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TORAT YEHOSHUA

SEGUNDO O LIVRO ORIGINAL HEBRAICO DE


MATEUS

BRUNO SUMMA
2019
Torat Yehoshua
According to the Hebrew Book of Matthew
Copyright™ 2019 Bruno Summa. All right reserved
Except for the Talmud's quotations Commentaries and the hebrew version
of the book of Matthew, no part of this book may be reproduced in any
manner without prior written permission from the publisher.
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Al. Nothmann 1058 - São Paulo
Proibido reprodução

Outro livros do mesmo autor:


A Torah aos Galatas
B. Summa 2018 All rights reserved

O Conhecimento do Bem e do Mal


B. Summa 2018 All right reserved

Primeira edição maio/2019


Índice

Title Page
INTRODUÇÃO
-----PARTE 1 - FATORES HISTÓRICOS
I - A Educação de Yehoshua
II - Fariseus
III - As Torah's
IV - Shammai e Hillel
V - Mashiach
VI - Yehoshua no Talmud
-----PARTE 2 - ENSINOS
I - Bereshit
II - O Nome
III - Yohanan e o Mikveh
IV - Tentação
V - O Reino de Israel
VI - Ashrei
VII - Sal e Luz
VIII - Abolição da Torah
IX - Leves e Sérios
X - Amor
XI - O Erro de Salomão
XII - Juramento
XIII - Olho Por Olho
XIV - Tzedakah
XV - Pai Nosso
XVI - Aiyin Tovah
XVII - Julgamento
XVIII - Vida
XIX - Devarei Torah
XX - Morto Enterrando Morto
XXI - Tzitzit
XXII - Discípulado
XXIII - Jugo
XIV - Shabbat
XXV - Ruach Elohim
XXVI - Yonah
XXVII - Netilat Yadayim
XXVIII - Uma Pequena Desonra
XXIX - A Canaanita
XXX - Conectar
XXXI - Yom Kippur
XXXII - Anokhi
XXXIII - Shalem
XXXIV - Uma Só Carne
XXXV - O Homem Pobre
XXXVI - Ashir
XXXVII - Figueira
XXXVIII - Assassinos e Meretrizes
XXXIX - Deus Dos Vivos
XL - Maiores Mandamentos
XLI - O Senhor De David
XLII - Takanot
XLIII - Tevilah
XLIV - Líderes Cegos
XLV - Do Leste A Oeste
XLVI - Zodíaco
XLVII - Arrebatamento Segundo Yehoshua
XLVIII - Pessach
XLIX - Nova Aliança
L - Os Ignorantes
LI - Duas Falsas Testemunhas
LII - Últimas Palavras
-----PARTE 3 - PARÁBOLAS
I - O Semeador
II - A Boa Semente
III - O Grão De Mostarda
IV - Três Pequenas Parábolas
V - Recompensa
VI - A Vinha
VII - As Dez Virgens
-----PARTE 4 - CONCEITOS
I - O Misticísmo de João
II - Seiscentos e Sessenta e Seis
III - Trindade
IV - Shkutz Shomem
V - Algumas Profecias
VI - Yehoshua e os Judeus
VII - Confirmando a Hipótese
---PARTE 5 - LIVRO DE MATEUS PORTUGUÊS
---PARTE 6 - LIVRO DE MATEUS HEBRAICO
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
A hora é chegada! Tem acontecido um despertar como nunca visto antes
em todas as nações sobre a face da terra. Um levantar por parte de muitas
pessoas em uma busca de conhecimentos sobre a Torah, o Povo de Israel e as
verdadeiras origens bíblicas, principalmente sobre o novo testamento e suas
raízes. Ao observarmos toda a história da igreja, e ouso até dizer, da
humanidade, nunca antes foi testemunhado uma busca tão incessante pelo
Deus de Israel como tenho visto nos últimos anos.
Em todo o mundo ocidental, os olhos de muitos que seguem ao
cristianismo tem sido abertos e, por motivos inexplicáveis, estão vendo que a
verdade não está bem ali, não está naquilo que a igreja vem ensinando pelos
últimos dois mil anos.
Eu tenho presenciado isso desde o ano de 2012, quando muitos cristãos
começaram a conversar comigo e a me questionar sobre Torah e sua relação
com Yeshua. Me impressionou o desejo interior que cada uma dessas pessoas
tinha. A sensação que me foi passada foi de um certo “desespero” por um
entendimento sobre o Deus Único e por uma liberdade das doutrinas que os
fizeram reféns por toda suas vidas. Outra coisa que percebo também é como
algumas pessoas, que muitas vezes nem sabem o que é Torah, ou nunca se
importaram com a existência de um Deus, são tocadas quando escutam coisa
ou outra, mesmo que simples, sobre a Sua Palavra. Já aconteceu comigo
algumas vezes, em conversas cotidianas, sem intenções nenhuma, falo
alguma coisinha sobre a Torah e isso entra no coração da pessoa de uma
forma que chega até me espantar, o transformar de vida que se segue a isso é
ainda mais tremendo.
Isso não é algo que vem do homem, mas sim do Deus Criador. Quando
uma pessoa é escolhida Sua, não tem jeito, mesmo que nunca tinha ouvido
falar sobre Ele, ouvir sobre uma pequena vírgula da Torah, muda
instantaneamente os caminhos dessa pessoa. Isso tem se tornado algo comum
nos dias atuais. A busca, o anseio e a sede pela verdade do Criador virou
praxe e não algo pontual. A meu ver, é fantástico, pois mostra a proximidade
que estamos da vinda de Mashiach.
Deus criou para Si um Povo, o Povo de Israel, e não uma religião. O
cristianismo, o judaísmo e todas as outras, não passam de criações humanas
que muitas vezes mais escravizam do que libertam. O que Deus busca é um
povo e não um aglomerado de pessoas dentro de um templo seguindo regras
humanas. É por isso que a Torah é vital, pois ela não é uma religião, é um
estilo de vida. É através dela que o indivíduo é definido como Povo de Deus
ou como resto das nações.

TORAT YEHOSHUA
“Torat Yehoshua” significa a Torah de Yeshua, ou a Torah segundo o
entendimento e ensino de Yeshua. Esse não é um livro para o cristão
tradicional, ou para pessoas fortemente apegadas e ligadas à qualquer
religião, seja ela o judaísmo ou qualquer vertente do cristianismo. Se o
indivíduo acredita que nelas se encontra a verdade, então é bom que fique
nelas, cada um se mantenha naquilo que foi chamado. O objetivo desse livro
é trazer um novo entendimento àqueles que queiram respostas que vão além
de religiões, teologias, dogmas e teorias humanas.
Se o leitor busca respostas que vão desafiar sua fé e um entendimento que
visa o libertar de correntes humanas, então esse livro talvez possa ajudar. Não
pretendo convencer ninguém a nada através dele. Ele foi concebido através
daquilo que Adonai me permitiu compreender e ele não representa nada além
do que um compartilhamento desse entendimento. Não tenho a intenção de
provar que pessoas estão erradas ou atacar ninguem, apenas ser uma
ferramenta que possa ajudar àqueles que buscam algo a mais do Criador.
Eu sempre fui relutante em escrever livros sobre Yeshua, pois o novo
testamento nunca foi o foco de meus estudos. Os materiais que coloco aqui
foram adquiridos em momentos diversos durante minha vida e tem sido
guardados desde 2012, assim como o evangelho original de Mateus,
conforme exposto no fim desse livro.
Todos os estudos desse livro se focarão em um entendimento
judaico/rabínico dos ensinos de Yeshua, portanto, serão apresentados de uma
forma completamente diferente e oposta do que é comumente ensinado pelas
igrejas e teologias cristãs. Tudo aquilo que for exposto aqui, será comprovado
através de ensinos antigos dos sábios de Israel.
Lendo o livro de Mateus, em sua versão original em hebraico, Yeshua me
mostrou claramente a base de sua fé. Diferentemente do que muitos pensam e
ensinam, que jesus se revoltou com sua fé e fundou uma crença nova, o
verdadeiro Yeshua apregoou o judaísmo, pregou tanto a Torah quanto o
Antigo Testamento, sempre através de uma visão rabínica, através do uso da
Torah Oral como exemplo.
Sem a Torah Oral, posso dizer com propriedade que é impossível
entendermos sobre quem ele foi e sobre o que ele falava, pois ele se dirigia a
um público judeu, era um exímio conhecedor da Torah e levava a vida de
acordo com a Torah Oral, portanto, ensinos nesses conformes fazem total
coerência, pois era sua realidade. Interpretações de suas palavras sem esse
conhecimento como base, levam a graves e profundos erros que são difíceis
de serem corrigidos mais tarde.
Tudo que será apresentado nesses estudos terá como base a Torah Escrita
e a Torah Oral. Junto a isso, também colocarei os comentários dos sábios e
dos rabinos, assim como algumas explicações e observações por mim feitas.
Por tal motivo, a compreensão desses estudos podem ser um tanto difícil por
parte daqueles que não estão acostumados a esse tipo de pensamento, ensino
e ideologia.

O LIVRO DE MATEUS EM HEBRAICO


Diferentemente do que a igreja ensina, tanto o livro de Mateus,
quanto o livro de João, o livro de Lucas e o livro de Marcos, NÃO foram
escritos em grego e sim em hebraico. Por todo o livro de Mateus é possível
confirmar isso devido aos inúmeros cacoetes que o autor tem, cacoetes que só
são possíveis em escritos originais em hebraico.
A versão do livro de Mateus que apresento nesse livro foi uma
cópia manual feita por um médico judeu chamado Shem-Tov Ben-Isaac Ben-
Shaprut. Shem-Tov nasceu em uma cidade chamada Tudela, no reino de
Castela na Espanha, durante o século quatorze. Devido a forte inquisição
espanhola que estava dizimando a milhares de judeus, Shem-Tov se viu
obrigado, assim como toda a sua comunidade, a estudar o novo testamento.
Isso se deu pelo fato de como a inquisição procedia. Os cristãos tinham o
costume de pegar os judeus, os levarem às praças publicas e, sob ameaça de
morte, eles eram obrigados a responder às perguntas que lhes eram feitas. Os
inquisidores, como sabiam que judeu nenhum conhecia o novo testamento,
faziam perguntas que normalmente abordavam a vida do jesus.
Os judeus de sua comunidade, para se prepararem a tais eventos,
começaram a estudar os escritos dos evangelhos. Um de seus colegas, em
uma viagem ao Oriente Médio, conseguiu uma cópia de um livro chamado
Mateus e através dele, todos dessa comunidade começaram a copiar
manualmente esse livro. A cópia que possuo é justamente a de Shem-Tov,
que foi feita em torno do ano de 1380 e.c. e por ter sido copiado a mão, algo
que demandava demais, existem alguns erros mínimos de escrita pelo
manuscrito.
Esse manuscrito, que hoje se encontra escondido na British Library,
desapareceu por 507 anos, até que um estudioso chamado George Howard da
Universidade da Geórgia, o encontra e o publica em 1987. Esse não é o único
manuscrito do livro de Mateus em Hebraico, existe uma cópia de outro autor
em Moscou e uma terceira em Florença, na Itália.
Para mim, é uma grande honra dada por Deus que eu tenha sido o
primeiro a publicar uma tradução desse livro em língua portuguesa, algo
inédito. Traduzir esse livro foi um desafio, pois além de possuir um hebraico
muito antigo, a letra de mão de Shem-Tov não é tão clara em algumas partes.
Porém, com o devido tempo, ao longo de alguns anos, a tradução foi
concluída e se encontra no final desse livro, tanto em português, quanto em
hebraico.

ORIGINALIDADE
Ler o livro de Mateus em seu idioma original e compará-lo com as
traduções provenientes do grego, pode e revela muitas coisas. Muitas das
diferenças encontradas são impressionantes e esclarecedoras. Porém, na
grande parte do livro, a maioria das diferenças que se encontram nele, não
mudam muito o entendimento de uma pessoa que não entende a cultura
judaica do primeiro século e como o judaísmo rabínico ortodoxo funciona.
Portanto, tentarei trazer à luz, com ajuda de Deus, algumas “estranhezas”
contidas no livro em seu original, para que ao compararmos ambos os
escritos, traduções ocidentais e hebraico, possamos entender que existe mais
do que diferença de palavras e termos, mas uma diferença de mensagem e
contexto.
O livro de Mateus, após os anos que desprendi em seu estudo, é
definitivamente e irrevogavelmente um livro escrito em hebraico. O hebraico
antigo, conhecido como Yvrit Tanakhi, segue um sistema de escrita poético,
ao escrever sobre um assunto, é normal a repetência de termos, assim como o
uso de outras palavras que possuem a mesma raiz, dando uma sonoridade
única ao texto quando lido. Outro costume desse hebraico antigo, muito
comum no antigo testamento, é uma narrativa na voz passiva. Tal ideia soa
muito estranho nas línguas ocidentais, mas é comum no hebraico bíblico.
Tais costumes de escrita, são conhecidos como hebraísmo e o livro de
Mateus é cheio deles. São coisas que, assim como são difíceis de traduzir
para outras línguas, é impossível, através de uma tradução para de uma língua
estrangeira para o hebraico, a formulação desses hebraísmos.
Seguem alguns exemplos desses típicos hebraísmos que aparecem por
todo o livro de Mateus e bem comuns pelo antigo testamento:

E ela dará luz a um filho e o chamará de YESHUA, pois ele YOSHIA o


meu povo de suas iniquidades.
Mateus 1:21

Nomeação de pessoas através de verbos para representar suas ações é


algo exclusivo da língua hebraica, não só com Yeshua, mas praticamente
todos os grandes homens da bíblia. Essa ideia é completamente perdida na
versão grega.

Nesse tempo disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como um
rei que se assenta para fazer um levantamento com seus servos e ministros.
E quando começam a fazer o levantamento, vem um que deve dez peças
de ouro.
E ele não tem nada para dar e seu senhor ordena que ele seja vendido
junto com seus filhos e com tudo aquilo que ele possui para pagar
(LESHALEM) esse valor.
E o servo cai perante seu senhor e pede para que seja misericordioso
com ele e lhe dê tempo, pois pagará (ISHALEM) todo o saldo devedor.
E então seu senhor teve pena dele e lhe perdoou todo o débito.
E saiu o servo e encontrou outro que lhe devia cem peças de prata e lhe
agarrou e o atacou e então disse:
Confie em mim e tenha paciência comigo, eu pagarei (ESHALEM) tudo
E ele não estava querendo ouvi-lo, então levou-o a prisão até que tudo
fosse pago (SHALAM).
E viram os servos do rei o que foi feito e se enfureceram muito e foram
contar ao senhor deles.
Então o senhor chamou-o e disse lhe: servo maldito, não lhe perdoei de
toda dívida que tinhas comigo?
Então porque não perdoou o servo quando ele lhe suplicou, assim como
eu lhe perdoei?
E seu senhor se irou com ele e comandou que fosse afligido até que todas
suas dívidas fossem pagas (ISHALEM).
Assim fará a vocês o meu Pai no céu se não perdoarem ao homem e ao
seu irmão de coração completo (SHALAM).
Mateus 18:23-35

Na mesma parábola, palavras de mesma raiz aparecem seis vezes, tal


feito, além de ser algo muito comum do hebraico, é praticamente impossível
consegui-la através de uma tradução.

E eu lhe digo que você é rocha (EVEN) e eu construirei (EV´NAH)


sobre ti minha BEIT TEFILAH. E os portões do Gehinam não prevalecerão
perante ti.
Mateus 16:18

Temos também hebraísmo em Mateus 16:18, pela qual muitos justificam


a originalidade grega do texto. Acabou sendo apenas uma coincidência na
hora da tradução para o grego, pois o hebraísmo também se encontra aí. Mais
um exemplo linguístico:

E viu (vayir´u) a multidão e temeu (vayir´u) muito...


Mateus 9:8a
No versículo acima mais um hebraísmo que se perde com a tradução,
apesar de “viu” e “temeu” não terem nada a ver, no hebraico, as palavras são
similares. Esse método não seria possível se o livro em hebraico fosse
proveniente de uma tradução. Fora esses exemplos acima, existem outros
milhares por todo o livro de Mateus.
Não faz sentido, um judeu, de origem hebraica, no território de Israel,
falando de coisas sobre Israel, ensinando às pessoas de Israel, escrever em
grego. Não faz o menor sentido, por motivos mais do que óbvios, não
deveriam nem haver dúvidas quanto a originalidade do idioma.
Existem algumas citações feitas pelos primeiros pais da igreja em relação
ao livro de Mateus:

Mateus... ...um composto evangelho sobre cristo, primeiramente


publicado na Judéia em HEBRAICO... Em hebraico foi preservado até os
dias de hoje na biblioteca em Caesarea... Eu também tive a oportunidade de
ter uma cópia feita para mim pelos nazarenos de Beroea... ...Os quais, o
usam.
Jerome, 392

Eles tem trabalhado duro, da melhor que forma podem, para fazerem as
traduções do hebraico.
Clemente de Roma, a respeito dos evangelhos, 118 e.c.

Livros originalmente escritos em hebraico: Mateus, Lucas, Marcos, João,


Atos e Apocalipse (em Aramaico).
A formatação do livro de Mateus não segue como nas versões ocidentais.
Sua separação não é em capítulos e versículos, porém o livro é dividido em
114 partes, seções, os quais foram montados para diferenciação dos temas
que o autor abordava, algo comum no hebraico. Eu deixarei ambas as
separações, tanto a original, quanto a ocidental, para uma facilidade de
entendimento,

GEMATRIA
A Gematria é um sistema numerológico pelo qual as letras hebraicas
correspondem a determinados valores numéricos. Esse sistema faz parte da
Cabala e é uma ferramenta muito poderosa para a interpretação de textos
bíblicos.
Cada letra do alfabeto hebraico é representado por um número. Pode-se
então calcular o valor numérico das palavras hebraicas da bíblia para uma
exegese mais mística, oculta, daquilo que a Palavra de Deus está ensinando.
No mundo da exegese bíblica, muitos comentaristas e sábios da Torah,
baseiam seus argumentos na equivalência numérica das palavras. Quando
uma palavra possui uma valor numérico igual ao de outra palavra, existe uma
conexão mística entre ambas. Isso mostra que ambas as palavras podem ser
usadas em ambos os contextos, ou seja, uma pode tomar o lugar da outra e
vice-versa, revelando um entendimento único das passagens bíblicas.
Muitos sábios acreditam que Adonai criou o universo através das letras
do alfabeto hebraico e portanto, existe um poder oculto por trás de cada uma
delas. Os números que cada uma representa, servem para ocultar à vista do
homem comum os segredos do Criador.
Por outro lado, devemos ter muito cuidado com a Gematria, pois é uma
ferramenta para uso exclusivamente bíblico. Fazer uso dela de uma forma
secular, como meio de adivinhação ou previsões do futuro, é algo
veementemente proibido pela Torah e por Deus diversas vezes. Esse método
possui tanto poder que, diversos pseudo-cabalistas nos dias de hoje oferecem
esse ensino às pessoas leigas para uso secular. Outras seitas ocultas também
conhecem essa ferramenta e a usam para fortalecimento de seus feitiços e
bruxarias. Portanto, saliento, a Gematria não deve ser usada fora de um
contexto bíblico e não deve ser aprendida em um meio secular através de
livros de autores desconhecidos e nem tão pouco por pessoas sem ligação
direta com a Torah divina, ela só pode ser ensinada e aprendida através de
rabinos que a usam como ferramenta de interpretação bíblica.
A Gematria é uma ferramenta que eu uso muito por todo esse livro.
Existem inúmeras formas de usá-la, porém usarei as duas formas mais
simples: a soma de valores absolutos, que é a soma total dos números ligados
às letras da palavra estudada ou os valores reduzidos, que é a soma dos
números do valor absoluto, atingindo um número entre 1 e 9.
Para tanto, usarei duas tabelas de cálculo, uma que inclui as letras SOFIT
do hebraico e uma outra, que não possui valores para essas letras SOFIT:
VERSÍCULOS OMISSOS
Os versículos a seguir não se encontram no livro de Mateus em hebraico.
Podem ser adições posteriores da igreja, assim como o já confessado
versículo 19 do capítulo 28, ou adições feitas pelas pessoas que traduziram do
hebraico para o grego, com a intenção de explicar alguma coisa que
auxiliasse na tradução, ou talvez se encontrem em outros manuscritos.

5:6 – 5:7 – 5:47 – 10:33 (primeira parte) – 10:38 – 14:34 – 16:6 – 16:7 –
18:4 – 23:21 – 26:19 – 27:36 – 27:61 – 28:19

INTENÇÕES DO LIVRO
Esse manuscrito, depois de descoberto, ficou muitos anos sem que fosse
estudado. Minha intenção é revelá-lo pela primeira vez na língua portuguesa,
para todos que tiverem interesse em um entendimento mais preciso sobre a
origem do novo testamento.
Outro ponto é mostrar Yehoshua Ben Yosef, judeu, israelense, rabino,
fariseu, ortodoxo, seguidor da Torah, mestre na Torah Oral e no Midrash, que
se declarou como Maschiach Ben Yosef e veio atrás das ovelhas da Casa de
Israel.
O Yeshua tratado nesse livro, com base no livro original de Mateus, não é
o jesus cristão, não é o jesus de Roma, não é o jesus que o mundo ocidental
conhece. Esse livro trata da pessoa verdadeira e não de um mito.

TERMINOLOGIA
Para quem não conhece a língua hebraica ou não está habituado a
terminologia rabínica, é de vital importância que os termos a seguir sejam
estudados e compreendidos antes da leitura desse livro, pois são termos muito
usados pelo Livro de Mateus e os mantive em meus estudos, pois é uma
terminologia que perde sua essência com traduções:

Torah Escrita – Os cinco primeiros livros da bíblia – Genesis, Êxodo,


Levítico, Números, Deuteronômio – conhecido também como a Lei de
Moises. A Torah é o mais santo de todos os livros, pois é o único que revela o
verdadeiro “eu” do Criador de todas as coisas.

Torah Oral – Segundo os sábios, a Torah Oral foi a explicação sobre a


Torah Escrita que Deus deu a Moises enquanto estava no monte Sinai, a qual
foi passada oralmente por gerações. Ela trata dos detalhes dos mandamentos
da Torah Escrita que não são tão “claros”.

Mishnah – É o outro nome para a Torah Oral, aborda todas os


mandamentos da Torah.

Gemarah – São os comentários rabínicos sobre a Mishnah. Também é


conhecida como Talmud, e possuem inúmeras leis criadas pelos sábios e
impostas sobre o povo judeu por anos.

Midrash – Comentários dos sábios sobre as passagens bíblicas, os


Midrashim foram compostos em aramaico e possuem uma sabedoria sem
igual.

Talmud – Mishnah + Gemarah + alguns ensinos externos.

Tzadik (Tzadikim, plural) – Esse é um termo vital para entendermos as


palavras de Yeshua. Um TZADIK é uma pessoa que observa e obedece as
Leis da Torah. Esse termo foi traduzido como “justo” e com isso perdeu toda
sua essência. Ser um Tzadik é o objetivo de vida de qualquer judeu que ama a
Deus.

Kasher – Apesar desse termo ser associado com alimentação, a palavra


kasher é um adjetivo dado a qualquer coisa que esteja nos conformes da
Torah. Uma pessoa que segue as Leis de Deus fielmente é uma pessoa
kasher.

Kashrut – Dieta bíblica de acordo com Levíticos 11.

Talmid (Talmidim, plural) – “Aluno” em hebraico.


Mamon – Apesar de muitos afirmarem que é o nome de um demônio,
mamon é apenas uma palavra comum em aramaico, significa “dinheiro”.

Gehinam – Conhecido como inferno, para muitos é apenas um purgatório


temporário.

Tshuvah – Outro termo muito importante usado vastamente no novo


testamento. Tshuvah em uma tradução direta significa “resposta”, mas é um
termo rabínico para se referir a arrependimento. Diferentemente do
arrependimento cristão que não passa de algo interno, a Tshuvah é mais volta
a ações, quem faz Tshuvah é a pessoa que decide adotar um estilo de vida de
acordo com a Torah.

Olam Hazeh – Mundo terreno, a vida que vivemos na carne.

Olam Habah – Mundo vindouro ou era de Mashiach. Sinônimo para vida


eterna.

Mitzvah (Mitzvot, plural) – Mandamento da Torah.

Chupah – Cabana sob a qual casamentos são feitos.

Mashiach – Messias, o ungido.

Bessorah – Boas novas ou evangelho.

Tanakh – Torah + Profetas + Escritos = Bíblia Hebraica ou antigo


testamento.

TODAS AS PASSAGENS DO TANAKH, DOS MIDRASHIM, DO


TALMUD E OS COMENTÁRIOS RABÍNICOS USADOS NESSE
LIVRO, FORAM TRADUZIDOS DE SEUS IDIOMAS ORIGINAIS
(HEBRAICO OU ARAMAICO) PELO PRÓPRIO AUTOR DESSE
LIVRO, AO MENOS QUANDO IDENTIFICADO A TRADUÇÃO
USADA. POR ESSE MOTIVO, ESSAS PASSAGENS PODEM
APRESENTAR ALGUMAS DIFERENÇAS QUANDO COMPARADAS
COM AS TRADUÇÕES OCIDENTAIS MAIS COMUNS.

ESSE LIVRO PODE SER OFENSIVO A ALGUMAS PESSOAS


DEVIDO AOS SEUS CREDOS E FÉ. SE CASO O LEITOR
ACREDITE PIAMENTE NA IGREJA, EM SEUS DOGMAS,
TEOLOGIAS E ENSINOS E OS VEEM COMO VERDADE
ABSOLUTA E IRREVOGÁVEL, PEÇO PARA QUE NÃO LEIA ESSE
LIVRO.
◆◆◆
PARTE 1
FATORES HISTÓRICOS
SEÇÃO I
A EDUCAÇÃO DE YEHOSHUA

Para que haja um verdadeiro entendimento sobre a pessoa que


Yehoshua foi, algo que vai além de seus ensinos e de suas obras, precisamos
buscar informações sobre aquilo que não nos foi relatado nos livros do novo
testamento, sua infância e educação. Apesar de Yehoshua ter tido uma
existência elevada, ele também foi um ser humano, foi criança, adolescente,
jovem e adulto, e todas essas fases formaram suas características como
indivíduo. Minha intenção aqui não é descobrir as características pessoais de
Yehoshua, mas sim da onde vieram as influências que deram o tom de seus
ensinos por todo o novo testamento. Como não temos relatos bíblicos e nem
talmúdicos em relação a sua vida antes do início de seu ministério, devemos
olhar para o padrão de educação que era seguido na terra de Israel do
primeiro século.
Antes de mais nada, é necessário tirar da mente muitos conceitos
criados pela igreja antiga. Temos na crença popular um Yehoshua que foi
uma pessoa simples, sem educação básica e um caipira do interior. Mas com
uma leitura cuidadosa de seus ensinos, fica claro que Yehoshua teve uma
profunda educação, sendo um exímio conhecedor da Torah, do Tanakh, da
Torah Oral, dos costumes e de todos os ensinos rabínicos de sua época. Se
tivesse que trazer uma imagem para Yehoshua nos dias atuais, de certo seria
como um judeu ortodoxo, que se vestiria de preto e branco, com os tzitzit na
cintura, uma barba longa e um belo de um chapéu.
Não podemos olhar para Yehoshua e ver o jesus criado pela igreja,
uma pessoa pobrezinha, coitadinha e sem preparo nenhum. Devemos olhar
para Yehoshua conforme a pessoa que ele realmente foi, um judeu, fariseu,
rabino, extremo conhecedor das Torah’s, proveniente de uma família
abastada e com uma personalidade de ensino muito forte e única.
Eu acredito que essa imagem de um Yehoshua desprovido de
educação vem de um mal entendimento sobre os habitantes da antiga
Galileia. Para os Judeus de grandes cidades, como Jerusalém, os galileus
eram vistos como caipiras, povo do campo, roceiros e sem capacidade
intelectual como um cosmopolita tinha. Porém a Galileia, por estar perto de
regiões fronteiriças, possuía um contato maior com culturas diversas, o que a
enriquecia culturalmente de uma forma diferente do que acontecia com
grandes cidades mais no interior de Yehudah, sendo que tal influência criou
uma mentalidade na Galileia que era diferente do resto de Israel.
Se olharmos para o nível de conhecimento que os galileus possuíam,
veremos que supera em muito o do resto das pessoas de grandes centros
cosmopolitas. A Galileia foi um celeiro dos maiores rabinos da história do
judaísmo e seus ensinos são praticados e vividos até os dias de hoje em
muitas sinagogas e comunidades. Entre eles temos Yohanan Ben Zakkai,
Hanina Ben Dosa, Abba Yose Holikrofi, Zadok e Yehoshua Ben Yosef.
Muitas coisas importantes aconteciam também nessa região, como o
nascimento de uma movimento conhecido como “os zelotes” e foi desse lugar
que a rebelião contra o império romano se iniciou, causando a destruição do
Templo no final das contas.
Para um sábio do primeiro século, não teria melhor lugar para se
estudar a Torah e as escrituras do que a região da Galiléia, pois foi nessa
região que se formaram os mais sábios e lenientes rabinos da história.

EDUCAÇÃO
Apesar do novo testamento não contar nada sobre a infância e a educação
de Yehoshua, de certo não foi nada diferente do que dos outros galileus.
Tanto a educação quanto os estágios da vida de um típico judeu do século
primeiro é descrita pelo Talmud, no Pikei Avot:

Yehudah Ben Teima dizia: aos cinco anos de idade é a idade para o
estudo das escrituras, aos dez anos para o estudo da Mishnah, ao treze anos
para o começo da observância das Mitzvot, aos quinze anos para o estudo do
Talmud e aos trinta é a idade de força total.
Pikei Avot 5:21

Todas as crianças da Galileia seguiam essa forma de educação, as escolas


da época não se prendiam apenas a lecionar matemática e história, mas
tinham o foco basicamente nas escrituras e tudo que era ligado a elas.
As sinagogas do primeiro século possuíam um anexo chamado Beit Sefer
(escola), onde as crianças iam e recebiam toda a educação necessária tanto
para uma vida secular quanto para uma vida religiosa. Muitos dos alunos
deixavam os estudos na idade de treze anos, pois necessitavam começar a
trabalhar, porém outros, aos quinze anos, deixavam a escola e partiam para a
tutela de uma escola rabínica para se tornarem sábios da Torah e rabinos.
Pelo alto conhecimento das escrituras que Yehoshua possuía, eu acredito que
ele continuou seus estudos e se afiliou a Beit Hillel, pois tanto Hillel quanto
Yehoshua, possuíam uma forte similaridade em seus ensinos, por incontáveis
vezes, Yehoshua faz uma abordagem em seus ensinos da mesma forma que
Rabbi Hillel fazia.
Todos os alunos que davam continuidade em seu estudo de Torah, eram
considerados os verdadeiros adoradores. Segundo a mentalidade judaica, a
adoração não se tratava apenas de entoar cantos e louvores, mas sim de um
verdadeiro desprendimento ao estudo da palavra de Deus, isso definia o
verdadeiro adorador:

Uma pessoa deve praticar as mitzvot em vida, pois depois que ela morre,
ela estará livre da observância da Torah e não poderá mais ser uma
adoradora daquele que é Santo, Bendito Seja.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 30a

Isso mostra que o lugar mais sagrado era justamente o Beit Sefer, assim
como estar embaixo da tutela de um rabino, pois eram justamente nesses
lugares onde o maior ato de adoração era praticado, o estudo da Torah.

MÉTODO DE ESTUDO
Apesar de existirem rolos e um método desenvolvido de escrita e leitura,
todo material escrito naquela época era extremamente caro, por esse motivo a
grande maioria do Povo de Israel não possuía a Torah e nenhuma forma de
escritura em casa. Apenas os mais ricos possuíam alguns rolos com alguns
trechos do Tanakh. Por esse fato, aprender a Torah Escrita e a Torah Oral
exigia um grande esforço de memorização. Até os dias de hoje, em que temos
um acesso fácil às escrituras, muitas escolas rabínicas ainda usam o processo
de repetição e memorização. É praticado até um movimento feito com a
cabeça para ajudar com a aprendizagem.
Yehoshua, assim como todos os fariseus a sua volta, possuíam a Torah, o
Tanakh, os costumes e a Torah Oral totalmente memorizados, era como algo
que corria em suas veias, algo raríssimo de se encontrar em outras religiões,
isso demandava anos e anos de estudo a fio. Para se tornar um rabino de
nome, a vida secular deveria ser deixada para trás.

Hillel disse: “Aquele que repetes cem vezes não é comparável àquele que
repete cento e uma vezes”.
Talmuda da Babilônia, Tratado Chagigah 9b

Aquele que não volta ao estudo da Torah por diversas vezes, é como um
homem que planta e não colhe.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 99a

Muitos métodos de memorização foram desenvolvido pelos sábios e


ensinados nas escolas por todo Israel. Alunos estudavam a Torah seis dias por
semana e no sétimo nenhuma matéria nova era dada, eles usavam o dia para
ficarem recitando aquilo que aprenderam durante a semana até decorarem.
Hoje em dia, nos bairros mais ortodoxos de Israel, é comum vermos pessoas
andando pra cima e para baixo falando sozinhas, na verdade elas estão
recitando a Torah e o Talmud para uma total memorização.
A memorização e o aprendizado das duas Torah’s em Israel sempre foi a
parte mais importante da fé judaica, foi assim que mantiveram a Toral Oral
viva por muitos séculos sem nunca ter sido escrita. Um padre católico, por
volta do ano 400 e.c., foi a Israel para aprender a língua hebraica e em um de
seus relatos, ele afirma que não viu uma criança sequer que não conhecia a
bíblia de Adam até Zeruvbabbel.

Yehoshua, como um bom judeu, passou por tudo isso, seus ensinos
mostram que ele possuía um conhecimento sem igual da Torah Escrita e da
Torah Oral, a forma como ele usa ambas mostra que os textos sagrados
faziam parte de sua essência. Portanto, se torna impossível entendê-lo se não
tivermos a mesma estrutura teológica e a mesma forma de pensar que ele
tinha. A diferença da educação de Yehoshua em comparação a educação
cristã ocidental, levou o mundo a uma interpretação muito pobre, e por vezes
errônea, de tudo aquilo que ele ensinou.
A quebra de paradigmas se faz necessária para qualquer estudo referente
a palavra de Deus, principalmente para uma mente doutrinada segundo a
teologia cristã, proveniente em sua essência dos pais da igreja, que nada mais
eram do que pagãos buscando a um Deus que pouco conheciam. Infelizmente
a influência de seus ensinos e pensamentos entrou de uma forma na igreja
que hoje afeta a todos os cristãos, pois eles acabam acreditam mais em
teologias humanas do que na bíblia em si. Se a pessoa não estiver disposta a
olhar para as escrituras de uma forma sem pré conceitos estabelecidos, a
verdade nunca será revelada a ela.
◆◆◆
SEÇÃO II
FARISEUS

A palavra hebraica para fariseu é p’rushim, que significa


“separatistas”. Esse título lhes foi dado devido a dissociação que tinham com
o povo comum de Israel e com os saduceus. Os fariseus consideravam o
cidadão comum como pessoas impuras, que tinham pouco conhecimento da
palavra e não se preocupavam com a lei da Torah Oral. Eles procuravam se
distinguir daquilo que consideravam como “povão”. Outras fontes apontam
que o motivo desse título era dado justamente pela diferença que tinham de
um grupo um pouco mais antigo que eles, os saduceus.

Os Saduceus
Tudo que sabemos hoje sobre os saduceus provém de fontes externas,
pois os mesmos não tinham o costume de registrar sua história. Os saduceus
eram um tipo de casta dentro do judaísmo e começaram a se formar por volta
do ano 150 a.e.c. Eles estão diretamente ligados com a influência que os
Maccabbeus ganharam dentro de Israel através de suas vitórias sobre o
exército macedônio.
Acredita-se que foram fundados por um indivíduo chamado Tsadok e
eles se tornaram uma classe de aristocratas que dominou toda a área politica e
sacerdotal de Israel. Possuíam o controle sobre o Sanhedrin e tinham total
poder de escolha em relação a nomeação de sacerdotes, apesar de alguns dos
sacerdotes não fazerem parte dos saduceus, a grande maioria fazia.
A classe dos saduceus era a classe alta da época de Yehoshua, eram
pessoas poderosas, influentes e ricas, trabalhavam duro para agradar a Roma,
assim mantendo a paz em todo Estado de Yehudah. Era uma classe
totalmente ligada à política, ao financeiro e de nada tinham a ver com a
religião. Tanto Yehoshua quanto Paulo fazem fortes críticas a eles, pois por
muitas vezes, colocavam em cargos de sacerdotes pessoas que não faziam
parte da tribo de Levi, colocavam os ganhos seculares acima dos
mandamentos de Deus e tornavam o povo de Israel cada vez mais escravo
dos romanos, já que isso era extremamente lucrativo para eles.
Fora toda a sujeira política e manobras dentro do Templo, eram eles
que possuíam a autoridade sobre a Torah Escrita, pois controlavam o
Sanhedrin. Os saduceus possuíam uma doutrina que contradizia em alguns
pontos vitais a doutrina dos fariseus, são quatro os principais pontos:

1. Negavam que Deus se envolvia na vida diária dos homens;


2. Negavam a ressurreição dos mortos;
3. Negavam o pós vida, acreditavam que a alma sumia após a morte;
4. Não acreditavam em uma estrutura espiritual, negando anjos e
demônios.

Por não se preocuparem com a religião, nunca se preocuparam com


Yeshohua até o momento em que ele chega no Templo e causa uma confusão
virando as mesas dos vendedores. O comércio no Templo era algo criado e
incentivado pelos saduceus, principalmente em época de celebrações, como o
Pessach por exemplo, onde era necessário cada um levar uma oferta a ser
queimada a Deus. Essa ideia partiu da necessidade de muitas pessoas
morarem longe da Jerusalém e terem que fazer longas viagens até o Templo
trazendo consigo suas ofertas, que muitas vezes eram animais. A ideia era
que vendam esses animais em suas terras e venham para Jerusalém com o
dinheiro para comprar outro animal na porta do Templo, para que possa ser
sacrificado.
Claro que se observarmos friamente, temos a sensação de uma
excelente ideia que ajudaria a muita gente, mas o fato é que toda transação
comercial sob o império romano gerava impostos, tanto na hora da venda do
animal quanto da recompra, tornando-se assim algo muito interessante tanto
para Roma quanto para os saduceus que também lucravam em cima.
Quando Yehoshua ataca diretamente os negócios dos saduceus e
começa a apontar as manobras politicas e sacerdotais que eles faziam,
começaram a prestar mais atenção nele e o desenrolar de sua morte começa
exatamente nesse momento.
No momento em que nasceu um grupo, com fortíssimo apelo popular,
que discordava de suas politicagens e ideias religiosas, esse grupo começou a
ser chamado de separatistas, ou nesse caso, fariseus. Os Saduceus deixaram
de existir no ano de 70 e.c. após a destruição do Templo pelos romanos, já os
fariseus existem até os dias de hoje, conhecidos como os ortodoxos.

Os Fariseus e a Torah Oral


Não se sabe ao certo quando o movimento farisaico começou, mas
muitos estudiosos acreditam que foi em paralelo aos saduceus, pois muitos
foram contra o controle e a manipulação que começaram a fazer com as
coisas que eram referentes a Deus, pois misturavam ideias helenistas com
coisas santas. Essa batalha originou os fariseus plebeus e os aristocratas
saduceus. Por volta do ano 130a.e.c. a briga entre os dois grupos era tão forte
que todos os fariseus se desligaram do Sanhedrin e de qualquer atividade que
era estabelecida por seus membros.
Os fariseus se diferenciavam de outros grupos pela sua rígida
observância à Torah Oral e distinta interpretação da Mishnah. Eles ensinavam
que a Torah Oral explica com detalhes alguns pontos que são sucintos na
Torah Escrita e portanto, era de suma importância, pois tornava os
mandamentos de Deus mais acessíveis ao entendimento de todos.
Segundo os fariseus e os judeus ortodoxos, a Torah Oral foi entregue
a Moises no mesmo momento em que ele recebeu a Torah Escrita no monte
Sinai e foi essa a forma em que Moises ensinou a Torah ao povo. A Torah
Oral, também conhecida como Talmud, é de vital importância, pois mesmo
que o ensino de Yehoshua tenha se baseado no Tanakh, o método que ele usa,
tanto de ensino quanto de debate, sempre foi a Torah Oral e foi ela que gerou
os maiores impasses de seus ensinos com alguns fariseus.
Yehoshua tinha uma compreensão muito clara da Torah Oral, muito
maior do que qualquer cristão ou judeu possa imaginar. A relação que ele
tinha com o Talmud era de amor e ódio, muitas das vezes reafirmando o que
está escrito nela, porém muitas outras, indo totalmente contra, como veremos
muitas vezes nesse livro. Apesar de muitos acharem que a Torah é o que
define o judaísmo ortodoxo, assim como foi com o farisaísmo, o que os
define é justamente a Torah Oral, toda regra de conduta, vestimenta,
alimentação, comportamento, observância, oração, jejum e muitas outras
coisas, vão muito além daquilo descrito pela Torah, são regras e costumes
criados pelos antigos e eternizadas no Talmud e são justamente essas leis e
costumes que caracterizam um judeu como judeu.

A Cerca ao Redor da Torah


Qualquer um que transgredir as palavras dos sábios receberá uma
sentença de morte, como está escrito: “quem quebrar a cerca, será mordido
por uma cobra”.
Talmud da Babilônia, Tratado Eruvim 21b

Os fariseus contaram 613 mandamentos contidos na Torah, dentre


eles, 248 positivos, os quais a pessoa deve fazer e 365 negativos, os quais não
devem ser feitos. Esse grupo, assim como o judaísmo ortodoxo moderno,
possuí um extremo temor de quebrar qualquer um desses mandamentos e por
isso, criaram o que chamam de "cerca ao redor da Torah", que nada mais é
do que a criação de leis em torno desses mandamentos, afim de manter a
pessoa o mais distante possível de quebrar qualquer Lei contida na Torah.
Tais “cercas” são chamadas de “tradições” no novo testamento.
Exemplos claros dessas tradições são as inúmeras regras referentes a
observância do Shabbat, sendo a vasta maioria delas não bíblicas, as regras
de uma verdadeira refeição kasher, as vestimentas que vemos nos dias de
hoje, a forma como a oração e os estudos de Torah devem ser conduzidos e
diversos outras regras que abrangem literalmente todos os mandamentos para
o povo judeu.
Os reais problemas começaram a aparecer quando os próprios
fariseus, começaram a definir a religiosidade e a devoção a Deus de um
indivíduo através da sua observância à essas leis criadas pelos rabinos e não
pelo puro cuidado com a Torah em si. Tais costumes não geraram grandes
discórdias entre o povo, mas foi uma das maiores objeções de Yehoshua,
sendo a outra, a hipocrisia quando cumpriam alguma Lei da Torah Escrita.
Infelizmente pelo fato da igreja ter pouco conhecimento sobre esses costumes
e ensinos, não entendem da onde vem os ensinos dele e acreditam que ele
estabeleceu uma nova lei que substituiu a Torah.
Podemos usar de exemplo o hábito que os fariseus tinham em relação
ao jejum, era costume dos sábios da época ensinarem que Deus mandava seu
povo jejuar duas vezes na semana, toda segunda-feira e quinta-feira, e que
para o jejum ser válido, afirma a tradição, as pessoas deveriam ficar tristes
como prova de humildade perante o Criador e para sentirem na pele a dor de
um sacrifício. Yehoshua faz um comentário bem breve em relação a
justamente esse costume rabínico:

Ainda disse para eles que quando jejuarem não sejam como os hipócritas
que mostram a si mesmos como tristes e que mudam suas faces para que os
homens vejam que jejuam. Mas eu digo a vocês que já receberam o mérito.
E nos jejuns de vocês lavem suas cabeças.
Não pareçam aos homens que estão jejuando, mas ao Pai que está em
segredo e o Pai que está em segredo lhe completará (recompensará).
Mateus 6:16-18
Yehoshua, claramente, foi contra a maneira dos fariseus de jejuar,
talvez se algum quisesse jejuar todos os dias, de certo Yehoshua o apoiaria,
mas o ponto que ele debate é justamente o “mandamento” em relação a
necessidade de sentir algum tipo de tristeza no momento do jejum. O
interessante é que o sentimento de tristeza não é algo controlado pelo ser
humano, ninguém fica triste quando quer, é algo que simplesmente acontece,
sendo assim, a única forma de aparentar essa tristeza é justamente
demonstrando-a pela face de uma forma hipócrita.
Outro exemplo que podemos usar de como Yehoshua usou de sutileza na
crítica referente aos costumes poucos conhecidos da época, se encontra no
capítulo 11:

E quando veio Yohanan que não comia nem bebia, falavam dele: está
possuído por demônios.
E os homens vão comer e beber e falam que ele é glutão, beberrão e
amigo de homens violentos e pecadores. Os tolos julgando os sábios.
Mateus 11:18-19

Nessa passagem, Yeshoshua critica algumas pessoas que falavam mal de


Yohanan, o imersor, dizendo pelo fato de não comer e nem beber, estava
possuído de demônios, enquanto essas mesmas pessoas eram glutonas e
beberronas. Yehoshua nessa parte se refere a um documento datado do século
primeiro, o qual afirma que todos os fariseus, que serviam a Deus, mereciam
um rico banquete de comidas e bebidas a cada hora do dia e deveriam amar
festejar, comer e beber do momento em que acordam até a hora de deitar.
Yehoshua fazia uma clara crítica, que me parece até possuir um certo tom
irônico, à essa tradição estipulada por algum rabino.
Os fariseus possuíam uma grande autoridade e influência sobre as massas,
isso devido a dedicação que tinham ao estudo da Torah Escrita e da Torah
Oral. Toda sinagoga, oração, celebração das festas e ensinos das Escrituras,
eram realizados por eles. Assim como nos dias de hoje, a grande maioria das
sinagogas, ensinos, rituais de conversão e interpretação da Torah, se
encontram nas mãos dos rabinos ortodoxos.
Por outro lado, devemos observar que a teologia farisaica se alinha quase
que perfeitamente com os ensinos neo testamentários. Muitos acreditam que
Yehoshua era um essênio, é bem verdade que os costumes desse grupo se
assemelha muito com o que Yehoshua ensinava, mas isso era devido ao fato
desses ensinos também se assemelharem a mentalidade farisaica. Existem
dois pontos muito importantes que devemos levar em consideração ao
pensarmos que Yehoshua era essênio, o primeiro é que esse grupo não
acreditava na ressurreição dos mortos, o que de cara vai contra com um dos
feitos mais importantes de Yehoshua, o segundo é que eles eram contra
qualquer tipo de ministério público e Yehoshua claramente teve um. Só esses
dois pontos são suficientes para derrubar qualquer hipótese que ele fazia parte
dessa sociedade.

Os Nove Tipos de Fariseus


Para entrarmos de uma forma mais profunda sobre os hipócritas e sobre
aqueles os quais Yehoshua tanto criticava, devemos olhar para os tipos
comuns de fariseus que são descritos de acordo com a Enciclopédia Judaica:

1- Fariseu Shechem - aquele que colocava sobre os próprios ombros sua


observância para que todos vessem;
2- Fariseu Lento – sempre atrasando aos outros quando queria realizar
alguma mitzvah para que todos acabassem vendo;
3- Fariseu Cego – sempre trombando com a parede, pois vedava os olhos
para não olhar para as mulheres;
4- Fariseu Manipulador – usava das leis para tirar proveito;
5- Fariseu Orgulhoso – sempre contando suas boas obras, mas anda em
hipocrisia;
6- Fariseu Torto – ensina erroneamente a Torah;
7- Fariseu inocente – faz sem saber o porquê faz;
8- Fariseu Temente – aquele que era um verdadeiro tzadik, assim como Jó
foi;
9- Fariseu Amante de Deus – assim como Abraham, possuía uma afeição
muito forte por Deus.

Os sábios no Talmud, no Tratado Sotah 22b, alegam que se fosse


pelos sete primeiros tipos de fariseus dessa lista, Deus destruiria o mundo
devido a enorme hipocrisia que possuíam, mas que devido aos dois últimos,
ele resolver manter Sua criação. Ao olharmos para o Capítulo 23 do livro de
Mateus, Yehoshua lança “as sete vergonhas sobre os fariseus” e elas se
encaixam perfeitamente com os sete primeiros tipos dessa lista:
Fariseu Shechem - Vergonha a vocês hipócritas, fariseus e sábios, que
constroem os túmulos dos profetas e honram os monumentos dos sábios. (ver
29);

Fariseu Lento - Vergonha a vocês sábios e fariseus, hipócritas, que


parecem sepulturas, bonitas e brancas por fora para homens, porém por
dentro são cheia de ossos dos mortos e imundice. (ver 27);

Fariseu Cego - Vergonha a vocês, cegos na cadeira, que dizem que


aquele que jura pelo Templo não é obrigado (a cumprir), mas aquele que jura
por qualquer coisa que é consagrada ao Templo é obrigado a pagar. (ver 16);

Fariseu Manipulador - Vergonha a vocês fariseus e sábios, hipócritas,


devoram e dividem os bens das viúvas através do DERESH ARUKH, por
isso sofrerão grande punição. (ver 14);

Fariseu Orgulhoso - Vergonha a vocês fariseus e sábios, hipócritas,


fecham o Reino dos Céus aos homens e aos que querem entrar vocês não
deixam que entrem. (ver 13);

Fariseu Torto - Vergonha a eles, sábios e fariseus, que dizimam menta,


dill e romã. Mas que cometem roubos. É melhor honrar as sentenças da
Torah, que são: Chessed, a verdade e a fé. A Torah é digna de ser seguida,
nunca se esqueçam disso. (ver 23);

Fariseu Inocente - Vergonha a vocês, fariseus e sábios, que submergem


os copos e os pratos por fora e por dentro estão cheios de maldades e
impurezas. (ver 25).

Yehoshua não critica aos fariseus de forma geral, nem tão pouco ao
farisaísmo, mas sim alguns tipos de comportamento que eram muito comuns
dentro desse grupo. Tais comportamentos são muito comuns dentro de
qualquer religião, podemos vê-los ainda nos dias de hoje dentro do judaísmo,
em todas suas esferas e também dentro da igreja, todas elas.
O novo testamento também fala sobre esses dois últimos grupos de
fariseus, como Nicodemus, José de Arimateia e o rabino Gamliel, assim
como muitos outros que seguiam a Yehoshua. Flavius Josefvs escreveu sobre
os fariseus: “Os fariseus são reconhecidos pela impressionante habilidade da
exata intepretação da palavra de Deus” e deve ser por isso que esse foi o
único grupo que existe até hoje, conhecido como Judaísmo Rabínico, ou
Ortodoxo.

A Misericórdia Farisaica
Em comparação aos outros dois grupos, saduceus e essênios, os fariseus
eram aqueles que tinham maior compaixão em relação ao próximo,
ensinavam as escrituras por amor e realmente eram tementes a Deus.
Praticavam uma leniência muito grande quando se tratava de aplicações de
punições referentes às quebras das Leis de Deus e sempre buscavam a justiça
divina em tudo que faziam.

