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Conselho Local de Acção Social de Castelo

de Vide

Programa Rede Social

Diagnóstico Social
do Concelho de Castelo de Vide
Projecto co-financiado pelo Fundo Social

Maio de 2006
Governo da Republica União Europeia
Portuguesa Fundo Social Europeu
Câmara Municipal de Castelo de Vide
Gabinete de Acção Social

Título:
Diagnóstico Social do Concelho de Castelo de Vide

Autor:
António Calha

Data:
Maio de 2006

Financiamento:
Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social
Eixo 5 – Promoção do Desenvolvimento Social
Tipologia 5.1.1 – Rede Social para o Desenvolvimento
(Projecto Co-financiado pelo Fundo Social Europeu)
Índice

Enquadramento………………………………………………………………………… 9

1. Tendências Demográficas……………………………………………………………... 19
1.1. Território e população………………………………………………………………... 22
1.2. Indicadores demográficos referentes às freguesias do 30
concelho……………………………….. 40
1.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e
ameaças………………………… 45
47
2. Educação e Aprendizagem……………………………………………………….…….. 52
2.1. Oferta Educativa…………………………………………………………………….. 57
2.2. Percurso educativo…………………………………………………………………... 62
2.3. Níveis de instrução…………………………………………………………………...
2.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 71
ameaças………………………… 77
78
3. Convivência Social……………………………………………………………………. 80
3.1. Isolamento Social…………………………………………………………………… 85
3.2. Segurança e Instabilidade……………………………………………………………...
3.3. Recursos Sociais…………………………………………………………………….. 93
3.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 95
ameaças………………………… 98
10
4. Acesso à Saúde………………………………………………………………………. 2
4.1. Recursos existentes………………………………………………………………….. 10
4.2. Estatísticas vitais…………………………………………………………………… 6
4.3. Prevenção e cuidados de saúde…………………………………………………………
4.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 11
ameaças………………………… 3
11
5. Configuração e Dinâmica do Tecido Empresarial………………………………………… 5
5.1. Estrutura de Actividades……………………………………………………………… 12
5.2. Desempenho Económico………………………………………………………………. 1
5.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 12
ameaças………………………… 5

6. Capital humano e emprego……………………………………………………………. 13


6.1. Estrutura do Emprego……………………………………………………………….... 3
6.2. Profissões e Qualificação…………………………………………………………….... 13
6.3. Desemprego………………………………………………………………………... 5
6.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 14
ameaças………………………… 1
14
7. Habitação……………………………………………………………………...……. 6
7.1. Amenidades básicas………………………………………………………………… 14
7.2. Estrutura do parque edificado………………………………………………………….. 9
7.3. Mercado de habitação………………………………………………………………...
7.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 15
ameaças………………………… 7
16
8. Nível de vida e Rendimento…………………………………………………………… 0
8.1. Nível de Vida e Poder Compra………………………………………………………….. 16
8.2. Rendimentos……………………………………………………………………….. 4
8.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e 17
ameaças………………………… 1
17
Sistema de Informação…………………………….……………………………………… 6

Metodologia……………………………………………………………………………… 18
1
Bibliografia………………………………………………………………………………. 18
4
18
6
19
6

20
1

21
1

21
7
Índice de Quadros

Tendências Demográficas
População residente em 2001……………………………………………………………………... 24
Distribuição da população pelos diferentes grupos etários no concelho de Castelo de 24
Vide……………………… 25
Pirâmide etária da população do concelho de Castelo de 26
Vide……………………………………………... 26
Variação da população entre 1991 e 2001……………………………………………………………. 26
Taxa de natalidade em 2004………………………………………………………………………. 27
Taxa de mortalidade em 2004…………………………………………………………………….... 27
Taxa de nupcialidade em 2004……………………………………………………………………... 27
Taxa de divórcio em 2004………………………………………………………………………… 28
Taxa de fecundidade em 2004…………………………………………………………………….... 18
Nados vivos fora do casamento em 2004……………………………………………………………... 28
Índice de envelhecimento em 2002…………………………………………………………………. 31
População dependente em 2001……………………………………………………………………. 31
Indicadores genéricos relativos à freguesia de Santa Maria da Devesa, reportados a 32
2001……………………... 32
Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Santa Maria da 33
Devesa……………….. 34
Pirâmide etária da população da Freguesia de Santa Maria da 35
Devesa……………………………………... 35
Indicadores genéricos relativos à freguesia de São João Batista, reportados a 36
2001…………………………... 37
Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de São João 37
Batista…………………….. 38
Pirâmide etária da população da Freguesia de São João
Batista…………………………...………………
Indicadores genéricos relativos à freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas,
reportados a 2001 …….. 49
Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Nossa Senhora da
Graça de Póvoa e Meadas. 49
Pirâmide etária da população da Freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e
Meadas……………………... 49
Indicadores genéricos relativos à freguesia de Santiago Maior, reportados a
2001…………………………….
Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Santiago 50
Maior……………………
Pirâmide etária da população da Freguesia de Santiago 50
Maior……………………………………………. 54
54
54
Educação e Aprendizagem 55
Estabelecimentos de ensino e alunos matriculados no ano lectivo 55
2005/2006…………………...……………
Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 0 e os 4 anos e o 55
número de estabelecimentos escolares (Nível Pré-escolar), em 59
2001………………………………………………………………. 59
Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 5 e os 9 anos e o 59
número de estabelecimentos escolares (1. Ciclo) em 60
2001……………………………………………………………………….. 60
60
Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos e o
número de estabelecimentos escolares (2. Ciclo), em
2001………………………………………………………...
Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos e o
número de estabelecimentos escolares (3. Ciclo), em 75
2003………………………………………………………...
População escolar no concelho de Castelo de Vide em 75
2001……………………………………………….
População escolar no concelho de Castelo de Vide segundo o sexo, em 75
2001…………………………………. 78
Taxa de Abandono Escolar…………………………………………………………...…………… 78
Taxa de Saída Antecipada………………………………………………………………………… 78
Taxa de retenção……………………………………………………………………………….. 79
Relação entre a população a frequentar o ensino secundário e a população residente com idades 82
compreendidas entre os 15 e os 19
anos……………………………………………………………………………… 82
Habilitações da população residente no concelho de Castelo de Vide em 82
2001……………………………….... 83
Habilitações da população residente no concelho de Castelo de Vide segundo o sexo, em
2001…………………....
Taxa de analfabetismo em 2001…………………………………………………………………..... 83
População com mais de 14 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino obrigatório, em
2001………………
População com mais de 19 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino secundário em
2001……………….. 96
População com mais de 24 anos com grau académico de nível superior em 96
2001……………………………… 97
10
0
Convivência Social 10
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com uma ou mais crianças menores, 0
relativamente ao total de famílias, em 10
2001………………………………………………………………………………. 0
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade compreendida entre os 15 e os 10
64 anos, relativamente ao total de famílias, em 3
2001…………………………………………………………………… 10
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade superior a 64 anos, 3
relativamente ao total de famílias, em
2001……………………………………………………………………………………… 10
Taxa de criminalidade em 2003……………………………………………………………………. 3
Arguidos e condenados em processos crime na fase de julgamento findos, em 10
2003…………………………... 4
Taxa de vítimas de acidentes de viação relativa ao ano de
2004…………………………………………... 10
Número de habitantes por bombeiro em 2003………………………………………………………… 4
Taxa de cobertura da população residente com menos de 5 anos pelo número de utentes dos 10
infantários em 2005… 4
Taxa de cobertura da população residente com idade compreendida entre os 5 e os 14 anos pelo 10
número de utentes de ATL em 4
2005…………………………………………………………………...………………
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de
Centro de Dia em 2005…...
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de Lar 11
de Idosos em 2005…... 7
11
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de beneficiários de 7
Apoio Domiciliário em 11
2005…………………………………………………………………………………………. 7
11
8
Acesso à saúde 11
Enfermeiros por 1.000 habitantes, em 2003…………………………………………………………... 8
Médico por 1.000 habitantes, em 2003………………………………………………………………. 11
Farmacêuticos por 1.000 habitantes, em 2003………………………………………………………… 8
Taxa de mortalidade, em 2003……………………………………………………………………... 11
Taxa bruta de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, em 9
2003………………………………….... 11
Taxa bruta de mortalidade por tumores malignos, em 9
2003……………………………………………… 11
Consultas médicas por 1.000 habitantes, em 2003…………………………………………………… 9
Consultas de clínica geral em centros de saúde por habitante, em 12
2003……………………………………... 2
Consultas de planeamento familiar em centros de saúde por mulheres residentes com idade entre
15 a 24 anos, em 12
2003…………………………………………………………………………………………. 2
Consultas de saúde infantil em centros de saúde por habitantes residentes com menos de 15
anos, em 2003………..
Consultas de saúde materna e obstetrícia em centros de saúde por mulheres residentes com 12
idade entre 15 a 64 anos, em 2
2003………………………………………………………………………………………
Respostas do Centro de Saúde de Castelo de Vide em 2003 e 12
2005………………………………………… 3
Consultas realizadas no Centro de Saúde de Castelo de Vide em 2003 e
2005………………………………... 12
3

Configuração e Dinâmica do Tecido Empresarial


Distribuição das sociedades comerciais pelos sectores de actividade, em
2003……………………………….. 13
Distribuição das empresas pelos CAE mais relevantes, em 8
2003…………………………………………... 13
Número total de sociedades sediadas por concelho, em 8
2005……………………………………………... 13
Sociedades do sector primário no total de sociedade sediadas por concelho em 9
2005…………………………... 13
Sociedades do sector secundário no total de sociedade sediadas em 9
2005…………………………………... 13
Sociedades do sector terciário no total de sociedade sediadas em 9
2005……………………………………... 14
Sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total de empresas sediadas por concelho em 0
2005…………………. 14
Sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total de empresas sediadas por 2
concelho em 2005………... 14
Sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total de empresas sediadas por concelho 2
em 2005…………... 14
Volume total de negócios das sociedades, por concelho (em milhares de euros) em 2
2004……………………….. 14
Volume de negócios das sociedades sediadas em Castelo de Vide pelos CAE mais relevantes 3
(em milhares de euros) em 14
2004…………………………………………………………………………………………. 3
14
Volume de negócios das sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total do volume de 3
negócios do concelho em 14
2004…………………………………………………………………………………………. 4
Volume de negócios das sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total do
volume de negócios do concelho em 14
2004………………………………………………………………………………. 7
Volume de negócios das sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total do volume 14
de negócios do concelho em 7
2004……………………………………………………………………………………… 14
7

Capital humano e emprego


Distribuição do emprego pelos principais ramos de actividade no concelho de Castelo de Vide em 16
2001……………. 1
Empregados no ramo agrícola no total de empregados por concelho em 16
2001……………………………….. 1
Empregados no ramo da construção civil no total de empregados por concelho em 16
2001……………………….... 1
Empregados no ramo da hotelaria no total de empregados por concelho em 16
2001……………………………... 2
Empregados na administração pública no total de empregados por concelho em 16
2001………………………….. 2
Empregados no ramo da acção social no total de empregados por concelho em 16
2001…………………………... 6
Distribuição da população residente empregada pelos grupos de profissões no concelho de 16
Castelo de Vide em 2001… 6
Distribuição do emprego pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de Vide em 16
2001………………. 6
Distribuição do emprego masculino pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de 16
Vide em 2001……… 7
Distribuição do emprego feminino pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de 16
Vide em 2001……….. 7
Proporção de empregos não qualificados em 16
2001…………………………………………………….... 7
Proporção de empregos dos serviços intensivos em conhecimentos em 16
2002………………………………… 8
Proporção de emprego em actividades TIC (tecnologias de informação e comunicação) em 16
2002………………….. 8
População residente desempregada segundo a condição de procura de emprego e taxa de 16
desemprego no concelho de Castelo de Vide em 8
2001…………………………………………………………………………. 16
Taxa de desemprego masculino por concelho em 9
2001…………………………………………………...
Taxa de desemprego feminino por concelho em 16
2001………………………………………………….... 9
17
Habitação 2
Alojamentos com instalação eléctrica no concelho de Castelo de Vide em 17
2001………………………………... 2
Alojamentos com instalação sanitária no concelho de Castelo de Vide em 17
2001……………………………….. 2
Alojamentos com água canalizada no concelho de Castelo de Vide em
2001………………………………….. 17
Alojamentos com instalação de banho ou duche no concelho de Castelo de Vide em 3
2001………………………..
Sistemas de aquecimento disponíveis nos alojamentos do concelho de Castelo de Vide em 17
2001………………….. 3
Alojamentos segundo a forma de ocupação no concelho de Castelo de Vide em 17
2001…………………………... 4
Relação dos alojamentos ocupados como residência habitual na totalidade do parque
habitacional em 2001……...… 17
Relação dos alojamentos para demolição na totalidade do parque habitacional em 4
2001………………………...
Alojamentos como residência habitual segundo a época de construção, no concelho de Castelo
de Vide em 2001……...
Relação dos alojamentos construídos antes de 1946 na totalidade do parque habitacional em 18
2001……………….. 5
Índice de lotação dos alojamentos ocupados como residência habitual, no concelho de Castelo 18
de Vide em 2001……... 8
Relação dos alojamentos sobrelotados na totalidade do parque habitacional em 18
2001…………………………. 8
Edifícios por estado de conservação no concelho de Castelo de Vide em 18
2001………………………………… 8
Relação dos edifícios muito degradados na totalidade do parque habitacional em 18
2001………………………… 9
Edifícios por acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada, no concelho de Castelo de 18
Vide em 2001………. 9
Relação dos edifícios não acessíveis a pessoas de mobilidade condicionada na totalidade do 19
parque habitacional em 0
2001…………………………………………………………………………………………. 19
Relação de alojamentos vagos na totalidade do parque habitacional em 0
2001………………………………... 19
Relação de alojamentos vagos para venda na totalidade do parque habitacional em 1
2001………………………. 19
Relação de alojamentos vagos para arrendamento na totalidade do parque habitacional em 1
2001………………... 19
Alojamentos ocupados como residência habitual segundo a entidade proprietária no concelho de 2
Castelo de Vide em 19
2001…………………………………………………………………………………………. 2
Alojamentos arrendados, ocupados como residência habitual segundo escalão de renda, no 19
concelho de Castelo de Vide em 3
2001……………………………………………………………………………………… 19
Relação dos alojamentos com renda superior a 250 € na totalidade dos alojamentos arrendados 3
em 2001…………..
Alojamentos arrendados, ocupados como residência habitual segundo época do contrato de 19
arrendamento, no concelho de Castelo de Vide em 3
2001………………………………………………………………………. 19
4
19
Nível de vida e Rendimento 4
Índice do poder de compra concelhio, indicador per capita em 19
2002……………………………………….... 4
Ganho médio mensal em 2004……………………………………………………………………...
Disparidade no ganho médio mensal por sexo, em
2004…………………………………………………
Ganho médio mensal no sector primário em 2004………………………………………………………
Ganho médio mensal no sector secundário em
2004…………………………………………………….
Ganho médio mensal no sector terciário em 2004………………………………………………………
Número de pensionistas por velhice em 2004………………………………………………………….
Valor médio anual das pensões de velhice, em
2004…………………………………………………….
Número de pensionistas por sobrevivência em 2004…………………………………………………….
Valor médio anual das pensões de sobrevivência, em
2004……………………………………………….
Número de pensionistas por invalidez em 2004………………………………………………………...
Valor médio anual das pensões de invalidez, em
2004…………………………………………………...
Número de beneficiários do subsídio de desemprego em
2004…………………………………………….
Valor médio anual do subsídio de desemprego, em 2004………………………………………………

Beneficiários do subsídio de desemprego por grupos etários em Castelo de Vide em


2004………………………
Número de beneficiários do Rendimento Mínimo Garantido em
2003………………………………………..
Beneficiários do RMG por grupos etários em Castelo de Vide em
2003………………………………………
Beneficiários do RMG por valor da prestação em Castelo de Vide em
2003…………………………………...
Enquadramento
10 Enquadramento

O que é a Rede Social?

A Rede Social é um fórum de articulação e congregação de esforços baseado na adesão livre


por parte das autarquias e das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos, com vista à
erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão e à promoção do desenvolvimento social.
Pretende-se fomentar a formação de uma consciência colectiva dos problemas sociais e
contribuir para a activação dos meios e agentes de resposta e para a optimização possível dos
meios de acção nos locais.

O que se propõe é que, em cada comunidade, se criem novas formas de conjugação de


esforços, se avance na definição de prioridades e que, em suma, se planeie de forma integrada
e integradora o esforço colectivo através da constituição de um novo tipo de parceria entre
entidades, públicas e privadas, com intervenção nos mesmos territórios. Esta parceria baseia-se
na igualdade entre os parceiros, na consensualização dos objectivos e na conjugação das
acções desenvolvidas pelos diferentes agentes locais.

Contexto

A Rede Social surge no contexto de afirmação de uma nova geração de políticas sociais activas,
baseadas na responsabilização e mobilização do conjunto da sociedade e de cada indivíduo
para o esforço de erradicação da pobreza e da exclusão social em Portugal. Foi criada através
da Resolução do Conselho de Ministros nº 197/97 de 18 de Novembro de 1997 e Declaração de
Rectificação nº 10-O/98.

A gestão, dinamização, acompanhamento e avaliação do Programa Rede Social é da


competência da Área da Cooperação e Rede Social do Departamento de Protecção Social e
Cidadania.

Trata-se de um Programa Co-financiado pelo Fundo Social Europeu - Programa Operacional


Emprego, Formação e Desenvolvimento Social (Eixo 5 – Promoção do Desenvolvimento Social,
Enquadramento 11

Medida 5.1. – Apoio ao Desenvolvimento Social e Comunitário, Tipologia de Projecto 5.1.1 –


Rede Social para o Desenvolvimento, Acção Tipo 5.1.1.1 – Dinamização e Consolidação de
Parcerias Locais) e o Estado Português - Ministério da Segurança Social e do Trabalho.

A nível local

A Rede Social materializa-se a nível local através da criação dos Conselhos Locais de Acção
Social (CLAS), constituindo uma plataforma de planeamento e coordenação da intervenção
social a nível concelhio. No concelho de Castelo de Vide o CLAS, inicialmente constituído por
dezanove entidades, é actualmente constituído por vinte e seis entidades, designadamente:

• Município de Castelo de Vide

• Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Portalegre

• Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide

• Associação de Jovens Terras de Vide

• Associação de Pais das Escolas do Concelho de Castelo de Vide

• Associação para o Desenvolvimento e Turismo do Norte Alentejano

• Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças com Deficiência Mental de

Portalegre - Equipa de Intervenção Directa de Castelo de Vide do Projecto de

Intervenção Precoce de Portalegre

• Banda União Artística

• Centro de Saúde de Castelo de Vide

• CerciPortalegre – Centro de Reabilitação e Formação Profissional de Castelo de Vide

• Direcção Regional de Educação do Alentejo

• Fábrica da Igreja de Castelo de Vide


12 Enquadramento

• Fundação Nossa Senhora da Esperança

• Grupo de Amigos de Castelo de Vide

• Grupo de Folclore e Cultura de Póvoa e Meadas

• Guarda Nacional Republicana

• Instituto de Emprego e Formação Profissional - Centro de Emprego de Portalegre

• Junta de Freguesia de Póvoa e Meadas

• Junta de Freguesia de Santa Maria Devesa

• Junta de Freguesia de Santiago Maior

• Junta de Freguesia de São João Baptista

• Lar da 3.ª Idade de Nossa Senhora da Graça

• OCRE – Associação para a Valorização do Ambiente, Cultura, Património e Lazer

• Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide

• Sociedade Recreativa 1.º de Dezembro

• Sociedade Recreativa e Musical de Póvoa e Meadas

Esta estrutura, enquanto forma organizativa concreta que materializa a Rede Social, tem como

objectivo potenciar o planeamento estratégico da intervenção social a nível local, tendo por base

os seguintes pressupostos:

• Identificação e sistematização das necessidades e recursos locais, visando a definição

de prioridades;

• Consciencialização individual e colectiva dos problemas sociais, de forma a activar os

meios e agentes locais no sentido de se desenvolverem respostas adequadas para os

problemas identificados, não sendo de excluir a possibilidade de requerer recursos

exógenos.
Enquadramento 13

No sentido de operacionalizar os objectivos do CLAS, foi criada uma estrutura mais restrita,

derivada do CLAS e designada por Núcleo Executivo do CLAS, que é actualmente constituída

por sete entidades:

• Município de Castelo de Vide

• Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Portalegre

• Centro de Saúde de Castelo de Vide

• Direcção Regional de Educação do Alentejo

• Junta de Freguesia de Santa Maria Devesa

• Lar da 3.ª Idade de Nossa Senhora da Graça

• Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide

Objectivos

O Programa Rede Social tem como finalidade combater a pobreza e exclusão social numa
perspectiva de promoção do desenvolvimento social

Desta finalidade decorrem os seguintes objectivos estratégicos:

Desenvolver uma parceria efectiva e dinâmica que articule a intervenção social dos diferentes
agentes locais;
Promover um planeamento integrado e sistemático, potenciando sinergias, competências e
recursos a nível local;
Garantir uma maior eficácia do conjunto de respostas nos concelhos e freguesias. Pretende-se
assim com este Programa:

• induzir o planeamento estratégico participado;


• promover a coordenação das intervenções ao nível concelhio e de freguesia;
• procurar soluções para os problemas das famílias e pessoas em situação de pobreza e
exclusão social;
14 Enquadramento

• formar e qualificar agentes envolvidos nos processos de desenvolvimento local, no âmbito


da Rede Social;
• promover uma cobertura adequada do concelho por serviços e equipamentos;
• potenciar e divulgar o conhecimento sobre as realidades concelhias

Princípios

A Rede Social assenta num conjunto de princípios de acção que garantem a coerência da
estratégia de intervenção e a funcionalidade do dispositivo criado e das acções desenvolvidas no
quadro do Programa. Os princípios são: a integração, a articulação, a subsidiariedade e a
inovação.

Princípio da integração

A integração social aponta para uma acção concertada e coordenada entre as várias entidades
locais.
O princípio da integração social deverá assentar:

• Na convergência das medidas económicas, sociais e ambientais entre outras, com vista à
promoção das comunidades locais, através de acções planificadas, executadas e avaliadas
de uma forma conjunta;
• No incremento de projectos locais de desenvolvimento integrado, fazendo apelo à
participação de todos os intervenientes locais e à congregação dos recursos de todos, para
a resolução dos problemas sociais mais prementes.

O desafio que se coloca à Rede Social é o de se ser capaz de integrar as várias medidas de
política e os instrumentos existentes ao nível dos vários sectores numa acção concertada e
coerente de desenvolvimento local.

Princípio da articulação
Enquadramento 15

Este princípio traduz-se na necessidade de articular a intervenção social dos diferentes parceiros
com actividade num território numa parceria efectiva e dinâmica

Em consonância com este princípio, a Rede Social deve constituir um suporte da acção, permitir
criar sinergias entre os recursos e as competências existentes na comunidade, fornecer uma
logística comum aos diferentes parceiros e contribuir para a promoção de projectos. A
construção da parceria, em torno de objectivos comuns, pressupõe:

• Definir o objecto da cooperação e equacionar em conjunto o contributo de cada parceiro;


• Definir acções concretas, envolvendo os parceiros, que permitam ajustar os diferentes
modos de intervenção e proporcionar uma aprendizagem da cooperação;
• Corresponsabilizar os parceiros envolvidos no desenvolvimento e sucesso do conjunto das
acções, pressupondo que os vários agentes definam uma estratégia comum.

Pretende-se assim que as parcerias funcionem de uma forma simples e desburocratizada,


facilitem o diálogo, a participação e a decisão, que sejam flexíveis na procura de soluções para a
resolução dos problemas ou para a criação de novas respostas.

Princípio da subsidiariedade

O princípio da subsidiariedade, no quadro do modelo da Rede Social, traduz a ideia de que é no


território, no local que os problemas são resolvidos, é próximo das populações que se deve
actuar, de uma forma concertada, articulada e preventiva, pois, é a este nível que:

• Se identificam os problemas e as necessidades, recursos, capacidades e identidades dos


agentes de mudança:
• Se podem ensaiar, inovar e desenvolver acções de intervenção colectiva visando a
resolução de problemas concretos locais.

A aplicação deste princípio implica que só depois de serem explorados os recursos e


competências locais é que se deverá apelar para outros níveis de decisão sucessivamente
superiores de resolução dos problemas.
16 Enquadramento

O local é o espaço privilegiado de desenvolvimento de processos participativos, no exercício de


uma democracia efectiva e de formas de regulação social, em que o Estado, a sociedade civil
organizada e os cidadãos se unem, criando factores de mudança propiciadores da inserção dos
mais desfavorecidos e do desenvolvimento local.

Princípio da inovação

Face à emergência de novas problemáticas e às mutações sociais que ocorrem a um ritmo


acelerado, torna-se imprescindível uma mudança de atitudes e de hábitos de trabalho e a
aquisição de novos saberes.

Contudo, este processo só terá sequência na medida em que se traduza na criação de


dinâmicas da inovação das formas de organização, dos processos de trabalho e das práticas no
plano local, por forma a que sejam adequadas às realidades em presença e eficazes na
resolução dos problemas locais. Nesse sentido, importa caminhar sem cessar para:

• a descentralização efectiva dos serviços;


• a desburocratização dos procedimentos dos organismos públicos e privados
• o incremento da informação, designadamente através da criação de um sistema de
comunicação fácil e acessível entre os serviços e os cidadãos
• formas de actuação que motivem a participação das comunidades locais

Ao apostar na descentralização da intervenção social e na responsabilização conjunta dos


agentes locais, no desenvolvimento de uma nova forma de parceria estratégica baseada numa
ampla democracia participativa e no planeamento intersectorial da intervenção social local, a
Rede Social coloca-se na vanguarda do processo de inovação da intervenção social e da
transformação de mentalidades.

Destinatários do Programa
Enquadramento 17

Os destinatários directos do programa são os parceiros públicos e privados cuja actividade seja
exercida na área geográfica do concelho e o seu âmbito de intervenção seja relevante para o
desenvolvimento social local.

Os destinatários indirectos são as pessoas, famílias e comunidades, às quais se proporciona o


acesso a mais e melhores respostas e serviços, promovendo assim o desenvolvimento social
local.

Resultados esperados

O processo de implementação da Rede Social deverá decorrer num período de dois anos,
contando com o apoio técnico do Núcleo da Rede Social do ISSS. No final desse período, os
concelhos deverão apresentar os seguintes resultados:

• Constituição da parceria (CLAS e/ou CSF)


• Regulamento Interno
• Diagnóstico Social
• Plano de Desenvolvimento Social
• Plano de Acção (1 ano)
• Sistema de Informação
• Modelo de Articulação que facilite a articulação e cooperação entre as diversas estruturas de
parceria
• Articulação com outros instrumentos de planeamento (PDM, Planos Estratégico, etc.) com
vista à promoção das dinâmicas de desenvolvimento local

Impactos esperados
18 Enquadramento

A Rede Social tal como está concebida procura produzir mudanças substanciais ao nível
nacional e ao nível local. No plano nacional a Rede favorece a articulação e adaptação de
políticas e medidas de âmbito nacional aos problemas e necessidades locais, permitindo:

• enriquecer o conhecimento e dar visibilidade a realidades locais;


• possibilitar a construção de planos nacionais que contemplem as prioridades e necessidades
locais;

Ao nível local a Rede Social procura qualificar a intervenção social nos locais através:

• da articulação e adaptação das políticas das políticas e medidas de âmbito nacional aos
problemas e necessidades locais;
• do aumento da capacidade de detecção e resolução de problemas individuais, gerando
respostas específicas para necessidades específicas;
• transformação da cultura e práticas dos serviços e instituições locais, no sentido de uma
maior transparência e abertura a outras entidades e populações;
• implementação de sistemas de informação eficazes;
• incremento da participação e envolvimento dos próprios destinatários dos projectos de
intervenção.

Metodologia

Para atingir os objectivos da Rede Social o Programa propõe uma estratégia participada de
planeamento cujos instrumentos fundamentais são o Diagnóstico Participado e Plano de
Desenvolvimento Social.

Em traços gerais procura-se construir um retrato comum da situação social concelhia, resultante
dos contributos das várias entidades com intervenção na área do concelho que permita
identificar prioridades de intervenção. Este retrato servirá de base para a construção de um
Plano de Desenvolvimento Social (PDS) em que estejam inscritos os objectivos e estratégias de
Enquadramento 19

intervenção definidos para um quadro temporal alargado (cerca de três anos) e sejam planeadas
as formas de operacionalização do PDS tendo em linha de conta um horizonte temporal mais
curtos (planos de acção anuais). Este processo cujo objectivo principal é a intervenção para a
promoção do desenvolvimento social local deverá ser sujeito a processos de monitorização e
avaliação, que permitam melhorar continuamente as intervenções e aferir o impacte destas na
população.

Propõe-se ainda a criação de dispositivos que facilitem a recolha e tratamento de informação


agilizando a produção de diagnósticos, dando suporte à avaliação, dando visibilidade às
realidades sociais do concelho e às intervenções produzidas e promovendo a troca de
informação entre os parceiros e entre estes e a população.

Organização do Diagnóstico

O presente diagnóstico divide-se em oito capítulos temáticos (tendências demográficas;


educação e aprendizagem; convivência social; acesso à saúde; dimensão e dinâmica do tecido
empresarial; capital humano e emprego; habitação; nível de vida e rendimento), nos quais se
procede ao diagnóstico da situação do concelho em cada uma das áreas temáticas.

Cada capítulo inicia com um breve enquadramento das principais tendências nacionais e
europeias que contextualizam e condicionam as tendências verificadas a nível regional e local.
Após o enquadramento do tema os capítulos são divididos em diferentes domínios, seguindo a
abordagem de objectivos específicos inerentes a cada tema. Cada domínio é complementado
com a apresentação de séries de indicadores que permitem a determinação da convergência,
em cada indicador, do concelho em relação aos restantes concelhos do distrito de Portalegre, à
Região Alentejo e ao País. Na definição dos indicadores, um dos critérios ponderados na sua
escolha foi a qualidade de informação estatística, na medida em que, apesar de nos últimos
anos ter existido um aumento significativo no rigor e na organização estatística em Portugal, nem
todo os produtores de informação garantem, ainda, a mesma qualidade.

Cada capítulo termina com uma análise centrada na área temática, das relações existentes entre
os pontos fortes e fracos verificados no concelho com as tendências mais importantes que se
20 Enquadramento

verificam na envolvente global, seja ao nível da conjuntura económica, social, das imposições
legais, etc.
1. Tendências
Demográficas
22 Enquadramento
Tendências demográficas 23

Enquadramento
Nos últimos anos assistiu-se a algumas modificações do modelo de organização territorial que só
uma análise espacial por freguesia e temporal por década pode evidenciar. Independentemente
da marca mais vincada que cada década possa ter deixado no território, todas elas tiveram a sua
originalidade e contribuíram para o mosaico territorial presente nos dias de hoje.

Três décadas se realçam nas últimas cinco por razões opostas. A década de sessenta está
associada a elevadas perdas demográficas (o forte período de emigração portuguesa) e a
década de setenta sentiu um forte crescimento populacional (o período do retorno populacional
das ex-colónias). Por outro lado, a década de noventa demonstra uma vitalidade que pode ser
indicadora de novas dinâmicas em curso. Neste sentido, antes de apresentarmos uma síntese
territorial das tendências demográficas no concelho de Castelo de Vide, mencionamos
sinteticamente as dinâmicas parciais.

Na década de cinquenta a população residente no Continente aumentou 4,5% mas foram


sobretudo as áreas urbanas que cresceram em termos populacionais. Globalmente, uma boa
parte do Continente aumentou de população residente, sobressaindo a coroa metropolitana de
Lisboa e o Noroeste português. As freguesias que ganham população residente mostram um
território estilhaçado, sendo a contiguidade dos processos de urbanização mais intensa no litoral.

Os anos sessenta foram dramáticos nas perdas populacionais. Uma vasta parte do território
nacional sentiu intensas regressões demográficas ao mesmo tempo que a metrópole de Lisboa e
o Noroeste continuavam a aumentar. A suburbanização 1 impõe-se claramente numa vasta área
em torno de Lisboa e do Porto e a desurbanização dos centros começa a intensificar-se, com
algumas freguesias centrais dessas duas cidades a perderem população (em Lisboa diminuem
mais que no Porto). A imagem das perdas e dos ganhos na década de sessenta reflecte
claramente a «imersão» de uma grande superfície do país. No interior, só um pequeno número
de freguesias resistem ao surto regressivo. É o grande período de êxodo rural e imigração, em
que a perda populacional não é exclusiva das áreas interiores mas atinge claramente o litoral em
todo o Alentejo e quase todo o Algarve. Entre Lisboa e Aveiro os ganhos e as perdas vão
alterando, contrariando a ideia da existência de um litoral dinâmico. No interior, são as freguesias

1Suburbanização é o processo de crescimento da cidade para as áreas periféricas, ou para além dos seus limites
administrativos.
24 Tendências demográficas

centrais, designadamente de Bragança, Castelo Branco, Seia, Boticas, Macedo de Cavaleiros,


Guarda, Évora e Beja, que resistem e conseguem aumentar a sua massa demográfica.

Nos anos setenta o território ganha uma nova onda de expansão demográfica, a população
residente aumenta 16,6% e os processos de urbanização estendem-se a uma grande fatia do
território nacional (a população residente nas freguesias urbanas aumentou 26,6%). Em
Portugal, as implicações económicas, sociais e politicas do 25 de Abril de 1974 adiaram a queda
do modelo económico fordista, enquanto que o retorno dos portugueses das ex-colónias
contribuiu para a vitalidade demográfica e urbana, sobretudo em torno de Lisboa. Os processos
de suburbanização são sobretudo intensos nas freguesias envolventes da capital. O Alentejo e o
Centro Interior continuam a sentir perdas populacionais muito significativas. O Norte, sobretudo o
Norte urbano, ganha claramente peso demográfico e é sobretudo a faixa intermédia entre o
litoral e o interior que perde mais população residente. O Algarve, depois de ter registado perdas
dramáticas na década de sessenta, viu o peso populacional aumentar claramente em quase todo
o seu território.

Nos anos oitenta as dinâmicas positivas são mais contidas e os territórios em perda demográfica
continuam a registar perdas da mesma ordem de grandeza. A população residente no seu
conjunto estabiliza (0,4%) o interior em regressão demográfica estende-se novamente e as áreas
em progressão circunscrevem-se. Os processos de urbanização em torno de Lisboa e no
Noroeste perdem intensidade relativamente à década anterior. A intensidade dos processos de
despovoamento mantém-se e alastra-se a outras zonas. Os pequenos centros, sobretudo do
interior, não conseguem resistir aos processos demográficos negativos e começam também ele
a perder residentes. O Algarve resiste e o seu litoral urbaniza-se intensamente.

Nos anos noventa os processos de urbanização voltam a intensificar-se e a estender-se e a


população residente aumenta cerca de 5%. São sobretudo as áreas urbanas que ganham
importância. Nesta década algumas áreas urbanas das cidades médias e de alguns centros
urbanos demonstram algum vigor, já que aumentam a sua população residente. Comparando
com a década anterior, os processos de urbanização intensificam-se e estendem-se por todo o
litoral. Os processos de desurbanização continuam a ser visíveis nos centros das duas
metrópoles, mas a intensidade das perdas atenua-se. Os fenómenos de suburbanização são
também visíveis em algumas cidades e centros urbanos, designadamente do interior. Podemos
mencionar, a título meramente exemplificativo Chaves, Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda,
Tendências demográficas 25

Covilhã, Portalegre, Évora e Beja. As freguesias centrais dos pequenos centros mostram-se
mais dinâmicas ou então estabilizam a população residente.

Se se atender que a mobilidade é tendencialmente uma característica da população activa mais


jovem e fecunda, todos os movimentos de população referidos evidenciam o reforço da base
produtiva jovem no litoral e nos centros urbanos e o envelhecimento concomitante do chamando
interior do país. Este tende a agravar com o retorno que se pressente da população em idade de
reforma para o seu concelho de naturalidade.

1.1. Território e População


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• População residente em 2001
• Distribuição da população pelos diferentes As sociedades ocidentais confrontam-se, hoje em
grupos etários no concelho de Castelo de Vide dia, com graves problemas demográficos, entre os
quais se destaca o do envelhecimento populacional
• Pirâmide etária da população do concelho de decorrente, entre outros factores, do aumento da
Castelo de Vide esperança média de vida e de uma quebra
• Variação da população entre 1991 e 2001 acentuada das taxas de fecundidade. Para esta
tendência muito têm contribuído transformações
• Taxa de natalidade em 2004 várias na organização social – alterações nas
• Taxa de mortalidade em 2004 estruturas familiares, entrada massiva da mulher no
mercado de trabalho, diminuição da taxa de
• Taxa de nupcialidade em 2004 nupcialidade, prolongamento dos estudos,
• Taxa de divórcio em 2004 adiamento do casamento, entre outros. Por outro
lado, face à crescente globalização, tornam-se cada
• Taxa de fecundidade em 2004 vez mais fulcrais as migrações, os contactos com
• Nados vivos fora do casamento em 2004 os outros povos e culturas, nomeadamente através
da presença de outros grupos (com a sua
• Índice de envelhecimento em 2002 diversidade cultural) que beneficiam claramente a
• População dependente em 2001 diversidade sociocultural de uma região.

O concelho de Castelo de Vide fica situado no Alto Alentejo, abrangendo uma área de 265 km2,
e é constituído por quatro freguesias: Santa Maria da Devesa; São João Baptista; Santiago
26 Tendências demográficas

Maior: Nossa Senhora de Póvoas e Meadas. As três primeiras contribuem para o núcleo urbano
que constitui a sede do concelho. O concelho está delimitado pelos concelho de Marvão a
sudeste, Portalegre a sul, Crato a sudoeste, Nisa a norte e Espanha a nordeste.

