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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Programa de Pós-Graduação em Geologia

CHRISTIANO MARCELINO MENEZES

A VEGETAÇÃO DE RESTINGA NO LITORAL NORTE DA


BAHIA, INFLUÊNCIA DA EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA DA
ZONA COSTEIRA: ESTUDO DE CA SO FAZENDA RIACHO
DAS FLORES, MATA DE SÃO JOÃO, BAHIA

UFBa - Salvador, 2007


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CHRISTIANO MARCELINO MENEZES

A VEGETAÇÃO DE RESTINGA NO LITORAL NORTE DA


BAHIA, INFLUÊNCIA DA EVOLUÇÃO QUATERNÁRIA DA
ZONA COSTEIRA: ESTUDO DE CASO FAZENDA RIACHO
DAS FLORES, MATA DE SÃO JOÃO, BAHIA

Orientador: Phd. José Maria Landim Dominguez


Co – orientador (a): Dra. Dorothy Sue Dunn de Araújo

Trabalho apresentado ao Curso


de Pós-Graduação em Geologia,
Área de Concentração em
Geologia Costeira e Sedimentar
do Instituto de Geociências,
Universidade Federal da Bahia,
como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Geologia.

UFBa - Salvador, 2007


3

Resumo

O litoral norte do Estado da Bahia possui aproximadamente 200 km de extensão. Este trabalho

mapeou as diferentes unidades geomorfológicas ao longo da zona costeira, incluindo os

Leques Aluviais Pleistocênicos, Terraços Marinhos Pleistocênicos e Terraços Marinhos

Holocêncicos. A vegetação de restinga se desenvolveu no topo dos depósitos arenosos. Na área

de estudo foi possível o reconhecimento de oito formações vegetacionais baseado na

composição e estrutura das espécies. Estas formações apresentam diferenças na composição

das espécies e saturação hídrica do solo. A altura da vegetação diminui do interior em direção

a costa, refletindo o aumento de condições ambientais mais estressantes como a velocidade do

vento, profundidade do lençol freático e granulometria. Foi reconhecido então que diferentes

variáveis ambientais de cada unidade geomorfológica mapeada são responsáveis pelo

desenvolvimento de diferentes comunidades vegetais na área de estudo.


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Abstract

The Northern Littoral of the Bahia state is approximately 200km long. This work has mapped

the different Quaternary geomorphological units present along the coastal zone, including

Pleistocene Alluvial Fans, Pleistocene Marine Terraces and the Holocene Marine Terraces.

The restinga vegetation developed on top of the sands deposits. At the study area, it has been

possible to recognize eight vegetational physiognomies based on species composition and

structure. These formation present different degrees of species composition and soil water

saturation. Vegetation heights decreases from the interior to the shore reflecting the increase of

more stressful conditions like wind speed, deep of the water table and grain size sheets. It has

been found that different environmental variables for each of the geomorphologic units

mapped are responsible for the development of eight different vegetational communities in the

study area.
5

Lista de Figuras

Figura 01. Modelo evolutivo para costa do Estado da Bahia. 23

Figura 02. Mapa de localização da área de estudo. 25

Figura 03. Pluviometria do ano de 2005 e do mês de janeiro de 2006, colhidos a cerca de 5km da área de
27
estudo.

Figura 04. Médias das velocidades do vento para os anos de 2003, 2004 e 200, obtidos a cerca de 60km da
27
área de estudo.

Figura 05. Imagem de satélite da área de estudo, com indicação de ocorrência das unidades geomorfológicas. 29

Figura 06. Imagem de satélite utilizada para o reconhecimento inicial da geomorfologia e vegetação local,
33
locação das unidades amostrais e observações de campo.

Figura 07. Exemplo de parcela fixa, utilizada na Mata Seca. 34

Figuras 08. Exemplo de parcela móvel utilizada na fisionomia herbácea sobre as dunas frontais. 34

Figuras 09. Coleta de solo em parcela locada no Terraço Marinho Pleistocênico. 34

Figura 10. Amostras de solo prontas para análise. 35

Figura 11. Duna frontal na porção norte da área de estudo, com indicação de um cordão litorâneo mais 41
antigo.

Figura 12. Duna frontal na porção norte da área de estudo, com indicação de cordões litorâneos mais 41
antigos.

Figura 13. Duna frontal na porção sul da área de estudo, em transição com o pós-praia. 41
43
Figura 14. Exemplo de Dunas “blowout”.

44
Figura 15. Dunas “blowout” sobre o Leque Aluvial Pleistocênico com orientação NE.

Figura 16. Dunas “blowout” sobre Terraço Marinho Pleistocênico com orientação SE e Zona de 45
Deflação associada ao sistema de Dunas.

Figura 17. Dunas “blowout” sobre o Leque Aluvial Pleistocênico com faces de deslizamento em duas 46
direções.
48
Figura 18. Abundância de espécies entre as diferentes fitofisionomias.

49
Figura 19. Altura média das diferentes fitofisionomias.
6

50
Figura 20. Abundância das espécies na Mata Seca.

51
Figura 21. Limite interno da Mata Seca.

51
Figura 22. Manilkara salzmanii e Attalea funifera. Espécies comuns na Mata Seca.

51
Figura 23. Poecilanthe itapuana, espécie dominante na Mata de Seca.

52
Figura 24. Poecilanthe itapuana.

52
Figura 25. Protium bahianum.

53
Figura 26. Abundância das espécies na Mata Periodicamente Alagável.

54
Figura 27. Lençol freático aflorado na Mata Periodicamente Alagável.

55
Figura 28. Blechnum serrulatum, espécie típica de áreas onde ocorre afloramento do lençol freático.

Figura 29. Anthurium bellum espécie típica do sub-bosque que ocorre em formações florestais na 55
restinga do Litoral Norte.

Figura 30. Heliconia psittacorum espécie típica do sub-bosque das formações florestais na restinga do 55
Litoral Norte do Estado.
55
Figura 31. Geonoma pohliana, uma espécie de palmeira exclusiva da MatPa.

55
Figura 32. Ocorrência de Elaeis guianensis (dendezeiro) na MatPa.

56
Figura 33. Abundância das espécies amostradas na MatPaTe.

57
Figura 34. Afloramento do lençol freático em zona deprimidas do Terraço Marinho Pleistocênico.

Figura 35. Afloramento do lençol freático e ocorrência de Comolia ovalifolia e Blechnum serrulatum, 57
espécies mais abundantes nestes ambientes.

Figura 36. Ocorrência de Blechnum serrulatum, no interior da Mata Periodicamente Alágvel no Terraço 57
Marinho Pleistocênico.
57
Figura 37. Ocorrência de Inga affinis na MatPaTe

59
Figura 38. Abundância das espécies amostradas na Mata de Duna.

60
Figura 39. Mata de Duna nas faces de deslizamento das Dunas do tipo “blowout”.

Figura 40. Face de deslizamento sobre o leito do rio Imbassaí. Indicação da ocorrência de espécies de 60
maior porte.
60
Figura 41. Torção dos ramos de uma mirtácea na crista da Duna provocada pelo vento local.

60
Figura 42. Andira nitida “Angelim” espécie que ocorre na Mata de Duna em contato com o rio Imbassaí.

61
Figura 43. Ocotea notata “louro” árvore comum nas faces de deslizamento das Dunas.
7

Figura 44. Acritopappus confertus “cura-facada” arbusto comum nas faces de deslizamento próximo as 61
cristas das Dunas.

Figura 45. Aspecto da distribuição da vegetação na Restinga em Moitas Esparsas associada a zona de 62
deflação do sistema de dunas “blowout”.
63
Figura 46. Abundância das espécies amostradas.

64
Figura 47. Aspecto da vegetação distribuída em moitas e vegetação arbustiva de entre-moitas.

Figura 48. Aspecto da vegetação distribuída em moitas em zona de deflação e cordão Duna ao fundo sob 64
o coqueiral.
64
Figura 49. Moita desenvolvida com Clusia hilariana, espécie de maior porte e em posição destacada.

Figura 50. Moita desenvolvida com Tabebuia elliptica em posição destacada em moita desenvolvida de 64
ocorrência esparsa na área.
66
Figura 51. Aspecto da vegetação organizada em moitas intercaladas por fragmentos da Mata Seca.

67
Figura 52. Abundância das espécies amostradas na Mata Seca.

Figura 53. Aspecto da vegetação disposta em moitas cercadas por solo desnudo na Restinga em Moitas 68
Densa.

Figura 54. Aspecto Borda de uma moita com Allagoptera brevicalyx e Hohenbergia littoralis espécies 68
que ocorrem também na Restinga em Moitas Esparsa.
68
Figura 55. Zona de Transição entre a Mata Seca e a Restinga em Moitas Densas.

68
Figura 56. Myrcia guianensis a espécie dominante e de população mais densa na RestMoiDen.

Figura 57. Aspectos das Zonas Úmidas Herbáceas na Planície Fluvial do rio Imbassaí e em Zona de 70
Deflação sobre Terraço Marinho Pleistocênico.

Figura 58. Aspecto da Zona Úmida em um trecho da Planície Fluvial do rio Imbassaí com a ocorrência 71
de Lagenocarpus rigidus dominando a paisagem.
71
Figura 59. Lagenocarpus rigidus, Blechnum serrulatum e Comolia ovalifolia.

71
Figura 60. Aspecto da Zona Úmida em uma zona de deflação ao Sul da Vila de Santo Antonio.

71
Figura 61. Aspecto da Zona Úmida em uma zona de deflação a Nordeste da Vila de Santo Antonio.

Figura 62. Cobertura relativa das espécies amostradas em zona úmida em área de deflação do campo de 72
dunas.
74
Figura 63. Aspecto das Zonas Úmidas Arbóreas em antigas linhas de Drenagem.

74
Figura 64. Antiga linha de drenagem com lençol freático aflorado.

74
Figura 65. Bonettia stricta.

75
Figura 66. População predominante de Bonettia stricta..
8

Figura 67. Cobertura Relativa das espécies amostradas na Formação Praial.. 75

77
Figura 68. Remirea maritima espécie dominante no Cordão Duna.

Figura 69. Ipomoea pes-capre. Espécie de ocorrência restrita ao início da vegetação praial em transição 77
com o berma.

Figura 70. Ipomoea stolonifera. Espécie de ocorrência restrita ao início da vegetação praial em transição 77
com o berma.
77
Figura 71. Vegetação Praial entre o coqueiral e sobre a duna frontal

Figura 72. Chamaecrista ramosa de ocorrência restrita aos limites internos do Cordão Duna e Remirea 77
marítima, espécie dominante na área de estudo.

Figura 73. Panicum racemosum e Ipomoe pes-caprae, espécies de ocorrência restrita a face externa do 77
cordão duna.

82
Figura 74. Dendrograma da análise de cluster entre das diferentes formações vegetacionais.

Lista de Tabelas

50
Tabela 01. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Mata Seca.

54
Tabela 02. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Mata Periodicamente Alagável

Tabela 03. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Periodicamente Alagável no Terraço 56


Marinho Pleistocêncico.
59
Tabela 04. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Mata de Duna.

63
Tabela 05. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Restinga em Moitas Esparsas.

67
Tabela 06. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Restinga em Moitas Densas.

72
Tabela 07. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Vegetação Hidrófila Herbácea.

76
Tabela 08. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem da Formação Praial.

78
Tabela 09. Similaridade Florística entre as diferentes fitofisionomias mapeadas

82
Tabela 10. Matriz com valores das variáveis ambientais utilizadas na análise de cluster.
9

SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................... 3

ABSTRACT................................................................................................................................ 4

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 12

2.1. ASPECTOS DA EVOLUÇÃO COSTEIRA NO ESTADO DA BAHIA ........................................... 21

3. ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................ 24

3.1. LOCALIZAÇÃO .................................................................................................................. 24


3.2. CLIMA .............................................................................................................................. 26
3.3. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS E VEGETACIONAIS .......................................................... 28

4. MÉTODOS ........................................................................................................................... 30

4.1. LEVANTAMENTO DE DADOS PRETÉRITOS ......................................................................... 30


4.2. TRABALHOS DE CAMPO.................................................................................................... 31
4.2.1. Mapeamento dos Depósitos Arenosos Quaternários............................................... 31
4.2.2. Amostragem Florística e Fitossociológica. ............................................................. 31
4.2.3. Coleta de Solo .......................................................................................................... 34
4.2.4. Profundidade do Lençol Freático............................................................................ 36
4.2.5. Medidas da Velocidade e Direção do Vento............................................................ 36
4.3. TRABALHOS DE LABORATÓRIO ........................................................................................ 36
4.3.1. Elaboração de Mapas Temáticos............................................................................. 36
4.3.2. Análise e Interpretação de Dados............................................................................ 37
4.3.2.1. Florística e Fitossociologia .................................................................................. 37
4.3.3.2. Análise Multivariada ............................................................................................ 38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................................... 39

5.1. GEOMORFOLOGIA............................................................................................................. 39
5.1.1. Leque Aluvial Pleistocênico..................................................................................... 39
5.1.3. Terraço Marinho Holocênico .................................................................................. 40
5.2. VEGETAÇÃO ..................................................................................................................... 47
5.2.1. Aspectos florísticos e fitossociológicos.................................................................... 47
5.2.2. Mata Seca sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (MatSec) ...................................... 49
10

5.2.3. Mata Periodicamente Alagável sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (MatPa) ...... 52
5.2.4. Mata Periodicamente Alagável sobre o Terraço Marinho Pleistocênico (MatPaTe)
............................................................................................................................................ 56
5.2.5. Mata de Duna sobre as faces de deslizamento das dunas do tipo “blowout”
(MatDun)............................................................................................................................ 58
5.2.6. Restinga em Moitas Esparsas sobre Terraço o Marinho Pleistocênico
(RestMoiEsp)...................................................................................................................... 61
5.2.7. Restinga em Moitas Densas sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (RestMoiDen)... 64
5.2.8. Vegetação Hidrófila em Zonas Úmidas (VegZU).................................................... 69
5.2.9. Formação Praial sobre as Dunas Frontais (Fpr) ................................................... 74
5.3. HETEROGENEIDADE DA VEGETAÇÃO ................................................................................ 78
5.3.1. Evolução da zona costeira e as fitofisionomias encontradas .................................. 83

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 85

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 87

ANEXOS................................................................................................................................... 95

MAPA GEOLÓGICO – GEOMORFOLÓGICO .................................................................................. 95


MAPA DE VEGETAÇÃO .............................................................................................................. 96
11

1. Introdução

A zona costeira do Brasil possui aproximadamente 9.200km de extensão e apresenta

uma diversidade de ambientes (Dominguez, 2004). Esta se encontra amplamente mapeada,

apresentando em quase toda sua totalidade depósitos arenosos costeiros formados por

sedimentos de origem continental, transicional ou recifal do período Quaternário (CBPM,

2000). Os processos de sedimentação desses depósitos foram fortemente influenciados pelas

variações do nível relativo do mar na costa brasileira ao longo do Quaternário (MARTIN et al.,

1980; CBPM, 2000). Evidências de variações do nível relativo do mar ao longo do Quaternário

foram constatadas em áreas costeiras do Rio de Janeiro e São Paulo (Suguio & Martin, 1978

apud Dominguez, 1990), Bahia (Martin et al., 1980; Dominguez et al., 2003), Sergipe

(Bittencourt et al., 1983 apud Dominguez, 1990) e Alagoas (Barbosa et al., 1986 apud

Dominguez, 1990). Quanto à origem dos sedimentos que compõem estes depósitos, estes

podem provir ou da Formação Barreiras, predominante no Nordeste e Sudeste brasileiro, de

rios que apresentem desembocadura diretamente no oceano (Suguio & Tessler, 1984) ou das

escarpas do Embasamento cristalino (Martin et al., 1980; Suguio & Tessler, 1984). As

variações do nível relativo do mar, associadas às mudanças no clima e na direção dos ventos

constituíram os principais fatores controladores da Evolução Quaternária da costa nordeste do

Brasil (Dominguez et al., 2004).

