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Instituto Politécnico de Portalegre

Escola Superior de Educação de Portalegre


Mestrado em Jornalismo, Comunicação e Cultura
Maio de 2011
Ângela Mendes

Novos modelos de negócio: Quem paga e como se pagam as notícias


online? O modelo Freemium no Público Online.

Resumo
Os Media enfrentam nos dias de hoje um grande desafio, o de encontrar um modelo
de negócio online que garanta a sua sustentabilidade enquanto estruturas empresariais. E
a Imprensa parece ser o meio que mais dificuldades têm encontrado nesta nova
plataforma.
Apesar já se terem avançado com várias hipóteses, ninguém parece ter ainda
encontrado um modelo que se adeqúe ao futuro da Imprensa na Internet. O “Público
Online” vem agora implementar um modelo Freemium. Pretendemos com este trabalho,
ver quais são as diferenças entre os conteúdos pagos e os grátis, e que outras vantagens
o “Público Online” oferece aos seus assinantes na Internet.

Palavras-Chave: Modelos de Negócio, Freemium, Público Online, Ciberjornalismo

Abstract

Today, mass media are facing a great challenge, to find a business model online that
can guarantee its sustainability while entrepreneurial companies. And the written Press
seems to be the media that has faced more difficulties in this new platform.
Despite the fact that several hypothesis have been presented, no one seems to have
found a model that fits the future of the written Press in the Web. Portuguese newspaper
“Público Online” is now implementing a Freemium model. We pretend to find, with this
paper, the differences between paid contents and free ones and what other advantages
does “Público Online” offers to his subscribers.

Key-Words: Business models, Freemium, Público Online, Cyber Journalism

1
Introdução

“O Jornal enquanto empresa, local de trabalho e modelo jornalístico baseado


apenas na escrita e na fotografia terminou, ou melhor, não terminou ainda, mas
encontra-se num processo de mutação, que nos fará olhar para este momento actual
como o inicio de uma ruptura.” (44:2009) Quem o diz é Gustavo Cardoso, a par de um
grande número de investigadores e teóricos.
Muito se tem falado nos últimos anos no fim eminente do jornal impresso e até dos
média tal como os conhecemos, e mesmo que não se seja apologista destas visões
extremadas do futuro dos média, a mudança em diversos campos é algo que não
podemos negar. Principalmente, no caso da imprensa e do seu tradicional jornal
impresso.
Falamos em dois pontos essenciais: encontrar e implementar uma linguagem própria
para a imprensa online e encontrar um modelo de negócio capaz de garantir a
sustentabilidade da imprensa neste novo ambiente digital.
A imprensa está em declínio. As vendas em banca baixam semestre após semestre e
os lucros obtidos com a publicidade também. É ponto assente que se tem de encontrar
um rumo diferente para a imprensa e compreender como pode ela se adaptar ao online.
Ken Doctor1 afirma num dos seus artigos “You can’t find anyone who says he yet has
a proven, sustainable business model for moving forward”. E esta é no fundo a
realidade com que nos debatemos hoje em dia. Uma realidade complexa, onde o
jornalismo online sofre pressões de várias sectores, num cenário aqui traçado por Des
Freedman:

“For all the possibilities of vigorous debate and fresh perspectives, the business model of
online journalism appears to be one which audiences largely refuse to pay for content,
advertising revenue is dominated by search engines and pure-play companies, cannabalizations
remains a concern (as it does in the recorded music industry) and traffic goes more and more to

1
Autor do Livro Newsonomics: Twelve New Trends That Will Shape The News You Get e participante do site
www.newsonomics.com. Consultor da área dos Media. Trabalhou 21 anos com a Knight Ridder onde desempenhou
uma série de cargos, chegou a ser Vice-Presidente da KnightRidder Digital. Citação retirado de “The newsonomics of
oblivion”. http://www.niemanlab.org/2011/03/the-newsonomics-of-oblivion/

