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Proferido acórdão pelo TRT18, a empresa ora Embargante interpôs Recurso de Revista,

tanto por afronta como por divergência, Analisando os pressupostos de admissibilidade do


Recurso de Revista, a Terceira Turma deste Egrégio Tribunal Superior do Trabalho entendeu
que, em razão de obstáculos à procedibilidade recursal, o recurso de revista não poderia ser
conhecido. Donde se lê, ao final do acórdão proferido, o seguinte resultado do julgamento:

“Ante o exposto, NÃO CONHEÇO DO RECURSO DE


REVISTA.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior
do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista.”

Não resignada, a empresa de segurança Litisdenunciada interpôs


declaratórios, que foram rejeitados, e ato contínuo interpôs os presentes embargos
de divergência.
Como de conhecimento deste colegiado, o julgamento de recursos de revista (como de resto
de recursos especiais, ou de recursos extraordinários) exige do órgão judicante análise relativa a
diferentes graus de cognição.

O primeiro grau de cognição diz com os pressupostos de admissibilidade do recurso interposto:


neste grau de cognição, o órgão judicante não analisa o mérito do recurso, vale dizer, não analisa a
tese recursal apresentada; ao contrário, o órgão judicante restringe-se a aplicar as chamadas regras
técnicas de conhecimento; aplicadas essas regras técnicas de conhecimento, o órgão judicante
então diz se o mérito recursal é ou não passível de análise, se a tese recursal é ou não passível de
conhecimento.

O segundo grau de cognição diz com o mérito do recurso interposto: ultrapassado o primeiro grau de
cognição, acaso entenda o órgão judicante que o recurso é admissível (= que a tese recursal
devolvida é de ser analisada), passa-se então ao segundo grau de cognição, grau de cognição esse
no qual é proferido o juízo de fundo, de mérito, acolhendo-se ou rejeitando-se a tese recursal.
Acórdão proferido por ocasião do julgamento de recurso inadequado pode ser assim representado:

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Segundo nível
● Terceiro nível
● Quarto nível Note-se que o órgão judicante
● Quinto nível não adentrou no mérito do
recurso, não analisou a tese
recursal (que podia inclusive
estar correta). Antes disso, o
órgão judicante, aplicando
regra técnica de
conhecimento, encontrou um
obstáculo à procedibilidade do
recurso, e ante esse obstáculo
o órgão judicante interrompeu
sua análise ainda no primeiro
grau de cognição, ainda no
juízo de admissibilidade, e o
fez para não conhecer do
recurso.
Exemplo semelhante se tem no caso de recurso de revista alegando afronta a dispositivo que,
contudo, não foi prequestionado na origem:

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Segundo nível
● Terceiro nível
● Quarto nível
● Quinto nível
Saliente-se: aqui também não
houve análise da tese recursal,
aqui também exauriu-se o
ofício judicante no primeiro
grau de cognição.
Quando um recurso é conhecido, quer isso dizer que nenhum obstáculo de procedibilidade se
apresentou; quer isso dizer que o primeiro grau de cognição foi realizado e ultrapassado; quer isso
dizer que a tese recursal está apta a ser analisada. Assim:

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Segundo nível
● Terceiro nível
● Quarto nível
● Quinto nível
Embargos de Divergência.
Com sua feição atual, depurados historicamente a partir do velho direito português (onde surgiram como
revista ex specialis gratia), os chamados embargos de divergência (ou por divergência) - previstos
atualmente tanto no Código de Processo Civil (art. 496, VIII), como na CLT (art. 894, II, com a redação
dada pela Lei nº 11.496/07) – têm, hoje, uma finalidade preponderante bastante específica.

STF, TST e STJ, tendo por papel precípuo a uniformização em âmbito nacional da jurisprudência acerca
das questões de direito que lhe são afetas, não podem, para que desempenhem esse fundamental papel,
divergir internamente acerca de uma mesma questão de direito.