O Litoral Norte do Estado da Bahia apresenta uma estreita faixa de planície quaternária

com aproximadamente 5 km de largura. Estudos sobre a Evolução Quaternária no Litoral

Norte do Estado da Bahia se restringem aos de Martin et al. (1980) englobando todo o Litoral

Norte, Guimarães (1978) realizado na costa atlântica de Salvador e o de Accioly (1997) para a

localidade de Arembepe. Estes autores identificaram e descreveram as seguintes unidades

geomorfológicas para a região: Leques Aluviais Pleistocênicos, Terraços Marinhos


12

Pleistocênicos e Terraços Marinhos Holocênicos, todas estas formadas principalmente sob

controle das mudanças do nível relativo do mar durante o Quaternário. Os Terraços Marinhos

Pleistocênicos e Holocênicos ocorrem em quase toda costa brasileira (Bittencourt et al., 1979;

Martin et al., 1980; Bittencourt et al., 1983 a e b; Barbosa et al., 1986, Dominguez et al., 1990;

Dominguez et al., 1996; Lyrio, 1996; Martin et al., 1997; Accioly, 1997).

A vegetação de restinga do Litoral Norte do Estado da Bahia, ainda que de extensão

reduzida quando comparada, a outras faixas litorâneas encontradas na costa brasileira é muito

pouco estudada principalmente quanto a sua dinâmica física e biológica. Sobre a vegetação

quase nada se sabe, salvo alguns trabalhos de florística, enquanto que o estudo ao nível de

comunidades é quase inexistente. As influências edáfica e topográfica sobre a vegetação de

restinga apesar de amplamente discutidas, parecem não terem sido alvo de estudos mais

profundos que tentem relacionar tais influências. Neste sentido é que o presente estudo busca:

(i) Caracterizar as diferentes fisionomias da vegetação de restinga (ii) Investigar se existem

heterogeneidades entre as fisionomias vegetacionais presentes nas diferentes unidades

geomorfológicas, (iii) Produzir uma classificação para a vegetação local, (iv) Mapear as

unidades geomorfológicas e vegetacioanis, (vi) Gerar subsídios para o manejo e a conservação

da vegetação de restinga do Litoral Norte do Estado da Bahia.

2. Revisão Bibliográfica

Sobre os depósitos arenosos costeiros descritos no item anterior, podem ocorrer

diferentes gerações de Dunas. As Dunas Internas se desenvolvem sobre os depósitos de Leques

Aluviais Pleistocênicos, enquanto que as Dunas Externas e as Dunas Atuais ocorrem sobre os

Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos respectivamente (Martin et al., 1980; Lyrio,

1996; Accioly, 1997). As diferentes formas de crescimento das plantas, a distância do mar e a
13

intensidade e freqüência dos ventos são fatores fundamentais na formação das Dunas. Dentre

estes, as plantas desempenham um papel fundamental durante todos os estágios de formação

das mesmas, reduzindo a ação do vento através do trapeamento da areia e assim dando início a

formação das dunas. Na ausência de vegetação, dunas móveis caracterizam áreas costeiras

(Sprigg, 1959, apud Musila et al. 2000; Lancaster, 1981). Em estudo da dinâmica de um

sistema de dunas costeiras durante um período de 25 anos, utilizando dados multiespectrais,

Dech et al. (2004) concluiu que a formação das dunas e a colonização da vegetação são

processos naturais concomitantes que afetam grandes áreas onde ocorrem dunas.

Os depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos possuem ocorrência mais restrita ao

longo da costa brasileira, e se encontram mapeados apenas para a costa dos Estados da Bahia

(Martin et al., 1980; Dominguez, 1982; Lyrio, 1996; Dominguez et al., 1996; Accioly, 1997;

CBPM, 2000), Sergipe (Bittencourt et al., 1983), Alagoas (Barbosa et al., 1996). Sua origem

está associada ao retrabalhamento dos sedimentos da Formação Barreiras em um clima

pretérito mais seco e mais árido que o atual.

Os Terraços Marinhos Pleistocênicos ocorrem em quase todo o litoral do Brasil. Esses

depósitos possuem gênese altamente influenciada por um nível relativo do mar mais elevado

que ocorreu durante o Pleistocêno (120.000 AP) denominados de Penúltima Transgressão e

encontram-se mapeados para quase toda a costa brasileira (Suguio & Martin, 1978; Martin et

al., 1980; Dominguez, 1982; Bittencourt et al., 1983; Suguio et al., 1985; Suguio & Flexor,

1988; Martin et al., 1988; Dominguez et al., 1990; Dominguez et al., 1992); Martin et al.,

1980; Barbosa et al., 1996; Villwock et al., 1994; Villwock & Tomazelli, 1995; Lyrio, 1996;

Dominguez et al., 1996; Martin et al., 1997; Accioly, 1997; CBPM, 2000).

Os Terraços Marinhos Holocênicos foram também mapeados ao longo da zona costeira

brasileira, e tiveram sua origem relacionada a um nível pretérito do mar mais elevado durante
14

o Holoceno, denominado de Última Transgressão (Bittencourt, 1979; Martin et al., 1980;

Dominguez, 1982; Suguio et al., 1985; Suguio & Flexor, 1988; Dominguez et al., 1990;

Dominguez et al., 1992; CBPM, 2000). Estes Terraços Marinhos Holocênicos encontram-se

mapeados para quase todo o Brasil (Suguio & Martin, 1978; Martin et al., 1980; Bittencourt et

al., 1983; Barbosa et al., 1986; Martin et al., 1988; Dominguez et al., 1990; Villwock et al.,

1994; Villwock & Tomazelli, 1995; Lyrio, 1996; Dominguez et al., 1996; Accioly, 1997;

Martin et al., 1997; CBPM, 2000).

Suguio & Tessler (1984) ressaltam a dificuldade de conceituar as restingas devido aos

inúmeros significados encontrados na literatura brasileira, apesar desta encontrar-se sempre

relacionada aos ambientes costeiros. Os mesmos autores admitem o uso do termo restinga para

as planícies arenosas quaternárias e apontam como fatores para sua formação, a

disponibilidade de sedimentos arenosos, corrente da deriva litorânea, flutuações do nível

relativo do mar e feições costeiras que propiciam a retenção de sedimentos.

As restingas ha muito vêem sendo estudadas principalmente pelos profissionais das

áreas da geologia e da botânica. De fato a paisagem dominante é caracterizada por uma

variedade de depósitos arenosos costeiros, e diversas fisionomias vegetacionais aí instaladas. A

vegetação se apresenta com fisionomias herbáceas até florestas com árvores podendo alcançar

até trinta metros de altura. As características dos depósitos arenosos quaternários ao longo da

costa brasileira variam de acordo com sua origem que por sua vez, determina características

edáficas muito importantes para o desenvolvimento das plantas como, por exemplo, a textura

do substrato, ou pelas suas distintas fisiografias e topografias, fatores estes muito influentes no

desenvolvimento das espécies vegetais de Restinga (Rizzini, 1992; Waechter, 1995). A

diversidade de ambientes ao longo das planícies arenosas do litoral brasileiro suporta uma
15

vegetação com características distintas entre si, no que se reflete em fisionomias vegetacionais

complexas e dinâmicas. A deposição de areia pelo mar, as tempestades, as correntes litorâneas

e os ventos modelaram uma topografia complexa e diversificada que pode assumir a forma de

altas barreiras que bloqueiam a foz dos rios ou separam lagunas do mar, de dunas móveis ou

ainda de planícies de cordões arenosos de relevo pouco acidentado. Esses depósitos arenosos

são em geral cobertos por vegetação muito diversificada, e a esse conjunto de formações

geomorfológicas e as diferentes comunidades biológicas que os ocupam dão-se o nome

genérico de restingas (Lacerda et al., 1982).

A primeira tentativa de classificação da vegetação das restingas foi elaborada por Karl P.

Von Martius, onde a região litorânea foi incluída na província denominada Dryas,

representada principalmente pela Mata Atlântica Martius (1951, apud Silva, 1998). No

século seguinte, os trabalhos em restinga iniciaram-se com Ule (1901, apud Silva, 1998) ao

descrever a restinga de Cabo Frio (RJ), onde distinguiu formações vegetacionais, as quais

denominou de “Restinga de Ericácea”, “de Myrtaceae”, “de Clusia” e “de Pântano”.

Sampaio (1934, apud Lamego, 1946), classificou diversos tipos vegetacionais costeiros

como praias e dunas na zona marítima do Brasil. Santos (1943) dividiu o país em 8 regiões

fitogeográficas, entre elas a “Vegetação Litorânea”, compreendendo três divisões:

coqueirais, vegetação de restingas e mangues. A heterogeneidade vegetacional observada nas

restingas também é citada por Rizzini (1992), ao incluir os tipos vegetacionais costeiros no

chamado “complexo da restinga”, demonstrando a variedade de fisionomias existentes. A

multiplicidade de processos sedimentares formadores dos ambientes primários das restingas

cria um mosaico complexo e heterogêneo de habitats, originando comunidades definíveis

como unidades físico-dinâmicas independentes (Ormond, 1960).


16

Dentre os estudos estabelecidos para mapeamento e classificação das restingas vale

mencionar aquele que seguiu a tendência de reconhecer o solo como um fator condicionador

importante na vegetação litorânea, e procurou adequar a classificação da vegetação brasileira

a um sistema internacional, e neste sistema, as planícies litorâneas brasileiras incluem áreas

representativas de diferentes unidades fitoecológicas, como a Floresta Ombrófila Densa de

Terras Baixas e as Formações Pioneiras com Influência Marinha, Fluvio-marinha ou Fluvio-

lacustre onde se enquadram as restingas (Veloso & Góes Filho, 1991; IBGE, 1992). Uma

abordagem sobre os aspectos da composição florística e estrutura das comunidades pode ser

observada no trabalho de Reitz (1961), que descreveu a vegetação da zona marítima do

Estado de Santa Catarina, agrupando as plantas de acordo com sua função ecológica. Araújo

& Henriques (1984) reconheceram 12 comunidades vegetais para a restinga do litoral

fluminense: hálófita, psamófita reptante, slack de dunas móveis, thicket baixo de pós-praia,

thicket de Myrtaceae, scrub de Clusia, scrub de Ericaceae, brejo herbáceo, floresta

periodicamente inundada, floresta permanentemente inundada e floresta seca. Pereira (1990)

tratou das comunidades vegetais da restinga de Setiba, Espírito Santo, onde distinguiu 10

formações. Dentre as várias conotações que podem ser encontradas para o referido termo,

destaca-se o conceito de Furlan et al. (1990) que se refere às formações vegetais da planície

do litoral arenoso, as quais englobam praias, dunas, brejos, matas e florestas costeiras.

As planícies arenosas são ocupadas por uma grande variedade de comunidades vegetais

devido à diversidade de sua topografia e às condições ambientais que ali vicejam, incluindo

influências marinhas e continentais. Essa diversidade propicia a formação de muitos habitats e,

conseqüentemente de uma flora rica e variada (Araújo & Henriques, 1984). Segundo Rocha et

al. (2004), as restingas são habitats característicos do Bioma Mata Atlântica que estão

localizados nas baixadas litorâneas e ao longo dos milhares de quilômetros da costa brasileira.
17

As restingas são ambientes frágeis em razão da natureza do solo caracteristicamente pobre,

composto em sua grande maioria de areia inconsolidada e em muitas áreas com considerável

nível de salinidade (Hay, 1981 apud Rocha, 2004). Rocha et al. (2004) ressaltam que as

diferentes formações vegetacionais propiciam por sua vez condições de vida a uma grande

gama de organismos incluindo espécies migratórias de aves e espécies endêmicas. Lamego

(1946), em suas referências à vegetação de Restinga, já deixava claro da estreita relação desta

com os depósitos arenosos costeiros “e ainda a primeira surpresa de um contraste inesperado,

sucede-se outra para o naturalista a da intermitência florística diferenciada espetacularmente

em longas faixas paralelas” (vegetação localizada entre cordões litorâneos). Dansereau (1947

apud, Silva, 1998) descreveu os principais "ambientes" vegetacionais de uma área costeira do

Rio de Janeiro, em trabalho ilustrado com perfis topográfico-vegetacionais, onde reconheceu

duas séries sucessionais ou "seres", a "hidrossere" e a "xerossere", incluindo a "restinga" nesta

última. Seguindo esta tendência de interpretação da vegetação litorânea como uma seqüência

de diferentes zonas de vegetação que refletem um processo sucessional, Reitz (1961) identifica

a vegetação da "zona marítima" catarinense, apresentando extensa listagem de espécies e as

principais características fisionômicas e florísticas de cada uma das "associações" analisadas.

Hueck (1955, apud Silva, 1998) caracterizou as principais associações vegetais das dunas do

litoral paulista, fornecendo informações sobre a distribuição geográfica, fenologia e principais

aspectos morfológicos das espécies típicas desta região, além de definir diferentes "zonas" de

vegetação.