2
internet portals and aggregators who invest virtually nothing in original news content and
simultaneously fail to expand significantly the range of source material.” (47:2010)

Por um lado, os consumidores mostram-se relutantes em pagar por conteúdos, por


outro, o mercado da publicidade encontrou na Internet outras plataformas mais
apetecíveis do que os média. Os motores de busca e os agregadores de conteúdo criaram
uma atmosfera ainda mais negativa para os defensores dos conteúdos pagos, uma vez
que disponibilizam conteúdos feitos por outros, de forma gratuita e condensada sem que
façam investimento algum na criação desses conteúdos.
Freedman aponta ainda a canibalização dos meios. Na internet há muito espaço, e
criaram-se inúmeros meios de comunicação exclusivos na Web a par dos meios
tradicionais que migraram para o meio digital. De uma forma ou de outra, está a provar-
se que apesar de o espaço virtual ser presumivelmente infinito, o mercado online
continua a não o ser, e muitos dos pressupostos dos mercados continuam a aplicar-se
neste novo ambiente, sendo que a internet tem provado ser o mais competitivo de todos
os mercados.
Apesar de várias hipóteses terem sido já apontadas, nenhuma delas parece ser
sustentável por si só, e mesmo após algumas experiências, ninguém arrisca ainda
apresentar uma solução global para garantir a sustentabilidade económica dos média, e
em particular, da Imprensa Online.
Apesar das muitas vozes dissonantes, os modelos que imputam os custos de
produção das notícias aos consumidores estão a ser testados por alguns jornais, O New
York Times implementou há poucos meses uma nova paywall, e em Portugal, o Público
Online começou também a disponibilizar um espaço exclusivo para assinantes.
O aparecimento de novos dispositivos electrónicos como o IPad e os Smartphones
vieram trazer novo fôlego aos defensores de conteúdos pagos, com a venda de
aplicações para leitura das versões online dos jornais a começarem a contribuir para as
receitas, no entanto, não parece ainda ser possível avaliar o sucesso ou não destes
modelos. A sua evolução depende muito da tecnologia e da sua capacidade de
penetração no mercado.
Tendo em conta todas estas variantes iremos tentar perceber o que tem para oferecer
aos seus assinantes um jornal como o Público Online, que implementou um espaço
exclusivo para assinantes, com conteúdos pagos que podemos afirmar ser uma
aproximação ao modelo Freemium.

3
O modelo Freemium, enquanto modelo de negócio para a Imprensa
Online.

As hipóteses avançadas têm sido muitas. Paywall total, o crowdfundig, os


micropagamentos, o mecenato, a venda de aplicações para plataformas móveis, a réplica
de antigos modelos baseados na publicidade ou uma mistura de vários destes modelos a
funcionar ao mesmo tempo fazem parte das propostas.
Não se chegou ainda a nenhuma conclusão. Os teóricos dividem-se entre os que
acham que a filosofia de gratuitidade de conteúdos na Internet se deve manter e os que
defendem o pagamento dos mesmos. Fernando Zamith2 afirmou mesmo que “Quem
descobrir o modelo de negócio ideal para o jornalismo na Internet vai salvar não só
uma indústria que emprega milhões de pessoas em todo o mundo como poderá mesmo
salvar o próprio jornalismo.”
Numa coisa estão todos de acordo, os média estão a mudar. No futuro a maneira
como se definem os meios, as plataformas em que teremos acesso a conteúdos e os
próprios conteúdos serão diferentes.
Uma das questões que paira sobre este momento de caos e de mudança é a
sustentabilidade dos média, principalmente da imprensa escrita. Que modelo de negócio
pode garantir a continuidade do trabalho jornalístico?
Num debate online promovido pelo jornal Público João Canavilhas3 afirma que
“Parece existir um público premium que está disposto a pagar pelo acesso aos
conteúdos, mas quer receber informação multimédia, personalizada e exclusiva. O
problema é que esta informação é cara e as empresas não arriscam.”. Muitos teóricos
põem a tónica na qualidade dos conteúdos. Pagar por eles é uma possibilidade remota
visto que não têm qualidade. Portanto, primeiro há que produzir melhores conteúdos.
Esta é uma realidade que ainda não acontece na maioria dos média. Os conteúdos
que disponibilizam online são derivados dos trabalhos feitos para a versão impressa,
sem mais-valia para o leitor, e sem aproveitamento de todas as ferramentas que a

