorte que s = T (f )(u) = βC (f ). Portanto, βC é sobrejetiva. Se
βC (f1 ) = βC (f2 ), então T (f1 )(u) = βC (f1 ) = βC (f2 ) = T (f2 )(u). Ou seja, f1 e f2
são ambos morfismos em CT entre (A, u) e (C, T (f1 )(u)) = (C, T (f2 )(u)). Assim,
como (A, u) é um objeto universal em CT , necessariamente f1 = f2 . Destarte βC é
também injetiva e, pois, um isomorfismo na Categoria Universal. Desta forma β é um
isomorfismo natural e, portanto, (A, β) ∈ Rep(T ).
Definimos ΨT : E(T ) → Rep(T ), (A, u) 7→ (A, β), em que β é o isomorfismo natural
do parágrafo precedente. Para terminar a demonstração, basta ver que ΦT ◦ΨT = idE(T )
e que ΨT ◦ ΦT = idRep(T ) . Enfaticamente, sendo (A, u) ∈ E(T ), temos que
ΦT ◦ ΨT (A, u) = ΦT (A, β) = (A, βA (idA )).
Mas, pelo Lema 2.7.2, βA (idA ) = u. Também, sendo (B, α) ∈ Rep(T ), temos que
ΨT ◦ ΦT (B, α) = ΨT (B, αB (idB )) = (B, β),
em que β : homB → T é tal que, para todo C ∈ C , βC : HomC (A, C) → T (C),
f 7→ T (f )(αB (idB )). Mas, pelo Lema 2.7.1, T (f )(αB (idB )) = αC (f ). Logo βC = αC
para todo C ∈ C e, pois, α = β.
48
Como f é o único isomorfismo entre A e B em C tal que T (f )(u) = v, segue que
f = f 0.
N at(homB , T1 ) ΦB
T1 (B) N at(homA , T2 ) ΦA
T2 (A)
49
f g
Claramente S(idC ) = idAC = idS(C) . Se C → C 0 → C 00 são morfismos de C ,
então por definição S(g) é o único morfismo ḡ : AC 0 → AC 00 tal que T (idC 0 , ḡ)(uC 0 ) =
T (g, idAC 00 (uC 00 ). Similarmente, S(g ◦ f ) é o único morfismo h̄ : AC → AC 00 tal que
T (idC , h̄)(uC ) = T (g ◦ f, idAC 00 )(uC 00 ). Consequentemente S(g) ◦ S(f ) = ḡ ◦ f¯ é um
morfismo AC → AC 00 tal que
T (idC , ḡ ◦ f¯)(uC ) = (T (idC , ḡ) ◦ T (idC , f¯))(uC ) = T (idC , ḡ)T (idC , f¯)(uC )
= T (idC , ḡ)T (f, idAC 0 )(uC 0 ) = T (f, ḡ)(uC 0 )
= (T (f, idAC 00 ) ◦ T (idC 0 , ḡ))(uC 0 ) = T (f, idAC 00 )T (idC 0 , ḡ)(uC 0 )
= T (f, idAC 00 )T (g, idAC 00 )(uC 00 ) = T (g ◦ f, idAC 00 )(uC 00 )
= T (idC , h̄)(uC ).
2.8 Adjunção
50
(A, B) 7→ HomC (A, B), (f, g) 7→ hfg . Este funtor é contravariante na primeira variável
e covariante na segunda.
HomC (T 0 (A, B), C) e HomC ×C ((A, B), S(C)) que é natural em (A, B) e em C. Por
conseguinte (T 0 , S) é um par adjunto. J
51
é um parQadjunto e se {Aj }j ∈ J ⊂ C , sendo J um conjunto Q de ı́ndices, é tal que o
produto ( j ∈ J Aj , {πj }j ∈ J ) está definido em C , então (T ( j ∈ J Aj ), {T (πjQ )}j ∈ J ) é um
produto
Q para a famı́lia {T (A )}
j j ∈J em D. Deste modo podemos escrever T ( j ∈ J Aj ) =
j ∈ J T (Aj ).
Precisamos mostrar que, para todo B ∈ D e para toda famı́lia de morfismos fj :
B → T (Aj ) de D, existe um único morfismo f : B → T ( j ∈ J Aj ) de sorte que
Q
T (πj ) ◦ f = fj para todo j ∈ J. Sendo que HomD (B, T (Aj )) é naturalmente bijetivo
a HomD (S(B), Aj ) para todo j ∈ J, temos que à famı́lia {fj }j ∈ J está associada
uma única famı́liaQfj0 : S(B) → Aj de C . Assim, fica definido um único morfismo
(fj0 )j ∈ J : S(B) → j ∈ J Aj de modo que Q πj ◦ (fj0 )j ∈ J = fj0 para todo j ∈ J. Logo existe
uma única aplicação (fj )j ∈ J : B → T ( j ∈ J Aj ) de forma que T (πj ) ◦ (fj0 )0j ∈ J = fj
0 0
para todo j ∈ J.
Analogamente, se (S, T ) é um par adjunto e se {Aj }j ∈ J ⊂ C , sendo J um con-
j , {ij }j ∈ J ) está definido em C , então
`
junto de ı́ndices, é tal que o coproduto ( j ∈J A
` para a famı́lia {T (Aj )}j ∈ J em D. Deste
`
(T ( j ∈ J Aj ), {T (ij )}j ∈ J ) ` é um coproduto
modo podemos escrever T ( j ∈ J Aj ) = j ∈ J T (Aj ). J
52
β : homD (S2 (−), −) → homC (−, T (−)). Graças à Proposição 2.8.1, para todo objeto
C ∈ C , os objetos S1 (C) e S2 (C) de D representam o funtor homC (C, T (−)). Con-
sequentemente, para todo objeto C ∈ C , o Corolário 2.7.1 garante a existência de
um isomorfismo fC : S1 (C) → S2 (C). Então, precisamos somente verificar que fC é
natural em C; ou seja, para todo morfismo g : C → C 0 de C , precisamos mostrar que
o Diagrama (2.8.2) é comutativo.
fC
S1 (C) S2 (C)
S1 (g) S2 (g) (2.8.2)
S1 (C 0 ) fC 0
S2 (C 0 )
Isto se dá porque a imagem de idS2 (C 0 ) pelas composições do Diagrama (2.8.3) são
S2 (g) ◦ fC e fC 0 ◦ S1 (g). Enfaticamente, temos que
S (g)
(hfidCS 0
◦ hid2S 0
)(idS2 (C 0 ) ) = hfidCS 0
(idS2 (C 0 ) ◦ idS2 (C 0 ) ◦ S2 (g))
2 (C ) 2 (C ) 2 (C )
= hfidCS 0
(S2 (g)) = idS2 (C 0 ) ◦ S2 (g) ◦ fC
2 (C )
= S2 (g) ◦ fC
e que
S (g) f S (g)
(hid1S 0
◦ hidCS0 0
)(idS2 (C 0 ) ) = hid1S 0
(idS2 (C 0 ) ◦ idS2 (C 0 ) ◦ fC 0 )
2 (C ) 2 (C ) 2 (C )
S (g)
= hid1S 0
(fC 0 ) = idS2 (C 0 ) ◦ fC 0 ◦ S1 (g)
2 (C )
= fC 0 ◦ S1 (g).
