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Instrumentação

Departamento Regional de Rondônia


Medidas Elétricas

Federação das Indústrias do Estado de Rondônia


Presidente do Sistema FIERO/SESI/SENAI/IEL
Euzébio André Guareschi

Diretor Superintendente do SESI/RO


Valdemar Camata Junior

Diretor Regional do SENAI/RO


Vivaldo Matos Filho

Superintendente do Instituto Euvaldo Lodi - IEL/RO


Valdemar Camata Junior

Diretora da Escola Centro de Formação Profissional “Marechal Rondon”


Elsa Ronsoni Mendes Pereira

Março
2007

Centro de Formação Profissional SENAI - RO 1


Instrumentação

Ficha Catalográfica

SENAI. AM. Instrumentos de medidas elétricas. Manaus,


GEEP/CETAS, 2002. 39p. Por. (módulos instrucionais:
Eletrotécnica; 1)

ELETROTÉCNICA; INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS

CDU: 621.3

Fevereiro
2007

Departamento Regional - SENAI / RO 1


Instrumentação

UTILIZAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO.

O SENAI deseja, por meio dos diversos materiais didáticos nivelados em um


contexto nacional, aguçar a sua curiosidade, responder às suas demandas de
informações e construir links entre os diversos conhecimentos e competências, tão
importantes para sua formação profissional.

Além dos esforços e dedicação de todo o grupo do SENAI DR/RO na


confecção de material didático estamos também utilizando as obras divulgadas
no site www.senai.br/recursosdidaticos desenvolvidas por outros Departamentos
Regionais, reservados os direitos patrimoniais e intelectuais de seus autores nos
termos da Lei nº. 9610, de 19/02/1998.

Tal utilização se deve ao fato de que tais obras vêm de encontro as nossas
necessidades, bem como têm a função de enriquecer a qualidade dos recursos
didáticos fornecidos aos nossos alunos como forma de aprimorar seus
conhecimentos e competências.

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Instrumentação

SUMÁRIO
MEDIDAS ELÉTRICAS

INSTRUMENTAÇÃO

1 TIPOS DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO 06


1.1 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel 06
1.1.1 Princípio de Funcionamento 06
1.1.2 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel Voltímetros 07
1.1.3 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel Amperímetro 07
1.1.4 Simbologia dos Instrumentos tipo Ferro Móvel 07
1.2 Instrumento Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel 08
1.2.1 Princípio de Funcionamento 08
1.2.2 Simbologia dos Instrumentos tipo Bobina Móvel 10
1.2.3 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel – Galvanômetro 11
1.2.3.1 Micro-amperímetro Funcionamento 11
1.2.4 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel - Galvanômetros e
Miliamperímetro 11
1.2.5 Utilização 12
1.2.6 Galvanômetros – Amperímetro 12
1.2.7 Galvanômetro – Voltímetro 14
1.2.7.1 Constituição 14
1.2.8 Galvanômetro – Ohmímetro 16
1.2.8.1 Constituição 16
1.2.8.2 Resistor de Amortecimento – Fixo 16
1.2.8.3 Resistor de Amortecimento – Variável 18

2 ESCOLHA DOS INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS 20


2.1 Unidade de Medida 21
2.2 Outros Princípio de Medição 21
2.2.1 Sistema Ressonante 21
2.2.2 Sistema Eletrodinâmico 22
2.3 Posição de Funcionamento 22
2.4 Tipo de Correntes 23
2.5 Tensão de Isolação ou Tensão de Prova 24
2.6 Classe de Precisão 26

3 SENSIBILIDADE NAS MEDIDAS ELÉTRICAS 26


3.1 Sensibilidade em Voltímetro 26
3.2 Sensibilidade em Amperímetro 26

4 MULTITESTE
4.1 Tipos de Multiteste 29
4.2 Multiteste Analógico 29
4.2.1 Divisão de Multiteste Analógico 30
4.2.2 Erro por Efeito de Paralaxe 30
4.3 Como efetuar uma leitura nas Escalas Graduadas 31
4.3.1 Como efetuar uma medidas na Escala Voltimétrica 32
4.3.2 Como efetuar uma medição na Escala Amperimétrica 32

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Instrumentação

4.3.3 Como Efetuar uma medição na Escala Ôhmica 33


4.4 Multiteste Digital 33
4.4.1 Divisão do Multiteste Digital 34
4.5 Volt Amperímetro tipo Alicate 35
4.5.1 Tipos de Alicate Amperímetros 35
4.5.2 Divisão de um Alicate Amperímetro Analógico 35
4.5.3 Leitura em Baixas Correntes 38
4.5.4 Alicate Amperímetro Digital 38
4.5.5 Divisão de um Alicate Amperímetro Digital 39

Exercícios 40
REFERENCIAS 42
Anexos 43

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Instrumentação

INSTRUMENTAÇÃO

INSTRUMENTOS DE MEDIDAS ELÉTRICAS

Para medição análise e verificação de defeitos em circuitos elétricos e


instalações elétricas precisamos conhecer os instrumentos capazes de medir estas
grandezas, para isso vamos estudá-los com maiores detalhes.
Os instrumentos se são identificados por símbolos gravados em seus visores
ou pelas especificações de catálogo dadas pelo fabricante para sua utilização. Por
isso devemos ter ciência destas informações para executarmos uma medida com
segurança e precisão.

1 Tipos de Instrumento de Medição

Os instrumentos "eletromagnéticos e eletrônicos " para medidas elétricas são de três


tipos:

Ferro Móvel Î Quando o movimento do indicador é realizado por uma chapa


de ferro.

Bobina Móvel Î Quando o movimento do indicador é realizado por uma


bobina.

Digital Î Quando a amostra da medição é feita por um conversor


analógico para digital (AD) e esta é mostrada em um display, geralmente de cristal
líquido devido seu baixo consumo de energia elétrica.

1.1 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel

Os instrumentos de medidas eletromagnéticos do tipo ferro móvel têm seu


princípio de funcionamento baseado na repulsão que ocorre entre duas lâminas de
ferro colocadas dentro de uma bobina.

1.1.1 Princípio de Funcionamento

Com a passagem da corrente elétrica pela bobina, as


duas lâminas terão identidade de polarização, isto é, haverá
formação de dois pólos iguais nos seus extremos. Portanto,
as lâminas tenderão a repelir-se arrastando o ponteiro
indicador fixado em uma delas, observe as gravuras 1 e 2.

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Instrumentação

Examine nas figuras abaixo a forma esquemática do instrumento tipo ferro


móvel onde:

A Î representa a bobina magnetizante;


B Î representa a placa de ferro fixa;
C Î representa a placa de ferro móvel
acoplada ao ponteiro.
O conjunto representado na figura ao lado
denomina-se galvanômetro e são representados
simbolicamente por:

O afastamento da placa móvel (C) da placa fixa


(B) será maior ou menor, de acordo com o valor da
corrente que estiver circulando pela bobina.
Os instrumentos de medidas elétricas do tipo
ferro móvel efetuam medidas elétricas tanto em
corrente contínua como em corrente alternada.