2
Fernando Zamith é Docente de Técnicas de Expressão Jornalística Online, Ateliers de Jornalismo Online e
Seminário de Jornalismo, artigo em http://www.publico.pt/Media/modelos-de-negocio-para-a-imprensa-
online_1457100
3
Docente da Universidade da Beira Interior, participou no Debate Online promovido pelo Jornal Público em que
diversas personalidades apresentam a sua opinião sobre os novos modelos de negócio com o título: Jornalismo
Online: Pagar ou não pagar? http://www.publico.pt/15Anos/DebatesPagar/Index

4
internet coloca ao serviço dos jornalistas para enriquecer um trabalho. Logo, não há
porque pagar por esses conteúdos.
Num outro contexto António Granado4, firme opositor aos modelos pagos pelo
consumidor, afirma em relação ao pagamento de conteúdos online em Portugal. “Não,
nunca e de maneira nenhuma. A não ser que os média portugueses se queiram suicidar.
É verdade que, pelo investimento feito nos últimos anos nas suas equipas e edições
online, os média portugueses mostram perigosas tendências suicidas, mas começar a
cobrar pelos fracos conteúdos multimédia que produzem seria como dar um tiro na
cabeça depois de ter tomado 605 Forte.”
Uma posição estremada, defendida num artigo do Público Online que vem agora
implementar um espaço exclusivo para assinantes, um modelo Freemium.
João Canavilhas, no debate já mencionado, defende que o modelo Freemium é um
dos que tem sido mais utilizado e defini-o como “ uma oferta informativa que junta
conteúdos gratuitos (free) e conteúdos de acesso pago (premium). As empresas
conseguem receitas das vendas, mas também da publicidade que procura os
consumidores dos conteúdos gratuitos. É claramente aquilo a que poderíamos chamar
um “modelo de hibernação”: permite a sobrevivência das empresas, mas o produto
jornalístico não evolui.”
O modelo Freemium foi um conceito apresentado, em 2006, por Fred Wilson5 um
investidor de capitais de risco sediado em Nova Iorque e um proeminente bloguer.
Começou por o definir, “Give your service away for free, possibly ad supported but
maybe not, acquire a lot of customers very efficiently through word of mouth, referral
networks, organic search marketing, etc., then offer premium priced value added
services or an enhanced version of your service to your customer base.” E depois pediu
aos visitantes do seu blog para o ajudarem a escolher um nome para o conceito, em
poucas horas chegaram ao nome Freemium, que veio depois a ser usado na Revista
Wired e na Business 2.0.
Mas o conceito de Freemium não se aplica apenas às notícias. Muitas outras
plataformas online o usam enquanto modelo de negócio. É o caso do Flickr, do

4
Jornalista e Professor na Universidade Nova de Lisboa. Dinamiza o Blogue sobre media
http://ciberjornalismo.com/pontomedia/ Artigo em http://www.publico.pt/Media/o-tempo-nao-volta-para-
tras_1457064
5
Fred Wilson é um investidor de capitais de risco sediado em Nova Iorque e proeminente Bloguer, promotor de
várias Start-ups e reconhecido como uma voz de relevo na área da economia em Nova Iorque.