53
αC 0
f 0
hidC
S2 (C 0 ) βC 0
0 0
homD (S1 (C ), S2 (C )) homD (S2 (C 0 ), S2 (C 0 )) homC (C 0 , T S2 (C 0 ))
S (g) S (g) g
hid1 hid2 hid
S2 (C 0 ) S2 (C 0 ) S2 (C 0 )
αC
S (g) f
Mas como αC = αC,S2 (C 0 ) é, por hipótese, injetor, segue que hid1S 0
◦ hidCS0 0
=
2 (C ) 2 (C )
S (g)
hfidCS 0
◦ hid2S 0
. Assim terminamos a prova.
2 (C ) 2 (C )
Definição 2.9.2 (Sistema direto). Seja C uma categoria. Dizemos que uma tripla
(Λ, ≤), {Aα }, {ιαβ }
é um sistema direto em C , sendo (Λ, ≤) ∈ O um conjunto direto, {Aα }α ∈ Λ ⊂ C
uma coleção de objetos e {ιαβ } uma coleção de morfismos ιαβ : Aα → Aβ , com α, β ∈
Λ e α ≤ β, de sorte que ιαα = idAα para todo α ∈ Λ, e que ιαγ = ιβγ ◦ ιαβ para todos
α, β, γ ∈ Λ com α ≤ β ≤ γ. I
Definição 2.9.3 (Limite direto). Sejam C uma categoria e (Λ, ≤), {Aα }, {ιαβ } um
54
1. para todos α, β ∈ Λ com α ≤ β, o Diagrama (2.9.1) é comutativo;
Aα
ια
ιαβ (2.9.1)
Aβ ιβ limAα
−→
Aβ ϕβ Y
ια
Aα limAα
−→
ϕ
(2.9.3)
ϕα
Y
I
Pode-se mostrar que limites diretos são únicos a menos de um único isomorfismo.
Por termos feito demonstrações neste sentido antes, não a fazemos aqui. Por conta
disso, falamos doravante sobre o limite direto de um sistema direto.
Teorema 2.9.1. Sejam U a Categoria Universal e (Λ, ≤), {Aα }, {ιαβ } um sistema
Definição 2.9.4 (Sistema inverso). Seja C uma categoria. Dizemos que uma tripla
(Λ, ≤), {Aα }, {πβα }
55
Definição 2.9.5 (Limite inverso). Sejam C uma categoria e (Λ, ≤), {Aα }, {πβα }
limAα
←−
πβα
πα (2.9.4)
Aβ πβ Aα
Aβ πβα Aα
ϕ
Y limAα
←−
ϕα πα
(2.9.6)
Aα
Como antes, pode-se mostrar também que limites inversos são únicos a menos de
um único isomorfismo. Por conta disso, falamos doravante sobre o limite inverso de
um sistema inverso.
Teorema 2.9.2. Sejam U a Categoria Universal e (Λ, ≤), {Aα }, {πβα } um sistema
Y
inverso em U . Então limAα é o conjunto dos (xα )α ∈ Λ ∈ Aα tais que πβα (xβ ) =
←−
α∈Λ
xα para todos α, β ∈ Λ com α ≤ β.
56
3 Álgebra Homológica
∂C1
C1 C1
ϕ ϕ (3.1.1)
C2 ∂C2
C2
Definição 3.1.2 (Ciclos e bordos). Seja (C, ∂C ) ∈ G∂ . Dizemos que Z(C) := Ker(∂C )
é o subgrupo dos ciclos de C e que B(C) := Im(∂C ) é o subgrupo dos bordos de
C. I
H(C) := Z(C)B(C).
58
Exemplo 3.1.1 (Grupos de homologia). Seja C um grupo abeliano.
• O endomorfismo nulo faz com que C seja um grupo diferencial. Neste caso,
Z(C) = C e B(C) = {0}. Portanto H(C) ∼
= C.
• Se A é um subgrupo de C e f : A → C é um homomorfismo de grupos abelianos,
então
f
∂A⊕C : A ⊕ C → A ⊕ C,
(a, c) 7→ (0, f (a)),
f
faz com que (A ⊕ C, ∂A⊕C ) seja um grupo diferencial. Neste caso, Z(A ⊕ C) =
Ker(f ) ⊕ C e B(A ⊕ C) = {0} ⊕ Im(f ). Portanto H(A ⊕ C) ∼ = Ker(f ) ⊕
Coker(f ). J
59
3.2 Grupos graduados diferenciais
Definição 3.2.1 (Grupo graduado). Dizemos que C = {Cj }j ∈ Z ⊂ Gab é um grupo
graduado. Dizemos que os elementos de Cj têm grau j. Sejam C e C 0 grupos
graduados e r ∈ Z; um homomorfismo de grau r entre C e C 0 consiste de uma
0
coleção ϕ = {ϕj : Cj → Cj+r }j ∈ Z de homomorfismos de Gab . I
Definimos GZ como sendo a categoria dos grupos graduados cujos morfismos são os
homomorfismos de grupos graduados de graus quaisquer. A composição de morfismos
é definida como ◦ : HomGZ (C, C 0 ) × HomGZ (C 0 , C 00 ) → HomGZ (C, C 00 ), ({ϕj : Cj →
0
Cj+r }
1 j ∈Z
00
, {ψj : Cj0 → Cj+r }
2 j ∈Z
00
) 7→ {ψj+r1 ◦ ϕj : Cj → Cj+r }
1 +r2 j ∈ Z
, para todos
C, C 0 , C 00 ∈ GZ . Além disso, a soma em HomGZ (C, C 0 ) torna este conjunto de mor-
fismos um grupo abeliano para todos C, C 0 ∈ GZ . O fato de o grau da composição
ser a soma dos graus das componentes garante que a subcategoria não-cheia GZ0 de GZ
cujos objetos são os mesmos de GZ e cujos morfismos são os homomorfismos de grupos
graduados de grau zero está bem definida.
∂j−1 ∂j ∂j+1
60
Sendo (C, ∂C ) um complexo de cadeias e escrevendo ∂C = {∂j : Cj → Cj−1 }j ∈ Z ,
podemos entender o operador bordo de um complexo de cadeias como no esquema a
seguir. Insistimos aqui que a condição ∂C ◦ ∂C = 0 equivale a ∂j−1 ◦ ∂j = 0 para todo
j ∈ Z.
··· ∂j−1
Cj−1 ∂j
Cj ∂j+1
Cj+1 ∂j+2
···
0
··· 0
Cj−1 Cj0 0
Cj+1 ···
∂j−1 ∂j0 0
∂j+1 0
∂j+2
61
! !
Y Y a M
Bj Ck = Bj (C k ) e Bj Ck = Bj (C k ).
k∈K k∈K k∈K k∈K
Destarte, temos que
! !
