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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

GESTÃO EDUCACIONAL - COORDENAÇÃO DE DIVERSIDADE E INCLUSÃO


ANEXOS - PAUTA FORMATIVA PE: ABRIL INDÍGENA / DE 04 A 15 DE ABRIL - 2022

ANEXO 1

ABRIL DA CONSCIÊNCIA INDÍGENA – O POVO TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA

Talvez você já tenha escutado alguns desses nomes: Tupinambá, Pataxó


Hãhãhae, Pataxó, Tuxá, Kiriri. Estes são alguns dos nomes dos 23 povos indígenas
que habitam o estado da Bahia, bem antes da chegada dos colonizadores. A marca
desses povos não está somente em sua presença física e cultural, mas também em
lugares bem familiares a todos que moram por essas bandas do Sul baiano: Itabuna,
Itariri, Sapetinga, Tororomba, Cururupe, Sambaituba, Tapera... E quem não gosta de
comer uma tapioca? Tomar um banho de rio, de cachoeira ou de mar? Descansar
numa rede? Todos esses costumes tão comuns no dia a dia de muita gente é herança
dos povos indígenas!
O povo Tupinambá partilha (e muito!) desse legado. Muita gente se referia, e
talvez ainda se refira, aos Tupinambá de Olivença como “Caboclos de Olivença” como
forma de depreciar e apagar a presença desse povo na região. Porém, os Tupinambá
vivem e ocupam o seu território desde tempos imemoriais, localizado nos municípios
de Ilhéus, Una e Buerarema. Apesar de muitas perdas nos massacres sofridos, da
imposição de uma nova ordem religiosa colonialista, que fez de Olivença, o primeiro
aldeamento. A resistência tem sido a bandeira não apenas desse povo, mas de todos
os povos indígenas brasileiros. A demarcação e a posse definitiva do território consiste
a principal reivindicação do povo Tupinambá, mas não é pauta única. Reivindicamos
por saúde e educação escolar de qualidade e de acordo com nossas realidades.
Como é de conhecimento geral, os primeiros impactos do contato entre
indígenas e colonizadores aconteceu na Bahia em 1500 e desde então, os povos
indígenas lutam para continuar a existir. E, por ter em abril, um dia dedicado aos
povos indígenas, nos articulamos local, regional e nacionalmente, através de nossas
organizações e apoiadores das causas indígenas, para dar ampla visibilidade as
nossas lutas e reinvindicações de nossos direitos, garantidos pela lei máxima do país,
a Constituição do Brasil.
A Lei (Lei 6001/73) nos garante o direito a demarcação de nossos territórios e o
usufruto exclusivo da terra para a manutenção da nossa existência física, social,
cultural e econômica de acordo com o nosso modo de vida, nossos saberes, nossas
ciências e todos os valores culturais que herdamos de nossos ancestrais.
O direito a vida que defendemos não é apenas o nosso, mas de todos os povos
indígenas e não indígenas, pois fazemos parte do mesmo habitat. Somos filhos e
filhas de nossa mãe Terra que nos presenteia todos os dias com o sol que vem trazer
vida, o ar que respiramos, a água que mata nossa sede, os alimentos que brotam da
terra. Todas essas dádivas são para os seres vivos que habitam esse planeta. A
nossa luta é contra um sistema que explora e mata, contamina os rios, os mares,
destroem as florestas, os manguezais e seus habitantes, tudo em nome do chamado
desenvolvimento, mas quê? De quem? Por isso, o Abril Indígena é tão importante e
necessário para refletir não apenas as causas indígenas, mas as causas de
manutenção da vida do planeta que afeta a todos nós.
TEXTO: CRECHE KATUANA
ANEXO 2

MODALIDADE EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

A Educação Escolar Indígena é uma modalidade da educação básica (DCRI, 2021)


que garante aos indígenas, suas comunidades e povos a recuperação de suas
memórias históricas, reafirmando sua identidade étnica, a valorização de suas línguas
e ciências. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), assegura a
importância da construção de programas que ofereçam educação escolar, bilíngue e
intercultural aos povos indígenas. Dentre os seus objetivos estão, a recuperação das
memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas indígenas, a valorização
dos conhecimentos desses povos, dentre outras.

Apesar de leis como essas representarem um avanço em nossas políticas


educacionais, já que interrompem a imposição de um currículo que buscava
uniformizar a educação escolar desconsiderando as especificidades indígenas, elas
não dão conta de garantir processos que de fato, atendam as comunidades. A
educação indígena envolve as culturas e os conhecimentos de cada povo, que são
passados dos mais velhos para os mais novos no cotidiano de acordo com a realidade
e a vivência de cada comunidade.

A Educação Escolar Indígena enfrenta, ainda hoje, uma série de desafios, eles estão
relacionados ao respeito dos tempos e atividades sociais que acontecem em cada
escola, a formação de professores, a produção de materiais didáticos específicos, a
infraestrutura das escolas e a contratação de professores. A Educação Escolar
Indígena alinha-se a concepção filosófica da natureza enquanto corpo vivo, dando o
tom das regras sociais, políticas e religiosas dos povos originais.

A luta pela terra é incansável porque nós, povos indígenas, precisamos dela para viver
e por ela defendemos para evitar sua ruína total pela sociedade dominante. Esta
educação é marcada por lutas para a garantia dos direitos. A Educação Escolar
Indígena diferenciada, bilíngue, intercultural e comunitária. Temos hoje em nossa
comunidade quatro escolas indígenas criadas pelo governo do estado da Bahia e duas
creches criadas pelo governo municipal, as quais atendem crianças de 0 a 3 anos.
Nossa luta é diária para conquistarmos a garantia da educação escolar, com a
estrutura adequada para atender nossos kurumins.

Dentro de nossos territórios buscamos forças através de nossos rituais, dos nossos
anciãos, das lideranças. Somos uma povo de resistência e de lutas. Queremos que os
nossos kurumins cresçam valorizando a nossa cultura, respeitando nossos anciãos e
nossas tradições. Através dos nossos recursos naturais buscamos desenvolver as
atividades no dia a dia, onde podemos cuidar do nosso ambiente, e sobretudo
revitalizar a nossa história e de nossos antepassados, respeitando a nossa cultura e
nossos rituais.

TEXTO: CRECHE AMOTARA

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