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DRAMA
IGOR MERTZ DE OLIVEIRA, LETÍCIA MARQUES JUNGES E
YASMIN KALSING SCHMIDT
2021
INT. QUARTO - TARDE
1. INT. QUARTO - TARDE
Avô sentado na sala em uma cadeira de balanço, com um
expressão pensativa contemplando a vista da janela, na qual é
unica iluminação do ambiente, (visão das costas dele).
Música clássica tocando
2. INT./EXT. MUNDO
Fatos que o avô Enzo narra, vão passando na tela, para
explicar como funciona o mundo.
AVÔ ENZO
(IN OFF)
Século XXII, o ser humano frio, com
um andar robótico. O mundo perdeu
suas cores. A alimentação foi
substituída por pílulas, pois não
se tem mais tempo de aproveitar uma
refeição. O telefone celular, foi
substituído por um chip implantado
no braço, e a socialização foi
substituída por aplicativos.
Cidades foram engolidas pelos
mares, com o derretimento das
calotas polares. Todas as pessoas
são observadas por drones, o tempo
todo. A maior indústria do mundo
continua sendo a bélica e o sonho
da conquista do espaço perdeu a
graça, conquistamos outros planetas
escravizamos outras raças.
MÃE
ARTHUR! PRECISAMOS CONVERSAR!
ARTHUR
(revira seus olhos, e se
ajeita na cama e com voz
de desânimo)
Fala!
MÃE
O avaliador de capacitações me
ligou e me disse que sua pontuação
em relações interpessoais com
inteligência artificial caiu
drasticamente...
ARTHUR
2.
ARTHUR
Não precisa fingir que você se
importa.
MÃE
ISSO LÁ É JEITO DE FALAR COMIGO,
MOCIN...
Arthur desliga a ligação na cara da mãe dele e se deita na
cama novamente, colocando os fones de ouvido.
AVÔ ENZO
Bem... Vou deixar aqui no criado
mudo.
(Vô sai do quarto um tanto
cabisbaixo)
Depois de um tempo, Arthur se vira na cama e olha para o
livro que em cima do criado mudo.
ARTHUR
Sério isso?
(MAIS)
ARTHUR (CONT.)
3.
ARTHUR (CONT.)
(Abre o Cellarm e percebe
que está sem sinal de
internet)
Ahh... Ótimo! O roteador central
está em manutenção de novo, deve
ter sido mais uma erupção solar...
(Olha para o livro e pega
ele)
Romeu... E Julieta...? Em que
século ele vive?
(Abre o livro)
JULIETA - Romeu, Romeu! Ah! por que és tu Romeu?
Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se
não quiseres, jura ao menos que amor me tens,
porque uma Capuleto deixarei de ser logo.
ROMEU (à parte) - Continuo ouvindo-a mais um
pouco, ou lhe respondo?
JULIETA - Meu inimigo é apenas o teu nome.
Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio
tu não
fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé,
nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença
ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome?
O que chamamos rosa, sob uma outra designação
teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o
nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição
que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome,
e, em troca dele, que não é parte alguma de ti
mesmo,
fica comigo inteira.
Arthur adormece
ARTHUR
4.
ARTHUR
Tá cara, mas você ainda não
respondeu as minhas perguntas...
FREI LOURENÇO
Ah! Sim! Perdoe-me pelo
inconveniente, sou o Frei Lourenço
e você está em Verona. Santo Deus
menino, teus pensamentos estão
delirantes. Venha, me acompanhe e
te darei abrigo e comida, até que
recuperes completamente tua
sanidade.
FREI LOURENÇO
A Terra é a mãe e a tumba da
natureza,na corola e no sentir
desta florzinha... Existe um veneno
de primeira grandeza. Fervido e
mexido, seu aroma traz muita
saúde... Mas se for ingerido, leva
direto ao ataúde
Arthur fica com uma cara de quem não está entendendo nada
durante a explicação. Mas concorda com tudo o que o Frei
fala. No final da explicação, entra Romeu com um sorriso
estampado no rosto.
ROMEU
Bom dia, meu bom padre!
FREI LOURENÇO
Romeu!Já de pé a esta hora? Não
esperava vê-lo ao amanhecer... A
preocupação pode tirar o sono de um
idoso, mas os jovens costumam ter
um sono prodigioso.
(Olha com uma cara séria
para Romeu)
Ou então... Se acaso em erro
estou... Digo que esta noite, Romeu
não se deitou.
ROMEU
Sim, descansei na graça divina!
FREI LOURENÇO
5.