Um Sanhedrin que aplica uma pena de morte a cada sete anos é uma
corte assassina
Mishnah Makkot 1:10

Eles faziam o que podiam para evitar qualquer tipo de punição que
custasse a vida de alguém e desenvolveram diversas leis e costumes para
tanto. Um caso interessante era um costume que possuíam; se caso houvesse
uma sentença de morte, tentavam amenizar o sofrimento do condenado, o
Talmud relata algumas misturas que poderia ser feitas e dadas às pessoas para
que as dores sofridas fossem menores e a punição menos sofrida, tal atitude
aparece de uma forma não muito clara no livro de Mateus:

E deram a ele vinho misturado com MARAH (Extrato de uma planta


extremamente amarga). Mas quando ele começou a beber, ele percebeu e
não bebeu.
Mateus 27:34

Uma dessas fórmulas é justamente a mistura de vinho com marah, ela


servia como anestésico para a dor e de certo, a pessoa que tentou dar esse
líquido a Yehoshua, era um fariseu, pois assim determinava a Torah Oral.

A Autoridade Rabínica
Um dos princípios fundamentais da fé farisaica/rabínica é a absoluta
autoridade dos rabinos para interpretar as Escrituras, o que eles falam e
decidem em termos religiosos, mesmo quando estão errados, se torna lei.
Quando um rabino diz que o céu não é mais azul, é vermelho, isso se torna lei
e verdade dentro da comunidade na qual ele faz parte.
Uma história relatada no Talmud da Babilônia, deixa esse conceito bem
claro:

Um dia Rabbi Eliezer foi engajado em um debate sobre um determinado


tipo de forno que não poderia ser usado, pois não removeria as impurezas
dos alimentos. Porém todos os outros rabinos ali presentes alegavam o
oposto.
Por não conseguir convencer aos outros rabinos, Rabbi Eliezer ficou
muito frustrado e para resolver tal situação, ele resolve invocar um milagre,
então Rabbi Eliezer grita: “se estou certo, que as árvores confirmem”. Então
um grande barulho foi ouvido do lado de fora e quando os rabinos foram
olhar o que estava acontecendo pela janela, todas as árvores do jardim
estavam prostradas.
Todos da sala ficaram impressionados e viraram ao Rabbi Eliezer e
disseram: “Nós não damos ouvidos a meras árvores”. Então Rabbi Eliezer
tentou mais uma vez e gritou: “Se eu estiver certo, que o rio confirme”.
Todos da sala correram para o lado de fora e viram que o rio que cortava a
cidade começou a correr em sentido oposto ao usual. Nesse momento todos
os rabinos ficaram extremamente impressionados e disseram: “Nós não
damos ouvidos as águas”. Rabbi Eliezer, profundamente irritado, gritou
mais uma vez: “Se eu estiver certo, que o Céu confirme”. Então todos
ouviram uma voz vinda do céu, dizendo: “Porque vocês descordam de Rabbi
Eliezer, já que ele está correto?” e disseram os rabinos ali presentes: “Nós
não damos ouvidos aos céus, já que a Torah não está lá, está aqui, sob
nossos cuidados”. Então Deus sorri e diz: “meus filhos me venceram, meus
filhos me venceram”.
Talmud da Babilônia, Tratado Bava Metzia 59b

A passagem da Torah que eles usam para corroborar com essa ideia se
encontra com Deuteronômio 30:12, porém utilizam apenas o comecinho
desse versículo, “não está nos céus” e de uma forma totalmente fora de
contexto, usam para afirmar que, como a Torah não está nos céus e sim na
terra, nas mãos dos homens, cabe a eles decidirem como interpretá-la. Essa
ideia pode ser um pouco estranha, pois por exemplo, vivemos nessa terra e
não nos céus, quer dizer então que nossas vidas não estão nas mãos do
Criador? Acho isso um pouco perturbador.
Por um outro lado, os rabinos também ensinam “Tudo está nas mãos dos
céus, exceto o temor aos céus”. Se colocarmos ambos os conceitos lado a
lado, teremos uma enorme contradição, pois por um lado afirmam que como
a Torah está na terra, estando sujeita as decisões do homem; já nossas vidas,
vividas também na terra, em contra partida, estão nas mãos dos céus. Uma
enorme incoerência.
Fora a hipocrisia, era esse tipo de discordância de ensinos rabínicos que
Yehoshua repudiava, ele batia de frente e refutava as tradições e
interpretações rabínicas que contradiziam aquilo determinado por Deus na
Torah, iremos ver isso por todo o livro de Mateus.

Yehoshua, O Fariseu
Yehoshua era um fariseu típico, seus ensinos comprovam isso claramente,
porém possuía opiniões divergentes em relação à algumas regras rabínicas
que acabavam indo contra ou substituindo a Torah Escrita, a qual para ele,
estava acima de todas as coisas.
Os maiores embates que Yehoshua teve e que passou a impressão que ele
atacava ao farisaísmo, na verdade, não passavam de críticas, críticas duras
contra a hipocrisia para a defesa do próprio movimento farisaico e da Torah.
A forma que ele fazia isso era justamente ensinando que servir a Deus não
pode ser por atitudes externas per se, mas que elas deveriam ser resultados da
fé e do amor que a pessoa possuía por Deus e que jamais nenhuma regra
humana poderia se sobressair àquilo que está escrito na Lei de Moises.
Infelizmente o novo testamente trata o fariseu como um grupo homogêneo e
contrário a nova religião de cristo, mas na verdade, esses embates se davam
apenas com alguns pequenos grupos de fariseus provenientes de outras
escolas, a grande massa desse grupo claramente concordava com Yeshohua e
isso podemos ver em outros ensinos farisaicos.

Os céus tudo sabem, e a grande corte dos céus irá trazer a exata punição
àqueles que usam o manto de tzadikim, mas de fato são indignos por dentro.
Talmud da Babilônia, Tratado Sotah 22b

Não temam os fariseus nem os saduceus, mas de fato temam os hipócritas


que se parecem com os fariseus, os quais tem atos parecidos com o perverso
Zimri.
Talmud da Babilônia, Tratado Sotah 22b
Isso mostra que dentro do movimento farisaico existia o problema da
hipocrisia, assim como em todas as religiões modernas e antigas, e os grandes
sábios eram contra a esse tipo de atitude. Portanto, as críticas que Yehoshua
fazia não podem ser vistas como uma crítica a um grupo, ou a esse
movimento, porém a alguns indivíduos que faziam parte desse grupo. Dentro
de todas as críticas que ele fazia, ele acabava se alinhando com o próprio
movimento e mentalidade farisaica, fazendo dele cada vez mais fariseu.

Fariseus, os inimigos de cristo


O termo fariseu se tornou sinônimo de hipocrisia e assassino de cristo
desde os primórdios da teologias cristã. Foi justamente esse grupo que
inspirou alguns pais da igreja a comporem obras extremamente antissemitas,
como no caso de João Crisóstomo e Martinho Lutero:

A sinagoga dos judeus é um lugar pior que um bordel ou um bar: refúgio


de malandros, toca de feras selvagens, templo de demônios, esconderijo de
ladrões e pervertidos, caverna de demônios, uma assembleia de assassinos
de cristo. São todos dignos de abates.
João Crisóstomo, Adversus Judeos, vol.68

Os judeus são pequenos demônios destinados ao inferno. Queime suas


sinagogas, force-os a trabalhar e trate-os com toda severidade. São inúteis,
devemos tratá-los como cachorros loucos, para não sermos parceiros em
suas blasfêmias e vícios e para que não recebamos a ira de Deus sobre nós.
Martin Luther, pai das igrejas protestantes e evangélicas

Assim como os fariseus foram os “caras maus” do novo testamento, eles


também foram os caras bons. Eu acredito que antes que a igreja julgue os
fariseus, ela deveria olhar para a própria história, não apenas a católica, mas
todas as vertentes, pois o berço é o mesmo para todas. Vemos muitas
vertentes onde proíbem mulheres de usarem maquiagens, brincos, apenas
devem usar saias, homens não podem usar shorts e até em casos extremistas,
algumas denominações alegam que mulher que masca chiclete é pecadora.
Tais atitudes e doutrinas não se diferenciam em nada do que era praticado e
ensinado pelo farisaísmo da época de Yehoshua. Algumas coisas sobre o
farisaísmo deve ser compreendida, pois foram eles os primeiros a
desenvolveram lugares de adoração (sinagogas que inspiraram igrejas), foram
eles que começaram com o “evangelismo” através do envio de missionários a
todos os lugares, foram eles que começaram com a ideia da possibilidade de
cada ser humano ter a capacidade de ter um relacionamento íntimo com o
Criador, foram eles que desenvolveram a estrutura espiritual de anjos, de
demônios e, principalmente, foram eles que educaram a Yehoshua.
Tanto o cristianismo, quanto o judaísmo, devem muito a esse grupo e aos
sábios que dali saíram.

Adoração Farisaica
Devido ao exílio babilônico, foi necessário ao povo de Israel desenvolver
outras formas de adoração a Deus e, segundo os fariseus, um dos mais
importantes deles é o estudo da Torah. Foi por causa da falta de
conhecimento da palavra de Deus que o povo não soube se comportar,
gerando a desobediência pela qual Deus permitiu a destruição do Templo.
Toda sinagoga do primeiro século, assim como nos dias atuais, é basicamente
dividida em duas partes, a Beit Tefilah (casa de oração) e Beit Midrash (casa
de estudo). Ambas as casas estavam dentro da mesma Beit Knesset
(sinagoga) e possuem funções distintas.
A Beit Tefilah é onde se encontram os rolos da Torah e é o lugar onde as
pessoas se reúnem para a leitura da mesma na noite de Shabbat e para todo o
tipo de oração e adoração a Deus. Já a Beit Midrash é onde se estuda as
Escrituras, tanto a Torah Escrita quanto a Torah Oral, de acordo com a visão
e o entendimento do grupo ortodoxo da qual essa sinagoga faz parte.
O interessante é que Yehoshua faz uma menção sobre essa estrutura em
uma conversa com Pedro conforme relatado no livro de Mateus:

E eu lhe digo que você é rocha e eu construírem sobre ti minha BEIT


TEFILAH. E os portões do Gehinam não prevalecerá perante TI.
Mateus 16:18

Por causa das inúmeras modificações do novo testamente feitas pela


igreja, perdemos a essência do que Yeshoshua estava fazendo e isso acabou
levando muitos a acreditarem que ele estava fundando uma nova religião. O
que Yehoshua estava determinando naquela conversa com Pedro era
justamente uma Beit Tefilah, uma casa de oração. O que impressiona é que
ele não fala um Beit Knesset, nem tão pouco uma Beit Midrash, ele fala
apenas sobre o lugar onde é feito a leitura da Torah e a oração a Deus, isso
mostra que a estrutura da Beit Midrash deveria ser mantida. Em termos mais
simples, Yehoshua trouxe uma nova interpretação da Torah, o que permitiu
um contato mais íntimos com o Criador e isso gerou uma forma de orar, de se
aproximar a Deus, muito além dos costumes da época, porém os estudos, a
forma de ensinar, o que deveria ser aprendido, deveria ser mantido, ou seja, a
forma farisaica. O ensino da Torah Escrita e aquilo sobre a Torah Oral que
não se opunha à Torah Escrita, deveriam ser ensinados e praticados e é nesse
ponto onde muitos escorregam, sendo esse um dos motivos que trouxe a
igreja tão distante de se aproximar do verdadeiro Povo de Israel.

Reação Farisaica aos Milagres


De acordo com a literatura judaica, Yehoshua não foi o único a realizar
milagres. Rabinos como Onias e Hanina Ben Dosa são lembrados pelos
inúmeros milagres de cura que realizaram, desde cura de surdos-mudos até
doenças mais sérias. Milagres e expulsão de demônios não eram coisas
incomuns no judaísmo do primeiro século, Yehoshua inclusive faz um
comentário crítico a respeito de milagres que eram feitos por alguns fariseus:

E se eu expulso demônios por Baal Zevuv, então por que o filho de vocês
não os expulsam? Eles serão seus juízes.
Mateus 12:27

Porém existia um milagre o qual ninguém nunca havia feito, a cura de um


leproso e tal fenômeno foi vastamente mencionado no novo testamento como
prova do messianismo de Yehoshua, já que Mashiach realizaria atos que
homem algum poderia realizar. Quando Yohanan, o imersor, manda seus
talmidim perguntarem a Yehoshua se ele era Mashiach, dentre muitos feitos,
Yehoshua menciona que os leprosos estão puros, mostrando um feito nada
comum em toda a história judaica.
Segundo a Torah, toda cura de lepra deveria ser reportada a um sacerdote,
o qual deveria declarar que a pessoa se tornou ritualmente pura. Nesse
momento uma oferta deve ser entregue no Templo para confirmar a cura
perante Deus:

No oitavo dia ele deve levar dois cordeiros sem defeito, sendo um deles
em seu primeiro ano de vida sem defeito, três décimos de medida de farinha
escolhida misturado com óleo para a oferta de alimento e um log de óleo.
Isso deve ser apresentado perante Adonai junto com o homem a ser
purificado, na entrada na tenda da congregação, pelo sacerdote que fará a
limpeza.
Levítico 14:10-11
Apesar de muitas pessoas acreditarem que Yehoshua aboliu a Torah, na
verdade, ele incentivava e exigia a sua prática. Em um dos casos que ele cura
a um leproso, ele ordena a essa pessoa que ele se apresente ao sacerdote e
faça uma oferenda, assim como determinado na Lei:

Estendeu Yeshua sua mão, tocando-o, disse: eu desejo que você seja
purificado e naquela hora o leproso foi purificado da sua lepra.
E disse Yeshua a ele: tenha cuidado ao contar isso aos homens, vá ao
sacerdote e ofereça uma oferenda como ordena a Torah de Moisés.
Mateus 8:3-4

Tal fato é de extrema importância, pois além de mostrar que realizava


milagres que iam além dos realizados pelos fariseus, ele ensinava a
importância da observância da Torah em seus mínimos detalhes.
Yehoshua foi um grande fariseu, conhecedor da Torah Escrita e da Torah
Oral, ele foi muito claro em seus ensinos que afirmavam que nenhum
mandamento deve ser adicionado ao já determinado por Deus e que as
interpretações que poderiam ajudar ao próximo a seguir aos mandamentos,
seriam bem aceitos por Deus. Porém, Yehoshua ia claramente contra àqueles
que insistiam em adicionar coisas a Lei de Deus e que as ensinavam como se
fosse o próprio Deus que as ordenou. Fora a hipocrisia, esse foi a motivo que
causou os maiores embates entre ele e alguns fariseus.
◆◆◆
SEÇÃO III
AS TORAH’S

O Povo de Israel nasceu de uma promessa feita por Deus a Abraham, em


um momento da história onde poucas pessoas serviam ao Deus Verdadeiro. O
mérito que Abraham teve perante Deus, ao renunciar a idolatria de sua época
e de sua casa, lhe tornou digno de ser o primeiro patriarca de um povo
formado e escolhido por Deus. Essa promessa se concretizou em sua forma
plena no pé do monte Sinai, no momento em que Moises sobe ao seu topo e
recebe a Torah das próprias mãos de Deus.
A mística judaica conta que a Torah foi criada por Deus em sua totalidade
antes da criação do mundo, assim como um engenheiro desenha uma planta
antes de começar a obra. Deus criou a Torah e com base nela, criou todas as
coisas conforme descritas no livro de Genesis, pois Deus a usou para colocar
ordem no mundo que acabara de criar. O momento em que ela é entregue no
monte Sinai, é o momento de sua materialização e da revelação mais
profunda de quem é o verdadeiro Deus Criador e como Ele deve ser seguido
e amado.
A palavra Torah significa “alvo”, pois é o padrão que todos os que
seguem a Deus devem atingir. Apesar de fortemente associada ao judaísmo,
por ser a coluna cervical da fé do povo judeu, na realidade, ela foi entregue a
um povo, ela não é um guia religioso e sim um guia de vida para aqueles que
querem seguir ao Verdadeiro e Único Deus. É de vital importância que todos
possam desvencilhar a Torah da religião judaica, para que assim possam
entender que ela serve para ajuntar aos que temem a Deus embaixo de Suas
asas.
Dentro do judaísmo moderno, assim como no primeiro século, existem
duas Torah’s, a Torah she-bichtav e a Torah she-b'al’pei, que são a Torah
Escrita e a Torah Oral. Essa segunda Torah é o que realmente define a
religiosidade e rituais religiosos da religião judaica. A compreensão de ambas
é de extrema importância para quem quer entender o novo testamento, pois
ele é composto de livros escritos por judeus e para judeus, e judeus
fortemente conhecedores e influenciados por ambas as Torah’s, inclusive
Yehoshua.

TORAH ESCRITA
A Torah Escrita é o verdadeiro livro santo, é a única parte da bíblia que
não foi inspirada por Deus, mas revelada por Deus, o que dá um peso muito
maior a sua importância. A palavra Torah se refere aos cinco primeiros livros
da bíblia – Bereshit (Genesis), Shmot (Êxodo), Vayikra (Levítico), Bamidbar
(Números) e Devarim (Deuteronômio) – porém o termo Torah tem um
significado que vai além do que um nome de uma coletânea de livros antigos,
esse termo abrange fundamentos, leis, conceitos, revelação e tudo a respeito
do Único Deus.
O peso que a Torah Escrita possui é indescritível, Yehoshua, os
apóstolos, Paulo e todos que aparecem no novo testamento viveram,
pregaram, ensinaram e propagaram a Torah, tanto entre os gentios quanto
entre os judeus. Ela foi a base de todos os ensinos de Yehoshua e ele sempre
a colocou acima de qualquer outro ensino proveniente de homens. Sua vida
foi voltada a esse livro e ele trouxe uma interpretação própria a respeito dela
e isso é o que melhor define seu ministério em vida.
Muitas pessoas, principalmente as cristãs, acreditam que a Torah foi
abolida por Yehoshua, se esse fosse o caso, Yehoshua seria um herege,
blasfemo e longe de ter autoridade de se declarar filho de Deus, pois ele
estaria acabando com a maior obra daquele que ele chamou de Pai. Quem
realmente acabou com a Torah foram os pais da igreja, o catolicismo, o
protestantismo, a igreja evangélica e todas as outras denominações que
nasceram da igreja de Roma, sem exceção, todos os ramos cristãos estão e
sempre estarão ligados ao paganismo da igreja católica, mesmo que alguns
não acreditem em seus santos, ídolos e doutrina.
A restauração que virá antes da era de Mashiach é justamente a volta do
entendimento da importância da Torah em todo o mundo, e aqueles que
aceitarem seu jugo serão as verdadeiras ovelhas perdidas da casa de Israel.

TORAH ORAL
Dizem os sábios que quando Moises estava sobre o monte Sinai, tudo
aquilo que lhe foi entregou para escrever, foi dito pela boca do próprio Deus,
e foi essa a forma que Moises ensinou, de forma oral, a Torah Escrita. Tudo
que é passado verbalmente, ainda mais na época em que a escrita era feita em
rolos, é muito mais claro e detalhado, portanto, dizem os sábios, que a Torah
Oral possuí todos os detalhes omitidos na Torah Escrita.

Essas são as leis, regras e TOROT (plural de Torah) que Adonai


estabeleceu, através de Moises no monte Sinai, entre Ele e o Povo de Israel.
Levítico 26:46

O plural é usado pois existem duas Torah’s, uma escrita e outra pelas
palavras da boca.
Rashi, Levítico 26:46

Nessa passagem do livro de Levítico, em seu idioma original, a palavra


Torah realmente aparece no plural, aludindo assim à duas Torah’s que foram
entregues por Deus no monte Sinai. É bem possível que Deus tenha revelado
muitas coisas a Moises que iam além daquilo que foi escrito, como vemos na
seguinte passagem:

Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas


Números 12:8

A maioria das mitzvot (mandamentos) da Torah Escrita não são


explicados, sendo a observância do Shabbat uma delas, pois não possui
nenhuma instrução específica além da proibição do trabalho. Todas essas
explicações de como todas as 613 Leis encontradas na Torah Escrita devem
ser observadas, estão na Torah Oral.
Segundo Rabbi Aryeh Kaplan, a Torah Oral se manteve de forma oral por
muitos anos, pois deveria ser passado de mestre para discípulo, não sendo
possível de ser aprendida por alguém sozinho, o que impede diversas
ambiguidades. Outro ponto que os sábios ensinam sobre a importância da
Torah Oral, é que Deus saberia que o livro santo cairia nas mãos dos gentios
e ficaria a mercê de interpretações pobres e errôneas, portanto a Torah Oral
foi uma exclusividade para o povo judeu, caso contrário esse povo deixaria
de ser único e singular. A Torah Oral não apenas explica a Torah Escrita, mas
é ela que define o povo judeu e que o distingue de todas as outras religiões do
mundo.

Mishnah
Moises, durante sua vida, ensinou a Torah Oral, principalmente a seu
discípulo Yehoshua Ben Nun, o qual por sua vez, a transmitiu aos anciões de
Israel, os quais ensinaram aos profetas e juízes do Sanhedrin. O Sanhedrin
era a corte suprema de Israel onde se encontravam os juízes que julgavam os
casos de acordo com a Torah. Durante o período do segundo Templo, esse
juízes começaram a codificar os ensinos da Torah Oral, a qual foi chamada de
Mishnah.
No ano de 188 e.c. um rabino chamado Yehuda Ha-Nasi reuniu todas as
Mishnot, comentários da Torah, explicações e tradições e os reuniu em um
único livro que se tornou o Talmud que existe nos dias de hoje. Isso ocorreu
devido ao medo que tinha por uma segunda diáspora do povo judeu e tais
tradições fossem esquecidas.

Talmud
Assim como existem duas Torah’s, também existem dois Talmuds, o
Talmud de Jerusalém e o mais importante, Talmud da Babilônia.
Todas as vezes que os sábios estudavam a Torah Oral, a Mishnah, eles
davam opiniões, faziam análises e abriam discussões com outros rabinos para
esclarecer aquilo que estava escrito na Torah Escrita e na Mishnah, e tais
feitos ficaram conhecidos como Gemarah, que nada mais são do que os
comentários rabínicos sobre a Mishnah, que é a Torah Oral.
No ano de 505 e.c. foi-se compilado a Mishnah, seus comentários
conhecidos como Gemarah, a baraita que são obras externas a Mishnah e a
halachah que é a própria lei judaica, e nisso nasceu o que temos hoje como
Talmud. Por ter sido escrito na região da Babilônia, o nome adotado foi
justamente Talmud da Babilônia. Um compilado de livros que possuem 517
capítulos e 63 tratados, o qual é o principal livro de regras dentro da religião
judaica, mais forte que seu irmão, o Talmud de Jerusalém. Apesar de ter sido
escrito no papel depois da época de Yehoshua, tais conceito, leis, regras e
ensinos, já eram vastamente ensinados e vividos em sua época. Todo judeu
do primeiro século era educado segundo os ensinos que encontramos hoje no
Talmud, assim como Yehoshua certamente foi.
Segundo os sábios, o Talmud deve ser aceito por todo o povo judeu como
sendo a verdadeira fonte de leis da Torah e por isso, não deve ser revogado
por autoridade nenhuma e é justamente nesse ponto que começa todo o
problema que Yehoshua tinha.
Sem nenhuma sombra de dúvida, Yehoshua foi educado segundo o
Talmud, ao lermos os seus ensinos no livro de Mateus isso fica mais do que
comprovado. Yehoshua nunca foi contra a existência da Torah Oral, da
Mishnah, da Gemarah ou das tradições judaicas, pois por diversas vezes, seus
ensinos seguiam o que ali era ensinado da forma que ali era determinado.
Porém ele tinha uma coisa muito clara na cabeça e foi isso que ele passou a
vida ensinando, nenhuma lei, nenhuma regra, nenhum mandamento que
provém do homem NÃO pode, de forma alguma, ir contra qualquer
mandamento da Torah Escrita, NÃO pode, de forma alguma, anular algum
mandamento da Torah Escrita e principalmente, nenhum mandamento
referente ao Talmud deve ser ensinado como algo que “Deus que mandou”.
Fora a hipocrisia, que é algo natural do ser humano, os maiores
embates que Yehoshua travou, tratavam única e exclusivamente da Torah
Oral e como ela transformava o comportamento do povo perante Deus, o
afastando ou o aproximando da verdadeira vontade divina.

A ETERNIDADE DA TORAH
A Torah é um livro eterno, mesmo se passarem os céus e a terra, a Torah
continuará a existir. Nenhum sábio, profeta, rabino, apóstolo e nem mesmo
Mashiach pode anular ou abolir a Torah. Todo aquele que vem em nome de
Adonai, mesmo que realize milagres e curas, se alterar ou revogar uma
vírgula da Torah, é um falso profeta, falso sábio ou um falso Mashiach.
Quem acredita em um Mashiach que aboliu o livro mais sagrado de todos,
acredita em um ser místico, criado por mentes pagãs com intenções escusas.
Na era de Mashiach, a verdade será revelada e o mundo reconhecerá a Torah
como o verdadeiro e único mandamento divino a humanidade.
◆◆◆
SEÇÃO IV
SHAMMAI E HILLEL

Posso afirmar com convicção que é impossível entendermos a pessoa


de Yehoshua, assim como seus ensinos, se não tivermos ao menos um bom
conhecimento sobre a fé que ele professava e o contexto histórico social no
qual ele estava inserido. O judaísmo de sua época, assim como nos dias de
hoje, sofre uma forte influência da chamada Torah Oral, também conhecida
como Talmud, a qual engloba todos os debates rabínicos sobre as
interpretações das leis da Torah.
O judaísmo do primeiro século já tinha a Torah Oral muito bem
definida, a qual estipulava e regulava a vida de todos os judeus, as escolas
dessa época focavam muito nos ensinos da Mishnah e da Gemarah, que
abordam os debates e as aplicações das leis rabínicas.
Dois dos maiores rabinos do Talmud são exatamente contemporâneos
de Yehoshua, Rabbi Hillel e Rabbi Shammai, só os dois possuem mais de
trezentos embates e discussões por todo o Talmud, o que os tornam os dois
maiores legisladores de muitas leis rabínicas. Entender a vida desses dois
rabinos é de extrema importância para entendermos a Yehoshua, pois ele
fazia parte da escola de Hillel, a qual era vigente na Galileia e ele sofria de
grande influência da visão desse rabino e de seus ensinos talmúdicos. Já a
escola de Shammai, era muito forte na região de Jerusalém e seus alunos
tinham muitas discussões com os alunos da escola de Hillel.
Os ensinos de Yehoshua tinham como base a Torah e o Tanakh, mas a
ferramenta que ele usava era o Talmud, tanto de uma forma positiva quanto
de uma forma crítica. Muitos dos embates que ele teve com outros fariseus
foram justamente embates que já existiam entre essas duas escolas, o que nos
mostra que os fariseus que o confrontavam, na verdade, eram prováveis
alunos da escola de Shammai, pois sempre batiam em pontos em que os dois
rabinos discordavam.

RABBI HILLEL
Hillel nasceu na Babilônia e foi levado à Yehudah aos quatorze anos de
idade, ele era descendente a linhagem de David pelo lado de sua mãe e foi
apontado pelos sábios de sua época como um Nasi (líder do Sanhedrin).
Hillel era conhecido como alguém que preservava o amor, o humanismo, os
direitos humanos, a bondade, a compaixão e tinha uma paciência inquebrável.
Hillel foi um dos primeiros formuladores das halachot (leis judaicas) e de
como um judeu deveria observar a Torah de forma correta. Ele também era
conhecido por ter feito uma grande revolução espiritual dentro do judaísmo,
pois foi um dos primeiros a falar sobre uma conexão mística entre Deus e o
homem e como Deus poderia falar e se comunicar com cada indivíduo de
uma forma clara e direta. Apesar disso ter criado diversas discórdias na
época, hoje é muito bem absorvido pelo judaísmo, assim como foi por
Yehoshua e pela fé cristã.
Hillel era um homem a favor da paz, sempre respondia a todas as
perguntas que lhe eram feitas, tinha um enorme apreço por todos os seres
humanos, sendo que sua escola era a única que aceitava não judeus,
ensinando assim a Torah à todas as nações.
Hillel foi realmente um revolucionário em sua época e podemos ver
muito de sua forma de pensar nos ensinos de Yehoshua, pois se assemelham
muito com o que era ensinado por esse rabino. Sendo ele o autor da famosa
frase: “não faça para os outros aquilo que você não quer que façam para
você.”
Ele também teve forte influência política, pois desenvolveu diversas leis
que ajudaram a manter a economia judaica viva em sua época.

E tudo o que desejar que os homens façam para você, faça a eles, essa é
toda a Torah e os profetas.
Mateus 7:12

O não judeu veio perante Hillel e Hillel o converteu e disse: “Aquilo que
você não quer para você, não faça ao próximo, essa é toda a Torah, o resto é
comentário, vá e estude”.
Talmuda da Babilônia, Tratado Shabbat 31a

RABBI SHAMMAI
Shammai era conhecido por ser um homem extremamente íntegro e
correto em seus caminhos, porém com muito pouca paciência. Teve uma
postura muito firme em relação a opressão estrangeira sob a qual Yehudah se
encontrava e isso o levou a se tornar Nasi após a morte de Hillel.
Shammai sempre levou a observância das Leis de Deus de uma forma
muito dura e radical, não aceitava concessões, nem desculpas e nem tão
pouco “jeitinhos” quando se tratava de obediência ao Criador. Seus alunos
eram facilmente reconhecidos, pois era possível ver neles a forma radical e
exaltada de Shammai.
Apesar do radicalismo de Shammai, ele era um homem que possuía um
extremo amor à Torah e ao seu povo.

Os sábios ensinaram em uma baraita: Uma pessoa deve ser sempre


paciente como Hillel e nunca impaciente como Shammai.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 30b

BEIT HILLEL E BEIT SHAMMAI


Hillel e Shammai vieram da mesma escola, ambos foram discípulos de
Rav. Shemaya e Rav. Avtalyon e por isso, a princípio, possuíam poucos
pontos de discórdia, sendo eles apenas três. Porém devido aos problemas
sociais da época, eles acabaram se dividindo em duas escolas diferentes, Beit
Hillel e Beit Shammai e a partir de então acabaram em disputas por mais de
trezentos casos.
Na maioria dessas disputas, Beit Shammai era muito mais restrito nas
interpretações das leis, enquanto Beit Hillel possuía uma abordagem mais
leniente, o Talmud acaba sendo favorável a Beit Hillel em diversos casos
apesar da escola de Beit Shammai ter sido muito mais numerosa do que Beit
Hillel.
A disputa era tão grande entre as duas escolas que existem registros de
alunos de Hillel fazendo ameaças a vida de alunos de Shammai, o que acabou
formando duas comunidades distintas dentro do povo judeu do primeiro
século, tanto em relação aos estudos, interpretações, escolas, jeito de levar a
vida, sinagogas e até mulheres, pois foi gerada uma proibição de casamento
entre pessoas provenientes da outra escola.

A Gemarah sugere: Venham e escutem, mesmo que Beit Shammai e Beit


Hillel discordem em vários casos, não deveriam impedir ninguém a casar
com mulheres da outra comunidade.
Talmud da Babilônia, Tratado Yevamot 14b

Yehoshua, devido a região onde foi criado, assim como é visto em seus
ensinos, claramente era fariseu da escola de Beit Hillel, toda compaixão,
bondade, espiritualidade e a forma em que entrava em embates, mostram as
atitudes que vemos nos escritos de Hillel. Para entendermos o que Yehoshua
ensinou é de extrema importância o entendimento da Torah de acordo com a
mentalidade ensinada pela Beit Hillel, pois muitas das coisas que ele falava
não são claras sem entendermos a forma de pensar desse rabino.
Por outro lado, é vital entendermos a linha de pensamento de Beit
Shammai, pois muitos dos fariseus que vinham provocar a Yehoshua eram da
escola de Shammai e eles usavam de ensinos de seu mestre para criar debates,
exatamente como ocorre no Talmud entre os alunos de ambas as escolas. As
provocações que Yehoshua sofria por parte dos fariseus, que na verdade, em
sua boa parte, eram alunos de Beit Shammai, eram coisas comuns entre as
duas escolas. Outro motivo evidente dessas discussões é devido a Yehoshua
usar de sua própria interpretação da Torah, a qual se prendia mais às Leis
escritas do que às leis dos homens, o que era muito diferente dentro da
mentalidade de Shammai.
Muito dos estudos desse livro, sobre as palavras de Yehoshua, terão por
base as interpretações de Hillel e Shammai, para que através dos ensinos
desses dois rabinos, possamos entender a verdadeira mensagem.

Rabbi Abba disse que Shmuel disse: “Por três anos Beit Shammai e Beit
Hillel discordaram”.
Talmud da Babilônia, Tratado Eruvim 13b
◆◆◆
SEÇÃO V
MASHIACH

Muitas pessoas que seguem ao jesus, o consideram o messias, e acreditam


que a função de messias nessa terra é trazer salvação à humanidade. Porém
isso não define exatamente o que é Mashiach, como muitos sabem, a palavra
hebraica Mashiach significa “ungido”, pois ele foi escolhido e ungido por
Deus para liderar e realizar Sua obra. A palavra “Mashiach” aparece 39 vezes
em todo o Tanakh e a crença em sua vinda faz parte dos 13 fundamentos da
fé judaica, conforme descrito por Maimônides.
Mashiach terá autoridade dada pelo Criador para governar todas as
nações do mundo, impor as Leis de Deus, ensinar a verdadeira vontade
daquele que É, acabar com a iniquidade e trazer o verdadeiro sentido da
criação do ser humano. Portanto, uma fé em um messias que aboliu a Torah é
crer em um ser mítico criado por mentes humanas, que nada difere do
paganismo dos tempos antigos. Por isso é de vital importância que
entendamos o que é ser o Mashiach.

Autoridade de Mashiach
O Cetro não se arredará de Yehudah, nem o legislador dentre seus pés;
até que venha Siloh, e a ele se congregarão os povos.
Genesis 49:10

A palavra hebraica SILOH (‫)שילה‬, segundo a interpretação Midráshica, é


o mesmo que (‫ – )שי לו‬tributo a ele – assim como podemos achar no livro de
Salmos:

Façam votos e paguem a Adonai o vosso Deus; todos ao seu redor


deverão trazer tributos (‫ )שי‬ao temível.
Salmos 76:12

Yaakov, de alguma forma misteriosa, já sabia sobre Mashiach na


passagem de Genesis citada acima. No momento em que ele abençoa
justamente a seu filho Yehudah, ele fala da vinda de um tal de Siloh e a ele se
congregarão os povos, já no livro de Salmos, temos o mesmo termo se
referindo a alguém que todos deverão trazer tributos, alguém temível. Isso
nos mostra a autoridade que Mashiach irá exercer, será Rei sobre todos os
povos, os quais lhe trarão tributos e ele será temido por todos.

DOIS MASHIACHIM
Ensinam nossos sábios que haverão dois Mashiachim, um chamado
Mashiach Ben Yosef e o segundo Mashiach Ben David. Na realidade, Ben
Yosef e Ben David, não representam duas pessoas, mas duas obras distintas
que serão realizadas por Mashiach.
A Torah oral possui vários tratados que lidam com essa crença,
vamos olhar para alguns:

Rabbi Ben Dosa diz: a terra lamentará sobre o Mashiach que será
assassinado... ...Isso explica que a causa é o assassinato de Mashiach Ben
Yosef.
Talmud da Babilônia, Tratado Sukkah 52a

O começo da guerra de Gog e Magog começará com a vinda de


Mashiach Ben David.
Kol HaTor 1:14

Mashiach Ben Yosef será a primeira representação de Mashiach,


conforme relatado pelos sábios, ele será assassinado e segundo um achado
arqueológico recente, chamado manuscrito em pedra do mar morto, datado
em torno de 110 anos antes de Yehoshua, esse Mashiach Ben Yosef, após sua
morte, ressuscitaria.
Já Mashiach Ben David, terá a missão de governar sobre toda a
terra, derrotar aos inimigos, restaurar o Templo e terá um reinado de mil
anos.
Por todo esse livro, irei lidar com ambas as representações de
Mashiach, porém, abordarei com mais teor a versão Ben Yosef, pois é ela que
Yehoshua declara ser, o Mashiach Ben Yosef.

Missão de Mashiach
Para um entendimento sobre Mashiach, conhecer sua missão é essencial.

A missão terrena de Mashiach Ben Yosef tem três frentes: revelação dos
mistérios da Torah, retornar os exilados e a remoção do espirito imundo da
terra.
Kol HaTor 1:11

1- REMOÇÃO DO ESPIRITO IMUNDO


O verei, mas não agora; o contemplarei, mas não agora. Uma estrela
procederá de Yaakov e um cetro subirá de Israel, que ferirá aos moabitas, e
destruirá todos os filhos de Seth.
Números 24:17

Nessa passagem temos palavras proferidas pelo profeta Bil’am, um


profeta que veio profetizar contra o Povo de Israel enquanto ele estava no
deserto, as palavras que saíram da boca desse homem são extremamente
místicas e cheias de recados ocultos.
Mencionando o patriarca Yaakov, ele profetiza que uma estrela virá dele.
O nome de Yaakov foi mudado para Israel, sendo assim, essa estrela virá de
Israel, revelando que de lá, Mashiach virá.
Segundo ponto é a afirmação “ferirá aos moabitas”, o mesmo termo
aparece em II Samuel 8:2, quando relata que o rei David “feriu aos
moabitas”. Usando exatamente os mesmos termos em hebraico, ambas as
passagens revelam que existe uma ligação dessa tal "estrela", que vem de
Israel, com a casa de David.
Por último, será sua missão final destruir os filhos de Seth. Seth, como
filho de Adam, gerou todas as nações, sendo assim, o termo “filhos de Seth”
representa as nações que não reconhecem e não seguem ao Deus de Israel.
Mashiach não terá piedade, não virá pregar pra essa gente, não virá ensinar
para que se arrependam, mas virá para destruir todas as nações inimigas de
Deus, isso que é remover o espírito imundo da terra.

2- ENSINAR TORAH
Como a definição das obras de Mashiach é fortemente abordada pela
Torah Oral, é pra ela que devemos olhar para entendermos muitas coisas

(Gen 41:45)“aquele que explica o que está oculto” – Isso foi dito sobre
Yosef, e é uma das missões de Mashiach Ben Yosef, pois ele revelará os
ocultos da Torah para todas as gerações.
Kol HaTor 2:122
Uma das principais missões de Mashiach é ensinar a Torah e isso é de
extrema importância. Dizem os sábios que todos os outros livros das
Escrituras se tornarão apenas livros históricos, pois o único que continuará
válido como “bíblia” é a própria Torah, isso devido ao fato de Mashiach
explicar como ela deve ser vivida, deixando de lado a necessidade de profetas
e sábios.
Yehoshua, para ser visto como Mashiach, além de nunca poder abolir a
Torah, ele deve concentrar 100% de seus ensinos na Torah e como ela deve
ser observada e vivida, essa é uma das principais funções de Mashiach.

3- RETORNAR OS EXILADOS
Essa profecia é bem conhecida, se repete em diversas partes pelo Tanakh,
o retorno do povo judeu à terra de Israel hoje é uma realidade depois de quase
dois mil anos.

Então Adonai seu Deus irá restaurar vossas sorte e lhe tomar de volta em
amor. Ele irá juntar vocês novamente de todas as nações aonde Adonai seu
Deus vos espalhar.
Deuteronômio 30:3

Dizem os sábios que os primeiros versículos do capítulo 30 de


Deuteronômio se refere a Mashiach e a seus feitos. O versículo 3 aborda
justamente isso, a grande obra de Deus de trazer Seu povo de volta à terra de
Israel.

Yehoshua, como grande conhecedor dos ensinos rabínicos, sabia muito


bem disso e fez três comentários a respeito desses três tópicos, dessas três
missões que estariam sobre os ombros de Mashiach Ben Yosef:

1) REMOÇÃO DO ESPÍRITO IMUNDO


Nessa hora disse Yeshua aos seus talmidim, não pensem que vim colocar
nas nações (paz), mas sim a desolação.
Mateus 10:34

Realmente, só o conceito “jesus” trouxe muita guerra e morte entre


nações e povos. Mas esse termo “desolação” que ele usa, que foi
erroneamente traduzido como “espada”, se refere ao termo HaShkutz Shomem
conforme aparece no livro de Daniel e pode ser traduzido como
“Abominação da Desolação”. Tal termo é utilizado para se referir à idolatria
e às nações pagãs. A idolatria é o nível mais baixo da impureza e a coisa mais
odiada por Deus.
O que Yehoshua está dizendo é que ele causará a Abominação da
Desolação, mas pela forma como ele se expressa em hebraico, dá a entender
que ele irá se impor contra as nações que praticam idolatria, removendo
assim todas as impurezas, destruindo-as.

2) ENSINAR A TORAH
Tomem meu jugo como vosso jugo e aprendam minha Torah, pois sou
humilde eu sou bom e puro de coração e acharão repouso em vossas almas.
Mateus 11:29

Passagem autoexplicativa, Yehoshua é bem claro ao dizer “minha


Torah”, ou seja, "minha interpretação de Torah". É a forma como ele a
entende, como ele a ensina e como ele a a ao mundo.
Gostaria de fazer uma breve análise sobre o termo jugo, pois traz a
impressão de algo negativo. No linguajar rabínico, quando um aluno entra
sob a supervisão de um rabino, diz-se que esse aluno tomou o jugo desse
mestre. O jugo nada mais é do que uma peça feita de madeira e colocada no
pescoço de dois bois justamente para uni-los e andarem em compasso. O
termo jugo não era apenas usado como uma carga sobre os ombros, porém
como algo que fazem duas pessoas andarem lado a lado, assim como é a
intenção do aluno andar junto a seu mestre.
Yehoshua, ao usar tal termo, convoca as pessoas a andarem lado a lado
com ele de acordo com sua interpretação de Torah, ou seja, segundo sua
halachah (leis judaicas – halachah significa “caminhada” na tradução direta).

3) RETORNAR OS EXILADOS
E respondeu a ele Yehoshua: não fui enviado exceto para as ovelhas
perdidas da casa de Israel.

Mateus 15:24

Muitas pregações cristãs ensinam que Yehoshua se referia aos pecadores


de Israel, que ele veio para perdoá-los e ensiná-los. Porém, o termo Beit
Israel (Casa de Israel) é usado pela Gemarah para se referir ao reino do norte,
conhecido como Reino de Israel, que foi invadido pelos Assírios e teve seu
povo disperso e assimilado pelo mundo, até hoje não se sabe para onde foram
levados e nem quem são seus descendentes.
Mashiach irá também resgatar a essas pessoas e juntá-las novamente com
o restante do povo de Israel. Alguns sábios dizem que o não-judeu que aceita
o jugo da Torah é de alguma maneira descendente dessas pessoas que foram
espalhadas pelo mundo.

Salvação de Mashiach
Não podemos falar de Mashiach sem trazer o tema salvação. Mesmo que
para muitos judeus Yehoshua não seja Mashiach, o messianismo dele não
pode ser negado pelos gentios, pois foi através de sua vida, ministério e morte
que muitos receberam o conhecimento sobre o Deus verdadeiro e sobre Sua
palavra. É inegável que se dependessem dos judeus de hoje em dia,
principalmente dos ortodoxos, gentio nenhum teria conhecimento do Deus
Vivo, pois em toda minha vida não vi um sequer levando a palavra para as
nações.
O cristianismo pode ter diversos defeitos, mas foi a ferramenta que Deus
usou para se tornar conhecido a todo o mundo ocidental e tal fato se deu
através da figura de Yehoshua Ben Yosef. Infelizmente o conceito de
salvação que foi enxertado pela igreja na cabeça do cristão não é bem aquele
que temos na bíblia, principalmente no novo testamento.
Segundo muitas linhas cristãs, quando uma pessoa aceita ao jesus e se
batiza, ela garante a salvação, claro que existirão regras a serem observadas,
como manter uma vida puritana de acordo com as regras criadas pela igreja e
uma presença constante no templo onde o culto é prestado. A salvação se
tornou um item comercial com altíssimo retorno financeiro para quem a
prega, pois tal conceito pode gerar certo temor dentro do indivíduo através de
pregações mal intencionadas, as quais acabam o trazendo para o seio da fé
cristã pelo medo de uma condenação eterna. A salvação não pode ser o
motivo de uma vida perante o Criador, mas sim a consequência dessa vida.
Se a pessoa se importa com aquilo que Deus determina, a salvação é algo
automaticamente garantido.
Infelizmente muitas pessoas confundem salvação com vida eterna, porém
não são as mesmas coisas, a vida eterna é um termo autoexplicativo, mas a
salvação é um estado que deve ser adquirido e então mantido, aceitar a jesus
e se batizar não significa uma passagem gratuita para a vida eterna.
De acordo com Paulo de Tarso, a salvação é quando a pessoa se encontra
dentro do Povo de Israel. Fazer parte dessa “oliveira” e se manter nela é
justamente o que podemos chamar de “salvação”. Fazer parte desse povo não
significa se tornar judeu, significa servir ao Deus de Israel e guardar Suas
ordenanças de forma fiel e com fé, pois são elas que distinguem Seu povo das
outras nações do mundo.
Expondo de uma forma mais resumida, a morte de Yehoshua não garantiu
salvação per se a ninguém, mas a morte dele garantiu ao gentio o acesso a
palavra de Deus, a qual se for seguida, levará o gentio a salvação e
automaticamente a vida eterna, essa é a verdadeira salvação bíblica.
Um exemplo interessante é hitler, um declarado cristão, que em algum
momento da vida se batizou e aceitou ao jesus,. Do outro lado temos mais de
seis milhões de judeus cruelmente mortos, os quais não aceitaram jesus e nem
se batizaram. Estariam esse seis milhões no inferno e hitler no céu?
◆◆◆
SEÇÃO VI
YEHOSHUA NO TALMUD

Todos grandes sábios da história judaica, tanto de uma forma positiva


quanto negativa, é mencionado no Talmud. Pode ser para ensinos que devem
ser copiados, outras vezes como exemplo do que não se deve fazer, mas o
ponto é que todo estudioso da Torah, que causou algum tipo de repercussão,
acaba aparecendo em algum dos tratados.
Com Yehoshua não foi diferente. Existem algumas menções a seu
respeito no Talmud, três delas com o nome “jesus, o nazareno”, outras com
uso de apelido para que não seja facilmente descoberto. Tais citações são
raramente trazidas a tona ou debatidas, pois não se encaixam bem com aquilo
que o cristianismo acredita e professa. A história a principio pode ser um
pouco chocante, mas com uma pequena análise, é possível chegar em um
ponto falho desses contos do Talmud.

Yehoshua Ben Perahya


Quando eles voltavam para Eretz Israel, Rabbi Yehoshua Ben Perahya
entrou em uma determinada estalagem. O dono estava perante ele e se
sentindo honrado pela sua presença. Rabbi Yehoshua Ben Perahya então
sentou e estava louvando os donos dizendo: “Que lindo esse lugar”. Jesus, o
nazareno, um de seus alunos, disse a ele: “Meu mestre, a mulher do dono da
estalagem é estrábica.”. Rabbi Yehoshua Ben Perahya disse a ele: ”Mal
educado, é nisso que fica reparando?”. Então ele excomungou Jesus. Todos
os dias Jesus vinha perante ele, mas o Rabbi não aceitava seu retorno.
Um dia Rabbi Yehoshua Ben Perahya estava recitando o Shma quando
Jesus apareceu. Nessa ocasião o Rabbi resolveu aceitá-lo de volta, então
sinalizou para que ele esperasse, mas Jesus achou que estava sendo rejeitado
por ele. Então ele foi e levantou uma pedra e a adorou como um ídolo. Rabbi
Yeshoshua Ben Perahya disse a ele: “Volte de seus pecados.”. Jesus lhe
disse: “Essa é a tradição que recebi de você, qualquer um que pecar e fizer
as massas pecarem, não terá oportunidade de perdão.” A Gemarah explica
como ele fez as massas pecarem: Pois o mestre disse: “Jesus, o nazareno fez
bruxaria e incitou as massas, e subverteu as massas, e causou o povo judeu a
pecar.
Talmud da Babilônia, Tratado Sotah 47a
Essa passagem do Talmud conta uma história de um aluno muito
revoltado de uma famoso rabino. O interessante é que, apesar de uma história
aparentemente ofensiva a esse tal de jesus, a crítica verdadeira e o ensino que
o Talmud que passar, recaem justamente sobre o Rabbi Yehoshua Ben
Perahya, pois ele foi muito duro com o aluno e isso gerou uma revolta dentro
dele.
Esse relato está em aramaico e foi muito pouco comentado ou discutido
durante muitos anos, pois se tal historia caísse na mão da igreja, teriam
muitos judeus tendo que dar explicações pra não perderem a cabeça.
Yehoshua Ben Perahya foi um grande sábio, por um tempo chegou a ser
líder do Sanhedrin e possuía diversos alunos e seguidores, sua linha de
pensamento era dominante em sua época por todo o território de Israel. De
sua escola saíram rabinos proeminentes, como por exemplo Rabbi Shimon
Ben Shatah, que foi mestre de outros rabinos famosos, como por exemplo
Rabbi Avtalyon e Rabbi Shemaya, o quais, por suas vezes, foram mestre de
Rabbi Hillel, e é justamente nesse ponto que a história não bate, já que a
ligação de Beit Hillel e Yehoshua é muito clara.
De certo existiu o indivíduo da história talmúdica acima, aluno de
Yehoshua Ben Perahya, alguém que talvez até tenha sido um nazareno, com
algum nome próximo a Yehoshua e que foi relatado ali como o jesus de
Nazaré. O que fez esse aluno chamado jesus de Nazaré não importa, o fato é
que não é o mesmo Yehoshua relatado no livro de Mateus, pois Yehoshua
Ben Perahya viveu em torno de 200 anos antes do nascimento de Yehoshua,
se fosse um erro de cinco anos, ou dez, ou talvez vinte anos, até poderíamos
ter o fator dúvida, mas duzentos anos é um erro muito discrepante.
Essa é a história do Talmud usada por muitos ex-cristãos que se tornam
pseudo-judeus para justificarem que jesus não existiu ou foi um feiticero,
porém, ela é falha. Não afirmo que a história é uma mentira, afirmo que não
se trata da mesma pessoa.

Apedrejamento
O nome “jesus, o nazareno” volta a ser mencionado em outro tratado,
como alguém que praticou bruxaria, idolatria e fez o povo pecar. Interessante
que esse jesus desse segundo tratado bate exatamente com o que foi relatado
no tratado mencionado acima, portanto, eu acredito que o Talmud continua a
história desse mesmo indivíduo. Reitero, não é o mesmo relatado por Mateus.
Na noite de Pessach eles penduraram o corpo de jesus o nazareno depois
que o mataram por apedrejamento, pois praticou bruxaria, incitou as massas
a idolatria e desviou o povo judeus.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 43a

Segundo o Talmud, esse jesus aluno de Rabbi Yehoshua foi apedrejado e


então teve seu corpo pendurado devido aos pecados já mencionados. De
certo, pela ligação de contexto que ambas passagens tem, o jesus ao qual elas
se referem é o mesmo. Esse indivíduo que se sufocou com as regras e
absurdos religiosos dos judeus, se revoltou, se envolveu com bruxaria, com
idolatria e conseguiu muitos seguidores, pois realizava maravilhas através do
oculto. Tal jesus foi preso, julgado e condenado a morte por apedrejamento.
Na época de Yehoshua, sob o forte domínio romano, Roma não permitia
condenação à morte em tribunais fora o seu, por esse motivo que tiveram que
levar Yehoshua perante Poncivs Pilatvs, para pedir seu aval para matarem-no.
Já o apedrejamento não é uma forma utilizada pelo tribunais romanos, sendo
assim, se esse jesus foi apedrejado, foi antes do domínio do império romano
sobre Israel que ocorreu apenas em 63 a.e.c., confirmando assim a data muito
anterior ao nascimento do Yehoshua relatado no livro de Mateus.

