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DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E INFORMÁTICA

CÁLCULO NUMÉRICO BÁSICO

ZEROS DE FUNÇÕES REAIS

19.05.2021
Sumário:

1 – Introdução
1.1 – Isolamento das raízes
1.2 – Refinamento
2 – Método da Bisseção
2.1 – Interpretação Geométrica
2.2 – Algoritmo
2.3 – Estimativa do Número de Iterações
2.4 – Estudo da Convergência
1 – Introdução
 Em muitos problemas de Ciência e Engenharia há a necessidade de
se determinar um número r para o qual uma função f (x) seja zero,
ou seja, f (r)=0.
 Este número é chamado zero ou raiz da função f (x) e pode ser real
ou complexo. Em nossos estudos r representará uma raiz real.
 Graficamente, os zeros reais são representados pelos pontos de
interseção da curva com o eixo Ox, conforme figura abaixo:
f(x)

r1 r2 r3 x
 O objetivo desta unidade é o estudo de métodos numéricos
para a resolução de equações não-lineares, as quais não possuem
solução analítica.
Exemplo: f ( x)  e x  sen ( x)
 A idéia central destes métodos é partir de uma aproximação
inicial para a raiz e em seguida refinar essa aproximação através
de um processo iterativo do tipo:

dado x0

 xi  F ( xi 1 ), i  1,..., n

 F(x) é chamada função de iteração.


 Portanto, o processo iterativo pode ser dividido em duas
fases:

Fase I - Localização ou isolamento das raízes:


Consiste em obter um intervalo [a,b] que contém uma única raiz;

Fase II - Refinamento:
Consiste em, escolhidas aproximações iniciais no intervalo
[a,b], melhorá-las sucessivamente até se obter uma
aproximação para a raiz dentro de uma precisão  prefixada.
1.1 – Fase I: Isolamento das raízes
Nesta fase é feita uma análise gráfica e teórica da função.
A precisão desta análise é o pré-requisito para o sucesso da fase II.

1.1.1 - Análise Gráfica


Esta análise pode ser feita através de um dos seguintes processos:
i) Esboçar o gráfico da função f (x) e localizar as abscissas

dos pontos de interseção da curva com o eixo ox ;
Exemplo: f ( x)  x  9 x  3
3 40

30

20

r1  [4,3] 10

r1 r2 r3
r2  [0,1] 0

r3  [2,3] -10

-20

-30
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
ii) A partir da equação f (x) = 0, obter a equação equivalente
g(x) = h(x), esboçar os gráficos g(x) e h(x) no mesmo eixo
cartesiano e localizar os pontos x de interseção das duas curvas,
pois f (r )  0  g (r )  h(r ).

Exemplo: f ( x)  e  x  x  0
8

Resolução: 7

x  e x 5

4 h(x)
g ( x)  e  x 3

h( x )  x 2

1
g(x)
r  [0,1]
0

-1
r
-2
-2 -1 0 1 2 3 4
1.1.2 – Análise Teórica
Nesta análise usamos freqüentemente o teorema de Bolzano:
“Seja uma função contínua no intervalo [a, b]. Se f (a) f (b) < 0,
então existe pelo menos um ponto x = r entre a e b que é zero de f (x)”
f(x)
Graficamente:

a r2
r1 r3 b x

f(x)

r2 b
a r1 x
 Sob as hipóteses do teorema anterior, se f’(x) existir e preservar
o sinal em [a, b], então existe uma única raiz neste intervalo.
Graficamente:
f(x)
f(x)

a b
b x a x

f ' ( x)  0,  x [a, b] f ' ( x)  0,  x  [a, b]


 Podemos aplicar este teorema atribuindo valores para x e analisar
o sinal de f (x).

Exemplo: f(x) = x  9 x  3
3

x -10 -5 -3 -1 0 1 2 3 4
f(x) - - + + + - - + +

- Analisando a mudança de sinal podemos concluir que existe pelo


menos uma raiz dentro dos intervalos indicados.
- Derivando a função descobrimos que f ' ( x)  3x 2  9 conserva o sinal
em cada um dos intervalos, portanto cada raiz é única no intervalo.
 Observação
Se f (a) f (b) > 0 então pode existir ou não raízes no intervalo [a,b].
f(x)
Graficamente:

a b x

f(x)
f(x)