Ao longo dos Terraços Marinhos Holocênicos, sobre as Dunas Atuais, encontra-se uma

vegetação de pequeno porte, quase sempre herbácea, associadas à fixação das mesmas, através

do trapeamento dos sedimentos trazidos da zona de praia (Rizzini, 1992; Lyrio, 1996;

Dominguez et al., 1996). A dinâmica construtiva e erosiva destes depósitos parece influenciar
18

diretamente na seleção e desenvolvimento das espécies vegetais colonizadoras destes

ambientes. Estas quase sempre são rasteiras (reptantes), dotadas de grande capacidade de

multiplicação vegetativa e folhagem com espessamento da cutícula em adaptação ao aerossol

salino vindo do mar, assim como da intensidade dos ventos constantes, evitando a desidratação

foliar (Rizzini, 1992). Henriques et al. (1986) utilizam o nome de formação praial-graminóide,

para designar este tipo de vegetação. Silva (1998) a chama de campo aberto não inundável,

enquanto que Araújo (2000) de halófila –psamófila – reptante. Costa (1995) constata que a

dinâmica das marés, evidenciada pelas ressacas que alteram de forma brusca a topografia dos

cordões duna, atua na seleção de espécies com grande capacidade de multiplicação.

Ocorrências de vegetação organizada em moitas ao longo das planícies costeiras do

Brasil vêem sendo indicadas desde Ule (1901) para as restingas do Rio de Janeiro, e por

Rizzini (1992), tratando esta sob a denominação de scrub. Outros autores (Henriques et al.,

1986; Montezuma, 1997; Zaluar, 1997; Silva, 1998; Zaluar & Scarano, 2000), também fazem

registro da vegetação de restinga organizada em moitas. Araújo (informação pessoal) comenta

a predominância deste tipo de vegetação sobre os Terraços Marinhos Pleistocênicos. A

vegetação predominante sobre os Terraços Marinhos Pleistocênicos do Litoral Norte do Estado

da Bahia também se apresenta organizada em moitas, separadas entre si por corredores de

vegetação herbácea ou arbustiva ou pela areia desnuda.

As matas ou florestas de restinga também têm sido descritas por diversos autores ao

longo do tempo estando estas associadas a depósitos sedimentares mais antigos, como nos

Leques Aluviais Pleistocênicos ocorrentes no Litoral Norte do Estado da Bahia. Nestes podem-

se distinguir uma fisionomias florestal de médio porte, com árvores podendo atingir até 10m

de altura, localizada principalmente no topo deste depósito. Fisionomia bastante semelhante já

foi descrita para outras regiões da costa brasileira (Araújo & Henriques, 1984; Henriques et al.,
19

1986; Pereira; 1990; Assis, 2004), que as denominaram de mata de Myrtaceae ou mata seca.

Waetcher (1985) as chama de mata arenosa, enquanto que Trindade (1991) de floresta arenosa

litorânea e Silva (1998) de floresta de restinga.

A colonização de espécies vegetais sobre as formações dunares é de suma importância

para a estabilização das mesmas, estando estas adaptadas às condições abióticas locais,

principalmente o vento e a temperatura do solo. Na sua face voltada para o mar, exposta aos

ventos dominantes a vegetação é quase nula, ao passo que sobre as faces de deslizamento, esta

se torna mais densa. Para a zona costeira do Estado da Bahia são inexistentes trabalhos que

abordem a relação entre a vegetação e dinâmica dunar. Estudos sobre a dinâmica das dunas

têm estabelecido grande relação entre o movimento de areia em “blowouts” e a cobertura e

diversidade da vegetação associada (Ranwell, 1958; Yeaton, 1988; Martinez et al. 2001).

Dunas ocorrem em regiões onde existe grande suprimento de areia, onde é empilhada em

cristas criadas pela ação do vento. Podem ser encontradas em desertos, planícies fluviais e ao

longo de áreas costeiras (Bagnold, 1941, apud Musila et al. 2001).

Ás áreas alagáveis, comuns ao alongo de planícies quaternárias no litoral brasileiro,

compreendem um grande número de ambientes naturais e estas podem ser encontradas nas

margens de rios, riachos, regiões litorâneas de lagos, turfeiras, manguezais e outros. São áreas

transicionais entre os sistemas aquáticos e terrestres, onde o nível do lençol freático está

próximo a superfície do terreno ou este é inundado por águas rasas geralmente em planícies

fluviais (Lyrio, 1996; Dominguez et al., 1996; CBPM, 2000). O termo “Terra Úmida” é

utilizado para descrever ambientes que não são nem completamente terrestres, nem

completamente aquáticos. Estas áreas são inundadas ou saturadas por água superficial ou água

subterrânea, numa freqüência e duração que permite a colonização de espécies vegetais

adaptadas à saturação hídrica do solo. Devido a esta grande diversidade, elas têm recebido as
20

mais variadas definições (Esteves, 1998). Alguns autores como Worthington (1976, apud

Esteves, 1998), definem que as áreas alagáveis são aquelas que apresentam macrófitas

aquáticas emersas. Para Denny (1985, apud Esteves, 1998) é uma área de vegetação que pode

estar inundada permanentemente ou ser inundada sazonalmente. Estas áreas são ecossistemas

sujeitos a alagamentos periódicos, os quais selecionam adaptações nos organismos aí

existentes (Junk apud Esteves, 1998).

A planície fluvial ou planície de inundação é uma área adjacente a um rio, que se torna

alagada durante épocas de enchente. Esta planície apresenta-se altamente vegetada (Riccomini

et al., 2000). Neste ambiente pode-se observar que os espécimes vegetais herbáceos são

predominantes, constituindo um ambiente chamado de brejo (Lyrio, 1996; Dominguez et al.,

1996; Accioloy, 1997; CBPM, 2000). Vegetais lenhosos também podem compor um ambiente

de área alagável, no entanto este passa a receber a denominação de pântano (Lyrio, 1996;

Dominguez et al., 1996; Accioloy, 1997). As zonas úmidas são sistemas que desempenham

importantes funções ambientais, tanto do ponto de vista físico quanto biológico. São

importantes na reprodução, alimentação e descanso de aves migratórias, servindo também

como tampões hidrológicos, controlando o volume de água nas áreas onde ocorrem em épocas

de seca e de chuva. A vegetação nestes ambientes pode variar em porte e na composição de

suas espécies, sendo muito comum o domínio de vegetação herbácea. A origem destes

sistemas úmidos está relacionada a Última Transgressão, em conseqüência da inundação de

vales encaixados nos tabuleiros costeiros e inundação da planície quaternária (CBPM, 2000).

O aumento do nível relativo do mar em cerca de 3 a 5 metros proporcionou uma invasão da

água marinha nos vales dos rios criando condições para o possível desenvolvimento de

comunidades halófilas florestais como os manguezais. O abaixamento do nível do mar após o


21

máximo da última transgressão fez com que gradativamente a água doce dominasse estes

ambientes dando origem às terras úmidas (Dominguez et al., 1990).

As áreas costeiras são ambientes que resultam da interação terra/mar, recebendo direta

ou indiretamente suas influências. Identificada como área crítica, estas áreas apresentam

ecossistemas tais como estuários, manguezais, pântanos, praias, planícies de maré, dunas e

recifes de corais, ao lado de ser um local onde é corrente o exercício de atividades econômicas

de porte industrial, comercial, produção de alimentos, e de recreação e turismo. Além disto, o

aumento do tempo de lazer da população em geral, em associação ao aumento de mobilidade

da mesma, tem causado profundas mudanças ecológicas e geomorfológicas nos ecossistemas

costeiros. Devido ao equilíbrio delicado que existe entre os diferentes processos atuantes na

zona costeira, a atividade humana pode afetar de modo bastante adverso a qualidade ambiental

da mesma.

2.1. Aspectos da Evolução Costeira no Estado da Bahia

Variações do nível relativo do mar ao longo do Quaternário têm sido registradas em

quase toda a costa Brasileira (Dominguez et al., 1990), e os diferentes tipos de depósitos

arenosos que experimentaram influência direta das sucessivas transgressões e regressões

marinhas ocorridas ao longo do Pleistoceno e Holoceno foram mapeados. Estas são conhecidas

como Transgressão Mais Antiga, Penúltima Transgressão e Última Transgressão (Martin et al.,

1980; Suguio et al., 1985; Martin, Suguio & Flexor, 1988). Na costa do Estado da Bahia, uma

Transgressão Mais Antiga ainda sem datação, é evidenciada por uma linha de falésias fósseis

que separa o Grupo Barreiras dos Depósitos dos Leques Aluviais Pleistocênicos (Martin et al.,

1980). No sul do país, dois níveis pretéritos de mar mais antigos que 120.000 AP foram
22

registrados (Willwock et al., 1986; Martin et al., 1988). Mais recentemente para o leste –

nordeste do Brasil, Barreto et al. (2002) identificou depósitos costeiros com mais de 220.000

AP. Por volta de 120.000 AP, mais uma transgressão marinha ocorreu, quando o nível do mar

se posicionou cerca de 8 ± 2 metros acima do nível atual (Martin, Bittencourt & Vilas Boas,

1982), o que proporcionou o afogamento de extensas áreas da planície costeira ainda em

evolução. Este evento foi então denominado por Martin et al. (1980) de Penúltima

Transgressão e foi seguido por uma fase regressiva que teve como característica a deposição

de areias regressivas marinhas denominadas de Terraços Marinhos Pleistocênicos (Suguio &

Martin, 1978; Guimarães, 1978; Martin et al., 1980; Bittencourt et al., 1983; Barbosa et al.,

1996; Martin et al., 1988; Dominguez et al., 1990; Villwock et al., 1994; Villwock &

Tomazelli, 1995; Lyrio, 1996; Martin et al., 1997).

Entre 4.000-5.000 AP, uma outra transgressão marinha que atingiu cerca de 5m acima

do nível atual (Martin et al., 1980; Suguio et al., 1985) conhecida como a Última

Transgressão, erodiu os Terraços Marinhos Pleistocênicos e inundou grande parte dos vales

aluviais fazendo recuar a linha de costa. Este afogamento proporcionou a formação de

ambientes estuarinos, criando condições para a implantação de comunidades florestais

halófilas como os manguezais. A regressão posterior também deu origem a um conjunto de

depósitos arenosos formados por areias regressivas marinhas, chamados de Terraços Marinhos

Holocênicos, que também foram mapeados por quase todo o Brasil (Martim et al., 1980;

Dominguez, 1982; Dominguez et. al., 1990; Dominguez et al., 1996; CBPM, 2000).

No Litoral Norte do Estado da Bahia, encontram-se registros de todas as três

Transgressões (Figura 01). Para esta região, a evolução Quaternária da zona costeira foi
23

descrita por Accioly (1997) para a localidade de Arembepe, enquanto que Guimarães (1978)

produziu trabalho semelhante para a Costa Atlântica de Salvador.

Estágio I – Deposição do Grupo Barreiras Estágio II – Máximo da Transgressão Mais


Antiga

Estágio III – Deposição dos Leques Estágio IV – Máximo da Penúltima


Aluviais Pleistocênicos Transgressão

Estágio V – Deposição dos Terraços Estágio VI – Máximo da Última


Marinhos Pleistocênicos Transgressão

Estágio VII – Deposição dos Terraços


Marinhos Holocênicos

Figura 01. Modelo evolutivo para costa do Estado da Bahia (Dominguez et al., 1996).
24

3. Área de estudo

3.1. Localização

Inserida na APA do Litoral Norte do Estado da Bahia, (Decreto Estadual no 1.046, 17

de março de 1992), distando 97 km da cidade do Salvador, encontra-se a Fazenda Riacho das

Flores, local onde se realizaram os estudos, localizada no km 17 da BA-099, pertencendo ao

município de Mata de São João e situada entre os povoados do Diogo, Imbassaí, Areial e Santo

Antonio. Este último muito peculiar dentre outras localidades no Litoral Norte do Estado pela

riqueza do seu artesanato baseada principalmente no manuseio de duas palmeiras regionais,

Syagrus coronata – “licuri” e Attalea funifera – “piaçava” e seu potencial turístico.

A área de estudo, inserida no domínio do quaternário costeiro, está situada entre as

coordenadas 614800 e 8622800 e L 615600 e 8622200, compreendendo uma área total de

aproximadamente 398ha, estando limitada a Sul e a Leste pelo Oceano Atlântico, a Oeste pelo

rio Imbassaí e a Vila do Diogo, e a Nordeste pelo Complexo Hoteleiro Costa de Sauípe e o rio

Santo Antonio (Figura 02). A Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN esta legalizada

desde 2001, já que seus proprietários o Sr. Paulo Roberto Álvares de Souza e Sra. Lindaura

Soares de Carvalho, determinaram a criação da RPPN Santo Antônio de 370,72 hectares com

intuito de conservar às futuras gerações um ecossistema ameaçado, neste específico caso, a

Restinga e desenvolver um Projeto de Conservação fundamentado em práticas do Ecoturismo.

“Ordenar o uso para auto-sustentar a própria RPPN, e estimular outros proprietários a tomar

iniciativa igual em suas áreas” são conclusões categóricas dos proprietários.


25

BA

Figura 02. Mapa de localização da área de estudo.


26

3.2. Clima

Localizado aproximadamente entre os paralelos 11°30’ e 13°00’S e meridianos de

37°20’ e 38°00’W, o Litoral Norte do Estado da Bahia é considerado do ponto de vista

climático, como uma área quente-úmida, de relativa homogeneidade, caracterizando-se por

apresentar médias térmicas elevadas e altos índices pluviométricos distribuídos regularmente

ao longo de todos os meses do ano. Tais características resultam não só de sua posição

latitudinal na zona intertropical do globo, onde o balanço da radiação é sempre positivo, mas,

também da sua situação da zona litorânea oriental da região nordeste, que lhe assegura fortes

índices pluviométricos de umidade. Os índices pluviométricos anuais variam espacialmente de

sul para o norte e situam-se entre 2.000mm a 1.200mm a respectivamente. Dados obtidos a

cerca de 5km da área de estudo indicam valores mensais máximos de precipitação de 400mm

para os meses de abril e junho no ano de 2005, sendo que nesse mesmo ano os valores mensais

mais baixos foram obtidos para os meses de setembro a janeiro (Figura 03). O litoral norte

apresenta valores médios mensais e anuais de temperatura, da ordem de 23° a 25° C, com

amplitudes térmicas entre 3° e 6° C. Os valores de insolação são quase sempre superiores a

2.000 horas anuais, em toda a área, havendo ligeiro decréscimo nos meses de outono –

inverno, e os índices de umidade relativa do ar são sempre superiores a 70%. Os ventos

dominantes sopram de sudeste (SE), registrando-se ainda fluxos de leste (E) e nordeste (NE)

no verão Gonçalves (1991 apud, Lyrio 1996). Cerca de 75% dos ventos são de NE-E-SE sendo

que deste percentual, 18% de NE e 47% de E, principalmente na primavera-verão, enquanto

que durante o outono-inverno, época da chegada das frentes frias na região, os ventos

predominantes são os de SSE. Dados sobre a velocidade do vento obtidos em estação

localizada aproximadamente a 60km da área de estudo indicam valores máximos de 6,8m/s e

mínimos de 1,9m/s (Lyondell Química do Brasil) (Figura 04).