Onkelos
Devido a revolta que se iniciou no ano de 66 e.c., o imperado romano
Vespasiano manda a Israel uma enorme força de soldados romanos liderados
por um general chamado Titvs. Durante um pouco mais de três anos, milícias
de judeus combateram os romanos em diversas frentes por toda a terra de
Israel, culminando na destruição total de Jerusalém, do Templo e na expulsão
dos judeus de todo o território de Yehudah, essa é uma diáspora que perdura
até os dias de hoje.
Titvs tinha um sobrinho chamado Onkelos Bar Kelonimos, um nobre e
estudioso romano. Um dia ele resolveu ir atrás de algo que fosse bom para
sua alma e acabou encontrou o judaísmo.

Onkelos foi e levantou Titvs de seu túmulo através da necromancia e lhe


disse: quem são os mais importantes no mundo em que você está? Titvs lhe
disse: os judeus. Onkelos o perguntou: devo eu me juntar a eles? Titvs lhe
respondeu: os seus mandamentos são muitos e você não vai dar conta, é
melhor que você se levante contra eles e assim ficarás famoso.
Então Onkelos foi e levantou Bil’am (Balaam) de seu túmulo através da
necromancia. Onkelos lhe disse: quem são os mais importantes no mundo em
que você está? Bil’am lhe disse: o povo judeu. Onkelos lhe perguntou: devo
eu me juntar a eles? Bil’am respondeu: você não deve nem ir atrás da paz
deles e nem da guerra deles, deixa quieto.

Onkelos então orou ao Deus dos judeus e apareceu Yeshua perante ele.
Onkelos lhe disse: quem são os mais importantes no mundo em que você
está? Yeshua lhe disse: o povo judeu. Onkelos perguntou: devo eu me juntar
a eles? Yeshua lhe disse: busque o bem estar deles e não sua destruição, vá,
seja um bom judeu e estude a Torah, pois são a “menina” dos olhos de Deus
(Zacarias 2:12).
Talmud da Babilônia, Tratado Gittin 57a

Onkelos ouve o conselho de Yeshua e se torna judeu. Ele resolve então


traduzir a Torah do hebraico para o aramaico e faz uma verdadeira revolução
dentro da fé judaica. A tradução que ele fez é uma tradução palavra por
palavra e se manteve na originalidade do texto, porém ele conseguiu acabar
com algumas ambiguidades, se tornando assim uma tradução de referência
muito utilizada quando existem dúvidas no original.
Em qualquer rolo da Torah, qualquer Sefer Torah comprado em qualquer
país do mundo, qualquer texto original da Torah encontrado escrito, o único
nome que SEMPRE aparece é justamente o nome de Onkelos, pois sempre
acompanham a tradução aramaica. Hoje, seu nome é parte inseparável da
Torah, uma figura de peso dentro do judaísmo, e tudo começou através de um
conselho de Yehoshua.

Yeshua e os Discípulos
Em relação ao julgamento de Yeshua, a Gemarah cita outra Baraita,
onde os sábios ensinam: Yeshu tinha cinco discípulos, Mattai, Nakai, Netzer,
Buni e Toda
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 43a

Essa citação do Talmud já causou muita polêmica, pois dentre os cincos


discípulos citados, apenas Mattai (provavelmente Mateus) é facilmente
identificável. Existem teses cientificas, debates entre historiadores e
estudiosos, mas nenhum com alguma conclusão concreta sobre de quem eram
esses nomes.
Joseph Klausner, em seu livro Jesus de Nazaré, diz que esse texto foi uma
fabricação durante o período Amoraico, quando o Talmud ja havia sido
concluído, e colocaram certos textos para causarem confusão dentro da igreja.
◆◆◆
PARTE II
ENSINOS
SEÇÃO I
BERESHIT

No início criou Elohim os céus e a terra.


Genesis 1:1

Logo na primeira palavra do livro de Genesis, no seu original em


hebraico, temos muitos segredos escondidos. O termo inicial, BERESHIT
(‫)בראשית‬, costumeiramente traduzido como “no início”, sofre com as
traduções nas línguas ocidentais.
Para que tivéssemos um início determinado, como “O início”, o termo
usado em hebraico deveria ser BARESHIT, porém a palavra que aparece é
BERESHIT. Isso nos mostra que na verdade não é “nO início”, mas sim “EM
UM INÍCIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA”. Um início em um
tempo completamente indeterminado.
Pode parecer irrelevante, mas tal afirmação revela que o início de todas as
coisas, conforme relatado pela bíblia, não foi um início único, ele foi apenas
mais um dentre outros. Tudo que foi criado nesse “início” está muito bem
descrito na Torah, o céu, a terra, os animais, a natureza, o ser humano e etc.
Porém, por todo o Tanakh, aparecem algumas coisas que são reveladas a
humanidade e que não aparecem no momento da criação, coisas que
simplesmente existem e não são revelados quando foram criadas, o que prova
que o “no início” do livro de Genesis, na verdade, não é bem o início de tudo,
mas sim um início dentre outros inícios.
Os sábios nos contam que antes da criação da realidade onde estamos
inseridos, houveram outros sete “inícios”, ou seja, Deus criou 7 coisas antes
do que é relatado pelo livro de Bereshit. Essas coisas aparecem do nada no
Tanakh, o que nos revela que já existiam antes de todas as coisas. O
entendimento de algumas delas pode nos trazer algumas revelações.

1º INÍCIO – KISEH HAKAVOD (‫)כסא הכבוד‬


O Kiseh HaKavod, o Trono da Glória de Deus, aparece inúmeras vezes
pela bíblia, mas não é relatado a sua criação, pois já existia antes de Bereshit.
O Trono da Glória foi criado antes da criação do mundo. É através dele
que o Povo de Israel poderá reconhecer ao verdadeiro Deus, poderá distinguir
o verdadeiro profeta do falso profeta.
Existe um debate longo no Midrash Bereshit Rabbah se realmente o trono
foi a primeira criação, a conclusão vem através de um Salmo:

Seu trono se mantém firme desde a antiguidade, ele existe desde a


eternidade.
Salmos 93:2

O versículo acima afirma que o Trono existe desde toda a eternidade, sua
criação precedeu tudo aquilo que o ser humano tem ciência e apenas o nome
do Criador está acima de sua importância.
O Kiseh HaKavod concentra toda a glória, o poder, a soberania, o
controle, a realeza e a força do Criador. Será através dele que todos os povos
verão o quão grande é Aquele que criou todas as coisas.

2º INÍCIO – TORAH (‫)תורה‬


Os sábios dizem que Deus é como um engenheiro, um arquiteto, que
desenvolveu e criou todo o universo. Todo projeto tem basicamente três
passos, o primeiro é a idealização, o segundo é a planificação e por último, a
realização.
A Torah possui três momentos na história, o primeiro é justamente o
momento que estamos abordando. Como todo bom construtor, Deus
primeiramente idealiza toda sua obra, então ele constrói uma “planta”. Ele
monta um projeto segundo o qual todas as coisas funcionarão e é nesse
momento em que ele cria a Torah, para que, através dela, Ele possa criar
todas as coisas.
A Torah não é apenas um livro, mas é a vontade e idealização de Deus,
toda a criação, como a natureza, os animais e os astros, se portam de acordo
com a vontade de Deus. Essa vontade nasceu nesse ato. Quando Deus cria a
Torah, Ele estabelece como toda Sua criação se portaria e O obedeceria. Caso
Ele criasse todas as coisas sem estabelecer essas regras, o mundo seria uma
total bagunça.

Adonai me criou (TORAH) no começo de Seu curso, como a primícia de


Seus trabalhos na antiguidade.
Provérbios 8:22

O segundo momento da Torah se dá no final da criação de todas as coisas


conforme relatado no livro de Genesis:
E Adonai abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nele Deus terminou o
que criou para fazer.
Genesis 2:3

Essa é uma tradução um pouco diferente daquelas que temos em


português, tentei manter o máximo de sua forma original, mas mesmo assim
fica muito estranha. Como assim "Deus terminou o que criou para fazer”? É
uma alegação que não faz aparente sentido. Mas, se prestarmos atenção,
aquilo que Deus criou para fazer se refere justamente a Torah. O Shabbat foi
o dia em que Deus trouxe para a realidade mundana a Torah, foi quando Ele
estabeleceu Suas Leis sobre toda a criação. Por isso que diz que “Ele
terminou”, pois se refere a Ele ter acabado de estabelecer todas as Leis da
Torah no mundo. Então, diz “que criou para fazer”, refere-se a própria Torah,
pois foi ela que Ele criou para fazer todas as coisas.
O Shabbat não é só o dia de descanso, mas também o dia que representa a
Torah, pois foi nesse dia que Deus estabeleceu o modus operandi desse
mundo, por esse motivo é que esse dia foi santificado.
Por último, temos a materialização da Torah conforme relatado no livro
de Êxodo. Moisés sobe ao monte Sinai e Deus lhe entrega a Torah.
Interessante notar que não diz que Deus cria a Torah na Torah, mas sim que
Deus a entrega. Se Deus a entrega, significa que ela já existia, e como a
Torah não relata sua própria criação, significa que ela foi criada antes mesmo
da primeira palavra de Bereshit.

3º INÍCIO – BEIT HAMIKDASH (‫)בית המקדש‬


O Beit HaMikdash, o Templo Sagrado, é já revelado em sua íntegra ao rei
Salomão no momento em que ele resolve construí-lo. O projeto, a ideia e a
idealização nas esferas espirituais já haviam sido estabelecidas por Deus. Ele
só precisou pegar a “planta” do Templo e entregá-la nas mãos de Salomão.
O Templo representa o Trono da Glória nessa terra, é o lugar onde
preparará o povo para o cumprimento das Leis de Deus e o ápice da
santidade. Para que o ser humano pudesse ter um mínimo de entendimento a
esse respeito, o Templo precisou ser criado.

Oh! Trono da Glória, exaltado da antiguidade, lugar da Mikdash.


Jeremias 17:12

O Santo Templo é o lugar onde a santidade e a glória do Trono de Deus


descansam, por isso foi criado depois do Trono.

4º INÍCIO – TSHUVAH (‫)תשובה‬


A Tshuvah, pobremente entendida como arrependimento, possui um
conceito muito diferente daquilo que a cultura ocidental cristã ensina. O
arrependimento que é ensinado se refere a um sentimento interno e particular
de culpa por algo praticado ou por alguma decisão tomada, as quais podem
abrir os olhos sobre como as decisões futuras devem ser tomadas daquele
momento em diante.
O arrependimento não passa de um sentimento de remorso e não
necessariamente está conectado a Deus ou ao pecado. Por exemplo, um
indivíduo compra algo e acaba assumindo uma dívida por muitos anos, e, ao
chegar em casa, ele se dá conta do que fez e sente um arrependimento muito
forte, mesmo que ele não tenha cometido nenhum pecado. Se comprar algo
não é errado, e fazer dívidas não é algo condenado por Deus, então, o
arrependimento sentimental não está conectado necessariamente com as
coisas santas. Porém, esse sentimento é muito válido, porquê é através dele
que a verdadeira Tshuvah se inicia.
A Tshuvah, que em uma tradução direta significa “resposta”, é uma ação
e não apenas um sentimento, assim como “dar resposta” é uma ação por parte
de quem a dá e não apenas um sentimento. A verdadeira Tshuvah, ou
arrependimento, é tomar os caminhos da Torah, é uma decisão de mudança
de vida perante o Criador. Eleanão é dado por um remorso apenas, mas ela
representa toda a coletânea de erros que uma pessoa comete na vida e como
resposta, essa pessoa larga tudo aquilo que é abominável perante Deus e
resolve mudar sua vida, deixando os antigos costumes para trás e seguindo
uma vida de acordo com a vontade de Deus.
A Tshuvah foi criada por Deus para que andasse em paralelo com a
Torah, pois sem um, o outro não existe, não existe arrependimento sem
Torah. Sua criação foi para que o homem sempre tivesse uma porta aberta ao
Trono da Glória.

5º INÍCIO – GAN EDEN (‫)גן אדן‬


O Jardim do Éden representa a terra de Israel, a Jerusalém restaurada, a
era de Mashiach. O momento em que toda a criação de Deus estará
diretamente sob Seu governo, onde reinará a paz, onde todos terão a vida
eterna e será conforme Deus idealizou sua criação.
A criação da Era de Mashiach é o plano final de Deus para a humanidade,
é o ápice e o objetivo de todos que creem em Deus. Esse conceito foi criado
pois representa a idealização do Criador em relação a coroa da sua criação, o
ser humano.

6º INÍCIO – GEHINAM (‫)גהנם‬


Aquilo que conhecemos como inferno, não é bem o Gehinam criado por
Deus. O Gehinam é um lugar de punição, é o lugar onde as almas dos que
viveram uma vida longe do caminhos de Adonai serão colocadas, é o
contraponto do Gan Eden. Enquanto uns ressuscitarão e viverão a era de
Mashiach, a maioria será lançada no Gehinam.
Não podemos entender o Gehinam da forma como Dante Alighieri
imaginou, mas sim como um lugar criado por Deus e administrado por anjos
que ele determinou que ali ficassem. Esses anjos não são inimigos de Deus,
não estão lá por terem se revoltado contra o Criador, mas foram colocados no
Gehinam para que cuidassem e administrassem esse lugar. Para eles (anjos),
estarem no Gehinam não é uma punição.
A bíblia fala que, no final dos tempos, satan será jogado ali. Essa
alegação é devido ao fato desse querubim ter sido criado para cuidar desse
lugar, assim como outros foram criados para ficarem perto do Trono, cada
um com sua função.
O Gehinam se fez necessário antes da criação do mundo, pois ele
representa a balança de Deus. O Criador não é só bom, mas também é justo, e
justiça só existe quando existem dois lados opostos. É ela que decide para
onde a decisão penderá. Se só existisse bondade no mundo, por quais motivos
Deus julgaria sua criação? Como saberíamos se Deus é realmente bom se não
conhecêssemos a contraparte da bondade? Para que o ser humano precisaria
de Deus?

7º INÍCIO – SHMO SHEL MASHIACH (‫)שמו של משיח‬


Por último, antes de todas as coisas, Adonai cria o nome de Mashiach.

Seu nome (de Mashiach) é eterno...


Salmos 72:17a

O nome de Mashiach foi contemplado, pois está escrito, seu nome


precede ao sol.
Midrash Bereshit Rabbah 1:4

O nome de Mashiach é tão importante que é justamente o seu nome que o


define como “o ungido”. A unção que ele recebe para ser o que é, é devido ao
nome que recebeu. Muitos dos cristãos que tem jesus como o messias, não se
importam se o nome dele foi jesus ou não, e alegam que como Deus conhece
o coração de cada um, Ele entende ao que cada um se refere. Talvez essa
definição esteja certa ou não, mas o entendimento do nome daquele que eles
chamam de Mashiach fará total diferença na vida e no relacionamento de
cada um com o Criador.

O INÍCIO – BERESHIT (‫)ברשית‬


Agora temos o início relatado pela Torah, a criação dos céus e da terra
por Elohim, porém nesse Bereshit, nesse início que conhecemos, também
existe uma expansão. Segundo o Zohar HaKadosh, no momento do oitavo
Bereshit, seis coisas foram criadas, pois se lermos Bereshit em aramaico,
teremos BARA – criou + SHIT – seis.

Bereshit é formado pelo segmento BaraShit (criou seis), pois do fim de


um céu a outro, existem seis colunas que se estendem do segredo de Bara
(criou)... ...Os pilares são Chesed, Gvurah, Tiferet, Netzach, Hod e Yesod.
Zohar HaKadosh, 1:15b

Antes de criar os céus e a terra, Adonai criou seis colunas para que
pudessem sustentar Sua obra. O Zohar é um livro muito místico e de difícil
compreensão, ele usa termos de difícil entendimento para explicar o mover de
Deus. Vamos ver suscintamente cada termo que nos é apresentado:

Chesed
Chesed é conhecido como graça, porém diferentemente da graça cristã,
pois essa é a graça que nos é vastamente apresentada por todo o Tanakh. Ela
pode ser traduzido de duas formas, tanto como bondade, quanto como
misericórdia.
A graça bíblica está totalmente atrelada aos mandamentos de Deus, pois
são eles que determinam como essa graça chegará ao indivíduo. Se a pessoa
obedecer a vontade do Criador, ela receberá chesed (bondade), se caso ela
descumpra aos mandamentos e fizer Tshuvah, ela terá chesed (misericórdia),
duas coisas que homem algum merece.
Durante a criação dos céus e da terra, Adonai traz à realidade sua bondade
e sua misericórdia.

Gvurah
Gvurah é o oposto de chesed, é a severidade de Deus. Ele traz isso a
realidade humana para que possa servir de oposto na hora de Seu julgamento.
Os iníquos, aqueles que não O servem, receberão não sua chesed, mas sua
Gvurah.
Tiferet
Tiferet é o ponto de equilíbrio na vida, é a coluna que separa o terreno do
espiritual. Por ser um ponto de equilíbrio, um meio termo, algo na mediação,
essa coluna e seu entendimento serviram de base para o místico autor do livro
de Hebreus alegar que Yehoshua é o “mediador”, isso pelo fato de que, nesse
momento, Deus criou o conceito do sacrifício, tanto do Templo, quanto o que
viria acontecer com Yehoshua.O sacrifício é o que conecta o ser humano a
Deus, é o que faz a mediação, não apenas o sacrifício de animais do Templo,
mas também sacrifícios pessoais, como o jejum por exemplo.

Netzach
Netzach representa o entendimento espiritual, a capacidade que Deus
criou e foi dada aos homens de conseguirem entendê-Lo dentro da realidade
terrena. Daí que temos a criação da Emunah, da fé.
Toda vez que Yehoshua falava daqueles que possuíam pequena fé, era
justamente o Netzach que faltava a essas pessoas, pois só através do
entendimento do mundo espiritual que o homem é capaz de criar fé em seu
interior.

Hod
Hod representa a inteligência do homem e a capacidade dada a ele para
que possa entender a criação e assim se desenvolver nela. A ciência, o
desenvolvimento, a engenharia, tudo provém desse conceito.
O Hod é vital para um entendimento mínimo da palavra de Deus.

Yesod
É a capacidade do homem realizar atributos que são exclusivos do
Criador. Através do Yesod, Deus deu a capacidade a seres humanos de serem
canais de bênçãos para que Deus opere milagres através deles.
Isso inclui a capacidade da profecia, da cura através da oração, de visões,
sonhos e etc. Toda forma que Deus se manifesta através do homem.
Depois disso tudo, os céus, a terra e tudo que há nela estavam prontos para
serem criados, pois já estavam prontos tudo aquilo que sustentaria toda a obra
das mãos de Deus.

Quero deixar bem claro aqui que o estudo por conta própria desses
termos aqui citados são de extremo risco. Tais “colunas” aqui citadas
tem sido usadas como base a diversas formas de ocultismo, feitiçaria,
magia e ilusionismo, assim como adivinhações e previsão do futuro.
Coisas totalmente PROIBIDAS PELA TORAH.
Buscar o conhecimento disso através da internet, livros de autores
desconhecidos, kabbalah comercial e fontes duvidosas podem trazer um
peso desnecessário à vida de quem faz isso.
Os ensinos da verdadeira Cabalá não podem serem desligados da
Torah e aplicados em outras áreas da vida, como muitos ensinam por ai.
Tais conhecimentos só podem ser passado por sábios tzadikim à pessoas
com ao menos 40 anos de idade.
Reafirmo, caso não conheça alguém temente a Torah, de confiança,
não busquem informações sobre esse assunto.
◆◆◆
SEÇÃO II
O NOME

E ela dará luz a um filho e o chamará de Yeshua, pois ele salvará o meu
povo de suas iniquidades.
Mateus 1:21

E dará luz a um filho e chamarás o seu nome de Jesus; porque ele


salvará seu povo dos pecados.
Mateus 1:21 ALMEIDA

Acredito que primeiramente é muito importante sabermos o nome


verdadeiro daquele que é o foco do livro de Mateus. O nome, por toda a
bíblia, tem um peso importante, seus significados revelam muito sobre a
pessoa que o carrega e entendê-los traz uma outra perspectiva sobre nosso
objeto de estudo e sua missão nessa terra. Portanto acredito ser necessário
começar os estudos sobre o livro de Mateus fazendo uma abordagem sobre o
verdadeiro nome de Yeshua e qual o “recado” que esse nome quer passar,
logo no primeiro capítulo temos toda revelação que necessitamos.
Analisando a passagem acima, veremos um aparente simples versículo,
mas que contém muitas informações ocultas à vista. Tanto a teologia da
igreja, quanto o entendimento tradicional cristão, sobre a essência e a pessoa
de Yeshua, foram alterados devido a má interpretação dessas simples
palavras.
Eu coloquei ambas as traduções lado a lado para poder analisar três
incoerências entre elas que, apesar de uma aparência simples, fazem toda a
diferença para enxergarmos qual o significado de seu nome e a conexão dele
com sua obra.

Jesus
Antes de mais nada é vital que saibamos que o nome “jesus” não passa de
uma tradução latina/grega de uma forma diminutiva de seu nome verdadeiro.
Jesus nunca foi o nome dele, mas sim o nome de um deus pagão criado pela
igreja, o qual tem uma aparência muito próxima ao verdadeiro Yeshua.
Existem muitas teorias em torno da palavra “jesus”. Alguns alegam que
se refere a dois deuses gregos IE+SOUS – IE, amada de zeus e SOUS, o
próprio zeus, outros dizem que vem do aramaico YE+SUS – YE, divindade e
SUS, cavalo, dando alusão a algum falso deus em forma de cavalo.
É claro que, apesar de todas essas ideias que circulam por aí, a verdade é
que jesus é uma palavra transliterada de uma forma errônea de seu nome.
Jesus é uma palavra tão relativa nas línguas ocidentais que, dependendo do
idioma falado, sua escrita e pronuncia mudam.
Muitos alegam que não importa qual era o nome real dele, o que
importa é que quando usam o nome jesus, Deus conhece as intenções e
atenderá suas súplicas. Se isso é fato ou não, eu não opino, mas o que sei é
que o nome é algo tão importante por toda a bíblia que tudo o que sabemos
sobre o Deus Criador é SEU NOME, tudo que provém Dele está ligado a esse
nome e isso foi a revelação mais profunda que Ele deu sobre o Seu próprio
Ser.
Por esse fato, acredito eu que, não devemos anular a necessidade de saber
seu verdadeiro nome e a dimensão que ele possui. Não faz sentido alguém
declarar que ele é Mashiach e nem ao menos saber o seu verdadeiro nome.
Quando os judeus falam sobre Mashiach, a primeira coisa que questionam é
justamente qual será o seu nome, pois é através do nome dele que ele será
reconhecido. A igreja, por ter criado um jesus, perdeu todo o entendimento a
respeito do verdadeiro, pois se desvencilhou de seu nome.

O NOME
Tem algumas revelações que são perdidas quando não lemos na língua
original. Uma delas é o jogo de palavras usada pelo anjo quando disse a
Yosef qual deveria ser o nome de seu filho, vou colocar o versículo mais uma
vez e deixarei alguns termos no original:

E ela dará luz a um filho e o chamará de YESHUA, pois YOSHIA o meu


povo de suas iniquidades.
Mateus 1:21

Aqui vemos algo bem comum dos textos hebraicos, esse tipo de jogo de
palavras aparece em inúmeras passagens pelo Tanakh e por todo o Talmud.
Isso é mais uma prova que o livro de Mateus foi escrito em hebraico.
YOSHIA significa “Ele Salvará”, assim como aparece nas traduções
ocidentais, mas o grande problema é que temos a impressão que quem salva é
jesus, ou Yeshua, e é ai que está o grande problema em não entendermos seu
verdadeiro nome.
Yeshua é uma variante do nome Yehoshua, assim como o nome
Daniel fica Dani ou o nome Rafael fica Rafa. Existem relatos sobre essa
variante no Tanakh:

Os israelitas não tinha mais feito assim desde os dias de Yeshua Ben Nun
até os dias de hoje.
Neemias 8:17

Então Yeshua filho de Yozadak...


Esdras 3:2a

O Yeshua do livro de Esdras era o sumo sacerdote na época da construção


do segundo Templo, se olharmos na tradução em português, seu nome estará
como Josué. Assim como no primeiro versículo, Yeshua Ben Nun não é
ninguém menos do que Josué, servo de Moises, que guiou o povo para dentro
da terra prometida. Ou seja, em português, o nome de jesus é Josué, pois
Josué em hebraico é Yehoshua. Vale lembrar que esse não é o nome original
de Josué, seu nome era Hoshea, mas foi mudado por Deus em um
determinado momento de sua vida, assim como ocorreu com Abraham, Sarah
e Yaakov.
Agora que sabemos qual era seu verdadeiro nome, devemos descobrir
qual o peso que esse nome tem e o que ele pode nos revelar sobre a missão de
Yehoshua.
Yehoshua é uma junção de um nome e um verbo, assim como o nome
Rafael (Rafa – curou + EL – Deus). O nome que é usado é justamente O
NOME SOBRE TODOS OS NOMES, o tetragrama (‫ – )יהוה‬YEHOxxx e o
verbo LEHOSHIA (‫ )להשיע‬- salvar - conjugado no tempo futuro da terceira
pessoa do singular YOSHIA(‫)יושיע‬.

YEHOxxx (‫ )יהוה‬+ yoSHIA (‫ = )יושיע‬YEHOSHUA (‫)יהושע‬

O nome Yehoshua é a junção do verdadeiro e mais profundo nome do


Criador ao verbo “salvar”, assim teremos ADONAI SALVARÁ,
diferentemente da palavra jesus, que não significa nada. No livro de Mateus,
seu nome aparece na forma contraída de Yeshua, porém em outros livros, em
seus originais, como o livro de Lucas e o livro de Yohanan, seu nome
completo aparece como Yehoshua Ben Yosef.
Como mencionado acima, pessoas chamadas Yehoshua acabavam
recebendo o “apelido” de Yeshua, algo muito costumeiro até o primeiro
século. Em alguns casos, pessoas chamadas Yehoshua eram chamadas de
Yeshu e eu acredito que seja justamente dessa palavra, yeshu, que a palavra
jesus surgiu. Esse é mais um motivo que devemos tomar cuidado, pois yeshu
é um acrônimo pejorativo na língua hebraica:

Yeshu (‫“ – )ישו‬Yimach SHemo Uezikro” (que seu nome e memória


sejam apagados).

Se realmente o nome jesus veio da palavra yeshu, o que é bem provável,


de uma forma indireta o uso do nome jesus faz uma referência negativa a
Yehoshua Ben Yosef.

INIQUIDADES
Diferentemente da tradução ocidental, na qual aparece a palavra pecado,
no original temos iniquidades. Uma pessoa que pratica a iniquidade é uma
pessoa que transgride as leis e as normas.
Claro que a transgressão de alguma lei de Deus pode ser diretamente
relacionado ao pecado, mas nesse caso, a salvação não vem para tirar o povo
do pecado, mas sim tirar o povo de uma vida sem lei, de uma vida sem Torah.
Mateus usa essa descrição para provar que Yehoshua é o Mashiach, pois a
primeira missão de Mashiach é revelar como a Torah deve ser vivida e a
última é governar todas as nações através das Leis da Torah. Afirmar que ele
veio para acabar com a iniquidade através da Torah faz muito mais sentido na
mentalidade judaica do que alguém que vem salvar do pecado, pois isso não
faz um sentido palpável, apenas na mentalidade mística cristã.
Com isso em mente, vou reapresentar o versículo 21 fazendo algumas
mudanças no jogo de palavras, assim acredito que ficará muito mais claras as
palavras do anjo:

E ela dará luz a um filho e o chamará de “Adonai Salvará”, pois Adonai


salvará o povo de uma vida sem Torah.
Mateus 1:21

Apesar de muitos acharem que só jesus salva, a bíblia acha o contrário:


Eu sozinho sou ADONAI, o ÚNICO que pode lhe salvar.
Isaías 43:11

A missão de Mashiach é trazer como a Torah deve ser seguida e


observada. Através de um caminhar em santidade perante o Criador,
estaremos no caminho da salvação, a qual é dada apenas por Elohim e o
próprio nome Yehoshua representa isso.
Esse nome faz total sentido em relação a sua missão, pois ele veio
trazer a interpretação da Torah, toda sua pregação foi sobre Torah, sua morte
abriu as portas para os gentios conhecerem a Deus e a Sua Palavra, ele levou
as Leis de Deus ao conhecimento de todo o mundo, dando assim a chance
para todos de terem um vida sem iniquidades, assim atingindo a salvação.
Fato Interessante
O famoso rabino moderno, Yitzhak Kaduri, que faleceu em 2007 aos 106
anos de idade, era um famoso mestre religioso, considerado um dos maiores
conhecedores do misticismo judaico e de forte influência em causas políticas
e sociais do Estado de Israel.
Rabbi Kaduri era considerado autoridade suprema da Cabala e suas
previsões eram precisas e certeiras, suas profecias sempre eram vistas como
alertas e seus conselhos como verdadeiras bênçãos.
Poucos meses antes de morrer, rabi Kaduri escreveu o nome de Mashiach
em um pequeno bilhete conforme foi-lhe revelado por Deus e pediu para que
apenas fosse aberto 7 meses após sua morte. Segundo o jornal Israel Today,
no bilhete estava escrito o seguinte:

Quanto às letras da abreviação do nome de Mashiach, ele erguerá o


povo e provará que suas palavras e leis são verdade.

Esta eu assinei no mês da chessed,


Yitzhak Kaduri

Muitos ficaram decepcionados a princípio com esse bilhete, pois


esperavam a revelação do nome de Mashiach e foi nesse momento que
perceberam a forma como foi escrito em hebraico:

‫ירים העם ויוכיח שדברו ותורתו עומדים‬

Yarim HaAm VeYokhiach SheDbaro VeTorato Omdim


Da direita para a esquerda, se pegarmos as primeiras letras de cada
palavra, teremos (‫)יהושוע‬, transliterando, YEHOSHUA.

O NOME E JERUSALÉM
Eu acredito piamente que o nome de Mashiach que governará sobre todas
nações é Yehoshua e digo isso porque, dentre tantas missões que Mashiach
terá, uma delas é a reconstrução de Israel e do Templo.
Tais feitos não serão exclusivos de Mashiach, pois duas outras pessoas já
fizeram isso, uma delas foi Esdras, ao reconstruir o Templo que foi destruído
pelos babilônios e Nehemiah, que reconstruiu o muro de Jerusalém, o que de
uma forma indireta, representa a reconstrução da própria cidade. Mas a
pergunta é, o que tudo isso tem a ver com o nome Yehoshua? Oras, tudo!
Se fizermos uma análise mística dos nomes através da Gematria, muitas
coisas podem ser reveladas e poderemos enxergar algo muito profundo.

NEHEMIAH (5‫ ה‬+ 10‫ י‬+ 40‫ מ‬+ 8‫ ח‬+ 50‫נחמיה( – נ‬

= 133

ESDRAS (1‫ א‬+ 200‫ ר‬+ 7‫ ז‬+ 70‫עזרא( – ע‬

= 278

YEHOSHUA (70‫ ע‬+ 300‫ ש‬+ 6‫ ו‬+ 5‫ ה‬+ 10‫יהושע( – י‬

= 391

Bom, temos o valor para o nome de Esdras de 278, de Nehemiah de 113 e


de Yehoshua de 391. Aparentemente não há ligação nenhuma entre os três,
mas se pensarmos que Nehemiah reconstruiu o muro e a cidade, Esdras
reconstruiu o Templo e Yehoshua fará o serviço de ambos, reconstruindo o
muro (cidade) e o Templo, teríamos:

278 (Esdras) + 113 (Nehemiah) = 391 (Yehoshua)


Agora temos uma outra prova do nome de Mashiach ser Yehoshua, pois,
assim como Esdras e Nehemiah reconstruíram o muro, a cidade e o Templo,
Mashiach irá restaurar a cidade santa, será a sua proteção e reconstruirá o
Templo Sagrado.

O nome Yehoshua mostra que Mashiach trará a revelação do Deus Vivo e


de sua Torah, pela qual, Adonai salvará. Mostra também sua missão de
reconstruir a cidade santa e o Templo e por último, assim como Josué
(também Yehoshua), liderou o povo para a terra de Israel, Mashiach também
guiará seu povo de volta à terra santa.
Saber o verdadeiro nome de Mashiach faz toda diferença.

Que Hashem nos garanta o presente de poder estudar e ensinar por todos
os dias de nossas vidas, para que tenhamos o mérito da redenção final,
quando Mashiach Ben David vir para reconstruir o Templo.
Rav. Moshe Feinstein, Iggeros Moshe, V I 17

O resultado definitivo será quando Mashiach chegar e a Cidade Santa


descerá dos céus.
Kav HaYashar 102

Ele trará Israel de todas as partes para a sua cidade, a nação que
construirá seu templo. O TZADIK congregará ao redor de Mashiach e
aqueles que estudam a Torah, poderão estudá-la com ele.
Metsudah Chumash, Bereshit 49:11
◆◆◆
SEÇÃO III
YOHANAN E O MIKVEH

Falar do famoso Yohanan (João Batista) pode se tornar um pouco


complicado. Yohanan tinha envolvimento com grupos pouco conhecidos ao
redor da terra de Israel. O pouco que a bíblia fala dele, e de seus ensinos,
mostra o quão radical ele era em relação a sua crença e atitudes.
Segundo David Flusser, em seu livro The Sage From Galilee, as palavras
de Yohanan se assemelhavam muito aos ensinos da comunidade dos
Essênios, sendo que é muito provável que ele tenha feito parte de algumas
dessas comunidades. Na época em que Yehoshua vai até ele, Yohanan já
tinha se separado desses grupos, pois os Essênios possuíam uma mentalidade
separatista do resto do povo judeu e Yohanan queria oferecer uma
oportunidade a todo Israel de arrependimento e perdão, indo na contra mão
de ensinos básicos dos Essênios.

O BATISMO
A coisa que mais atraia pessoas a Yohanan era justamente o que o
cristianismo chama hoje em dia de batismo. Tal costume era muito comum
no meio judaico desde a saída do povo hebreu do Egito e também é uma
mandamento da Torah, chamado de Mikveh. Para que possamos entender o
misterioso Yohanan, é vital que entendamos o que seria esse tal de Mikveh,
como a Torah o define e como os sábios lidavam com ele.

Traga Aharon e seus filhos para a entrada da Tenda e que sejam


imergidos no Mikveh.
Êxodos 40:12

Então aspergirei a água pura (mikveh) sobre vós, e ficareis purificados;


de toda vossas imundices e de todos os vossos ídolos vos purificareis.
Ezequiel 36:25

Adonai, mikveh de Israel, todos aqueles que te abandonarem serão


envergonhados....
Jeremias 17:13
Antes do começo dos trabalho na tenda, Deus ordenou que Aharon e seus
filhos fossem imersos no Mikveh, um ritual de purificação e que representou
o inicio dos ministérios deles. Todos os membros da tribo de Levi que
desempenhavam algum trabalho no Templo, antes que começassem,
deveriam passar pela imersão nas águas da forma como determina a Torah.
Com Yehoshua não foi diferente, ele se apresenta a Yohanan justamente
antes de começar sua missão efetivamente, o fato dele ter sido “batizado” não
foi para receber salvação e nem perdão dos pecados, mas como um ritual de
purificação antes de começar seus ensinos, obedecendo assim a Torah.
Interessante que no livro do profeta Jeremias, o termo Mikveh foi
traduzido como “esperança” em diversas bíblias que chequei, mas o que o
profeta está dizendo é que o verdadeiro purificador de Israel é o próprio
Deus. O famoso batismo já era algo que vinha sido feito muito antes da vinda
de Yehoshua, tal não servia apenas para iniciar algum ministério, mas
também para purificar caso determinadas coisas pré estabelecidas na Torah
acontecessem, como tocar em cadáver ou após o fluxo mensal da mulher,
essas pessoas deveriam ser submergidas nas águas.
Muitos acreditam que o batismo foi criado por Yohanan e divulgado
por jesus, outros pensam que foram ideias criadas e impostas pela igreja e
existem aqueles que dizem que o batismo de jesus foi para resgatá-lo das
antigas práticas da Torah em sua vida.
Nada disso é verdade e o que poucos sabem é que esse tal “batismo”
existe como um ritual de pureza desde a criação do homem. O Midrash conta
que logo após Adam ter sido banido do Jardim do Éden, ele se sentou em um
rio que fluía pelo meio do jardim para refletir no que tinha feito e como
processo de tshuvah (arrependimento) ele mergulha e se lava de uma forma
simbólica na tentativa de retornar a sua forma original perfeita.
O que os cristãos chamam de batismo, Yehoshua chamava de Mikveh,
que nada mais é do que uma submersão ritualística determinada pela Torah e
diferentemente do cristianismo, que impõe o batismo como pré-requisito para
morar no céu, o verdadeiro batismo determinado por Deus possui propósitos
diferentes.
O Mikveh, o qual Yohanan fazia e pelo qual Yehoshua passou, de nada
tinha a ver com a intenção de garantir salvação a ninguém ali, pois essa
estava atrelada com a tshuvah (arrependimento), a intenção do Mikveh era
justamente purificar aquele que era submergido, em outras palavras, anular o
estado anterior. Imaginemos um semente que é plantada em solo profundo,
antes de começar a criar raízes, ela precisa primeiro se desintegrar, deixar de
existir na forma de semente para nascer na forma de árvore. Para que alguém
consiga chegar a um nível espiritual mais alto, esse alguém precisa primeiro
anular seu estado atual e isso acontece através do Mikveh.
No monte Sinai, antes da entrega da Torah, Deus mandou que todos ali
presentes entrassem no Mikveh para deixarem as impurezas provenientes do
paganismo egípcio para trás e se prepararem para a Torah. Durante os
quarenta anos que o povo ficou no deserto, a famosa “fonte de Miriam” se
tornou o Mikveh que Aharon usava para preparar novos sacerdotes. No tempo
do Templo, todo judeu que queria entrar na casa de Deus, primeiramente
deveria passar pelo Mikveh.
No dia de Yom Kippur, quando o sumo sacerdote entrava no Santo dos
Santos, onde nenhum outro ser vivo poderia entrar, passava antes pelo
Mikveh como ritual preparatório para se apresentar perante o Criador. Tal
ritual é biblicamente muito importante, ele serve para remover as impurezas
da mulher pós menstruação, serve para mergulhar o novo converso e para
purificação de alguém que teve algum contato com cadáver, ou seja, na Torah
esse “batismo” não é apenas uma vez, mas sim algo constante, que pode ser
feito sempre que a pessoa achar necessário.
Alguns sábios fazem uma linda comparação do Mikveh com a história de
Noach. Por que Deus resolveu acabar com o mundo? Pois estavam seguindo
por caminhos abomináveis a Deus. Então por que foi por um dilúvio? Pois
pelo dilúvio não temos uma punição e sim um ato de purificação, as águas
submergiram o mundo totalmente, assim como o corpo do homem é
totalmente coberto no Mikveh, removendo as impurezas e voltando a purificar
essa terra. Mas Por que quarenta dias e quarenta noites? Pois quarenta se’ah é
a medida mínima requerida de água para preencher um Mikveh.
Diferentemente do que é definido pela igreja, Yehoshua não se batizou
para ser salvo, ele entrou no Mikveh como um ato preparatório de purificação
para o começo de seu ministério. Yohanan quando ficava no Jordão
batizando, ele não batizava as pessoas para que elas se tornassem cristãs, nem
para garantir que elas fossem salvas e nem ao menos era algo que ele fazia
apenas um vez na vida de cada um. Yohanan era bem claro, ele batizava
aqueles que queriam fazer tshuvah. Tshuvah nada mais é do que o
arrependimento, é largar o pecado e seguir a vida conforme a Torah, a partir
do momento em que o individuo tomava essa decisão para si, ele ia ao
Mikveh para se purificar e “renascer” para essa nova vida.
O Mikveh personifica tanto o útero quanto a cova, os portais da vida e da
morte.

É importante que esse conceito fique bem claro, o batismo não foi
invenção do novo testamento, nem de Yehoshua, nem de Yohanan, mas sim
um mandamento da Torah. O batismo não estava ligado diretamente a
salvação, mas sim à obediência a um mandamento, o qual, traz a salvação.
Infelizmente o batismo cristão é usado como uma porta para a conversão a
religião ou como garantia de vida eterna, mas não é bem isso que vemos pela
Torah. Yohanan não falava para o povo batizar e que tudo estava resolvido,
ele ensinava primeiro para as pessoas fazerem Tshuvah e então o batismo, ou
seja, primeiro se arrependiam, decidiam retornar ao caminho da obediência a
Deus, da Torah e então eram submergidas para serem purificadas, se
tornando assim limpas para seguirem essa nova vida que resolverem ter
através da Tshuvah. Quando alguém se converte ao judaísmo e resolve seguir
o caminho da Torah, esse alguém é também submergido no Mikveh, mas não
por ter entrado em uma nova religião, mas sim para estar pronto e limpo
perante Deus para poder ser santificado pelos mandamentos.
O batismo certamente é de vital importância, mas deve ser utilizado de
forma correta. Como vimos acima, nos versículos do Tanakh, o Mikveh serve
para preparar a pessoa perante Deus e para purificá-la, vamos ver o que os
sábios dizem a respeito:

Preparo
Por essa razão, a halachah determina que aquele que ainda não se
imergiu no mikveh, não estará pronto.
Kol Dodi Dofek, Imersão 3

Purificação
Se alguém é enterrado na terra de Israel, seus pecados serão transferidos
para o solo, a terra de Israel irá agir como o Mikveh, o purificando.
Rabbeinu Bahya, Devarim 32:43:3

Assim como o Mikveh purifica o impuro, também o Santo, Bendito Seja,


purifica a Israel.
Talmud da Babilônia, Tratado Yoma 85b

Os três comentários rabínicos casam perfeitamente com os versículos


citados acima. Ninguém estará pronto para uma vida de santidade, nem
ministerial, sem aquilo que o cristão chama de batismo, como já mencionei
acima, ele é também ligado a salvação, mas não como solução para alcançá-
la, porém ele faz parte de um processo que prepara a pessoa para um vida
que, dependendo de como for vivida, levará o indivíduo a verdadeira vida
eterna.

Yohanan tinha uma visão essênica, os Essênios exortavam aos judeus de


uma forma diferente dos fariseus, focavam muito na justiça e na piedade em
relação ao próximo. Na visão deles, se isso não fosse parte da atitude da
pessoa, ou seja, uma vida de acordo com aquilo que a Torah determinava
como “amar ao próximo como a si mesmo”, o Mikveh não seria válido
perante Deus. Não deveriam buscar perdão dos pecados através do Mikveh,
mas apenas uma purificação física, pois a alma já estaria limpa depois da
tshuvah.
Isso era exatamente o que Yohanan pregava, primeiro tshuvah, volta aos
caminhos do Criador e então estariam pronto para purificarem ao corpo. A
água só purifica o corpo daquele que já tem a alma purificada.
Os essênios também ligavam o batismo com o Espírito Santo, pois como
o Espírito serve para escrever a Torah no coração do homem, após o batismo,
a pessoa estará pronta para seguir as Leis de Deus com ajuda do Espírito
Santo.

YEHOSHUA E YOHANAN
Um assunto muito pouco abordado é o relacionamento entre Yehoshua e
Yohanan após o batismo, se olharmos para o livro de Mateus veremos que
existem duas história envolvendo a ambos, que se colocarmos lado a lado é
muito estranha a conclusão que ela nos dá.

E Yohanan respondia a todos: Em verdade eis me aqui, submergindo


vocês na água da Tshuvah e depois virá um mais forte do que eu, o qual eu
não sou digno de desatar as sandálias dos pés, ele vos purificará com o fogo
do Espírito Santo.
O garfo para joeirar está em suas mãos para tratar sua eira, ele irá
juntar os grãos em seus celeiros e a palha (será queimada em fogo, aquilo
que não é útil).
Então veio Yeshua de Galil ao Yordan, no mikveh de Yohanan.
E Yohanan estava em dúvida em submergi-lo e disse: É mais propício
que eu seja submerso pelas suas mãos e você que vem até mim?
Mateus 3:11-14

E ouviu Yohanan enquanto estava na prisão sobre os feitos de Yeshua e


mandou dois de seus talmidim.
Dizendo a ele: você é aquele o qual estava por vir ou teremos esperança
por outro?
E respondeu a eles Yeshua: vão e contem a Yohanan sobre as coisas que
viram e sobre as coisas que ouviram.
Os cegos enxergam, e os mancos andam, e os leprosos estão puros, e os
surdos ouvem, e mortos estão revividos e os pobres estão comprometidos.
Mateus 11:2-5

Como Yohanan, na época do batismo, reconhece a Yehoshua como


Mashiach, aquele que vem para trazer o julgamento, alguém que ele não é
digno de desatar as sandálias e depois de sua prisão, ele manda seus alunos
irem perguntar a ele se era ele aquele pelo qual eles esperavam? Não faz
sentido, a não ser que Yohanan tenha ficado louco na prisão ou aconteceu
algo de muito sério que não foi relatado.
Como trabalhar com essas hipóteses seriam apenas especulações, vamos
tentar achar uma solução buscando um outro ponto de vista, um ponto de
vista segundo os ensinos dos Essênios.
Para esse grupo, que possuía uma mentalidade muito mais cabalística que
os próprios fariseus, envolvida de mística e mistérios espirituais, o Reino dos
Céus tratava do momento pós julgamento, do reinado de Mashiach, da nova
Jerusalém. Yohanan de certo seguia e acreditava nessa linha de pensamento e
era bem possível que o próprio Yohanan acreditava ser ele o profeta que viria
no fim dos tempos para anunciar Mashiach Ben David. Muitos o chamavam
de Elias, o profeta que deveria preceder a era messiânica. Por esse motivo ele
pregava e ensinava que logo viria um depois dele que traria o julgamento de
Deus e inauguraria a era de Mashiach.
Como ele se via como a personificação da profecia, se apressava em
chamar o povo a fazer tshuvah, a se arrependerem, pois sabia que era questão
de muito pouco tempo para que aquele que tinha o garfo da joeira na mão,
chegasse e acabasse com tudo que fosse mal.
Porém, como todos sabemos, não foi bem isso que ocorreu, a vinda de
Yehoshua não veio trazer o julgamento final. As grandes catástrofes e
guerras, como previam os Essênios, não ocorreram naquele tempo, a
Jerusalém não foi restaurada, o Templo ainda continuava de pé e o tempo ia
passando enquanto Yohanan estava preso e ele não via nada daquilo que ele
acreditava acontecendo. Esse foi o ponto de quebra entre Yehoshua e
Yohanan, pois ele chega a conclusão que talvez ele não fosse o Mashiach,
criou duvidas em sua cabeça, pois o Reino dos Céus não se apresentava de
forma concreta, da forma como acreditava. Nisso, ele manda dois de seus
alunos questionarem a Yehoshua sobre a veracidade de quem ele realmente
era.
Claramente a visão que ambos tinham sobre o Reino dos Céus divergiam
em alguns ponto vitais. Para Yohanan, o Reino dos Céus se tratava da era
messiânica, que era eminente em sua época. Para Yehoshua, o Reino do Céu
se tratava da realização da primeira profecia dada ao Povo de Israel, a qual
dizia que seriam benção para todas as nações, era o momento de abertura da
portas, onde todas as nações conheceriam sua Torah, sua história, sua força,
as portas da salvação seriam abertas e a profecia do Povo de Israel ser
sacerdote para todas as nações se concretizaria. Isso tudo antes da efetiva
chegada da era messiânica.
O Tanakh fala até a vinda de Yohanan, então para ele, a vinda do Reino
dos Céus fazia total sentido, ele não imaginou que haveria um tempo entre o
fim do Tanakh e a era messiânica, tempo o qual, estamos nós vivendo, que á
aquilo que Yehoshua chamava de Reino dos Céus. É nesse tempo que Deus
tem estabelecido o conhecimento a Seu respeito às nações.
Sabendo disso, Yehoshua traz uma parábola em resposta a Yohanan:

E colocou perante eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é


como a pessoa que semeia boa semente.
E é quando os dois homens estão dormindo que vem seu inimigo e semeia
joio, em língua estrangeira beriyagah, dentre o trigo e se vai.
E quando cresce a erva fazendo frutos, ele vê o joio.
E se aproximam os servos ao senhor do campo e lhe dizem: nosso senhor,
não semeaste sementes boas? Da onde veio esse joio?
E disse a eles: meu inimigo fez isso e lhe disseram os servos: vamos
arrancar o joio.
E disse a eles: não, a não ser que arranquem também o trigo
Mas deixem que ambos cresçam juntos até a colheita e no tempo da
colheita eu direi aos ceifadores: Junte primeiramente o joio e o amarre em
feixes para serem queimados e o trigo ponham no celeiro.
Mateus 13:24-30

Para Yohanan, no Reino dos Céus os tzadikim permanecerão e o joio será


cortado, para Yehoshua, no Reino dos Céus, ambos coexistirão, essa
separação será só durante a colheita, após aquilo que Yehoshua define como
Reino dos Céus.
Resumindo, a visão teológica de ambos entrou em conflito, uma
totalmente essênica, enquanto a outra, apesar de algumas influências dos
Essênios, típica farisaica. O Reino dos Céus é essa época intermediária que
estamos, uma preparação para a era messiânica, quem não viver e se portar
nos conformes do que o Reino dos Céus exige, não entrará na era messiânica.
Na verdade, o Reino dos Céus é a realização do profecia dada a Abraham.

