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FACULDADE DOM ALBERTO

ANDRÉ MARINHO DA SILVA

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA CONTEMPORANEIDADE

SANTARÉM/PA
ANDRÉ MARINHO DA SILVA

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA CONTEMPORANEIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado ao Curso pós-graduação da
Faculdade Dom Alberto, como requisito para
obtenção do Título especialização em
Educação Especial e Inclusiva e
Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica

SANTARÉM
2022
A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA CONTEMPORANEIDADE
MARINHO, André Marinho da1

RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso busca verificar a atuação pedagogo na contemporaneidade, através
de uma pesquisa bibliográfica, em diferentes instâncias: Na educação forma e na educação não formal, e
destacar os desafios e possibilidades que esse profissional de educação vem enfrentando ao longo desse tempo.
A partir de uma abordagem sobre as dimensões da educação: informal, formal e não formal e a contribuição do
pedagogo para a sociedade do conhecimento, onde este pode ter novas possibilidades de atuação em outros
espaços. Esta pesquisa abre um leque de oportunidades para outras pesquisas. Desse modo, ressalta-se que o
pedagogo, em seu espaço de trabalho, tem possibilidades de criar, pensar e entender qual é o seu papel diante
da sociedade, trazendo mudanças e possibilitando um ambiente mais humano com ações competentes e
participativas.

Palavras-chave: Pedagogo. Atuação. Educação.

ABSTRACT

The present course conclusion paper seeks to verify the pedagogical performance in contemporary times,
through a bibliographic research, in different instances: In formal education and non-formal education, and
highlight the challenges and possibilities that this education professional has been facing throughout this course.
time. From an approach on the dimensions of education: informal, formal and non-formal and the contribution of
the pedagogue to the knowledge society, where it may have new possibilities of acting in other spaces. This
research opens a range of opportunities for further research. Thus, it is emphasized that the pedagogue, in his
workspace, has the possibility to create, think and understand what is his role in society, bringing changes and
enabling a more humane environment with competent and participative actions.

Keywords: Pedagogue. Acting. Education.


INTRODUÇÃO

Por muitos anos, o processo educativo foi visto como uma prática institucional
pertencente apenas à escola, sendo esta o único lugar onde o pedagogo poderia atuar. No
entanto, a formação do pedagogo rompe com um perfil profissional necessariamente atuante
em contextos escolares para uma definição de uma prática. Portanto, o pedagogo escolar é
aquele que atua diretamente na docência frente a ações prática da sala de aula e demais
seguimentos escolares como gestão e coordenação, mas não somente. Em vista disso,
ressalta-se que, o pedagogo é um profissional capacitado para atuar em diversos ramos, já
que ele é graduado de forma diversificada, uma vez que, sendo assim, se qualifica para
exercer suas habilidades de condução ao saber em qualquer meio ao qual o indivíduo esteja
inserido. No momento em que se pensa nesse complexo e diversificado campo de atuação e
nas múltiplas funções atribuídas atualmente ao profissional de Pedagogia, suscita-se algumas
inquietações.
Portanto, esse artigo se justifica pela necessidade de dar visibilidade aos diversos
campos de atuação do pedagogo, para desmistificar a ideia de que esse profissional só atua
em ambiente escolar e afirmar que o pedagogo pode atuar no contexto não formal, onde
são aplicados seus conhecimentos em ações comunitárias de incentivo social por meio da
construção de ações socioeducativas com fins a um projeto de renovação social e
enfrentamento das situações de vulnerabilidade social.
A construção identitária do pedagogo (a) na área não formal surgiu pelo fato de
conhecer um pouco esses novos espaços em que esse profissional pode atuar, pois é
apresentar para os sujeitos que ainda não conhecem, não sabem e não entendem o que o
pedagogo faz fora das instituições de ensino, fundamentando esta apresentação
teoricamente. Nesse sentido, esse trabalho tem como objetivo verificar sobre a atuação do
Profissional formado em pedagogia, o Pedagogo, na sociedade atual, seu campo de
trabalho, desmistificando a afirmação de que o pedagogo só pode atuar na escola,
apresentando um breve histórico do curso de pedagogia e as oportunidades que este
profisional tem para desenvolver seu trabalho.
Como procedimento metodológico de vertente qualitativa, respaldou-se em pesquisa
bibliográfica e análise de documentos normativos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais
para o Curso de Pedagogia (DCNCP, 2005). A metodologia foi desenvolvida nas seguintes
tapas: identificação e selação do material; leitura do material selecionado; análise do
conteúdo e elaboração deste artigo, a partir da leitura. Esta pesquisa fundamenta a temática,
mais especificamente nos estudos dos teóricos: Libâneo (2006), Silva (1999) e Gohn (2006).
Este trabalho foi estruturado em três capítulos: O primeiro Capítulo abordará os tipos
de educação, partindo de uma análise da educação informal, aquela que se recebe desde a
família, a educação formal que é sistematizada, obedece à leis, regras e cronogramas e a
educação não formal, que é uma modalidade ainda pouco falada e valorizada na atualidade.
O segundo capítulo, diz respeito a um breve histórico do curso de pedagogia, sua
trajetória e as mudanças ocorridas no decorrer do curso até os dias atuais.
No terceiro capítulo, abordar-se-á, a atuação do pedagogo na contemporaneidade,
apresentando os mais diversos campos de atuação deste profissional, atualmente, seja ele
no âmibito formal ou não formal.
Os três capítulos estão ligados devido às mudanças ocorridas nas LDB e também da
sociedade que exigem educação em diversos locais não institucionais, dessa maneira
influenciaram a atuação dos profissionais em educação e os espaços que eles podem ocupar,
considerando que eles são capacitados em atuar em áreas escolares e não escolares.