27

450
400
Precipitação (mm)

350
300
250
200
150
100
50
0
FEVEREIRO

AGOSTO

NOVEMBRO
JANEIRO

MARÇO

MAIO

JUNHO

JULHO

SETEMBRO

DEZEMBRO
ABRIL

OUTUBRO
Me se s

Fonte: NM Construtora.
Figura 03. Pluviometria do ano de 2005, obtidos na localidade de Imbassaí, cerca de
5km da área de estudo.

2003 2005
8,0
7,0
6,0
5,0
Velicidade (m/s)

4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
AGOSTO

NOVEMBRO
MAIO

JUNHO

JULHO

DEZEMBRO
OUTUBRO

Meses
Figura 04. Médias das velocidades do vento para os anos de 2003 e 2005, obtidos a
cerca de 60km da área de estudo.
28

3.3. Aspectos Geomorfológicos e Vegetacionais

Ocorrem na área de estudo as seguintes unidades geomorfológicas: Leque Aluvial

Pleistocênico, Terraço Marinho Pleistocênico e Terraço Marinho Holocênico. Sobre os

Terraços Marinhos Pleistocênicos ocorrem Dunas Externas, com orientação em concordância

com a direção dos ventos predominantes. Dunas Internas ocorrem sobre o Leque Aluvial

Pleistocênico, porém em proporções menores, mas seguindo o mesmo padrão de orientação

citado anteriormente. Um estreito Cordão Dunar compondo as Dunas Frontais, ocorre sobre o

Terraço Marinho Holocênico. Sobre o Terraço Marinho Pleistocênico a vegetação está

distribuída em moitas de diferentes dimensões, onde ocorrem espécies arbustivas e arbóreas

rodeadas ou pela areia desnuda ou por espécies herbáceas ou sub-arbustivas. Nas bacias de

deflação sobre o Terraço Marinho Pleistocênico onde o lençol freático encontra-se próximo a

superfície (Dominguez informação pessoal) são comuns as espécies Cuphea flava e Comolia

ovalifolia, espécies de ciperáceas, xiridáceas, eriocauláceas e outras. Ocorre adensamento da

vegetação no sentido mar-continente, sobre o Leque Aluvial Pleistocênico, onde se constata o

domínio de uma fisionomia vegetacional fechada onde ocorrem espécies arbóreas como Clusia

hilariana, Manilkara salzmanii, Emmotum affine, Coccoloba alnifolia, Hancornia speciosa,

Tapirira guianensis, Macrolobuim latifolium, Poecilanthe itapuana, Swartzia apetala e outras.

Na face de deslizamento das Dunas Internas e Externas, pode-se observar também a

predominância de uma vegetação fechada, porém de porte menor (Figura 05).


29

Campo de Dunas

Figura 05. Imagem de satélite da área de estudo, com indicação da ocorrência das
diferentes unidades geomorfológicas e fisionomias da vegetação local.
30

4. Métodos

4.1. Levantamento de Dados Pretéritos

Poucos são os trabalhos publicados para o Litoral Norte do Estado da Bahia que tratam

da vegetação de Restinga. Podem ser citados os trabalhos de Brito et al. (1984; 1993) nas

Dunas e Lagoas do Abaeté em Salvador e o de Pinto et al. (1984) que se destaca por ser o

único estudo publicado que encerra descrição de aspectos fitofisionômicos da restinga do

Litoral Norte do Estado. Mais recentemente um “check-list” das espécies vegetais ocorrentes

no Litoral Norte da Bahia, Costa dos Coqueiros e Salvador foi publicado IBGE (2004).

Na área da geologia costeira destacam-se os trabalhos de Guimarães (1978), para a

Costa Atlântica do Salvador, Martin et al. (1980), Lyrio (1996), Accioly (1997) para a

localidade de Arembepe e Dominguez et al. (1996) para o Litoral Norte do Estado da Bahia.
31

4.2. Trabalhos de Campo

Os trabalhos de campo foram iniciados a partir do reconhecimento da área de estudo,

após a fotointerpretação inicial de uma imagem de satélite IKONOS de resolução espacial de

1m, projeção em UTM e datum WGS84, principalmente para primeiras observações da

geomorfologia local e vegetação associada e locação das unidades de amostragem.

4.2.1. Mapeamento dos Depósitos Arenosos Quaternários.

A simplicidade da constituição geológica dos depósitos Quaternários facilita a sua

identificação em imagens de satélite. Diferenças de textura e tonalidades nas fotos aéreas e

imagens de satélite constituem um excelente guia para a diferenciação destas unidades

(Dominguez, 1982). O mapeamento das unidades geomorfológicas, foi realizado por

caminhamento em toda a área de estudo, onde foram georefereniados pontos de controle em

GPS de navegação que auxíliaram na fotointerpretação e elaboração dos mapas.

4.2.2. Amostragem Florística e Fitossociológica.

A fotointerpretação preliminar permitiu a identificação de diferentes fitofisionomias,

abertas e fechadas, sobre os diferentes depósitos arenosos. Foram definidas para amostragem,

as fitofisionomias predominantes de cada tipo geomorfológico, onde foram alocadas

aleatoriamente 8 parcelas fixas de 20X20m cada, totalizando 3.200 m² de área amostrada

(Figura 06). Nas fisionomias fechadas, situadas sobre o Leque Aluvial Pleistocênico e nas

faces de deslizamento das Dunas Externas sobre o Terraço Marinho Pleistocênico, foram
32

amostrados todos os indivíduos lenhosos, com CAP (circunferência na altura do peito) maior

ou igual a 15cm, enquanto que para as fisionomias lenhosas abertas sobre o Terraço Marinho

Pleistocênico e Leque Aluvial Pleistocênico, todos os indivíduos lenhosos com CAS

(circunferência ao nível do solo) maior ou igual a 5cm foram amostrados. A altura foi estimada

apenas para as espécies destas fisionomias. Para as fisionomias herbáceas ocorrentes na Zona

Úmida e nas Dunas frontais foram utilizadas sub-parcelas móveis de 1m², totalizando 400m²

de área amostrada para estimativa da cobertura (Dominância), que foi obtida como a

porcentagem da superfície do solo coberta pela porção aérea do vegetal. Para o cálculo da

abundância e da densidade foram considerados os rametes (porções aéreas) como sendo

indivíduos para melhor comparação com as outras fisionomias (Figuras 07 e 08). A vegetação

hidrófila das antigas linhas de drenagem sobre o Terraço Marinho Pleistocênico não foi

amostrada, por apresentar basicamente duas espécies e não ser representativa na unidade

geomorfológica em questão.
33

Figura 06. Imagem de satélite utilizada para o reconhecimento inicial da


geomorfologia e vegetação local, mostrando as unidades amostrais.
34

Figura 07. Exemplo de parcela fixa Figura 08. Exemplo de parcela móvel
(unidade amostral), utilizada na (unidade amostral), utilizada sobre o
fisionomia fechada. cordão duna.

4.2.2.1. Identificação das Espécies Vegetais.

Através de excursões mensais, em toda a área de estudo, foram coletadas no mínimo

cinco amostras de espécies vegetais vasculares férteis, incluindo todas as formas biológicas e

abrangendo todas as fisionomias existentes. O material coletado foi processado segundo as

técnicas usuais de herborização (Mori et al., 1989; IBGE, 1992) e incorporado ao Herbário

RADAMBRASIL, onde foi identificado com material do acervo ou determinado através de

chaves analíticas O sistema de classificação utilizado para as Angiospermas é o de Cronquist

(1981), enquanto que para as Pteridófitas foi utilizado o sistema de Tryon & Tryon (1982).

Para revisão nomenclatural foi consultado o site IPNI (http://www.ipni.org).

4.2.3. Coleta de Solo

Foram coletadas amostras de solo em todas as parcelas, totalizando um total de 8 (oito)

amostras. As amostras foram preparadas segundo as técnicas da EMBRAPA - Empresa


35

Brasileira de Agropecuária (1998) e levadas para a análise no laboratório de Solos do EBDA –

Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. Os parâmetros analisados foram: PH em água,

Carbono g/Kg, Matéria Orgânica g/kg, Fósforo mg/dm³, Ca + Mg molc/dm³, Potássio

Cmolc/dm³, Potássio mg/dm³, Alumínio Cmolc/dm³, Sódio Cmolc/dm³, H + Al Cmolc/dm³,

Soma de bases Cmolc/dm³, Capacidade de Troca Cmolc/dm³, Relação V = S/T x 100, Relação

Al/Al + s x 100, Relação Ca/Mg, Cálcio Cmolc/dm³, Magnésio Cmolc/dm³, Ferro mg/dm³,

Cobre-mg/dm³, Zinco-mg/dm, Manganês mg/dm (Figuras 09 e 10).

Figuras 09. Coleta de solo em Figuras 10. Amostras de solo


parcela locada no Terraço prontas para análise.
36

4.2.4. Profundidade do Lençol Freático.

Em cada uma das 8 (oito) parcelas foi medida a profundidade do lençol freático,

utilizando-se pá manual e/ou trado para escavação de furos.

4.2.5. Medidas da Velocidade e Direção do Vento

Foram tomadas medidas de velocidade e direção do vento com o uso de um

anemômetro manual. As medidas foram tomadas em todas as parcelas, sempre a barlavento da

vegetação amostrada.

4.3. Trabalhos de Laboratório

4.3.1. Elaboração de Mapas Temáticos.

Baseados em dados preliminares de campo e da fotointerpretação, foi possível a

identificação das unidades geomorfológicas e da vegetação e sua direta digitalização, através


®
do aplicativo Arc View GIS 3.2 . Foi utilizada uma imagem do satélite de alta resolução

Ikonos, com combinação das bandas vermelho, verde e azul (coloração natural). A resolução

de um metro permite identificar alvos como copas de árvores, moitas e clareiras assim como

edificações, favorecendo ampliar os limites da análise da vegetação, até o nível de

comunidades ou populações (Jamel, C. E. G, 2000, apud da Rocha et al., 2004). Foram

produzidos deste modo, mapas geológico-geomorfológico e de vegetação na escala de 1:

15.000 (Projeção UTM e Datum WGS 84).


37

4.3.2. Análise e Interpretação de Dados

4.3.2.1. Florística e Fitossociologia

Para a análise da vegetação foram considerados os parâmetros abundância, dominância

absoluta e relativa (DoA e DoR), densidades absoluta, relativa total (DA, DR e DAT) e o

índice de valor de importância (IVI), que foram calculados seguindo a metodologia abordada

por Muller-Dombois & Ellenberg (1974). Foi também calculado o índice de Similaridade de

Soerensen entre as diferentes fitofisionomias baseado na ausência / presença de espécies

através da fórmula IS=2a/b+c, onde:

a=n° de espécies em comuns


b= n° de espécies exclusivas do grupo b
c=n° de espécies exclusivas do grupo c

Todos os cálculos foram realizados através do aplicativo Microsoft Excel ®.


As estimativas das densidades absoluta (DA) e relativa (DR), e do índice de valor de
importância (IVI) foram realizadas utilizando-se as seguintes equações:

DA = ni/ A
DR = DAi / DAT

IVI = DRi+DoRi

em que:

DAí = Densidade absoluta da i-ésima espécie, em indivíduos por hectare;


DRí = Densidade relativa da i-ésima espécie, em percentual;
ni = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;
A= área amostrada, em ha;
p= número de espécies amostradas.
38

Para cálculo da dominância (espécies lenhosas) nas formas absoluta (DoAi) e relativa
(DoRi) foram utilizadas as seguintes fórmulas:

DoAi = ABi/A
DoR = DoAi / DoAt
onde:
DoAi= dominância absoluta da i-ésima espécie, em m²/ha;
ABi = área basal da i-ésima espécie, expressa em m²;
A = área amostrada, em hectare; e
DoRi= dominância relativa da i-ésima espécie, em percentagem.

Enquanto que para as espécies herbáceas foi utilizada a seguinte fórmula:

DoAi = Coi/A

onde:
A = área amostrada, em hectare.
Co = Cobertura estimada em porcentagem.

4.3.3.2. Análise Multivariada

Para teste de significância estatística e análise das relações ecológicas existentes entre

as fitofisionomias e os depósitos arenosos quaternários, foi utilizado o método do

Procedimento de Permutação de Reposta Múltipla (MRPP), através do uso do programa

PCORD© (McCune & Grace, 2002). Este método permite a avaliação da composição de

espécies entre categorias arbitrariamente definidas. Segundo McCune & Grace (2002), este

teste não parte do pressuposto de normalidade multivariada e homogeneidade de variâncias

dos dados e é, portanto, o mais adequado para detectar diferenças entre comunidades

biológicas. Uma matriz de variáveis ambientais foi criada para teste de agrupamento. Foram

consideradas variáveis ambientais independentes àquelas referentes ao vento (velocidade) e ao

solo (granulometria, profundidade do lençol freático e matéria orgânica), variáveis estas

bastante influentes no desenvolvimento das plantas, sobretudo naquelas da vegetação de


39

restinga (Rizzini, 1992; Waechter, 1995), enquanto que abundância, riqueza e dominância das

espécies vegetais foram consideradas variáveis dependentes ou seja relativas à comunidade.

Para padronização de valores e unidades de medida, foi realizado o cálculo da

freqüência relativa de todos os valores obtidos para cada parâmetro. Para testar então a

hipótese nula de que não há diferença na composição das fitofisionomias, foi utilizado o

MRPP sobre a matriz de abundâncias transformada (Tabela 10), usando como medida de

distância a de Sorensen. Este método de análise já foi utilizado em diferentes fitofisionomias

na restinga do litoral Norte da Bahia (Tinoco et al., 2004 a; Tinoco et al., 2004 b), indicando

diferentes tipos de microclima e microhabitat. Para detecção de possíveis relações entre as

fitofisionomias e os depósitos arenosos, foi realizada uma análise de cluster entre as variáveis

ambientais de cada unidade geomorfológica.

