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Curso e Discurso
1ª edição – junho, 2016
1ª edição – 2ª tiragem – setembro, 2016
2ª edição – março, 2018
3ª edição – junho, 2019
Augusto César Leite de Carvalho
Ministro do Tribunal Superior do Trabalho e professor universitário. Possui mestrado em Direito Constitucional pela
Universidade Federal do Ceará e doutorado em Direito das Relações Sociais pela Universidade de Castilla la Mancha, com
tese revalidada no Brasil pela Universidade Federal de Pernambuco. Obteve pós-doutoramento em Direitos Humanos pela
Universidade de Salamanca, Espanha. Foi professor adjunto da Universidade Federal de Sergipe de 1997 a 2009 e é profes-
sor atualmente no Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB, além de ministrar aulas de pós-graduação lato sensu,
mestrado e pós-doutorado no Brasil, em Portugal e na Espanha. Foi advogado, promotor de justiça, juiz do trabalho e desem-
bargador federal do trabalho no TRT da 20ª Região, onde exerceu, inclusive, os cargos de Presidente do TRT e Diretor da
Escola Judicial. Desde dezembro de 2009 é ministro do Tribunal Superior do Trabalho, onde compôs o Conselho Consultivo
da Escola Nacional dos Magistrados do Trabalho, presidiu o Comitê Gestor de Tecnologia da Informação e foi presidente da
Comissão de Documentação, responsável pela Revista do TST, pela memória da Justiça do Trabalho e pela biblioteca do TST.
É vice-diretor da Escola Nacional de Formação e aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT). É autor de artigos
jurídicos e dos livros Direito Individual do Trabalho (Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004-2007), Garantia de Indenidade no
Brasil (São Paulo: LTr, 2013) e Princípios de Direito do Trabalho Sob a Perspectiva dos Direitos Humanos (São Paulo: LTr, 2018).
DIREITO DO TRABALHO
Curso e Discurso
3ª Edição
EDITORA LTDA.
Bibliografia.
ISBN 978-85-301-0014-8
19-26351 CDU-34:331
Este curso de direito do trabalho se atualizou para estar em conformidade com as reformas que
a legislação trabalhista sofreu em 2017. As mudanças ocorreram em grande extensão por meio das
Leis n. 13.429 e n. 13.467, sendo que novas alterações, supostamente corretivas, teriam surgido com a
Medida Provisória n. 808/2017, mas esta não foi convertida em lei. Por isso, fez-se necessário que resga-
tássemos, nesta edição, o conteúdo do direito do trabalho que vigorava a partir da Lei n. 13.467/2017,
sem os vários ajustes e inserções promovidos pela natimorta MP n. 808/2017.
Também aproveitamos para atualizar este curso no tocante à leis especiais que recentemente modi-
ficaram, por exemplo, a regência do trabalho de aeronautas e professores, bem assim a proteção aos
trabalhadores migrantes, além de densificarmos alguns pontos ainda imprecisos das reformas de 2017,
como a configuração de grupo econômico e do trabalhador hipersuficiente. Quanto à terceirização, a
contribuição dos novos precedentes do Supremo Tribunal Federal teve, obviamente, merecido destaque.
A jurisprudência tem evoluído, no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, acerca de temas
candentes como a tutela de pessoas com deficiência e de trabalhadores embarcados em cruzeiros
marítimos, bem como a propósito dos conceitos com função integrativa do princípio da boa-fé objetiva
(surrectio, supressio etc.), tudo vindo a ser retratado nesta nova edição.
No campo fértil do direito do trabalho, acompanhar as oscilações da política legislativa – para
convertê-la em ordem jurídica efetiva – não tem se revelado missão de fácil ou previsível desen-
lace. Basta ver a confusão que o legislador veio a protagonizar ao aprovar novas normas sobre
a gorjeta (o que resultou na Lei n. 13.419/2017) e ao esquecer, na sequência, tais normas ao
aprovar o texto da CLT que teria decorrido da sanção da Lei n. 13.467/2017, a assim chamada
reforma trabalhista. A MP n. 808/2017 tentou resgatar parágrafos do artigo 457 da CLT inseridos
pela Lei n. 13.419/2017 e esquecidos pela Lei n. 13.467/2017, mas também essa medida provi-
sória foi objeto de solene esquecimento. Em suma, a Lei n. 13.419/2017 inseriu dispositivos na
CLT que, sem jamais terem sido revogados, nela não estão. Como empresas e empregados desse
segmento econômico (restaurantes, garçons e quejandos) não merecem esse estado de insegu-
rança jurídica, dedicamos algumas páginas ao tema.