O concelho tem apresentado ao longo dos anos uma dimensão populacional relativamente
pequena, atingindo o décimo segundo lugar, na hierarquia de concelhos mais populosos no
contexto sub-regional do Alto Alentejo. Em termos de dinâmica populacional no concelho,
assistimos a um decréscimo de 6,6% da população na década de 90, tendência bastante mais
vincada que a verificada no distrito de Portalegre e na Região Alentejo. A evolução e estrutura da
população são resultado da combinação entre movimentos naturais e movimentos migratórios.
No que se refere aos movimentos naturais, existe a tendência para a sobreposição (em mais do
dobro) dos valores da taxa de mortalidade face aos da natalidade, reflectindo-se num saldo
fisiológico negativo. Esta tendência é, no entanto, compensada pelo saldo positivo dos
movimentos migratórios, ou seja, pela fixação de população no concelho oriunda quer de outros
concelhos do país quer de outros países. Analisando em particular os fluxos migratórios com
base nos emigrantes e imigrantes, verifica-se que em 2001, 1,4% da população residente é
estrangeira, sendo neste contexto o concelho do distrito com maior atractividade. Em todo o caso
é importante referir que os valores dos censos de 2001 não correspondem ao valor total do
número de migrantes, uma vez que todos aqueles que se encontram numa situação não
formalizada não se encontram nesta estatística. É o caso de todos aqueles que mantém a
primeira residência nos centros urbanos do litoral residindo em quase permanecia no concelho
de Castelo de Vide.

A estrutura da população por grandes grupos etários, em 2001, era a seguinte: residiam no
concelho 511 crianças e jovens (com menos de 14 anos), representando 13,2% da população; a
população com idade igual ou superior a 65 anos ascendia a 1159 indivíduos, representando
29,9% da população; sendo a população em idade activa (com idade compreendida entre os 15
e os 64 anos de 2202 indivíduos, representado 56,9% da população total. Esta distribuição
espelha bem o envelhecimento da população traduzido num índice de envelhecimento de 227%
(que se traduz numa relação de 227 idosos por cada 100 jovens). A tendência de
envelhecimento da população relaciona-se com dois fenómenos, transversais, ainda que com
graus de incidência diferentes, às sociedades desenvolvidas actuais, por um lado o aumento da
esperança de vida e, por outro, o declínio da fecundidade.
Tendências demográficas 27

A tendência para o declínio da fecundidade espelha alterações sociais e económicas importantes


verificadas nas últimas décadas do século XX. A diminuição do número de filhos e o atraso da
idade materna inscrevem-se em processos estruturais ligados à entrada da mulher no mercado
de trabalho, ao prolongamento da escolaridade e à própria alteração dos modelos familiares
tradicionais. O retardar da idade média do primeiro casamento é ao mesmo tempo uma
consequência de todos estes factores e uma outra causa do avanço da idade da maternidade.

No cômputo geral, reforça-se que o elevado índice de envelhecimento registado no concelho, é


causa e efeito de problemas estruturais, presentes e futuros, uma vez que aliando uma
população envelhecida à diminuição das taxas de natalidade e de fecundidade resulta uma
diminuição da população em idade activa (já de si envelhecida). Por outro lado, o facto de a
população estar a envelhecer propicia a necessidade de um incremento no número de infra-
estruturas ligadas à população sénior, uma vez que se torna necessário a criação de apoio
específico para pessoas idosas, às quais estão normalmente associados uma série de
problemas. Se a população está envelhecida e se antevê o agravar desta situação torna-se
necessária a reversão desta debilidade numa marca forte, orientadora para o futuro.

Indicadores

População residente em 2001


Concelhos N. %
Peso relativo da população do concelho no distrito 3,04
Alter do Chão 3.938 %
Arronches 3.389
28 Tendências demográficas

Avis 5.197
Campo Maior 8.387
Castelo de Vide 3.872
Crato 4.348
Elvas 23.361
Fronteira 3.732
Gavião 4.887
Marvão 4.029
Monforte 3.393
Nisa 8.585
Ponte de Sor 18.140 Castelo de Vide

Portalegre 25.980
Distrito de Port alegre

Sousel 5.780
Fonte: Recenseamento Geral da População 2001

Distribuição da população pelos diferentes grupos etários no concelho de Castelo de Vide


Grupo etário 1991 2001
Home Mulher Mulheres
ns es Homens
De 0 a 4 anos 92 88 94 67
De 5 a 9 anos 95 92 72 87
De 10 a 14 anos 108 108 91 100
De 15 a 19 anos 133 110 100 89
De 20 a 24 anos 113 123 120 101
De 25 a 29 anos 124 120 113 111
De 30 a 34 anos 103 113 124 134
De 35 a 39 anos 123 99 118 113
De 40 a 44 anos 90 84 103 117
De 45 a 49 anos 84 100 128 115
De 50 a 54 anos 84 118 97 96
De 55 a 59 anos 132 167 90 108
De 60 a 64 anos 141 174 99 126
De 65 a 69 anos 165 151 134 170
De 70 a 74 anos 137 165 135 156
De 75 a 79 anos 120 155 124 128
De 80 a 84 anos 89 120 74 91
De 85 a 89 anos 28 67 40 59
Mais de 89 anos 9 21 20 28
Total 1970 2175 1876 1996
Fonte: Recenseamentos Gerais da População
1991 e 2001

Pirâmide etária da população do concelho de Castelo de Vide


Tendências demográficas 29

1991
> 90 > 90

85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14

5a9 5a9

0 a4 0 a4

Homens Mulheres

2001
> 90 > 90

85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49

40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19

10 a 14 10 a 14
5a9 5a9

0 a4 0 a4

Homens Mulheres

Sobreposição das pirâmides etárias de 2001 e 1991


> 90 > 90

85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49

40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19
Os valores a tracejado
10 a 14 10 a 14
reportam-se a 1991
5a9 5a9

0 a4 0 a4

Homens Mulheres
30 Tendências demográficas

Variação da população entre 1991 e 2001


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão -11,3 % Distrito de Portalegre -5,3 %
Arronches -7,8 % Região Alentejo -0,7 %
Avis -8,6 % Portugal 5,0 %
Campo Maior -1,7 %
Castelo de Vide -6,6 % 6
País

Crato -14,1 % 4

Elvas -4,5 % 2

Fronteira -9,5 % 0
Gavião -17,4 % Alentejo
-2
Marvão -8,8 %
Monforte -9,7 %
-4

Nisa -13,0 % -6

Castelo de Vide
Distrito de Portalegre

Ponte de Sor 1,9 % -8

Portalegre -0,5 %
Sousel -6,0 % Fonte: Recenseamento Geral da População 2001

Taxa de natalidade em 2004 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 6,0 ‰ Alto Alentejo 7,9 %
Arronches 5,2 ‰ Região Alentejo 9,2 ‰
Avis 4,5 ‰ Portugal 10,4 ‰
Campo Maior 10,4 ‰
Castelo de Vide 6,3 ‰ 12

Crato 6,2 ‰ 10

Elvas 9,4 ‰ 8
Fronteira 8,4 ‰
Gavião 5,1 ‰
6

Marvão 5,6 ‰ 4

Monforte 9,5 ‰ 2

Nisa 5,4 ‰ 0

Ponte de Sor 8,3 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 9,0 ‰
Sousel 9,0 ‰ Fonte: INE 2005
* Número de nados vivos ocorridos durante o ano, referido à população média nesse período

Taxa de mortalidade em 2004 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 18,4 ‰ Alto Alentejo 15,2 ‰
Arronches 21,0 ‰ Região Alentejo 13,0 ‰
Avis 17,4 ‰ Portugal 9,7 ‰
Campo Maior 11,0 ‰
Castelo de Vide 18,0 ‰ 20

Crato 24,8 ‰
Elvas 11,7 ‰
16

Fronteira 14,8 ‰ 12

Gavião 22,0 ‰ 8

Marvão 19,1 ‰
Monforte 14,5 ‰ 4

Nisa 24,3 ‰ 0

Ponte de Sor 14,7 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 11,2 ‰
Sousel 13,7 ‰ Fonte: INE 2005
Tendências demográficas 31

* Número de óbitos ocorridos durante o ano, referido à população média nesse período

Taxa de nupcialidade em 2004 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 2,7 ‰ Alto Alentejo 3,7 ‰
Arronches 1,2 ‰ Região Alentejo 3,8 ‰
Avis 2,0 ‰ Portugal 4,7 ‰
Campo Maior 5,0 ‰
Castelo de Vide 3,7 ‰ 5

Crato 5,2 ‰ 4
Elvas 4,1 ‰
Fronteira 4,1 ‰ 3

Gavião 2,4 ‰ 2

Marvão 1,9 ‰ 1
Monforte 1,5 ‰
Nisa 3,8 ‰ 0
Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal
Ponte de Sor 3,9 ‰
Portalegre 4,5 ‰
Sousel 3,6 ‰ Fonte: INE 2005
*Numero de casamentos observado durante o ano, referido à população média nesse período

Taxa de divórcio em 2004 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 2,4 ‰ Alto Alentejo 1,7 ‰
Arronches 0,3 ‰ Região Alentejo 1,8 ‰
Avis 2,8 ‰ Portugal 2,2 ‰
Campo Maior 1,6 ‰
Castelo de Vide 3,7 ‰ 4

Crato 0,7 ‰
Elvas 1,9 ‰ 3

Fronteira 1,5 ‰
Gavião 1,3 ‰ 2

Marvão 0,5 ‰ 1
Monforte 0,9 ‰
Nisa 0,6 ‰ 0

Ponte de Sor 2,3 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 1,8 ‰
Sousel 2,5 ‰ Fonte: INE 2005
*Número de divórcios observado durante o ano, referido à população média nesse período

Taxa de fecundidade em 2004 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 30,8‰ Alto Alentejo 36,6 ‰
Arronches 27,9 ‰ Região Alentejo 41,1 ‰
Avis 22,5 ‰ Portugal 41,7 ‰
Campo Maior 46,0 ‰
Castelo de Vide 30,5 ‰ 50

Crato 32,8 ‰
Elvas 40,3 ‰
40

Fronteira 40,1 ‰ 30

Gavião 29,0 ‰ 20

Marvão 29,8 ‰
Monforte 41,7 ‰ 10

Nisa 31,9 ‰ 0
32 Tendências demográficas

Ponte de Sor 37,1 ‰


Portalegre 38,8 ‰
Sousel 44,4 ‰ Fonte: INE 2005
*Número de nados vivos observado durante o ano referido ao efectivo médio de mulheres em idade fértil (entre os
15 e os 49 anos) desse período

Nados vivos fora do casamento em 2004


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 36,4 % Alto Alentejo 29,6 %
Arronches 41,2 % Região Alentejo 34,7 %
Avis 56,5 % Portugal 29,1 %
Campo Maior 25,3 %
Castelo de Vide 16,7 % 40

Crato 20,0 %
Elvas 34,6 % 30

Fronteira 41,4 % 20
Gavião 26,1 %
Marvão 28,6 % 10

Monforte 32,3 %
Nisa 18,2 % 0
Castelo de Vide Alentejo Central Alentejo Portugal
Ponte de Sor 28,8 %
Portalegre 23,3 %
Sousel 38,0 % Fonte: INE 2005

Índice de envelhecimento em 2002 *


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 273,9 % Distrito de Portalegre 194,3 %
Arronches 267,3 % Região Alentejo 162,7 %
Avis 228,0 % Portugal 102,2 %
Campo Maior 134,4 %
Castelo de Vide 226,8 % 250

Crato 333,9 %
Elvas 131,2 %
200

Fronteira 216,6 % 150

Gavião 429,7 %
Marvão 295,2 %
100

Monforte 218,4 % 50

Nisa 369,1 %
Ponte de Sor 167,6 %
0
Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo País

Portalegre 158,5 %
Sousel 227,6 % Fonte: Recenseamento Geral da População 2001
* Relação entre a população idosa e a população jovem, definida como o quociente entre o número de pessoas com
65 ou mais anos e o número de pessoas com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos

População dependente em 2001


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 45,1 % Distrito de Portalegre 39,3 %
Arronches 42,5 % Região Alentejo 36,1 %
Avis 41,3 % Portugal 32,3 %
Campo Maior 36,0 %
Castelo de Vide 43,1 % 50

Crato 43,5 %
Tendências demográficas 33

Elvas 37,2 %
Fronteira 40,8 %
Gavião 48,2 %
Marvão 43,3 %
Monforte 40,7 %
Nisa 45,7 %
Ponte de Sor 37,9 %
Portalegre 34,8 %
Sousel 41,7 % Fonte: Recenseamento Geral da População 2005

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Diminuição acentuada da população;
• Processo acelerado de envelhecimento;
• Baixas taxas de nupcialidade, fecundidade e natalidade;
• Taxa elevada de divórcio (equivalente, mesmo, à taxa de
nupcialidade)
Factores explicativos
• Vulnerabilidade do concelho às condicionantes estruturais
verificadas no país nas últimas décadas e que se traduzem
na desertificação dos concelhos do interior.
• Mudança de hábitos no contexto da família.
• Mobilidades polarizadas (população activa jovem na
emigração e população envelhecida na imigração)
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Alterações dos processos demográficos verificados no
país.
• Aumento da qualidade de vida enquanto factor de
atractividade à fixação de população.
34 Tendências demográficas

1.2. Indicadores demográficos referentes às freguesias do


concelho
Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Indicadores genéricos relativos à freguesia de
Santa Maria da Devesa, reportados a 2001
• Distribuição da população pelos diferentes
grupos etários na Freguesia de Santa Maria da
Devesa As tendências demográficas verificadas no
concelho incidem em grau diferente nas freguesias,
• Pirâmide etária da população da Freguesia de
fruto de dinâmicas que diferenciam cada zona do
Santa Maria da Devesa
território do concelho.
• Indicadores genéricos relativos à freguesia de
São João Batista, reportados a 2001
• Distribuição da população pelos diferentes
grupos etários na Freguesia de São João
Batista
• Pirâmide etária da população da Freguesia de
São João Batista
• Indicadores genéricos relativos à freguesia de
Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas,
reportados a 2001
• Distribuição da população pelos diferentes
grupos etários na Freguesia de Nossa Senhora
da Graça de Póvoa e Meadas
• Pirâmide etária da população da Freguesia de
Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas
• Indicadores genéricos relativos à freguesia de
Santiago Maior, reportados a 2001
• Distribuição da população pelos diferentes
grupos etários na Freguesia de Santiago Maior
• Pirâmide etária da população da Freguesia de
Santiago Maior
Tendências demográficas 35

As tendências de envelhecimento da população e o processo de desertificação demográfica


verificadas ao nível do concelho reflectem-se em diferentes graus em cada uma das quatro
freguesias do concelho de Castelo de Vide. Assim o processo de envelhecimento da população
é particularmente significativo na freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas,
apresentando um índice de envelhecimento na ordem dos 436,8%, seguida da freguesia de
Santiago Maior com um incide de 268,6%.

Relativamente às perdas demográficas verificadas no decorrer da década de 90, estas foram


mais significativas nas freguesias de Santiago Maior, com um decréscimo de 18,7% da
população entre 1991 e 2001, Santa Maria da Devesa, com um decréscimo de 10,6% no mesmo
período, e Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas, com um decréscimo na ordem de
8,1%. A freguesia de São João Batista contraria a tendência de perda acentuada de população,
apresentando no período intercensitário 1991 a 2001 um aumento significativo de 9,4% da
população residente.

Indicadores

Indicadores genéricos relativos à freguesia de Santa Maria da Devesa, reportados a 2001


Área total 56 km2
Densidade Populacional 30,6 habitantes por km2
População Residente 1716
Famílias residentes 711
Nados vivos 14
Óbitos 32
Taxa de Natalidade 8,2 ‰
Taxa de Mortalidade 18,6 ‰
Índice de envelhecimento 165,1 %
Fonte: INE 2002

Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Santa Maria da Devesa
Grupo etário 1991 2001
Home Mulher Homens Mulheres
36 Tendências demográficas

ns es
De 0 a 4 anos 47 33 47 41
De 5 a 9 anos 45 47 28 48
De 10 a 14 anos 50 42 52 39
De 15 a 19 anos 61 46 47 43
De 20 a 24 anos 56 57 49 34
De 25 a 29 anos 68 62 56 57
De 30 a 34 anos 55 54 71 73
De 35 a 39 anos 53 42 59 57
De 40 a 44 anos 35 35 49 61
De 45 a 49 anos 38 53 57 43
De 50 a 54 anos 44 58 36 44
De 55 a 59 anos 56 83 45 50
De 60 a 64 anos 62 83 46 63
De 65 a 69 anos 78 59 50 73
De 70 a 74 anos 53 79 51 63
De 75 a 79 anos 48 76 52 39
De 80 a 84 anos 39 56 22 33
De 85 a 89 anos 13 39 9 22
Mais de 89 anos 0 14 5 2
Total 901 1018 831 885
Fonte: Recenseamento Geral da População
1991 e 2001

Pirâmide etária da população da Freguesia de Santa Maria da Devesa


1991
> 90
> 90
85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14

5a9 5a9

0 a4 0 a4
Homens M ulheres
Tendências demográficas 37

2001
> 90 > 90
85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44
35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14
5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Sobreposição das pirâmides etárias de 2001 e 1991


> 90 > 90
85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
Os valores a tracejado
10 a 14 10 a 14
reportam-se a 1991
5a9 5a9

0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Indicadores genéricos relativos à freguesia de São João Batista, reportados a 2001


Área total 77,2 km2
Densidade Populacional 13,4 habitantes por km2
População Residente 1034
Famílias residentes 370
Nados vivos 5
Óbitos 19
Taxa de Natalidade 4,8 ‰
Taxa de Mortalidade 18,4 ‰
Índice de envelhecimento 221,9 %
Fonte: INE 2002
38 Tendências demográficas

Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de São João Batista
Grupo etário 1991 2001
Home Mulher Mulheres
ns es Homens
De 0 a 4 anos 21 30 23 16
De 5 a 9 anos 30 28 26 22
De 10 a 14 anos 30 32 15 35
De 15 a 19 anos 30 29 28 30
De 20 a 24 anos 22 31 35 30
De 25 a 29 anos 23 34 26 27
De 30 a 34 anos 23 35 26 34
De 35 a 39 anos 42 34 31 33
De 40 a 44 anos 30 25 30 32
De 45 a 49 anos 24 24 37 43
De 50 a 54 anos 16 28 29 22
De 55 a 59 anos 26 23 20 27
De 60 a 64 anos 30 32 26 27
De 65 a 69 anos 25 28 30 37
De 70 a 74 anos 34 28 29 41
De 75 a 79 anos 17 23 32 30
De 80 a 84 anos 16 21 25 25
De 85 a 89 anos 4 8 13 19
Mais de 89 anos 6 3 8 15
Total 449 496 489 545
Fonte: Recenseamento Geral da População
1991 e 2001

Pirâmide etária da população da Freguesia de São João Batista


1991
Tendências demográficas 39

> 90 > 90
85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14

5a9 5a9

0 a4 0 a4
Homens M ulheres

2001
> 90 > 90
85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34

25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19

10 a 14 10 a 14
5a9 5a9

0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Sobreposição das pirâmides etárias de 2001 e 1991


> 90 > 90

85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19

10 a 14 10 a 14
5a9 5a9
Os valores a tracejado
0 a4 0 a4 reportam-se a 1991
Homens M ulheres
40 Tendências demográficas

Indicadores genéricos relativos à freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas,


reportados a 2001
Área total 72,8 km2
Densidade Populacional 9,6 habitantes por km2
População Residente 696
Famílias residentes 287
Nados vivos 5
Óbitos 24
Taxa de Natalidade 7,2 ‰
Taxa de Mortalidade 34,5 ‰
Índice de envelhecimento 436,8 %
Fonte: INE 2002

Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Nossa Senhora da Graça
de Póvoa e Meadas
Grupo etário 1991 2001
Home Mulher Mulheres
ns es Homens
De 0 a 4 anos 13 15 12 5
De 5 a 9 anos 10 12 9 10
De 10 a 14 anos 16 24 15 17
De 15 a 19 anos 23 23 14 12
De 20 a 24 anos 19 17 18 23
De 25 a 29 anos 16 10 16 17
De 30 a 34 anos 11 13 17 11
De 35 a 39 anos 19 17 14 13
De 40 a 44 anos 12 10 13 15
De 45 a 49 anos 8 6 25 18
De 50 a 54 anos 11 22 15 13
De 55 a 59 anos 27 32 10 17
De 60 a 64 anos 29 35 21 29
De 65 a 69 anos 38 41 37 41
De 70 a 74 anos 34 34 36 33
De 75 a 79 anos 40 36 28 40
De 80 a 84 anos 24 31 18 19
De 85 a 89 anos 8 15 14 14
Mais de 89 anos 2 4 7 10
Total 360 397 339 357
Tendências demográficas 41

Fonte: Recenseamento Geral da População


1991 e 2001

Pirâmide etária da população da Freguesia de Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas


1991
> 90 > 90
85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44
35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14
5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

2001
> 90 > 90

85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14

5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Sobreposição das pirâmides etárias de 2001 e 1991


42 Tendências demográficas

> 90 > 90
85 a 89 85 a 89

80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24 Os valores a tracejado
15 a 19 15 a 19 reportam-se a 1991
10 a 14 10 a 14
5a9 5a9

0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Indicadores genéricos relativos à freguesia de Santiago Maior, reportados a 2001


Área total 59,8 km2
Densidade Populacional 7,1 habitantes por km2
População Residente 426
Famílias residentes 175
Nados vivos 3
Óbitos 7
Taxa de Natalidade 7‰
Taxa de Mortalidade 16,4 ‰
Índice de envelhecimento 268,6 %
Fonte: INE 2002

Distribuição da população pelos diferentes grupos etários na Freguesia de Santiago Maior


Grupo etário 1991 2001
Home Mulher Mulheres
ns es Homens
De 0 a 4 anos 11 10 12 5
De 5 a 9 anos 10 5 9 7
De 10 a 14 anos 12 10 9 9
De 15 a 19 anos 19 12 11 4
De 20 a 24 anos 16 18 18 14
De 25 a 29 anos 17 14 15 10
De 30 a 34 anos 14 11 10 16
De 35 a 39 anos 9 6 14 10
De 40 a 44 anos 13 14 11 9
Tendências demográficas 43

De 45 a 49 anos 14 17 9 11
De 50 a 54 anos 13 10 17 17
De 55 a 59 anos 23 29 15 14
De 60 a 64 anos 20 24 6 7
De 65 a 69 anos 24 23 17 19
De 70 a 74 anos 16 24 19 19
De 75 a 79 anos 15 20 12 19
De 80 a 84 anos 10 12 9 14
De 85 a 89 anos 3 5 4 4
Mais de 89 anos 1 0 0 1
Total 260 264 217 209
Fonte: Recenseamento Geral da População
1991 e 2001

Pirâmide etária da população da Freguesia de Santiago Maior


1991
> 90 > 90

85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44
35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14
5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

2001
44 Tendências demográficas

> 90
85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84

75 a 79 75 a 79
70 a 74 70 a 74

65 a 69 65 a 69

60 a 64 60 a 64

55 a 59 55 a 59
50 a 54 50 a 54

45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39

30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29
20 a 24 20 a 24

15 a 19 15 a 19
10 a 14 10 a 14

5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Sobreposição das pirâmides etárias de 2001 e 1991


> 90

85 a 89 85 a 89
80 a 84 80 a 84
75 a 79 75 a 79

70 a 74 70 a 74
65 a 69 65 a 69
60 a 64 60 a 64
55 a 59 55 a 59

50 a 54 50 a 54
45 a 49 45 a 49
40 a 44 40 a 44

35 a 39 35 a 39
30 a 34 30 a 34
25 a 29 25 a 29

20 a 24 20 a 24
15 a 19 15 a 19 Os valores a tracejado
10 a 14 10 a 14 reportam-se a 1991
5a9 5a9
0 a4 0 a4
Homens M ulheres

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Acentuado envelhecimento demográfico que se verifica em todas
as freguesias;
• Diminuição do número de residente, entre 1991 e 2001, em
todas as freguesias à excepção de São João Batista.
Factores explicativos
• Permeabilidade das freguesias às tendências verificadas
ao nível do concelho.
• Consequência das migrações selectivas (emigração jovem;
imigração idosa)
• Consequência da diminuição da população em idade fértil
e fecundidade ao longo das últimas décadas.
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Alterações dos processos demográficos verificados no
concelho.
Tendências demográficas 45

• Politicas de fixação e polarização da população jovem


e activa.

1.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

Saldo migratório positivo Processo acelerado de envelhecimento da


população;

Diminuição acentuada da população por


factores naturais e migratórios
46 Tendências demográficas

Oportunidades Ameaças

Qualidade de vida como factor de atractividade Agudizar da dicotomia litoral/interior


à fixação de população

Análise de Pontos fracos

1. Processo acelerado de envelhecimento da população


Tendências demográficas 47

Verifica-se um processo de rápido envelhecimento da população residente no concelho de


Castelo de Vide, causada por um lado pelo aumento da população com mais de 65 anos e
prolongamento da esperança de vida e, por outro lado, por uma quebra da taxa de
natalidade. Este processo traduz-se num índice de envelhecimento na ordem dos 226,8%
superior ao dobro do verificado a nível nacional (102,2%). Num cenário pessimista, partindo
do pressuposto de um decréscimo dos níveis de fecundidade até 2050, associado à hipótese
dos saldos migratórios serem nulos e a um aumento da esperança média de vida à
nascença, o fenómeno de envelhecimento atingirá previsivelmente em 2050 no concelho de
Castelo de Vide uma proporção de 762 idosos por cada 100 jovens.

2. Diminuição acentuada da população factores naturais e migratórios

A par do processo de envelhecimento verifica-se uma tendência para a perda de acentuada


de população residente que vem contribuindo para uma desertificação e desvitalização do
território. Esta propensão obedece a uma tendência verificada a nível nacional para o
despovoamento dos pequenos aglomerados populacionais e concentração da população
nas cidades de grande e média dimensão, o que se traduz na inviabilização dos pequenos
mercados locais e numa significativa transformação das formas de ocupação e estruturação
demográfica do território nas zonas do interior do país.
48 Tendências demográficas

Análise de Pontos Fortes

1. Saldo migratório positivo

A diminuição da população do concelho de Castelo de Vide é de alguma forma minorada por


um saldo migratório positivo, o que significa que o número de indivíduos que estabeleceram
residência no concelho na última década foi superior ao número de indivíduos que
abandonou o concelho. Destacam-se aqui diferentes tipologias de migrantes: a) oriundos do
território nacional com mudança permanente de residência (migrantes em idade activa ou
migrantes em idade de reforma, salientando-se nestes últimos o retorno ao concelho de
naturalidade); b) oriundos de outros países. Este fenómeno deve-se, por um lado, aos fortes
fluxos, ocorridos na década passada, de entrada no país de população estrangeira,
proveniente sobretudo de países da Europa de Leste, Africanos e Sul-americanos No que
respeita aos imigrantes estrangeiros fixados no concelho, identificam-se três tipologias: os
hippies que “fugiram” a um modo de organização social no seu país pouco compatível com a
sua forma de viver, e que encontraram no concelho, espaços vazios que possibilitam a sua
fixação, tendo um modo e vida muito próprio e relativamente fechado, mas na generalidade
respeitante das regras de sociabilidade; os imigrantes estrangeiros de classe média ou
média alta, que apesar de não se ter estabelecido a tempo inteiro, vindo normalmente em
ocasião de férias, se têm integrado facilmente na comunidade local; os trabalhadores dos
países da Europa de Leste que, por ser uma tendência migratória, parece muito cedo para
fazer avaliações, mas que se integram relativamente bem e sem atrito junto da comunidade
local. A presença destes novos grupos residentes, apesar da sua incidência ser ainda pouco
significativa (1,4% da população total) merece no entanto uma atenção especial na
elaboração de políticas sociais que facilitem os processo de integração comunitária.
Tendências demográficas 49

Análise de Oportunidades

1. Qualidade de vida como factor de atractividade de à fixação da população

O emergir da imagem social e institucional do rural como reserva ambiental e/ou como
reserva cultural parece traduzir-se por uma nova dicotomia rural-urbano, ao nível das
representações, entre modos de vida e sistemas de organização social rurais e urbanos,
sendo agora os primeiros crescentemente valorizados. Esta valorização decorre de uma das
mais marcantes características atribuídas Às áreas rurais – a existência e subsistência de
uma relação mais directa com a natureza que se pensa menos degradada. Esta visão do
mundo rural, não já como produtor de alimentos mas antes como guardião das paisagens e
das memórias e tradições traduz-se pela redefinição da ruralidade, tornando-a
particularmente atractiva à fixação de grupos específicos quer de portugueses quer das
famílias de nacionalidade estrangeira, sobretudo para os que privilegiam as qualidades
ambientais às estruturas desenvolvidas de consumo de massas. Trata-se de um público, em
emergência, pouco atraído pelo consumismo, estando particularmente preocupados com a
existência de equipamentos nas áreas da cultura, lazeres, saúde e desporto.
50 Tendências demográficas

Análise de Debilidades

1. Agudizar da dicotomia litoral/interior

Na análise do território nacional verifica-se uma heterogeneidade que domina a fisionomia


do território, onde a um litoral, na sua generalidade, expansivo e consolidado, se opõe um
interior deprimido e desestruturado. A esta heterogeneidade corresponde um país
espacialmente desequilibrado, com uma maior concentração de pessoas, actividades e
oportunidades numa parcela reduzida do litoral do país. O concelho de Castelo de Vide é
vulnerável a estas clivagens, pelo que o agudizar das dicotomias litoral/interior terá
repercussões ao nível das suas dinâmicas territoriais.
2. Educação e
Aprendizagem
52 Tendências demográficas
Educação e Aprendizagem 53

Enquadramento
O acesso à educação é uma das melhores garantias para o futuro de uma sociedade e
representa uma abertura no leque de oportunidades de vida e de trajectos pessoais dos seus
membros. As tendências da evolução social e as novas exigências de competências pessoais
para a participação da vida em sociedade levam a perspectivar a educação mais como o
processo de aquisição de informação e qualificações e a acumulação de conhecimentos ao
longo da vida, e menos como a mera preparação dos indivíduos para o mercado de trabalho. No
passado, o ensino nas escolas era refém da formação dos trabalhadores necessária ao
desenvolvimento económico, hoje em dia, é importante que os indivíduos estejam bem
informados detendo conhecimentos suficientes para poderem usufruir dos seus direitos e
participar de uma forma activa na vida do colectivo. O progresso educativo torna as pessoas
mais livres, com maiores capacidades para definir as suas opções ao longo da vida, o que
implicitamente contribui para aumentar o bem-estar de cada indivíduo.

O progresso educativo em Portugal nos últimos nos últimos vinte anos foi impressionante: o
parque escolar cresceu, para dar guarida à vaga de jovens que entraram no ensino obrigatório; a
rede de escolas cobre razoavelmente todo o território e responde, em linhas gerais aos critérios
de qualidade europeus (as autarquias assumiram aqui um papel importante); a grande maioria
dos professores são hoje profissionalizados e o ensino superior, que se encontrava em três
cidades, proliferou pelas principais cidades médias do país.

O número de estudantes aumentou exponencialmente nos últimos anos. O movimento de


escolarização obrigatória generalizou-se após o 25 de Abril, primeiro para uma escolaridade de
seis anos, mais recentemente de nove anos e, previsivelmente em breve, para doze anos. Os
estudantes do ensino superior quintuplicaram nos últimos 20 anos. Actualmente há uma
paridade de comportamentos entre os sexos feminino e masculino relativamente à
escolarização, em 2001 as mulheres com ensino superior já tinham ultrapassado largamente os
homens. No entanto, uma fatia ainda muito baixa da população portuguesa opta pela obtenção
de um diploma académico ou de uma qualificação profissional de nível secundário ou médio.

Apresar do progresso significativo do país em matéria educativa, Portugal apresenta ainda


grandes deficits a este nível, em 2001 ainda 9% da população portuguesa era analfabeta, o que
exprime o fraco desenvolvimento económico e social do país, numa Europa onde o
analfabetismo é um fenómeno em vias de total extinção. Em Portugal, passamos em média,
menos tempo na escola do que os nossos vizinhos europeus e também investimos menos em
54 Educação e Aprendizagem

cada aluno. Por outro lado, nas avaliações padronizadas pelos organismos internacionais
obtemos maus resultados em matéria de literacia e de conhecimentos de matemática ou outras
ciências. Portanto, fomos capazes de massificar o acesso à educação mas não conseguimos
ainda ser eficientes na construção de um sistema de aprendizagem eficaz.

Refira-se a propósito deste capitulo que os indicadores utilizados na estimação da cobertura dos
equipamentos escolares são grosseiros uma vez que não contemplam outras características que
não o número de estabelecimentos de ensino (salas, professores, outros equipamentos).

2.1. Oferta Educativa


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Estabelecimentos de ensino e alunos
matriculados;
• Relação entre o número de estabelecimentos
O ordenamento da rede de oferta formativa e a
escolares (nível pré-escolar) e a população
capacidade reposta implementada permite aferir as
residente com idades compreendidas entre os 0
condições disponibilizadas localmente ao
e os 4 anos;
desenvolvimento de competências escolares.
• Relação entre o número de estabelecimentos
escolares (2.Ciclo) e a população residente com
idades compreendidas entre os 10 e os 14
anos;
• Relação entre o número de estabelecimentos
escolares (3.Ciclo) e a população residente com
idades compreendidas entre os 10 e os 14
anos.

A oferta educativa no concelho de Castelo de Vide estende-se do nível Pré-escolar ao


Secundário (módulos/nocturno), compreendendo todos os níveis da escolaridade obrigatória:

• Pré-escolar: compreende três estabelecimentos, sendo um deles privado (Centro


Paroquial de Castelo de Vide), envolvendo 69 alunos.

• 1.º Ciclo: compreende um total de dois estabelecimentos de ensino a funcionar em


Póvoa e Meadas e Castelo de Vide.

• 2.º Ciclo e 3.º Ciclo: compreendem apenas um estabelecimento de ensino (Escola


Básica do 2.º e 3.º Ciclos Garcia d’ Orta) sediado em Castelo de Vide. A oferta
formativa compreende os regimes de frequência diurno e nocturno, bem como a
oferta de formação profissional qualificante através de Cursos de Formação
Educação.
Educação e Aprendizagem 55

• Secundário (Módulos), compreende apenas um estabelecimento de ensino (scola


Básica do 2.º e 3.º Ciclos Garcia d’ Orta) sediado em Castelo de Vide. A oferta
formativa compreende o regime de frequência nocturno por módulos e envolve
formandos (44) dos concelhos de Castelo de Vide e Marvão.

Como se constata pela análise dos indicadores apresentados de seguida, a capacidade de


cobertura da oferta educativa relativamente à população em idade escolar é bastante positiva na
maioria dos ciclos de ensino, apresentando bons indicadores ao nível do Pré-escolar, 2.º e 3.º
Ciclos, que o colocam em vantagem relativamente à realidade nacional. Ao nível do 1.º Ciclo a
tendência inverte-se, na medida em que o valor da relação da população residente e o número
de estabelecimentos existentes supera os valores regionais e nacionais.

Ao nível do Ensino Secundário diurno Castelo de Vide é um dos cinco concelhos do distrito de
Portalegre (à semelhança de Arronches, Crato, Gavião e Marvão), onde não existe oferta
educativa a este nível, situação que obriga à deslocação diária a Portalegre dos alunos que
pretendem prosseguir os estudos após a escolaridade obrigatória.

O concelho de Castelo de Vide conta ainda com a Coordenação Concelhia do Ensino


Recorrente, Educação Extra-Escolar e Formação de Adultos, que apresenta oferta diversificada
ao nível da Educação de Adultos. Dinamiza e promove cursos de 1.º e 2.º CER, Cursos de Ed.
Extra-escolar (vulgarmente conhecidos por socioeducativos) e promove a divulgação e o
acompanhamento de cursos EFA. Desenvolve ainda acções no âmbito da formação sociocultural
como forma de melhorar a integração e elevar os níveis socioculturais da comunidade.

Fora do âmbito dos estabelecimentos oficiais de ensino existem algumas iniciativas, sem
periodicidade regular, de formação e educação de adultos promovidas por instituições locais
como a OCRE – Associação para a Valorização do Ambiente, Cultura e Património e a Santa
Casa da Misericórdia de Castelo de Vide. Tratam-se de iniciativas integradas em projectos
financiadas pelo Fundo Social Europeu (F.S.E.), estando dependentes da aprovação das
respectivas candidaturas daí a sua regularidade condicionada. A associação da componente
profissional dos cursos a uma vertente de educação de adultos, homologada pela Direcção Geral
de Educação Vocacional, permite a obtenção de equivalência escolar aos formandos,
constituindo desta forma uma alternativa educativa viável no concelho. Refira-se que, dadas as
exigências legais de acesso ao F.S.E., as iniciativas de educação/formação ainda que
56 Educação e Aprendizagem

promovidas por entidades locais, têm sido geridas por entidades externas (empresas de
formação e/ou entidades acreditadas) contratadas para a organização, implementação e
avaliação dos cursos.

O concelho conta ainda com o Centro de Reabilitação e Formação Profissional de Castelo de


Vide da CerciPortalegre cujos objectivos se centram na integração no mercado de trabalho da
população portadora de deficiência. As respostas sociais do Centro estendem-se à população de
vários concelhos (Castelo de Vide, Portalegre, Marvão, Nisa, Arronches, Monforte, Crato e
Elvas), compreendendo em 2003 um total de 36 utentes distribuídos pelos diferentes cursos de
formação.

Indicadores
Estabelecimentos de ensino e alunos matriculados no ano lectivo 2005/2006
Nível de Estabelecimentos Alunos
Qualificação
Pré-escolar 3 99
1.º Ciclo 2 130
2.º Ciclo 1 63
3.º Ciclo 1 96
3.º Ciclo Recorrente 1 12
Secundário 1 44*
Ensino Superior 0 -
Total 7 444
Fonte: Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos Garcia d’ Orta
* Ensino recorrente nocturno (curso Ordenamento do Território e Ambiente)

Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 0 e os 4 anos e o


Educação e Aprendizagem 57

número de estabelecimentos escolares (Nível Pré-escolar), em 2001*


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 47 Distrito de Portalegre 56
Arronches 40 Região Alentejo 66
Avis 51 Portugal 86
Campo Maior 132
Castelo de Vide 54 90

Crato 47 80

Elvas 57
70

60

Fronteira 51 50

Gavião 45 40

Marvão 42 30

Monforte 32
20

10

Nisa 56 0

Ponte de Sor 56 Castelo de Vide Distrito Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 60
Sousel 50 Fonte: Cálculos próprios com base nos Censos 2001
* Na impossibilidade de obter os valores referentes à população residente com idades compreendida entre os 3 e 5
anos recorreu-se ao nível etário mais aproximado disponibilizado pelo INE.

Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 5 e os 9 anos e o


número de estabelecimentos escolares (1. Ciclo) em 2001
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 40 Distrito de Portalegre 48
Arronches 32 Região Alentejo 46
Avis 25 Portugal 63
Campo Maior 72
Castelo de Vide 80 90

Crato 18 80

Elvas 81 70

60
Fronteira 36 50

Gavião 21 40

Marvão 40 30

Monforte 29
20

10
Nisa 41 0

Ponte de Sor 50 Castelo de Vide Distrito Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 59
Sousel 49 Fonte: Cálculos próprios com base nos Censos 2001

Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos e o


número de estabelecimentos escolares (2. Ciclo), em 2001
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 174 Distrito de Portalegre 207
Arronches 146 Região Alentejo 245
Avis 249 Portugal 433
Campo Maior 461
Castelo de Vide 191 450

Crato 171 400

Elvas 268 350

Fronteira 185 300

250

Gavião 54 200

Marvão 78 150

Monforte 162 100

Nisa 154
50

0
58 Educação e Aprendizagem

Ponte de Sor 187


Portalegre 327
Sousel 244 Fonte: Cálculos próprios com base nos Censos 2001

Relação entre a população residente com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos e o


número de estabelecimentos escolares (3. Ciclo), em 2003
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 174 Distrito de Portalegre 221
Arronches 146 Região Alentejo 291
Avis 249 Portugal 428
Campo Maior 461
Castelo de Vide 191 450

Crato 171 400

Elvas 268 350

300
Fronteira 62 250

Gavião 163 200

Marvão 78 150

Monforte 162 100

50
Nisa 308 0

Ponte de Sor 312 Castelo de Vide Distrito Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 261
Sousel 244 Fonte: Cálculos próprios com base nos Censos 2001

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Inexistência de oferta formativa diurna no concelho após o
ensino escolar obrigatório.
• Existência de oferta formativa, sem carácter regular, com
equivalência escolar por iniciativa de entidades locais.
• Inexistência no concelho de entidades formadoras acreditadas
pelo Instituto da Qualidade da Formação.
• Inexistência de uma entidade acreditada para o reconhecimento
Educação e Aprendizagem 59

de competências adquiridas por via informal.


Factores explicativos
• A oferta educativa oficial é dependente da política definida
pelo Ministério da Educação.
• Existência de programas nacionais e comunitários de
financiamento de projectos formativos e educativos, aos
quais se podem candidatar as entidades sem fins
lucrativos.
• Existência de entidades locais dotadas de capacidade para
a implementação de projectos formativos e educativos.
• Experiência formativa acumulada pelas entidades locais.
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Alargar a oferta educativa ao ensino secundário diurno.
• Conferir maior regularidade à oferta de
educação/formação para adultos, ajustando-a ao
reforço da base económica local.
• Potenciar a experiência formativa acumulada pelas
entidades locais.
• Incentivar as entidades locais ao acesso ao sistema de
acreditação de entidades formadoras.
• Incentivar a implementação de um Centro de
Reconhecimento e Validação de Conhecimentos e
Competências.

2.2. Percurso educativo


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• População escolar por nível de ensino;
• População escolar por nível de ensino segundo
60 Educação e Aprendizagem

o sexo; A análise do percurso educativo permite medir a


aderência da população ao ensino escolar e
• Taxa de abandono escolar;
antecipar as tendências futuras da estrutura
• Taxa de saída antecipada; educativa da população residente.
• Relação entre a população a frequentar o
ensino secundário e a população residente com
idades compreendidas entre os 15 e os 19
anos.

A taxa de abandono escolar é no concelho de Castelo de Vide bastante elevada quando


comparada com a média nacional, de facto em 2001 ascendia a 3,5% contra os 1,8% registados
a nível nacional. São várias as causas que poderão explicar o elevado abandono escolar no
concelho, e estas podem ser agrupadas em três grandes subsistemas de natureza distinta:
factores relativos ao indivíduo, à família e ao meio envolvente. As motivações do abandono e
também insucesso escolar apresentam-se relacionados com a qualidade de cada um dos
subsistemas e, sobretudo com a qualidade e a intensidade das interacções entre os sistemas. A
capacidade do indivíduo ficar na escola, apesar dum conjunto de características dos
subsistemas que motivariam para o abandono escolar, explica-se muitas das vezes pela
interacção positiva que acontece entre os mesmos subsistemas, por vezes por intervenções de
natureza preventiva.

Em termos das principais características identificadas ao nível das situações de abandono e


insucesso escolar verificadas no concelho elas elencam-se nas seguintes:

• No indivíduo, podemos incluir como categorias associadas as dificuldades de


aprendizagem; as dificuldades de saúde; o insucesso; as baixas performances na língua
materna e em Matemática; a baixa auto-estima; reduzido interesse pela Escola; a
indisciplina; a maternidade ou a paternidade precoces.

• Na família, podemos agregar as dificuldades económicas; a baixa escolaridade do


agregado; o défice de atitudes positivas relativamente à escola; baixo envolvimento
parental na escola e nas actividades educativas; histórias familiares de abandono
escolar.

• Na meio envolvente, podemos enunciar: a falta de mecanismos de detecção precoce de


casos de risco de abandono; a falta de programas de apoio a estudantes com
dificuldades; a falta de programas de promoção de competências sociais; a reduzida
atenção às passagens de ciclo de estudos; a falta de diversificação nas ofertas
Educação e Aprendizagem 61

educativa e formativa; o baixo nível de acompanhamento e de apoio psicológico aos


estudantes em risco de abandono; a reduzida ligação das famílias à escola e a pressão
sazonal sobre mão-de-obra não qualificada.

No que diz respeito ao sucesso educativo verifica-se, pela baixa taxa de retenção escolar
registada no concelho, uma situação favorável dos factores intervenientes no sucesso do
processo de ensino-apendizagem, aos quais a taxa de cobertura dos equipamentos escolares
não será certamente alheia, e a que se acrescem factores de outra natureza como os
relacionados com as condições criadas no meio escolar.

A média de alunos que continua os estudos após a conclusão da escolaridade obrigatória é


bastante superior à registada no país, isto apesar da inexistência de oferta educativa ao nível do
ensino secundário diurno no concelho. Esta tendência conduzirá a longo prazo a uma situação
favorável do concelho em termos dos níveis de qualificação média da população.
62 Educação e Aprendizagem

Indicadores
População escolar no concelho de Castelo de Vide em 2001
Nível de N. % 140

Qualificação 120

Pré-escolar 86 13,0 % 100

1.º Ciclo 138 20,8 % 80

2.º Ciclo 84 12,7 %


60

40

3.º Ciclo 134 20,2 % 20

Secundário 118 17,8 % 0


Pré-escolar 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário Ensino Superior

Ensino Superior 103 15,5 %


Total 663 100 %
Fonte: Censos 2001

População escolar no concelho de Castelo de Vide segundo o sexo, em 2001


Nível de Homens Mulheres
Qualificação
N. % N. %
Pré-escolar 44 13,5 % 42 12,5 %
1.º Ciclo 72 22,0 % 66 19,6 %
2.º Ciclo 40 12,2 % 44 13,1 %
3.º Ciclo 66 20,2 % 68 20,2 %
Secundário 60 18,3 % 58 17,3 %
Ensino Superior 45 13,8 % 58 17,3 %
Total 327 100 % 336 100 %
Fonte: Ine 2001

Taxa de Abandono Escolar*


Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 1,5 % Alto Alentejo 2,3 %
Arronches 0 Portugal 1,7 %
Avis 4%
Educação e Aprendizagem 63

Campo Maior 2%
Castelo de Vide 3,5 % 3,5

Crato 1,9 % 3

Elvas 2,8 % 2,5

Fronteira 1,9 % 2

Gavião 1% 1,5

Marvão 0 1

Monforte 3,6 % 0,5

Nisa 3% 0

Ponte de Sor 2,3 % Castelo de Vide Alto Alentejo Portugal

Portalegre 1,9 %
Sousel 3,9 % Fonte: Ministério da Educação, 2001.
* Total de indivíduos, no momento censitário, com 10-15 anos que não concluíram o 3.º ciclo e não se encontram a
frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário.

Taxa de Saída Antecipada*


Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 22,9 % Alto Alentejo 21,9
Arronches 25,6 % Portugal 24,6
Avis 30,0 %
Campo Maior 23,8 %
Castelo de Vide 22,4 % 30

Crato 24,8 % 25

Elvas 23,4 %
20
Fronteira 23,9 %
Gavião 28,8 % 15

Marvão 20,6 % 10

Monforte 26,3 % 5

Nisa 22,1 % 0

Ponte de Sor 24,6 % Castelo de Vide Alto Alentejo Portugal

Portalegre 14,7 %
Sousel 25,6 % Fonte: Ministério da Educação, 2001.
* Total de indivíduos, no momento censitário, com 18-24 anos que não concluíram o 3.º ciclo e não se encontram a
frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário.

Taxa de retenção*
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 13,5 % Alto Alentejo 13,2 %
Arronches 8,2 % Portugal 12,7 %
Avis 10,8 %
Campo Maior 20,7 %
Castelo de Vide 11,6 % 14

Crato 8,5 % 12

Elvas 15,4 % 10

Fronteira 15,1 % 8

Gavião 14,2 % 6

Marvão 11,2 % 4

Monforte 26,9 % 2

Nisa 10,7 % 0

Ponte de Sor 10,7 % Castelo de vide Alto Alentejo Portugal

Portalegre 10,9 %
Sousel 11,9 % Fonte: Ministério da Educação, 2001.
64 Educação e Aprendizagem

* Percentagem dos efectivos escolares que permanecem, por razões de insucesso ou de tentativa voluntária, de
melhoria de qualificações, no ensino (1.º,2.º e 3.º ciclos), em relação à totalidade de alunos que iniciaram esse
mesmo ensino.

Relação entre a população a frequentar o ensino secundário e a população residente com


idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 59,6 Distrito Portalegre 60,1
Arronches 55,7 Região Alentejo 58,8
Avis 51,9 Portugal 56,3
Campo Maior 65,0
Castelo de Vide 62,4 66,0

Crato 55,0
Elvas 58,3 62,0

Fronteira 54,3
Gavião 47,1
58,0

Marvão 52,6 54,0

Monforte 60,1
Nisa 59,6 50,0

Ponte de Sor 59,0 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo País

Portalegre 67,1
Sousel 56,8 Fonte: Cálculos próprios com base nos Censos 2001

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Persistência de situações de abandono escolar, particularmente
significativas quando comparadas à situação dos restantes
concelhos do distrito e à situação nacional.
• Elevada taxa de jovens que prolongam o percurso escolar para
além da escolaridade mínima obrigatória num contexto marcado
pela inexistência de oferta escolar de nível secundário.
• Boa taxa de sucesso escolar aferida pela taxa de retenção
inferior à média nacional.
Factores explicativos
• Défice de atitudes positivas relativamente à Escola em
alguns agregados familiares
• Baixo envolvimento parental na Escola e nas actividades
educativas.
• Prevalência de baixas qualificações escolares dos
encarregados de educação e histórias familiares de
abandono escolar.
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Fomentar a valorização do papel da escola junto das
famílias.
• Aumentar os mecanismos de vigilância e sinalização
de situações de abandono.
• Alterar a relativa tolerância social face ao abandono
Educação e Aprendizagem 65

escolar.
• Favorecer a implementação de iniciativas de
acompanhamento das dificuldades escolares de
crianças e jovens provenientes de agregados de
menos escolarizados.

2.3. Níveis de instrução


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Habilitações da população residente no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Habilitações da população residente no
concelho de Castelo de Vide segundo o sexo, Cada vez mais as sociedades actuais valorizam o
em 2001 conhecimento, as competências e a capacidade
para a inovação. A educação aparece assim
• Taxa de analfabetismo extremamente ligada ao desenvolvimento social e
• Percentagem da população com mais de 14 económico, na medida em que populações mais
anos com escolaridade superior ou igual ao escolarizadas representam cidadãos mais
ensino obrigatório qualificados e com maior nível de participação na
sociedade.
• Percentagem da população com mais de 19
anos com escolaridade superior ou igual ao
ensino secundário
• Percentagem da população com mais de 24
anos com grau académico de nível superior
66 Educação e Aprendizagem

A análise dos níveis de instrução da população residente no concelho de Castelo de Vide


permite observar um nível baixo de qualificações escolares, traduzido no facto de mais de um
terço da população não deter qualquer habilitação formal. Saliente-se que a inexistência de
habilitação formal não é necessariamente significado de analfabetismo, na medida em que é
possível deter competências de leitura e escrita sem que necessariamente essas sejam
reconhecidas formalmente pelo sistema de ensino.

Esta tendência para um nível baixo de habilitações relaciona-se com a própria estrutura da
população residente, na medida em que, por um lado, este indicador é influenciado pelo grande
peso relativo da população idosa (privada na infância e juventude do acesso ao ensino oficial e
não abrangida pelo sistema de ensino implantado após 25 de Abril), por outro lado a população
jovem, abrangida pela escolaridade obrigatória, detém um peso relativamente diminuto na
estrutura demográfica do concelho. Desta forma, é previsível que, em termos da percentagem da
população com escolaridade mínima obrigatória, esta tenderá a aproximar-se lentamente dos
valores médios nacionais com a renovação geracional que necessariamente se vai verificando.
O mesmo não se poderá afirmar relativamente à população detentora de níveis de qualificação
superiores à escolaridade obrigatória na medida em que, nestes casos, os factores de influência
são outros que não a obrigatoriedade legal.

Uma análise mais cuidada dos indicadores adiantados permite-nos observar duas tendências:
em primeiro lugar, a população feminina apresenta um nível menor de qualificações académicas
comparativamente à população masculina, em segundo lugar a maioria dos indivíduos
detentores de formação superior são mulheres. Estas tendências reflectem a mudança dos
papéis socialmente atribuídos ao sexo feminino, que se vem verificando após a década de 70 do
século XX.

A análise dos indicadores identificados para a caracterização dos níveis de instrução dão conta
de um défice de qualificações escolares na estrutura da população, contudo, a análise da
situação relativa do concelho no contexto dos demais concelhos do Alto Alentejo permite
detectar uma posição favorável, ainda que haja um longo caminho a percorrer para aproximar os
indicadores do nível médio nacional. Assim:

• O analfabetismo no concelho de Castelo de Vide constitui o indicador mais afastado


dos valores nacionais na análise dos níveis de habilitação. Os 20,5% de analfabetos
Educação e Aprendizagem 67

atestam bem o défice de qualificações na estrutura social do concelho, colocando-o


bastante longe dos registos nacionais na ordem dos 9%.

• Relativamente à escolaridade mínima obrigatória, constata-se que apenas 27,2% da


população com mais de 14 anos residente no concelho de Castelo de Vide concluiu
pelo menos 9 anos de escolarização. No contexto do país este indicador fica muito
aquém da média nacional que se situa nos 38,1%. No entanto, ao nível regional
apenas os concelhos de Portalegre, Elvas e Campo Maior (os concelhos menos
envelhecidos do distrito) apresentam melhores registos.

• No que diz respeito à população residente com mais de 19 anos detentora do ensino
secundário consta-se que os 12,9% registados no concelho contrastam com 16,9%
registados a nível nacional. A nível regional, à semelhança do indicador anterior, os
concelhos de Portalegre, Elvas e Campo Maior apresentam melhores resultados.

• Quanto à população com diploma superior, verifica-se que apenas 5,8% dos
indivíduos com mais de 24 anos residentes em Castelo de Vide possuem diploma do
ensino superior. Em termos regionais a posição relativa do concelho melhora
relativamente aos indicadores anteriores, situando-se acima da média do distrito que
se cifra nos 5,6%.
68 Educação e Aprendizagem

Indicadores

Habilitações da população residente no concelho de Castelo de Vide em 2001


Nível de Qualificação N. % 1.600

Sem habilitações formais 1.332 34,4 %


1.200
1.º Ciclo 1.124 29,0 %
2.º Ciclo 501 13,0 % 800

3.º Ciclo 391 10,1 % 400

Ensino Secundário 354 9,1 %


0

Ensino Superior 170 4,4 % Sem hab.


formais
1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Ensino Sec. Ensino Sup.

Total 3872 100 %


Fonte: Censos 2001

Habilitações da população residente no concelho de Castelo de Vide segundo o sexo, em 2001


Nível de Qualificação Homens Mulheres
N. % N. %
Sem habilitações formais 574 30,6 % 758 38,0 %
1.º Ciclo 575 30,7 % 549 27,5 %
2.º Ciclo 272 14,5 % 229 11,5 %
3.º Ciclo 212 11,3 % 179 9,0 %
Ensino Secundário 171 9,1 % 183 9,1 %
Ensino Superior 72 3,8 % 98 4,9 %
Total 1.876 100 % 1.996 100 %
Fonte: Censos 2001

Taxa de analfabetismo em 2001


Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 19,8 % Alto Alentejo 17,6 %
Arronches 24,2 % Região Alentejo 15,9 %
Avis 20,2 % Portugal 9,0 %
Campo Maior 15,2 %
Castelo de Vide 20,5 % 24,0

Crato 19,7 % 20,0

Elvas 13,6 % 16,0

Fronteira 21,2 % 12,0

Gavião 23,9 %
Marvão 21,8 %
8,0

Monforte 27,0 % 4,0

Nisa 21,3 % 0,0

Ponte de Sor 18,9 %


Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo País

Portalegre 12,7 %
Sousel 22,2 % Fonte: INE 2001
Educação e Aprendizagem 69

População com mais de 14 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino obrigatório, em 2001
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 24,1 % Distrito de Portalegre 29,7 %
Arronches 22,3 % Região Alentejo 31,2 %
Avis 21,9 % Portugal 38,1 %
Campo Maior 33,9 %
Castelo de Vide 27,2 % 40,0

Crato 19,9 % 35,0

Elvas 35,7 %
30,0

Fronteira 25,4 %
25,0

20,0
Gavião 17,9 % 15,0

Marvão 21,1 % 10,0

Monforte 23,0 % 5,0

Nisa 22,3 % 0,0

Ponte de Sor 26,6 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo País

Portalegre 39,7 %
Sousel 24,2 % Fonte: Censos 2001

População com mais de 19 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino secundário em
2001
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 10,6 % Distrito de Portalegre 13,2 %
Arronches 8,3 % Região Alentejo 13,7 %
Avis 9,2 % Portugal 16,9 %
Campo Maior 15,4 %
Castelo de Vide 12,9 % 18,0

Crato 8,2 % 15,0

Elvas 15,5 % 12,0

Fronteira 12,2 %
9,0
Gavião 7,4 %
Marvão 8,8 % 6,0

Monforte 9,2 % 3,0

Nisa 10,3 % 0,0

Ponte de Sor 11,1 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo País

Portalegre 19,2 %
Sousel 10,6 % Fonte: Censos 2001

População com mais de 24 anos com grau académico de nível superior em 2001
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 4,0 % Distrito de Portalegre 5,6 %
Arronches 3,7 % Região Alentejo 6,1 %
Avis 3,4 % Portugal 9,3 %
Campo Maior 5,4 %
Castelo de Vide 5,8 % 10,0

Crato 3,3 % 8,0

Elvas 7,0 %
70 Educação e Aprendizagem

Fronteira 4,6 %
Gavião 1,9 %
Marvão 2,8 %
Monforte 3,3 %
Nisa 3,9 %
Ponte de Sor 4,4 %
Portalegre 9,4 %
Sousel 3,6 % Fonte: Censos 2001

Quadro resumo dos níveis de instrução


Principais tendências
• Taxa de analfabetismo muito elevada, correspondendo
aproximadamente a um quinto da população em 2001.
• Grande número de população sem habilitações escolares
formais, correspondendo aproximadamente a um terço da
população.
• Níveis médios de qualificação da população residente bastante
baixos relativamente aos valores nacionais;
• Posição relativamente favorável no contexto da realidade do
distrito de Portalegre.
Factores explicativos
• Elevado peso da população idosa (com menos
qualificações escolares) na estrutura demográfica do
concelho;
• Baixo peso da população jovem (mais qualificada
escolarmente) na estrutura demográfica da população;
• Inexistência de oferta escolar no concelho após o ensino
obrigatório (3.º ciclo);
• Desvalorização do papel da escola enquanto factor de
promoção individual.
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Evolução demográfica no concelho;
• Alargamento da oferta escolar no concelho;
• Promoção do reconhecimento formal de competências
adquiridas informalmente pela população adulta;
• Promoção da alfabetização de adultos;
• Promoção de cursos de formação/educação de
adultos;
• Promoção da necessidade aprendizagem ao longo da
vida;
• Valorização dos percursos de vida (aprendizagem ao
longo da vida);
• Transmissão de conhecimentos intergeracionais.
Educação e Aprendizagem 71

2.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

População escolar relativamente reduzida. Elevada taxa de analfabetismo

Existência de entidades locais capacitadas Persistência de situações de abandono


para a implementação de projectos escolar e saída precoce do sistema
formativos e educativos fora do sistema formativo
oficial de ensino.
Níveis médios de qualificação da
população residente bastante baixos.

Desvalorização da escola enquanto factor


de promoção pessoal e social

Inexistência de oferta educativa diurna


após o 3.º ciclo

Inexistência no concelho de entidades


formadoras acreditadas pelo Instituto da
Qualidade da Formação.

Inexistência de entidade acreditada para o


reconhecimento de competências
adquiridas por via informal.

Espaços formais de educação fechados às


aprendizagens não formais

Inexistência de acompanhamento formal


aos pais
72 Educação e Aprendizagem

Inexistência de articulação formal e


continuada entre agentes locais

Oportunidades Ameaças

Aumento da escolaridade mínima Desajustamento entre as prioridades do


obrigatória para 12 anos. concelho e os domínios de intervenção
estabelecidos no IV Quadro Comunitário
Existência de programas de financiamento de Apoio.
de projectos formativos e educativos.
Dependência da aprovação de
Alargamento das competências dos candidaturas a programas nacionais e
municípios na área da educação. comunitários para financiamento de
projectos locais.
Sistema do reconhecimento formal de
competências adquiridas informalmente A oferta educativa oficial dependente da
pela população adulta. política educativa do Ministério da
Educação.

Análise de Pontos Fracos

1. Elevada taxa de analfabetismo

A prevalência deste fenómeno no concelho encontra-se directamente relacionada com a


estrutura etária da população, sendo sobretudo a população idosa a apresentar ausência de
competências de escrita e de leitura. As consequências nefastas para a auto-estima do
indivíduo, e o isolamento que advém da incapacidade de escrita e leitura poderão justificar
uma intervenção visando o combate ao analfabetismo. As medidas a adoptar poderão
assumir a forma de projectos de divulgação e promoção de alfabetização de adultos
aproveitando os equipamentos e a oferta educativa existente.

2. Persistência de situações de abandono escolar e saída precoce do sistema formativo

A persistência do fenómeno de abandono escolar (taxa de abandono de 3,5%) reflecte a


incapacidade da comunidade em garantir a universalidade do acesso ao ensino de forma
continuada. A questão do abandono escolar é particularmente preocupante se atendermos
às crescentes exigências de qualificação, não apenas do mercado de trabalho, mas da
Educação e Aprendizagem 73

própria participação na vida em sociedade. Os diversos estudos produzidos sobre este


fenómeno revelam que o perfil dos jovens que abandonam a escola evidencia uma pertença
a famílias com baixas habilitações, baixos rendimentos e dificuldades económicas. Não
garantir o acesso a uma escolaridade mínima é contribuir para um fenómeno de reprodução
e agudização da exclusão social. O combate ao problema do abandono escolar poderá
incluir acções tão diversas como: o estabelecimento de redes de detecção precoce e
situações de risco; incentivo à integração dos pais na escola; promoção da formação de
técnicos e professores na área do abandono escolar e da educação para o risco; criação da
figura do tutor escolar ou a implementação de complementos educativos em áreas-chave
(como o Português e a Matemática).

3. Níveis médios de qualificação da população residente bastante baixos

O défice de qualificação da população significa por um lado, uma baixa competitividade e


produtividade do sector produtivo, com consequências na atractividade do concelho ao
investimento e, por outro lado, um factor negativo na empregabilidade e requalificação
profissional de desempregados. A tendência generalizada para a baixa de qualificações
escolares é relativizada pela existência de casos de indivíduos que, detendo níveis de
qualificação baixos detêm um nível considerável de saberes e competências adquiridas por
via não formal, apesar de carecerem de um reconhecimento formal. A abordagem a este
problema poderá incidir quer no alargamento da oferta escolar destinada a adultos,
enquadrada ou não no sistema de ensino oficial, quer na promoção do reconhecimento e
validação de competências adquiridas por via não formal.

4. Desvalorização da escola enquanto factor de promoção pessoal e social

O não reconhecimento do papel da escola enquanto veículo privilegiado na promoção de


competências pessoais e sociais poderá explicar em parte algum desinvestimento das
famílias no prolongamento do percurso escolar dos jovens. Sendo certo que quer a
educação quer a formação não constituem por si só garantias absolutas de sucesso
profissional, não se pode negligenciar as mais-valias que estas acarretam em termos
pessoais e profissionais. O progresso educativo torna as pessoas mais livres, com maiores
capacidades para definir as suas opções ao longo da vida, o que implicitamente contribui
74 Educação e Aprendizagem

para aumentar o bem-estar de cada indivíduo. Torna-se assim necessário promover


localmente a imagem da escola como meio insubstituível de integração social.

5. Inexistência de oferta educativa diurna após o 3.º ciclo

A inexistência no concelho de Castelo de Vide de oferta formativa que compreenda todos os


graus do ensino não superior obriga os alunos à deslocação a Portalegre após o 3.º ciclo.
Este facto contribui certamente para que os alunos, sobretudo os provenientes de agregados
familiares com dificuldades económicas, interrompam precocemente o seu percurso escolar.

6. Inexistência no concelho de entidades formadoras acreditadas pelo Instituto da


Qualidade da Formação

As regras de financiamento do Fundo Social Europeu restringem o desenvolvimento e


implementação de cursos de formação profissional apenas a entidades acreditadas pelo
Instituto da Qualidade da Formação (IQF). As diversas entidades promotoras de formação
profissional no concelho não possuem capacidade formativa própria reconhecida, facto que
obriga ao recurso de entidades externas na implementação dos diversos projectos
formativos desenvolvidos. A dependência de entidades formadoras externas motiva por
vezes uma utilização de metodologias e conteúdos programáticos padronizados e
desajustados das especificidades da realidade local, bem como uma desadequação da
componente formativa às necessidades do mercado de emprego. O investimento no
reconhecimento pelo IQF da capacidade formativa das entidades locais promotoras de
formação constituiria certamente um maior controlo do processo formativo, ajustando-o às
especificidades e necessidades do concelho.

7. Inexistência de entidade acreditada para o reconhecimento de competências


adquiridas por via informal
Educação e Aprendizagem 75

A inexistência de qualquer Centro de RVCC promovido por entidades públicas ou privadas a


nível local, devidamente acreditada pelo Sistema Nacional de Acreditação de Entidades,
obriga a que os adultos interessados na obtenção de certificação escolar e na melhoria da
qualificação profissional se desloquem ao Centro RVCC do Centro de Formação Profissional
de Portalegre. Este facto inviabiliza o acesso ao sistema por parte da população empregada
e dos indivíduos sem meio de transporte próprio.

8. Espaços formais de educação fechados às aprendizagens não formais

Espaços formais de educação fechados às aprendizagens não formais nomeadamente aos


conhecimentos detidos por uma geração mais velha.

9. Inexistência de acompanhamento formal aos pais

Inexistência de acompanhamento formal aos pais no sentido de orientar o percurso escolar


dos alunos em particular de níveis de ensino superiores à escolaridade obrigatória.

10. Inexistência de articulação formal e continuada entre agentes locais

Inexistência de articulação formal e continuada entre agentes de natureza vária, pública ou


privada, implantados localmente, com horizonte a longo prazo, tendo em vista a detecção de
necessidade especificas e colmatação das mesmas.
76 Educação e Aprendizagem

Análise de Pontos Fortes

1. População escolar relativamente reduzida.

A dimensão reduzida da população escolar (constituída por 370 alunos a frequentar escolas
do concelho) poderá constituir uma potencialidade ao nível da intervenção na área da
educação na medida em que facilita a implementação de projectos direccionados para esta
população. A natureza dos projectos poderá abranger áreas tão diversas como:

• Implementação de sistemas de sinalização de situações de risco de abandono,


absentismo e insucesso escolares, envolvendo diferentes actores institucionais
locais.

• Monitorização/tutoria dos alunos com particulares dificuldades escolares, permitindo


fornecer orientação pedagógica, a par do acompanhamento do percurso dos alunos.

• Desenvolvimento de aptidões pessoais e sociais facilitadoras da aprendizagem e


potenciadoras de sucesso escolar.

2. Existência de entidades locais capacitadas para a implementação de projectos


formativos e educativos fora do sistema oficial de ensino.

O trabalho desenvolvido pelas associações locais (nomeadamente OCRE e Santa Casa da


Misericórdia) constitui uma mais-valia na elevação da qualificação escolar da população
adulta com baixos níveis de escolaridade e de qualificação profissional. A oferta de cursos
de Educação e Formação de Adultos pelas entidades locais, ainda que carecendo de uma
periodicidade regular, tem constituído ao público adulto uma alternativa ao sistema escolar,
proporciona uma dupla certificação escolar e profissional.
Educação e Aprendizagem 77

Análise de Oportunidades

1. Aumento da escolaridade mínima obrigatória para 12 anos

A possibilidade do alargamento da escolaridade mínima obrigatória de 9 para 12 anos,


significará um incremento do ritmo de aumento de escolarização média da população, bem
como o aumento de “pressão” sobre os equipamentos de ensino.

2. Existência de programas de financiamento de projectos formativos e educativos.

A valorização do potencial humano constitui uma dos domínios de intervenção prioritários


definidos no Quadro Comunitário de Apoio III (QCA III). A operacionalização deste objectivo
traduz-se na disponibilização de financiamento para projectos que promovam a
aprendizagem ao longo da vida e a mobilidade e reinserção social e profissional de
desempregados e outros grupos com dificuldade de inserção sócio-profissional.

O términos no final de 2006 do QCA III significará a implementação de um novo Quadro


Comunitário de Apoio com validade no período 2007-2013. O novo Quadro Comunitário de
Apoio apesar de à data não ter estabelecidas as grandes linhas de acção, será formatado
em função dos objectivos da Estratégia de Lisboa e da sua revisão. A Estratégia de Lisboa
aponta os caminhos da competitividade, baseada na promoção da economia do
conhecimento. A produção e difusão do conhecimento, a generalização da cultura científica
e tecnológica, a investigação e a inovação, a qualificação das pessoas e das instituições, a
educação e a formação, a organização e a produtividade, a generalização das tecnologias
da informação e da comunicação, são promovidas a eixos centrais da estratégia europeia de
desenvolvimento.

A revisão da estratégia eleva o patamar dos objectivos para outro plano, centrando-os em
torno de três áreas: convergência, competitividade e cooperação territorial e inter-regional.
Estas três áreas da Política de Coesão, conjugadas com as exigências da Estratégia de
Lisboa, trazem para o primeiro plano de qualquer política de desenvolvimento regional e
78 Educação e Aprendizagem

local áreas como inovação e competitividade, emprego e inclusão, educação e formação,


ambiente e prevenção de riscos, infra-estruturas de mobilidade e transportes.

O QCA IV constitui assim uma oportunidade no período 2007-2013 para a captação de


financiamento de projectos de formação e educação no concelho de Castelo de Vide. A
potenciação do estabelecimento de metas e de prioridades antecipadas ao nível local
permitirá uma melhor concertação das intervenções das entidades que recorrem a estes
incentivos.

3. Alargamento das competências dos municípios na área da educação

Nos últimos anos tem-se verificado uma transferência de atribuições e competências da


administração central para as autarquias locais, reconhecendo que os municípios constituem
o núcleo essencial da estratégia de subsidiariedade.

Ao nível educativo a transferência de competências materializa-se na criação dos Conselhos


Municipais de Educação (implementado em 2003 em Castelo de Vide) que permite, a nível
local, a coordenação da política educativa propondo acções consideradas adequadas à
promoção de maiores padrões de eficiência e eficácia do sistema educativo, somando-se às
competências já detidas na área da Acção Social Escolar.

As oportunidades proporcionadas pelo alargamento de competências ao nível local residem


na possibilidade de uma aproximação entre os cidadãos e o sistema educativo, no
desenvolvimento de projectos educativos no concelho e na adequação das diferentes
modalidades de acção social escolar às necessidades locais (geradas e geradoras de novas
oportunidades de emprego).

4. Sistema de reconhecimento formal de competências adquiridas informalmente pela


população adulta

A correcção do atraso no domínio da educação e formação de adultos, conduziu à criação,


em Portugal, de um Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de
Competências (RVCC). Este sistema traduz-se num processo que permite a cada adulto,
com idade igual ou superior a 18 anos, sem o 4.º, 6.º ou 9.º anos de escolaridade, identificar,
validar e certificar as competências que foi adquirindo ao longo da vida, mediante a
Educação e Aprendizagem 79

apresentação de resultados da sua experiencia (de vida, de trabalho e resultante de


formações não certificadas).

Este sistema consolida-se numa Rede Nacional de Centros RVCC, sob a tutela do Ministério
da Educação, constituída por 98 centros distribuídos pelo território nacional. No distrito de
Portalegre existe apenas um centro promovido pelo Centro de Formação Profissional de
Portalegre, prevendo-se o seu alargamento a todos os concelhos.

Este sistema constitui uma oportunidade na elevação dos níveis médios de escolarização na
medida em que permite o reconhecimento e validação, ao nível escolar, dos conhecimentos
e competências adquiridas ao longo da vida, devendo para isso ser criadas as condições de
promoção, divulgação e facilitação do acesso da população ao sistema.

Análise de Ameaças

1. Desajustamento entre as prioridades do concelho e os domínios de intervenção


estabelecidos no IV Quadro Comunitário de Apoio.

A não conciliação entre as necessidades prioritárias do concelho de Castelo de Vide com as


directrizes, ainda não definidas, dos diferentes domínios de intervenção do QCA IV
inviabilizarão a apresentação de candidaturas aos financiamentos disponibilizados.

2. Dependência da aprovação de candidaturas a programas nacionais e comunitários


para financiamento de projectos locais.

A escassez de meios financeiros das entidades locais para a implementação de projectos


implica o recurso aos mecanismos de financiamento disponibilizados pelos diferentes
programas de natureza nacional e comunitária, estando a sua execução condicionada à
aprovação das candidaturas.
80 Educação e Aprendizagem

3. Conjuntura económica e social desfavorável ao interior português

A actual debilidade económica em Portugal deverá levar ao socorro em primeira instância


das áreas disfuncionadas de maior dimensão humana
82 Educação e Aprendizagem

3. Convivência Social
Convivência Social 83

Enquadramento

Parece existir hoje uma tendência para o crescimento do número de contextos sociais em que
transitam os indivíduos e que compõem o chamado “espaço de vida”. As ligações que
desenvolvemos nesses contextos aparentam ser mais “fracas”, menos estáveis, mas também
muito mais numerosas, frágeis e inconstantes. São as chamadas redes múltiplas da sociedade.
As pessoas trabalham num sítio, residem noutro, divertem-se em vários, e os amigos e as
famílias estão inseridos em diferentes contextos sociais e territoriais. Por outro lado as diversas
origens e espaços de vida percorridos e integrados, importam para o espaço público actualmente
uma amálgama de valores que urge entender para rentabilizar. Este é um modelo de sociedade
que obriga, em certa medida, a repensar a definição dos interesses e valores colectivos e a
construção das acções públicas.

Por outro lado a qualidade de vida e bem-estar está cada vez mais dependente da segurança. A
insegurança física, económica, social e familiar resulta do crescimento da incerteza. Das
múltiplas formas de insegurança privilegiaremos neste capítulo a segurança física, na medida em
que esta afecta estruturalmente a forma como nos relacionamos e convivemos uns com os
outros.

Por último, abordaremos as infra-estruturas de apoio às camadas mais frágeis da sociedade. Por
um lado, as infra-estruturas sociais de apoio pré-escolar ou de apoio às actividades de tempos
livres nas idades mais jovens; por outro lado, as infra-estruturas de apoio à terceira idade. Estas
infra-estruturas são fundamentais para o desenvolvimento social dos mais jovens e para a
manutenção dos espaços de conviviabilidade dos mais idosos, factores essenciais para o bem-
estar destas populações.

Face a este contexto e tendo em consideração as limitações de informação, organizou-se este


domínio em três vectores analíticos: isolamento social; segurança e instabilidade; infra-estruturas
de apoio social. Com o primeiro vector procuramos avaliar contextos propiciadores de isolamento
individual. No segundo vector analisamos os níveis de segurança enquanto elementos de
instabilidade das sociedades e inibidores de convivência e solidariedade social. Com o terceiro
vector analisamos as infra-estruturas de apoio social à infância e à terceira idade, partindo do
pressuposto que estes espaços são fundamentais para o desenvolvimento pessoal e para as
práticas de conviviabilidade.
84 Convivência Social

3.1. Isolamento Social


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Famílias clássicas constituídas apenas por um
adulto com uma ou mais crianças menores,
O isolamento social refere-se ao decréscimo da
relativamente ao total de famílias.
sociabilidade e da convivência da população fruto
• Famílias clássicas constituídas apenas por um de factores que dificultam a criação de vínculos e
adulto com idade compreendida entre os 15 e laços interpessoais.
os 64 anos, relativamente ao total de famílias.
• Famílias clássicas constituídas apenas por um
adulto com idade superior a 64 anos,
relativamente ao total de famílias.

O concelho de Castelo de Vide apresenta vários indicadores favoráveis ao surgimento de


situações de isolamento social nomeadamente no que diz respeito à deterioração das redes
primárias da integração social do indivíduo. Importa referir que os indicadores apresentados não
são reveladores de situações de isolamento mas sim da existência de condições propícias para
o seu surgimento localmente.

O concelho apresenta um peso relativo de famílias monoparentais superior à média nacional. A


monoparentalidade bem como qualquer outra configuração familiar distinta das tipologia
tradicionais, não é problemática em si mesma, no entanto refira-se que, em termos estabilidade
económica, vários estudos indicam que o rendimento gerado por uma família biparental é
superior à simples soma aritmética dos recursos dos dois adultos, desta forma o rendimento
médio anual de uma família biparental equivale a mais do dobro do de uma família
monoparental. A justificação deste facto encontra-se em vários factores relevantes,
nomeadamente os relacionados com o capital social dos indivíduos presentes na estrutura
familiar, onde a família biparental continua a apresentar vantagens comparativas.
Convivência Social 85

Destaca-se também um número elevado de indivíduos a viver sós no concelho de Castelo e


Vide, particularmente significativo no contexto do distrito de Portalegre, ainda que apresentando
valores inferiores à média nacional.

