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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS


BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CARLA PATRICIA DE FREITAS REIS


RAVENA HERNANDEZ
RENILDO BARBOSA

DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E O PROJETO


UNIVERSIDADE PARA TODOS (UPT) NA BAHIA

SALVADOR- BA
2021
CARLA PATRICIA DE FREITAS REIS
RAVENA HERNANDEZ
RENILDO BARBOSA

DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E O PROJETO


UNIVERSIDADE PARA TODOS (UPT) NA BAHIA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à


Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como
requisito para obtenção do título de Bacharel em
Administração Pública.
Orientadora: Profª. MSc. Jaqueline De Mori Jamil de
Oliveira

SALVADOR - BA
2021
DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR E O PROJETO
UNIVERSIDADE PARATODOS (UPT) NA BAHIA
Carla Patrícia de Freitas Reis
Ravena Hernandez
Renildo Barbosa

Orientadora: Profª. MSc. Jaqueline De Mori Jamil de Oliveira

RESUMO
A educação é direito um garantido a todos na Constituição Federal de 1988, e através dela a
qualidade de vida dos indivíduos pode melhorar. Para isso é necessário que sejam
implementadas Políticas Públicas que garantam o acesso à educação de qualidade a todos
e que promova a igualdade e formação crítica do alunado. Dessa forma, o acesso ao ensino
superior deve ser ofertado de forma democrática, atendendo também a classes ou
segmentos excluídos, ou seja, a população negra, comunidades indígenas, LGBTQIA+,
quilombolas. A democratização do ensino superior na Bahia deu-se através de Políticas
Educacionais que proporcionaram o ingresso de estudantes em situação vulnerável às
universidades. O Programa Universidade Para Todos - UPT, instituído pelo Governo do
Estado da Bahia como Política educacional, tornou-se um importante passo para a
democratização do acesso ao ensino superior, tornando possível que jovens de classes
populares estudem em um cursinho pré-vestibular para prestar as seleções do ENEM e dos
vestibulares. A Universidade do Estado da Bahia tem ofertado o UPT em toda a Bahia e
contribuído para a democratização do ensino superior no território baiano. Nesse viés, o
presente artigo visa analisar como o UPT é uma importante Política Educacional na Bahia
para a democratização do acesso ao ensino superior, tal como, discutir como a UNEB tem
contribuído na atuação do UPT.

Palavras-chave: Educação superior. UPT. Democratização do ensino. UNEB. Políticas


Públicas.

ABSTRACT
Education is a right guaranteed to everyone in the Federal Constitution of 1988 and through
it, the quality of life of individuals can improve. For this, it is necessary to implement Public
Policies that guarantee all access to quality education, which promotes the equality and
critical instruction of the student. Thus, access to higher education should be offered
democratically, also taking into account excluded classes, that is, the black population,
indigenous communities, LGBTQIA+, quilombolas. The democratization of higher education
in Bahia took place through Educational Policies that provided the approval of students in a
vulnerable situation to universities. The University for All Program, instituted by the
Government of the Bahia State as an educational policy, has become an important step
towards the democratization of access to higher education. It makes possible for young
people from low-income classes to study in a preparatory course to take the ENEM and the
college entrance examination. The University of Bahia State has offered the UPT throughout
Bahia and has contributed to the democratization of higher education in Bahia. In this
perspective, this article aims to analyze how the UPT is a valuable Educational Policy in
Bahia for a democratization of access to higher education, as well it discusses how UNEB
has contributed to the UPT performance.

Keywords: Higher education. UPT. Democratization of education. UNEB. Public policy.