Ademais, esta edição inclui algumas novas reflexões acerca do trabalho que se desenvolve no
universo das economias colaborativas, em especial por meio de plataformas digitais geridas ou opera-
das por inteligência artificial. À falta de regulação legal, exige-se da doutrina alguma pré-compreensão
sobre um mundo de trabalho virtual que se divisa em nosso horizonte e já reclama, aqui e ali, o descor-
tino de inovadora jurisprudência.
Como afirmamos na apresentação da edição anterior (2018), vem de ser longa e procura ser
fecunda a tarefa, tanto técnica quanto crítica, de ajustar às novas leis todos os capítulos deste livro,
desde a sistematização de fontes normativas e princípios do direito individual e coletivo do trabalho até
os subitens relacionados com a formação, alteração, suspensão e cessação do contrato de emprego.
Os capítulos dedicados à perspectiva existencial do direito do trabalho e ao direito de greve também
estão atualizados.
O presente curso mantém a preocupação constante em sua primeira edição, qual seja, a de não
apenas indicar os princípios e regras de direito do trabalho, mas igualmente abordar os fundamentos
históricos e valorativos de cada uma dessas normas, pois não se conhece uma região qualquer da
ciência jurídica sem lhe perscrutar a origem, a dialética discursiva e os fins sociais a que o órgão prove-
dor da norma jurídica quis atender. Daí a razão do subtítulo desta obra: trata-se de curso e discurso.
As modificações nas leis trabalhistas, em 2017, tiveram a característica de alargar, o mais das
vezes, a autonomia de empregados e empregadores para definirem o conteúdo do contrato de traba-
lho que os une. Temas como jornada e salário, progressão funcional e modalidades do contrato perde-
ram parte da regulação antes prevista em lei, que estabelecia limites à vontade individual, para serem
doravante oferecidos à autonomia privada em maior extensão. Essa opção do legislador impôs ao
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Confesso que foi com vivo contentamento e emoção que percorri e li, página por página, o
conteúdo da presente obra. Da leitura do livro, ficou-me a grata convicção de cuidar-se de uma obra
de fôlego sobre o Direito do Trabalho brasileiro.
Como é sabido, de uns tempos a esta parte, a globalização e o neoliberalismo econômico vêm
fustigando o Direito do Trabalho, sob distintas formas.
O preclaro autor da presente publicação, no entanto, de modo firme e resoluto, defende ardoro-
samente as raízes de que se nutre o Direito do Trabalho e que lhe sustentam o porvir. Não à toa vê na
obra “Curso e Discurso”. Daí que impregna toda a abordagem dos fundamentos clássicos que ditaram
o próprio surgimento histórico do Direito do Trabalho.
Muito mais que isso: a obra tem como fio condutor e pilar os princípios da proteção e da dignidade
da pessoa humana, à sombra dos quais vive o Direito do Trabalho.
Aliás, sob tal inspiração e abeberando-se na seiva pura das melhores fontes o autor posiciona-
-se igualmente sobre uma vasta e multifária gama de questões atuais do Direito do Trabalho. Dedica
um largo capítulo ao exame do que denomina “Perspectiva Existencial da Relação de Emprego”. Ali
enfrenta, entre outros temas, os assédios moral e sexual, além de inúmeras facetas do dano moral.
Semelhante enfoque bem realça que se está diante de um autor cônscio de que hoje, mais do
que nunca, o Direito do Trabalho e a própria Constituição Federal conferem especial dimensão à tutela
da personalidade do trabalhador empregado, mormente em razão do caráter pessoal, subordinado e
duradouro da prestação de trabalho.
Trata-se aqui, como se nota, de obra abrangente e ambiciosa. A simples leitura do sumário já
prenuncia que nela o autor propõe-se a concentrar o foco em amplo leque de institutos e temas do
Direito do Trabalho. De fato, a obra oferece um quadro completo, didático e sistematizado do Direito
do Trabalho brasileiro.
A excelência da obra, contudo, a meu sentir, repousa menos nesse aspecto que na qualidade e
densidade das análises e juízos emitidos. Em qualquer deles, sobressaem a mesma agudeza de espí-
rito e a mesma precisão de linguagem.
Não hesito em asseverar que nos defrontamos aqui, acima de tudo, com obra consistente e de
inteligência, que palmilha pela senda da clareza e da objetividade, sem implicar superficialidade. Ao
dispor-se a dissecar distintos e complexos temas do Direito do Trabalho, o ilustre autor atravessa-lhes
os umbrais com proficiência e galhardia.