A PROFECIA À ABRAHAM
Abençoarei aos que vos abençoarem, e amaldiçoarei aos que vos
amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão
abençoados".
Genesis 12:3

Qual será a verdadeira benção que os gentios receberam através de


Abraham? Será a fé? Mas a fé é algo muito subjetivo, ninguém tem a fé igual
a de ninguém, a fé que Abraham tinha, só ele tinha. Será a Torah? Mas nem
todos acreditam que a Torah ainda tem validade. Será o povo judeu? O que
seria essa profecia efetivamente?
Para entendermos, devemos fazer uma análise da estrutura gramatical
hebraica usada nesse versículo. A Torah é quase toda escrita na voz passiva,
ao ler no original acaba sendo muito estranho algumas vezes, porém, quando
se trata de profecia, o verbo é sempre conjugado no futuro. No caso dessa
promessa a Abraham, o verbo é VENIBRECHU, conjugado na voz passiva
de uma forma incomum, pois trata de uma promessa para o futuro. Se
fizermos uma análise desse verbo, na sua raiz, nos leva a uma palavra
hebraica muito usada na Mishnah, que é MABRICH, que significa “enxerto”.
Então teríamos o seguinte:
Abençoarei aos que o abençoarem, e amaldiçoarei aos que o
amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão enxertados.
Genesis 12:3

Ou seja, a verdadeira benção que Deus promete é que todas as nações


poderão ser enxertadas na fé de Abraham. A maior benção que Deus pode dar
a alguém é a oportunidade de torná-lo parte de Seu Povo, parte do povo de
Abraham.
Então, quando Deus promete à Abraham que através da sua fé todos
aqueles que crerem e obedecerem como ele creu e obedeceu, poderão ser
abençoados com a oportunidade de serem enxertado no Povo de Israel.
É isso o que Yehoshua define como Reino dos Céus, só pararmos para
pensar, foi após a vinda de Yehoshua e sua morte que todas as nações do
mundo tiveram a chance de conhecer a Deus, o livro que existia apenas
dentro do Templo de uma das menores nações do mundo, se tornou o livro
mais vendido da história da humanidade, a maioria dos países possuem leis
baseadas, diretas ou indiretas, na palavra de Deus, desde leis sobre família,
casamento, roubo, assassinato, leis que não existiam de forma tão forte nas
nações na época ou em épocas anteriores a Yehoshua. Mesmo que muitos não
acreditem, todo mundo sabe o que é o monoteísmo, algo raro entre os povos
de seu tempo. O mundo inteiro sabe da existência de Israel, de sua fé, de seu
povo, de sua história, algo que só era conhecido por nações que viviam
próxima a terra de Israel. Tudo mudou, o conhecimento ao qual o mundo
inteiro tem acesso hoje é como nunca antes. De uma forma ou de outra, pelo
menos um mandamento da Torah, todos vivem, a mentalidade e educação
que muitos países tem baseadas na bíblia e oportunidades que foram dadas a
todo homem de ser enxertado no Povo de Israel, é o tempo do Reino dos
Céus. É incrível como ele sabia disso, tanto que ele ensinou que ambos, trigo
e joio, bom e mal, estariam juntos nesse Reino, porém, na era messiânica,
quem não estiver nos conformes desse Reino, será cortado, como ele explica
na parábola a seguir:

E saíram os servos aos caminhos e convidaram todos, bons e maus e a


CHUPAH se encheu com aqueles que comiam.
E veio o rei para ver os que comiam e viu ali um homem que não se
vestia com roupas de CHUPAH.
E disse a ele: meu amado, como você veio aqui sem roupas de
CHUPAH? E ele estava calado.
Então disse o rei aos seus servos: amarrem as mãos e os pés desse
homem e o atirem no mais baixo SHAOL, ali terá choro e dentes batendo.
Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.
Mateus 22:10-14

A Chupah é o Reino dos Céus, todos estavam lá, porém havia um que,
mesmo estando lá, não se portava de acordo com o Reino dos Céus, que no
final é atirado no shaol. E termina com “muitos são chamados, mas poucos os
escolhido”, é ai que Yehoshua se refere ao Reino dos Céus e a era
messiânica, pois apesar de todos terem acesso a Deus e à Sua Palavra, não
quer dizer que entrarão na era de Mashiach.
Existem muitas pessoas que se manterão na visão de que o Reino dos
Céus realmente se trata da era messiânica, assim como Yohanan acreditava:

E dizia: façam Tshuvah que o Reino dos Céus está se aproximando.


Mateus 3:2

Yehoshua usa de palavras parecidas para se referir ao Reino dos Céus,


porém com uma conjugação verbal diferente:

Daqui em diante começou Yeshua a pregar e falar sobre o retorno a


Tshuvah, pois o Reino dos Céus havia chegado.
Mateus 4:17
Ele afirma que o Reino dos Céus JÁ HAVIA CHEGADO, já começou,
se o Reino dos Céus realmente fosse a época da redenção, a era messiânica, a
qual ainda está por vir, Yehoshua teria cometido um equivoco ai. O ponto em
comum é a Tshuvah, ou seja, o arrependimento e o retorno aos caminhos da
Torah.
Esse foi o grande embate entre ambos, como cada um definia o termo
Reino dos Céus. Mas apesar das discórdias, Yehoshua sabia da importância
de Yohanan e também sabia que não poderia diminuir a figura que foi, pois
se esse fosse o caso, Yehoshua não poderia afirmar que era Mashiach, pois
Yohanan deveria preceder sua vinda. Sabendo disso, Yehoshua alega o
seguinte:

Ainda disse Yeshua a seus talmidim: eu falo pra vocês que entre todos os
nascidos de mulher, não levantou um maior do Yohanan o imersor.
De seus dias até agora, o Reino dos Céus tem sido oprimido.
Pois todos os profetas e a Torah falaram sobre Yohanan.
Se você recebê-lo, ele é Eliahu, que ainda estava por vir.
Quem tem ouvidos, ouça!
Mateus 11:11-15

As traduções para as línguas ocidentais possuem uma diferença nessa


parte, onde Yehoshua alega que o menor no Reino dos Céus é maior do que
Yohanan, tal alegação não aparece no original e é completamente incoerente.

O CARVALHO E O JUNCO
E passado isso, Yeshua foi e começou a falar sobre Yohanan à multidão:
vocês viram o que no deserto? Moshlechet Baruach?
Mateus 11:7

E partindo eles, começou jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que


fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?
Mateus 11:7 ALMEIDA

Um último tópico em relação a Yohanan que gostaria de abordar trata


justamente de um termo totalmente local. Se olharmos as traduções, ambas
são difíceis de entender, principalmente a tradução do original, caso o leitor
não tenha pleno conhecimento da mentalidade popular da época de
Yehoshua. Por outro lado, temos também uma tradução ocidental tão ruim
que beira o hilário, que deixa o leitor completamente alheio ao que está
escrito no texto.
Durante séculos, Israel ficou sob o domínio dos gregos, houve então uma
absorção muito forte de diversos aspectos da mentalidade e estilo de vida
helenista que mudou completamente o dia a dia da terra de Israel. Tal fato foi
tão profundo e sério que muitos rabinos escreveram diversos comentários e
textos sobre essa época, foi um tempo de forte assimilação do Povo de Israel
por uma cultura de práticas pagãs.
Junto com essas práticas, vieram também a arte, a história e a cultura,
assim como seus contos, fábulas, ensinos e metodologias. Entre elas, existia
uma muito conhecida e que se espalhou muito rapidamente entre o povo
judeu, sendo que, na época de Yehoshua, era conhecida por absolutamente
todos, como uma espécie de folclore. Tal conto era conhecido por Moshleceht
Baruach, em português, “o conto do carvalho e do junco”:

Um majestoso e singular carvalho, ao ser arrancado do solo pela força


do vento é arremessado rio abaixo e arrastado pela correnteza.
Ao cruzar com alguns juncos, em tom de lamento, diz:
“Gostaria de ser como vocês que, de tão frágeis, não são de modo algum
afetados por esse vento.”
E eles respondem:
“você lutou com o vento e por isso sucumbiu. Nós, ao contrário, nos
curvamos perante a menor brisa e assim permanecemos salvos.”

Yehoshua confronta as pessoas que achavam que fossem chegar no


deserto e encontrar um Yohanan majestoso, forte como um carvalho e ao
chegarem lá viram um cara simples, como um junco. Então ele traz esse
conto popular à tona, ensinando que apesar de parecer um junco frágil e sem
força, ele se mantinha de pé, pois sabia se curvar perante aquilo que ele
deveria se curvar e não como um arrogante carvalho. E ele continua:

Ou o que saíram para ver? Pensaram que Yohanan era um pessoa que
vestia roupas nobres? Os que se vestem com roupas nobres estão nos
palácios (não no deserto).
Então, o que vocês foram ver? Um profeta? De verdade digo a vós que
esse é maior que um profeta.
É sobre ele que está escrito para o meu bem: mando meu anjo que abrirá
o caminho perante mim.
Mateus 11:8-10

Um voz que clama do deserto: preparem o caminho de Adonai, levante


no deserto uma via para nosso Elohim.
Isaías 40:3

“preparem”, essa palavra é endereçada a todas as nações.


Ibn Ezra, Isaias 40:3:2

Quando o Santo, Bendito Seja, redimir a Israel, três dias antes da vinda
de Mashiach, Elias virá e estará sobre as montanhas de Israel. Nessa hora, o
Santo, Bendito Seja, mostrará sua glória e seu reino a todos os habitantes do
mundo.
Peshikta Rabbati 35
◆◆◆
SEÇÃO IV
TENTAÇÃO

Então Yeshua foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado
por satan.
E jejuou Yeshua por quarenta dias e quarenta noites e depois disso teve
fome.
O tentador se aproximou e lhe disse: Se você é filho de Elohim, diga para
essa pedra se tornar pão.
E respondeu Yeshua dizendo-lhe: Está escrito que não só pelo pão e etc.
Então satan o levou a cidade santa e ficaram sobre o lugar mais alto,
sobre todo o templo
E disse a ele: Se você é Elohim, pule para baixo, pois está escrito: Ele
ordenou aos seus anjos para lhe guardar em todos seus caminhos e etc.
E Yeshua respondeu a ele pela segunda vez, não tentará Adonai seu
Elohim.
E satan o carregou a um monte muito alto e lhe mostrou todos os reinos
da terra e suas glórias.
E lhe disse: Tudo isso lhe darei se você se render a mim.
Então Yeshua lhe respondeu: vá satan, que é satanás, pois está escrito
que apenas a Hashem orarei e apenas a Ele servirá.
Então satan o deixou e eis que anjos se aproximaram dele e lhe serviram
(ministraram).
Mateus 4:1-11

Cada religião, cada crença, cada comunidade religiosa, possui seus


próprios meios para resistir e expulsar a satan. Muitas usam a oração, o
jejum, o nome de jesus, a gritaria, a entrevista (bizarro, mas acontece) e etc.
Mas o que eu nunca vi, foi alguém resistir ou afastar o espírito de satan da
mesma forma como Yehoshua fez enquanto estava no deserto.
Yehoshua combate a satan usando a Torah, não apenas citando-a, mas
ensinando que vivendo o estilo de vida determinado pelas Leis de Deus é o
que afastará o opositor da vida do homem. Ele não precisou expulsá-lo, nem
orar, nem fazer exorcismo ou seja lá o que for, tudo que ele fez foi mostrar
que pelo estilo de vida dele, estilo de vida conforme Torah, foi o suficiente
para manter o adversário e suas armadilhas bem longe, por mais que ele tente.
Nos três encontros que Yehoshua teve com satan, ele usa quatro
simples, mas profundas, passagens da Torah para se livrar da presença do
opositor e mostrar como se vence suas tentações.

VIVER PELO PÃO


...Mas não apenas de pão viverá o homem, mas de tudo encontrado na
boca de Adonai.
Deuteronômio 8:3b

Quando as escrituras apresentam os termos vida, morte, viverá e morrerá,


eles não se referem apenas a vida e a morte física, mas sim a vida eterna e a
condenação eterna. Veja pelo próprio Adam quando comeu do fruto, mesmo
que Deus tenha dito que morreria naquele mesmo dia, viveu mais de
novecentos anos. Então os termos vida, viverás, terás vida e etc. são todos
referentes a vida eterna.
O conceito "vida eterna" se tornou muito forte no novo testamento, pois é
uma terminologia vastamente usada pelos fariseus e judeus do primeiro
século, por isso que essa ideia fazia parte intrínseca das pregações de
Yehoshua. Devido a esse motivo, para entendermos ao que ele se refere com
o "nem só pelo pão viverá" dessa citação que ele faz a satan, devemos olhar
para aquilo no que ele se baseava.

Para que o homem viva, ele não deve por sua segurança no pão, apenas
naquilo encontrado na boca do Senhor. Pelas Leis que saem da Sua boa
viverá o homem e o colocarão em segurança e lhe darão vida neste mundo e
no mundo vindouro.
Bekhor Shor, Devarim VIII:III

Segundo o comentário de Bekhor Shor, o homem que busca a vida eterna


não deve buscar ao pão, pois o pão só garante uma vida momentânea, a vida
nessa terra. Porém aquilo que sai da boca de Adonai não só garante a vida na
carne, mas também a vida eterna e por último, ele ainda afirma o que é aquilo
que está na boca de Deus e que garante a vida, Seus mandamentos.
Podemos ligar alguns pontos aqui. Está escrito que a fé é gerada naqueles
que ouvem a "palavra" de Deus, também é sabido que essa "palavra" é
justamente aquilo que se encontra na boca de Adonai. Sendo assim, como a
fé é gerada pela "palavra" que sai da boca de Adonai e essa mesma "palavra"
é o que dá a vida eterna, chegamos a conclusão que o homem "viverá pela
fé". Da boca de Deus sai a palavra, a qual é ouvida pelo homem, gerando fé
nele e consequentemente ele viverá.
Esse é um conceito bíblico conhecido tanto por judeus quanto por
cristãos, o profeta Habacuque é quem faz essa ligação:

Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o TZADIK
viverá pela fé.
Habacuque 2:4

Apesar de ser uma afirmação que todos conhecem, a interpretação que


normalmente é dada às palavras do profeta não são bem coerentes com a
mensagem que ele está passando. Muitos usam dessa profecia,
principalmente cristãos, para justificarem que terem fé, ou seja, acreditarem
em algo ou algum acontecimento, é suficiente para que tenham a vida.
Infelizmente esse entendimento não é o mesmo que formava a base de
conhecimento do profeta, de Yehoshua e do Povo de Israel, ao qual essa
profecia foi entregue. Esse termo “fé” que Habacuque usa não se refere ao
“crer” e nem a “emunah”, existe um outro significa por trás.

Deus deu a Israel 613 mandamentos, pelos quais se obteria a vida eterna.
Se o homem os observar, viverá por eles. Mas 613 são muitos para lembrar,
o rei David os simplificou os 613 para apenas 11 mandamentos em Salmos
15. Mas 11 ainda são muitos para se lembrar. Então o profeta Isaías os
simplificou, de 11 para 6 mandamentos em Isaias 33:13-14. Mas 6 ainda são
muitos para se lembrar. Então em Miquéias 6:8 temos: “1) faça a justiça, 2)
ame a bondade, 3) ande humildemente perante Deus.”. Mas mesmo 3 coisas
são um pouco pesadas. Então Isaías os simplifica mais uma vez, sumarizando
toda a Torah em apenas 2 princípios em Isaías 56:1: “Mantenha a justiça e
faça o correto”. E Então vem Habacuque e simplifica toda a Torah em
apenas um único princípio: “O tzadik viverá pela fé”.
Talmud da Babilônia, Tratado Makkot 24a

Segundo o Talmud e o entendimento judaico sobre essa “fé” de


Habacuque, ela representa justamente a sumarização dos mandamentos de
Deus. A “fé”, pela qual o homem viverá, é a Torah e os mandamentos de
Deus. A bíblia fala algumas coisas a esse respeito.

Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais,


observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o Adonai.
Levítico 18:5

“viverá por eles” se refere a vida eterna. Pois se você pensa que esse
versículo se refere a esta vida, não está o homem fadado a morrer na carne?
Rashi Chamisha Chomashi Torah, Levítico 18:5

E você guardará meus estatutos e meus juízos, os quais, se um homem os


segui-los terá a vida através deles e vida eterna.
Targum Onkelos (tradução aramaica), Levítico 18:5

E você guardará meus estatutos e as ordens de meus julgamentos, os


quais, se um homem os fizer, sua posição na vida eterna será entre os justos.
Targum Yonatan, Levítico18:5

Acredito que isso deixa bem claro que a “fé”, a qual Habacuque fala, não
é a fé ensinada pelo meio cristão. Nesse caso, a fé representa a Torah e os
mandamentos que, segundo o próprio Deus, aqueles que os seguirem, viverão
por Eles, ou seja, terão a vida eterna.
A prova final é justamente o que Habacuque fala, “o justo viverá pela fé”,
esse justo no original é Tzadik. O Tzadik é aquele que tem a vida segundo a
Torah e a verdadeira vontade do verdadeiro Deus. Sendo assim, poderíamos
fazer uma releitura desse versículo da seguinte forma:

“Aquele que segue aos mandamentos de Deus e tem uma vida de acordo
com a Torah, terá a vida nesse mundo e no mundo vindouro”.

Pão
É um erro acreditar que a capacidade do homem, seu poder criativo e sua
própria força são suficientes para mantê-lo vivo na face da terra. O fator
primário que mantêm toda essa existência terrena é a providência divina.
Quem acredita na própria capacidade para conseguir o pão de cada dia é mais
uma vítima da mais perigosa desilusão que um ser humano pode ter, mais
cedo ou mais tarde, ela baterá em sua porta.
O pão possui uma representação bíblica bem interessante, não só é o mais
básico e simples entre todos os alimentos, mas ele representa a conquista que
todo homem quer obter enquanto nessa terra. A palavra pão em hebraico é
LECHEM (‫)לחם‬, da mesma raiz da palavra MILCHAMAH (‫)מלחמה‬, que
significa guerra. Isso nos dá uma revelação profunda, pois nos ensina que
quando esse “pão” (entenda-se, tudo aquilo que uma pessoa conquista) NÃO
vem de Deus, o homem entrará em uma “guerra” para obtê-lo, uma guerra
contra o próximo, contra familiares, contra amigos, contra si mesmo e por
muitas vezes, contra Deus. Mesmo que haja algumas vitórias na conquista
desse “pão”, o preço que vem junto com essa conquista pode ser
injustificável e, em muitos casos, doloroso demais.

Agora fica claro a razão oculta da reposta de Yehoshua a satan. O pão,


que representa a vida terrena e suas necessidades, oferecido por satan, pode
ser momentaneamente bom, porquê se fosse REALMENTE BOM, o homem
não teria fome nunca mais após comê-lo, pois ele só é bom naquele dia,
naquele momento. Assim como as promessas de satan, ou de religiões e
práticas proibidas pela Torah, podem parecer e até serem boas, são apenas
momentâneas, fúteis e vazias, e como esse pão tem a mesma raiz que guerra,
e guerra é algo dolorido, esse “bom” momentâneo, em determinado
momento, trará dores como as de guerra.

Fútil, futilidade sobre futilidade, é tudo fútil.


Qual o verdade valor daquilo que o homem ganha por si só através
daquilo que faz debaixo do sol?
Eclesiastes 1:1

Por outro lado, para aqueles que não se preocupam com as coisas terrenas
e vivem conforme o determinado por Deus, terão o pão todos os dias na
mesa, sem esforços, sem guerras, sem dores e ainda por cima, terão o pão que
não permitirá que eles nunca mais tenham fome, o pão da vida eterna.

TENTAR ADONAI
Não tentem (‫ )תנסו‬Adonai, seu Elohim, como fizestes em Massah.
Deuteronômio 6:16
Essa passagem mencionada por Yehoshua só faz real sentido se
estudada em hebraico. A palavra usada para “tentem” é T’NASU (‫)תנסו‬. O
verbo tentar – LENASOT (‫ – )לנסות‬possui a mesma raiz da palavra milagre –
NAS (‫)נס‬. O que a Torah nos ensina aqui é para não tentarmos a Deus para
que Ele faça algum milagre ou prove Sua existência através de milagres. Sua
existência já é comprovada com a perfeição que vemos em toda Sua criação e
em relação aos milagres, cabe apenas a Ele decidir fazê-los ou não. Seguir a
Deus atrás de milagres ou pelo Seus milagres, é a verdadeira proibição que
essa passagem se refere.
Interessante como Yehoshua rebate satan com essa passagem. Talvez seja
por causa do monte de religião que existe hoje em dia, as quais sobrevivem
através de promessas que Deus fará milagres na vida daqueles que se
associarem a elas. Intrigante, pois me parece que satan gosta de “oferecer” ou
“tentar convocar milagres” de Deus, algo claramente proibido aos homens
pela Torah, e vejo exatamente isso em muitas vertentes cristãs.
Vai do entendimento de cada um.

APENAS A HASHEM ORAREI E ADORAREI


Yehoshua, nessa última tentação, faz menção a duas passagens do livro
de Deuteronômio, a primeira é “apenas a Hashem orarei” e a segunda
“apenas a Adonai servirás”.
Na primeira, algo que está apenas no livro original de Mateus, Yehoshua
diz que ele orará apenas a HASHEM. Eu acredito que a pessoa que crê que
ele é Mashiach, deveria fazer como ele fazia e ensinou, deveria orar apenas a
Adonai, assim como ele diz que fez. Isso automaticamente exclui orações
feitas ao próprio Yehoshua, ao jesus, aos anjos, aos santos, ao espirito santo,
aos mortos, aos extraterrestres, aos profetas, a buda, a Maomé, às virgens e
todo o resto que pode passar pela mente humana.

Eu orarei (‫ )אתפלל‬a Hashem...


Deuteronômio 9:26a

Eu realmente não entendo os motivos que levam uma pessoa a orar a


alguém além do Verdadeiro Criador. Eu vejo muito no cristianismo orações
começando com “amado jesus” ou “meu jesus”, fico com a impressão que
essas pessoas servem mais a uma religião e a sua teologia doente ao invés de
servirem a palavra do Deus que É e sempre Será. Mas cada um sabe o que é
melhor para si.
Já na segunda citação, temos um problemão. Yehoshua reafirma um
mandamento da Torah, APENAS A ADONAI deve ser dada adoração. Nas
versões ocidentais também aparece essa alegação de Yehoshua em relação a
adorar apenas a Adonai.
Vamos olhar o que a citação que Yehoshua faz, diz:

Apenas a Adonai temerás(‫)תירא‬, seu Elohim e apenas a Ele


ADORARÁS(‫ )תעבד‬e apenas em Seu nome jurarás(‫)תשבע‬.
Deuteronômio 6:13

Temerás (‫ – )תירא‬Subordinação da mente e vontade a Deus.


Adorarás (‫ – )תעבד‬Subordinação total da existência a Deus.
Jurarás (‫ – )תשבע‬Subordinação de todos os atos a Deus.

Não pode ser mais claro, Yehoshua claramente afirma que apenas a
Adonai Eloheinu devemos servir e adorar.

Esse é o estilo de vida que mantém sata longe, obediência, fé e


oração e adoração apenas a Adonai.

Ponto final. Quem tiver entendimento, que entenda.


◆◆◆
SEÇÃO V
O REINO DE ISRAEL

E passaram dias e Yeshua ouviu que Yohanan foi levado à prisão e então
foi para Gilgal.
E passou por Nazarael e habitou em Kafar Nahum Raitah, que em língua
estrangeira significa Marítima, nos arredores das terras de Zevulum.
Para cumprir o que o profeta Isaias disse:
Terra de Zevulum e terra de Naftali, caminho do mar, além do Yordan,
Galil dos estrangeiros.
O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, aqueles que
habitavam em uma terra de tremenda escuridão viu luz brilhar sobre eles.
Mateus 4:12-16

Mas a terra que foi angustiada não será escurecida. Tornou-a


desprezível nos primeiros tempos, a terra de Zevulom e a terra de Naftali.
Mas nos últimos tempos a enobrecerá junto ao caminho do mar, além do
Jordão, na Galiléia das nações.
Isaías 8:23**

O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que
habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.
Isaías 9:1**
** esses versículos nas versões ocidentais correspondem a Isaias 9:1-2

Em toda literatura rabínica existem pouquíssimas conexões sobre essa


profecia de Isaías com a obra messiânica. Por esse motivo, fiquei curioso em
saber o porquê o autor do livro de Mateus fez questão de citar essa profecia
de Isaías, associando-a a Mashiach e algo me foi revelado.
Através de uma interpretação muito simples, entendemos que Mateus fez
essa conexão, pois Yehoshua se mudou para fora de Yehudah, para as terras
do antigo Reino de Israel, em Kafar Nahum, terras que um dia pertenceram às
tribos de Zevulum e Naftali e que sua presença lá trouxe luz aos seus
habitantes. Esse Midrash simples, feito autor de Mateus sobre a profecia de
Isaías, ao associá-la com Yehoshua, é válido, assim como qualquer outra
análise rabínica. Mas o que realmente me intriga a esse respeito é justamente
o que seria essa “luz” que foi levada à Galileia dos gentios e qual foi o real
motivo pelo qual Yehoshua foi para lá.

O REINO DE ISRAEL
Após a morte do rei Salomão em torno de 922a.e.c., Israel foi dividido em
duas partes, o reino do norte, chamado Reino de Israel, que englobava as
tribos de Reuven, Dan, Naftali, Gad, Asher, Issachar, Simeon, Zevulum,
Efraim e Menasseh, e o reino do sul, chamado Yehudah, formado pelas tribos
de Judah e Benjamim e os levitas circulando entre ambos os reinos.
Em 722a.e.c., depois de muitos avisos de Deus, o império Assírio invadiu
Israel e o reino do norte foi conquistado devido às maldades de seus reis. A
grande maioria do povo de Israel foi exilado, o império Assírio deslocou
quase todos os habitantes do reino do norte e os dispersou por todo o mundo,
a maioria deles foram levados para Media e Aram-Naharaim e, em seus
lugares, foram trazidas pessoas de diversas outras regiões do império para
habitarem nessas terras.
As tribos perdidas do Reino de Israel é um dos maiores mistérios da
história judaica. Múltiplas teorias foram criadas em cima disso, tem aqueles
que dizem que alguns se encontram na Índia, outros na Nigéria e tem alguns
outros que ousam dizer que os descendentes dessas tribos são os índios
nativos da América do Norte.
Inúmeras evidências arqueológicas comprovam que essas pessoas, do
Reino de Israel, foram eventualmente absorvidas e assimiladas em sociedades
gentílicas e portanto, as pessoas dessas tribos tiveram seus paradeiros
perdidos e desapareceram por completo. Hoje ninguém sabe o que realmente
aconteceu com eles, a única coisa que restou foi uma profecia a respeito dos
descendentes dessas tribos:

E você, mortal, pegue uma vara e escreva nela: De Yehudah e os


israelitas associados com ele. E pegue outra vara e escreva nela: De Yosef, a
vara de Efraim e todos da casa de Israel associados com ele.
Aproxime-os um ao outro, para que se tornem uma vara, juntas pelas
suas mãos... ...Assim diz Adonai: Eu irei tomar a vara de Yosef – a qual está
nas mãos de Efraim – e das tribos de Israel associados com ele e eu a
colocarei sobre a vara de Yehudah e assim farei delas apenas uma vara,
juntadas pelas minhas mãos.
Ezequiel 37:16-19
Muitos rabinos ensinam que na era de Mashiach, os descendentes dessas
tribos serão novamente reunidos na terra de Israel pelas mãos do próprio
Criador. Dizem os sábios que existe algo dentro de cada membro do Povo de
Israel que o diferencia de todas as outras nações, fora a Torah, todos os
descendentes de Yaakov possuem uma fagulha divina dentro de suas almas,
uma fagulha que é passada de geração em geração. Os descendentes dessas
tribos, hoje espalhados pelos quatro cantos do mundo, não sabem que fazem
parte do povo criado por Deus. Muitas pessoas ao redor do mundo, dentre
diversas nacionalidades e credos, serão chamados de volta através dessa
fagulha divina que eles possuem em seus interiores, em suas almas. Serão
pessoas que, mesmos sem saber ou entender, rapidamente aceitarão esse
chamado que será feito através de Mashiach.

Rabbi Eliezer diz: assim como o dia é seguido pela escuridão e então a
luz retorna, então também, mesmo que se torne escuridão para as tribos
perdidas, Deus irá definitivamente tirá-los da escuridão.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 110b

A obra redentora de Mashiach Ben Yosef é justamente ajuntar o seu


povo, ele irá trazer de volta todos os descendentes de Yaakov para servi-lo. A
afirmação de Rabbi Eliezer é uma leve alusão que o Talmud faz sobre a
profecia de Isaías, esse entendimento rabínico é o provável motivo pelo qual
Mateus faz questão de citar esse profeta em seu livro. O fato de Yehoshua ter
tido uma ligação com essa região e com algumas das pessoas que ali
habitavam, faz bastante sentido em relação a sua alegação de ser o Mashiach,
pois essa atitude demonstra, mesmo que por um momento e apenas de uma
forma simbólica, a conexão dele com o Reino do Norte. Quando Yehoshua ia
para essas regiões fora da terra de Yehudah, ele não ia atrás dos samaritanos
ou dos gentios, nem tão pouco fazer “evangelismo”. Ele ia atrás dos
remanescentes dessas tribos, já mostrando um de seus propósitos. Em uma
dessas viagens ele afirma:

E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas


perdidas da casa de Israel.
Mateus 15:24

Muitos cristão acreditam que essas “ovelhas perdidas de Israel” são os


judeus que estão sob a maldição da lei ou ensinam que essas ovelhas
representam os gentios que aceitarão jesus ou até mesmo, que essas ovelhas
mostram como o povo judeu é um povo perdido.
Mas deixando todas essas interpretações viciadas cristãs de lado, essa
alegação mostra, na verdade, que ele veio atrás das ovelhas perdidas da Casa
de Israel, essas ovelhas as quais ele se refere não são os judeus, não são os
habitantes de Yehudah, mas sim os descendentes perdidos do Reino de Israel,
aquelas pessoas que foram dispersadas, perdidas e que pertenciam às outras
tribos de Israel. Assim como ensinar a Torah, redimir o povo e governar
sobre todas as nações, uma outra obra de Mashiach é justamente ajuntar os
descendentes perdidos de Yaakov, o qual também era chamado de Israel.
Essa atitude por parte de Yehoshua corroborava com a alegação que ele faz
posteriormente de ser o Mashiach.
Um outro rabino faz um comentário sobre essa passagem de Isaías 9, o
qual relaciona a luz com o fim dessa obra que os assírios fizeram, ou seja, o
fim dessa dispersão das ovelhas de Israel:

Após a queda do que fez a Assíria, não haverá ninguém perdido de Israel
que ficará no escuro e então verá a grande luz.
Malbim, Isaias 9:1

HIPÓTESE
Dos últimos anos pra cá, uma forte busca pela Torah por parte do mundo
gentílico tem acontecido. Em diversos lugares do mundo, muitos cristãos
estão deixando de lado os ensinos e dogmas comuns da igreja para buscarem
respostas na Torah divina. A sede pelo conhecimento sobre Adonai cresce no
mundo ocidental de uma forma sem precedentes, muitas pessoas estão
deixando de lado a mentalidade típica cristã e estão se associado aos
mandamentos dados por Deus.
Tal fenômeno, nunca visto antes, tende a crescer cada vez mais conforme
se aproxima a era de Mashiach. Talvez essas pessoas, que largam a religião
para assumir o jugo da Torah, são pessoas que possuem uma fagulha divina
em suas almas, a mesma fagulha que é encontrada nos filhos das tribos de
Israel e talvez sejam essas pessoas os descendentes das ovelhas perdidas da
casa de Israel.
Se fizermos algumas conexões com a obra de Yehoshua, essa hipótese
pode ser plausível, pois ele mesmo declara que veio para ajuntaras ovelhas
perdidas de Israel. Querendo ou não, foi através de sua vida que o
conhecimento sobre o Deus Único e sobre a bíblia chegaram aos gentios, não
foi através de um judeu batendo de porta em porta ensinando a “boa nova”.
Por esse fato, essa declaração que ele faz em relação a sua missão, começou a
se cumprir depois de sua morte e vem se tornando concreta nos dias atuais.
Também acredito que, não é pelo fato do indivíduo pertencer a algum
templo cristão ou vertente do cristianismo que ele seja um descendentes da
Casa de Israel, pois muitos dos que se encontram nessas religiões estão
fortemente presos a elas, às suas teorias, teologias e dogmas. Ao mesmo
tempo que o cristianismo prendeu diversas pessoas, foi através do próprio
cristianismo que Deus manteve essas ovelhas perdidas próximas a Ele e agora
chegou a hora de separá-las de religiões ocidentais e trazê-las de volta para a
verdadeira vontade do Criador.
Dizem que os sinais da vinda do Mashiach serão percebidos ao olharmos
para Israel, talvez, esse Israel não seja o Estado de Israel, mas sim ao Reino
de Israel. Acredito que essa fagulha que existe dentro de muitas pessoas que
mostra que elas são os descendentes dessas tribos perdidas, servirá de sinal
que precederá a vinda de Mashiach. Essa fagulha serve como um radar, pois
esse movimento que tem ocorrido em todo o mundo, onde as pessoas buscam
cada vez mais a Torah ao invés de ensinos de homens, mostra claramente que
Deus está reunindo o seu povo para a era messiânica, talvez seja esse o Israel
para o qual devemos olhar, muitos gentios se aproximando sem motivo
algum a Israel e de uma forma milagrosa, se colocando sob o jugo da Torah.
Sendo assim, a luz relatada por Mateus e profetizado por Isaías, está
chegando agora na vida daqueles que entendem a idolatria praticada pelo
cristianismo, as mentiras que vem sido ensinada por anos pela igreja e
começam a se identificar e a se conectar à única verdade, a Palavra do
Criador.
QUE SEJA EM NOSSOS DIAS!
◆◆◆
SEÇÃO VI
ASHREI

E abriu sua boca e falou com eles dizendo:


Ashrei aquele que tem o espírito humilde, dele é o Reino dos Céus
Ashrei os que esperam, eles descansarão
Ashrei os simples, pois herdarão a terra
Ashrei o de coração e esperanças inocentes, verão a Elohim
Ashrei os que buscam a paz, serão chamados de filhos de Elohim
Ashrei os perseguidos por serem tzadikim, deles é o Reino dos Céus.
Ashrei serão vocês quando forem perseguidos e repreendidos e lhes
disserem muitas coisas ruins por causa da Torah, todas ditas falsamente.
Alegrem-se, sua recompensa será muito grande nos céus, porque
perseguiram aos profetas.
Mateus 5:2-12

e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:


Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de
Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles
é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e,
mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
Mateus 5:2-12 ALMEIDA

As clássicas “bem aventuranças”, vastamente conhecidas e pregadas pelo


mundo cristão, nada mais são do que preceitos antigos dentro da mentalidade
judaica e são datados muito antes da construção do primeiro Templo. Ao
compararmos as traduções, conforme mostradas acima, podemos perceber
fortes discrepâncias, tanto no assunto que é igual em ambas, como também
nas partes da versão do Almeida que não existem no original, nos mostrando
a influência da igreja antiga quanto a manipulação da bíblia.
No original, os versículos 6 e 7 foram escritos de uma forma quase
inelegível, talvez pelo fato do autor usar uma linguagem ou vícios de
linguagens muito peculiares, não sabemos, porém esses versículos não se
encontram na versão original. A minha análise será feita pelo original,
deixando os versículos “extras” de fora, pois são assuntos que não estão de
acordo com a mentalidade judaica.

ASHREI
O que temos como “bem aventurados”, em hebraico, aparece o termo
ASHREI (‫)אשרי‬, o qual é de uso muito comum no meio rabínico até os dias
de hoje. Com certeza Yehoshua não inventou tais jargões, pois ele, além de
usar de uma linguagem que todos conheciam, se prendia essencialmente ao
YVRIT TANAKHI (hebraico bíblico) em seus ensinos.
O Siddur (livro de rezas judaicas) e o livro de Tehilim (Salmos) são
repletos do termo ASHREI para se referirem a alguém que tem um caminhar
que torna esse alguém uma pessoa abençoado. O termo ASHREI não se
refere a alguém que é abençoado por Deus, mas sim ao indivíduo que se torna
bendito pelo próprio caminhar. Ambos os conceitos, apesar de próximos,
tratam de duas coisas totalmente diferentes. Yehoshua, ao começar seu
ensino com esse termo, se refere ao próprio caminhar de seus talmidim.

ASHREI o homem que não anda segundo os conselhos dos ímpios...


Salmos 1:1

A palavra ASHREI também se refere ao nome de uma reza, já bem


conhecida na época de Yehoshua, que é recitada três vezes ao dia e que era
composta de trechos dos Salmos 84, 115, 144 e 145.

BEM AVENTURADOS
1- O primeiro ASHREI se refere a humildade de espírito, o qual é
comumente ensinado como humildade financeira, dando a entender que o
pobre receberá o Reino dos Céus, porém, o humilde que ele se refere aqui é o
humilde de espírito. Isso significa que nosso espírito deve ser livre do
orgulho e da busca de méritos próprios. Devemos ter o entendimento de que
tudo que acontece na vida daquele que realmente busca ao Criador é graças a
Ele e não pelos atributos e méritos próprios. Pode parecer algo simples, mas
para qualquer ser humano, ter o autocontrole do próprio ego, principalmente
quando Deus realiza algo grande através dele, é muito difícil. Não receber a
glória de homens e ter a total ciência disso é verdadeiramente se tornar um
ASHREI. Como dizia o mestre de Yehoshua:

Sejam de espirito humilde perante todos os homens.


Rav Hillel, Pirkei Avot 4:10

O mesmo Yosef que cuidava dos cordeiros do pai é o mesmo Yosef que
estava no Egito e se tornou líder ali, se manteve correto e tzadik, devido a
seu espírito humilde.
Rashi, Êxodo 1:5:1

Além de vermos as palavras de seu rabino Hillel, Yehoshua vai de acordo


com a mentalidade judaica. Rashi, ao comentar o livro de Êxodo, alega que
Yosef se tornou líder e mesmo como um, se manteve humilde da mesma
forma como era quando pastoreava as ovelhas de seu pai.

2- O segundo ASHREI aborda aqueles que “esperam”. Israel tem uma


longa história de “espera”, uma história de perseverança que vemos até os
dias de hoje, esperaram por uma terra, esperaram por um Templo, esperaram
por um rei, esperaram pelo retorno do exílio, esperaram as vitórias sobre seus
inimigos e ainda hoje esperam, esperam pelo fim da diáspora e esperam pelo
governo de Mashiach.
Quando Yehoshua traz essas palavras aos que o ouviam, ele afirma que
tudo isso acabará, o descanso ao qual ele se refere no final de todas as
“esperas” é a redenção do Povo de Israel sob as asas de Mashiach. Ele
confirma que apesar de tudo, todas as esperanças e promessas feitas a Israel
serão cumpridas.
Um dos títulos talmúdicos dado a Mashiach é Menahem, que significa
aquele que traz descanso.

Qual é o seu nome? Alguns dizem que Menachem é o seu nome, como
está escrito: “Porque o que traz o descanso (Menachem) que irá aliviar
minha alma está longe de mim” (Lamentações 1:16).
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 98b

3- O terceiro ASHREI trata dos simples, que na tradução do Almeida


aparece como mansos. Alguns entendem que uma pessoa simples, ou mansa,
deve ser alguém fraco que abaixa a cabeça para qualquer coisa, talvez seja
isso mesmo na mentalidade ocidental, mas de certo, não foi a isso que
Yehoshua estava se referindo.
A palavra em hebraico usada é ANAVIM, plural de ANAV, que
simboliza um poder sob controle. Imaginem um carro esportivo que pode
chegar a 100 km/h em menos de 8 segundos, mas seu motorista, devido as
leis de trânsito, não dirige com velocidade superior a 60 km/h, apesar de ter
um grande poder, esse poder é mantido sob controle. Tal ensinamento se
refere a todos que exerciam algum tipo de autoridade, desde religiosa até
politica e que, apesar de seu cargo dar a oportunidade de exercer excessos, o
controle era vital para que o indivíduo pudesse “herdar a Terra”.
Isso é algo realmente muito raro de ser visto nos dias de hoje, temos o
famoso ditado que diz que para conhecer alguém, basta dar-lhe poder.

Como já vimos, ANAV (simples) é um desses nomes. Então, onde se achar


a grandeza de Hashem, também ali se achará sua humildade através da
palavra ANAV(simples).
Kav HaYashar 66:1

Nessa passagem de um grande sábio judeu, ele afirma que o próprio Deus
é ANAV, ele mantém seu poder sob controle para não destruir tudo, sendo
essa uma das maiores grandezas e misericórdias do Criador, por isso
devemos imitá-Lo e sermos ANAVIM (simples).

4- O quarto ASHREI mostra como vai ficando cada vez mais difícil
seguir a Torah de Yehoshua. Ter um coração puro parece uma tarefa quase
impossível de se conseguir e manter. Temos a tendência de falhar nos
caminhos de Deus e da Torah, mesmo com as melhores das intenções, nossas
ações e pensamentos não chegam nem perto daquilo que necessitamos para
atendermos essa ordenança.
Tal ideia de um coração puro acaba amarrado com outras intenções, pois
para conseguir esse coração, precisamos da ajuda do próprio Deus e para
tanto, devemos nos tornar tzadikim, o qual só é obtido através da observância
de Suas Santas Leis. Ligando um ponto a outro, a vida de acordo com o que
Deus quer é o que possibilitará ao homem de vê-Lo.

David chamou seu coração de impuro, como está escrito: “Crie para
mim um coração puro, o Deus!”; pois o coração é impuro devido a má
inclinação.
Talmud da Babilônia, Tratado Sukkah 52a

Incline meu coração aos Seus testemunhos (à Torah), e me de um


coração puro para que eu possa vê-Lo e Lhe servir de verdade.
Tikkun HaKlali 12

Se o próprio rei David precisou de ajuda de Deus, imagine nós?! Outro


sábio do Tikkun pede um coração puro para poder ver e servir a Deus,
seguindo a mesma mentalidade dos ensinos de Yehoshua. Ele ainda liga a
necessidade desse novo coração puro com a Torah. Impressionante!

5- O quinto ASHREI trata da paz, de Shalom, porém aqui devemos traçar


uma linha entre essas duas palavras (paz e shalom), pois apesar de paz ser a
tradução direta da palavra hebraica Shalom, ambas possuem essências muito
distintas.
Paz, para a mentalidade ocidental, se trata de ausência de conflitos, tantos
externos, quanto internos. Já a palavra Shalom (‫ )שלום‬tem a mesma raiz da
palavra LEHASHLIM (‫)להשלים‬, que significa “completar”.
Para que possamos atingir o Shalom precisamos atingir a completude,
sobre a qual temos:

Seus méritos – Por tanto será descoberto que ele ocupa a si mesmo e
assim terá sua completude (LEHISHLEM - SHALOM) e quando atingi-la, ele
ganhará o benefício de Sua própria mão e receberá sua porção.
Da´at Tevunot 14

Olha só, nos é dito que pela Shalom receberemos nossa porção das mãos
do próprio Deus e Yehoshua nos revela o que seria essa porção, é ser
chamado de filhos de Elohim, o Deus altíssimo. Mas o que seria essa
completude? Como atingi-la?

Misericórdia e verdade se encontram; TZEDEK (tzadikim) e SHALOM


beijam um ao outro.
Salmos 85: 11

Completude para ser chamado de filho de Elohim? Só será atingida


pelos tzadikim! Ou seja, apenas aos que observam a Torah serão completos e
receberão o mérito de serem chamados de filhos de Elohim.

6- O sexto ASHREI trata justamente do que falamos no anterior, dos


tzadikim e sobre o sofrimento que eles podem passar pelo fato de estarem
obedecendo aos preceitos de Hashem.
Tais coisas acontecem tanto do judaísmo quanto no cristianismo, muitos
dos judeus que acabam deixando de lado as leis rabínicas para seguirem
exclusivamente a Torah são mal vistos, principalmente dentro da comunidade
ortodoxa, eles acabam não tendo a fé reconhecida e sofrendo diversas
criticas, perdendo muito do prestigio dentro da comunidade em que esse
indivíduo faz parte.
O mesmo acontece dentro do cristianismo, termos pejorativos como
“judaizante”, “legalista” ou “debaixo de maldição” são extremamente
comuns àqueles que verdadeiramente seguem a Deus através de Sua Torah.
Yehoshua diz que se, caso isso aconteça com aqueles que seguem a Torah,
eles devem se alegrar, pois deles será o Reino dos Céus.
Isso é uma ligação muito profunda que Yehoshua faz entre a Torah e
atingir a vida eterna. Como ele mesmo disse: quem tiver entendimento, que
entenda.

7- O sétimo e último ASHREI se refere àqueles que sofrem falsos


testemunhos por causa da Torah, uma sequência do pensamento do ASHREI
anterior. Mas uma conclusão podemos tirar a respeito, não seria pela Torah
que o povo judeu é tão perseguido? E talvez seja por isso que existam tantos
judeus abençoados verdadeiramente por ai. Interessante, não?!

Yehoshua, em suas bem aventuranças, não pregou nada novo, pregou


Torah, pregou conceitos antigos judaicos, trouxe à tona sua origem farisaica e
expôs de uma forma esclarecedora a importância e o resultado de tais ações.
Esses ensinos não visavam o ouvinte estrangeiro, apenas os da casa de Israel.
Os ASHREI não devem ser interpretados através de uma mentalidade
ocidental cristã para que não hajam enganos.
◆◆◆
SEÇÃO VII
SAL E LUZ

Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: Vocês são sal no mundo, se
o sal perde o sabor, com o que salgará? Não terá utilidade para nada, será
jogado para fora para ser pisado por pés.
Vocês são luz do mundo, uma cidade construída sobre o monte não pode
ser escondida.
Não se acende uma lamparina para colocá-la em um lugar escondido
onde ela não pode iluminar. Mas se deve colocá-la em uma Menorah, para
iluminar a todos na casa.
Portanto, que sua luz brilhe perante todos os homens, para que vejam
suas boas obras, para que a glória e a honra sejam dadas ao vosso Pai, que
está no céu.
Mateus 5:13-16

Yehoshua ensina nesses versículos como seus talmidim devem se


comportar, ele usa dois exemplo extremamente comuns dentro da cultura
judaica e da Torah. Tanto o sal, quanto a luz, desempenham um forte papel
em muitas das esferas da mentalidade rabínica, a qual, foi a base do
entendimento de Yehoshua a respeito desses dois itens.

O SAL
O sal possui diversas facetas. No mundo antigo, ter sal era status de poder
e riqueza, o próprio Talmud faz menção sobre a relação do sal com o mundo:

O mundo não pode existir sem o sal.


Talmud da Babilônia, tratado Soferim 15:8

O sal era uma importante commodity de troca, porém, acima de tudo isso,
o sal possui dois grandes objetivos na Torah. O primeiro é ser um item vital
para inúmeros sacrifícios na época do Templo:

...Isso deve ser uma aliança de sal eterna perante Adonai, para você e
para suas gerações.
Números 18:19b

Um aliança de sal significa que Ele fez uma aliança com Aaron de algo
que é santo e durador, pois o sal mantém as coisa santas duradouras.
Rashi, Números 18:19

Você deve temperar todas suas ofertas de carne com sal; você não deve
omitir de sua oferta de carne o sal da sua aliança com seu Elohim; com
todas suas ofertas, vocês devem ofertar sal.
Levítico 2:13

O governo do Reino de Hashem virá como o sal, o qual dá sabor a todos


os alimentos, pois o sal é como uma aliança.
Ramban, Levítico 2:13

Tanto Rashi quanto Ramban, afirmam aquilo que Yehoshua tinha em


mente, a analogia do sal com santidade. E a santidade, por sua vez, só é
obtida através da obediência. O sal, que mantêm as coisas duradouras, pode
representar a vida eterna e o Reino dos Céus, pois são coisas duradouras.
Até os dias de hoje, antes do kiddush de Shabbat, é costume das
famílias judaicas jogarem um pouco de sal sobre a Challah (pão do Shabbat)
como um memorial da época que existia o Templo.
O segundo objetivo do sal é justamente o seu uso para a remoção do
sangue da carne vermelha. Para que uma carne seja Kasher, ou seja, de
acordo com as normas estabelecidas pela Torah, um dos pontos vitais é que
não haja nela sangue de nenhuma forma, e para tanto, a carne crua era
colocada no sal para que haja uma total absorção de seu sangue, removendo
as “impurezas” da carne.
O termo Kasher não é de uso exclusivo para alimentos, mas se refere a
tudo que está de acordo com as Leis de Deus, por exemplo, uma carta de
divórcio quando de acordo com a Torah, é considerada um carta de divórcio
Kasher. A kasherização é a remoção das impurezas de determinadas coisas,
seja ela o que for, e torná-las nos conformes da Torah, tornando essas coisas
Kasher. Por esse fato, o sal, além de representar a santidade, ele representa a
kasherização, que é “se tornar conforme a Torah”.
Yehoshua ao usar o exemplo do sal, ensina que aqueles que o seguem tem
duas missões, a primeira é remover as impurezas de si mesmo, se
santificando e isso só é possível através do próprio caminhar, um caminhar
segundo as Leis de Deus. A segunda é “kasherizar” o mundo, que significa
tornar o mundo conforme a Torah ao ensinar suas Leis e preceitos aos
homens. Viver e ensinar Torah é a única e verdadeira forma de alguém ser
“sal do mundo”, pois é ela que santifica e é ela que “kasheriza”. Caso o
indivíduo não se encaixe nesse padrão, ele será jogado fora e pisado por pés.

O sal deve ser colocado sobre a carne até que nenhum pedaço de carne
fique sem sal. Tem que ficar salgada o suficiente para que não seja possível
comê-la com essa quantidade de sal (até total remoção das impurezas).
Shulchan Arukh, Yoreh De´ah 69:4

Em todo caso, tanto Beit Shammai quando Beit Hillel concordam que se
tornar o sal requer uma mudança, não pode ser de uma forma ordinária e
regular.
Talmud da Babilônia, Tratado Beitzah 14a

O livro Shulchan Arukh descreve como o sal é importante para


remoção de impurezas e para a kasherização do alimento. Já no Talmud, tanto
Rabbi Shammai, quanto Rabbi Hillel, concordam que se tornar sal (fazendo a
mesma analogia que Yehoshua faz) requer mudança, que de certo é
comportamental. Essa mudança não pode se de maneira ordinária, mas sim de
uma forma profunda e única.

Ele entrou na sala de estudo, e perguntou: é esse item, um item Kasher


ou um item não Kasher? E os sábios responderam: certamente Kasher, pois
um item não Kasher não está ligado aos céus.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 59b

Vemos também que o item Kasher não é necessariamente um


alimento, pode ser qualquer item, ou até mesmo, uma pessoa. Segundo os
sábios, para que o homem seja ligado ao céu, ele deve ser e ter uma vida
Kasher e assim como o sal, que ele possa remover as impurezas desse mundo
através do seu andar.
A LUZ
O segundo exemplo dado por Yehoshua é a luz. Esse termo não é
nenhuma novidade ao entendimento do Povo de Israel. O profeta Isaías já
dizia que seu povo foi escolhido para ser a luz para as nações, espalhando a
salvação do Deus Único.

