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O LIVRO

DRAMA
IGOR MERTZ DE OLIVEIRA, LETÍCIA MARQUES JUNGES E
YASMIN KALSING SCHMIDT

2021
INT. QUARTO - TARDE
1. INT. QUARTO - TARDE
Avô sentado na sala em uma cadeira de balanço, com um
expressão pensativa contemplando a vista da janela, na qual é
unica iluminação do ambiente, (visão das costas dele).
Música clássica tocando

2. INT./EXT. MUNDO
Fatos que o avô Enzo narra, vão passando na tela, para
explicar como funciona o mundo.

AVÔ ENZO
(IN OFF)
Século XXII, o ser humano frio, com
um andar robótico. O mundo perdeu
suas cores. A alimentação foi
substituída por pílulas, pois não
se tem mais tempo de aproveitar uma
refeição. O telefone celular, foi
substituído por um chip implantado
no braço, e a socialização foi
substituída por aplicativos.
Cidades foram engolidas pelos
mares, com o derretimento das
calotas polares. Todas as pessoas
são observadas por drones, o tempo
todo. A maior indústria do mundo
continua sendo a bélica e o sonho
da conquista do espaço perdeu a
graça, conquistamos outros planetas
escravizamos outras raças.

3. INT. QUARTO - DIA


Troca de musica clássica para uma eletrônica,a música se
encerra com ele tirando os fones de ouvidos,som de chamada
toca, Arthur toca na parte superior do antebraço e uma tela
holográfica aparece com uma ligação da mãe dele.

MÃE
ARTHUR! PRECISAMOS CONVERSAR!
ARTHUR
(revira seus olhos, e se
ajeita na cama e com voz
de desânimo)
Fala!
MÃE
O avaliador de capacitações me
ligou e me disse que sua pontuação
em relações interpessoais com
inteligência artificial caiu
drasticamente...

ARTHUR
2.

ARTHUR
Não precisa fingir que você se
importa.
MÃE
ISSO LÁ É JEITO DE FALAR COMIGO,
MOCIN...
Arthur desliga a ligação na cara da mãe dele e se deita na
cama novamente, colocando os fones de ouvido.

4. INT. QUARTO - DIA


Está relaxado e se assuta com três batidas na porta, e vê o
seu avô na porta entreaberta. O avô entra com um livro,
embaixo de seu braço, vai até a janela, abre as cortinas,
senta na ponta da cama em frente a janela com a luz batendo
em seu rosto. Arthur abre o aplicativo do Cellarm, e verifica
se o avô Enzo enviou alguma mensagem, mas não encontra nada.
AVÔ ENZO
O QUE VOCÊ TÁ ESCUTANDO AÍ?!

Arthur apenas o ignora e se vira para o lado contrário.


AVÔ ENZO
No meu tempo é que tinha música
boa, tinha o tiktok, o Kwai...
(Pausa enquanto observa o
Arthur))
Mas, te entendo, sou um velho, não
tenho nada de interessante para
você... Desde que sua avó
desapareceu, eu tenho ficado tão
sozinho... Mas o que me traz um
pouco de conforto, é este livro que
ela adorava. Nesse mundo que
vivemos hoje, sei que não temos
muito tempo para os outros mas...
Gostaria que você desse uma olhada
nele, acho que você vai gostar...
Arthur continua o ignorando o seu avô.

AVÔ ENZO
Bem... Vou deixar aqui no criado
mudo.
(Vô sai do quarto um tanto
cabisbaixo)
Depois de um tempo, Arthur se vira na cama e olha para o
livro que em cima do criado mudo.
ARTHUR
Sério isso?
(MAIS)

ARTHUR (CONT.)
3.

ARTHUR (CONT.)
(Abre o Cellarm e percebe
que está sem sinal de
internet)
Ahh... Ótimo! O roteador central
está em manutenção de novo, deve
ter sido mais uma erupção solar...
(Olha para o livro e pega
ele)
Romeu... E Julieta...? Em que
século ele vive?
(Abre o livro)
JULIETA - Romeu, Romeu! Ah! por que és tu Romeu?
Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se
não quiseres, jura ao menos que amor me tens,
porque uma Capuleto deixarei de ser logo.
ROMEU (à parte) - Continuo ouvindo-a mais um
pouco, ou lhe respondo?
JULIETA - Meu inimigo é apenas o teu nome.
Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio
tu não
fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé,
nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença
ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome?
O que chamamos rosa, sob uma outra designação
teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o
nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição
que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome,
e, em troca dele, que não é parte alguma de ti
mesmo,
fica comigo inteira.
Arthur adormece

5. EXT. CAMPOS - DIA


Arthur se encontra deitado no chão, em um campo verdejante.
Com alguma sombra passando por cima dele, muito rápido.
FREI LOURENÇO
Ora, olhe para você meu jovem, está
num estado lamentável... E
desculpe-me pela minha maneira, mas
que trapos tão grosseiros estás
usando?
ARTHUR
Eita! Quem é você? E que porcaria
de lugar é este?
FREI LOURENÇO
Mas que linguajar desenfreado é
este? Deves estar confuso,
recebeste muito sol na cabeça.