Mais preocupante é o número de indivíduos com mais de 64 anos a viver isoladamente, de facto
existe localmente uma proporção significativa de idosos nesta situação que se situa nos 16,2%.
O problema do isolamento da população idosa resulta de vários factores, como a dimensão e
estabilidade familiar do agregado e a morte do cônjuge, sendo um problema que se agrava
quando associado a situação de pobreza e de falta de saúde. Esta situação de isolamento
coloca-se com maior acuidade em relação às mulheres e expressa-se num elevado número de
viúvas, situação que é determinada sobretudo pela diferença na esperança média de vida entre
homens e mulheres. O isolamento das mulheres é ainda agravado pelo facto de terem em média
pensões mais baixas que os homens.

A interpretação destes indicadores deve ser relativizada, tendo em consideração factores não
mensuráveis como a persistência de uma forte coesão social e sentido comunitário bem como a
existência de redes de amizade e vizinhança de suporte a situações de risco. De facto, existem
no concelho alguns mecanismos de protecção social de natureza informal gerados pela
sociedade civil e que se consolida em redes de relações de conhecimentos, de reconhecimento
mútuo e de entreajuda baseadas em laços de parentesco e de vizinhança, através das quais
pequenos grupos sociais trocam bens e serviços numa base não mercantil e com uma lógica de
reciprocidade.
86 Convivência Social

Indicadores
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com uma ou mais crianças menores,
relativamente ao total de famílias, em 2001
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 0,4 % Distrito de Portalegre 0,9 %
Arronches 0,3 % Região Alentejo 1,1 %
Avis 1,0 % Portugal 1,4 %
Campo Maior 0,8 %
Castelo de Vide 1,6 % 1,8

Crato 0,9 % 1,6

Elvas 1,2 % 1,4

Fronteira 1,1 %
1,2

1,0

Gavião 0,3 % 0,8

Marvão 0,9 % 0,6

Monforte 0,2 % 0,4

0,2
Nisa 0,4 % 0,0

Ponte de Sor 1,0 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 1,1 %
Sousel 0,6 % Fonte: Censos 2001

Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade compreendida entre os 15 e os
64 anos, relativamente ao total de famílias, em 2001
Convivência Social 87

Concelhos Taxa Região Taxa


Alter do Chão 6,3 % Distrito de Portalegre 6,1 %
Arronches 4,9 % Região Alentejo 7,5 %
Avis 6,3 % Portugal 8,5 %
Campo Maior 4,7 %
Castelo de Vide 7,4 % 9,0

Crato 6,1 % 8,0

Elvas 6,8 % 7,0

Fronteira 5,6 %
6,0

5,0

Gavião 4,7 % 4,0

Marvão 5,7 % 3,0

Monforte 4,5 % 2,0

Nisa 5,5 %
1,0

0,0

Ponte de Sor 6,6 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 6,3 %
Sousel 6,5 % Fonte: Censos 2001

Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade superior a 64 anos, relativamente
ao total de famílias, em 2001
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 17,3 % Distrito de Portalegre 14,7 %
Arronches 18,6 % Região Alentejo 12,5 %
Avis 16,2 % Portugal 8,8 %
Campo Maior 12,1 %
Castelo de Vide 16,1 % 18

Crato 19,7 % 16

Elvas 11,9 % 14

Fronteira 14,7 %
12

10

Gavião 19,7 % 8

Marvão 16,0 % 6

Monforte 16,7 % 4

Nisa 20,6 %
2

Ponte de Sor 13,0 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 12,5 %
Sousel 17,6 % Fonte: Censos 2001

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Proporção superior à média nacional de famílias monoparentais;
• Elevado número de indivíduos a viver sós;
• Elevada taxa de idosos a residir isoladamente.
Factores explicativos
• Elevada taxa de divórcio;
• Elevada taxa de morte prematura;
• Rompimento dos laços familiares com idosos associado ao
fenómeno de migração da população em idade activa.
Factores de inversão das tendências problemáticas
• Reforçar o movimento associativo dado que são
potenciais espaços de sociabilidade dos indivíduos;
88 Convivência Social

• Implementar iniciativas promotoras de sociabilidade


junto de grupos particularmente vulneráveis;
• Reforçar a cultura de apoio e entreajuda tida nas
relações de vizinhança.
• Reforçar a cooperação e articulação entre instituições e
respostas públicas e privadas de modo a minimizar
situações de isolamento social.
• Valorizar a economia social nas políticas e práticas de
formação e emprego.

3.2. Segurança e instabilidade

Indicadores seleccionados Leitura do tema


• Taxa de criminalidade
• Arguidos e condenados em processos-crime na O aumento da criminalidade associado ao
fase de julgamento findos crescimento cada vez mais rápido das áreas
urbanas tornou premente a questão da segurança.
• Taxa de vítimas de acidentes de viação O estar e sentir-se seguro em casa, e na
• Número de habitantes por bombeiro comunidade é um factor fundamental para a
qualidade de vida pessoal e global.
Convivência Social 89

Os indicadores utilizados demonstram uma boa situação de segurança e estabilidade social


reflectida numa baixa criminalidade, abaixo mesmo dos valores verificados na região do Alto
Alentejo e cerca de metade da verificada na generalidade do país. A expressão do número de
vítimas de acidentes de viação é também reduzida tendo em conta a realidade nacional.
Relativamente à cobertura do número de bombeiros a utilização do indicador de número de
habitantes por bombeiro, ainda que grosseira, permite observar uma excelente taxa de cobertura
da população (existia em Castelo de Vide em 2003, 1 bombeiro por cada 67 indivíduos, sendo na
realidade nacional na proporção de 1 bombeiro por cada 249 indivíduos).

Indicadores
Taxa de criminalidade em 2003
Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 33,1 ‰ Alto Alentejo 30,5 ‰
Arronches 8,5 ‰ Região Alentejo 32,3 ‰
Avis 27,9 ‰ Portugal 39,8 ‰
Campo Maior 24,6 ‰
Castelo de Vide 23,0 ‰ 40

Crato 16,7 ‰
90 Convivência Social

Elvas 41,9 ‰
Fronteira 26,8 ‰
Gavião 12,1 ‰
Marvão 26,1 ‰
Monforte 23,0 ‰
Nisa 21,7 ‰
Ponte de Sor 16,8 ‰
Portalegre 34,0 ‰
Sousel 38,1 ‰ Fonte: INE 2003

Arguidos e condenados em processos crime na fase de julgamento findos, em 2003


Concelhos Arguidos Condenado Região Arguidos Condenado
s s
Alter do Chão – – Alto Alentejo 1.256 949
– – Região 8.175 6.083
Arronches Alentejo
Avis 35 30 Portugal 106.018 70.376
Campo Maior – –
Castelo de 77 57
Vide
Crato – –
Elvas 506 343
Fronteira 79 61
Gavião – –
Marvão – –
Monforte – –
Nisa 84 65
Ponte de Sor 181 150
Portalegre 294 243
Sousel – – Fonte: INE 2003

Taxa de vítimas de acidentes de viação relativa ao ano de 2004


Concelhos Taxa Região Taxa
Alter do Chão 4,82 ‰ Distrito de Portalegre 4,90 ‰
Arronches 6,20 ‰ Região Alentejo 6,77 ‰
Avis 5,58 ‰ Portugal 5,13 ‰
Campo Maior 4,29 ‰
Castelo de Vide 4,13 ‰ 8

Crato 4,37 ‰
Elvas 6,25 ‰ 6

Fronteira 5,09 ‰
Gavião 3,89 ‰ 4

Marvão 4,47 ‰
2
Monforte 5,60 ‰
Nisa 4,19 ‰ 0

Ponte de Sor 6,67 ‰ Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 3,46 ‰
Sousel 2,60 ‰ Fonte: INE 2004

Número de habitantes por bombeiro em 2003


Concelhos N. Região N.
Convivência Social 91

Alter do Chão 54 Distrito de Portalegre 135


Arronches 113 Região Alentejo 178
Avis – Portugal 249
Campo Maior 155
Castelo de Vide 67 250

Crato 64 200
Elvas 275
Fronteira 76 150

Gavião 78 100

Marvão –
Monforte 92 50

Nisa 105 0

Ponte de Sor 204 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 144
Sousel 78 Fonte: INE 2003

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Baixa taxa de criminalidade;
• Baixo número de vítimas de acidentes de viação;
• Boa proporção do número de habitantes por bombeiro.
Factores explicativos
• Baixa densidade populacional e envelhecimento da
população residente;
• Baixo tráfego na rede viária;
• Recrutamento de bombeiros voluntários viabilizado por
uma cultura de voluntariado específica bem enraizada.
Factores de prevenção de tendências problemáticas
• Educar e informar a população idosa dos processos de
burlas;
• Desmistificar a imagem do agente da autoridade junto
de crianças e jovens;
• Educar e informar a população sobre os procedimentos
a ter em situações de risco;
• Promover campanhas de prevenção rodoviária junto de
crianças e jovens;
• Criar condições para a manutenção e reforço do
espírito e dos espaços de voluntariado.
92 Convivência Social

3.3. Recursos sociais

Indicadores seleccionados Leitura do tema


• Taxa de cobertura da população residente com
menos de 5 anos pelo número de utentes dos
infantários.
A oferta de equipamentos sociais num concelho
• Taxa de cobertura da população residente com desde os equipamentos sócio-educativos (creches
idade compreendida entre os 5 e os 14 anos e jardins de infância) aos equipamentos destinados
pelo número de utentes de ATL ao acolhimento de idosos, constitui uma
• Taxa de cobertura da população residente com importantíssima resposta social para as famílias.
mais de 64 anos pelo número de utentes de
Centro de Dia
• Taxa de cobertura da população residente com
mais de 64 anos pelo número de utentes de Lar
de Idosos
• Taxa de cobertura da população residente com
mais de 64 anos pelo número de beneficiários
de Apoio Domiciliário

Em termos gerais poder-se-á qualificar de boa, a capacidade de cobertura dos equipamentos de


apoio social. Todas as respostas identificadas são prestadas por instituições da sociedade civil
(Fundação Nossa Senhora da Esperança; Lar da Terceira Idade de Nossa Senhora da Graça;
Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide e Centro Paroquial de Assistência) à semelhança
do que se verifica na realidade nacional.

No que respeita aos equipamentos destinados a crianças, jovens e idosos caracterizam-se da


seguinte forma:

• O serviço de creche existe apenas na sede de concelho, gerido pelo centro Paroquial de
Assistência abrangendo cerca de 18% das crianças com menos de 5 anos, apesar de este
constituir um valor bastante acima dos registados a nível nacional. A centralização do
equipamento apenas na sede de concelho impede o acesso da população de Póvoa e
Meadas a este serviço.

• Os equipamentos de Actividades de Tempos Livres (ATL), destinados a proporcionar


actividades do âmbito da animação sociocultural a crianças a partir dos 6 anos de idades e
jovens, existentes no concelho de Castelo de Vide localizam-se na sede de concelho e em
Póvoa e Meadas, geridos respectivamente pelo Centro Paroquial de Assistência e Lar da
Convivência Social 93

Terceira Idade de Póvoa e Meadas e cobrem aproximadamente 8% das crianças e jovens


com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos.

• Os equipamentos de apoio a idosos apresentam taxas de cobertura acima da média


nacional à excepção do equipamento Centro de Dia, cuja taxa de cobertura potencial se
situa em 2,2% da população idosa. As respostas Lar, traduzem-se em três equipamentos,
funcionando dois na sede de concelho (geridos pela Fundação Nossa Senhora da
Esperança e Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide) e um em Póvoa e Meadas
gerido pelo Lar de Terceira Idade de Póvoa e Meadas.

Ao nível de equipamentos sociais não instalados no concelho destaca-se a valência de Centro


de Convívio, prevendo-se no entanto a abertura deste equipamento a curto prazo pela Santa
Casa da Misericórdia de Castelo de Vide.

A análise dos equipamentos e serviços de apoio a idosos implementados no concelho assinala a


tendência para uma preponderância de respostas que envolvem a institucionalização da pessoa
idosa em detrimento de respostas que visem a criação de condições facilitadoras da manutenção
do idoso na residência. Trata-se de uma situação que contraria as tendências e recomendações
actuais da prestação de cuidados a idosos que valorizam a preservação da intimidade e
especificidade de cada idoso, contrariando o tratamento homogéneo vulgarizado nas instituições.

Existem também respostas promovidas no concelho dirigidas à ocupação de crianças e jovens


durante os períodos de férias escolares, trata-se de uma iniciativa não formalizada em acordo de
colaboração com a Segurança Social, sendo financiada pela própria instituição.

Outras entidades prestam serviços não formais à população jovem como seja o caso da
Associação OCRE que mantém em permanência um Centro de Tecnologias de Informação -
espaço Internet e formação em voluntariado para as novas tecnologias. Para além destas
desenvolve actividades lúdicas e formativas com crianças (Cozinha criativa; Valorização de
conhecimentos detidos por idosos; Clube Minhoca...) e mobilidades juvenis (intercâmbios e
voluntariado europeu). Em parceria desenvolve trabalho ao nível da prevenção primária e da
valorização dos recursos naturais e culturais.
94 Convivência Social

Indicadores
Taxa de cobertura da população residente com menos de 5 anos pelo número de utentes dos
infantários em 2005
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 11,3 % Distrito de Portalegre 22,1 %
Arronches 16,7 % Região Alentejo 10,8 %
Avis 14,6 % Portugal 12,1 %
Campo Maior 8,9 %
Castelo de Vide 18,6 % 25,0
Crato 31,9 %
Elvas 18,7 % 20,0

Fronteira 37,9 % 15,0

Gavião 17,6 % 10,0


Marvão 19,0 %
Monforte 22,0 % 5,0

Nisa 15,3 % 0,0

Ponte de Sor 13,1 % Castelo de Vide Dist. Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 36,5 %
Sousel 38,2 % Fonte: Carta Social 2005

Taxa de cobertura da população residente com idade compreendida entre os 5 e os 14 anos pelo
número de utentes de ATL em 2005
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 13,8 % Distrito de Portalegre 12,6 %
Convivência Social 95

Arronches 5,5 % Região Alentejo 6,3 %


Avis 13,1 % Portugal 10,0 %
Campo Maior 8,7 %
Castelo de Vide 7,7 % 15,0
Crato 31,5 %
Elvas 16,1 %
10,0
Fronteira 7,6 %
Gavião –
Marvão 5,1 %
5,0

Monforte 5,5 %
Nisa 18,3 % 0,0
Castelo de Vide Dist. Portalegre Região Alentejo Portugal
Ponte de Sor 6,2 %
Portalegre 15,5 %
Sousel 18,9 % Fonte: Carta Social 2005

Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de
Centro de Dia em 2005
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 2,5 % Distrito de Portalegre 2,5 %
Arronches 1,0 % Região Alentejo 1,7 %
Avis 3,1 % Portugal 2,4 %
Campo Maior 2,4 %
Castelo de Vide 2,2 % 3,0

Crato 2,5 % 2,5


Elvas 1,1 %
2,0
Fronteira 2,5 %
Gavião 3,8 % 1,5

Marvão 2,9 % 1,0

Monforte 3,1 % 0,5

Nisa 6,2 % 0,0

Ponte de Sor 1,9 % Castelo de Vide Dist. Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 1,9 %
Sousel 3,1 % Fonte: Carta Social 2005

Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de Lar de
Idosos em 2005
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 5,6 % Distrito de Portalegre 6,8 %
Arronches 6,5 % Região Alentejo 3,9 %
Avis 7,0 % Portugal 3,3 %
Campo Maior 4,3 %
Castelo de Vide 12,9 % 16,0
Crato 11,9 %
Elvas 6,0 % 12,0

Fronteira 9,7 %
8,0
Gavião 10,3 %
Marvão 12,2 % 4,0

Monforte 8,2 %
Nisa 6,3 % 0,0
Castelo de Vide Dist. Portalegre Região Alentejo Portugal
Ponte de Sor 6,5 %
Portalegre 3,5 %
Sousel 6,4 % Fonte: Carta Social 2005
96 Convivência Social

Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de beneficiários de
Apoio Domiciliário em 2005
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 12,0 % Distrito de Portalegre 5,4 %
Arronches 3,2 % Região Alentejo 3,4 %
Avis 9,1 % Portugal 3,7 %
Campo Maior 3,2 %
Castelo de Vide 4,1 % 6,0
Crato 6,3 %
5,0
Elvas 4,9 %
Fronteira 7,7 % 4,0

Gavião 5,2 % 3,0

Marvão 2,1 % 2,0

Monforte 9,4 % 1,0

Nisa 8,5 % 0,0

Ponte de Sor 4,7 % Castelo de Vide Dist. Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 3,4 %
Sousel 3,3 % Fonte: Carta Social 2005

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Não cobertura da população da freguesia de Póvoa e Meadas
por serviços de creche;
• Equilíbrio entre a oferta e procura dos serviços de ATL, ajustados
ás necessidades locais;
• Número muito elevado de idosos institucionalizados
representando 12,9% dos idosos residentes (propiciando
situações de isolamento, apatia e depressão);
• Cobertura de 4% da população idosa pelos serviços de apoio
domiciliário com potencial de crescimento, aproximando-a dos
níveis verificados nos restantes concelhos do distrito;
Convivência Social 97

• Existência de respostas não formalizadas destinadas à ocupação


de crianças e jovens em período de férias escolares.
Factores explicativos
• Inexistência de equipamento de creche em Póvoa e
Meadas;
• Incapacidade das famílias na manutenção do idoso no seu
seio;
• Elevado número de idosos a residir sós.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Criar em Póvoa e Meadas respostas sociais de âmbito
socioeducativo e de guarda de crianças até aos cinco
anos de idade, durante o período diário correspondente
ao trabalho dos pais;
• Proporcionar equipamentos formalizados e com
funcionamento regular, prestadores de actividades do
âmbito da animação sociocultural a crianças e jovens
nos períodos de férias escolares;
• Diminuir os impactos do efeito da institucionalização
através da realização de actividades sócio-recrativas e
culturais destinadas aos idosos institucionalizadas.
• Incrementar o desenvolvimento de serviços que
contribuam para a manutenção dos idosos no seu meio
sócio-familiar.
• Propiciar equipamentos com valências mistas para
idosos e crianças.

3.4. Identificação de potencialidades, debilidades,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos


98 Convivência Social

Baixos índices de insegurança Prevalência de situações favoráveis ao


surgimento de situações de isolamento
Enraizada cultura associativa social.

Boa cobertura dos equipamentos sociais Inexistência de equipamentos sociais


existentes destinados à infância na freguesia de
Póvoa e Meadas
Existência de estruturas locais capacitadas
para o acompanhamento e monitorização Inexistência de actividades de ocupação
de tempos livres organizadas regularmente
Diversidade sociocultural nos períodos de férias escolares.

Número muito elevado de idosos


institucionalizados

Casos esporádicos de menores


negligenciados

Défices de igualdade de oportunidades

Casos isolados de violência doméstica

Cultura incipiente de trabalho


contratualizado em parceria

Existência de grupos particularmente


vulneráveis a situações de pobreza.

Oportunidades Ameaças

Aumento da capacidade de resposta dos Diminuição dos apoios sociais conferidas à


serviços locais de acção social. população mais carenciada

Alargamento dos apoios sociais dirigidos Aumento da procura dos serviços de apoio
social
aos idosos
Não alargamento dos acordos típicos das
IPSS locais com a Segurança Social.
Convivência Social 99

Análise de Pontos Fracos

1. Prevalência de situações favoráveis ao surgimento de situações de isolamento social

O concelho apresenta uma série de indicadores que favorecem o surgimento de situações


de isolamento social como, uma proporção superior à média nacional de famílias
monoparentais, um elevado número de indivíduos a viver sós, e uma elevada taxa de idosos
a residir isoladamente. Os indicadores referidos não são por si indiciadores de isolamento
social, não se deve no entanto negligenciar o favorecimento que criam ao seu surgimento,
que no contexto de Castelo de Vide é relativizado por fortes relações de vizinhanças e de
entreajuda.

2. Inexistência de equipamentos sociais destinados à infância na freguesia de Póvoa e


Meadas

A inexistência do serviço de creche na freguesia de Póvoa e Meadas constitui um problema


social na medida em que, por um lado, se nega às crianças da freguesia, o acesso a
experiências precoces enquadradas em projectos pedagógicos ajustados às etapas do
desenvolvimento infantil (e aos efeitos associados à creche: desenvolvimento cognitivo e da
linguagem, desenvolvimento físico-motor, desenvolvimento socioafectivo, e fundações
emocionais da maturidade escolar) e, por outro lado, não possibilita aos pais que trabalham
um serviço de guarda e cuidado dos filhos.

3. Inexistência de actividades de ocupação de tempos livres organizadas regularmente


nos períodos de férias escolares

Apesar da existência de algumas iniciativas por parte de entidades locais destinadas à


ocupação das crianças e jovens nos períodos de férias escolares estas revestem-se de um
carácter pontual e esporádico. Torna-se necessário dotar esta, ou outras, iniciativas de uma
maior regularidade e formalidade, definindo destinatários, condições de acesso e
regulamento de funcionamento, garantindo a universalidade de acesso da população em
idade escolar. O estabelecimento de parcerias alargadas permitirá a diversificação da
100 Convivência Social

natureza das actividades desenvolvidas, proporcionando o desenvolvimento pessoal e social


das crianças e jovens.

4. Número muito elevado de idosos institucionalizados

As consequências individuais do processo de internamento dos idosos em Lar são


conhecidos e semelhantes a qualquer processo de institucionalização: perda de autonomia,
perda de privacidade, depressão. A fim de minorar estes impactos na vida do idoso, a sua
institucionalização deve ser o mais retardada possível e associar-se a uma verdadeira
alteração da capacidade funcional em relação à perda da autonomia e da independência.
Desta forma deverão ser criadas condições a um alargamento dos serviços de proximidade
existentes permitindo aos idosos manter-se no domicílio. Uma assistência domiciliária deste
tipo deveria ser contextualizada no âmbito de um processo de mobilização de todos os
sectores intervenientes, criando entre si uma rede que viesse a permitir um trabalho de
verdadeira parceria, em que a coordenação fosse assumida pelo serviço que tivesse maior
incidência na resolução da problemática em apreço, conforme as missões de cada entidade
parceira e os potenciais instalados ou a instalar.

5. Casos esporádicos de menores negligenciados

Existem alguns casos, ainda que esporádicos, de situações de crianças e jovens


negligenciados ou que sofrem de maus tratos com maior ou menor grau de risco. As
situações de risco, habitualmente sinalizadas, são provenientes sobretudo de famílias que se
caracterizam por uma acentuada desestruturação e com uma elevada incidência de
situações de alcoolismo, onde as relações familiares são tensas. A tipificação dos casos
sinalizados de crianças em risco permitem identificar a negligência e os maus tratos, como
os problemas mais comuns, ainda que com prevalência muito esporádica no concelho.

6. Défices de igualdade de oportunidades

Apesar dos enormes progressos alcançados ao longo do século XX, e em Portugal nas
últimas décadas, a desigualdade baseada no sexo contínua presente em muitas áreas da
vida em sociedade. Apesar de não existirem fontes de informação nem qualquer estudo
sobre este fenómeno no concelho de Castelo de Vide, é ainda assim possível identificar um
Convivência Social 101

atraso na promoção de igualdade entre homens e mulheres na estrutura social,


particularmente visível na divisão sexual das tarefas na vida doméstica, no mercado de
trabalho (fenómenos de segregação profissional e desigualdade de salários), e na
diferenciação de poder nas relações sociais. Desta forma, toda a intervenção no sentido de
combater quaisquer situações de desigualdade de oportunidades (baseadas no sexo, na
nacionalidade, na etnia…) constitui sempre um progresso no aprofundamento da democracia
e na implementação dos direitos humanos.

7. Casos isolados de violência doméstica

O fenómeno da violência doméstica continua a ser uma realidade no concelho bem como no
país. O combate a este problema afirma-se através da consolidação de uma política de
prevenção consubstanciada na promoção de uma cultura para a cidadania e para a
igualdade que difunda novos valores sociais que permitam combater as relações de
dominação e promover a igualdade do género.

8. Cultura incipiente de trabalho contratualizado em parceria

Embora o princípio das parcerias locais seja actualmente reconhecido e promovido de uma
forma generalizada, existe ainda uma cultura incipiente de trabalho em parceria entre as
entidades locais. A tendência no sentido da descentralização de funções para as autoridades
locais e do desenvolvimento de um mercado misto de prestação de serviços sociais aliada à
necessidade de encontrar respostas às consequências das mudanças rápidas nos domínios
económico, social e politico contribuem para o desenvolvimento da abordagem baseada em
parcerias locais. Torna-se portanto necessário o fomento da cultura de trabalho em parceria
nas instituições locais, que permita consolidar parcerias quer a nível estratégico quer a nível
prático e operacional de execução dos programas ou dos projectos implementados no
concelho.

9. Existência de grupos particularmente vulneráveis a situações de pobreza

Os vários estudos realizados em Portugal têm demonstrado que é entre os idosos que o
risco de pobreza é mais elevado e que entre os idosos isolados este fenómeno assume uma
102 Convivência Social

ainda maior dimensão (em 2001 o risco global de pobreza era de 30% entre os idosos e de
46% entre os idosos isolados). O concelho de Castelo de Vide não constitui excepção a esta
tendência, com uma elevada incidência de idosos a manifestar as principais características
de risco de pobreza, designadamente: a viver exclusivamente ou fundamentalmente de
pensões, de velhice e de sobrevivência, inferiores a 300 euros, sem poderem recorrer a
outros rendimentos que lhes permitam uma vida condigna. A este grupo particularmente
vulnerável a situações de pobreza acrescem vários focos de pobreza fruto de situações de
desemprego e agregados com baixos rendimentos.

Análise de Pontos Fortes

1. Baixos índices de insegurança

Os baixos índices de insegurança registados no concelho garantem uma estabilidade à vida


local que a diferencia dos centros urbanos de maior dimensão.

2. Enraizada cultura associativa


Convivência Social 103

A existência de uma forte cultura de associativismo, visível no elevado número de


associações sediadas no concelho, permite ao nível comunitário promover a integração
social e assumir um papel determinante na promoção da cultura, do desporto e na área
social, substituindo muitas vezes a própria intervenção do Estado.
A promoção de uma cultura de trabalho em parceria permitiria constituir redes para o
desenvolvimento assentes na capacidade demonstrada das associações do concelho para a
promoção da cidadania, criação de espaços de convivência e para a sua intervenção e
inquestionável função social. A capacidade para consolidação de uma rede associativa
constituirá um bom indicador do nível de desenvolvimento, diferenciando o concelho de
contextos sociais crescentemente individualizados.

3. Boa cobertura dos equipamentos sociais existentes

Os equipamentos sociais existentes permitem uma boa cobertura da população


possibilitando o acesso generalizado aos serviços de acção social, assegurando num quadro
de proximidade física ou relacional, a valorização das pessoas, o seu bem-estar e qualidade
de vida e a coesão das comunidades locais

4. Existência de estruturas locais capacitadas para o acompanhamento e monitorização

Constitui uma vantagem para o desenvolvimento do concelho a existência de estruturas e


organismos locais como o Conselho Municipal de Segurança, o Conselho Municipal de
Educação ou a Comissão de Protecção de Menores (em fase de implementação), dotados
de competências específicas no acompanhamento das tendências de evolução da situação
concelhia em áreas chave. Estas estruturas permitem promover a sinalização atempada dos
problemas e permitindo aos organismos públicos e privados criar respostas preventivas aos
mesmos.

5. Diversidade sociocultural

Castelo de Vide, pela sua maior atractividade, compõe-se de indivíduos com histórias,
origens e práticas de vida distintas. A conjunção e o entendimento destas serão
determinantes para o desenvolvimento do sentido de pertença tirando partido do espírito de
tolerância próprio da comunidade de Castelo de Vide.
104 Convivência Social

Análise de Oportunidades

1. Aumento da capacidade de resposta dos serviços locais de acção social.

O concelho de Castelo de Vide apresenta um grande potencial para o aumento da


capacidade de resposta dos serviços de acção social prestados pelos diferentes
equipamentos instalados. Este potencial de crescimento refere-se por um lado ao
alargamento da natureza dos serviços implementados (prevendo-se a curto prazo a
inauguração do Centro de Acamados e Centro de Convívio geridos pela Santa Casa da
Misericórdia de Castelo de Vide). Por outro lado, o potencial de crescimento, refere-se
também ao aumento da capacidade de resposta dos equipamentos já existentes, dada a
estrutura demográfica do concelho e a tendência para o aumento progressivo da população
dependente, nomeadamente da população idosa, que exigirá um igual aumento da
capacidade de resposta dos serviços, em particular no que se refere aos serviços de
proximidade como o apoio domiciliário.

2. Alargamento dos apoios sociais dirigidos aos idosos

O alargamento de apoios conferidos aos cidadãos pelo Estado, nomeadamente os


destinados à população idosa tem um impacto significativo no nível de vida local dado o
peso relativo que os idosos têm na estrutura demográfica, e a escassez de recursos
financeiros que caracteriza este grupo social.
Convivência Social 105

Análise de Ameaças

1. Diminuição dos apoios sociais conferidas à população mais carenciada

O desinvestimento do Estado em apoios sociais, como o Rendimento Social de Inserção,


Complemento Social para Idosos, ou políticas sociais mais alargadas como o combate à
pobreza e exclusão social terão como consequência um agravamento da situação dos
indivíduos e das famílias em situação de carência.

2. Aumento da procura dos serviços de apoio social

O rápido processo de envelhecimento da população e consequente aumento do número de


idosos e o prolongamento da esperança média de vida significarão no decorrer das próximas
décadas um aumento da procura de serviços de apoio social, exercendo uma pressão sobre
a capacidade de respostas das entidades locais. A incapacidade de dotar os serviços
existentes das condições necessárias para fazer face ao aumento da procura significará
inevitavelmente a degradação da qualidade dos serviços prestados e o aumento da
população não abrangida.

3. Não alargamento dos acordos típicos das IPSS locais com a Segurança Social.

Os baixos recursos financeiros da generalidade da população idosa e a inexistência de


serviços de apoio social de natureza lucrativa significará um aumento das solicitações junto
das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), pelo que a manutenção da
sustentabilidade financeira destas instituições dependerá da celebração e/ou alargamento
dos acordos típicos com a Segurança Social.
106 Convivência Social
108 Convivência Social

4. Acesso à saúde
Acesso à saúde 109

Enquadramento

Segundo a Organização Mundial de Saúde, a saúde é um estado de completo bem-estar físico,


mental e social do indivíduo, constituindo um direito fundamental de todo o ser humano. A
concretização desta definição pressupõe um acesso facilitado aos recursos de saúde (hospitais,
centros de saúde,…) e aos conhecimentos médicos, psicológicos e afins, e ainda a possibilidade
de haver uma opinião pública esclarecida e uma cooperação activa interinstitucional em prol da
promoção de uma saúde melhor para todos.

Naturalmente que o território é um espaço epidemiológico de distribuição de doenças, mas


também um suporte para a gestão administrativa da saúde e um espaço de inclusão e de
cidadania. Actualmente as questões da saúde passam pelas políticas de redução dos riscos, da
prevenção ou dos problemas do acesso aos cuidados de saúde, trata-se enfim, de um problema
de cidadania.

A maior parte das medidas disponíveis para identificar o estado de saúde de uma população são
indicadores de doença ou de morte, e não verdadeiramente de saúde. No entanto, estas
medidas têm a vantagem de ser universais e, por isso, de fácil comparabilidade. Os estilos de
vida menos saudáveis, designadamente os hábitos tabágicos, alcoólicos, abuso de drogas ou
outros, poderão ter influência nos índices de morbilidade e de mortalidade. Contudo, existem
outros, que se prendem com as condições de vida (habitação, ambiente biofísico, crime e
insegurança, etc.) e que poderão ter também reflexos nesta matéria.

Em face disto, organizou-se este domínio em três vectores: recursos existentes; estatísticas
vitais; prevenção e cuidados de saúde. Analisando o leque de indicadores seleccionado, é
possível proceder a uma leitura da situação do concelho no contexto nacional.
110 Acesso à saúde

4.1. Recursos Existentes


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Enfermeiros por 1000 habitantes A oferta de equipamentos na área da saúde são
• Médicos por 1000 habitantes essenciais para assegurar os cuidados
imprescindíveis à qualidade de vida dos indivíduos.
• Farmacêuticos por 1000 habitantes

A análise dos recursos de saúde implementados no concelho permite perceber uma situação bastante
favorável sobretudo no que se refere ao número e conservação dos equipamentos instalados,
designadamente o Centro de Saúde na sede de concelho e a Extensão de Saúde na freguesia de Póvoa
e Meadas

Os indicadores apresentados sobre os recursos humanos de saúde existentes no concelho apontam,


erroneamente, para uma situação desfavorável em comparação com outros concelhos do distrito, quanto
ao número de enfermeiros e médicos por 1.000 habitantes, situação contrária ao número de
farmacêuticos por 1.000 habitantes, cujo valor se cifra muito acima da realidade nacional. Esta análise
deve, no entanto, ser relativizada pelo facto de os indicadores adiantados pelo INE terem em
consideração o número de médicos e de enfermeiros residentes, não significando necessariamente que
exerçam a sua actividade no concelho.

Recorrendo aos dados cedidos pelo Centro de Saúde de Castelo de Vide, desempenhavam, em 2003,
funções no concelho 10 enfermeiros, sendo este número, em 2005, de 7. Este valor corresponde a 1
enfermeiro por cada 220 famílias no concelho em 2005, tendo em consideração o facto de a proporção de
referência é de 1 enfermeiro por cada 300 famílias, podemos constatar uma excelente taxa de cobertura
da população relativamente aos cuidados de enfermagem.

No que diz respeito ao número de médicos, recorrendo novamente aos dados cedidos pelo Centro de
Saúde de Castelo de Vide, ascendiam a 5, em 2003, sendo 3 em 2005. Sendo neste caso a proporção de
referência de 1 médico por cada 1500 utentes, considerando o número de médicos pela população
residente no concelho de Castelo de Vide obtemos 1 médico por cada 1290 habitantes em 2005,
reforçando a boa cobertura da população pelos serviços de saúde.
Acesso à saúde 111

Indicadores
Enfermeiros por 1.000 habitantes, em 2003*
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 1,3 Alto Alentejo 4,6
Arronches 2,4 Região Alentejo 3,4
Avis 1,4 Portugal 4,2
Campo Maior 1,4
Castelo de
2,6
5

Vide**
Crato 2,2
4

Elvas 5,9 3

Fronteira 1,7
2
Gavião 2,0
Marvão 1,8 1

Monforte 2,1 0
Nisa 1,6 Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Ponte de Sor 1,5


Portalegre 12,0
Sousel 1,6 Fonte: INE 2003
* Os valores referem-se ao número de enfermeiros residentes não significando necessariamente que exerçam a sua
actividade no concelho.
** Segundo Dados fornecidos pelo Centro de Saúde o número de enfermeiros a desempenhar funções no concelho
era de 10 em 2003 e de 7 em 2005.

Médico por 1.000 habitantes, em 2003*


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 0,8 Alto Alentejo 2,6
Arronches 1,8 Região Alentejo 1,7
Avis 1,4 Portugal 3,3
Campo Maior 2,8
Castelo de
2,1
4

Vide**
112 Acesso à saúde

Crato 0,5
Elvas 4,5
Fronteira 1,4
Gavião 0,9
Marvão 1,1
Monforte 1,5
Nisa 1,5
Ponte de Sor 1,5
Portalegre 4,2
Sousel 0,4 Fonte: INE 2003
* Os valores referem-se ao número de médicos residentes não significando necessariamente que exerçam a sua
actividade no concelho.
** Segundo Dados fornecidos pelo Centro de Saúde o número de médicos a desempenhar funções no concelho era
de 5 em 2003 e de 4 em 2005.

Farmacêuticos por 1.000 habitantes, em 2003


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 1,1 Alto Alentejo 0,6
Arronches 0,6 Região Alentejo 0,4
Avis 1,0 Portugal 0,3
Campo Maior 0,4
Castelo de Vide 0,8 0,8

Crato 1,2
Elvas 0,4 0,6

Fronteira 0,9
Gavião 0,9 0,4

Marvão 0,8
Monforte 1,2
0,2

Nisa 0,7 0,0


Ponte de Sor 0,4 Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 0,5
Sousel 0,7 Fonte: INE 2003

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Equipamentos de saúde em número suficiente e em bom estado
de conservação.
Acesso à saúde 113

• Número adequado de pessoal médico e de enfermagem por


1.000 habitantes.
Factores explicativos
• Investimentos recentes nos equipamentos de saúde.
Factores de inversão de tendências problemáticas

4.2. Estatísticas vitais


Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Taxa de mortalidade Com o aumento gradual da esperança média de


• Taxa bruta de mortalidade por doenças do vida as questões da saúde, já por si fundamentais,
aparelho circulatório adquirem um grau de importância ainda maior na
• Taxa bruta de mortalidade por tumores perspectiva da boa qualidade de vida individual.
malignos

A falta de informação estatística de saúde fraccionada ao nível do concelho condiciona a


caracterização pormenorizada desta dimensão, pelo que nos restringimos à apresentação da
taxa de mortalidade e taxa de morte por principais causas de morte, no entanto, na análise dos
indicadores apresentados deve ter-se em consideração a estrutura demográfica da população,
nomeadamente o elevado envelhecimento da população, que condiciona directamente as
estatísticas vitais de saúde da população. Assim, a elevada taxa de mortalidade, bem como as
elevadas taxas de morte por tumores e por doenças do aparelho respiratório estão directamente
114 Acesso à saúde

relacionadas com o peso da população idosa na estrutura demográfica do concelho, dado este
ser um grupo particularmente vulnerável à incidência destas doenças.

Não havendo estatísticas disponíveis que permitam caracterizar a prevalência no concelho de


todos os factores de risco na área da saúde é, ainda assim, possível identificar e caracterizar
alguns dos riscos com alguma incidência no concelho:

• Vulgarização do consumo de tabaco que constitui actualmente a principal causa evitável de


morbilidade e mortalidade. A realidade do concelho, à semelhança do restante país,
caracteriza-se por casos de adolescentes iniciados no consumo de tabaco (fase em que os
jovens desenvolvem opiniões favoráveis a este hábito e se tornam cépticos em relação aos
seus riscos para a saúde) e casos de hábitos e dependência tabágica na população adulta.
Refira-se a respeito do consumo de tabaco a tendência para um aumento do consumo nas
mulheres e uma ligeira diminuição nos homens prevendo-se, a longo prazo, um aumento da
incidência de doenças pulmonares e cardiovasculares no público feminino.