1. INTRODUÇÃO

O acesso ao ensino superior no Brasil tinha como característica dominante a


predominância da elite ao acesso, em especial nos cursos mais concorridos, a citar
Medicina, Engenharia e Direito. As classes populares sempre foram excluídas deste
nível educacional, e isso se dava por fatores como a falta de Políticas Públicas, que
permitissem o acesso e permanência na universidade, a baixa qualidade de ensino
na educação básica e falta de cursos pré-vestibulares, este último que deveria
ofertar ensino e preparação de qualidade para que os alunos pudessem concorrer
democraticamente e com igualdade de oportunidade ao vestibular.
Apesar dos problemas na área da educacional, a educação é um direito de
todos, garantido na Constituição Federal de 1988, a qual afirma que todos têm
direito independente de etnia, gênero ou classe social. No entanto, as mazelas e a
má qualidade da educação pública,impossibilitam os adolescentes e jovens pobres
que anseiam ingressar na universidade pública, e a partir daí participem dessa
fundamental etapa da formação intelectual e profissional que os possibilite ingressar
no mercado de trabalho. Sendo assim, objetiva-se uma análise atual dessa iniciativa
que colabora com a democratização do ensino superior da Uneb em tempos
pandêmicos, analisando-se seus principais obstáculos e dificuldades na concretude
de oferecer melhor preparação para a entrada nas instituições públicas de ensino
superior.
Para a democratização do acesso ao ensino superior era necessário que
Políticas públicas fossem implementadas, nas quais o Estado e os órgãos públicos
se responsabilizassem e comprometessem com políticas que favorecessem as
minorias historicamente excluídas deste nível de formação, a exemplo das
populações negra, indígena, das mulheres e da comunidade LGBTQIA+ e
principalmente, os alunos que frequentaram exclusivamente a educação pública nos
níveis básicos de formação. Segundo Teixeira (2018, p. 20) as políticas sociais têm
como feito estabelecer, através do Estado, um padrão de proteção social para
redistribuição de benefícios sociais e diminuição de desigualdades.
No estado da Bahia, na década de 1990, o quadro do ensino superior era
alarmante. O acesso da população em situação de vulnerabilidade social ao nível
superior de ensino enfrentava desafios que perpassavam pela falta de Políticas
Públicas, pela situação socioeconômica, pela baixa qualidade na educação básica e
pela pouca oferta de cursos preparatórios acessíveis. Sobre a democratização do
ensino superior na Bahia, os autores a seguir ressaltam:

Essa temática vem sendo debatida sobre a necessidade de adoção de


medidas que possam alterar o quadro educacional defasado. Merece
destaque, o índice tão baixo de jovens de 18 a 24 anos no País e na Bahia
que estão fora da educação superior, registrando-se, respectivamente,
82,3% e 79,6% (CAMPOS E FARIAS, 2010).

Ainda, segundo Campos e Farias (2010), as ações de políticas educacionais


que visassem melhorar a situação de democratização do ensino superior, surgiu
através da implementação dos projetos “Faz Universitário” e “Universidade para
Todos”, ambos desdobrados do Programa de Educação Tributária (PET).

“Faz Universitário”, projeto que estabelece a parceria com Instituições de


Educação Superior (IES) particulares e empresas patrocinadoras, por meio
da concessão de bolsas de estudo integrais, classificadas pelas notas do
Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), implementado em 2002 e, por
fim, o projeto “Universidade para Todos” que foi oficializado como primeira
fase do Projeto Faz Universitário, entretanto só veio a ser implementado a
partir de 2003(CAMPOS E FARIAS, 2010).

O projeto Universidade Para Todos tornou-se um marco na educação em todo


estado da Bahia dando oportunidades, favorecendo igualdade e possibilitando que a
população mais vulnerável ingressasse e permanecesse no ensino superior. Com o
sucesso do projeto UPT, o Governo do Estado decretou que o projeto se tornaria
Programa Universidade Para Todos, através do decreto nº 20.004, o qual instituiu o
UPT como políticas públicas educacionais.
O UPT é um curso pré-vestibular ofertado aos estudantes que estão no último
ano do ensino médiooriundos de escolas públicas. Todos os alunos do UPT passam
por uma seleção antes de ingressar no Programa, com o objetivo de verificar se
possuem os pré-requisitos estabelecidos no edital.
Todo o território baiano é atendido pelo Programa através de parceria entre a
Secretaria de Educação do Estado e cinco universidades públicas, sendo elas a
Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade do Estado da
Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Universidade
Estadual do Sudoeste Baiano – UESB e Universidade Federal do Recôncavo Baiano
(UFRB) (UNEB, 2020).
Todos os alunos do UPT têm acesso gratuito às aulas, aulões, material
disponibilizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), além de
oficinas e palestras. São ofertadas 4 horas diárias de aulas, totalizando 20
horas semanais. São ministradas disciplinas das áreas de humanas,
exatas e linguagens, possibilitando ao aluno maior aprendizado dos
conteúdos que são contemplados nos vestibulares e no Exame Nacional
do Ensino Médio (ENEM). O UPT proporciona também o desenvolvimento
da auto-estima, além das atividades voltadas para a orientação profissional
(CAMPOS e FARIAS, 2010).

Para Teixeira (2018, p. 44) chama atenção para o fato da relevância do UPT
na democratização o ensino superior, a ponto de não haver interrupções entre um
governo e outro, por isso, observa-se a continuidade de suas ações, sem
interrupção, em governos que guardam entre si particularidades e mesmo
orientações e perspectivas diferentes:
Diante do anteposto, o presente artigo visa discutir a importância do
Programa Universidade Para Todos (UPT) como política pública educacional
fomentadora da democratização do acesso ao ensino superior e reparadora, tendo
em vista que sua aplicação, vem no intuito de preencher uma lacuna deixada pela
má qualidade da educação básica no estado da Bahia (UNEB, 2021).
A respeito disso, Campos e Farias (2010) fazem uma discussão, indicando
que o UPT surgiu como princípio de igualdade nos vestibulares, uma vez que os
alunos das escolas particulares obtinham maiores aprovações do que os alunos das
escolas públicas.
Vale ressaltar que a educação, além de garantida pela Constituição de 1988,
é essencial para a transformação da realidade socioeconômica dos estudantes em
situação de vulnerabilidade, a exemplo dos estudantes do UPT. O público escolhido
para esse estudo são os estudantes do UPT que estudaram entre os anos2003 a
2008, através da oferta do Programa pela Universidade do Estado da Bahia.
Esperar-se que esta pesquisa contribua para futuras pesquisas que venham a
discutir sobre esse tema. Pretendem-se também contribuir para a ampliação de
pesquisas relacionadas ao importante Programa Universidade Para Todos e a
democratização do ensino superior na Bahia.

