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TUBER

CULO
SE
Ementa

Promoção e prevenção,
vigilância epidemiológica,
diagnóstico, tratamento,
seguimento clínico e
reabilitação da tuberculose e
suas diferentes formas clínicas.
Caso clínico
• JPS, 26 anos, queixa-se de tosse produtiva há 1 mês
associada a febre, cansaço e dispneia progressiva.
• Hoje faltou ao trabalho para procurar a unidade em
demanda espontânea.
• Tabagista e usuário de álcool.
• Nega doenças respiratórias prévias.
• Mora com os pais e os irmãos de 6 e 12 anos.
Caso Clínico
• Ao exame:

• BEG, emagrecido, afebril, descorado 1+, anictérico.


• FC 88 bpm. FR 24 ipm. T 37,6°C. IMC 17Kg/m2. PA 100 x 70
mmHg,
• Ausculta pulmonar: murmúrios vesiculares presentes,
roncos bifásicos difusos, estertores crepitantes em ápice
direito. Sem sinais de desconforto respiratório.
Discussão

Questões:

1- Quais os prováveis diagnósticos?

2- Qual a conduta imediata?


Tempo...

5 minutinhos, por favor...


Nesta aula vamos discutir:

1. Breve introdução
2. Epidemiologia da Tuberculose
• A Tuberculose (TB) no Brasil e no mundo hoje
3. Quando suspeitar de TB
4. Como investigar um caso suspeito
5. Como acolher e iniciar o tratamento
6. Como tratar
7. O papel da Atenção Básica:
• TDO (Tratamento Diretamente Observado)
• Busca ativa de contactantes
• Seguimento clínico
Introdução
• A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta
prioritariamente os pulmões, embora possa acometer também ossos,
rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).

• No Brasil, a doença é um sério problema da saúde pública, com


profundas raízes sociais.

• A doença é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou


bacilo de Koch (BK). Outras espécies também podem causar a
tuberculose. São elas: Mycobacterium bovis, africanum e microti.
Introdução

• A cada ano, são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e


ocorrem cerca de 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose.

• O surgimento da AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose


resistente aos medicamentos agravam ainda mais esse cenário.

• O principal reservatório da tuberculose é o ser humano. Outros


possíveis reservatórios são gado bovino, primatas, aves e outros
mamíferos.
Epidemiologia da tuberculose

• Atualmente, a TB é considerada pela OMS como um problema


de saúde pública mundial, tendo sido a causa de 50% de todas
as mortes durante o século XIX e início do século XX.

• Na América Latina, a incidência de TB é de 268 mil casos por


ano, e, destes, 67% estão na América do Sul.

• No Brasil, entre os anos de 2001 e 2014, foi confirmado mais de


um milhão de novos casos; desses casos, cerca de 70 mil
evoluíram a óbito.
Epidemiologia da tuberculose

• De acordo com a nova classificação da OMS 2016-2020, o Brasil


ocupa a 20ª posição na lista dos trinta países prioritários para TB
e a 19ª posição na lista dos trinta países prioritários para TB-HIV.

• No Brasil, a TB é a quarta causa de morte por doenças


infecciosas e a primeira causa de morte dentre as doenças
infecciosas definidas dos pacientes com AIDS, tendo causado, em
2016, 4,5 mil mortes.
Incidência e mortalidade da tuberculose, 2001-
2017

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2018


Cura e retratamento da tuberculose, 2001-
2017

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2018


Mortalidade da tuberculose, 2016

FONTE: OMS, 2018


Populações vulneráveis

Populações mais vulneráveis Risco de adoecimento por Carga entre os casos novos
tuberculose

Indígenas 3x maior 1,1%

Privados de liberdade 28x maior 9,5%

Pessoas que vivem com HIV/aids 28x maior 10,5%

Pessoas em situação de rua 56x maior* 2,5%

Fonte: SES/MS/SINAN, IBGE - 2015


Como a tuberculose é transmitida?

• A tuberculose é uma doença de transmissão aérea – ocorre a partir da


inalação de aerossóis. Ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as
pessoas com tuberculose ativa lançam no ar partículas em forma de
aerossóis que contêm bacilos.

• Calcula-se que, durante um ano, numa comunidade, um indivíduo que


tenha baciloscopia positiva pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.

• Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e outros objetos


dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não desempenham
papel importante na transmissão da doença.
Como a tuberculose é transmitida?

