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Perspectivas do concreto reforçado com fibras


para túneis

Conference Paper · June 2008

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Antonio D. Figueiredo
University of São Paulo
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PERSPECTIVAS DO CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS PARA
TÚNEIS

Antonio Domingues de Figueiredo 1

Resumo – A utilização de concretos com algum tipo de fibra em túneis é algo cada vez mais freqüente no Brasil,
principalmente com as de aço. Porém, existem alguns claros tecnológicos que precisam ser suprimidos, não só para
otimização da técnica, como também para a ratificação desta aplicação como fiável do ponto de vista da engenharia.
Entre estes claros pode-se citar a carência de normas brasileiras que tratem do dimensionamento de túneis e a freqüente
especificação do concreto utilizando um teor mínimo de fibras mínimo, sem qualificar o material em termos de
desempenho. Como conseqüência ocorre o fato de não se aplicarem modelos para o controle da qualidade deste
material. Neste sentido, existe a necessidade de se estabelecer métodos de ensaio de determinação da tenacidade e de
desenvolver ensaios a serem utilizados para a homologação dos componentes destinados ao revestimento de túneis por
tuneladoras. A utilização de permeâmetros portáteis poderá vir a contribuir muito para o controle de desempenho das
estruturas acabadas, principalmente se forem correlacionados com o controle corriqueiro das obras enterradas. Outra
perspectiva interessante é possibilidade de dosar fibras de polipropileno para evitar o risco de lascamento explosivo e,
assim, diminuir a susceptibilidade da estrutura à ação do fogo. Para isto é fundamental que haja a transferência dos
resultados de pesquisa, já consubstanciados, da universidade para a prática, de modo a reduzir os referidos claros
tecnológicos existentes.

Abstract – The application of concrete with some kind of fiber in tunnels is progressively frequent in Brazil, especially
steel fibers. However, there are some technological gaps in this area that have to be suppressed, not only for technical
optimization but to ratify the technique as a reliable one. Among these gaps there is the need for Brazilian standards
focusing tunnels structural design. Other major problem is the fact that many fiber concrete specifications are very
restricted, requiring only a minimum fiber dosage, without any definition about performance requisites. As a
consequence, there is no quality systems widely accepted for the fiber concrete control. In that sense, there is a need for
test methods definitions for toughness determination and for fiber concrete homologation focusing the application as
segmental linings in TBM tunnels. The portable permeameters future use could lead to a more feasible performance
control for finished structures, mainly when it could be correlated to routinely underground structural control. Another
important perspective is the use of rational mix design procedures for polypropylene fiber consumption definition. This
procedure could be done even when the main target is the prevention of spalling occurrence during fires. In that sense,
the technological transfer between university and industry is a key achievement, what could turn possible to eliminate
the referred technological gaps.

Palavras-Chave – Concreto, fibras, controle.

INTRODUÇÃO
A utilização de concretos reforçados com algum tipo de fibra em túneis é algo consolidado no exterior e cada vez
mais freqüente no Brasil. Em algumas aplicações específicas, como em barragens, o revestimento de túneis de desvio e
adução com concreto projetado é feito com a utilização de fibras de aço de maneira muito freqüente, podendo-se dizer
que a maioria, se não a totalidade das obras utilizam desta tecnologia. No entanto, ainda podem ser apontados vários
claros tecnológicos que precisam ser enfrentados, não só para otimização do uso dos fibro-concretos em túneis, como
também para a ratificação desta aplicação como uma técnica plenamente fiável do ponto de vista da engenharia. Esta
ratificação não advém da possibilidade de haver dúvidas quanto à viabilidade da tecnologia, mas da falta de
embasamento técnico de especificadores e aplicadores, bem como da carência de referências normativas a respeito do
assunto.
A engenharia de túneis, como qualquer outra engenharia, está baseada em um tripé de modelos que permitem o
seu emprego seguro e eficiente. O primeiro modelo deste tripé é exatamente o modelo de dimensionamento de túneis,
que permite determinar em projeto os esforços solicitantes e o estabelecimento da capacidade resistente da estrutura de
modo a garantir a sua futura estabilidade. Sem um modelo de dimensionamento adequado, não haveria como definir a