5. Resultados e discussão

5.1. Geomorfologia

5.1.1. Leque Aluvial Pleistocênico

Na área de estudo o Leque Aluvial Pleistocênico abrange aproximadamente 161 ha,

com altitudes que variam de 5 a 30 m. Encontra-se limitado pelo rio Imbassaí, a noroeste pela

a escarpa da Formação Barreiras e a sudeste e sul pelo Terraço Marinho Pleistocênico. Parte

dos sedimentos desta unidade foi mobilizado pelo vento gerando dunas do tipo “blowout” (ver

mapa em anexo).
40

5.1.2. Terraço Marinho Pleistocênico

O Terraço Marinho Pleistocênico encontra-se adjacente ao Terraço Marinho

Holocênico, totalizando uma área total de aproximadamente 190ha, com altitudes em torno de

5m. Em quase sua totalidade, o Terraço Marinho Pleistocênico foi afetado por processos de

deflação devido a formação de um sistema de dunas do tipo “blowout” que ocupa a porção

interna deste Terraço (ver mapa em anexo).

5.1.3. Terraço Marinho Holocênico

O Terraço Marinho Holocênico se dispõe paralelamente a linha de costa, abrangendo

cerca de 40ha, com altitudes que variam de 0 a 5m. Atualmente, sua superfície encontra-se

quase que totalmente ocupada por um conjunto de dunas frontais de configuração semelhante

àquela descrita por Accioly (1997) para Arembepe e Lyrio (1996) e Dominguez et al. (1996)

para o Litoral Norte da Bahia (ver mapa em anexo).

5.1.1.4. Dunas

Na área em estudo, foram mapeadas 3 gerações de dunas, correspondentes àquelas

descritas por Martin et al. (1980a) e denominadas de Dunas Internas, Externas e Dunas

Litorâneas Atuais (Martin et al., 1980; Lyrio, 1996; Dominguez et al., 1996; Accioloy, 1997).

As dunas externas e internas localizadas sobre o Terraço Marinho Pleistocênico e o Leque

Aluvial Pleistocênico correspondem ao tipo “blowout”, semelhantes àquelas descritas na

região de Arembepe por Accioly (1997), com direcionamento multivariado das faces de

deslizamento, descrição esta que se assemelha muito àquelas descritas por Lyrio (1996) para o

Litoral Norte do Estado da Bahia (ver mapa em anexo).


41

5.1.1.4.1. Dunas frontais

As dunas frontais bordejam a linha de costa atual (Figuras 11, 12, 13 e 14) com altura

variando entre 3 e 6 metros de altura e 40 a 60 m de largura e se formaram em conseqüência

do trapeamento dos sedimentos da face de praia pela vegetação praial. Próximo a Vila de

Santo Antonio, o cordão duna encontra-se mais desenvolvido, apresentando-se mais largo e

mais alto.

Figura 11. Duna frontail na porção norte da Figura 12. Cristas de antigas dunas frontais
área de estudo. Indicação de um cordão na porção norte da área de estudo, com
litorâneo mais antigo. indicação de cordões litorâneos mais

Figura 13. Dunas frontais na porção sul da


área de estudo, em transição com o pós-praia.
42

5.1.1.4.2. Sistema de Dunas do tipo “blowout”

As primeiras ocorrências de Dunas ao longo do Litoral Norte do Estado da Bahia foram

registradas por Bittencourt et. al. (1979) e Martin et. al. (1980), que as classificaram em três

categorias entre dunas internas e externas e as dunas atuais, com base nos aspectos

morfoscópicos das areias das mesmas. Aquelas que ocorrem sobre os Terraços Marinhos

Pleistocênicos foram denominadas de Dunas Externas, enquanto que aquelas sobre os Leques

Aluviais Pleistocênicos foram então classificadas como Dunas Internas. Accioly (1997) para a

localidade de Arembepe, chamou atenção para o aspecto digitaliforme apresentada por estas

Dunas. Estas dunas externas de aspecto digitaliforme e com faces de deslizamento exibindo

variadas direções também foram descritas por Lyrio (1996). Estas feições dunares atualmente

são reconhecidas como Dunas do tipo “blowout”, que constituem unidades geomorfológicas

com características e dinâmicas próprias. A formação de “blowouts” está associada a ventos

fortes o suficiente para remoção drástica de sedimentos e seu posterior transporte e deposição

em áreas adjacentes. As áreas de onde os sedimentos foram removidos são denominadas de

Bacias de Deflação (Hesp, 1996; 2002), enquanto que as regiões recebedoras dos sedimentos

“soprados” pelo vento são chamadas de Lobos Deposicionais (Hesp, 1996; 2002) ou Áreas de

Repouso ou ainda Faces de Deslizamento (Lyrio, 1996; Accioly, 1997). A magnitude dos

ventos locais e os aspectos granulométricos e climáticos afetam diretamente a forma dos

“blowouts” que podem ser classificados nos tipos trough “calha” e soucer “prato”, sendo que

variações locais podem evoluir dos tipos acima citados (Hesp, 2002). Sua origem esta

associada ou a aceleração do fluxo de ar ao longo da crista da duna, ou por perda da cobertura

vegetal ou ainda por atividades humanas (Hesp, 2002).


43

Na área de estudo, dunas do tipo “blowout” foram mapeadas tanto sobre os Terraços

Marinhos Pleistocênicos quanto sobre os Leques Aluviais Pleistocênicos. Em ambas as

unidades geomorfológicas, os “blowouts” se apresentam com aspecto digitaliforme, com faces

de deslizamento de orientações diversas. Sobre o Leque Aluvial Pleistocênico os “blowouts”

apresentam lobos deposicionais com altura de aproximadamente de 10 metros de altura, com

orientação predominantemente de NE, ocupando 48ha do leque aluvial. As Bacias de Deflação

aqui se apresentam sem ocorrência de Zonas Úmidas associadas ou desprovidas de vegetação,

diferentemente daquelas sobre o Terraço Marinho Pleistocênico. Sobre o Terraço Marinho

Pleistocênico, os “blowouts” (Figura 14) ocorrem de forma subparalela a linha de costa, com

altura dos lobos deposicionais variando entre 10 a 15 metros, ocupando 11ha do terraço

marinho e com orientação predominante de SE e E (Figura 15). Suas bacias de deflação estão

ocupadas por zonas úmidas temporárias ou por vegetação aberta organizada em moitas

(Dominguez, com pess.) (Figura 16). De fato em toda área de ocorrência destas bacias de

deflação o afloramento do lençol freático é evidente. Algumas faces de deslizamento com

orientações de Nordeste também foram observadas ao Sul desse Campo de Dunas (Figura 17).

Figura 14. Detalhe de dunas do tipo “blowout”, sobre o Terraço Marinho Pleistocênico.
44

Figura 15. Detalhe de dunas tipo "blowout” sobre o Leque Aluvial Pleistocênico com
orientação NE.
45

Figura 16. Detalhe de dunas do tipo “blowout” sobre o Terraço Marinho


Pleistocênico com orientação SE e bacia de deflação (elipse verde).
46

SE

NE

Figura 17. Detalhe de dunas do tipo “blowout” sobre o Terraço Marinho Pleistocênico com
faces de deslizamento orientadas para NW e SW, associadas respectivamente a ventos de SE
e NE.
47

5.2. Vegetação

5.2.1. Aspectos florísticos e fitossociológicos

Com base na florística e fitossociologia, foi possível considerar 8 (oito) fitofisionomias

distintas que foram classificadas com base nas terminologias empregadas em outros estudos

sobre a vegetação de restinga no Brasil (Araújo & Henriques 1984; Henriques et al., 1986;

Silva, 1998; Assumpção & Nascimento, 2000), sendo estas denominadas de (i) Mata Seca

(MatSec), (ii) a Mata Periodicamente Alagável sobre Leque Aluvial Pleistocênico (MatPa),

(iii) Mata Periodicamente Alagável sobre o Terraço Pleistocênico (MatPaTe), (iv) Mata de

Duna (MatDun), (v) Restinga em Moitas Esparsas sobre o Terraço Marinho Pleistocênico

(RestMoiEsp), (vi) Restinga em Moitas Densas sobre o Leque Aluvial Pleistocênico

(RestMoiDen), (vii) Vegetação Hidrófila em Zonas Úmidas (VegZu) e (viii) Formação Praial

sobre as dunas frontais (Fpr). As 8 (oito) fisionomias quando comparadas florísticamente

apresentaram-se dissimilares. A fisionomia fechada sobre o leque aluvial pleistocênico e a

fisionomia aberta lenhosa sobre o terraço marinho pleistocênico, quando comparadas,

apresentaram o maior valor para similaridade florística, cerca de 50%. As fisionomias

abertas lenhosas do terraço marinho pleistocênico e do leque aluvial pleistocênico, quando

comparadas, apresentaram valor de similaridade muito próximo, cerca de 45,8%. Alguma

semelhança ambiental nas áreas de ocorrência das fitofisionomias citadas é sugerida, o que

favorece a colonização de espécies em comum. As fisionomias fechadas sobre o leque

aluvial e da face de deslizamento das dunas, apresentaram 44% de similaridade, o que

também sugere semelhanças ambientais nas áreas de ocorrência das mesmas. Estas quando

comparadas àquelas sob influência do afloramento do lençol freático, uma no terraço

marinho pleistocênico e outra no leque aluvial pleistocênico, apresentam-se pouco similares,

o que evidência o papel seletivo da água na colonização das espécies vegetais. As


48

fisionomias abertas lenhosas quando comparadas a fisionomia fechada do topo do leque

aluvial pleistocênico, apresentaram-se mais similares quando comparadas a aquelas da face

de deslizamento das dunas.

Dentre as fisionomias lenhosas amostradas, a Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen)

apresentou maior densidade, seguida da Restinga em Moitas Esparsas sobre o Terraço

Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp) (Figura 18). A Mata Periodicamente Alagável (MatPa)

obteve em média 15,60m de altura enquanto que a Mata Seca 8,28m. A Restinga em Moitas

Densas sobre o Leque Aluvial Pleistocênico e a Restinga em Moitas Esparsas sobre o

Terraço Marinho Pleistocênico apresentaram altura média de 1,62m, e 1,52m

respectivamente (Figura 19). As informações acima quando cruzadas com a distribuição das

fisionomias na área de estudo, demonstram uma redução do porte das espécies em direção a

linha de praia.

300

250
N° de indivíduos

200

150

100

50

0
RestmoiDen RestMoiEsp MatSec MatPaTe MatPa MatDun

Fitofisionomias

Figura 18. Abundância de espécies das fitofisionomias lenhosas amostradas.


49

16,00

14,00

12,00
Altura média (m)

10,00

8,00

6,00

4,00

2,00

0,00
MatPa MatSec MatPaTe MatDun RestMoiDen RestMoiEsp

Fitofisionomias

Figura 19. Altura média das fitofisionomias lenhosas amostradas.

5.2.2. Mata Seca sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (MatSec)

Ao longo do Leque Aluvial Pleistocênico, principalmente na sua porção voltada para a

Formação Barreiras, constata-se uma fisionomia vegetacional fechada onde as espécies mais

abundantes são Poecilanthe itapuana, seguida de Swartzia apetala (Figura 20). Estas ainda

totalizam 79,71% da Densidade Relativa Total e 95,61% da Dominância Relativa Total e

constituindo ainda as espécies mais importantes (Tabela 01). A Mata Seca se apresenta com

altura média de 8,12m, de sinúsia arbórea marcante com a formação de um dossel pouco

contínuo (Figura 21). Todavia esta contigüidade do dossel é quebrada, em áreas onde o solo

encontra-se totalmente desprovido de vegetação, fazendo com que esta fisionomia se

apresente fragmentada ao longo do Leque Aluvial Pleistocênico. Muito comum na Mata

Seca é a ocorrência dos piaçavais, amplas populações de Atallea funifera (Figura 22). Foram

também identificadas espécies que não ocorreram na amostragem: Allagoptera brevicalyx,

Anthurium bellum, Byrsonima blanchetiana, Byrsonima sp., Calycolpus legrandii, Davilla

flexuosa, Davilla rugosa, Diospyros sp., Eriope hipinoydes, Esenbeckia grandiflora,


50

Gochnatia sp., Guettarda platypoda, Hohenbergia sp., Inga affinis, Jacaranda obovata,

Lafoensia sp, Manilkara salzmanii, Myciaria floribunda, Myrtaceae sp.1, Myrtaceae sp.2,

Poecilanthe itapuana (Figura 23 e 24), Protium bahianum (Figura 25), Ruellia sp. e Scleria

scandens.

Protium bahianum
Myrcia guianensis
Myrtaceae sp.1
Manilkara salzmanii
Espécies

Guettarda platypoda
Leguminosa sp.1
Hirtella ciliata
Alibertia sp.
Vismia ferruginea
Swartzia apetala
Poecilanthe itapuana

0 5 10 15 20 25 30 35

N° de indivíduos

Figura 20. Abundância das espécies amostradas na Mata Seca (MatSec).

Tabela 01. Parâmetros fitossociológicos obtidos na amostragem na Mata Seca


(MatSec), em ordem decrescente de valor de importância (IVI).

Espécies DR DoR IVI


Poecilanthe itapuana 47,83% 64,83% 112,66
Swartzia apetala 31,88% 30,78% 62,66
Vismia ferruginea 4,35% 2,32% 6,67
Hirtella ciliata 2,90% 0,69% 3,59
Alibertia sp. 2,90% 0,48% 3,38
Leguminosa sp.1 2,90% 0,11% 3,01
Protium bahianum 1,45% 0,52% 1,97
Manilkara salzmanii 1,45% 0,13% 1,58
Guettarda platypoda 1,45% 0,08% 1,53
Myrtaceae sp.2 1,45% 0,04% 1,49
Myrtaceae sp.1 1,45% 0,03% 1,48
Totais 100,00% 100,00% 200
51

Figura 21. Limite interno da Mata Seca (MaTSec), no topo do Leque Aluvial
Pleistocênico.

Figura 22. Manilkara salzmanii e Attalea Figura 23. Poecilanthe itapuana, espécie
funifera. Espécies comuns na Mata Seca dominante na Mata Seca (MaTSec).
Seca (MaTSec).
52

Figura 24. Poecilanthe itapuana. Espécie Figura 25. Protium bahianum. Espécie típica da
dominante da Mata Seca (MatSec). Mata Seca (MatSec).