• A transmissão da tuberculose é plena enquanto o indivíduo estiver


eliminando bacilos. Com o início do esquema terapêutico adequado, a
transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias
de tratamento chega a níveis insignificantes.

• No entanto, o ideal é que as medidas de controle de infecção sejam


implantadas até que haja a negativação da baciloscopia. Crianças com
tuberculose pulmonar geralmente são negativas à baciloscopia.
Quais são os sintomas da tuberculose?

• O principal sintoma da tuberculose é a tosse (seca ou produtiva). Por


isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório, com tosse por 3
semanas ou mais seja investigado.

• Outros sinais e sintomas: perda de apetite; febre vespertina; sudorese


noturna; emagrecimento; cansaço ou fadiga.

• A forma extrapulmonar ocorre mais comumente em pessoas que vivem


com o HIV/aids, especialmente entre aquelas com comprometimento
imunológico.
Quais são os sintomas da tuberculose?
Quais são as complicações da tuberculose?

• A tuberculose, se não tratada corretamente, pode apresentar


complicações, manifestando-se em formas graves. Nessas
situações, os seguintes sinais e sintomas podem ser observados:

• dispneia;
• hemoptise;
• atelectasia;
• empiema pulmonar;
• dor torácica.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

• Para o diagnóstico da tuberculose são utilizados os seguintes


exames:

• baciloscopia;
• teste rápido molecular para tuberculose;
• cultura para micobactéria;
• investigação complementar por exames de imagem.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

1) Pesquisa de BAAR em escarro (Baciloscopia)

• Para diagnóstico: 2 amostras


• Suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar
• Métodos: baciloscopia direta; métodos moleculares
• Suspeita clínica de TB extrapulmonar: exame em materiais
biológicos diversos
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

2) Teste Rápido Molecular para Tuberculose

• Utiliza a técnica de biologia molecular PCR


em tempo real;
• Detecta a presença do bacilo causador da doença em duas horas
e identifica se há resistência ao antibiótico rifampicina., um dos
principais medicamentos usados no tratamento.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

3) Cultura para Micobactéria

• Suspeita clínica e/ou radiológica de TB


com baciloscopia repetidamente negativa;
• Populações vulneráveis e imunodeprimidos;
• Suspeitos de TB com dificuldades de obtenção da amostra;
• Suspeitos de TB extrapulmonar;
• Casos suspeitos de infecções causadas por micobactérias não
tuberculosas.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

4) Investigação complementar por exames de imagem

• Deve ser solicitada para todo o paciente com suspeita clínica


de TB pulmonar
• Na investigação de contactantes sintomáticos
• Até 15% dos casos de TB pulmonar não apresentam
alterações radiológicas
Como é feito o diagnóstico da tuberculose?

• Cavitação pulmonar;
• Condensação pulmonar;
• Opacidade pulmonar;
• Infiltrado pulmonar difuso
(padrão miliar);
• Padrão misto.
Tratamento da tuberculose
Tratamento da tuberculose
Para a escolha terapêutica, consideramos:

• Caso novo ou virgem de tratamento: pessoa que nunca se


submeteram ao tratamento anti-TB, ou o fizeram por até 30 dias;

• Abandono: pessoa que deixou de tomar a medicação por mais de 30


dias consecutivos;

• Retratamento ou com tratamento anterior: pessoa já tratada para TB


por mais de 30 dias, que venha a necessitar de novo tratamento por
recidiva após cura ou retorno após abandono.
Quadro de referência no tratamento

Fonte: Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, 2011.
Esquema básico de tratamento

Rifampicina (R)
Fase
Isoniazida (H) ou (I)
intensiva
Pirazinamida (Z) ou (P)
2 meses
Etambutol (E)
ESQUEMA
BÁSICO
6 meses
Fase
Manutenção Rifampicina (R)
4 meses Isoniazida (H) ou (I)

FONTE: OMS, 2018


Esquema básico de tratamento

FONTE: OMS, 2018


Esquema básico de tratamento

FONTE: OMS, 2018


Efeitos adversos do tratamento

Fonte: Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, 2011.
Efeitos adversos do tratamento

Fonte: Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, 2011.
Efeitos adversos do tratamento

Fonte: Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, 2011.
Tratamento da Infecção Latente de Tuberculose (ILTB)

• Isoniazida

• Duração mínima de 6 meses


• Redução de 60 a 90% do risco de adoecimento
• Indicações:
– Crianças (<10 anos) contatos de pacientes bacilíferos : PPD > ou = 5mm se
não vacinadas, ou, vacinadas há mais de 2 anos ou imunossuprimidas / PT >
ou = 10 mm em vacinadas há menos de 2 anos
– Em adultos e adolescentes (> 10 anos): a indicação de tratamento deve ser
avaliado em cada caso, pelo risco de hepatogenicidade.
– Indicado tratamento conforme o FLUXOGRAMA.
Seguimento clínico

Avaliação da função hepática

- TGO
- TGP
- FOSFATASE ALCALINA
- GAMA GT

Teste rápido HIV

E outras investigações conforme avaliação clínica.