E Ele disse: és meu servo muito pequeno, portanto eu levantarei as tribos


de Yaakov e restaurarei os sobreviventes de Israel: Eu também lhe farei
como uma luz para as nações, para que minha salvação chegue até o fim da
terra.
Isaías 49:6

O que é muito difícil para o mundo cristão de entender é que a promessa


de ser luz para as nações foi feita para o Povo de Israel, não para a igreja, não
para o gentio. Se o gentio hoje está sendo abençoado pela Palavra de Deus, é
porquê a luz que veio desse povo iluminou sua vida. Para que o indivíduo se
torne luz para as nações, deve ele primeiro se tornar parte de Povo de Israel
(NÃO me refiro a judaísmo) e para tanto, ele deve viver de acordo com
aquilo que define o homem como Povo de Deus, a Torah.
Acredito que esse ensino tenha sido dado em um época de Rosh Chodesh
(festival da lua nova), pois era de costume ascenderem pilhas de fogo em
montes pré determinados no entorno de Israel, para que todos possam saber
que o festival teve início. Quando Yehoshua disse essas palavras na Galileia,
é muito provável que ele tenha apontado a uma cidade nas montanhas
chamada Tsfat, pois era um dos lugares onde essas pilhas de fogo eram
acesas.
Como pode o indivíduo mostrar sua luz, aquela que Yehoshua diz que
tem que brilhar? Ela só pode brilhar através das coisas boas que cada um de
nós pode fazer e que são observadas por outras pessoas. Isso sempre teve um
valor muito forte nos ensinos dele. Nossa crença e nossas ações devem
sempre caminhar juntas. Como pode a pessoa se tornar sal e luz do mundo se
suas ações não são vistas pelas pessoas ao seu redor? Por isso que Tiago
escreveu:

Fé sozinha, sem companhia das obras, é morta


Tiago 2:17

Claro que o termo obras se refere a obediência àquilo que Deus


determinou que obedeçamos e não se refere a puritanismo, como ensinado
por muitas vertentes cristãs. Ninguém verá a Elohim com fé morta, por mais
forte que ela seja, se ela não vier acompanhada de obediência, é morta!
◆◆◆
SEÇÃO VIII
ABOLIÇÃO DA TORAH

Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: não pensem que vim para
violar a Torah, mas para observá-la em sua completude.
De verdade eu digo a vocês que até os céus e a terra (departam), um yud
ou uma nekudah não serão canceladas da Torah ou dos profetas e tudo será
cumprido.
E aquele que deixar de cumprir alguma Mitzvot da Torah, por menor que
seja e ensinar isso a outros, será chamado de HAVEL (fútil) no Reino dos
Céus e quem observar e ensinar Mitzvot da Torah, grande será chamado no
Reino dos Céus.
Mateus 5:17-19

Yehoshua fazia parte de um circulo rabínico, de uma sociedade guiada


por rabinos, de uma realidade de mentalidade rabínica. Em um meio rabínico,
é comum as conversas do dia a dia focarem em discussões sobre
interpretações de Torah, para que assim pudesse haver um melhor
entendimento sobre como aplicá-la na vida diária. Por muitas vezes,
Yehoshua usava de terminologias totalmente tradicionais usadas nesses tipos
de discussões, as quais não são bem compreendidas no mundo cristão
ocidental. Conhecer esses termos trará a verdade por trás daquilo que ele
falava.
Os versículos acima sempre geraram muita confusão no meio cristão, pois
eles, de forma bem direta, vão contra a máxima do cristianismo, que a Torah
foi abolida. Muitos dizem que o jesus cumpriu a lei para que ninguém mais
precisasse cumpri-la, outros dizem que a Torah chegou a sua completude no
Mashiach e então foi substituída por algo chamado “lei de cristo”, mas isso
tudo não passa de desculpas de pessoas que querem induzir outros para longe
da verdade. Ensinar abolição da Torah é comparável a esconder um monte de
sujeira por baixo do tapete, esquecendo que metade dela acaba ficando à
vista, e assim elaboram ideias absurdas para explicar o inexplicável.
A primeira coisa que devemos prestar atenção é a forma como ele
começa a falar que, de cara, já revela seu objetivo. O termo “eu vim”,
halakhti (‫)הלכתי‬, dentro da terminologia bíblica, é usado para definir um
propósito, uma intenção, então, quando Yehoshua começa dizendo que “eu
vim para obervar a Torah”, ele revela que seu objetivo é justamente vivê-la e
que veio para isso.

VIOLAR, CANCELAR E CUMPRIR


Outro ponto que devemos prestar atenção é a forma que ele afirma isso,
um dos termos que aparece no original e que não encontrei em nenhuma
tradução para a língua portuguesa, é o verbo “violar”. O verbo usado em
hebraico é lehafil (‫)להפיל‬, comumente traduzido como violar, porém existe
uma outra terminologia rabínica para esse verbo e que talvez já fosse um
recado para muitas pessoas que fossem estudar suas palavras no futuro. Na
terminologia rabínica, o verbo lehafil é usado para o que em inglês seria to
overthrow, que é “remover forçadamente do poder ou posição de destaque”.
Sendo assim, Yehoshua ao usar o termo “violar”, afirma que de forma
alguma ele veio retirar a Torah da posição que lhe é devida. Ela não foi
substituída pela lei de cristo, nem pela fé per se, nem por absolutamente
nada, e não só, ele ainda afirma que seu objetivo é observá-la por completo.
Yehoshua viveu, pregou e respirou Torah por toda sua vida e ele deixa isso
bem claro em suas palavras.
Yehoshua então afirma que nenhum yud (menor das letras hebraicas) ou
nekudah da Torah serão canceladas. Uma nekudah, ou várias nekudot, são
aqueles pequenos pontos que são colocados por baixo das palavras hebraicas
da Torah, como o hebraico escrito possui vogais ocultas, as nekudot auxiliam
a leitura, mostrando como deve ser pronunciada cada palavra. O verbo que
ele usa para o termo cancelar é levatel (‫)לבטל‬, o significado literal realmente
é cancelar, mas tal termo tem uma conotação especial dentro do linguajar
ortodoxo, quando alguém faz uma interpretação errônea da Torah, dizem que
esse alguém está “cancelando - levatel” a Torah.
A Torah jamais será cancelada, mas tal termo é apenas uma expressão
que se refere a alguma má interpretação de algum mandamento da Lei. Em
outras palavras, Yehoshua afirma que, além da Torah nunca perder sua
validade, a interpretação que ele faz não é uma má interpretação,
“cancelando-a - levatel”, mas sim um entendimento válido. Por fim, ele diz
que tudo será cumprido, o verbo usado nesse caso é lekayem (‫)לקיים‬, seu
significado é justamente cumprir, porém, como o verbo anterior, tem um
significado rabínico, o qual é “preservar”. Podem passar os céus e a terra,
Deus pode um dia acabar com tudo, absolutamente tudo, mas a Torah será
preservada, é isso que Yehoshua afirma.
Esse tipo de afirmação, na forma como Yehoshua expos, é muito comum
dentre ensinos dos rabinos, tantos fariseus, quanto ortodoxos. As palavras
dele são muito próximas a muitas coisas ensinadas pelo Rabi Hillel.

E OS CÉUS E A TERRA ESTAVAM PRONTOS – tudo tem uma medida


(pois tem um fim), céus e terra possuem medidas (tem fim), apenas uma coisa
não tem medidas: o que seria essa coisa? A Torah, sobre a qual está escrita:
sua medida é mais longa do que a terra...
Genesis Rabbah X:I

Nenhuma letra nunca será cancelada da Torah.


Exodus Rabbah VI:I

Podem todas as nações do mundo se unirem para arrancarem uma


palavra sequer da Torah, eles não serão capazes de fazê-lo.
Leviticus Rabbah XIX:II

AS MITZVOT
Por último, Yehoshua faz um paralelo de mitzvot pequenas com mitzvot
grandes, ao citar que quem descumpre um pequeno mandamento e assim o
ensina, será um “nada” no Reino dos Céus.
Bom, tal ideologia provém de diversas literaturas rabínicas, o conceito
que foi usado por ele é justamente aquilo que os rabinos chamam de Mitzvot
Kalot (mandamentos leves) e Mitzvot HaMurot (mandamentos pesados ou
sérios). Para termos um esclarecimento do que são ambas e o que definem
ambas, usarei alguns exemplos:

Quando encontrares pelo caminho um ninho de ave numa árvore, ou no


chão, e a mãe posta sobre a cria, ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com
os filhotes.
Deixará ir livremente a mãe, e os filhotes tomarás para ti; para que tudo
te vá bem e para que seus dias na terra se prolonguem.
Deuteronômio 22: 6-7

Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra
que Adonai, teu Elohim, te dá.
Êxodo 20:12
Aqui temos dois exemplos do que os rabinos classificam como
“mandamento leve” e “mandamento sério”. O mandamento de não remover a
mãe de perto do filhote é considerado um mandamento leve, já honrar pai e
mãe é algo que exige muito mais atenção de todos, pois todo mundo tem pai
e mãe, e muitas pessoas nunca na vida terão a oportunidade de remover
algum filhote de animal de sua mãe, o que torna esse mandamento relativo ou
improvável até certo ponto. O interessante é que ambos tratam de parentela e
de prolongamento de dias na terra.
O problema que pode ocorrer aqui é o desprezo do mandamento leve,
o que é muito comum em todas as comunidades que observam a Torah,
dando mais importância naquilo que chamam de sério. Na verdade, essa
distinção, de sérios e leves, é feita pelos rabinos não para menosprezar os
menores, mas sim para supervalorizar os sérios, exigindo uma atenção
especial a eles.
O que Yehoshua faz aqui é justamente isso, ele está tratando a Torah
como um todo, mostrando que não veio só pelos mandamentos sérios, mas
também pelos leves, os quais, são tão importantes que, Yehoshua usa-os de
base para ensinar como se tornar grande no Reino dos Céus.
Ele traz esse tema a tona, pois muitos daquela época, assim como nos
dias de hoje, acreditavam que a observância deveria ser primeiro nos
mandamentos sérios e assim, acabavam deixando os leves para depois, o que
Yehoshua afirma aqui é que TODOS os mandamentos são sérios, tão sérios
que os leves possuem grandes recompensas. Agora imagine, se os leves
fazem isso, o quão grande deve ser a recompensa quando se observa os
sérios?!
Outra coisa muito curiosa é o termo que Yehoshua usa para chamar
àqueles que fazem os outros tropeçarem, HAVEL.
Havel é o nome de Abel em hebraico, filho de Adam. Havel também
pode ser definido como aquela pequena fumacinha que sai da boca em dias
frios, algo que dura menos de 1 segundo. Outro significado interessante para
havel é a forma que o rei Shlomo usou essa palavra:

Havel Havalim (vaidade das vaidades), diz o Kohelet, Haval Havalim


(vaidade das vaidades), tudo é Havel (vaidade)
Eclesiastes 1:2

O que aprendemos com esses versículos é que Yehoshua, além de não


abolir a Torah, ele afirma que ela é eterna e que, ele irá vivê-la. Então ele faz
um balanço entre os mandamentos nela contidos e alega que, todos, leves e
sérios, devem ser cumpridos e ensinados, sendo a recompensa o próprio
Reino dos Céus e o status que o indivíduo terá dentro dele.
◆◆◆
SEÇÃO IX
LEVES E SÉRIOS

Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim, de verdade eu digo a


vocês, se não forem tzadikim maiores do que os fariseus e os sábios, não
entrarão no Reino dos Céus.
Não ouviram o que foi dito pelos antigos? Não assassinarás, e quem
assassina será culpado com pena de morte.
E eu vos digo que aquele que fica irritado com seu amigo será
julgado pelo tribunal e que chamar seu irmão de inferior será julgado
pelo Kohel e aqueles que o chamarem de tolo será julgado pelo fogo do
Gehinam.
E ao aproximar-se próximo ao altar, se lembrar que tem contigo
uma disputa com seu amigo e ele estiver se queixando com você sobre
isso.
Deixe sua oferenda ali, perante o altar, e vá agradá-lo antes. Depois
então ofereça sua oferenda.
Então disse Yeshua aos seus talmidim: vejam, se apressem a
acalmarem seus inimigos que andam juntos a seus caminhos, antes que
eles te entreguem ao juiz e este juiz lhe entregue ao servo que lhe
colocará na prisão.
De verdade eu digo a vocês, não sairão de lá até pagar todo o
dinheiro devido.
Ainda disse a eles: ouviram o que foi dito pelos antigos, não
adulterarás
E eu vos digo que todo que olhar para mulher e desejá-la, já
adultera com ela no coração.
E se sua direita te seduz, pegue-a e jogue-a fora de perante de ti.
E também se sua mão te seduz, corte-a. Melhor para ti perder um
membro do que todo seu corpo no Gehinam.
Ainda disse Yeshua aos seus talmidim: ouviram o que foi dito pelos
antigos, todo aquele que deixar sua mulher e enviá-la (embora), dará a
ela uma carta de divórcio (Get Kritot), que em língua estrangeira é
Libeila Repudio.
E eu digo a vocês que todos que deixarem suas mulheres, dê a elas
Get Kritot. Mas se for por causa de adultério, ela se torna adúltera e se
torna adúltero aquele que toma essa mulher para si.
Mateus 5:20-32

Nos próximos versículos, Yehoshua, para expor sua interpretação da


Torah, usa de uma didática bem comum no meio rabínico, porém de uma
maneira inversa. Continuando aquilo que ele estava ensinando sobre os
mandamentos leves e os mandamentos sérios, ele cita um mandamento sério
e logo em seguida, expõe um mandamento leve e então põe os dois em
paralelo, no mesmo nível.
Infelizmente muitos entenderam que, quando ele dizia “porém eu vos
digo” é a prova de que Yehoshua abolia a Torah e implantava novas leis em
seu lugar, sendo um tipo de forma para mostrar a substituição daquilo que a
Torah diz. Tal entendimento não pode ser mais errôneo, Yehoshua, ao dizer o
“porém eu vos digo”, ao invés de abolir a Torah, ele compara a seriedade de
um mandamento leve com a seriedade de um mandamento sério, elevando a
dificuldade de seguir a Deus e isso nada tem a ver com abolição ou
substituição de nada da Torah, como muitos acreditam.

ASSASSINAR
O ensino da Torah de Yehoshua é muito mais difícil de se atingir do
que a própria Lei escrita, em outras palavras, para aqueles que alegam que
seguir a Torah é difícil, seguir a forma como ela foi exposta por ele é muito
mais árduo do que apenas seguir a forma literal do que está escrito. Vejamos:

Não assassinarás...
Êxodos 20:13a

Ele cita um mandamento básico da Torah, o qual tem um alto grau de


seriedade, porém fácil de seguir, e em seguida o compara com o ódio ao
próximo, o qual, segundo algumas pessoas, é um mandamento leve. Então ele
compara o leve com o sério, colocando aquele que é aparentemente menor
em um nível acima de um mandamento sério. Tal ideia de que o assassinato
não é só algo apenas físico, que abrange o lado psicológico também e que
começa através de um sentimento interno do indivíduo, não é novidade nos
ensinos rabínicos.
Apesar de muitos teólogos acreditarem que Yehoshua substitui a
Torah com novas regras, como nesse caso, com a proibição do assassinato
através da proibição do ódio, se esquecem que ambas estão na Torah, o que
ele faz é colocar ambos os mandamentos lado a lado.

Você não deve se vingar ou ter ódio contra seu irmão, ame a seu próximo
como a si mesmo. Eu sou Adonai.
Levítico 19:18

O sentimento de ódio contra o próximo ter um peso como o


assassinato já era abordado por outros sábios:

Não assassinarás: com sua mão; ou com sua língua, testemunhar


falsamente já comete assassinato; ou se for um fofoqueiro; ou se der um mal
conselho; ou se descobrir um segredo que pode salvar a alguém e não o
compartilha, você é como um assassino.
Ibn Ezra, Êxodos 20:13

Vemos aqui no comentário do Rabino Ibn Ezra que um sentimento ruim


ou uma atitude ruim, a qual é vista por muitos como algo “normal”, “leve”,
na verdade é tão serio quanto assassinar.
Outro ponto que devemos prestar atenção é que, quando houver um
pecado que se refere ao relacionamento “homem X homem”, o simples
sentimento de perdão não resolve a situação, a menos que o caso seja
resolvido entre os dois. Esse é um tipo de pecado que exige uma ação de
correção.
Existe uma estória de um determinado prefeito judeu em uma cidade da
Ucrânia no século 16, conta a estória que ele roubou muito durante a sua
administração, passados alguns anos que deixou o cargo, ele se arrependeu
daquilo que fez e foi procurar seu rabino para saber o que fazer. O rabino lhe
explicou que nesse caso, apenas o sentimento de arrependimento não era
suficiente e que deveria fazer algo para se retratar perante a população
daquela cidade. Esse prefeito então resolve construir uma ponte que a cidade
tanto precisava com o dinheiro do próprio bolso, refazendo assim o erro que
havia cometido. Só então seu jejum de Yom Kipur seria aceito como
sacrifício de perdão perante Deus.
Outra estória trata de dois judeus sócios em uma tecelagem, um deles
desvia um grande montante de dinheiro e a sociedade é desfeita, anos mais
tarde, esse que roubou se arrepende e para obter o perdão perante o Criador,
procura seu antigo sócio para refazer o erro. Infelizmente ele descobre que
seu colega havia morrido e resolve devolver o montante para seus filhos.
O que vemos aqui é um ensino profundo da Torah, a qual fala que quando
um homem pecar contra outro homem, é necessário mais do que um pedido
de perdão, e sim, uma atitude que, de alguma forma, repare o dano causado.
Esses são os tipos de pecados que devemos estar mais atento para que não os
cometamos.
O mesmo ocorre com os mandamentos leves, pois são com eles que
devemos ter mais cuidado, são justamente eles que nos levam a quebra dos
mandamentos sérios. Vejamos mais afundo isso:

Aquele que viola um mandamento leve, irá inevitavelmente violar um


pesado; aquele que viola “ame seu irmão como a ti mesmo (Levítico
19:18)”, irá certamente violar “Você não deve odiar seu irmão em seu
coração (Levítico 19:17)” e “Não se vingarás nem carregará ódio (Levítico
25:35)” e também “Ele morará contigo (Levítico 25:35)”, e no fim, ele
acabará derramando sangue.
Sifrei Devarim, Shoftim 187

Resumindo, Yehoshua alega que o assassinato começa com um


sentimento de ódio, caso esse sentimento não exista, a possibilidade de
alguém tirar a vida do próximo por motivos torpes diminui muito. Para tanto,
ele compara o ódio ao assassinato, pois se uma coisa leva a outra, deve-se
então cortar o mal pela raiz. Tal pensamento de uma transgressão a um
mandamento leve ser a porta para uma transgressão de uma mandamento
sério é um senso comum entre os sábios.

Aquele que publicamente escarnece seu próximo age como se derramasse


seu sangue.
Midrash Bava Metzia 58b

O verbo usado pela Torah no mandamento “não assassinarás” é


tachmod (‫)תחמד‬, que não significa simplesmente tirar uma vida, pois se esse
fosse o caso, teríamos uma forte contradição com outros mandamentos que
são passíveis de morte ou quando Deus manda seu povo a guerra. Tachmod
(‫ )תחמד‬implica tirar uma vida por motivos torpes. Caso o indivíduo esteja
correndo risco de vida, ou se sua família corre risco de vida, a pessoa tem o
direito de proteção, nem que seja ao custo da vida do agressor. A proibição se
refere a matar alguém no papel de agressor.

ADULTÉRIO
Temos o mesmo caso aqui, primeiro ele cita um mandamento sério sobre
não adulterar, então o compara a algo comum entre muitos homens, que é
olhar para mulheres alheias e desejá-las. Isso é algo tão rotineiro para muitas
pessoas que passa totalmente desapercebido, o que acaba tornando tal ato um
mandamento supostamente leve, por ser algo corriqueiro. Porém Yehoshua
compara esse mandamento leve como sendo mais sério do que o ato proibido,
elevando a obediência a um nível muito acima do que o sentido literal do
mandamento, que seria simplesmente se deitar com uma pessoa casada.

Imoralidade sexual existe em muitos níveis, desde um olhar que deseja


até a relação ilícita com uma virgem ou uma viúva.
Rabbi Saadia Gaon, Deuteronômio 23

Rabbi Gaon segue a mesma opinião que Yehoshua em seu comentário


sobre as imoralidades em Deuteronômio 23, assim como outros rabinos do
Midrash:

“cometer adultério” (‫ )תנאף‬consiste em quatro letras, para que nos


lembre que pode ser com a mão, com o pé, com o olho ou com o coração.
Midrash HaGadol, Êxodo 20:13

O mandamento que poderíamos considerar leve nesse caso é o do desejo


através do olhar. Por ser do coração e muito pessoal, é algo que deve ser visto
de uma forma mais séria, pois por muitas vezes ele não é demonstrado,
podendo permanecer por anos escondido dentro do indivíduo sem que
ninguém saiba, talvez nem ele mesmo se dê conta disso. Yehoshua focava
seus ensinos sobre os mandamentos que abordavam mais do que simples
atitudes, abordavam atitudes internas, mostrando assim que para seguir
Torah, ela deve começar dentro de cada um.

Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu


próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do seu próximo.
Êxodo 20:17
Não adulterarás.
Êxodo 20:14

Eis ambos os mandamentos que Yehoshua coloca na balança. Aquele que


cobiça, perante Deus, comete o mesmo pecado se tivesse cometido adultério.
O judaísmo farisaico seguia essa mesma linha de pensamento, traçando o
mesmo paralelo:

Aquele que olha com cobiça para o pequeno dedo de uma mulher casada
age como se já tivesse cometido adultério com ela.
Kalah 1

Não é somente o que peca com seu corpo que é chamado de adúltero,
mas aquele que peca com seu olho também é assim chamado.
Levitico Rabbah, XXIII:XII

DIVÓRCIO
O casamento sempre foi algo muito importante dentro do judaísmo, os
rabinos sempre deram muitas orientações em como manter um
relacionamento abençoado. O plano perfeito de Deus é que o homem e a
mulher apreciem o casamento até que a morte os separe. Pelo fato do
casamente ser algo firmado entre dois indivíduos de natureza caída e a
separação uma realidade, a Torah tomou algumas provisões para casos
limitados de divórcios. Se caso isso ocorra, o homem é obrigado a dar a sua
mulher um certificado de divórcio, chamado get pelo rabinos, já na Torah
aparece como sefer kritot, que significa literalmente “livro de rompimento”.
Quando o divórcio ocorre dentro do judaísmo, o mesmo tem que ser julgado
por um grupo de rabinos, os quais, por muitas vezes, demoram meses até
saírem com alguma decisão a respeito, isso devido ao fato de acreditarem que
com a demora, possa haver alguma possibilidade do casal mudar de ideia.

Rabbi Eliezer diz: Em relação a qualquer um que se divorcia de sua


primeira mulher, até o altar derrama lágrimas por ele...
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 22a

O problema maior que temos aqui é uma falsa contradição entre


Yehoshua e a Torah, pois muito acreditam que a Torah permitia o divórcio e
Yehoshua mudou isso, proibindo-o, exceto em caso de adultério. Isso devido
principalmente pelo que ocorre em Mateus 19:

E chegaram os fariseus a ele, para testa-lo. E perguntaram-no


dizendo: é permitido deixar sua mulher por qualquer motivo e dá-la
carta de divórcio? (LEAH GET)
E lhes respondeu: não leram que foram feitos nos tempos antigo
macho e fêmea?
E disse: por tanto deixa o homem a seu pai e a sua mãe e se junta a
sua mulher e serão uma só carne.
Por isso, eles não são dois, pois são uma só carne. E o que junta o
Criador, homem não consegue romper.
E lhe disseram: sendo assim, porque comandou Moshe dar a carta
(GET KRITOT) e mandá-la embora?
E disse a eles: Moshe, devido a obstinação de vossos corações,
disse-lhes para deixar suas esposas. Mas na eternidade não é assim.
Eu digo a vocês que todo aquele que deixa sua mulher e toma outra
senão por causa de adultério, comete adultério. E aquele que toma a
mulher divorciada, comete adultério.
Mateus 19:3-9

Alguns fariseus se aproximaram de Yehoshua sustentando que o divórcio


era autorizado pela Torah, o que é verdade, como se segue:

Um homem toma um mulher e a possui. Se ela falhar em lhe agradar


porque ele encontrou nela alguma imoralidade, e ele escreve a ela uma carta
de divórcio, dê a ela e a mande embora de sua casa.
Deuteronômio 24:1

Yehoshua não cria novas regras, mas ele explica, através da Torah, o
divórcio que a Torah permite. Primeiro ele afirma que no começo foi criado
homem e mulher e que ambos seriam uma só carne, ou seja, não existia o
caso de separação. Depois explica que Moisés permitiu o divórcio por causa
da teimosia do povo devido a natureza caída, mas Moisés deixa claro que isso
só é permitido se a mulher fizer alguma coisa ofensiva, que segundo
Yehoshua e Beit Shammai, seria alguma imoralidade. Por último, ele
apresenta justamente essa interpretação, que Moisés apenas permitiu em caso
de adultério. Sua interpretação é totalmente pautada na Torah e casa bem com
interpretações de outros sábios.
OS RABINOS E O DIVÓRCIO
O get é um documento tão importante que existe todo um tratado no
Talmud, Tratado Gittin, focado apenas nesse assunto. Muitos outros tratados
também mencionam coisas a respeito do divórcio, fora os diversos
comentários rabínicos de diversas fontes.
O interessante é como existem divergências em relação aos motivos que
podem levar ao divórcio. Vamos analisar as propostas feitas pelos líderes das
três maiores escolas farisaicas da época de Yehoshua, Beit Hillel, Beit
Shammai e Beit Akiva. Com isso poderemos ver o que era ensinado na época
e como o ele via essas ideias:

E Beit Hillel diz: ele pode se divorciar dela mesmo se houver um pequeno
problema, por exemplo, caso ela queime a comida dele ou a salgue em
demasiado.
Talmud da Babilônia, tratado Gittin, 90a

Rabbi Akiva diz: ele pode se divorciar dela mesmo se achar outra mulher
mais bonita do que ela.
Mishnah Gittin 9:10

Beit Shammai diz: nenhum homem deve se divorciar de sua mulher, a


menos que ele encontre nela um comportamento imoral como escrito em
deuteronômio 24.
Mishnah Gittin 9:10

Beit Hillel e Beit Akiva dão suporte ao divórcio pelos motivos mais
banais, um afirma que pelo simples fato de queimar a comida já é motivo
para o divórcio, Akiva alega que encontrar uma mulher mais bonita já basta.
O interessante é que Yehoshua é rabino da escola de Beit Hillel e,
acredito ser essa a única vez que ele discorda de seu mestre. Nesse momento
vemos uma rara situação onde Yehoshua concorda com alguma interpretação
de Shammai, suas maiores discussões com os fariseus de sua época eram
justamente com aqueles provenientes de Beit Shammai, pois ambas escolas
possuíam diversas divergências, que em alguns casos, geravam atitudes
violentas entre os alunos de ambas as escolas. Fico imaginando uma aula de
Hillel, com Yehoshua na classe, sobre esse assunto, as discussões acaloradas
entre ambos.
Tanto Shammai, quanto Yehoshua, acreditam que o único motivo para o
divórcio é a atitude imoral, aquela concernente ao adultério, para ambos, esse
é o único motivo plausível para que uma carta de divórcio seja entregue. E
não para por aí, além da mulher se tornar adúltera, aquela que a toma,
também se torna adúltero.
Resumindo, o que Yehoshua ensina aqui é justamente contra esses
costumes de usarem motivos pobres para o divórcio, por isso ele começa o
ensino com “ouviram o que foi dito..” e não com “viram o que foi escrito...”,
pois o que foi dito se refere as tradições e a Torah Oral, enquanto o que foi
escrito se refere apenas a Torah de Moisés. Ele vai contra o que diziam a
maioria dos rabinos da época, se alinhando com Rabbi Shammai e sempre
usando a Torah como a base de tudo que fala.

A segunda parte do que Yehoshua ensina aborda a pessoa que se casa


com alguém que se divorciou por outros motivos que não o adultério, se esse
for o caso, segundo Yehoshua, ambos se tornam adúlteros mesmo que o
relacionamento não se deu enquanto a pessoa ainda estava casada. Yehoshua
eleva a Torah a um nível mais alto, pois hoje em dia é comum vermos
pessoas divorciadas. O que ele diz é que, quem se envolver com essas
pessoas, se tornarão adúlteros. Aquele que se divorcia sem ter sofrido
adultério quebra um o mandamento e faz com o que o ex-conjuge também
quebre.
Outras escolas possuem outras visões em relação a isso, como no caso de
Rabbi Gamliel. A mentalidade dele é exposta por um de seus mais
conhecidos alunos, Paulo de Tarsos:

Mas se separar daquele que não crê, que se separe. Pois tanto o homem,
quanto a mulher, não ficarão embaixo do erro. Deus nos chamou para
vivermos em paz.
1 Coríntios 7:15

Segundo Paulo e Gamliel, se caso um dos dois resolver entrar nos


caminhos da Torah e o outro não, então o divórcio é válido e torna a pessoa
livre como no caso de adultério.
Para fechar esse ensino, repare no versículo 20, onde ele afirma que
para herdarmos o Reino dos Céus devemos ser mais tzadikim do que os
sábios e fariseus, os quais dedicam suas vidas nos caminhos da Torah,
observe o grau de dificuldade que é o ensino de Yehoshua, será que estamos
aptos?

Rabbi Yehuda HaNasi disse: qual é o caminho reto que a pessoa deve
escolher para si mesma? O caminho que seja digno para essa pessoa. Porém
seja cuidadoso com o mandamento leve assim como com o mandamento
sério, pois você não sabe a recompensa que será dada pela observância
desses mandamentos. Também, veja o peso de perder uma benção pela não
observância de um mandamento. Pese também a perda que uma transgressão
pode trazer. Mantenha seus olhos em três coisas e você não pecará, sabendo
o que está sobre você: um olho que vê, um ouvido que ouve e o livro onde
todos seus atos serão escritos.
Pirkei Avot 2:1
◆◆◆
SEÇÃO X
AMOR

Ainda disse Yeshua aos seus talmidim: ouviram o que foi dito pelos
antigos, e amarás aos que te amam e odiarás aos que te odeiam.
E eu digo a vocês: amarás seus inimigos e farás o bem para aqueles
que te odeiam e te enfurecem, orarás por aqueles que te perseguem e te
oprimem.
Para que sejam filhos de vosso Pai no céu que faz o sol brilhar
sobre os bons e os ruins e traz a chuva aos maus e aos tzadikim.
Se amarem os que te amam, qual o ganho para vocês? Até esses
impudentes amam os que os amam.
Mateus 5:43-46

Já presenciei inúmeras pessoas alegando que a Torah apregoava amor ao


próximo e ódio aos inimigos e que jesus veio e acabou com isso, pois ele era
só amor. Ainda bem que é ai que se enganam, pois a Torah nunca pregou
amor apenas ao próximo, muito pelo contrário, o amor por ela ordenado deve
abranger a todos, amigos e inimigos.
Devemos sempre prestar muita atenção na forma como Yehoshua começa
seus ensinos e, nesse caso, começa com “ouviram o que foi dito...” se
referindo não a Torah, mas sim ao que era ensinado por homens.

Você não deve odiar o seu próximo em seu coração. Reprove a seu
próximo mas não ponha culpa sobre ele.
Você não deve se vingar ou ter ódio contra seu irmão, ame a seu próximo
como a si mesmo. Eu sou Adonai.
Levítico 19:17-18

E ao estrangeiro que residir no seu meio como um cidadão, você deverá


amá-lo como a si mesmo, pois foste estrangeiro na terra do Egito. Eu sou
Adonai, seu Elohim.
Levítico 19:34

Isso comprova que Yehoshua se manteve fiel a Torah, sem adicionar nem
remover nada. A instrução dele sobre o amor se assemelha muito com a de
seu mestre e instrutor, Rabbi Hillel, que ensinava amor a todos, seja quem
for:

Hillel diz: procurai ser como os discípulos de Aharon, amai a paz,


procurai a paz, amai todas as pessoas e aproximai-as da Torah.
Pirkei Avot 1:12

Fica claro aqui que Yehoshua debatia os ensinos de alguns indivíduos,


os quais, afastavam o povo da Torah. De certo tais ensinos não vieram dos
fariseus verdadeiramente tzadikim, mas vieram daqueles com aparência de
tzadikim, mas por dentro são podres e esse tipo de comportamento pode levar
aos que os seguem ao abismo, pois a Torah sempre começa de dentro.

Shmuel o jovem diz: quando seu inimigo cair, não se alegre, e quando ele
sucumbir, não celebre. Pois Deus verá isso e será mal a Seus olhos e ele
removerá Sua fúria de sobre seu inimigo.
Pirkei Avot 4:19

Como visto acima, deixe que Deus cuide dos inimigos e não se alegre por
isso, jamais.

CONCLUSÃO
O sermão da montanha nada mais é do que ensinos da Torah, ensinos
rabínicos sobre a observância de mandamentos. A base desses ensinos foi de
comparações de mandamentos leves com sérios e a ideia de que o
mandamento deve ser cumprido primeiramente no coração para que então
seja cumprido no exterior.
Isso faz total sentido naquilo que Yehoshua, Paulo e os apóstolos
ensinavam, para que a obra seja válida, deve também haver fé, que nada mais
é do que seguir a Torah de coração.
Yehoshua alega que veio trazer o Espírito Santo e portanto, esses ensinos
são o que realmente prova isso, pois a verdadeira função do Espirito de Deus
é que a Torah comece pelo coração:

E colocarei Meu espírito dentro de vós e isso farás com que sigas minha
Torah fielmente e observes meus estatutos.
Ezequiel 36:27
◆◆◆
SEÇÃO XI
O ERRO DE SALOMÃO

De verdade eu digo a vocês que até os céus e a terra (departam), um


YUD ou uma nekudah não serão canceladas da Torah ou dos profetas e tudo
será cumprido.
Mateus 5:18

Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um
jota ou um til jamais passará da lei, até que tudo seja cumprido.
Mateus 5:18 ALMEIDA

Essa afirmação de Yehoshua é bem clara e direta, porém muito má


interpretada por cristãos e judeus que estudam o novo testamento. Do lado
cristão, o entendimento é que essa frase é válida até que tudo seja cumprido e
como jesus "cumpriu" a Torah, significa que ela chegou a seu fim, pois seria
ATÉ que alguém cumprisse tudo. Esse erro de interpretação é devido a má
tradução nas línguas ocidentais, a qual afirma “até que tudo seja cumprido”
enquanto no original a palavra “até” não aparece. Pode parecer pouco, mas
muda tudo.
Já no caso dos estudiosos judeus, eles entendem essa afirmação como
algo bom, mas posteriormente caem no mesmo erro de interpretação que
muitos cristãos caem, quando jesus dá a entender que ele troca as Leis da
Torah por leis que ele aparentemente cria, o que não é verdade.
O que me chamou mais a atenção nesse versículo foram alguns pequenos
detalhes na forma como Yehoshua faz essa afirmação, ele usa duas palavras
para afirmar que absolutamente nada da Torah deixará de ser válido, são eles
a nekudah, que são aqueles pequenos pontos colocados embaixo das letras
hebraicas para ajudar na leitura e a letra hebraica YUD (‫)י‬, que é a menor
letra de todas.
Dentro da literatura rabínica, a letra YUD (‫ )י‬possui diversas referências,
sempre de uma forma muito mística; Os rabinos a usam para fazer analogia
às suas parábolas e contos. Existe um muito interessante que conta como essa
letra muito pequena causou a desgraça da vida do rei Salomão. Tal história já
era bem conhecida no primeiro século e sempre serviu de lição para muitos.
Talvez fosse ela que estivesse na cabeça de Yehoshua no momento em que
ele faz essa afirmação.

O YUD E O REI
Bastava a Yehoshua dizer que a Torah nunca seria anulada, mas ao invés
disso, ele usa dois termos para explicar onde quer chegar. Como nada é por
acaso, o uso dessas palavras serve para revelar algo nas entrelinhas.
Existe um mandamento da Torah que exige que todo rei de Israel escreva
para si uma cópia dos rolos da Lei. Segundo o rabino Rashi, deveriam ser
duas cópias, uma grande para ficar junto a seu trono e uma pequena, para que
o rei possa carregá-la em seu bolso aonde quer que vá.

Quando ele estiver sentado em seu trono, ele deverá ter uma cópia
escrita por ele em rolos perante os sacerdotes levíticos.
Deuteronômios 17:18

Então, todos que viravam reis, deveriam sentar e escrever de próprio


punho toda a Torah perante os sacerdotes, e manter esses rolos sempre junto
ao seu trono, para que lhe ajudem na hora de tomar decisões. Também mostra
como rei algum jamais estará acima das Leis de Deus.
Todos sabem que o rei Salomão foi um rei de muitas mulheres (mais de
setecentas esposas, segundo a bíblia) e fico imaginando o dia em que
Salomão fez sua cópia, mais precisamente quando ele escreveu o versículo
anterior do mencionado acima:

Ele (rei) não deverá multiplicar para si muitas mulheres, pois isso irá
desviar seu coração, nem deve ajuntar prata e ouro em excesso.
Deuteronômio 17:17

É interessante imaginarmos o que aconteceu com Salomão nesse


momento. Será mesmo que o homem mais sábio de toda história da
humanidade esqueceu o que ele mesmo escreveu, ou aconteceu alguma coisa
que não estamos vendo? Um midrash conta um pouco sobre esse dia:

Quando Deus deu a Torah a Israel, Ele deu mandamentos positivos e


negativos e também mandamentos a um rei, dizendo: o rei não deve
multiplicar riquezas para si, não deve multiplicar mulheres para si ou seu
coração se desviará.
Porém Salomão se levantou e foi estudar esse mandamento, dizendo: por
que Deus disse para não multiplicar mulheres? Seria apenas para não
desviar meu coração? Bom, pela minha sabedoria multiplicarei mulheres
para mim e não desviarei meu coração”.
Shemot Rabbah 6

Segundo esse midrash, Salomão desafia a Deus colocando suas


capacidades acima dos mandamentos da Torah, e é claro que isso não iria dar
certo. Mas precisamos olhar ainda para duas outras coisas, o que aconteceu
com Salomão e o que ele fez para “contornar” essa Lei.

O rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, fora a filha do Faraó,


foram moabitas, amonitas, edomitas, fenícias e hititas.
Das nações as quais Adonai disse aos israelitas: “nenhum de vocês deve
se juntar a elas e nenhuma delas deve se juntar a vocês, pois desviarão
vossos corações para seguir seus deuses”.
Ele teve setecentas esposas e trezentas concubinas, e suas esposas
desviaram seu coração.
Em sua velhice, suas esposas desviaram o coração de Salomão aos seus
deuses, e ele não estava mais voltado de todo coração a Adonai, seu Elohim,
como seu pai David era.
I Reis 11:1-4

Pelo que podemos ver aqui, o plano de Salomão não deu certo, sua
vontade de desafiar a Deus e colocar sua sabedoria e entendimento sobre os
mandamentos o levou a idolatria e ao paganismo, que são duas coisas
extremamente abomináveis a Deus. O que aconteceu foi muito sério, tanto a
atitude de Salomão quanto o resultado. É impressionante como até o homem
mais sábio e mais rico de toda a história não é absolutamente nada perante
um pequeno mandamento da Torah. Um rabino faz um comentário bem
marcante sobre esses versículos:

Melhor teria sido para Salomão ter passado sua vida limpando esgotos
do que um versículo como esse escrito a seu respeito.
Rabbi Bar Yochai, I Reis 11:4

Não sabemos se Salomão se arrependeu ou não, mas a desgraça que caiu


sobre sua vida é algo inaceitável pelas Escrituras. Salomão não tinha a
intenção de desviar seu coração e servir a falsos deuses, isso é certo; A
intenção dele era de obedecer os mandamentos até o fim. O problema é que
ele quis fazer de sua própria maneira, algo como “os fins justificando os
meios”. Ele tinha a intenção de atingir o alvo, mas da forma como ele achou
melhor ao invés de seguir a forma como Adonai estipulou.
Agora precisamos olhar para a forma pela qual Salomão fez isso e com
isso teremos nossa ligação com as palavras de Yehoshua.
Dizem os sábios que aqueles que leram a Torah escrita por Salomão
encontraram um minúsculo erro, não sabem se esse erro foi proposital ou foi
por falta de atenção. Vou colocar a versão correta conforme a Torah e a
versão que encontraram na Torah de Salomão para compararmos:

‫ ְו א ָיסוּר ְלָבבוֹ‬,‫ ְו א ַי ְרֶבּה לּוֹ ָנִשׁים‬.


Ele não deverá ajuntar para si muitas mulheres, pois isso irá desviar seu
coração...
Deuteronômio 17:17a

‫ א יסוּר ְלָבבוֹ‬,‫לּוֹ ָנִשׁים‬-‫א ְרבה‬.


Ajuntarei mulheres para mim e não desviará meu coração...
Deuteronômio de Salomão 17:17a

Interessante que a passagem que ele erra é justamente aquela que trata
sobre o erro que ele viria a cometer no futuro. Se repararmos bem, a falha
aparece justamente no verbo “multiplicar” (‫ – )ירבה‬YARBEH. Ao invés de
Salomão ter escrito corretamente com a letra inicial YUD(‫)י‬, ele inicia a
palavra com a letra ALEF (‫)א‬, escrevendo ARBEH (‫)ארבה‬. Essa troca
conjuga o verbo multiplicar no futuro da primeira pessoa do singular –
multiplicarei.
Salomão remove a menor letra da Torah, o YUD e coloca outra em seu
lugar, causando um confusão sem igual, a qual acaba em uma das piores
transgressões perante o Criador. De uma forma mística, um rabino cabalista
nos conta o que aconteceu nesse momento:

Chazal disse: quando o rei Salomão casou com a filha do Faraó,


transgredindo Dt17:17 por remover um YUD da Torah, esse YUD subiu
perante o Senhor Abençoado e lhe disse: algo que é parcialmente anulado é
anulado por inteiro, se Salomão está me anulando, quem irá me cumprir?
O Santo, abençoado Seja, lhe respondeu: Salomão, assim como milhões
como ele, será anulado, mas nem um YUD da minha Torah será jamais
anulado.
Talmud de Jerusalém, Tratado Sanhedrin 2:6

Neste momento o YUD se apresenta perante Adonai e diz: Rei do


universo, você não disse que nunca a menor letra sairia da Torah? Agora
veja, Salomão se levantou e me aboliu, será que ele não abolirá toda a Torah
amanhã?
E Adonai responde: Abolirei Salomão e todos como ele que anularem um
único YUD da Torah.
Shemot Rabbah 6
É incrível o que está acontecendo. Segundo os sábios, Salomão
comete um erro ao escrever a Torah, trocando a letra YUD pela letra ALEF
em Deuteronômio 17:17, e assim muda completamente tudo. Por essa
mudança, Salomão, em toda sua sabedoria, paga um preço: cai em idolatria.
Essa foi a forma que Deus usou para aboli-lo ao ter alterado uma letrinha bem
pequenina na Torah.
Isso é confirmado pelas palavras do próprio Salomão anos mais tarde, ele
se dá conta do que fez e onde foi que ele errou:

Pois como ficará o homem que tentar suceder aquele (DEUS) que está
imperando através daquilo (TORAH) construído tempos atrás? Passei da
contemplação da sabedoria para loucura e tolices.
Eclesiastes 2:12

Salomão, no fim de sua vida, reconhece a besteira que fez. Ele afirma que
aquele que tenta "ajudar" a Deus através de uma forma diferente daquela que
Ele determinou, ou seja, a Torah, irá cair nos mesmos erros que ele caiu
edeixará de ser uma pessoa sábia para se tornar louca e tola.
Isso é muito complicado e sério. Hoje em dia é comum pensamentos
do tipo “fazer o que sentir no coração” ou “o importante é que amo a Deus”,
essas ideias não passam de justificativas para se fazer a vontade do próprio
“eu” de cada um, da mesma forma como Salomão fez. A bíblia é clara em
afirmar que o coração é enganoso e o amor a Deus é da forma como Ele
determinou. Essas crenças podem levar as pessoas que as seguem ao mesmo
destino que Salomão – à idolatria.
Vemos muitos rabinos colocando suas leis acima das Leis da Torah,
padres criando novas leis como se fossem divinas, pastores anulando a Torah
por completo, líderes guiando milhões através de ideologias baratas criadas
por eles mesmos. São todos idólatras, todos! Assim como anulam ou
modificam a palavra de Deus, serão anulados por HaKadosh, Barukh Hu.

Yehoshua não só afirma que veio cumprir a Torah, mas também deixa
um recado implícito: ai daquele que remover ou alterar um YUD sequer na
Torah, pode ser a pessoa mais sábia, rica e poderosa do mundo, que assim
como ela anula a palavra de Deus, ela será anulada por Deus, melhor limpar
esgotos do que isso.

Você não deverá adicionar nada naquilo que lhe ordeno, nem remover
nada. Mas observe os mandamentos de Adonai, seu Elohim, que eu coloco
sobre você.
Deuteronômio 4:2
◆◆◆
SEÇÃO XII
JURAMENTO

Ainda ouviram o que foi dito pelos antigos: Não jure em meu nome
falsamente pois deverá responder a Adonai suas promessas.
E eu digo a vocês: Não jure em vão por nada, nem pelo céu que é o
trono de Elohim.
E não pela terra que é o piso para Seus pés, não pela cidade dos
céus (Yerushalaim) pois é a cidade de Elohim.
E não pela sua cabeça pois não podes fazer seu cabelo branco ou
preto.
Mas sejam suas palavras sim, sim e também, não, não. Tudo
adicionado a isso é mal.
Mateus 5:33-37

Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas
cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é
o trono de Deus;
nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque
é a cidade do grande Rei;
nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou
preto.
Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do
Maligno.
Mateus 5:33-37 ALMEIDA

Esse foi um ensino que fiz questão de colocar ambas as traduções


lado a lado para que vejamos uma pequena diferença. O Almeida fala para
não jurar em falso e depois diz para cumprir todas as promessas, já no
original, Yehoshua diz outra coisa, ele fala que só pelo fato de jurar
falsamente já é suficiente para termos que responder perante Adonai. Pode
parece mais ou menos a mesma coisa, mas pelo original vemos que só pelo
fato de fazer uma promessa falsa, já é o suficiente para que tenhamos alguma
culpa.
O tópico juramento, da forma como foi abordado por Yehoshua,
sempre foi algo muito sensível para mim e até um certo tempo atrás,
totalmente incompreensível. A razão que o levou a abordar tal assunto em um
determinado momento de seu ministério sempre foi um tanto confusa pra
mim.
De certo, ele trouxe isso à tona devido a algum motivo que não nos é
revelado pelos livros e que provavelmente estava acontecendo em seus dias.
O tema juramento é algo abordado tanto pela Torah quanto pelo Tanakh,
porém de uma forma um pouco diferente do que vemos nas suas palavras. O
ponto mais sensível que temos aqui é o famoso “ouviste o que foi dito, eu
porém vos digo”, dando uma falsa impressão de que Yehoshua estava
substituindo a Torah pelo famoso jargão cristão “lei de cristo”. Claro que se
olharmos cruamente para a forma como ele fala, podemos ter esse
entendimento que, no mínimo, posso chamá-lo de errôneo, pois para que
Yehoshua seja digno do título de Mashiach, o que ele mesmo afirmou ser,
necessariamente ele teria que ensinar única e exclusivamente a Torah.
Antes de entrarmos mais a fundo, vamos dar uma olhada qual é a visão do
Deus Único sobre esse tema:

A Adonai, seu Deus, temerás, somente a Ele servirás, e pelo seu nome
jurarás.
Deuteronômio 6:13

E jurou o rei Salomão por Adonai...


1 Reis 2: 23a

Então David tornou a jurar...


1 Samuel 2:3a

E serás que, se aprenderem os caminhos do meu povo, jurando pelo meu


VIVO NOME, como ensinaram o meu povo a jurarem pelo nome de baal, se
edificarão no meio do MEU POVO.
Jeremias 12:16

Eu fico impressionado com a profundidade dessas passagens. Primeiro, se


olharmos com atenção a passagem de Deuteronômio, o juramento não é
apenas uma permissão, mas sim um mandamento. É uma ordenança que o
juramento seja feito no nome tetragrama de Deus. Isso é tão profundo que,
em Jeremias, o profeta fala para os gentios que, se eles aprenderem os
caminhos do Seu povo (Torah) e jurarem pelo Seu Nome Vivo, serão
enxertados no Povo de Israel.
Outros dois personagens de extremo peso perante Adonai, David e seu
filho Salomão, juravam em nome de Adonai.
Então, como poderia Yehoshua destituir tal mandamento? Aquele que
acredita que Yehoshua aboliu a Torah, a obra daquele que ele chamava de
“meu pai”, o tornando assim um filho rebelde, indisciplinado, fora do povo
de Israel e impossibilitado de ser chamado de Mashiach, está na hora de rever
seus conceitos. Fora que ele estaria anulando a profecia de Jeremias sobre a
adoção dos gentios, o que seria inconcebível. Quem acredita em um jesus que
fez assim, crê em uma figura mitológica, criada pela igreja, que possui
algumas semelhanças com o verdadeiro Yehoshua, porém não são os
mesmos.
Primeiramente devemos prestar atenção nas palavras de Yehoshua, ele,
em nenhum instante, proíbe o juramento ou anula o mandamento sobre o
juramento, o que ele afirma é para que NÃO JUREMOS FALSAMENTE. E
ele cita isso em referência a uma outra passagem da Torah:

Nem jurareis falso pelo meu nome, pois profanaríeis o nome de vosso
Deus, eu sou Adonai.
Levítico 19:12

Agora vemos o sentido no ensinamento dele, ele não aboliu o juramento,


não negou a Torah, porém ele colocou em paralelo dois mandamentos,
afirmando que se for pra jurar falsamente, melhor não jurar.
O problema que existia em sua época, assim como ainda existe, eram
algumas interpretações de certas escolas farisaicas em relação a esse
versículo. Alguns fariseus usavam essa passagem para se justificarem a
poderem jurar falsamente desde que não fosse em nome de Adonai. Juravam
em nome do Templo, de Yerushalaim, pelo céus, pela terra e etc. Se não
fosse pelo nome de Adonai, não se viam obrigados a cumprirem o que
juraram.

Jurar por seu Nome e não em nome de outros deuses. Em outras


palavras, você não deve jurar em nomes de outros deuses, mas em nome de
Adonai. Porém, senão for em nome de outros deuses, pode-se fazer
juramento para afirmar um testemunho ou firmar um contrato, mesmo que
não seja em Seu Nome.
Ibn Ezra, Deuteronômio 6:13

Um dos grandes sábios e comentaristas da Torah, Ibn Ezra, alega que de


forma alguma podemos jurar em nome de falsos deuses, mas ele afirma
também que se o juramento não for em nome de falsos deuses, a pessoa está
livre para jurar em nome de qualquer coisa.
Infelizmente muitos não entenderam que a proibição de Levítico não era
de jurar falsamente em nome de Adonai, era simplesmente jurar falsamente e
ponto final. Yehoshua estava exortando alguns fariseus que, se jurarem, seja
pelo que for, cumpram. Não é porque não juraram especificamente em nome
de Adonai que eles estão isentos de cumprir o voto, se for o caso, é melhor
nem jurar por absolutamente nada.
Outros rabinos concordam plenamente com o ensino de Yehoshua, assim
como muitas outras escolas farisaicas:

Se você tiver todas as características aqui citadas, se você venera Seu


nome e se você O serve, então você tem o direito de fazer um juramento em
Seu nome. Porém muito cuidado com qualquer juramento, pois senão, é
melhor não jurar por nada.
Rashi, Deuteronômio 6:13

O grande sábio Rashi concorda plenamente com as palavras de


Yehoshua, muito cuidado com juramentos, caso contrário, é melhor não jurar
por nada.
Eu não encontrei nada relacionado a permissão farisaica de poder
jurar falsamente desde que não seja em nome de Adonai, muitos outros
historiadores fizeram e refizeram essa busca e segundo alguns estudioso
israelenses, tais ensinos se encontravam em parte do Talmud de Jerusalém, o
qual teve grande parte de sua obra destruída ha muitos anos atrás.
Para finalizar sua exortação, ele cita “tudo adicionado a isso é mal”,
apesar de muitos terem o entendimento de que esse “mal” se refere a jurar ou
se refere a adicionar algo ao que Yehoshua falou, na verdade, tal citação é um
típico jargão ortodoxo/farisaico referente algo muito sério na Torah, trazendo
assim outra passagem da Torah:

Não acrescentarás nada à Torah que vos mando, nem diminuireis


dela, para que guardeis os mandamentos de Adonai, vosso Deus, que eu vos
mando.
Deuteronômio 4:2

Ele está reafirmando o tópico básico dos princípios da Torah,


provavelmente para silenciar a qualquer um que possa estar pensando que ele
está adicionando ou removendo algo da Lei. O que ele fala sobre juramento
está de acordo com o livro de Levítico, quando deixou bem claro sobre o
juramento FALSO. Então, no final, através de um linguajar rabínico, ele diz
que ensinar outras coisas que não estão na Torah, como sendo leis de Deus, é
o verdadeiro mal, pois estariam adicionando coisas nela. Ele esclarece aos
seus Talmidim que adicionar ou remover qualquer coisa da Torah é o que é
mal.
O que aconteceu aqui foi uma proibição de um aparente costume de
algumas escolas rabínicas de jurarem falsamente a partir do momento que
não fosse em nome de Adonai. Yehoshua usa então o versículo de Levítico
19:12, o qual deveria servir de base a eles para fazerem tais juramentos e, em
cima dele, revela que o juramento falso não deve ser feito sob nenhuma
hipótese. No final ele fala que nada deve ser adicionado a Torah, mostrando
que as leis rabínicas que adicionam quaisquer coisas à Lei de Deus são más e
que ele, sob hipótese alguma, estava removendo algo da Torah.

