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Quelimane
2022
ARLINDO LOPES AMENDULACE
BIJÚ CARLOS GONÇALVES
CRISTE BERNARDO AMUSSALA
DÉRCIO JOSÉ SALATO
REALINO OLIVEIRA MUNDEFO NHAMPA
SÓNIA OLÍMPIO CARLOS
ZITO AUGUSTO OFINAR
Quelimane
2022
Sumário
1 Introdução................................................................................................................................3
2 Cessação da Relação Jurídica Fiscal........................................................................................4
2.1 Breve conceituação...........................................................................................................4
2.1.1 Relação jurídica.........................................................................................................4
2.1.2 Relação jurídica fiscal................................................................................................4
2.2 Extinção da relação jurídica..............................................................................................5
2.2.1 Pagamento..................................................................................................................5
2.2.2 Compensação.............................................................................................................6
2.2.3 Dação em cumprimento.............................................................................................7
2.2.4 Contusão....................................................................................................................7
2.2.5 Extinção por falência ou insolvência.........................................................................7
2.2.6 Prescrição...................................................................................................................8
3 Conclusão.................................................................................................................................9
4 Referências Bibliográficas.....................................................................................................10
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1 Introdução
O presente trabalho de pesquisa, com o tema Formas de Cessação da Relação
Jurídica Fiscal, busca analisar, no escopo do Direito Fiscal e Aduaneiro, o facto extintivo da
relação jurídica de imposto.
Como qualquer outra forma de relação jurídica que seja relevante para o Direito, a
relação fiscal pode constituir-se, modificar-se e extinguir-se, sendo certo que em obediência
ao princípio da legalidade, as formas da cessação devem ter cobertura na Lei, de
conformidade com o disposto nos artigos 43 e seguintes da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março,
que estabelece os princípios e normas gerais do ordenamento jurídico tributário
moçambicano, conjugado com as disposições vertidas nos artigos 32 e seguintes da Lei n.º
15/2002, de 26 de Junho, que estabelece os princípios de organização tributária do Sistema
Tributária da República de Moçambique, define as garantias e obrigações do contribuinte e da
administração tributária.
Não obstante a análise do quadro legal que disciplina a matéria em estudo, o trabalho é
igualmente realizado à luz das teorias apresentadas por doutrinadores como António Amaral
Mendes Sobrinho (1988), José Casalta Nabais (2019) e Suzana Tavares da Silva (2015), que
advogam sobre o Direito Fiscal, bem assim com capítulos específicos para o tratamento de
matéria relativa à extinção da relação jurídica fiscal.
Nestes termos, de acordo com Mota Pinto (2005, p. 175) relação jurídica em sentido
restrito ou técnico é a “relação da vida social disciplinada pelo Direito mediante atribuição a
uma pessoa de um direito subjectivo e a imposição a outra pessoa de um dever jurídico ou de
uma sujeição”.
No campo do nosso estudo, o instituto jurídico que irá nortear a relação jurídica é o
imposto, como seguidamente iremos observar. Assim, por instituto jurídico entende-se o
conjunto de normas legais que estabelecem a disciplina de uma série de relações jurídicas em
sentido abstracto, ligadas por urna afinidade, normalmente a de estarem integradas no mesmo
mecanismo jurídico ou ao serviço da mesma função (Mota Pinto, 2005).
O imposto é criado por lei, mas constitui uma prestação, aproximando-se, por isso, do
conteúdo típico de uma relação jurídica de natureza obrigacional de fonte legal. Aliás,
conforme reporta Silva (2015), o carácter obrigacional do imposto poderia fazer-nos pensar
que estávamos perante um ramo do direito privado e não do direito público, caso esta
obrigação não fosse depois gerida e administrada por entidades públicas, no exercício típico
de poderes de autoridade, às quais se reconhecem ainda importantes poderes discricionários.
Então, a relação jurídica fiscal corresponde, como refere Nabais (2019), no plano
constitucional, a um encargo que o Estado-comunidade impõe sobre os respectivos membros
com o objectivo de garantir liquidez para a realização das tarefas de interesse geral. O que
significa que cada contribuinte, neste contexto, é chamado a dar o seu contributo pecuniário
(em função da sua capacidade económica) para os encargos públicos, estabelecendo-se entre o
Estado-comunidade e o contribuinte uma relação jurídica, que para alguns autores se
caracteriza por um dever fundamental.
Ora, os sujeitos desta relação jurídica fiscal, nos termos do disposto no artigo 8 da Lei
n.º 15/2002, de 26 de Junho, são o sujeito activo – entidade de direito público, titular do
direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer directamente quer através de
representante – e sujeito passivo – pessoa singular ou colectiva, o património ou a
organização de facto ou de direito que está vinculado ao cumprimento da prestação tributária,
seja como contribuinte directo, substituto ou responsável.
2.2.1 Pagamento
Nos termos do n.º 1 do artigo 43 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, o pagamento
constitui a forma principal de cessação da relação jurídica fiscal. De acordo com Sobrinho
(1988), o pagamento é a entrega ao sujeito activo, pelo sujeito passivo ou por qualquer outra
pessoa em seu nome, da quantia correspondente ao objecto do crédito tributário.
