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Manual de Curso de Licenciatura Gestão

Ambiental – 2o Ano

ESTUDO DE IMPACTO
AMBIENTAL

GA207
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino a Distância
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
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Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
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Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância - CED
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Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o
autor do presente manual, Msc. Sérgio Niquisse gostaria de agradecer a
colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração.

Dr. Joaquim Constantino, pela valiosa contribuição

Elaborado por: Mestre Sérgio Niquisse


Mestre `Geomatica e Avaliação dos Recursos Naturais
Licenciado em Geografia pela Universidade Eduardo Mandlane
Cel: 825893892

Coordenação, Maquetizacao e Revisão Final: Msc. Queran Prabudás N.


Esmael.
Coordenadora do curso de Gestão Ambiental - CED

:
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Índice

Visão geral 1
Bem vindo a Avaliação de Estudos Ambientais ............................................................. 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este Módulo ................................................................................ 2
Como está estruturado este Módulo ............................................................................... 3
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Habilidades de estudo .................................................................................................... 4
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 5
Unidade I ...................................................................................................................... 7
Introdução a Avaliação do Impacto Ambiental ..................................................... 7
Introdução ............................................................................................................ 7
Sumário .............................................................................................................. 11
Exercícios .......................................................................................................... 11
Unidade II ................................................................................................................... 12
História da Legislação Ambiental em Moçambique- Introdução .................................. 12
Sumário .............................................................................................................. 15
Exercícios .......................................................................................................... 15
Unidade III .................................................................................................................. 16
Conceitos Básicos Sobre Avaliação Do Impacto Ambiental ............................... 16
Introdução .......................................................................................................... 16
Sumário .............................................................................................................. 21
Exercícios .......................................................................................................... 21
Unidade IV .................................................................................................................. 22
Avaliação de Impacto Ambiental como Instrumento da Política do Meio
Ambiente............................................................................................................ 22
Introdução .......................................................................................................... 22
Sumário .............................................................................................................. 25
Exercícios .......................................................................................................... 25
Unidade V ................................................................................................................... 26

Avaliação de Impacto Ambiental - Instrumentos e Diretrizes 26


Introdução .......................................................................................................... 26
Sumário .............................................................................................................. 30
Exercícios .......................................................................................................... 30
Unidade VI .................................................................................................................. 31
Participação Social no Processo de AIA e Agentes Sociais Envolvidos .............. 31
Introdução .......................................................................................................... 31
Sumário .............................................................................................................. 35
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Exercícios .......................................................................................................... 35
Unidade VII ................................................................................................................ 36
Principais Leis Ambientais em Moçambique ...................................................... 36
Introdução .......................................................................................................... 36
Sumário .............................................................................................................. 40
Exercícios .......................................................................................................... 40
Unidade VIII ............................................................................................................... 41
Licenciamento Ambiental................................................................................... 41
Introdução .......................................................................................................... 41
Sumário .............................................................................................................. 47
Exercícios .......................................................................................................... 47
Unidade IX .................................................................................................................. 48
Principais Leis Ambientais em Moçambique ...................................................... 48
Introdução .......................................................................................................... 48
Sumário .............................................................................................................. 53
Exercícios .......................................................................................................... 53
Unidade X ................................................................................................................... 54
Procedimentos do Licenciamento Ambiental ...................................................... 54
Introdução .......................................................................................................... 54
Sumário .............................................................................................................. 57
Exercícios .......................................................................................................... 57
Unidade XI .................................................................................................................. 58
A Emissão de Licença Ambiental ....................................................................... 58
Introdução .......................................................................................................... 58
Sumário .............................................................................................................. 60
Exercícios .......................................................................................................... 60
Unidade XII ................................................................................................................ 61
Etapas da Avaliação de Impacto Ambiental ........................................................ 61
Introdução .......................................................................................................... 61
Sumário .............................................................................................................. 70
Exercícios .......................................................................................................... 71
Unidade XIII ............................................................................................................... 72
Termo de Referência no Estudo de Impacto Ambiental ...................................... 72
Introdução .......................................................................................................... 72
Sumário .............................................................................................................. 79
Exercícios .......................................................................................................... 79
Referência Bibliografica ..................................................................................... 80
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Visão geral
Bem vindo a Avaliação de
Estudos Ambientais
Avaliação de Impactos Ambientais (ou AIA), é um
instrumento preventivo usado nas políticas de ambiente e
gestão ambiental com o intuito de assegurar que um
determinado projecto possível de causar de danos
ambientais seja analisado de acordo com os prováveis
impactos no meio ambiente e que esse mesmos impactos
sejam analisados e tomados em consideração no seu
processo de aprovação. A elaboração de um AIA é apoiada
em estudos ambientais elaborados por equipes
multidisciplinares, os quais apresentam diagnósticos,
descrições, analises e avaliações sobre os impactos
ambientais efetivos e potenciais do projecto. Neste
contexto, a cadeira de Avaliação de Impactos Ambientais,
no presente Módulo, pretende contribuir para a promoção
do conhecimento sobre o processo da Avaliação de
Impactos Ambientais, no sentido de proporcionando aos
estudantes uma visão integrada do processo e das fases da
Avaliação de Impactos Ambientais, e poder definir e
encontar mecanismo para a mitigação dos problemas
ambientais.

Objectivos do curso
Quando terminar de estudar Avaliação de Impactos Ambientais
referente ao Módulo , será capaz de:
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 Compreender os conceitos da Avaliação de Impactos


Ambientais.

 Conhcer as noções de indicadores ambientais.


Objectivos  Conhcer a avaliação de impacto estratégico.

 Conhcer a avaliação de risco ambiental.

 Conhcer a valiação de impacto e gestão ambiental.

 Fazer análise de relatórios de impacto ambiental - Estudos de


caso envolvendo unidades industriais, obras hidráulicas,
projectos urbanísticos, atividade minerária, resíduos sólidos

 Propiciar uma abordagem aprofundada das avaliações de


impacto ambientais e suas aplicações práticas: Estudo de
Impacto Ambiental, Avaliação de Risco e Avaliação Ambiental
Estratégica.

 Avançar no entendimento das etapas de planeiamento e


execução de estudos ambientais. Em particular, busca-se (i)
explorar a etapa de análise dos impactos e suas ferramentas, (ii)
discutir a relação entre mitigação de impactos adversos e análise
de impactos e (iii) mostrar a importância das etapas pós-
aprovação de AIA e do acompanhamento ambiental.

Quem deveria estudar este


Módulo
Este Módulo foi concebido para os estudantes que estão a frequentar o
curso de Licenciatura em Gestão Ambiental, no Centro de Ensino a
Distância na UCM. Estende - se a todos que queiram saber mais e
consolidar os seus conhecimentos sobre os Avaliação de Impactos
Ambientais
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Como está estruturado este


Módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas Introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
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Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresenta-se algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
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escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,


contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem - se mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado e é desencorajado pelo CED, a transcrição
fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado
plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos
autoriais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
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Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
Consulte - os.
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Unidade I
Introdução a Avaliação do Impacto Ambiental
Introdução
Desde os anos sessenta e com o desenvolvimento industrial,
tornou-se necessária a tomada de consciência sobre aspectos
ambientais. Nos países desenvolvidos, mormente, o público exigiu
que factores ambientais fossem prestados à atenção na tomada de
decisão. Situação idêntica é observada hoje nos países em vias de
desenvolvimento, onde a aprovação de actividades de
desenvolvimento é efectuada pelos órgãos governamentais,
acautelando-se sempre aspectos perniciosos ao ambiente.

É importante dizer que anteriormente, as tentativas iniciativas de


avaliação de projectos centravam-se apenas a estudos de
viabilidade técnica e análises de custo-benefício. A avaliação era
centralmente de carácter pecuniar, olvidando-se aspectos físicos,
bióticos e sócio-económicos.

A Avaliação do Impacto Ambiental – AIA, é hoje um instrumento


fundamental para a gestão ambiental, pois encerra dentro de si,
considerações tanto físicos, bióticos e sócio-económicos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Familiarizar o Estudante com os conhecimentos básicos do


ambiente.
Objectivos
 Familiarizar-se com a Introdução da Avaliação do Impacto
Ambiental
 Connecer o conceito do Impacto Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável.
 Conhecer a Historia da Avaliação de Impactos Ambientais
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1.1 Impacto Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Impacto ambiental é alteração no meio ambiente ou em algum de


seus componentes por determinada acção ou actividade humana ou
natural. Estas alterações, precisavam ser quantificadas, pois podem
apresentarem variações relativas, que pode ser positivas ou
negativas, grandes ou pequenas. O objectivo de se estudar os
impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as
conseqüências de algumas acções, para que possa haver a
prevenção da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer
a execução de certos projectos ou ações, ou logo após a
implementação dos mesmos

Desenvolvimento sustentável refere-se a um modo de


desenvolvimento capaz de responder às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade de crescimento das gerações
futuras. (http://pelanatureza.pt/natureza/ecoinfo/desenvolvimento-
sustentavel-o-que-e).

Visa melhorar as condições de vida dos indivíduos, preservando


simultaneamente o meio envolvente a curto, médio e, sobretudo,
longo prazo. O desenvolvimento sustentável comporta um triplo
objectivo: a sustentabilidade ambiental, a sustentabilidade
económica, e a sustentabilidade sócio-política.

Figura 1. Triplo do desenvolvimento sustentável


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A Sustentabilidade Ambiental é a noção de que existe a


necessidade da manutenção das funções e componentes do
ecossistema – uma maneira de que o homem continue produzindo e
tirando da natureza o que precisa, mas sem destruir o ecossistema
no processo.

A Sustentabilidade Económica é, na verdade, a tentativa de


incorporação de medidas pró meio ambiente na política social e
económica regulamentada por cada país, em um esforço para
integrar os princípios de igualdade social, preservação ambiental e
crescimento controlado e sustentável polícia e economicamente,
medindo o lucro não apenas em razões financeiras, mas também
em desenvolvimento humano.

A Sustentabilidade Sócio-Económica visa humanizar a economia, e


formar pessoas mais cientes das necessidades ambientais de seu
planeta, ao mesmo tempo em que potencializa a busca por recursos
reutilizáveis, que fortaleçam a economia em todas as suas
vertentes, não apenas a financeira, mas a humana.

A integração das questões ambientais na definição e na aplicação


das outras políticas constitui um elemento essencial para alcançar o
objectivo de desenvolvimento sustentável. Este princípio foi
reiterado no Tratado de Maastricht e a Cimeira de Cardiff, em
1998, estabeleceu as bases para uma acção coordenada no plano
comunitário em matéria de integração das questões ambientais.

Para promover um desenvolvimento sustentável, as autoridades


públicas devem adoptar medidas adequadas que procurem limitar
os efeitos nefastos dos transportes e dos riscos sanitários, melhorar
a gestão dos recursos naturais e nomeadamente o seu consumo, e
combater a exclusão social e a pobreza no mundo. Devem
igualmente combater as alterações climáticas e limitar as suas
consequências.
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1.2 História da Avaliação de Impacto Ambiental

A origem do processo começou nos Estados Unidos da América no


ano de 1970 do “National Environmental Protection Act”. Esta lei
catapultou a abordagem integrada na avaliação do impacto
ambiental de actividades modificadoras do ambiente. Foram
concebidos vários métodos de AIA para atender às exigências
legais, mas insuficientes quanto à sua fundamentação científica.

A partir de 1980 iniciou-se com uma abordagem científica


avançada, pois foi possível a solução de problemas específicos a
cada estudo de impacto ambiental.

Em Moçambique a origem do ambiente obedeceu o seguinte:

1982- CRIAÇÃO DA UNIDADE DE GESTÃO AMBIENTAL


(NO EX-INPF)

Função: propor um aparelho institucional para integrar os


princípios ambientais no processo de desenvolvimento do País.

1985- CRIAÇÃO DO CONSELHO DO AMBIENTE

Função: Com os mesmos propósitos da Unidade de Gestão


Ambiental, mas já era dotado de recursos humanos e financeiros.
Era de nível ministerial. Em 1987 foi designado o Ministro dos
Recursos Minerais para dirigir o processo de institucionalização da
gestão ambiental.

1991- Criação da Divisão do Ambiente

Foi resultado do memorandum de entendimento entre o Governo de


Moçambique e o PNUMA que consistia em apoio aos esforços de
desenvolvimento de uma caopacidade de gestão ambiental em
Moçambique.

1992- CRIAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL DO MEIO


AMBIENTE POR UM DECRETO PRESIDENCIAL, com o
objectivo de institucionalização de gestão ambiental.
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1994- CRIAÇÃO DO MICOA, NO ÂMBITO DO PRIMEIRO


GOVERNO SAÍDO DAS PRIMEIRAS ELEIÇÕES
MULTIPARTIDÁRIAS.

Função: Órgão regulador do ambiente no País.

Sumário
A Avaliação do Impacto Ambiental, inicia nos anos sessenta e com
o desenvolvimento industrial, a pedido do público que exigiu que
factores ambientais fossem prestados à atenção na tomada de
decisão.
Impacto ambiental é alteração no meio ambiente ou em algum de
seus componentes por determinada acção humana ou natural.
Desenvolvimento sustentável refere-se a um modo de
desenvolvimento capaz de responder às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade de crescimento das gerações
futuras. E comporta um triplo objectivo: a sustentabilidade
ambiental, a sustentabilidade económica, e a sustentabilidade
sócio-política.

Historia da Avaliação de Impacto Ambiental, teve origem nos


Estados Unidos da América no ano de 1970. Em Moçambique, e
história, inicia com a criação da Unidade de Gestão Ambiental em
1982 e vai até 1994, onde cria-se o Ministério Para a Coordenação
da Acção Ambiental-MICOA, Órgão regulador do ambiente no
País.

Exercícios
1. Fale da história da Avaliação do Impacto Ambiental no
Mundo e em Moçambique.
2. Esquematize o tiplo objectivo do Desenvolvimento
Sustentável e Comente.

3. Das definições de Impacto ambiental e Desenvolvimento


Sustentável?
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Unidade II
História da Legislação Ambiental em
Moçambique- Introdução
Legislação Ambiental é um conjunto de Leis, normas, regras e
padrões que foram criadas para proteger o Meio Ambiente. Desta
forma, é possivel planeiar e controlar o impacto ambiental que
causaria a acção do homem, por exemplo a destruição de uma área
floresta.

Legislação Ambiental pode ser vista também, como um conjunto


de normas jurídicas que se destinam a disciplinar a actividade
humana, para torná-la compatível com a protecção do meio
ambiente. Em Moçambiquel, as leis voltadas para a conservação
ambiental começaram a ser votadas há algumas decáda, com o
disper da consciência ambiental. Posteriormente, novas leis foram
promulgadas, vindo a formar um sistema bastante completo de
proteção ambiental. A legislação ambiental Moçambicana, para
atingir seus objetivos de preservação, criou direitos e deveres para
o cidadão que estão plasmados na Constituição da República,
instrumentos de conservação do meio ambiente, normas de uso dos
diversos ecossistemas, normas para disciplinar actividades
relacionadas à ecologia e ainda diversos tipos de unidades de
conservação. As leis proíbem a caça de animais silvestres, com
algumas exceções, a pesca fora de temporada, a comercialização de
animais silvestres, a manutenção em cativeiro desses animais por
particulares (com algumas exceções), regulam a extração de
madeiras nobres, o corte de árvores nativas, a exploração de minas
que possam afectar o meio, a conservação de uma parte da
vegetação nativa nas propriedades particulares e a criação de
animais em cativeiro.Conservação, uso sustentável dos recursos
naturais como o solo, a água, as plantas, os animais e os minerais.
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Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Saber quando e como aparecem a legislação ambiental em


Moçambique.
Objectivos  A importância da legislação ambiental.

