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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 031.

107/2019-2

VOTO

Trata-se da análise ato de reforma de militar submetida para fins de registro à apreciação
do Tribunal de Contas da União (TCU), de acordo com o art. 71, inciso III, da Constituição Federal.
2. O ato ora apreciado relaciona-se ao Sr. Carlos Roberto Salvo, cadastrado e disponibilizado
ao TCU por meio do Sistema e-Pessoal, na forma dos arts. 2º e 4º da Instrução Normativa TCU
78/2018.
3. A unidade técnica, em consonância com o MPTCU, propôs que os atos ora em análise
fossem julgados pela ilegalidade.
4. Concordo com os pareceres da Sefip e do MPTCU e os acolho como minhas razões de
decidir.
5. Em resumo, o ato de reforma do Sr. Carlos Roberto Salvo está eivado de ilegalidade por
ausência de norma que autorize a promoção concedida.
6. Segundo consta do formulário de concessão de reforma (Peça 2, p. 1), a presente análise
versa sobre recente alteração do fundamento legal do ato de concessão inicial da reforma do
interessado mencionado, que passou a constar os dispositivos do art. 110, §§ 1º e 2º, da Lei
6.880/1980, na redação dada pela Lei 7.580/1986, com o consequente incremento do soldo percebido
pelo interessado por passar a receber igual ao grau hierárquico imediatamente superior ao que possuía
no momento da reforma.
7. A meu ver, fica patente que os mencionados dispositivos legais indicam que a revisão do
ato de concessão somente é cabível aos militares: i) da ativa, ii) da reserva remunerada e iii)
reformados por incapacidade pelas razões elencadas exaustivamente nos incisos I e II do art. 108 do
Estatuto dos Militares, que se encontravam na reserva remunerada em 30/12/1986, data de publicação
da Lei 7.580/1986.
8. Por não se enquadrar nessas situações apresentadas no parágrafo anterior, o interessado,
reformado em julho de 2000 pelos motivos contidos no inciso VI do art. 108 da Lei 6.880/1980, não
pode ter seu ato alterado de forma a aumentar o grau hierárquico em que se reformou por ausência de
amparo legal que o autorize.
9. Além disso, conforme precedentes apontados no parecer do douto Procurador do MPTCU,
tal entendimento já se encontra pacificado no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Recentemente, esta
Corte de Contas, no julgamento do TC 002.418/2019-3, prolatou o Acórdão 2.225/2019-TCU-
Plenário, indicando o novo entendimento aplicável ao caso ora em análise.

Por fim, em conformidade com o art. 262 do Regimento Interno deste Tribunal, impende
determinar ao órgão de origem que faça cessar os pagamentos decorrentes do ato ora impugnado, sob
pena de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 10 de março de
2020.

AROLDO CEDRAZ
Relator

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