r1 r2
a a
b x r1 b x
1.2 – Fase II: Refinamento
 Esta fase consiste em aproximarmos uma raiz r dentro do
intervalo [a, b] através de um método iterativo.
 Um método iterativo é uma seqüência de instruções que são
executadas passo a passo, algumas das quais são repetidas em
ciclos, cada ciclo recebe o nome de iteração.
 Estas iteração utilizam valores obtidos em iterações anteriores
para encontrar uma nova aproximação para a raiz.
Estes métodos fornecem uma aproximação para a raiz exata.
1.2.1 – Critérios de parada
 Durante a aplicação de uma método para determinar-se uma raiz,
necessitamos que uma certa condição seja satisfeita para
estabelecer se o valor de xi está suficientemente próximo de r.
 O valor de xi é raiz aproximada com precisão  se:
i) | xi  r | 
ii) | f ( xi ) | 
 Nem sempre é possível ter as duas exigências satisfeitas
simultaneamente, analisemos os casos abaixo:

| f ( xi ) |  | xi  r | 
f(x) f(x)

| xi  r |  | f ( xi ) | 

r r
xi x xi x
 Como não conhecemos o valor da raiz r para aplicar o teste
i) |xi – r| < , usamos freqüentemente os conceitos de erro
absoluto e erro relativo para determinarmos o critério de parada.

a) Erro absoluto:

| xi  xi 1 | 

b) Erro relativo:

xi  xi 1

xi
2 – Método da Bisseção
 Condições para aplicação:

-A função deve ser contínua no intervalo [a, b], onde


contém pelo menos uma raiz, ou seja, f (a) f (b) < 0.

-Caso o intervalo contenha duas ou mais raízes, o método


encontrará uma delas.

 O objetivo deste método é reduzir a amplitude do intervalo


inicial que contém a raiz até que seu comprimento seja
menor que a precisão desejada, usando para isso sucessivas
divisões de [a, b] ao meio.
2.1 – Interpretação Geométrica
f(x)

a10 ax21 ax32


r x3210
b b0 x

Iteração 3:
2:
1:

x102 = (a102 + b102) a321 = xa210


2  b132 = xb021
f (x210) <> 0 r  [a132 , b132]
2.2 – Algoritmo
Seja f (x) contínua em [a, b] e tal que f (a) f (b) < 0.
1) Dados iniciais:
a) intervalo inicial [a, b];
b) precisão 
2) Se (b – a) < , então escolha para r  x [a, b]. FIM.
3) k = 1
ab
4) xk 
2
5) Se f (a) f ( xk )  0 , faça a  xk . Vá para o passo 7
6) b  xk .
7) Se (a – b) < , escolha para r  x[a, b]. FIM.
8) k = k +1. Volte ao passo 4.
2.3 - Estimativa do número de iterações
Dada uma precisão  e um intervalo [a, b], vamos determinar quantas
iterações k serão efetuadas pelo método da Bisseção até que
bk – ak < . Sendo k um número inteiro.
a0 b0

a1 b1 b0  a0

2

a2 b2 b1  a1 b0  a0
 
2 22

a3 b3 b2  a2 b0  a0
 
2 23

b0  a0
 
2k
Deve-se obter o valor de k tal que bk  ak   , ou seja:

b0  a0 b0  a0
  2  k

2 k

 b0  a0 
k log 2  log 
  

log( b0  a0 )  log 
k , k 
log 2
2.4 - Estudo da convergência da Bisseção:
Seja f (x) uma função contínua em [a, b], onde f (a) f (b) < 0.
 O método da bisseção gera três seqüências:
{ak } : não-decrescente e limitada superiormente por b0   t  IR
tal que: lim ak  t
k 

{bk } : não-crescente e limitada inferiormente por a0   s  IR


tal que: lim bk  s
k 
ak  bk
{xk } : por construção temos que xk   ak  xk  bk , k
2

 A amplitude de cada intervalo gerado é a metade da amplitude do


anterior, assim temos:
b0  a0
bk  ak 
2k
Aplicando o limite temos:
b0  a0
lim (bk  ak )  lim k
0
k  k  2
lim bk  lim ak  0  lim bk  lim ak Então t = s
k  k  k  k 

 Seja  = t = s o limite das duas seqüências, aplicando o limite


na seqüência xk temos que:
ak  bk   
lim xk  lim  
k  k  2 2
 Resta provarmos que  é zero da função, ou seja, f ( ) = 0.
Em cada iteração k temos que f (ak ) f (bk )  0 , então:
0  lim f (ak ) f (bk )  lim f (ak ) lim f (bk )
k  k  k 

0  f ( lim ak ) f ( lim bk )  f (t ) f ( s )  [ f ()]2


k  k 

0  [ f ()]2  0  f ()  0
• FIM DA APRESENTAÇÃO

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