ARTHUR
4.

ARTHUR
Tá cara, mas você ainda não
respondeu as minhas perguntas...

FREI LOURENÇO
Ah! Sim! Perdoe-me pelo
inconveniente, sou o Frei Lourenço
e você está em Verona. Santo Deus
menino, teus pensamentos estão
delirantes. Venha, me acompanhe e
te darei abrigo e comida, até que
recuperes completamente tua
sanidade.

O Frei ajuda Arthur a se levantar e o encaminha para a


abadia.

6. EXT. JARDINS - MANHÃ


Arthur e o Frei, estão nos jardins. Arthur está sentado em um
banco no jardim, tomando água e com novas vestes que o Frei
lhe ofereceu para vestir por serem mais adequadas. Enquanto
isto, o Frei lhe explica sobre as flores no jardim e sobre a
utilização medicinal delas.

FREI LOURENÇO
A Terra é a mãe e a tumba da
natureza,na corola e no sentir
desta florzinha... Existe um veneno
de primeira grandeza. Fervido e
mexido, seu aroma traz muita
saúde... Mas se for ingerido, leva
direto ao ataúde
Arthur fica com uma cara de quem não está entendendo nada
durante a explicação. Mas concorda com tudo o que o Frei
fala. No final da explicação, entra Romeu com um sorriso
estampado no rosto.
ROMEU
Bom dia, meu bom padre!
FREI LOURENÇO
Romeu!Já de pé a esta hora? Não
esperava vê-lo ao amanhecer... A
preocupação pode tirar o sono de um
idoso, mas os jovens costumam ter
um sono prodigioso.
(Olha com uma cara séria
para Romeu)
Ou então... Se acaso em erro
estou... Digo que esta noite, Romeu
não se deitou.
ROMEU
Sim, descansei na graça divina!

FREI LOURENÇO
5.

FREI LOURENÇO
Ah! Deus que te perdoe, com
Rosalina?
Arthur observa a conversa ao lado do Frei encarando Romeu sem
entender nada.
ROMEU
Quem é Rosalina? Esqueci até o
nome.
FREI LOURENÇO
És meu bom filho. Então, aonde foi
que esteve?

ROMEU
Eu vou contar, mas tente não se
agitar. Ahhh.... Frei Lourenço... O
meu grande segredo é que eu amo a
filha de um Capuleto. Meu coração é
dela e o dela é meu. Como a conheci
e como aconteceu, depois eu
contarei. Mas o que eu desejo, é
que o senhor nos case hoje mesmo!

FREI LOURENÇO
Por São Francisco! Que mudança é
essa?
Arthur dá um passo a frente e se intromete na conversa.
ARTHUR
Espera, quer dizer que você se
apaixonou apenas por que viu ela?
ROMEU
Ora, e quem és tu que se
intrometeste em minha conversa, com
falas tão grosseiras?
FREI LOURENÇO
Se acalme Romeu, encontrei este
jovem confuso hoje pela manhã em
meus jardins
(Cochicha)
Nem sabias onde estava e se
utilizava de roupas mais grosseiras
que seu modo de fala. Além de estar
totalmente biruta.
(Volta a falar normal)
Mas, resolvi estender minha ajuda a
este pobre rapaz.
ARTHUR
(Limpa a garganta)
Frei... Eu escutei todo o seu "co-
chi-co", e eu não "to" biruta.

ROMEU
6.

ROMEU
(Solta um riso, e abraça
Arthur pelo lado)
Sabe, tu tens um modo bem grosseiro
de proferir as palavras, mas gostei
do teu jeito de ser ousado com os
verbetes. Venha, tenho que te
apresentar para meus bons
companheiros, eles adorarão
conhecer-te! Até mais meu bom
padre, logo apareço para que me
cases com minha amada.
Romeu e Arthur saem, e vão para outro lugar. Frei Lourenço
observa os dois se afastando.
FREI LOURENÇO
O coração no amor dos moços nada
influi, senão somente os olhos. Ai!
Jesus Maria!

7. EXT. CAMPOS - MANHÃ


Romeu e Arthur caminham em direção a casa dos Montecchio,
Romeu não fica quieto um segundo sobre o quanto ama Julieta.
ROMEU
Ah, ela ensina as luzes a brilhar!
Parece pender da face da noite como
um brinco precioso da orelha de um
etíope! Ela é bela demais pra ser
amada e pura demais pra esse mundo!
Como uma pomba branca entre corvos,
ela surge... Ora... Meu jovem, me
parece que estas aborrecido com
algo...
ARTHUR
É óbvio que eu estou né, Romeu! Tu
não para de falar da Julieta,
parece um disco quebrado, vê se
para!
Romeu para de andar e Arthur para em seguida.
ROMEU
Lhe confesso, perdido nas asas da
paixão estou, mas agora te
pergunto: Você, jovem Arthur, nunca
amou?
Arthur, desvia o olhar de Romeu, pensa por alguns segundos e
volta a atenção para Romeu.