Y Y a M
H Ck = H(C k ) e H Ck = H(C k ).
k∈K k∈K k∈K k∈K
Teorema 3.3.1. Seja ((Λ, ≤), {Aα }, {ιαβ }) um sistema direto em AbC cujo limite
direto é limAα . Se H : AbC → GZ0 é o funtor covariante homologia, então temos que
−→
((Λ, ≤), H(Aα ), {(ιαβ )∗ }) é um sistema direto em GZ0 e que H limAα = lim H(Aα ).
−→ −→
Aβ ιβ limAα
−→
62
Considerando agora a famı́lia de morfismos {(ια )∗ : H(Aα ) → H(limAα )}α ∈ Λ de GZ0 , é
−→
imediato verificar que o Diagrama (3.3.3) é comutativo.
H(Aα )
(ια )∗
(ιαβ )∗ (3.3.3)
H(Aβ ) (ιβ )∗
H(limAα )
−→
Vê-se então que, para todo Y ∈ GZ0 e para toda famı́lia de morfismos {ϕα : H(Aα ) →
Y }α ∈ Λ de GZ0 tal que o Diagrama (3.3.4) é comutativo para α, β ∈ Λ com α ≤ β,
existe um único morfismo ϕ : H(limAα ) → Y em GZ0 de sorte que o Diagrama (3.3.5)
−→
é comutativo para todo α ∈ Λ.
H(Aα )
ϕα (3.3.4)
(ιαβ )∗
H(Aβ ) ϕβ Y
(ια )∗
H(Aα ) H(limAα )
−→
ϕ
(3.3.5)
ϕα
Y
63
Proposição 3.4.1. Sejam (C, ∂C ) e (C 0 , ∂C 0 ) complexos de cadeias. Dizemos que duas
transformações de cadeias ϕ, ϕ0 : C → C 0 estão relacionadas se, e somente se, ϕ ' ϕ0 .
Esta relação é uma relação de equivalência no conjunto HomAbC (C, C 0 ). Denotamos a
classe de equivalência de uma transformação de cadeias ϕ : C → C 0 por [ϕ].
0
Cj−1 ∂j0 Cj0 0
∂j+1 0
Cj+1
00
Cj−1 Cj00 00
Cj+1
∂j00 00
∂j+1
64
De fato, para todo j ∈ Z, temos que
00
∂j+1 ◦ (ϕ̃ ◦ D + D̃ ◦ ϕ0 )j + (ϕ̃ ◦ D + D̃ ◦ ϕ0 )j−1 ◦ ∂j
00
= ∂j+1 ◦ (ϕ̃j+1 ◦ Dj + D̃j ◦ ϕ0j ) + (ϕ̃j ◦ Dj−1 + D̃j−1 ◦ ϕ0j−1 ) ◦ ∂j
00 00
= ∂j+1 ◦ ϕ̃j+1 ◦ Dj + ∂j+1 ◦ D̃j ◦ ϕ0j + ϕ̃j ◦ Dj−1 ◦ ∂j + D̃j−1 ◦ ϕ0j−1 ◦ ∂j
0 00
= ϕ̃j ◦ ∂j+1 ◦ Dj + ∂j+1 ◦ D̃j ◦ ϕ0j + ϕ̃j ◦ Dj−1 ◦ ∂j + D̃j−1 ◦ ∂j0 ◦ ϕ0j
0 00
= ϕ̃j ◦ (∂j+1 ◦ Dj + Dj−1 ◦ ∂j ) + (∂j+1 ◦ D̃j + D̃j−1 ◦ ∂j0 ) ◦ ϕ0j
= ϕ̃j ◦ (ϕj − ϕ0j ) + (ϕ̃j − ϕ̃0j ) ◦ ϕ0j
= ϕ̃j ◦ ϕj − ϕ̃j ◦ ϕ0j + ϕ̃j ◦ ϕ0j − ϕ̃0j ◦ ϕ0j
= ϕ̃j ◦ ϕj − ϕ̃0j ◦ ϕ0j .
··· {0} ∂0
Z2 ∂1
Z ∂2
Z ∂3
{0} ···
65
e 0C , então ∂1 ◦ D0 = idZ2 . Ou seja, o homomorfismo ∂1 : Z → Z2 tem como um
seu inverso à direita D0 . Contudo, todo homomorfismo de Z2 em Z é necessariamente
trivial. J
Teorema 3.5.1. Seja (C, ∂C ) um complexo de cadeias livre. Então C é acı́clico se, e
somente se, C é contrátil.
Demonstração. É suficiente verificar que se C é um complexo de cadeias acı́cilo, então C
é um complexo de cadeias contrátil. Para todo j ∈ Z, a aplicação ∂j é um epimorfismo
de Cj a Bj−1 (C) = Zj−1 (C).
Uma vez que Cj−1 é um grupo livre, temos que Zj−1 (C) também o é. Além disso,
existe um homomorfismo sj−1 : Zj−1 (C) → Cj que é um inverso à direita de ∂j . Então
idCj − sj−1 ◦ ∂j aplica Cj a Zj (C). De fato, para todo j ∈ Z e para todo c ∈ Zj , temos
que [∂j ◦ (idCj − sj−1 ◦ ∂j )](c) = ∂j (c) − (∂j ◦ sj−1 ◦ ∂j )(c) = ∂j (c) − (idCj ◦ ∂j )(c) = 0.
Definimos agora {Dj }j ∈ Z como sendo o homomorfismo de grau um tal que Dj =
sj ◦ (idCj − sj−1 ◦ ∂j ) : Cj → Cj+1 para todo j ∈ Z. Temos que ∂j+1 ◦ Dj + Dj−1 ◦ ∂j =
∂j+1 ◦ sj ◦ (idCj − sj−1 ◦ ∂j ) + sj−1 ◦ (idCj−1 − sj−2 ◦ ∂j−1 ) ◦ ∂j = idCj para todo j ∈ Z.
Destarte {Dj }j ∈ Z é uma contração de cadeias de C.
Definição 3.5.2 (Categoria com modelos e base para um funtor covariante). Sejam
C uma categoria e M = {Mj }j ∈ J um conjunto de objetos de C , em que J é um
conjunto de ı́ndices. Dizemos que (C , M ) é uma categoria com modelos. Seja
T : C → Gab um funtor covariante. Dizemos que uma famı́lia {gj ∈ T (Mj )}j ∈ J é
uma base para T , onde Mj ∈ M para todo j ∈ J, se, para todo A ∈ C , a famı́lia
{T (f )(gj )}j ∈ J; f ∈ HomC (Mj ,A) é uma base para T (A). I
Para cada j ∈ Z, seja πj : AbC → Gab o funtor covariante que associa a cada
complexo de cadeias C o grupo abeliano Cj e que associa a cada transformação de
cadeias ϕ : C → C 0 o homomorfismo ϕj : Cj → Cj0 . Além disso, para todo j ∈ Z,
sendo T : C → AbC um funtor covariante, denotamos por Tj o funtor covariante
πj ◦ T : C → Gab .