FREI LOURENÇO
Ah! Deus que te perdoe, com
Rosalina?
Arthur observa a conversa ao lado do Frei encarando Romeu sem
entender nada.
ROMEU
Quem é Rosalina? Esqueci até o
nome.
FREI LOURENÇO
És meu bom filho. Então, aonde foi
que esteve?
ROMEU
Eu vou contar, mas tente não se
agitar. Ahhh.... Frei Lourenço... O
meu grande segredo é que eu amo a
filha de um Capuleto. Meu coração é
dela e o dela é meu. Como a conheci
e como aconteceu, depois eu
contarei. Mas o que eu desejo, é
que o senhor nos case hoje mesmo!
FREI LOURENÇO
Por São Francisco! Que mudança é
essa?
Arthur dá um passo a frente e se intromete na conversa.
ARTHUR
Espera, quer dizer que você se
apaixonou apenas por que viu ela?
ROMEU
Ora, e quem és tu que se
intrometeste em minha conversa, com
falas tão grosseiras?
FREI LOURENÇO
Se acalme Romeu, encontrei este
jovem confuso hoje pela manhã em
meus jardins
(Cochicha)
Nem sabias onde estava e se
utilizava de roupas mais grosseiras
que seu modo de fala. Além de estar
totalmente biruta.
(Volta a falar normal)
Mas, resolvi estender minha ajuda a
este pobre rapaz.
ARTHUR
(Limpa a garganta)
Frei... Eu escutei todo o seu "co-
chi-co", e eu não "to" biruta.
ROMEU
6.
ROMEU
(Solta um riso, e abraça
Arthur pelo lado)
Sabe, tu tens um modo bem grosseiro
de proferir as palavras, mas gostei
do teu jeito de ser ousado com os
verbetes. Venha, tenho que te
apresentar para meus bons
companheiros, eles adorarão
conhecer-te! Até mais meu bom
padre, logo apareço para que me
cases com minha amada.
Romeu e Arthur saem, e vão para outro lugar. Frei Lourenço
observa os dois se afastando.
FREI LOURENÇO
O coração no amor dos moços nada
influi, senão somente os olhos. Ai!
Jesus Maria!
ARTHUR
7.
ARTHUR
Na verdade... Nem sei o que é isso,
você parece até o meu vô, todo
sentimental
ROMEU
Só ri das cicatrizes, quem ferida
nunca sofreu no corpo.
ARTHUR
Tá, tá, tá... Me explica então o
que é esse tal de "Amor" que você
tanto fala?
ROMEU
Jovem Arthur, o que é o amor lhe
explicarei: O amor procura o amor
como o estudante que para a escola
corre num instante. Mas, ao se
afastar dele, o amor parece que se
transforma em colegial refece.
Arthur fica olhando um tempo para Romeu, inexpressivo.
Concorda com a cabeça, mas claramente ele não entendeu nada.
ARTHUR
Tá certo... Vamos lá então?
AMA (CONT.)
Pediu para que viesse ao seu
encontro para dizer... Mas
primeiro: Se fizer jogo duplo com
ela, vai se ver comigo pois eu
contarei a ela!
ROMEU
Protesto! Ouça bem, Diga a ela que
no pretexto de hoje a tarde ir
confessar-se e que na presença de
Frei Lourenço ela há de confessar-
se e de casar-se também!
AMA
(A alegria toma conta de
seu rosto)
Hoje a tarde!? Casar-se!?
ROMEU
Adeus! Não fale e dê o recado a sua
senhora!
A Ama se afasta. Arthur fica sem entender nada do que acabara
de acontecer em sua frente.
ARTHUR
Ohhh... Romeu!? Tu conheceu ela
ontem e já vai se casar hoje?
ROMEU
Ora, jovem Arthur, mas é claro.
Soneto 116 de William Shakespeare
ROMEU
Amém!
(Passa a mão em um banco
sorrindo, apreciando a
arquitetura.)
Que venham quantas tristezas
vierem, que nunca irão apagar a
alegria que a visão dela em um
único minuto pode me dar. Basta que
as mãos nos junte com palavras
sagradas e que a morte que o amor
devora faça o que quiser, a mim já
basta chamar-lhe de minha
FREI LOURENÇO
Romeu! Estas paixões violentas,
podem ter um fim violento e
explodir como a pólvora e o fogo
que consomem a si mesmos e aos
outros...
ARTHUR
Olha... Eu não estou entendendo
nada, afinal... O que esta tal de
Julieta tem de tão especial?