ARTHUR
7.

ARTHUR
Na verdade... Nem sei o que é isso,
você parece até o meu vô, todo
sentimental
ROMEU
Só ri das cicatrizes, quem ferida
nunca sofreu no corpo.

ARTHUR
Tá, tá, tá... Me explica então o
que é esse tal de "Amor" que você
tanto fala?
ROMEU
Jovem Arthur, o que é o amor lhe
explicarei: O amor procura o amor
como o estudante que para a escola
corre num instante. Mas, ao se
afastar dele, o amor parece que se
transforma em colegial refece.
Arthur fica olhando um tempo para Romeu, inexpressivo.
Concorda com a cabeça, mas claramente ele não entendeu nada.
ARTHUR
Tá certo... Vamos lá então?

Romeu sai andando atrás de Arthur com um sorriso estampado no


rosto. Mas logo é abordado por uma mulher, que lehs faz sinal
para parar.
AMA
Deus vos dê bom dia, cavalheiros.
ROMEU
Bom dia!
Arthur apenas acena com a cabeça. A ama volta sua atenção
para Romeu.
AMA
Cavalheiros, algum dos
senhores poderá dizer-me onde eu
poderei encontrar o jovem Romeu?
ROMEU
Eu posso; mas no instante em que
encontrardes o jovem Romeu, ele
estará mais velho do que
quando o procuráveis. Sou eu o mais
moço desse nome, em falta de outro
pior.
AMA
Agora, ao que interessa! A minha
jovem senhora Julieta.
(MAIS)
AMA (CONT.)
8.

AMA (CONT.)
Pediu para que viesse ao seu
encontro para dizer... Mas
primeiro: Se fizer jogo duplo com
ela, vai se ver comigo pois eu
contarei a ela!

ROMEU
Protesto! Ouça bem, Diga a ela que
no pretexto de hoje a tarde ir
confessar-se e que na presença de
Frei Lourenço ela há de confessar-
se e de casar-se também!
AMA
(A alegria toma conta de
seu rosto)
Hoje a tarde!? Casar-se!?
ROMEU
Adeus! Não fale e dê o recado a sua
senhora!
A Ama se afasta. Arthur fica sem entender nada do que acabara
de acontecer em sua frente.
ARTHUR
Ohhh... Romeu!? Tu conheceu ela
ontem e já vai se casar hoje?
ROMEU
Ora, jovem Arthur, mas é claro.
Soneto 116 de William Shakespeare

De almas sinceras a união sincera


Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera Ou se
vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora, Antes se
afirma para a eternidade.
MAIS
Se isso é falso, e que é falso alguém provou, Eu
não sou poeta, e ninguém nunca amou.
ROMEU
Peço que vá a encontro de Frei
Lourenço, não se demores e lhe fale
como o plano irá acontecer. Julieta
e eu estaremos casados, antes do
anoitecer.
Arthur sai andando em direção a Abadia de Frei Lourenço.
9.

Arthur sai andando em direção a Abadia de Frei Lourenço.


Enquanto caminha, ele se dá por conta do que está acontecendo
e deixa escapar um leve riso de canto de boca.

8. INT. ABADIA - TARDE


Frei Lourenço está caminhando dentro da Abadia, aparentemente
preocupado. Arthur está do seu lado terminando de contar o
plano de Romeu.
ARTHUR
E é isso seu Lourenço, disse que
vai se casar hoje a tarde com
Julieta e do teimoso como Romeu é,
nada vai lhe tirar isso da cabeça.
Lhe confesso que não entendo como
ele pensa.
FREI LOURENÇO
Que o céu sorria para este ato... E
não venha nos punir depois...
Romeu entra na Abadiaenquanto Arthur e o Frei ficam lhe
observando.

ROMEU
Amém!
(Passa a mão em um banco
sorrindo, apreciando a
arquitetura.)
Que venham quantas tristezas
vierem, que nunca irão apagar a
alegria que a visão dela em um
único minuto pode me dar. Basta que
as mãos nos junte com palavras
sagradas e que a morte que o amor
devora faça o que quiser, a mim já
basta chamar-lhe de minha
FREI LOURENÇO
Romeu! Estas paixões violentas,
podem ter um fim violento e
explodir como a pólvora e o fogo
que consomem a si mesmos e aos
outros...

ARTHUR
Olha... Eu não estou entendendo
nada, afinal... O que esta tal de
Julieta tem de tão especial?
Julieta chega nas portas da Abadia, junto de sua Ama
Se torna ainda mais perceptível o brilho no olhar de Romeu,
revelando a chama do amor que sente por Julieta.

Julieta mostra um sorriso aberto, revelando o conforto de


10.

Julieta mostra um sorriso aberto, revelando o conforto de


estar perto de Romeu.
JULIETA
Boa tarde, meu santo confessor!