1
Professor Doutor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP. Caixa Postal: 61548. São Paulo, SP. CEP:
05424-970. antonio.figueiredo@poli.usp.br
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engenharia de túneis como tal, pois a concepção dos mesmos seria, na melhor das hipóteses, um exerc ício meramente
empírico. Infelizmente, ao contrário das estruturas convencionais de concreto armado, não há normas brasileiras que
tratem do assunto dimensionamento de túneis. O segundo modelo está relacionado ao controle da execução de túneis.
Hoje está muito claro para todos que a execução de um túnel é uma obra sistêmica que acaba por interagir de maneira
intensa com seu entorno. Além disso, existe uma participação grande do maciço circundante na capacidade resistente da
estrutura da obra. É inegável que a interação entre o maciço e a estrutura, principalmente durante a execução desta, deve
ser controlada através de instrumentação adequada e a análise dos resultados deve ser feita por um profissional
experiente de modo a verificar se as premissas estabelecidas no modelo de dimensionamento estão sendo respeitadas. O
terceiro modelo que deve ser observado é o de controle da qualidade do material estrutural, ou seja, do concreto. Este
modelo tem como principais objetivos verificar se o mesmo atende às exigências de aplicação e se atende aos requisitos
de projeto. Como exemplo, pode-se dizer que um concreto que será utilizado na execução de uma estrutura
convencional terá que ter sua consistência avaliada por um ensaio de abatimento de tronco de cone, de modo a verificar
se o mesmo atende às condições de aplicação. Caso o mesmo não atenda, deverá ser recusado e não será aplicado na
obra. O mesmo ocorreria para a execução de um invert numa obra enterrada, onde se faria uso de um concreto
convencional. Por outro lado, este material estrutural deverá ter verificada a sua resistência e outras características que
permitam verificar sua adequação para garantir a estabilidade e a durabilidade da estrutura. Pode-se dizer que tudo isto é
muito básico, porém, para o caso específico do concreto reforçado com fibras, é exatamente isto o que está faltando.
Assim, em termos de perspectivas futuras para este material, o que se deve investir no futuro é na produção de
referências técnicas normativas e na transferência de tecnologia desenvolvida nas universidades e centros de pesquisa
para a indústria. Estes aspectos estarão mais bem discutidos nos itens a seguir.

MODELOS DE DIMENSIONAMENTO
Esta pode ser apontada como a área em que mais se deva investir em trabalhos de pesquisa e normalização no
futuro. A necessidade de modelos públicos de dimensionamento de túneis utilizando concretos reforçados com fibras é
inquestionável. Isto ocorre tanto para os túneis em NATM como para os produzidos por meio de tuneladora. Um
exemplo disto é a própria Linha Amarela do Metrô de São Paulo. O dimensionamento do revestimento do túnel em
anéis segmentados ficou a cargo da Halcrow Group Limited, que utilizou seus modelos particulares de
dimensionamento, como é prática recorrente a nível mundial. Para garantir a confiabilidade da obra, bem como a retro-
alimentação do processo de dimensionamento, houve a necessidade de se proceder a uma série de ensaios em corpos-
de-prova de grandes dimensões de modo a se obter uma homologação do material. Esta prática já vem sendo explorada
no Brasil, inclusive em trabalhos acadêmicos (Fernandes, 2005), onde o principal objetivo é demonstrar que o concreto
reforçado com fibras é capaz de atender aos requisitos especificados para os segmentos de anéis. Esta prática começou
com a realização de ensaios em segmentos em escala real de obra, como uma verificação de desempenho em
componente (Figura 1). No entanto, se por um lado estes ensaios poderiam comprovar que determinado segmento
atendia as especificações e cargas previstas em projeto, por outro não era viável de utilização para o controle corriqueiro
da obra. Assim, este tipo de análise só se viabilizaria se ocorresse em paralelo com estudos em corpos-de-prova de
pequenas dimensões para determinação de propriedades como resistência à compressão, resistência à tração na flexão e
tenacidade.

FIGURA 1 – Ensaio de flexão em segmento para produção de anel de revestimento de túnel produzido com tuneladora.