 Conhecer objecto de estudos ambientais e sua evolução.

 Estabelecer a relação da legislação ambiental e factors que


concorrem para a destruição do ambiente.

2.1 Quando e como aparecem a Legislação Ambiental em


Moçambique

A legislação ambiental, no domínio do ambiente de Moçambique


Independente não iniciou com a Lei do Ambiente, como algumas pessoas
poderiam ser levadas a pensar. Foi no domínio da protecção da flora e
fauna que surgiram os primeiros diplomas legais. Referimo-nos ao
Decreto n.º 7/78, de 18 de Abril (que regulamenta as modalidades de caça
a serem praticadas na República Popular de Moçambique), à Portaria n.º
117/78, de 16 de Maio (que regulamenta o Decreto n.° 7/78, de 18 de
Abril) e ao Decreto n.º 12/81, de 25 de Julho (que determinou que fossem
classificadas como madeiras preciosas todas as que, pelas suas
qualidades, raridade, utilização e valor que possuam no mercado
internacional, devessem ser protegidas de forma especial).

Mais tarde, foi aprovada a Lei n.° 10/88, de 22 de Dezembro, que


determinou a protecção legal dos bens materiais e imateriais do
património cultural moçambicano. Este instrumento legal fixou as bases
do regime de protecção do património cultural, incluindo também bens
naturais. É assim que, em relação aos bens culturais imóveis, o
Legislador prevê, para além dos monumentos, os conjuntos e os locais ou
sítios, os chamados elementos naturais, que são “as formações geológicas
e fisiográficas e áreas que constituam o habitat de espécies ameaçadas de
animais ou plantas de grande valor do ponto de vista da ciência ou da
conservação da natureza” e “as áreas delimitadas de reconhecido valor
sob o ponto de vista da ciência ou da conservação da natureza,
EIA 207 14

nomeadamente os parques e reservas”1. Contudo, esta Lei tem vindo a ter


muito pouca implementação prática, por razões que desconhecemos.

No início dos anos noventa, destacamos a aprovação da Lei n.° 3/90, de


26 de Março (Lei das Pescas), que fixou o regime básico de protecção,
conservação e exploração sustentável dos recursos pesqueiros. No ano
seguinte, foi aprovada a Lei n.° 16/91, de 3 de Agosto (adiante designada
por Lei de Águas), que definiu as bases do regime de uso e
aproveitamento dos recursos hídricos. Um pouco mais tarde, em 1996, foi
a vez da aprovação da Lei n.° 4/96, de 4 de Janeiro (denominada Lei do
Mar), que redefiniu os direitos de jurisdição sobre a faixa do mar ao
longo da costa moçambicana, dispondo ainda sobre as bases normativas
para a regulamentação da administração e das actividades marítimas no
País. O ano de 1997 foi caracterizado por dois importantes marcos
legislativos: a Lei n.° 19/97, de 1 de Outubro (Lei da Terra) e a Lei n.°
20/97, de 1 de Outubro (que é a nossa Lei do Ambiente, passando adiante
a ser designada como tal). A primeira previu as chamadas zonas de
protecção total e parcial, criadas, em muitos casos, com o intuito de
protecção e conservação ambiental. A segunda fixou as bases do regime
de protecção jurídico-legal do ambiente. Em 1999, seguiu-se a Lei n.°
10/99, de 22 de Dezembro (Lei de Florestas e Fauna Bravia). Ainda com
importantes disposições de protecção ambiental, podemos referir a Lei n.°
21/97, de 1 de Outubro (que regula a actividade de produção, transporte,
distribuição e comercialização de energia eléctrica), a Lei n.° 3/2001, de
21 de Fevereiro (Lei dos Petróleos) e a Lei n.° 14/2002, de 26 de Junho
(Lei de Minas). Por seu turno, a par da Assembleia da República, o
Conselho de Ministros tem vindo a desempenhar um papel legislativo
importante no domínio ambiental. Vejam-se, a título de exemplo, os
seguintes diplomas: Decreto n.° 76/98, de 29 de Dezembro (que aprovou
o Regulamento do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental);
Decreto n.° 12/2002, de 6 de Junho (que aprovou o Regulamento da Lei
de Florestas e Fauna Bravia); Decreto n.° 8/2003, de 18 de Fevereiro (que
aprovou o Regulamento sobre a Gestão dos Lixos Bio-Médicos), o
Decreto n.° 32/2003, de 12 de Agosto (que aprovou o Regulamento
relativo ao Processo de Auditoria Ambiental).

1
Cfr. Artigo 3.°/4 d), da Lei n.° 10/88, de 22 de Dezembro.
EIA 207 15

Sumário
Como foi refereciado na introdução deste capitulo que a Legislação
Ambiental é um conjunto de Leis, normas, regras e padrões que
foram criadas para proteger o Meio Ambiente. A legislação
ambiental cuida da proteção da biodiversidade, da sadia qualidade
de vida e do controlo da poluição, em suas diversas formas, tanto
no meio ambiente externo como no ambiente confinado (por
exemplo, o meio ambiente industrial).

Em Moçambique a legislação ambiental, não iniciou com a Lei do


Ambiente, como algumas pessoas poderiam ser levadas a pensar, mas
remota aos anos 70, como o Decreto n.º 7/78, de 18 de Abril (que
regulamenta as modalidades de caça a serem praticadas na República
Popular de Moçambique), isto é, protecção da flora e fauna.

Exercícios
1. Reflita sobre a história da Legislação Ambiental em
Moçambique.
2. Conceitualiza o Legislação Ambiental.
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Unidade III
Conceitos Básicos Sobre Avaliação Do Impacto Ambiental

Introdução
Neste capitulo falaremos dos conceitos básicos da Avaliação de
Impacto Ambiental, onde iremos abordar com mais profundidade
nos capitulos subsequentes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Teras conhecimentos sob Avaliação de Impacto Ambiental,re


alguns aspectos e definições básicas, sobre mesmo processo.
Objectivos

3.1 Conceitos Básicos Sobre Avaliação do Impacto Ambiental


(AIA)

1. Avaliação do Impacto Ambiental (AIA): é um instrumento de


gestão ambiental preventiva e consiste na identificação e
análise prévia, qualitativa e quantitativa, dos efeitos ambientais
benéficos e perniciosos de uma actividade proposta.

2. Auditoria Ambiental: é um instrumento de gestão e de


avaliação sistemática, documentada e objectiva do
funcionamento e organização de sistema de gestão e dos
processos de controlo e protecção do ambiente.

3. Inspecção Ambiental: constitui um instrumento de gestão


ambiental cuja finalidade é desenvolver acções de vigilância, de
direcção e de fiscalização, relativas ao cumprimento de normas
de protecção do ambiente a nível nacional

4. Desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento baseado


numa gestão ambiental que satisfaz as necessidades da geração
EIA 207 17

presente sem comprometer o equilíbrio do ambiente e a


possibilidade de as gerações futuras satisfazerem também suas
necessidades.

5. Actividade: é qualquer acção, de iniciativa pública ou privada,


relacionada com a utilização ou a exploração de componentes
ambientais, a aplicação de tecnologias ou processos produtivos,
planos, programas, actos legislativos ou regulamentares, que
afecta ou pode afectar o ambiente.

6. Proponente: qualquer pessoa, entidade pública ou privada,


nacional ou estrangeira, que se proponha a realizar ou
implementar uma actividade ou introduzir qualquer tipo de
alterações numa actividade em curso.

7. Impacto Ambiental: é qualquer mudança do ambiente para


melhor ou para pior, especialmente com efeitos no ar, na terra,
na água e na saúde das pessoas, resultante de actividades
humanas.

8. Impactos Ambientais Cumulativos: são os efeitos derivados


da soma ou interacção de impactos, gerados por um ou mais de
um empreendimento, ao longo de determinado período, numa
mesma área de influência de uma actividade.

9. Área de Influência: é a área e o espaço geográfico directa ou


indirectamente afectados pelos impactos ambientais de uma
actividade.

10. Impactos Ambientais Indirectos: são os efeitos que não são o


resultado directo da actividade em implementação.

11. Pré-avaliação: é o processo de análise ambiental preliminar


que tem como principal objectivo a categorização da actividade
e a determinação do tipo de avaliação ambiental a efectuar.

12. Ficha de Informação Ambiental Preliminar (FIAP): é a


ficha técnica constituída por um breve questionário com vista a
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obter informações preliminares relativas à actividade a


desenvolver e ao ambiente do local de inserção geográfica da
mesma para auxiliar o processo de pré-avaliação.

13. Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do


Âmbito (EPDA): processo obrigatório para as actividades
classificadas como sendo de categoria A que visa identificar,
avaliar os principais impactos, analisar as alternativas de
mitigação, bem como, definir o âmbito do EIA, através da
selecção das componentes ambientais que podem ser afectadas
pela actividade em análise e sobre as quais o EIA deve incidir.

14. Questões Fatais: São os potenciais impactos negativos e


irreversíveis que poderão resultar da implementação de uma
actividade.

15. Termos de Referência (TdR): é o documento que contém os


parâmetros e informações específicas que deverão presidir à
elaboração do EIA ou EAS de uma actividade. Deve ser
apresentado pelo proponente para a aprovação do Ministério
para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), antes de
iniciar o EIA e EAS.

16. Directivas: são as orientações e parâmetros globais a que


deverá submeter-se a realização da avaliação de impacto
ambiental nas diferentes áreas de actividade económica e social
e que são objecto de despachos ministeriais do Ministério Para
a Coordenação da Acção Ambiental.

17. Estudo de Impacto Ambiental (EIA): é a componente do


processo de avaliação do impacto ambiental que analisa técnica
e cientificamente as consequências da implantação de
actividades de desenvolvimento sobre o ambiente.

18. Estudo Ambiental Simplificado (EAS): é a componente do


processo de avaliação do impacto ambiental que analisa técnica
e cientificamente as consequências da implantação de
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actividades de desenvolvimento sobre o ambiente, para


actividades classificadas como sendo de categoria B.

19. Situação Ambiental de Referência: é o estudo da qualidade


das componentes ambientais e de suas interacções conforme se
apresentam na área de influência de uma actividade, antes da
sua implantação.

20. Plano de Gestão Ambiental (PGA): são as acções a


desenvolver pelo proponente, visando gerir os impactos
negativos e potenciar os positivos resultantes da
implementação, da actividade por ele proposta, elaboradas no
âmbito da AIA

21. Gestão ambiental: é o maneio e utilização racional e


sustentável das componentes ambientais, incluindo o seu reuso,
reciclagem, protecção e conservação.

22. Medidas de Mitigação: conjunto de medidas visando


minimizar ou evitar os efeitos negativos e potenciar os efeitos
positivos de uma actividade sobre o ambiente biofísico e sócio-
económico.

23. Monitorização: é a medição regular e periódica das variáveis


ambientais representativas da evolução dos impactos
ambientais da actividade após o início da implantação do
mesmo para documentar as alterações que foram causadas, com
o objectivo de verificar a ocorrência dos impactos previstos e a
eficácia das respectivas medidas mitigadoras.

24. Variáveis ambientais ou parâmetros de monitorização: é o


conjunto de valores químicos, físicos e biológicos medidos
durante o processo de monitorização

25. Programa de consciencialização e educação ambiental: é


conjunto de procedimentos com vista a criar uma consciência
ambiental e capacidade para a gestão ambiental adequada do
empreendimento e das consequências a advirem da implantação
de uma actividade.
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26. Programa de controlo de situação de risco e emergência:


conjunto de procedimentos que visam gerir de forma adequada
os riscos de carácter ambiental do empreendimento a
inconformidades identificadas durante a implementação do
programa de monitorização

27. Viabilidade Ambiental: é a aptidão que uma actividade tem de


ser implementada sem causar impactos negativos significativos
sobre o ambiente do local de implementação ou que seus
impactos negativos sejam passíveis de mitigação.

28. Revisão: é o processo de análise técnica e científica do


conteúdo dos documentos elaborados no âmbito do processo de
AIA, para verificar a sua qualidade técnica, e informações neles
contidas, de acordo com as directivas emitidas para o efeito.

29. Declaração de insenção: é o documento confirmativo da


desobrigação de realização de um EIA ou EAS de uma
actividade proposta, emitido pelo Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental através dos órgãos
competentes.

30. Declaração final: proposta de decisão produzida pela


Comissão Técnica de Avaliação do processo de AIA, em
relação a determinada actividade proposta.

31. Comissão Técnica de Avaliação: é o comité inter-sectorial de


análise dos documentos técnicos elaborados no âmbito da AIA.

32. Licença Ambiental: é o certificado confirmativo da


viabilidade ambiental de uma actividade proposta, emitido pelo
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, através
dos órgãos competentes para o efeito.

33. Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental: é o


Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, através da
Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental
(DNAIA);
EIA 207 21

34. DPCA: Direcção Provincial para a Coordenação da Acção


Ambiental;

35. Participação Pública (PP): é o processo de informação e de


auscultação das partes interessadas e afectadas, directa ou
indirectamente pela actividade e que é realizado durante o
processo de AIA.

36. Comunidade: agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo


numa circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior,
que visa a salvaguarda de interesses comuns através da
protecção de áreas habitacionais, áreas agricolas, sejam
cultivadas ou em pousios, florestas, sítios de importância
cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão.

37. Partes Interessadas e Afectadas (PI&A’s): pessoas


individuais, pessoas colectivas públicas ou privadas a quem a
actividade proposta interesse ou afecte directa ou
indirectamente.

38. Consulta pública: é o processo de auscultação do parecer dos


diversos sectores da sociedade civil, incluindo pessoas
colectivas ou singulares, directa ou indirectamente interessadas
e/ou potencialmente afectadas pela actividade proposta.