FREI LOURENÇO
Romeu agradece por estar aqui,
minha filha.
JULIETA
Sou eu que agradeço a ele de todo o
coração.
Arthur fica se senta em um dos bancos da Abadia e fica
olhando a cena com curiosidade. Ele começa a perceber a
química romântica que existe entre Romeu e Julieta, mesmo que
não consiga explicar.
ROMEU
Ó Julieta, se seu coração estiver
tão cheio quanto o meu, e
habilidade não lhe faltar para
falar, fale sobre a alegria que nos
espera esta noite

JULIETA
Não posso falar sobre o que não tem
limite, só mendigos podem contar
migalhas...
FREI LOURENÇO
Bem, bem... Chega de falar de amor,
agora venham comigo. Simplifiquemos
o ato e que a Igreja celebre logo
este casamento.
Frei começa a cerimônia de casamento. Percebe-se agora, o
brilho no olho de Arthur, que mesmo sem saber, acaba de se
apaixonar pelo casal, e a química que eles tem.
FREI LOURENÇO
Aleph. Mulierem fortem quis
inveniet eam? Pretiosas enim
gemmarum pretiosarum longe excedit.
Beth. Confidit ei cor viri sui, et
lucri est non deerit. Gimel.
Benefacit non nocere omnibus diebus
vitae suae. dalete.
Quaesivit lanam et linum et operata
est manibus suis libenter. "Yodine.
Manus suas ad colum porrigit et
manus eius roca.Cafe. Aperi pauperi
manum tuam; egenti manus porrigit.”
Chine. Fallax gratia, et vana est
pulchritudo; mulier autem, quae
timet Dominum, laudabitur.
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
11.

FREI LOURENÇO (CONT.)


Em nome de Patre, et filli, at
espirict santi. Amem
JULIETA
Amém
ROMEU
Amém
Romeu coloca o anel no dedo de Julieta e juntam as mãos.
A Ama que está do lado se senta do lado de Arthur, chorando e
o abraça. Arthur se assusta, ficando levemente chocado e
tenso com a ação da Ama. Ele respira fundo, relaxa, abre um
pequeno sorriso, e abraça a Ama de volta, deixando escapar um
lágrima de felicidade pelo canto do olho.

9. EXT. JARDINS - MAIS TARDE


Arthur está com o Frei nos jardins, estudando sobre as
plantas, suas propriedades curativas e preparação para
aplicação.
FREI LOURENÇO
E assim você pode preparar o chá de
guaco, ferva com água e deixe em
repouso por alguns minutos. Lembre-
se de não usar em doses elevadas.
Para usar contra tosses e outros
problemas respiratórios.
(Olha para Arthur que
aparenta estar distraído)
Meu jovem, você está prestando
atenção?
ARTHUR
Uhum...
Frei larga os recipientes ao lado e se volta para Arthur.
FREI LOURENÇO
O que passa nessa sua cabeça?
ARTHUR
É sobre hoje, sabe? O casamento,
nunca havia me sentido assim
antes... Ou melhor, nunca havia
sentido tanto assim... Poderia me
falar mais sobre esse... Amor? Por
que por mais que eu talvez o sinta,
como saberei que o sinto?

FREI LOURENÇO
Meu jovem, tu tens uns estranhos
trejeitos. O amor vê com coração, e
não com olhos.
FREI LOURENÇO
12.

FREI LOURENÇO
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
ARTHUR
Peço desculpas Frei, mas não
consigo entender suas explicações.
Frei Lourenço olha no fundo dos olhos de Arthur, buscando
alcançar sua alma, para que suas próximas palavras, entrem na
essência daquele jovem que ele acolhera a poucas horas.
FREI LOURENÇO
(Com um riso de canto)
Exatamente! O amor você não
explica, você apenas sente e cada
um sente de formas e intensidades
diferentes, cada um ama do seu
jeito.
ARTHUR
Ama!?
FREI LOURENÇO
Sim, ama...
ARTHUR
Não, não... A Ama...
Aponta ao longe a Ama vindo rapidamente na direção da Abadia,
como se tivesse algo urgente para contar. Quase sem fôlego,
ela se põe a falar.
AMA
Pelos céus, uma tragédia se abateu
sobre a cidade, entre os Montecchio
e os Capuleto!
FREI LOURENÇO
Não me diga que as famílias
descobriram do amor proibido entre
seus filhos!
AMA
Pior! A morte se abateu para os
dois lados, Tebaldo matou Mercúcio
e por vingança... Romeu veio a
ferir de morte Tebaldo!
A expressão no rosto de Arthur e de Frei Lourenço, muda para
um estado de descrença diante de tal fato noticiado.
ARTHUR
13.

ARTHUR
Mas... Romeu como ele está?
AMA
Ele está bem, estamos a esperar
pelo príncipe para o veredito.
FREI LOURENÇO
Pois bem, Arthur, fiques por aqui,
enviarei Romeu para descansar, a
pobre alma deste jovem deve estar
atormentada. Eu irei com a Ama,
para nos informarmos sobre o
parecer do Príncipe.
Frei Lourenço sai com a Ama em direção a cidade, deixando
Arthur sozinho na Abadia, arrumando as ervas.