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Os ensaios realizados para o caso específico da obra da Via Amarela consistiam na verificação da capacidade
resistente à flexão em peças de três metros de comprimento (Figura 2) e a capacidade de resistência ao esmagamento e
ruptura à compressão de dois segmentos pressionados um contra o outro (Figura 3) (King et al. 2003). Este último
ensaio procurava reproduzir a condição de maior solicitação das peças que ocorre justamente durante a execução da
obra, quando as sapatas da tuneladora se apóiam na borda do último anel instalado para poder avançar. O primeiro
ensaio, de flexão de prismas de grandes dimensões, procurava avaliar o comportamento da peça como um todo,
principalmente no que se refere ao trabalho da fibra de aço como reforço. Para a obra em questão, estes ensaios foram
realizados nos laboratórios da Unicamp em Ca mpinas. Para a execução destas peças foi necessário realizar um estudo
de dosagem do material em ensaios regulares, para verificar os requisitos básicos da especificação do material
concernentes à resistência à compressão, resistência à tração e tenacidade. Estes ensaios iniciais em corpos-de-prova de
pequenas dimensões foram realizados na Escola Politécnica (Telles e Figueiredo, 2006) de modo a possibilitar uma pré-
avaliação do material antes dos testes de grandes dimensões. Durante a realização dos testes de grandes dimensões, os
testes de pequenas dimensões deveriam ser repetidos. Com isto, uma vez aprovado o concreto através dos ensaios de
homologação (grandes dimensões), havia também a parametrização do material em ensaios de determinação de
resistência à compressão e tenacidade em pequenas dimensões, de modo a permitir o controle corriqueiro de produção
dos segmentos. Ou seja, os resultados obtidos neste período seriam os balizadores do controle da qualidade posterior.
Assim, se consegue um nível de segurança muito interessante para obra em termos de qualidade do material, dado que
só irão para o túnel os segmentos já aprovados pelo sistema de controle da qualidade. Com isto, tem-se uma garantia da
qualidade do material aplicado na obra, o que não acontece quando o concreto é moldado in loco ou mesmo quando é
aplicado por projeção. Seria muito interessante se modelos de dimensionamentos de túneis produzidos com tuneladoras
fossem desenvolvidos para a normalização, especialmente quando do emprego do concreto com fibras. Isto facilitaria o
estabelecimento de modelos de controle específicos para a obra e diminuiria o grau de dispersão de enfoques que se
pode ter de uma obra para outra.

FIGURA 2 – Ensaio de compressão topo a topo de prismas para avaliação do concreto destinado à produção de anéis
segmentados para revestimento de túneis com tuneladora (Mike King, 2003).

O mesmo problema ocorre quando o túnel é concebido para ser executado com concreto projetado. Os túneis
NATM sofrem do mesmo problema que os túneis executados por TBM, ou seja, não há modelos de dimensionamento
públicos para os mesmos. Com isto, no Brasil é muito freqüente a mera especificação do concreto projetado utilizando
um teor mínimo de fibras. Ou seja, são estabelecidas a geometria da estrutura, a resistência da matriz de concreto e o
consumo de fibras de aço por metro cúbico. Tal procedimento pode ser apontado como completamente inadequado. É
comparável a dimensionar uma estrutura de concreto de um edifício sem estabelecer o valor da resistência característica
do concreto e controlar o mesmo pelo consumo de cimento por metro cúbico. Como já é largamente disseminado, sabe-
se que a principal contribuição da fibra de aço é aumentar a capacidade resistente pós-fissuração do concreto. Assim, os
requisitos estabelecidos para o material estrutural concreto projetado devem atender a esta condição de avaliação, ou
seja, deve-se especificar uma tenacidade mínima e o método de ensaio a ser utilizado para tal determinação (Figueiredo,
2005). Existem vários métodos para a determinação da tenacidade do concreto projetado reforçado com fibras de aço,
os quais podem ser divididos em duas famílias básicas. A primeira família é a dos ensaios de placas e a segunda é a dos
ensaios em prismas. Os ensaios em placas de grandes dimensões foram concebidos inicialmente para possibilitar a
comparação de desempenho entre concretos reforçados com fibras e com telas metálicas (Robins, 1995). Ou seja, se um
projetista estava acostumado a dimensionar o túnel NATM com um concreto projetado reforçado com telas metálicas,
continuaria a fazê-lo da mesma forma e substituiria o reforço do material, tela por fibra, através da determinação da
energia absorvida em placas (Figueiredo, 1997). Seriam ensaiadas placas reforçadas com telas convencionais e outras
com diversos teores de fibra, adotando-se o teor que igualasse ou superasse a energia absorvida pelas placas reforçadas
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com telas. Assim, este tipo de ensaio se qualificaria para a homologação do material, como os ensaios de grandes
dimensões realizados para homologar os segmentos a serem empregados com tuneladoras. Em paralelo seriam
utilizados prismas moldados com concretos reforçados com os mesmos teores de fibra e a tenacidade obtida nos prismas
serviria de referência para o controle do material durante a execução da obra.

Aplicação de carga Aplicação de carga

Pinos de referência para


100mm
Typ. medida de deformação

50mm

30mm

L/3 L/3 L/3

Comprimento 300mm (L)

FIGURA 3 – Ensaio de flexão de primas de três metros de vão para avaliação do trabalho da fibra no reforço do
concreto destinado à produção de anéis segmentados para o revestimento de túneis com tuneladora (Halcrow, 2004).