• Erros dietéticos que constituem factores de risco de doenças metabólicas e


cardiovasculares.

• Prevalência de valores culturais que favorecem a tolerância social à prática de consumo de


álcool e que se traduz em casos de consumo excessivo na população jovem com
prevalência nos fins-de-semana; em casos de dependência alcoólica na população adulta; e
hábitos de consumo regular na população idosa.

• Consumo de drogas ilícitas sobretudo a cannabis (substancia ilegal mais consumida em


Portugal e na Europa) em algumas franjas da população jovem do concelho.

• Existência de casos de malnutrição com particular incidência entre a população infantil e


idosa. Entre a população infantil os casos sinalizados decorrem sobretudo da incapacidade e
desadequação de cuidados prestados às crianças em contextos familiares problemáticos e
em alguns casos disfuncionais. A prevalência deste problema na população idosa relaciona-
se com causas de ordem psicológica (relacionadas com a solidão e o isolamento) de ordem
económica (dificuldades financeiras, baixas reformas) e de ordem patológica (relacionadas
com a polimedicação e às alterações da capacidade funcional que limitam a preparação dos
medicamentos e implicam menor actividade física).
Acesso à saúde 115

• Tendência para o aumento do consumo de medicamentos antidepressivos.

Indicadores
Taxa de mortalidade, em 2003
Concelhos ‰ Região %
Alter do Chão 18,4 ‰ Alto Alentejo 15,2 ‰
Arronches 21,0 ‰ Região Alentejo 13,0 ‰
Avis 17,4 ‰ Portugal 9,7 ‰
Campo Maior 11,0 ‰
116 Acesso à saúde

Castelo de Vide 18,0 ‰ 20

Crato 24,8 ‰
Elvas 11,7 ‰ 15

Fronteira 14,8 ‰
Gavião 22,0 ‰ 10

Marvão 19,1 ‰
Monforte 14,5 ‰
5

Nisa 24,3 ‰ 0

Ponte de Sor 14,7 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 11,2 ‰
Sousel 13,7 ‰ Fonte: INE 2003

Taxa bruta de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, em 2003


Concelhos Região
Alter do Chão 10,2 ‰ Alto Alentejo 6,3 ‰
Arronches 7,6 ‰ Região Alentejo 5,5 ‰
Avis 8,5 ‰ Portugal 3,9 ‰
Campo Maior 5,2 ‰
Castelo de Vide 6,9 ‰ 8

Crato 10,2 ‰
Elvas 3,9 ‰ 6

Fronteira 8,3 ‰
Gavião 12,0 ‰ 4

Marvão 9,9 ‰
Monforte 7,0 ‰
2

Nisa 8,6 ‰ 0

Ponte de Sor 5,9 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 4,4 ‰
Sousel 10,1 ‰ Fonte: INE 2003

Taxa bruta de mortalidade por tumores malignos, em 2003


Concelhos ‰ Região ‰
Alter do Chão 4,0 ‰ Alto Alentejo 2,9 ‰
Arronches 2,4 ‰ Região Alentejo 2,7 ‰
Avis 1,8 ‰ Portugal 2,2 ‰
Campo Maior 2,4 ‰
Castelo de Vide 3,7 ‰ 4

Crato 2,9 ‰
Elvas 3,0 ‰ 3

Fronteira 3,4 ‰
Gavião 3,7 ‰ 2

Marvão 3,1 ‰
Monforte 4,3 ‰
1

Nisa 3,5‰ 0
Ponte de Sor 2,4 ‰ Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 2,3 ‰
Sousel 2,2 ‰ Fonte: INE 2003

Quadro resumo do tema


Principais tendências
Acesso à saúde 117

• Elevada taxa de mortalidade, tendência idêntica às populações


com estrutura demográfica semelhante;
• Casos de alcoolismo;
• Consumo de substâncias ilícitas.
Factores explicativos
• Estrutura da população envelhecida
• Práticas incentivadas pela “cultura juvenil”
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Promover educação alimentar junto dos prestadores de
cuidados a crianças, jovens e idosos.
• Promover junto da população a adopção de estilos de
vida saudável e a educação para a saúde cobrindo
áreas como a educação alimentar, vida activa
saudável, consumos nocivos e educação sexual.
• Reforçar as actividades de redução de
comportamentos e risco das crianças e jovens
incentivando a adopção de estilos de vida e padrões de
comportamento que condicionem favoravelmente a
saúde futura.
118 Acesso à saúde

4.3. Prevenção e cuidados de saúde


Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Consultas de clínica geral em centros de saúde


por habitante Os cuidados de saúde primários são o pilar central
• Consultas de planeamento familiar em centros do sistema de saúde.
de saúde por mulheres residentes com idade
entre 15 a 24 anos
• Consultas de saúde infantil em centros de
saúde por habitantes residentes com menos de
15 anos
• Consultas de saúde materna e obstetrícia em
centros de saúde por mulheres residentes com
idade entre 15 a 64 anos

A prevenção e os cuidados de saúde da população do concelho apenas se podem aferir pelo


acesso ao sistema de saúde, dada a inexistência de informação sobre os hábitos e práticas
promotoras de saúde. Este facto produz um enviesamento na caracterização do tema que, no
entanto, pode ser obviado por uma interpretação cautelosa dos indicadores apresentados.

Assim, pela análise dos indicadores do INE verifica-se uma tendência para um baixo acesso aos
serviços de saúde no concelho de Castelo de Vide (tendência que se verifica em todas as
especialidades consideradas, mas tem particular incidência nas consultas de saúde infantil e de
saúde materna e obstetrícia). A análise dos valores recolhidos junto do Centro de Saúde
permitem constatar uma situação diferente. De facto, para uma população de 3.872 residentes
no concelho, o Centro de Saúde apresenta, em 2005, um número 4.290 inscritos, facto explicado
por um número significativo de inscritos não residentes no concelho, nomeadamente de Marvão.
Mesmo a análise do número de consultas por especialidade contraria os indicadores do INE
verificando-se, na realidade, o acesso difundido da população aos serviços de saúde.

Relativamente a indicadores de Saúde Pública a taxa de vacinação atinge 99,8% da população


juvenil, o que atesta uma regularidade das práticas profilácticas e a existência de condições
materiais e organizativas dos serviços de saúde pública. Por outro lado são desenvolvidas
acções em áreas críticas de prevenção e promoção da saúde, abarcando designadamente
doenças como a tuberculose e as resultantes do consumo excessivo de tabaco e álcool, bem
como a implementação de mecanismos especiais para populações em situação de exclusão
social e, ainda, a promoção da dádiva de sangue e do uso correcto do medicamento.
Acesso à saúde 119

Refira-se, ainda, que em termos de Saúde Escolar o trabalho desenvolvido em parceria entre o
Centro de Saúde de Castelo de Vide, as escolas do concelho e o Gabinete de Acção Social da
CMCV, constitui uma mais-valia em matéria de profilaxia, na medida em que tem permitido a
formação dos jovens por meio de acções preventivas.

Indicadores
Consultas médicas por 1.000 habitantes, em 2003
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 7,4 Alto Alentejo –
Arronches 5,7 Região Alentejo 3,6
Avis 2,2 Portugal 3,7
Campo Maior 3,1
Castelo de Vide 3,2 4,0

Crato 5,6 3,5

Elvas 4,8 3,0

Fronteira 4,2 2,5

Gavião 5,0 2,0

Marvão 4,0
1,5

Monforte
1,0

Nisa
0,5
3,6
0,0

Ponte de Sor – Castelo de Vide Alentejo Portugal

Portalegre 5,7
Sousel 2,8 Fonte: INE 2003

Consultas de clínica geral em centros de saúde por habitante, em 2003


Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 6,1 Alto Alentejo 3,2
Arronches 5,0 Região Alentejo 2,6
Avis 2,0 Portugal 2,3
Campo Maior 2,8
Castelo de Vide 2,9 3,5

Crato 4,9 3,0

Elvas 3,0 2,5

Fronteira 3,4 2,0

Gavião 4,4 1,5

Marvão 3,6 1,0

Monforte 5,1 0,5

Nisa 3,3 0,0

Ponte de Sor 2,2 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 3,3
Sousel 2,4 Fonte: INE 2003

Consultas de planeamento familiar em centros de saúde por mulheres residentes com idade entre
15 a 24 anos, em 2003
120 Acesso à saúde

Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 1,5 Alto Alentejo 1,0
Arronches 0,6 Região Alentejo 0,9
Avis 0,4 Portugal 1,1
Campo Maior 0,9
Castelo de Vide 1,0 1,2

Crato 1,1 1,0


Elvas 1,7
Fronteira 0,7
0,8

Gavião 0,8 0,6

Marvão 0,7 0,4

Monforte 0,6 0,2

Nisa 1,0 0,0

Ponte de Sor 0,7 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 1,1
Sousel 0,6 Fonte: INE 2003

Consultas de saúde infantil em centros de saúde por habitantes residentes com menos de 15
anos, em 2003
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 7,1 Alto Alentejo 2,3
Arronches 4,7 Região Alentejo 1,8
Avis 0,8 Portugal 1,7
Campo Maior 1,1
Castelo de Vide 1,1 2,5

Crato 2,4
Elvas 2,9
2,0

Fronteira 3,6 1,5

Gavião 2,6 1,0


Marvão 1,6
Monforte 4,9 0,5

Nisa 1,0 0,0

Ponte de Sor 1,7 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 2,2
Sousel 1,4 Fonte: INE 2003

Consultas de saúde materna e obstetrícia em centros de saúde por mulheres residentes com
idade entre 15 a 64 anos, em 2003
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 0,24 Alto Alentejo 0,10
Arronches 0,14 Região Alentejo 0,11
Avis 0,06 Portugal 0,14
Campo Maior 0,16
Castelo de Vide 0,06 0,16

Crato 0,07 0,14

Elvas 0,10 0,12

Fronteira 0,13 0,10

Gavião 0,10 0,08

Marvão 0,10
0,06

0,04
Monforte 0,17 0,02
Nisa 0,05 0,00

Ponte de Sor 0,13 Castelo de Vide Distrito de Portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 0,05
Sousel 0,08 Fonte: INE 2003
Acesso à saúde 121

Respostas do Centro de Saúde de Castelo de Vide em 2003 e 2005


2003 2005
Inscritos no Centro de 4.052 4.290
Saúde
Primeiras consultas 2.762 2.686
Total de consultas 12.135 11.002
Fonte: Centro de Saúde de Castelo de Vide

Consultas realizadas no Centro de Saúde de Castelo de Vide em 2003 e 2005


2003 2005
Saúde Infantil (< 24 141 194
meses)
Saúde Infantil (2 – 13 277 266
anos)
Saúde Juvenil (14 – 18 112 118
anos)
Consultas Adultos 11.273 10.008
Planeamento Familiar 186 217
Saúde Materna 66 91
Domicílios 99 124
Fonte: Centro de Saúde de Castelo de Vide

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Acesso generalizado aos serviços de saúde.

Factores explicativos
• Dificuldade de mobilidade da população idosa;
• Falta de sensibilização para a importância das consultas
médicas de periódicas na especialidade de planeamento
familiar.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Garantir melhores condições de acesso aos serviços
de saúde à população com limitações de mobilidade;
• Sensibilizar para a importância do acompanhamento
médico.
122 Acesso à saúde

4.4. Identificação de Potencialidades, Debilidades,


Oportunidades e Ameaças

Potencialidades Debilidades

Capacidade de resposta dos equipamentos Vulnerabilidade da população aos


de saúde instalados problemas de saúde

Actividades de educação para a saúde nas Aumento dos comportamentos de risco


escolas
Exposição a factores de risco
Existência de equipamentos desportivos
Inexistência de serviço de cuidados
Organização de actividades pelo Gabinete
continuados destinados a grandes
de Desporto da Câmara Municipal
dependentes
propiciando a prática de estilos de vida
saudáveis Elevada prevalência de mortes causadas por
tumores malignos

Oportunidades Ameaças

Implementação de mecanismos de Aumento da procura dos serviços de saúde


divulgação de acções de rastreio
Evolução do sistema de saúde português
Reforço da educação para a saúde em
meio escolar e na comunidade

Concertar iniciativas que promovam o


envelhecimento activo
Acesso à saúde 123

Análise de Pontos Fracos

1. Vulnerabilidade da população aos problemas de saúde

O envelhecimento da população e o peso deste grupo na estrutura demográfica do concelho


favorece a prevalência das doenças crónicas típicas do envelhecimento, nomeadamente:
doenças osteoarticulares degenerativas; deficits sensoriais (visuais, auditivos), perturbações
do equilíbrio; afecções que limitam a mobilidade e autonomia deste grupo populacional
sendo causas favorecedoras de quedas de consequências graves; incontinência urinária que
favorece a auto-exclusão social; perturbações cognitivas cujo paradigma é a doença de
Alzheimer.

2. Aumento dos comportamentos de risco

Entre os jovens verifica-se um aumento dos comportamentos de risco traduzido no aumento


do sedentarismo, de desequilíbrios nutricionais, de condutas violentas, da morbilidade e
mortalidade por acidentes e de comportamentos potencialmente aditivos, relacionados
nomeadamente com o álcool, o tabaco e as drogas ilícitas, incrementadas pela valorização
destas nos hábitos de convívio e de lazer. Por outro lado a dificuldade em acompanhar os
hábitos sexuais da população juvenil promove as gravidezes indesejadas bem como as
doenças sexualmente transmitidas.

3. Exposição a factores de risco

A população idosa encontra-se exposta a uma série de riscos como o isolamento físico e
social, a imobilidade, o luto, a perda de autonomia, perda de papéis sociais, a morte de
amigos e parentes e a separação da família que propiciam o surgimento de transtornos
mentais, apresentando um alto risco de depressão, redução do funcionamento cognitivo,
fobias e risco de suicídio.
124 Acesso à saúde

4. Inexistência de serviço de cuidados continuados destinados a grandes dependentes


Ao longo dos últimos anos tem-se verificado a necessidade de implementar serviços de
cuidados continuados destinados a colmatar uma lacuna, no que se refere à escassez de
respostas adequadas que satisfaçam as necessidades de cuidados de saúde decorrentes de
situações de dependência, resultantes de doença de evolução prolongada, que se estima
virem a aumentar nas próximas décadas.

5. Elevada prevalência de mortes causadas por tumores malignos

A taxa de mortalidade por tumores malignos superior à média nacional poderá justificar a
realização de um estudo oncológico que permita determinar as causas da prevalência deste
fenómeno na população, e torna desejável a implementação dos objectivos estratégicos 1, 2
e 3 definidos no Plano Oncológico Nacional, nomeadamente:

• Efectuar um inquérito epidemiológico com vista a determinar a possível causalidade da


taxa de mortalidade por tumores malignos;

• Desenvolver a informação aos cidadãos no que respeita a hábitos e estilos de vida que
reduzam o risco de cancro;

• Intensificar os rastreios de cancro já implementados e permitir a avaliação de qualidade,


tendo em conta os princípios gerais que respeitam às actividades de rastreio oncológico.
Acesso à saúde 125

Análise de Pontos Fortes

1. Capacidade de resposta dos equipamentos de saúde instalados

A capacidade dos equipamentos de saúde instalados no concelho encontra-se ajustada à


procura dos serviços, permitindo uma resposta atempada às solicitações.

2. Actividades de educação para a saúde nas escolas

O trabalho desenvolvido em parceria entre o Centro de Saúde de Castelo de Vide e as


escolas do concelho constitui uma mais-valia em matéria de profilaxia, na medida em que
tem permitido a formação dos jovens por meio de acções preventivas centradas na saúde
sexual e reprodutiva e nas relações e prevenção da violência entre géneros.

3. Existência de equipamentos desportivos

A existência de equipamentos desportivos adaptados à prática desportiva de natureza


diferente como o pavilhão gimnodesportivo, as piscinas municipais, os cortes de ténis e o
circuito de manutenção, constituem um potencial para a promoção da saúde através da
prática desportiva.

4. Organização de actividades pelo Gabinete de Desporto da Câmara Municipal


propiciando a prática de estilos de vida saudáveis
126 Acesso à saúde

As actividades desenvolvidas pelo Gabinete de Desporto da Câmara Municipal,


nomeadamente a organização de caminhadas abertas à população e a ginástica adaptada
ao público idoso institucionalizado, permitem a promoção da saúde através do exercício
físico e favorecem o envelhecimento activo.

Análise de Oportunidades

1. Implementação de mecanismos de divulgação de acções de rastreio

O rastreio é muitas vezes a forma mais fácil de prevenir e diagnosticar antes do indivíduo se
tornar sintomático e permite, normalmente, um tratamento mais barato, menos doloroso e
com melhor prognóstico. A dimensão populacional do concelho facilita o rastreio em grupos
de risco, bastando que para isso se criem meios e mecanismos de divulgação da
importância do rastreio.

2. Reforço da educação para a saúde em meio escolar

A crescente consciencialização para a importância da educação para a saúde por parte dos
organismos nacionais e comunitários, poderá favorecer as acções já implementadas
regularmente no concelho, dotando-as de meios que permitam o reforço das actividades de
redução de comportamentos de risco, particularmente importante nesta fase do ciclo de vida
na medida em que os estilos de vida e comportamentos adoptados na infância e juventude
condicionam a saúde futura.
Acesso à saúde 127

3. Concertar iniciativas que promovam o envelhecimento activo

A concertação de iniciativas dispersas na comunidade destinadas quer a idosos


institucionalizados quer a idosos dotados de autonomia favorecerá a promoção do
envelhecimento activo reconhecendo a acção desenvolvida pelos mais idosos, valorizando o
seu contributo e destacando o papel positivo que desempenham na família e na sociedade.

Análise de Ameaças

1. Aumento da procura dos serviços de saúde

À semelhança do que se passará com os serviços de apoio social, o rápido processo de


envelhecimento da população e o consequente aumento do número de idosos e o
prolongamento da esperança média de vida significaram no decorrer das próximas décadas
um aumento da procura de serviços de saúde, exercendo pressão sobre a capacidade de
respostas dos equipamentos locais. A incapacidade de dotar os serviços existentes das
condições necessárias para fazer face ao aumento da procura significará inevitavelmente a
degradação da qualidade dos serviços prestados.

2. Evolução do sistema de saúde português


128 Acesso à saúde

Existem vários aspectos que poderão condicionar a evolução do sistema de saúde


português e da política de saúde em Portugal com repercussões ao nível local, desde logo
salienta-se a evolução do próprio “modelo social europeu” e a capacidade para garantir a
sua sustentabilidade e a manutenção do princípio da universalidade no acesso. Em segundo
lugar destaca-se as consequências da articulação de interesses entre, por um lado, as
politicas que perspectivam a saúde enquanto serviço social e serviço de interesse geral e,
por outro lado, o entendimento da actividade de prestação de cuidados de saúde como uma
actividade económica. Prevendo-se que as reformas do sistema de saúde se enquadrem
pela legislação europeia promotora de concorrência e da construção do próprio mercado
interno.
130 Acesso à saúde

5. Configuração e Dinâmica do Tecido


Empresarial
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 131

Enquadramento

O tecido empresarial português caracteriza-se pela predominância das pequenas e médias


empresas, revelando uma configuração bastante distinta e grandes insuficiências em matéria de
produtividade e competitividade, quando comparado com as restantes economias da União
Europeia. Segundo a OCDE 2 no final da década de 90 os serviços (incluindo os serviços
públicos, mas excluindo o comércio, os hotéis e a restauração) representavam na União
Europeia 55% do valor bruto da produção e em Portugal 49%. Portugal apresenta valores
percentuais mais elevados que a UE nas actividades menos intensivas em conhecimento e
tecnologia (agricultura e construção), com um perfil muito semelhante ao da Espanha. A
importância que o sector da construção evidencia no sul da Europa (Portugal, Espanha e Grécia
com cerca de 7%) reflecte os fortes investimentos em infra-estruturas físicas.

A indústria transformadora apresenta valores de produção percentual muito semelhantes à


média da União Europeia, mas internamente dominam actividades menos intensivas em
tecnologia. As indústrias transformadoras de alta e média-alta intensidade tecnológica (segundo
a mesma fonte estatística) representavam no final dos anos 90 na União Europeia cerca de 8,4%
do valor bruto da produção, enquanto em Portugal detinham 4,4%. Em termos comparativos é de
referir o caso da Irlanda, que apostou fortemente na última década nas indústrias de maior
intensidade tecnológica, as quais representam actualmente mais de 16,4% do valor bruto da
produção, duplicando o valor europeu.

Por outro lado, nos serviços de telecomunicações e nos serviços financeiros e seguros, Portugal
apresenta uma percentagem que já ultrapassa o valor médio europeu (7,7% para a UE e 8,7%
para Portugal). Para a maior parte dos países europeus são sobretudo os serviços às empresas
que representam a maior parcela do valor bruto da produção.

Um dos indicadores mais utilizados na avaliação dos níveis tecnológicos das diferentes
economias é a dimensão e o crescimento do sector das TIC. Portugal, Espanha e Itália surgem
na cauda dos países da União Europeia nas indústrias TIC, pois evidenciam uma fraca
importância na indústria transformadora (a Irlanda lidera os países europeus). Relativamente a
estes serviços, Portugal está razoavelmente pautado num contexto em que são os países
nórdicos que lideram a tabela da Europa.

2OCDE 2001. Tableu de Bord l’OCDE de la Science, de la Technologie et de l’Industrie. Vers une Économie Fondée
sur le Savoir. Paris. OCDE.
132 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Em termos globais, Portugal sentiu ao longo da última década a diminuição do contributo do


sector primário para o total do emprego, uma tendência regressiva do sector industrial e uma
progressiva «terciarização» da economia. Em termos industriais, houve um reforço do sector
automóvel e das máquinas e do material eléctrico no perfil das exportações, enquanto o
vestuário e o calçado têm vindo a decrescer abruptamente (sobretudo o vestuário).

5.1. Estrutura de Actividades


Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Distribuição das sociedades comerciais pelos


sectores de actividade
• Distribuição das empresas pelos CAE mais
relevantes
• Número total de sociedades sediadas por
concelho
• Sociedades do sector primário no total de A avaliação detalhada da actividade produtiva,
sociedade sediadas por concelho em 2005 permite a identificação dos sectores produtivos
• Sociedades do sector secundário no total de estratégicos.
sociedade sediadas em 2005
• Sociedades do sector terciário no total de
sociedade sediadas em 2005
• Sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no
total de empresas sediadas por concelho em
2005
• Sociedades de comércio por grosso e retalho
(CAE - G) no total de empresas sediadas por
concelho em 2005
• Sociedades de alojamento e restauração (CAE
- H) no total de empresas sediadas por
concelho em 2005

A análise dos indicadores considerados para ilustrar a dinâmica do tecido empresarial permite
constatar um débil desenvolvimento da actividade produtiva no concelho de Castelo de Vide. De
facto a importância relativa do sector empresarial do concelho é bastante diminuta quando
analisada à luz da situação nos restantes concelho do distrito de Portalegre, de um total de 3.232
sociedade comerciais 3 sediadas no distrito apenas 90, correspondo a 2,8%, se encontram no
concelho.

3
Por sociedade comercial entende-se uma sociedade que tem por objectivo a prática de actos de comércio e que
adopte um dos tipos previstos no Código das Sociedades Comerciais (anónimas, por quotas, em nome colectivo e
em comandita). Optou-se por focalizar a análise apenas nas sociedades comerciais em detrimento das empresas,
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 133

Relativamente à estrutura das actividades económicas esta caracteriza-se por uma prevalência
do sector terciário (comércio e serviços) representando cerca de 69% das sociedades existentes,
seguida do sector secundário (industria e construção) representando cerca 19% e do sector
primário (agricultura) representando 12% das sociedades sediadas no concelho.

Ao nível concelhio o sector primário apresenta uma retracção comparativamente ao que se


passa na região Alentejo, no entanto a sua relevância relativa na economia local mantém-se
bastante acima da verificada em termos nacionais. As tendências de evolução ao nível do
enquadramento externo – reforma da PAC e o fenómeno da globalização – vão continuar a
exercer uma pressão concorrencial intensa sobre a agricultura nacional e local, pelo que a
evolução futura deste sector dependerá da capacidade de ajustamento às suas condicionantes
estruturais, a nível europeu e mundial.

As sociedades do sector secundário têm um peso relativo na economia do concelho semelhante


ao verificado na região Alentejo mas inferior à média nacional. Neste sector destacam-se em
termos de importância relativa as empresas de construção civil e a indústria de engarrafamento
de água mineral.

O sector do comércio e serviços apresenta uma grande preponderância na estrutura da


economia local à semelhança do que se passa no país, destacando-se ao nível local o comércio
por grosso e a retalho (que representam 25,5% das sociedade comerciais) e o sector do
alojamento e restauração, de importância crucial na estrutura empresarial do concelho.

pelo facto das fontes de informação permitirem uma caracterização mais fidedigna e completa do conceito
seleccionado.
134 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Indicadores

Distribuição das sociedades comerciais pelos sectores de actividade, em 2003


Sector de Actividade %
Sector primário 12,2 %
Sector secundário 18,9 %
Sector terciário 68,9 %
Sector Primário
Sector Secundário
Sector Terciário

Total 100 %

Número de sociedades 90
Fonte: INE 2004

Distribuição das empresas pelos CAE mais relevantes, em 2003


Classificação das actividades económicas N.
CAE A - Agricultura, produção animal e silvicultura 11

CAE F - Construção 10

CAE G - Comércio por grosso e a retalho 23

CAE H - Alojamento e restauração 17


Configuração e dinâmica do tecido empresarial 135

25

20

15

10

CAE K – Activ. imobiliárias e serviços prestados às


empresas 10 0
CAE A CAE F CAE G CAE H CAE K

Fonte: INE 2004

Número total de sociedades sediadas por concelho, em 2005


Concelhos N. %
Relevância do concelho no tecido empresarial do
2,8 %
Alter do Chão 90 distrito
Arronches 49
Avis 123
Campo Maior 196
Castelo de Vide 90
Crato 71
Elvas 804
Fronteira 97
Gavião 100
Marvão 71
Monforte 67 Dist rit o de Port alegre

Nisa 158
Cast elo de Vide

Ponte de Sor 375


Portalegre 785
Sousel 156 Fonte: INE 2005

Sociedades do sector primário no total de sociedade sediadas por concelho em 2005


Concelhos % Região %
Alter do Chão 18,9 % Alto Alentejo 15 %
Arronches 28,6 % Região Alentejo 14,3 %
Avis 26,8 % Portugal 2,7 %
Campo Maior 21,4 %
Castelo de Vide 12,2 % 16

Crato 19,7 %
Elvas 16,2 % 12

Fronteira 35,1 %
Gavião 21 % 8

Marvão 8,5 % 4
Monforte 35,8 %
Nisa 13,3 % 0

Ponte de Sor 11,5 % Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 5,1 %
Sousel 23,7 % Fonte: INE 2005
136 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Sociedades do sector secundário no total de sociedade sediadas em 2005


Concelhos % Região %
Alter do Chão 23,3 % Alto Alentejo 18,7 %
Arronches 32,7 % Região Alentejo 19,5 %
Avis 17,1 % Portugal 23,6 %
Campo Maior 17,3 %
Castelo de Vide 18,9 % 25

Crato 28,2 %
Elvas 15,2 %
20

Fronteira 21,6 % 15

Gavião 28 % 10
Marvão 25,4 %
Monforte 31,3 % 5

Nisa 26,6 % 0

Ponte de Sor 17,6 % Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 16,1 %
Sousel 16 % Fonte: INE 2005

Sociedades do sector terciário no total de sociedade sediadas em 2005


Concelhos % Região %
Alter do Chão 57,8 % Alto Alentejo 66,4 %
Arronches 38,8 % Região Alentejo 66,2 %
Avis 56,1 % Portugal 73,7 %
Campo Maior 61,2 %
Castelo de Vide 68,9 % 80

Crato 52,1 % 70

Elvas 68,7 % 60

Fronteira 43,3 % 50

Gavião 51 % 40

Marvão 66,2 %
30

20
Monforte 32,8 % 10

Nisa 60,1 % 0

Ponte de Sor 70,9 % Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 78,9 %
Sousel 60,3 % Fonte: INE 2005

Sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total de empresas sediadas por concelho em 2005
Concelhos % Região %
Alter do Chão 18,9 % Distrito de Portalegre 14,7 %
Arronches 28,6 % Região Alentejo 13,6 %
Avis 26,8 % Portugal 2,5 %
Campo Maior 21,4 %
Castelo de Vide 12,2 % 16

Crato 18,3 % 14

Elvas 15,9 % 12

Fronteira 35,1 % 10

Gavião 21,0 % 8

Marvão 8,5 % 6

Monforte 34,3 % 4

Nisa 12,0 % 2
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 137

Ponte de Sor 10,9 %


Portalegre 4,8 %
Sousel 22,4 % Fonte: INE 2005

Sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total de empresas sediadas por
concelho em 2005
Concelhos % Região %
Alter do Chão 23,3 % Distrito de Portalegre 27,9 %
Arronches 20,4 % Região Alentejo 28,1%
Avis 23,6 % Portugal 27,6 %
Campo Maior 27,0 %
Castelo de Vide 25,6 % 30

Crato 22,5 % 25

Elvas 29,0 %
20
Fronteira 18,6 %
Gavião 19,0 % 15

Marvão 16,9 % 10

Monforte 19,4 % 5

Nisa 28,5 % 0

Ponte de Sor 34,9 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 30,4 %
Sousel 25,0 % Fonte: INE 2005

Sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total de empresas sediadas por concelho


em 2005
Concelhos % Região %
Alter do Chão 10,0 % Distrito de Portalegre 9,4 %
Arronches 10,2 % Região Alentejo 8,1 %
Avis 7,3 % Portugal 8,1 %
Campo Maior 10,2 %
Castelo de Vide 18,9 % 20

Crato 14,1 %
Elvas 7,8 % 15

Fronteira 4,1 %
Gavião 8,0 %
10

Marvão 23,9 % 5

Monforte 1,5 %
Nisa 8,9 % 0

Ponte de Sor 6,9 %


Cast elo de Vide Dist r it o de Port alegre Região Alent ejo Port ugal

Portalegre 11,6 %
Sousel 5,8 % Fonte: INE 2005

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Pequena dimensão do tecido empresarial;
• Preponderância do sector do comércio e serviços na economia
local;
• Pouca diversificação da natureza das actividades das
sociedades do sector secundário;
138 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

• Importância estratégica do sector das actividades de alojamento


e restauração
Factores explicativos
• Indústria de forte intensidade em recursos naturais, cuja
competitividade se realiza pela acessibilidade aos recursos
naturais;
• As características e atractividade do território favorecem a
actividade no sector do turismo.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Diversificação do tecido empresarial local;
• Criar condições à fixação de empresas não poluentes e
de elevada incorporação tecnológica;
• Incentivar públicos e mercados de escoamento de
produtos de qualidade ambiental.

5.2. Desempenho Económico


Configuração e dinâmica do tecido empresarial 139

Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Volume de negócios das sociedades sediadas


em Castelo de Vide pelos CAE mais relevantes
(em milhares de euros)
• Volume total de negócios das sociedades, por
concelho (em milhares de euros) A análise do desempenho económico permite
• Volume de negócios das sociedades agrícolas caracterizar os desempenhos sectoriais e a
e silvícolas (CAE - A) no total do volume de
rentabilidade global dos processos produtivos.
negócios do concelho em 2004
• Volume de negócios das sociedades de
comércio por grosso e retalho (CAE - G) no
total do volume de negócios do concelho em
2004
• Volume de negócios das sociedades de
alojamento e restauração (CAE - H) no total do
volume de negócios do concelho em 2004
• Volume de negócios das sociedades de
alojamento e restauração (CAE - H) no total do
volume de negócios do concelho em 2004

A análise do volume de negócios reforça a ideia de um fraco desempenho da economia local no


contexto do distrito, no entanto, esta análise deve ser relativizada tendo em consideração a
preponderância do desempenho de concelhos como Portalegre, Campo Maior, Elvas e Ponte de
Sor que, por si só, representam 81,3% do volume de negócios gerado no distrito. Refira-se que o
indicado utilizado (volume de negócios) não toma em consideração os custos e perdas de
produção, restringindo-se apenas à quantia líquida das vendas e prestações de serviços
respeitantes às actividades normais das entidades, no entanto, dada a falta de informação de
outra natureza, este é o melhor indicador disponível para caracterizar o desempenho económico
do tecido empresarial.

Como se pode constatar a partir dos diferentes indicadores apresentados, o desempenho


económico do concelho tem por base sobretudo o desempenho destacado do sector do
comércio por grosso e a retalho relativamente aos outros sectores. O peso relativo das
actividades de hotelaria e restauração na economia local é também assinalável, sobretudo
quando comparado com o peso relativo verificado na economia nacional.
140 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Indicadores

Volume total de negócios das sociedades, por concelho (em milhares de euros) em 2004
Concelhos N. %
Relevância do concelho no volume total de negócios
1,1%
Alter do Chão 10.676 do distrito
Arronches 8.470
Avis 25.056
Campo Maior 254.365
Castelo de Vide 13.907
Crato 13.529
Elvas 225.903
Fronteira 11.204
Gavião 11.233
Marvão 12.980
Monforte 32.539 Distrito de Portalegre
Castelo de Vide

Nisa 34.175
Ponte de Sor 107.264
Portalegre 420.358
Sousel 58.359 Fonte: INE 2005

Volume de negócios das sociedades sediadas em Castelo de Vide pelos CAE mais relevantes (em
milhares de euros) em 2004
Classificação das actividades económicas N.
CAE A - Agricultura, produção animal e 10 000

silvicultura 461 8 000

6 000

CAE F - Construção 1 191


4 000

CAE G - Comércio por grosso e a retalho 9 228 2 000

CAE H - Alojamento e restauração 1 798


CAE A CAE F CAE G CAE H CAE K

CAE K – Activ. imobiliárias e serviços prestados


às empresas 559

Fonte: INE 2005

Volume de negócios das sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total do volume de


negócios do concelho em 2004
Concelhos % Região %
Alter do Chão 11,3 % Distrito de Portalegre 4,5 %
Arronches 11,3 % Região Alentejo 5,8 %
Avis 13,1 % Portugal 0,9 %
Campo Maior 1,3 %
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 141

Castelo de Vide 3,3 % 6

Crato 5,8 %
Elvas 4,8 % 4

Fronteira 24,5 %
Gavião 20,5 %
Marvão 2,6 % 2

Monforte 7,3 %
Nisa 8,0 % 0
Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal
Ponte de Sor 15,2 %
Portalegre 1,1 %
Sousel 7,3 % Fonte: INE 2005

Volume de negócios das sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total do
volume de negócios do concelho em 2004
Concelhos % Região N.
Alter do Chão 28,4 % Distrito de Portalegre 52,2 %
Arronches 17,5 % Região Alentejo 43,7 %
Avis 43,9 % Portugal 38,7 %
Campo Maior 75,2 %
Castelo de Vide 66,4 % 70

Crato 54,3 % 60

Elvas 65,5 % 50

Fronteira 49,4 % 40

Gavião 28,9 % 30

Marvão 26,5 % 20

Monforte 57,4 % 10

Nisa 54,4 % 0
Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal
Ponte de Sor 59,7 %
Portalegre 31,1 %
Sousel 53,2 % Fonte: INE 2005

Volume de negócios das sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total do volume de


negócios do concelho em 2004
Concelhos N. Região N.
Alter do Chão 11,9 % Distrito de Portalegre 2,7 %
Arronches 1,4 % Região Alentejo 1,8 %
Avis 2,1 % Portugal 2,0 %
Campo Maior 1,3 %
Castelo de Vide 12,9 % 14

Crato 6,8 % 12

Elvas 5,6 % 10

Fronteira – 8

Gavião 5, 5 % 6

Marvão 8,6 % 4

Monforte – 2

Nisa 2,8 % 0
Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal
Ponte de Sor 1,9 %
Portalegre 2,0 %
Sousel 0,6 % Fonte: INE 2005
142 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Fraco desempenho económico
Factores explicativos
• Baixos índices de produtividade associados a empresas de
mão-de-obra intensiva.
• Baixa articulação entre as necessidades ao nível dos
recursos humanos (formativas e de competências) e as
potencialidades locais.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Aposta em serviços e produtos de maior valor
acrescentado
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 143

5.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

Posicionamento geográfico no contexto Fraca atractividade do território para o


Ibérico investimento

Recursos naturais (não pressionados) Défice de condições à fixação de


investimento
Atractividade do território em termos
ambientais, paisagísticos e culturais. Falta de associativismo empresarial

População activa envelhecida e com


qualificações desajustadas

Oportunidades Ameaças

Existência de oportunidades de mercado Esgotamento da viabilidade de exploração


dos recursos
Mudanças demográficas na sociedade
europeia Degradação ambiental

Valorização do património natural e Novos destinos turísticos


humano
Incapacidade para aproveita as
oportunidades

Interioridade (distância aos centros de


decisão e consumo)
144 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Análise de Pontos Fracos

1. Fraca atractividade do território para o investimento

Em contraponto à tradicional análise de tipo geopolítico (relevo dado aos factores


geográficos na conduta dos Estados como actores na vida internacional) está hoje a afirmar-
se o termo “geoeconomia”, para significar a importância das localizações e das dinâmicas
espaciais dos processos económicos. São várias as condicionantes da fraca atractividade do
concelho para o investimento, desde logo pela sua situação geográfica afastada dos grandes
centros de desenvolvimento do país e das acessibilidades a esses mesmos pólos de
desenvolvimento nacional. O território do concelho detém assim uma posição periférica no
espaço económico, perspectivado enquanto um espaço de trocas, de interacções e de
fluxos. Às condicionantes geográficas alia-se o envelhecimento da população e o baixo nível
de qualificação da mão-de-obra, ambos fenómenos pouco atractivos ao investimento
económico.

2. Défice de condições à fixação de investimento

O concelho apresenta factores endógenos que dificultam a fixação do investimento


económico, nomeadamente o subaproveitamento da zona industrial, detentora do potencial
de promoção do crescimento industrial do concelho, nomeadamente pequenas e médias
empresas industriais de actividade diversificada e inserida nos diferentes ramos de
actividade. Acresce a este factor a pequena dimensão do mercado local com uma
capacidade limitada de consumo tida em conta na ponderação dos investidores.

3. Falta de associativismo empresarial

A falta de associativismo local consiste num dos vários entraves ao desenvolvimento


empresarial, na medida em que o associativismo é uma forma de alargamento da cidadania
empresarial. Através da ligação a parceiros com pontos de vista partilhados e visões
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 145

complementares da actividade económica e das suas envolventes, é possível potenciar as


acções e os seus efeitos, surgindo junto da comunidade de uma forma concertada.