10. INT. ABADIA - NOITE


Arthur está sentado em frente a Romeu, dentro da abadia,
esperando a chegada de Frei Lourenço, percebe-se a tensão que
há no ambiente.
ARTHUR
"Cê" tá legal?
ROMEU
Confesso, meu coração palpita de
temor, não por mim, mas... O que
será de Julieta seu eu me for?
ARTHUR
Eu não entendo muito... Mas como...
Como está se sentindo?
ROMEU
(Se levanta e começa a
andar)
Sinto-me péssimo, vim a matar o
primo de minha amada, em um acesso
de raiva, com a empunhadura de uma
adaga...
ARTHUR
Raiva... Acredito que eu saiba...
Como é... Antes de vir para estas
terras... Eu briguei com minha mãe,
vim para cá, sem nem se quer me
desculpar, e nem sei se em algum
momento retornarei... Mas enfim...

ROMEU
14.

ROMEU
Meu jovem, me prometa! Quando toda
esta situação caótica se der fim,
vá para sua terra e peça perdão a
tua mãe, não guardes rancor. Pois
raiva é um veneno que bebemos
esperando que os outros morram.
ARTHUR
Logo tudo vai acabar Romeu, e você
e Julieta estarão juntos novamente,
tenho certeza, que daqui a algum
tempo, todos se esquecerão do que
você fez.
ROMEU
O que eu fiz...O que fiz senão
assassinar meu futuro. Matando
aquele a quem Julieta estimava,
tentei setenciar meu próprio
coração a morte. Se tivesse piedade
do meu sofrimento, isto valeria
mais do que milhares de tormentos.
Frei Lourenço chega na Abadia enquanto Romeu está falando, e
fica o escutando.
FREI LOURENÇO
Desastres o seguem como cães fiéis,
devia ter casado com a calamidade.
ROMEU
Diga o veredito do Príncipe, terei
que morrer tão jovem?
FREI LOURENÇO
Pelo menos, ainda não
(Se aproxima de Romeu)
A decisão, foi mais branda do que
esperávamos... Ele ordenou seu
banimento, não sua morte!
ROMEU
(Observa o Frei calado por
um momento)
Banimento, não... Por favor diga a
morte... Eu tenho mais medo do
exílio eu prefiro a morte!
ARTHUR
Exílio? O que isso quer dizer? Como
pode ser pior do que a morte?
FREI LOURENÇO
O Príncipe, apenas ordenou que
Romeu saia de Verona, não é tanto
assim.
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
15.

FREI LOURENÇO (CONT.)


O mundo é grande e vasto! O
Príncipe deixou a lei de lado, é um
ato de misericórdia..
ROMEU
É tortura! Não misericórdia! Exílio
é como um inferno e o céu é aqui,
onde vive Julieta!
ARTHUR
Mas você não poderia vir visitar
Julieta de vez em quando?
ROMEU
Não! Um simples gato, cachorro, um
ratinho, as coisas mais ínfimas,
poderão ver Julieta, mas eu não! AS
MOSCAS PODERÃO TOCAR NAQUELAS MÃOS
MILAGROSAS, MAS EU NÃO! EU SOU
OBRIGADO A VOAR DAQUI!
FREI LOURENÇO
Já chega, Romeu, de tanta
ingratidão!
Sons de passos rápidos são ouvidos batendo nas pedras que
formam o piso da Abadia, ecoando pelo ar. Logo, os três
avistam a Ama de Julieta.
AMA
Onde está Romeu!?
FREI LOURENÇO
Aqui está! Embriagado em suas
próprias lágrimas.
A Ama vê o estado lamentável de Romeu, com o rosto coberto
por prantos.
AMA
Minha pobre Julieta, está da mesma
forma... Chorando e soluçando,
soluçando e chorando
ROMEU
Diga-me ama, Julieta acha que sou
um assassino?
AMA
Eu não sei... Ela só chora, se joga
ao leito e se levanta e grita
Tebaldo e depois Romeu!
ROMEU
Meu nome desde o começo foi
letal...
(MAIS)
ROMEU (CONT.)
16.

ROMEU (CONT.)
Foi letal a ela e ao seu nobre
primo... Me diga!
(Puxa o punhal)
Que parte de minha anatomia tenho
de cortar fora!?

