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Transgênicos, embates de classe?

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(primeiras anotações)

Regina Bruno2
Nota introdutória
No curso das transformações da agricultura e da sociedade brasileira vimos emergir ao
longo das últimas décadas novos modos de conflituosidade entre classes e grupos
sociais dominantes e subalternos no campo. Novos confrontos entre grandes
proprietários de terra e empresários do agronegócio, e trabalhadores rurais sem terra,
agricultores familiares e seus mediadores. É sobre os transgênicos concebido como
espaço de conflito, de disputas e de embates entre os empresários do agronegócio e os
trabalhadores rurais sem terra de que trata este trabalho.
Procuro mostrar que o debate em torno da transgenia muito contribuiu para redesenhar
os temos das divergências entre os grupos e classes sociais no campo e para instituir
uma nova configuração entre adversários e aliados.
Devido, talvez, a todo um processo histórico de concentração fundiária e de
improdutividade, exclusão e violência, até recentemente o adversário do trabalhadores
rural era quase que exclusivamente o grande proprietário de terras, o latifundiário
tradicional ou moderno. De um modo geral, no processo de construção do adversário
dos trabalhadores rurais, os empresários do agronegócio não eram vistos como inimigo.
Exceto, talvez, para aqueles trabalhadores rurais e lideranças de base inseridas em um
processo de trabalho e de produção das cadeias agroindustriais. Hoje, e cada vez mais, o
agronegócio desponta como oponente dos trabalhadores rurais, dos Sem Terra e dos
agricultores familiares. O discurso recente das lideranças do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra MST e a fala dos representantes da Fetraf-Sul bem o
atestam.
Procuro também destacar que diante da polêmica em torno transgênicos novas questões
afloram e velhos temas assumem outras significações. Destacam-se o debate sobre o
papel da ciência e a natureza do progresso técnico nesse processo; a importância da

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O presente artigo teve como principal referências empíricas as informações da pesquisa intitulada
“Agronegócio, o despontar de um novo Príncipe?” por mim realizada, com o apoio e financiamento da
CLACSO. Dotação Movisen-Asdi 2002 e entrevistas realizadas com lideranças do agronegócio durante
a atividade de pesquisa sobre Reforma do Estado (CPDA).
2
Socióloga. Professora do CPDA/UFRRJ.
2

‘ética nos negócios’; o problema do controle social e político e do direito ao


conhecimento sobre os possíveis riscos existentes; a defesa da soberania nacional como
bandeira de luta, a competitividade concebida como estratégia política etc.
A questão dos transgênicos traz para cena política um intenso debate sobre o papel da
ciência nesse processo e a relação entre ciência e progresso, a questão da neutralidade
científica. Um debate, em grande medida inacessível aos trabalhadores rurais sem terra,
agricultores familiares e suas lideranças de base. É fundamentalmente um
enfrentamento entre pessoas, grupos e instituições em torno da construção de uma
linguagem coletiva hegemônica.
Em meio a esse processo cada um dos opositores se reconhece como o portador de uma
proposta moderna e defensor da matriz tecnológica - a mais avançada. Para o
agronegócio, transgênicos representariam o setor de ponta da ciência. Para o MST, ao
contrário, são as novas linhas tecnológicas ligadas à produção orgânica que constituem
o moderno.
Procuro ainda ressaltar que as disputas existentes nascem de contradições das condições
sociais diferenciadas e nos remetem a visões de mundo distintos. São tensões referidas
lugares históricos desiguais que hoje afloram como desdobramento da constituição de
velhos e novos processos sociais. São conflitos, relações e tensões que se desenvolvem
para além das fronteiras da transgenia.
Os empresários ligados ao agronegócio aglutinados na Associação Brasileira de
Agribusiness (ABAG) e os trabalhadores Sem Terra representados pelo MST são as
principais expressões e porta-vozes desse embate. ‘Agronegócio’ e ‘Sem Terra’ se
definem na relação que as nega e que as constituem como identidades sociais e
políticas. Como diria ELIAS (1994), estão ao mesmo tempo, separados e unidos por um
laço tenso e desigual de interdependência. São, enfim, categorias que expressam
relações de poder.
E, por último, como parte de um processo mais abrangente, indico que a disputa em
torno dos transgênicos amiúde se transforma em espaço (e oportunidade) para outras
reivindicações, outras denúncias e outros projetos, desde as reivindicações por melhores
salários e a exigência de regras trabalhistas mais adequadas, como o fizeram os
trabalhadores Sem Terra em Terezina (PI) ao interditarem a entrada dos supermercados
Pão de Açúcar e Carvalho em protesto contra a venda de alimentos transgênicos e
3

contra as normas trabalhistas adotadas pelos donos dos estabelecimentos”3, até a pressão
de representantes do agronegócio por um maior espaço e reconhecimento nas
negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Espero, com este trabalho, contribuir para um maior compreensão sobre a
natureza multifacetada das relações de poder e de dominação existentes no campo,
alimentadora de uma profunda desigualdade da sociedade brasileira.

Uma nova retórica de legitimidade e de dominação patronal no campo


Vimos surgir, no Brasil, nas últimas três décadas, uma nova retórica de legitimidade
patronal no campo, uma nova matriz discursiva que encontra seus fundamentos no
intenso desenvolvimento e expansão do agronegócio e na instituição de um novo
patamar produtivo e tecnológico. Uma nova ideologia do ‘moderno’ capaz de reordenar
e rearticular de um outro modo os diferentes interesses, logrando que os seus membros
se conheçam e se reconheçam na nova linguagem e participem da construção de uma
nova identidade de classe. E que busca projetar a imagem de um empresário do
agronegócio “progressista”, “negociador” e regido tão somente pela “criatividade
empresarial” e a “competitividade”. Temas como “sustentabilidade”, “segurança
alimentar” e a luta pela “recuperação da ética da responsabilidade civil” e os “direitos”
são incorporados à retórica dominante.
“Pela preservação da atividade produtiva” reiteram a cada ocupação de terra e a
cada mobilização pela reforma agrária. O que importa de fato, dizem, é como resolver
fosso existente entre “uma agricultura não comercial, de baixa renda e retardatária da
modernização” e a “agricultura comercial que se encontra vinculada ao agribusiness”,
dizem seus porta-vozes. Portanto, se a agricultura encontra-se modernizada, se a
produtividade e a rentabilidade agrícolas são uma realidade, argumentam, então não há
como falar em terras improdutivas! O que existe são “algumas manchas” de
improdutividade.
Em nome da defesa da atividade produtiva, sugere-se que, em vez de perder
tempo com a discussão sobre a reforma agrária, o governo deveria preocupar-se com o
estabelecimento de políticas voltadas para a manutenção ou elevação do patamar de
produtividade e rentabilidade agrícolas já alcançado, sob o argumento de que o “Brasil