OS TIPOS DE EDUCAÇÃO

A educação informal é oriunda das famílias, das convivências com o outro, das
orientações religiosas, da igreja, dos movimentos sociais; A educação formal, acontece de
forma sistemática, tem o reconhecimento do estado, é oferecida nas escolas, possui um
currículo específico, horários, conteúdos pré-estabelecidos, diplomas e muitos outros
detalhes que lhe conferem a formalidade; já a educação não formal, ela possui características
parecidas com a formal, com currículos, horários previstos, disciplinas, programas, no
entanto, não possui graus nem diplomas oficiais. Desse modo, segundo Gohn (2006) os
resultados esperados para cada um dos três tipos de educação são: para a educação formal, a
aprendizagem e a titulação; para a educação informal, os resultados acontecem a partir da
visão do senso comum; porém, na educação não formal, há o desenvolvimento de vários
processos.

A educação informal

A educação informal é resultado das ações que permeiam a vida do indivíduo. Ocorre
nas experiências do dia-a-dia, tem função adaptadora e os conhecimentos adquiridos são
passados para as gerações futuras. Geralmente, é um tipo de educação que transcorre em
espaços de atividades culturais, com a família, amigos ou grupos de interesse comum. No
entanto, os meios educativos informais exercem grande influência na formação dos
indivíduos. A educação informal caracteriza-se por não ser intencional ou organizada, mas
casual e empírica, exercida a partir das vivências, de modo espontâneo. Com isso, percebe-
se que:

Na casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós


envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-
ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos
a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (...) Não
há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único
lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a
única prática, e o professor profissional não é seu único praticante (LIBÂNEO,
2010, p. 26).

Na educação informal, os conhecimentos provêm de uma interação sociocultural e


acontece de forma quase imperceptível. Geralmente nessa modalidade de educação um dos
principais diferenciais é que os processos de ensino e aprendizagem ocorrem de forma
simultânea, sem que haja uma sequência lógica de acontecimentos programados e que
objetivem de fato a aprendizagem como fruto. Os conhecimentos “brotam” das relações
socioculturais, da interação social. Isto converge com Gaspar (2002) que também apresenta
sua perspectiva sobre a educação informal de modo que não se distancia das apresentadas
anteriormente:

Na educação informal, não há lugar, horários ou currículos. Os conhecimentos são


partilhados em meio a uma interação sociocultural que tem, como única condição
necessária e suficiente, existir quem saiba e quem queira ou precise saber. Nela,
ensino e aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das vezes,
os próprios participantes do processo deles tenham consciência. (GASPAR, 2002,
p.173).

A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes,


comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, segundo valores e
crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde o nascimento Trata-
se do processo de socialização dos indivíduos. A educação informal, nesse contexto, também
é conhecida como assistemática, pois não segue as orientações do sistema (governo,
secretarias, instituições), bem como não segue uma ordem cronológica. Educação informal
abrange todas as possibilidades educativas, no decurso da vida do indivíduo, construindo um
processo permanente e não organizado. Portanto, para Libâneo (2010), a educação ocorre em
diferentes espaços frequentados pelos cidadãos sendo a educação informal resultado das
ações e influências que permeiam a vida dos indivíduos, o ambiente sociocultural. Na
sequência das análises feita por este estudioso da educação diz que a educação informal
“ocorre na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política”.