2. O PROCESSO DE EDUCAÇÃO NO BRASIL


A educação no Brasil passou por um longo processo até chegar à esfera de
democratização do ensino atual, seja no ensino básico, no técnico ou no superior,
muitas foram as lutas e ações sociais que levaram a educação brasileira ao estágio
contemporâneo. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (2020), tendo sido a primeira
ação governamental em 1930, quando ocorreu a fundação do Ministério dos
Negócios da Educação e Saúde Pública, este que detinha a responsabilidade de
gerir a educação e a saúde do país. Surgiam aqui as primeiras ações da então
Segunda República Brasileira iniciada nos anos 1930 junto com o Governo Vargas
na tangente à educação.
De acordo com MEC (2017), alguns eventos foram importantes no processo
de avanço e de abrangência da educação no Brasil, para que hoje abarque
massivamente a população brasileira, ainda que com impasses, dos quais pode-se
destacar a criação do Conselho Nacional de Educação (1931), através do Decreto nº
19.850, de 11 de abril de 1931, mas foi somente no ano seguinte que a Educação foi
pensada estrategicamente no sentido de abranger toda a população de forma
gratuita para atender ao modelo de país que se desenhava em torno da
industrialização, à época, através da universalização do processo escolar. Tal
promoção se deu através do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova que
propunha:

Um sistema escolar público, gratuito, obrigatório e leigo para todos os


brasileiros até os 18 anos. O documento foi redigido por Fernando de
Azevedo e assinado por 24 renomados educadores e intelectuais, que
defendiam a reconstrução do sistema educacional menos elitista e aberto à
interpenetração das classes sociais com vistas às necessidades de um
Brasil que se industrializava (MEC,2017).

Tal processo, contudo, embora tivesse como meta a universalização da


educação, não tinha como objetivo dar aos cidadãos a oportunidade de se verem
como sujeitos de direitos, nem estimulava a autonomia e a criticidade, ou seja, não
havia a promoção da educação com vistas à cidadania. Sendo, portanto, uma
educação pautada na formação de pessoas mecânicas, preparadas exclusivamente
para atender ao mercado industrializado que o país estava a produzir naquele
momento e precisava, portanto, de mão de obra que atendesse à demanda. Assim,

Em 1930 o Brasil efetivamente ingressou no cenário industrial respaldado


por um Plano Nacional criado por Getúlio Vargas e de políticas mais
robustas com relação a disseminação da educação profissional que eram
entendidas como um braço para o desenvolvimento da indústria. A
educação profissional ao longo do governo Vargas apresentou grandes
evoluções por meio da Lei Orgânica da Educação Profissional, proposta
por Gustavo Capanema, além de outras reformas (FVG, 2020).

Segundo Brasil (1988), a Era Vargas foi, portanto, importante para o processo
de abrangência na educação no Brasil. Contudo, por não ter-se tratado de uma
educação pautada na criticidade, ainda existia um longo caminho para se percorrer
no sentido de promover uma educação voltada à formação cidadã, bem como de
acesso irrestrito à população, tendo sido a partir da Constituição de 1988 que o
Estado passou a promover uma educação visando a inclusão social do cidadão,
pois, como afirma no Art. 205, “Educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho".
Neste cenário, as políticas públicas foram essenciais para promover a
integração dos grupos excluídos na educação brasileira. De modo geral,
metodologias efetivas visando estudantes no centro do desenvolvimento:

A Educação do século 21 traz a necessidade de um olhar diferente sobre a


sala de aula e, em especial, sobre a relação entre docente e aluno. Cada
vez mais, há uma construção coletiva e dinâmica da aprendizagem, com
estudantes compartilhando experiências e buscando métodos de ensino
ativos (LYCEUN, 2020).