3
Folha Online 14/04/2004 - 22h00. Agricultores interditam entrada de supermercados no PI (José
Eduardo Rondon).
4

não pode se dar ao luxo de concorrer com outros países altamente credenciados, se não
priorizar o fortalecimento daquilo que já é forte - a sua agricultura, utilizando-se de suas
vantagens comparativas e do handcap de recursos existentes”. Diferentemente de
momentos anteriores, não mais se lamentava sobre ineficácia econômica da agricultura, ao
contrário, a ‘empresarialização’ da atividade agrícola despontava como motivo de orgulho
e vaidade e todos exaltam os altos índices de crescimento do setor, apesar de a
responsabilidade sobre os possíveis ‘gargalos’ existentes ainda recair nos desacertos da
política governamental.
Também em nome de um novo padrão produtivo e da necessidade de potencializá-lo,
argumenta-se que o governo deveria, antes, concentrar-se na obtenção de recursos para a
ampliação da “logística” – considerada condição essencial da expansão do setor. Haveria
uma fronteira agrícola a ser expandida, que depende da ampliação de uma rede estratégica
de estradas e obras de infra-estrutura, mas que permanece a mesma devido à incapacidade
do governo de alocar os recursos necessários.
A nova linguagem de classe, – como veremos mais adiante, nova sobretudo porque
recoloca o tema da produtividade e da rentabilidade sob outros termos e significados –
centra todo o seu poder de fogo na denúncia de que a reforma agrária, preconizada pelo
governo, coloca em risco o patamar produtivo então alcançado pela “classe
empresarial”, sendo, portanto, irrealizável.
Como garantia da rentabilidade, a desqualificação dos trabalhadores rurais. Não é mais
a imagem do preguiçoso ou do “jeca-tatu” que está em questão, e, sim, a do incapaz de
apreender e usar os novos recursos tecnológicos, produto da modernização da
agricultura, que o momento da acumulação exige de todos.
Destacam-se também, a defesa do mercado como uma das condições para a construção
de uma nova institucionalidade e da redefinição de posições hegemônicas intra-elites; a
necessidade de uma visão “sistêmica” do desenvolvimento, o imperativo da qualificação
empresarial, Para os representantes dos agronegócio o liberalismo é uma demanda
histórica da classe empresarial brasileira”, contudo, segundo eles, os anos de
autoritarismo teriam sufocado qualquer possibilidade de “florescimento” da prática
liberal. Entretanto, ainda prevalece como elemento norteador da prática patronal a visão
de um Estado tutelar, protetor e provedor, assim como a cultura do favor, as relações
oficiosas e a revalorização de velhos recursos de patronagem. Aos olhos dos
5

representantes do agronegócio, a defesa da primazia do mercado ou o Estado dependerá,


fundamentalmente, do que melhor convier aos seus propósitos e do que melhor se
ajustar aos seus objetivos (BRUNO,2002).
Há, ainda, uma preocupação efetiva com a implementação de novas formas de gestão,
consideradas necessárias a uma maior eficácia da atividade agrícola. Para os
representantes do agronegócio, a presença de empresas multinacionais no campo
contribuiu significativamente para a mudança de mentalidade da classe. Segundo um
dos empresários entrevistados, nenhum setor ficou imune a esse processo de
internacionalização da agricultura e todos passaram “não mais a atuar como um
sacerdócio, mas como um negócio”.
Ao lado da construção de uma nova linguagem de classe, novos expedientes de ação
política são criados, por exemplo, o marketing, a formação de uma assessoria de experts
em comunicação e propaganda e a utilização da imprensa como palco constante e
privilegiado de produção de símbolos de classes.
A constituição de uma nova matriz discursiva é indissociável da consolidação de novos
espaços de representação. No curso das transformações da sociedade e do Estado
ocorridas nas últimas décadas, os setores agronegócio e o grande capital do campo
adquiriram grande importância, expandiram a sua área de influência e construíram
novas oportunidades de poder. Não obstante as divergências e diferenças existentes, que
não são poucas, e a concorrência que travam entre si, de um modo geral eles procuram
estabelecer novas formas de negociação com o poder público e buscam uma nova
racionalidade capaz de “civilizar as condutas”.
No interior desse processo, em especial nos anos 70, as associações por produto e
multiproduto se transformaram em fonte e expressão de poder, com capacidade para
orientar o conjunto dos empresários agroindustriais a determinados modelos de
comportamento e difusão de uma linguagem comum. Em meio a diversidade de suas
experiências e de suas trajetórias, buscaram a ampliação dos espaços de representação e
a construção de uma nova identidade. É nesse contexto que o agronegócio surge como
expressão de uma atividade produtiva moderna e como sinônimo de competência,
competitividade, rentabilidade e êxito.
Em certa medida, as transformações que se seguiram ao processo de modernização da
agricultura e a política centralizadora dos governos militares solaparam as estruturas
legais sindicais de representação patronal rural e esvaziaram os tradicionais espaços
institucionais de pressão dos grandes proprietários de terra. No plano corporativista,
6