A educação informal corresponderia a ações e influencias exercidas pelo meio,


pelo ambiente sociocultural, e que se desenvolve por meio das relações dos
indivíduos e grupos com o seu ambiente humano, social, ecológico, físico e
cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências, práticas, mas que não
estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e
organizadas (LIBÂNEO, 2010, p. 31).

Essa modalidade de ensino se define também de acordo com cada contexto


produzindo “frutos” diferentes em diferentes “culturas”, podendo em alguns casos ser
definida como a herança cultural de um indivíduo. Assim, um dos principais responsáveis
por essa é educação, mas não o único é a família. Por que através da educação inicial –
familiar – cada indivíduo estará devidamente preparado para a aquisição, compreensão e real
representação da educação formal para o exercício da sua cidadania. Pode-se encontrar uma
reflexão quanto a isso, quando percebe-se que esta geração,

É a geração do “tanto faz”: tanto faz passar de ano, estar ou não de castigo, falar
ou não com os pais. Nada parece atingir o aluno, que é vítima de erros educativos,
pois seus pais lhe deram tudo de bom e do melhor, mesmo que nada pedisse, para
que ele não sofresse, tivesse tudo, sem arcar com responsabilidades e
compromissos. (TIBA, 1998, p.125).

Como se destacou anteriormente, educação informal é constituída pelo ambiente


onde o indivíduo passa maior parte do tempo, é o primeiro contato educacional que o mesmo
tem. Para que essa educação seja transmitida é necessário que haja a participação de toda a
comunidade que não envolva uma hierarquia e nem mesmo uma sistematização. A família é
a principal instituição responsável pela educação informal, através da qual são ensinados os
costumes humanos como falar, andar, comer, religião, cultura. Já a escola é a instituição
responsável pela educação formal, local onde acontece a mediação dos conhecimentos
científicos.

A Educação Formal

A educação formal é metodicamente organizada. Ela segue um currículo, é divida em


disciplinas, segue regras, leis, divide-se por idade e nível de conhecimento. Sendo assim, a
educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, é institucionalizada e prevê
conteúdos. As práticas educativas da educação formal têm como objetivo a aquisição e
construção de conhecimentos que atendam as demandas da contemporaneidade. É, portanto,
nos espaços educativos ou escolares que se desenvolve com maior frequência essa
modalidade de ensino e coloca em evidência as figuras do professor e do aluno; o professor
como sujeito de ensino e o aluno como sujeito de aprendizagem. O formato em que o
processo ensino-aprendizagem ocorre, pode se apresentar de forma bastante diferenciada
dentro de um espaço formal para outro (OLIVEIRA, 2009).
É nesse contexto que a educação formal se apresenta e se posiciona. Sendo ela,
embasada em Lei, o papel que deve exercer em relação ao ensino é o dever de ensinar e
promover o aprendizado. Com isso, a Constituição Federal, promulgada em 1988, em seu
Art. 205 estabelece que:

A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (Brasil, 1988)

Um dos objetivos da educação formal é o desenvolvimento pessoal do aluno através


da sua formação em diferentes matérias. O ensino formal é realizado dentro de instituições
educacionais de forma oficial. Por exemplo, em colégios, escolas e universidades.
Geralmente recebe uma certificação, titulação, podendo avançar de nível, isto é, a educação
formal preocupa-se mais com o aprender a conhecer, ficando em segundo plano o aprender a
fazer. Assim sendo,

Formal refere-se a tudo que implica uma forma, isto é, algo inteligível, estruturado,
o modo como algo se configura. Educação formal seria, pois, aquela estruturada,
organizada, planejada intencionalmente, sistemática. Nesse sentido a educação
escolar convencional é tipicamente formal. Mas isso não quer dizer que não ocorra
educação formal em outros tipos de educação intencional. Entende-se, assim, que
onde haja ensino há educação formal. LIBÂNEO (2002, p. 89)