1.1.2 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel Voltímetros

Os instrumentos de medidas elétricas do tipo ferro móvel, quando usados como


voltímetro, apresentam os mesmos componentes básicos, variando apenas as
características de sua bobina e a escala, que nesse caso é graduada em volts.
Os voltímetros são conectados em paralelo com a rede ou com o consumidor.
Por isso, sua bobina deve ter uma impedância que suporte toda a tensão entre os
pontos a serem medidos.

Essa absorção deve ocorrer com o menor


consumo de energia possível o suficiente para
magnetizar a bobina. Por essa razão, as
bobinas dos voltímetros tipo ferro móvel são
confeccionadas com muitas espiras de fio fino
para proporcionar uma alta impedância ao
mesmo.

1.1.3 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Ferro Móvel Amperímetro

Esses instrumentos, quando usados como amperímetro, também apresentam


os mesmos componentes básicos e as mesmas variações, ou seja, variam as
características de sua bobina e da escala graduada em ampères. Os amperímetros
são conectados em série com o ponto do circuito cujo valor de corrente se deseja
medir. Por isso toda corrente que estiver sendo medida deve passar pelo
instrumento e, por conseguinte, pela sua bobina.

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Instrumentação

Daí a necessidade de ter a bobina uma estrutura tal que suporte toda essa
corrente com a menor queda de tensão possível. Portanto, para que isso ocorra, as
bobinas dos amperímetros são confeccionados com poucas espiras de fio grosso
para proporcionar a menor impedância possível.

1.1.4 Simbologia dos Instrumentos tipo Ferro Móvel

Para conhecermos este tipo de instrumento antes de o conectarmos a rede


elétrica, criou-se uma simbologia para que o mesmo fosse identificado com
facilidade pelo seu usuário técnico, observe na figura abaixo.

1.2 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel

Os instrumentos eletromagnéticos do tipo bobina móvel têm seu funcionamento


baseado na atração e repulsão que ocorre entre o campo magnético criado por uma
bobina e o campo magnético de um ímã permanente.

1.2.1 Princípio de Funcionamento

Quando colocamos uma bobina no centro do campo magnético de um ímã


permanente e fazemos circular por ela uma corrente elétrica, surge nesta um campo
magnético norte e sul. Este por sua vez, faz a bobina deslocar-se no seu eixo para a
esquerda ou para a direita atraída ou repelida pelos pólos do ímã permanente.
Observe na próxima figura.

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Instrumentação

Esses instrumentos são compostos basicamente de:


A – ímã permanente em forma circular
B – bobina móvel com núcleo de ferro fundido
C – ponteiro
D – eixo, que interliga o ponteiro e a bobina móvel.
E – escala graduada.

Com a corrente no sentido indicado, os pólos terão formação idêntica aos


ilustrados. Note que, nesse caso, a bobina tenderá a movimentar-se para a direita.
Com o seu pólo norte sendo atraído pelo pólo sul do ímã permanente. Observe na
figura abaixo.

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Instrumentação

Quando a corrente estiver no sentido contrário, os pólos terão formação


também inversa. Nessa situação a bobina tenderá a movimentar-se para a
esquerda. Este deslocamento da bobina para a esquerda ou para a direita será
maior ou menor, de acordo com o valor da corrente que estiver percorrendo a
mesma.
As bobinas dos instrumentos de medidas elétricas do tipo bobina móvel
funcionam somente em corrente contínua. Então, quando aplicada corrente contínua
na bobina, no sentido indicado ao lado, haverá a formação dos pólos N e S. Em
seguida, esses pólos serão atraídos pelos pólos S e N do ímã permanente. Por sua
vez, o ponteiro se deslocará para a esquerda da escala graduada.
Se o sentido da corrente for invertido, a formação dos pólos na bobina também será
invertida. Nesse caso o ponteiro se deslocará para a direita da escala graduada.

Em resumo, neste tipo de instrumento acima há:

¾ Pólos invariáveis formados pelo ímã permanente.


¾ Pólos variáveis formados pela bobina, de acordo com o sentido da corrente.
Os instrumentos de medidas elétricas do tipo bobina móvel são encontrados
normalmente como galvanômetro microamperímetro ou galvanômetro
miliamperímetro.

1.2.2 Simbologia dos instrumentos tipo Bobina Móvel

Os galvanômetros tipo bobina móvel são representados simbolicamente pela


pela figura abaixo.

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1.2.3 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel – Galvanômetro


Microamperímetro

Como galvanômetros microamperímetros, esses instrumentos são utilizados


para medir correntes na ordem de microampères que estiverem numa faixa entre
0,000001A (1 μ A ou 1 microampère) e 0,000999A (999 μ A ou 999 microampères).

1.2.3.1 Funcionamento

Observe que o instrumento de medidas elétricas do tipo bobina móvel, quando


usado como galvanômetro microamperímetro é ligado em série com a fonte ou o
consumidor, observando-se a polaridade e apresenta os mesmos componentes
básicos. Variam apenas as características da bobina e da escala, que nesse caso é
graduada em microampères.
Recorde que pela bobina do galvanômetro microamperímetro devem circular
somente correntes muito baixas na ordem de microampères. Por essa razão, sua
bobina é constituída de fio muito fino.

1.2.4 Instrumentos Eletromagnéticos do tipo Bobina Móvel – Galvanômetros


Miliamperímetro.

São utilizados para medir correntes na ordem de miliampères que estiverem


numa faixa entre 0,001A (1mA ou 1 miliampère) e 0,999A (999 mA ou 999
miliampères).
Note que os galvanômetros miliamperímetros são praticamente iguais aos
galvanômetros microamperímetros quanto aos seus componentes básicos. Porém,
como nos instrumentos anteriores, o que os diferencia são exatamente as
características da bobina e a escala graduada. No caso, graduada em miliampères.

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Instrumentação

A bobina do galvanômetro miliamperímetro também deve ser constituída de fio fino,


embora não tão fino quanto o do galvanômetro microamperímetro. O instrumento só indica o
valor da corrente conectando-se as pontas positiva e negativa da linha aos respectivos
bornes positivo e negativo do instrumento.

1.2.5 Utilização

Os galvanômetros também podem ser utilizados para medição de outras grandezas


elétricas, como por exemplo:

¾ Correntes;
¾ Resistências
¾ Tensões elétricas.
¾ Freqüências;
¾ Rotações;
¾ Capacidade etc.