juntamente com a formação e consolidação dos complexos agroindustriais novas


lideranças emergiram e novos espaços de representação e pressão foram criados; com
ênfase para as associações por produto e multiproduto que gradativamente se
transformaram, ao longo dos anos, em canais de pressão junto ao Estado na defesa de
seus interesses setoriais mais imediatos (Gomes,1986 )
A ABAG4 despontou como uma das principais expressões da constituição de novas
espaços de representação e de uma nova retórica de legitimidade patronal. Criada em
maio de 1993 numa conjuntura que anunciava a possibilidade de uma revisão
institucional ela irrompe no cenário político nacional como mais um novo canal de
expressão política das elites empresariais rurais e agroindustriais no Brasil e
reivindicando para si uma ‘missão’ e uma ‘visão’: “conscientizar os segmentos
decisivos da nação para a importância do agribusiness brasileiro e constituir-se como a
instituição representativa dos interesses comuns aos agentes das cadeias
agroeconômicas, de modo que possam expressar-se de maneira harmônica e coesa nas
questões que lhes são comuns” (ABAG,1993:18). Ao mesmo tempo se propunha a
elevar a agricultura ao nível estratégico, contribuir para a reconstrução de um novo
pacto político do conjunto do empresariado em torno da definição e novas alternativas
de desenvolvimento e formalizar um espaço próprio do agribusines brasileiro.
A existência da ABAG contribuiu para redefinir os espaços da representação patronal.
Ao trazer para o campo político a noção de agribusiness e ao procurar agregar e
representar um imenso leque de atividades direta ou indiretamente vinculadas à
agricultura5, ela rompe com a idéia de uma agricultura como setor isolado do conjunto
da sociedade, ao mesmo tempo em que amplia a representação patronal para além dos
interesses agrários (BRUNO, 1997:30)6.
Três aspectos marcaram a entidade desde a sua criação: a preocupação com a produção
de bens simbólicos com vista ao fortalecimento político; a busca incessante pela
formalização de um espaço próprio de representação para o Agribusiness brasileiro

4
Sobre a ABAG ver (MORUZZI,1996, BRUNO, 1997 e SEVERINO,2003).
5
Por agribusiness “todos os agentes que direta ou indiretamente encontram-se envolvidos com a
atividade agrícola e agroindustrial. Fazem parte do agronegócio as indústrias a montante e a juzante, os
produtores rurais, os armazenadores, transportadores, distribuidores agentes que coordenam ou afetam o
fluxo dos produtos (entre os quais o governo), bolsas de mercadorias e de futuro, bolsas de cereais, os
institutos de pesquisa e de geração de tecnologia, etc.
6
Sobre crise de representatividade política e disputa pela liderança ver a recente análise de
MENDONÇA,2004. Ver também (BRUNO, 1988 e 2002), o importante estudo de (GOMES,1986), um
dos precursores da reflexão sobre a questão da representação patronal no campo e o trabalho de
(ZYBERSZTAJN,1998).
7

(fóruns, comissões, colóquios, debates, presença na OMC, etc.) e, a tentativa de


construção de uma de desenvolvimento proposta nacional. Na visão de seus
representantes, o agronegócio, dada a sua importância econômica e política, encontra-se
perfeitamente legitimado para contribuir na solução dos grandes desafios nacionais. No
início dos anos 90, eram considerados desafios, o desenvolvimento sustentado, a
integração à economia internacional, melhoria na distribuição de renda e eliminação dos
bolsões de miséria e a preservação o meio ambiente (BRUNO,1997:37).
No plano político, os seus representantes, em especial Roberto Rodrigues, então
presidente da Organização das Cooperativas do Brasil OCB, também defendiam que o
agronegócio, encontrava-se plenamente legitimado como parceiro na reconstrução de
um novo pacto político do conjunto do empresariado brasileiro.
É possível distinguir dois principais momentos, do processo de constituição da entidade.
Um primeiro, que compreende o período de seu surgimento até meados dos anos 90,
caracterizado pela preocupação com a ampliação da representatividade, o fortalecimento
político e a inserção do agronegócio nos espaços e debates nacionais. Nesse período o
discurso da ABAG volta-se basicamente para a defesa da segurança alimentar como
“única saída para os problemas nacionais”. E um segundo momento, que começa na
segunda metade dos anos 90, caracterizado pela preocupação com a competitividade
face a um processo de globalização cada vez mais acelerado e
complexo(BRUNO,1994:37 ). Em comum aos dois momentos a defesa do agronegócio
como única alternativa para o Brasil e a ‘opção pelo enfoque sistêmico’.
A visão sistêmica tinha como fundamento a idéia de totalidade, complementariedade,
circularidade e interação entre os vários atores, instituições, elementos e processos que
compõem o agribusiness. Com a ABAG o sistêmico migra do espaço técnico e
acadêmico para o campo da política e do simbólico. A abordagem sistêmica é
considerada, pela entidade, como a expressão da modernidade e se contrapunha à visão
tradicional e segmentada da sociedade e da agricultura. Segundo suas lideranças,
“somente a visão sistêmica permitiria o desenvolvimento harmônico e sustentado do
país” 7
Somente o sistêmico, permitiria desenvolvimento harmônico, contribuindo dentre outros
aspectos, para (a) o fim das desigualdades sociais, (b) a integração e o desenvolvimento
sustentado, (c) uma melhor distribuição de renda, (d) a eliminação dos bolsões de
8

miséria e (e) a construção de um novo pacto político alternativo desenvolvimento. Mas,


para que o desenvolvimento sistêmico ocorresse, seria necessário, em primeiro lugar,
elevar a agricultura a nível estratégico o que significava uma maior competitividade e o
patenteamento genético.
Estava se constituindo juntamente com a criação da ABAG, uma retórica que procurava
produzir novos símbolos e novas identidades políticas e visava homogeneizar, sob um
mesmo código – o do agribusiness e o sistêmico – todos os agentes, ações, instituições,
interesses e processos. E para isso, é fundamental que todos (elites empresariais e
grupos dominantes) se unam e que joguem as mesmas regras do jogo. O encadeamento
“de tudo e de todos” é condição sine qua non para o êxito do agronegócio, diziam.
Sempre houve, por parte da entidade uma preocupação em formalizar dois campos
diferenciados de atores e de atividades – o empresarial e o familiar – que funcionariam
como um divisores de águas. Sob essa perspectiva teríamos, de um lado, uma
agricultura empresarial e competitiva, que poderia ser identificada como um pequeno,
médio ou grande empresário. O tamanho não importa, o fundamental é o padrão
produtivo. E de outro lado, a agricultura familiar, de baixa renda, dedicada à
subsistência. Como vemos, o padrão empresarial está vetado a esse agricultor familiar.
A proposta da ABAG é a de “segurar esta massa despreparada, pobre, e educá-la” –
única saída, o grande processo civilizatório possível. Entretanto, a curto prazo só
restaria ao Estado subsidiar, “com comida” esse o agricultor familiar.
A agricultura empresarial, segundo a entidade, é um sub-produto da “tecnificação” e
expressaria uma estrutura típica capitalismo intensivo. E por último, há, o investidor
patrimonial “É o vilão dessa peça”, diz Roberto Rodrigues. “São os especuladores não
estão na cadeia produtiva.
A partir de meados dos anos 90 há uma revitalização do discurso sobre o agronegócio
como o “setor mais dinâmico e de maior peso na economia brasileira”. É quando a
noção de competitividade transforma-se em “coragem de assumir riscos e capacidade de
inovação como condição para o sucesso”. Corresponde também ao período de maior
enaltecimento das virtudes do livre comércio e do livre mercado. Nesse momento, a
lógica discursiva da entidade passa a ressaltar a idéia de inexorabilidade dos processos
sociais – o retrato de uma sociedade despojada de outras alternativas históricas. A
inexorabilidade de um determinado processo de desenvolvimento da sociedade único e