Sumário
Neste capitulos aboradmos sobre conceitos básicos da Avaliação de
Impacto Ambiental, definimos os mesmos conceitos. Acreditamos
que nos capitulos não terás deficuldade de definir certos conceitos
da AIA

Exercícios
1. Reflita sobre a conceitos básicos da Avaliação de Impacto
Ambiental
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Unidade IV
Avaliação de Impacto Ambiental como Instrumento da Política do Meio
Ambiente
Introdução

A finalidade da “Avaliação de Impacto Ambiental - AIA” é a


identificação dos impactos ambientais significativos do meio
ambiente, conceito esse subjetivo, uma vez que a condição
“significativo” está sujeita a percepção do avaliador.
Os instrumentos da Avaliação de Impacto Ambiental, revelam que
“Aquele que explorar recursos naturais fica obrigado a recuperar o
ambiente degradado de acordo com a solução técnica exigida pelo
órgão público competente, apresentada antes do início da
actividade, na forma da lei”o que demonstra a importância
fundamental de se realizar a Avaliação de Impacto Ambiental , um
instrumento de caráter técnico – científico com o objetivo de
identificar, prever e avaliar as conseqüências das actividades
humanas, ao meio ambiente.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a importância da Avaliação de Impacto Ambiental


como instrumento da PoliticaNacional do Meio Ambiente.
Objectivos

4.1 Legislação Ambiental


EIA 207 23

A legislação ambiental é um importante factor a ser observado no


gerenciamento ambiental, tendo em vista a diversidade de temas a
serem abrangidos.
O referencial legal mais significativo com relação a Legislação
Ambiental é a Constituição da República, mais precisamente nos
artigos. 45.º, al. f), 90.º e 117.º da Constituição da República de
Moçambique, segundo o qual abordam:
Artigos. 45.º
al. f) “ Todo o cidadão tem o dever de: defender e conservar o
ambiente;
Artigo 90o.
“1. Todo o cidadão tem o direito de viver num ambiente
equilibrado e o dever de o defender. 2. O Estado e as autarquias
locais, com a colaboração das associações de defesa do ambiente,
adoptam políticas de defesa do ambiente e velam pela utilização
racional de todos os recursos naturais”;
Artigo 117.º
1. O Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio
ecológico e a conservação e preservação do ambiente visando a
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
2. Com o fim de garantir o direito ao ambiente no quadro de um
desenvolvimento sustentável, o Estado adopta políticas visando:
a) prevenir e controlar a poluição e a erosão;
b) integrar os objectivos ambientais nas políticas sectoriais ;
c) promover a integração dos valores do ambiente nas políticas e
programas educacionais;
d) garantir o aproveitamento racional dos recursos naturais com
salvaguarda da sua capacidade de renovação, da estabilidade
ecológica e dos direitos das gerações vindouras;
e) promover o ordenamento do território com vista a uma correcta
localização das actividades e a um desenvolvimento sócio-
económico equilibrado.
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A Constituição da República em vigor, ao fixar princípios criar direitos e


obrigações para a defesa e protecção do ambiente, a título exemplificativo
indica alguns componentes ambientais, faz referência aos Órgãos
estaduais e infa-estaduais, responsáveis por executar a Politica do
Ambiente à educação ambiental, etc.

É indicado supra, somente os dispositivos que se referem directamente ao


ambiente, no entanto, é importante não perder de vista que o ambiente é
uma matéria transversal na CRM de 2004, abarcando indirectamente
outros dispositivos que aludem a saúde, bem-estar, etc.

Cabe ressaltar que dentre os mecanismos jurídicos da protecção do


meio ambiente em Moçambique, o de maior importância
hierárquica é a Constituição da República. A nossa Constituição
sustenta a Avaliação de Impacto Ambiental e serve como
instrumento da Politica Nacional do Meio Ambiente, a desbruçar
que “todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos
direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente
da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, grau de
instrução, posição social, estado civil dos pais ou profissão”.

A constituição revela que, em termos de matéria ambiental, não há


cidadãos de primeira ou de segunda, isto é, todos têm igualmente o
direito fundamental ao ambiente e o correspectivo dever de o
defender. Assim, a oportunidade de se ter acesso a um ambiente
salubre e equilibrado deve ser acessível não somente aos cidadãos
que pertencem às classes sociais média e elevada, normalmente
residentes em alguns bairros “elite” dotados de todos os
equipamentos colectivos essenciais para que haja qualidade de
vida, como também às populações mais desfavorecidas, que
residem nos bairros mais pobres e degradados das urbes ou nos
seus subúrbios, nos quais reina a desordem e a carência das
condições mais elementares de vida.
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Sumário
A avaliação de impacto ambiental é um instrumento da Política l do
MeioAmbiente formado por um conjunto de procedimentos para
identificar, prever e avaliar as consequências de acções
antrópologicas ao meio físico, biológico e sócio-econômico,
pautado em dispositivos técnicos e legais.

Constituição da República de Moçambique, revela-se com um


instrumento da Politica Nacional do Meio Ambiente e serve de
base fundamental para a Avaliação de Impacto Ambiental .

Exercícios

1. Como a Constituição da República de Moçambique, revela-


se com um instrumento da Politica Nacional do Meio
Ambiente e serve de base fundamental para a Avaliação de
Impacto Ambiental ?

2. Aponta e descreve os artigos da Constituição da República


de Moçambique, que reflentem a protecção do meio
ambiente.
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Unidade V
Avaliação de Impacto Ambiental - Instrumentos e
Diretrizes
Introdução

A Avaliação de Impacto Ambiental - AIA é um instrumento da


Política do Meio Ambiente, de grande importância para a gestão
institucional de planos, programas e projectos.
A Política do Meio Ambiente, tem por objectivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-
económico, aos interesses da segurança nacional e à protecção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
Acção governamental na manutenção do equilíbrio ecológico,
considerando o meio ambiente como um património público a ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso
coletivo; Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do
ar; Planeiamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
Protecção dos ecossistemas, com a preservação de áreas
representativas. Neste capitulos falaremos da Avaliação de Impacto
Ambiental – Instrumentos e Diretrizes.

5.1 Instrumentos da Avaliação de Impacto Ambiental


Os Instrumentos legais de implementação da AIA são: Estudo de
Impacto Ambiental e Relatório de Estudo de Impacto Ambiental -
EIA/REIA, e/ou outros documentos técnicos necessários como é o
caso de Termos de Referências – TdR.

O Estudo de Impacto Ambiental-EIA e seu respectivo Relatório de


Estudo de Impacto Ambiental-REIA, foi introduzido no sistema
normativo Moçambicano, para o licenciamento de diversas
actividades modificadoras do meio ambiente e diretrizes e
EIA 207 27

actividades técnicas para sua execução. De acordo com o Decreto


45/2004, da Regulamento Sobre o Processo de Avaliação de
Impacto Ambiental, o EIA/REMA, deve ser realizado por equipe
multidisciplinar habilitada, não dependente directa ou
indiretamente do proponente do projecto e que será responsável
tecnicamente pelos resultados apresentados.

5.2 Diretrizes da Avaliação de Impacto Ambiental

5.2.1 Informações Gerais


 Nome, razão social, endereço, etc.
 Histórico do empreendimento
 Nacionalidade de origem e das tecnologias
 Porte e tipos de atividades desenvolvidas
 Objetivos e justificativas no contexto económico-social do
país, região, e município.
 Localização geográfica, vias de acesso
 Etapas de implantação
 Empreendimentos associados e/ou similares

5.2.2 Caracterização do Empreendimento


Para cada uma das fases (planeiamento, implantação, operação e
desactivação):
– Objectivos e justificativas do projecto, sua relação e
compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais;
– A descrição do projecto e suas alternativas tecnológicas e
locacionais, especificando: área de influência, matérias primas,
mão-de-obra, fontes de energia, processos e técnica operacionais,
prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, geração de
empregos.

5.2.3. Área de Influência


Limitação geográfica das áreas: • directamente afectada e
indirectamente afectada. Sempre considerar uma bacia
hidrográfica, onde se localiza o empreendimento, apresentado
EIA 207 28

justificativas para a determinação das AIA e ilustrar através de


mapeamento.

5.2.4. Diagnóstico da Ambiental da Avaliação de Impacto


Ambiental
Caracterização actual do ambiente natural, ou seja, antes da
implantação do projeto, considerando: as variáveis suscetíveis de
sofrer direta ou indiretamente efeitos em todas as fases do projeto;
os fatores ambientais físicos, biológicos e antrópicos de acordo
com o tipo e porte do empreendimento; informações cartográficas
com as Avaliação de Impacto em escalas compatíveis com o nível
de detalhamento dos fatores ambientais considerados.
Meio fisico: subsolo, as águas, o ar e o clima – condições
meteorológicas e o clima – qualidade do ar; níveis de ruído;
caracterização geológica e geomorfológica; usos e aptidões dos
solos; recursos hídricos: hidrologia superficial; hidrogeologia;
oceanografia física; qualidade das águas; usos das águas.
Meio biológico e os ecossistemas naturais: fauna e flora;
Ecossistemas terrestres, descrição da cobertura vegetal, descrição
geral das inter-relações fauna-fauna efauna-flora; Ecossistemas
aquáticos: mapeamento da populações aquáticas, identificação de
espécies indicadoras biológicas; Ecossistemas de
transição,banhados, mangais e pântanos, etc.
Meio Antrópologico ou socioeconomico: Dinâmica populacional;
Uso e ocupação do solo; Nível de vida; Estrutura produtiva e de
services; Organização social.

5.2.5.Análise dos Impactos Ambientais


Identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos em
todas as fases do projeto e para cada um dos fatores ambientais
pertinentes. De acordo com a AI e com os fatores ambientais
considerados, o impacto ambiental pode ser: direto e indireto;
benéfico e adverso; temporários, permanentes e cíclicos; imediatos,
a médio e a longo prazo; reversíveis e irreversíveis e locais e
regionais.
EIA 207 29

Avaliação da inter-relação e da magnitude; • Metodologias


utilizadas: Análise custo-benefício; Listas de checagem (“Check
Lists”); Matrizes de interação (Matriz de Leopold); Análise de
Rede (“NetWorks”); Mapeamento por superposição (“over-lays”).
Síntese conclusive; relevância de cada fase: planejamento,
implantação, operação e desactivação, identificação, previsão da
magnitude e interpretação, no caso da possibilidade de acidentes
• Descrição detalhada para cada factor ambiental; impactos sobre o
meio físico; impactos sobre o meio biologic; impactos sobre o meio
antrópico.

Para cada análise: mencionar métodos e técnicas de previsão


aplicados.

5.2.6. Medidas Mitigadoras


Apresentadas e classificadas quanto a: sua natureza: preventivas ou
corretivas; fase do empreendimento em que deverão ser
implementadas; o factor ambiental a que se destina; • o prazo de
permanência de sua aplicação; e a responsabilidade por sua
implementação.

5.2.7. Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos


Impactos
Indicar e justificar: os parâmetros selecionados para avaliação; a
rede de amostragem proposta; os métodos de coleta e análise das
amostragens; periodicidade das amostragens para cada parâmetro,
de acordo com os fatores ambientais; os métodos a serem
empregados para o armazenamento e tratamento dos dados.

5.2.8. Relatório da Avaliação de Impacto Ambiental


Objetivos e justificativas do projeto; Descrição do projeto e suas
alternativas tecnológicas e locacionais; Síntese dos resultados dos
estudos de diagnóstico; Descrição dos impactos ambientais;
Caracterização da qualidade ambiental futura da AI; Descrição dos
efeitos esperados das medidas mitigadoras; Programa de
acompanhamento e monitoramento; Recomendação quanto à
alternativa mais favorável.
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Sumário
Neste capitulos falarmos dos Instrumentos e Diretrizes da
Avaliação de Impacto Ambiental.
Dissemos que os Instrumentos legais de implementação da AIA
são: Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Estudo de
Impacto Ambiental - EIA/REIA, e/ou outros documentos técnicos
necessários como é o caso de Termos de Referências – TdR.
Mencionamos que os Diretrizes da Avaliação de Impacto
Ambiental:1 Informações Gerais; Caracterização do
Empreendimento; Área de Influência; Diagnóstico da Ambiental da
Avaliação de Impacto Ambiental; Análise dos Impactos
Ambientais; Medidas Mitigadoras; Programa de Acompanhamento
e Monitoramento dos Impactos e Relatório da Avaliação de
Impacto Ambiental

Exercícios
1. Reflita sobre os Instrumentos legais de implementação da
AIA.
2. Quais são os Diretrizes da Avaliação de Impacto Ambiental.
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Unidade VI
Participação Social no Processo de AIA e Agentes Sociais Envolvidos

Introdução
Em algumas etapas do processo da AIA estão previstas a
participação da sociedade, para que a mesma tome conhecimento
prévio das propostas e suas alternativas, bem como dos prováveis
impactos sociais, económicos e ambientais que poderão ocorrer em
um determinado território (área ou região). Em tais etapas os
indivíduos são informados dos processos e mecanismos, e podem
expressar seus posicionamentos.

A participação da sociedade em etapas do processo do AIA têm


multíplas finalidades, como se pode verificar a seguir. Para Bishop
(1975) aparticipação da sociedade no processo de AIA tem como
objetivos: (i) coordenar, difundir e educar; (ii)identificar os
recursos ambientais mais importantes para a comunidade; (iii)
identificar os problemas e necessidades ambientais; (iv) conceber
idéias e solucionar os problemas; (v) sondar opiniões do público;
(vi) valorizar as alternativas apresentadas pelas comunidades
afectadas; e (vii) resolver conflitos por consenso.

6.1A consulta Pública como Mecanismo da Participação Social


do Processo de AIA

A consulta pública no âmbito do processo de avaliação do impacto


ambiental encontra-se regulada no artigo 7.°, do Regulamento de
Avaliação do Impacto Ambiental. Constitui corolário do princípio
da participação, que, como vimos, traduz-se num dos princípios
ambientais de carácter fundamental. A política de desenvolvimento
sustentável pressupõe a participação de todos os cidadãos no
EIA 207 32

processo da tomada de decisões políticas susceptíveis de produzir


consequências no meio ambiente.

Neste domínio, João de Melo disse que: “Tradicionalmente, as


decisões sobre grandes empreendimentos eram tomadas apenas
com base em critérios políticos ou económicos, ou mesmo sem
quaisquer critérios formais (...). As pessoas afectadas não eram
informadas nem ouvidas, e muitas vezes os próprios decisores não
tinham a consciência das consequências dos seus actos. Ao tornar o
processo decisório transparente, a avaliação de impactes ambientais
proporciona a participação dos cidadãos nas decisões que os
afectam (...). Como tal, a AIA é um meio importante de estimular a
democracia participativa e a proximidade entre os cidadãos e o
Estado”2.

Porém, para que haja participação dos cidadãos, deve-se promover


uma informação ampla, atempada e objectiva do processo de
consulta pública. Isto é, sublinhe-se, sem informação não pode
haver participação dos cidadãos, ou ainda, por outras palavras, o
direito de participação dos cidadãos nas questões respeitantes à
protecção ambiental implica o direito à informação.

Compete ao MICOA, desde logo, a obrigação de adoptar os


métodos que, tendo em conta as circunstâncias de cada caso
concreto, se revelem mais adequados para a prossecução dos
objectivos pretendidos3. Como tal, consagrou-se um dever a cargo
deste órgão de garantir o acesso a toda a informação que esteja
eventualmente na sua posse.

No decurso do processo de avaliação do impacto ambiental, cabe,


ainda, à entidade promotora do projecto a responsabilidade de
promover, em termos amplos, a informação dos cidadãos,
nomeadamente no que toca ao período e procedimentos da consulta

2
MELO, João Joanaz, Metodologia de Avaliação de Impactes Ambientais,
Textos – Ambiente e Consumo, Vol. II, CEJ, 1996, pp. 301 e 302.
3
Cfr. Artigo 7.°/1, do Regulamento da AIA.
EIA 207 33

pública, sendo que, neste domínio, agirá segundo orientação directa


do MICOA4.

Trata-se de um verdadeiro dever de informar a cargo do proponente


do projecto ou actividade, sem o qual não haveria participação do
público no processo de tomada da decisão por parte do MICOA.
Constitui um momento crucial para o cumprimento dos objectivos
delineados para a fase da consulta pública, pelo que requer
particular atenção.