Atualmente há disponibilidade de modelos de dimensionamento de pavimentos de concreto reforçados com


fibras de aço, como o publicado pelo ACI. Também já se publicaram modelos de dimensionamento para estruturas
convencionais de concretos reforçados com fibras de aço, como o modelo europeu desenvolvido pela RILEM. Estes
modelos acabam por integrar o dimensionamento com o programa de controle do material de maneira muito específica.
Ou seja, o método de ensaio de determinação da tenacidade para o modelo de dimensionamento europeu é específico e
desenvolvido especialmente para se adequar a ele. Hoje no Brasil não há nenhuma norma para o método de ensaio de
determinação da tenacidade e, não havendo modelos de dimensionamento, haverá uma total liberdade para adotar um
dos diversos métodos disponíveis em normas estrangeiras ou mesmo desenvolver um modelo de ensaio próprio para o
Brasil. No entanto, esta liberdade trará consigo o preço do risco de não se conformar perfeitamente a um modelo de
dimensionamento que venha a ser utilizado no futuro. Para melhor esclarecer as possibilidades que existem sobre o
modelo de controle, os existentes em normas estrangeiras e os que estão sendo desenvolvidos no Brasil se encontram
discutidos no próximo item.

MODELOS DE CONTROLE DO MATERIAL


No Brasil ainda não se dispõe de normas para os concretos reforçados com fibras. A única norma publicada no
país versa sobre a especificação da fibra como material de construção. Ou seja, ainda não há normas que permitam fazer
o controle do concreto projetado ou convencional quando reforçados com fibras. No entanto, pode-se já encarar esta
norma como um grande avanço, pois a mesma traz boas contribuições para o meio técnico. Depois de um ano de
intenso trabalho foi aprovado o texto final da nova especificação de fibras de aço para concreto NBR 15530:07
publicada pela ABNT em 2007. Esta norma traz algum paralelo com a recente normalização internacional, como
também algumas inovações interessantes. A principal dela é a nova classificação das fibras segundo uma tipologia
baseada no formato básico da fibra (com ancoragem, corrugadas e retas) e o tipo de aço que deu origem a ela
(encruado, laminado, etc.). Esta classificação permite também definir parâmetros de tolerância dimensional e de
resistência do aço que deu origem à fibra possibilitando uma previsão de comportamento e, com isto, uma ordenação do
mercado. Além disso, esta norma prevê um procedimento de recepção para aceitação /rejeição do produto que em muito
irá contribuir para a qualidade dos concretos reforçados com fibras de aço a serem produzidos no mercado brasileiro.
Esta norma será base para a futura normalização do concreto reforçado com fibras de aço no Brasil, que deverá versar,
entre outros fatores, sobre a tenacidade.
Como indicado anteriormente, existem dois grandes grupos de ensaios para controle da tenacidade, os ensaios de
placas e os ensaios em prismas. As possibilidades para a normalização do ensaio de placas são inúmeras. Entre elas
existe o sistema convencional de placa quadrada, o que já vem sendo realizado por vários laboratórios de controle no
país. O esquema de ensaio proposto pela EFNARC (1996) é o mais tradicional e o mais freqüentemente usado no
Brasil. Consiste no puncionamento de uma placa quadrada com 600mm de borda e 500mm de vão central, apoiada em
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seus quatro lados, como apresentado na Figura 4. Isso é muito útil quando não se dispõe de uma metodologia de
dimensionamento do concreto reforçado com fibras para a comprovação de equivalência ou mesmo superioridade da
nova tecnologia, para autoridades e clientes.
Os ensaios de punção de placas quadradas têm uma série de limitações, como é o fato de forçá-lo a padrões de
fissuração erráticos e de grande abertura (Figura 5). Isto levou a pesquisadores no mundo todo a procurarem inovações
para aperfeiçoá-lo. Uma delas é a utilização de placas redondas, que têm a vantagem de permitir sistemas de apoio
contínuo e descontínuo em três pontos (Figura 6). Quando usado o sistema descontínuo de apoio em três pontos há uma
orientação dos planos de fratura, o que contribui muito para a redução da variabilidade do resultado. Além disso, este
ensaio permite também a aplicação do esforço do modo distribuído sobre a placa, o que propicia condições muito
estáveis para a realização do mesmo. Uma alternativa a este ensaio é a utilização de placas triangulares que também se
utilizam de apoios descontínuos em três pontos fixados em cada vértice da placa (Almeida, 1999). O carregamento é
feito em carga centrada e, como no caso anterior, há uma orientação dos planos de fratura tornando o ensaio eficiente
em termos de repetibilidade e reprodutibilidade. Outra vantagem para este ensaio é o baixo peso do corpo-de-prova
quando comparado aos outros sistemas de ensaio de placas. Apesar de a placa circular permitir que seja deslocada
rolando-se a mesma até a máquina de ensaios, o seu posicionamento para a realização do ensaio é difícil e a mesma
exige um grande vão do pórtico da prensa. Além disso, há também um maior volume de material utilizado para o
ensaio, o que dificulta sua deposição após ensaio. Este ensaio é destinado exclusivamente à qualificação do concreto
projetado reforçado com fibras de aço, não sendo aplicado para o caso do concreto convencional.