7
Abag “Finalmente o agribusiness brasileiro tem sua representação” Abag. (Encarte distribuído no
9

linear: a inexorabilidade da globalização, da força do agronegócios e a inevitabilidade


da transgenia.
Daí, a necessidade urgente de se adotar uma nova estratégia política e econômica,
declara uma de suas lideranças. E quanto mais rápido for a estratégia adotada pelas
empresas, mais rápido ela sairá deste estágio de sobrevivência para o de
crescimento.Dentre as principais estratégias apontadas para enfrentar a globalização,
estariam, a diminuição dos custos, o aumento da produtividade, a capacidade para
incorporar novas tecnologias e produtos diferenciados e a diminuição da margem de
lucro. “Ter uma diminuição da margem de lucro é coisa que até pouco tempo atrás não
se falava e não se incorporava com tanta veemência”, afirma um dos principais
representantes do agronegócio.
E mais uma vez se opera uma dissociação entre o grande negócio e os pequenos Do
ponto de vista dos empresários do agronegócio, os “Sem Terra” e os agricultores
familiares, incapazes de acesso aos novos recursos tecnológicos, inevitavelmente “são
os estão de fora”, desse processo. A desqualificação dos agricultores familiares vem
compensada com o velho discurso dos benefícios sociais. Contudo, tanto os sem-terra
como os agricultores familiares são categorias sociais produtoras de uma identidade
política que recusam a condição de outsiders e que na prática buscam questionar as
estruturas fundamentais das regras da acumulação da riqueza e poder.
Concebido pela ABAG como o “maior negócio do país”, o agronegócio “responde por
um terço do PIB, 42% das exportações, mais de 60% do fluxo de caixa interno, 40% dos
empregos e 70% do consumo das famílias”, já anunciava reiteradamente as lideranças
patronais em 1993 no momento da criação entidade (ABAG,1993). Naquele momento,
comenta um de seus porta-vozes, “não tínhamos muita visibilidade e lutávamos pelo
reconhecimento”. Predominava uma cultura “essencialmente urbana que não conseguia
perceber o investimento tecnológico contido nas atividades produtivas do agribusiness,
nem identificar as distâncias tecnológicas existentes entre o ovo da gândola do
supermercado e uma caneta” (BRUNO,1997:36). Entretanto, hoje, encontra-se
plenamente reconhecido, sobretudo pelo governo e por seus pares, como o avalista do
futuro: “nenhuma nação teve um crescimento tão expressivo na agropecuária quanto o
Brasil nos últimos anos. Em 2003, gerou superávit comercial de US$ 25,8 bilhões”, são

momento da criação da entidade no Congresso Nacional em 1993.


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as palavras do Ministério da Agricultura diz a matéria da Carta Capital (SAFATLE e


PARDINI, 2004:42)
Importante considerar que recente o boom agrícola e o reconhecimento do agronegócio
significam também uma vitória política da ABAG, de há muito preocupada com a
construção de uma nova retórica de legitimidade e com a ampliação dos espaços de
renovação da representação patronal.
Perpassa na fala de seus porta-vozes, a idéia de um agronegócio sinônimo de
‘eficácia’, de ‘êxito’ e ‘lucratividade assegurada’. Agronegócio como “a expressão de
uma mentalidade própria do mundo em que o capital, o lucro, a firma, a empresa e o
empresário são atores e agentes”, argumenta um dos entrevistados. “É business! É
business!” repete ao meu lado o seu assessor como se naquele exato momento estivesse
descobrindo o segredo da acumulação, do lucro e da racionalidade capitalista.
Agronegócio, palavra-força também retrataria, para os seus porta-vozes, as profundas
transformações na agricultura nas últimas décadas, período no qual o setor primário
finalmente deixou de ser “um mero provedor de alimentos in-natura e consumidor de
seus produtos” (Contini,2000:2) para tornar-se uma atividade integrada às demais e
economicamente poderosa, além de haver contribuído ‘para importantes modificações
na estrutura de representação dos interesses agrários patronais’ (Ortega,1995)
E por fim, coroando esse processo de constituição de uma nova retórica de legitimidade
patronal e de consolidação do agronegócio, vemos a defesa da “agroecologia” e da
produção plantas transgênicas como condição ‘estratégica’ para garantia da
rentabilidade e solução dos problemas que afligem a sociedade brasileira.
Entretanto, convém ressaltar, à medida que as diferenças e a desigualdade de
oportunidade entre grandes empresas capitalistas e trabalhadores assentados e
agricultores familiares se alargam, produzem-se novas polarizações e se instituem novos
campos de tensão entre grupos e classes sociais no campo, seus mediadores e
lideranças. À medida em que o agronegócio cada vez mais se consolida e desponta
como principal referência de competitividade e como “solução para os problemas do
país” as divergências entre empresários e trabalhadores e pequenos agricultores se
explicitam com mais clareza. E nesse cenário a questão dos transgênicos assume um
peso inusitado, transforma-se em divisor de águas do debate e campo por onde também
florescem as polêmicas e os enfrentamentos possíveis.
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Transgênicos, embates de classe?


O debate político sobre a incorporação do modelo tecnológico dos transgênicos à
agricultura brasileira “é definidor e condicionante” de disputas bem mais profundas com
respeito às possibilidades futuras de ‘desenvolvimento econômico’ e de viabilização de
um projeto nacional soberano para o país, bem o afirma Camila Moreno em um
instigante texto sobre os organismos geneticamente modificados, intitulado Marx visita
a Monsanto (Moreno,2004:01).
Um debate que se transformou em um amplo e complexo campo de disputa política e
ideológica, permeado por inúmeras significações que se cruzam e se reconstroem
continuamente. E que encobre e desnuda nossos impasses e potenciais. Em torno dos
transgênicos se enfrentam e se aliam movimentos, grupos, pessoas e classes sociais
expressando concepções diferenciadas sobre os processos sociais. Se somam e se
dividem leituras distintas sobre processo históricos.