A participação no diálogo público ganha credibilidade através das associações, permitindo


evidenciar as mensagens-chave que extravasam os interesses particulares de cada
empresa. Criando sinergias, colocam-se em campo estratégias de benefício mútuo e
geradoras de debate. Participando activamente nas associações de âmbito local as empresa
ganham valor acrescentado em eficácia e partilha de know-how, pelo que se torna
fundamental a promoção da parcerias no tecido empresarial local.

Análise de Pontos Fortes

1. Posicionamento geográfico no contexto Ibérico

Apear do posicionamento periférico relativamente ao espaço económico nacional, a grande


proximidade de Espanha e a localização em zona transfronteiriça confere ao concelho um
potencial de desenvolvimento. O aproveitamento desta vantagem dependente, contudo, da
melhoria de cooperação, do fluxo de informação e da transferência de competências no
âmbito da gestão e da tecnologia, bem como da elaboração de estudos e prospecção de
mercados, através do fomento de redes transfronteiriças de relações económicas entre PME
para a criação ou expansão de organizações de desenvolvimento comercial, profissional e
transfronteiriço.

2. Recursos naturais (não pressionados)

As particularidades físico-químicas da água das quais resultam propriedades terapêuticas e


efeitos favoráveis à saúde possibilitam a revitalização do termalismo e das actividades que
lhe estão associados. A par destes é possível articular a constituição e oferta de serviços
turísticos para além da hospedagem.

3. Atractividade do território em termos ambientais, paisagísticos e culturais


146 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

A forte atractividade do território em termos ambientais, paisagísticos e culturais, constatável


pelo elevado número de visitantes favorece o desenvolvimento de actividades hoteleiras e
de restauração mas também do comércio. A preservação do património paisagístico, dos
recursos naturais e da qualidade ambiental constituem elementos essenciais do
desenvolvimento sustentável e da valorização do território. A multifuncionalidade aliada às
actividades agrícolas e florestais, e a diversificação de actividades nos espaços rurais
poderão constituir factores de dinamização do desenvolvimento económico e social das
zonas rurais.

Análise de Oportunidades

1. Existência de oportunidades de mercado

O concelho apresenta alguns sectores com capacidade potencial para garantir uma maior
coesão com as regiões mais desenvolvidas, nomeadamente os sectores do turismo e dos
serviços de apoio. Para fazer face a estas oportunidades a renovação do tecido empresarial
local necessita de uma maior iniciativa empresarial, entendida como a criação de empresas
para explorar novas ideias. Apenas através dessa iniciativa, privada, se conseguirá uma
efectiva renovação da economia do concelho, que permita uma melhoria significativa da
capacidade de gerar riqueza. Há factores facilitadores e de conhecimento específico de
como criar empresas e de identificação de padrões de sucesso no nascimento e crescimento
de nova empresas, Porém, é certo que outros factores fundamentais, como a identificação
de oportunidades de negócio, têm muito de intuição e de atenção.
Configuração e dinâmica do tecido empresarial 147

Entre as oportunidades emergentes destaca-se o turismo, crescentemente considerado


como um factor essencial na integração das economias das regiões europeias e na melhoria
dos seus recursos culturais e naturais. A introdução do euro, o desenvolvimento das redes
de transportes, o funcionamento mais eficaz do mercado único e a rápida expansão das
novas tecnologias e instrumentos tornados disponíveis pela sociedade de informação
facilitarão a mobilidade dos cidadãos e contribuirão para uma maior internacionalização dos
fluxos turísticos europeus. Aliás, as actividades relacionadas com o turismo adquirem uma
importância crescente não apenas ao nível local como europeu, de facto, as actividades
relacionadas com o turismo representam já uma percentagem significativa de postos de
trabalho na Europa, bem como um vasto leque de profissões, tendo também um obvio
potencial de criação de emprego (prevê-se que o turismo – que actualmente emprega 9
milhões de pessoas – possa vir a criar entre 2,2 e 3,3 milhões de novos empregos em 2010,
com base numa taxa de crescimento anual de 1,0% –1,5% 4.

2. Mudanças demográficas na sociedade europeia

Existem influências importantes que no futuro se irão combinar para fornecer novas
oportunidades de mercado às empresas europeias, em especial às PME. Entre elas
encontra-se o fenómeno do “envelhecimento demográfico” que irá alterar profundamente a
forma da sociedade europeia nas próximas décadas. De facto, nos próximos 20 anos, a
população acima da idade-padrão da reforma (65 anos) irá aumentar em 17 milhões, sendo
que estes números crescerão ainda mais nas décadas subsequentes. Este grupo alargado
de idosos irá, ao atingir a idade de reforma, gozar de melhor saúde, maior esperança de vida
e mais riqueza e rendimento disponível do que as gerações anteriores, contribuindo assim
para um posterior desenvolvimento do turismo. Dado que essas pessoas terão menos
probabilidades de concentrarem as suas actividades turísticas em “estações de ponta”, por
não terem que se preocupar com férias laborais e escolares, poderão também ajudar a
combater a sazonalidade da procura de serviços turísticos.

4 Conclusões do Grupo de Alto Nível sobre Turismo e Emprego, Comissão Europeia – DG XXIII, Outubro de 1998.
148 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

Análise de Ameaças

1. Esgotamento da viabilidade de exploração dos recursos


Configuração e dinâmica do tecido empresarial 149

O esgotamento e/ou a perda do interesse económico da exploração dos recursos naturais do


concelho terão um impacto significativo quer no emprego quer na dinâmica do tecido
empresarial local.

2. Degradação ambiental

A atractividade do território está directamente relacionada com os padrões de qualidade


ambiental, pelo que a degradação deste factor gerará uma inversão da tendência de
atractividade do território. O reconhecido potencial do turismo para contribuir para a
diversificação de actividades económicas, sobretudo nos casos em que o sector da
agricultura está em declínio, apenas será possível adoptando uma abordagem sustentável e
integrada que satisfaça a procura de qualidade por parte dos turistas, confira benefícios às
empresas e às comunidades locais e preserve o património natural (paisagem e
biodiversidade) e cultural (arquitectura, artesanato e tradições).

3. Novos destinos turísticos

Com a forte concorrência dos destinos turísticos emergentes, sobretudo extra-europeus,


torna-se fundamental incentivar o processo de modernização dos serviços relacionados com
o turismo e desenvolver uma nova cultura empresarial neste domínio, tornando o turismo
uma industria mais competitiva, capaz de manter posição face à forte concorrência.

4. Incapacidade para aproveita as oportunidades

Não basta a existência de oportunidades há que estar capacitado para as aproveitar nesse
sentido há que fomentar o empreendorismo a nível local. O empreedorismo relaciona-se
menos com os níveis de educação, e mais com capacidades para delinear um quadro de
referência de investimento estratégico no âmbito das oportunidades emergentes. Desta
forma, o aproveitamento das oportunidades está dependente do desenvolvimento de
capacidades e características individuais dos potenciais empresários: autonomia, avaliação
de riscos, informação e conhecimentos, capacidade de decisão, criação de contactos,
capacidade concretizadora, compromisso, dedicação, identificação de oportunidades,
liderança, organização, optimismo, planeamento, trabalho em equipa e visão estratégica.
150 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

5. Interioridade (distância aos centros de decisão e consumo)

Os desequilíbrios regionais são um dos motivos comummente apresentados para explicar o


atraso de desenvolvimento verificado nos concelhos do interior do país. A desertificação de
largas faixas do espaço nacional torna-se um fenómeno de importância crescente e significa
um desequilíbrio do desenvolvimento regional e uma disparidade entre os níveis de
produção, de rendimento e de poder de compra entre litoral e interior.
152 Configuração e dinâmica do tecido empresarial

6. Capital humano e emprego


Capital humano e emprego 153

Enquadramento

O trabalho ocupa hoje em dia um lugar e uma função central nas ligações sociais e na realização
individual, sendo a falta de emprego um dos principais factores de desintegração social e de
desregulação individual. A sociedade actual obriga a que os indivíduos organizem as suas vidas
em função do trabalho, que constitui um factor determinante de integração social,
correspondendo o desemprego e a falta de horizontes profissionais a uma fonte de exclusão
tanto para os adultos como para os jovens.

O desemprego é uma das principais ameaças à coesão social e territorial. Em Portugal, nos
últimos anos, houve um forte reforço da participação da mulher no mercado de trabalho e os
jovens à procura de emprego não pararam de aumentar; há uma fraca incidência do desemprego
estrutural (com algumas excepções, nomeadamente nas zonas do interior), mas tem-se
verificado alguma progressão do desemprego de activos qualificados e uma crescente incidência
do desemprego de longa duração em categorias específicas de trabalhadores. Por outro lado, há
uma desadequação entre a oferta de qualificações e a procura de competências. A oferta de
formação é definida e identificada a partir de interesses institucionais e raramente fruto de uma
avaliação das necessidades presentes e potenciais da procura. Genericamente tem-se apostado
em políticas passivas, viradas para a protecção dos rendimentos, e menos em políticas activas
que melhorem as probabilidades de os indivíduos encontrarem ou criarem emprego.

A dinâmica global de funcionamento do mercado de trabalho demonstra, também, processos de


segmentação territorializada. O funcionamento do mercado de trabalho em Portugal foi
influenciado pelas insuficiências do sistema educativo dos anos 80, que não foi capaz de atrair
uma massa importante de jovens ou não os conseguiu reter. O abandono precoce da escola não
produziu as qualificações e os níveis de instrução compatíveis e desejáveis para o reforço da
instrução dos actuais empregados. Por outro lado, alguns modelos empresariais, passíveis de
identificação em termos territoriais, favorecem entradas precoces no mercado de trabalho sem
qualificações, que contribuem para a desvalorização da escola e para o abandono e insucesso
escolares. Nestes contextos sociais, os modelos empresariais condicionam as escolhas
individuais e contribuem para opções imediatas que limitam as capacidades futuras dos
indivíduos. A família tem aqui também um papel inibidor, na medida em que apoia a saída da
escola precocemente e não incentiva a permanência e a valorização individual. Trata-se de uma
154 Capital humano e emprego

questão sociocultural que uma politica assente simplesmente na acessibilidade aos recursos de
educação não resolve.

A existência de um grande volume de trabalhadores sem «qualificações alargadas» faz com que,
numa situação eventual de desemprego, estes tenham fracas probabilidades de conseguir
integrar novamente o mercado de trabalho. Diminuem as possibilidades de obter um novo
emprego minimamente compatível com a situação que tinham anteriormente, o que significa que
as liberdades individuais estão em parte comprometidas.

Face a este contexto organizámos este capítulo em três vectores analíticos: estrutura do
emprego; profissões e qualificações e desemprego.

6.1. Estrutura do Emprego


Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Distribuição do emprego pelos principais ramos


de actividade no concelho de Castelo de Vide
em 2001
• Empregados no ramo agrícola no total de A análise da estrutura do emprego permite inferir
empregados por concelho em 2001 conclusões sobre a estrutura produtiva e as formas
• Empregados no ramo da construção civil no de empregabilidade da mão-de-obra no concelho.
total de empregados por concelho em 2001
• Empregados no ramo da hotelaria no total de
empregados por concelho em 2001
• Empregados na administração pública no total
de empregados por concelho em 2001
• Empregados no ramo da acção social no total
de empregados por concelho em 2001

A análise dos indicadores da estrutura do emprego permitem confirmar a fraca diversificação da


natureza das actividades produtivas e observar uma concentração do emprego em sectores que,
pela sua importância na criação de emprego, consideramos estratégicos ao nível local. Em
termos de importância na afectação de mão-de-obra destaca-se o sector estado enquanto
principal empregador do concelho, seguido de outros sectores importantes na criação de
emprego, designadamente:

• O sector da construção, com um peso muito significativo na empregabilidade de mão-de-


obra. Tradicionalmente, este sector é considerado como um motor da economia portuguesa
e gerador de emprego. O sector da construção, no concelho de Castelo de Vide, tal como no
resto do país e mesmo da União Europeia, está assente numa estrutura empresarial onde
Capital humano e emprego 155

predominam as pequenas empresas, a maioria das vezes não especializadas. Sendo o


mercado destas empresas, o mercado local ou regional, estas estão dependentes da
conjuntura desses mercados, exigindo uma constante adaptação da dimensão das
empresas consoante as solicitações do mercado.

O processo de modernização deste sector assenta em factores como a antecipação das


exigências dos clientes e investimentos ligados às novas tecnologias, aos novos materiais e
ao planeamento articulado das obras entre os diversos intervenientes. As características
específicas da mão-de-obra deste sector, predominantemente de mão-de-obra intensiva,
apresentam alguns constrangimentos ao seu desenvolvimento, nomeadamente: peso
elevado da mão-de-obra masculina e jovem; elevado número de trabalhadores com
qualificação incipiente; elevada precariedade e rotatividade do emprego. Outra condicionante
consiste em estar-se perante trabalhos cíclicos, o que proporciona a existência de um
número reduzido de pessoas no quadro inibindo a formação. Com efeito, para as empresas,
não faz muito sentido formar pessoas que rapidamente se transferem para outra empresa.
Esta situação é também desmotivante para os próprios trabalhadores.

As estratégias para este sector passam pela capacitação das empresas para responderem a
necessidades de mercados específicos, como a recuperação e manutenção de edifícios,
sendo uma área de negócio com elevada potencialidade ao nível local.

• Os serviços de acção social, que constituem um sector de importância crescente no


concelho dado o aumento da população dependente, nomeadamente de idosos, tratam-se
de serviços de proximidade que respondem a procuras individuais ou colectivas, e
contribuem para a qualidade de vida quotidiana. No concelho de Castelo de Vide são as
Instituições Particulares de Solidariedade Social 5 as entidades responsáveis pelo emprego
criado nesta área, desenvolvendo serviços de acção social com o objectivo de assegurar, de
forma directa num quadro de proximidade física ou relacional, a valorização das pessoas, o
seu bem-estar e qualidade de vida e a coesão da comunidade local. Refira-se que este
emprego é gerado fora dos modelos de organização tradicionais da economia afastado,
portanto, de uma lógica de economia de mercado, sendo edificado no âmbito da designada
economia social. Sendo um emprego tendencialmente com maior qualidade,
5
Centro Paroquial de Assistência; Lar da Terceira Idade de Póvoa e Meadas; Fundação Nossa Senhora da
Esperança e Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide.
156 Capital humano e emprego

comparativamente ao gerado no âmbito da economia de mercado, refira-se contudo a


fragilidade da sua sustentabilidade dadas as limitações financeiras destas instituições e a
sua dependência dos acordos de cooperação estabelecidos com a Segurança Social.

• O sector hoteleiro surge como o quarto sector em termos de criação de emprego no


concelho. A importância do sector hoteleiro está directamente relacionada com as
características do concelho que contribuem para a sua atractividade enquanto destino
turístico, na medida em que possui um rico e diversificado património que sustenta a procura
turística quer temática quer mais generalista (como são o clima favorável, uma população
acolhedora e de comunicação fácil e uma diversidade potencial da oferta turística, ainda que
pouco explorada). O concelho tem ainda a seu favor uma grande diversidade fisiográfica,
com paisagens, gastronomia, património, ambientes e culturas que podem responder a
diferentes motivações. Por outro lado, a integração do país na União Europeia e na zona
Euro, associadas a uma imagem de destino seguro, contribuem para reforçar a atractividade
da região. Muitos dos pontos fracos identificados no turismo podem ser equiparados a
limitações encontradas em outros sectores de actividade nacionais, na indústria e nos
serviços, dado o seu carácter transversal. Assim, os vectores estratégicos passam em
grande parte por uma maior e melhor cooperação entre agentes públicos e privadas, e
destes entre si, para além de um reforço das preocupações com actividades em que
caracteristicamente as empresas portuguesas apresentam maiores dificuldades, como o
marketing e a gestão estratégica.

Desta forma destacam-se como especialmente relevantes alguns vectores, como a


promoção da qualidade global, ao nível do ambiente, do ordenamento do território, do
cuidado com os espaços públicos e da rede de comunicações, passando pela qualidade dos
serviços de apoio. Acções nesse sentido partem sem dúvida da consciencialização e
responsabilização dos diversos agentes, não apenas públicos como sobretudo privados.

A forte concorrência entre destinos obriga à procura de um equilíbrio dinâmico entre as


expectativas do turista que procura o destino Castelo de Vide e a qualidade do serviço
oferecido, de forma a garantir a sua fidelização. O desenvolvimento do turismo numa óptica
de articulação com o aumento do nível de bem-estar da população e com o reforço da
identidade local potencia os efeitos multiplicadores desta actividade e contribui para a
Capital humano e emprego 157

melhoria da imagem da região a todos os níveis. Um outro vector estratégico fundamental na


vitalização do sector refere-se ao desenvolvimento de actividade de apoio como por exemplo
a animação, permitindo o combate aos problemas de excessiva sazonalidade.

• A agricultura constitui um quinto sector importante na criação de emprego, no entanto as


tendências de evolução ao nível do enquadramento externo – reforma da PAC e o fenómeno
da globalização – vão continuar a exercer uma pressão concorrencial intensa sobre a
agricultura nacional e local, o que se repercute numa concorrência cada vez mais baseada
no factor preço para uma gama alargada de produtos e num progressivo esmagamento das
margens de exploração. Esta situação é ampliada pelo facto da agricultura e pecuária
nacionais se encontrarem num processo de ajustamento estrutural face a outros países da
EU.

Como vem sendo referido por diversos estudos e relatórios, o futuro do sector agrícola
dependerá da capacidade de resposta do sector a dois níveis: 1) obtenção de economias de
escala em segmentos de mercado onde a região apresente algum tipo de vantagens
comparativas; 2) procura de nichos de mercado capazes de gerarem produtos de maior valor
acrescentado onde os produtores e criadores consigam gerar vantagens competitivas.

Desta forma a vitalidade deste sector dependerá da capacidade de diferenciar as ofertas,


através de criação de marcas próprias ou conjuntas, associadas a produtos ou à região;
capacidade de colocar no mercado produtos na quantidade e a preços certos, que sejam
percebidos pelo consumidor como tendo qualidades e vantagens distintivas e capacidade
de, em determinados segmentos de mercado, apresentar soluções que oferecem produtos
mais complexos, associados a múltiplos serviços (como o agro-turismo) acompanhados pela
localização, paisagem e gastronomia própria.

Indicadores
158 Capital humano e emprego

Distribuição do emprego pelos principais ramos de actividade no concelho de Castelo de Vide em


2001
Classificação das actividades económicas N.
Administração pública em geral 212

Construção de edif. (no todo ou em parte); eng. civil 174

Actividades de acção social 98

Estabelecimentos hoteleiros 87

Neg. estrang. def just, seg. ordem pública e


protecção civil 70

Agricultura 67

Ensino básico (2.º e 3.º ciclos)* 65

Indústria de bebidas 60

Outros ramos de actividade 656

Fonte: INE 2002


* Pessoal docente e não docente

Empregados no ramo agrícola no total de empregados por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 11,4 Distrito de Portalegre 7,5
Arronches 12,7 Região Alentejo 8,1
Avis 12,0 Portugal 3,5
Campo Maior 8,5
Castelo de Vide 4,5 9

Crato 4,7
Elvas 7,9 6

Fronteira 14,2
Gavião 3,9
Marvão 4,8 3

Monforte 16,0
Nisa 5,0 0

Ponte de Sor 7,6 Castelo de Vide Distrito de portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 3,7
Sousel 16,0 Fonte: INE 2002
Capital humano e emprego 159

Empregados no ramo da construção civil no total de empregados por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 7,6 % Distrito de Portalegre 10,0 %
Arronches 12,0 % Região Alentejo 11,1 %
Avis 11,5 % Portugal 10,9 %
Campo Maior 9,1 %
Castelo de Vide 11,7 % 12

Crato 12,8 % 10
Elvas 8,7 %
Fronteira 12,1 %
8

Gavião 17,3 % 6

Marvão 12,9 % 4

Monforte 8,9 % 2

Nisa 13,6 % 0

Ponte de Sor 13,1 % Castelo de Vide Distrito de portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 6,3 %
Sousel 9,9 % Fonte: INE 2002

Empregados no ramo da hotelaria no total de empregados por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 1,5 % Distrito de Portalegre 1,8 %
Arronches 0,6 % Região Alentejo 1,3 %
Avis 0,7 % Portugal 1,8 %
Campo Maior 1,4 %
Castelo de Vide 5,8 % 6

Crato 2,0 %
Elvas 2,9 %
Fronteira 0,7 %
4

Gavião 1,5 %
Marvão 4,3 % 2

Monforte 0,7 %
Nisa 0,9 % 0

Ponte de Sor 1,4 % Castelo de Vide Distrito de portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 1,3 %
Sousel 1,3 % Fonte: INE 2002

Empregados na administração pública no total de empregados por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 17,1 % Distrito de Portalegre 9,6 %
Arronches 12,0 % Região Alentejo 7,9 %
Avis 11,2 % Portugal 4,8 %
Campo Maior 9,0 %
Castelo de Vide 14,2 % 16

Crato 11,0 %
Elvas 7,5 % 12

Fronteira 11,7 %
Gavião 12,0 % 8

Marvão 11,4 %
Monforte 13,5 %
4

Nisa 13,2 % 0

Ponte de Sor 7,9 % Castelo de Vide Distrito de portalegre Alentejo Portugal


160 Capital humano e emprego

Portalegre 8,3 %
Sousel 8,7 % Fonte: INE 2002

Empregados no ramo da acção social no total de empregados por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 5,2 % Distrito de Portalegre 4,5 %
Arronches 5,7 % Região Alentejo 3,1 %
Avis 4,8 % Portugal 1,8 %
Campo Maior 3,2 %
Castelo de Vide 6,6 % 7

Crato 8,1 % 6

Elvas 3,2 % 5

Fronteira 6,3 % 4

Gavião 11,1 % 3

Marvão 6,8 % 2

Monforte 8,5 % 1

Nisa 6,4 % 0

Ponte de Sor 3,2 % Castelo de Vide Distrito de portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 3,3 %
Sousel 4,0 % Fonte: INE 2002

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Elevado peso do emprego público;
• Concentração do emprego nos sectores da construção civil,
acção social e hotelaria.
Factores explicativos
• Características intrínsecas à cultura de emprego
específicas a Castelo de Vide.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Diversificação do tecido produtivo.
• Formação ajustada às potencialidades do concelho.
Capital humano e emprego 161

6.2. Profissões e Qualificação


Indicadores seleccionados Leitura do tema

• Distribuição da população residente empregada


pelos grupos de profissões no concelho de
Castelo de Vide em 2001
• Distribuição do emprego pelas profissões mais
relevantes no concelho de Castelo de Vide em O nível de qualificação dos recursos humanos
2001 constitui hoje em dia um factor crítico e
• Distribuição do emprego masculino pelas determinante na obtenção de ganhos de
profissões mais relevantes no concelho de competitividade e de produtividade.
Castelo de Vide em 2001
• Distribuição do emprego feminino pelas
profissões mais relevantes no concelho de
Castelo de Vide em 2001
• Proporção de empregos não qualificados em
2001
• Proporção de empregos dos serviços intensivos
em conhecimentos em 2002
• Proporção de emprego total em actividades TIC
(tecnologias de informação e comunicação) em
2002

O mercado de emprego local caracteriza-se pelos baixos níveis de qualificação dos recursos
humanos, de facto, cerca de 23% da população activa empregada desempenha funções não
qualificadas. A baixa qualificação profissional associada a uma baixa escolaridade repercute-se
necessariamente ao nível das competências dos recursos humanos, dificultando a sua
empregabilidade e a adaptabilidade às mutações dos sistemas tecnológicos e dos novos
modelos organizacionais. Acrescem ainda reconhecidas consequências na produtividade e
competitividade das economias local.

A inversão desta tendência está dependente do desenvolvimento de competências individuais e


colectivas apenas possível através da formação. Trata-se de um desafio que visa, por um lado,
modernizar a economia e o tecido empresarial, antecipando as competências do futuro e, por
outro lado, responder a preocupações e equidade social.
162 Capital humano e emprego

No que diz respeito às profissões mais relevantes no concelho constata-se que entre a
população masculina se destacam os trabalhadores da construção civil, representado 22% do
emprego neste grupo. Em relação à população feminina destacam-se as profissões de pessoal
de limpeza, lavadeiras, engomadeiras e similares associadas aos trabalhos de acção social (lar,
centro de dia e apoio domiciliário).

Indicadores

Distribuição da população residente empregada pelos grupos de profissões no concelho de


Castelo de Vide em 2001
N. %
Grupo 0 – Forças Armadas 9 0,6 %
Grupo 1 – Quadros superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros
Sup. de Empresa 80 5,4 %
Grupo 2 – Especialistas das Profissões Intelectuais de Cientificas 106 7,1 %
Grupo 3 – Técnicos e Profissionais de Nível Intermédio 109 7,3 %
Grupo 4 – Pessoal Administrativo e Similares 166 11,2 %
Grupo 5 – Pessoal dos Serviços e Vendedores 261 17,6 %
Grupo 6 – Agricultores e Trabalhadores Qualificados da Agricultura e Pescas 96 6,5 %
Grupo 7 – Operários, Artífices e Trabalhadores Similares 234 15,7 %
Grupo 8 – Operadores de Instalações e Máquinas e Trabalhadores de
Montagem 91 6,1 %
Grupo 9 – Trabalhadores Não Qualificados 337 22,6 %
Total 1 489 100 %
Fonte: INE 2002

Distribuição do emprego pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de Vide em 2001
Capital humano e emprego 163

Classificação das actividades económicas N.


Pes. limpeza, lavadeiras, engom. roupa e símil. 147
Trab. Da construção civil e obras públicas 123
Empregados dos serviços de contabilid. e dos serv.
financeiros 121
Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 115
Vendedores e demonstradores 74
Outras profissões 909
Fonte: INE 2002

Distribuição do emprego masculino pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de


Vide em 2001
Classificação das actividades económicas N.

Trab. da construção civil e obras públicas 120


Empregados dos serviços de contabilid. e dos serv.
financeiros 47

Agricultores 46

Pessoal dos serviços de protecção e segurança 41

Directores e gerentes de pequenas empresas 34

Outras profissões 535


Fonte: INE 2002

Distribuição do emprego feminino pelas profissões mais relevantes no concelho de Castelo de Vide
em 2001
Classificação das actividades económicas N.

Pes. limpeza, lavadeiras, engom. roupa e símil. 146

Ecónomos e pessoal do serviço de restauração 83


Empregados dos serviços de contabilid. e dos serv.
financeiros 74

Vendedores e demonstradores 54

Estafetas, bagageiros, porteiros, guardas e similares 39

Outras profissões 277


Fonte: INE 2002

Proporção de empregos não qualificados em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 24,9 % Distrito de Portalegre 21,7 %
164 Capital humano e emprego

Arronches 28,2 % Região Alentejo 20,7 %


Avis 22,7 % Portugal 15,0 %
Campo Maior 23,5 %
Castelo de Vide 22,6 % 25

Crato 21,4 %
Elvas 19,0 %
20

Fronteira 23,1 % 15

Gavião 28,0 % 10
Marvão 25,9 %
Monforte 30,0 % 5

Nisa 20,2 % 0

Ponte de Sor 23,8 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Alentejo Portugal

Portalegre 18,1 %
Sousel 25,0 % Fonte: INE 2002

Proporção de empregos dos serviços intensivos em conhecimentos em 2002


Concelhos % Região %
Alter do Chão 20 % Alto Alentejo 17,6 %
Arronches 17 % Região Alentejo 27,6 %
Avis 17 % Portugal 38,4 %
Campo Maior 6%
Castelo de Vide 12 % 50

Crato 4%
Elvas 16 %
40

Fronteira 64 % 30

Gavião 30 % 20
Marvão 22 %
Monforte 4% 10

Nisa 9% 0

Ponte de Sor 20 % Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 25 %
Sousel 25 % Fonte: INE 2003

Proporção de emprego em actividades TIC (tecnologias de informação e comunicação) em 2002


Concelhos % Região %
Alter do Chão - Alto Alentejo 1,8 %
Arronches - Região Alentejo 1,5 %
Avis 0,4 % Portugal 3,4 %
Campo Maior 7,6 %
Castelo de Vide 0,5 % 4

Crato -
Elvas 2,5 % 3

Fronteira 0,7 %
Gavião 1,8 % 2

Marvão - 1
Monforte 0,8 %
Nisa 0,5 % 0

Ponte de Sor 0,3 % Castelo de Vide Alto Alentejo Região Alentejo Portugal

Portalegre 0,4 %
Sousel 3,8 % Fonte: INE 2003
Capital humano e emprego 165

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Baixas qualificações dos recursos humanos;
• Percentagem muito incipiente de empregos intensivos em
conhecimentos e em actividades de Tecnologia de Informação e
Conhecimentos.
Factores explicativos
• Baixas habilitações escolares da população activa;
• Ausência de uma cultura de formação continua dos
trabalhadores, visando a actualização profissional;
• Inexistência de oferta diversificada de formação destinada
166 Capital humano e emprego

à população empregada.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Sensibilizar o tecido económico, público e privado, para
a importância da melhoria da qualificação dos recursos
humanos, quer ao nível da manutenção da
empregabilidade, quer no desenvolvimento
organizacional das empresas;
• Criar condições para o alargamento da oferta formativa
na perspectiva da permanente adaptação das
competências dos trabalhadores.
• Hierarquizar prioridades de formação nas áreas onde
há maior concentração de emprego.

6.3. Desemprego
Indicadores seleccionados Leitura do tema

• População residente desempregada segundo a O desemprego constitui um dos principais factores


condição de procura de emprego e taxa de desestruturantes para o indivíduo nas sociedades
desemprego no concelho de Castelo de Vide contemporâneas. Atinge a auto-estima, reduz o
Capital humano e emprego 167

em 2001; espaço de socialização, desestrutura os agregados


• Taxa de desemprego masculino por concelho familiares e afecta a própria empregabilidade.
em 2001;
• Taxa de desemprego feminino por concelho em
2001

Em 2001 a taxa de desemprego do concelho era de 5,9%, sendo que a taxa de desemprego
feminino se situava acima do dobro da masculina (8,5% e 3,6% respectivamente). Trata-se de
taxas de desemprego baixas em termos da região Alentejo, mas com sinais estruturais
preocupantes como o peso elevado do desemprego longa duração, que atinge particularmente
adultos entre os 25 e os 44 anos com baixos níveis de escolaridade e maioritariamente
mulheres.

O desemprego dos jovens apesar de um peso relativo baixo constitui também um factor crítico
do mercado de emprego do concelho, verificando-se na população jovem uma forte alternância
entre situações de emprego precário e desemprego. Entre os obstáculos mais relevantes com
que se defrontam os jovens na procura de emprego apontam-se a falta de experiencia
profissional e de mecanismos eficazes que facilitem a transição da escola para a vida activa. O
processo de integração tem vindo a tornar-se mais longo e difícil, não se limitando a um
momento de passagem da escola para um emprego estável, sendo cada vez mais um itinerário
descontínuo, ao longo de vários anos.
168 Capital humano e emprego

Indicadores
População residente desempregada segundo a condição de procura de emprego e taxa de
desemprego no concelho de Castelo de Vide em 2001
Homens Mulheres
N. Taxa N. Taxa
Procura do 1.º
emprego 8 0,9 % 10 1,4 %
Procura de novo
emprego 23 2,7 % 52 7,1 %
Total 31 3,6 % 62 8,5 %
Fonte: INE 2002

Taxa de desemprego masculino por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 4,8 % Distrito de Portalegre 4,9 %
Arronches 3,9 % Região Alentejo 5,3 %
Avis 4,7 % Portugal 5,2 %
Campo Maior 5,2 %
Castelo de Vide 3,6 % 6

Crato 4,9 %
Elvas 5,2 %
4
Fronteira 4,8 %
Gavião 6,0 %
Marvão 3,3 % 2

Monforte 3,2 %
Nisa 4,9 % 0

Ponte de Sor 4,5 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 5,1 %
Sousel 6,4 % Fonte: INE 2002

Taxa de desemprego feminino por concelho em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 10,1 % Distrito de Portalegre 11,9 %
Arronches 13,9 % Região Alentejo 12,5 %
Avis 13,0 % Portugal 8,7 %
Campo Maior 13,7 %
Castelo de Vide 8,5 % 14

Crato 14,2 % 12

Elvas 11,5 % 10

Fronteira 17,0 % 8

Gavião 16,6 % 6
Capital humano e emprego 169

Marvão 10,8 %
Monforte 7,0 %
Nisa 13,2 %
Ponte de Sor 15,4 %
Portalegre 8,0 %
Sousel 14,5 % Fonte: INE 2002

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Taxa de desemprego inferior à média nacional;
• Particular incidência do desemprego feminino.
Factores explicativos
• Mercado de emprego ajustado à reduzida dimensão da
população activa;
• Existência de algumas profissões de carácter sazonal
particularmente na hotelaria e agricultura.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Reforço da empregabilidade nos “grupos de risco”,
nomeadamente, jovens e mulheres.
170 Capital humano e emprego

6.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

Experiencia formativa instalada; Deficit de participação das mulheres no


mercado de trabalho;
Definição de referenciais de formação com
base em perfis profissionais Baixa qualificação da população em idade
activa;
Investimento na empregabilidade de grupos
Falta de oferta formativa dirigida a activos
empregados;

Inexistência de uma política formativa ao


nível do concelho

Representações sociais negativas de


algumas profissões

Oportunidades Ameaças

Atenção institucional prestada à igualdade Recessão económica do país


de oportunidades
Aumento de riscos de desemprego nos
Existência de programas de apoio indivíduos menos qualificados.
financeiro à formação ao longo da vida

Existência de programas de apoio


financeiro à reconversão profissional de
desempregados.
Capital humano e emprego 171

Análise de Pontos Fracos

1. Deficit de participação das mulheres no mercado de trabalho

As mulheres constituem um grupo com particulares dificuldades no acesso ao mercado de


trabalho, que se reflecte num número relativamente baixo de mulheres empregadas e numa
taxa de desemprego muito superior à registada entre os homens.

2. Baixa qualificação da população em idade activa

A população em idade activa apresenta níveis baixos de qualificação profissional que se


repercutem em várias consequências: 1) diminuição significativa da empregabilidade da
população desempregada fruto da dificuldade de reconversão profissional; 2) dificuldade de
adaptação da população empregada às mutações nos sistemas tecnológicos e nos novos
modelos organizacionais verificados nas empresas; 3) baixa dinâmica e produtividade do
tecido empresarial.

3. Falta de oferta formativa dirigida a activos empregados

Verifica-se no concelho uma quase inexistência de um mercado de formação contínua


ajustado ao desenvolvimento de respostas de formação ao longo da vida, com excepções
pontuais de ofertas esporádicas sobretudo na área da informática, promovidas quer por
entidades locais quer por entidades exteriores ao concelho.

4. Inexistência de uma política formativa ao nível do concelho

A dinâmica de concertação das diferentes intervenções em torno das problemáticas da


inserção profissional, e da formação apresentam necessidades de afirmação e orientação
estratégica. Esta inexistência de guias que permitam orientar uma política formativa no
concelho condicionam o ajustamento da oferta formativa às reais necessidades do tecido
172 Capital humano e emprego

empresarial local. Verifica-se portanto a necessidade de proceder a um estudo que promova


o diagnóstico das necessidades de formação e simultaneamente proceda a uma análise
prospectiva das tendências de evolução dos principias sectores de actividade e a construção
de perfis profissionais que sirvam de guias referenciais aos cursos de formação
desenvolvidos pelas entidades locais.

5. Representações sociais negativas de algumas profissões

Representações sociais de alguns empregos e profissões pouco favoráveis ao reforço da


disponibilidade de mão-de-obra em sectores e actividades pertinentes do ponto de vista do
desenvolvimento do tecido produtivo e social do concelho (exemplos: profissões associadas
aos serviços de proximidade a idosos, profissões de nível intermédio, operadores de
produção qualificados, profissões ligadas a serviços de mecânica e electricidade, etc.).
Neste contexto, a associação de determinadas profissões ao género ainda é discriminante.
Capital humano e emprego 173

Análise de Pontos fortes

1. Capacidade técnica demonstrada pelas entidades locais

A capacidade técnica das entidades, nomeadamente as envolvidas em projectos de


formação, permite através do estabelecimento de parcerias, a construção de referenciais de
formação orientadores da actividade formativa, com base em perfis profissionais e
devidamente ajustados às reais necessidades do concelho.

A construção de perfis profissionais deveria centrar-se nas competências mobilizáveis e não


nas tarefas e operações permitindo construir um referencial que facilite a mobilidade
funcional e profissional entre profissões aparentemente dispares em tarefas e operações,
mas próximas ao nível das competências.

Pretende-se que os perfis profissionais detenham duas qualidades, em primeiro lugar, que
sejam dinâmicos, ou seja, que integrem a variabilidade e a evolução dos empregos nos
sectores chave do concelho de Castelo de Vide. A imobilidade e a inflexibilidade dos perfis
profissionais gerariam potenciais desactualizações, num curto espaço de tempo, pelo facto
de não incorporarem as transformações induzidas pelos factores técnico-organizacionais e
pelas opções de estratégia de mercados e produtos, ao nível do sector, dos seus
subsectores e das empresas. Em segundo lugar, que sejam prospectivos, ou seja, que
174 Capital humano e emprego

reajam a determinados cenários da evolução dos sectores mas também que condicionem a
concretização de determinados cenários em detrimento de outros.

2. Experiencia formativa instalada

A experiencia formativa adquirida pelas entidades locais facilita a impulsão de uma dinâmica
no mercado de formação, conferindo às diferentes acções uma melhor divulgação e
visibilidade, maior regularidade e adequando-as ás necessidades do tecido empresarial.

3. Capacidade de articular intervenções de resposta aos problemas de desemprego

O trabalho desenvolvido de forma dispersa pelas várias entidades do concelho permite que
através da articulação de intervenções se potenciem os seus resultados de forma a
minimizar os problemas subjacentes ao desemprego, permitindo nomeadamente:

• Actuação preventiva dos fenómenos de desemprego potenciados pela escassa


qualificação dos activos empregados, o que irá solicitar um forte investimento na
promoção da empregabilidade desses grupos, na óptica da formação ao longo da
vida.

• Actuação precoce de resposta aos problemas de desemprego, por forma a


minimizar o risco de desemprego de longa duração, reforçando as politicas activas e
concedendo particular atenção à inserção de jovens desempregados na vida activa.