A consulta pública deve ser publicitada nos principais órgãos de


comunicação, mas não basta, há que atender à realidade sócio-
económica do país. Tendo presente que a uma parte substancial da
população moçambicana não tem acesso às fontes de informação,
torna-se imperioso que se equacione seriamente a forma como tal
informação deverá ser prestada, sob risco de se desvirtuar
totalmente o mérito do processo de avaliação de impacto ambiental.
Quantas pessoas têm acesso aos jornais? Quantas pessoas têm rádio
ou até pilhas para o poder utilizar? Quantas pessoas sabem falar a
língua oficial? Estas e outras questões, em função do caso concreto,
deverão ser sempre colocadas, mais a mais, visando-se instalar o
empreendimento numa zona rural.

O MICOA deverá orientar o proponente do projecto ou actividade


em relação às técnicas de informação e de participação mais
adequadas em função do caso concreto.

São várias as técnicas de informação conhecidas: “briefings”,


reportagens, envio de estudos ambientais pelo correio, conferências
de imprensa, boletins informativos, artigos periódicos em jornais,
comunicados de imprensa, anúncios pagos, apresentação a grupos
civis e técnicos, dossiers de informação e informação gratuita na
comunicação social5.

4
Cfr. Artigo 7.°/2, do Regulamento da AIA.
5
MELO, João Joanaz, Metodologia (...), pp. 314 a 318.
EIA 207 34

Com vista a integrar o público no processo da tomada da decisão


política sobre a viabilidade de um determinado projecto
económico, devemos ter em conta diversas técnicas de
participação, designadamente: as comissões de acompanhamento,
os grupos representativos, a utilização de uma linha telefónica
dedicada, entrevistas, palestras, conferências, workshops,
plebiscitos e inquéritos.

No caso particular do nosso país, é altamente aconselhável o


envolvimento das autoridades tradicionais na fase da consulta
pública, de modo a permitir um cabal cumprimento do dever de
informar, por um lado, e a participação efectiva das populações que
possam vir a sofrer o impacto ambiental do empreendimento 6.

Para as actividades de maior envergadura, ou quando tal seja


solicitado por entidade pública ou privada interessada na actividade
ou associação de defesa do meio ambiente, deverá o MICOA
convocar uma audiência pública, onde terão direito de participar os
membros da sociedade civil, os órgãos locais do poder, as
associações económicas, e os centros de ensino e investigação,
desde que tais entidades tenham algum interesse directo ou
indirecto na actividade proposta.

Além do mais, os estudos de impacto ambiental deverão estar


disponíveis para apreciação durante um período de tempo
suficiente. Todas as posições oralmente apresentadas no decurso da
audiência pública, ou, tendo sido elaboradas por escrito, sejam
apresentadas aos órgãos locais ou ao MICOA, num prazo até dez
dias antes do encerramento do período de revisão do EIA, deverão
ser consideradas no momento da decisão sobre o licenciamento
ambiental da actividade, desde que se relacionem com o respectivo
impacto ambiental.

6
Veja-se o Decreto n.° 15/2000, de 20 de Junho (que define as formas de
articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias) e o
Diploma Ministerial n.° 107 – A/2000, de 25 de Agosto (seu Regulamento).
EIA 207 35

6.2. Vantagens e Desvantagens da Participação Social no


Processo De AIA

Canter, André, Delisle et Revéret, Meadowcroft, entre outros


destacam as inúmeras vantagens de se abrir espaço para a
participação da comunidade em etapas do processo de AIA. Na
visão desses autores, a participação possibilita:(i) o repasse de
informações para as comunidades afectadas pelo
projecto/actividade; (ii) redução de conflitos; (iii) abertura de
espaços para que as comunidades dêem sugestões ou exponham
seus pontos de vista com relação à proposta; (iv) incremento da
legitimidade das decisões individuais e do sistema político em
geral, tornando o processo justo e inclusivo; e, (v) melhores
decisões e com maior consistência.

No que diz respeito às desvantagens de a sociedade participar do


processo de AIA, Canter, conseguiu elencar quatro. São elas: (i) a
possibilidade de ocorrer confusões com a inserção de outras
demandas; (ii) recebimento de informações errôneas; (iii) incerteza
dos resultados do processo; e (iv) possíveis atrasos e aumentos de
custos do projecto ou actividade.

Sumário
Neste capitulo, analisamos a participação da sociedade no Processo
de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), procurando verificar
em que medida tal participação tem contribuído para que o
licenciamento ambiental alcance sua efectividade, enquanto
instrumento de controlo da política ambiental em Moçambique.

Exercícios
1. Em que artigo do Regulamento de Avaliação do Impacto
Ambienta, encontra-se regulado a A consulta pública?
2. Fale da importância da Consulta Pública.
3. Quais são as Vantagens e Desvantagens da Participação Social no
Processo de AIA?
4. Reflita esta passagem “O MICOA deverá orientar o proponente
do projecto ou actividade em relação às técnicas de informação e
de participação mais adequadas em função do caso concreto”.
EIA 207 36

Unidade VII

Principais Leis Ambientais em Moçambique

Introdução
algumas etapas do processo da AIA estão previstas a participação
da sociedade, para que a mesma tome conhecimento prévio das
propostas e suas alternativas, bem como dos prováveis impactos
sociais, económicos e ambientais que poderão ocorrer em um
determinado território (área ou região). Em tais etapas os
indivíduos são informados dos processos e mecanismos, e podem
expressar seus posicionamentos.

A participação da sociedade em etapas do processo do AIA têm


multíplas finalidades, como se pode verificar a seguir. Para Bishop
(1975) aparticipação da sociedade no processo de AIA tem como
objetivos: (i) coordenar, difundir e educar; (ii)identificar os
recursos ambientais mais importantes para a comunidade; (iii)
identificar os problemas e necessidades ambientais; (iv) conceber
idéias e solucionar os problemas; (v) sondar opiniões do público;
(vi) valorizar as alternativas apresentadas pelas comunidades
afectadas; e (vii) resolver conflitos por consenso.

.1A consulta Pública como Mecanismo da Participação Social


do Processo de AIA

A consulta pública no âmbito do processo de avaliação do impacto


ambiental encontra-se regulada no artigo 7.°, do Regulamento de
Avaliação do Impacto Ambiental. Constitui corolário do princípio
da participação, que, como vimos, traduz-se num dos princípios
ambientais de carácter fundamental. A política de desenvolvimento
EIA 207 37

sustentável pressupõe a participação de todos os cidadãos no


processo da tomada de decisões políticas susceptíveis de produzir
consequências no meio ambiente.

Neste domínio, João de Melo disse que: “Tradicionalmente, as


decisões sobre grandes empreendimentos eram tomadas apenas
com base em critérios políticos ou económicos, ou mesmo sem
quaisquer critérios formais (...). As pessoas afectadas não eram
informadas nem ouvidas, e muitas vezes os próprios decisores não
tinham a consciência das consequências dos seus actos. Ao tornar o
processo decisório transparente, a avaliação de impactes ambientais
proporciona a participação dos cidadãos nas decisões que os
afectam (...). Como tal, a AIA é um meio importante de estimular a
democracia participativa e a proximidade entre os cidadãos e o
Estado”7.

Porém, para que haja participação dos cidadãos, deve-se promover


uma informação ampla, atempada e objectiva do processo de
consulta pública. Isto é, sublinhe-se, sem informação não pode
haver participação dos cidadãos, ou ainda, por outras palavras, o
direito de participação dos cidadãos nas questões respeitantes à
protecção ambiental implica o direito à informação.

Compete ao MICOA, desde logo, a obrigação de adoptar os


métodos que, tendo em conta as circunstâncias de cada caso
concreto, se revelem mais adequados para a prossecução dos
objectivos pretendidos8. Como tal, consagrou-se um dever a cargo
deste órgão de garantir o acesso a toda a informação que esteja
eventualmente na sua posse.

No decurso do processo de avaliação do impacto ambiental, cabe,


ainda, à entidade promotora do projecto a responsabilidade de
promover, em termos amplos, a informação dos cidadãos,

7
MELO, João Joanaz, Metodologia de Avaliação de Impactes Ambientais,
Textos – Ambiente e Consumo, Vol. II, CEJ, 1996, pp. 301 e 302.
8
Cfr. Artigo 7.°/1, do Regulamento da AIA.
EIA 207 38

nomeadamente no que toca ao período e procedimentos da consulta


pública, sendo que, neste domínio, agirá segundo orientação directa
do MICOA9.

Trata-se de um verdadeiro dever de informar a cargo do proponente


do projecto ou actividade, sem o qual não haveria participação do
público no processo de tomada da decisão por parte do MICOA.
Constitui um momento crucial para o cumprimento dos objectivos
delineados para a fase da consulta pública, pelo que requer
particular atenção.

A consulta pública deve ser publicitada nos principais órgãos de


comunicação, mas não basta, há que atender à realidade sócio-
económica do país. Tendo presente que a uma parte substancial da
população moçambicana não tem acesso às fontes de informação,
torna-se imperioso que se equacione seriamente a forma como tal
informação deverá ser prestada, sob risco de se desvirtuar
totalmente o mérito do processo de avaliação de impacto ambiental.
Quantas pessoas têm acesso aos jornais? Quantas pessoas têm rádio
ou até pilhas para o poder utilizar? Quantas pessoas sabem falar a
língua oficial? Estas e outras questões, em função do caso concreto,
deverão ser sempre colocadas, mais a mais, visando-se instalar o
empreendimento numa zona rural.

O MICOA deverá orientar o proponente do projecto ou actividade


em relação às técnicas de informação e de participação mais
adequadas em função do caso concreto.

São várias as técnicas de informação conhecidas: “briefings”,


reportagens, envio de estudos ambientais pelo correio, conferências
de imprensa, boletins informativos, artigos periódicos em jornais,
comunicados de imprensa, anúncios pagos, apresentação a grupos
civis e técnicos, dossiers de informação e informação gratuita na
comunicação social10.

9
Cfr. Artigo 7.°/2, do Regulamento da AIA.
10
MELO, João Joanaz, Metodologia (...), pp. 314 a 318.
EIA 207 39

Com vista a integrar o público no processo da tomada da decisão


política sobre a viabilidade de um determinado projecto
económico, devemos ter em conta diversas técnicas de
participação, designadamente: as comissões de acompanhamento,
os grupos representativos, a utilização de uma linha telefónica
dedicada, entrevistas, palestras, conferências, workshops,
plebiscitos e inquéritos.

No caso particular do nosso país, é altamente aconselhável o


envolvimento das autoridades tradicionais na fase da consulta
pública, de modo a permitir um cabal cumprimento do dever de
informar, por um lado, e a participação efectiva das populações que
possam vir a sofrer o impacto ambiental do empreendimento 11.

Para as actividades de maior envergadura, ou quando tal seja


solicitado por entidade pública ou privada interessada na actividade
ou associação de defesa do meio ambiente, deverá o MICOA
convocar uma audiência pública, onde terão direito de participar os
membros da sociedade civil, os órgãos locais do poder, as
associações económicas, e os centros de ensino e investigação,
desde que tais entidades tenham algum interesse directo ou
indirecto na actividade proposta.

Além do mais, os estudos de impacto ambiental deverão estar


disponíveis para apreciação durante um período de tempo
suficiente. Todas as posições oralmente apresentadas no decurso da
audiência pública, ou, tendo sido elaboradas por escrito, sejam
apresentadas aos órgãos locais ou ao MICOA, num prazo até dez
dias antes do encerramento do período de revisão do EIA, deverão
ser consideradas no momento da decisão sobre o licenciamento
ambiental da actividade, desde que se relacionem com o respectivo
impacto ambiental.

11
Veja-se o Decreto n.° 15/2000, de 20 de Junho (que define as formas de
articulação dos órgãos locais do Estado com as autoridades comunitárias) e o
Diploma Ministerial n.° 107 – A/2000, de 25 de Agosto (seu Regulamento).
EIA 207 40

7.2.Vantagens e Desvantagens da Participação Social no


Processo De AIA

Canter, André, Delisle et Revéret, Meadowcroft, entre outros


destacam as inúmeras vantagens de se abrir espaço para a
participação da comunidade em etapas do processo de AIA. Na
visão desses autores, a participação possibilita:(i) o repasse de
informações para as comunidades afectadas pelo
projecto/actividade; (ii) redução de conflitos; (iii) abertura de
espaços para que as comunidades dêem sugestões ou exponham
seus pontos de vista com relação à proposta; (iv) incremento da
legitimidade das decisões individuais e do sistema político em
geral, tornando o processo justo e inclusivo; e, (v) melhores
decisões e com maior consistência.

No que diz respeito às desvantagens de a sociedade participar do


processo de AIA, Canter, conseguiu elencar quatro. São elas: (i) a
possibilidade de ocorrer confusões com a inserção de outras
demandas; (ii) recebimento de informações errôneas; (iii) incerteza
dos resultados do processo; e (iv) possíveis atrasos e aumentos de
custos do projecto ou actividade.

Sumário
Neste capitulo, analisamos a participação da sociedade no Processo
de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), procurando verificar
em que medida tal participação tem contribuído para que o
licenciamento ambiental alcance sua efectividade, enquanto
instrumento de controlo da política ambiental em Moçambique.

Exercícios
1. Em que artigo do Regulamento de Avaliação do Impacto
Ambienta, encontra-se regulado a A consulta pública?
2. Fale da importância da Consulta Pública.
3. Quais são as Vantagens e Desvantagens da Participação Social no
Processo de AIA?
4. Reflita esta passagem “O MICOA deverá orientar o proponente
do projecto ou actividade em relação às técnicas de informação e
de participação mais adequadas em função do caso concreto”.
EIA 207 41

Unidade VIII
Licenciamento Ambiental
Introdução
Como foi refereciano capítulo 3, que a Legislação Ambiental é um
conjunto de Leis, normas, regras e padrões que foram criadas para
proteger o Meio Ambiente. Neste capitulo, iremos falar das
definições de Licenciamento Ambiental e Licença Ambiental, do
surgimento, essência e princípios, do sistema de licenciamento
duplo e do.órgão competente para a emissão da Licença Ambiental.

8.1. Definições de Licenciamento Ambiental e Licença


Ambiental
O licenciamento ambiental encontra-se previsto no artigo 15.°/1, da
Lei do Ambiente, segundo o qual “o licenciamento e o registo das
actividades que, pela sua natureza, localização ou dimensão, sejam
susceptíveis de provocar impactos significativos sobre o ambiente,
são feitos de acordo com o regime a estabelecer pelo governo, por
regulamento específico”.

O processo de licenciamento ambiental tem em vista a obtenção de


uma licença com um conteúdo específico e característico, para
além de licenças ou autorizações que há muito tempo eram
obrigatórias à luz da legislação vigente.

Mas o que é afinal uma licença ambiental? O Regulamento do


processo de Avaliação de Impacto Ambiental, aprovado pelo
Decreto n.° 76/98, de 29 de Dezembro, pode dar-nos uma ajuda
valiosa na resposta a esta questão, definindo licença ambiental
como “o certificado confirmativo da viabilidade ambiental de uma
actividade proposta, emitido pelo Ministério para a Coordenação da
EIA 207 42

Acção Ambiental”. 12 Mais ainda, entendemos que a licença possui


a natureza jurídica de um acto administrativo, enquanto “decisão
com força obrigatória e dotada de exequibilidade sobre um
determinado assunto, tomada por um órgão de uma pessoa
colectiva de direito público”, nos termos da alínea a) do artigo 1.°
artigo do Decreto n.° 30/2001, de 15 de Outubro.