Eu acredito que tal tópico era tão sério e tão intrínseco na mentalidade
de algumas pessoas que, alguns capítulos mais tarde, Yehoshua volta a
abordar o mesmo tema.

Vergonha a vocês, cegos na cadeira, que dizem que aquele que jura
pelo templo não é obrigado (a cumprir), mas aquele que jura por
qualquer coisa que é consagrada ao templo é obrigado a pagar.
Homens loucos e cegos, qual é maior, o templo ou o que é
consagrado ao templo?
Aquele que jurar pelo altar não é obrigado a cumprir, mas aquele
que jura a trazer uma oferta é obrigado a cumprir?
O que é maior, a oferta ou o altar, o templo ou a oferta?
Aquele que jura pelo altar, jura por tudo que tem nele.
Aquele que jura pelo trono de Elohim, jura por aquele que no trono
senta.
Mateus 23:16-20

Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do


santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica
o ouro?
E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está
sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está.
Mateus 23:16-20 ALMEIDA

Nessa passagem, Yehoshua fala diretamente com alguns fariseus que,


segundo ele, estão sentados sobre a cadeira de Moises, por isso temos esse
termos estranho “cegos na cadeira”, pois se referem à alguns líderes que
estavam tomando decisões concernentes às leis judaicas que, segundo
Yehoshua, ensinavam coisas contrárias a Torah, são cegos guiando cegos.
Yehoshua os critica por dizerem que, se uma pessoa jurar pelo
templo, ou pelo altar, ou pelo trono de Deus, não é obrigada a cumprir o voto.
Em ambos os casos, Yehoshua diz que os votos e juramentos são válidos
indiferentemente sobre o que são feitos. Yehoshua não dá nenhuma “dica”
que ele é contrário ao juramento, nem dá a entender que aquele que jura pelo
altar ou pelo trono é uma pessoa má ou pecadora, mas ele se mantém no
principio da Torah sobre o juramento falso (qualquer um).
Aqui temos, mais uma vez, Yehoshua tentando trazer o povo de volta
a Torah, depois que muitos fariseus os desviaram. Hoje em dia, o tópico do
juramento falso se tornou tão importante que, no dia mais santo do calendário
bíblico, o YOM KIPUR, uma oração é feita por todos que o celebram. O
nome dessa oração é KOL NIDREI que, em aramaico, quer dizer “todas as
promessas” e por mais intrigante que seja, não se trata de uma oração
puramente de arrependimento ou perdão, mas sim de uma anulação de
promessas feitas e não cumpridas. Para o judaísmo moderno, votos e
juramentos são de extrema importância e fortemente abordados pela Torah e
pelas escolas ortodoxas dos dias atuais. Muitas passagens do Talmud
aconselham a evitar qualquer tipo de juramento ou promessa. Algo que
Yehoshua ensinou dois mil anos atrás, vemos hoje dentro do judaísmo
ortodoxo.
◆◆◆
SEÇÃO XIII
OLHO POR OLHO

E ainda ouviram o que é dito pela Torah: olho dado por olho e dente
dado por dente.
E eu vos digo: não dê mal pelo mal mas quem bate na sua face direita, dê
também a esquerda.
E aquele que quiser se opor a ti no julgamento e lhe roubar sua camisa,
deixa também seu casaco.
E aquele que te pedir para ir com ele por mil passos, vá com ele por dois
mil.
Aquele que pede a você, o dê e aquele que quer tomar emprestado, não
evite.
Mateus 5:38-42

Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.
Êxodo 21:24

Esse é um tópico crucial no ensino de Yehoshua que gerou, e ainda gera,


um enorme desentendimento entre muitos cristãos sobre o relacionamento
dele com a Torah. Muitos dizem que a Torah faz apologia a vingança, que ao
ensinar o olho por olho, a Lei de Deus comanda que a vítima se vingue de seu
agressor. Então veio jesus e acabou com isso, ensinando que, ao invés da
vingança, devemos dar a outra face, provando novamente a substituição da
Torah pela “lei de cristo”.
Mas tal ideia geraria diversos problemas, como pode Deus, Criador de
todas as coisas, um Ser Bom, benevolente, amoroso, dar um comando a atos
de vingança? Se esse realmente fosse o caso e Yehoshua fosse contra a uma
determinação de Adonai, ele não seria mais digno de afirmar que era
Mashiach, se tornaria apenas um jesus cristão, perdendo assim toda sua
moral. O mal entendimento dessa passagem da Torah, a qual dá essa
impressão da vingança, foi a base para muitos pais da igreja ensinarem, de
forma bem sutil, que o deus do novo testamento não é o mesmo do Deus do
antigo testamento.
A má interpretação das palavras de Yehoshua é devida ao fato do
conhecimento pífio por parte de muitos líderes cristãos sobre a profundidade
dos mandamentos de Deus e de uma teologia doente e viciada. O “olho por
olho”, na verdade, é um mandamento que visa evitar a vingança. Vejamos
dois exemplos, se a pessoa A fere a perna da pessoa B (a qual se recupera
após alguns dias), dá o direito a pessoa B de ferir a perna da pessoa A.
Quando a pessoa B fere por vingança a perna da pessoa A e por um acaso ela
acaba atingindo algum ligamento, o que impossibilita que a pessoa A volte a
andar, então o dano causado pela vingança da pessoa B é muito maior que o
dano causado pela pessoa A, não sendo assim o “olho por olho”.
Outro exemplo, a pessoa A arranca o olho da pessoa B, que fica com a
visão de apenas uma vista, mas continua enxergando, na hora da vingança da
pessoa B, ela percebesse que a pessoa A apenas possui um olho e que se ele
for arrancado, ficará totalmente cega, sofrendo um dano muito maior, pois a
B ainda enxerga.
Então, o que a Torah permite é que a vingança seja exatamente da mesma
forma, do mesmo modo, da mesma maneira, do mesmo grau, da mesma
intensidade, da mesma gravidade e de mesmo dano que o primeiro ato foi.
Porém tais condições são impossíveis para o ser humano, que acabariam
causando um dano muito maior ou menor, pois é impossível atender todas
essas condições. Nesse caso é melhor não se vingar, pois se o dano causado
for maior, o vingador se tornaria um transgressor. Ou seja, a Torah “permite”
a vingança, mas sob suas condições, as quais são humanamente impossíveis
de se atingir, sendo assim, quem se vinga vai acabar inevitavelmente
transgredindo a Torah.
Nenhuma escola farisaica dava suporte ao ato de vingança baseando-se
nessa passagem da Torah, como muitos pensam. Na verdade, eles propunham
uma interpretação diferente:

Se alguém cegar ao seu próximo, ele terá que pagar financeiramente o


valor de seu olho.
Rashi, Êxodo 21:24

Se tivéssemos que aplicar uma punição igual ao crime, em todas sua


severidades, seria impróprio. Porém, de acordo com a tradição, apenas uma
compensação financeira seria válida, pois é difícil mensurar com precisão
como aplicar o “olho por olho”.
Sforno, Êxodo 21:24
O ensinamento era que o dano deveria ser compensado financeiramente,
caso alguém causasse algum dano ao seu próximo que o inabilitasse de
trabalhar, aquele que causou o dano deveria sustentá-lo e a todos aqueles que
se beneficiariam de seu trabalho.
Sforno concorda com Rashi, por ser difícil mensurar uma vingança, é
melhor dar a compensação financeira.
Yehoshua usa dessa interpretação, como o ser humano nunca
conseguirá uma vingança 100% igual, é melhor dar a face, pois é melhor a
humilhação do que se tornar um transgressor ao não conseguir uma vingança
exata conforme manda a Torah. Porém, dar a face é só uma alegoria para que
nenhum ato de vingança fosse tomado, pois se olharmos para João 18:23, no
diálogo com o sumo sacerdote, Yehoshua NÃO deu a outra face.
Como a vingança trata de relacionamento entre duas pessoas,
Yehoshua, nos últimos versículos, termina seu ensino com um desafio, um
teste, para provar o “amor ao próximo”, ao permitir que leve sua capa além
de sua camisa, ou se disponibilizar a andar o dobro do que o solicitado, não
negar um pedido ou um empréstimo, isso prova o relacionamento do
indivíduo com o próprio Criador, pois faz parte do coração de Deus que seu
povo saiba compartilhar e ser generoso.
Outro ponto em relação a dar a outra face, muitas pessoas citam isso
como um ensino de Yehoshua, que foi ele que trouxe esse entendimento à
tona, mas na verdade, dar a outra face é uma citação que ele faz das palavras
do profeta Jeremias:

Dê a sua face ao que te fere; farte-se de afronta.


Lamentações 3:30

OLHO, DENTE, MÃO, PÉ


Esse mandamento na Torah vem de uma forma muita estranha, cita
membros do corpo como olho, dente, mão e pé. Se formos um pouco além e
deixarmos a ideia de vingança um pouco de lado, podemos tirar daqui um
ensino muito profundo de Deus.
O olho, o dente, a mão e o pé, são representantes da verdadeira riqueza,
pois o olho simboliza a janela do entendimento, é principalmente através da
vista que o homem recebe quase todo o conhecimento que absorve. Já o dente
representa o poder da fala assim como a língua, pois sem eles as palavras
proferidas por alguém podem ser incompreensíveis. A mão representa a
capacidade criativa e de criação do ser humano, já os pés simbolizam seu
poder de se movimentar.
Pode parece meio doido, mas são justamente esses quatro pontos que
representam a Torah na vida de alguém. O Olho para aprender a Torah, os
dentes para poder falar e ensinar a Torah, a mão para cumprir seus
mandamentos e os pés para levá-la a todos os homens. Essa é a verdadeira
riqueza do ser humano, pois atingir isso é atingir seu verdadeiro propósito de
ter sido criado, é a máxima que Deus busca de um homem.
Para provar isso vamos olhar para esses quatro termos em hebraico:

OLHO (AIN) - ‫עין‬


DENTE (SHIN) - ‫שין‬
MÃO (YAD) - ‫יד‬
PÉ (REGEL) - ‫רגל‬

Ao pegarmos as primeiras letras de cada palavra (lembrando que o


hebraico se lê da direita para a esquerda), teremos a palavra ASHIR (‫)עשיר‬,
que significa RICO. A lição que podemos tirar daí é aquele que é
verdadeiramente rico não é aquele que tem dinheiro, nem posses e nem fama,
mas é aquele que tem capacidade de estudar e aprender a Torah, de ir aonde
for para ensiná-la e cumprir seus mandamentos, essa é a verdadeira riqueza e
a lição que podemos tirar daí.
◆◆◆
SEÇÃO XIV
TZEDAKAH

Cuidado para que não seja tzadik somente perante os homens para que te
louvem. E se fizer, não haverá mérito para ti de vosso Pai no céu.
Ainda disse Yeshua: quando fizer tzedakah, não faça proclamação nem
(sons) trombeta perante vocês como os hipócritas, em língua estrangeira,
Yipokratis. Os quais fazem suas tzedakot nas ruas e nos mercados onde são
vistos pelos homens. Porém eu digo a vocês que já receberam seus méritos.
E quando vocês fizerem tzedakah, que sua mão esquerda não saiba o que
a direita faz
Para que seja sua oferta em segredo e seu Pai que em segredo vê, te
complete (recompensa).
Mateus 6:1-4

Shimon HaTzadik dizia: sobre três coisas o mundo se sustenta: na Torah,


no serviço a Deus e na Tzedakah.
Pirkei Avot 1:2

Muito da Torah de Yehoshua aborda a necessidade da pessoa se tornar


um tzadik, e não seria possível se ele não abordasse um tema tão importante
como a tzedakah. A palavra tzedakah tem a mesma raiz em hebraico da
palavra tzadik (‫)צדיק‬, pois um é impossível sem o outro. Tzedakah em uma
tradução direta seria “justiça”, porém é o termo usado para “caridade”.
A tzedakah é algo vital na vida do judeu e na sociedade judaica, ela não
trata apenas de caridades ou esmolas, mas tem uma essência muito mais
profunda do que apenas dar dinheiro, ela trata de estender a mão a um
próximo, mesmo que desconhecido, para dar-lhe suporte na área que ele
necessitar, seja qual for. Claro que a forma mais fácil é através da doação de
dinheiro e itens materiais, mas a tzedakah também aborda um momento
solidário com alguém solitário, visita aos idosos, às viúvas, consolar alguém
que chora, ensinar sobre Deus à pessoa que está perdida, guiar o cego e tudo
aquilo que uma pessoa pode fazer pelo próximo. Sem esse tipo de atitude no
interior do indivíduo, mesmo que ele siga toda a Torah, ele nunca será tzadik,
pois tzedakah deve andar de mãos dadas com a Torah na vida do indivíduo
para que ele seja um tzadik digno do Reino dos Céus. O que Yehoshua ensina
vai de acordo com o Talmud:

Aquele que faz tzedakah tem o mérito da vida eterna.


Talmud da Babilônia, tratado de Rosh Hashanah 4a

É costumeiro, durante os dias festivos, que os judeus façam três


coisas, Tshuvah (retorno as Leis da Torah que não estavam seguindo mais),
Tefilah (oração) e Tzedakah (caridade), para evitarem o julgamento divino.
O Rabino Maimônides compilou uma lista de dez itens que devem ser
observados para a prática da tzedakah, desde ajudar a própria família até
fazer contribuições anônimas. Todos os judeus devem fazer tzedakah, até
mesmo os judeus pobres.

Por esse motivo, talvez o ensino de Yehoshua sobre tzedakah possa ser
desnecessário, pois é algo que todos ali cresceram fazendo, mas se olharmos
com atenção, ele não ensina sobre tzedakah e nem que ela deve ser feita, mas
ele aborda um tema muito mais íntimo, a intenção com a qual a tzedakah é
feita e isso é muito delicado, pois ele não bate de frente com escolas rabínicas
de sua época, mas sim, contra o “eu” de cada um que ali estava ouvindo.
Para que possamos entender melhor o que ele estava dizendo, precisamos
abordar algumas “gírias” comuns de sua época e que ele mencionou nesses
versículos.

SONS DE TROMBETA
Eis um termo estranho, a impressão que passa é que após uma doação, o
individuo saía anunciando o que fez. Na verdade, durante o primeiro século,
no pátio do Templo eram colocados treze recipientes feitos de bronze, eles
eram largos na parte inferior e estreitos na parte superior, lembrando um
Shofar, uma trombeta.
O metal das moedas ao se chocarem com o bronze, devido ao seu
formato, produzia um som bem alto e peculiar, existia o hábito entre algumas
pessoas de levarem varias moedas de pouco valor ao invés de uma única
moeda de grande valor, pois quando as colocavam ali no recipiente, elas
faziam muito mais barulho, como um som de trombeta, dando a impressão
aos que estavam em volta que essa pessoa estava fazendo uma grande
doação.

Existiam treze SHOFAROT (baús de coletas em forma de trombeta), treze


mesas e treze lugares para se prostrarem no interior do templo...
Mishnah Shekalim 6:1

Por isso Yehoshua chamou de hipócrita os que tocam as trombetas, pois


ficavam ali jogando um monte de moedinhas para se mostrarem aos outros e
não com a verdadeira intenção de realizar uma tzedakah por amor, uma
prática que Yehoshua era totalmente contra.

RUAS E MERCADOS
Mercados eram lugares comuns de tzedakah, não só pelo fato de muitos
que necessitam estarem ali, mas pela alta visibilidade que o doador teria. O
Talmud relata diversas discussões entre os sábios pelos mercados da cidade,
o que nos leva a entender que muitas pessoas importantes se reuniam nesses
lugares.

Se um coletor de tzedakah encontrar dinheiro no mercado, ele não pode


colocá-lo em seu bolso, pois pode parecer roubo. Ele deve colocá-lo em uma
bolsa de tzedakah.
Mishneh Torah, Doações aos Pobres 9:9

Como relatado por inúmeras vezes por todo o livro de Mateus, o grande
“problema” que Yehoshua tinha com outros fariseus era justamente a
hipocrisia, e isso não engloba os fariseus, mas sim todos os seres humanos,
sem excessão. Eu acredito que quase todo seus ensinos, de alguma forma,
abordavam justamente esse tema, fora os casos onde ele debatia certas leis
rabínicas que sobressaíam a Torah.
Apesar de todos seus ensinos terem sido baseados na Torah, ele não veio
ensinar a Torah em si, isso já era ensinado nas escolas, era algo que corria na
veia dos judeus do primeiro século. Ele veio interpretá-la e ensinar que é
essencial começar a vivê-la por dentro.
Segundo o judaísmo, a melhor doação é aquela que é anônima. Existem
muitas comunidades judaicas onde as doações são feitas a um rabino ou a
uma sinagoga e a sinagoga se encarrega de ajudar o necessitado, servindo
como intermediadora, dessa forma, nem o doador e nem quem recebe, sabe
um do outro. Para que aquele que doa não se vanglorie e para aquele que
recebe não seja grato à pessoa errada.

Existem quatro tipo de pessoas que fazem tzedakah, aquele que deseja
dar, mas não quer que outros deem também, esse tem um olho mal em
relação aos outros.
Aqueles que não desejam dar, mas desejam que outros deem, esse tem um
olho mal em relação a si mesmo.
Aqueles que desejam dar e desejam que outros também deem, não
levando méritos, esse é o tzadik.
Aqueles que não desejam dar e não querem que ninguém dê, esse é a
pessoa má.
Pirkei Avot 5:13

E ele acreditou em Adonai, e isso lhe foi creditado como tzedakah.


Genesis 15:6

É ótimo fazer tzedakah antes de orar.


Shulchan Arukh, Orach Chayim 92:10
◆◆◆
SEÇÃO XV
PAI NOSSO

Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: no momento que orarem
não levantem a voz e não sejam como esses galhos soltos que oram nas
sinagogas, pelos cantos do pátio, orando com um discurso alto para que
sejam louvados pelos homens.
E nas orações de vocês, venham aos leitos e fechem as portas atrás de
vocês e orem ao seu Pai em segredo e seu Pai, que vê em segredo, irá te
completar (recompensar).
E quando vocês orarem, não multipliquem palavras como os hereges, que
pensam que serão ouvidos.
Não veem que vosso Pai no Céu sabe as coisas (que pedir) antes que
sejam pedidas por vocês?
E assim orarás: Pai nosso, Santo seja o seu nome
Abençoado seja seu Reino e Sua vontade seja feita no céu e na terra.
E nos dê nosso pão sempre
E perdoe nossos pecados quando perdoamos aos que pecam contra nós.
E não nos traga ao lado da tentação e nos guarde de tudo o que é mal,
amém.
Mateus 6:5-13

O famoso “pai nosso” é visto por muitos cristãos como um modelo de


oração que até virou uma forma de “mantra”, quase uma forma única de
oração nesse meio. Na verdade, o que Yehoshua ensina aqui não é uma
oração per se a ser copiada, mas sim um resumo do conceito básico da reza
judaica.
Para que possa ficar claro da onde essa oração veio, devemos olhar para o
estilo da reza rabínica. A oração central na liturgia judaica é conhecida pelo
número de bênçãos que ela contém, seu nome é Shmoneh Eisreh, que
significa “dezoito”, pois consiste em dezoito tópicos que devem compor uma
oração.
O Shmoneh Eisreh também é conhecido como Amidah e é feita em pé,
voltado a Yerushalaim. O Amidah é recitado durante o Shabbat, os dias
santos e no serviço diário na sinagoga, sendo ela recitada três vezes por dia
por alguns judeus mais religiosos, manhã, tarde e noite.
As três primeiras bênçãos tratam da unicidade absoluta de Deus e a fé
fundamental que Ele é o Criador de todas as coisas. Da quarta até a nona
tratam de petições de caráter pessoal. Da décima a décima quinta tratam de
petições de caráter comum e as três últimas abordam o serviço à Adonai.
Todo judeu é obrigado, ensinado e doutrinado a realizar o Amidah ao
menos uma vez ao dia, porém, em momentos de emergência ou por falta de
tempo, essa obrigação pode ser cumprida com um Amidah de forma reduzida,
fazendo um resumo das dezoitos bênçãos, que é o que aparenta que ocorreu
quando Yehoshua ensinou o “pai nosso”, uma forma reduzida do Amidah.

Todas escolas rabínicas, principalmente do primeiro século, formulavam


e discutiam quais seriam e como seriam essas formas resumidas. Cada rabino
decidia as partes que acreditava serem as mais essenciais e as ensinava a seus
alunos, sendo que através dessa reza, era possível determinar de qual escola
rabínica era o indivíduo. Tais orações foram vastamente discutidas no
Talmud:

Aquele que estiver andando em um lugar onde existam grupos de feras


selvagens e ladrões, deve recitar a Amidah abreviada. Qual seria a Amidah
abreviada? Rabbi Eliezer disse: “Que Sua vontade se realize nos céus acima,
e dê paz de espírito àqueles que Lhe temem aqui embaixo, e faça aquilo que
for bom a Seus olhos. Bendito és Tu, Adonai, que escuta as orações”.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot, 29b

Rabbi Yehoshua ben Levi diz que ele recita: “Escute o clamor de Sua
nação, Israel, e rapidamente cumpra seu pedido. Bendito é Tu, Adonai, que
escuta as orações”.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot, 29b

Rabbi Eliezer, filho de Rabbi Tzadok, diz que ele recita: “Escute o grito
de Seu povo, Israel e cumpra seu pedido sem demora. Bendito és Tu, Adonai,
que escuta as orações.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot, 29b

Podemos ver aqui que é algo muito comum entre o rabinato uma
formulação do que deve ser orado a Deus quando uma forma mais resumida
for necessária. Não foi diferente com Yehoshua, o que ele faz neste momento
é justamente ensinar um Amidah resumido a seus talmidim, algo que todo
rabino faz. Com certeza absoluta Yehoshua e seus talmidim rezavam ao
menos uma vez ao dia o Shmoneh Eisreh de forma completa.

PAI NOSSO, SANTO SEJA SEU NOME – Na primeira parte


de sua oração resumida, Yehoshua ensina que devemos sempre
abençoar aquilo que é mais intimo e profundo sobre Adonai, que é
Seu Nome.

ABENÇOADO SEJA SEU REINO E SUA VONTADE


SEJA FEITA NO CÉU E NA TERRA – Na segunda parte
abençoamos ao Deus Criador, dono de todas as coisas e a soberania
de Sua vontade.

PÃO, PECADO, LIVRAMENTO – Os três últimos tópicos


tratam de pedidos de caráter pessoal, tanto para o físico quanto para
a alma. Porém aqui vemos uma característica típica de Yehoshua e
como ele endurece o seguir a Deus. A condição para que sejamos
perdoado é se perdoarmos antes, o que exige uma ação de nossa
parte para que possamos receber o perdão de Deus, mostrando
assim que o arrependimento não é apenas um sentimento, mas
exige uma ação.

É de extrema importância para o cristão entender a oração judaica, pois


além de ser a base da fé daquele que chamam de Mashiach, ela ensina muita
coisa referente a sua mentalidade. Essa oração é muito antiga, muito mais
antiga que Yehoshua, talvez uns 430 anos antes de seu nascimento. A oração
é linda, cheia de menções e alusões às escrituras.

AMIDAH
1- PATRIARCAS
Pois o nome de Adonai é grande como nosso Elohim. Abrirei minha
boca em oração
Bendito és Tu, ó Adonai, nosso Elohim, e Elohim de nossos pais. O
Deus de Abraham, Deus de Itzhak e o Deus de Yaakov. Grande e poderoso
Deus. O mais Santo e que nos dá Sua graça, Criador de todas as coisas, que
se lembra das boas obras dos patriarcas e por amor trará um redentor para os
filhos deles, para a glória de Seu nome. Ó Rei, Ajudador, Salvador e Escudo.
Bendito és Tu, Adonai, o Escudo de Abraham.

2- PODER DIVINO
Seu poder é eterno, revive aos mortos, você tem o poder para salvar, você
faz o vento soprar e a chuva cair.
Você mantêm o vivo com benevolência, você ressuscita aos mortos com
grande misericórdia, você dá suporte ao que cai, cura o doente, liberta o
cativo e mantem a fé daqueles que dormem no pó. Quem é como Tu, fazedor
de coisas poderosas? Quem parece contigo? Um Rei que põe a morte apenas
para então restaurar a vida e assim faz a salvação florescer. Você certamente
reviverá aos mortos. Bendito és Tu, Adonai, que revive aos mortos.

3- KEDUSHAH (SANTIDADE)
Nós santificaremos Seu nome nesse mundo, assim como é santificado nos
céus, assim como está escrito pelo profeta: Santo, Santo, Santo é o Senhor
das hostes, toda a terra está cheia de Sua glória.
Bendita seja a presença de Adonai nesse lugar e na Sua santa Palavra está
escrito, dizendo: Adonai reina para sempre, seu Elohim, ó Sião, por todas as
gerações, aleluia.
Por todas as gerações iremos declarar Sua grandeza. Sua oração, ó nosso
Elohim, que nunca parta de nossos lábios, pois Tu és Grande e Santo e Rei.
Bendito és Tu, Adonai, o Deus Santo. Você é Santo, Seu Nome é Santo e
criaturas santas louvam a Ti todos os dias. Bendito és Tu, Adonai, o Elohim
Santo.

4- ENTENDIMENTO
Você dá Seu favor aos homens com conhecimento e ensina aos mortais
entendimento. Nos favoreça com o entendimento e clareza que vem de Ti.
Bendito és Tu, Adonai, O Gracioso Doador de conhecimento.

5- ARREPENDIMENTO
Nos traga de volta, ó Pai Nosso, para as Suas instruções. Traga-nos
próximos, ó Nosso Rei, para servir a Ti. E nos faça retornar a Ti em perfeito
arrependimento. Bendito é Tu, Adonai, que se alegra no arrependimento.

6- PERDÃO
Nos perdoe, ó Pai nosso, pois nós pecamos. Nos perdoe, ó Nosso Rei,
pois nós transgredimos. Pois Tu és perdão. Bendito és Tu, Adonai, que é
Misericordioso e sempre pronto a perdoar.
7- LIVRAMENTO DAS AFLIÇÕES
Olhe para nossas aflições e escute nossa causa, e nos redima rapidamente
para glória de Seu Nome, pois Tu és O Redentor Poderoso. Bendito és Tu,
Adonai, Redentor de Israel.

8- CURA
Nos cure, ó Adonai, e nós seremos curados. Nos salve e nós seremos
salvos, para Ti é a nossa oração. Garanta uma cura perfeita para todas nossas
doenças, pois Tu, Rei Todo Poderoso, és um fiel e poderoso curador. Bendito
és Tu, Adonai, que cura os doentes do Povo de Israel.

9- PELO NECESSÁRIO
Abençoe esse ano, ó Adonai nosso Elohim, juntos com tudo aquilo que
produzimos, para o nosso bem-estar. Nos satisfaça com Sua bondade, e
abençoe nosso ano para que seja o melhor de todos os anos. Bendito és Tu,
Adonai, que abençoa aos anos.

10- PELOS EXILADOS


Soe o grande Shofar e levante o estandarte para juntar a todos os exilado
e nos junte dos quatro cantos da terra. Bendito és Tu, Adonai, que junta os
dispersos do Povo de Israel.

11- PELA JUSTIÇA DE ADONAI


Restaure nossos juízes e nossos conselheiros como eram no início.
Remova de nós a tristeza e o choro. Reine sobre nós, apenas Ti, ó Adonai,
com amor e compaixão. Bendito és Tu, Adonai, o Rei que ama a justiça e ao
justo.

12- DESTRUIÇÃO DOS INIMIGOS DE DEUS


Que não haja esperanças para maus e que toda maldade pereça em um
instante. Que todos Seus inimigos sejam rapidamente cortados fora, e que,
em nossos dias, sejam arrancados e jogados fora todo o domínio da
arrogância. Bendito és Tu, Adonai, que esmaga os inimigos e destrói os
arrogantes.

13- PELA JUSTIÇA E PELOS PROSÉLITOS


Que sua compaixão seja direcionada, ó Adonai nosso Elohim, aos justos,
aos pios e aos anciões da casa de Israel e aos remanescentes de Seus sábios,
aos prosélitos e a nós. Garanta uma boa recompensa a todos que
verdadeiramente confiar em Seu Nome. Separe nossa parte para sempre para
que nunca caiamos em vergonha, pois nós colocamos nossa confiança em Ti.
Bendito és Tu, Adonai, que dá suporte e fica ao lado do Tzadik.

14- POR JERUSALÉM


Volte em misericórdia a Jerusalém, Sua cidade, e habite nela assim como
prometeu. Reconstrua-a em nossos dias como uma eterna estrutura, e restaure
o trono de David. Bendito és Tu, Adonai, que reconstrói Jerusalém.

15- REI MASHIACH


Que a semente do Rei David floresça e que ele seja exaltado pelo Seu
poder salvador, pois esperamos o dia todo por Sua salvação. Bendito és Tu,
Adonai, que causa o florescimento da salvação.

16- RESPOSTA DE ORAÇÃO


Escute nossa voz, ó Adonai nosso Elohim, nos poupe e tenha piedade de
nós. Aceite nossas orações em misericórdia e com favor, pois Tu és O Deus
que escuta orações e súplicas. Nosso Rei, não nos retire de Sua Presença de
mãos vazias, pois Tu escutas as orações de Seu Povo com compaixão.
Bendito és Tu, Adonai, que escuta as orações.

17- RESTAURAÇÃO DO TEMPLO


Seja alegrado, ó Adonai nosso Elohim, com Seu Povo de Israel e com
suas orações. Restaure os serviços do santuário mais íntimos do Templo, e
receba com amor e com favor ambos as ofertas queimadas de Israel e suas
orações. Que a adoração de Seu Povo seja sempre aceita por Ti. Que Seus
olhos estejam sobre Sião. Bendito és Tu, Adonai, que restaura a presença
divina em Sião.

18- AGRADECIMENTO PELAS MISERICÓRDIA DE DEUS.


Agradecemos a Ti, pois Tu és nosso Elohim e Elohim de nossos pais para
sempre e sempre. Por gerações Tu tens sido a Rocha em nossas vidas, o
Escudo de nossa salvação. Nos lhe daremos graça, pois nossas vidas estão em
Suas Mãos, pois nossas almas estão confiadas a Ti, pois Seus milagres estão
diariamente em nossas vidas, pois Suas maravilhas e Seu favor estão conosco
todo o tempo, manhã, tarde e noite. Ó misericordioso, que sua graça nunca
acabe. Nossa esperança está em Ti. Que Seu Nome seja abençoado por todos
esses atos, ó Nosso Rei, para todo o sempre. Que toda criatura viva dê graças
a Ti e louve Seu Nome em verdade, ó Elohim, nossa Salvação e nosso
Socorro. Bendito és Tu, Adonai, Seu Nome é O Benfeitor, e o qual é digno de
agradecimento.

Essa é o Amidah completo que provavelmente era recitado por Yehoshua,


podemos ver que em sua oração resumida, o “pai nosso”, ele aborda os itens
mais importantes, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 18 do Amidah.
Uma oração poderosa que foi reapresentada por Yehoshua, ter a
consciência e o conhecimento de que isso fazia parte da educação,
mentalidade e dia a dia dele é vital, ela nos mostra muito daquilo que ele
pregava e ensinava.

Rabban Gamliel disse: “Todos devem dizer os dezoitos todos os dias”.


Rabbi Yehoshua diz: “ou uma forma abreviada das dezoito”.
Midrash Brakhot 4:3

CORAÇÃO E FÉ
Outro ponto que Yehoshua ensina, assim como a tzedakah, a oração deve
ser feita de coração, com intenção e com fé. Muitas rezas judaicas insistem na
repetição de determinadas palavras, uma forma de mantra, para que o que
pedem seja realizado, claramente Yehoshua ia contra essa ideia, chamando-os
de hereges, pois fazem isso e se esqueciam que com Deus o mantra não
funciona.
Alguns contemporâneos de Yehoshua debatem algumas coisas
interessantes sobre a oração, a fé e a intenção por trás dela, coisas que
mostram um pouco da base de sua formação.

Rabbi Eliezer está conversando com Rabbi Yehoshua. Como pode Rabbi
Yehoshua responder a Rabbi Eliezer sobre o poderoso argumento que
qualquer um pode louvar a Deus a qualquer época do ano? Rabbi Yehoshua
diz: qualquer um que orar pela ressurreição dos mortos diariamente, mesmo
que não ocorra diariamente, mostra a fé que qualquer dia é dia propicio
para que isso ocorra.
Talmud da Babilônia, Tratado Taanit 2b

Aqui temos a fé por trás da oração, Rabbi Yehoshua Ben Levi orava todo
dia pela ressurreição dos mortos e mesmo que não acontecesse, continuava
orando por isso, pois acreditava que qualquer dia é um dia propício para que
isso aconteça. Ele não olhava para as circunstâncias, não olhava para a
resposta imediata, ele apenas olhava para a certeza que ele tinha do milagre.
Isso vai de acordo com Yehoshua quando afirma que a oração será
recompensada por Deus e que Deus já sabe tudo antes que peçamos, o que
nos basta não é a repetência dos hereges, mas sim a fé posta na oração.

Qual o serviço a Deus feito no coração? É de certo o serviço da oração.


Talmud da Babilônia, Tratado Taanit 2a

Que as palavras de minha boca e a oração de meu coração sejam


aceitáveis a Ti, ó Adonai, minha Rocha e meu Redentor.
Salmos 19:15

Outro ponto, a intenção do coração durante a oração, a única forma para


que uma oração se realize e seja aceita por Deus é fazê-la com o coração,
com verdadeiras intenções perante o Criador. Se for feita para que outros
vejam como se ora bonito, ou como é eloquente, então de nada adiantará.
◆◆◆
SEÇÃO XVI
AIYIN TOVAH

Ainda disse a eles: não se prendam ao acúmulo de tesouros na terra que


são comidos pela ferrugem e pelos vermes ou roubado pelos ladrões.
Faça para vocês tesouros no céu, no lugar em que a ferrugem e os
vermes não o comem e no lugar que ladrão não rouba.
Neste lugar que estará seu tesouro.
E a luz de seu corpo é seus olhos, se seus olhos olharem para frente, seu
corpo (caminho) não escurecerá.
E se a sua luz escurecer todos seus caminhos escurecerão.
Neste tempo disse Yeshua aos seu talmidim, não pode o homem trabalhar
(servir) para dois senhores a menos que ame um e odeie ao outro ou honre a
um e desonre ao outro. Não pode trabalhar (servir) a EL e ao mundo.
Portanto eu digo a vocês que não se preocupem com a comida para suas
almas e também não com a roupa para seus corpos. A alma é mais cara que
o alimento e o corpo mais que as vestimentas.
Observem aos pássaros no céu, não plantam, não colhem (do solo) e nem
ajuntam em galpões, porém o vosso Pai exaltado que provém. Não são vocês
mais importantes do que eles?
Mateus 6:19-26

Se olharmos com atenção, existem dois tópicos no mesmo ensino que aos
olhos ocidentais não fazem muito sentido ao serem apresentados juntos, o
tópico que trata da riqueza material e o tópico sobre os olhos serem a luz do
corpo.
O que temos aqui é algo idiomático, termos totalmente rabínicos, os quais
ligam os olhos com bens materiais. Os olhos bons (aiyin tovah) e os olhos
maus (aiyin ra´ah) são terminologias ortodoxas que se referem às pessoas
generosas e às pessoas egoístas em relação aos bens materiais que elas
possuem.
Quando Yehoshua ensina sobre bens materiais, faz total sentido ele trazer
essa ideia de “olhos” à tona, pois ele ensina que aquele que junta tesouros nos
céus tem aiyin tovah e isso iluminará todo o seu corpo e seu andar, em outras
palavras, terá uma vida abençoada por Deus, já aquele que se prende a bens
materiais, egoísta e ganancioso, possui aiyin ra´ah e isso escurecerá todo seus
caminhos, que nada mais é que uma vida longe de Deus.
Para entendermos melhor essa terminologia, vamos olhar para os ensinos
rabínicos a respeito desse tema, Yehoshua não é muito claro sobre esses
“olhos”, pois todos seus ouvintes já estavam acostumados sobre esse tema.
Devemos nós observar o que devemos fazer para obtermos o aiyin
tovah e qual a maneira que devemos agir para que nunca saiam de nossas
vidas:

Se uma pessoa fizer uma tzedakah, que a faça com aiyin tovah.
Midrash Bava Batra 14:4

De cara já percebemos que o aiyin tovah está ligado a tzedakah, a


caridade, e não poderia fazer mais sentido, pois aquele que não se preocupa
com o que ele acumula nessa terra, facilmente ajudará financeiramente ao
próximo e sempre fará de bom grado.
A escola Beit Hillel faz alguns comentários a respeito, que a meu ver, são
os comentários mais radicais que encontrei em todo o Talmud:

A quantidade de Terumah (doação): Beit Hillel diz: uma quantidade


generosa é de um quarto. Beit Shammai diz: um terço. A quantidade comum
é de um quinto. Um sexto é um aiyin ra´ah.
Mishnah Terumot 4:3

Todos sabem que o que a Torah ordena é um décimo de tudo que


obtemos, mas olha que interessante, o rabino de Yehoshua estabelece um
quarto, 25% de tudo que alguém recebe e ainda afirmam que se for um sexto,
ou menos, essa pessoa não tem aiyin tovah.
Em outras palavras, para verdadeiramente termos um aiyin tovah que
ilumine nosso caminho, devemos ir além dos dez por cento, devemos chegar
até um quarto. Isso mostra um total desprendimento de bens materiais,
exatamente como Yehoshua está explicando. Vamos olhar da onde Yehoshua
tirou isso:

Aquele que tem aiyin tovah será abençoado, pois dá do seu pão ao pobre.
Provérbios 22:9

Não comas do pão daquele que possui aiyin ra´ah, nem cobices seus
bens.
Provérbios 23:6

Existe um claro paralelo entre o físico e o espiritual nisso tudo, assim


como os olhos trazem o conceito de claridade para a mente, o
desprendimento de bens materiais traz a claridade para o espírito.
Devemos entender que nem a Torah e nem Yehoshua eram contra a
possessão de bens materiais, o que eles são contra é o apego a essas coisas, o
valor que o homem põe sobre elas e o quão mesquinho ele se torna. Por tal
motivo, Yeshoshua continua seu ensino citando que homem algum pode
servir a dois mestres, não se pode servir a Deus e a Mamon (dinheiro em
aramaico).
Tal concepção de servir a dois mestres é algo da Torah, mas não está de
forma clara, para tanto, devemos fazer uma análise gramatical do livro de
Genesis.
YETZER
Tanto o aiyin tovah quanto o aiyin ra´ah são resultados dos dois instintos
que foram colocados dentro de ser humano por Deus, são eles o bom instinto
(Yetzer Tovah) e o mal instinto (Yetzer Ra´ah), ambos são os principais
fatores que conduzem a vida de todo ser humano e a verdadeira luta de cada
um é justamente concernente a esses dois Yetzer. Ao olharmos na Torah, no
momento em que Deus cria o ser humano, algo de interessante nos é relatado:

‫וייצר יהוה אלהים את האדם עפר מן האדמה ויפח באפיו נשמת חיים ויהי‬
‫האדם לנפש חיה‬

E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em suas


narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
Genesis 2:7

Nesse versículo temos um aparente erro gramatical, um erro de


escrita, mas como estamos falando da Torah, aquilo que parece erro, na
verdade é uma mensagem, é algo que devemos parar e prestar atenção.
O termo “formou” em hebraico é Yitzer (‫ )יצר‬e é usado quando Deus
forma os animais e a humanidade no sexto dia, porém, na criação de Adam o
mesmo termo é usado, mas sua escrita vem de forma diferente e única em
toda literatura hebraica; No caso, temos a mesma palavra Yitzer (‫ )ייצר‬porém
com uma repetição anormal da letra inicial YUD (‫ ;)י‬Esse fato oculto revela
que a Torah já nos relata de cara que Adam já sabia muito bem o que era bom
e mal.
Isso acontece porque existe uma outra palavra que é escrita
exatamente da mesma forma que o termo Yitzer (‫)יצר‬, que é a palavra Yetzer
(‫)יצר‬. Isso já muda tudo, pois Yetzer é o nome da inclinação intrínseca do
homem. Dentro de cada ser humano existe o Yetzer HaTov (inclinação boa) e
o Yetzer HaRah (inclinação má) e tudo aquilo que fazemos e decidimos na
vida é influenciado por uma dessas inclinações.

Rav Nahman bar Rav Hisda interpreta: qual o significa do que está
escrito: “então Adonai Elohim formou (vayyitzer) o homem” com dois Yud?
Esses dois Yud fazem alusão ao fato de que o Santo, abençoado seja, criou
duas inclinações, uma boa e uma má.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 61a

Yehoshua fala de uma forma muito similar, e de certo possuía esse


entendimento referente a criação do homem. Quando ele ensina sobre servir a
dois mestres, ele se refere justamente a essas duas inclinações, é impossível
uma pessoa ser boa ao mesmo tempo que é má, é impossível observar a
Torah e viver no pecado, pois a Torah não estará sendo observada no coração
(como já ensinado no capítulo 5), pois se ela está no coração, o pecado nem é
uma opção. Quem vive nesse meio termo é o tal do “morno”, ou seja
“quente” ou seja “frio”, isso faz total sentido com tudo que ele ensina.

Beit Hillel usava de uma linguagem muito comum e muito replicada por
Yehoshua em referência ao acúmulo de tesouros no céu e sobre os danos que
eles sofrem se forem acumulados na terra.
Alguns anos após a morte de Yehoshua, um rei na Arábia, chamado
Izates, recebeu uma visita de um judeu chamado Ananias da escola de
Gamliel, a qual nasceu da escola de Hillel, e ensinou Torah a esse rei até que
alguns anos depois, ele acaba se convertendo ao Deus de Israel. O que mais
me intriga é como esse rei foi ensinado, como o linguajar dele se
assemelhava muito com os ensino de Yehoshua, mesmo sem nunca ter o
visto. Irei colocar aqui uma pequena história sobre esse rei da forma como foi
relatada pelo maior historiador judeu do primeiro século, Flavivs Josefvs:

A respeito do rei Izates, que exauriu todos seus tesouros e as reservas de


seus pais durante os anos de fome para ajudar a terra de Israel. Seus irmãos
e a casa de seu pai trouxeram uma delegação perante ele e lhe disseram:
“Seu pai guardou ouro e aumentou o tesouro de seus pais e você, o está
desperdiçando.” O rei responde: “A verdade jorra da terra como água de
uma fonte e a caridade nos olha lá de cima, dos céus”(salmos 85:11). Meus
pais colocaram suas riquezas em um local vulnerável a ferrugem e a
corrosão, mas eu coloco minhas riquezas em um local invulnerável a
ferrugem e a corrosão, como está escrito, “caridade e julgamento são a
fundação de Seu trono”(Salmo 97:2). Meus pais juntaram algo que não
produz frutos, mas eu juntei algo que produz frutos, como está escrito, “Diga
ao que recebe a caridade que tudo estará bem com ele, pois comerá dos
frutos de seus atos”(Isaias 3:10). Meus pais juntaram tesouros em forma de
ouro, mas eu juntei meus tesouros em forma de almas, como está escrito, “a
fruto da caridade é a Árvore da Vida e qualquer um que obtém uma alma, é
sábio(Provérbios 11:30). Meus pais juntaram para outros e eu juntei para
mim mesmo, como está escrito, “E a caridade será por ti”(Deuteronômios
24:13). Meus pais juntaram para esse mundo, mas eu juntei para a vida
eterna, pois está escrito, “Sua caridade andará perante ti”(Isaias 58:8).

Acredito que essa história pode deixar muito claro ao que Yehoshua se
referia, o aiyin tovah, a generosidade, o não apego as coisas terrenas e
principalmente uma vida segundo o yetzer tovah regido pela Torah é o que
todo ser humano precisa, o resto é resto, pois se nem os pássaros se
preocupam com as coisas dessa terra, por que então aquele que entende essas
coisas e as seguem, deve se preocupar?

PREOCUPAÇÃO E PROVIDÊNCIA
De uma forma muito profunda, Yehoshua entrega a solução para àqueles
que seguirem ao que ele fala à respeito de bens materiais.
Se nem os pássaros no céu se preocupam, pois recebem a providência
divina diariamente, por que os seres humanos se preocupam, já que são muito
mais importante dos que meros pássaros?
Acredito que o entendimento desse ensino é bem claro, NÃO SE
PREOCUPEM, mas sempre devemos olhar para os ensinos rabínicos com a
ideia de que sempre há algo por trás.
Para que possamos entender melhor esse exemplo, devemos ter
conhecimento de algo chamado “os sete princípios de Hillel”, que são sete
maneiras de como um ensino deve ser passado, sete regras que devem ser
usadas para trazer qualquer interpretação profunda sobre temas da Torah.
Yehoshua tinha maestria nesses sete princípios, pois tais foram escritos pelo
seu próprio mestre e ele, Hillel, deveria passá-los de forma exaustiva a seus
alunos. Hoje tais princípios são vastamente usados nos meios ortodoxos.
Conhecê-los e entendê-los bem irá ajudar muito a entender melhor as
palavras de Yehoshua em todos os livros a seu respeito e o próprio Tanakh.

OS 7 PRINCÍPIOS DE RABBI HILLEL


Tais princípios já existiam antes mesmo de Rabbi Hillel, mas foram
compilados pela primeira vez por ele, devido a seu excessivo uso delas. Hillel
usava a analogia e a alegoria para adaptar a Torah naquilo que ele queria
ensinar, permitindo que todos entendam a palavra de Deus, tanto os mais
inteligentes, quanto os mais debilitados.

1- KAL VACHOMER (LEVE E PESADO)


Se algo é verdadeiro para alguma coisa de menor importância, como
no caso de uma mandamento leve, esse algo também toma forte
importância para algo mais sério. Observamos o uso desse conceito por
todo o sermão da montanha, quando Yehoshua põe na balança os
mandamentos sérios e os leves, ensinando que a quebra de um
mandamento pequeno, certamente levará a quebra de um sério.

2- GEZERAH SHAVAH (EQUIVALÊNCIA VERBAL)


Se uma palavra aparece em dois trechos diferentes da Torah, pode-se
assumir uma conexão de entendimento entre ambas.

3- BINYAN AB MIKATUB ECHAD (SUPOSIÇÃO ATRAVÉS DE


UMA REGRA)
Aplicação de uma norma encontrada em determinada passagem em
outras passagens que relacionam o mesmo tema, porém não são
encontradas nelas essa mesma norma de forma direta.

4- BINYAN AB MISHENE KETUVIM (DEDUÇÃO A PARTIR DE


VÁRIAS NORMAS)
Construir uma norma própria através da conexão de vários textos do
Tanakh.
5- KEAL U´PERAT – PERAT ´KELAL (DO GERAL AO
PARTICULAR – DO PARTICULAR AO GERAL)
Um termo ensinado de uma forma geral que é aplicado em uma
forma particular, para o indivíduo e vice-versa.

6- KAYOTZE BO MIMAKOM ACHER (ANALOGIA DE


OUTRA PASSAGEM)
Quando duas passagens entram em conflito, usar uma terceira para
resolução.

7- DABAR HILMAD ME ANINO (INTERPRETAÇÃO ATRAVÉS


DO CONTEXTO)
A passagem é explicada por alguma norma anterior ou
posterior a ela.

Agora acredito que fica mais simples de entendermos de onde vem o


exemplo dado por Yehoshua. Assim como no sermão da montanha, onde ele
usa vastamente o KAL VACHOMER, nesse momento ele se utiliza do
KEAL U´PERAT, expondo algo comum, que é o cuidado de Deus com toda
Sua criação, porém de uma forma individual, particular, ou seja, o mesmo
cuidado que o Criador tem com tudo aquilo que Ele criou, será muito maior e
muito mais pessoal àqueles que O servirem e isso é maravilhoso.

CONSIDERAÇÕES
Se caso EL pense em vocês, não se preocupem em dizer o que comerei ou
o que beberei.
Tudo aquilo que o corpo necessita, o vosso Pai sabe. Todas as coisas que
vocês precisam.
Busquem antes o Reino de Elohim e sejam tzadikim e todas essas coisas
lhe serão dadas.
Não se preocupem com o dia de amanhã pois o dia de amanhã se
preocupará por si mesmo. Basta a vocês hoje e seus problemas.
Mateus 6:31-34

Para terminar a linha de pensamento, Yehoshua aponta algo muito duro e,


até certo ponto, radical. A forma como ele se expressa no versículo 31, o qual
está de forma errônea nas traduções para o português, começa com “SE
CASO”, isso mostra algo muito complicado, pois ele deixa claro que existe
uma possibilidade de que EL (Deus) não pense nas pessoas, se não
encontrarmos uma “maneira” para que Deus pense em nós, ai sim, teremos
com que nos preocuparmos, muita atenção nesse simples termo que
Yehoshua utiliza, a providência de Deus É CONDICIONAL!
Segundo ponto, qual ser humano não tem o costume de orar com um
monte de petição? Acredito que a vasta maioria, mas ele diz que Deus já sabe
dessas coisas, e que nossa oração deveria ser focada na busca do Reino dos
Céus, e tal ideia, é fortemente atrelada a busca de como aprimorar os
mandamentos em nossas vidas.
E por fim, apenas um tipo de pessoa receberá tudo o que necessita de
Deus, o tzadik, que nada mais é que a pessoa que vive Torah, ou seja, pelas
palavras de Yehoshua, apenas os que seguem a Lei de Deus terão todas as
necessidades atendidas. De novo, TODAS e não algumas.