A educação formal se baseia no cumprimento de um programa, ela tem objetivos


pedagógicos específicos e métodos de avaliação determinados. Além disso, a adaptação
curricular mostra também a importância de adaptar o ensino às necessidades de cada aluno.
Gohn (2006), explica que na educação formal, espera-se, entre outros objetivos que o sujeito
seja capaz de aprender e progredir na aprendizagem, formar o indivíduo como um cidadão
ativo, desenvolver habilidades e competências, desenvolver a criatividade, percepção,
motricidade etc.
A Educação Não Formal
A educação não formal visa atender a população que se encontra em um estado
financeiro vulnerável e com uma carência social. É uma modalidade educativa cuja
aprendizagem ocorre com base nos acontecimentos cotidianos da comunidade e sujeitos que
dela tomam parte, a sistematização dos conteúdos e conhecimentos é flexível, e seu público-
alvo bastante diverso (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), o que justifica serem
seus objetivos e finalidades construídos com aqueles que estão inseridos nos diferentes
espaços não formais de educação.
Os espaços não formais oferecem atividades educacionais no período inverso de
estudo da criança ou do adolescente, sendo uma experiência didática, organizada e
sistematizada fora do contexto formal da escola. Frente ao exposto, verifica-se que:

A educação não formal designa um processo com várias dimensões tais como: a
aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a
capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de
habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício
de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos
comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a
aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura
do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a
educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. Gohn
(2006, p.2).

Dessa forma, o principal objetivo da educação não formal é proporcionar


conhecimento sobre o mundo que envolve os indivíduos e suas relações sociais. Ainda para
Gohn (2006), a educação não formal é aquela que se aprende no mundo da vida, diante de
processos de socialização e de experiências, em espaços com ações coletivas cotidianas.
Com isso, Vieira (2005) define a educação não formal como aquela que acontece fora do
ambiente escolar, podendo ocorrer em vários espaços, institucionalizados ou não:

Assim, a educação não formal pode ser definida como a que proporciona a
aprendizagem de conteúdos da escolarização formal em espaços como museus,
centros de ciências, ou qualquer outro em que as atividades sejam desenvolvidas
de forma bem direcionada, com um objetivo definido (VIEIRA, 2005, p. 21).

Na educação não formal, as atividades acontecem em ambientes e situações


interativas construídas coletivamente, sendo uma educação complementar, tendo a
intencionalidade na ação no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes. É
considerada uma complementação da educação formal, mas de maneira diferenciada, sem
estar interligada coma obrigatoriedade do ensino. Percebe-se que a educação não formal é
desenvolvida por entidades que se preocupam com o bem-estar social, sendo as ONGs,
entidades que são organizações sem fins lucrativos, com fins públicos e autogovernados, as
entidades que buscam promover a redução das desigualdades sociais e transformação social
dirigida à formação humana. Nessa perspectiva, os processos educativos devem se adaptar
ao meio social e cultural dos indivíduos, de modo flexível e dinâmico, tomando como base
os interesses dos grupos, assim o aprendizado acontece de forma não obrigatória. Sendo
assim, sua importância reside em favorecer a preparação dos indivíduos para o trabalho, para
se organizarem coletivamente, para compreenderem o mundo a sua volta e para lerem
criticamente as diversas informações que recebem.

BREVE HISTÓRICO DO CURSO PEDAGOGIA

Ao longo da história, o Curso de Pedagogia tem adquirido características próprias e


tem buscado atender as necessidades econômicas, sociais e culturais da sociedade capitalista.
De acordo com Saviane (2007), em meados dos anos 1920, a Pedagogia não era vista como
ciência pedagógica, sofria forte influência da pedagogia católica e de pedagogos alemães. A
história da educação brasileira, e do curso de pedagogia, é permeada por avanços e
retrocessos, repercutindo na formação de professores. Podemos considerar que, do ponto de
vista da pedagogia, as diferentes concepções de educação podem ser agrupadas em duas
grandes tendências. Além disso, ressalta-se que

[...] Em termos históricos, a primeira tendência foi dominante até o final do século
XIX [...] o problema fundamental se traduzia pela pergunta “como ensinar” [...] A
característica própria do século XX é o deslocamento para a segunda tendência,
[...] o problema fundamental se traduz pela pergunta “como aprender”.
Justificando [...] a influência sobre a atividade educativa no interior das escolas.
Saviani (2007, p. 103).