Julieta chega nas portas da Abadia, junto de sua Ama
Se torna ainda mais perceptível o brilho no olhar de Romeu,
revelando a chama do amor que sente por Julieta.
FREI LOURENÇO
Romeu agradece por estar aqui,
minha filha.
JULIETA
Sou eu que agradeço a ele de todo o
coração.
Arthur fica se senta em um dos bancos da Abadia e fica
olhando a cena com curiosidade. Ele começa a perceber a
química romântica que existe entre Romeu e Julieta, mesmo que
não consiga explicar.
ROMEU
Ó Julieta, se seu coração estiver
tão cheio quanto o meu, e
habilidade não lhe faltar para
falar, fale sobre a alegria que nos
espera esta noite
JULIETA
Não posso falar sobre o que não tem
limite, só mendigos podem contar
migalhas...
FREI LOURENÇO
Bem, bem... Chega de falar de amor,
agora venham comigo. Simplifiquemos
o ato e que a Igreja celebre logo
este casamento.
Frei começa a cerimônia de casamento. Percebe-se agora, o
brilho no olho de Arthur, que mesmo sem saber, acaba de se
apaixonar pelo casal, e a química que eles tem.
FREI LOURENÇO
Aleph. Mulierem fortem quis
inveniet eam? Pretiosas enim
gemmarum pretiosarum longe excedit.
Beth. Confidit ei cor viri sui, et
lucri est non deerit. Gimel.
Benefacit non nocere omnibus diebus
vitae suae. dalete.
Quaesivit lanam et linum et operata
est manibus suis libenter. "Yodine.
Manus suas ad colum porrigit et
manus eius roca.Cafe. Aperi pauperi
manum tuam; egenti manus porrigit.”
Chine. Fallax gratia, et vana est
pulchritudo; mulier autem, quae
timet Dominum, laudabitur.
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
11.
FREI LOURENÇO
Meu jovem, tu tens uns estranhos
trejeitos. O amor vê com coração, e
não com olhos.
FREI LOURENÇO
12.
FREI LOURENÇO
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
ARTHUR
Peço desculpas Frei, mas não
consigo entender suas explicações.
Frei Lourenço olha no fundo dos olhos de Arthur, buscando
alcançar sua alma, para que suas próximas palavras, entrem na
essência daquele jovem que ele acolhera a poucas horas.
FREI LOURENÇO
(Com um riso de canto)
Exatamente! O amor você não
explica, você apenas sente e cada
um sente de formas e intensidades
diferentes, cada um ama do seu
jeito.
ARTHUR
Ama!?
FREI LOURENÇO
Sim, ama...
ARTHUR
Não, não... A Ama...
Aponta ao longe a Ama vindo rapidamente na direção da Abadia,
como se tivesse algo urgente para contar. Quase sem fôlego,
ela se põe a falar.
AMA
Pelos céus, uma tragédia se abateu
sobre a cidade, entre os Montecchio
e os Capuleto!
FREI LOURENÇO
Não me diga que as famílias
descobriram do amor proibido entre
seus filhos!
AMA
Pior! A morte se abateu para os
dois lados, Tebaldo matou Mercúcio
e por vingança... Romeu veio a
ferir de morte Tebaldo!
A expressão no rosto de Arthur e de Frei Lourenço, muda para
um estado de descrença diante de tal fato noticiado.
ARTHUR
13.
ARTHUR
Mas... Romeu como ele está?
AMA
Ele está bem, estamos a esperar
pelo príncipe para o veredito.
FREI LOURENÇO
Pois bem, Arthur, fiques por aqui,
enviarei Romeu para descansar, a
pobre alma deste jovem deve estar
atormentada. Eu irei com a Ama,
para nos informarmos sobre o
parecer do Príncipe.
Frei Lourenço sai com a Ama em direção a cidade, deixando
Arthur sozinho na Abadia, arrumando as ervas.
ROMEU
14.
ROMEU
Meu jovem, me prometa! Quando toda
esta situação caótica se der fim,
vá para sua terra e peça perdão a
tua mãe, não guardes rancor. Pois
raiva é um veneno que bebemos
esperando que os outros morram.
ARTHUR
Logo tudo vai acabar Romeu, e você
e Julieta estarão juntos novamente,
tenho certeza, que daqui a algum
tempo, todos se esquecerão do que
você fez.
ROMEU
O que eu fiz...O que fiz senão
assassinar meu futuro. Matando
aquele a quem Julieta estimava,
tentei setenciar meu próprio
coração a morte. Se tivesse piedade
do meu sofrimento, isto valeria
mais do que milhares de tormentos.