Desse modo, as políticas públicas se fizeram essenciais para que grupos


sociais antes excluídos fossem inseridos em todas as bases da educação, um
exemplo importante de política pública a ser citada é a Educação de Jovens e
Adultos (EJA), importante programa de fomento à universalização da educação
pública, pois abrange pessoas das mais diversas idades e classes sociais que não
tiveram acesso ou não concluíram no tempo devido o ensino regular.
A EJA é um programa efetivado em todo o Brasil, mas há, contudo, outros
programas regionais, estaduais e locais que também são de fomento e incentivo à
universalização e democratização da educação no Brasil, a exemplo do UPT,
Programa do estado da Bahia, do qual se apresenta nesta pesquisa. Para
compreender o UPT e o seu contexto de criação, torna-se necessário compreender
o processo de democratização do ensino superior no Brasil, com vistas a esse
processo no estado da Bahia, no qual o UPT foi implementado, por isso, a seguir,
discorrer-se-á sobre essas questões.

2.1 PROCESSOS DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR

O acesso à educação de qualidade, nem sempre efetivamente acontece na


prática, mesmo que garantido por lei como um direito da população e dever do
estado. O acesso à educação representa um elemento fundamental para o
desenvolvimento social e econômico, pois possibilita aos cidadãos a oportunidade
de abranger conhecimento dentro da área na qual deseja atuar, bem como fomenta
a pesquisa, o que contribui no desenvolvimento do país em todas as áreas.
Atualmente, no país, existem diversas Políticas Públicas que viabilizaram o acesso
ao ensino superior, tais como a políticas de cotas, gênero, dentre outras.
No entanto, a história do ensino superior no Brasil é marcada pelo baixo
acesso das classes populares a esse nível educacional. Antes da Reforma
Universitária em 1968, que visava a ampliação do acesso ao ensino superior para,
novamente, atender à demanda de produção que o país precisava naquele
momento, as classes populares não tinham acesso ao ensino superior, ficando
restrita somente para quem dispusesse de aquisição econômica. A Reforma
Universitária de 1968 ocorreu durante a ditadura militar e possibilitou a abrangência
do seu acesso.

Pode-se afirmar que a educação superior brasileira, a partir da Reforma de


1968, sofreu um esmagamento de sua principal atribuição, que é a de
oferecer o ensino superior de modo democrático e igualitário, com
qualidade. Na verdade, ela permitiu a expansão do setor privado e não
criou a “verdadeira universidade”, com a sua proposta de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão (PAULA, 2017).

Desta forma, de acordo com Paula (2017), compreende-se que a educação


superior brasileira a partir de 1968 sofre o impacto da Reforma Universitária e o seu
acesso passa para um grupo ainda mais restrito, quando, na verdade, mesmo com a
imagem de uma educação mais democrática e acessível para todos. Tal reforma
influenciou no ensino superior e nas modalidades de ensino, de forma que as
consequências ainda são sentidas na atualidade, pois a expansão do ensino privado
da contemporaneidade é reflexo dessas mudanças provocadas pela Reforma
Universitária. Ainda, segundo Paula (2017), nos últimos anos, entretanto:
As instituições privadas de ensino superior se multiplicaram em número e
cresceram em tamanho em decorrência da demanda por vagas e pelo freio
na velocidade de expansão das redes públicas de ensino. Vale observar
que esse panorama deve-se, principalmente, às normas governamentais,
facilitadoras do processo de surgimento e multiplicação de novas
instituições privadas, refletindo a diversificação das instituições de
educação superior no Brasil (PAULA, 2017).

Tal massificação, entretanto, corrobora para o acesso ao ensino superior,


mas são as políticas públicas que garantem o acesso à educação superior para a
toda a população. Neste sentido, pensar em políticas públicas é pensar nos meios e
fomento à educação para todos, indiscriminadamente. Deste modo, as políticas
públicas, que ganharam força nos últimos anos, são de extrema importância para a
democratização do ensino superior, principalmente no acesso às instituições
públicas. Paula (2017, p. 305) destaca que a expansão e a massificação da
educação superior representam o primeiro passo no sentido da democratização do
sistema, porém não são suficientes para a inclusão, de fato, das camadas social e
historicamente excluídas.
Diante disso, a promoção de Políticas Públicas é essencial para que a
democratização do ensino superior seja, de fato, uma realidade na sociedade
brasileira.

2.2 A PROMOÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL

Tendo-se por base as informações analisadas, as Políticas Públicas são


essenciais para que a educação superior tenha um alcance democrático no Brasil.
Diante da dificuldade dos alunos oriundos de escolas públicas em ingressar nas
instituições públicas de ensino superior, políticas que dêem a esses alunos a
possibilidade de competição igualitária com os estudantes oriundos de escolas
particulares, são fundamentais para garantir a igualdade de oportunidade na
formação entre os alunos.
Mas para compreender a importância das Políticas Púbicas, se faz necessário
uma reflexão sobre elas, o que elas são e qual a sua importância. Políticas Públicas
são as propostas feitas pelo Estado que visam proporcionar inclusão social, pois:
Dito de outra maneira, as Políticas Públicas são a totalidade de ações,
metas e planos que os governos (nacionais, estaduais ou municipais)
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É
certo que as ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os
tomadores de decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que
eles entendem serem as demandas ou expectativas da sociedade. Ou
seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela
sociedade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de
forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para 1 6
Políticas públicas – Conceitos e práticas os seus representantes
(deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do
Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como prefeitos,
governadores e inclusive o próprio Presidente da República) para que
atendam as demandas da população (SEBRAE, 2008).