Os anos 1930, para Silva (2006), são marcados por uma tendência norte-americana
com o movimento da educação nova conduzida aqui no Brasil por intelectuais da época.
Inicialmente o Curso de Pedagogia formava bacharéis e licenciados, organizando-se da
seguinte maneira, oferecia-se três anos de formação bacharelada, e mais um ano de estudos
sobre didática, aos então já denominados bacharéis, para a aquisição do título de licenciados
e o direito de lecionar. Conforme Silva (2006), num esquema conhecido como 3 + 1, visava
à formação de bacharéis e licenciados para várias áreas, inclusive o setor pedagógico. O
grau de licenciado era ofertado apenas às pessoas que realizassem o curso de Didática.
Em 1962 houve alterações feitas no Parecer do Conselho Federal de Educação
(CFE) nº 251, que fixou o currículo mínimo e a duração do curso de pedagogia “realizadas
pelo atendimento à Lei nº 4.024/61 (LDB), que mantém o curso de bacharelado para a
formação do pedagogo (Parecer CFE 251/62) e regulamenta as licenciaturas (Parecer CFE
292/62)” (LIBÂNEO, 2001, p.38).
Em meados de 1969 é abolida a formação de bacharelado, firmando assim o
pedagogo com título de licenciado. Diante disso, destacam-se então neste período, quatro
etapas distintas do curso de Pedagogia no Brasil: A primeira ocorreu entre os anos 1966 a
1969, nesse momento o curso era desvalorizado e o pedagogo era visto como “um
especialista de coisa nenhuma” esses comentários aconteciam pelo fato de não se saber ao
certo qual era a função do profissional pedagogo, a indefinição da identidade do
profissional prejudicava e muito, sua valorização. Como existia uma grande indefinição
quanto ao curso de pedagogia e uma grande insegurança quanto a atuação desse profissional
no mercado de trabalho, tornou-se necessário novamente a reformulação do curso em 1969
com o Parecer CFE nº 252/69, que aboliu a distinção entre bacharelado e licenciatura. Com
suporte na ideia de “formar o especialista no professor”, a legislação em vigor estabelece
que o formado no curso de Pedagogia recebe o título de licenciado”. (LIBÂNEO, 2001b,
p.38)

A segunda etapa transcorreu durante o período de 1970. A característica desse


período foi a de uma tomada pela consciência, uma busca pela identidade do curso de
pedagogia. A partir da data de 1970, começaram a ser implantadas no curso, habilitações
para professores para o ensino normal e para as atividades de orientação, administração,
supervisão e inspeção no âmbito escolar
Na terceira etapa que perpassou a década de 1980, ainda se estendia a dúvida sobre
essa identidade, uma busca pela compreensão das atividades do profissional pedagogo,
que até o momento tem sido conceituado como docente e habilitado em atuar na gestão
escolar, inspeção e orientação. Portanto,
Formar o professor, enquanto educador, para qualquer etapa ou modalidade de
ensino, a partir da garantia de um núcleo comum de estudos da educação é ter a
docência como base na formação de todo o educador (SILVA, 2006, p. 15).

A quarta etapa do curso de pedagogia no Brasil, segundo Silva (2006) teve início
na metade da década de 1990. Nessa época consistiu na confirmação de que a questão da
identidade do curso de pedagogia continuava em pauta, discussões essas que perduraram
durante diversos anos sem respostas concretas e definitivas.
Diante do exposto, destacamos, ainda, que o termo pedagogia é de origem grega e
deriva da palavra paidagogos, paidós (criança) e agodé (condução), nome dado aos escravos
que conduziam as crianças à escola, aquele que ajuda a conduzir o ensino, encarregado
também de propiciar formação intelectual e cultural. Com o tempo, esse termo passou a ser
utilizado para designar as reflexões realizadas em torno da educação; ou seja, a preocupação
da pedagogia é encontrar formas de levar o indivíduo ao conhecimento. Pode-se observar,
com isso, que o curso de pedagogia, hoje, prepara não apenas para a área da docência, como
também para outras áreas, tais como a gestão de processos educacionais e o pesquisador em
educação que requerem tais conhecimentos. Para Libâneo (2001, p. 39), “A história dos
estudos pedagógicos, do curso de Pedagogia, da formação do pedagogo e de sua identidade
profissional está demarcada por certas peculiaridades da história da educação brasileira
desde o início do século”. Desse modo, o Pedagogo quando não exerce a docência em sua
função, possui a relação da docência como sua base, aspecto previsto na LDB 9.394/96.

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA CONTEMPORANEIDADE

Sabe-se que existe um leque de possibilidades de atuação para o pedagogo que


transcende as barreiras escolares. Porém, a presença desses profissionais em instituições não
educacionais, ainda causa estranheza em profissionais de outras áreas, levando-os a indagar
qual o papel a ser desempenhado pelo pedagogo fora da classe escolar.

