Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mestrado Em Gerontologia
1ºAno / 1ºSemestre
Unidade Curricular: Gestão e Administração de Serviços Gerontologia
Docente: Professor Doutor Abílio Amiguinho
Janeiro 2015
Instituto Politécnico de Portalegre
Escola Superior de Educação de Portalegre Escola Superior de Saúde de Portalegre
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Mestrado Em Gerontologia
1ºAno / 1ºSemestre
Unidade Curricular: Gestão e Administração de Serviços Gerontologia
Docente: Professor Doutor Abílio Amiguinho
Janeiro, 2015
Página 2
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Fora de mim
É nas velhas casas, onde parece flutuar ainda a penumbra dourada do passado,
que se recebe, mais perdurável e mais viva, a impressão da família e do lar.
Júlio Dantas
Página 3
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
RESUMO
Página 4
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
LISTA DE ABREVIATURAS
Página 5
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
ÍNDICE
Pág.
LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................................... 5
ÍNDICE ........................................................................................................................... 6
1.INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7
2. ESTUDO CASO – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE ............................................ 9
3. INTERVENÇÃO SOCIAL...................................................................................... 12
4. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 15
5. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 17
Página 6
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
1. INTRODUÇÃO
Página 7
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Página 8
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
A Sr.ª AR é uma idosa de 78 anos de idade, reformada e viúva. Vivia sozinha e viu
a sua autonomia e independência comprometidas desde que o seu estado de saúde se
agravou. Quando viver no seu domicílio se torna numa fonte de instabilidade e forma
que contribui para um aumento da vulnerabilidade para o idoso, pode pensar-se na
possibilidade de realojamento. De acordo com Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2004),
esta hipótese emerge em três momentos típicos: a morte do conjugue, ocorrência de
uma queda e aparecimento de uma doença.
A utente é diabética insulinodependente (Diabetes Mellitus tipo 2), hipertensa e
foi submetida a uma colocação de PTA à esquerda no ano de 2004. Em Outubro de
2010 sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que lhe deixou algumas sequelas
motoras e uma ligeira diminuição do estado cognitivo, denotando-se principalmente em
crises de ansiedade e depressões sucessivas. Após ter sofrido o AVC, a utente esteve
internada no serviço de Medicina Ala Direita do HSLE durante 12 dias, sendo
referenciada para uma UCC de forma a dar continuidade à sua recuperação e
reabilitação das suas capacidades e da sua autonomia. A realização das AVD´s é
avaliada por um maior ou menor grau de dependência a nível da higiene, alimentação,
eliminação e mobilização. (Araújo, Ribeiro, Oliveira & Pinto,2007). Aparentemente a
utente encontra-se num estado semi-independente, ou seja, necessita de ajuda ou
assistência parcial para realização da atividade de vida higiene e conforto, assim como
também usa fralda de proteção para colmatar alguns episódios de incontinência urinária
que possam ocorrer.
A utente sente um agravamento de alguns sintomas, como ansiedade, estado
depressivo e deprimido, principalmente em épocas festivas ou em datas com alguma
relevância, como o sejam as datas de aniversário, data de falecimento do esposo e
épocas festivas.
A sua situação sociofamiliar é algo complexa, e condicionou a sua vinda para o Lar.
A Sr.ª AR tem um filho que se preocupa muito com o seu estado e com a sua situação
e adaptação à nova realidade em que foi inserida, trata-se de um familiar responsável,
compreensivo e disponível para tentar solucionar todos os problemas que se relacionem
com a sua mãe.
O Sr. LR, filho da utente AR, é agente da brigada de Trânsito da Guarda Nacional
Republicana e desempenha a sua atividade laboral na cidade de Évora, o que o
impossibilita de prestar o apoio necessário à sua progenitora com a disponibilidade e a
Escola Superior De Educação De Portalegre / Escola Superior De Saúde de Portalegre
Página 9
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
atenção que neste momento ela requer. Antes de sofrer o AVC a utente AR vivia sozinha
em domicílio próprio, sendo autossuficiente na realização de todas as tarefas e
atividades de vida.