1.2.6 Galvanômetros – Amperímetro

Este é conectado a rede elétrica em série com a fonte


ou com o consumidor para medição de corrente elétrica em
ampères. Sua escala é graduada em ampères e apresenta o
ponto zero à esquerda. Por essa razão, ao medir a corrente
contínua com amperímetro tipo bobina móvel, é necessário
observar, ao aplicar a corrente, o sentido de polarização do
instrumento onde as pontas positiva e negativa da linha
devem ser conectadas aos respectivos bornes positivo e
negativo do instrumento.
Para realizar esse tipo de medição, os galvanômetros
podem ser transformados conforme medição desejada. A
seguir, observe os itens que constituem o amperímetro.
A - Gavanômetro;
B - Resistor "shunt" conectado em paralelo com a
bobina do galvanômetro;
C - Escala graduada;
D - Borne de conexão externa.

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¾ O amperímetro é utilizado na medição de


correntes elétricas em ampères;
¾ O amperímetro mede corrente elétricas de valores
maiores que a do galvanômetro.
¾ Logo, para transformar o galvanômetro em
amperímetro é necessário conectar um resistor em
paralelo com a bobina do galvanômetro para que o
mesmo divida a corrente aplicada ao instrumento,
possibilitando manutenção da faixa de miliampères
ou microampères necessários ao deslocamento da
bobina. Esse resistor, que permite ao
galvanômetro medir corrente em ampères, recebe
o nome de resistor “shunt”, que significa resistor
paralelo.

Essa divisão da corrente aplicada tem dois


caminhos distintos: um pelo próprio resistor e outro pela
bobina. Examine a ilustração, que representa o circuito
elétrico do amperímetro tipo bobina móvel. Figura 14.

Dados:

¾ Resistência ôhmica da bobina do galvanômetro


⇒ Rb = 10 Ω ;
¾ Resistência ôhmica do resistor “shunt” ⇒ RS
= 0,204 Ω ;
¾ Corrente medida pelo instrumento ⇒ IM = 5A.

Determinação do valor das correntes Ib e IS, respectivamente na bobina e no


resistor. Portanto, acompanhe os cálculos:

Calculando a resistência equivalente (Re) temos:

Re = Rb . Rs/Rb + Rp ⇒ Re = 10.0,204/10 + 0,204 ⇒ Re = 2,04/10,204 ⇒


Re = 0,2 Ω

Calculando a queda de tensão no circuito (VAB) teremos:

VAB = IM . Re ⇒ VAB = 5 . 0,2 ⇒ VAB = 1V

Calculando a corrente passará pela bobina do galvanômetro (Ib) teremos:


Ib = VAS/Rb ⇒ Ib = 1/10 ⇒ Ib = 0,1A

Finalmente, calculando a corrente que passará pelo resistor “shunt” (Is),

IS = VAB/RS ⇒ IS = 1/0,204 ⇒ IS = 4,9A

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Instrumentação

Veja que quando estiver circulando corrente de 5A na linha, o resistor “shunt”


(RS) derivará para si a maior parte dessa corrente. No caso: 4,9A; e pela bobina do
galvanômetro circulará apenas 0,1A ou 100 mA.

1.2.7 Galvanômetro – Voltímetro

O voltímetro, quando do tipo bobina móvel, também é constituído por um


galvanômetro, que neste caso recebe somente tensões reduzidíssimas. Este
instrumento é utilizados para medição de tensão elétrica em volts.
Logo, para transformar o galvanômetro em voltímetro é necessário conectar
um resistor em série com a bobina do galvanômetro. Este diminui a tensão que entra
no instrumento, fazendo com que a bobina receba apenas tensão suficiente para
provocar circulação de corrente na faixa de miliampères.

1.2.7.1 Constituição

Quando transformados, os voltímetros tipo bobina móvel apresentam os


seguintes componentes básicos:

A – Galvanômetro;
B – resistor de amortecimento, conectado em série com a bobina do
galvanômetro;
C – escala graduada;
D – bornes para conexão externa.

Sua escala é graduada em volts e apresenta o ponto zero à esquerda.


Ao medir tensão CC com voltímetro tipo bobina móvel, é necessário observar,
ao aplicar a tensão, o sentido da polarização do instrumento. Observe ambas as
figuras abaixo.

Vamos ver agora como ocorre a diminuição da tensão provocada pelo resistor
série. Demonstrada na figura 17, ela representa o circuito elétrico do voltímetro tipo
bobina móvel.

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Instrumentação

Dados:

¾ Tensão final da escala do instrumento; ⇒


VM = 120 V
¾ Resistência ôhmica da bobina ⇒
Rb = 10 Ω
¾ Resistência ôhmica do resistor série ⇒
RS = 1190 Ω

Devemos então considerar que o ponteiro desse instrumento estará no seu


desvio máximo (120V) e calcular:

¾ A corrente no circuito;
¾ A queda de tensão na bobina;
¾ A queda de tensão no resistor RS.
A resistência total do circuito em série é igual à soma das resistências parciais.
Logo:

Rt = Rs + Rb ⇒ Rt = 1190 + 10 ⇒ Rt = 1200 Ω

Pela lei de Ohm, calculamos a corrente aplicando a fórmula I = V/R. Assim,


para calcular a corrente total do circuito, temos:

It = VM/Rt ⇒ It = 120/1200 ⇒ It = 0,1 A

No circuito em série a corrente é igual em todos os pontos. Logo,

It = Ib = Is = 0,1A

Î Calculando a queda de tensão no resistor de amortecimento Rs temos:

VR = It . Rs ⇒ VR = 0,1 . 1190 ⇒ VR = 119V

Î Calculando a queda de tensão na bobina Rb temos:

Vb = It . Rb ⇒ Vb = 0,1 . 10 ⇒ Vb = 1V

Observação:

Quando aplicamos 120V no voltímetro, o resistor de amortecimento Rs


proporciona uma queda de tensão de 119V, deixando passar para a bobina apenas
1V com uma corrente de 0,1A impedindo que a bobina do mesmo se queime.

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1.2.8 Galvanômetro – Ohmímetro

Os galvanômetros, além de serem utilizados na medição da corrente elétrica e


da tensão elétrica, também podem ser utilizados para a medição da resistência
ôhmica de materiais condutores. Para essa medição, os galvanômetros devem ser
transformados em ohmímetros.

1.2.8.1 Constituição

Os Ohmímetros apresentam os seguintes componentes


básicos:

A – galvanômetro;
B – resistor fixo de amortecimento;
C – resistor variável com cursor;
D – fonte de alimentação interna;
E – escala graduada;
F – bornes para conexão externa.
Sua escala é graduada em ohms e apresenta:

¾ O ponto zero à esquerda;


¾ O ponto de máxima resistência (resistência ôhmica
infinita) à sua direita;
¾ A posição de repouso do ponteiro (indicando

Para que os galvanômetros sejam transformados em ôhmimetros, é necessário


conectar, em série com a bobina, dois resistores de amortecimento: um fixo e um
variável.