O pedagogo no espaço formal

A atuação do profissonal formado em pedagogia, o pedagogo, na educação formal é


ampla, tendo em vista um vasto campo de atuação. A escola, como um íconedaeducação
formal, necessita da presença deste profissional por oferecer diversas oportunidades de
inserção. A Diretriz Curricular Nacional de Pedagogia, no que se refere à formação de
professores, visa à formação para exercício das funções de docência na Educação Infantil, no
Ensino Fundamental – Anos Iniciais, nos cursos de Ensino Médio – Modalidade Normal, de
Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras que sejam previstos
conhecimentos pedagógicos, tendo como base de fundamentação a docência. De acordo com
o Artigo 2º, das Diretrizes Curriculares Nacionais de Pedagogia:

As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação


inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em
cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como
em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. (BRASIL,
2006, p. 1).

Além do exposto acima, ressalta-se que o pedagogo passa a ter uma ampliação em
sua atuação nos espaços escolares, podendo, também, administrador escolar, hoje conhecido
como gestor, supervisor escolar, inspetor escolar e orientador educacional. Nesse sentido se
tem então um profissional que obterá uma formação ampla, conhecendo os diversos campos
do trabalho educacional e os conhecimentos pedagógicos como princípios básicos de sua
identidade.

O pedagogo no espaço não formal

A atuação do pedagogo em espaços não formais tem crescido de forma significativa.


As demandas tecnológicas, econômicas e sociais muito têm interferido no mercado de
trabalho, espaço onde se exigem profissionais cada vez mais capacitados. Desse modo,
ressalta-se a importância da atuação do pedagogo neste campo. Em vista disso, destacam-se
as áreas em que o pedagogo poderá atuar fora dos espaços escolares, formais, como
pedagogo empresarial. Neste caso a função deste profissional geralmente está relacionada ao
exercício de atribuições aos assuntos de gestão de pessoal e recursos humanos, no âmbito de
proporcionar uma melhor interação entre funcionários e diretoria, com o propósito de
garantir melhor rendimento no trabalho realizado na empresa, e face ao exposto, resslta-se
que, neste campo, o papel do Pedagogo é:

[...] Promover as condições e atividades práticas necessáriastreinamentos, eventos,


reuniões, festas, feiras, exposições, excursões, etc..., ao desenvolvimento integral
das pessoas, influenciando-as positivamente (processo educativo), com o objetivo
de otimizar a produtividade pessoal. Holtz (2006, p. 15)

Para Gohn (2006), “Na educação não formal a cidadania é o objetivo principal, e ela
é pensada em termos coletivos”. O Pedagogo também atua no contento hospitalar, na
elaboração de projetos didáticos para crianças e jovens internados, pois, por lei, têm direito à
educação. O profissional também atua desenvolvendo suas funções na área social, com
projetos, atingindo toda a comunidade, outros são internos, atendendo apenas a população de
determinada empresa ou entidade. Segundo o site Guia de Carreiras, um dos objetivos destas
ações é acompanhar e ocupar estes pacientes para que a experiência da internação não seja tão
traumática. Outro objetivo é que o paciente não fique muito atrasado em termos de conteúdo e
que a doença não prejudique seus estudos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou verificar a atuação do pedagogo na contemporâneidade, sua


identidade, no qual passou por diversas transformações no decorrer do tempo.
Conforme estabelecido no interior do respectivo trabalho, a atuação do pedagogo está
para além das rotinas laborativas ligadas ao contexto escolar, sendo que a necessidade de
conhecimentos pedagógicos abre um “leque” de campos de atuação, na qual está pesquisa se
fecha na condição do desenvolvimento profissional proporcionado pelos espaços sociais da
educação não-formal.
Portanto, na sua trajetória educativa, o Pedagogo encontra muitos desafios no
mercado de trabalho. Para tentar superar os desafios encontrados, esse profissional precisa
buscar métodos de ensino, procurando inovar sua prática educativa seja em um espaço
formal ou não formal de educação.
Por meio das bibliografias pesquisadas, evidencia-se que ainda existem divergências
quanto à identidade do pedagogo e seus csmpos de atuação. Não pode negar a amplitude das
competências e habilidades requeridas a este profissional, tanto no contexto escolar como no
não escolar, tal como o disposto nas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia.
Desse modo, conclui-se que o Pedagogo em seu espaço tem possibilidades de criar,
pensar e entender qual é o seu papel diante da sociedade, trazendo mudanças e possibilitando
um ambiente mais humano com ações competentes e participativas.
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