5
LinkedIn ou do Skype. Para aqueles que se tornam assinantes há benefícios como maior
espaço de armazenamento, serviços extra e um maior acompanhamento técnico.
Todos nós temos acesso a estas plataformas e aos seus serviços mais básicos, mas se
quisermos tirar o máximo partido das ferramentas, ser assinantes é a única opção.
A questão que se coloca aos média é perceberem quais os conteúdos ou serviços
passíveis de serem primium, ou seja, afinal quais são os conteúdos pelos quais os nossos
leitores estão dispostos a pagar.
Fazer a diferenciação entre os conteúdos gratuitos e os “vendáveis” pode ser mais
complexo do que apenas uma simples decisão editorial. Criar conteúdos de valor
acrescentado implica investimento em meios e em recursos humanos. Estes são dois
pontos nos quais as empresas de média têm desinvestido nos últimos anos, encurtando o
número de repórteres nas suas redacções e prescindindo de correspondentes no
estrangeiro numa tentativa de cortar os custos. Nestas condições voltar a produzir estes
conteúdos é também um risco económico que muitas empresas temem correr.
Há ainda a necessidade de reforçar as redacções dedicadas ao online e de procurar
profissionais familiarizados com o novo ambiente. Não se trata só de escrever peças, os
conteúdos primium têm de explorar todos os recursos multimédia que a internet tem
para oferecer.
Não basta apenas disponibilizar versões PDF e integrais das edições impresass no
site ou criar aplicações para as novas plataformas como os Smartphones ou Tablets,
criar conteúdos primium é criar conteúdos que os consumidores estejam dispostos a
pagar, como faz o Wall Street Journal.

6
Metodologia

Neste trabalho propomo-nos a fazer uma comparação entre os conteúdos


disponibilizados no Público Online no seu espaço Freemium e os conteúdos que são
disponibilizados gratuitamente.
Além de uma série de vantagens enunciadas no momento da assinatura, pretendemos
perceber se o Público Online cria novos conteúdos ou se melhora os que disponibiliza
de forma gratuita quando os coloca na área exclusiva para assinantes.
Pretendemos também perceber se há um melhor aproveitamento das potencialidades
da Internet, como seja o uso de elementos multimédia.
Este estudo de caso baseia-se na observação do site www.publico.pt e da sua área
exclusiva para assinantes, à qual acedemos através da efectivação de uma assinatura
semanal com o custo de €2.30. A assinatura foi feita online, após se criar uma conta,
num processo relativamente simples, e paga através de referência multibanco.
A partir do momento em que foi paga a quantia foi-nos permitido total acesso á área
exclusiva para assinantes. Mencionamos também o facto de existir no site uma outra
modalidade de assinatura com o valor de €5.74 semanais e que incluí também a
assinatura da versão em papel, não achamos, no entanto, que fosse relevante para o
nosso estudo a comparação com a edição impressa.
O nosso estudo é baseado na observação dos conteúdos disponibilizados no Público
Online, espaço com conteúdos gratuitos, e do espaço que o Público Online reservou
para assinantes. Fizemos depois a comparação entre os dois espaços para perceber que
tipo de conteúdos ou serviços Primium oferece o Público ao assinante.

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Estudo de caso

O espaço do Público Online exclusivo para assinantes tem um Layout muito similar
ao restante site. Ao entrar pela primeira vez não nos deparamos com diferenças
assinaláveis. Uma vez dentro do espaço exclusivo para assinantes conseguimos aceder a
todos os conteúdos que estão fora desse espaço, com a particularidade de que aqui à
uma referência maior à edição impressa.
As vantagens que os assinantes têm ao pagar para entrar neste espaço são:
1. Jornal do dia em versão Web a partir das 02h00;
2. Jornal Electrónico diário, com suplementos, pesquisa, artigos favoritos,
partilha e outras funcionalidades;
3. Acesso à pesquisa das edições anteriores (edições diárias desde 1998);
4. Brevemente conteúdos exclusivos em Público IPhone e Público IPad;

Em primeiro lugar, a versão online do jornal diário é disponibilizado a partir das