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De acordo com Silva (2015), caso o sujeito passivo não pague o imposto devido no
prazo legal (isto é, não cumpra atempadamente a obrigação tributária), para além de ficar
sujeito a um processo de cobrança coerciva da dívida, de conformidade com o disposto no
artigo 37 da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, conjugado com o artigo 156 e seguintes da Lei
n.º 2/2006, de 22 de Março, e incorrerá também no pagamento, sucessivamente, de juros
moratórios, outros encargos legais, multas e coimas e dívida tributária, incluindo juros
compensatórios, atento ao disposto no n.º 4 do artigo 32 da Lei 15/2002, de 26 de Junho,
conjugado com a alínea d) do n.º 3 do artigo 147 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.
De acordo com Nabais (2019), os juros de mora são devidos quando o sujeito passivo
não pague o imposto no prazo legal. Por sua vez, os juros compensatórios são devidos
quando, por facto imputável ao sujeito passivo, for retardada a liquidação da parte ou da
totalidade do imposto devido ou a entrega de imposto a pagar antecipadamente, ou retido ou a
reter no âmbito da substituição tributária.
A lei admite ainda, de conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 34 da Lei n.º
15/2002, de 26 de Junho, o pagamento dos encargos tributários por prestações, para aquele
que não possa cumprir integralmente e de uma só vez a dívida tributária, bastando que, para o
efeito, requeira o pagamento em prestações.
2.2.2 Compensação
Entende Sobrinho (1988) que se o contribuinte é credor da Fazenda Pública e vice-
versa, pode-se compensar tais créditos. Compete, porém, ao legislador, obedecidas as
condições e sob as garantias que a lei exigir, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à
autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários regularmente
constituídos com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a
Fazenda Pública.
Ora, de conformidade com o acima referido, dispõe o artigo 44 da Lei n.º 2/2006, de
22 de Março, um regime específico para a compensação como meio para extinguir a dívida
tributária, nos termos fixados na Lei, em razão de pagamentos indevidos de tributos pelos
sujeitos passivos.
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2.2.4 Contusão
Nos termos do disposto no artigo 46 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, implica que
um mesmo sujeito seja credor e devedor de uma mesma obrigação tributária na mesma
entidade pública, pelo que extingue-se a dívida tributária.
2.2.6 Prescrição
Para Sobrinho (1988), a prescrição é o meio pelo qual, com o decurso do tempo,
alguém adquire um direito ou se libera de uma obrigação. Assim, assumem autores como
Sobrinho (1988), Silva (2015) e Nabais (2019) que, para além do cumprimento, a obrigação
fiscal pode ainda extinguir-se por prescrição da prestação tributária.
De forma tipificada, o que aqueles autores referem ganha forma no texto legal,
preceituado no artigo 36 da Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, e artigo 48 da Lei n.º 2/2006, de
22 de Março. Com efeito, a Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho, estabelecia um prazo de 15 anos
para a prescrição da dívida tributária, prazo que veio a ser alterado de conformidade com o
disposto no n.º 1 do artigo 48 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, salvo se disposição legal
contrária for achada.
O prazo de prescrição se conta a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se
verificou, respectivamente, a exigibilidade do imposto ou o facto tributário, ou, no caso de
devolução dos montantes indevidos, no dia em que foram postos à disponibilidade do sujeito
passivo os montantes indevidos (n.º 2 e 3 do artigo 48 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março).
O prazo de prescrição é suspenso, por um prazo não superior a 5 anos, desde que tenha
havido reclamação, revisão, recurso hierárquico e recurso contencioso da liquidação do
tributo. Igualmente, o prazo de prescrição é interrompido se o sujeito passivo tiver empregado
no processo executivo qualquer meio dilatório (ver n.ºs 4 e 7 do artigo 48 da Lei n.º 2/2006,
de 22 de Março).
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3 Conclusão
Nesta pesquisa procurou-se, a primeira vista, identificar as formas de cessação da
relação jurídica tributaria, tendo por base os estudos feitos por doutrinadores como António
Amaral Mendes Sobrinho (1988), José Casalta Nabais (2019) e Suzana Tavares da Silva
(2015), e, principalmente, em atenção ao regime jurídico aplicável aos casos, de
conformidade com o previsto na Lei n.º 2/2006, de 22 de Março e na Lei n.º 15/2002, de 26
de Junho.
4 Referências Bibliográficas
Lima, M. C. (1997). A Engenharia da Produção Acadêmica. São Paulo: Unidas.
Moçambique. (2006). Lei n.º 2/2006, de 22 de Março. Estabelece os princípios e normas
gerais do ordenamento jurídico tributário moçambicano. Maputo: Imprensa Nacional.
Boletim da República I Série – Número 12.
Mota Pinto, C. A. (2005). Teoria Geral do Direito Civil. 4.ª edição. Coimbra: Coimbra
Editora.
Nabais, J. C. (2019). Direito Fiscal. 11-ª edição. Lisboa: Livraria Almedina.
Silva, S. T. (2015). Direito Fiscal: teoria geral. 2.ª edição. Coimbra: Imprensa da
Universidade de Coimbra.
Sobrinho, A. A. M. (1988). Extinção da Obrigação Tributária. Revista de Ciência Política.
Rio de Janeiro, n.º 31(1):25-42, jan/mar.