Frei Lourenço segura o braço de Romeu, impedindo que ele se


fira. Arthur se mete na conversa.
ARTHUR
Romeu, você ficou maluco! Vai
acabar com o que ainda resta de
esperança para você e Julieta!?
Tebaldo o mataria se você não o
tivesse matado!
FREI LOURENÇO
Concordo com o jovem!
(Gritando)
Chega de Choro! Suba até seu quarto
e dê conforto a ela!
(Abaixa o tom))
Mas vá logo, antes que venha a
guarnição que lhe escoltará para
Mântua, onde irá viver, até
encontrarmos um jeito de arrumar
toda esta bagunça!
AMA
Este... Foi um bom conselho...
FREI LOURENÇO
(Para Ama)
Agora vá até Julieta e diga que
Romeu está indo!
AMA
(Para Romeu)
Isto é para o senho, o anel que ela
pediu que lhe entregasse...
ROMEU
Ah... Como isso fortalece o meu
coração
(Põe o anel no dedo)
FREI LOURENÇO
Você deve sair antes do amanhecer,
se estabeleça em Mântua e espere,
mandarei mensagens com todas as
novidades
ROMEU
Se não fosse por obrigação eu
jamais os deixaria...

Abraça o Frei Lourenço e após Arthur, que se contrai


17.

Abraça o Frei Lourenço e após Arthur, que se contrai


novamente quando é abraçado, mas logo se deixa envolver no
momento... Romeu sai para se preparar, os três ficam olhando
ele sair.
ARTHUR
Ele vai ficar bem?
FREI LOURENÇO
Esperamos que sim...

11. EXT. . JARDINS - MANHÃ


Arthur está cuidando das plantas nos jardins da Abadia,
quando escuta duas vozes se aproximando.
JULIETA
Por que falar do que deverá ser, se
não poderá ser?
(Caminha para próximo de
uma mesa)
Se não tem solução para meu caso,
esta faca me trará absolvição!
(Pega uma faca em cima da
mesa)

ARTHUR
MAS OLHA! Vocês também se merecem,
né!?
(Pega a faca da mão de
Julieta)

FREI LOURENÇO
Ó céus, por favor!
JULIETA
Deus uniu nossos corações e o
senhor as nossas mãos e a morte é
melhor do que arruinar isto!
Abençoe esta lâmina se não tiver,
algum remédio. Eu trocarei minha
honra pela minha vida.
Frei Lourenço demonstra preocupação, alguns segundos se
passam.

FREI LOURENÇO
Filha!...
(Pausa dramática)
Acho que vislumbro uma esperança!
Mas vai requerer uma ação
desesperada!
Frei pega algumas folhas que estavam sobre a mesa e um
recipiente e começa a fazer algumas misturas.

FREI LOURENÇO
18.

FREI LOURENÇO
Tem coragem de se suicidar, apenas
para não casar com Páris? Muito
bem, vai precisar desta força! E eu
conheço um meio.
(Pega uma flor vermelha e
tira algumas pétalas)
ARTHUR
Pode ficar tranquila Julieta, o
Frei é esperto, sabe o que faz!
Confia!
JULIETA
Para não me casar com Páris,
prefiro me jogar das ameias de sua
torre... Ou passar uma noite
inteira numa tumba cheia de carne
apodrecida e crânios sem
mandíbulas... Ou me mande entrar em
um túmulo recente para que eu me
esconda sob a mortália do defunto .
Coisas estas que eu farei para não
me afastar NUNCA do amor de Romeu.

FREI LOURENÇO
Então vá para casa... Mostre-se
feliz... E concorde em desposar o
conde...
ARTHUR
PERA AÊ, COMO É QUE É?
Arthur e Julieta olham surpresos para o Frei.
FREI LOURENÇO
Ahhh... Eu falo sério...
(Despeja um líquido em um
recipiente menor)
Porque eu fiz aqui uma mistura que
irá libertá-la de sau prisão... Se
tiver coragem de tomá-la. O dia de
seu casamento com Páris é amanhã,
então hoje, vá deitar-se sozinha...
Sem que a zelosa ama fique no
quarto... Deite-se na sua cama... E
beba deste frasco, até a última
gota... Logo, um sono entorpecente
lhe fechará os olhos, seu pulso vai
cessar e vão sumir todos os sinais
vitais... Calor nenhum, nem
respiração, nem o rosado da face e
dso lábios... Só o cinza e a
rigidez e todos os sinais da
morte... E neste estado tétrico
como de um cadáver, você vai ficar
por 24 horas...
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
19.

FREI LOURENÇO (CONT.)


E depois acordará, como de um sono
profundo. Por tanto Páris, no dia
do casamento, irá encontrar sua
noiva morta e a levará para ser
enterrada no antigo túmulo onde os
Capulleto estão sepultados...
Enquanto Romeu receberá minhas
instruções... Eu e ele estaremos
aqui, quando ele despertá-la com um
beijo... E Romeu a levará para
algum lugar distante, onde toda a
sua angústia se tornará pura
alegria...
Julieta suspira, abrindo um largo sorriso de agradecimento
para o Frei.
JULIETA
Dê-me o frasco e não me fale mais
de medo...
FREI LOURENÇO
Então vá! Que amanhã de manhã, o
jovem Arthur irá a Mântua com as
notícias para Romeu!
JULIETA
Adeus, meu caro Frei e meu amigo!
(Olha para o frasco)
Agora amor... Dê-me forças...
Julieta sai, indo em direção a sua casa.
Arthur olha para o Frei impressionado com o plano que havia
bolado.
ARTHUR
Mandou a braba, Frei!
FREI LOURENÇO
Peço perdão, jovem Arthur, algumas
de suas falas ainda não encontro
significado.

