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Jean-Baptiste Pierre Antoine de Monet, Chevalier de Lamarck (Bazentin, 1 de agos

to de 1744 — Paris, 28 de dezembro de 1829) foi um naturalista francês que desenvolv


eu a teoria dos caracteres adquiridos, uma teoria da evolução agora desacreditada. L
amarck personificou as ideias pré-darwinistas sobre a evolução. Foi ele que, de fato,
introduziu o termo biologia.
Originário da baixa nobreza (daí o título de 'chevalier'), Lamarck pertenceu ao exército
, interessou-se por história natural e escreveu uma obra de vários volumes sobre a f
lora da França. Isto chamou a atenção do Conde de Buffon que o indicou para o Museu de
História Natural de Paris. Depois de ter trabalhado durante vários anos com plantas
, Lamarck foi nomeado curador dos invertebrados (mais um termo introduzido por e
le), e começou uma série de conferências públicas. Antes de 1800, ele era um essencialis
ta que acreditava que as espécies eram imutáveis. Mas graças ao seu trabalho sobre os
moluscos da Bacia de Paris, ficou convencido da transmutação das espécies ao longo do
tempo, e desenvolveu a sua teoria da evolução (apresentada ao público em 1809 na sua P
hilosophie Zoologique).
[editar] Teoria dos caracteres adquiridos
A teoria de Lamarck não obteve grande aceitação na França, mesmo entre seus colegas do M
useu Nacional de História Natural (França), como por exemplo o eminente naturalista
Georges Cuvier. Entretanto, houve uma boa aceitação na Inglaterra. Apesar disto, Lam
arck não foi capaz de convencer aos Homens de seu tempo que a evolução fosse um facto.
Até mesmo as ideias de Charles Darwin, que hoje são tidas como corretas, só foram ple
namente aceitas e convenceram a sociedade do fato da evolução quase 100 anos após a pu
blicação de Origem das Espécies (1859).
A teoria da Evolução de Lamarck é fundamentada em dois aspectos: (1) A tendência dos ser
es para um melhoramento constante rumo à perfeição, um aumento da complexidade dos ser
es menos desenvolvidos aos mais desenvolvidos; esta tendência seria uma força extern
a, semelhante a atração gravitacional, que se agisse isoladamente geraria um linha c
ontínua e progressiva. Porém, esta tendência não atua sozinha na evolução, há a lei (2) do
e desuso que conjugada com a transmissão dos caracteres adquiridos provoca desvio
s na linha evolutiva.
Segundo a lei do uso e desuso (que era uma idéia plenamente aceita na Europa mesmo
antes de Lamarck e que também foi defendida por Charles Darwin) os indivíduos perde
m as características de que não precisam e desenvolvem as que utilizam. O uso contínuo
de um órgão ou parte do corpo faz com que este se desenvolva e seja apto para o cor
reto funcionamento, e o desuso de um órgão ou parte do corpo faz com que este se atr
ofie e com o tempo perca totalmente sua função no corpo do indivíduo. Estas mudanças são t
ransmitidas aos descendentes através da: Transmissão das características adquiridas -
O uso e desuso de partes do corpo provocam alterações no organismo do indivíduo, essas
alterações podem ser transmitidas às gerações seguintes. Por exemplo as crias das girafas
herdam o pescoço comprido dos pais que supostamente o desenvolvem quando comem fo
lhas das árvores mais altas. Desta forma surgiriam as novas espécies, que na verdade
nada tem de novo, são apenas alterações das já existentes, desvios na linha evolutiva.
Lamarck acreditava que, como o ambiente terrestre sofre modificações constantes, as
suas alterações estruturais forçam os seres que nele vivem a se transformarem para se
adaptarem ao novo meio. Ao longo de muitas gerações (milhões de anos), o acúmulo de alte
rações pode levar ao surgimento de novos grupos de seres vivos. Assim, modificações no a
mbiente causam alterações nas "necessidades", no comportamento, na utilização e desenvol
vimento dos órgãos, na forma das espécies ao longo do tempo - e por isso causam a tran
smutação das espécies (evolução).
Lamarck defendia a geração espontânea contínua das espécies, com os organismos mais simple