Ganham então relevância os embargos de divergência em sua feição atual e depurada. Como leciona
Pontes de Miranda, em vez de terem por finalidade a corrigenda de eventuais injustiças, o que inspira a
nova legislação acerca desse recurso (ao lado da antiga finalidade, já quase eliminada) é a necessidade
de se pôr termo às discrepâncias internas da interpretação das leis no âmbito dos Tribunais que se
pretendem uniformizadores.

É graças a essa feição, e à preponderância da finalidade uniformizadora, que os embargos de


divergência somente se reputam admissíveis quando o acórdão embargado, tendo analisado uma tese
recursal (acerca de uma questão de direito afeta ao Tribunal uniformizador), tenha dado uma
interpretação divergente daquela dada pelo acórdão eleito paradigmático, o qual, analisado a mesma tese
recursal, acerca da mesma questão de direito, chegou a conclusão distinta.
Quer isso dizer que, para o cabimento dos embargos de divergência, os
acórdãos confrontados (embargado e paradigmático) têm que ter ultrapassado
o primeiro grau de cognição (= o juízo de admissibilidade), e os acórdãos
confrontados, já no segundo grau de cognição, têm que ter chegado a
conclusões distintas acerca da mesma tese recursal, da mesma questão de
direito conhecida e decidida.
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egundo nível Segundo nível
● Terceiro nível ● Terceiro nível
● Quarto nível ● Quarto nível
● Quinto nível ● Quinto nível
E isso é até uma decorrência lógica da feição dos embargos de divergência: se um dos
acórdãos confrontados não ultrapassou o primeiro grau de cognição, então ele não analisou a
tese recursal devolvida; e se ele não analisou a tese recursal devolvida, não há como ele
divergir de outro acórdão que tenha, ele sim, ultrapassado o primeiro grau de cognição.

Como postulado, pode-se afirmar: embargos de divergência exigem divergência na


interpretação de teses recursais e, portanto, exigem que os acórdãos confrontados
estejam no mesmo grau de cognição, tendo ambos ultrapassado o juízo de
admissibilidade e adentrado no juízo de fundo, divergindo quanto à interpretação da
questão de direito em que se consubstanciam as teses recursais.

Volte-se então ao caso em tela: interposto Recurso de Revista pela empresa Litisdenunciada, o
seu RR não foi sequer conhecido, de modo tal que o acórdão proferido por ocasião do
julgamento do RR não analisou a tese recursal do RR.
No caso em tela: o acórdão embargado não ultrapassou o primeiro grau de cognição, e portanto não
realizou juízo de fundo, pelo que não analisou tese recursal alguma, e não decidiu questão de direito
alguma.

É evidente que não cabem, no caso em tela, embargos de divergência, pois o acórdão embargado, aplicando
regra técnica de conhecimento, interrompeu seu ofício no primeiro grau de cognição (= no juízo de
admissibilidade), de modo tal que, não tendo entrado no segundo grau de cognição (= juízo de fundo), não
analisou a tese recursal devolvida, e não chegou a emitir interpretação acerca da questão de direito que se
pretendia discutir (mas não se discutiu, pois o RR não foi conhecido).
Embargos de Divergência.

Se o acórdão embargado e o acórdão paradigmático entraram no mérito recursal


(ultrapassando o primeiro grau de cognição), então cabem embargos de divergência:
Embargos de Divergência.

Se o acórdão embargado não ultrapassou o primeiro grau de cognição (e portanto não analisou a tese recursal) e o acórdão
paradigmático, ao contrário, entrou no mérito recursal, então não cabem embargos de divergência (esse o caso dos autos):
Embargos de Divergência.

Se o acórdão embargado e o acórdão paradigmático deixaram de entrar no mérito recursal (=


não ultrapassaram o primeiro grau de cognição), então não cabem embargos de divergência:
Embargos de Divergência.
Se o acórdão embargado ultrapassou o primeiro grau de cognição (e portanto analisou a tese
recursal), mas o acórdão paradigmático, ao contrário, deixou de entrar no mérito recursal,
então não cabem embargos de divergência:

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