Tal foi aliás o entendimento de Vasco Pereira da Silva ao afirmar,


em relação ao sistema jurídico-legal português de licenciamento
ambiental, que apresenta bastantes semelhanças ao nosso, que a
licença ambiental possui natureza de acto administrativo, enquanto
“decisão de realização do interesse público produtora de efeitos
jurídicos numa situação individual e concreta” 13.

Assim, podemos concluir que estamos perante uma modalidade de


licenciamento completamente nova quanto à finalidade, conteúdo e
procedimento para a respectiva obtenção.

8.2. Surgimento, essência e princípios

Interessa-nos, antes de mais, perceber as razões do surgimento


desta nova modalidade de licenciamento, pois, assim,
compreenderemos a sua importância e papel no quadro da política
de protecção do meio ambiente.

Até há bem pouco tempo, na história do nosso país (e no resto do


mundo), as preocupações ambientais não eram tidas em conta
durante o processo de licenciamento ou concessão de actividades
económicas, independentemente do ramo ao qual estas
pertencessem. Ou se eram, o peso concedido a tais preocupações
revelava-se bastante diminuto.

12
Cfr. Artigo 1.° f), do Regulamento do Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental.
13
SILVA, Vasco Pereira, Verde Cor do Direito, Livraria Almedina, Coimbra,
Fevereiro, 2002, p. 207.
EIA 207 43

Conforme vimos anteriormente, o conceito de desenvolvimento


sustentável 14 só muito recentemente passou a fazer parte dos
quadros de raciocínio dos diversos Estados e organizações
internacionais, com a tomada da consciência da necessidade de
mudar radicalmente a forma como os seres humanos encaravam a
natureza e o meio ambiente.

Qualquer projecto público ou privado era licenciado apenas se se


traduzisse ou contabilizasse em crescimento económico para o país,
a criação de postos de trabalho, o desenvolvimento de determinada
região, etc. A natureza constituía, única e exclusivamente, fonte
inesgotável de recursos ao serviço da ganância e cegueira dos
homens. Não havia, portanto, uma perspectiva de futuro, a médio e
longo prazo.

Vejamos, por exemplo, o caso do nosso país. As actividades


económicas encontravam-se (e ainda se encontram) distribuídas em
vários ramos de actividade, sob a alçada de diversos ministérios ou
entidades estatais. Tendo em conta a essência ou natureza da
actividade, era apenas necessário requerer a respectiva licença ou
licenças (à qual chamaremos de sectorial) junto do ministério ou
entidade tutelar competente.

Se estivéssemos perante um projecto de construção de uma fábrica,


era necessário obter a respectiva licença junto do Ministério da
Indústria e Comércio. Se se tratasse de um projecto de exploração
de uma mina ou de instalação de uma linha de transporte de energia
eléctrica, já a instituição competente para o respectivo
licenciamento (ou concessão) seria o Ministério dos Recursos
Minerais e Energia. Caso estivesse em causa um projecto de
prospecção, captação e aproveitamento de águas subterrâneas,

14
Veja-se a definição constante na Lei do Ambiente, segundo a qual o
“desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento baseado numa gestão
ambiental que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer o
equilíbrio do ambiente e a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem
também as suas necessidades” (Cfr. artigo 1.°/12).
EIA 207 44

caberia ao Ministério das Obras Públicas e Habitação, através da


Direcção Nacional de Águas, emitir a licença correspondente, e por
aí adiante.

Com a tomada da consciência da necessidade de se proteger e


conservar o meio ambiente, como condição imperiosa para a
própria sobrevivência do Homem, foi consagrado, na Constituição
da República de Moçambique, em 1990, o direito fundamental ao
ambiente e a obrigação, a cargo do Estado, de promover acções no
sentido da protecção do bem jurídico ambiente, conforme vimos
anteriormente. Posto isto, foi criado, por um lado, um órgão
especializado em questões ambientais e, por outro, deu-se início a
um ciclo de publicação de diversos diplomas de carácter ambiental.

Por conseguinte, em face da actual percepção da realidade, o


entendimento acima descrito, segundo o qual a instalação das
diversas actividades económicas era apenas condicionada, para
além de outros requisitos de ordem meramente formal, à emissão
de uma licença (ou concessão) sectorial ou mais, dependendo da
natureza do projecto, revelou-se completamente desajustado.

Para a decisão de repensar totalmente o quadro existente de


condicionamento das actividades económicas, há a contribuir um
outro aspecto. Trata-se, aliás, de uma imposição do chamado
princípio da coordenação inter-institucional15 que, apesar de não se
encontrar expressamente consagrado na Lei do Ambiente, assume
uma importância fundamental em toda a génese do Direito do
Ambiente.

Este princípio pressupõe a necessidade de uma visão concertada


entre todos os sectores de actividade do Estado em relação às
preocupações ambientais. Ora, até há bem pouco tempo, tal visão
ou perspectiva global do problema ambiental simplesmente não
existia. Daí que cada ministério, entidade ou organismo do Estado

15
Veja-se o artigo 16.°, da Lei de Águas.
EIA 207 45

agisse independentemente das demais em matéria de uso e


aproveitamento dos recursos naturais.

Não havia, por conseguinte, qualquer padrão uniforme de


licenciamento das diversas actividades económicas. E era possível
identificar, em termos bastante nítidos, imensas disparidades na
actuação dos diversos organismos estatais. Aliás, o licenciamento
sectorial, salvo raras excepções, não se encontrava condicionado à
observância das regras mais básicas e elementares de protecção e
conservação do meio ambiente.

Ora, para o ambiente, este sistema revelou-se muitas vezes


prejudicial. A título de exemplo, ainda hoje temos, no nosso país,
imensas fábricas a laborar em condições extremamente nocivas
para o meio ambiente, qualidade de vida e saúde pública, isto
porque o respectivo licenciamento não foi condicionado à
observância de qualquer processo de avaliação do impacto
ambiental, sendo, de todo, impossível quantificar os danos no
ambiente causados desde o início da sua laboração. Daí que o
princípio da prevenção, que se encontra em toda a génese do direito
do ambiente, impusesse uma forma nova de pensar o controle e
condicionamento da instalação das actividades económicas.

8.3. O sistema de licenciamento duplo

Com a publicação da Lei do Ambiente, impôs-se a figura


verdadeiramente nova do licenciamento ambiental, que, sem
margem para dúvidas, passou a constituir um instrumento
fundamental de prevenção de danos no bem jurídico ambiente.
Basicamente, a novidade foi condicionar as actividades
susceptíveis de causar um impacto ambiental nocivo à emissão de
uma licença ambiental, a cargo do Ministério para a Coordenação
da Acção Ambiental.

A licença ambiental deverá ser solicitada num momento


necessariamente anterior ao processo de obtenção da licença
sectorial, assumindo, esta última, um carácter essencialmente
EIA 207 46

técnico. Sendo que, note-se, a sua emissão é, regra geral, condição


para a emissão da licença sectorial. A tal conclusão chega da leitura
do artigo 15.° da Lei do Ambiente, segundo o qual “a emissão de
licença ambiental é baseada numa avaliação do impacto ambiental
da proposta de actividade e precede a emissão de quaisquer outras
licenças legalmente exigidas para cada caso”. Isto é, antes do início
de qualquer actividade de construção do empreendimento proposto,
torna-se necessário iniciar os procedimentos legais de obtenção da
licença ambiental junto do MICOA, e só então, uma vez obtida tal
licença, (tendo ou não havido estudo de impacto ambiental,
conforme o preceituado no Regulamento da AIA ), é que se
requererá a licença sectorial de conteúdo técnico, a ser emitida
pelos mais diversos órgãos ministeriais, tendo em conta o sector de
actividade em causa, conforme os exemplos a seguir apresentados:

- Projecto de construção de uma fábrica ► Ministério da


Indústria e Comércio ou Governador da Província
(se estiver em causa um estabelecimento industrial de 1.
ª ou 2.ª classe, respectivamente);
- Projecto de exploração de uma mina de tantalite ►
Ministério dos Recursos Minerais e Energia;
- Projecto de prospecção, captação e aproveitamento de
águas subterrâneas ► Ministério das Obras Públicas e
Habitação;
- Projecto de construção de uma unidade hoteleira ►
Ministério do Turismo.
- Projecto de natureza agró-pecuária ► Ministério da
Agricultura.

8.4.Órgão competente para a emissão da Licença Ambiental


Nos termos do Estatuto Orgânico do Ministério da Coordenação da
Acção Ambiental, aprovado pelo Diploma Ministerial n.°
133/2000, de 27 de Setembro, cabe à Direcção Nacional de
Avaliação do Impacto Ambiental a emissão de licenças ambientais.
EIA 207 47

Sumário
Como foi dito neste capítulo que o processo de licenciamento
ambiental tem em vista a obtenção de uma licença com um
conteúdo específico e característico, para além de licenças ou
autorizações.

O licenciamento ambiental surge no âmbito da consciência da


necessidade de se proteger e conservar o meio ambiente, como
condição imperiosa para a própria sobrevivência do Homem.

Como vista a garantir maior rigor no lenciamento ambiental, esta


deverá ser solicitada num momento necessariamente anterior ao
processo de obtenção da licença sectorial, isto é, antes da licença da
actividade a exercer.

Exercícios
5. Reflita sobre a história do surgimento do licenciamento
ambuental.
6. Fale do sistema de licenciamento duplo.
7. Qual é o Órgão competente para a emissão da Licença
Ambiental?
EIA 207 48

Unidade IX
Principais Leis Ambientais em Moçambique
Introdução
Neste capitulo, iremos falar das Principais Leis Ambientais em
Moçambique, como elas proconizam a protecção ambiental no
território Moçambicano, de que formaelas podem ser abordadas e
tratada.

Lei do Ambiente - Lei no 20/97 de 1 de Outubro


A Constituição da República de 2004, introduziu o direito à acção
popular. Permite que os cidadãos possam procurar indemnizações e
a prevenção, cessação ou perseguição das infracções contra a saúde
pública, os direitos dos consumidores e, o que nos interessa aqui, a
preservação do ambiente e o património cultural.

Ao abrigo da Lei do Ambiente, qualquer cidadão que considera que


os seus direitos (incluindo os direitos constitucionais a um
ambiente saudável e equilibrado), foram violados, ou são
ameaçados de violação iminente, está na posição de procurar uma
sentença judicial contra tal violação real ou potencial. Se, a
violação tiver resultado em danos ao reclamante (seja danos
pessoais seja à sua propriedade), pode requerer-se o pagamento dos
danos ou o restabelecimento do ambiente ao estado no qual se
encontrava antes da violação.

Em certos casos, os que reivindicam que sofreram danos, podem


procurar uma sentença judicial administrative causando a
suspensão imediata da actividade injuriosa. A Lei estabelece o
conceito de responsabilidade objective, o que significa que aqueles
que são julgados responsáveis pelos danos ambientais causados
devem pagar uma indemnização aos lesados, independentemente de
culpa.

Lei da Terra - Lei no 19/97 de 1 de Outubro


EIA 207 49

Em Moçambique a terra é propriedade do Estado. A terra não pode


ser vendida, hipotecada, ou por qualquer outra forma alienada. Os
direitos sobre a terra são também conhecidos como o Direito de
Uso e Aproveitamento de Terra ou DUAT. O uso da terra em
grande escala, o desbravamento de terra e a exploração da terra
podem todos estar sujeitos ao licenciamento ambiental. Uma
licença ambiental não é um pré-requisito para a obtenção dum
DUAT mas titulares de DUAT’s fariam bem em levar a cabo um
processo de AIA para determinar se a exploração que estão a
efectuar na terra para a qual têm um DUAT requer uma licença
ambiental ou não.

A Lei de Florestas e Fauna Bravia - Lei n o10/99 de 7 de Julho


Moçambique tem legislação nacional que protege certas espécies e
ecossistemas e é signatário de várias convenções internacionais
sobre a protecção do meio ambiente. A Lei de Florestas e Fauna
Bravia e o seu Regulamento (a Lei 10/99 de 22 de Dezembro e o
Decreto 12/2002 de 25 de Março, respectivamente) prevêem a
criação de zonas de protecção (parques e reservas nacionais, e áreas
de valor histórico ou cultural). Esta legislação inclui requisitos para
o uso sustentável dos recursos florestais e faunísticos do país e
inclui listas de espécies protegidas. A lista das espécies protegidas
é actualizada quando se adquirem mais conhecimentos sobre os
recursos disponíveis. A actualização mais recente é reflectida no
Decreto 96/2003 de 28 de Julho. Conflitos entre homens e animais,
a caça furtiva descontrolada e a queimada de áreas de terra para a
agricultura de corte e queima continuam a levantar problemas para
a gestão dos recursos naturais em Moçambique.

A Lei de Pescas - Lei no3/90, de 26 de Setembro


A Lei de Pescas (Lei 3/90, de 26 de Setembro), e o seu
regulamento (Decreto 16/96, de 28 de Maio) descreve o
licenciamento para as pescas. A pesca recreativa e desportiva é
regulamentada pelo Regulamento da Pesca Recreativa e Desportiva
(Decreto 51/99, de 31 de Agosto). A pesca está sujeita ao
EIA 207 50

licenciamento e o pagamento de taxas. Há legislação referente à


época de veda para espécies específicas. Esta legislação define
certas áreas para a protecção e conservação das espécies marinhas.
Trata-se dos Parques Marinhos Nacionais, as Reservas Marinhas
Nacionais e as Áreas Marinhas Protegidas. Em cada uma destas
áreas, a prática da pesca comercial bem como da pesca recreativa e
desportiva é restrita, sendo apenas autorizada nas reservas marinhas
naturais parciais.

A prática da pesca recreativa e desportiva está também sujeita a


tempos limite. A pesca de superfície pode ser praticada de dia ou
de noite enquanto a pesca submarina (como a pesca de arpão) só
pode ser praticada do nascer ao pôr-do-sol. As espécies e número
de peças a trazer para terra são também regulamentados,
dependendo do tipo de pesca. A pesca das espécies protegidas é
proibida.

Lei de Águas - Lei n o16/91 de 3 de Agosto


A legislação principal que regula o uso da água é a Lei de Águas
(Lei 16/91 de 3 de Agosto). O uso da água pode ser “comum” (para
uso doméstico, familiar ou pessoal, e neste caso é considerado livre
em termos de custo e acesso) ou “privativo”. O “uso privativo” de
água pode ser efectuado como se segue:

a) Direitos conferidos ao abrigo da lei (a lei permite que titulares do


direito de uso e aproveitamento da terra – quer dizer titulares de
DUAT’s – possam usar fontes de água na sua terra sem precisar
duma licença, desde que o uso seja para fins domésticos ou
agrícolas, salvo se o volume a ser usado for tal que uma licença ou
concessão seja exigida);

b) Direitos sob licença; ou

c) Direitos sob concessão.

A Lei de Águas também determina prioridades para o uso de água,


sendo a primeira prioridade o abastecimento de água para consumo
humano e saneamento pela população. O uso privativo não é
EIA 207 51

autorizado se de alguma maneira prejudica as quantidades de água


necessárias à protecção do ambiente. No caso de haver conflitos
sobre a água, o uso privativo pode não ser autorizado se os
benefícios socioeconómicos da actividade em questão não
justificam o uso privativo.

As licenças de consumo de água são geridas pelas Administrações


Regionais de Água

(ARA), quando o uso não é permanente e não altera a estrutura


(margens, leitos, etc.) da fonte de água.