02h00 da manhã com as notícias que farão a edição desse dia.
O que não acontece no site. Numa visualização depois das 02h00 ao espaço
exclusivo para assinantes é possível encontrar já os destaques da edição impressa, no
entanto o espaço grátis continua a ter as headlines do dia anterior.
No segundo ponto podemos encontrar o jornal e seus suplementos em versão PDF
que são disponibilizados a partir das 06h00 da manhã. Uma das funcionalidades
diferentes do restante site é que aqui há a diferenciação entre a edição do Público de
Lisboa e a do Porto, sendo possível ao assinante ler as duas.
No essencial, é a reprodução exacta da edição impressa, sem nenhum tipo de
interactividade ou uso de ferramentas disponíveis na Web como o hipertexto ou de
elementos multimédia.
O acesso a arquivos parece ser um dos pontos fortes do site. As edições dos últimos
sete dias estão disponíveis através de um link na barra lateral, e na mesma barra lateral
podemos também descarregar em PDF os últimos trinta dias de edições. É possível
pesquisa em edições diárias até 1998.
Para os assinantes esta consulta é gratuita. Mas mesmo sem ser assinantes é possível
aceder a estes conteúdos, no entanto o custo de cada peça é de €1.

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O último ponto é aquele que nos suscitaria mais interesse, mas que está relegado para
um “Brevemente”. Os novos dispositivos móveis como os Smartphones ou o IPad
parecem ser uma aposta para o Público Online, no entanto ainda não existe nenhum
conteúdo no site que seja exclusivo e criado para estas plataformas.
Pelo que nos é possível observar não está ainda implementado um modelo Freemium
na sua totalidade. Não existem conteúdos exclusivos, não existe uma maior exploração
de elementos multimédia ou da hipertextualidade, pelo menos não maior do que aquela
que é feita no site de acesso gratuito.
A grande mais-valia do assinante é o acesso mais rápido à edição em papel. Parece
um contra-senso, mas na realidade o que a assinatura nos oferece de mais relevante é a
possibilidade de folhear a versão impressa no nosso dispositivo móvel ou até mesmo no
monitor do computador, sem ser necessário sair de casa para comprar o jornal.
A versão PDF disponibilizada é uma reprodução fiel da versão impressa, com
espaços publicitários e classificados.
No espaço de leitura desta edição PDF é ainda possível aceder a uma galeria de
fotografias, no entanto não acrescenta nada à edição, apenas elenca as fotografias que
estão na versão que foi para a banca, não aproveita por exemplo, a possibilidade de
publicar fotografias que não couberam na edição impressa.
É também possível guardar a edição para uma leitura offline ou exportar o ficheiro
para um e-reader.
Existe ainda um link para uma rádio interactiva, no entanto não existe nenhuma
explicação do que se trata e durante a duração deste trabalho não conseguimos aceder a
esta funcionalidade.
Encontramos também um link para a subscrição RSS de conteúdos.
No espaço de leitura deste e-paper existem ainda várias ferramentas que podem ser
utilizadas e que aumentam a interactividade. Ao clicar num conteúdo específico no PDF
aparece um pequeno menu que nos permite partilhar a sua versão online numa das
seguintes plataformas: através de email, Digg, Facebook, Del.icio.us, Windows Live,
Blogger, Wordpress, Live Journal e Twitter.
É também possível imprimir o jornal a partir desse menu ou comentar o conteúdo,
comentário que aparece na versão do conteúdo que está online.
Existe ainda a função de áudio, ao clicar no ícone, inicia-se a leitura áudio do
conteúdo. Apesar de ser uma leitura feita por uma voz electrónica com pouca noção das

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pausas na leitura, esta ferramenta é bastante útil para pessoas com dificuldades visuais e
parece-nos ser uma mais-valia num conteúdo Freemium.
As colunas de opinião passaram a ser consideradas pelo Público Online como
conteúdos primium e desapareceram do espaço de acesso gratuito. É umas das mais-
valias mais visíveis na página, uma vez que as colunas de opinião são conteúdos que
suscitam sempre algum interesse por parte do leitor que agora apenas pode aceder a elas
comprando o jornal em banca ou sendo assinante.
Todos os outros conteúdos estão presentes na página de acesso livre, com um senão,
estão em diferido. Por exemplo, o suplemento cultural Ipsilon que sai com o jornal à
sexta-feira, apenas estará disponível para não assinantes na sexta-feira seguinte. É
disponibilizado na íntegra, mas com uma semana de atraso.