FIGURA 4 – Ensaio de puncionamento de placas quadradas.

FIGURA 5 – Detalhe do nível de fissuração atingido durante a realização do ensaio de puncionamento de placas
quadradas.

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Os ensaios de determinação da tenacidade em prismas submetidos ao ensaio de tração na flexão com deformação
controlada possuem uma maior diversidade. Os ensaios tradicionais pra concreto projetado são mais simples e estão
baseados na flexão de prismas serrados a partir de placas moldadas por projeção. Estes prismas são submetidos ao
ensaio de flexão em quatro pontos e têm as deflexões medidas por meio de um LVDT fixado a um sistema denominado
yoke (Figura 7). As variações principais são o tamanho do prisma, que dificilmente terá u ma altura superior a 10 cm, e a
forma de medida da tenacidade que possui parâmetros distintos em função da norma utilizada. Os principais ensaios
utilizados para este fim sim os preconizados pela JSCE (1984) e pela EFNARC (1996). Uma das possibilidades de
desenvolvimento destes ensaios e que pode ser implementada na normalização brasileira é a utilização de entalhes na
base do prisma. Estes entalhes foram concebidos com o principal objetivo de reduzir a instabilidade pós-pico e,
principalmente, a variabilidade do resultado do ensaio. No entanto, pesquisas recentes demonstraram que este tipo de
entalhe nem sempre é capaz de reduzir a variabilidade do resultado e, além disso, pode comprometer a determinação da
resistência à tração, que é facilmente determinada no ensaio convencional em conjunto com a tenacidade (Gava, 2006).
Assim, uma das possibilidades é a utilização do entalhe lateral no corpo-de-prova que evita concentração de danos e
tensões na fibra mais tracionada do prisma (Gava, 2006). É necessário ter alguns aspectos importantes em mente
quando se discutir nas comissões a normalização do concreto reforçado com fibras, principalmente no que diz respeito à
determinação da tenacidade em prismas. O primeiro é a necessidade de se garantir a máxima simplicidade e eficiência
do ensaio. Ensaios muito complexos demandam maior atenção dos operadores para o controle de sua execução, estão
mais sujeitos a vários erros e, invariavelmente, são mais caros. Com isto, terão maior dificuldade de implantação. Não
negando a importância dos ensaios mais sofisticados para a avaliação precisa do comportamento do material, como é o
caso dos sistemas de ensaio do tipo close-looping, é essencial manter-se a simplicidade dos ensaios para programas
regulares de controle da qualidade.
CARGA
CARGA

Vista frontal Vista frontal

Apoios Apoios

Vista superior

Vista superior

FIGURA 6 – Ensaio de puncionamento de placas triangulares e redondas com três apoios.