As mudanças sociais ocorrem devido às necessidades que as sociedades


têm ou passam a ter. Deste modo, a promoção de políticas sociais é necessidade de
atenção e as Políticas Públicas se fazem necessárias, inclusive, em decorrência da
falta de acesso à informação que parcela da sociedade ainda enfrenta o que dificulta
a acessibilidade aos programas sociais como um todo, mas especialmente
educacionais.

Muitos não têm conhecimento sobre os cursos existentes, quais


instituições de Ensino Superior os oferecem e como é realizado o processo
seletivo, por exemplo. Ao absorverem tais informações, seja de forma
fracionada ou em sua plenitude, emerge a questão do desânimo em
prestar o vestibular, dada as condições de sua formação escolar. Por outro
lado, existem aqueles que desejam melhores oportunidades no mercado
de trabalho e optam por uma formação acadêmica. Porém, a escolha do
curso recai sobre os menos concorridos, onde, provavelmente, terão mais
chances de aprovação (COSTA et al, 2016).

Neste cenário, as Políticas Públicas devem ser pensadas, propostas e postas


em prática pelos poderes públicos, a exemplo do poder Legislativo, que tem a
função de propor e legislar e do poder Executivo que deve pô-las em prática,
cabendo ao presidente e governadores a função de fazer com que as mesmas
aconteçam. Deste modo, dentro da esfera estadual, os governadores devem fazer
com que as Políticas Públicas contribuam no processo de desenvolvimento dentro
do estado e a população esteja alinhada às propostas para a cobrança de ações que
realmente atendam à demanda da população, como destacam Junior e Pereira
(2014), ao afirmarem que:

Enquanto um dos níveis de ensino que constitui o sistema educacional


brasileiro, o ensino superior possui particularidades que o distingue dos
demais a começar pela sua complexa constituição que envolve todas as
instituições de ensino superior do país, instituições governamentais, a
representação política por meio de deputados e senadores, entidades de
representação profissional, os corpos docente e discente e seus
representantes. Evidentemente que estas peculiaridades lhe atribuem um
contorno próprio que demanda políticas públicas educacionais muitas
vezes específicas para regular a sua estrutura, gestão, avaliação, acesso,
entre outras atividades (JÚNIOR E PEREIRA, 2014).

Diante dessa perspectiva, as Políticas Públicas devem ser acompanhadas por


todos os envolvidos e afetados pelas mudanças a que elas imputam, ou seja, por
todos os setores da sociedade, principalmente quando se trata de ações
educacionais, pois a educação de um país afeta a sociedade como um todo.
Dentro da esfera de ações que promovam igualdade e equidade social, é
importante que não somente o poder Executivo Federal esteja empenhado em
promover mudanças sociais, como também os governadores precisam reforçar tais
mudanças, em conformidade com os governos - Federal e Municipal. Diante disso,
as Políticas Públicas, para totalidade da funcionalidade e eficiência propostas,
exigem unidade entre os entes federados, bem como dos agentes públicos
envolvidos e da população em geral, pois segundo Macêdo (2018), “as políticas
públicas afetam a todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de
sexo, raça, religião ou nível social”.
As Políticas Públicas são essenciais, portanto, para o desenvolvimento da
sociedade. Delas surgem ações que dão à população o apoio necessário para
acessar serviços sociais que antes ficavam restritos a determinada parcela da
população. Pode-se dizer, portanto, que elas são as ações que ajudam a promover o
desenvolvimento econômico e social, dando às populações marginalizadas o acesso
aos serviços básicos garantidos pela Constituição.

3. O ACESSO AO ENSINO SUPERIOR NA BAHIA

O acesso ao ensino superior na Bahia, de acordo com Santos (2017),


enfrentava a problemática de maior parte dos alunos serem oriundos da rede
particular da educação básica, além de que até 2002 havia apenas a Universidade
Federal da Bahia (UFBA), que ofertava o ensino superior como universidade
Federal. Ao longo de suas décadas de funcionamento, a UFBA cresceu em número
de cursos, professores e estudantes, tornando-se uma das principais universidades
do país. Apesar disso, praticamente nenhum esforço foi esboçado para a
interiorização do ensino.
Entre os anos de 2002 e 2005, a Bahia recebeu a instauração de mais duas
universidades federais, sendo elas a Universidade Federal do Recôncavo Baiano
(UFRB) e a Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), ambas
localizadas no interior do estado.
Para Teixeira (2018), diante do extenso território, o governo criou faculdades
no interior o território baiano a partir da década de 1960, que mais tarde foram
agrupadas e tornaram-se Universidades do Estado, ou seja, as UEBAS. Essas
universidades eram UESB, UNEB e UESC. Já a UEFS, surgiu com a forma de
fundação em 1970 absorvendo a Faculdade Estadual de Educação de Feira de
Santana. A respeito da importância da implantação de uma universidade no interior
do estado, destacam que:

Podem significar novas possibilidades de prolongamento da escolarização


para os jovens, em especial, jovens egressos da escola pública, em geral
oriundos das camadas populares, que enfrentam limitações materiais e
sociais para deslocar-se em direção a outras cidades (TEIXEIRA E
KILLINGER, 2015).

Segundo Santos (2010), a expansão de ofertas de vagas nas universidades


no interior da Bahia deu-se após o Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007 se
instituído, o qual estabelecia o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI). O REUNI contribuiu para a
democratização do acesso à universidade pelos estudantes em situação de
vulnerabilidade no interior do estado baiano. Sobre isso o autor salienta que:

A interiorização emerge como um meio de inclusão através da


democratização espacial de acesso ao ensino superior. Compreender a
expansão e interiorização requer primeiramente um entendimento prévio
que envolve o seu desenvolvimento, no que tange à diversidade de
serviços oferecidos, vagas ofertadas, cursos, tempo, dentre outros
elementos (SANTOS, 2017).

A chegada de uma universidade oferece aos jovens a oportunidade de


construir carreira profissional, valorização da educação, redução da evasão escolar
e oferta de emprego para a população local onde a universidade é implantada. Ainda
assim, Teixeira (2018) chama atenção para a o fato do maior número de
matriculados no ensino superior na Bahia seja na rede privada, apesar das ações
estratégicas para que a população excluída e mais vulnerável, tenham acesso ao
ensino superior.

No cenário baiano do total de 432.999 matrículas nos cursos de graduação


presencial e a distância, a iniciativa privada detém maioria das matrículas,
totalizando 321.760 em todas as faixas-etárias. Dado esse que corrobora
com as discussões anteriores acerca da expansão da educação superior
pela via privada (TEIXEIRA, 2018).

Ainda falando a respeito da importância da universidade e da democratização


do ensino superior na Bahia, destaca-se que:

A temática do acesso e da democratização da educação superior no


Estado da Bahia vem sendo debatida sobre a necessidade de adoção de
medidas que possam alterar o quadro educacional defasado. Merece
destaque, o índice tão baixo de jovens de 18 a 24 anos no País e na Bahia
que estão fora da educação superior, registrando-se, respectivamente,
82%3 e 79,6%4 (CAMPOS E FARIAS, 2010).

Segundo a UNEB (2020),visando a democratização do ensino superior no


interior do estado que atendesse a população, o governo deu início a criação da
Universidade do Estado da Bahia - UNEB, em 1983 que trouxe consigo a inovação
de ser multicampi, sendo localizada tanto na capital quanto no interior. A UNEB
possui 30 Departamentos instalados em 26 campi: um sediado na capital do estado,
onde se localiza a administração central da instituição, e os demais distribuídos em
importantes municípios baianos de porte médio e grande.
Segundo Santos (2017) a proposta de uma universidade multicampi foi
inovadora para a Bahia e possibilitou a integração institucional, mas, por ser
espaçosa, apresentou também desafios e dificuldades para sua implantação.
Atualmente a UNEB é uma universidade democrática que atende o território
baiano de forma inclusiva, através de Políticas Públicas e ações afirmativas.

A UNEB está presente na quase totalidade dos 417 municípios do estado,


por intermédio de programas e ações extensionistas em convênio com
organizações públicas e privadas, que beneficiam milhões de cidadãos
baianos, a maioria pertencente a segmentos social e economicamente
desfavorecidos e excluídos.Alfabetização e capacitação de jovens e
adultos em situação de risco social; educação em assentamentos da
reforma agrária e em comunidades indígenas e quilombolas; projetos de
inclusão e valorização voltados para pessoas deficientes, da terceira idade,
LGBT, entre outros, são algumas das iniciativas que aproximam a
universidade da sociedade (UNEB, 2020).
A UNEB, além de importante, é uma universidade reconhecida e contribui
diretamente para a formação de futuros profissionais, oferecendo compromisso,
valores e ética ao alunado e a equipe profissional que nela atua. Com isso, a UNEB
busca ofertar meios de acesso e permanência ao ensino superior.

Quando se fala de UNEB, situamos sua missão institucional a partir da


consideração de que ela assume um modelo multicampi abrangendo o
interior do estado, contribuindo com o aperfeiçoamento e desenvolvimento
social e científico de 19 territórios de identidade, os quais abrigam
importantes regiões baianas no contexto cultural e econômico (ANGELIM,
ANGELIM, CASTRO, LOPES E WANDERLEY, 2017).