s a serem depois transmutados com o tempo (pelo seu mecanismo) tornando-se mais
complexos e próximos da perfeição ideal. Acreditava portanto num processo teleológico, c
om um fim determinado em que os organismos se tornam mais perfeitos à medida que e
voluem.
A comparação das idéias de Lamarck (1809) e Darwin (1859)permite que se monte um quadr
o sobre as mudanças na forma de pensar dos Homens e no desenvolvimento da ciência. L
amarck defendia a evolução, Darwin a descendência com modificação; Lamarck era teleológico,
Darwin considerava que a evolução ocorria ao acaso via Seleção Natural; ambos eram gradu
alistas, ou seja as mudanças evolutivas eram vagarosas; Lamarck incluiu o Homem de
ntro da escala evolutiva, Darwin hesitou em fazê-lo em 1859.
As teorias e os pensamentos de Lamarck podem ser considerados Transformistas, po
is propõem a transformação e a evolução dos organismos. Suas ideias também evoluíram ao lon
de seus estudos, e formaram um panorama que muito contribuiu para a biologia mod
erna. Seus estudos serviram de base a formulação da Teoria Sintética da Evolução no século
X.
É provável que a visão que os teóricos contemporâneos têm de Lamarck seja injusta. As contr
buições dele para a biologia são muito importantes. Ele acreditava na evolução numa época e
que não existiam muitos conhecimentos para sustentar essa teoria. Defendeu ainda
que a função precede a forma, uma ideia controversa na sua época. No entanto, a herança
dos caracteres adquiridos foi quase completamente refutada. August Weismann prov
ou que a teoria era falsa em experiências em que a cauda de ratos era cortada para
verificar se as crias nasciam com a cauda cortada. Algumas culturas humanas, co
mo os Judeus, têm por hábito circuncidar os homens, mas após várias gerações os homens cont
nuam a precisar de ser circuncidados. Mas Lamarck não considerava as mutilações como u
ma forma de adquirir novas características. Ele achava que só eram adquiridas novas
características quando o animal se esforçava para satisfazer as suas próprias necessid
ades.
Charles Darwin elogiou Lamarck na terceira edição da A Origem das Espécies por ele apo
iar o conceito da evolução e por ter contribuído para o divulgar. Darwin aceitava a id
eia do uso e do desuso, e desenvolveu a sua teoria da pangenese em parte para ex
plicar esse fenômeno. Não foi Darwin que refutou a teoria dos caracteres adquiridos,
mas sim a descoberta dos mecanismos celulares da hereditariedade e da genética (i
deias que Darwin reconheceu que precisava para completar a sua teoria).
[editar] Fontes
BIZZO, Nélio. Darwin- do telhado das Américas à teoria da evolução. São Paulo: Odysseus Edi
ora, 2002. BRADLEY, J. Mach’s Philosophy of Science. London: Atholne Press, 1971.
DARWIN, Charles. Origem das Espécies; Eugênio Amado. Belo Horizonte: Itatiaia; São Pau
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FERRERIA, Marcelo Alves. Transformismo e Extinção de Lamarck à Darwin. Disponível em: ht
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___. Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida. F. Rangel. Rio de Ja
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The Belknap Press of Harward University Press; 2002. HORTA, Márcio Rodrigues. O i
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ria Helena Geordane; revisão técnica, Geraldo Renato de Paulo. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editora, 2001.
[editar] Ligações externas

O Commons possui multimídias sobre Jean-Baptiste de Lamarck

O Wikiquote possui citações de ou sobre: Jean-Baptiste Lamarck


O mundo de Lamarck (CNRS) (em inglês e em francês)
"Sombras de Lamarck" (em português), de Stephen Jay Gould
"Girafas, mariposas e anacronismos didáticos", texto de Isabel Rebelo Roque (em p
ortuguês)
"The Imaginary Lamarck: A Look at Bogus "History" in Schoolbooks", texto de Mic
hael T. Ghiselin (em inglês)

Lam. é a abreviatura padrão de Jean-Baptiste de Lamarck.


Consultar a lista de abreviaturas do nome de botânicos e micologistas

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