1.2.8.2 Resistor de Amortecimento – Fixo

É aquele que está em série com a fonte e a bobina do


galvanômetro para limitar a corrente em seu valor máximo no
fundo de escala.

Considere as seguintes características, nesse


galvanômetro:

¾ A fonte é de CC, de 3V;


¾ A bobina tem uma resistência ôhmica de 10 Ω ;
¾ Seu ponteiro dá a deflexão máxima com uma
corrente de 0,1A, indo do ponto de repouso (infinito)
até o ponto zero da escala.
3V
¾ valor máximo de corrente que pode passar por esse
galvanômetro é de 0,1 ou 100 mA.

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Instrumentação

Acompanhe:

A fonte tem uma diferença de potencial de 3V; a bobina tem uma resistência
ôhmica de 10 Ω . Se fecharmos o circuito nos bornes A e B da figura sem resistor fixo
em série, a corrente que circulará pela bobina será de:

I = V/R ⇒ I = 3/10 ⇒ I = 0,3 A ou 300 mA.

Note que esse valor da corrente é superior ao valor que o galvanômetro


suporta. Por isso torna-se necessário um resistor de amortecimento fixo que tem a
finalidade de aumentar a resistência ôhmica interna do instrumento.

Calculando o valor da resistência total do circuito teremos:

Rt = Vt/It ⇒ Rt = 3/0,1 ⇒ Rt = 30 Ω

No circuito em série, a resistência total é igual à soma das resistências parciais:


Rt = R1 + R2 + ... + Rn. Temos nesse caso:
Rt = Rb + Rs ⇒ Rs = Rt – Rb ⇒ RS = 30 – 10 ⇒ RS = 20 Ω

Agora quando fechamos os bornes A e B, da figura abaixo circulará pelo


circuito a corrente de:

It = Vt/Rt ⇒ It = 3/30 ⇒ It = 0,1A

A queda de tensão, ocasionada pelo resistor de amortecimento fixo (RS), será


de:

VS = It . RS ⇒ VS = 0,1 . 20 ⇒ VS = 2V.

Observe que passará para a bobina Rb a tensão de 1V suficiente para fazer


circular a corrente de 0,1A. Essa corrente de 0,1A fará o ponteiro dar a sua deflexão
máxima.

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Instrumentação

Ib =Vb/Rb ⇒ Ib = 1/10 ⇒ Ib = 0,1A.

Conclusão:

O resistor de amortecimento fixo deve ter uma resistência ôhmica cujo valor,
somado ao valor da resistência ôhmica da bobina do galvanômetro, resulte num
valor de resistência total capaz de fazer circular corrente movimentado o ponteiro
para o fundo de escala quando os bornes do galvanômetro ohmímetro forem
fechados.

1.2.8.3 Resistor de Amortecimento – Variável

O resistor variável tem como característica possibilitar que o valor de sua


resistência possa ser ajustado caso a bateria interna sofra variação na sua tensão,
para isso basta girar o cursor do potenciômetro.
Na ilustração da figura abaixo, temos representado um circuito em série
formado pela bobina com resistência ôhmica de 10 Ω e pelo resistor fixo com
resistência ôhmica de 20 Ω . Neste a fonte de tensão descarregou para 2,8V o que
ocasionou a circulação da corrente de 0,09A.

It = Vt/Rt ⇒ It = 2,8/30 ⇒ It = 0,09A

Essa ocorrência nos obriga a ajustar o valor da resistência interna do


instrumento, a fim de que a corrente volte a ter o seu valor normal de final de escala,
no caso 0,1 A. Para fazer esse ajuste na resistência ôhmica do instrumento, torna-se
necessário conectar, em série com o circuito, um resistor variável simbolizado por
R3.

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Instrumentação

Agora veja como funciona o ajuste na resistência ôhmica do instrumento. A


figura abaixo ilustra o circuito interno de um ohmímetro cujos componentes
apresentam os seguintes valores:

Î Resistência ôhmica da bobina → Rb = 10 Ω ;


Î Resistência ôhmica do resistor fixo → RS = 15 Ω ;
Î Resistência ôhmica do resistor variável → R3 = 5 Ω ;
Î Corrente máxima na bobina → Ib= 0,1 A;
Î Tensão da fonte → V = 3 V.

Se o cursor estiver colocado no ponto central do resistor variável R3, o valor da


resistência ôhmica será de 5 Ω . Assim, a resistência total Rt do circuito será:

Rt = Rb + RS + R3 ⇒ Rt = 10 + 15 + 5 ⇒ Rt = 30 Ω

Logo, ao fecharmos os bornes A e B teremos circulando pelo circuito a


seguinte corrente:

It = Vt/Rt ⇒ It = 3/30 ⇒ It = 0,1A

Veja que essa corrente é suficiente para levar o ponteiro ao zero da escala
graduada.
Agora, se a fonte passar a fornecer uma tensão de 2,8V, para obtermos a
corrente de 0,1A precisaremos ter um valor de resistência total também menor como
vemos abaixo de:
Para a obtenção desse valor, basta deslocar o cursor do resistor variável R3 para
obteremos 3 Ω .

Rt = Vt/It ⇒ Rt = 2,8/0,1 ⇒ Rt = 28 Ω

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Instrumentação

Rt = R1 + R2 + R3 ⇒ Rt = 10 + 15 + 3 ⇒ Rt = 28 Ω

O resistor de amortecimento variável é representado simbolicamente pela figura


abaixo:

2 Escolha dos Instrumentos de Medidas Elétricas

Para ter segurança no uso dos instrumentos de medidas elétricas, você deverá
escolher aquele que tem as características necessárias para as medições a serem
feitas. Para tanto, observe que os instrumentos se distinguem por símbolos gravados
em seus visores. Por sua vez, esses símbolos caracterizam os instrumentos de
medidas elétricas quanto:
À unidade de medidas - se volts (voltímetros); ampères (amperímetros); watts
(wattímetros) outros;

¾ Ao princípio de funcionamento - se ferro, bobina móvel, eletrodinâmico,


digital e outros;
¾ Ao tipo de corrente - se CC, CA ou ambas;
¾ À posição de funcionamento - se vertical, horizontal, inclinada ou outras;

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Instrumentação

¾ À tensão de isolação - a máxima tensão que o instrumento pode ser


operado com segurança.
¾ A classe de precisão no instrumento, se para uso comum ou de laboratório.
2.1 Unidade de Medida

Quanto a unidade medidas temos os símbolos estampados no mostrador dos


instrumentos de medidas elétricas e na chave seletora de grandezas e escalas.

A - Amperímetro; Hz - Freqüencímetro;
V - Voltímetro; W - Wattímetro;

Ω - Ohmímetro; Cos ϕ

2.2 Outros Princípios de Medição

Os instrumentos de medidas elétricas podem funcionar segundo os principais


seguintes sistemas; sendo o Ressonante e Eletrodinâmico, e que serão expressados
em seguida.