Seguimento clínico

Avaliação da função hepática

- TGO
- TGP
- FOSFATASE ALCALINA
- GAMA GT

Teste rápido HIV

E outras investigações conforme avaliação clínica.


Seguimento clínico

Tratamento Diretamente
Observado (TDO):

• Estratégia nacional de supervisão de


tratamento

• Supervisão diária da administração dos medicamentos, ou no


mínimo 3 observações semanais

• O papel do Agente Comunitário de Saúde é fundamental.


VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
PESQUISA DE CONTACTANTES

• A BUSCA ATIVA de todos os contactantes é de


responsabilidade da equipe de Atenção
Básica!

• Prevenção do adoecimento
• Diagnóstico precoce de casos de doença ativa
• Interrupção da cadeia de transmissão
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

• IMPORTANTE:

• Doença de notificação compulsória;


• Não há necessidade de ambientes especiais nas UBS para atendimento de
TB;
• Pacientes em tratamento com boa evolução clinica e acompanhamento
adequados já não contaminam após 2 ou 3 semanas de tratamento;
• Avaliar sempre as condições laborais e a necessidade de Atestado Médico
de afastamento durante este período;
• Orientações gerais quanto à ventilação de ambientes e o cuidado em
aglomerações são fundamentais.
HANSE
NÍASE
Ementa

Promoção e prevenção, vigilância


epidemiológica, diagnóstico,
tratamento, seguimento clínico e
reabilitação da hanseníase e suas
diferentes formas clínicas.
Caso Clínico

• Paciente Fernanda da Luz, 54 anos, veio à consulta a pedido da sua


Agente Comunitária de Saúde (ACS) Joana. Apresenta uma mancha
na pele há 3 anos, em região lombar. Já realizados inúmeros
tratamentos tópicos e orais, para micoses e dermatites, sem
melhora. Queixa-se de câimbras nas mãos, o que prejudica seu
trabalho. Nega outras comorbidades.

• Trabalha como costureira. Mora com seus 3 filhos (6, 12 e 18 anos)


e com o marido de 52 anos.
Caso Clínico
• Questões:

1- Por que a ACS teve a preocupação em solicitar uma consulta a


essa paciente?
2- O que mais você perguntaria?
3- O que deve ser priorizado no exame físico?
Caso Clínico
• EXAME FÍSICO:

• Pele: 3 lesões hipocrômicas, em placas (dorso/lombar: 10x3cm; cotovelo


direito: 5x7cm; coxa esquerda: 6x8cm) e uma mancha hiperemiada em
nádega esquerda (2x2cm). Todas com diminuição de sensibilidade
(hipoestesia) ao teste com monofilamento. Sem infiltrações ou nódulos.
Sem descamação. Sem bordas nítidas. Sem escoriações.

• Questões:

4- Quais os diagnósticos mais prováveis?


5- O que mais investigar no exame físico?
Caso Clínico
• EXAME FÍSICO (continuação):

• Neurológico: não há sinais de neurite (espessamento neural). Força muscular


preservada. Sensibilidade mantida em mãos, pés e olhos.
• Olhos: movimento palpebral sem alterações.
• Mucosas: nasal e oral sem alterações.

• Questões:

6- Como organizar o Plano Terapêutico?


Nesta aula vamos discutir:

1. Breve introdução
2. Epidemiologia da Hanseníase
3. A Hanseníase no Brasil hoje
4. Quando suspeitar de Hanseníase
5. Como investigar um caso suspeito
6. Como acolher e iniciar o tratamento
7. Como tratar
8. O papel da Atenção Básica:
• Poli quimioterapia
• Busca ativa de contactantes
• Seguimento clínico
Introdução
• A hanseníase, conhecida antigamente como Lepra, é uma doença
crônica, transmissível, de ocorrência mundial. É de notificação
compulsória e investigação obrigatória em todo território brasileiro.