Não criem um falso Yehoshua na cabeça, não caiam no jesus romano, que
só serve pra fingir que dá aquilo que o homem pede, não percam tempo com
deuses criados por homens. Sigam a Deus, aprendam com as verdadeiras
palavras dele, quebrem conceitos anteriores e tenham uma vida repleta de
Deus, de verdade, de alegria, cheia de todas as formas e com os olhos no
Reino dos Céus. Quem tiver entendimento, que entenda.
◆◆◆
SEÇÃO XVII
JULGAMENTO

Não julgues para não ser julgado.


Através desse julgamento serás julgado e com essa medida serás medido.
E por que você vê a palha no olho de seu próximo e não vê a trave que
está nos seus olhos?
E como falarás para seu próximo: espere um pouco que arrancarei a
palha de seus olhos e eis que que a trave está em seus olhos?!
Hipócrita! Arranque antes a trave de seus olhos e então sim, arranque a
palha dos olhos de seu próximo.
Mateus 7:1-5

Acredito que nenhum dos ensinos do sermão da montanha tenha sido


tão mal entendido como o assunto abordado no começo do capítulo sete.
Muitos entendem esse ensino como uma proibição de fazer julgamento,
porém tal ideia não é coerente com aquilo que Yehoshua vem ensinando.
Podemos observar de outras passagens que o julgamento é essencial ao
homem e que ele deve sempre fazê-lo, julgar entre o certo e o errado, entre a
luz e a escuridão, são atitudes necessárias para a vida de qualquer ser humano
que decida seguir a Deus. O interessante é que nem nesse caso, que trata de
julgamento ao próximo, Yehoshua traz alguma proibição, o que ele faz e
incentivar o julgamento, porém um julgamento pessoal, uma introspectiva
sobre nossas atitudes e após esse julgamento, se estivermos nos conformes da
Palavra de Deus, então teremos autoridade de julgar ao próximo.
Pode parecer estranho, mas é justamente isso que ele ensina. Porém, e
sempre tem um porém, devido a nossa condição caída, temos a propensão de
fazer péssimos julgamentos, tanto em relação a nós mesmos quanto em
relação ao próximo, temos uma tendência de usar dois pesos e duas medidas,
sendo muito leve sobre nós mesmos, chegando até uma certa hipocrisia, e
muito mais pesado em relação ao próximo. E nesse caso, é melhor ficarmos
quietos.
Nós devemos ter muito cuidado ao tentarmos remover algo dos olhos do
próximo quando temos algo muito maior em nossos olhos. Devemos ter
grande discernimento se quisermos ter uma vida de acordo com a Torah.
Caso caiamos nesse erro, o mesmo acontecerá conosco, pois se formos
injustos com o próximo, eventualmente serão injustos conosco. O indivíduo
que se sente sempre injustiçado perante os julgamentos dos próximos, deve
começar a analisar o próprio “eu”, pois isso pode ser resultado das próprias
atitudes.

Não sejam desonestos no julgamento, nem na vara, nem no peso, nem na


medida.
Levítico 19:35

O começo para um homem julgar é que julgue através de seu estudo da


Torah, o que vem depois é resto.
Mishneh Torah, Estudos da Torah 3:5

Duas coisas bem interessantes, a primeira é a própria Torah falando sobre


julgamento, ela não o proíbe, assim como Yehoshua não o proibiu, porém
ambos impõe a mesma condição de não sermos desonestos e isso pode ser
complicado.
O Mishneh Torah afirma que para que possamos julgar um pouco melhor,
esse julgamento deve ser elaborado através do estudo da Torah, ou seja, é a
base que deve ser levada em conta na hora do julgamento.
Por último vamos olhar de onde Yehoshua tirou tal ensino e
interpretação:

‫ולא תשנא את אחיך בלבבך הוכח תוכח‬


Você não deve odiar a seu próximo em seu coração, reprove e reprove
seu próximo mas não seja condenado por causa dele.
Levítico 19:17

Nessa passagem em Levítico, em hebraico, o termo correção aparece


duas vezes seguidas. Segundo o rabino Baal Shem Tov, essa repetição é
devido a forma como a pessoa deve se aproximar de seu irmão na hora de
julgá-lo ou corrigi-lo, o primeiro se refere a própria pessoa, que deve
primeiro se corrigir e então ela estará apta a corrigir ao próximo. Acredito ser
exatamente essa a mesma interpretação de Yehoshua.

PORCOS E CACHORROS
Na sequência, ele usa de um exemplo bem interessante, que aborda
diversas coisas em relação às impurezas, uma estranha explicação referente
ao julgamento que só pode ficar claro se entendermos bem os termos por ele
utilizados.

Ainda disse a eles: não deem carne kasher aos cachorros, e não atire
(coisas sagradas) perante os porcos para que não as mastiguem perante ti e
te prejudiquem.
Perguntem a EL e serás dado a vocês, peçam e encontrarás, batam e
abrirás para vocês.
Tudo que perguntar (pedir) serás dado e ao que pergunta (pede)
receberá e encontrará, e ao que chama será aberto.
Quem no meio de vós, que o filho pede a vós um pedaço de pão, o dá
pedra?
Ou se pede peixe, o dá cobra?
E vocês que são um povo mal, vem e dão presentes bons perante vocês,
então muito mais o vosso Pai no Céu, que dá Seu Espírito bom para quem
pedi-lo.
Mateus 7:6-11

Para que possamos entender devemos entender alguns termos utilizados


no original e que infelizmente foram omitidos nas traduções ocidentais.

Carne Kasher
Dentro das leis da Kashrut (leis dietéticas da Torah) as maiores
proibições tratam justamente de alimentos proteicos, ou seja, de origem
animal, como por exemplo os tipos de carnes vermelhas e a forma que elas
devem ser consumidas, os peixes, frutos do mar e etc.
Hoje, sem dúvida alguma, o alimento kasher mais caro é a própria
carne vermelha, o processo que ela deve passar para ser kasher é um tanto
trabalhoso. Tudo começa na forma do abate do animal, o mashguiach tem
que abater o animal degolando-o, sem que o animal veja a faca, deve-se
esperar até que todo o sangue escorra e então, apenas as carnes de “segunda”
podem ser aproveitadas, pois são partes que possuem uma concentração
menor de sangue. Os cortes são então colocados no sal para que todo o
excesso de sangue seja removido e assim ficam prontas para a venda. Todo
esse processo torna o custo da carne muito elevado, tornando-a assim um
objeto de valor, uma refeição com carne kasher é inevitavelmente uma
refeição de alto custo. Assim como a “carne kasher” é um símbolo de
linguagem que representa a kashrut, a kashrut também pode ser um símbolo
de linguagem que representa a Torah, pois todos que observam as Leis de
Deus irrevogavelmente praticam a lei da kashrut.
Dentro da terminologia rabínica, todos aqueles que praticam qualquer
forma de paganismo ou idolatria são chamados de cães ou cachorros. E
também segundo os rabinos, os idolatras são justamente aqueles que não
seguem ou negam a Torah:

Daqui se deriva que quem nega a Torah, admite a idolatria.


Rashi, Deuteronômio 11:28:1

Se ligarmos os dois pontos, sendo os mandamentos de Deus


representados pela terminologia “carne kasher” e cachorros são os idólatras,
que são aqueles que não seguem a Torah, podemos entender que a afirmação
de Yehoshua é que não se deve ensinar os mandamentos de Deus àqueles que
não buscam segui-los ou acreditam que foram abolidos. Isso é uma verdade,
tomando o meio cristão como exemplo, a aceitação de um ensino que aborda
qualquer tipo de obediência a Lei de Deus é muito mal visto, a pessoa que
ensina tais coisas é acusada de blasfemia, judaizante e legalista, pois se
encontra debaixo da maldição da lei. Para tais pessoas nenhum ensino em
relação a Deus deve ser passado, pois esses cães já estão julgados por si
mesmos.
Assim como a carne kasher é uma representação da kashrut, o porco,
um alimento veementemente proibido pela bíblia, é uma simbologia usada
para representar a impureza. O ensino agora aperta um pouco. Como
qualquer ensino relacionado a Deus é santo, ele não deve de forma alguma
ser passado para pessoas impuras, pessoas que não apenas negam a Torah,
que são os “cães” visto acima, mas também vivem uma vida contrária a ela,
sendo representadas pelo termo “porcos”. Os “porcos” são pessoas que
praticam o mal, a idolatria, a violência, a imoralidade sexual e etc. Para esse
tipo de gente nem devemos desprender nosso tempo com quaisquer ensinos
sobre Deus e Sua Torah, a não ser que essas pessoas estejam realmente
dispostas a mudarem de vida, insistir nessas coisas com os “porcos” é como
dar murro em ponta de faca, irá apenas nos prejudicar.
◆◆◆
SEÇÃO XVIII
VIDA

Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: venha pelo portão estreito,
pois o portão da desgraça é largo e profundo e a maioria vai por ele.
Quão estreito é o portão e pesado o caminho que leva à vida e quão
serão os poucos que os encontrarão.
Mateus 7:13-14

Já ouvi muitos líderes religiosos usando essa passagem para


induzirem as pessoas a irem aos seus templos religiosos, pois são esses
lugares que representam esse “caminho estreito” que Yehoshua fala. Muito
da literatura cristã trata esse “caminho estreito” como sendo a própria igreja
ou fé cristã. Também existem outras fontes que alegam que o caminho é o
próprio jesus, as quais tornam a interpretação desse versículo algo muito
místico, quase mágico.
Segundo meu entendimento, essas interpretações não definem bem o que
Yehoshua estava falando. Para tanto, vamos nos focar somente em um ponto
desse ensino, a VIDA, pois se descobrirmos o que seria essa vida, vamos
entender o que seria esse caminho e o que seria esse portão. Mas temos um
probleminha, será essa vida, a qual Yehoshua se referia, a vida eterna ou a
vida nesse mundo? Como isso não é claro nesse versículo, vamos olhar para
ambas, através da Torah e alguns ensinos rabínicos.

A VIDA NA CARNE
O que é encontrar o caminho que leva a verdadeira vida nesse mundo?
Segundo a Torah, é encontrar o propósito pelo qual Deus escolhe alguém.
Claro que nem todo ser humano possui um, pois muitos não passam de
números embaixo dos céus, mas aquele que o tem, no momento em que o
encontra, encontra a vida.
Todo propósito vem com um preço alto a se pagar, por isso Yehoshua usa
palavras como estreito e pesado, pois poucos conseguem suportar servir a
Deus. Só encontrando os planos de Deus nas nossas vidas, será possível
atingirmos o propósito pelo qual estamos aqui, pois isso é o verdadeiro
significado do termo "vida".
Veremos dois casos na Torah que confirma isso e também veremos o que
passaram essas pessoas para chegarem lá, tanto fisicamente quanto
mentalmente. Essa análise será feita através da Gematria conforma relatada
na introdução desse livro.

1)SARAH
‫ויהיו חיי שרה מאה שנה‬
E foram os anos de Sarah cento e vinte e sete
Genesis 23:1a

Essa passagem fala justamente do tempo de VIDA de Sarah. Se pegarmos


a primeira palavra desses versículo, VAICHIU (‫ – )ויהיו‬e foram - e fizermos o
cálculo de seu valor pela Gematria, teremos:

VAICHIU (‫)ויהיו‬
6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 5‫ה‬+10‫ י‬+ 6‫ו‬
=37

Para darmos sentido a esse valor, devemos comparar a passagem acima


com uma outra que fala de um acontecimento na vida de Sarah:

...pode Sarah dar a luz a uma criança as os noventa anos de idade?


Genesis 17:17b

Sarah morreu aos 127 anos, seu filho, Itzhak, nasceu quando ela tinha
noventa, ou seja, Sarah morre 37 anos após o nascimento de seu maior sonho.
O propósito na vida de Sarah não era casar com Abraham, não era sair de Ur
para ir a Canaan, não era expulsar Ishmael de casa, mas sim ter um filho, o
maior plano de Deus em sua vida foi que ela tivesse Itzhak e através dele, se
daria o início de um povo prometido e escolhido por Deus.
Os últimos 37 anos da vida de Sarah foram os anos que ela realmente
viveu, se sentiu viva, entendeu o verdadeiro motivo de estar nessa terra e
conheceu ao Criador na prática, como ela mesmo disse:

Sarah disse: Deus me trouxe sorriso, todos que ouvirem essa história irá
sorrir comigo.
Genesis 21:6

Sarah encontrou seu propósito e por isso se alegrou e viveu de verdade.


2) YAAKOV
‫ויחי יעקב בארץ מצרים‬
E Yaakov viveu dezessete anos na terra do Egito...
Genesis 47:28a

Faremos a mesma coisa que foi feita no exemplo anterior, vamos usar a
primeira palavra desse versículo VAICHI (‫ – )ויחי‬e viveu – para calcular seu
valor na Gematria:

VAICHI (‫)ויחי‬

10‫ י‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 6‫ו‬


=34

Novamente, para que esse valor faça algum sentido, é necessário alguns
detalhes sobre a vida de Yaakov. O patriarca tinha um filho preferido, Yosef,
que foi vendido ao Egito quando ele tinha apenas 17 anos. Anos mais tarde,
seus irmãos o reencontram como líder de toda terra do Egito e mudam com
toda sua família para lá, trazendo inclusive seu pai, Yaakov, o qual viveu em
paz no Egito por mais 17 anos.
Yosef viveu junto a seu pai pelos primeiros 17 anos de sua vida, antes de
sua venda e depois por mais 17 anos no Egito, 17+17=34. O propósito da
vida de Yaakov foi justamente ter esse filho, ter Yosef, pois através dele que
o povo hebreu desceu ao Egito para a realização de todo o plano de Deus
conforme relatado em Êxodo.
Foi depois do nascimento de Yosef que Yaakov decide se livrar de todo o
jugo que estava sobre ele na casa de Labão, foi por causa de Yosef que ele
resolve ir a terra prometida e foi por causa de Yosef que o fez sair de lugares
de influência pagã. Yosef foi o verdadeiro propósito na vida de Yaakov e sua
maior alegria.

Depois que Rachel deu a luz a Yosef, Yaakov disse a Laban: Deixe-me
partir para minha terra natal.
Genesis 30:25

Nesse momento começa uma caminhada de um povo que passa pelo


Egito, pelo deserto, pelo Sinai e termina com Josué entrando e tomando a
terra de Israel.

A vida que Deus promete por toda sua palavra não se restringe apenas a
uma vida eterna no Olam Habah, mas por muitas vezes se refere a nossa vida
terrena, no Olam Hazeh. Uma vida de bênçãos, de alegria e de proximidade
ao Criador. Para que tudo isso seja possível, cada um deve descobrir e atingir
o propósito para o qual foi criado. Essa é a verdadeira vida!
O Preço
Chegar ao propósito não foi fácil para Sarah e muito menos para Yakoov.
Sarah viveu anos de sua vida como nômade, por muito tempo não teve terra,
não teve casa e conforme a idade avançava, sofria cada vez mais com sua
esterilidade, pois sabia que engravidar se tornaria cada vez mais difícil.
Já Yakoov, além de ter que fugir de casa, trabalhou para seu tio Laban
por anos a fio. Teve que casar com uma mulher que não amava, ser enganado
diversas vezes, enfrentar seu irmão, lutar com um anjo e ter a noticia da perda
do filho que mais amava.
Os propósitos de Deus exigem um preparo, que muitas vezes são
dolorosos. Esse é o portão estreito e o caminho pesado de Deus que
Yehoshua fala, pois muitos não tem coragem suficiente para enfrentá-los, por
isso os propósitos de Deus são para muito poucas pessoas.

A VIDA ETERNA
Se encararmos esse versículo como se referindo a vida eterna ao invés da
vida na terra, precisaremos das Escrituras para termos uma base sobre o que
seria esse portão e esse caminho.
O conceito vida eterna é algo muito forte no novo testamento, pois é uma
terminologia vastamente usada pelos fariseus na época em que o novo
testamento foi escrito, por isso que essa ideia fazia parte das pregações de
Paulo, dos apóstolos e principalmente de Yehoshua. Por esse motivo, para
entendermos ao que eles se referem quando mencionam o termo vida eterna,
devemos olhar para aquilo no que eles se baseavam. Acredito que nesse caso,
podemos olhar para dois versículos do Tanakh. Após expor cada um deles,
vou trazer comentários rabínicos, talmúdicos e versões aramaicas dos
mesmos que, de certo, faziam parte do conhecimento de Yehoshua e de todos
seus ouvintes.
Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais,
observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o Senhor.
Levítico 18:5

“viverá por eles” se refere a vida eterna. Pois se você pensa que esse
versículo se refere a esta vida, não está o homem fadado a morrer na carne?
Rashi, Levítico 18:5

E você guardará meus estatutos e meus juízos,


os quais, se um homem os segui-los terá a vida através deles e vida
eterna.
Targum Onkelos, Levítico 18:5

E você guardará meus estatutos e as ordens de meus julgamentos, os


quais, se um homem os fizer, sua posição na vida eterna será entre os justos.
Targum Yonatan, Levítico18:5

Rabbi Meir costumava dizer: “como saberemos se quando um gentio que


estuda Torah será comparado com o próprio sumo sacerdote?” De Levítico
18:5, onde diz: “se um homem os fizer, viverá por eles”. Meir diz: “não diz
se um sacerdote, um levita ou um israelita os fizer, o versículo diz se um
homem os fizer”. Se aprende aqui que até mesmo um gentio que estuda a
Torah é equivalente ao sumo sacerdote.
Talmud da Babilônia, Tratado de Sanhedrin 59a

Segundo a Torah, o Talmud, as versões aramaicas e os rabinos, o


seguir a Torah, ou mais do que isso, obedecer a Deus, é o que nos garante na
vida eterna e isso está aberto a todos os homens, judeus ou gentios.
Claro que obediência sem fé não basta, o novo testamento em
diversas passagens é enfático ao relacionar ambos. Hoje existem muitos
rabino que ensinam que independentemente do judeu ter fé ou não, ele deve
seguir os mandamentos, pois isso lhe bastará para entrar na vida eterna. Claro
que não são todos que pensam assim, além do novo testamento, o Tanakh os
comentários rabínicos também corroboram a ideia da fé ligada a obediência
que leva a vida eterna:

Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo viverá
pela fé.
Habacuque 2:4

Deus deu a Israel 613 mandamentos, pelos quais se obteria a vida eterna.
Se o homem os observar, viverá por eles. Mas 613 são muitos para lembrar,
o rei David os simplificou de 613 para apenas 11 mandamentos em Salmos
15. Mas 11 ainda são muitos para se lembrar. Então o profeta Isaías os
simplificou de 11 para 6 mandamentos em Isaias 33:13-14. Mas 6 ainda são
muitos para se lembrar. Então em Miquéias 6:8 temos: “1) faça a justiça, 2)
ame a bondade, 3) ande humildemente perante Deus.”. Mas mesmo 3 coisas
são um pouco pesadas. Então Isaías as simplifica mais uma vez, sumarizando
toda a Torah em apenas 2 princípios em Isaías 56:1: “Mantenha a justiça e
faça o correto”. E Então vem Habacuque e simplifica toda a Torah em
apenas um único princípio: “O justo viverá pela fé”.
Talmud da Babilônia, Tratado de Makkot 24a

Ou seja, viver pela fé é a própria sumarização da Torah, das Leis de


Deus e dos caminhos de Deus para um homem que quer segui-Lo. Porém a fé
é algo muito subjetivo, muito pessoal, pois a fé de um indivíduo nunca será
igual ou comparável com seu próximo, por outro lado, os mandamentos,
quando seguidos por um grupo de pessoas, essas pessoas os seguirão de
forma semelhantes, todos se comportando igual perante Deus.
Yehoshua, quando ensina sobre a “vida” no versículo que estamos
estudando, o faz de uma maneira um pouco estranha, algo que só pode ser
percebido no livro original de Mateus em hebraico. Ele começa dizendo:
“VENHA, pelo portão estreito...”. A palavra “venha” está conjugada no
singular, como se ele estivesse falando para uma pessoa apenas, mas ele
termina sua frase da seguinte forma: “...a maioria vai por ele”, se referindo
não mais ao indivíduo, mas sim a um grupo. Ele começa na forma singular e
termina na forma plural. Pode parecer apenas uma maneira de falar, mas na
verdade, essa maneira de expressar algo remota a algo que aparece na Torah,
o qual é expresso da mesma forma:

VEJA, neste dia, eu coloco perante VOCÊS a vida e a morte.


Deuteronômio 30:15

Se fizermos uma conexão através da forma gramatical das palavras de


Yehoshua com essa passagem da Torah, podemos entender que Yehoshua
está se referindo a vida e a morte que foram colocadas por Deus perante os
homens.
Isso também faz uma alusão ao conceito fé e obediência, pois começa no
singular e, assim como a fé é algo singular de cada um, mostra que primeiro a
pessoa precisa crer, ter fé para que então obedeça, pois obediência é algo que
se praticado por todos, todos terão um andar parecido, escolhendo assim a
vida.

VIDA E VIDA
Eu acredito que ambas as interpretações se encaixam aqui, tanto a vida
terrena quanto a vida eterna apresentam os mesmos desafios citados.
Se entendermos as palavras de Yehoshua como a vida nessa terra, o
portão nesse caso seria o propósito de Deus, que representa a lapidação que é
feita com os escolhidos por Ele, os preparando para os planos divinos. O
caminho seria justamente andar nesse propósito, só olharmos para as vidas
dos patriarcas e dos grandes homens do Tanakh, mesmo depois de terem
atingidos seus propósitos, a vida não se tornou fácil, porém, apesar das
dificuldades, a alegria, o prazer e a verdadeira razão da vida superam todas as
dificuldades.
Por outro lado, se essa vida for a vida eterna, o portão seria a fé, o
primeiro passo a ser tomado, algo que, apesar de muito particular, fé no Deus
Verdadeiro é um desafio. Isso pois Deus não é palpável e nem visível, Suas
obras não fazem lógica e Ele gosta de confundir os sábios. O caminho é o
passo a ser dado a seguir, os mandamentos, a Torah, uma vida de obediência
que guia o ser humano a vida eterna.
Muitos entendem que jesus é o caminho, ou o portão, mas essa
interpretação deixaria tudo muito místico, mágico e de difícil acesso.
Yehoshua afirma em outros livros que ele é o caminho, a porta e etc. Essa
alegação não se refere a pessoa dele, mas sim às suas obras e ensinos, esse
tipo de terminologia é muito comum dentro do judaísmo para se referirem a
grandes mestres e sábios, o Talmud possuí inúmeros exemplos a esse
respeito, alguns rabinos são chamados de colunas, em referencia às colunas
do Templo, pois é através dos ensinos deles que a Torah se sustenta.
A meu ver, o que Yehoshua diz aqui é que seguir os seus ensinos será
difícil e pesado, porém é através deles que seus seguidores encontrarão o
propósito nessa vida e no final dela, a vida eterna, através da fé e obediência.

A LETRA HEBRAICA HEI – ‫ה‬


A ideia de caminho estreito que leva a vida e caminho largo que leva a
perdição é um conceito rabínico bem antigo, é possível encontrar menções
com teores parecidos já nos primeiros livros que foram compilados pelos
sábios. Os rabinos ensinam que essa ideia é representada pela letra hebraica
chamada HEI (‫)ה‬, pois a parte de baixo é bem aberta, representando o
caminho largo que leva às coisas ruins, às coisas de baixo. Já na parte
superior, também existe uma abertura, bem mais estreita e menor que a de
baixo, representando o caminho que leva ao Olam Habah. Essa abertura na
letra HEI, além de estreita, é de difícil acesso, pois vai contra a gravidade por
ficar na parte de cima.
As palavras de Yehoshua não causaram surpresa a seus ouvintes, pois
esse conceito já era de comum conhecimento pelos judeus, o que eles
entendem através delas é que seus ensinos e a fé neles, representam o portão
e o caminho que, apesar de pesados e estreitos, eles levam à verdadeira vida,
tanto terrena quanto eterna.
Para finalizar vou deixar duas passagens, uma do livro de Salmos e
uma outra talmúdica, ambas abordam esse tema. O primeiro se refere a vida
na terra, já o segundo, a vida eterna e ambos fazem uma conexão com a
Torah:

Eu nunca vou negar seu preceitos (Torah), pois Você preserva minha
vida através deles.
Salmos 119:93

Mas Ele preparou também o Gehinam para os maus, que é como uma
espada afiada que consome, e no meio dele, Ele criou flocos de fogo e brasas
ardentes para o julgamento dos maus que se rebelaram em vida contra as
doutrinas da Torah. Servir a Torah é melhor que o próprio fruto da árvore
da vida. A Torah é a Palavra de Adonai que, se o homem mantê-la, irá andar
no caminho da vida, que leva a vida eterna
Targum Jonathan Ben Uzziel, Genesis 3
◆◆◆
SEÇÃO XIX
DEVAREI TORAH

Ainda disse a eles: todos que escutam as suas coisas (Devarei Torah) e
as fazem é similar ao homem que constrói a casa em cima da rocha.
A chuva cai sobre ela e o vento bate nela e não cai, pois sua fundação é
na rocha.
E todos que ouvirem “essas coisas” (Eile HaDevarim) e não as fizerem é
similar ao homem que é tolo, que constrói uma casa sobre a areia.
Caem as chuvas e vem a enchente e a casa cai com uma grande queda.
Enquanto Yeshua estava dizendo essas palavras (Devarim), todo o povo
estava impressionado com a sua conduta.
Pois estava pregando perante o povo com grande poder, e não como os
sábios.
Mateus 7:24-29

Temos perante nós palavras muito profundas por parte de Yehoshua.


Existem nesses poucos versículos alguns termos técnicos judaicos que, se os
entendermos, eles poderão esclarecer muitas coisas sobre o que ele está
ensinando. Esses termos são de fáceis traduções, porém seus sentidos só
serão conexos dentro de uma perspectiva judaica e em seu idioma original.
Por três vezes, Yehoshua cita o termo DEVARIM (‫)דברים‬, esse termo
pode ser traduzido como “coisas” ou “palavras”. Se usarmos quaisquer um
desses dois termos para fazermos uma tradução para o português, ambos
farão total sentido, pois teríamos “todos que escutam essas coisas...” ou
“todos que escutam essas palavras...”, tanto uma tradução, quanto a outra são
coerentes. Ao olharmos para as bíblias traduzidas que temos em mãos hoje
em dia, veremos que aparece nelas um desses dois termos, “coisas” ou
“palavras”.
Apesar de uma tradução direta como essa ser válida, ela acaba tirando
muito da essência do significado da palavra DEVARIM. Yehoshua fala que
aquele que escuta essas “coisas” ou “palavras” e as fazem, é como o homem
que constrói a casa sobre a rocha e quem escuta essas “coisas” ou “palavras”
e não as fazem, é como o homem que constrói a casa sobre a areia. Um
ensino muito profundo, mas até certo ponto relativo, pois eu pergunto, o que
são essas “coisas”? O que são essas “palavras”? Alguém pode responder que
essas “coisas” e “palavras” são os ensinos de Yehoshua e posso até concordar
com isso, mas ai pergunto novamente, que ensinos? E entraríamos em um
looping, pois cada resposta geraria um nova pergunta, a não ser que
consigamos chegar na fonte do ensino dele.
DEVARIM significa muito mais do que “coisas” ou “palavras”,
DEVARIM é o nome do último livro da Torah, o livro de Deuteronômio, o
livro que é a repetição de todas as Leis de Deus, o “grande resumo” daquilo
que o Criador quer de seu povo. Talvez, as “coisas” e as “palavras” que
Yehoshua diz que devemos ouvir e fazer são justamente aquelas que estão no
livro de Deuteronômio. Mas para termos certeza, devemos olhar mais
profundamente para alguns detalhes.

PROVA 1
A palavra hebraica para “esses”, “estes” ou “aqueles” é EILE (‫)אלה‬.
Apesar de ser uma simples palavra de uso muito comum, tem algumas coisas
no entorno dela que podem nos levar a uma compreensão nova sobre esse
ensino.
O que vou passar aqui eu aprendi em uma aula de Torah com um rabino
de Tel Aviv, na sinagoga da Binyan Olam, há muitos anos atrás. Essa aula foi
baseada em um livro chamado Sifsei Chachomim Chumash.
Ele ensinou que existem diversos casos onde uma parashah, ou um
versículo, começa com a palavra EILE (‫)אלה‬. Na vasta maioria das vezes, o
versículo que começa com esse termo, está conectado com as Leis de Deus.
São alguns deles:

Esses (‫ )אלה‬são os mandamentos... – Levítico 27:34


Esses (‫ )אלה‬são os mandamentos e as Leis... – Números 36:13
Esses (‫ )אלה‬são os estatutos... – Números 30:17
Essas (‫ )אלה‬são as palavras da aliança... – Deuteronômio 28:69
Esses (‫ )אלה‬são as datas santas... – Levítico 23:4
Essas (‫ )אלה‬são as Leis e as ordenanças... – Deuteronômio 12:1

O termo EILE (‫)אלה‬, na Torah, possui uma associação mística com os


mandamentos e as Leis de Deus, pois toda vez que as Leis são apresentadas
ou reapresentadas na Torah, o termo EILE (‫ )אלה‬as precede.
Agora, quando Yehoshua fala no versículo 26, “todos que ouvirem
essas coisas...”, no original, ele chama “essas coisas” de EILE HaDEVARIM
(‫)אלה דברים‬. Assim como nos versículos mencionados acima, também nos é
apresentado algo que está sendo precedido pela palavra EILE. Através do que
vimos, acredito que agora possamos começar a ligar alguns pontos.
Pelo fato desse HaDEVARIM ser precedido pela palavra EILE,
podemos então definir que a palavra HaDEVARIM usada por Yehoshua
nesse caso, não pode ser traduzida como “coisas” ou “palavras”, pois esse
HaDEVARIM, que vem após o termo EILE (‫)אלה‬, se refere justamente as
Leis, aos mandamentos e as ordenanças de Deus, ou seja, a TORAH.

Não podemos desqualificar o EILE (‫)אלה‬, pois ele procede


Deuteronômio (‫)דברים‬, o qual tem o propósito de repetir a Torah.
Sifsei Chachomim Chumash, Êxodo 21:1

Os próprios sábios do Sifsei Chachomim nos ensinam que não


podemos desqualificar esse termo, por mais ordinário que seja, ele nos revela
muitas coisas místicas. Devemos entender que pequenos detalhes fazem
muita diferença, a sabedoria rabínica que Yehoshua tinha realmente me
impressiona. Mas vamos buscar por mais provas a esse respeito.

PROVA 2
Se estivéssemos em Israel hoje, conversando em hebraico com um
israelense e se quiséssemos dizer “essas coisas” ou “essas palavras”, diríamos
HaDEVARIM HaEILE (‫)הדברים האלה‬.
Interessante que, quando Yehoshua diz “essas coisas” no versículo 26, ele
não diz HaDEVARIM HaEILE (‫)הדברים האלה‬, mas sim EILE HaDEVARIM
(‫)אלה דברים‬, ele inverte a ordem da forma mais usual para dizer “essas
coisas”.
Isso me chamou muito a atenção, pois se olharmos para o livro de
Deuteronômio, justamente aquele chamado de DEVARIM, logo na suas
primeiras palavras, temos algo muito interessante:

Essas são as palavras (‫ )אילה הדברים‬que Moises disse a Israel....


Deuteronômio 1:1

Impressionante! Yehoshua, ao usar o termo EILE HaDEVARIM, está


justamente fazendo uma menção ao livro de Deuteronômio, citando suas
exatas primeiras palavras. Esse livro é a repetição das Leis da Torah e isso
também nos mostra que essas “coisas” e essas “palavras”, que devemos ouvir
e fazer, são justamente as Leis que estão na Torah!
Acredito que agora podemos fazer uma releitura dos versículos acima de
uma forma mais direta:

Ainda disse a eles: todos que escutam as LEIS DA TORAH e as fazem é


similar ao homem que constrói a casa em cima da rocha.
A chuva cai sobre ela e o vento bate nela e não cai, pois sua fundação é
na rocha.
E todos que ouvirem as LEIS DA TORAH e não as fizerem é similar ao
homem que é tolo, que constrói uma casa sobre a areia.
Caem as chuvas e vem a enchente e a casa cai com uma grande queda.
Enquanto Yeshua estava ensinando DEUTERONÔMIO, todo o povo
estava impressionado com a sua conduta.
Pois estava pregando perante o povo com grande poder, e não como os
sábios.
Mateus 7:24-29, autor

Acho que agora fica muito claro quais são as coisas que devemos fazer e
as palavras que devemos ouvir para que possamos construir a casa sobre a
rocha. A única coisa suficientemente sólida, na qual podemos apoiar a nossa
fé e descansar nosso espírito, é apenas a Palavras de Deus e não existe outra
coisa além dela.

ROCHA
A sabedoria construiu sua casa...
Provérbios 9:1

A sabedoria construiu sua casa: isso é a Torah, que ensina a construir e


que construiu todos os mundos.
Midrash Mishlei 9

Eu direi a Adonai, A minha rocha...


Salmos 42:10a

Por todo o livro de Salmos, encontramos declarações que Adonai é a


rocha, a rocha sobre a qual devemos construir nossas casas, nossas vidas,
nossa fé, nossas esperanças e nossos planos. Muitos acham que a rocha é
Yehoshua, ou o Mashiach, ou a Torah, ou a Bíblia, mas a rocha mesmo é
Adonai, Aquele que criou todas as coisas.
A Torah, por sua vez, é o que nos instrui a construir a nossa casa por cima
dessa rocha, ela nos ensina sobre as propriedades da Rocha, como escavá-La,
como estabelecer uma fundação e como deixá-La se tornar a base e suporte
de tudo em nossas vidas. É a Torah que nos dá essa sabedoria, aquele que não
a conhece, nunca poderá construir a casa sobre a rocha, pois só conhece areia.
O ensino de Yehoshua é sobre como devemos colocar tudo que é relativo
a nossas vidas em Adonai, como tudo aquilo que planejamos e sonhamos
deve ser construído sobre a rocha que Ele é e isso só é possível através do
“manual de instruções” que Ele entregou ao seu povo.
◆◆◆
SEÇÃO XX
MORTO ENTERRANDO MORTO

Um de seus talmidim lhe disse, permita-me ir enterrar meu pai.


E lhe disse Yeshua, me siga e os mortos que enterrem aos mortos.
Mateus 8:21-22

Essas curtas palavras de Yeshoshua, se não bem interpretadas, podem


passar uma sensação negativa e contrária a relação familiar estabelecida pela
Torah, principalmente em relação ao pais.
Muitos judeus, que estudam a vida de Yehoshua, usam essa passagem,
dentre muitas outras, para provar como ele foi contra a Torah, contra o
principal princípio que forma a sociedade, que é a família e contra os
mínimos requisitos exigidos de alguém que busca servir ao Deus de Israel.
O grande problema, que impede o entendimento real, é justamente a
resposta que ele dá a esse seu talmid, “que os mortos enterrem aos mortos”.
As palavras que Yehoshua usa nesse caso parecem pouco usuais, porém elas
aparecem na Torah Oral, é um termo estranho em hebraico chamado METIM
METEIHEM (‫ )מתים מתיהם‬e engloba justamente uma mandamento deixado
de lado nos dias atuais.

Quando a carne decompor, os ossos devem ser coletados e colocados em


pequenos ossuários e levados a lugar apropriado. Depois que os ossos forem
levados ao ossuário, então o filho pode sair do luto.
Talmud de Jerusalém, Tratado Moed Katan 1:5

A transferência dos ossos do túmulo a um ossuário era conhecido como


segundo funeral, ou Metim Meteihem, que em uma tradução direta dá uma
ilusão que o próprio morto estive se “re-enterrando”. Foi estabelecido pelos
rabinos que todo esse ritual deveria ser feito pelo primogênito, depois de um
ano do enterro, ele deveria remover os ossos do túmulo e levá-los os à cidade
de Jerusalém ou para o mausoléu pertencente à família. Esse ritual era praxe
no judaísmo do primeiro século. Por falta desse entendimento, principalmente
pelo tradutor original desse texto, a impressão que nos é passada aqui é que
Yehoshua discordava com a obrigação de enterrar os familiares, porém o
verdadeiro problema que ele tinha era em relação a esse costume talmúdico e
com seu verdadeiro significado.
Rabbi Yose dizia que o motivo para tal ritual é porquê, conforme a carne
se decompõe entre o primeiro e o segundo enterro, o morto se torna
justificado pelos seus pecados. Apenas depois do segundo enterro o filho
poderia sair do luto, pois como a carne é pecaminosa e ela já não existia mais,
o pecado sobre o espírito do morto também não existia mais, então ele
poderia levar os ossos “justificados” para junto aos seus ancestrais.
De certo, contrariamente ao que muitos pensam, Yehoshua não estava
incentivando ao jovem quebrar o quinto mandamento e desonrar seu pai, mas
ele era claramente contra o Metim Meteihem, pois dava a impressão que
poderia existir algum tipo de maneira de se receber o perdão dos pecados que
não seja através de arrependimento perante o Deus Criador.
Outro ponto a se levar em consideração a esse respeito é o fato desse
talmid ir se encontrar com Yeshoshua, o que mostra que ele não estava mais
efetivamente de luto. E não só já havia terminado o luto, mas também já
havia um tempo que seu pai havia morrido, em torno de um ano, pois
conforme o determinado pelos rabinos, durante esse um ano de luto, a pessoa
não poderia estar estudando Torah junto a um mestre, nesse caso, com
Yehoshua. Isso prova que a morte de seu pai aconteceu ao menos um ano
antes e o enterro que esse rapaz se referia era levar os ossos do pai ao
mausoléu.
Alguns historiadores afirmam que esse caso aconteceu um pouco antes da
festa de Sukkot e estavam a caminho de Jerusalém para essa celebração, o
que pode ter parecido uma boa oportunidade ao rapaz de levar o ossuário para
lá. Essa ideia de aproveitar as festas para levar o ossuário à cidade santa
aparece em um debate no Talmud, no mesmo tratado citado acima, onde Rav.
Yose e Rav. Meir discutem sobre se há ou não uma proibição em carregar um
ossuário ou cavar uma cova em épocas de festa.
◆◆◆
SEÇÃO XXI
TZITZIT

E eis uma mulher com fluxo abundante de sangue há doze anos e veio por
trás dele e tocou nos Tzitzit de seu Talit.
Ela dizia em seu coração: se eu tocar apenas em seu talit ficarei curada
imediatamente.
E virou sua face e disse a ela: seja forte minha filha, o temor por Adonai,
bendito seja (Baruch hu) te curou. Naquela mesma hora ela foi curada.
Mateus 9:20-22

A CURA DO TZITZIT
O novo testamento, apesar de muitas pessoas não entenderem, deixa
bem claro o quão observante da Torah era Yehoshua. Por este motivo não há
sombras de dúvida que ele vestia seus tzitzit todo o tempo, assim como
ordena a Torah.

E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-


lhes que nas bordas das suas vestes façam franjas, pelas suas gerações; e
nas franjas das bordas porão um cordão azul. E nas franjas vos estará, para
que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os façais;
e não seguireis após o vosso coração, nem após os vossos olhos, após os
quais andais adulterando. Para que vos lembreis de todos os meus
mandamentos, e os façais, e santos sejais a vosso Deus. Eu sou o Senhor,
vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus; eu sou o
Senhor, vosso Deus.
Números 15:37-41

Franjas porás nas quatro bordas da tua manta, com que te cobrires.
Deuteronômio 22:12

Segundo a própria Torah, a vestimentas foram criadas e dadas ao homem


devido ao pecado de Adam que, após ter consumido o fruto da Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal, adquiriu consciência da má inclinação que
possuía dentro de si, percebendo assim que certas partes de seu corpo
estavam associados com prazeres físicos. Por esse motivo o Criador decidiu
confeccionar roupas para ele e tal conceito de “se vestir” nunca deixou a
realidade humana. Acredito que seja por esse motivo que a Torah ordena que
tzitzit sejam presos às vestimentas, servindo ambos ao mesmo propósito: Os
tzitzit nos lembram para ficarmos de guarda em relação as nossas más
inclinações e combatê-las através dos mandamentos. Já as vestimentas como
um memorial do preço a ser pago caso não nos atentemos naquilo que Deus
quer de nós, assim como ocorreu com Adam.
O tzitzit faz parte das vestimentas diárias do Povo de Israel, ela sempre
esteve presente nas vestes diárias para que se lembrem constantemente dos
mandamentos do Deus Único. Esse mandamentos possui um simbolismo
único e gera uma aproximação exclusiva com Deus. Uma coisa interessante
em relação ao tzitzit é que um deles é cortado das vestes de uma pessoa que
morre, pois representa o fim de suas obrigações com a Torah. É por esse
motivo que em I Samuel 24, David corta as “orlas” das vestes do rei Shaul,
na verdade, ele corta seu tzitzit, representando a morte de seu reinado.
O tzitzit é uma franja presa nas vestimentas, mas sem fazer parte delas.
São 5 fios de algodão entrelaçados com 8 nós, dando um total de 13
diferentes pontos. Se usarmos a gematria e calcularmos o valor numérico da
palavra tzitzit em hebraico, teremos o valor de 600 e somando ambos (seu
valor numérico mais o número de pontos), teremos o valor de 613. 613 é
justamente o número de mandamentos na Torah, 613 mitzvot. Por isso que
Deus comanda o uso dos tzitzit como lembrança de Seus mandamentos, todos
os 613. O mesmo deve ser afixado nos quatro cantos das vestes ou em um
Talit (manto de oração).
Em Israel do primeiro século, era costume os homens vestirem um túnica
simples chamada haluk, tanto em casa quanto na rua. Quando em lugares
públicos, era costume usarem por cima do haluk uma outra túnica
quadrangular, chamada Talit, que ia desde os ombros até os pés e servia de
proteção climática. Em cada uma das quatro pontas do Talit, eram colocados
os tzitzit em obediência ao mandamento bíblico.
Existe um poder e um segredo espiritual imensurável por trás desse
mandamento, tão forte que Rabi Shimon Bar Yochai diz que aquele que
coloca o tzitzit em suas orações recebe a Shekhinah sobre ele. Tal poder, que
muitos não entendem, era bem conhecido por essa mulher com problemas no
fluxo de sangue. Se analisarmos a Torah, poderemos observar da onde ela
tirou essa fé. Na passagem de Números acima, a palavra em hebraico para
“bordas” é “knafeiah”, a qual também pode ser traduzida como “asas”, tal
termo aparece em todo o Tanakh setenta e seis vezes, somando sete com seis,
teremos novamente 13, que representa os cinco fios e os oito nós. De todas
essas passagens, a mais interessante é a que aparece no livro do profeta
Malaquias:

Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e cura
trará debaixo das suas asas; e saireis e crescereis como os bezerros do
cevadouro.
Malaquias 4:2

O profeta afirma que Mashiach virá trazendo cura embaixo de suas asas,
embaixo de suas “knafeiah”, que nada mais é do que seus tzitzit. Malaquias
afirma que apenas aqueles que temerem ao nome de Adonai (o tetragrama)
receberá a cura, Yehoshua quando percebe o que acontece, vira para a mulher
e diz que o temor dela por Adonai (se referindo ao tetragrama) a tinha curado,
confirmando assim o que o profeta havia dito.
Com esse entendimento em mente, uma passagem em salmos se torna
muito mais clara e coerente:

No lugar secreto do Altíssimo e embaixo de Suas asas.


Salmos 91: 1-4

A cura se deu por um mandamento da Torah, a Palavra Viva do Deus


Vivo, por uma profecia, pelas asas de Deus e pela obediência que Yehoshua
tinha.

A HIPOCRISIA PELO TZITZIT


E todas suas MA´ASSOT, as fazem para serem vistos. Vestem Talitot
caros e Tzitzit longos.
Amam serem os primeiros nas casas festivas e estarem sentados nas
sinagogas nos primeiros lugares.
Mateus 23:5-6

Por vezes ouvi ensinos cristãos sobre a abolição do uso do Tzitzit com
base nessa passagem, reafirmando ainda mais que jesus veio abolir a Lei de
Deus. Talvez tenham razão, talvez o jesus deles realmente tenha abolido a
Torah, porém o verdadeiro Yehoshua, não só veio confirmá-la, mas também
veio cumpri-la, ensiná-la e propagá-la. Portanto, não devemos de forma
alguma olhar para esse versículo como uma abolição do mandamento de
Deus.
Yehoshua, como um bom observante, abraçou o uso do tzitzit e de
maneira alguma condenou seu uso, mas ele denunciou o seu uso como
símbolo do estado espiritual de alguém. O tzitizit só cumpre seu papel se o
coração de quem o sua for puro.
A Torah não estabelece um tamanho fixo para o tzitzit, por esse motivo
existiam aqueles que usavam longas franjas que arrastavam no chão, tal
costume não é só relatado pelas palavras de Yehoshua, mas também nas
fontes judaicas.

Nessa época existiam em Jerusalém três homens ricos: Nakdymon Ben


Gurion, Ben Kalba Savua e Ben Tzitzit HaKesat... ...Ben Tzitzit HaKesat era
chamado por esse nome pois era conhecido por seus longos tzitzit que se
arrastam pelas ruas por sobre seus pés.
Talmud da Babilônia, Tratado Gittin 56a

Claramente Yehoshua não se opunha ao uso do Talit e nem tão pouco do


tzitzit, pois se esse fosse o caso, seria ele um hipócrita. Ele se opunha ao uso
exagerado dos mandamentos de Deus como forma de mostrar uma falsa
santidade perante os homens, muitos judeus usam tzitzit e tefilim enormes
apenas para parecerem mais espiritualmente elevados perante os homens,
mostrando claramente o quão vazios são. Como ele ensinou muitas vezes,
tudo deve ser em secreto, para que o Pai, que vê em secreto, abençoe. Tal
conceito não era apenas para orações, mas para tudo.
Essa “competição” por santidade existe até os dias de hoje, por inúmeras
vezes, durante a festa de Yom Kippur, famílias abastadas reservam por
valores abusivos, as primeiras cadeiras nas sinagogas para a reza de Kol
Nidrei e nem aparecerem na hora. Isso acontece apenas para que seus nomes
sejam colocados sobre as cadeiras para que todos vejam seus poderes
financeiros, impedindo que muitas pessoas, que comparecem a reza, fiquem
mais próximas a tribuna. Yehoshua condenava essas atitudes medíocres por
parte de muitos, e dou total razão a ele.
Uma coisa era certa, Yehoshua usava tzitzit, tefilim e talit e jamais
aboliria esses mandamentos.

O FIO DO TZITZIT
Um fato curioso, o fio usado para a confecção do tzitzit, quando
fabricado, é enrolado em torno de si mesmo 39 vezes. Se compararmos esse
processo com o maior mandamento da Torah, encontraremos uma conexão
um tanto profunda.
O maior mandamento da Torah é concernente a existência de um Único
Deus Vivo e Seu reconhecimento como tanto. Em hebraico, esse Deus que é
Um, é tratado como ADONAI ECHAD (‫)יהוה אחד‬. Se fizermos uma análise
através da gematria dessas palavras, teremos novamente o simbolismo do
tzitzit:

ADONAI ECHAD (‫)יהוה אחד‬


4‫ ד‬+ 8‫ ח‬+ 1‫ א‬+ 5‫ ה‬+ 6‫ ו‬+ 5‫ ה‬+ 10‫י‬
=39
(igual ao número de vezes que um fio de tzitzit é enrolado durante sua confecção)

Vejo nos dias atuais que muitas vertentes cristãs tem buscado o uso do
Talit e do tzitzit de uma forma bem frequente. Infelizmente muitos não
entendem os motivos desse manto e acreditam que o próprio Talit é o “item
santo” ao invés do tzitzit.
Outro grande problema que vejo muito é o “mal uso” dessa ordenança. O
real sentido dela é para que o seu usuário se lembre dos mandamentos, caso a
pessoa não os siga, ou acredita que foram abolidos, qual a função do tzitzit?
Nenhuma, se torna hipocrisia. Mas mesmo assim continuam acreditando que
usá-lo será uma forma de receberem bênçãos de Deus. Isso me incomoda
grandemente, não as pessoas que o usa, mas os líderes que, ao invés de
ensinar o que deveria ser ensinado, ficam alegando que o Talit, o tzitzit ou
qualquer outro “acessório” da Torah é fonte de bênçãos, tornando seu uso
como algo para beneficio próprio e um tanto egoísta.
Não é o Talit, ou o tzitzit, que garante verdadeiras bênçãos, mas sim uma
vida correta perante os olhos do Criador, através de Sua Torah como um todo
e não apenas o que convêm dela. Nada da Torah pode se tornar um talismã de
bênçãos.
◆◆◆
SEÇAO XXII
DISCIPULADO

Eu vim separar o filho de seu pai e a filha de sua mãe.


O inimigo deve ser amado.
O que ama o seu pai e a sua mãe mais do que a mim, não sirvo a ele.
Mateus 10:35-37

Em um determinado momento vemos Yehoshua afirmando que honrar pai


e mãe é um mandamento da Torah e deve ser observado. Porém, agora temos
um caso muito estranho, ele fala que vai separar os filhos dos pais, pois o
amor que os filhos devem ter por ele, deve ser maior que o amor que devem
ter pelo pai e pela mãe.
Essa é uma passagem complicada de ser explicada, a forte contradição
aparente que ela possui em relação a outros ensinos de Yehoshua e com os
valores morais e familiares ensinados pela bíblia, dificulta seu entendimento.
Para trazê-la à luz, um breve costume do rabinato do primeiro século deve ser
entendido.

SEGUIDORES
No judaísmo do primeiro século, muitos rabinos eram itinerantes, iam de
cidade em cidade para ensinar a Torah. Muitas pessoas acabavam seguindo a
esses rabinos, outros se tornavam talmidim e acabavam levando uma vida
conforme a do seu mestre, caminhando, viajando e aprendendo junto a ele.
Esse tipo de ministério era algo comum, padrão entre os que ensinavam a
Torah, e com Yehoshua não foi diferente. A vida de um rabino itinerante na
terra de Israel não era fácil, os rabinos eram proibidos de cobrar por seus
ensinos, não podiam aceitar nenhum tipo de valor monetário como oferta e
deveriam apenas aceitar alimentos e acomodações por aqueles que os
recebessem. Era uma vida dura de total devoção a Deus, muitos alunos
seguiam a grandes rabinos por um determinado período e após terem
adquirido uma bagagem de conhecimento, voltavam a suas cidades e
fundavam escolas de acordo a linha de pensamento de seus antigos mestres,
porém mantinham sua profissão como forma de sustento.

Qualquer um que se beneficiar com ganhos próprios através dos ensino


das palavras da Torah, remove sua vida desse mundo.
Pirkei Avot 4:5

Assim era a vida de Yehoshua, ele era um rabino itinerante que viajava
pela terra de Israel ensinando, curando e pregando. Muitos o ouviam, alguns
largavam suas vidas para segui-lo e seu grupo contava com a caridade dos
locais aos quais ele ensinava. Yehoshua faz alguns comentários a respeito
dessa prática que ele tinha:

E respondeu a ele Yeshua: as raposas tem buracos e os pássaros ninhos,


mas o filho do homem, filho da virgem, não tem lugar para entrar (repousar)
sua cabeça.
Mateus 8:20

Nesse versículo, Yehoshua fala de sua vida como rabino itinerante, onde
não possuía nenhum conforto, nenhuma renda fixa e nenhum tipo de bem
material que não pudesse ser carregado com ele. Era uma vida totalmente
voltada ao estudo e aprendizado da Torah.