2.2.1 Sistema Ressonante

É o fenômeno pelo qual um corpo qualquer vibra ao ser atingido por ondas
produzidas por outro corpo com a mesma freqüência de vibração, e isto acontece
quando a freqüência emitida coincide com a freqüência de vibração do corpo
receptor. No caso do freqüencímetro, os comprimentos de suas lâminas são
diferenciados para vibrarem com maior intensidade em determinadas freqüências na
presença de um campo magnético variável da rede elétrica. Vejamos nas
respectivas figuras abaixo.

Sistema Ressonante Sistema Eletrodinâmico

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Instrumentação

2.2.2 Sistema Eletrodinâmico

Seu princípio de funcionamento é semelhante ao de bobina móvel, apenas


com a diferença que os pólos fixo e móvel são formados por bobinas. Estes sistema
apresentam duas divisões que são:

Î Eletrodinâmico simples. Figura 25;


Î Eletrodinâmico com bobinas cruzadas. Figura 27 e 28.
Sistema Eletrodinâmico com Bobinas Cruzadas

Observações:

Por apresentar essa versatilidade em seu funcionamento, os instrumentos


eletrodinâmicos simples podem ser usados tanto em corrente contínua como em
corrente alternada.

2.3 Posição de Funcionamento

Os instrumentos de medidas elétricas são construídos para funcionar nas


seguintes posições: Vertical, Horizontal, na figura do Voltímetro, Inclinada na figura
Watimetro. e outras.
Há instrumentos que não possuem gravado o símbolo característico da posição
de funcionamento, significando que podem funcionar em qualquer posição. Os
símbolos que caracterizam a posição de trabalho do instrumento segue-se abaixo:

Posição Vertical Posição Horizontal Posição Inclinada

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Instrumentação

Note que na posição inclinada o símbolo assinala também os graus da


inclinação.
Além dos símbolos normalizados, você poderá encontrar outras formas de
representar a posição do instrumento.

Posição horizontal ⇒ Posição vertical ⇒

2.4 Tipos de Correntes

Alguns instrumentos de medidas elétricas medem grandezas em corrente


contínua, corrente alternada e ainda há outros que medem corrente contínua e
alternada. Assim os símbolos que caracterizam esses tipos de corrente estão
representados na figura 31.

Além dos símbolos normalizados, você poderá encontrar outras formas de


representar o tipo de corrente. O símbolo do tipo de corrente pode variar de acordo
com o fabricante do aparelho, de modo geral, o símbolo representativo da corrente é
alterado sempre que puder ser confundido com outros.

Por isso você poderá encontrar o símbolo abaixo em um aparelho que mede ambas
as correntes, contínua e alternada.

CA CC

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Instrumentação

2.5 Tensão de Isolação ou Tensão de Prova

Os instrumentos de medidas elétricas também apresentam o valor máximo de


tensão e que possibilitam sua operação com segurança, este é o valor de tensão
que um instrumento pode receber entre sua parte interna de material condutor e sua
parte externa do material isolante.
Esse valor é simbolicamente representado nos instrumentos pelos números 1,
2 ou 3 contidos no interior de uma estrela. Note que os números significam os
valores da tensão de isolação em quilovolts (kV), ou seja, 1kV equivale a 1000V.
Logo, 2kV e 3kV equivalem respectivamente a 2000 V e 3000 V. A existência da
estrela sem número em seu interior indica que o valor da tensão de isolação é de
500V.

Observação: alguns instrumentos citam este valor somente em seu manual de


operação que deve ser lido antes de ser usado.

Exemplo: Para medição de corrente com valor aproximado de 10A, sob a


tensão de 760V, teremos que escolher um instrumento que possa medir 10A e que
apresente, ao mesmo tempo, valor de tensão de isolação superior aos 760V.
Portanto, considerando as “estrelas” anteriores, responda:

Dentre três instrumentos que apresentam essas estrelas, qual você utilizaria?
Exatamente você pode utilizar qualquer dos três. Observe:

¾ Se 1kV é igual a 1000V, o instrumento de medidas é adequado por


apresentar valor de tensão de isolação superior aos 760V exigidos.
¾ Quanto aos instrumentos de 2kV e de 3KV, a situação é bem melhor pois
apresentam margem maior de segurança, ou seja:

Tensão da rede = 760V


Tensão de isolação do instrumento 2 kV = 2000V
3 kV = 3000V

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Instrumentação

Veja que nesse caso há margem de segurança de 1240V e 2240V


respectivamente.

2.6 Classe de Precisão

Os instrumentos de medidas elétricas são classificados em instrumentos de


precisão e de serviço, portanto, cada classe de instrumento apresenta precisão
própria de acordo com uso a que se destina. Observe que a classe de precisão
desses instrumentos é representada por números conforme você pode observar no
quadro seguinte:

Classificação do instrumento Classe de precisão


Instrumento de precisão para
0,1; 0,2 ou 0,5
laboratório
Instrumento de serviço para fins
1,0; 1,5; 2,5 ou 5
normais

Como os outros símbolos, esses números que representam a classe de


precisão também são impressos no visor dos instrumentos de medição elétrica.
Veja na figura abaixo, um instrumento com classe de precisão de 1,5%.

Exemplos:

a)Consideremos a medição de tensão indicada em 120V por um voltímetro de


serviço da classe de precisão 1,5 e cuja escala graduada seja de 0 - 300V.

Me = Fe . Cp / 100 ⇒ onde: Me = margem de erro


Fe = Final de escala
Cp = Classe de precisão do instrumento
Me = 300 . 1,5 /100 ⇒ Me = 450 / 100 ⇒ Me = 4,5V

Este resultado indica que os 120V lidos pelo voltímetro são na realidade 120 ±
4,5 podendo variar de 115,5 até 124,5V.

b) Um amperímetro indica 5A, sua classe de precisão é de 0,5 e sua escala


varia de 0 - 12A. Calculemos o valor da aproximação desta leitura.

Me = Fe . Cp / 100 ⇒ Me = 12 . 0,5 /100 ⇒ Me = 6 / 100 ⇒ Me = 0,06A

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Instrumentação

Portanto o valor desta corrente elétrica pode variar de 4,94 a 5,06A.