Definição 3.5.3 (Funtor covariante livre). Sejam (C , M ) uma categoria com modelos
e T : C → Gab um funtor covariante. Dizemos que T é um funtor livre em C com
modelos em M se ele possuir uma base. Seja T : C → AbC um funtor covariante.
Dizemos que T é um funtor livre em C com modelos em M se Tj : C → Gab é um
funtor livre para todo j ∈ Z. I
66
(∆(X), ∂∆(X) ). Então ∆ é um funtor livre em C com modelos em M . De fato, se
ξj : ∆j → ∆j é a aplicação identidade, então o conjunto unitário {ξj ∈ ∆j (∆j )} é
uma base para ∆j . Isto se dá porque, para todo X ∈ C e para todo j ∈ Z, a famı́lia
{∆(f )(ξj )}f ∈ HomC (∆j , X) = HomC (∆j , X) é, por definição, uma base para ∆j . Por-
tanto, uma vez que ∆j = πj ◦ ∆ : C → Gab é um funtor livre em C com modelos em
M para todo j ∈ Z, temos que ∆ : C → AbC é um funtor livre em C com modelos
em M . J
X X
nij Tj0 (f ) (αj )Mi (gij )
(αj )A
nij Tj (f )(gij )
= (3.5.1)
f ∈ HomC (Mi ,A) f ∈ HomC (Mi ,A)
i ∈ Ij i ∈ Ij
X X
nij Tj0 (f ) (Dj )Mi (gij )
(Dj )A
nij Tj (f )(gij )
= (3.5.2)
f ∈ HomC (Mi ,A) f ∈ HomC (Mi ,A)
i ∈ Ij i ∈ Ij
67
∂j+1 ◦ (Dj )A = (αj )A − (αj0 )A − (Dj−1 )A ◦ ∂j (3.5.4)
Tendo definido αk (ou Dk ) para k < j, com j ∈ N∗ , é suficiente definir (αj )Mi (gij )
para i ∈ Ij de modo que valha a Equação (3.5.5) e é suficiente definir (Dj )Mi (gij )
para i ∈ Ij de sorte que valha a Equação (3.5.6). De fato, (αj )A e (Dj )A podem
então ser determinados pela Equação (3.5.1) e pela Equação (3.5.2), respectivamente.
É claro então que (αj )A e que (Dj )A serão naturais e que satisfarão às Equações (3.5.3)
e (3.5.4).
∂j (αj )Mi (gi ) = (αj−1 )Mi ∂j (gi ) (3.5.5)
∂j+1 (Dj )Mi (gi ) = (αj )Mi (gi ) − (αj0 )Mi − (Dj−1 )Mi (∂j (gi )
(3.5.6)
Dada uma transformação natural ϕ : H0 (T ) → H0 (T 0 ), a definição indutiva de α
se dá como a seguir. Para j = 0 definimos (α0 )Mi (gij ) para i ∈ I0 como sendo algum
elemento de T00 (Mi ) tal que [(α0 )Mi (gij )] = ϕ(Mi )[gij ]. Usamos então a Equação (3.5.1)
para definir (α0 )A para todo A ∈ C . Então, para todo g ∈ T0 (A), [(α0 )A (g)] =
ϕ(A)[g]. Em particular, para todo i ∈ J1 , (α0 )Mi ∂j (gi ) é um bordo em T00 (M i ).
0
Portanto, podemos definir (α1 )Mi (gij ) ∈ T1 (Mi ) de modo que ∂j (α1 )Mi (gij ) =
(α0 )Mi ∂j (gij ) . Usamos então a Equação (3.5.1) para definir (α1 )A para todo A ∈
C . Assumindo que tenhamos definido αk para k < j, com j > 1, de modo que a
Equação (3.5.3) seja satisfeita, observamos que o lado direito da Equação (3.5.5) é
um ciclo de Tj−1 (Mi ). Como j > 1 e o funtor T 0 : C → AbC é acı́clico em di-
mensões positivas, temos que Hj−1 (T 0 (Mi )) = {0}, e definimos (αj )Mi (gij ) para satis-
fazer a Equação (3.5.5). Então definimos (αj )A para todo A ∈ C a fim de satisfazer a
Equação (3.5.1). Isto termina a definição de α.
Dadas transformações de cadeias naturais α, α0 : T → T 0 que induzem a mesma
transformação natural H0 (T ) → H0 (T 0 ), definimos (D0 )Mi (gij ), para todo i ∈ I0 , como
sendo um elemento de T10 (Mi ) cujo bordo coincida com (α0 )Mi (gij )−(α00 )Mi (gij ). Então
(D0 )A é definido para todo A ∈ C pela Equação (3.5.2). Assumindo que tenhamos
definido Dk para k < j, com j > 0, de modo que a Equação (3.5.4) seja satisfeita,
observamos que o lado direito da Equação (3.5.6) é um ciclo de Tj0 (Mi ). Porque j > 0 e
o funtor T 0 : C → AbC é acı́clico em dimensões positivas, temos que Hj (T 0 (Mi )) = {0},
0
e este ciclo é um bordo. Definimos então (Dj )Mi (gij ) ∈ Tj+1 (Mi ) para satisfazer à
Equação (3.5.6) e usamos a Equação (3.5.2) para definir (Dj )A para todo A ∈ C .
Assim terminamos a definição de D.
Corolário 3.5.2. Sejam M uma variedade suave, (∆(M ), ∂∆(M ) ) o complexo de ca-
deias singular de M e (∆s (M ), ∂∆s (M ) ) o complexo de cadeias singular suave de M .
Então a aplicação inclusão ι : ∆s (M ) → ∆(M ) é um isomorfismo natural. Em parti-
cular, o push-forward em homologia ι∗ : H s (M ) → H(M ) é um isomorfismo de grupos
natural.
68
3.6 Complexo cone
e seja
∂˜j (c, c0 ) := (−∂j−1 (c), ϕj−1 (c) + ∂j0 (c0 ))
com c ∈ Cj−1 e c0 ∈ Cj0 , para todo j ∈ Z. Definimos assim C̃ := {C̃j }j ∈ Z e
∂C̃ := {∂˜j }j ∈ Z . Então (C̃, ∂C̃ ) é um complexo de cadeias, chamado de complexo
cone de ϕ. I
∂˜j−1 ◦ ∂˜j (c, c0 ) = ∂˜j−1 (−∂j−1 (c), ϕj−1 (c) + ∂j0 (c0 ))
0
[ϕj−1 (c) + ∂j0 (c0 )]
= − ∂j−2 (−∂j−1 (c)), ϕj−2 (−∂j−1 (c)) + ∂j−1
0 0
◦ ∂j0 )(c0 )
= (∂j−2 ◦ ∂j−1 )(c), −(ϕj−2 ◦ ∂j−1 )(c) + (∂j−1 ◦ ϕj−1 )(c) + (∂j−1
0
◦ ∂j0 )(c0 )
= (∂j−2 ◦ ∂j−1 )(c), −(ϕj−2 ◦ ∂j−1 )(c) + (ϕj−2 ◦ ∂j−1 )(c) + (∂j−1
= (0, 0).