Uma das ações ofertadas pela UNEB é o UPT, em parceria com a Secretaria
de Governo de Educação do Estado da Bahia. Para o Programa, a UNEB oferece
aulas, aulões e atividades no AVA para os alunos. Para os professores do UPT, a
UNEB proporciona formação uma vez por mês com professores unebianos
especialistas das disciplinas e formação quinzenal com as coordenações de cada
Polo.

3.1 A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA UPT

As Políticas Públicas são essenciais na oferta de educação com qualidade,


possibilita a melhoria de qualidade de vida da sociedade e reduz as desigualdades
sociais. Neste sentido, evidencia-se a importância da educação para a formação de
cidadãos, cujo direito é garantido por lei.
O vestibular é o meio do ingresso dos adolescentes, jovens, adultos e idosos
ao ensino superior. Nele, realiza-se o exame e após a classificação seguida da
aprovação, os futuros universitários fazem a matrícula nos cursos para os quais
concorreram durante a seleção. O vestibular ainda é o recurso adotado pelos
governos para atender a demanda e instituir um formato de ingresso ao ensino
superior, colocando todos os candidatos em condições de igualdade (CAMPOS e
FARIAS, 2010, p. 122). Mas o acesso ao ensino superior se torna desigual devido a
qualidade da oferta de ensino básica.
De acordo com Brasil (2021), além do vestibular os jovens podem ingressar
no ensino superior através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o qual
instituído em 1998, visando avaliar o desempenho dos estudantes do ensino médio.
Em 2009, o exame aperfeiçoou sua metodologia e passou a ser utilizado
como mecanismo de acesso à educação superior. Através das notas do ENEM os
jovens podem concorrer as vagas dos cursos de diferentes universidades para ter
acesso ao ensino superior.
Dentro do contexto histórico, um alto índice de alunos que ingressavam nas
universidades baianas eram oriundos de escolas particulares e faziam cursinhos
preparatórios. Dessa forma, segunda a UNEB (2020), o Projeto Universidade Para
Todos, criado pelo Governo do Estado e presente no decreto nº 9.419 de 23 de julho
de 2004, tinha o objetivo de ser um cursinho pré-vestibular que atendesse o público
oriundos das escolas públicas, desde que fossem concluintes ou egressos do ensino
médio.
Diante da grande importância e contribuição do UPT para o acesso e
democratização ao ensino superior, permitindo que alunos e jovens de diferentes
comunidades quilombolas, rurais, ribeirinhas, indígenas e LGBTQIA+ ingressassem
nas universidades, através do decreto nº 20.004, o UPT passou a ser Programa, não
mais Projeto, e tornou-se questão de Política Pública para o governo do estado. Sua
oferta acontece entre a parceria da Secretaria de Governo de Educação do Estado
da Bahia e as quatro UEBAS mais a UFRB. Angelim, Angelim, Castro, Lopes e
Wanderley (2017, p. 2), discutem algumas das importâncias do UPT na Bahia:

Para além da maior probabilidade de acesso à educação superior, é


preciso informar que os documentos oficiais apontam a UPT como a
produtora de avanços além da finalidade primeira (acesso à
educação superior como fator de desenvolvimento humano). O
projeto tem alcance nas instâncias social e emocional, dada a
condição de que socialmente falando, os alunos participantes
sentiram-se mais valorizados como sujeitos com condição de acesso
à Universidade enquanto acadêmicos e emocionalmente, por terem
um aumento considerável de sua auto-estima, em função de uma
maior expectativa de um futuro mais participativo (ANGELIM,
ANGELIM, CASTRO, LOPES e WANDERLEY, 2017).