• Possui como agente etiológico o Micobacterium leprae, bacilo que tem a


capacidade de infectar grande número de indivíduos, e atinge
principalmente a pele e os nervos periféricos, com capacidade de
ocasionar lesões neurais, conferindo à doença um alto poder
incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às
pessoas acometidas pela doença.
Introdução

• A infecção por hanseníase pode acometer pessoas de ambos os sexos e


de qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de
exposição à bactéria, sendo que apenas uma pequena parcela da
população infectada realmente adoece.

• O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram


casos novos. Em razão da elevada carga, a doença permanece como um
importante problema de saúde pública no País.
Introdução
• A hanseníase é transmitida pelas vias áreas superiores (tosse ou espirro), por
meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente sem
tratamento.

• A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, tempo em que os


sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, é em média de
2 a 7 anos. Há referências com períodos mais curtos, de 7 meses, como
também mais longos, de 10 anos.
Hanseníase: ATENÇÃO
Epidemiologia
• A Hanseníase está fortemente relacionada às condições econômicas, sociais
e ambientais desfavoráveis. Com registro de casos novos em todas as
unidades federadas, exibe distribuição heterogênea no país, com elevadas
concentrações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, importantes
áreas de transmissão da doença.

• Sua alta endemicidade compromete a interrupção da cadeia de transmissão.


Além disso, soma-se a estes fatores a dificuldade de acesso à rede de
serviços de saúde pelas populações mais vulneráveis, tornando-se
imprescindível a incorporação de ações estratégicas que visam garantir o
atendimento integral as pessoas acometidas pela doença.
Hanseníase
Coeficiente de Prevalência de Hanseníase por município (Brasil – 2012)

• Cerca de 30 mil casos


de hanseníase em
tratamento em Dez/12

• Coeficiente de
prevalência de
1,5/10.000 habitantes
(em 1988, era de 18).

• Taxas são mais


elevadas em municípios
localizados na
Amazônia e algumas
regiões metropolitanas.
DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA!
Taxa de detecção da hanseníase, 2001-2017

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2018


Taxa de cura e contatos da hanseníase, 2001-
2017

FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, 2018


Hanseníase: Quando suspeitar?
• SINAIS E SINTOMAS CLÁSSICOS:

• Surgimento de áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas),


acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade ao calor e/ou
dolorosa, e/ou ao tato;
• Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para
dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber;
• Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas;
• Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas
sobrancelhas (madarose);
• Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local.
Hanseníase: Quando suspeitar?
• SINAIS E SINTOMAS SECUNDÁRIOS:

• Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos;

• Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados,


principalmente nos olhos, mãos e pés;

• Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos,
principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras;

• Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e


ressecamento da pele;
Hanseníase: Quando suspeitar?
• SINAIS E SINTOMAS SECUNDÁRIOS:

• Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito;

• Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos


cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais
posteriores);

• Entupimento, feridas e ressecamento do nariz;

• Ressecamento e sensação de areia nos olhos.


Hanseníase: Classificação
• É baseada no número de Paucibacilar (PB) – Hanseníase
lesões cutâneas: Tuberculóide ou Indeterminada (doença
localizada em uma região anatômica
• PAUCIBACILAR (PB) - casos e/ou um tronco nervoso
com até cinco lesões de comprometido).
pele
• MULTIBACILAR (MB) - Multibacilar (MB) – Hanseníase Dimorfa
casos com mais de cinco ou Virchowiana (doença disseminada em
lesões de pele várias regiões anatômicas e/ou mais de
um tronco nervoso comprometido).
Fonte: Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2016.
Hanseníase: Classificação

• A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico): é o exame complementar


para a classificação dos casos
• O resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase.
• A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do
número de lesões.
• Quando diagnosticada lesão neural, o paciente já será diagnosticado como
MULTIBACILAR (MB).
Hanseníase: Classificação

MULTIBACILAR (MB)

• Mais de 5 lesões de pele


• Baciloscopia positiva
• Lesão neural (espessamento ou alteração de força muscular)

Baciloscopia de pele nem sempre é disponível.


Nestes casos, o diagnóstico será clínico (número de lesões).
Hanseníase: Classificação
FORMAS CLÍNICAS DA
HANSENÍASE

• Forma Indeterminada
• Forma Tuberculóide
• Forma Dimorfa (mista)
• Forma Virchowiana
Hanseníase: Como investigar?