Frei Lourenço chega na Abadia enquanto Romeu está falando, e
fica o escutando.
FREI LOURENÇO
Desastres o seguem como cães fiéis,
devia ter casado com a calamidade.
ROMEU
Diga o veredito do Príncipe, terei
que morrer tão jovem?
FREI LOURENÇO
Pelo menos, ainda não
(Se aproxima de Romeu)
A decisão, foi mais branda do que
esperávamos... Ele ordenou seu
banimento, não sua morte!
ROMEU
(Observa o Frei calado por
um momento)
Banimento, não... Por favor diga a
morte... Eu tenho mais medo do
exílio eu prefiro a morte!
ARTHUR
Exílio? O que isso quer dizer? Como
pode ser pior do que a morte?
FREI LOURENÇO
O Príncipe, apenas ordenou que
Romeu saia de Verona, não é tanto
assim.
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
15.
ROMEU (CONT.)
Foi letal a ela e ao seu nobre
primo... Me diga!
(Puxa o punhal)
Que parte de minha anatomia tenho
de cortar fora!?
ARTHUR
MAS OLHA! Vocês também se merecem,
né!?
(Pega a faca da mão de
Julieta)
FREI LOURENÇO
Ó céus, por favor!
JULIETA
Deus uniu nossos corações e o
senhor as nossas mãos e a morte é
melhor do que arruinar isto!
Abençoe esta lâmina se não tiver,
algum remédio. Eu trocarei minha
honra pela minha vida.
Frei Lourenço demonstra preocupação, alguns segundos se
passam.
FREI LOURENÇO
Filha!...
(Pausa dramática)
Acho que vislumbro uma esperança!
Mas vai requerer uma ação
desesperada!
Frei pega algumas folhas que estavam sobre a mesa e um
recipiente e começa a fazer algumas misturas.
FREI LOURENÇO
18.
FREI LOURENÇO
Tem coragem de se suicidar, apenas
para não casar com Páris? Muito
bem, vai precisar desta força! E eu
conheço um meio.
(Pega uma flor vermelha e
tira algumas pétalas)
ARTHUR
Pode ficar tranquila Julieta, o
Frei é esperto, sabe o que faz!
Confia!
JULIETA
Para não me casar com Páris,
prefiro me jogar das ameias de sua
torre... Ou passar uma noite
inteira numa tumba cheia de carne
apodrecida e crânios sem
mandíbulas... Ou me mande entrar em
um túmulo recente para que eu me
esconda sob a mortália do defunto .
Coisas estas que eu farei para não
me afastar NUNCA do amor de Romeu.
FREI LOURENÇO
Então vá para casa... Mostre-se
feliz... E concorde em desposar o
conde...
ARTHUR
PERA AÊ, COMO É QUE É?
Arthur e Julieta olham surpresos para o Frei.
FREI LOURENÇO
Ahhh... Eu falo sério...
(Despeja um líquido em um
recipiente menor)
Porque eu fiz aqui uma mistura que
irá libertá-la de sau prisão... Se
tiver coragem de tomá-la. O dia de
seu casamento com Páris é amanhã,
então hoje, vá deitar-se sozinha...
Sem que a zelosa ama fique no
quarto... Deite-se na sua cama... E
beba deste frasco, até a última
gota... Logo, um sono entorpecente
lhe fechará os olhos, seu pulso vai
cessar e vão sumir todos os sinais
vitais... Calor nenhum, nem
respiração, nem o rosado da face e
dso lábios... Só o cinza e a
rigidez e todos os sinais da
morte... E neste estado tétrico
como de um cadáver, você vai ficar
por 24 horas...
(MAIS)
FREI LOURENÇO (CONT.)
19.
ARTHUR
O que eu quis dizer, foi que... O
senhor foi incrível, toda essa sua
força de vontade em ajudar os
outros, assim como me ajudou. Agora
ajudando Julieta, como o senhor
consegue?
FREI LOURENÇO
20.
FREI LOURENÇO
Meu jovem... Eu me imagino na
situação dos dois, entrelaçados em
um romance ardente, com a pressa de
amar e a energia da juventude. A
empatia é certamente um dos mais
nobres sentimentos humanos. Para
entender e ajudar o próximo é
necessário se imaginar na condição
dele...
Arthur fica pensativo por alguns instantes enquanto Frei
arruma as ervas e recipientes que estavam sobre a mesa. Em um
instante de frenesi, Arthur fala diretamente para o Frei.
ARTHUR
Prometo! Que sempre que eu puder
ajudar alguém com o que eu aprendi
com o senhor, ajudarei!