Outros ensaios também devem ser trabalhados no futuro, podendo-se destacar dois deles: a determinação do teor
de fibra incorporado no concreto no estado fresco e no estado endurecido. Estes dois ensaios têm importância
fundamental para a tecnologia do concreto projetado reforçado com fibras de aço, pois seu desempenho é diretamente
afetado pelo teor de fibra que consegue ser incorporado à estrutura. Hoje, quando muito, se faz a especificação do
consumo de fibra que é adicionado à mistura que alimenta a bomba de concreto. No entanto, o que garante o
desempenho final é aquele teor que ficou incorporado. A determinação do teor de fibras do concreto recém projetado,
ou seja, no estado ainda fresco, pode ser considerada como um complemento da realização do ensaio de reconstituição
de traço (NBR 13044). A determinação do teor de fibra incorporado ao material é feita com a coleta desse material após
a lavagem dos finos. Tal procedimento já foi utilizado em estudos anteriores com sucesso (Figueiredo, 1997). Já a
determinação do teor de fibra incorporado ao concreto projetado endurecido pode ser feita em conjunto com a
realização do ensaio de determinação da massa específica e da absorção (NBR 9778), devendo-se apenas realizar a
ruptura do corpo-de-prova ensaiado e a coleta da fibra com o uso de um ímã.
Mais importante do que se dispor de ensaios para qualificação do material é a necessidade de que os requisitos
de desempenho sejam especificados pelos projetistas. Os mesmos podem lançar mão de especificações internacionais
que definem qual é o nível de absorção de energia mínimo que o concreto projetado deve apresentar no ensaio punção
de placas. Este nível mínimo pode ser o parâmetro básico de seleção do compósito que atenderá aos requisitos da obra.
A EFNARC (1996) estabelece uma classificação para os níveis de absorção de energia em placas quadradas (Tabela 1).
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Estes níveis diferenciados de energia podem ser associados à demanda de capacidade resistente residual da estrutura, o
que deve ser definido em projeto. Em conjunto com esta exigência, deve-se prever a realização dos estudos prévios na
obra, antes do início efetivo da execução do túnel (EFNARC, 1996). Isto é extremamente importante porque permite
realizar os estudos de homologação e qualificação do material, e de dosagem. Também é possível realizar a qualificação
de mangoteiros (NBR 13597), já que se tem norma disponibilizada para isto há anos com pouca ou nenhuma utilização.
Nestes estudos prévios, também se garantiria a realização dos ensaios de tenacidade em prismas em conjunto com os
ensaios de placa, o que permitiria parametrizar o valor a ser exigido no controle corriqueiro. Uma alternativa seria
realizar a caracterização básica do material em termos de resistência mecânica (compressão e tração na compressão
diametral) e determinar o teor de fibra incorporado que garanta a tenacidade, o qual irá se tornar o parâmetro de
controle corriqueiro. Ou seja, ter-se-ia o controle do valor de resistência mecânica, massa específica e absorção de água,
e o teor de fibra incorporado ao concreto endurecido. Esta seria uma alternativa simplificada de programa de controle da
qualidade para obras de menor porte ou responsabilidade. Para obras de maior responsabilidade, poderia -se utilizar os
parâmetros de definição de lotes adotados pela EFNARC (1996), que se encontram apresentados na Tabela 2.
Aplicações específicas, como é o caso dos segmentos utilizados no revestimento de túneis produzidos com tuneladora,
devem possuir controle específico corriqueiro e a adoção de sistemas simplificados só contribuirão para prejudicar a
aplicação otimizada do material. Neste caso, a definição dos lotes deve respeitar as condições de produção dos
segmentos, ou seja, qualquer alteração nas condições de produção deverá representar uma alteração do lote a ser
julgado, além do respeito ao volume máximo de concreto a ser julgado para a aprovação do lote.

Corpo-
de-prova Yoke

LVDT

FIGURA 7 – Ensaio de tração na flexão em prisma serrado para a determinação da tenacidade do concreto projetado
reforçado com fibras de aço.

TABELA 1 – Requisitos de absorção de energia no ensaio de punção de placas quadradas (EFNARC, 1996).
Classificação da Energia absorvida no ensaio de punção de placas até
tenacidade uma deflexão de 25mm (Joules)
A 500
B 700
C 1000

TABELA 2 – Freqüência da realização dos ensaios segundo o rigor do nível de controle da qualidade (EFNARC, 1996).
Tipo de ensaio de controle Reduzido Normal Rigoroso
Resistência à compressão 500 250 100
Resistência à tração na flexão 500 250
Tenacidade na flexão 1000 500
Absorção de energia em placas 1000 500
Aderência 500 250
Conteúdo incorporado de fibra 250 100
Espessura da camada projetada 50 25 10
Volume em m3 de concreto produzido entre testes

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MÉTODOS DE CONTROLE DA ESTRUTURA
Pode-se dizer que uma das principais contribuições que se espera do uso da fibra para a qualidade das estruturas
enterradas é o controle da fissuração geral da mesma. Com este controle, obtém-se também uma diminuição da entrada
de água advinda do maciço, restringe-se assim o acesso de outros agentes agressivos ao interior da estrutura, o que
amplia a perspectiva de durabilidade da obra. Uma das principais preocupações atuais dos administradores de obras
enterradas é a garantia de certo nível de estanqueidade da estrutura. No entanto, é muito difícil haver uma
parametrização confiável dessa característica e, muito menos, quantificá-la de maneira confiável. Uma das
possibilidades futuras de reversão desse quadro é a utilização de permeâmetros portáteis que possam mapear o nível de
permeabilidade da estrutura. Estes permeâmetros não seriam baseados de maneira exclusiva na lei de Darcy, mas
levariam em conta outros fatores que, além do valor do coeficiente de permeabilidade Darcyniano (k1), a análise
englobaria um segundo coeficiente de permeabilidade não Darcyniano (k2) que permite verificar o nível de perda de
carga associado à descontinuidade e rugosidade dos poros (Innocentini et al. 1998; Innocentini et al. 2003). Estes
fatores acabam por condicionar a velocidade de passagem da água pela estrutura porosa do material, ou seja, acabam
por configurar uma determinação mais precisa. Assim, um sistema como este poderia detectar com grande facilidade o
grau de influência de uma fissura no nível de permeabilidade da estrutura. Desta forma, a utilização de um sistema
portátil seria capaz de verificar também a influência do nível de fissuração na permeabilidade da estrutura, bem como
seu mapeamento e quantificação. Com isto, seria possível estabelecer parâmetros claros de desempenho da estrutura,
bem como uma forma de controle da mesma. Naturalmente que este controle não poderia ser feito de maneira
desconectada do programa de controle regular da estrutura. Pelo contrário, teria muito maior poder de esclarecimento
do desempenho global da estrutura quando feito em conjunto com outras medidas, como a do grau de convergência, que
permitiria avaliar o grau de influência da deformação do maciço no nível de fissuração da estrutura.