ARTHUR
O que eu quis dizer, foi que... O
senhor foi incrível, toda essa sua
força de vontade em ajudar os
outros, assim como me ajudou. Agora
ajudando Julieta, como o senhor
consegue?

FREI LOURENÇO
20.

FREI LOURENÇO
Meu jovem... Eu me imagino na
situação dos dois, entrelaçados em
um romance ardente, com a pressa de
amar e a energia da juventude. A
empatia é certamente um dos mais
nobres sentimentos humanos. Para
entender e ajudar o próximo é
necessário se imaginar na condição
dele...
Arthur fica pensativo por alguns instantes enquanto Frei
arruma as ervas e recipientes que estavam sobre a mesa. Em um
instante de frenesi, Arthur fala diretamente para o Frei.
ARTHUR
Prometo! Que sempre que eu puder
ajudar alguém com o que eu aprendi
com o senhor, ajudarei!
FREI LOURENÇO
(Põe a mão no ombro de
Arthur)
Estou orgulhoso de você, filho!
Arthur toma a iniciativa e abraça o Frei.

12. EXT. JARDINS - NOITE


Arthur está esperando o Frei em frente a Abadia, com um manto
cobrindo seu corpo. A porta se abre e Frei aparece com alguns
itens em mãos.
FREI LOURENÇO
Ahhh... Se encontrar Romeu
melancólico ou febril estas ervas
lhe farão bem, cuide para que ele
esteja forte para fazer a viagem de
volta... Mas, não tema minha carta
lhe trará ânimo!
(entrega uma cesta com as
ervas e a carta)

ARTHUR
Certo, irei o mais rápido possível!
(se vira para sair)
FREI LOURENÇO
Arthur! Espere... Venha aqui...
(Fazendo o sinal da cruz)
Que Deus ilumine o seu caminho e
lhe proteja do mal.
Sem nenhuma palavra, Arthur abaixa a cabeça em afirmação e
parte com sua missão de levar a carta do Frei para Romeu.

INT./EXT. CASA ALDEÃO - MANHÃ


21.

13. INT./EXT. CASA ALDEÃO - MANHÃ


Arthur está indo o mais rápido que pode em direção a Mântua,
seguindo o caminho que lhe foi dito por Frei Lourenço, quando
vê um homem acenando para que pare.
ALDEÃO
Pare! Eu lhe imploro senhor, em
nome de Deus! Diga, por acaso é um
homem de Deus?
ARTHUR
Apenas ajudo o Frei Lourenço na
abadia...
ALDEÃO
Tem conhecimento da cura pelas
ervas?
ARTHUR
Tenho sim, mas...

ALDEÃO
Meu filho, está doente!
ARTHUR
Me desculpe, mas tenho que cumprir
uma missão em mântua...
ALDEÃO
Quando?
ARTHUR
Antes de anoitecer...
ALDEÃO
Mântua está a apenas 10
quilômetros, eu mesmo o levo...
Arthur olha para o rosto desesperado do aldeão... E lembra o
que havia prometido ao Frei...
ARTHUR
Está bem... Então, mostre-me seu
filho...
Os dois entram na casa do aldeão, é uma casa extremamente
simples, com fogão de barro, e camas de palha. Em cima de uma
das camas está um garoto, que está tossindo muito e
visivelmente com falta de ar.
ARTHUR
Certo... Já sei do que ele
precisa...
Começa a olhar dentro da bolsa que o Frei lhe entregou e
encontra algumas folhas de Guaco.

ARTHUR
22.

ARTHUR
ISTO! Vou fazer um chá, lhe
aliviará os sintomas e o deixará
curado.
Arthur, começa a preparar o chá e em seguida entrega para o
garoto tomar.
ALDEÃO
Muito obrigado, senhor, muito
obrigado.
ARTHUR
Por favor, não me agradeça ainda,
agora ele deve repousar por algumas
horas e, assim que ele acordar,
vamos descobrir se o chá
funcionou...
TEMPO PASSA COM TIMELAPSE

14. INT./EXT. CASA ALDEÃO - TARDE


O jovem garoto desperta, consegue se levantar da cama e vem
correndo abraçar o pai.
ALDEÃO
Agora sim! Posso te agradecer,
senhor! Muito obrigado, eu não
sabia mais o que fazer. Muitíssimo
obrigado!
ARTHUR
Por favor, eu só fiz a minha parte,
aliás, eu prometi que ajudaria
sempre que possível... Mas agora...
Eu necessito urgente ir para
Mântua...
ALDEÃO
Claro, venha comigo!

15. INT. MÂNTUA - NOITE


Arthur chega apressado onde supostamente Romeu estava
hospedado em seu exílio, mas não encontra ninguém lá, exceto
um outro jovem.
ARTHUR
Procuro pelo Romeu...
CRIADO
Ele já foi...
ARTHUR
Já foi?
CRIADO
23.