Transgenia, competitividade e mesa farta


De um modo geral, as argumentações das lideranças patronais do agronegócio a favor
dos transgênicos giram em torno de algumas questões centrais: (1) produção de
transgênicos como expressão da competitividade, rentabilidade e garantia de alimentos;
(2) a lógica da inevitabilidade do progresso e pelo avanço científico; (3) o argumento da
desinformação sobre os males e perigos para o homem e o meio ambiente dos
trangênicos, e finalmente (4) a afirmação do direito e liberdade de opção do consumidor
de fazer uso ou não dos transgênicos.
Segundo Roberto Rodrigues, “a planta transgênica é um componente estratégico para o
futuro da agricultura brasileira. Sem os transgênicos, diz, o agronegócio estaria fadado a
perder sua competitividade. E arremata: “caso o país não abra rapidamente a
possibilidade de plantar sementes transgênicas, ficaremos para trás nesse segmento
tecnológico e corremos o risco de perder mercados por questões ligadas a custos de
produção e preços finais dos produtos”8.

Haveria uma relação direta entre transgênicos, maior competitividade do agronegócio e


segurança alimentar – um setor da economia responsável por um expressivo saldo
comercial positivo e pela criação de empregos e considerado por empresários e políticos
como “a única saída da sociedade brasileira”.

8
Rodrigues, Roberto. Competitividade Abalada. www.abag.
12

Ele prega a produção de alimentos, fibras e biomassa a custos cada vez menores, com
produtos mais ricos e nutritivos, como uma necessidade absolutamente imperiosa, mas
pouco adianta sobre o assunto. Em contrapartida é quem mais imputa ao mercado o
poder de decisão e de definição na produção e consumo de plantas transgênicas: “o
mercado precisa sinalizar com clareza o que deseja, diz, “há uma corrente de
consumidores, especialmente da Europa, que ainda insiste em não aceitar produtos
transgênicos. No entanto, não há sinais claros de que esses consumidores constituam um
mercado capaz de pagar um diferencial de preço pelo não transgênico que compense seu
maior custo de produção. Se isso não ocorrer, o mercado mesmo definirá a ampliação
das culturas de transgênicas no Brasil, ainda que a lei não o permita.
Entretanto, considera péssimo “porque a ilegalidade não interessa a ninguém”, mas não
se pode revogar a lei da oferta e da procura, argumenta. E declara fundamental uma
clara definição do mercado quanto a seus interesses por um ou outro tipo de produto,
diferenciando os preços, pois, sob tal definição “os agricultores brasileiros poderão
decidir o que plantarão” diz.
Sobre os agricultores familiares, declara não conseguir entender o argumento de que a
biotecnologia comprometa a agricultura familiar ou os pequenos agricultores (pois), na
verdade, esses produtores já estão fortemente afetados pela falta de escala que inibe sua
rentabilidade, e, mais que isso, pela falta de uma política de renda mínima.
Um segundo argumento patronal a favor dos transgênicos assenta-se na lógica da
inevitabilidade e irreversibilidade das mudanças em curso. Para os representantes do
agronegócio, a tendência do mundo hoje seria a de aderir aos transgênicos e não há
como o Brasil não seguir este caminho. Sob essa perspectiva, haveria “uma
impossibilidade de inversão do quadro pois os alimentos transgênicos já estariam, há
pelo menos sete anos, presentes nas mesas brasileiras”. É o que afirma recorrentemente
Carlos Sporeto vice-presidente da CNA9.
A lógica da inevitabilidade procura a todo custo impor a impossibilidade de construção
de outras alternativas. A transgenia é uma fatalidade, dizem. Fatalidade que se apresenta
como auto-justificadora para escolhas que são essencialmente opções políticas. Fabio
Comparato já havia comentado a respeito da força da retórica da fatalidade presente nos
argumentos as elites empresariais brasileiras em defesa do liberalismo. Diz ele, “é como
se fosse uma força da natureza a qual nós somos impotentes. Eles dizem que não se trata

9
Folha Online, 11.03.03 Encontro esquenta debate sobre produtos transgênicos (Cíntia Cardoso)
13

de saber se o liberalismo é justo ou injusto, ele é simplesmente indispensável, como se


fosse uma mudança climática, como se fosse um terremoto (Comparato, 2001:4).
Juntamente com o argumento da fatalidade, o discurso empresarial a favor dos
transgênicos lança mão do suposto de que posicionar-se contra significa um atraso face
a ciência e o avanço tecnológico. Os transgênicos representariam o progresso.
Simbolizaria uma nova base científica e tecnológica. Significaria a produção de novos
saberes, expressão de um novo perfil e padrão de desenvolvimento e a “redenção de
uma humanidade”, enfim, reconciliada consigo mesma porque conseguiu vislumbrar
uma saída para a sobrevivência humana.
Uma nova modalidade de expressar, apreender e representar um conjunto de fenômenos
e processos sociais, mas assentada na idéia, não tão nova assim, de que os recursos
tecnológicos são constitutivos do progresso e a inovação técnico-científica é a condição
de mudança. Suas lideranças pregam a necessidade de um “espírito aberto” capaz de
aceitar as inovações, as alternativas e as oportunidades tecnológicas oferecidas pelo
agronegócio. Inovações no campo da genética, alternativa na área da biotecnologia e a
oportunidade de constituição de uma rede negociações e de novas parcerias.
Os transgênicos trouxeram para cena política um intenso e complexo debate sobre o
papel da ciência, do saber e sua relação com o progresso e os destinos da humanidade.
Debate, em grande medida inacessível aos trabalhadores rurais sem terra, agricultores
familiares e suas lideranças de base. Trata-se, fundamentalmente, de um enfrentamento
entre10 elites, experts e grupos e instituições.

No Brasil, declaram seus porta-vozes, o desenvolvimento da Nação não mais depende


de vantagens naturais, mas de pesquisa, tecnologia e capacidade de gestão. Fatores
considerados decisivos para competição no mercado mundial. A transgenia,
argumentam, contribuiu para elevar a produtividade, reduziu os preços dos alimentos e
teve “efeitos positivos sobre o bem-estar da população mais pobre”. Portanto, “um
Brasil sem transgênicos” resultaria um país sem competitividade. É perigoso assumir o
risco de perder competitividade em uma área vital para a economia do país.