• O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente


clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral
e dermatoneurólogico para identificar lesões ou áreas de
pele com alteração de sensibilidade e/ou
comprometimento de nervos periféricos, com alterações
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
Hanseníase: Como investigar?
O diagnóstico é essencialmente clínico!!!

• Testar sensibilidade térmica: com tubo de água quente e fria


ou éter. (Primeira a ser alterada)

• Testar sensibilidade tátil: com chumaço de algodão.

• Testar sensibilidade à dor: com cabeça de alfinete


Teste de sensibilidade
térmica
Teste de sensibilidade tátil
Teste de sensibilidade à dor
Avaliação física
específica
• Avaliar a função neural e o grau de incapacidade física:

• no momento do diagnóstico
• na alta por cura
• no monitoramento de doentes que já tenham alguma incapacidade
física - 15 (quinze), 45 (quarenta e cinco), 90 (noventa) e 180 (cento e
oitenta) dias.

• Avaliar perda de sensibilidade protetora e deformidade visível.


Hanseníase: Avaliação neurológica simplificada

SERVE PARA:

• Monitorar o resultado do
tratamento de neurites

• Contribuir na decisão de conduta

• Identificar incapacidades físicas


Função neural

Os principais troncos nervosos periféricos acometidos na


hanseníase são:

• Face – Trigêmeo e Facial: podem causar alterações na


face, nos olhos e no nariz
• Braços – Radial, Ulnar e Mediano: podem causar
alterações nos braços e nas mãos
• Pernas – Fibular e Tibial: podem causar alterações nas
pernas e nos pés.
Função neural

A avaliação neurológica inclui:

• História
• Ocupação e Atividades Diárias
• Queixas do paciente
• Inspeção
• Palpação dos Nervos
• Teste de Força Muscular
• Teste de Sensibilidade.
Avaliação da função neural
PASSO A PASSO:

1. Comece o exame clínico pelos nervos da face observando a simetria dos movimentos
palpebrais e de sobrancelhas (nervo facial).
2. Em seguida, veja se há espessamento visível ou palpável dos nervos do pescoço
(auricular), do punho (ramo dorsal dos nervos radial e ulnar), e dos pés (fibular superficial
e sural).
3. Depois, palpe os nervos do cotovelo (ulnar), do joelho (fibular comum) e do tornozelo
(tibial).
4. Observe se eles estão visíveis, assimétricos, endurecidos, dolorosos ou com sensação de
choque.
5. Caso você identifique qualquer alteração nos nervos, confirme a anormalidade com o
teste da sensibilidade no território inervado.
6. Se não houver perda de sensibilidade, mas persistir a dúvida, encaminhe o paciente para
a referência e faça o acompanhamento do caso.
7. Não troque o exame clínico pela baciloscopia ou biópsia.
Grau de incapacidade física

• Avaliação do grau de incapacidade física:


teste da sensibilidade dos olhos, mãos e pés.

• Avaliar mão e pés com monofilamentos ou estesiomêtro.


• Avaliar olhos com fio dental (sem sabor).
Avaliação dos membros superiores

Mão em garra móvel: Mão em garra rígida:


- Atrofia de interósseos - Atrofia do 1° interósseo
- Úlceras tróficas
Inspeção e avaliação
sensitiva
Avaliação da força
Graduação da força nos membros
superiores
Avaliação dos membros inferiores
A investigação epidemiológica de contatos consiste em:

• Anamnese dirigida aos sinais e sintomas da hanseníase.

• Exame dermatoneurólogico de todos os contatos dos casos novos, independente


da classificação operacional.

• Vacinação BCG para os contatos sem presença de sinais e sintomas de hanseníase


no momento da avaliação, não importando se são contatos de casos PB ou MB.

• OBS.: Todo contato de hanseníase deve ser informado que a vacina BCG não é específica para
hanseníase.

Fonte: Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2016.
Hanseníase: Vigilância de contatos

• CONTATO INTRADOMICILIAR:
- Toda e qualquer pessoa que resida ou tenha
residido com o doente de hanseníase nos
últimos 5 (cinco) anos.
Contatantes

• Contatos familiares recentes ou antigos de pacientes MB e PB devem


ser examinados, independente do tempo de convívio.

• Sugere-se avaliar anualmente, durante cinco anos, todos os contatos


não doentes, quer sejam familiares ou sociais. Após esse período os
contatos devem ser liberados da vigilância, devendo, entretanto,
serem esclarecidos quanto à possibilidade de aparecimento, no
futuro, de sinais e sintomas sugestivos da hanseníase.