5.2.3. Mata Periodicamente Alagável sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (MatPa)

Esta outra fisionomia fechada ocorre limitada a Oeste pelo rio Imbassaí e a

Leste pelo Leque Aluvial Pleistocênico. Sua altura média é de 14,49m e as espécies

apresentam em média 38,15cm de CAP. As espécies mais abundantes são Tapirira

guianensis, Erythroxylon ovalifolium, Emmotum nitens, Rheedia gardneriana e

Morfoespécie5 (Figura 26). As populações das três primeiras espécies totalizam 46,34%

da Densidade Relativa Total e 79,40% da Dominância Relativa Total, configurando-se

também as que apresentaram o maior índice de valor importância (Tabela 02). O solo

nesta formação encontra-se hidricamente saturado, sendo que nos meses chuvosos, o

lençol freático aflora (Figura 27). Em seu sub-bosque encontram-se espécies tanto

comuns às outras fisionomias com características edáficas semelhantes como Blechnum


53

serrulatum (Figura 28), Anthurium bellum (Figura 29) e Bonettia stricta, espécies

adaptadas à sombra de outras fisionomias fechadas do litoral norte ocorrem na área de

estudo como a Heliconia psittacorum (Figura 30), Ruellia sp., Philodendron imbe. Foram

também identificadas espécies que não ocorreram na amostragem: Clusia hilariana,

Coccoloba sp.³, Desmoncus orthacanthos, Diospyros sp., Elaeis guianensis, Emmotum

nitens, Erythroxylon ovalifolium, Ficus sp., Geonoma pohliana, Inga affinis, Lygodium

volubile, Morfoespécie1, Morfoespécie2, Morfoespécie3, Morfoespécie4, Morfoespécie5,

Morfoespécie6, Rheedia gardeneriana, Scleria scandens, Stromanthe porteana, Tapirira

guianensis. Uma espécie de palmeira Geonoma pohliana (Figura 31) teve ocorrência

exclusiva nesta fisionomia. A Geonoma schottiana uma espécie similar, foi considerada

como característica de fisionomia semelhante à estudada no Estado de Santa Catarina

(Silva, 1998). O limite desta fisionomia com a Mata Seca se diferencia pela ocorrência de

uma linha de “dendezeiros” (Elaeis guianensis) (Figura 32), e uma abrupta quebra da

topografia local.

Inga affinis
Morfoespécie4
Bonettia stricta
Morfoespécie6
Morfoespécie1
Espécies

Morfoespécie3
Morfoespécie2
Rheedia gardeneriana
Emmotum nitens
Morfoespécie5
Erythroxylon ovalifolium
Tapirira guianensis

0 1 2 3 4 5 6 7 8
Nº de Indivíduos

Figura 26. Abundância das espécies amostradas na Mata Seca.


54

Tabela 02. Parâmetros fitossociológicos da amostragem realizada na Mata Periodicamente


Alagável (MatPa), em ordem decrescente de valor de importância (IVI).

Espécies DR DoR IVI


Tapirira guianensis 17,07% 45,63% 62,7
Emmotum nitens 12,20% 19,85% 32,05
Erythroxylon ovalifolium 17,07% 13,92% 30,99
Morfoespécie3 7,32% 10,28% 17,6
Morfoespécie5 12,20% 3,83% 16,03
Rheedia gardeneriana 9,76% 0,57% 10,33
Morfoespécie2 7,32% 2,31% 9,63
Morfoespécie1 4,88% 1,56% 6,44
Morfoespécie6 4,88% 0,47% 5,35
Morfoespécie4 2,44% 0,89% 3,33
Bonettia stricta 2,44% 0,61% 3,05
Inga affinis 2,44% 0,08% 2,52
Totais 100,00% 100,00% 200

Figura 27. Lençol freático aflorado de Figura 28. Blechnum serrulatum, espécie típica de
Mata Periodicamente Alagável (MatPa). áreas onde ocorre afloramento do lençol freático.
Fisionomia de Mata Periodicamente Alagável
(MatPa).
55

Figura 29. Anthurium bellum espécie típica Figura 30. Heliconia psittacorum espécie
de sub-bosque na Mata Periodicamente típica de sub-bosque na Mata
Alagável (MatPa). Periodicamente Alagável (MatPa).

Figura 31. Geonoma pohliana, uma espécie Figura 32. Ocorrência de Elaeis guianensis
de palmeira exclusiva na Mata (dendezeiro) na Mata Periodicamente
Periodicamente Alagável (MatPa). Alagável (MatPa).
56

5.2.4. Mata Periodicamente Alagável sobre o Terraço Marinho Pleistocênico (MatPaTe)

Sobre o Terraço Marinho Pleistocênico, foi reconhecida uma fisionomia vegetacional

fechada, com altura média de 6m, localizada nas áreas deprimidas. Interessante aqui é a

elevada abundância de Inga affinis, que representa quase metade do número total de indivíduos

amostrados (Figura 33). O lençol freático aflora sazonalmente ou se encontra muito próximo à

superfície (Figura 34). Espécies paludícolas típicas ocorrem na Mata Periodicamente Alagável

sobre o Terraço Marinho Pleistocênico como Bonettia stricta (musserengue), o “dendezeiro”

Elaeis guianensis, espécie exótica, e Comolia ovalifolia associadas ás populações de Blechnum

serrulatum (Figuras 35 e 36). A Elaeis guianensis, “dendezeiro”, também nesta fisionomia

limita-se a ocorrer nas áreas mais deprimidas onde o lençol freático aflora ou encontra-se

muito próximo à superfície. As populações de Inga affinis, (Figura 37), Bonnetia stricta e

Xylopia sp. juntas totalizam 82,54% da Densidade Relativa Total e 88,99% da Dominância

Relativa Total, sendo que Bonnetia stricta desponta como sendo a espécie de maior

importância (Tabela 03).

Anacardium occidentale

Coccoloba alnifolia

Tapirira guianensis
Espécies

Elaeis guianensis

Xylopia sp.

Bonnetia stricta

Inga affinis

0 5 10 15 20 25 30 35

N° de indivíduos

Figura 33. Abundância das espécies amostradas na Mata Periodicamente Alagável (MatPaTe).
57

Tabela 03. Parâmetros fitossociológicos da amostragem realizada na fisionomia de Mata


Periodicamente Alagável no Terraço Marinho Pleistocênico (MatpaTe), em ordem decrescente de
valor de importância (IVI).

Espécie DR DoR IVI


Bonnetia stricta 17,46% 88,66% 106,12
Inga affinis 52,38% 0,11% 52,49
Xylopia sp. 12,70% 0,22% 12,92
Tapirira guianensis 4,76% 5,98% 10,74
Elaeis guianensis 7,94% 0,76% 8,7
Coccoloba alnifolia 3,17% 4,16% 7,33
Anacardium occidentale 1,59% 0,11% 1,7
Totais 100,00% 100,00% 200

Figura 34. Afloramento do lençol freático em Figura 35. Afloramento do lençol freático e
zona deprimida no Terraço Marinho ocorrência de Comolia ovalifolia (a direita) e
Pleistocênico. Blechnum serrulatum (a esquerda) na Mata
Periodicamente Alagável sobre o Terraço
Marinho Pleistocênico (MatPaTe).

Figura 36. Ocorrência de Blechnum Figura 37. Ocorrência de Inga affinis na


serrulatum no sub-bosque da Mata Mata Periodicamente Alagável sobre o
Periodicamente Alagável sobre o Terraço Terraço Marinho Pleistocênico
Marinho Pleistocênico (MatPaTe). (MatPaTe).
58

5.2.5. Mata de Duna sobre as faces de deslizamento das dunas do tipo “blowout”

(MatDun)

Na face de deslizamento dos “blowouts” localizados no Terraço Marinho

Pleistocênico, a sotavento dos ventos predominantes ocorre outra fisionomia fechada. Nas

dunas do tipo “blowout” sobre o Leque Aluvial Pleistocênico esta fisionomia não foi

reconhecida. A altura média da Mata de Duna (MatDun) é de 3,5m e as espécies mais

abundantes são Coccoloba alnifolia, Ficus sp. e Ocotea notata (Figura 38). Juntas totalizam

62,50% da Densidade Relativa Total e 71% da Dominância Relativa Total, sendo que a

Coccoloba alnifolia apresenta-se como a espécie mais importante (Tabela 04). Estas espécies

apresentam porte menor que as fisionomias citadas anteriormente e incluem algumas espécies

arbóreas que também ocorrem nas outras fisionomias fechadas. Nas áreas de contato com o rio

Imbassaí percebe-se o aumento do porte da vegetação (Figura 39 e 40). A altura das espécies

tende a diminuir em direção a crista da duna, o que sugere uma limitação do crescimento das

espécies envolvidas em conseqüência da ação dos ventos locais (Figura 41). As espécies nas

fisionomias de Mata de Duna são predominantemente arbóreas. A Andira nitida, a Tapirira

guianensis, o Ficus sp. e o Protium heptaphyllum ocorrem em outros pontos da Mata de Duna

(Figuras 42, 43 e 44), enquanto que o Acritopappus confertus, espécie arbustiva, ocorre

geralmente nas bordas desta vegetação. Os efeitos causados pelo vento podem ser observados

na torção dos ramos, redução do porte e perfilhamento dos caules. Aspecto já abordado para

outras áreas de restinga na costa brasileira (Waetcher, 1995; Rizzini, 1997).


59

Guettarda platypoda

Protium bahianum

Calycolpus legrandii
Espécies

Byrsonima sericea

Diospyros sp.

Swartzia apetala

Ocotea notata

Ficus sp.

Coccoloba alnifolia

0 1 2 3 4 5 6 7

N° de indivíduos

Figura 38. Abundância das espécies amostradas na fisionomia de Mata de Duna (MatDun).

Tabela 04. Parâmetros fitossociológicos na fisionomia de Mata de Duna (MatDun).


Em ordem decrescente de Valor de importância (IVI).

Espécies DR DoR IVI


Coccoloba alnifolia 25,00% 45,23% 70,23
Ficus sp. 25,00% 12,29% 37,29
Byrsonima sericea 8,33% 22,65% 30,98
Ocotea notata 12,50% 14,80% 27,3
Swartzia apetala 8,33% 2,46% 10,79
Diospyrus sp. 8,33% 0,88% 9,21
Protium bahianum 4,17% 1,30% 5,47
Guettarda platypoda 4,17% 0,21% 4,38
Calycolpus legrandii 4,17% 0,18% 4,35
Totais 100,00% 100,00% 200
60

Figura 39. Fisionomia de Mata de Duna Figura 40. Face de deslizamento sobre o leito do
(MatDun). rio Imbassaí. Indicação de onde ocorrem as
Mata de Duna nas faces de deslizamento das espécies de maior porte na fisionomia de Mata de
Duna (MatDun).

Figura 41. Torção dos ramos Figura 42. Andira nitida “angelim” espécie que
(anemomorfismo) de uma mirtácea na crista ocorre na fisionomia de Mata de Duna
da Duna provocada pela ação dos ventos (MatDun).
locais.
61

Figura 43. Ocotea notata “louro” árvore comum Figura 44. Acritopappus confertus “cura-
nas faces de deslizamento na fisionomia de Mata facada” arbusto comum nas faces de
de Duna (MatDun). deslizamento na fisionomia de Mata de Duna
(MatDun).

5.2.6. Restinga em Moitas Esparsas sobre Terraço o Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp)

Este tipo vegetacional ocupa quase que exclusivamente toda a bacia de deflação

do sistema das dunas do tipo “blowout” sobre o Terraço Marinho Pleistocênico (Figura

45). Myrcia guianensis, Emmotum affine e Humiria balsamifera foram as espécies mais

abundantes (Figura 46). Myrcia guianensis representa 38,64% do número total de

indivíduos e sua população juntamente com as populações de Emmotum affine, Tabebuia

elliptica, Humiria balsamifera, Protium bahianum, Davilla flexuosa e Coccoloba

alnifolia totalizam 85,61% da Densidade Relativa Total e 83,39% da Dominância

Relativa Total, sendo que Myrcia guianensis, Emmotum affine, Tabebuia elliptica,

Humiria balsamifera apresentaram-se como sendo as mais importantes (Tabela 05). A


62

vegetação encontra-se distribuída em moitas, cercadas por solo desprovido de cobertura

vegetal, com exceção de uma flora de pequeno porte e baixa diversidade representada por

plantas herbáceas e principalmente arbustivas colonizadoras, melhor adaptadas às

condições ambientais favorecidas pela exposição do solo e saturação hídrica, já que esta

zona possui por característica de sua própria origem, lençol freático raso o que favorece

seu afloramento nos meses chuvosos (Figuras 47 e 48). A Clusia hilariana espécie que

juntamente com a T. elliptica, o E. affine e Coccoloba alnifolia ocorrem freqüentemente

ocupando uma posição central e destacada nas moitas (Figuras 49 e 50).

Figura 45. Aspecto da distribuição da Restinga Aberta em Moitas


associada a bacia de deflação do sistema de dunas do tipo “blowout”.
63

Byrsonima blanchetiana
Cuphea brachiata
Alibertia sp.
Manilkara salzmanii
Myrtaceae sp1
Ternstroemia brasiliensis
Espécies

Coccoloba alnifolia
Davilla flexuosa
Tabebuia elliptica
Protium bahianum
Humiria balsamifera
Emmotum affine
Myrcia guianensis

0 10 20 30 40 50 60

N° de indivíduos

Figura 46. Abundância das espécies amostradas na fisionomia de Restinga Aberta em Moitas
sobre o Terraço Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp).

Tabela 05. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas, em ordem decrescente de valor
de importância (IVI).

Espécies DR DoR IVI


Myrcia guianensis 38,64% 14,06% 52,7
Tabebuia elliptica 6,82% 19,66% 26,48
Emmotum affine 12,12% 11,72% 23,84
Humiria balsamifera 9,85% 12,76% 22,61
Protium bahianum 7,58% 8,53% 16,11
Davilla flexuosa 5,30% 8,33% 13,63
Coccoloba alnifolia 5,30% 8,33% 13,63
Ternstroemia brasiliensis 4,55% 6,05% 10,6
Manilkara salzmanii 3,03% 4,75% 7,78
Myrtaceae sp¹ 3,79% 1,82% 5,61
Alibertia sp. 1,52% 3,13% 4,65
Byrsonima blanchetiana 0,76% 0,46% 1,22
Cuphea brachiata 0,76% 0,39% 1,15
Totais 100,00% 100,00% 200
64

Figura 47. Aspecto da vegetação na fisionomia Figura 48. Aspecto da vegetação na fisionomia de
de Restinga Aberta em Moitas Esparsas sobre o Restinga Aberta em Moitas Esparsas sobre o Terraço
Terraço Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp). Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp), associada à
bacia de deflação e cordão duna ao fundo sob o
coqueiral (setas vermelhas).