Observação: Há instrumentos onde sua classe de precisão só é conhecida
quando lemos o manual de operação do mesmo.
3 Sensibilidade nas Medidas Elétricas

Todos os instrumentos de medidas elétricas necessitam de corrente elétrica


para funcionar. Alguns instrumentos necessitam de quantidade maior de corrente
que outros. É o caso, por exemplo, dos instrumentos do tipo ferro móvel, que
requerem maior quantidade de corrente que os do tipo bobina móvel.
Os instrumentos que necessitam de menor quantidade de corrente são
considerados mais sensíveis, portanto, a sensibilidade dos instrumentos de medidas
elétricas é determinada pela capacidade dos instrumentos em medir as grandezas
elétricas sem acrescentar carga extra ao circuito. Logo o instrumento de medidas
elétricas é considerado de boa sensibilidade quando, ao ser inserido no circuito, não
altera significativamente as características do mesmo.

3.1 Sensibilidade em Voltímetro

A sensibilidade dos voltímetros é caracterizada pela relação ohms/volt e é


calculada tomando-se por base a corrente necessária para levar o ponteiro do
instrumento ao final da escala, com um volt de tensão, significando que a cada volt
introduzido encontraremos uma resistência ôhmica de 1000 Ω.

Observação: Nos voltímetros digitais esta sensibilidade é dada pela impedância


de entrada do instrumento utilizado.

Exemplo:

Um voltímetro do tipo ferro móvel necessita de 1 mA para que seu ponteiro


atinga o final da escala. Qual a sua sensibilidade.

Relação ohms/volts ⇒ Ω / V = V/I onde V = 1 volt; I = 1 mA assim; Ω / V =


1/0,001 ⇒

Ω / V = 1000 sensibilidade.

Na medição de tensão em circuito de potência média ou elevada, a


sensibilidade do voltímetro, isto é, sua relação Ω/V não influi no resultado da
medição. Porém na medição de tensão em circuito cuja fonte de energia seja uma
pilha comum, devemos escolher um voltímetro cuja relação Ω/V seja a maior
possível para que não haja acréscimo de carga ao circuito.

Na ilustração ao lado, o circuito elétrico é alimentado


por uma fonte de pequena capacidade - 1mA. O voltímetro,
por ser de baixa sensibilidade, 1000 Ω/V, irá interferir no
resultado da medição. A corrente que o voltímetro exige
para que seu ponteiro deflexione está além das
possibilidades da fonte, acarretando queda de tensão no
circuito.

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Instrumentação

Na ilustração ao lado, para o mesmo circuito a


medição de tensão é feita por voltímetro de alta
sensibilidade - 20 000 Ω/V, não acarretando desta maneira
queda de tensão considerável no circuito.
Em geral os voltímetros do tipo bobina móvel
oferecem melhor sensibilidade em relação aos outros tipos.

3.2 Sensibilidade em Amperímetro

Os amperímetros, por sua vez, têm a sensibilidade caracterizada pelo valor de


sua resistência ôhmica interna, ou seja, quanto menor for o valor da resistência
ôhmica interna, mais sensível será o instrumento. Isto porque o amperímetro é
ligado em série com a carga, logo o valor de sua resistência ôhmica interna se soma
ao valor da resistência ôhmica da carga.
Por essa razão, ao fazermos a medição da intensidade da corrente que estiver
fluindo no circuito, devemos utilizar um amperímetro que tenha resistência ôhmica
interna (Ri) no mínimo cem vezes menor que a resistência ôhmica de carga (R).
Tomamos essa providência porque ela faz com que o resultado da medição se
aproxime ao máximo da realidade. Você pode observar isso com os exemplos
seguintes.

Qual corrente elétrica que deverá circular


nesse circuito?

I = V/R ⇒ I = 6/3 ⇒ I = 2A.

Deverá circular a corrente elétrica de 2 A


i

Vamos supor que na medição dessa corrente o


amperímetro tenha indicado o valor de 1,5A em vez
dos 2A calculados. Por que o amperímetro indicou
amperagem menor que a prevista?

Rt = R + Ri onde: R = resistência ôhmica da


carga
Ri = resistência interna do instrumento

1 ⇒ Regional
Departamento t = 3 + Rt = 4Ω / RO
- SENAI 26
Instrumentação

Esse aumento de resistência ôhmica do circuito faz com que o valor da


corrente diminua sendo:

I = V/Rt ⇒ I = 6/4 ⇒ I = 1,5A

V i = 1 . 1,5 ⇒ Vi = 1,5V VR = 3 . 1,5 ⇒ VR = 4,5V

Portanto, o uso de instrumento inadequado ocasionou um erro de 0,5A na


medição do valor da corrente calculada em 2A.

Utilizando instrumento adequado, o resultado da medição se aproxima bastante do


resultado do cálculo. Observe o circuito abaixo

Como você percebeu, o amperímetro apresenta resistência ôhmica de 0,03Ω .


Portanto:

Resultado da medição será:

Rt = R + Ri, temos Rt = 3 + 0,03 ⇒ Rt = 3,03Ω

Observe que houve o acréscimo de 1% da carga a mais no circuito.


Sendo Rt = 3,03 Ω e I = V/Rt, teremos:

I = 6/3,03 ⇒ I = 1,98A

Repare que com esse valor (I = 1,98 A) temos um resultado bastante


aproximado dos 2A calculados inicialmente.

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Instrumentação

4 Multiteste

São instrumentos que executam as funções do voltímetro, do amperímetro e do


ohmímetro e outras funções agregadas em um único instrumento de medição. Estes
são conhecidos por vários nomes como: volts-ohm-amperímetro, analisador
universal, multímetro e multiteste. Neste módulo vamos chamar esse instrumento
simplesmente de multiteste.

4.1 Tipos de Multiteste

Existem dois tipos de multiteste: Analógico e Digital. Eles variam de acordo


com o fabricante e sempre há possibilidade de um fabricante construir vários
modelos diferentes.

Observe a escala do multiteste do tipo analógico apresentado Na figura


abaixo:.

¾ Graduação em volts;
¾ Graduação em ampères, graduação em ohm, representados pelos
símbolos e abreviações AC, DC e Ω ; Observação: em alguns estas
funções são expansíveis para temperatura, capacitância, freqüência,
decibéis etc.

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Instrumentação

4.2 Multiteste Analógico

É aquele que usa, no seu processo de medição e amostra das medidas,


recursos da Eletrônica Analógica. Geralmente seu mostrador é um galvanômetro tipo
bobina móvel com escalas graduadas.

4.2.1 Divisão de Multiteste Analógico

O multiteste analógico, de acordo com o projeto do fabricante divide-se


basicamente em:

¾ Ajuste da posição infinito;


¾ Chave seletora de grandezas e escalas;
¾ Ajuste do zero Ω para medição do resistores;
¾ Galvanômetro miliamperímetro para leitura de V, A e Ω

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Instrumentação

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Instrumentação

4.2.2 Erro por Efeito de Paralaxe

É o erro de leitura que ocorre quando qualquer instrumento de medida é lido de


ângulo desfavorável.