A A
X ϕ(A) X
A
69
É natural definir-se Cj (X, A) := Cj−1 (A) ⊕ Cj (X) para todo j ∈ Z. Pode-se ver
na Figura 3.6.4 para o caso j = 2 que uma 2-cadeia do cone do par (X, A) pode tanto
ser uma 1-cadeia α de A, pois quando fazemos seu cone elevamos sua dimensão em
um, quanto uma 2-cadeia β de X. Em geral, estamos dizendo que as j-cadeias do par
(X, A) consistem nas (j − 1)-cadeias de A e nas j-cadeias de X. Para todo j ∈ Z,
seja ιj : Cj−1 (A) → Cj (X) a inclusão. É também natural, para todo j ∈ Z, dizermos
que ∂˜j (α, 0) = ∂j−1 (α), ιj (α) para todo α ∈ Cj−1 (A) e que ∂˜j (0, β) = 0, ∂j (β) para
todo β ∈ Cj (X). Daı́, para todo j ∈ Z, temos que ∂˜j (α, β) = ∂j−1 (α), ιj (α) + ∂j (β)
X
α β
A
e
c2 (c, c0 ) = (D0 ◦ ϕ ◦ D)(c) − (D0 ◦ D0 ◦ ϕ)(c) − D0 (c0 ),
com c ∈ C e c0 ∈ C 0 . Definimos D̃(c, c0 ) = (c1 (c, c0 ), c2 (c, c0 )) para todos c ∈ C e
c0 ∈ C 0 . Temos que D̃ é uma contração de cadeias de C̃. Faz-se esta verificação com
um cálculo direto.
(1)
(⇐) Seja D̃ : C̃ → C̃ uma contração de cadeias. Sejam πj : Cj−1 ⊕ Cj0 → Cj−1 ,
(2)
(c, c0 ) 7→ c, e πj : Cj−1 ⊕ Cj0 → Cj0 , (c, c0 ) 7→ c0 , para todo j ∈ Z. Definimos
(1)
ϕ0j : Cj0 → Cj , c0 7→ (πj+1 ◦ D̃j )(0, c0 ), para todo j ∈ Z. Definimos também Dj : Cj →
(1)
Cj+1 , c 7→ (πj+2 ◦ D̃j+1 )(c, 0), para todo j ∈ Z. Por fim, definimos Dj0 : Cj0 → Cj+1 0
,
0 (2) 0
c 7→ −(πj+1 ◦ D̃j )(0, c ), para todo j ∈ Z. Temos que
70
• (ϕ0 := {ϕ0j }j ∈ Z é uma transformação de cadeias). Precisamos mostrar que, para
todo j ∈ Z, o Diagrama (3.6.1) é comutativo.
∂j0
0
Cj−1 Cj0
Cj−1 ∂j
Cj
e que
(D̃j−1 ◦ ∂˜j )(0, c0 ) = D̃j−1 0, ∂j−1
0
(c0 ) = (ϕ0j−1 ◦ ∂j−1
0
)(c0 ), · ,
para todo j ∈ Z.
Combinando os Teoremas 3.5.1 e 3.6.1 com o fato de que o complexo cone entre
complexos de cadeias livres são também complexos de cadeias livres, temos o Co-
rolário 3.6.1 a seguir.
71
4 Homologia Singular
O grupo fundamental pode ser calculado para espaços não elementares graças ao
Teorema de Seifert-Van Kampen. Entretanto, sendo o grupo fundamental, em geral,
não-abeliano, sua estrutura pode ser bastante complicada. Já os grupos de homotopia
de ordem superior são abelianos, mas geralmente é bem difı́cil calculá-los, pois não
temos uma ferramenta parecida com o Teorema de Seifert-Van Kampen, ou seja, uma
ferramenta que nos permita calcular os grupos de homotopia de espaços complicados
a partir de uma cobertura adequada. Por estas razões a Teoria de Homotopia não é
suficientemente manejável para ser usada como ferramenta básica no estudo dos espaços
topológicos.
Nesta seção apresentamos os fundamentos da Teoria de Homologia. Esta resolve ao
mesmo tempo os dois problemas destacados no parágrafo anterior. Para isso fazemos
uso da linguagem categorial apresentada anteriormente. As referências usadas para
este estudo são as notas de aula do orientador e [SPANIER].
73
j
X
∂j−1 ◦ ∂j [v0 , · · · , vj ] = (−1)i ∂j−1 [v0 , · · · , v̂i , · · · , vj ]
i=0
j i−1
X X
= (−1)i+k [v0 , · · · , v̂k , · · · , v̂i , · · · , vj ]
i=0 k=0
j j
X X
+ (−1)i+k−1 [v0 , · · · , v̂i , · · · , v̂k , · · · , vj ]
i=0 k=i+1
X
= (−1)i+k [v0 , · · · , v̂k , · · · , v̂i , · · · , vj ]
i<k
X
+ (−1)i+k−1 [v0 , · · · , v̂i , · · · , v̂k , · · · , vj ]
i>k
= 0,
temos que (C(K), ∂C(K) ) é um complexo de cadeias livre não-negativo que chamamos de
complexo de cadeias orientado de K. O grupo de homologia de C(K), denotado
por H(K), é o grupo graduado {Hj (K) := Hj (C(K))}j ∈ Z , que denominamos por
grupo de homologia orientada de K. O grupo Hj (K) é dito o j-ésimo grupo de
homologia orientada de K.
Se v0 , v1 , · · · , vj são vértices de algum simplexo de um complexo simplicial K, então
definimos [v0 , v1 , · · · , vj ] ∈ Cj (K) como sendo nulo se os vértices não são todos distin-
tos ou o definimos como sendo o j-simplexo orientado caso contrário. Observamos que
a Equação (4.1.1) se anula em ambos os lados no caso em que os vértices v0 , v1 , · · · , vj
não são todos distintos e, por isso, ela é coerente com a extensão de significado apre-
sentada para [v0 , v1 , · · · , vj ] ∈ Cj (K) neste parágrafo. Existe uma transformação de
cadeias C(ϕ) : C(K1 ) → C(K2 ) associada a uma aplicação simplicial ϕ : K1 → K2
definida por
C(ϕ)[v0 , v1 , · · · , vj ] = [ϕ(v0 ), ϕ(v1 ), · · · , ϕ(vj )]. (4.1.2)
Observamos que se v0 , v1 , · · · , vj são vértices distintos de algum simplexo de K1 , não
necessariamente os vértices ϕ(v0 ), ϕ(v1 ), · · · , ϕ(vj ) de algum simplexo de K2 são distin-
tos. O lado direito da Equação (4.1.2) só está definido, portanto, por causa da extensão
feita para que [v0 , v1 , · · · , vj ] fosse um elemento de Cj (K) mesmo quando os vértives
v0 , v1 , · · · , vj não fossem todos distintos.