Lei de Minas – Lei no 14/2002, de 26 de Junho


A relação entre o ambiente e as actividades da indústria mineira é
regulamentada por legislação específica, o Decreto 26/2004 de 20
de Agosto - o Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira –
pelas Normas Básicas de Gestão Ambiental para a Actividade
Mineira aprovadas pelo Diploma Ministerial 189/2006
especialmente dedicadas às actividades mineiras de Nível 1, bem
como pela legislação ambiental geral discutida numa outra parte
deste guia. Esta legislação relaciona directamente os aspectos
ambientais da exploração mineira com a concessão e a utilização
contínua duma licença para minerar. Os aspectos ambientais podem
levar à exigência de rever um projecto ou em última análise mesmo
ao cancelamento de título de exploração mineira.

A Lei de Minas e o Regulamento Ambiental para a Actividade


Mineira classificam a actividade mineira em três níveis,
dependendo da envergadura das operações e da complexidade do
equipamento usado, dos requisitos documentais para a
conformidade ambiental, e dos custos decorrentes.

As actividades mineiras de Nível 1 estão basicamente equiparadas


às actividades que o Regulamento sobre o Processo de Avaliação
do Impacto Ambiental classifica como de Categoria C. As
actividades mineiras de Nível 2 são grosso modo semelhantes às de
Categoria B conforme o Regulamento sobre o Processo de
EIA 207 52

Avaliação do Impacto Ambiental e as actividades mineiras de


Nível 3 equiparam-se grosso modo às actividades de Categoria

A. Quer dizer, as actividades mineiras de Nível 1 devem observar


as normas básicas de gestão ambiental; as actividades mineiras de
Nível 2 estão sujeitas à apresentação dum plano de gestão
ambiental e as actividades mineiras de Nível 3 carecem duma AIA.

Lei do Turismo – Lei no 4/2004, de 17 de Junho


Esta lei regula a actividade turística com a intenção de promover o
seu desenvolvimento sustentável. A Lei contém uma série de
definições e estabelece os objectivos que orientam a legislação
secundária para o sector. Estes objectivos incluem:
 Impulsionar o crescimento económico e social, preservando
os recursos naturais;
 Preservar os valores culturais e históricos e promover o
orgulho nacional;
 Contribuir para a criação do emprego, o crescimento
económico e o alívio da
 pobreza;
 Promover a conservação da biodiversidade;
 Assegurar a igualdade de oportunidades.

A Lei promove especificamente o turismo sustentável, de baixo


impacto, exigindo que os investimentos no turismo sejam
devidamente integrados na área em que ocorrem. A Lei do Turismo
prevê a criação de Zonas de Interesse Turístico, que podem ser
declaradas pelo Conselho de Ministros, incluindo tal designação
descrições das actividades que podem ser realizadas dentro destas
zonas. A Lei do Turismo considera o desenvolvimento do turismo
nas áreas de conservação, desde que as actividades se baseiem
numa prática sustentável e num plano de maneio aprovado. A Lei
prevê a elaboração de estratégias para promover a formação no
sector do turismo e promover o investimento no turismo.
EIA 207 53

Sumário
Neste capitulo, falamos das principias leis ambientais em
Moçambique, abordamos um pouco da essencia de cada lei,
estabelecemos o coteúdo das lei com a protecção ambiental.

Exercícios
1. Reflita sobre a importância do conhecimento das leis
ambientais em Moçambique.
2. Mencione as principais leis ambientais em Moçambique, e
diga a essencia de cada uma delas.
EIA 207 54

Unidade X
Procedimentos do Licenciamento Ambiental
Introdução
Qualquer actividade que poderá afectar o ambiente carece duma
autorização, a autorização baseia-se na avaliação do potencial
impacto da actividade planeada para determinar a sua viabilidade
ambiental, e termina com a emissão duma licença ambiental pelo
MICOA. Neste capitulo falaremos dos Procedimentos do
Licenciamento Ambiental.

8.1. Etapas do Licenciamento Ambiental


Qualquer actividade ou projecto de investimento, que pode ter
impacto ambiental, deve primeiro requerer uma Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA).

O processo da AIA começa com uma pré-avaliação. Esta avaliação


determina, ou confirma (base da categoria à qual actividade
pertence) o tipo de avaliação que será exigida antes da emissão
duma licença.

Para desencadear o processo de AIA o requerente deve apresentar o


seguinte:
 Memória descritiva da actividade;
 Descrição da actividade
 Justificativa da actividade;
 Enquadramento legal da actividade (isto inclui, por
exemplo, a prova documental do registo duma empresa,
como a certidão comercial, um título de terra provisório ou
DUAT ou uma outra autorização mostrando que a
actividade foi aprovada a nível sectorial, por exemplo, um
alvará);
 Informação socioeconómica e ambiental da área na qual a
actividade sera realizada;
EIA 207 55

 Uso actual da terra na área;


 Informação sobre as etapas a serem seguidas durante a AIA,
como os Termos de Referência (TdR) para o consultor
ambiental, actividades do Estudo de Pré-Viabilidade
Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA), Avaliação de
Impacto Ambiental (EIA) ou um EIA simplificado (EAS);
 Ficha de informação ambiental preliminar preenchida

Observe que quaisquer documentos de apoio apresentados (tal


como a certidão comercial ou o alvará da empresa) devem ser
apresentados na forma de cópias autenticadas, os originais não
devem ser apresentados. O requerente deve levar uma cópia do
formulário do pedido para ser carimbada e datada pelo funcionário
que recebe o pedido. Isto serve como prova da apresentação e dá a
possibilidade ao requerente de verificar que as respostas são dadas
dentro dos prazos legais estabelecidos.

Esta informação deve ser submetida à autoridade ambiental


responsável pela area, na qual a actividade terá lugar. Isto pode ser
ao nível provincial ou a nível distrital, quando existem autoridades
ambientais distritais. Os requerentes de actividades da Categoria A,
devem obter um parecer emitido pela autoridade ambiental local.

Depois da recepção da informação a autoridade competente irá


analisá-la e dará um parecer escrito sobre como o requerente deve
avançar. Em alguns casos foi referido que nesta fase os
representantes da Direcção à qual o pedido é apresentado pedem o
pagamento do transporte e ajudas de custo para se deslocarem ao
local da actividade proposta para fazer a sua avaliação. Não há
nenhum requisito legal para o requerente pagar estes custos, e o
prazo legalmente estabelecido para obter uma resposta da Direcção
não pode ser prorrogado na base da falta de pagamento de tais
taxas.

Sempre que forem exigidas informações complementares, o prazo é


interrompido até à apresentação da informação pelo requerente. Em
casos excepcionais, com notificação escrita, os prazos podem ser
EIA 207 56

prorrogados por até 30 dias. Às vezes o MICOA e as DPCA’s têm


falta de recursos para comunicar um pedido de informações
complementares ao requerente. Vale a pena, por isso, verificar
regularmente o andamento do pedido no caso de terem surgido
quaisquer perguntas ou pedidos de informações complementares.

Os resultados da pré-avaliação da actividade proposta tomam em


conta os seguintes factores:
 Tamanho da população e comunidades abrangidas;
 Ecossistemas, plantas e animais afectados;
 Localização e extensão da área afectada;
 Probabilidade, natureza, duração, intensidade e
significância dos impactos;
 Efeitos directos, indirectos, potenciais, globais e
cumulativos dos impactos; e

Reversibilidade ou irreversibilidade dos impactos. A pré-avaliação


é efectuada nas seguintes etapas:
a) Fase 1
 Verificação da documentação apresentada;
 Verificação se a actividade cai ou não no âmbito das
categorias A, B ou C, como definido nos anexos ao
Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental;

Actividades que não caem no âmbito das categorias especificadas


são avaliadas na base do tipo e actividade e da localização.

b) Fase 2

A actividade principal, as infra-estruturas e as actividades


subsidiárias são classificadas segundo a sua escala de impacto, a
partir de menor passando por moderado a maior, e de reversível a
irreversível. A classificação efectua-se na base das contribuições
técnicas duma equipa multidisciplinar criada para o efeito.
EIA 207 57

c) Fase 3
Identificam-se os impactos-chave na base da probabilidade da sua
ocorrência, a duração do seu efeito, a sua irreversibilidade, as suas
consequências a nível local e regional, as possíveis objecções e as
possibilidades da gestão destes impactos. A intensidade do impacto
ambiental provável constitui um factor determinante-chave.
A Fase 3 considera:
 A sensibilidade da localização proposta – recursos
ambientais frágeis, legislação existente que protege uma
área específica e planos de desenvolvimento para a área;
 A escala e intensidade da actividade proposta;
 Os impactos da actividade principal e das actividades
subsidiárias;
 Os impactos cumulativos.
A Fase 3 termina com a elaboração duma decisão escrita sobre o
resultado da préavaliação. A decisão escrita determina ou confirma
a categoria na qual a actividade proposta cai e por isso define os
passos seguintes. Observe que embora o pagamento de taxas ao
Governo não seja devido até o processo estar aprovado e a licença
pronta para ser emitida, todos os custos dos estudos, pesquisas e
elaboração de documentos conduzindo à aprovação e emissão da
licença para a actividade, devem ser suportados pelo requerente.

Sumário
Neste capitulo, falamos dos Procedimentos do Licenciamento
Ambiental. Mostramos todos passos, que deve ser seguir para
obtenção de uma licença ambiental. Referemos, quem deve
suportar todas despesas.

Exercícios
1. Os resultados da pré-avaliação da actividade proposta no
licenciamento ambiental, tomam em conta alguns factores.
Quais sao esses factores?
EIA 207 58

2. A quem recai, todos os custos dos estudos, pesquisas e


elaboração de documentos conduzindo à aprovação e
emissão da licença ambiental?

Unidade XI
A Emissão de Licença Ambiental
Introdução
Neste capitulo falaremos da Emisão da Licença Ambiental, do
orgão competente para emissãos da mesma, do prazo e da
importância.

9.1. Emisão da Licença Ambiental


Uma vez findas as formalidades previstas no Estudos de Impacto
Ambiental, a MICOA, através da respectiva Direcção Nacional de
Avaliação do Impacto Ambiental, emitirá a licença ambiental para
a actividade proposta, no prazo de dez dias a contar do término da
revisão do EIA, e sempre que se comprovar a respectiva
viabilidade ambiental16. Este prazo pode ser prorrogado nos termos
do n.° 2 do artigo 11.°, do diploma em análise.

Observe que a licença ambiental tem um prazo de validade de dois


anos a contar da respectiva emissão, findo o qual caducará, caso o
proponente não tenha dado início à actividade proposta17.

Se o MICOA identificar um ou mais impedimentos susceptíveis de


causar efeitos sérios e irreversíveis no meio ambiente, deverá
recusar-se a licenciar a actividade proposta. Pode, como tal,
assumir uma de duas posturas:

 rejeitar liminarmente a proposta de actividade,


fundamentando a decisão em termos técnico-científicos e
legais;

16
Cfr. Artigos 10.°/1 e 11.°, do Regulamento da AIA.
17
Cfr. Artigo 12.°/1, do Regulamento da AIA.
EIA 207 59

 comunicar ao proponente a necessidade de introduzir no


projecto de actividade algumas alterações, fundamentando a
decisão em termos técnico-científicos e legais.

Importância da Emissão de Licença Ambiental

Muitos projectos de investimento em Moçambique que possam


causar danos ao ambiente, carecem de uma licença ambiental antes
de poder ter início, de facto qualquer actividade que pode afectar o
ambiente carece de uma licença. A autorização baseia-se na
avaliação do potencial impacto da actividade proposta para
determinar a sua viabilidade ambiental, e termina com a emissão
duma licença ambiental pelo Ministério para a Coordenação da
Acção Ambiental (MICOA).

A Política e a Lei do Ambiente de Moçambique exigem que a


gestão do meio ambiente se baseie em sistemas preventivas, e a Lei
do Ambiente e os seus regulamentos estabelecem um conjunto de
requisitos preventivos que devem ser satisfeitos antes da emissão
duma licença ambiental.

Os Anexos I, II e III do Regulamento da Avaliação do Impacto


Ambiental (Decreto 45/2004 de 29 de Setembro) dividem as
possíveis actividades em três categorias, na base do seu provável
impacto no meio ambiente:
 Categoria A: Está sujeita a um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) completo;
 Categoria B: Pode estar sujeita a um Estudo Ambiental
Simplificado (EAS);
 Categoria C: Está sujeita à observância das normas de boa
gestão ambiental.

Quaisquer outras actividades, não constantes destes Anexos, mas


susceptíveis de causar um impacto negativo significativo sobre o
ambiente estão sujeitas a uma pré-avaliação pelo MICOA. Esta pré-
avaliação consiste numa análise ambiental preliminar que
determina a categoria da actividade proposta e determina o tipo de
EIA 207 60

avaliação ambiental a efectuar. Como resultado da pré-avaliação o


MICOA pode: rejeitar a implementação da actividade proposta;
categorizar a actividade e consequentemente determinar o tipo de
avaliação ambiental a ser efectuada, nomeadamente um EIA ou um
EAS; ou isentar a actividade da necessidade de se efectuar um EIA
ou um EAS.

O MICOA pode também pedir uma auditoria a actividades


existentes que tiveram o seu início antes da entrada em vigor da
actual legislação, ou que inicialmente não estavam abrangidas pela
legislação. Deve-se observar que qualquer mudança significativa
duma actividade existente (incluindo, por exemplo, uma mudança
de actividade, uma construção, a expansão da actividade ou a
ampliação de instalações existentes) que já possui uma licença
ambiental está sujeita a uma nova avaliação do impacto ambiental.

Sumário
Neste capitulo, falamos da Emisão da Licença Ambiental,
abordamos que a MICOA, através da respectiva Direcção Nacional
de Avaliação do Impacto Ambiental, emitirá a licença ambiental
para a actividade proposta, no prazo de dez dias a contar do
término da revisão do EIA. Dissemos que a A Política e a Lei do
Ambiente de Moçambique exigem que a gestão do meio ambiente
se baseie em sistemas preventivas.

Exercícios
1. Em que sistema basea-se a Política e a Lei do Ambiente de
Moçambique, em material de gestão do meio ambiente?
2. Qual é o orgão em Moçambique, que tem competência para
a emissão da licença ambiental?
3. Qual é o prazo da da licença ambiental?
4. Reflita esta passage “O MICOA pode também pedir uma
auditoria a actividades existentes que tiveram o seu início
EIA 207 61

antes da entrada em vigor da actual legislação, ou que


inicialmente não estavam abrangidas pela legislação”
a) Discuta a passagem acima, com a hiostoria da
Legislação Ambiental e Moçambioque.

Unidade XII
Etapas da Avaliação de Impacto Ambiental
Introdução
Neste capítulo falaremos das etapas para elaboração da Avaliação
de Impacto Ambiental.