Figura 49. Moita desenvolvida com Clusia Figura 50. Moita com Tabebuia elliptica em
hilariana, (vermelho) espécies de maior porte e posição destacada na fisionomia de Restinga
em posição destacada Aspecto da vegetação na Aberta em Moitas sobre o Terraço Marinho
fisionomia de Restinga Aberta em Moitas sobre Pleistocênico (RestMoiEsp).
o Terraço Marinho Pleistocênico (RestMoiEsp).

5.2.7. Restinga em Moitas Densas sobre o Leque Aluvial Pleistocênico (RestMoiDen)

Vegetação organizada em moitas também foi reconhecida sobre o Leque Aluvial

Pleistocêncico. Sua fisionomia é bastante semelhante a da Restinga em Moitas Esparsas

(RestMoiEsp) (Figura 51). Entretanto a Comolia ovalifolia muito comum na vegetação desta

fisionomia têm ocorrência rara na Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen). Myrcia


65

guianensis é a espécie mais abundante em ambas as fisionomias vegetais (Figura 52). Sua

população representa 15,64% da Densidade Relativa Total, enquanto que a Myrtaceae 01

apresentou-se como sendo a espécie dominante e mais importante. Copositae indet., Davilla

flexuosa, Byrsonima blanchetiana, Manilkara salzmanii Protium bahianum, Coccoloba

alnifolia, Byrsonima sp., Swartzia apetala, Ouratea suaveolans, Calycolpus legrandii,

Coccoloba sp. e Guettarda platypoda exibiram valores similares para Densidade Relativa

Total indicando certo equilíbrio na colonização destas espécies neste ambiente (Tabela 06). O

solo entre as moitas está quase que totalmente descoberto (Figuras 53 e 54), com raras

ocorrências de espécies invasoras como a Krameria spartioides. A dominância de Myrcia

guianensis (Tabela 06) nas Restingas em Moitas Esparsas (RestMoiEsp) e na Restinga em

Moitas Densas (RestMoiDen) sugere alguma semelhança ambiental. Espécies típicas da Mata

Seca ocorrem também aqui, como a Swartzia apetala, o Calycolpus legrandii, Poecilanthe

itapuana. Na área amostrada, estas espécies representaram as mais abundantes. Aqui foi

registrada também uma maior abundância de indivíduos quando comparada com a Restinga

em Moitas Esparsas (RestMoiEsp). A Poecilanthe itapuana, Swartzia apetala e Calycolpus

legrandii ocorrem nesta fisionomia assim como na Mata Seca (MatSec). A colonização de

espécies na Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen), parece ter forte influência da

conectividade entre esta fisionomia e a Mata Seca (MatSec) (Figura 56).


66

Figura 51. Aspecto da conectividade entre a Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen) e a Mata Seca
(MatSec).
67

Myrtaceae 01

indet 01

Erythroxylon leal-costae

Esenbeckia grandiflora

indet 04

Guettarda platypoda

Coccoloba sp.

Calycolpus legrandii
Espécies

Ouratea suaveolans

Swartzia apetala

Coccoloba alnifolia

Byrsonima sp.

Protium bahianum

Manilkara salzmanii

Byrsonima blanchetiana

Davilla flexuosa

Copositae 01

Myrcia guianensis

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

N° de indivíduos

Figura 52. Abundância das espécies amostradas na Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen) sobre
o Leque Aluvial Pleistocênico.

Tabela 06. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na Restinga em Moitas


Densas (RestMoiDen) em ordem decrescente de valor de importância (IVI).

Espécies DR DoR IVI


Myrtaceae 01 2,18% 32,73% 34,91
Myrcia guianensis 15,64% 2,26% 17,9
Copositae 01 8,73% 6,32% 15,05
Coccoloba alnifolia 4,36% 9,93% 14,29
Davilla flexuosa 6,55% 7,26% 13,81
Byrsonima blanchetiana 5,82% 4,67% 10,49
Erioppe hypinioides 0,36% 9,16% 9,52
Byrsonima sp. 4,36% 4,67% 9,03
Alibertia sp. 1,82% 5,00% 6,82
Calycolpus legrandii 3,64% 2,56% 6,2
Protium bahianum 5,09% 1,02% 6,11
Manilkara salzmanii 5,82% 0,01% 5,83
Bactris soeiroana 0,36% 4,39% 4,75
Swartzia apetala 4,36% 0,37% 4,73
Erythroxylon leal-costae 2,18% 2,21% 4,39
Coccoloba sp. 3,64% 0,64% 4,28
Guettarda platypoda 3,64% 0,47% 4,11
Ouratea suaveolans 4,00% 0,00% 4
Outras 0,1745 0,0634 23,79
Totais 100,00% 100,00% 200
68

Figura 53. Aspecto da vegetação disposta em Figura 54. Aspecto da borda de uma moita com
moitas cercadas por solo desnudo na Restinga em Allagoptera brevicalyx e Hohenbergia littoralis na
Moitas Densas (RestMoiDen). Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen).

Figura 55. Myrcia guianensis a espécie Figura 56. Zona de Transição entre a Mata Seca e
dominante e de população mais densa na a Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen).
Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen).
69

5.2.8. Vegetação Hidrófila em Zonas Úmidas (VegZU)

Sob influência permanente ou sazonal da saturação hídrica do solo, causada seja pela

inundação da planície fluvial dos rios Imbassaí e Santo Antonio, seja pelo afloramento do

lençol freático nas bacias de deflação do campo de dunas ou em antigas drenagens, ocorre uma

vegetação formada por espécies adaptadas a estas condições. A vegetação nestas zonas úmidas

foi classificada em dois tipos: Vegetação Hidrófila Herbácea e Vegetação Hidrófila Arbórea

(ver mapa de vegetação em anexo).

5.2.8.1. Vegetação Hidrófila Herbácea associada a bacia de deflação do campo de dunas e


a planície fluvial do rio Imbassaí

Este tipo vegetacional é dominado por espécies de pequeno porte, quase todas de hábito

(porte) herbáceo, muitas delas rizomatosas ou estoloníferas. Ocorre nas planícies de inundação

dos rios Imbassaí e nas bacias de deflação encontradas sobre o Terraço Marinho Pleistocênico

(Figura 57). Nas zonas úmidas herbáceas na planície fluvial do rio Imbassaí, as ciperáceas

Lagenocarpus rigidus e Eleocharis interstincta - “junco” são as espécies mais comuns na

paisagem juntamente com a pteridófita Blechnum serrulatum (Figuras 58 e 59). A Bonettia

stricta, “musserengue”, ocorre nas porções mais internas destas planícies, onde este tipo de

vegetação entra em contato ou com a Mata de Duna (MatDun) ou com a Mata Periodicamente

Alagável (MatPa). Outra sinúsia herbácea marcante ocupa as bacias de deflação sobre o

Terraço Marinho Pleistocênico (Figuras 60 e 61). Comolia ovalifolia, juntamente com uma

espécie de Paspalum sp. e duas espécies de ciperáceas totalizam juntas 93,14% da cobertura

total da desta sinúsia (Figura 62). Cyperaceae 02, Cyperaceae 01, Comolia ovalifolia e
70

Paspalum sp., representam as espécies de maior índice de valor de cobertura – IVC (Tabela

07).

Figura 57. Zonas Úmidas Herbáceas na Planície Fluvial do rio Imbassaí e na bacia de
deflação no sistema de dunas do tipo “Blowout” sobre o Terraço Marinho Pleistocênico.
71

Figura 58. Aspecto da Zona Úmida em um Figura 59. Lagenocarpus rigidus, Blechnum
trecho da planície fluvial do rio Imbassaí com serrulatum e Comolia ovalifolia (setas em
a ocorrência de Lagenocarpus rigidus vermelho) em um trecho da planície fluvial do rio
dominando a paisagem. Imbassaí.

Figura 60. Aspecto da Zona Úmida na bacia de Figura 61. Aspecto da Zona Úmida na bacia de
deflação ao sul da Vila de Santo Antonio. deflação a nordeste da Vila de Santo Antonio.
72

Microlícia sp.
Krameria spartioides

Cyperaceae 03
Chamecrista ramosa

Xyris sp.
Cuphea flava
Espécies

Syngonanthus imbricatus
Schultesia guianensis

Cyperaceae 02
Cyperaceae 01

Paspalum sp.
Comolia ovalifolia

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Dominância Relativa

Figura 62. Cobertura relativa das espécies amostradas na Vegetação Hidrófila Herbácea da
zona úmida que ocupa bacia de deflação do campo de dunas.

Tabela 07. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na Vegetação Hidrófila


Herbácea, em ordem decrescente de valor de cobertura. Considerando-se a cobertura como
parâmetro de importância.

Espécies DR DoR IVC


Cyperaceae 02 81,66% 20,28% 101,941
Cyperaceae 01 9,08% 22,89% 31,968
Comolia ovalifolia 1,63% 27,04% 28,674
Paspalum sp. 2,00% 22,93% 24,926
Schultesia guianensis 2,24% 2,30% 4,538
Syngonanthus imbricatus 3,10% 1,32% 4,423
Xyris sp. 0,17% 0,82% 0,988
Cuphea flava 0,04% 0,92% 0,96
Chamecrista ramosa 0,02% 0,65% 0,668
Cyperaceae 03 0,03% 0,38% 0,412
Krameria spartioides 0,00% 0,23% 0,233
Microlícia sp. 0,02% 0,15% 0,166
Cyperaceae 04 0,01% 0,08% 0,09
Polygala sp. 0,00% 0,02% 0,022
Totais 100,00% 100,00% 200
73

5.2.8.2. Vegetação Hidrófila Arbórea em antigas linhas de drenagem

Na área de estudo, este tipo vegetacional ocorre em associação a antigas drenagens

onde o lençol freático aflora (Figura 63). De fisionomia bem distinta das demais mapeadas na

área de estudo, esta fisionomia está representada por poucas espécies. A Annona glabra

“araticum” e a Bonettia stricta “musserengue” dominam a paisagem (Figuras 65 e 66).

Figura 63. Aspecto da Vegetação Hidrófila Arbórea das Zonas Úmidas em antigas
drenagens.
74

Figura 64. Antiga linha de drenagem com Figura 65. Bonettia stricta (setas vermelhas), na
lençol freático aflorado na Vegetação Vegetação Hidrófila Herbácea.
Hidrófila Herbácea.

Figura 66. População predominante de


Bonettia stricta (setas vermelhas), na
Vegetação Hidrófila Herbácea.

5.2.9. Formação Praial sobre as Dunas Frontais (Fpr)

Nesta formação a Remirea maritima é a espécie de maior valor de cobertura (Figuras

67 e 68), juntamente com a Marsypianthes chamaedrys, o Panicum racemosum, a Chamaesyce

hyssopifolia e o Mytracarpus sp.. As demais espécies apresentaram-se pouco freqüentes, com

exceção de Sporobolus virginicus, a I. pes-caprae (Figura 69), e a I. stolonifera (Figura 70).

87,30% da Cobertura Relativa Total esta representada por Remirea maritima, Marsypianthes
75

chamaedrys, o Panicum racemosum, a Chamaesyce hyssopifolia e a Mytracarpus sp., o que

demonstra a importância destas espécies (Tabela 08). As espécies de pequeno porte são

comuns e dominam a paisagem que é, portanto de aparência rasteira ocupando quase que toda

a superfície das dunas frontais (Figura 71). Alguns arbustos como Maytenus sp., Byrsonima

blanchetiana e Chrysobalaanus icaco ocorrem de forma esparsa, podendo estar agrupadas em

moitas, mas sempre a sotavento da duna frontal. Mytracarpus sp., Polygala sp., Sporobolus

virginicus, Commelina sp., Dactylonctenium aegyptium e Chamaecrista ramosa (Figura 72) só

foram observadas a 15m do início da vegetação em direção ao continente. P. racemosum e I.

pes-caprae ocorrem quase que exclusivamente nas primeiras porções das dunas frontais

(Figura 73).

Cyperaceae 01
Commelina sp.

Morfoespécie 1
Myrtaceae 01

Stenotaphrom secundatum
Polygala sp.
E spécies

Ipomoea pes-caprae

Ipomoea stolonifera
Spororbolus virginicus

Mitracarpus sp.
Chamaesyce hyssopifolia
Panicum racemosum

Marsypianthes chamaedrys
Remirea maritima

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Cobertura Relativa

Figura 67. Cobertura relativa das espécies da formação Praial (Fpr).


76

Tabela 08. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas na formação Praial (Fpr)
em ordem decrescente de valor de cobertura. Considerando-se a cobertura como
parâmetro de importância.

Espécies DR DoR IVC


Remirea maritima 61,31% 33,56% 94,87
Panicum racemosum 14,45% 13,26% 27,71
Marsypianthes chamaedrys 4,33% 18,74% 23,07
Chamaesyce hyssopifolia 8,30% 10,12% 18,42
Mitracarpus sp. 2,85% 7,68% 10,53
Spororbolus virginicus 5,84% 3,47% 9,31
Stenotaphrom secundatum 1,50% 1,55% 3,05
Ipomoea stolonifera 0,16% 2,67% 2,83
Ipomoea pes-caprae 0,15% 2,65% 2,8
Myrtaceae 01 0,01% 2,25% 2,26
Commelina sp. 0,19% 1,34% 1,53
Polygala sp. 0,30% 0,64% 0,94
Morfoespécie 05 0,00% 0,91% 0,91
Cyperaceae 01 0,27% 0,36% 0,63
Morfoespécie 02 0,22% 0,27% 0,49
Chamecrista ramosa 0,00% 0,30% 0,3
Morfoespécie 06 0,08% 0,12% 0,2
Morfoespécie 04 0,01% 0,05% 0,06
Morfoespécie 06 0,00% 0,05% 0,05
Blutaparon portulacoides 0,02% 0,01% 0,03
Totais 100% 100% 200
77

Figura 68. Remirea maritima espécie Figura 69. Ipomoea pes-capre. Espécie de
dominante na duna frontal. ocorrência restrita ao início da vegetação
praial na transição com o berma.