Teorema 4.1.1. Existe um funtor covariante C que parte da categoria dos complexos
simpliciais e que chega na categoria dos complexos de cadeia que associa a cada K
seu complexo de cadeias C(K) e que associa a cada aplicação simplicial ϕ sua trans-
formação de cadeias C(ϕ).
74
4.2 Funtor homologia singular
Seja {pj }j ∈ N uma famı́lia de objetos dois a dois distintos. Seja ∆j o complexo
simplicial consistindo de todos os subconjuntos não-vazios de {p0 , p1 , · · · , pj }, com
j ∈ N. Ou seja, ∆j é o simplexo fechado [p0 , p1 , · · · , pj ]. Para todo j ∈ N e todo
0 ≤ i ≤ j + 1, tomamos eij+1 : ∆j → ∆j+1 sendo a aplicação linear definida nos vértices
como (
pr , se r ≤ i − 1;
eij+1 (pr ) :=
pr+1 , se r ≥ i.
Então eij+1 (∆j ) é o simplexo fechado [p0 , p1 , · · · , pi−1 , pi+1 , · · · , pj+1 ] de ∆j+1 . Além
i−1
disso, se j > 1 e se 0 ≤ k ≤ i − 1 ≤ j, então eij+2 ◦ ekj+1 = ekj+2 ◦ ej+1 .
Seja X um espaço topológico. Para todo j ∈ N, dizemos que uma aplicação
contı́nua σ : ∆j → X é um j-simplexo singular de X. Para j > 0 e 0 ≤ i ≤ j,
dizemos que o (j − 1)-simplexo singular de X dado por σ ◦ eij : ∆j−1 → X, denotado
por σ (i) , é a i-face do j-simplexo singular σ : ∆j → X. A partir da última afirmação
do parágrafo anterior temos que, se j > 1 e 0 ≤ k < i ≤ j, então
= (σ (k) )(i−1) .
Para todo j ∈ N, seja ∆j (X) o grupo abeliano livre gerado pelos j-simplexos
singulares de X, isto é, M
∆j (X) := Z.
σ:∆j →X
Para todo j < 0 inteiro, seja ∆j (X) o grupo trivial. Definimos então o grupo graduado
∆(X) := {∆j (X)}j ∈ Z . Seja agora, para j ∈ N∗ ,
Para todo j ≤ 0 inteiro, seja ∂j : ∆j (X) → ∆j−1 (X) o homomorfismo nulo. Defini-
mos ∂∆(X) := {∂j : ∆j (X) → ∆j−1 (X)}j ∈ Z . Como ∂j−1 ◦ ∂j = 0 para todo j ∈ Z,
temos que (∆(X), ∂∆(X) ) é um complexo de cadeias, que chamamos de complexo de
cadeias singular de X. Existe uma transformação de cadeias ∆(f ) : ∆(X) → ∆(Y )
associada a uma aplicação contı́nua f : X → Y definida por ∆(f )(σ) = f ◦ σ para todo
j-simplexo σ : ∆j → X.
Teorema 4.2.1. Existe um funtor covariante ∆ que parte da categoria dos espaços
topológicos e que chega na categoria dos complexos de cadeia que associa a cada X
seu complexo de cadeias singular ∆(X) e que a cada a aplicação contı́nua f associa a
transformação de cadeias ∆(f ).
75
dos espaços topológicos e chegando na categoria dos grupos graduados e homomorfis-
mos de grau zero. Este funtor associa a cada espaço topológico X o grupo graduado
H(X) = {Hj (X) := Hj (∆(X))}j ∈ Z e associa a cada aplicação contı́nua f : X → Y
o homomorfismo de grau zero f∗ : H(X) → H(Y ) induzido pela transformação de
cadeias ∆(f ) : ∆(X) → ∆(Y ). O grupo Hj (X) é chamado de j-ésimo grupo de
homologia singular de X.
Um elemento de ∆j (X, A) é uma classe [α], tal que α ∈ ∆j (X). Isso não deve ser
confundido com a classe de homologia de um ciclo. Observamos que ∆j (X, A) é ca-
nonicamente isomorfo à soma direta de uma cópia de Z para cada j-simplexo singular
σ : ∆j → X cuja imagem não está inteiramente contida em A. Ou seja,
M
∆j (X, A) ' Z.
σ : ∆n →X
σ(∆n )6⊂A
76
2. Sequência exata longa associada a um par de espaços. A cada par de
espaços (X, A) a seguinte sequência exata longa em homologia fica associada:
i∗,j π∗,j βj i∗,j−1 π∗,j−1
··· Hj (X) Hj (X, A) Hj−1 (A) Hj−1 (X) ···
Esta propriedade pode ser deduzida a partir das precedentes quando I for finito,
mas, em geral, é uma propriedade independente.
5. Axioma da dimensão. A homologia de um espaço X formado somente por um
ponto é trivial em todos os graus não nulos. Conforme este enunciado, H0 (X)
pode ser um grupo abeliano qualquer. A partir da definição que demos de homo-
logia singular, temos que H0 (X) ' Z.
Há outras propriedades importantes da Homologia Singular, as quais podem ser pro-
vadas diretamente a partir da definição. Em particular, temos as duas seguintes:
77
Frequentemente essa sequência nos permitirá calcular os grupos de homologia de
X a partir dos de A e B, portanto poderemos decompor um espaço complicado em
espaços mais simples.
78
A Uma categoria conveniente de espaços
topológicos
Nesta seção expomos o estudo que fizemos sobre parte de [STEENROD], o artigo
A Convenient Category of Topological Spaces do matemático norte-americano Norman
Earl Steenrod (1910-1971). No trabalho citado o autor se preocupou em estabelecer
uma categoria de espaços topológicos na qual as operações elementares se comportassem
bem. Sendo assim, a expressão “categoria conveniente” é entendida essencialmente do
ponto de vista operacional. A fim de esclarecer esta última afirmação, fornecemos uma
tradução livre de um trecho de [STEENROD] no qual o autor explica que
“As demandas que uma categoria conveniente deve satisfazer são, primeiro,
que seja suficientemente grande para conter todos os espaços particulares que
aparecem na prática. Segundo, que seja fechada ante as operações padrão; es-
tas são a formação de subespaços, espaços produtos X × Y , espaços de função
Y X , espaços de decomposição, uniões de sequências expansoras de espaços e com-
posições destas operações. Terceiro, a categoria deve ser suficientemente pequena
para que algumas proposições razoáveis sobre as operações padrão sejam verda-
deiras. Isto significa que a ordem de realizar duas operações pode ser trocada.”
80
Todos os espaços de Hausdorff localmente compactos e todos os espaços de Haus-
dorff que satisfazem o primeiro axioma de enumerabilidade pertencem à categoria
TopCG. De fato, é imediato a partir da Proposição A.1.1 que todo espaço de Haus-
dorff localmente compacto pertence à categoria TopCG. Portanto, verificamos agora
a outra afirmação. Sejam X um espaço de Hausdorff que satisfaz o primeiro axioma
de enumerabilidade e A ⊂ X tal que A ∩ K é fechado para todo K ⊂ X compacto.