O suporte social é essencial, quanto maior é o número e a intensidade dos
relacionamentos, maior será a importância de uma rede social (Freitas,2011).
Classifica-se assim, a rede social informal da Sr.ª AR como deficitária, não tendo o
apoio necessário às suas necessidades e ao seu bem-estar.
Para obter uma vida equilibrada na terceira idade é essencial a continuidade no
meio familiar e social, o apoio prestado pela família e amigos é no geral o mais adequado
às necessidades de cada individuo (Pimentel,2005). No que se refere à situação da Sr.ª
AR esta situação sofreu um compromisso com a diminuição e agravamento do seu
estado geral, assim como a sua necessidade de recorrer a terceiros para suprir e
complementar as suas necessidades básicas. Como foi referido anteriormente, a
indisponibilidade por parte do filho, em visitá-la diariamente e aceder a todos os seus
anseios e pedidos, condicionou o estado psicológico da Sr.ª AR, levando-a a tentar por
diversas vezes concretizar o suicídio.
Young (1982) define a solidão como “a ausência ou a ausência percecionada de
relações satisfatórias, acompanhada de sintomas de mal-estar psicológico” e propõe
que “as relações sociais possam ser tratadas como uma classe particular de reforço”.
Para o autor a solidão “pode ser vista como uma resposta à ausência de reforços sociais
importantes” (citado em Neto, 2000, p.322).
Segundo Mullins (1996), cit. por Neri (2008), o sentimento de solidão é mais sentido
por mulheres idosas, idosos solteiros, idosos viúvos e idosos divorciados. A manutenção
de relação com os filhos é fundamental e imprescindível.
No caso em estudo, a Sr.ª AR apesar de manter um bom relacionamento com os
seus familiares e com os seus vizinhos, o agravamento da sua situação condicionou o
facto de poder continuar a bastar-se por si própria. Viver só, não significa perda do senso
de bem-estar subjetivo. Para Weiss (1973,cit. por Neri, 2008) existe uma diferença entre
o isolamento emocional, e o isolamento social, no que se refere ao nível da qualidade
que o individuo tem com a sua rede de suporte social. Estes dois conceitos podem
relacionar-se com a experiencia de solidão e resultam, na maioria das vezes, do fraco
relacionamento social.
Na situação em estudo verificamos que predomina um isolamento emocional
conexo à solidão, uma vez que a utente vive numa zona residencial e mantem um
Página 10
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Página 11
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
3. INTERVENÇÃO SOCIAL
A transferência do próprio lar para uma instituição é sempre um grande desafio para
os idosos, uma vez que se deparam com uma transformação muitas vezes radical do
seu estilo de vida, sendo desviados de todo o seu projeto existencial. Segundo Born
(1996), muitos idosos encaram o processo de institucionalização como perda de
liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte, além da ansiedade quanto à
condução do tratamento pelos funcionários. Contudo, não devemos esquecer que,
muitas vezes, essa instituição cumpre um papel de abrigo para o idoso excluído da
sociedade e da família, abandonado e sem um lar fixo, podendo tornar-se no único ponto
de referência para uma vida e um envelhecimento dignos.
No caso da Sr.ª AR, a institucionalização no CDLNSGD acabou por tornar-se num
mal menor, uma vez que a utente dispõe de inúmeros familiares que residem em
Degolados e que a visitam habitualmente na instituição, assim como ela também se
desloca às suas casas para sair um pouco da sala de convívio e poder estar em contacto
com uma realidade à qual sempre esteve habituada em toda a sua vida.
O sentido de responsabilidade e de controlo das suas próprias vidas, afirmando que
os problemas ligados ao processo de envelhecimento podem estar na falta desse
controle, quase sempre agravados pela institucionalização, são muitas das vezes
problemas referenciados pelos idosos institucionalizados.