Igualmente notável na publicação é o esmero com a linguagem jurídica, de que constitui exemplo
emblemático, no respectivo capítulo, a busca pela designação adequada para cada uma das diferen-
tes formas de “cessação do contrato de emprego”. Preocupação desse jaez denota outro predicado
admirável da obra, pois evidentemente toda questão terminológica implica uma questão conceitual.
Sobreleva assinalar ainda que, apesar de obra técnica, propicia leitura extremamente agradável,
inclusive porque ilustrada por exuberante casuística da jurisprudência dos Tribunais do Trabalho, em
especial do TST, sobre quase todos os temas.
Eis porque estou convicto de que esta é uma obra que será sobremodo útil quer ao profissional
estudioso e experimentado da área, quer ao iniciante que se acerque desse novo e fascinante ramo
da ciência do Direito.
O trabalho é fruto da larga experiência do Prof. Augusto César Leite de Carvalho. Experiência,
frise-se, não apenas no magistério superior, mas também haurida em muitos lustros de exercício da
magistratura trabalhista de carreira, coroada pela merecida ascensão ao cargo de ministro do Tribunal
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Superior do Trabalho. Decerto essa rica vivência profissional deu-lhe exemplos e ensinamentos por
meio dos quais pode forjar a sólida posição intelectual aqui defendida.
De sorte que, por isso tudo e muito mais, o ilustre autor confiou-me um prefácio desnecessário, de
uma obra cujo valor fala por si mesmo e que decerto enriquecerá o patrimônio jurídico nacional.
A rigor, ao render-me ensejo de recomendá-la, com entusiasmo, o eminente autor apenas me
permite compartilhar de seu merecido triunfo intelectual, em obra de evidente utilidade e cujo acolhi-
mento favorável, à altura de sua grandeza, mais que um vaticínio, é uma certeza.
Houve tempo em que o homem produzia para atender às suas próprias necessidades e às de sua
família, interagindo com a natureza e com outros homens que agiam à sua semelhança. Era um tempo,
portanto, de mediações de primeira ordem(1), ou mediações primárias, e de comportamento instintivo.
Produzindo o que era útil para o próprio consumo, o homem primitivo desconhecia o conceito de
mercadoria e o mundo do trabalho não comportava, em situação de normalidade, a estrutura hierár-
quica que mais tarde viria a predominar nas relações de trabalho. A terra não estava repartida, nem
havia quem a repartisse.
A troca ou escambo ganhou, progressivamente, alguma complexidade até que se iniciou um
processo de conversão do valor de uso em valor de troca(2), pois as coisas transferidas não o eram
mais segundo o valor da utilidade que proporcionavam, mas passaram a ter o seu valor inflado pelo
trabalho humano e, mais adiante, pelo valor que correspondia ao lucro, vale dizer, o ganho do empre-
sário que precisava existir para justificar o seu investimento na produção.
O investimento na produção de mercadorias, em escala industrial, não foi a primeira forma de
inversão do capital a contribuir para que se reduzissem gradualmente as mediações de primeira ordem.
Um modelo econômico que pressupunha a realização de capital e, sob perspectiva histórica, precedeu
o sistema capitalista fora certamente o sistema mercantilista. Desde as primeiras formas de mercanti-
lismo (bulionismo ou metalismo), preconizava-se estar a riqueza das nações associada à quantidade
de metais preciosos – ouro e prata – acumulada, servindo o incremento das exportações a esse fim.
Não por acaso, as nações colonialistas impediam que o ouro da colônia fosse vendido a outros povos.
Também a exploração do trabalho humano não surgiu, evidentemente, com a primeira revolução
industrial. Ademais de citar o trabalho escravo e as suas modalidades – desde aquele que se realizava
por meio de prisioneiros de guerra até o crudelíssimo aprisionamento da gente africana – podem-se
mencionar o labor dos servos de gleba(3) e dos aprendizes e oficiais nas corporações de arte e ofício(4).
(1) Sobre o tema, ver, por todos, Ricardo Antunes (ANTUNES, Ricardo. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação
do trabalho. São Paulo: Editorial Boitempo, 2000, passim).
(2) As expressões valor de uso e valor de troca são usadas por Marx (MARX, Karl. Para a crítica da economia política. Tradução de Edgard
Malagodi. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999, passim), mas, segundo nota na p. 57, foram cunhadas por Aris-
tóteles, que assim se referiu: “Pois todo o bem pode servir para dois usos... Um é próprio à coisa como tal, mas o outro não o é: assim, uma
sandália pode servir como calçado, mas também pode ser trocada. Trata-se, nos dois casos, de valores de uso da sandália, porque aquele que
troca a sandália por aquilo de que necessita, alimentos, por exemplo, serve-se também da sandália como sandália. Contudo, não é este o seu
modo natural de uso. Pois a sandália não foi feita para a troca. O mesmo se passa com os outros bens”.