Mostramos então que Ā ⊂ A e, portanto, que A é fechado. Seja x ∈ Ā; como X
satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade, existe uma sequência (an )n ∈ N ⊂ A de
forma que an → x e (an )n ∈ N ∪ {x} é compacto. Deste modo, A ∩ ((an )n ∈ N ∪ {x})
é fechado. Mas como esta intersecção é infinita, devemos ter que x ∈ A. Portanto
Ā ⊂ A.
81
Proposição A.1.4. Sejam X ∈ TopCG, Y um espaço topológico de Hausdorff e
f : X → Y uma aplicação. Se f é uma proclusão, então Y ∈ TopCG.
Demonstração. Seja B ⊂ Y tal que, para todo K ⊂ Y compacto em Y , B ∩ K é um
conjunto fechado em Y . Se L é um conjunto compacto em X, então f (L) é um conjunto
compacto em Y . Desta forma B ∩ f (L) é fechado e, portanto, f −1 (B ∩ f (L)) é fechado.
Assim f −1 (B ∩ f (L)) ∩ L é um conjunto fechado. Uma vez que f −1 (B ∩ f (L)) ∩ L =
f −1 (B) ∩ L, segue que a intersecção de f −1 (B) com qualquer conjunto compacto de X
é uma conjunto fechado. Dado que X ∈ TopCG, f −1 (B) é fechado. Como f é uma
proclusão, B é fechado em Y e, pois, Y ∈ TopCG.
Demonstração.
82
1. Seja A ⊂ X fechado em X. Se K ⊂ X é compacto em X, então K é fechado em
X. Logo A ∩ K é fechado em X. Portanto A é fechado em k(X).
2. Uma vez que X é um espaço de Hausdorff, o item anterior garante que k(X)
também é um espaço de Hausdorff.
5. Segue do Item 4.
Uma categoria conveniente de espaços deve ser fechada ante as operações padrão,
ou seja, uma construção aplicada a um ou mais espaços da categoria deve resultar em
um espaço na categoria. A categoria TopCG é quase ideal neste sentido: o espaço
produto entre espaços de TopCG, em geral, fornece um espaço de Hausdorff não ne-
cessariamente pertencente à categoria TopCG. Este fato é tratado considerando-se o
espaço compactamente gerado associado.
83
X ×0 Y é contı́nua. Além disso, como as projeções X ×0 Y → X e X ×0 Y → Y são
contı́nuas, temos que suas composições com a identidade X × Y → X e X × Y → Y
são projeções contı́nuas que pertencem a TopCG. Dados Z ∈ TopCG e f : Z → X
e g : Z → Y aplicações contı́nuas, temos que f e g são componentes de uma única
aplicação contı́nua ϕ : Z → X ×0 Y . Considerando o espaço compactamente gerado
associado e notando que k(Z) = Z e que k(X ×0 Y ) = X × Y , temos que existe uma
única aplicação contı́nua k(ϕ) : Z → X × Y que, quando composta com as projeções,
fornece f e g.
X2 × Y2 X2 × Y2
84
que X1 = X2 e em que f é a aplicação identidade). Como f × idY1 é evidentemente
sobrejetora, pois por hipótese f é sobrejetora, resta mostrar que U é aberto em X2 × Y1
sempre que f −1 (U ) for aberto em X1 × Y1 . Equivalentemente, precisamos mostrar que
U é fechado em X2 × Y1 sempre que f −1 (U ) for fechado em X1 × Y1 .
Seja A ⊂ X1 × Y1 tal que (f × idY1 )−1 (A) é um conjunto fechado em X1 × Y1 . Sejam
K um conjunto compacto em X2 × Y1 e B e C as projeções de K em X2 e em Y1 ,
respectivamente. Logo, B × C é compacto em X2 × Y1 . Se mostramos que A ∩ (B × C)
é fechado em X2 × Y1 , então A ∩ K é fechado em X2 × Y1 e, como X2 × Y1 ∈ TopCG,
A é fechado em X2 × Y1 . Assim a afirmação estará provada.
Uma vez que (f × idY1 )−1 (B × C) = f −1 (B) × C é fechado em X1 × Y1 , temos que
(f × idY1 )−1 (A ∩ (B × C)) é fechado em f −1 (B) × C. Substituindo X1 , X2 e Y1 por,
respectivamente, f −1 (B), B e C, reduzimos a prova deste caso a considerar X1 e Y1
como espaços compactos. Desta forma, devido ao Teorema A.3.1, X2 × Y1 = X2 ×0 Y1
e X1 × Y1 = X1 ×0 Y1 .
Seja W ⊂ X2 × Y1 tal que (f × idY1 )−1 (W ) é aberto em X1 × Y1 e seja (x00 , y0 ) ∈ W .
Uma vez que f é uma proclusão, em particular, é uma aplicação sobrejetora; assim,
existe x0 ∈ X1 de forma que f (x0 ) = x00 . Sendo que (x0 , y0 ) ∈ (f × idY1 )−1 (W ) e que
Y1 é compacto, existe uma vizinhança V de y0 tal que {x0 } × V̄ ⊂ (f × idY1 )−1 (W ).
Seja U := {x ∈ X1 : {f (x)} × V̄ ⊂ W }. Vejamos que U é aberto em X1 ; seja
x1 ∈ U . Consideramos uma cobertura de {x1 } × V̄ por produtos de conjuntos abertos
de (f ×idY1 )−1 (W ) e tomamos uma subcoleção finita desta que é também uma cobertura
de {x1 } × V̄ ; então, a intersecção das projeções em X1 destes fatores é uma vizinhança
N de x1 tal que N × V̄ ⊂ (f × idY1 )−1 (W ). Assim, U é um conjunto aberto. Pela
forma como U foi definido, U = f −1 (f (U )). Desta forma f (U ) é aberto em X2 porque
f é uma proclusão. Dado que (x00 , y0 ) ∈ f (U ) × V e que f (U ) × V ⊂ W é aberto,
temos que W é aberto.
85
A.4 Espaços de função
86
Proposição A.4.2. Sejam X ∈ TopCG e Y um espaço topológico de Hausdorff.
Então C(X, Y ) e C(X, k(Y )) são iguais como conjuntos e suas topologias têm os mes-
mos conjuntos compactos. Desta forma, k(C(X, k(Y ))) = k(C(X, Y )).
Demonstração. Se f : X → k(Y ) é uma aplicação contı́nua, então sua composição com
a aplicação identidade k(Y ) → Y também é contı́nua e, portanto, f ∈ C(X, k(Y )) ⇒
f ∈ C(X, Y ). Reciprocamente, se f : X → Y é uma aplicação contı́nua, então em
particular é uma aplicação contı́nua em compactos e, pelo Teorema A.2.1, segue que
a aplicação k(f ) : k(X) → k(Y ) é também contı́nua. Logo, f ∈ C(X, Y ) ⇒ f ∈
C(X, k(Y )). Portanto, como conjuntos, C(X, k(Y )) = C(X, Y ).