• Actuação facilitadora da inserção social dos sectores expostos ao desemprego de


longa duração, na óptica da combinação da melhoria da protecção social com
estímulo ao regresso ao mercado de trabalho.
Capital humano e emprego 175

Análise de Oportunidades

1. Atenção institucional prestada à igualdade de oportunidades

A promoção da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres corresponde a uma


preocupação comunitária e nacional que assume expressão no Quadro Comunitário de
Apoio onde o princípio da igualdade é expressamente referido como elemento integrador das
diferentes intervenções operacionais. Esta sensibilidade institucional permite canalizar para
o concelho de Castelo de Vide projectos que permitam o aumento da acessibilidade das
176 Capital humano e emprego

mulheres ao mercado de trabalho; melhoria da situação das mulheres no emprego e a


promoção da participação das mulheres na criação de actividades económicas.

2. Existência de programas de apoio financeiro à formação ao longo da vida

A provável inclusão de um quadro de instrumentos orientados para o reforço da


empregabilidade e da adaptabilidade da população portuguesa no próximo Quadro
Comunitário de Apoio, constituirá um importante instrumento de inversão da tendência de
baixas qualificações na população activa do concelho. A utilização destas oportunidades
permitirá contribuir simultaneamente para a elevação da qualificação e sustentabilidade dos
empregos e para o aumento da competitividade das empresas.

3. Existência de programas de apoio financeiro à reconversão profissional de


desempregados

A desadequação das competências formais dos desempregados relativamente às actuais


exigências das organizações constitui o maior entrave à reintegração no mercado de
trabalho, constituindo a única resposta viável nestes casos a aposta no desenvolvimento de
formação de qualificação ou reconversão profissional destinada a desempregados não
qualificados ou semi-qualificados e de formação de actualização e aperfeiçoamento
destinada a desempregados qualificados.

Análise de Ameaças
Capital humano e emprego 177

1. Medidas locais dependentes da evolução da situação nacional

Dada a tendência para a verificação de choques assimétricos territoriais, ao nível das


oportunidades de emprego, que geralmente se verificam em zonas menos apetrechadas do
ponto de vista socioeconómico, institucional, de recursos técnicos e de capacidade de
iniciativa, o sucesso das estratégias definidas e das medidas implementadas localmente
estará dependente, não apenas da sua pertinência e mérito, como também da orientação da
política económica e social nacional.

2. Aumento de riscos de desemprego nos indivíduos menos qualificados

A tendência progressiva de segmentação produtiva e de modelos empresariais, traduzida na


existência de empresas tecnologicamente avançadas e de elevado valor acrescentado e de
empresas e produções de baixo valor acrescentado, constitui uma ameaça ao emprego
local, na medida em que ambas são potencialmente libertadoras de mão-de-obra no quadro
da adaptação a novas condições e contextos de competitividade, com particular incidência
nos indivíduos com baixas qualificações e habilitações.
178 Capital humano e emprego
7. Habitação
180 Habitação

Enquadramento

A problemática da habitação não pode reduzir-se a um simples levantamento de eventuais


problema de desequilíbrio entre a oferta e a procura, a questão é bem mais complexa, a
habitação é vivenciada e é nesta dimensão que se constroem as próprias identidades individuais
e se consolidam as suas funções sociais enquanto: espaço onde se reproduz a instituição
familiar; elemento fundamental na construção da personalidade dos indivíduos; espaço de
integração social e de socialização; lugar de consumo e de produção de bens e serviços bem
como espaço de ócio e de comunicação.

Em primeiro lugar, devemos observar a população ou as famílias que possuem habitação, mas
em que esta não oferece os limiares mínimos de habitabilidade ou não está adequada às
necessidades de quem a ocupa. A habitação, ao converter-se num direito, numa necessidade de
primeira ordem, dá consistência ao conceito de exclusão residencial, segundo o qual há
situações em que estruturalmente certas pessoas são excluídas dos sistemas de
aprovisionamento residencial e, assim, não podem usufruir de qualidade de vida e bem-estar
individual e social. Estamo-nos a referir a carências ou ausências de infra-estruturas básicas
(água, saneamento, electricidade), a problemas associados a residências sobrelotadas e/ou sem
instalações adequadas – banho, aquecimento, cozinha, etc.

Em segundo lugar, deve ser referida a crise habitacional que acompanha a crise dos centros
históricos. O mercado imobiliário parece desinteressar-se do centro, porque é mais fácil e
lucrativo investir nas periferias e construir novos edifícios. E, assim, os centros urbanos
degradam-se ficando à espera de ser reabilitados. Entretanto, os mais idosos e os que têm
menos recursos, com menor mobilidade, acabam por ficar nas casas degradadas e sentem
diminuir o seu bem-estar e a qualidade das suas vidas. Os mais jovens e a população com
rendimentos superiores optam por abandonar os centros urbanos e deslocar-se para as novas
áreas residenciais periféricas.

Por fim, precisamos avaliar se há um equilíbrio entre a oferta e a procura de habitação. Quando
encaramos o conceito habitação numa lógica mais abrangente do que a mera função residencial,
deixamos de a encarar como uma mercadoria. Neste sentido não é de esperar que o mercado
resolva por si uma necessidade social de primeira ordem, pois o mercado de habitação é, antes
Habitação 181

de mais, um negócio e, por isso, a habitação um produto a mercantilizar. Hoje em dia, a crise
residencial surge-nos fruto de três factores fundamentais:

• Incapacidade para resolver as necessidades residenciais que surgem na sociedade;

• Disfunção no funcionamento do mercado, em que a oferta de habitação não se adequa à


actual procura, fazendo com que um segmento da população fique excluído de um bem
de primeira ordem;

• Preços da habitação não são fixados com base numa análise de custos, mas sim como
produto da especulação imobiliária.

Optámos por organizar este domínio em torno de três vectores ou subdomínios: amenidades
básicas; estrutura do parque edificado; mercado de habitação. Para a avaliação da qualidade
habitacional observámos as carências infra-estruturais (água e saneamento) e verificámos se as
instalações eram adequadas (retrete, aquecimento, cozinha e banho). A estrutura do parque
edificado analisámo-la à luz da antiguidade dos edifícios, estado de conservação e tipo de
ocupação. Relativamente ao mercado de habitação procedemos à sua caracterização com base
na oferta de habitação para venda e arrendamento.
182 Habitação

7.1. Amenidades básicas


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Alojamentos com instalação eléctrica no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Alojamentos com instalação sanitária no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Alojamentos com água canalizada no concelho A análise das amenidades básicas permite
de Castelo de Vide em 2001 caracterizar as condições de habitabilidade da
• Alojamentos com instalação de banho ou população.
duche no concelho de Castelo de Vide em
2001
• Sistemas de aquecimento disponíveis nos
alojamentos do concelho de Castelo de Vide
em 2001

A habitação ao converter-se num direito nas últimas décadas justifica a consideração do conceito
de exclusão residencial, perspectivado como as situações em que certas pessoas e famílias são
excluídas dos sistemas de aprovisionamento residencial ou só têm acesso a estruturas que não
promovem satisfatoriamente a qualidade de vida individual ou social.

A análise dos indicadores elencados neste capítulo permitem perceber as melhorias indiscutíveis
das condições básicas de habitação processadas nas últimas décadas com tendência para
revelar um concelho em uniformização tendencial, sobretudo no que se refere às cinco infra-
estruturas básicas (electricidade; instalações sanitárias; água canalizada; instalações de bano ou
duche e aquecimento).
Habitação 183

A carência de pelo menos uma das amenidades básica afecta 168 alojamentos, factor
fortemente correlacionado com a idade do alojamento e, sobretudo, com a sua localização. Este
factor relaciona-se às zonas mais periféricas aos centros urbanos, logo com um cariz mais rural.

A falta de instalações de banho ou duche e a falta de aquecimento são os problemas que


predominam, quanto às restantes infra-estruturas básicas consideradas essenciais a uma
habitação condigna poderá dizer-se que a falta de electricidade atinge valores residuais.

Indicadores
Alojamentos com instalação eléctrica no concelho de Castelo de Vide em 2001
N. %
Com electricidade 1508 99,5 %

Sem electricidade 8 0,5 %

Total 1516 100 %

Fonte: INE 2002

Alojamentos com instalação sanitária no concelho de Castelo de Vide em 2001


N. %
Com retrete no
alojamento

Ligada à rede pública de esgotos 1316 86,8 %

Ligada a sistema particular de esgotos 117 7,7 %

Outros casos 6 0,4 %

22 1,5 %
Retrete fora do alojamento mas no edifício
55 3,6 %
Sem retrete
184 Habitação

1516 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Alojamentos com água canalizada no concelho de Castelo de Vide em 2001


N. %
Com água canalizada no alojamento

Proveniente da rede pública 1425 94,0 %

Proveniente de rede particular 49 3,2 %

4 0,3 %
Com água canalizada fora do alojamento mas no edifício
Sem água canalizada no alojamento ou
edifício

Proveniente de fontanário ou bica 11 0,7 %

Proveniente de poço ou furo particular 25 1,6 %

Outra forma 2 0,2 %

1516 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Alojamentos com instalação de banho ou duche no concelho de Castelo de Vide em 2001


N. %
Com instalação de banho ou duche 1348 88,9 %

Sem instalação de banho ou duche 168 11,1 %

Total 1516 100 %

Fonte: INE 2002

Sistemas de aquecimento disponíveis nos alojamentos do concelho de Castelo de Vide em 2001


N. %
33 2,2 %
Aquecimento central
Aquecimento não central

Lareira 361 23,8 %


Habitação 185

Aparelhos fixos (na parede, fogões,


etc.) 72 4,7 %

Aparelhos móveis (eléctricos, a gás,


etc.) 958 63,2 %

92 6,1 %
Sem aquecimento
1516 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Boa cobertura das amenidades básicas;
• Existência de um número residual de habitações sem nenhuma
das amenidades básicas.
Factores explicativos
• Falta de amenidades atinge sobretudo os edifícios
dispersos nas zonas rurais.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Alargamento progressivo das redes eléctrica e de
saneamento básico.
186 Habitação

7.2. Estrutura do parque edificado


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Alojamentos segundo a forma de ocupação no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Relação dos alojamentos ocupados como
residência habitual na totalidade do parque
habitacional em 2001
• Relação dos alojamentos para demolição na
totalidade do parque habitacional em 2001
• Alojamentos como residência habitual segundo Conhecer bem a dimensão e estrutura do parque
a época de construção, no concelho de Castelo edificado, as características dos edifícios e a forma
de Vide em 200 de ocupação dos alojamentos, é um factor de
• Relação dos alojamentos construídos antes de decisiva importância na preparação e
1946 na totalidade do parque habitacional em estabelecimento de políticas adequadas no campo
2001 da habitação.
Habitação 187

• Índice de lotação dos alojamentos ocupados


como residência habitual, no concelho de
Castelo de Vide em 2001
• Relação dos alojamentos sobrelotados na
totalidade do parque habitacional em 2001
• Edifícios por estado de conservação no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Relação dos edifícios muito degradados na
totalidade do parque habitacional em 2001
• Edifícios por nível de acessibilidade a pessoas
com mobilidade condicionada, no concelho de
Castelo de Vide em 2001
• Relação dos edifícios não acessíveis a pessoas
de mobilidade condicionada na totalidade do
parque habitacional em 2001

Castelo de Vide apresentava em 2001 um elevado número de alojamentos vagos (mais de 10%
do edificado) , facto geralmente atribuído aos elevados preços da habituação e à
disfuncionalidade do mercado de arrendamento. No interior dos pólos urbanos do concelho
registam-se alguns focos de zonas degradadas e abandonas e desadaptadas das exigências
contemporâneas da população.

A combinação de situações de acentuado envelhecimento da população, de condições sociais


de carência e exclusão e de áreas com problemas de acentuada degradação do edificado,
configuram situações complexas de desvitalização de algumas malhas urbanas que carecem de
intervenção urgente no sentido da sua reabilitação e revitalização, actuando de forma integrada
ao nível do edificado e mercado imobiliário, em função dos preços da habitação, idade dos
imóveis e estado de conservação.

Relativamente à importância do mercado de reparação e manutenção destaca-se o facto de


7,6% dos edifícios do concelho apresentarem um estado de elevada degradação e de apenas
59% não necessitarem de qualquer intervenção. O estado de conservação do edificado
representa um mercado muito significativo que contudo, está condicionado pela própria evolução
económica (a qual influencia as disponibilidades financeiras das famílias, entre outros factores)
pelas necessárias medidas de apoio à reabilitação, pela forma e tempo de resolução da questão
do arrendamento e, finamente, pela própria capacidade de resposta das empresas do sector da
construção.

Deve ter-se ainda em consideração que a configuração dos edifícios, na sua maioria antigos, de
dois pisos, e de planta irregular desadaptados às necessidades específicas da população mais
188 Habitação

idosa, restringe a sua funcionalidade e limita grandemente a independência dos idosos na


execução das tarefas quotidianas

Por último, e ainda dentro da estrutura territorial há que referir as acessibilidades e o padrão de
mobilidade na zona urbana de Castelo de Vide como um dos principais problemas, sobretudo
para a população com dificuldade de locomoção. A criação de soluções no sentido de resolver
os principais problemas no que respeita à facilitação e intensificação progressiva da mobilidade
pedonal, torna-se um factor imprescindível à conquista da sustentabilidade do desenvolvimento
nomeadamente no que respeita à inversão das tendências de isolamento social.
Habitação 189

Indicadores
Alojamentos segundo a forma de ocupação no concelho de Castelo de Vide em 2001
N. %
Ocupados

Residência habitual 1515 52,8 %

Residência sazonal ou secundária 972 33,9 %

Vagos

Para venda 32 1,1 %

Para arrendamento 31 1,1 %

Para demolição 64 2,2 %

Outros 257 9,0 %

2871 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Relação dos alojamentos ocupados como residência habitual na totalidade do parque habitacional
em 2001
Concelhos % Região %
Alter do Chão 50,8 % Distrito de Portalegre 63,1 %
Arronches 53,3 % Região Alentejo 67,9 %
Avis 55,6 % Portugal 70,7 %
Campo Maior 62,5 %
Castelo de Vide 52,8 % 80

Crato 54,6 %
Elvas 69,3 % 60

Fronteira 59,6 %
Gavião 57,2 % 40

Marvão 60,7 %
Monforte 53,0 %
20

Nisa 53,4 % 0

Ponte de Sor 68,9 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 74,0 %
Sousel 62,7 % Fonte: INE 2002

Relação dos alojamentos para demolição na totalidade do parque habitacional em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 2,1 % Distrito de Portalegre 0,9 %
Arronches 0,1 % Região Alentejo 0,7 %
Avis 1,5 % Portugal 0,6 %
Campo Maior 0,4 %
Castelo de Vide 2,2 % 3
190 Habitação

Crato 0,4 %
Elvas 0,4 %
Fronteira 1,4 %
Gavião 0,3 %
Marvão 0,0 %
Monforte 2,8 %
Nisa 1,1 %
Ponte de Sor 1,0 %
Portalegre 0,7 %
Sousel 1,1 % Fonte: INE 2002

Alojamentos como residência habitual segundo a época de construção, no concelho de Castelo de


Vide em 2001
N. %
Antes de 1919 197 13,0 %

De 1919 a 1945 265 17,5 %

De 1946 a 1960 195 12,9 %

De 1961 a 1970 144 9,5 %

De 1971 a 1980 122 8,1 %

De 1981 a 1985 202 13,3 %

De 1986 a 1990 112 7,4 %

De 1991 a 1995 163 10,7 %

De 1996 a 2001 115 7,6 %

Total 1515 100 %

Fonte: INE 2002

Relação dos alojamentos construídos antes de 1946 na totalidade do parque habitacional em 2001
Concelhos % Região %
Alter do Chão 16,0 % Distrito de Portalegre 22,7 %
Arronches 34,4 % Região Alentejo 20,2 %
Avis 21,2 % Portugal 12,7 %
Campo Maior 30,1 %
Castelo de Vide 30,5 % 35

Crato 17,9 % 30

Elvas 29,8 % 25

Fronteira 18,4 % 20

Gavião 21,5 % 15

Marvão 29,3 % 10

Monforte 26,0 % 5

Nisa 16,6 % 0

Ponte de Sor 12,1 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 22,0 %
Sousel 27,0 % Fonte: INE 2002
Habitação 191

Índice de lotação dos alojamentos ocupados como residência habitual, no concelho de Castelo de
Vide em 2001
N. %
Sublotados 1117 73,7 %

Normal 286 18,9 %

Sobrelotados 112 7,4 %

Total 1515 100 %

Fonte: INE 2002

Relação dos alojamentos sobrelotados na totalidade do parque habitacional em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 9,8 % Distrito de Portalegre 12,0 %
Arronches 14,2 % Região Alentejo 13,7 %
Avis 13,0 % Portugal 16,0 %
Campo Maior 14,5 %
Castelo de Vide 7,4 % 16

Crato 7,7 %
Elvas 19,3 % 12

Fronteira 11,4 %
Gavião 7,6 % 8

Marvão 7,7 %
4
Monforte 12,1 %
Nisa 6,4 % 0

Ponte de Sor 10,8 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 11,1 %
Sousel 11,1 % Fonte: INE 2002

Edifícios por estado de conservação no concelho de Castelo de Vide em 2001


N. %
Sem necessidades de reparação 1544 59,0 %

Com necessidades de reparação

Pequenas reparações 488 18,6 %

Reparações médias 238 9,2 %

Grandes reparações 147 5,6 %

200 7,6 %
Muito degradado
2617 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Relação dos edifícios muito degradados na totalidade do parque habitacional em 2001


192 Habitação

Concelhos % Região %
Alter do Chão 4,9 % Distrito de Portalegre 3,0 %
Arronches 1,8 % Região Alentejo 2,7 %
Avis 6,6 % Portugal 2,9 %
Campo Maior 1,4 %
Castelo de Vide 7,6 % 8

Crato 2,3 %
Elvas 0,8 % 6

Fronteira 2,9 %
Gavião 4,6 %
4

Marvão 1,4 % 2

Monforte 2,7 %
Nisa 1,0 % 0

Ponte de Sor 3,7 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 3,9 %
Sousel 3,1 % Fonte: INE 2002

Edifícios por acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada, no concelho de Castelo de Vide
em 2001
N. %
Tem rampas de acesso 16 0,6

Não tem rampas de acesso mas é


acessível 884 33,8 %

Não tem rampas de aceso e não é


acessível 1717 65,6

Total 2617 100 %

Fonte: INE 2002

Relação dos edifícios não acessíveis a pessoas de mobilidade condicionada na totalidade do


parque habitacional em 2001
Concelhos % Região %
Alter do Chão 7,4 % Distrito de Portalegre 19,7 %
Arronches 19,7 % Região Alentejo 23,8 %
Avis 5,3 % Portugal 33,5 %
Campo Maior 17,4 %
Castelo de Vide 65,6 % 70

Crato 11,2 % 60

Elvas 24,1 % 50

Fronteira 22,1 % 40

Gavião 17,8 % 30

Marvão 46,3 % 20

Monforte 16,8 % 10

Nisa 11,2 % 0

Ponte de Sor 12,0 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 30,0 %
Sousel 0,9 % Fonte: INE 2002
Habitação 193

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Número elevado de edifícios vagos;
• Número muito significativo de edifícios não acessíveis a pessoas
com mobilidade condicionada;
• Número muito elevado de edifícios muito degradados.
Factores explicativos
• Desertificação do parque habitacional, motivada por um
grande número de ocupações sazonais, pela elevada taxa
de mortalidade e por novos hábitos residenciais.
• Idade do parque edificado.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Reabilitação e revitalização do parque residencial.
194 Habitação

7.3. Mercado de habitação


Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Relação de alojamentos vagos na totalidade do
parque habitacional em 2001
• Relação de alojamentos vagos para venda na
totalidade do parque habitacional em 2001
• Relação de alojamentos vagos para
arrendamento na totalidade do parque A análise do mercado de habitação permite
habitacional em 2001 conhecer o equilíbrio entre a oferta e a procura
• Alojamentos ocupados como residência deste bem.
habitual segundo a entidade proprietária no
concelho de Castelo de Vide em 2001
• Alojamentos arrendados, ocupados como
residência habitual segundo escalão de renda,
no concelho de Castelo de Vide em 2001
• Relação dos alojamentos com renda superior a
250 € na totalidade dos alojamentos
arrendados em 2001
• Alojamentos arrendados, ocupados como
residência habitual segundo época do contrato
de arrendamento, no concelho de Castelo de
Vide em 2001
Habitação 195

Em termos do mercado de habitação, analisado pelo número de alojamentos vagos para venda e
arrendamento, verifica-se um atrofiamento relativo do mesmo. Na realidade, apesar do concelho
apresentar uma elevada percentagem de edifícios vagos, superior à media nacional e da região,
exibe simultaneamente uma percentagem inferior de edifícios para venda ou arrendamento. Este
facto traduz-se numa desertificação do parque edificado, dado o número elevado de edifícios
vagos e deve-se à sazonalidade da sua ocupação tratando-se muitas das vezes de segundas
habitações.

Relativamente ao regime de ocupação verifica-se uma preponderância dos edifícios ocupados


pelo proprietário, consistindo em 75% das situações no concelho, seguindo-se os edifícios
arrendados (constituindo 22,2% do número total de edifícios) e os outros regimes de ocupação
de edifícios (e.g. alojamentos cedidos) com 2,8%.

Refira-se a tendência no concelho, à semelhança do que se verifica no país, para elevadas taxas
de proprietários na ocupação do espaço habitacional, em particular no que diz respeito aos
jovens, na medida em que estes são levados a adoptar a aquisição como solução habitacional
prioritária, ao contrário das tendências internacionais segundo as quais os jovens começam,
referencialmente, por recorrer ao mercado de arrendamento. Esta tendência no concelho é
agravada pelo elevado valor das rendas praticadas, superior aos valores médios nacionais.

Indicadores
Relação de alojamentos vagos na totalidade do parque habitacional em 2001
Concelhos % Região %
Alter do Chão 20,0 % Distrito de Portalegre 12,2 %
Arronches 21,4 % Região Alentejo 12,4 %
Avis 17,8 % Portugal 10,8 %
Campo Maior 8,3 %
Castelo de Vide 13,4 % 15

Crato 7,1 %
Elvas 12,3 %
10
Fronteira 11,9 %
Gavião 11,6 %
Marvão 12,0 % 5

Monforte 12,2 %
Nisa 7,6 % 0

Ponte de Sor 13,2 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal
196 Habitação

Portalegre 10,5 %
Sousel 15,2 % Fonte: INE 2002

Relação de alojamentos vagos para venda na totalidade do parque habitacional em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 2,1 % Distrito de Portalegre 1,6 %
Arronches 1,3 % Região Alentejo 1,5 %
Avis 1,2 % Portugal 2,1 %
Campo Maior 2,5 %
Castelo de Vide 1,1 % 3

Crato 0,9 %
Elvas 1,5 %
Fronteira 1,8 % 2

Gavião 1,7 %
Marvão 0,9 % 1

Monforte 2,1 %
Nisa 2,1 %
Ponte de Sor 1,4 % 0
Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 1,7 %
Sousel 1,1 % Fonte: INE 2002

Relação de alojamentos vagos para arrendamento na totalidade do parque habitacional em 2001


Concelhos % Região %
Alter do Chão 1,2 % Distrito de Portalegre 1,5 %
Arronches 1,0 % Região Alentejo 1,3 %
Avis 1,5 % Portugal 1,6 %
Campo Maior 1,2 %
Castelo de Vide 1,1 % 2

Crato 0,2 %
Elvas 2,3 %
Fronteira 3,0 %
Gavião 0,4 % 1

Marvão 1,3 %
Monforte 1,8 %
Nisa 0,5 % 0

Ponte de Sor 1,8 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 1,7 %
Sousel 0,8 % Fonte: INE 2002

Alojamentos ocupados como residência habitual segundo a entidade proprietária no concelho de


Castelo de Vide em 2001
N. %
Ocupantes
proprietários

Com encargos de compra 268 17,7 %

Sem encargos de compra 868 57,3 %

Outra entidade
Habitação 197

Ascendente ou descendente em 1.º ou


segundo grau 42 2,8 %

Particular 278 18,3 %

Empresa pública 2 0,1 %

Estado; Instituo Público 43 2,8 %

Autarquia 14 0,9 %

Cooperativa de habitação 0 –

1515 100 %
Total
Fonte: INE 2002

Alojamentos arrendados, ocupados como residência habitual segundo escalão de renda, no concelho
de Castelo de Vide em 2001
N. %
Menos de 14.96 € 48 15,9 %

De 14.96 a 24.93 € 15 5,0 %

De 24.94 a 34.91 € 20 6,6 %

De 34.92 a 59.85 € 35 11,6 %

De 59.86 a 99.75 € 35 11,6 %

De 99.76 a 149.63 € 36 11,9 %

De 149.64 a 199.51 € 32 10,6 %

De 199.52 a 249.39 € 28 9,3 %

De 249.40 a 299.27 € 19 6,3 %

De 299.28 a 399.03 € 21 7,0 %

De 399.04 a 498.79 € 9 3,0 %

De 498.80 ou mais € 4 1,3 %

Total 302 100 %

Fonte: INE 2002

Relação dos alojamentos com renda superior a 250 € na totalidade dos alojamentos arrendados
em 2001
Concelhos % Região %
Alter do Chão 5,7 % Distrito de Portalegre 6,5 %
Arronches 0,3 % Região Alentejo 11,5 %
198 Habitação

Avis 1,2 % Portugal 16,5 %


Campo Maior 2,9 %
Castelo de Vide 17,5 % 20

Crato 5,1 % 16

Elvas 4,6 %
Fronteira 1,2 % 12

Gavião 2,9 % 8

Marvão 2,6 %
Monforte 1,5 % 4

Nisa 9,8 % 0

Ponte de Sor 6,4 % Castelo de Vide Distrito de Portalegre Região Alentejo Portugal

Portalegre 10,2 %
Sousel 2,1 % Fonte: INE 2002

Alojamentos arrendados, ocupados como residência habitual segundo época do contrato de


arrendamento, no concelho de Castelo de Vide em 2001
N. %
Antes de 1975 58 19,2 %

Entre 1975 e 1986 56 18,5 %

Entre 1987 e 1990 34 11,3 %

Após 1990 154 51,0 %

Total 302 100 %

Fonte: INE 2002

Quadro resumo do tema


Habitação 199

Principais tendências
• Elevado número e edifícios vagos
• Poucos edifícios vagos destinados ao arrendamento e venda;
• Valor elevado dos arrendamentos.

Factores explicativos
• Especulação imobiliária.

Factores de inversão de tendências problemáticas


• Alargamento do parque habitacional.
200 Habitação

7.4. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

Património edificado de valor em termos de Existência de vários edifícios com fracas


conjunto e de história condições de habitabilidade

Reabilitação continuada do património e Mobilidade condicionada


valorização das identidades
Debilidade do mercado de habitação
Existência de planos de acção e
salvaguarda no âmbito das políticas de Descaracterização do edificado tradicional
reabilitação do património

Bons exemplos de reabilitação e de


experiencias localizadas

Oportunidades Ameaças

Existência de programas e medidas de Dependência directa da politica de


apoio à habitação habitação nacional

Interesse crescente no edificado com Evolução das taxas de juro do crédito à


carácter histórico habitação

Possibilidade de articulação das politicas de Mudança de hábitos residenciais


reabilitação
Habitação 201

Análise de Pontos fracos

1. Existência de vários edifícios com fracas condições de habitabilidade

Um grande número de edifícios no concelho, sobretudo nas zonas históricas, devido à sua
idade e tipologia construtiva, não oferecem condições de habitabilidade coadunadas com as
actuais exigências da população, pelo que se torna necessário conjugar a reabilitação com
as vontades da população no respeito pelos interesses e valores da comunidade.

2. Mobilidade condicionada

Necessidade de encontrar medidas no domínio do ordenamento e qualificação urbana que


permitam consolidar uma politica integrada de melhoria da mobilidade à escala das
diferentes zonas, dando prioridade à mobilidade pedonal, sobretudo no acesso e circulação
facilitadas aos mais idosos nas zonas do centro histórico.

3. Debilidade do mercado de habitação

A debilidade do mercado de habitação, traduzido no baixo número de edifícios vagos para


arrendamento ou venda, e as características do edificado, nomeadamente a idade, estado
de conservação e acessibilidades, bem como as rendas elevadas, constituem um forte
obstáculo à fixação de população no concelho, em particular os mais jovens.

4. Descaracterização do edificado tradicional

Fruto da fraca disseminação de boas práticas na reabilitação (formação e informação).


202 Habitação

Análise de Pontos Fortes

1. Património edificado de valor em termos de conjunto e de história

Um dos pontos fortes do concelho, e um motivo da sua atractividade ao turismo consiste na


riqueza e interesse do património edificado, não apenas o seu valor urbanístico e
arquitectónico como o seu valor histórico materializado nos vestígios das diferentes formas
de ocupação do espaço. Esta riqueza patrimonial constata-se na própria heterogeneidade da
sua natureza, compreendendo edifícios de natureza: civil (enquadramentos urbanos típicos e
vários edifícios de interesse), religiosa (grande número de igrejas, ermidas e a sinagoga) e
militar (destacando-se o Castelo, os vestígios de muralhas dispersos pela vila e o forte de S.
Roque).

2. Reabilitação continuada do património e valorização das identidades

A grande riqueza e diversidade do património edificado do concelho faz com que a tarefa de
reabilitação dos espaços esteja permanentemente em curso, isto é, a conservação e
reabilitação urbana dos edifícios e a valorização da identidade histórica e urbanística das
várias zonas constitui uma linha de acção de continuidade que é necessário continuar a
impulsionar de forma concertada importando para o processo as boas práticas e
conhecimentos detidos pelos agentes. Este processo de reabilitação do património e
valorização da identidade estende-se para além da reabilitação física dos edifícios,
envolvendo também a reabilitação de outros elementos patrimoniais, como igrejas,
monumentos, jardins, etc., contribuindo desta forma para o reforço da imagem e identidade
de cada zona, e para o turismo do concelho no seu conjunto.
Habitação 203

3. Existência de planos de acção e salvaguarda no âmbito das políticas de reabilitação


do património

Refira-se neste contexto o conhecimento adquirido no Plano de Salvaguarda da zona mais


antiga da vila de Castelo de Vide que está na origem do Plano de Pormenor respectivo; no
Plano de Acção da vila de Castelo de Vide e no Plano Geral de Urbanização.

4. Bons exemplos de reabilitação e de experiencias localizadas


O facto de em Castelo de Vide ser preponderante a reabilitação em detrimento da
construção de raiz, acrescido dos conhecimento detidos pelos profissionais do sector
(nomeadamente os mais antigos) e de novos modelos que conjugam novos materiais e
velhas técnicas construtivas traduzem-se num elevado potencial que urge rentabilizar,
divulgando boas práticas no campo da informação e da formação.

Análise de Oportunidades

1. Existência de programas e medidas de apoio à habitação

A crescente sensibilidade para a necessidade da melhoria da qualidade de vida tem


conduzido ao surgimento de várias intervenções visando áreas distintas como: 1) o apoio a
operações de reabilitação e revitalização urbanas em áreas centrais, associando a
recuperação de edifícios a novas formas de ocupação de natureza residencial, económica e
de lazer; 2) o desenvolvimento de intervenções integradas de qualificação de zonas
periféricas, abrangendo, entre outros aspectos, as acessibilidades, os equipamentos para
crianças, jovens e idosos, e os espaços públicos lúdicos e, 3) a aposta no conforto e
segurança na utilização dos espaços públicos.

2. Interesse crescente no edificado com carácter histórico


O aumento crescente da urbanização e dos grandes centros urbanos, tantas vezes
desqualificados, acrescido da melhoria generalizada das acessibilidades, têm levado a uma
maior procura de segunda habitação em áreas peri-urbanas e rurais. Paralelamente, a
distância a um passado onde o campo era sinal de atraso, tem levado a um reforço de
procura de edificado com carácter e história.
204 Habitação

3. Possibilidade de articulação das politicas de reabilitação


O quadro de instrumentos legais ao dispor pelos diversos agentes deverá facilitar a
possibilidade de articular os interesses de “ repovoamento” do casco antigo dos núcleos
urbanos por uma população mais jovem com dificuldade de aceder à habitação própria, com
a necessidade de recuperação do edificado, com evidentes mais valias na revalorização dos
comércios de proximidade e na dimensão de “ bairro”.

Análise de Debilidades

1. Dependência directa da politica de habitação nacional

O mercado de habitação no concelho encontra-se condicionado pelas directrizes


estabelecidas pelo Estado central no que toca à política de habitação nacional: apoio ao
arrendamento a jovens e famílias com fracos recursos financeiros, e apoio às famílias com
recursos médios na compra de habitação própria.

2. Evolução das taxas de juro do crédito à habitação

A aquisição de habitação no concelho, à semelhança da realidade nacional, faz-se com base


no recurso ao crédito, assim, a variação das taxas de juro tem reflexos na evolução do
número de contratos de crédito e no mercado imobiliário local.
8. Nível de Vida e Rendimento
206 Nível de Vida e Rendimento

Enquadramento

O alargamento dos padrões económicos e imaginários do consumo, o aumento dos tempos


livres e a expansão da civilização do conforto criaram, necessariamente, uma nova filosofia do
bem-estar e da própria felicidade humana. O carácter efémero dos produtos que consumimos
determina a obsolescência instantânea dos mesmos. Se considerarmos que nas actuais
sociedades os objectos ou produtos se transformam rapidamente em necessidades, poderemos
visualizar o círculo vicioso desta questão. Com efeito, a sociedade do bem-estar cria
necessariamente novas e constantes necessidades.

Uma análise baseada nas necessidades individuais ficaria muito dependente das aspirações das
pessoas. Não é isso que pretendemos aqui, pois gostaríamos de observar as diferentes
capacidades de consumo, mesmo sabendo que com o mesmo rendimento não se consegue
aceder sempre, em todos os lugares, às mesmas coisas – pois isso também depende das
características pessoais e sociais. Além disso, há populações que têm níveis de riqueza
relativamente elevados, mas isso não as transforma automaticamente em grandes
consumidores, nem significa em si qualidade de vida. Mas não deixa de ser verdade que muitas
vezes (ou a maioria das vezes) a falta de capacidades ou oportunidades de vida se relacionam
com a ausência de rendimentos para lhes aceder. Evidentemente, esta tendência não afecta de
forma igual todos os indivíduos, mas não deixa de ser um importante constrangimento,
sobretudo em sociedades, como a nossa, em que o Estado não garante níveis de equidade
satisfatórios a todas as pessoas e em todas as áreas geográficas.

Por outro lado, o nível de rendimento médio das famílias aumentou, mas as diferenças entre os
mais ricos e os mais pobres agudizaram-se consideravelmente. As situações mais graves nem
sempre têm uma forte visibilidade na sociedade portuguesa, porque vários factores intervêm.
Uma estrutura familiar ainda coesa, um mercado de trabalho irregular, populações agrícolas
familiares onde a pluriactividade é uma forma de equilíbrio dos rendimentos, a possibilidade de
recorrer a uma dupla remuneração (subsidio de desemprego e o «biscate» remunerado), o
trabalho extraordinário não declarado e fugindo às tabelas salariais são alguns factores que
escondem ou tentam ultrapassar precariamente situações potencialmente complicadas de
desemprego de longa duração ou dificuldade dos mais jovens em entrarem no mercado de
trabalho. Em 1991, a população residente desempregada sobrevivia com o apoio da família
(44,8%), do subsídio de desemprego (21,3%) e do trabalho (16,6%); em 2001, sobrevivia com o
Nível de Vida e Rendimento 207

apoio da família (42,1%), do subsidio de desemprego (37,5%) e do trabalho (9%), demonstrando


que a família continua a ser o principal alicerce numa situação de crise de emprego, mas que o
apoio social tem vindo progressivamente a ganhar importância.

Face a este enquadramento nacional, organizou-se este domínio em dois vectores: níveis de
consumo e níveis de rendimento. Na análise do consumo recorremos ao índice de poder de
compra elaborado pelo INE que tem por base vários indicadores dos valores médios de consumo
(créditos, levantamentos bancários, impostos automóveis, quantidade e diversidade da oferta
comercial). Na análise do rendimento apresentamos indicadores como os patamares salariais
por sector produtivo, beneficiários do subsídio de desemprego, rendimentos médios das pensões
e beneficiários do Rendimento Social de Inserção.
208 Nível de Vida e Rendimento

8.1. Nível de Vida e Poder de Compra


Indicadores seleccionados Leitura do tema

Índice do poder de compra concelhio, indicador per A avaliação da qualidade de vida de uma região em
capita em 2002 termos económicos passa por uma análise do
consumo, já que este tem consequências directas
no nível de vida dos indivíduos.

Na análise do nível de vida e poder de compra apresentamos os resultados do Estudo sobre o


poder de compra concelhio realizado em 2004 pelo INE. Este estudo baseou-se na construção
de um índice tendo por base 20 varáveis: 1) imposto sobre veículos, contabilizado pelas
Câmaras Municipais; 2) consumo doméstico de electricidade, per capita; 3) número de telefones
fixos; 4) número de acessos RDIS básicos instalados pela PT; 5) número de pessoas ao serviço
nas empresas da CAE 52 (comércio a retalho); 6) número de automóveis ligeiros de
passageiros, vendidos e registados nos concelhos; 7) crédito à habitação concedido em
estabelecimentos de crédito localizados nos concelhos; 8) rendas de habitação, per capita 9)
valor dos levantamentos e caixas multibanco; 10) Número de outras operações realizadas em
caixas multibanco, excepto consultas; 11) IRS liquidado, segundo o concelho de residência do
contribuinte; 12) rendimento colectável para efeitos do IRS, segundo o concelho de residência do
contribuinte; 13) Contribuição Predial Autárquica, inscrita como receita das Câmaras Municipais;
14) SISA contabilizada pelas Câmaras Municipais; 15) população divorciada; 16) população com
21 ou mais nãos com ensino superior concluído; 17) densidade populacional; 18) número de
Nível de Vida e Rendimento 209

empresas CAE 551, 552 e 553 (alojamento e restauração, com exclusão dos estabelecimentos
de bebidas, cafés e similares); 19) número de pessoas ao serviço em empresas da CAE 55
(alojamento e restauração); 20) hóspedes totais nos estabelecimentos hoteleiros.

A análise do índice de poder compra concelhio deve ter conta que a selecção das varáveis
obedeceu a uma óptica não de geração de rendimento, mas de utilização de rendimento, o que
explica a não consideração de variáveis ligadas à produção. Refira-se que os resultados do
Estudo poderão ser criticados em função das variáveis seleccionadas, no entanto, ainda que
imperfeito e passível de crítica, trata-se do estudo mais rigoroso realizado até à presente data
daí a pertinência da sua inclusão neste diagnóstico.