Um sistema de produção que recorre à semente transgênica é superior porque portador


de melhores práticas, dizem. Haveria ainda um imenso potencial do uso de variedades
transgênicas no controle de pragas, na solução de problemas de segurança alimentar

10
Dentro dessa perspectiva o Programa PENSA (USP) apresenta-se como um dos mais expressivos
intelectuais orgânicos do agronegócio no Brasil.
14

(sobretudo junto às populações mais pobres) mas que está sendo secundarizado pela
politização, o desconhecimento e polarização entre interesses multinacionais versus
interesses da nação, impedindo, assim, a percepção das alternativas tecnológicas e do
agronegócio, argumentam.

Ao mesmo tempo estaríamos lidando com novos dinamismos típicos de uma economia
globalizada e cada vez mais competitiva que está a exigir uma profunda e radical
mudança da base tecnológica, infinitamente superior ao padrão anterior, argumentam.
Os transgênicos fazem parte dessa estratégia, anunciam em uníssonos seus porta-vozes.
Uma retórica que amiúde também expressa o orgulho (e a arrogância) de quem, enfim,
após ‘tantos percalços e preconceitos’, está se constituindo como uma categoria social
portadora de um novo e moderno ethos empresarial, espelho e imagem de um mundo
cada vez mais globalizado e competitivo.

Em meio a discussão sobre transgênicos e competitividade desponta a preocupação


com a questão da ética. Não a ética concebida prática social do conjunto da sociedade,
mas a “ética nos negócios”, diria, da manutenção do poder e do lucro. Como criar valor
para as empresas a partir de valores éticos em defesa de uma “estrutura produtiva
ambiental e socialmente amigável?” se perguntam. Uma ética que se restringe tão
somente às relações internas entre acionistas, empresários e concorrentes, etc. Situa-se
no plano das elites. Limitando-se à proteção das regras de concorrência e à garantia
cumprimento de normas e de adoção de regras estabelecidas. Ética concebida como
instituição de “novos padrões de governança corporativos” 11.
Em outras ocasiões, o discurso das lideranças patronais assemelha-se à fala de quem
estariam imbuído na defesa de uma ciência que avança célere sobre domínios
inexplorados, guiados pela genética – setor de ponta da ciência e a apologética de novos
saberes e “em busca do bem social maior”. Entretanto, na alegoria do novo,
reencontramos uma razão preocupada quase que exclusivamente na garantia do lucro
Reencontramos, o tão (des)conhecido desejo de lucro a qualquer curso e a qualquer
preço. Uma categoria social que revalida constantemente os seus princípios. E sob essa
perspectiva, tanto poderia ser a ecologia caso ela garantisse uma maior rentabilidade,
competitividade e lucro, como poderia ser os velhos padrões tecnológicos. A bola da
vez da modernização são os grandes pecuaristas – hisotircamente considerados como

11
Zylbersztajn, Décio e Machado Filho, Cláudio Antonio Pinheiro “Realidade e sonho no agronegócio
mundial” Revista Valor, julho, 2002.
15

expressão do atraso e do arcaico. Aquilo que a pressão modernizadora do Estado não


conseguiu durante anos, décadas e mesmo séculos, o mercado conseguiu. E eles
despontam como comentaria Maria de Nazareth Baudel Wanderley, apropriando-se de
um discurso moderno ecológico e naturalista o: nós não temos a “vaca-louca”,
apregoam.Comprem nossa carne.
Um terceiro argumento presente na fala dos empresários do agronegócio –
profundamente desqualificador porque proferido do alto do saber – afirma que não
existiria uma informação segura sobre os males que poderiam causar à saúde, o
consumo de alimentos geneticamente modificados. Portanto, “posicionar-se contra os
transgênicos esconde uma desinformação”. Além disso, dizem, existiria a boa e a má
informação.
Juntamente com o argumento da desinformação e do desconhecimento, os seus
porta-vozes reivindicam um debate cientifico e não apenas político e ideológico, como
diria, Iwoo Myiamoto da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja). Na
verdade eles são contra o político concebido como organização da ação coletiva, e são à
favor do científico entendido como inevitabilidade e ausência de outras alternativas.
Além disso, a defesa do “principio da precaução” e as posições em favor “segurança
biológica” (biosecurity) são consideradas ideológicas, portanto, sem legitimidade.
Como também é considerado ideológico a crítica ao patenteamento e à esterilização de
sementes a fim de garantir a propriedade intelectual.
E, por fim, como último argumento, a defesa da liberdade e direito do consumidor de
optar, se assim o quiser, pelo consumo de alimentos transgênicos. Enquanto o campo
patronal remete-se prioritariamente ao direito de opção do ‘consumidor’, as lideranças
dos trabalhadores sem terra reivindicam o direito da ‘pessoa’ de ser informada sobre os
possíveis males dos alimentos transgênicos.
Existem vários argumentos em comum aos dois grupos campos em disputa que
refundam concepções diferenciadas. Em comum aos trabalhadores e empresários a
constatação de que existe uma profunda desinformação, mas, em nome da
desinformação condena-se ou defende-se a transgenia. Em comum o respeito ao ser
humano, legitimador quer da produção de transgênicos garantidor de uma mesa farta,
quer da proteção garantidora da vida. Do mesmo modo, em nome do direito e da
liberdade da pessoa, critica-se ou apóia-se a transgenia. Em comum, a defesa do bem
comum, diferenciado, a concepção de bem comum.
16