DOSAGEM DO CONCRETO COM FIBRAS


Há algum tempo já se dispõe de métodos de dosagem do concreto reforçado com fibras, tanto projetado
(Figueiredo, 1997) como convencional (Figueiredo et al., 2000). Estes métodos foram concebidos de maneira a serem
adaptáveis a qualquer padrão de determinação de tenacidade. Ou seja, mesmo que a futura normalização brasileira
venha a adotar um sistema diferente para a determinação da tenacidade em prismas ou em placas, é possível utilizar a
base teórica desta metodologia. No entanto, como já foi dito antes, esta metodologia raramente é empregada, pois as
especificações brasileiras induzem ao emprego de consumos fixos de fibras por metro cúbico, sem definir parâmetros de
desempenho mínimo ou, em alguns casos, nem mesmo os requisitos que o material terá que atender. Esta tendência é
meramente fruto de abordagens empíricas e não fundamentadas, já que a possibilidade de utilização destes fibro-
concretos já vem sendo estudada há algum tempo com comprovações recentes de sua exeqüibilidade (Telles e
Figueiredo, 2006). Vale lembrar que a definição de um teor mínimo de fibra não é suficiente para a garantia do
desempenho do compósito que depende muito da interação entre fibra e matriz (Figueiredo, 2005). Isto é comprovado
frequentemente a partir de inúmeros exemplos como os resultados obtidos por Figueiredo (1997) comparando o
desempenho de concretos projetados de diferentes níveis de resistência mecânica reforçados com fibra de chapa
cortada. Na Figura 8 pode-se observar as duas curvas de dosagem do material, que demonstram que a capacidade de
reforço do concreto é severamente prejudicada com o aumento da resistência da matriz quando se utiliza de fibras de
baixa resistência mecânica. Ou seja, se a especificação da fibra é, simplesmente, a definição de um teor mínimo, haverá
uma perda de eficiência do reforço se ocorrer um aumento da resistência da matriz. Por outro lado, fibras de maior
resistência mecânica como as obtidas a partir de fios de aço trefilado, poderão apresentar ganho de desempenho se
houver um aumento da resistência da matriz (Figueiredo et al. 2000).
Uma outra possibilidade que se avizinha para uso regular futuro é a utilização de sistemas combinados de fibras.
Estes sistemas teriam dois tipos básicos de fibras com duas funções distintas. Uma das fibras teria a função básica
tradicional de incrementar a resistência residual pós-fissuração do compósito, ou seja, ductilizar o material aumentando
sua tenacidade. Um outro tipo de fibra seria utilizado conjuntamente com uma finalidade distinta como, por exemplo, o
incremento da resistência da matriz ou a proteção do compósito frente à ação de um incêndio. No primeiro caso seriam
utilizadas micro-fibras de modo a se garantir a ação das mesmas no controle da indução das micro -fissuras. Em outras
palavras, estas micro-fibras atuariam como agente de restrição da propagação das micro-fissuras que induziriam as
macro-fissuras aumenta a resistência de pico da matriz. Algumas pesquisas já vêm sendo desenvolvidas em algumas
universidades brasileiras com a UFRGS, aonde o trabalho vem sendo desenvolvido com macro-fibras de aço e micro-
fibras poliméricas e de carbono.
O outro tipo de utilização de sistemas combinados de fibras é aquele associado ao controle do lascamento
explosivo da estruturas submetida a incêndio. Neste caso também é muito freqüente a adoção de critérios absolutamente
empíricos onde se estabelece um valor de consumo mínimo de fibras por metro cúbico, não se levando em conta a
maior ou menor susceptibilidade da estrutura à ocorrência do fenômeno. Ou seja, especifica-se a fibra de maneira muito
similar aos procedimentos adotados para especificar a fibra de reforço mecânico do concreto. No entanto, já foi
comprovada a ma ior susceptibilidade dos concretos de maior resistência mecânica que possuem uma micro-estrutura
mais fechada (Nince, 2007). Na Figura 9 está apresentado um gráfico que indica a susceptiblidade ao spalling de
concretos com diferentes relações água/cimento submetidos a ambientes de diferentes umidades relativas. Observa-se
claramente que, quanto menor a relação água/cimento, ou seja, quanto maior a resistência do concreto, maior será a
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probabilidade de ocorrência de spalling. Da mesma forma, quanto mais saturado o ambiente, maior será a probabilidade
de ocorrência deste tipo de fenômeno. Isto ocorre porque, nestas duas situações há uma maior dificuldade para o
concreto liberar a saída de vapor, o que gera maiores pressões internas. Assim, túneis que utilizam anéis segmentados e
que estejam abaixo do lençol freático produzindo elevada condição de saturação irão configurar a maior condição de
risco para o lascamento explosivo. Desta forma, estes concretos irão demandar um maior teor de fibras de polipropileno
para evitar que o spalling ocorra. Isto pode ser verificado pelos resultados apresentados na Figura 10, onde o concreto
com relação água/cimento de 0,25 demandou um consumo mínimo de 2000g/m3 de fibras para minimizar o volume de
concreto lascado. Nas mesmas condições o concreto com relação água/cimento de 0,5 demandou um consumo mínimo
de 600g/m3 de fibras para evitar a ocorrência do spalling. Assim, a dosagem desta fibra irá depender,
fundamentalmente, da relação água/cimento utilizada para a produção do concreto. Como também já foi comprovado
que a condição de saturação do concreto também tem papel determinante no aumento do risco da estrutura sofrer este
tipo de dano, túneis que são construídos sob o nível do lençol freático poderão demandar um consumo maior de fibras.
Por outro lado, túneis construídos em ambientes secos, irão configurar uma situação de menor risco e,
consequentemente, demandarão um menor teor de fibras. Vale ressaltar que os estudos desenvolvidos neste sentido até
agora focaram quase que exclusivamente o concreto convencional, e muito ainda deve ser desenvolvido em termos de
pesquisa sobre o concreto projetado. Assim, algum esforço ainda deve ser despendido no sentido de se obter formas de
avaliar o desempenho dessas estruturas de maneira mais eficiente. Ensaios de larga escala em componentes carregados
serão fundamentais para se garantir a maior confiabilidade dos resultados e possibilitar a otimização do processo.
FATOR DE TENACIDADE