4.3 Como efetuar uma leitura nas Escalas Graduadas

Para executar qualquer leitura, precisamos conhecer com domínio o assunto


"escalas graduadas" e seguir os procedimentos gerais:

1 - Selecione a escala desejada e a amplitude da leitura de V, I e Ω na chave


seletora de grandezas.
2 - Conecte o multíteste na fonte ou consumidor a ser medido de acordo com a
seleção feita.
3 - Escolha no mostrador do galvanômetro uma escala que seja múltiplo de 10
ou não do valor selecionado na chave seletora de grandezas e amplitude.

Observação: Em alguns equipamentos você só necessita selecionar a


grandeza a ser medida, a seleção da amplitude é feita automaticamente pelo
instrumento.

Fig

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Instrumentação

4.3.1 Como efetuar uma medidas na Escala Voltimétrica

1 – Analisar a adequação do instrumento à medida a ser executada,


(sensibilidade, precisão e tipo de corrente).
2 – Selecione a escala de tensão desejada sempre imediatamente superior ao
valor a ser medido.
3 – Conecte os cabos do mutiteste na polaridade identificada em paralelo com
a fonte ou consumidor, no caso de corrente contínua observar a polaridade.
4 – Execute a medida.

Observação:

Caso não haja exatidão na leitura medida:

1 – Retire os cabos do multiteste dos pontos medidos.


2 – Selecione nova escala de tensão imediatamente superior ao valor lido.
3 – Execute novamente a medição.

O multiteste em estudo executa suas funções com um galvanômetro tipo


bobina móvel que funciona com corrente contínua. Está retificação da corrente, nos
instrumentos de medidas elétricas do tipo bobina móvel, é proporcionada por um
componente denominado “diodo retificador”, que tem a função no multiteste de
receber a tensão da linha em corrente alternada e transformá-la para a tesão em
corrente contínua. O processo de retificação da corrente por diodos será tratado em
outro módulo, neste vamos tratar de outra função exercida pelo multíteste, a de
amperímetro.
Cuidado: todo Instrumento de medidas elétricas deve ser manuseado
cuidadosamente para que o mesmo não receba choques mecânicos.

4.3.2 Como efetuar uma medição na Escala Amperimétrica

O multiteste funcionando como amperímetro obedece as mesmas


características de funcionamento do amperímetro tipo bobina móvel e, para utilizá-lo,
precisamos seguir os passos abaixo:
1 – Analisar a adequação do instrumento à medida a ser executada, sua
sensibilidade, precisão e tipo de corrente.
2 – Selecione a escala de corrente desejada sempre imediatamente superior
ao valor a ser medido.
3 – Conecte os cabos do mutiteste na polaridade identificada em série com a
fonte ou consumidor, no caso de corrente contínua.
4 – Execute a medida.

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Instrumentação

Observação:

Caso não haja exatidão na leitura medida:

1 – Retire os cabos do multiteste dos pontos medidos.


2 – Selecione nova escala de corrente imediatamente superior ao valor lido.
3 – Execute novamente a medição

Obs.: Î Estes procedimentos são validos para correntes AC/DC atentando


sempre as diferentes escalas.
Î Atentar para potência do equipamento e tensão de trabalho para
executar a medida da corrente, verificando sempre a capacidade do aparelho.

4.3.3 Como Efetuar uma medição na Escala Ôhmica

O multiteste funcionando como Ohmímetro obedece as mesmas características


do galvanômetro polarizado para medir resistência elétrica já estudado.

1 – Selecionar a escala desejada de resistências sempre superior ao valor que


deve ser medido.
2 – Certificar-se que realmente o circuito eletro-eletrônico está desenergizado
ou totalmente descarregado.
3 – Se você tiver dúvidas do valor a ser medido, selecionar o valor máximo da
escala, daí então efetue a leitura baixando, se necessário, a escala.
4 – Posicionar os bornes do multímetro em “paralelo” com a carga ou
resistência a ser medido.
5 – Executar medida na escala selecionada.
Cuidado: Î Nunca medir resistência e, em seguida, fazer leitura de tensão
sem trocar a escala para outra grandeza a ser utilizada. Lembre-se que a calma em
eletricidade é fundamental para seu sucesso.
Î Nunca medir resistência em fonte de tensão ou bateria.

4.4 Multiteste Digital

O multiteste digital segue os mesmos procedimentos já estudados sobre o


multiteste analógico, exceto pela facilidade encontrada pelo usuário em executar a
leitura em seu display de cristal líquido. Este instrumento, dependendo de seu nível
de sofisticação, possui seleção automática do nível da grandeza medido com maior
resolução (auto range), e da mesma forma que o analógico, possui diferentes
sensibilidades que neste caso é conhecida como "Impedância de entrada" e pode
variar entre 5MΩ e 1000MΩ.

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Instrumentação

4.4.1 Divisão do Multiteste Digital

O multimetro digital de acordo com o seu projeto divide-se basicamente em:

¾ Visor de cristal líquido; ¾ Extenção de medida;


¾ Botão de renteção de medida; ¾ Bornes para leitura de corrente e tensão.
¾ Seleção de corrente alternada ou ¾ Chave seletora de grandezas.
contínua;

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Instrumentação

4.5 Volt Amperímetro tipo Alicate

O alicate amperímetro é um instrumento de medida elétrica direcionado para o


técnico em eletricidade. Este instrumento é projetado especialmente para medir
correntes elétricas elevadas sem que haja a necessidade de se abrir o circuito
elétrico.
Para facilitar o nosso estudo, usaremos somente a denominação alicate-
amperímetro.

4.5.1 Tipos de Alicate Amperímetros

Assim como nos multímetros, os alicate amperímetros dividem-se em dois


tipos: O analógico e o digital.

4.5.2 Divisão de um Alicate Amperímetro Analógico

Você deve ter notado que este é composto externamente dos seguintes
elementos:

Congelador de
medidas

Gancho que corresponde ao secundário de um transformador de corrente (TC);


Gatilho para abrir o gancho;
Parafuso de ajuste para zerar o ponteiro do galvanômetro;
Visor da escala graduada;
Bornes para medição de tensão;
Chave seletora de grandezas e escalas;
Bornes para leitura de resistência;
Congelador de medidas.

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Instrumentação

Na abaixo temos a sua composição interna.


Examine abaixo o diagrama simplificado do circuito interno do Alicate
amperímetro. Você deve ter notado que, internamente, nesse instrumento aparecem
os seguintes elementos:

Composição interna do Alicate Amperímetro.

• A – gancho bobinado secundário de um TC;


• B – retificador;
• C – resistores “shunt” para medições amperimétricas;
• D – galvanômetros;
• E – terminais;
• F – seletor de escala;
• G – resistores de amortecimento para medições voltimétricas.

Você deve ter percebido quando examinou os seus


componentes internos e externos, que esse instrumento
apresenta os seguintes características:

¾ O seu princípio de funcionamento é do tipo bobina


móvel com retificador;
¾ É utilizado para medição de tensão, corrente
elétrica e resistência elétrica.