FREI LOURENÇO
(Põe a mão no ombro de
Arthur)
Estou orgulhoso de você, filho!
Arthur toma a iniciativa e abraça o Frei.
ARTHUR
Certo, irei o mais rápido possível!
(se vira para sair)
FREI LOURENÇO
Arthur! Espere... Venha aqui...
(Fazendo o sinal da cruz)
Que Deus ilumine o seu caminho e
lhe proteja do mal.
Sem nenhuma palavra, Arthur abaixa a cabeça em afirmação e
parte com sua missão de levar a carta do Frei para Romeu.
ALDEÃO
Meu filho, está doente!
ARTHUR
Me desculpe, mas tenho que cumprir
uma missão em mântua...
ALDEÃO
Quando?
ARTHUR
Antes de anoitecer...
ALDEÃO
Mântua está a apenas 10
quilômetros, eu mesmo o levo...
Arthur olha para o rosto desesperado do aldeão... E lembra o
que havia prometido ao Frei...
ARTHUR
Está bem... Então, mostre-me seu
filho...
Os dois entram na casa do aldeão, é uma casa extremamente
simples, com fogão de barro, e camas de palha. Em cima de uma
das camas está um garoto, que está tossindo muito e
visivelmente com falta de ar.
ARTHUR
Certo... Já sei do que ele
precisa...
Começa a olhar dentro da bolsa que o Frei lhe entregou e
encontra algumas folhas de Guaco.
ARTHUR
22.
ARTHUR
ISTO! Vou fazer um chá, lhe
aliviará os sintomas e o deixará
curado.
Arthur, começa a preparar o chá e em seguida entrega para o
garoto tomar.
ALDEÃO
Muito obrigado, senhor, muito
obrigado.
ARTHUR
Por favor, não me agradeça ainda,
agora ele deve repousar por algumas
horas e, assim que ele acordar,
vamos descobrir se o chá
funcionou...
TEMPO PASSA COM TIMELAPSE
CRIADO
Saiu com muita pressa, de volta a
Verona... Qual é o propósito de sua
visita?
ARTHUR
(Desacreditado do que
acabara de ouvir)
Agora... Nenhum!
CRIADO
Então perdeu a viagem...
ARTHUR
Não sei... Salvei uma criança, mas
falhei como mensageiro...
(Suspira)
As adversidades da vida, são
difíceis de se entender... TENHO
QUE VOLTAR RÁPIDO PARA AVISAR AO
FREI!
ARTHUR
Quer dizer... Que realmente os dois
se foram, mesmo?
FREI LOURENÇO
Sim, meu jovem... Foi o próprio
amor proibido deles, que os
vitimou. Em certos momentos, os
homens são donos dos seus próprios
destinos. Nosso destino não está
escrito nas estrelas, mas em nós
mesmos. Se sempre contrariados
foram todos os amantes sinceros, é
que o próprio destino o determina
desse modo.
ARTHUR
24.
ARTHUR
Quem... Quem são vocês?
PAI JULIETA
Pai de Julieta.
PAI ROMEU
Pai de Romeu.
ARTHUR
Veêm a desgraça que proveio do seu
ódio? Os céus encontraram meios de
matar o seu prazer, com amor.
PAI JULIETA
Ó, caro Montecchio...
(Estende a mão)
Me dê a sua mão...
O Montecchio (pai de Romeu), aperta a mão de Capuleto (pai de
Julieta) por alguns segundos, logo os dois se abraçam. Arthur
sai andando para longe para descansar a cabeça em algum lugar
e tentar se acalmar. Frei Lourenço observou toda a cena pela
fresta da porta da Abadia, orgulhoso.
AVÔ ENZO
(In off, enquanto a cena
rola)
E o sol, tristemente, não apareceu.
Se juntos a todos, no luto por quem
morreu. Porque nunca houve uma
história que mais comoveu... Como
esta, de Julieta e de seu Romeu.
AVÔ ENZO
25.
AVÔ ENZO
Ahh.. Me desculpe, você adormeceu e
eu senti vontade de ler o livro
mais uma vez... Vou sair daqui não
quero te perturbar...
ARTHUR
Desculpa, vô! Me lembrei de uma
coisa!
(Sai correndo do quarto)
AVÔ ENZO
Essa juventude de hoje... Sempre
com pressa...
Arthur chega na cozinha onde está a sua mãe.
ARTHUR
Mãe!
MÃE
Arthur?
(Abre o Cellarm)
Você não me enviou nenhuma mensagem
que iria sair do quarto
INT./EXT. MUNDO
26.