Fonte: Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2016.
Vacina BCG-ID

• BCG-ID deve ser aplicada nos contatos examinados sem presença de


sinais e sintomas de hanseníase no momento da investigação.
• A aplicação da vacina BCG depende da história vacinal e/ou da
presença de cicatriz vacinal
Avaliação dos membros inferiores - PÉS

Pé caído Mal perfurante Artelhos em garra


plantar
Avaliação do nariz
Avaliação dos olhos
• Sensibilidade da córnea (nervo trigêmeo)
Resposta: piscar
Hanseníase: Diagnósticos diferenciais

• Pitiríase versicolor/ alba/ • Linfomas


rósea
• Leishmaniose
• Hipocromias residuais
• Neurofibromatose
• Vitiligo
• Neuropatia diabética
• Esclerodermia em placa
• Farmacodermia
• Sífilis
Definição de caso
• Considera-se caso de hanseníase a pessoa que apresenta um ou mais dos
seguintes sinais cardinais, necessitando tratamento com Poliquimioterapia (PQT):

a) lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração da sensibilidade térmica


e/ou dolorosa e/ou tátil; ou
b) espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou
motoras e/ou autonômicas; ou
c) presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço
intradérmico ou na biopsia de pele.

Fonte: Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2016.
Tratamento da forma paucibacilar: esquema de 6
meses
Adulto Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (02 cápsulas de 300mg)
com administração supervisionada.

Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e dose diária


de 100mg autoadministrada.

Criança Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (01 cápsula de 150mg e


01 cápsula de 300mg) com administração supervisionada.

Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e dose diária de


50mg autoadministrada.

Duração: 06 doses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada.
Critério de alta: o tratamento estará concluído com seis (06) doses
supervisionadas em até 09 meses. Na 6ª dose, os pacientes deverão ser submetidos
ao exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e do grau de
incapacidade física e receber alta por cura.
Tratamento da forma paucibacilar: esquema de 6
meses
ESQUEMA PADRÃO PAUCIBACILAR (PB)

 Dose supervisionada:
• 2X 300 mg de rifampicina
• 100 mg de dapsona
 Dose auto-administrada:
• 100 mg de dapsona
 TRATAMENTO COMPLETO:
• 6 cartelas (6 meses)
• Doses supervisionadas:
28/28 dias ou 4/4 semanas
Tratamento da forma multibacilar: esquema de 12
meses
Adulto Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (02 cápsulas de 300mg)
com administração supervisionada.

Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose


diária de 100mg auto-administrada.

Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (03 cápsulas de 100mg)


com administração supervisionada e uma dose diária de 50mg auto -
administrada.

Criança Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (01 cápsula de 150mg e


01 cápsula de 300mg) com administração supervisionada.

Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e uma dose


diária de 50mg auto-administrada.

Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (03 cápsulas de 50mg) com


administração supervisionada e uma dose de 50mg auto-administrada
em dias alternados.
Tratamento da forma multibacilar: esquema de 12
meses

Duração: 12 doses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose supervisionada.
Critério de alta: o tratamento estará concluído com doze (12) doses
supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes deverão ser
submetidos ao exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e do
grau de incapacidade física e receber alta por cura.
Os pacientes MB que excepcionalmente não apresentarem melhora clínica, com
presença de lesões ativas da doença, no final do tratamento preconizado de 12
doses (cartelas) deverão ser encaminhados para avaliação em serviço de referência
(municipal, regional, estadual ou nacional) para verificar a conduta mais adequada
para o caso.
Tratamento da forma multibacilar: esquema de 12
meses
ESQUEMA PADRÃO MULTIBACILAR (MB)
 Dose supervisionada:
• 2X 300 mg de rifampicina
• 3X 100 mg de clofazimina
• 100 mg de dapsona

 Dose auto-administrada:
• 100 mg de dapsona
• 50 mg de clofazimina

 TRATAMENTO COMPLETO:
• 12 cartelas (12 meses)
• Doses supervisionadas: 28/28 dias ou 4/4 semanas
Reações Hansênicas
• Pode ocorrer até 5 anos
após o tratamento.
• Cuidado para não
reiniciar tratamento
indevidamente.
• Deve ser tratado com
AINE ou Corticóide e
deve encaminhar ao
especialista.
Obrigado (a)!
Nome: WASHINGTON LUIZ ABREU DE JESUS
E-mail: abreu.washington@gmail.com
Tel.:

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