Este capítulo tem por objectivos os seguinte pontos:


 Mostrar as as etapas para a elaboração da Avaliação do
Objectivos Impacto Ambiental
 Fazer simulação da Avaliação do Impacto Ambiental

12.1ETAPAS DA AIA

Em alguns países como Moçambique, a AIA é um requisito legal,


enquanto em outros é exigida indirectamente no âmbito do
planeamento global ou pelas entidades responsáveis pela saúde ou
pelo controlo da poluição. As etapas do processo de AIA em
Moçambique englobam:

1. Selecção das acções/ Pré-avaliação (Screening)


2. Definição de âmbito /Scoping (Elaboração de TdR’s e
EPDA)
3. Preparação do EIA (Identificação dos impactos, Predição
dos impactos/analise e quantificação dos impactos,
Avaliação dos impactos, mitigação e plano de
monitorização, Elaboração de Estudos de base, Elaboração
do REIA ou REAS)
EIA 207 62

4. Revisão do REIA (Tomada de decisão sobre o REIA)


5. Monitorização
6. Auditoria Ambiental
7. Desactivação da actividade

1. Selecção das acções/ Pré-avaliação (Screening)

Em Moçambique a Pré- avaliação é antecedida pela Instrução do


processo que consta no Artigo 6, do Decreto 45/2004
(Regulamento Sobre o Processo de Avaliação de Impacto
Ambiental). É nesta etapa que os proponentes deverão apresentar a
Autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental, a nível central, ou
na respectiva DPCA, a nível local, ou ao CPI a documentação que a
baixo se segue para uma primeira apreciação e familiarização do
projecto:

a) Memória descritiva da actividade;


b) Descrição da actividade;
c) Justificativa da actividade;
d) Enquadramento legal da actividade;
e) Breve informação biofísica e sócio-económica da área;
f) Uso actual da terra na área de implementação da
actividade;
g) Informação sobre as etapas de realização da AIA
nomeadamente da elaboração e submissão dos Termos de
Referencia (TdR), EDPA, EIA/EAS;
h) Ficha de Informação Ambiental Preliminar disponível na
DNAIA e nas DPCA´s devidamente preenchida, conforme
o Anexo IV.
EIA 207 63

PROCESSO DE AIA

DEFINIÇÃO
DEFINIÇÃO DA
DA PROPOSTA
PROPOSTA
DE
DE POLITICA
POLITICA OU
OU
ACTIVIDADE
ACTIVIDADE

SCREENING /
SELECÇÃO/ AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO
CATEGORIZAÇÃO AMBIENTAL
AMBIENTAL INICIAL
INICIAL

REVISÃO
REVISÃO DO DO
REJEITADA
REJEITADA EIA
EIA // EAS
EAS NÃO
NÃO EIA/
EIA/ EAS
EAS
NECESSÁRIO REIA
REIA // EAS
EAS
NECESSÁRIO
NECESSÁRIO NECESSÁRIO

ESTUDO
ESTUDODE
DE PRE
PRE VIABILIDADE
VIABILIDADE AMBIENTAL
AMBIENTAL //
SCOPING / TERMOS GRANDES
GRANDES APROVAÇÃO
APROVAÇÃO
TERMOS de
de REFER.
REFER.

PÚBLICA
PÚBLICA
ALCANCE/ TdR ALTERAÇÕES
ALTERAÇÕES REJEIÇÃO
REJEIÇÃO

IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS


MONITORIZÇÃO EMISSÃO DE LICENÇA AMBIENTAL
PREDIÇÃO DOS IMPACTOS / ANÁLISE

PARTICIPAÇÃO
PARTICIPAÇÃO
E QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS
CONSTRUÇÃO
PREPARAÇÃO
AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS
DO EIA/ EAS OPERAÇÃO
AUDITORIA
MITIGAÇÃO E PLANO DE MONITORIZAÇÃO /
RECOMENDAÇÕES E MEDIDAS DE AUDITORIA
MITIGAÇÃO

PREPARAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTUDO


FIM
FIM DO
DO PROCESSO
PROCESSO DE
DE AIA
AIA
DO IMPACTO AMBIENTAL / RELATÓRIO DE
ESTUDO AMBIENTAL SIMPLIFICADO

FIM DO PROCESSO DE AIA /


ABANDONO ORGANIZADO
DA ACTIVIDADE
EIA 207 64

Pré-avaliação

É o processo de análise ambiental preliminar que tem como


principal objectivo a categorização da actividade e a determinação
do tipo de avaliação ambiental a efectuar. (Artigo 1, Decreto
45/2004).

É a fase do processo de AIA pelo qual se seleccionam as


actividades que necessitam ou não de um EIA, bem como o nível
de sua avaliação, quer seja completo ou simplificado. Envolve o
julgamento sobre os impactos esperados de uma proposta serem ou
não significativos sobre o ambiente de implementação.

Os métodos da pré-avaliação podem compreender: (1) uma


avaliação caso a caso por parte dos decisores, (2) Exame inicial do
ambiente e (3) uso de uma lista mandatária de actividades e a lista
de exclusão de actividade.

De acordo com o Artigo 7, do Decreto 45/2004, todas as


actividades susceptíveis a causar impactos sobre o ambiente, não
constantes dos Anexos I e III, deverão ser objecto da pré-avaliação
a ser efectuadas pelo MICOA ou DPCA´s.

Da realização da pré-avaliação pode-se chegar a três situações, se


ndo:

Pré-avaliação

(1) (2) (3)


Na categorização da
Rejeição da actividade e Isenção de EIA
Determinação do tipo de
Implementação Ou EAS
avaliação
da actividade
Ambiental a ser efectuada
(EIA/EAS)

Fonte: MICOA, 2012


EIA 207 65

Importância do Processo de Pré-avaliação

 É importante porque algumas actividades identificadas não


possuem impactos significativos sobre o ambiente e portanto
podem ser implantadas, enquanto outras possuem impactos
significativos sobre o ambiente biofísico social, cultural e saúde
humana.
 Permite uma tomada de decisão inicial sobre a viabilidade
ambiental dum determinado projecto de desenvolvimento e sobre
as medidas de mitigação a adoptar para minimizar os problemas
ambientais que possam decorrer;
 Constitui uma avaliação preliminar e uma condição fundamental,
como sistema de alerta, para um adequado processo global de
avaliação ambiental.

Procedimento para a Pré-avaliação

A pré-avaliação é efectuada com base na observância dos seguintes


procedimentos:

 Análise da informação constante do Artigo 6,


 Consideração dos critérios de avaliação constantes no Artigo 8,
 Conhecimento prévio do local de implementação da actividade; e
 Consulta aos Anexos I, II e III sobre a categorização das
actividades.

Em Moçambique estão isentas de qualquer EIA ou EAS as actividades


imediatas que visem fazer face as situações de emergência derivadas de
desastres naturais e as que constituem segredo do estado para defesa
nacional.

2. Definição de âmbito /Scoping

Identifica as questões importantes para investigação detalhada no estudo


de impacto ambiental, garantindo que tempo e dinheiro não sejam gastos
por questões irrelevantes. E tem como objectivo final a a elaboração dos
TdR’s ou EPDA conforme o caso (EAS ou EIA).

A definição de âmbito identifica os limites do EIA, preocupações,


informação necessária para a tomada de decisão, efeitos significativos e
factores a considerar.
EIA 207 66

É um processo interactivo entre o publico, o governo, os proponentes por


serem os principais actores do processo, que atribuem importância
diferente aos mesmos factores ambientais.

Os métodos usados para a definição do âmbito são:

 Identificação das preocupações cientificas e das comunidades em


relação a proposta da actividade,
 Avaliação dessas preocupações para determinar as questões
significativas para o EIA e eliminação das questões
insignificantes,
 Organização e comunicação dessa informação para apoiar a
analise das questões e tomada de decisão.

A Definição de âmbito deve considerar: a proposta, a localização da


actividade, as possíveis alternativas, os impactos prováveis, as maneiras
que os potenciais impactos devem ser mitigados e geridos, a área
geográfica, o período para análise dos impactos, as metodologias, a
proposta para a consulta pública, o tempo para realização do EIA.

No Artigo 10 e 11 do Decreto 45/2004 são apresentados os conteúdos dos


Estudos de Pré- Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e
Termos de Referencia (TdR).

3. Preparação do EIA

É análise científica e objectiva da escala, de significado e importância dos


impactos identificados. É a fase mais trabalhosa porque é preciso prever
as condições actuais e futuras.

As tarefas nesta fase compreendem: a identificação adicional e detalhes


de impactos, analise dos detalhes e impactos para determinar a sua
natureza, magnitude, extensão e efeitos, significância.

A preparação do EIA engloba sub fases, que compreendem: Identificação


dos impactos.

Predição dos impactos, Avaliação dos impactos, mitigação e plano de


monitorização e Elaboração do REIA ou REAS.

3.1 Identificação dos impactos

Para a identificação dos impactos uma metodologia deveria ser usada


para a refinação dos impactos que precisam ser investigados com detalhes
para assegurar que toda causa dos impactos e suas interacções são
EIA 207 67

identificadas. Alguns dos métodos usados nesta fase são: listagens,


matriz, sistema de redes, mapas de sobreposição, GIS, experiência
profissional.

3.2. Predição dos impactos

Assim que uma série de impactos tiverem sido identificadas, a natureza e


a grandeza de cada um deles deve ser prevista. As predições devem ter
em conta os dados e as técnicas para o meio biológico, físico, sócio -
económico e antropológico e deverá empregar modelações matemáticas,
modelações físicas, técnicas sócio – culturais e económicas, experiências
laboratoriais e julgamentos profissionais, mas sempre de acordo com o
âmbito do estudo para evitar gastos desnecessários. Os impactos deverão
ser preditos quantitativamente para facilitar a comparação das
alternativas.

As mudanças causadas por um determinado impacto poderão ser


avaliadas comparando o futuro esperado do estado das componentes
ambientais se a proposta não for implementada com o estado das
componentes ambientais se a actividade prosseguir. Deste modo, uma das
primeiras acções na predição e análise dos impactos será a de identificar
as condições da situação de referência num determinado período de
implementação da actividade.

A significância dos impactos será determinada pela consideração da


característica do impacto e da sua importância (valor). Alguns critérios
para a avaliação da significância dos impactos devem ter em
consideração a importância ecológica, social, padrões de qualidade e
estatísticas de significância.

A importância ecológica deve considerar os efeitos nas plantas e animais,


espécies indígenas e raras, a sensibilidade, resiliência, biodiversidade e
capacidade de carga dos ecossistemas e a disponibilidade da população
de espécies locais. Por outro lado, a importância social inclui efeitos na
saúde e segurança humana, perdas de espécies com valor comercial ou
produção disponível, valores estéticos ou recreativos, demanda nos
serviços públicos e sociais, demanda nos transportes ou outras
infraestruturais e efeitos demográficos. Os padrões ambientais sãos os
meios mais comuns para avaliação da significância, eles incluem os
limites de emissão, as politicas, os planos de uso de certos recursos.
EIA 207 68

Finalmente, as estatísticas de significância podem apresentar mudanças


das características ambientais.

Os métodos para a predição dos impactos são o julgamento profissional,


método quantitativo de modelações matemáticas, experiências
laboratoriais, modelações físicas e estudos de caso.

a) Julgamento profissional

Todos métodos analíticos dos impactos possuem um determinado nível


de julgamento profissional. A aplicação inteira do julgamento
profissional não poderá ser evitada se não existirem dados para suportar
rigorosamente as análises ou ausência de técnicas analíticas para
determinar a predição dos impactos.

Os exemplos de julgamento profissional incluem os sociólogos prevendo


os impactos de uma actividade de abastecimento de água, tendo em conta
a natureza do trabalho de uma mulher numa comunidade. O
antropologista usando um seminário para avaliar a significância cultural
numa comunidade. Contudo, estes especialistas devem ser bem
experientes nas suas especialidades, no tipo da actividade proposta, na
área geográfica e nos EIA.

b) Modelações matemáticas quantitativas

Modelações são expressões desenvolvidas para simular situações reais.


Assim que desenvolvidos não é difícil alterar as condições iniciais dos
modelos e verificar como os resultados são influenciados com as
alterações iniciais. Por exemplo, diferenças na poluição do ar poderão ser
calculadas mudando apenas a altura da chaminé. Dada a natureza destes
modelos, os especialistas na sua interpretação, tomam muitas vezes
suposições, que deverão ser devidamente justificadas para a sua
validação. Alguns exemplos de modelações quantitativas matemáticas
são os usados para a dispersão de emissões do ar para prever as suas
concentrações num determinado ponto, modelações hidrológicas para
prever as mudanças no regime das correntes de água num determinado
rio.

c) Experimentos e modelações físicas

Os experimentos e modelações físicas poderão ser usados para testar e


analisar os efeitos de actividades semelhantes bem como a efectividade
das técnicas de mitigação. As experiências poderão ser feitas no campo
EIA 207 69

sob condições específicas de laboratório, dependendo da natureza dos


impactos e dos recursos disponíveis. As modelações físicas poderão ser
usadas para prever os impactos da actividade proposta no ambiente
proposto. Os exemplos de experimentos são a exposição de peixes em
laboratório a poluentes, triagem de campo para verificar a efectividade
das medidas de controlo da erosão.

d)Estudos de caso

A revisão de estudos de casos de actividades semelhantes em ambientes


semelhantes poderá fornecer boas bases para confirmar a direcção de
certas constatações.

Este valor adicionado a probabilidade deste impacto acontecer da - nos


um valor que comparando com os outros numa determinada escala
indica- nos valores significativos e não significativos.

4. Elaboração do REIA ou REAS

É a aglutinação de estudos de base de especialistas. O EIA ou EAS


pertencem ao proponente e faz a sua respectiva revisão em primeira
instância e depois submete-o ao Órgão Regulador. Os conteúdos mínimos
que o mesmo deve conter são:

 Resumo não Técnico;


 Enquadramento legal da actividade e sua inserção no plano de
ordenamento territorial existentes na área de influencia directa da
actividade;
 A descrição da actividade;
 A delimitação e representação geográfica, assim como situação
de referência da área;
 A descrição e comparação das diferentes alternativas e a previsão
da situação ambiental futura com ou sem medidas de mitigação;
 Identificação e avaliação dos impactos e identificação de medidas
de mitigação;
 Plano de gestão ambiental com programas de educação
ambiental, monitorização, plano de contingência de acidentes;
 Identificação da equipe multidisciplinar;
 Relatório de consulta pública.
 O valor total do investimento da actividade.
EIA 207 70

5. Revisão do REIA (Tomada de decisão sobre o REIA)

Deve envolver uma equipe multidisciplinar de acordo com a natureza e


localização da actividade proposta, e deve cumprir com os prazos
estabelecidos 30 dias EAS e 45 dias EIA. A revisão e aprovação do EAS
a revisão e aprovação é de nível provincial e EIA nível central.

Sobre o REIA ocorre o seguinte:

 Aprovação
 Rejeição solicitação de reformulação
6. Monitorização

É a monitorização periódica dos parâmetros e variáveis ambientais para a


verificação das condições de licenciamento ambiental, realizada pelo
proponente. Serve para verificar se as condições de aprovação da
actividade estão sendo cumpridas ou não. Se não, introduzem-se
mecanismos para o seu cumprimento.

7. Auditoria Ambiental

É a testagem do rigor científico das predições de impactos e verificação


do grau do cumprimento do Plano de Gestão Ambiental. É da
responsabilidade do Órgão Regulador do Ambiente. É a verificação do
estado de saúde de um determinado empreendimento que passa pela
verificação das práticas e certificação de dados.

8. Desactivação da actividade

Esta etapa compreende:

 Desmantelamento ou encerramento da actividade por motivos de


vária ordem,
 Adopção de medidas de gestão ambiental e reabilitação da área,
 Destino a dar às infra-estruturas e todos os recursos adstritos à
actividade.