Também faz parte do embate, as enquetes e as pesquisas realizadas seja junto aos
produtores, seja junto à população que despontam como legitimadoras de posições. Por
exemplo, para Carlos Sporeto vice-presidente da CNA, a entidade realizou uma
“enquete e 70% dos produtores são favoráveis à transgenia”.
O lobby das entidades patronais privadas, encontram o seu complemento no apoio
institucional de representantes do atual governo. De há muito um ministro de Estado
não se declarava tão abertamente favorável aos propósitos e interesses de sua classe
como o fez recentemente Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura. Preocupado com
possíveis problemas para a safra de soja, convocou publicamente, durante cerimônia de
encerramento do 3º Congresso Brasileiro de Agribusiness, em São Paulo, os
empresários do setor de agronegócios a formarem um lobby para acelerar a votação do
projeto de lei de biossegurança 12.
O mundo moderno funciona em cima do que a opinião pública e o lobby é essencial
para as coisas funcionarem. É preciso fazer lobby sobre o Parlamento, (pois) sem a
aprovação dessa lei, o plantio de soja transgênica no país será considerado ilegal. Se não
houver lei, vai haver um vazio legal impedindo o plantio de soja, declarou Rodrigues
durante a solenidade. Ao que, Carlo Lovatelli, atual presidente da ABAG, informou que
o setor já estaria se mobilizando para aprovar um substitutivo ao projeto de
biossegurança em tramitação: “Já estamos fazendo lobby há bastante tempo!” E
arrematou: “São Pedro é o único que não empurra o prato com a barriga, não espera. A
partir de setembro, tem de colocar a semente na terra. Se não houver aparato legal e
alguma ferramenta jurídica, nós não vamos poder plantar soja transgênica a partir de
setembro”13, disse.
E recentemente, João Paulo Rodrigues da coordenação nacional do MST, aproveitou
reunião lançamento oficial do Plano Safra de 2004 para demandar mais recursos, cobrar
uma maior agilidade na reforma agrária e declarar-se preocupado com uma possível
liberação do plantio e da comercialização de transgênicos no governo Lula14.

12
Folha Online, 25.06.04 “ Rodrigues pede lobby para garantir próxima safra de soja transgênica”
(Fabiana Futema)
13
Folha Online, 25.06.04 “Rodrigues pede lobby para garantir próxima safra de soja transgênica”
(Fabiana Futema)
14
Folha Online 29.06.2004. “Cobrado, Lula diz que MST deve reivindicar” (Eduardo Scolese).
17

Soberania e liberdade: “por um Brasil sem transgênico”15

A questão dos transgênicos desponta, para o MST, em meio à reflexão sobre a questão
ambiental e a crítica à matriz tecnológica produtivista e economicista – responsável pela
exclusão social. Uma das preocupações é a necessidade de implementação, junto aos
assentamentos rurais, de uma nova matriz tecnológica e produtiva e a “preservação
socio-ambiental” da sociedade brasileira. Pelo resgate da produção orgânica em
oposição à produção convencional e pela instituição de novas e mais adequadas linhas
tecnológicas, reivindicam.
Segundo as suas lideranças, a luta do Movimento é fundamentalmente uma luta pela
preservação da natureza e da vida – “uma vida com dignidade”, afirmam. E a crítica aos
transgênicos é parte de uma luta política maior: “pela terra e a reforma agrária”; pela
garantia de acesso a “habitação, infraestrutura, créditos, assistência técnica, condições
de comercialização da produção, educação, saúde”; por “um novo modelo de
desenvolvimento” e também pela “transformação da sociedade”16.
A questão dos transgênicos também expressaria uma forma de dominação e de poder,
em especial das indústrias transnacionais e das grandes corporações. Significaria uma
visão estreita que aprofunda as desigualdades sociais.
Em resposta à defesa dos transgênicos como “solução para o problema da fome”,
apregoada pelas entidades empresariais, o argumento de que a fome, não é uma questão
de falta de alimentos e sim um problema relacionado á pobreza e ao não acesso à
recursos produtivos. Em resposta ao argumento sobre o aumento da produtividade,
vemos a idéia denúncia de que os transgênicos aumentam, sim, o faturamento das
multinacionais e impõe risco de contaminação geral a todos os cultivos e destruição da
biodiversidade, expressa uma desigualdade social. Contra o monopólio do comercio de
sementes por empresas transnacionais, a defesa das sementes como patrimônio dos
povos a serviço da comunidade: pela reprodução e acesso democrático ao uso das
sementes, reivindicam.
“Por um Brasil sem transgênicos”, significa, basicamente a demanda em favor da
soberania alimentar, valorização do ser humano, preservação e proteção da Natureza
como princípio e um projeto mais amplo de desenvolvimento”.

15
www.mst.; www.viacampesina;
18

Adversários e aliados
Conformando o campo de conflito polarizado em torno dos transgênicos, várias
entidades da sociedade civil, instituições públicas e experts se alinham aos trabalhadores
e empresários, muitos vezes, orientando o debate e potencializador das pressões e das
disputas. Orientando o debate, relatórios são elaborados, referendos são escritos e
comunidades científicas internacionais são interpeladas. Dentre os adversários e aliados
destacam-se, no patronal o Projeto PENSA de Agronegócio da Universidade de São
Paulo (USP) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. Do lado
dos trabalhadores rurais, Sem Terra e agricultores familiares, a Via Campesina e a
Conferencia Nacional dos Bispo do Brasil CNBB.
Investido do poder que lhe outorga uma instituição pública especializada na geração de
tecnologia, para o diretor executivo da Embrapa o emprego da biotecnologia para novos
produtos e processos “é de fundamental importância estratégica” e a competitividade do
agronegócio brasileiro estará diretamente vinculada à sua capacidade de incorporar
tecnologias avançadas ao processo de produção, como por exemplo as plantas
trangênicas, diz.
Segundo ele, a transgenia poderá ajudar na redução das perdas de alimentos devido aos
ataques de insetos e fungos; na economia dos custos dos pesticidas, na conservação do
meio ambiente e poderá gerar grandes impactos para tornar a vida no planeta mais
agradável, em particular, argumenta, em um cenário reconhecidamente de escassez de
alimentos devido o aumento da população e da demanda mundial, aumento da renda dos
país asiáticos e possibilidade de retirada dos subsídios dos países desenvolvidos.
(PERES,2001:1)
Encerrando a sua análise ele classifica a revolução biotecnológica em quatro grandes
etapas inexoráveis. Uma primeira, de 1995, caracterizada pela introdução de plantas
tolerantes a herbicidas e ataques de insetos. A segunda onda, a etapa que vivemos, cujo
traço é a produção de cultivares de soja com menos gordura saturada e maiores teores
de proteína. As terceira e quarta etapa, contemplará sobretudo os produtos
farmacêuticos e as plantas-vacinas.
Peres ainda reivindica, na condição de porta-voz da Embrapa, a necessidade de
segurança alimentar e ambiental, a lei de biossegurança e a rotulagem, ou seja, o direito
ao consumidor de acesso à informação sobre a origem dos produtos.