(3) Conforme ressaltamos em outro escrito, o homem se libertou do trabalho escravo, mas não completamente, pois se seguiu a Era Medie-
val e, nela, uma sociedade dividida em rígidos estamentos: os senhores feudais e os servos. A servidão era imposta a quase todos os campo-
neses e se diferenciava do trabalho escravo porque o servo se ligava à terra e pelo seu uso pagava diversos tributos, passando a ter novo amo
quando a terra era vendida. Vinculava-se o servo à gleba como antes se vinculara o escravo ao seu senhor.
(4) Vide VIDA SORIA, J., MONEREO PÉREZ, J.L., MOLINA NAVARRETE, C. Manual de Derecho del Trabajo. Granada: Comares, 2004,
p. 64. Os autores observam que o trabalho em regime gremial ou corporativo exibia algumas características coincidentes com a relação
laboral própria da empresa capitalista, além de outras que o faziam diferente. As diferenças mais expressivas se encontravam no modo de se
constituir a organização em que se realizava o trabalho. No plano das relações individuais, eram, porém, parecidas as condições em que se
trabalhava sob as ordens dos mestres ou, mais adiante, dos empresários. As coincidências estavam presentes, por exemplo, na circunstân-
cia de que as ordenanças gremiais relativas ao período de prova, disciplina, duração do contrato e tempo de trabalho seguiam orientação
análoga à que tem o atual direito do trabalho e também na peculiaridade de os aprendizes, companheiros e mestres serem trabalhadores
livres. Mas os autores advertem, porém, que a liberdade de trabalho dos aprendizes era seriamente afetada, em muitos casos, pela combina-
ção de uma longa duração de seus contratos – eram comuns contratos de seis anos – com um regime de desvinculação ou desate contratual
muito rigoroso.
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O aparecimento do direito do trabalho tem relação com um modo específico de produção capi-
talista que emergiu com a realidade social sobrevinda após os movimentos de ruptura sociopolítica e
econômica que caracterizaram o fim da era moderna, no tumultuado século XVIII. As condições adver-
sas do trabalho humano que se percebiam no âmbito do emprego industrial exigiam um sistema de
compensação jurídica que por zelo ou hipocrisia as legitimasse, atenuando o seu caráter espoliativo,
além de demandarem uma construção teórico-filosófica que fizesse face à ideia, desde antes difundida
entre os colbertistas, de que o industrial deveria assegurar aos seus trabalhadores apenas a remune-
ração que lhes garantisse a sobrevivência, pois do contrário não ocorreria a acumulação de riqueza
tão cara ao mercantilismo.
É possível, como se nota em sistematização proposta por Mauricio Godinho Delgado(5), destacar
os fatores econômicos, sociais e políticos que deflagraram o surgimento do direito do trabalho como
ramo específico do direito privado.
Pode ser referido como fator econômico o advento do trabalho humano, alheio, produtivo e livre
mas subordinado que caracterizou o emprego industrial; o fator social mais relevante terá sido a
concentração urbana que propiciou a organização das profissões e viabilizou assim os movimentos
obreiros reivindicatórios; os fatores políticos a serem ressaltados são decerto a liberdade de exer-
cer qualquer profissão sem as amarras da sociedade estamental ou mesmo do sistema corporativo,
bem assim as ações coletivas que se desencadearam a partir do ambiente de empresa e geraram
não apenas a normatização das condições de trabalho sem a colaboração do Estado, mas também
o modelo de democracia social que se contraporia à solução de força preconizada por Marx para a
conquista de uma sociedade menos desigual. Cabe destrinçar cada um desses fatos determinantes
para o nascimento e consolidação do direito laboral.
Poderia causar estranheza o uso indiscriminado do vocábulo revolução para designar uma trans-
formação nos meios de produção – como é o caso da revolução industrial – e também alguns movi-
mentos de ruptura política, como a Revolução Francesa de 1789 e, na mesma Inglaterra, a Revolução
Gloriosa, um século antes. Ensina-nos Fábio Konder Comparato que “revolutio, em latim, é o ato ou
efeito de revolvere (volvere significa volver ou girar, com o prefixo re indicando repetição), no sentido
literal de rodar para trás e no figurativo de volver ao ponto de partida, ou de relembrar-se”(6).
Anota Comparato que o uso político do vocábulo revolução “começou com os ingleses, no sentido
de uma volta às origens e, mais precisamente, de uma restauração dos antigos costumes e liberdades.
[...] O termo revolution é assim usado, pela primeira vez, para caracterizar a restauração monárquica
(5) DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2013. p. 84.
(6) COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 124.