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Instrumentação

Quando o Alicate amperímetro é utilizado na medição de tensão elétrica,


funciona exatamente como o multiteste.

Mas, quando é utilizado na medição de


corrente elétrica, funciona de acordo com
suas próprias características.
Veja o exemplo para medição de
Corrente Elétrica na ilustração da figura 45.
Como você notou, na medição de
corrente com alicate amperímetro a garra do
instrumento deve “abraçar” somente um dos
condutores do circuito, seja o circuito
monofásico ou trifásico. O condutor
“abraçado” deve ficar o mais centralizado
possível dentro do gancho.
Obs.: A garra do instrumento deve
“abraçar” somente uma fase, a qual pode ter
um ou mais de um condutor. Seja o CKT
monofásico, bifásico ou trifásico.

Observe a ilustração ao lado:

Note que o condutor ”abraçado”


funciona como primário do TC. Por sua vez,
esse condutor induz uma corrente na bobina
do secundário do TC que está enrolado no
garra.
Essa corrente secundária é retificada e
enviada ao galvanômetro do instrumento cujo
ponteiro indicará, na escala graduada o valor
da corrente no condutor.

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Instrumentação

4.5.3 Leitura em Baixas Correntes

Embora os alicates amperímetros não


apresentem boa precisão no início de sua escala
graduada, podem assim mesmo ser empregados
nas medições de correntes com baixos valores.
Para isso, é necessário observar que ao fazer a
medição de corrente com baixo valor, deve-se
passar o condutor duas ou mais vezes em volta do
garra do instrumento. Com esse procedimento,
estaremos duplicando ou triplicando o valor do
campo magnético primário, por conseqüência,
teremos o valor da corrente secundária também
duplicada ou triplicada, e isso faz com que o alicate

Portanto, para obter o valor da corrente no condutor, deve-se dividir o valor da


corrente indicada pelo instrumento pelo número de vezes que o condutor estiver
passando pelo gancho.
Vamos utilizar como exemplo a ilustração da figura 47, observando-se que o
condutor está passando três vezes pelo gancho do instrumento.

Exemplo 1

Supondo que o referido instrumento está indicando 3A, o resultado de medição


será:

Valor indicado pelo instrumento = 3 Ampères


Número de voltas =3
Corrente real = 3A/3 ⇒ IR = 1A.

Exemplo 2

Vamos supor que um instrumento indicando 2,5A e que um condutor esteja


passando cinco vezes pelo seu gancho.
Nesse caso teremos: 2,5A ÷ 5 = 0,5A.

4.5.4 Alicate Amperímetro Digital


O alicate amperímetro digital segue os mesmos procedimentos já estudados
sobre o alicate analógico, exceto pela facilidade encontrada pelo usuário em
executar a leitura em seu display de cristal líquido. Este instrumento, dependendo de
seu nível de sofisticação, possui seleção automática do nível da grandeza medida
com maior resolução (auto range) e, da mesma forma que o analógico, possui
diferentes sensibilidades, que neste caso é conhecida como "Impedância de
entrada" e pode variar entre 5 MΩ e 1000 MΩ aproximadamente.

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Instrumentação

4.5.5 Divisão de um Alicate Amperímetro Digital

¾ Garra que corresponde ao secundário de um transformador de corrente


(TC);
¾ Gatilho para abrir o garra;
¾ Visor de cristal líquido;
¾ Bornes para medição de tensão e resistência;
¾ Chave seletora de grandezas e escalas;
¾ Congelador de medidas (HOLD).

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Instrumentação

Exercícios

1) Quais os três tipos de instrumentos de Medidas Elétricas?

2) Desenhe os símbolos dos instrumentos do tipo bobina móvel e ferro móvel?

3) Marque “V” se verdadeira e “F” se falsa as alternativas abaixo:


( ) Os instrumentos tipo ferro móvel podem medir corrente alternada?
( ) Os instrumentos tipo ferro móvel podem medir corrente contínua?
( ) Os instrumentos tipo bobina móvel podem medir corrente alternada?
( ) Os instrumentos tipo ferro móvel podem medir CC e AA?
( ) Os instrumentos tipo bobina móvel podem medir somente CC?
Nos instrumentos tipo bobina móvel o ponteiro do galvanômetro não é
( )
arrastado
por uma bobina?
No princípio de funcionamento eletrodinâmico os pólos fixo é móvel são
( )
formados por bobinas?
A sensibilidade de um voltímetro é dada pela relação Ω/V ou pela
( )
impedância
de saída?
Um amperímetro é mais sensível quando menor for sua resistência
( )
interna?

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Instrumentação

4) Polarize um galvanômetro para trabalhar com um voltímetro para medir 250


Vac e como amperímetro para medir 20A em corrente continua. As especificações
da bobina do galvanômetro são:

Rb = 30Ω
Iib = 0,02A (deslocamento de fundo escala)

5) Escreva o significado dos seguintes símbolos?

a) c) e) g)
...................... ...................... ...................... ......................

b) d) f)
...................... ...................... ......................

6) Um alicate amperímetro mostra em seu visor 10 A. Estando o cabo do


consumidor enrolado com cinco voltas em sua garra, qual a corrente realmente
medida?

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Instrumentação

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Rômulo Oliveira. Circuito em corrente alternada. São Paulo,


Érica, 1997.261 p. (Col. Estude e Use. Série Eletricidade).

FERARO, Nicolau Gilberto; RAMALHO JR., Francisco; SOARES, Paulo Antônio de


Toledo. Fundamentos da Física. 6. ed. São Paulo, Moderna, 1993. 479 p.

SENAI. DN. Fontes geradoras. Rio de Janeiro, DET, 1980. (Módulos instrucionais:
Eletrotécnica; 13)

SENAI. DN. Corrente contínua e alternada. Rio de Janeiro, DET, 1980. (Módulos
Instrucionais: Eletrotécnica; 14)

SENAI. DN. Gerador trifásico. Rio de Janeiro, DET, 1980. (Módulos instrucionais:
Eletrotécnica; 16)

TIPLER, Paul A. Física para cientistas e engenheiros; eletricidade e


magnetismo. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1991. v. 3.

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Instrumentação

ANEXOS
Veja a seguir algumas especificações de instrumentos de medidas
elétricas, já estudados e fornecidas pelo fabricante.

Multímetro e Alicate
Amperimetro

ET-2700

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Instrumentação

Departamento Regional - SENAI / RO 44


Instrumentação

Wattímetro

ET-4000

Departamento Regional - SENAI / RO 45


Instrumentação

Capacímetro

MC-151

KYORITSU

Departamento Regional - SENAI / RO 46


Instrumentação

Megômetros

MI-2551

KYORITSU

Departamento Regional - SENAI / RO 47

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