Figura 70. Ipomoea stolonifera. Espécie de Figura 71. Vegetação Praial entre o coqueiral e
ocorrência restrita ao início da vegetação praial sobre a duna frontal.
na transição com o berma.

Figura 72. Chamaecrista ramosa (indicada Figura 73. Panicum racemosum (indicada
pela seta vermelha) de ocorrência restrita aos pela seta vermelha) e Ipomoe pes-caprae
limites internos da duna frontal e Remirea (indicada pela seta azul). Espécies de
maritima, espécie dominante na área de ocorrência restrita a face externa da duna
estudo ramosa (indicada pela seta azul). frontal.
78

Tabela 09. Similaridade Florística entre as diferentes fitofisionomias


mapeadas.
Fitofisionomias *IS
RestMoiEsp / MatSec 50%
RestmoiDen / RestmoiEsp 45,80%
MatSec / MatDun 44%
MatDun / RestMoiEsp 36%
MatPaTe/ MatPa 26%
MatPa / MatDun 22%
MatPa / MatSec 20%
MatPa / RestMoiEsp 19%
* Índice de similaridade de Soerensen.

5.3. Heterogeneidade da vegetação

A análise de agrupamento baseada nas variáveis ambientais das diferentes

fitofisionomias permitiu a confirmação da existência não somente de fisionomias

floristicamente distintas, mas de unidades vegetacionais significativamente heterogêneas (T = -

1.9572823, p = 0.02131639). As variações detectadas entre as variáveis ambientais na análise

de cluster apontam para uma forte influência do vento (velocidade) e solo (granulometria,

profundidade do lençol freático e matéria orgânica) de cada unidade gemorfológica sobre a

vegetação. No dendrograma apresentado (Figura 74), são apresentados graficamente os

diferentes níveis de relacionamento entre os grupos (fitofisionomias) e as variáveis ambientais

independentes.

As duas fisionomias lenhosas abertas, a Restinga em Moitas Esparsas (RestMoiEsp) e a

Restinga em Moitas Densa (RestMoiDen), agrupam-se com 100% de similaridade

principalmente em conseqüência das variáveis velocidade do vento, granulometria e matéria

orgânica, não ultrapassando diferenças acima de 3%, o que se expressa pela similaridade dos
79

valores de riqueza de espécies e similaridade florística para ambas formações. A maior

abundância das espécies na RestMoiDen, está associada provavelmente a uma oferta maior de

matéria orgânica no solo (Tabela 10) quando comparada a RestMoiEsp e ao fato de estar em

contato com a Mata Seca (MatSec), da qual propagam-se espécies que colonizam a

RestMoiDen. Outro grupo identificado é formado pelas Matas Seca (MatSec) e a Mata de

Duna (MatDun) em decorrência dos valores de matéria orgânica e de granulometria, o que se

traduz em uma similaridade florística entre estas.

A Mata de Duna (MatDun) agrupou-se com as RestMoiEsp e a RestMoiDen,

possivelmente pelos valores obtidos para granulometria e matéria orgânica, o que também se

reflete na similaridade florística e na riqueza de espécies. Os valores da velocidade dos ventos

obtidos para a RestMoiEsp, são superiores para àqueles obtidos para aqueles obtidos para Mata

de Duna (MatDun) (Tabela 10). A variável velocidade do vento parece ser um fator diferencial

entre as fisionomias abertas lenhosas (RestMoiDen e a RestMoiEsp) e a Mata de Duna

(MatDun), já que a granulometria das unidades geomorfológicas é muito similar entre estas. A

posição a sotavento da MatDun em relação aos “blowouts” e o teor de argila, que na Mata de

Duna é maior (Tabela 10), parecem favorecer o desenvolvimento de um maior número de

espécies arbóreas, mesmo que de porte reduzido.

A Mata Periódicamente Alagável sobre o Terraço Marinho Pleistocênico (MatPaTe),

agrupa-se de forma menos similar com as Matas Seca e a Mata de Duna, cerca de (75%),

talvez em decorrência da diferença da granulometria dos sedimentos e dos teores de matéria

orgânica (Tabela 10). A diferença mesmo que pequena entre os teores de matéria orgânica das

fisionomias descritas anteriormente, associadas a forte influência do lençol freático que na

MaPaTe se encontra aflorado ou muito próximo a superfície, favorece uma diferença na

composição das espécies, marcada pela baixa similaridade florística com outras formações,

pobreza de espécies e elevada abundância, caracterizando a monodominância de espécies na


80

MaPaTe e evidenciando o caráter seletivo da água na colonização das espécies vegetais.

Dissimilar quando comparada às outras fisionomias e sob forte influência do afloramento do

lençol freático, a Mata Periodicamente Alagável, localizada entre o sopé do Leque Aluvial

Pleistocênico e o rio Imbassaí, apresentou valores de matéria orgânica superiores aos

encontrados na MaPaTe (Tabela 10), e os menores valores para a velocidade do vento obtidos

dentre todas as amostragens. Tais condições favorecem a manutenção de uma vegetação de

maior porte com ocorrência de espécies exclusivas a esta fisionomia, como de espécies

características das fisionomias florestais de solos mais antigos sobre a Formação Barreiras.

A Vegetação Hidrófila Herbácea localizada na Zona Úmida (ZU) sobre o Terraço

Marinho Pleistocênico, apresentou-se agrupada às Restingas em Moitas, à Mata Seca e a Mata

de Duna talvez como decorrência das similaridades na granulometria e nos valores para a

velocidade do vento (Tabela 10).

A condição de lençol freático aflorado, associado a um decréscimo dos valores obtidos

para a velocidade do vento em direção ao continente e diferenças granulométricas, tem

demonstrado serem fatores determinantes na seleção de espécies lenhosas na planície

quaternária local.

A Formação Praial apresentou-se como um grupo isolado, dissimilar quando

comparada às outras fitofisionomias, como resultado provavelmente nos teores de areia fina,

velocidade do vento e profundidade do lençol freático respectivamente (Tabela 10). Neste

ambiente em específico, o vento, a profundidade do lençol freático e a dinâmica praial, são

determinantes sobre a composição das espécies locais. Estes fatores condicionam a sustentação

de uma vegetação com características peculiares, de porte reduzido, com grande capacidade de

multiplicação vegetativa e com espécies de ocorrência exclusiva a esta fisionomia.


81

A vegetação responde diferentemente às variações ambientais de cada unidade

geomorfológica, desenvolvendo comunidades biológicas estáveis e de dinâmicas próprias. Este

fato é de fundamental importância na estruturação de diferentes habitats e, portanto para a

manutenção da diversidade biológica.


82

SILTE
Ni Riqueza DoAT Vel. Vento (m/s) Prof. Lençol Freático (m) Materia Orgânica (%) ARGILA (%) (%)

Matpa 0,00027621 0,14835165 0,06307207 0,045801527 0 0,823932458 0,04166667 0,012658

MatpaTe 0,00042453 0,04511811 0,20596775 0,127765925 0 0,403345429 0,04308797 0,460791

Matsec 0,00046516 0,20918601 0,30125889 0,122874904 0,175 0,195964566 0,26757317 0,492142

Matdun 0,00016187 0,18738929 0,04383332 0,025777923 0,295202952 0,300737169 0,33780666 0,069794

RestmoiEsp 0,00089043 0,31384021 0,17629988 0,158543763 0,118338458 0,161548197 0,2973829 0,255906

RestmoiDen 0,00185672 0,47038198 0,48955009 0,23630718 0,326901267 0,814141604 0,09142785 0,087287

ZU 0,8370762 0,39576792 0,70753284 0,391465377 0 0,29457737 0,09620263 0,275409

Fp 0,99996508 0,91869397 0,97070183 0,861580629 0,731969538 0,261454237 0,40503297 0,107876

MatPa
MatPaTe
MatSec
MatDun
RestMoiDe
RestMoi
ZU
Fpr
Figura 74. Dendrograma da análise de cluster entre das diferentes formações
vegetacionais.
83

5.3.1. Evolução da zona costeira e as fitofisionomias encontradas

Os eventos ligados à Transgressão Mais Antiga e a regressão que se sucedeu,

permitiram a acumulação dos depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos. A maior

antiguidade deste depósito pode ser atestada pela ocorrência de espécies na vegetação da

restinga estudada e comum em formações florestais mais antigas sobre a Formação Barreiras

como a Geonoma pohliana e o Emmotum nitens. Quanto a primeira, esta possui ocorrência

nas Florestas Ombrófilas do litoral sul da Bahia (Lorenzi, 2004). Os teores de matéria

orgânica nesta unidade geomorfológica são bem maiores que nas demais fitofisionomias

sugerindo um maior período de colonização das espécies vegetais desde a estabilização destes

sedimentos.

A topografia dos Leques Aluviais Pleistocênicos favorece em alguns pontos a

exposição da vegetação aos ventos locais, o que pode ser observado no porte reduzido das

espécies arbóreas ocorrentes na Mata Seca (MatSec). Ainda sobre o Leque Aluvial

Pleistocênico, em áreas ainda mais expostas à ação dos ventos e com o solo pobre em matéria

orgânica (Tabela 10) se desenvolve a Restinga em Moitas Densas (RestMoiDen). Em áreas

onde o solo se encontra saturado hidricamente, são mantidas as Matas Periodicamente

Alagáveis e a Vegetação Hidrófila Arbórea.

A Penúltima Transgressão e a regressão que se sucedeu, deram origem ao Terraço

Marinho Pleistocênico, de topografia plana e lençol freático pouco profundo. A proximidade

do lençol freático a superfície, associada à exposição da vegetação aos ventos locais,

condicionam a manutenção da Restinga em Moitas Esparsas (RestMoiEsp). Especificamente

na área de estudo, grande parte do Terraço Marinho Pleistocênico constitui uma extensa bacia
84

de deflação formada durante o desenvolvimento das dunas tipo “blowout”, provavelmente a

cerca de 16.000 AP., quando a plataforma continental se encontrava exposta. Em áreas mais

deprimidas, onde o lençol freático aflora sazonalmente, Zonas Úmidas temporárias são

mantidas, atualmente dando suporte à Vegetação Hidrófila Herbácea.

Em áreas de ocorrência de dunas do tipo “blowout”, a vegetação encontra-se

altamente influenciada pela topografia deste tipo geomorfológico. Sob influência da dinâmica

deste sistema de dunas, duas comunidades vegetais são mantidas, a Mata de Duna e a

Restinga em Moitas Esparsas ao longo da bacia de deflação. O vento age ainda diretamente

sobre os espécimes, através da redução do porte e na seleção de espécies mais resistentes.

A vegetação praial, encontra-se muito influenciada pela dinâmica praial atual. As

plantas do pós-praia e das dunas frontais são na maioria espécies perenes com crescimento

clonal. As espécies que ocorrem sobre as dunas frontais são selecionadas de acordo com a

tolerância de cada espécie a variação da salinidade local, água, nutriente e condições edáficas,

causadas por distúrbios erosivos e construtivos das dunas frontais, relacionados estes muitas

vezes aos regimes de vento e aos padrões da deposição de sedimentos (Cordazzo & Seeliger,

2003).
85

6. Considerações finais

A geomorfologia do Litoral Norte do Estado da Bahia apresenta particularidades no

que tange a ocorrência de dunas do tipo “blowout”. A topografia deste tipo dunar proporciona

uma variedade de condições ambientais que por sua vez são determinantes na manutenção de

comunidades vegetais distintas. Estas comunidades apresentam diferenças na composição de

espécies e estrutura. O sistema de dunas “blowout” sobre o Terraço Marinho Pleistocênico,

condiciona a vegetação local, principalmente a Restinga em Moitas Esparsas nas bacias de

deflação, em conseqüência da dinâmica dos ventos e da baixa profundidade do lençol freático,

assim como na manutenção de Zonas Úmidas específicas. Sobre as faces de deslizamento dos

lobos deposicionais, a sotavento das dunas, predomina a Mata de Duna (MatDun). Sua flora

muito similar à RestMoiEsp e a MatSec, é diretamente influenciada pela topografia dos lobos

deposicionais que funcionam como anteparo aos ventos locais, dando condições às espécies

arbóreas de se estabelecerem. A Restinga em Moitas Densas sobre o Leque Aluvial

Pleistocênico já não responde mais as condições locais de profundidade do lençol freático,

mas sim a argila, vento e conectividade com a Mata Seca. A topografia do Terraço Marinho

Pleistocênico, em áreas associadas às bacias de deflação no sistema de dunas “blowout”, é

extremamente influente na composição das espécies na Restinga em Moitas Esparsas

(RestMoiEsp).

A evolução da planície quaternária no Litoral Norte do Estado da Bahia e os processos

geológicos que afetaram a região condicionam características granulométricas e topográficas

específicas para os diferentes tipos geomorfológicos e a orientação espacial de sua linha de

costa (NE-SW), associadas ao regime dos ventos (intensidade e freqüência), distância da linha
86

de costa e o teor de matéria orgânica condicionam a flora e fauna locais e seu potencial para

água subterrânea.

A planície Quaternária do Litoral Norte do Estado da Bahia ainda é muito pouco

estudada e a compreensão da relação entre a vegetação e geomorfologia local certamente

abriga mais questionamentos. Contudo um passo foi dado, no sentido de estabelecermos um

maior entendimento da vegetação existente nos diferentes tipos de depósitos arenosos

Quaternários e a influência destes no desenvolvimento das diferentes comunidades vegetais.

Esta compreensão a partir de agora, deve nortear as ações e os padrões de uso da terra na

planície quaternária do Litoral Norte do Estado da Bahia, que se encontra hoje sob a pressão

da implantação de grandes projetos hoteleiros. A preservação da vegetação de restinga do

Litoral Norte requer antes de tudo a preservação de sua base física que são os depósitos

arenosos quaternários. A manutenção da paisagem em trechos de ocorrência de dunas

“blowout” está condicionada a manutenção do equilíbrio deste sistema. Alterações bruscas e

em grande escala deste sistema, principalmente da topografia local, que pode ser causada na

maioria das vezes ou pela remoção irregular de areia, terraplanagem ou simplesmente pela

obstrução dos ventos locais, podem afetar de forma significativa a vegetação natural. Perda de

espécies vegetais endêmicas para a região como Poecilanthe itapoana, Allagoptera

brevicallyx, Bactris soeiroana, modificações de habitats, e a perda de nichos são impactos

diretos sobre a biota das restingas do Litoral Norte do Estado da Bahia.


87

7. Referências Bibliográficas

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Anexos
Mapa Geológico – geomorfológico
96

Mapa de Vegetação

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