Relativamente aos resultados do concelho de Castelo de Vide, apesar de se situar 20 pontos


abaixo dos valores médios nacionais, apresenta uma situação bastante favorável no contexto
dos concelhos do Alto Alentejo, que no entanto deve ser relativizada pelo facto de o índice ser
influenciado por variáveis relacionadas com actividades de turismo com forte predominância no
concelho.

Indicadores

Índice do poder de compra concelhio, indicador per capita em 2002


Concelhos Índice Região Índice
Alter do Chão 64,6 Distrito de Portalegre 75,3
Arronches 59,4 Região Alentejo 76,8
Avis 65,3 Portugal 100
Campo Maior 74,2
Castelo de Vide 79,7 100

Crato 61,1
Elvas 80,3
80

Fronteira 69,7 60

Gavião 54,5 40
Marvão 64,1
Monforte 58,5 20

Nisa 62,1 0

Ponte de Sor 68,1 Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 98,9
Sousel 61,8 Fonte: INE 2005
210 Nível de Vida e Rendimento

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Posicionamento relativo do concelho, desfavorável a nível
nacional, mas favorável em termos regionais.
Factores explicativos
• Variáveis tidas em consideração na elaboração do índice
de poder compra, nomeadamente o número de população
divorciada, número de empresas e pessoal ao serviço nas
áreas do alojamento e restauração contribui para o
inflacionamento dos resultados obtidos no concelho de
Castelo de Vide.

8.2. Rendimentos
Indicadores seleccionados Leitura do tema
• Ganho médio mensal em 2004
• Disparidade no ganho médio mensal por sexo,
em 2004
• Ganho médio mensal no sector primário em
2004
• Ganho médio mensal no sector secundário em
2004
• Ganho médio mensal no sector terciário em
2004 A avaliação da qualidade de vida de uma região
• Número de pensionistas por velhice em 2004 passa por uma análise do rendimento, já que este
tem consequências directas no nível de vida e de
• Valor médio anual das pensões de velhice, em consumo dos indivíduos sendo igualmente
2004 fundamentais para aferir a tradução das actividades
produtivas em qualidade de vida.
• Número de pensionistas por sobrevivência em
2004
Nível de Vida e Rendimento 211

• Valor médio anual das pensões de


sobrevivência, em 2004
• Número de pensionistas por invalidez em 2004
• Valor médio anual das pensões de invalidez,
em 2004
• Número de beneficiários do subsídio de
desemprego em 2004
• Valor médio anual do subsídio de desemprego,
em 2004
• Beneficiários do subsídio de desemprego por
grupos etários em Castelo de Vide em 2004
• Beneficiários do RMG por grupos etários em
Castelo de Vide em 2004
• Beneficiários do RMG por grupos etários em
Castelo de Vide em 2003
• Beneficiários do RMG por valor da prestação
em Castelo de Vide em 2003

A análise do ganho médio mensal no concelho de Castelo de Vide permite verificar que este se
situa abaixo do verificado no distrito de Portalegre e se situa em cerca de 74% do ganho médio
verificado a nível nacional. A análise por sector de actividade permite observar, por um lado, o
esbatimento destas diferenças no sector primário, na medida em que o rendimento médio neste
sector no concelho é idêntico ao verificado nacionalmente. No entanto, por outro lado, verifica-se
uma ampliação das diferenças no sector terciário onde o ganho médio mensal do concelho é
apenas cerca de 66% do verificado no país. Relativamente às diferenças salariais entre homens
e mulheres, estas são menos significativas no concelho de Castelo de Vide quando comparadas
com a região Alentejo e a realidade nacional.

A população idosa é um dos grupos mais afectados pelos fenómenos de pobreza e exclusão
social, vivendo muitas das vezes à margem de certos serviços sociais básicos. Esta camada da
população sofre assim de desfavorecimentos sociais, fruto das dificuldades económicas que
normalmente lhe estão associados. Na realidade, este grupo etário não teve as mesmas
condições socioeconómicas que existem hoje em dia de acesso à educação e, neste sentido, as
baixas qualificações têm uma relação directa com o tipo de actividades profissionais
desenvolvidas durante o período de idade activa, e indirectamente com a realidade vivenciada
actualmente. O valor médio das pensões por velhice aproxima-se dos valores médios verificados
212 Nível de Vida e Rendimento

na Região Alentejo mas abaixo dos verificados ao nível nacional. Já no que se refere às pensões
de sobrevivência e de invalidez estas encontram-se abaixo dos valores nacionais.

No que diz respeito aos apoios sociais, como o subsídio de desemprego e Rendimento Social de
Inserção, os indicadores apresentados permitem verificar um número baixo de beneficiários no
concelho de Castelo de Vide relativamente aos restantes concelhos do distrito de Portalegre,
para além de auferirem prestações mais baixas.
Nível de Vida e Rendimento 213

Indicadores

Ganho médio mensal em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 584 € Distrito de Portalegre 672 €
Arronches 587 € Região Alentejo 722 €
Avis 633 € Portugal 813 €
Campo Maior 786 €
Castelo de Vide 598 € 900

Crato 575 €
Elvas 623 €
600
Fronteira 580 €
Gavião 546 €
Marvão 582 € 300

Monforte 630 €
Nisa 616 €
Ponte de Sor 694 € Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 734 €
Sousel 569 € Fonte: INE 2005

Disparidade no ganho médio mensal por sexo, em 2004


Concelhos % Região %
Alter do Chão 0,3 % Distrito de Portalegre 11,0 %
Arronches 8,0 % Região Alentejo 13,2 %
Avis 12,5 % Portugal 12,3 %
Campo Maior 15,0 %
Castelo de Vide 6,2 % 16

Crato 5,0 %
Elvas 7,8 % 12

Fronteira 10,2 %
Gavião 3,4 % 8

Marvão 14,5 % 4

Monforte 6,5 %
Nisa 10,4 % 0

Ponte de Sor 12,9 % Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 11,7 %
Sousel 14,1 % Fonte: INE 2005

Ganho médio mensal no sector primário em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 565 € Distrito de Portalegre 543 €
Arronches 505 € Região Alentejo 575 €
Avis 537 € Portugal 569 €
Campo Maior 652 €
Castelo de Vide 561 € 600

Crato 497 €
Elvas 576 €
400
Fronteira 557 €
Gavião 478 €
Marvão 473 € 200

Monforte 573 €
Nisa 451 € 0
214 Nível de Vida e Rendimento

Ponte de Sor 472 €


Portalegre 509 €
Sousel 486 € Fonte: INE 2005

Ganho médio mensal no sector secundário em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 539 € Distrito de Portalegre 713 €
Arronches 587 € Região Alentejo 779 €
Avis 585 € Portugal 724 €
Campo Maior 827 €
Castelo de Vide 618 € 800

Crato 474 €
Elvas 582 € 600

Fronteira 457 €
Gavião 471 € 400

Marvão 554 € 200


Monforte 638 €
Nisa 664 € 0

Ponte de Sor 783 € Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 791 €
Sousel 532 € Fonte: INE 2005

Ganho médio mensal no sector terciário em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 616 € Distrito de Portalegre 669 €
Arronches 635 € Região Alentejo 712 €
Avis 766 € Portugal 887 €
Campo Maior 764 €
Castelo de Vide 589 € 900

Crato 636 €
Elvas 650 €
600
Fronteira 645 €
Gavião 645 €
Marvão 604 € 300

Monforte 656 €
Nisa 587 € 0

Ponte de Sor 656 € Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 707€
Sousel 649 € Fonte: INE 2005
Nível de Vida e Rendimento 215

Número de pensionistas por velhice em 2004


N. %*
Alter do Chão 1 292 32,8
Arronches 1 178 34,8
Avis 1 463 28,2
Campo Maior 1 682 20,1
Castelo de
Vide 1 073 27,7
Crato 1 394 32,1
Elvas 4 605 19,7
Fronteira 1 054 28,2
Gavião 1 846 37,8
Marvão 1 284 31,9
Monforte 1 043 30,7
Nisa 2 833 33,0
Ponte de Sor 4 563 25,2
Portalegre 5 863 22,6
Sousel 1 790 31,0
Fonte: INE 2005
* Número de pensionistas por velhice observado durante o ano, referido à população média nesse período

Valor médio anual das pensões de velhice, em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 3.283 Distrito de Portalegre 3.485
Arronches 3.199 Região Alentejo 3.596
Avis 3.394 Portugal 4.124
Campo Maior 3.478
Castelo de Vide 3.553 5 000

Crato 3.468
Elvas 3.539
4 000

Fronteira 3.401 3 000

Gavião 3.567 2 000


Marvão 3.346
Monforte 3.354 1 000

Nisa 3.488
Ponte de Sor 3.393 Castelo de Vide Alto Alentejo Alentejo Portugal

Portalegre 3.663
Sousel 3.316 Fonte: INE 2005
216 Nível de Vida e Rendimento

Número de pensionistas por sobrevivência em 2004


N. %*
Alter do Chão 478 12,1
Arronches 362 10,7
Avis 486 9,4
Campo Maior 681 8,1
Castelo de
373
Vide 9,6
Crato 555 12,8
Elvas 1 640 7,0
Fronteira 358 9,6
Gavião 616 12,6
Marvão 411 10,2
Monforte 364 10,7
Nisa 993 11,6
Ponte de Sor 1 657 9,1
Portalegre 2 130 8,2
Sousel 585 10,1
Fonte: INE 2005
* Número de pensionistas por sobrevivência observado durante o ano, referido à população média nesse período

Valor médio anual das pensões de sobrevivência, em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 2.259 Distrito de Portalegre 1 970
Arronches 1.867 Região Alentejo 1 968
Avis 1.920 Portugal 2 103
Campo Maior 1.909
Castelo de Vide 1.890
Crato 2.148
Elvas 1.876
Fronteira 1.980
Gavião 2.115
Marvão 1.978
Nível de Vida e Rendimento 217

Monforte 1.879
Nisa 2.014
Ponte de Sor 1.913
Portalegre 1.972
Sousel 1.865 Fonte: INE 2005

Número de pensionistas por invalidez em 2004


N. %*
Alter do Chão 162 4,1
Arronches 172 5,1
Avis 230 4,4
Campo Maior 264 3,1
Castelo de
Vide 120 3,1
Crato 188 4,3
Elvas 641 2,7
Fronteira 126 3,4
Gavião 188 3,8
Marvão 149 3,7
Monforte 207 6,1
Nisa 286 3,3
Ponte de Sor 742 4,1
Portalegre 1 257 4,8
Sousel 191 3,3
Fonte: INE 2005
* Número de pensionistas por invalidez observado durante o ano, referido à população média nesse período

Valor médio anual das pensões de invalidez, em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 3.105 € Distrito de Portalegre 3.399 €
Arronches 3.198 € Região Alentejo 3.504 €
Avis 3.339 € Portugal 3.654 €
Campo Maior 3.557 €
Castelo de Vide 3.442 €
Crato 3.410 €
218 Nível de Vida e Rendimento

Elvas 3.409 €
Fronteira 3.230 €
Gavião 3.516 €
Marvão 3.356 €
Monforte 3.222 €
Nisa 3.290 €
Ponte de Sor 3.275 €
Portalegre 3.574 €
Sousel 3.246 € Fonte: INE 2005

Número de beneficiários do subsídio de desemprego em 2004


N. %*
Alter do Chão 207 5,3
Arronches 175 5,2
Avis 417 8,0
Campo Maior 490 5,8
Castelo de
Vide 220 5,7
Crato 267 6,1
Elvas 1 582 6,8
Fronteira 399 10,7
Gavião 272 5,6
Marvão 181 4,5
Monforte 288 8,5
Nisa 342 4,0
Ponte de Sor 1 614 8,9
Portalegre 1 653 6,4
Sousel 408 7,1
Fonte: INE 2005
* Número de beneficiários do subsídio de desemprego observado durante o ano, referido à população média nesse
período

Valor médio anual do subsídio de desemprego, em 2004


Concelhos € Região €
Alter do Chão 2.077 € Distrito de Portalegre 2.298 €
Arronches 2.240 € Região Alentejo 2.477 €
Avis 2.362 € Portugal 2.994 €
Campo Maior 2.365 €
Castelo de Vide 2.341 €
Nível de Vida e Rendimento 219

Crato 2.371 €
Elvas 2.209 €
Fronteira 2.105 €
Gavião 2.342 €
Marvão 2.365 €
Monforte 1.681 €
Nisa 2.389 €
Ponte de Sor 2.037 €
Portalegre 2.803 €
Sousel 1.728 € Fonte: INE 2005

Beneficiários do subsídio de desemprego por grupos etários em Castelo de


Vide em 2004
Grupo etário N. %
Menos de 24 anos 27 12,3 %
25 a 29 anos 38 17,3 %
30 a 39 anos 57 25,8 %
40 a 49 anos 47 21,4 %
50 a 54 anos 13 5,9 %
55 e mais anos 38 17,3 %
Total 220 100 %
Fonte: INE 2005

Número de beneficiários do Rendimento Mínimo Garantido em 2003


N. %*
Alter do Chão 224 5,7 %
Arronches 100 3,0 %
Avis 288 5,5 %
Campo Maior 571 6,8 %
Castelo de
132
Vide 3,4 %
Crato 187 4,3 %
Elvas 2 306 9,9 %
Fronteira 59 1,6 %
Gavião 96 2,0 %
Marvão 115 2,9 %
Monforte 293 8,6 %
Nisa 221 2,6 %
Ponte de Sor 781 4,3 %
Portalegre 731 2,8 %
Sousel 322 5,6 %
Fonte: INE 2005
* Número de beneficiários do RMG observado durante o ano, referido à população média nesse período

Beneficiários do RMG por grupos etários em Castelo de Vide em 2003


220 Nível de Vida e Rendimento

Grupo etário N. %
Menos de 24 anos 75 56,8 %
25 a 39 anos 34 25,8 %
40 a 54 anos 16 12,1 %
55 e mais anos 7 5,3 %
Total 132 100 %
Fonte: INE 2005

Beneficiários do RMG por valor da prestação em Castelo de Vide em 2003


Valor da prestação N. %
0 – 50 € 60 45,4 %
50 € – 200 € 36 27,3 %
200 € – 400 € 36 27,3 %
400 € – 500 € – –
500 € e mais – –
Total 132 100 %
Fonte: INE 2005

Quadro resumo do tema


Principais tendências
• Ganho média mensal inferior à média nacional e regional;
• Pensões de velhice, sobrevivência e invalidez inferiores à média
nacional.
• Apoios sociais (subsídio de desemproe e Rendimento Mínimo
Garantido) com prestações médias inferiores às verificadas a
nível regional e nacional.
Factores explicativos
• Prevalência de profissões pouco qualificadas e
remuneradas abaixo da média.
• Exclusão tendencial dos jovens do mercado de trabalho.
Factores de inversão de tendências problemáticas
• Reconfiguração do tecido produtivo local;
• Alteração dos padrões de qualificação profissional da
mão-de-obra do concelho.
Nível de Vida e Rendimento 221

8.3. Identificação de pontos fortes, pontos fracos,


oportunidades e ameaças

Pontos fortes Pontos fracos

Disparidade do ganho médio mensal por sexo Ganho médio abaixo da média nacional;
inferior à verificada no país.

Valor médio das pensões de sobrevivência


abaixo da média nacional.
222 Nível de Vida e Rendimento

Oportunidades Ameaças

Alargamento dos apoios sociais destinados à Envelhecimento da população;


população economicamente desfavorecida;

Criação de mecanismos de apoio às famílias


mais carenciadas. Agravamento das condições de sobrevivência
da população dependente .

Análise de Pontos fracos

Ganho médio abaixo da média nacional

Os baixos rendimentos verificados no concelho de Castelo de Vide, traduzidos num ganho


médio abaixo da média nacional relaciona-se com os níveis de escolarização e défices de
qualificação e de capital económico da população. Predominando o exercício de profissões
mais desqualificadas e menos remuneradas.
Nível de Vida e Rendimento 223

Valor médio das pensões de sobrevivência abaixo da média nacional

O baixo valor médio das pensões de sobrevivência resulta do facto de os seus beneficiários
serem na sua maioria viúvas, que não integraram o mercado de trabalho, e do cálculo do
valor da pensão ter por referencia os rendimentos do cônjuge, na sua maioria, já de si
bastante baixos.

Análise de Pontos Fortes

Disparidade do ganho médio mensal por sexo inferior à verificada no país.


224 Nível de Vida e Rendimento

Em Portugal as desigualdades de remuneração entre homens e mulheres continuam a


persistir, verificando-se diferenças importantes, embora em termos médios estas venham a
diminuir ao longo das últimas décadas. Esta disparidade resulta de vários factores, não só
das diferenças de habilitação escolar, qualificação, experiência profissional e antiguidade no
emprego, mas também da discriminação entre géneros. Os dados referentes ao concelho de
Castelo de Vide apontam para uma menor vulnerabilidade do mercado de emprego local a
este fenómeno.

Criação de mecanismos de apoio às famílias mais carenciadas

A criação de mecanismos de apoio às famílias mais carenciadas na forma de equipamentos


ou facilitação de acesso a serviços da mais variada natureza permite melhorar as condições
de vida e a inserção social desses agregados.
Nível de Vida e Rendimento 225

Análise de Oportunidades

Alargamento dos apoios sociais destinados à população economicamente desfavorecida

O alargamento de apoios conferidos aos cidadãos pelo Estado, nomeadamente os


destinados à população economicamente desfavorecida tem um impacto significativo no
nível de vida local, dado o peso relativo que estes grupos têm na estrutura demográfica, e a
escassez de recursos financeiros que os caracteriza.
226 Nível de Vida e Rendimento

Análise de Debilidades

Envelhecimento da população
O agravamento do envelhecimento da população da população residente no concelho de
Castelo de Vide (causada por um lado pelo aumento da população com mais de 65 anos e
prolongamento da esperança de vida e, por outro lado, por uma quebra da taxa de
natalidade) conduzirá a um aumento do número de pensionistas. Esta tendência significará
um abaixamento dos níveis médios de rendimentos, do poder de compra e do nível de vida
da população residente.

Agravamento das condições de sobrevivência da população dependente

Eventuais medidas no sentido da restrição do acesso ao subsídio de desemprego e


Rendimento Social de Inserção, bem como eventuais alterações na fórmula de cálculo das
pensões de reforma, ou a sua actualização anual abaixo dos níveis da inflação, traduzir-se-
ão numa perda do poder compra com reflexos no nível médio de vida da população do
concelho.
Sistema de Informação
228 Sistema de Informação

Enquadramento

No seguimento das recomendações para a implementação da Rede Social foi criado um Sistema
de Informação Local com o intuito de que este constitua um dispositivo permanente de
informação sobre a situação social do concelho, actualizado regularmente. Neste sentido, o
sistema criado tem por base os seguintes objectivos:

• Apoiar o Diagnóstico Social, facilitando o processo de recolha de informação, até aí


dispersa;
• Actualizar o Diagnóstico Social dos CLAS, promovendo o rigor ao nível dos hábitos de
trabalho;
• Garantir a equidade no acesso à informação por parceiros com diferentes capacidades e
recursos;
• Fomentar a circulação da informação;
• Permitir a difusão dos conhecimentos produzidos e, ao mesmo tempo, dar visibilidade às
boas práticas;
• Contribuir para a consolidação dos CLAS, na medida em que constitui um importante factor
de mobilização dos parceiros que vão participar a diferentes níveis e com diversos
contributos.

Legenda dos quadros

Tendência evolutiva do indicador:

Crescimento com impacto positivo na dinâmica do


concelho
Diminuição com impacto positivo na dinâmica do
concelho
Estabilidade
Crescimento com impacto negativo na dinâmica do
concelho
Sistema de Informação 229

Diminuição com impacto negativo na dinâmica do


concelho

Apreciação presente da situação:


☺ Boa
Razoável

informação
230
Indicadores Último valor/ano Tendência Situação
evolutiva
População residente 3872 habitantes (2001)

Taxa de natalidade 6,3‰ (2004)

Taxa de mortalidade 18,0‰ (2004)

Taxa de nupcialidade 3,7‰ (2004)

Taxa de divórcio 3,7‰ (2004)

Taxa de fecundidade 30,5‰ (2004)

Nados vivos fora do casamento 16,7% (2004) ☺


Índice de envelhecimento 226,8% (2002)

População dependente 43,1% (2001)

Sistema de
Sistema de informação
Indicadores Último valor/ano Tendência Situação
evolutiva
Relação entre o número de estabelecimentos escolares (nível pré-escolar) e a população residente 54 (2001) ☺
com idades compreendidas entre os 0 e os 4 anos
Relação entre o número de estabelecimentos escolares (1.Ciclo) e a população residente com idades 80 (2001) ☺
compreendidas entre os 5 e os 9 anos
Relação entre o número de estabelecimentos escolares (2.Ciclo) e a população residente com idades 191 (2001) ☺
compreendidas entre os 10 e os 14 anos
Relação entre o número de estabelecimentos escolares (3.Ciclo) e a população residente com idades 191 (2001) ☺
compreendidas entre os 10 e os 14 anos
Taxa de abandono escolar 3,5%

Taxa de saída antecipada 22,4%

Taxa de retenção 11,6%

Relação entre a população a frequentar o ensino secundário e a população residente com idades 62,4% ☺
compreendidas entre os 15 e os 19 anos
Taxa de analfabetismo 20,5%

Percentagem da população com mais de 14 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino 27,2%
obrigatório
Percentagem da população com mais de 19 anos com escolaridade superior ou igual ao ensino 12,9%
secundário
Percentagem da população com mais de 24 anos com grau académico de nível superior 5,8%

231
informação
232
Indicadores Último valor/ano Tendência Situação
evolutiva
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com uma ou mais crianças, relativamente ao 1,6%
total de famílias
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade compreendida entre os 15 e os 64 7,4%
anos, relativamente ao total de famílias.
Famílias clássicas constituídas apenas por um adulto com idade superior a 64 anos, relativamente ao 16,1%
total de famílias.
Taxa de criminalidade 23,0 ‰ ☺
Arguidos e condenados em processos-crime na fase de julgamento findos (arguidos/condenados) 77/57

Taxa de vítimas de acidentes de viação 4,1 ‰ ☺


Número de habitantes por bombeiro 67 ☺
Taxa de cobertura da população residente com menos de 5 anos pelo número de utentes dos 18,6 % ☺
infantários.
Taxa de cobertura da população residente com idade compreendida entre os 5 e os 14 anos pelo 7,7 %
número de utentes de ATL
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de Centro 2,2 %

Sistema de
de Dia
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de utentes de Lar de 12,9 % ☺
Idosos
Sistema de informação
Taxa de cobertura da população residente com mais de 64 anos pelo número de beneficiários de 4,1 % ☺
Apoio Domiciliário

Indicadores Último valor/ano Tendência Situação


evolutiva
Enfermeiros por 1000 habitantes 2,6 (2003)

Médicos por 1000 habitantes 2,1 (2003)

Farmacêuticos por 1000 habitantes 0,8 (2003) ☺


Taxa de mortalidade 18% (2003)

Taxa bruta de mortalidade por doenças do aparelho circulatório 6,9% (2003)

Taxa bruta de mortalidade por tumores malignos 3,7% (2003)

Consultas de médicas por 1.000 habitantes 3,2 (2003)

Consultas de clínica geral em centros de saúde por habitante 2,9 (2003) ☺


Consultas de planeamento familiar em centros de saúde por mulheres residentes com idade entre 15 1,0 (2003)
a 24 anos

233
Consultas de saúde infantil em centros de saúde por habitantes residentes com menos de 15 anos 1,1 (2003)

informação
234
Consultas de saúde materna e obstetrícia em centros de saúde por mulheres residentes com idade 0,06 (2003)
entre 15 a 64 anos

Indicadores Último valor/ano Tendência Situação


evolutiva
Número total de sociedades sediadas 90 (2005)

Sociedades do sector primário no total de sociedade sediadas 12,2% (2005)

Sociedades do sector secundário no total de sociedade sediadas 18,9% (2005)

Sociedades do sector terciário no total de sociedade sediadas 68,9% (2005)

Sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total de empresas sediadas 12,2% (2005)

Sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total de empresas sediadas 25,9% (2005)

Sistema de
Sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total de empresas sediadas 18,9% (2005) ☺
Volume total de negócios das sociedades, por concelho (em milhares de euros) 13.907 € (2004)
Sistema de informação
Volume de negócios das sociedades agrícolas e silvícolas (CAE - A) no total do volume de negócios 3,3% (2004)
do concelho em 2004
Volume de negócios das sociedades de comércio por grosso e retalho (CAE - G) no total do volume 66,4% (2004)
de negócios do concelho
Volume de negócios das sociedades de alojamento e restauração (CAE - H) no total do volume de 12,9% (2004) ☺
negócios do concelho

Indicadores Último valor/ano Tendência Situação


evolutiva
Empregados no ramo agrícola no total de empregados 4,5% (2001)

Empregados no ramo da construção civil no total de empregados 11,7% (2001)

Empregados no ramo da hotelaria no total de empregados 5,8% (2001)

Empregados na administração pública no total de empregados 14,2% (2001)

Empregados no ramo da acção social no total de empregados 6,6% (2001) ☺

235
Proporção de empregos não qualificados 22,6% (2001)

informação
236
Proporção de empregos dos serviços intensivos em conhecimentos 12% (2001)

Proporção de emprego total em actividades TIC (tecnologias de informação e comunicação 0,5% (2001)

Taxa de desemprego masculino 3,6% (2001) ☺


Taxa de desemprego feminino 8,5% (2001)

Indicadores Último valor/ano Tendência Situação


evolutiva
Alojamentos com instalação eléctrica no concelho de Castelo de Vide 1508 (2001) ☺

Sistema de
Alojamentos com instalação sanitária no concelho de Castelo de Vide 1461 (2001) ☺
Alojamentos com água canalizada no concelho de Castelo de Vide 1478 (2001) ☺
Sistema de informação
Alojamentos com instalação de banho ou duche no concelho de Castelo de Vide 1348 (2001)

Sistemas de aquecimento disponíveis nos alojamentos do concelho de Castelo de Vide 1424 (2001)

Relação dos alojamentos ocupados como residência habitual na totalidade do parque habitacional 52,8 % (2001)

Relação dos alojamentos para demolição na totalidade do parque habitacional 2,2% (2001)

Relação dos alojamentos construídos antes de 1946 na totalidade do parque habitacional 30,5% (2001)

Relação dos alojamentos sobrelotados na totalidade do parque habitacional 7,4 % (2001) ☺


Relação dos edifícios muito degradados na totalidade do parque habitacional 7,6% (2001)

Relação dos edifícios não acessíveis a pessoas de mobilidade condicionada na totalidade do parque 65,6% (2001)
habitacional
Relação de alojamentos vagos na totalidade do parque habitacional 13,4% (2001)

Relação de alojamentos vagos para venda na totalidade do parque habitacional 1,1% (2001)

Relação de alojamentos vagos para arrendamento na totalidade do parque habitacional 1,1% (2001)

Relação dos alojamentos com renda superior a 250 € na totalidade dos alojamentos arrendados 17,5% (2001)

Indicadores Último valor/ano Tendência Situação


evolutiva
Índice do poder de compra concelhio, indicador per capita 79,7% (2002)

Ganho médio mensal 598,00€ (2004)

Disparidade no ganho médio mensal por sexo 6,2% (2004)

237
Ganho médio mensal no sector primário 561,00€ (2004)

informação
238
Ganho médio mensal no sector secundário 618,00€ (2004)

Ganho médio mensal no sector terciário 589,00€ (2004)

Número de pensionistas por velhice 1073 (2004)

Valor médio anual das pensões de velhice 3553,00€ (2004)

Número de pensionistas por sobrevivência 373 (2004)

Valor médio anual das pensões de sobrevivência, 1890,00€ (2004)

Número de pensionistas por invalidez 120 (2004)

Valor médio anual das pensões de invalidez 3442,00€ (2004)

Número de beneficiários do subsídio de desemprego 220 (2004)

Valor médio anual do subsídio de desemprego 2341,00€ (2004)

Número de beneficiários do RMG 132 (2003)

Sistema de
Metodologia
240 Metodologia

A metodologia seguida na implementação do Programa Rede Social no Município de Castelo de


Vide teve por base o recurso a diferentes técnicas, privilegiando sempre que possível a
participação de diferentes actores. O relevo dado à componente participativa não a perspectiva
meramente como meio mas também como uma meta, o que implicou aceitar as capacidades
individuais da comunidade para identificar e os seus próprios problemas. O carácter participativo
e integrado do projecto coloca em relevo dois aspectos em que assenta: foco no local e foco no
processo.

No que diz respeito ao foco local, ele traduz-se numa orientação para as necessidades sentidas
pela comunidade e pelas instituições locais. Pelo que procura tomar em linha de conta a
problemática vivenciada e explicitamente reconhecida pela comunidade e instituições locais.
Para além disso o projecto procura fomentar uma relação forte com as iniciativas geradas
localmente. A metodologia participativa tem como objectivo gerar informação e fortalecer
procedimentos de tomada de decisão úteis para objectivos locais e aplicáveis às iniciativas
locais.

Relativamente ao foco no processo, este diz respeito a uma preocupação igual com os
resultados e com os processos. Neste sentido o projecto visa envolver todos os participantes nas
implicações das questões debatidas (problema, situação, possíveis soluções, resultados de
experiências) e apoiando-os na tomada de decisões relevantes. Ainda respeitante ao foco no
processo, o presente projecto procura incorporar uma estratégia de comunicação. Derivando da
ideia de que se os relatórios finais escritos são úteis para os propósitos institucionais, os
encontros institucionais são meios mais eficazes ao proporcionar a retroalimentação de
resultados obtidos às instituições locais.

A metodologia adoptada para o desenvolvimento das actividades propostas visa estimular e


privilegiar a participação e envolvimento da população no conjunto de actividades. Neste
domínio, para um projecto que se pretende de intervenção social, privilegia a participação activa
da comunidade criando uma relação bidireccional entre o público-alvo e as estruturas/respostas
de apoio necessárias à sua concretização.

Partindo destes pressupostos as técnicas de recolha e tratamento de informação de suporte a


este diagnóstico assentou sobretudo na realização de duas sessões comunitárias abertas a toda
a população e o recurso à análise SWOT no tratamento da informação recolhida.
Metodologia 241

Sessões Comunitárias

Muitas das problemáticas identificadas no Diagnóstico Social foram identificadas com base na
análise dos resultados obtidos em duas sessões comunitárias, abertas à população, realizadas
durante o mês de Junho de 2005.
242 Metodologia

Problemas identificados na sessão comunitária realizada em Nossa Senhora da Graça de


Póvoa e Meadas em 14 de Junho de 2005

• Falta de aproveitamento da Barragem da Póvoa • Falta de manutenção dos ecopontos


• Criação de uma actividade extra-curricular ( • Perda das tradições (S. Silvestre)
Agricultura Biológica) • Falta de informação sobre a qualidade da
• Vala na saída para Nisa água da Barragem
• Falta de iluminação no circuito de manutenção • Envelhecimento da população
• Falta de um professor de ginástica para a 3ª • Não fixação dos jovens
idade • Falta de emprego
• Falta de administrativo no posto médico • Dificuldade de acesso à informação (internet)
(extensão) • Baixo nível de escolaridade
• Falta de um posto de medicamentos (horário) • Falta de qualificação profissional
• Não funcionamento da antena da TMN • Dificuldade dos arruamentos
• Fraco domínio das tecnologias de informação e • Falta de interesse dos jovens na participação
comunicação de actividades culturais
• Pouca habitação e especulação imobiliária • Falta de expectativas na agricultura
• Localização da ETAR • Falta de acompanhamento das famílias na
• Falta de ocupação dos tempos livres nas férias escolaridade dos filhos
escolares das crianças • Baixa expectativa dos pais em relação aos
• Optimizar os recursos existentes filhos
• Falta de uma piscina • Falta de apoio escolar
• Inexistência de um circuito de manutenção para • Falta de motivação
a 3ª idade • Perda de “valores”
• Falta de condições de segurança na estrada da • Recuperação do papel do avô/avó
circunvalação (caminhadas) • Falta de apoio aos DLD (desempregados de
• Falta de um plano de emergência para a Póvoa longa duração)
• Falta de informação na separação de lixos • Falta de articulação entre as “Autarquias”
• Falta de ecopontos (na Barragem) e na • Dificuldades de acessibilidade entre a Póvoa
freguesia e Nisa
• Falta de civismo / cidadania (animais de • Falta de transportes públicos
estimação) • Falta de condições da escola (portas,

• Falta de identificação das potencialidades da janelas,...)

Freguesia • Falta de sinalização na variante

• Falta de associativismo em termos • Falta de um parque infantil


Metodologia 243

empresariais
• Falta de divulgação / apoio dos desportos
radicais
• Desconhecimento dos apoios / incentivos /
programas

Problemas identificados na Sessão Comunitária realizada em Castelo de Vide em 16 de


Junho de 2005

• “Rotulação” dos nossos alunos com insucesso • Falta de um parque industrial


escolar • Falta de investimento nos jovens
• Falta de intervenção cívica dos Munícipes • Falta de apoio à agricultura
• Falta de envolvimento dos pais na educação • Falta de apoio à Cooperativa de Habitação
dos filhos • Falta de articulação entre as diversas
• Falta de envolvimento dos professores na Entidades
comunidade • Falta de mobilização da população para
• ( A) Imigração/ / Integração dos imigrantes do resolver os problemas
Leste • Falta de segurança nocturna nos idosos
• Falta de apoio à fixação dos professores • Não funcionamento do Centro Comunitário
• Falta de garantia de execução / continuação • Falta de apoio domiciliário nocturno
do Projecto • Falta “camas” nos lares
• Dificuldade da acção da associação de pais • Falta de internamento / rectaguarda
na escola. Falta de comunicação • Doentes terminais – falta de respostas
• Absentismo dos professores • Reabertura das termas
• Má política nacional da educação • Não fixação dos jovens no Concelho (
• Falta de desenvolvimento sustentado desemprego )
• Política de desenvolvimento do interior do país • Associativismo entre Municípios
• Alcoolismo • Disponibilização de orçamentos autárquicos
• Alcoolismo – óbitos precoces para a área social
• Lares de 3ª idade – Falta de apoio • Falta de apoio à habitação social
• Falta de resposta em consultas médicas de • Falta de segurança
244 Metodologia

especialidade ( lista de espera ) • Falta de recursos monetários


• Falta de acompanhamento nas deslocações • Falta Equipamento / Fundação
às consultas no Hospital de Portalegre/outros • Falta de apoio às iniciativas dos jovens desde
locais a infância
• Falta de coordenação das Instituições • Barreiras à disponibilização de verbas para a
• Sub-aproveitamento do edifício do Centro de fundação ( equipas )
Saúde (consultas de especialidade) • Envelhecimento da população
• Falta de um circuito para andar de bicicleta • Migração Jovens – Litoral Idosos – Interior
• Falta de qualidade no ensino ( básico ) • Apoio domiciliário - Social / saúde / “
• Insucesso escolar companhia “
• Falta de competitividade económica / • Falta de oportunidades económicas
habitacional • Maus tratos / família
• Falta de ocupação de jovens • Consumo excessivo de álcool
• Falta de investimento / emprego • Degradação do conceito de família
• Falta de emprego protegido • Falta incentivos para a maternidade
• Droga • Falta de habitação para os técnicos
• Centro de acamados • Falta de comissão utentes / voluntários
• Utilização do “ Hospital Velho “ • Falta de um transporte para utentes no Centro
• Falta de respostas dos lares de Saúde
• Falta de ocupação dos espaços / edifícios • Falta de uma Associação de Idosos
livres

Análise SWOT

A análise S.W.O.T. (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats), que em português se


traduz por F.O.F.A. (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), é uma técnica que tem sido
muito utilizada em planeamento para o conhecimento do “ambiente” em que se vai planear (uma
empresa, uma parceria, uma instituição, um concelho, etc.). As Forças e Fraquezas
correspondem aos pontos positivos e negativos, e referem-se à situação presente e à realidade
interna do concelho, as Oportunidades e Ameaças são normalmente tendências e são
geralmente exteriores à realidade do concelho. Esta análise poderá contribuir para organizar o
diagnóstico, antecipando alguns factores que poderão ser condicionantes da situação social no
Metodologia 245

concelho. Deste modo, serão definidas as primeiras pistas sobre os seus pontos fortes e fracos
que constituem hipóteses de interpretação para a posterior recolha de informação.
246 Metodologia

Bibliografia
Bibliografia 247

Associação Empresarial de Portugal, (2004), As Prioridades da Mudança. Porto.

Direcção Geral do Desenvolvimento Regional, (2004), Programa Operacional de Emprego,


Formação e Desenvolvimento Regional – Revisão Intercalar. Lisboa: Comissão de Gestão
do QCA III.

EUROSTAT, (2005), Regions: statistical yearbook 2005. Luxemburgo: Office for Official
Publication of the European Communities.

Marques, Teresa, (2004), Portugal na Transição do Século – Retratos e Dinâmicas Territoriais.


Porto: Edições Afrontamento.

Ministério da Economia, (1997), O Comércio a Retalho Português no Contexto Europeu. Lisboa:


Gabinete de Estudos e Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Economia, (1997), Turismo Português: Reflexões sobre a sua competitividade e


sustentabilidade. Lisboa: Gabinete de Estudos e Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Economia, (1997), Turismo, o espaço e a economia. Lisboa: Gabinete de Estudos e


Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Economia, (2001), Construção o Desafio da Especialização. Lisboa: Gabinete de


Estudos e Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Economia, (2001), Turismo: diagnóstico prospectivo. Lisboa: Gabinete de Estudos


e Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Economia, (2001), O Cluster Turismo em Portugal. Lisboa: Gabinete de Estudos e


Prospectiva do Ministério da Economia.

Ministério da Saúde, (2004), Plano Nacional de Saúde. Lisboa: Direcção Geral de Saúde.
248 Bibliografia

Ministério da Segurança Social (s/d), Plano de Desenvolvimento Social. Lisboa: Núcleo da Rede
Social – Departamento de Investigação e Conhecimento.

Ministério da Segurança Social (2004), Guião Prático para a Implementação da Rede Social.
Lisboa: Instituto da Segurança Social, I.P.

A informação estatística de suporte ao diagnóstico foi obtida no site do Instituto Nacional


de Estatística (em http://www.ine.pt) e no site do ministério da Educação (http://www.min-
edu.pt).

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