Uma vez que a aplicação identidade id : k(Y ) → Y é uma aplicação contı́nua, a
aplicação identidade C(X, k(Y )) → C(X, Y ), f 7→ id ◦ f , é contı́nua. Portanto, cada
conjunto compacto em C(X, k(Y )) é um conjunto compacto em C(X, Y ).
Seja F ⊂ C(X, Y ) um conjunto compacto em sua topologia induzida de C(X, Y ).
Denotamos por F 0 o conjunto F dotado de sua topologia induzida de C(X, k(Y )).
Vamos provar que F 0 é compacto. Para isso, é suficiente verificar que a intersecção
de F 0 com qualquer conjunto U aberto em C(X, k(Y )) é um conjunto aberto em F ,
pois isso implica que a aplicação identidade F → F 0 é contı́nua e, pois, segue que F 0
é compacto. É também suficiente provar a afirmação quando U é um conjunto aberto
pré-básico UK,A , em que K é um conjunto compacto em X e A é um conjunto aberto em
k(Y ). Seja f0 ∈ UK,A ∩ F . Sendo que F × K é compacto, a Proposição A.4.1 garante
que a evaluação e : F × K → Y é uma aplicação contı́nua e, portanto, o Teorema A.2.1
diz que esta aplicação é contı́nua como função F × K → k(Y ). Desta forma, e−1 (A) é
um conjunto aberto em F ×K. Como K é um conjunto compacto e {f0 }×K ⊂ e−1 (A),
existe um conjunto aberto V em F contendo f0 de sorte que V × K ⊂ e−1 (A). Assim
segue que f0 ∈ V ⊂ UK,A . Destarte UK,A ∩ F é um conjunto aberto em F . Isso encerra
a prova de que F 0 é compacto e mostra que as topologias dos conjuntos C(X, Y ) e
C(X, k(Y )) têm os mesmos conjuntos compactos. Por fim, ressaltamos somente que a
Definição A.2.1 implica imediatamente que k(C(X, k(Y ))) = k(C(X, Y )).
87
abertos de Y ×0 Z de sorte que K = nj=1 Kj e que f0 (Kj ) ⊂ Vj × Wj ⊂ S para todo
S
1 ≤ j ≤ n. Destarte
\n
f0 ∈ UKj ,Vj ×Wj ⊂ UK,S .
j=1
0
Tn que UKj ,Vj ×Wj é aberto, para todo 1 ≤ j ≤ n, em C(X, Y ) × C(X, Z), temos que
Dado
j=1 UKj ,Vj ×Wj é também um conjunto aberto neste espaço. Portanto UK,S é aberto
em C(X, Y ) ×0 C(X, Z).
Para terminar a prova consideramos os espaços compactamente gerados associados.
Aplicando a Proposição A.4.2 a C(X, Y ×0 Z) obtemos
e : Y × X × C(Y × X, Z) → Z.
Sabemos que
µ(e) : X × C(Y × X, Z) → C(Y, Z)
é contı́nua. Portanto, temos que
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as evaluações. Pela Proposição A.4.1 temos que a composição
Mais uma vez, é fato simples ver que µ(e0 ◦ (1 × e)) é a aplicação inversa de µ.
Por fim, consideramos os espaços compactamente gerados associados. Graças à
Proposição A.4.2 temos que
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Referências
[DUGUNDJI] DUGUNDJI, James; Topology. Allyn and Bacon Series in Advanced
Mathematics.
[MUNKRES] MUNKRES, James R.; Topology. Prentice Hall, Upper Saddle River, NJ
07459.
90
Índice Remissivo
i-face, 73 conjunto subjacente, 14
j-cadeias, 59 contração de cadeias, 64
contradomı́nio, 7
acı́clico em dimensões positivas, 66 coproduto, 22
adjunto à direita, 51 coproduto fibrado, 28
adjunto à esquerda, 51 couniversal, 16
base, 65 diferencial, 57
categoria, 7 divisı́vel, 18
categoria com modelos, 65 domı́nio, 7
categoria concreta, 15 elemento isolado, 54
categoria de morfismos, 10 elemento universal, 46
categoria dual, 9 equalizador, 19
categoria oposta, 9 equivalência, 1
categoria produto, 9 equivalência de categorias, 43
categoria quociente, 10 espaço compactamente gerado, 77
categorias equivalentes, 43 espaço compactamente gerado associado,
categorias grandes, 40 79
categorias isomorfas, 40 espaço topológico com ponto marcado, 8
categorias pequenas, 40
cheia, 11 funtor cheio, 43
ciclos homólogos, 57 funtor contravariante, 36
classe, 1 funtor covariante, 33
Classe das Partes, 4 funtor covariante esquecedor, 35
classe de equivalência, 3 funtor covariante identidade, 34
Classe de Russel, 2 funtor de duas variáveis, 38
classe própria, 2 funtor fiel, 43
Classe Universal, 2 funtor homologia orientada, 72
Classe Vazia, 3 funtor homologia singular, 73
classes de homologia, 57 funtor livre em C com modelos em M , 65
coequalizador, 19 funtor representável, 45
compatı́vel com a composição, 10
complexo cone, 68 grau, 59
complexo de cadeias, 59 grupo de homologia, 57
complexo de cadeias acı́clico, 64 grupo de homologia orientada, 72
complexo de cadeias contrátil, 64 grupo de homologia singular, 74
complexo de cadeias livre, 59 grupo diferencial, 57
complexo de cadeias orientado, 72 grupo graduado, 59
complexo de cadeias quociente, 60 grupo graduado diferencial, 59
complexo de cadeias singular, 73 grupos de homologia singular relativa, 74
complexo não-negativo, 59 homomorfismo de grau r, 59
composição, 7 homomorfismo induzido em homologia, 58
cone, 68 homotopia de cadeias, 62
conjunto, 2
conjunto direto, 54 implicação, 1
92
isomorfismo, 12 união disjunta, 25
isomorfismo de cadeias, 64 universal, 16
isomorfismo natural identidade, 40
limite direto, 54
limite inverso, 56
livre, 15
objeto zero, 18
operador bordo, 57
par adjunto, 51
proclusão, 78
produto, 21
produto cartesiano, 25
produto fibrado, 27
pull-back, 27
push-forward, 28
reflexividade, 3
relação de equivalência, 3
simetria, 3
simplexo orientado, 71
simplexo singular, 73
sistema direto, 54
sistema inverso, 55
subcategoria, 10
subclasse, 2
subcomplexo, 60
subgrupo dos bordos, 57
subgrupo dos ciclos, 57
topologia compacto-aberto, 83
transformação de cadeias, 60
transformação natural, 39
transformação natural identidade, 39
transformação projeção, 60
transitividade, 3
tripla cartesiana, 29
tripla cocartesiana, 30
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