Dessa forma, é perceptível a importância do UPT para a população estudantil


baiana, pois é um cursinho pré-vestibular que rompe as barreiras da desigualdade
social e oferece democratização do ensino superior.
Segundo Campos e Farias (2010, p. 126), no que tange à oferta do UPT pela
UNEB, são feitas várias ações que buscam fortalecer essa política no território
baiano onde a universidade atende. Em 2006, a UNEB realizou uma pesquisa com
2596 cursistas do UPT e os dados revelaram os cursos de preferência e o perfil
socioeconômico. De maneira geral, os cursistas preferem os cursos de
Administração, Pedagogia e Letras. Em detrimento dos alunos oriundos de escolas
particulares obterem aprovação nos cursos mais concorridos, pode-se aferir que os
estudantes escolheram os cursos de “baixo prestígio”, por perceberem nestas
alternativas maiores possibilidades de aprovação
De acordo com dados de Inscrição no Projeto, SEC/CMO/2007 apud Campos
e Farias (2020, p. 127), quanto ao perfil socioeconômico, os egressos da rede
pública caracterizam-se na maioria (96%) pela baixa renda familiar de 1 a 3 salários
mínimos do total de 52,5 mil inscritos, o que demonstra que o UPT atende aos
alunos em situações de vulnerabilidades social, conforme é o objetivo.
Em outra pesquisa realizada em 2008, com cursistas do UPT, ofertado pela
UNEB, constatou-se que cerca de 85% são negros ou indígenas. Os dados reforçam
que a ação afirmativa neste projeto contempla com bastante intensidade a questão
étnica (CAMPOS e FARIAS, 2010, p. 127). No que tange às questões socioculturais,
constatou-se que 42% dos cursistas tem alguma religião, 20% tem ocupação
artística, 12% ocupa o tempo com alguma leitura e os demais realizam alguma
atividade ou não responderam.
Essas pesquisas demonstram a diversidade do alunado cursista que
frequenta o UPT e reafirmama importância deste Programa para o território baiano,
além de ser relevante para o cotidiano dos cursistas, pois atuam na inclusão,
formação e valorização social. Cabe ressaltar que o UPT, enquanto Política Pública
faz valer a atuação de garantia de direitos à educação superior no território baiano.

4. CONCLUSÃO

A educação torna-se fundamental para o desenvolvimento do ser humano,


através dela é possível formar cidadãos conscientes de suas ações, direitos e
deveres, além de qualificados para o mercado de trabalho.
Todavia, as estruturas sociais que foram se estabelecendo ao longo da
história foram criando grupos excluídos, os quais tiveram privação de direitos
essenciais para o desenvolvimento social e econômico. Tal fato trouxe à luz a
necessidade de reparação e de promoção de ações políticas que se voltassem para
a inserção política, social, educacional, cultural e econômica destes grupos na
sociedade.
Na educação não foi diferente. Em detrimento destas desigualdades que
assolavam a população brasileira, o acesso à educação pública e de qualidade
tornou-se um embate no qual as Políticas Públicas fomentaram um novo cenário na
educação brasileira. A falta de acesso à educação de qualidade provocou o
distanciamento das populações carentes no ensino superior e foram as Políticas
Públicas que promovem a desconstrução gradativa desta realidade.
Na Bahia, esse processo não foi diferente. A necessidade de ações
afirmativas e de inclusão social foi uma consequência da carência da dificuldade que
os grupos excluídos tinham de ter acesso à educação superior. Tal fato se dava
porque a oferta de ensino de qualidade da rede privada possibilitava o maior número
de alunos dessa rede de ensino ingressarem no ensino superior com demasiada
facilidade, enquanto os alunos da rede pública enfrentavam maior dificuldade.
Foram muitos os fatores que contribuíam para que os alunos que pertenciam
aos grupos excluídos da sociedade tivessem dificuldade para ingressar no nível
superior, a exemplo da falta de acesso a um cursinho pré-vestibular, este que era
determinante para que os alunos ou egressos do ensino médio conseguisse
ingressar na universidade. Neste sentido, o compromisso social das Políticas
Públicas presume-se como um fator determinante para a mudança deste cenário.
Dentre as Políticas Públicas educacionais disponibilizadas à população e que
trouxe uma mudança significativa no cenário da educação baiana, foi o Projeto
Universidade Para Todos. Este que, embora inicialmente não tenha sido implantado
como uma Política Pública, posteriormente foi decretado como Política Pública pelo
governo do estado baiano e representou um grande avanço para a democratização
do ensino superior na Bahia, uma vez que alunos de camadas populares e mais
vulneráveis tiveram a oportunidade de estudar de forma diferenciada, o que lhes
permitiu ingressar nas universidades e faculdades com a facilidade antes nunca
vislumbrada.
O Programa Universidade para Todos levou alunos e egressos de todo o
território baiano oriundos de comunidades rurais, quilombolas, indígenas,
LGBTQIA+, negros e da favela a terem a possibilidade de estudar para os
vestibulares e ENEM, o que reafirma a importância das Políticas Públicas na
redução das desigualdades sociais, no acesso ao ensino superior e para a melhoria
da qualidade de vida.
Diante disso, evidencia-se que o UPT representa um Programa de relevância
na Bahia, pois proporcionou a imersão de grupos de camadas diferentes da
sociedade a terem acesso à educação superior, reafirmando a necessidade de
inclusão destas pessoas para o desenvolvimento do país, mas também para a
construção de uma sociedade com sujeitos críticos, formadores e multiplicadores de
opinião, com clareza das questões que envolvem a sociedade e prontos para
realizarem questionamentos sociais e fomentarem melhorias para os seus grupos e
para comunidade.
Desta forma, o UPT tem funcionalidade que atinge todas as camadas
vulneráveis, possibilitando que jovens e adultos de diferentes etnias, gênero e classe
social ingressem no ensino superior e contribuam para a melhoria da qualidade de
vida da sociedade como um todo.

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