1. Página inicial do espaço exclusivo para assinantes no dia 24/05/2011

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2. Página inicial do Público Online no dia 24/05/2011

3. Versão PDF do Jornal Impresso, edições de Lisboa e Porto de 24/05/2011

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4. Espaço de leitura da versão PDF do jornal Público do dia 24/05/2011

5. Caderno de Opinião do Público Online de 23/05/2011

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Conclusão

O Jornal Público já antes havia feito uma primeira tentativa para cobrar os seus
conteúdos online, mas teve de recuar ao fim de alguns meses, pois o tráfego da sua
página baixou tanto que as perdas no campo da publicidade, em comparação o lucro
trazido pelos assinantes, transformou a paywall num modelo insustentável.
Esta nova tentativa de cobrar pelo acesso a determinados conteúdos advém, a nosso
ver, na crença que o Jornal Público partilha com alguns investigadores, de que o futuro
passará pelas novas plataformas móveis: os Tablets e os Smartphones.
Investe por isso mais na forma do que no conteúdo. Queremos com isto dizer que,
por enquanto, o que o espaço reservado a assinantes tem para oferecer de maior relevo
são as versões do Jornal em PDF ou o E-paper como o site lhe chama. Isto porque não
há uma produção de conteúdos exclusiva para assinantes, única e exclusivamente se
potencia os conteúdos produzidos para a versão impressa.
Existem outras funcionalidades no site apenas acessíveis aos assinantes, mas que por
si só não nos parecem ser potencialmente atractivas para o consumidor. Saber o que vai
estar nas bancas de manhã cedo logo às duas da manhã é uma mais-valia, mas quantos
consumidores estarão prontos para descarregar a sua versão PDF do Público às seis
horas da manhã?
Aceder sem restrição a arquivos é outra mais-valia, no entanto não é algo que
façamos constantemente, e havendo a possibilidade de pagar por peça, os assinantes
terão com certeza outra ordem de razões para fazer a assinatura.
E única razão forte neste momento é possuir um dispositivo móvel e querer tirar o
máximo de partido dele.
No campo de conteúdos exclusivos o Público Online deixou um vago „brevemente‟,
o que nos leva a crer que o jornal está neste momento ainda a testar o modelo, a apreciar
o seu crescimento e aceitação por parte dos consumidores, antes de arriscar e investir
em meios para apostar forte neste espaço.
Podemos então aceitar que o modelo do Público Online é um modelo Freemium, mas
que aposta mais nos meios de distribuição do que nos conteúdos, deixando em aberto a
hipótese de evolução para a criação de conteúdos exclusivos.

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Será interessante acompanhar a evolução ao longo dos próximos meses, e se possível,
fazer a comparação com o crescimento do número de assinantes, tentando perceber se é
esta a estratégia implementada.

Bibliografia

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of Digital Journalism, Columbia Journalism School, Tow Center for Digital Journalism, New
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Castells, M., A Galáxia Internet, Relexões sobre Internet, Negócios e Sociedade, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2007

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Comunicação, Futuros, Presentes, Quimera, Lisboa, pp. 15-71:2009

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http://www.niemanlab.org/2011/05/the-newsonomics-of-the-missing-link/
http://www.journalism.org/
http://stateofthemedia.org/
http://www.publico.pt/15Anos/DebatesPagar/Index
http://en.wikipedia.org/wiki/Freemium
http://www.publico.pt/

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