Outro ponto importante centra-se na relação com outras pessoas, mais
precisamente com os parentes e amigos. Sabemos que a rede social pessoal apresenta
uma tendência a diminuir à medida que se envelhece, normalmente a necessidade de
se estar próximo de entes queridos tornar-se, habitualmente, mais intensa quando se
trata do idoso institucionalizado. No que se refere à Sr.ª AR este tipo de problemática é
por demais evidente. Desde o início da sua institucionalização que sempre discordou
com o fato de deixar a sua casa, os seus hábitos e as suas rotinas, no entanto o
aconselhamento por parte do médico psiquiatra do HDJMG de Portalegre, aquando do
seu internamento devido a uma tentativa de suicídio por toma excessiva de medicação
antidepressiva, condicionou em grande medida a decisão do seu filho, no entanto, em
conversa informal com o Sr. LR, compreendemos a sua preocupação com o bem-estar,
a segurança e a felicidade da sua mãe.
A Sra. AR participa em atividades recreativas, lúdicas e de condição física,
proporcionadas pelos diversos técnicos que colaboram com a instituição.
Semanalmente, o padre da freguesia visita a Instituição e durante uma hora celebra uma
Escola Superior De Educação De Portalegre / Escola Superior De Saúde de Portalegre
Página 12
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Página 13
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
“A satisfação com a vida é uma das medidas do bem-estar subjetivo, que reflete a
avaliaação pessoal do indivíduo sobre determinados domínios. Um aspeto essencial do
bem-estar é a capacidade de acomodação às perdas e de assimilação de informações
positivas sobre o Self – um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si
que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e ao longo de várias áreas
do funcionamento pessoal” (Neri, 2001, cit. in Resende, Cunha, Silva, & Sousa, 2007,
p.67).
Página 14
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
4. CONCLUSÃO
Página 15
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
Página 16
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
5. BIBLIOGRAFIA
• Araújo, F., Ribeiro, J., Oliveira, A. & Pinto, C. (2007). Validação do Índice de
Barthel numa amostra de idosos não institucionalizados (versão
eletrónica).Revista Portuguesa de Saúde Pública: Qualidade de Vida, 25 (2),59-
66.
Benbasat et al. (1987). Estudo de caso. Mestrado em Educação. Área de
especialização em tecnologia educativa. Acedido em 3 de Novembro de 2014
em http://grupo4te.com.sapo.pt/estudo_caso.pdf
Borges, S., Rauchbach, R.- Tendência a estados depressivos em idosos que não
tem o hábito da prática da atividade física: um estudo piloto no Município de
Curitiba. Revista Digital. Acedido em 03 Novembro de 2014 em
http://www.efdeportes.com/efd70/idosos.htm
Born, T. Cuidado ao idoso em instituição. In: Papaléo Netto, M. (Org.)
Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo:
Atheneu, 1996: 403-414.
Carvalho, P. & Dias, O. (2011). Adaptação dos Idosos Institucionalizados.
Millenium, 40,161‐184.
Coutinho (2003). Estudo de caso. Mestrado em Educação. Área de
especialização em tecnologia educativa. Acedido em 3 de Novembro de 2014
em http://grupo4te.com.sapo.pt/estudo_caso.pdf
Página 17
“ Lar Doce Lar” / Estudo Caso
• Lawton MP, Brody EM. Assessment of Older People: Self Maintaining and
Instrumental Activities of Daily Living. Ger- ontologist 1969; 9: 179-86.
• Marques, L.; Ramalheira, C. (2006).O Idoso e o suicídio. In H. Firmino, L. C.
Pinto, A. Leuschner & J. Barreto (Eds.), Psicogeriatria (pp. 233-244). Coimbra:
Psiquiatria Clínica.
• Neri, A. (2008). Solidão. Palavras-chave em Gerontologia (3.ª edição -
pp.191194). Campinas: Alínea Editora.
• Neto, F. (2000). Psicologia social (Vol. II). Lisboa: Universidade Aberta
• Paúl, C., Fonseca, A. M., Martin, I. & Amado, J. (2005). Satisfação e qualidade
de vida em idosos portugueses. In C. Paúl & A. Fonseca (Eds.), Envelhecer em
Portugal: Psicologia, Saúde e Prestação de Cuidados (pp. 77-95). Lisboa:
Climepsi Editores.
• Pimentel, L. (2005). O lugar do idoso na família. Coimbra:
Quarteto.
Página 18