16
Tona, Nilciney. “ O MST e a questão ambiental” www.mst
19

Experts, pesquisadores e acadêmicos também se confrontam e se entrelaçam às posições


e aos argumentos existentes. Por exemplo, em nome da ciência, Xico Graziano, critica
duramente os que são contra os transgênicos: “Ser contra a transgenia significa estar a
favor do atraso cientifico”, diz ele. E arremata: “ninguém pode se sã consciência, ser
contra a ciência, nem a favor do atraso da humanidade. Nesse sentido, a polêmica
existente na sociedade está mal focada. Questionável não é a ciência, mas sim seus
produtos tecnológicos e, principalmente, o uso de tecnologias desenvolvidas (...) A
favor da ciência sempre. Esse é o único caminho a seguir” (GRAZIANO, 2000 apud
MORENO,2004:2). Seus adversários rebatem tal raciocínio denunciando a relação
existente entre conhecimento e poder, indissociável de interesses econômicos e de
relações de dominação – uma ciência e uma tecnologia a serviço da acumulação
capitalista.

Considerações finais
Vivemos uma conjuntura nacional favorável aos transgênicos, sobretudo porque, no
Brasil, a transgenia encontra-se indissociávelmente ligada à idéia de uma
‘empresarialização’ da atividade agrícola e à valorização do poder econômico e
tecnológico do agronegócio – motivo de orgulho, vaidade e de exaltação, devido aos
altos índices de crescimento do setor, à sua garantia de geração de divisas para o
pagamento da dívida.
Os porta-vozes do agronegócio se autopercebem e são reconhecidos socialmente como
modernos e competitivos. A sua identidade social é construída a partir da combinação
de competitividade, autoridade, riqueza e influência: somos “os empresários
agroindustriais dotados do saber e do capital”, afirmam. Eles fundam o seu poder no
fato de se apresentarem como os principais responsáveis por colocar o país em posição
de destaque, dizem, e pelo superávit das exportações nos últimos anos.
E o atual governo reverencia a produtividade do setor e a sua capacidade de criar
divisas, enquanto omite-se com relação ao imenso custo social que tal padrão de
produção, produtividade e rentabilidade acarreta. Diz Delgado: “Em nome deste mítico
(o agronegócio), a propaganda oficial dedica maciças mensagens de associação do
agronegócio com a alta tecnologia, o desenvolvimento, e, porque não dizer, na
linguagem popular, a salvação da lavoura(...) No governo atual, em nome do
agronegócio e por muitas vias, continua-se a gerar providências e surpresas. Adota-se a
excepcionalidade à produção de transgênicos; bloqueou-se a legislação da biosegurança;
20

paralisou-se a reforma agrária; e adiou-se a solução para a terra indígena diz Delgado
(2004:1)
O agronegócio, se de um lado, viabilizou uma acumulação sem precedentes e contribuiu
para a formação de uma nova retórica de classe, de outro, é herdeiro e tributário de todo
um processo histórico ligado à violência, ao mando, à baixa contratualidade das relações
de trabalho e à especificidade da aliança entre capital e propriedade da terra –
sustentáculo de nossa estrutura social e política e elemento central da polarização e dos
conflitos daí decorrentes (Martins, 1994 ).
Seus impasses e perfil retratam bloqueios históricos e impasses estruturais que se
atualizam juntamente com as transformações da sociedade. Só assim poderemos
entender, por exemplo, a fala de Roberto Rodrigues, ministro da agricultura do governo
Lula e reconhecidamente o principal porta-voz do agronegócio no Brasil que, diante da
revitalização das ocupações de terra e do alto de sua tribuna ministerial declarou: quem
tem e não defende o que é seu não merece ter, numa clara alusão ao reconhecimento da
violência patronal como prática de classe?
Guilherme Delgado mais uma vez tem razão ao afirmar que o modelo do agronegócio “
reforça a estrutura de dominação das elites (e) mistura a modernidade técnica com o
atraso das relações sociais” (in Salfatle e Pardini:2004,42). E arremata:
“Macroeconomia à parte, o velho tripé – pata de boi, esteira do trator, rifle do jagunço –
que pavimentaram a modernização conservadora do período militar poderá ser
relançado nu e cru se, à sociedade se impuserem todos os ônus e à elite todos os bônus
deste estranho negócio do agro”.(DELGADO, 2004:1)
Segundo ele, “a realidade do agronegócio brasileiro é, na verdade, uma grande
contradição, porque realiza a associação do grande capital agroindustrial e financeiro
com a grande propriedade fundiária, perseguindo um projeto de expansão agrícola e
territorial (lucro + renda da terra) de caráter fortemente excludente: dos índios, da
reforma agrária, do emprego da força de trabalho não qualificada, do meio ambiente
protegido, da função social da modernidade técnica a propriedade fundiária, etc.”
(DELGADO,2004:2).
Martins, ao discorrer sobre o ‘poder do atraso’, já havia afirmado a mesmo suposto,
segundo ele, diferentemente do modelo clássico, não houve, no Brasil, uma contradição
entre capital e renda fundiária, ao contrário, uma das peculiaridades da sociedade
brasileira é a aliança entre a renda da terra e o capital. Nosso processo histórico ‘casou
em uma figura única’ o grande proprietário de terras e o empresário, a renda e o lucro.
21

‘Terra’ e ‘transgênicos’ expressariam novos e velhos modos de disputa política e


ideológica e a imposição de novas e velhas relações de subalternidade e de
conflituosidade e de novos e velhos pressupostos.
Em certo sentido, o processo de ‘empresarialização’ da economia agrícola, a
agroindustrialização, a expansão do grande capital no campo, a consolidação dos
complexos agroindustriais, as transformações da sociedade e a instituição do
agronegócios não se fizeram acompanhar por transformações estruturais nem por
grandes mudanças no perfil social humano do empresário brasileiro, apesar do empenho
na “modernização das condutas”. Juntamente com a instituição de novas práticas,
permanecem arraigados determinados habitus de classe, continuamente renovados.
De uma outra perspectiva podemos dizer que a matriz empresarial do agronegócio
incorpora e conforma o passado patrimonial, corporativista e clientelista encontra-se
interiorizada e se objetiva nos embates sociais (BRUNO,2003:15). O agronegócio
brasileiro mistura a modernidade técnica com o atraso das relações sociais e o seu
modelo reforça a estrutura de dominação das elites, diz Delgado à Carta Capital
(Safatle e Pardini,2004:42).
Transgênicos, embates de classe. Ou seja, envolve mediações, contradições, conflitos e
transformações.

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