Sumário
Falamos neste capitulo que em alguns países como Moçambique, a
AIA é um requisito legal, enquanto em outros é exigida
indirectamente no âmbito do planeamento global ou pelas entidades
responsáveis pela saúde ou pelo controlo da poluição . Descremos as
etapas da Avaliação do Impacto Ambiental, que são: Selecção das
EIA 207 71

acções/ Pré-avaliação (Screening); Definição de âmbito /Scoping


(Elaboração de TdR’s e EPDA); Preparação do EIA (Identificação
dos impactos, Predição dos impactos/analise e quantificação dos
impactos, Avaliação dos impactos, mitigação e plano de
monitorização, Elaboração de Estudos de base, Elaboração do
REIA ou REAS); Revisão do REIA (Tomada de decisão sobre o
REIA); Monitorização; Auditoria Ambiental e Desactivação da
actividade.

Exercícios
1. Mencione as etapas da AIA.
2. Faça uma simulação de estudo de Avaliação do Impacto
Ambiental e desenvolva.
EIA 207 72

Unidade XIII
Termo de Referência no Estudo de Impacto Ambiental
Introdução
O Termo de Referência visa orientar a elaboração de EIA-REIA –
Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Estudo de Impacto
Ambiental. É sobre este tema, que iremos abordar neste capitulo.

13.1 Termo de Referência no Estudo de Impacto Ambiental- O


Que São ?

O Processo AIA adoptado em Moçambique, difere


significativamente de outros, adoptados em países com bastante
mais experiência nesta area (Ex: Canadá, Nova Zelândia e Holanda
- PARTIDÁRIO, 1994), processos estes que se afiguram mais
racionais e eficazes, por algumas das razões seguidamente
apontadas.

Uma das questões que, à partida, se afigura contribuir


significativamente para um EIA ser menos adequado ou, dito de
outra maneira, não atingir completamente os seus objectivos, é ser
encarado como uma “enciclopédia” do conhecimento existente
sobre os diferentes componentes do ambiente - “contar tudo o que
se move e cartografar tudo o que não se move”. A dispersão pode
impedir, e em muitos casos impede de facto, a identificação e o
tratamento devido das questões verdadeiramente significativas
(susceptíveis de gerar efeitos significativos sobre o meio
envolvente).

Afigura-se ser aqui uma das áreas em que é possível estabelecer a


ponte para o conceito de qualidade dos EIA - a dispersão pelo que é
menos importante ou secundário gera desperdício de tempo e
recursos, podendo até dificultar que se venha a atingir o objective
final do EIA - essa falta de eficácia acaba por ser equivalente a
falta de qualidade.
EIA 207 73

Em quase total oposição à prática acima referida encontram-se os


procedimentos relativos à AIA de projectos nos países
mencionados, onde, numa fase inicial do processo, é levado a efeito
um exercício de “Definição de Âmbito” do EIA (Scoping na
terminologia anglo-saxónica). Sendo efectuado pelo recurso a
métodos que podem variar bastante, permite que seja recolhida
informação diversa e sejam ouvidos peritos, instituições e o público
em geral, sobre as preocupações que o projecto causa, isto após o
fornecimento de informação clara sobre o mesmo a estes grupos de
interesse.

Frequentemente o público ligado à área de implantação do projecto,


seja por nela residir ou por nela deter qualquer tipo de interesse,
acaba por conhecer bastante bem o meio em que o projecto será
implantado, incluindo certas particularidades deste de difícil
percepção, pelo que a sua contribuição resulta, de um modo geral,
significativamente relevante para a acção da equipa que vai
desenvolver o EIA e para a qualidade e adequabilidade deste.

Tendo em atenção o enquadramento legislativo nacional e aquilo


que se entende ser boa prática em termos de Processo AIA,
nomeadamente a implementação de exercícios de Definição de
Âmbito, verifica-se, presentemente, a seguinte situação quanto aos
Termos de Referência do EIA:

Coincidem sensivelmente com as condições técnicas de um


Caderno de Encargos, apoiadas por um conjunto de informação do
mais diverso carácter.

- Acabam por corresponder a parte dos aspectos geralmente


envolvidos na Definição de Âmbito, nomeadamente: recolha e
tratamento de informação sobre o projecto, alternativas inclusive, e
sua eventual exposição a grupos de interesse; recolha e tratamento
de informação sobre o meio no qual se pretende implantar o
projecto; e, identificação preliminar e listagem das principais
preocupações que a implementação do projecto levanta e dos seus
principais impactes potenciais.
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- São preparados pelo promotor da obra para lançamento de


processos de concurso ou consulta para elaboração de EIA’s.

Seria desejável que os promotores tivessem cobertura legislativa e


apoio da Administração Pública com responsabilidade na área
ambiental para a elaboração de Termos de Referência dos EIA’s,
ou, preferivelmente, para a implementação de processos de
Definição de Âmbito. Como consequência imediata resultaria um
aumento da credibilidade do próprio Processo AIA.

13.2 Termos de Referência do EIA - Para Que Servem?

Os Termos de Referência do EIA servem, numa primeira análise,


para o promotor da obra lançar processos de concurso ou consulta
para elaboração daquele, permitindo:

- Aos concorrentes fazer propostas mais conscientes, porque mais


apoiadas na realidade constituída pelo meio de implantação do
projecto.

- Ao promotor aperceber-se melhor do grau de conhecimento e


experiência dos concorrentes, bem como do equilíbrio e realismo
daquilo que lhe é proposto por estes.

Constituem igualmente ajuda e suporte informativo ao processo de


Definição de Âmbito que, em princípio, deverá ser levado a cabo
no início dos trabalhos de elaboração do EIA, de maneira a que
aquele possa atingir os objectivos para o qual é levado a efeito.

À semelhança do que acontece no processo de Definição de


Âmbito, aquando da elaboração dos Termos de Referência pode
acontecer que sejam detectados impactes potenciais evidentes e
gravosos, que levem desde logo à introdução de modificações no
projecto, ou à eliminação de alternativas.

Também auxiliam a que o promotor, que encomenda o EIA, possa


acompanhar adequadamente a sua elaboração:
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- Sendo minimamente conhecedor da realidade existente no local


ou locais alternatives de implantação do projecto e conhecendo as
características deste(s), o promoter adquire maior capacidade de
contribuir mais activamente para a elaboração do EIA e de melhor
apreciar a adequação das soluções que nele são apontadas.

- Ganhando sensibilidade para os problemas ambientais que o


projecto coloca, em virtude do conhecimento do meio, facilita-se
assim a introdução de modificações / adaptações no projecto
induzidas por razões ambientais.

Através da implementação da prática de elaboração de Termos de


Referência, contribuise para que possam ser colmatadas
deficiências do Processo AIA Moçambicano, nomeadamente
ausência de mecanismos de Definição de Âmbito do EIA,
permitindo aumentar assim a eficácia e qualidade daquele.

Em termos gerais, considera-se que um EIA com qualidade é


aquele que, com o mínimo de recursos e com programação
apropriada, permite identificar e avaliar correctamente os impactes
ambientais significativos, que serão gerados pela implementação de
um projecto, tendo em vista, num primeiro plano, apoiar a decisão
de inviabilizar ou viabilizar (pela selecção da sua melhor
alternativa) esse projecto e, caso este seja ambientalmente
compatível, levar à definição de medidas minimizadoras eficazes.
Sendo assim, julga-se queTermos de Referência bem elaborados
podem contribuir para incrementar a qualidade dos EIA’s
dosprojectos e, consequentemente, incrementar a eficácia da sua
AIA.

13.3. Como Elaborar Termos De Referência do EIA?

Aceitando-se que os Termos de Referência do EIA acabam por


corresponder a parte dos aspectos geralmente envolvidos na
Definição de Âmbito, conforme anteriormente defendido, um
caminho que se afigura razoável para sedimentar um conceito que
não parece ter padrões muito definidos, corresponde a procurar
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seleccionar, no conjunto de tarefas a esta referentes, as que são


passíveis de ter um tratamento total ou parcial por parte do
promotor.

Segundo SADAR (1996), Definição de Âmbito de um EIA


envolve:
1. A descrição do projecto com detalhe apropriado, tendo em
atenção que este poderá vir a ser analisado e avaliado por
terceiros, incluindo o público em geral, as mais diversas
organizações, etc.;
2. A descrição do ambiente do projecto (biofísico e social)
com detalhe apropriado e as inter - relações entre os
diferentes elementos desse meio;
3. O estabelecimento de limites (fronteiras, áreas de
influência) realísticas - espaciais, temporais e jurisdicionais
- de modo a obter uma compreensão apropriada daquilo que
será incluído ou excluído da avaliação;
4. A listagem de preocupações e impactes potencialmente
relacionados com o projecto (muitas destas questões são
levantadas e identificadas durante a consulta do público);
5. A identificação de componentes valiosos do ecossistema e a
determinação da sua importância no que respeita ao
ambiente do projecto e à contribuição do público;
6. A identificação das preocupações verdadeiramente
significativas e a apresentação dos motivos que justificam a
sua avaliação.
Mesmo que a informação fornecida tenha ainda um carácter
preliminar, nos Termos de Referência do EIA podem geralmente
ser incluídos muitos dos aspectos que seguidamente se apontam.
I. Descrição do projecto, focada nas suas características de
maior relevância para o public (aquelas que,
potencialmente, são susceptíveis de causar maiores
preocupações):
- Descrição física do projecto. Elementos de obra a implantar.
- Tipos e quantidades de materiais necessários à construção.
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- Modo de funcionamento. Principais passos do processo de


fabrico.
- Área directamente afectada pelo projecto e actividades com ele
relacionadas.
- Períodos de tempo envolvidos nas fases de construção, operação e
“abandono”.
- Outputs esperados (produtos e resíduos).
- Projectos associados ou associáveis.

II. Descrição do “ambiente do projecto”:


- Descrição geral da zona. Entre outras, são fontes de informação:
Plantas de Ordenamento Territorial;
- Outros projectos, trabalhos, publicações e cartografia sobre a
zona, da mais diversa índole;
- Em caso de coincidência, informação sobre Áreas Protegidas
- Descrição da área a afectar directamente:
- Descrição e cobertura fotográfica das características mais
relevantes;
- Plantas topográficas e temáticas (por ex. uso do solo).

III. Definição da(s) fronteira(s) de estudo / área(s) de


influência:
- A nível dos Termos de Referência do EIA, não se trata tanto de
definir fronteiras ou áreas de influência, mas de fornecer elementos
para que estas possam ser conscientemente definidas.
- Há sempre indicações que se podem dar, nomeadamente no que
respeita a “fronteiras” definidas pela legislação ou regulamentos
aplicáveis à actividade em questão.
- A inclusão de chamada de atenção para a extensão potencial da
influência do projecto pela associação com outros projectos,
também é útil.
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IV. Listagem de preocupações e impactes potenciais, em geral:


- A nível dos Termos de Referência do EIA interessa que fique
registado o mínimo que o promotor pretende ver analisado /
referido, mesmo que facilmente se possa chegar à conclusão de que
não é significativo.
- Duas das técnicas que podem ser usadas são:
- Utilizar as mais simples das denominadas ferramentas dos EIA’s -
métodos ad hoc, checklists e matrizes; Ouvir a opinião de peritos.
- A audição do público, de preferência directamente, seria
extremamente útil para identificar preocupações. Não é no entanto
fácil ou até viável nesta fase, pelo menos de forma abrangente.
Podem no entanto ser registados os resultados de:
- Trocas de impressões com a população local, ocorridas aquando
das visitas ao local;
- Trocas de impressões ou reuniões com Autoquias Municipais ou
outras autoridades locais e regionais;
- Trocas de impressões ou reuniões com organismos ou instituições
da Administração Pública central ou regional, ou com técnicos das
mesmas;
- Consulta dos meios de comunicação social nacionais, regionais e
locais.
V. Identificação das preocupações fulcrais, para avaliação
posterior (inclui 5. Identificação de componentes valiosos
do ecossistema):

- Na efectivação das tarefas 3 e 4, vão-se certamente levantando


questões que nitidamente se destacam das restantes:
- Motivos de preocupação frequentemente referidos pelo público e /
ou instituições,
sejam ou não relevantes à primeira vista;
- Impactes potenciais relevantes, identificados pelo cruzamento da
informação ambiental com a informação do projecto.
- Importa que as grandes questões - aquelas que potencialmente
possam produzir efeitos mais significativos - fiquem registadas nos
Termos de Referência do EIA.
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Sumário
Neste capitulo, falamos que os Termos de Referência
correspondam a parte dos aspectos geralmente envolvidos na
denominada Definição de Âmbito do EIA, com a qual se pretende
que sejam identificadas para tratamento aprofundado as causas
verdadeiramente susceptíveis de gerar efeitos significativos sobre o
meio envolvente, impedindo a dispersão por assuntos secundários e
incrementando a eficácia da utilização dos recursos empregues no
EIA, bem como a qualidade deste.

Os Termos de Referência do EIA contemplem a recolha e


tratamento de informação sobre o projecto, a recolha e tratamento
de informação sobre o meio de implantação e a identificação
preliminar e listagem das principais preocupações que a
concretização do projecto levanta.

Através da implementação da prática de elaboração de Termos de


Referência contribuise para que possam ser efectuadas propostas
mais conscientes e adequadas pelos concorrentes à elaboração do
EIA, para que os promotores possam seguir mais atentamente essa
elaboração, reflectindo no desenvolvimento do projecto as
conclusões respectivas e, em última análise, para que possam ser
colmatadas deficiências do Processo AIA, permitindo aumentar
assim a sua eficácia e adequabilidade à finalidade para a qual é
levado aefeito.

Exercícios
1. O que são Termo de Referência no Estudo de Impacto
Ambiental?
2. Para que servem Termos de Referência do Estudo de
Impacto Ambiental?
3. Reflita sobre a informação que deve estar comtida na
Elaborar Termos De Referência do Estudo de Impacto
Ambiental?
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Referência Bibliografica
 ASSUNÇÃO, Francisca Neta Andrade, Maria Augusta Almeida Bursztyn e
ABREU,Teresa Lúcia Muricy, « Participação social na avaliação de impacto
ambiental: lições da experiência da Bahia », Confins [Online], 10 | 2010, posto online
em 28 Novembro 2010, Consultado o 28 Setembro 2012. URL :
http://confins.revues.org/6750 ; DOI : 10.4000/confins.6750

 BISSET, R. - “EIA and Projects Management”, in 1º Seminário Sobre Avaliação do


Impacte Ambiental, Albufeira (Portugal), 14 - 24 Abr. 1991.

 BISSET, R. - “A AIA e a Gestão de Projectos”, in Avaliação do Impacte Ambiental,


editado por CEPGA - Centro de Estudos de Planeamento e Gestão do Ambiente,
Lisboa (Portugal), 1994, pp. 121-127.

 PARTIDÁRIO, M.R. - “Aspectos Processuais e Metodológicos da AIA - Selecção de


Acções e Definição do Âmbito”, in Avaliação do Impacte Ambiental, editado por
CEPGA – Centro de Estudos de Planeamento e Gestão do Ambiente, Lisboa
(Portugal), 1994, pp. 43-56.9 SADAR, M.H. - Environmental Impact Assessment,
published by Impact Assessment Centre, Carleton University (Canada), Carleton
University Press Inc., 1996.

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