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Perseguição nos Tempos Actuaes

Em todos os tempos, desde a queda de Adão até ao dia de hoje, Satanaz tem feito a sua obra
de combate e destruição. O grande adversário não tem cessado de oppor-se á obra bemdita
do Creador, e um dos seus meios favoritos em todos os tempos tem sido a perseguição.
Emprega-a ainda hoje logo que se lhe offereça opportunidade, como se pode verificar do facto
que passamos a narrar.
Estávamos colportando em Apparecida, logar que é o centro da idolatria brasileira, e que, no
entanto, denominam " o logar santo, a habitação de Nossa Senhora da Apparecida"— aliás,
uma santa inventada pelos padres, como as outras. Mas dizem que este logar é visitado por
muitas pessoas illustres daqui e de outros paizes.
Apparecida é um logar pequeno, mas está cheio de hotéis, e nos tempos de festa, taes como a
semana santa, não ha logar sufficiente. Passamos provações em todos os logares onde vamos.
Ma l chegamos numa cidade para espalhar a literatura, já o padre começa a pregar contra nós
severamente, dando até os detalhes do nosso traje afim de sermos promptamente
reconhecidas. E m vista destas pregações estamos sendo aborrecidas quasi por todos; é
realmente como Jesus disse em S. Marcos 13: 13.
Hontem, 5 de março, fomos expulsas da Villa de Apparecida. Começáramos apenas a vender "
O Atalaia"; entrámos numa venda, e ao mostrar a revista ao vendeiro, este disse: "Isto é
protestante!" E ordenou-nos que deixássemos immediatamente o logar, dizendo: "Retirem-se
já, já daqui, porque esta terra é de Nossa Senhora da Apparecida! E ' logar santo, não é logar
de protestante!" Accrescentou que se não attendessemos ia falar com os padres para que nos
expulsassem da villa , e que nos acompanharia de casa em casa, e assim fez. Mudámos de rua,
na esperança de escapar ás suas ameaças, mas logo que co- meçamos também chegou atraz,
gritando de casa em casa: "São protestantes, não comprem!"
A ultima casa em que entrámos ficava em frente do convento dos padres, e o homem,
entrando, quiz tirar-me a revista da mão para levar aos padres, mas segurei-a, não deixando
que réalisasse seu intento ; então, furioso, comprou-a. Com o alarme que elle fez, a casa
encheu-se de senhores e rapazes, e dirigi-lhes algumas palavras, explicando-lhes o nosso
esforço; mas elles, caçoando, diziam: "Amen! " Vendo que não era possivel continuar o
trabalho nesse logar, retirámo-nos. Perseguiram-nos grupos de gurys e homens, gritando atraz
de nós. Parecia que queriam enxotarnos como se enxotam cães ou porcos; quando os bondes
passavam, elles diziam: "São protestantes!"
As palavras torpes que atiraram contra nós foram quaes pedradas; os anjos as relatarão. Só o
Pae celeste sabe como sentiu nosso coração. Não lhes retribua o Senhor conforme as suas
iniquidades ; antes lhes dê Sua grande luz, é nossa ora- ção.
Acompanharam-nos até fora da cidade e, á guiza de despedida, deram uma bofetada em cada
uma de nós, tornando então para traz. Ainda que o nosso coração fosse ferido pelo que nos
sobreveio, volveu-se em gratidão a Deus pela libertação dos nossos inimigos.
Esta scena trouxe-nos á memoria a noite de Gethsemane, quando Jesus fo i preso pelos
phariseus. Fez-nos lembrar dos martyres, que derramaram o seu sangue por amor de Christo.
Veremos futuramente o cumprimento de Apocalypse 13 e de Daniel 12:12 . Preparemo-nos
para poder resistir á noite da angustia de Jacob, porque já está ás portas. Irmãos, orae pelos
colportores e obreiros no campo da lucta.
EMÍLIA DREYER E FRAUZELIN A BARNABÉ .
Revista Mensal Abril de 1926. P. 9 e 10.

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