4
3,5
3
2,5
(MPa)

2
1,5
1
0,5
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
3
CONSUMO DE FIBRA (kg/m )

48MPa 37MPa
48MPa 37MPa

FIGURA 8 – Curvas de dosagem para uma fibra de aço de chapa cortada em concretos projetados via seca com
diferentes níveis de resistência à compressão (Figueiredo, 1997).

40
Vol Lascado (%)
Máximo
30 Mínimo
1,00

20

10

40

30
RH%
,75

20

10

40

30
,55

20

10

,25 ,35 ,50

Relação água/cimento (a/c) - adimensional

FIGURA 9 – Gráfico de distribuição de probabilidade de ocorrência de spalling em função da relação água/cimento e


da umidade relativa do ambiente (Nince, 2007).
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Volume Lascado em %
2,0
Máximo
1,0 Mínimo

0,8 1,5
% Volume Lascado

% Volume Lascado
0,6

1,0

0,4

0,5

0,2

0,0 0,0

500 750 1000 1500 1750 2000 2250 500 600 750 1000 1250 1500

Teor (a/c = 0,25) Teor (a/c = 0,50)

FIGURA 10 – Gráfico de volume de concreto lascado em função do teor de fibras para duas relações água/cimento
(Nince, 2007).

CONCLUSÕES
As perspectivas para o uso dos concretos com fibras em túneis no Brasil são muito promissoras. Isto advém do
fato de que, mais do que desenvolver ou estudar tecnologias sofisticadas para a produção destes concretos, faz-se
necessária a realização da transferência dos resultados de pesquisas desenvolvidas nas universidades e outros centros
para a prática. Assim, é mais importante se investigar onde a tecnologia se encontra atrasada para que se realize a sua
atualização. Ou seja, resultados de pesquisa que já se encontram consubstanciados, não devem jazer em prateleiras de
bibliotecas das universidades de modo a reduzir os referidos claros tecnológicos.
A melhor forma de ocorrer este tipo de transferência é a produção de recomendações e de normas técnicas que
balizem o mercado. Isto, no entanto, requer um trabalho intenso e depende do voluntariado dos profissionais envolvidos
no assunto. Apesar disto ser uma tarefa de difícil execução pelas condições atuais no Brasil, deve-se ter em mente que é
o melhor caminho para o desenvolvimento do mercado e precisa do apoio de todos.

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