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Cartão de banco, cartão de loja, empréstimo consignado, cheque especial. Nos dias de hoje, é difícil
encontrar um brasileiro que não utilize duas ou mais dessas modalidades de crédito. Mais difícil ainda é
achar alguém que não tenha se enrolado, pelo menos uma vez, para quitar dívidas feitas a partir dessas
opções de crédito.
No Distrito Federal, a inadimplência da pessoa física, medida pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC)
da Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), sempre fica em patamares entre 4% e 5%,
considerados baixos na comparação com os de outros estados e com o do país. Em abril último, por
exemplo, o índice ficou em 5,1%. A média é menor do que a nacional, que cravou 8,4% no mesmo mês,
de acordo com o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Entretanto, as medições levam em
conta somente débitos com o comércio.
Para operações realizadas nas administradoras de cartão, bancos, financeiras ; justamente as que levam aos
casos mais graves de endividamento ; o Banco Central do Brasil registrou inadimplência de 6,8% em todo
o país. Em Brasília e região, não são mantidos registros desse tipo de insolvência. No entanto, o Instituto
Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), organização não governamental (ONG)
com sede na capital federal, realiza, todos os meses, de 120 a 130 atendimentos a consumidores que
enfrentam dificuldades para quitar dívidas com o sistema financeiro.
De acordo, José Geraldo Tardin, presidente do Ibedec e advogado especialista em direito do consumo, a
maioria dessas pessoas contraiu dívidas além da capacidade de pagamento por ter contratado empréstimos
sem planejar a quitação segundo o seu orçamento e sem levantar informações sobre taxas de juros e outros
encargos envolvidos.
Tardin diz que há deficiência na educação financeira do brasileiro, mas critica também a concessão
descriteriosa de empréstimos. ;O crédito no Brasil foi banalizado, principalmente com estímulos do
governo. Você vê, hoje, pessoas físicas insolventes, que é o mesmo que ir à falência;, diz o presidente do
Ibedec, que oferece serviços jurídicos frente a uma contribuição mensal de consumidores que desejem se
associar.
Avanços
Para ele, houve avanços na regulamentação da oferta de empréstimos no país. Em 2003, por exemplo, a
Lei n; 10.820/03 regulamentou o crédito consignado, modalidade com desconto da dívida em folha de
pagamento e juros, em média, de 2% ao mês. A legislação determinou que o valor da prestação não
excedesse 30% da renda do contratante.
O presidente do Ibedec cita, no entanto, as financeiras(1), empresas em geral parceiras de bancos, como
agentes que concedem empréstimos a juros altos, com exigências baixas, e sem levar em conta a
capacidade de endividamento do tomador de crédito. José Geraldo Tardin também critica as margens altas
de crédito, aliadas a encargos elevados, das modalidades cheque especial e cartão de crédito.
;O consumidor entra em uma bola de neve. E, quando vai analisar, ele não utiliza aquele dinheiro para
adquirir patrimônio ou alguma coisa útil. É tudo para juro, é um recurso que vai embora;, declara.
Segundo ele, é comum consumidores assessorados pelo Ibedec serem encaminhados ao Laboratório de
Psicologia e Psiquiatria da Universidade de Brasília (UnB), que oferece atendimento gratuito. ;A pessoa
desenvolve problemas de alcoolismo, tem conflitos na vida familiar, uma série de dificuldades com
origem nas dívidas;, relata. Para Tardin, o crédito deve haver maior controle na oferta de crédito.
Vítima
Devedora de nada menos do que R$ 77 mil a um banco, a servidora pública Francisca Magalhães Botelho,
52 anos, diz que foi vítima da própria imprudência, mas também da ação inescrupulosa da instituição que
é sua credora. Em um período de oito anos, ela contraiu seis empréstimos consignados e seis créditos
pessoais normais.
As contratações foram anteriores à lei que limita o desconto do crédito consignado em folha a 30% da
renda. Por isso, a servidora, que tem renda aproximada de R$ 7 mil, chegou a ter seu salário reduzido
para R$ 800. No ano passado, a situação começou a ser resolvida. A 7; Vara de Fazenda Pública do DF
concedeu liminar a favor da servidora determinando que o banco liberasse a parcela do salário da
servidora especificada em lei. ;Já estou podendo receber R$ 3,2 mil;, conta.
Agora, Francisca espera o julgamento do mérito da ação que moveu para amortecer o valor que o banco
quer cobrar dela, já que considera os juros abusivos. ;Querem que eu pague R$ 143 mil. Ou seja, 50%
acima do que eu devo;, declarou.
;Não tive cabeça, mas eles agiram de má fé. Enquanto você tem margem de endividamento, você é um
bom cliente. Quando tiram até a última gota, começam a te sacrificar. Não comprei nada de patrimônio
com esse dinheiro. Vivo de aluguel e não tenho carro;, diz.
1 - Excesso
Como trabalham com um risco maior ao emprestar, as financeiras costumam ter os juros mais altos do
mercado. O último levantamento do Banco Central, válido para o período de 14 a 20 de maio, apontou
que o Banco Ibi, financeira vinculada à rede de lojas de departamento C, praticava tarifa de 15% ao mês
no período. Já a Crefisa, que anuncia em sua página na internet a concessão de crédito sem consulta ao
SPC, cobrava 24,35% mensais de encargos. Os empréstimos via financeiras são considerados uma
modalidade de crédito pessoal.
A pessoa desenvolve problemas de alcoolismo, tem conflitos na vida familiar, uma série de dificuldades
com origem nas dívidas;
José Geraldo Tardin, presidente do Ibedec e advogado especialista em direito do consumo
Para a advogada Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor
(ProTeste), uma outra ONG que combate abusos nas relações de consumo, a flexibiização do crédito no
país deve ser encarada como um fator positivo. ;Ela possibilitou a uma parte da população um acesso ao
bens que antes inexistia;, comenta.
Para ela, entretanto, a proliferação de várias fontes de crédito aconteceu rápido, antes que as pessoas
aprendessem a lidar de forma inteligente com as facilidades. ;A gente sabe que o consumidor tem várias
fontes de crédito, loja, supermercado. Em toda parte, ele pode adiar o pagamento, parcelar. Isso criou
uma ilusão de um recurso que ele não tem. Hoje o chamado dinheiro de plástico é fácil, é portável, mas
tem que ter cuidado;, alerta.
Maria Inês dá dicas para não perder o controle das dívidas. Uma delas é manter, no máximo, dois cartões
de crédito. ;A não ser que a pessoa seja muitíssimo organizada, é melhor concentrar os gastos em poucas
modalidades;, ensina. Ela diz, ainda, que é necessário manter o controle dos parcelamentos que já estão
em curso. Por fim, todos os gastos feitos por meio de opções de crédito devem ser calculados na ponta do
lápis porque têm, obrigatoriamente, que caber no orçamento do mês seguinte.
A gente sabe que o consumidor tem várias fontes de crédito, loja, supermercado. Em toda parte, ele pode
adiar o pagamento, parcelar. Isso criou uma ilusão de um recurso que ele não tem;
Maria Inês Dolci, coordenadora da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste)
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