CRIADO
Saiu com muita pressa, de volta a
Verona... Qual é o propósito de sua
visita?
ARTHUR
(Desacreditado do que
acabara de ouvir)
Agora... Nenhum!
CRIADO
Então perdeu a viagem...
ARTHUR
Não sei... Salvei uma criança, mas
falhei como mensageiro...
(Suspira)
As adversidades da vida, são
difíceis de se entender... TENHO
QUE VOLTAR RÁPIDO PARA AVISAR AO
FREI!

16. INT. ABADIA - DIA


Arthur chega correndo na Abadia, totalmente exauto do
percurso percorrido para alertar ao Frei Loreunço sobre o
infortúnio que havia se passado. Mas ao abrir as portas, um
calafrio percorreu todo seu corpo. Bem diante de seus olhos,
os corpos das pessoas que lhe ensinaram os sentimentos,
repousavam inertes e sem vida. Arthur começa a sentir a água
vertendo de seus olhos, enquanto cai de joelhos no chão,
inconscientemente lamentando, através de gritos e murmúrios.
Frei Lourenço o abraça pelo lado, levantando-o e lhe
direcionando para um outro local. Algum tempo depois, lhe é
explicado o que aconteceu.

ARTHUR
Quer dizer... Que realmente os dois
se foram, mesmo?

FREI LOURENÇO
Sim, meu jovem... Foi o próprio
amor proibido deles, que os
vitimou. Em certos momentos, os
homens são donos dos seus próprios
destinos. Nosso destino não está
escrito nas estrelas, mas em nós
mesmos. Se sempre contrariados
foram todos os amantes sinceros, é
que o próprio destino o determina
desse modo.

Arthur se levanta e vai pegar um ar fresco, para tentar


processar tudo o que aconteceu. Quando se depara com dois
homens de frente para a Abadia, em posição de respeito.

ARTHUR
24.

ARTHUR
Quem... Quem são vocês?
PAI JULIETA
Pai de Julieta.
PAI ROMEU
Pai de Romeu.

Arthur sente uma ira gigantesca tomando conta de seu corpo,


mas logo suspira e se acalma. Olhando seriamente para os
dois.

ARTHUR
Veêm a desgraça que proveio do seu
ódio? Os céus encontraram meios de
matar o seu prazer, com amor.
PAI JULIETA
Ó, caro Montecchio...
(Estende a mão)
Me dê a sua mão...
O Montecchio (pai de Romeu), aperta a mão de Capuleto (pai de
Julieta) por alguns segundos, logo os dois se abraçam. Arthur
sai andando para longe para descansar a cabeça em algum lugar
e tentar se acalmar. Frei Lourenço observou toda a cena pela
fresta da porta da Abadia, orgulhoso.

17. EXT. CAMPOS - DIA


Arthur, caminhando no mesmo campo que ele acordara alguns
dias atrás se senta embaixo dos galhos de uma árvore,
deixando uma lágrima escorrer, suspira fundo e por fim,
adormece.

AVÔ ENZO
(In off, enquanto a cena
rola)
E o sol, tristemente, não apareceu.
Se juntos a todos, no luto por quem
morreu. Porque nunca houve uma
história que mais comoveu... Como
esta, de Julieta e de seu Romeu.

18. INT. QUARTO - DIA


Arthur acorda, lentamente, piscando várias vezes e se dá
conta de que não está mais em meio a natureza, mas sim, no
seu próprio quarto. Ele olha para o lado e vê o seu avô
sentado no lado da sua cama, com o livro em mãos.

AVÔ ENZO
25.

AVÔ ENZO
Ahh.. Me desculpe, você adormeceu e
eu senti vontade de ler o livro
mais uma vez... Vou sair daqui não
quero te perturbar...

Enzo levanta e vai em direção a porta do quarto.


ARTHUR
Vô, espera!
(Se levanta rapidamente e
abraça Enzo, que é
surpreendido)
Me desculpa, eu... Eu não conseguia
te entender...
Enzo, não fala nada, apenas retribui o abraço. Mas logo
Arthur, se solta...

ARTHUR
Desculpa, vô! Me lembrei de uma
coisa!
(Sai correndo do quarto)
AVÔ ENZO
Essa juventude de hoje... Sempre
com pressa...
Arthur chega na cozinha onde está a sua mãe.

ARTHUR
Mãe!
MÃE
Arthur?
(Abre o Cellarm)
Você não me enviou nenhuma mensagem
que iria sair do quarto

Arthur fecha o aplicativo para a mãe e a abraça.


ARTHUR
Não precisamos mais disso, mãe,
podemos nos falar como antigamente?
Olho no olho?
MÃE
O que aconteceu com você? Tá todo
animado!
ARTHUR
Digamos... Que eu conheci uma
história...
(Dá um sorriso de canto)

INT./EXT. MUNDO
26.

19. INT./EXT. MUNDO


Arthur fazendo várias coisas de diferente
(Listá-las aqui)

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