Aquele que dá um copo de água fresca a um dos meus menores talmidim,


pelo nome do talmid, Amém (em verdade) eu digo a vocês que não perderão
o mérito.
Mateus 10:42

Nessa outra passagem, Yeshohua se refere a caridade que um rabino


itinerante e seus alunos necessitavam, ele ensinava que aquele que oferecer
qualquer coisa a eles receberão méritos perante o Criador.
Tal estilo define o típico rabino do primeiro século, o típico professor e
mestre de Torah. A vida de um sábio era de ensinos em cidades, vilas,
fazendas, templos e sinagogas. Centenas de rabinos circulavam por todo o
território de Israel na época de Yehoshua, eles não hesitavam em ir à lugares
remotos, de difícil acesso e a distantes grupos na diáspora para obter um novo
seguidor, um novo talmid. Era muito comum os ensinos desses rabinos serem
em casas de famílias, ou no campo, ou embaixo de uma árvore, ou de um
barco caso houvesse muita gente ao redor.

Façam muitos discípulos.


Pirkei Avot 1:1
O discipulado não foi algo criado por Yehoshua, era uma tradição dentre
os rabinos da época. Levantar seguidores era o objetivo maior de qualquer
um que ensinava a Torah. O Talmud conta que Rabbi Gamliel possuía mais
de mil talmidim. Yehoshua também possuía diversos seguidores, fora os doze
já conhecidos, existiam muitos outros que ele chamava pelo caminho e
acabavam lhe seguindo. Após sua morte, só na cidade de Jerusalém, existiam
em torno de cento e vinte discípulos dele. O talmud conta alguns casos onde
aparecem esses discípulos de forma aleatória:

Uma vez estava andando pelo mercado da cidade de Tzippori e cruzei


com um discípulo de Yeshua chamado Yaakov de Kefar-Sekaniah que me
disse....
Talmud da Babilônia, Tratado Avodah Zarah 17a

A vasta maioria das pessoas que seguiam a Yehoshua foram esquecidas


pela história, mas de certo, de alguma forma, suas obras depois da morte de
seu mestre geram frutos até hoje. Esses homens saíram por toda a terra de
Israel ensinando a Torah de acordo com a interpretação de seu mestre,
ensinando que nenhuma Lei da Torah Oral pode estar acima do que está
escrito e de forma alguma a hipocrisia deveria ser aceita no meio do povo.

O PAI, A MÃE E O DISCÍPULO


Voltando ao versículo, para uma melhor compressão é necessário uma
análise no termo usado por Yehoshua. O verbo que traduzi como “separar”,
em hebraico é LEHAFRID (‫)להפריד‬, porém esse mesmo verbo pode também
ser utilizado para denotar “isolar” ou “conduzir em um sentido oposto”.
Quando uma pessoa se tornava um talmid de algum rabino, esse talmid
deveria se afastar de sua família para levar a vida itinerante junto a seu novo
mestre. Quando Yehoshua declara que ele veio separar o filho do pai e a filha
da mãe, ele estava simplesmente dizendo que levaria os filhos consigo, pois
estava fazendo discípulos para si, para segui-lo, para terem uma vida
itinerante com ele e para aprenderem a sua Torah, sendo assim, de uma certa
forma, afastando os filhos fisicamente dos pais pelo tempo em que estiverem
caminhando junto a ele. Simples assim.
Isso conecta com o que foi dito na sequência “aquele que amar mais aos
pais, não serve pra mim”. O verbo “amar” em hebraico é LE’EHOV (‫)לאהוב‬,
o qual também pode ser usado para “preferir”. O que Yehoshua está dizendo
é que aquela pessoa que prefere aos pais à aprender a Torah, é melhor que
fique com os pais, pois não se encaixam com aquilo que Yehoshua define
como discípulo. Ele não se refere a amor nessa passagem num sentido literal,
mas sim a uma escolha que deve ser feita pela pessoa que decide segui-lo,
pois aquele que aceita a seu jugo, não deve olhar para trás, não deve ficar
com o coração e a mente no passado e sim aceitar a vida que escolheu a partir
daquele momento em diante. Ou seja, o filho deve preferir a ficar com
Yehoshua do que ficar com os pais.
Esse ensino casa muito bem com o Talmud:

Assim como é importante honrar pai e mãe, sair de casa para estudar
Torah é ainda mais importante.
O mestre tem precedentes em relação ao pai, pois o pai o trouxe para
esse mundo e o mestre o levará para o mundo vindouro.
Mishnah Bava Metzia 2:11

INIMIGOS
Interessante que no meio de duas passagens conexas aparece uma que
foge um pouco do contexto, o amor ao inimigo. A razão de Mateus tê-la
colocado ai não nos é claro, mas tal ensino em relação aos inimigos é mais
um crítica a mentalidade rabínica e a alguns ensinos da Torah Oral.

Sobre o inimigo, você fica isento do mandamento: “amarás o próximo


como a ti mesmo”.
Chizkuni, Êxodo 23:5:1

Muito ensinam que o amor ao próximo se referia ao próximo “judeu”.


Inimigos, estrangeiros e aqueles que não observavam a Torah, não deveriam
ser amados. Existem diversas menções a esse respeito em várias partes da
literatura judaica antiga e moderna. Porém nem todos pensam e ensinam
dessa forma, assim como Yehoshua, muitos rabinos ensinavam o oposto.
Hillel era um deles, que não fazia distinção de pessoas, ensinando a Torah a
qualquer um que quisesse. Um dos livros um pouco mais moderno do
judaísmo, que aborda diversos tópicos em como levar um vida estilo Tzadik,
fala uma coisa bem interessante:

Um dos sábios disse: “o melhor plano que alguém pode armar contra um
inimigo é lhe dar porções de amor”.
Orchot Tzadikim 6:10

Yehoshua então ensina que busca seguidores, seguidores que dão uma
importância maior à Torah do que à família, ao dinheiro, aos negócios, pois
seguir a Torah de Yehoshua irá separá-lo de todas essas coisas.
Quem um dia decidir seguir esse caminho, que nunca olhe para trás, pois
é uma decisão sem volta. Aquele que assume o jugo da Torah para mais para
frente se arrepender e voltar atrás, não serve para nada, não serve para
Yehoshua, não serve para Deus, não serve para si próprio.
Por último, vimos mais uma crítica de Yehoshua sobre os mandamentos
rabínicos que sustentavam o ódio aos inimigos. Claramente “amar” a um
inimigo é humanamente impossível, mas podemos aplicar esse “amar” como
não buscar vingança, não causar o mal, não buscar a sua destruição e deixá-lo
viver sua vida em paz. Um ensinamento do Tanakh:

Se seu inimigo tiver fome, dê-lhe pão para comer.


Provérbio 25:21
◆◆◆
SEÇÃO XXIII
JUGO

Venha até mim todos os fracos e os que trabalham duramente e eu


ajudarei a vocês a carregarem a injustiça sobre vós.
Tomem meu jugo como vosso jugo e aprendam minha Torah, pois sou
humilde eu sou bom e puro de coração e acharão repouso em vossas almas.
Mateus 11:28-29

Uma interpretação cristã clássica dessa passagem é a comparação que


Yehoshua faz da Torah em relação as leis que ele estava criando, a
comparação do morto judaísmo em relação a vida do cristianismo, a
comparação em uma vida de legalismo em relação a uma vida graça. Porém
todos esses termos do tipo, cristianismo, graça cristã, nova religião, leis de
cristo, eram coisas totalmente fora da sua realidade.
A pergunta é: como a audiência que ouviu essas palavras as interpretou?
O relacionamento entre um aluno e seu rabino começa quando o aluno entra
sob a tutela desse mestre, é então o momento em que ele toma o jugo do
mestre através da obediência, dedicação e filosofia desse rabino. O desejo do
aluno deveria ser sempre se tornar como seu mestre e na mentalidade judaica,
isso é “tomar o jugo” de um rabino.
A palavra jugo traz na mente algo preso no pescoço, pesado e custoso de
carregar sobre os ombros, que apenas serve para trazer mais dificuldades
desnecessárias nessa vida. Porém, na verdade, o jugo nesse caso é um pedaço
de madeira preso em dois bois para que ambos andem no mesmo compasso,
lado a lado, sem que um se desvie para a esquerda e o outro para a direta. O
jugo não tinha uma conotação negativa, muito pelo contrário, o jugo
representava a união do aluno com seu mestre.
Porém as palavras de Yehoshua ainda podem ser um pouco difíceis,
termos como jugo e injustiça nunca trazem um impressão boa e dificilmente
conseguimos associá-las com ensinos positivos.
Existe um livro escrito por alguns judeus chamado Apocrypha, esse é
livro pré-datado a Yehoshua em ao menos 100 anos. Um de seus autores, Ben
Sira, faz alguns comentários que são bem parecidos com esses afirmado por
Yehoshua:
E ponham seus pescoços sob seu jugo (Torah) e deixe sua alma carregar
seu fardo. Ela (Torah) está próxima e leve aos que a procura e aquele que
der sua alma por ela, a achará.
Apocrypha, Ben Sira 51:26

Esse é um livro bem pouco conhecido, mas é uma compilação de estudos


antigos que eram vastamente conhecidos e comuns no judaísmo do primeiro
século, sendo que muitos desses ensinos são seguidos até os dias atuais.
Existe uma forte similaridade entre ambos, tanto o dito por Yehoshua,
assim como o dito por Ben Sira. Ambos usam termos como jugo, fardo,
carregar e Torah, dando uma boa visão da mentalidade rabínica do primeiro
século e como as palavras de Yehoshua era facilmente compreendida entre o
povo que o escutava.
Yehoshua não comparava o fardo de seus ensinos com o fardo dos
ensinos dos fariseus, pois o termo jugo automaticamente representava o
ensino de Torah e Torah é uma. Porém, ele se refere ao custo de ser seu
discípulo, ao estilo de vida que ele tem devido a Torah, as viagens, a
abordagem e a prática sobre as Leis de Deus.
Yehoshua ao dizer que é bom de coração e humilde, ele apresenta a linha
que segue sua interpretação de Torah, principalmente em referência aos
mandamentos “homem x homem”. Esse tipo de declaração é muito
importante, pois dá um orientação ao aluno qual seria, mais ou menos, a
forma de interpretação da Torah. Temos dois muito bons exemplos a esse
respeito, Rabbi Hillel e Rabbi Shammai, um era paciente e amoroso, portanto
ensinava uma lei leniente, já o outro, temperamental, o que resultava em um
ensino mais intolerante. Yehoshua aqui revela como é a sua aproximação à
Torah, o que muito se assemelha a Rabbi Hillel.
Assim como outros rabinos contemporâneos, Yehoshua deixa claro que
segui-lo é um jugo, mesmo que leve, não deixa de ser um jugo. A vida do
talmid que resolver aprender Torah com ele, será uma vida com grandes
sacrifícios e rigorosas regras. Tal estilo de vida é sempre caracterizado por
uma extrema dedicação aos deveres e ao mestre.
Com essas palavras, Yehoshua faz um chamado a novos seguidores. A
Torah não é um jugo, mas o seu estudo sim, pois estudar Torah exige muita
dedicação, porém segundo Yehoshua, estudar com ele será tão fantástico que
os alunos nem iriam perceber o peso do jugo que esse estudo traria.
Jugo da Torah
Uma análise sobre os mandamentos da Torah pode nos dar a impressão
da Torah ser um jugo. Isso é compreensível e até um certo ponto uma
realidade, pois qualquer regra ou lei que demanda de alguém algum tipo de
mudança ou um estilo comportamental diferente do habitual é um fardo que
deve ser lidado pela pessoa. Porém, por outro lado, as leis só são penosas
quando ela aponta alguma falha no caráter do ser humano, como por exemplo
a lei seca, para alguém que não tem o costume de beber, ela não será um
problema, não será um jugo, será algo que já faz parte do instinto e estilo
comportamental da pessoa, mas se beber for um hábito corriqueiro, ai sim,
seguir essa lei se torna um jugo, pois ela mostra uma falha comportamental
que deve ser mudada.
Quando algum mandamento da Torah se torna um jugo, isso mostra que
existe uma falha na vida dessa pessoa. Usar a Torah para revelar essas falhas
é tirar o ser humano da sua zona de conforto. Quando a lei de Deus se torna
um jugo, é um bom sinal, pois mostra que Deus está se revelando e
mostrando o que ele quer de nós, que ele se preocupa e que as portas do céu
ainda estão abertas.
O ponto negativo é que homem nenhum gosta disso, muitos líderes
religiosos, ao invés de ensinarem a verdade, oferecem uma fé que e encaixa
na zona de conforto de todos, para tanto, a anulação da Torah se faz
necessária.
Qualquer líder que ofereça uma verdade que ao invés de confrontar,
apenas conforta, seus conceitos devem ser revistos, pois como Yehoshua
disse, existe um jugo ao segui-lo que ele disse ser leve, mas o que pode ser
leve para ele, pode ser pesado para nós. A naturalidade de seguir a Torah por
cada um que serve ao Deus de Israel é a verdadeira função do Espírito Santo.

Eu colocarei meu Espírito dentro de ti. E ele fará com que você siga às
minhas Leis e fielmente observe meus mandamentos.
Ezequiel 36:27
◆◆◆
SEÇÃO XIV
SHABBAT

Neste tempo atravessou Yeshua no meio dos grãos em um dia de Shabbat


e seus talmidim estavam famintos e começaram a arrancar os grãos e a
debulhar os grãos em suas mãos e comeram-nos.
E viram os fariseus e disseram a ele: eis que seus talmidim fazem coisas
que não poderiam fazer no dia de Shabbat.
E respondeu a eles Yeshua: não leram o que fez David quando teve fome
com seus homens?
Na casa de Elohim comeram o Lechem Bela`az, que em língua
estrangeira é Paan Sagrah, e não poderiam comer exceto os sacerdotes
apenas.
E também na Torah não leram que os sacerdotes do templo violam os
Shabbatot e eles ficam sem ter pecado?
Amem (em verdade) eu digo a vocês que o Templo é maior do que isso.
Se vocês soubessem o que é isso: quero graça (chessed) e não sacrifício,
não teriam convencido aos inocentes.
Que o filho do homem é senhor do Shabbat.
Mateus 12:1-8

Falar do Shabbat talvez seja um dos temas mais difíceis sobre tudo que
Yehoshua passou e ensinou, existem quase infinitas halachot (leis judaicas)
em relação ao permitido e proibido no Shabbat que um simples ensino de
Yehoshua sobre esse dia vai abordar diversos comentários da Mishnah, tanto
positivamente quanto negativamente.

NO INÍCIO HAVIA O SHABBAT


Mas no sétimo dia é o Shabbat de Adonai seu Elohim; você não deve
fazer nenhum trabalho, você, seu filho ou filha, seu escravo ou escrava, ou
seus animais, ou o estrangeiro que estiver com vocês em suas propriedades.
Êxodo 20:10

O livro de Genesis relata que Deus criou o mundo em seis dias e


descansou no sétimo, por isso o significado literal da palavra Shabbat é “ele
descansou”. A etiologia do Shabbat é dada nos dois primeiros capítulos do
livro de Genesis, apesar de não aparecer o nome propriamente dito. O status
especial desse dia, assim como seu nome, Shabbat, foi revelado ao povo
hebreu durante o episódio do Manah, onde Deus dava provisão diária durante
cinco dias e no sexto a provisão vinha dobrada. De acordo com o livro de
Êxodo, o trabalho não deveria ser realizado durante o Shabbat para que
fossem dado descanso aos trabalhadores, escravos e animais. Quando Deus
ordenou a construção do tabernáculo, a primeira ordem dada foi justamente
referente ao trabalho que não deveria ser realizado nesse dia, mostrando a
extrema importância que esse dia tem para o Criador.
A instrução sobre sua observância veio depois que Deus tirou o Povo de
Israel do Egito no ano 2448, Ele ensinou a eles sobre o Shabbat: trabalhe por
seis dias e descanse no sétimo. O Shabbat é também um dos dez
mandamentos que Deus transmitiu no Sinai algumas semanas depois. Por
isso, o Shabbat comemora tanto a criação, um Deus Criador, e a intervenção
divina em nossas vidas terrenas. Porém a Torah é muito sucinta em relação a
observância do Shabbat, apenas proíbe o trabalho. Para que fosse possível
trazer essa observância para os dias modernos, o rabinato criou inúmeras
regras baseadas em algumas passagens da Torah, depois vieram outros e
criaram mais regras baseadas nas primeiras regras e assim por diante.
A essência bíblica da observância do Shabbat não é de uma observância
restrita, mas sim um dia de grande alegria muito esperado por toda a semana,
um dia para que toda as preocupações da vida sejam colocadas de lado e de
devoção às coisas realmente importantes, como a família, os amigos, oração e
gozo.

Esse dia todo deverá ser devoto para as coisas espirituais. Isso envolve o
estudo da Torah, o ensino da Torah, a realização dos mandamentos
associados e o aprecio da natureza. Esse dia que no qual, ao invés de servir
a alguém, pode-se se concentrar em servir ao Mestre, o provedor da vida e
da inspiração espiritual.
Sforno, Êxodo 20:10

O Shabbat Ortodoxo
A forma como o shabbat é observado nos dias atuais é conforme
estipulado pela halachah judaica. Pelo fato da Torah apenas proibir o
trabalho durante esse dia sem especificar o que seriam esses trabalhos, os
sábios tiveram que buscar um entendimento sobre o que realmente abordaria
essa restrição dada por Deus na Torah e assim fizeram uma levantamento do
trabalho que ocorria na época da entrega da Torah, tal se focava justamente
na construção do Mishkan (tabernáculo) e todas as tarefas relacionadas a sua
manutenção. Segundo os sábios existem trinta e nove proibições na Torah em
relação ao Shabbat:

1- Arar
-- Cavar a terra para plantio;

2- Semear
-- Estimular crescimento de plantas;

3- Colher
-- Retirar uma planta do local que cresceu;

4- Agrupar produtos de colheita


-- Ajuntar qualquer produto proveniente de trabalho;

5- Debulhar
-- Separar a parte consumível de um produto da terra;

6- Dispersar o grão
-- Qualquer grão colocado na terra para crescimento;

7- Separar
-- Separar alimentos consumíveis dos não consumíveis;

8- Moer
-- Desfazer algo grande em pedaços pequenos;

9- Peneirar
-- Separar alimento consumível por meio de peneiração;

10- Fazer massa


-- Formar massa través da mistura de ingredientes;

11- Cozinhar, assar ou fritar


-- Colocar alimento sobre fonte de calor;

12- Tosquiar
-- Aparar pelos, humano ou animal;

13- Lavar
-- Usar água para tornar tecido mais limpo;

14- Desembaraçar lã
-- Trabalho de tornar tecido liso;

15- Tingir
-- Alterar coloração;

16- Fiar
-- Esticar ou enrolar lã ou tecido;

17- Esticar o fio


-- Esticar fio para usá-lo com fins de tecê-lo;

18- Passar fio entre dois anéis


-- Processo realizado ao tear tecido;

19- Tecer
-- Entrelaçamento de fios para produção de tecidos;

20- Desfazer fios


-- Retornar o tecido a sua forma original;

21- Desatar
-- Desfazer algum tipo de nó que seria proibido fazer no Shabbat;

22- Atar
-- Dar nó do tipo “nó cego”;

23- Costurar
-- União de tecidos;
24- Rasgar
-- Separar o tecido em duas partes;

25- Caçar
-- Matar ou aprisionar algum animal;

26- Abater
-- Tirar vida de um animal, incluindo insetos;

27- Pelar o couro


-- Remover pele de animal morto;

28- Curtir o couro;


-- Preparo do couro;

29- Alisar o couro


-- Remover imperfeições do couro;

30- Demarcar o couro


-- Preparo para corte;

31- Cortar
-- Apenas se o corte realizado seguir uma medida pré-estipulada;

32- Escrever
-- Esculpir letras;

33- Apagar
-- Apagar letras esculpidas;

34- Construir
-- Qualquer coisa que se monte;

35- Destruir
-- Demolir qualquer coisa construída;

36- Acender fogo


-- Aumentar, prolongar ou propagar a chama;
37- Apagar fogo
-- Diminuir a chama;

38- Terminar manufatura


-- Finalização de qualquer obra não terminada;

39- Transportar de propriedade particular para pública


-- Carregar qualquer objeto de casa para fora, vice e versa também se
aplica;

A partir dessas trinta e nove proibições, os sábios e os rabinos começaram


a desenvolver cercas em volta dessas leis, as quais, com o passar do tempo,
foram multiplicando as proibições relacionadas ao Shabbat, chegando ao
ponto de tornar a observância do Shabbat algo penoso e custoso. O dia criado
para servir ao homem começou a exigir tanto dele que, aquele que o observa
segundo a halachah judaica, acaba se tornando um escravo desse dia,
justamente pela quantidade obscena de leis humanas criadas pelos antigos.
Existe um tratado no Talmud da Babilônia chamado Tratado de Shabbat,
o qual é focado apenas nas leis para a observância desse dia, são séculos e
séculos de debates rabínicos sobre essas trinta e nove leis da Torah que,
devido a interpretação pessoal de cada um, acabaram gerando leis
intermináveis.
Infelizmente, muitas pessoas nos dias de hoje acreditam que a
observância segundo o determinado pela Torah é aquela vista no
comportamento dos judeus ortodoxos, o que não é verdade. O Shabbat deve
ser um dia de prazer e não um dia para seguir aquilo que foi estipulado por
homens. A teologia cristã, por um fraco entendimento disso e uma forte
necessidade de controle, afirma que Yehoshua aboliu o Shabbat ao alegar que
o filho do homem é o senhor do Shabbat.
Um dos versículos usado como base é o que encontramos em Marcos:

E disse-lhes: O Shabbat foi feito por causa do homem, e não o homem


por causa do Shabbat.
Marcos 2:27

Uma afirmação similar é feita por Paulo, vamos comparar ambas:


Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a
mulher por causa do homem.
1 Coríntios 11:9

Quem acredita na abolição do Shabbat usando essa passagem como base,


assim como algumas outras, ao lermos Paulo em sua carta aos Coríntios, o
qual faz uma alegação de uma forma muito semelhante ao ensino de
Yehoshua, também deveria acreditar na abolição da importância da mulher, o
que seria algo absurdo.
Essa afirmação que Yehoshua faz já se encontra no Talmud:

Rabbi Yonatan ben Yosef diz que está escrito: “pois é sagrado para
você”(Êxodo 31:14). Isso mostra que o Shabbat foi dado em suas mãos e não
você nas mãos do Shabbat para que assim não morra nas mãos dele.
Talmud da Babilônia, Tratado Yoma 85b

Yehoshua, nem seus talmidim, de nenhuma forma aboliu o Shabbat,


assim como não aboliu ou descumpriu um único mandamento da Torah. A
abolição do Shabbat foi obra da igreja, a abolição da Torah foi feita por um
falso jesus romano vastamente adorado pela religião formada em Roma.

Fariseus e Fariseus
Infelizmente a narrativa neo-testamentária trata os fariseus como um
grupo único e homogêneo. Devemos manter sempre em mente que o fariseu é
caracterizado pela qual escola farisaica ele segue e dentro do farisaísmo,
assim como do ortodoxismo moderno, existem inúmeras linhas de
pensamento e doutrinas, por esse motivo, podem existir, como já existiam na
época de Yehoshua, fariseus de pensamentos e crenças muito diversas. Esse é
o principal fato que levou a existência de tantos debates em relação a
determinadas leis da Torah no Talmud.
Yehoshua era da escola Beit Hillel. Rabbi Hillel era conhecido pela
sua paciência e ensino de uma lei coerente com o dia a dia da sociedade
israelense. Outra escola muito famosa de sua época é Beit Shammai, a qual
era muito mais dura na aplicação da lei, ambos Rav Shammai e Rav Hillel
possuíam uma mentalidade bem oposta e discordavam sobre quase todas as
formas de observância da Torah.
A sensibilidade que Hillel tinha em relação a vida humana era
realmente sem igual, do que adianta seguir aos mandamentos, que
supostamente deveriam trazer a vida, as custas da vida do homem?
Realmente não faz sentido. Shammai já dizia o contrário, para ele a
observância da lei está acima de quaisquer condições.

Rabbi Aha disse em nome de Rabbi Akiva: os mandamentos foram dados


a Israel para que ele possa viver por eles, como está escrito: “O qual deve o
homem observar para que viva por eles” – ele deve se manter vivo devido a
eles e não morrer por causa deles. Nada precede a vida, salvo idolatria,
pecados sexuais e assassinato.
Tosefta Shabbat 16:14

Rabbi Akiva esclarece nesse texto aquilo que todo judeu sabe muito bem,
a Torah é vida e não morte. Esse versículo mencionado nessa parte do
Talmud se encontra em Levítico 18:5 e revela a ligação forte que os
mandamentos de Deus tem com a manutenção da vida na terra e além.
Segundo os sábios, apenas três pecados devem ser evitados a todo custo,
inclusive ao custo da própria vida, que são a idolatra, imoralidade sexual e
assassinato, nesses casos, é melhor a morte.
Existem outros que concordam com a interpretação dada por Yehoshua,
como vemos a seguir:

Rabbi Yosei, filho de Rabbi Yehudah, diz: “Mas observem meus


Shabbatot” (Êxodo 31:13). Alguém pode achar que isso se aplica a todos sob
quaisquer circunstâncias, porém, o versículo afirma “mas”, um termo que
restringe e qualifica. Isso mostra que existem circunstâncias que deve-se
observar o Shabbat e circunstâncias onde pode-se quebrar o Shabbat.
Talmud da Babilônia, Tratado Yoma 85b

OS GRÃOS DE SHABBAT
Mateus continua seu relato contando sobre Yehoshua passando
próximo a um campo de grãos em um Shabbat e de uma forma inesperada
ocorre um certo mal-estar entre Yehoshua e algum fariseu sobre o que é
permitido e proibido fazer nesse dia.
Devemos ter em mente que a atitude que os talmidim tiveram está
completamente de acordo com os mandamentos da Torah, o grande problema
foi justamente o dia que tal fato ocorreu:
Quando você entrar em um campo de grãos de outro homem, você pode
arrancar com as mãos; mas você não pode usar ferramentas nos grãos de
seu vizinho.
Deuteronômio 23:26

É interessante como Mateus deixa claro que os grãos foram


arrancados e não cortados e então debulhados com as mãos, isso prova uma
observância a Torah referente a pequenos detalhes que poucos conhecem.
Outro ponto sensível dessa permissão dada pela Torah é que é uma permissão
que não cita o Shabbat, ou seja, a permissão fica aberta a qualquer dia.
Muitas escolas, seguindo as trinta e nove proibições rabínicas do
Shabbat, proíbem veementemente qualquer tipo de colheita nesse dia, porém,
conforme alguns rabinos, a Torah foi dada para a manutenção da vida e de
forma nenhuma os mandamentos podem privá-la de alguém que os segue.
Portanto, qualquer mandamento pode ser quebrado se caso a vida ou a saúde
estiver em jogo, a não ser os mandamentos de idolatria, assassinato ou
imoralidade sexual, qualquer outro não pode estar acima da manutenção da
vida.
Como não sabemos o estado em que se encontravam e pelo fato de
terem consumidos grãos crus, é bem provável que a fome estava muito
grande, ao ponto de realmente precisarem de algum alimento, já que o
ministério de Yehoshua era mantido por doações daqueles que o ouviam e
por isso o acesso a alimentos poderia ser algo pontual por vezes. Por esse
fato, eu acredito que o consumo dos grãos pelos seus talmidim foram
justificados com esse princípio da manutenção da saúde e da vida. O seguinte
comentário aborda essas condições:

Rabbi Mathias ben Harash diz: “se uma pessoa está com dor de
garganta, é permitido colocar remédios em sua boca em um Shabbat, pois a
doença pode colocar sua vida em risco e tudo que colocar a vida em perigo,
supera a observância do Shabbat”.
Mishnah Yoma 8:6

Acredito estar bem claro que o valor da vida, seja o risco de uma
doença ou até mesmo da fome, está acima da observância do Shabbat para
muitos rabinos. Essa atitude por parte de Yehoshua é compreensível, já que
essa forma de pensar provinha justamente da escola na qual ele foi formado:
Beit Shammai diz: Aquele que colhe profana o Shabbat, Beit Hillel diz:
aquele que colhe para si mesmo não profana o Shabbat.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 135b

Claramente o que acontece nessa passagem é justamente um choque


entre essas escolas. É muito difícil saber qual era a situação dos talmidim de
Yehoshua nesse momento, mas para que alguém colha algum grão cru e o
coma, de certo estava com muita fome. Era muito provável que esse fariseu
que faz a abordagem provinha de alguma escola contrária a escola farisaica
de Nazaré, já que o mesmo não chega nem a questionar o estado e o motivo
que os levaram a colher os grãos.
Yehoshua apenas observou o Shabbat de acordo com aquilo que era
ensinado na escola na qual ele foi educado e usando sua autoridade de rabino
para confirmar esse entendimento, não houve quebra da observância e nem
abolição.
Infelizmente o que observamos hoje em dia são muitos cristãos que,
além de não observarem o Shabbat, abominam quem o observa. Alguns
dizem que foi abolido, outros que Deus se aborrece no sábado, outros ainda
alegam que isso é escravidão, sem olharem para si mesmos quando prestam
culto aos domingos, dia de um deus pagão.

DAVID, OS KOHANIM E O SHABBAT


Dentro desde confronto, os talmidim de Yehoshua são acusados de
quebrarem a observância do Shabbat. Para responder a fortes acusações,
Yehoshua usa da fonte de tudo, as Escrituras. De uma maneira muito
rabínica, ele rebate uma afronta com uma pergunta, sabendo muito bem que
os fariseus que o acusam sabiam sobre o que ele falava.
Se prestarmos atenção nos dois pontos que Yehoshua usa para afrontar os
fariseus, teremos todas as repostas do que aconteceu naquele momento, o
primeiro é sobre David comer o pão sagrado e o segundo sobre os sacerdotes
quebrando a observância.

O sacerdote respondeu a Davi: eu não tenho pão comum em mãos;


apenas pão consagrado reservado para os jovens que se abstiveram-se de
mulheres.
Em resposta ao sacerdote, David disse: eu lhe garanto que mulheres
foram mantidas distantes de nós, como sempre. Sempre quando vou em
missão, mesmo que a jornada seja uma comum, os vasos dos homens jovens
se mantêm consagrados; para que comida consagrada possa ser colocada
nesses vasos.
1 Samuel 21:5-6

E o pão, uma vez removido da mesa, e queimado o incenso, se torna


comum, pois é removido dele a proibição do sacrilégio assim que se tornar
permitido ao sacerdote
Rashi, 1 Samuel 21:6

David recebe uma ordem do rei Shaul e parte em missão com alguns
homens, até que em um determinado momento ele chega a Nob, ao sacerdote
Ahimelech e solicita a ele alguns pães para ele e seus homens. O sacerdote
diz que não possuía pão comum, apenas o pão consagrado de acordo com
Levítico:

Ele (sacerdote) deve arrumá-los (pães) perante Adonai regularmente


todo dia de Shabbat, esse é um cometimento para todo o sempre na parte dos
Israelenses.
Levítico 24:8

Era claro que o pão que ficava em cima do propiciatório não era para
consumo, ele devia ficar ali representando um sacrifício a Adonai, porém
algo acontece, algo muito sério, que se torna até mais importante que o
próprio mandamento do livro de Levítico, algo que só vemos em poucos
lugares, como na tradução do Tanakh chamada Targum Yohanan do livro de
1 Samuel:

O que há embaixo de suas mãos, cinco pedaços de pão? Dê os a mim,


pois temos fome – ou que estiver disponível.
Targum Yonahan, Alef Shmuel 21:4

O que temos aqui é a quebra de uma ordenança de extrema importância


perante Adonai devido a manutenção da vida e da saúde de David e de seus
homens, pois possuíam fome. Quando Yehoshua aborda esse tema, os
fariseus de certo entenderam de imediato a mensagem que o ocorrido se deu
por causa da fome de seus talmidim.
O segundo ponto é justamente esse pão ser preparado e organizado em
um Shabbat, ou seja, de uma forma indireta, Yehoshua alega que se os
sacerdotes podem fazer tais coisas é porquê foram autorizadas por Adonai e
se Adonai autoriza, quem são os rabinos para proibirem? Yehoshua usou de
exceções em relação a Torah Oral por diversas vezes, indo de encontro com
os ensinos religiosos de homens e nunca em relação a Torah Escrita.
Ele aborda justamente os dois pontos até aqui expostos, a manutenção da
vida como o principal motivo da Torah e o ataque às halachot rabínicas que
tornavam o Shabbat um peso.

SACRIFÍCIO
Eu quero graça (chessed), não sacrifício; Obediência a Deus, ao invés de
ofertas queimadas.
Oséias 6:6

Porque tenho desejado bondade (chessed) e não sacrifício, e o


conhecimento de Deus é grande. É possível delinear o ato de bondade
(chessed) e os pensamentos que surgem para expiar o pensamento. Aqueles
que não praticam bondade (chessed) não conhecem a Adonai, mas se fizerem
bondade (chessed) verão as bondades (chessed) de Adonai.
Sefer Oshea de Chomat Anakh

Não tem como entendermos essa citação sem antes conceituar o termo
chessed, o qual é o ponto chave do versículo citado por Yehoshua. Hoje
conhecemos o CHESSED como “graça” e devemos olhar para a real
definição desse termo.

GRAÇA
Esse é um tema muito delicado, mas de vital importância, pois é a má
compreensão da graça que afasta muitos daqueles que buscam a Deus de
Seus verdadeiros caminhos. A graça na vida de muitos cristãos serve de
muleta e de desculpa, pois torna a fé e o servir a Deus tudo muito relativo e
conveniente.
Um claro exemplo disso é o famoso “sentir no coração”, hoje muitos
pensam que servir a Deus é seguir ao que vem no coração, que tudo que Deus
quer de alguém vem através do “sentir no coração”, deixando uma margem
enorme para justificativas quando não se quer servir ao Criador.
Entenda, creio piamente e tenho plena certeza que Deus fala e se revela
de diversas formas, uma delas é o sentimento que vem em nossos corações,
porém não podemos definir esse meio como o único ou principal meio
através do qual Deus fala conosco, assim como também não podemos definir
a Torah como o único meio que Deus fala conosco. A diferença entre a
Palavra de Deus e os sentimentos, é a relatividade que ambos apresentam. A
Torah é o método claro de obediência a Deus, enquanto o sentimento, apesar
de muito válido, pode ser algumas vezes um tanto sombrio, pois tal
percepção requer um nível espiritual avançado, o qual é obtido através da
obediência e proximidade a Deus.
A graça, ao contrário do que muitos acreditam, não foi algo inventado
pela igreja, nem tão pouco algo inventado por Yehoshua, mas é um conceito
antiquíssimo que se encontra na própria Torah. Vamos abordar as principais
diferenças da graça cristã e da graça bíblica.

A graça cristã
Basicamente, o cristianismo define a graça de Deus de uma forma muito
simples, é receber algo que não merecemos. É a forma que Deus mostra seu
amor conosco. Quando merecíamos castigo por causa de nossos pecados,
Deus envia a jesus para pagar o preço e nos oferecer salvação, para que
através dele tenhamos a vida eterna.
No cristianismo a graça é um dom gratuito de Deus ao homem, é o
encontro que transforma e restaura o ser humano, através dela, Deus torna o
homem seu filho adotivo. A graça, por ser gratuita, ninguém a recebe por
mérito.
A graça toma a vida do cristão e o torna apto a salvação a partir do
momento em que o indivíduo começa a fazer parte dessa religião e creia em
determinados acontecimentos da forma como são relatados pela teologia
cristã.
Segundo a teoria da dispensação, após a morte de jesus, teve-se a
abolição da lei e o fim da Torah, e então, a graça toma seu lugar. As leis de
Deus que faziam o povo de “escravo”, deu espaço a uma graça que faz com
que aquele que crê em jesus tenha liberdade, salvação e vida eterna que só
vem através da sua inclusão no cristianismo e na fé no jesus (o que é muito
relativo).
Tal teoria é um pouco problemática, primeiro pelo que o próprio
Yehoshua declarou em Mateus 5, dizendo que não veio abolir a Lei, mas
cumpri-La e mesmo que os céus e a terra passem, nada da Lei seria abolida.
Segundo, o Deus de Israel não é um deus que muda de ideia, não é um deus
que faz algo para desfazer depois, Suas palavras e Leis são eternas. Terceiro,
para alguém abolir uma lei, esse alguém tem que ser maior do que aquele que
criou as leis e como ninguém é maior do que Deus, ninguém pode aboli-las.
Quarto, se a graça depende da fé e a fé sem obras é morta (i.e. Torah), então,
sem a Lei de Deus é impossível atingir a graça.
A graça é um ótimo bode expiatório, pois ela serve de desculpa para
facilitar a vida de todos que se baseiam exclusivamente nela. Imagine uma
igreja que queira se expandir ensinando as Leis de Deus? Qual a
probabilidade de uma igreja dessa crescer? Baixíssima, pois o Deus
verdadeiro é para poucos. O que observo hoje são pessoas atrás de um deus
pelos favores que ele pode fazer, quanto mais fácil e menos se exige em uma
igreja, mais ela cresce, quanto mais longe da Palavra de Deus e mais envolto
de coisas místicas e relativas, como a graça cristã, mais a igreja enche.
O caminho é estreito e a porta pequena. De certo, a maioria das pessoas,
mesmo as que servem a Deus, não são de Deus. Conhecem a Deus, mas Deus
não as conhece, por isso, quando uma mudança de vida, de hábitos e de
costumes para seguir a Palavra de Deus são exigidos, elas correm, alegando
que tais coisas foram abolidas, ou são malditas ou em alguns casos, que é o
próprio demônio ensinando tais ideias.

A graça bíblica
Contrariando o que muitos cristãos pensam, ao acreditarem que a graça
foi algo que veio com jesus, a Torah já trazia esse conceito há muitos anos
antes:

Então orou: SENHOR, Deus do meu senhor Abraham, dá-me neste dia
bom êxito e seja bondoso (chessed) com o meu senhor Abraham.
Genesis 24:12

Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tuas
misericórdias (chessed).
Salmos 31:16

A palavra em hebraico para graça é CHESSED (‫)חסד‬. Se observarmos


essas duas passagens, uma da Torah e outra em Salmos, veremos que o termo
graça aparece nas duas, porém em suas respectivas traduções, temos outros
termos, bondade e misericórdia.
Yehoshua não era um teólogo cristão, mas sim, um judeu ortodoxo,
extremo conhecedor da Torah e do Talmud, por isso, vamos olhar em mais
fontes nas quais faziam parte da base da educação dele.

Rav Ben Iehuda em nome de Rav Pinchas diz: são 613 mitzvot
(mandamentos) de Hashem, sendo seus santos mandamentos basicamente
duas leis. 365 são negativos, que realizando-os, estaremos em pecado
perante Aquele que É, Bendito Seja, e assim necessitaremos de sua
CHESSED (Misericórdia).
Outras 257 mitzvot (mandamentos) são positivos, que realizando-os,
teremos sua CHESSED (bondade), onde receberemos o favor Daquele que É,
Bendito Seja, para que vivamos a glória de Adonai sobre a Terra.
Talmud da Babilônia, tratado de Brakhot 2b

Segundo os sábios, o Talmud, a Torah e o Tanakh, a graça pode ser


entendida como duas coisas, a bondade de Deus e a misericórdia de Deus,
ambas são atributos gratuitos de Deus e de certo, homem nenhum os merece.
Ao mesmo tempo que a palavra CHESSED em hebraico se associa a duas
coisas distintas, elas acabam sendo também próximas, pois são resultados de
obediência e desobediência. Quando realizamos um mandamento positivo da
Torah, aqueles que Deus comanda que façamos, então receberemos o
CHESSED (bondade) de Deus em nossas vidas. Se por outro lado,
realizarmos um mandamento negativo, ou seja, se fizermos aquilo que Deus
manda não fazer e nos arrependermos de tal ato, teremos a CHESSED
(misericórdia) de Deus em nossas vidas. Essa é a verdadeira graça de Deus.
A graça é algo totalmente e exclusivamente ligado à Palavra de Deus
e às Suas Leis, a verdadeira graça não existe sem a Torah. Diferentemente da
graça cristã, a graça bíblica exige obediência ao Criador, exige buscá-Lo,
exige seguir Seus caminhos e não é algo relativo, que existe apenas dentro do
ser humano, mas é algo que vai além do coração do homem, se torna palpável
e visível por todos muitas vezes. A graça existe antes mesmo da entrega da
Torah. As Leis de Deus e a graça andam e sempre andarão de mãos dadas,
qualquer graça que não esteja ligada a Torah é uma graça mentirosa e
manipuladora.

Agora podemos entender o comentário de Chomat Anakh exposto


acima. Realizar algum sacrifício era um ato de obediência a Deus e
obediência às Leis de Deus geram chessed na forma de bondade. O sacrifício
não era a única forma de obediência que gera chessed, outros são as Leis
referentes ao relacionamento do homem com o homem, sobre o qual, a Torah
se mostra ser um belíssimo código de éticas. Outra coisa que gera chessed é
justamente o que está escrito em Deuteronômio 4:2, onde se proíbe adicionar
ou remover qualquer coisa das Leis de Deus.
Interessante, pois quando Yehoshua diz que Deus quer graça em lugar
de sacrifício, ele cutuca os fariseus que estavam presos na halachah.
Primeiramente, o sacrifício era um mandamento simples de se obedecer,
mesmo quem não acreditasse ou não concordasse com ele, poderia muito
bem ir lá e queimá-lo. Agora, difícil é o relacionamento com o próximo, pois
se existem algumas desavenças, seguir a algum mandamento da Torah
referente a essa pessoa, se torna muito mais complicado do que queimar uma
oferta, Yehoshua traz esse exemplo de difícil compreensão e bem sutil,
devido ao constante ataque que ele sofria de seus próprios irmãos, que não se
contentavam em deixá-lo seguir seu ministério. O outro ponto que Yehoshua
se refere, ao fazer essa citação do livro de Oséias, é o chessed que deixariam
de receber por adicionar coisas às Leis de Deus através das halachot, que
impunha muitas coisa não bíblicas sobre o povo. Esse versículo trata de uma
crítica sobre o comportamento do judeu religioso extremista e muito mal
interpretada pela teologia cristã.

CURAR NO SHABBAT
E foram-se poucos dias e passou dali Yeshua e chegou na sinagoga deles.
E ali tinha um homem com a mão seca e perguntaram a ele dizendo: é
permitido no Shabbat curá-lo?
E disse a eles: quem entre vocês que tem uma ovelha que cai em um
buraco em um Shabbat e não a levanta?
Então melhor é o ser humano do que ela. Portanto é permitido e
necessário ao homem agir melhor no Shabbat.
Então disse ao homem: estique sua mão e ele esticou a mão e voltou a ser
como a outra.
E então os fariseus estabeleceram uma conspiração para matá-lo.
Mateus 12:9-14

Logo na sequência, Mateus continua sua abordagem às controvérsias do


Shabbat, porém agora sai de um campo de grãos e vai para dentro de uma
sinagoga. Foi durante um serviço de Shabbat que alguns líderes aproveitaram
a oportunidade para testar sua autoridade, trazendo a ele um homem com mão
seca e questionando-o sobre se era lícito curar no Shabbat. Isso deixa claro
algumas coisas, primeiramente vemos que ato de “curar” era algo comum
dentro das sinagogas e bem aceito no meio judaico. Segundo, acreditavam
que tais milagres estavam atrelados aos rabinos, por isso que muitos
enfermos procuravam ao Rabbi Yehoshua buscando cura. Yehoshua não
estava em sua sinagoga habitual na qual ele foi criado, pois fica claro o
impasse que ele tem com os fariseus locais e tal impasse é totalmente ligado
às diferenças de interpretações da Torah.
Primeiramente vamos ver a opinião de dois dos maiores rabinos da época
que foi eternizada no Talmud:

Confortar os que estão de luto no Shabbat e visitar aos doentes no


Shabbat é proibido pela Beit Shammai pois são atividades para dias de
semana e não de Shabbat. Beit Hillel permite fazer todas essas atividades no
Shabbat, pois são mitzvot.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 12a

Temos aqui um típico desentendimento entre Rabbi Shammai e Rabbi


Hillel. O primeiro diz que toda bondade que podemos fazer por alguém que
seja feita durante a semana, já que no Shabbat não é o momento propício para
isso, por outro lado, Rabbi Hillel define os mandamentos em níveis diferentes
de importância, colocando aquilo que se refere ao próximo e a vida sobre a
própria observância do Shabbat, pois Rabbi Hillel, assim como Yehoshua,
acreditava que o Shabbat seria o dia mais adequado para realizar as mitzvot
(mandamentos) da Torah.
Vemos aqui uma total conformidade de Yehoshua com Rabbi Hillel e
claramente o mesmo não ocorre na sinagoga na qual ele se encontrava, o que
me leva a crer que esse lugar era de alunos ligados a Rabbi Shammai ou a
algum outro rabino de visão mais radical. O mais importante que podemos
tirar aqui é que Yehoshua não foi contra a Torah e nem tão pouco contra a
Torah Oral, foi apenas contra a interpretação de alguns rabinos.
Como no caso anterior, Yehoshua age de uma forma típica rabínica,
responde a provocação com uma pergunta, porém diferentemente do que
aconteceu no campo de grãos, dessa vez a abordagem que ele faz não é
bíblica e sim talmúdica:
Rabbi Eliezer e Rabbi Yehoshua** discordavam em uma disputa em
relação a alguma cria que tenha caído em um poço durante um Shabbat....
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 177b
**Esse Yehoshua não é mesmo Yehoshua do livro de Mateus

Yehoshua aborda uma linha de pensamento muito conhecida e abordada


pelo próprio tratado Talmud sobre o Shabbat. Nesse Tratado, dois rabinos
entram em um debate sobre o que fazer quando uma cria cai em um poço
durante um Shabbat ou um dia festivo, se devem remover o animal e matá-lo,
ou se devem removê-lo e deixá-lo vivo. Independentemente da conclusão que
os rabinos chegaram no final do Tratado, o fato é que, no final das contas,
removeram o animal do poço, o que acabou gerando um baita trabalho. Se
vidas humanas tivessem valores financeiros agregados assim como as crias
possuem, Yehoshua de certo não precisaria mandar que agissem de uma
forma melhor no Shabbat.
Até o famoso comentarista medieval Maimônides, também conhecido
como Rambam, afirma que é uma obrigação religiosa a quebra do Shabbat
para oferecer ajuda a alguém que precise.

Para terminar de uma forma bem simples, aquele que ensina e


defende a abolição do Shabbat é claramente uma pessoa que não é digna de
sua confiança em relação as coisas de Deus, pois prega contra as Escrituras e
contra aquele que ele provavelmente alga seguir, pois conforme visto,
Yehoshua de forma alguma aboliu ou desrespeitou o Shabbat.
◆◆◆
SEÇÃO XXV
RUACH ELOHIM

Quem não está comigo, está contra mim. Quem não se junta a mim, nega
essa obra.
Portanto eu digo a vocês que todos os pecados e maldições serão
perdoados ao homem, mas a blasfêmia ao espírito de Elohim não será
perdoada.
E todas as coisas ditas contra o filho do homem serão perdoadas. E todas
as coisas ditas contra ao agir de Elohim (Espírito Santo) não serão
perdoadas, nem nesse mundo, nem no mundo vindouro.
Faça a árvore boa o fruto bom e a árvore má o fruto mal, pois
verdadeiramente pelo fruto conhecerás a árvore.
Famílias de serpente, como podem falar coisas boas sendo maus? De
certo quando a boca acorda, o coração fala.
Homem bom, do tesouro do coração traz o bom e o homem mal, da
maldade do tesouro do coração traz o mal.
Eu digo a vocês que de todas as coisas que o homem disser, deverá ele
prestar contas no dia do julgamento.
Pelas palavras de suas bocas serão julgados e pelo atos condenados.
Mateus 12:30-37

Acredito ser vital, para uma compreensão das palavras de Yehoshua nessa
ocasião, um entendimento judaico ao invés do entendimento habitual cristão
sobre o que é o Ruach Elohim, também chamado de Ruach HaKadosh, e em
português, Espírito Santo. Para tanto, primeiramente é necessário entrar no
conceito que foi criado pela igreja sobre esse Espírito e desfazer alguns
pontos, para que assim possamos entendê-lo sem certos vícios.

O ESPÍRITO SANTO CRISTÃO x RUACH HAKODESH BÍBLICO


No cristianismo, o Espírito Santo representa a terceira pessoa da trindade,
juntamente com o pai e o jesus. O Espírito Santo foi enviado para santificar e
dar vida a igreja. O mesmo também traz, através de sua manifestação,
algumas coisas conhecidas como “mover do Espirito”, “batismo no espírito”,
dentre outras. O Espírito Santo, como sendo parte da trindade, é um deus,
possuindo assim as mesmas características de deus pai e de deus filho, não
havendo distinção entre os três.

Porém, essa definição cristã apresenta alguns problemas por diversos


motivos, tantos lógicos, quanto teológicos e bíblicos. Olhando pelo lado da
teologia cristã, conforme definido por Thomas de Aquino em seu livro Deus
Triuno, o Espírito Santo é o filho e que também é o pai, pois os três são um é
na verdade são todos o Espírito Santo.
Tal definição, com os anos, foi tomando diferentes formas, mas sempre
com a mesma essência, uma bagunça idolatra que foi feita em cima de um
conceito criado por mentes humanas. Não podemos negar que, se os três
realmente fossem um, teriam que ser um em todos os sentidos, essência,
poder, vontade e manifestação. Se esse fosse o caso, quando o Espírito Santo
torna Miriam (maria) grávida de Yehoshua, na verdade, ele a tornou grávida
dele mesmo. E quando Yehoshua promete a vinda do Espírito Santo, dizendo
que ele irá ao Pai mas que virá o consolador, o que talvez ele estivesse
dizendo é que ele iria ao Pai, mas quando chegasse lá o Pai já teria vindo
como forma de Espírito Santo e que na verdade foi ele que veio, mesmo
dizendo que iria embora. Poderíamos continuar com essa linha de
pensamento maluca de Thomas de Aquino por horas.
Por isso que devemos olhar para o Ruach Elohim da forma e no lugar
aonde ele foi conceituado.O Ruach é um entendimento judaico, pois ele foi
uma revelação dada ao Povo de Israel e claramente não aos pais da igreja.
Segundo os sábios da Kabbalah judaica, através de uma linguagem muito
mística, dizem que, Adonai, antes de criar o mundo, precisou “encolher” um
pouco de sua santidade para abrir um espaço e que nesse espaço, Ele criou
todas as coisas. Para que o mundo não fosse destruído pela Sua santidade e
também para que o mundo não ficasse sem ela, Adonai então gera algumas
partículas de Sua essência que entram em contato com nossa realidade, sendo
essa a forma como Ele trabalha, age e fala no mundo terreno.
Essas partículas não tem vida per se, pois não fazem parte de Um
relativo, nem são seres independentes, mas sim um espírito desprendido do
próprio Deus, usado como um tipo de “ferramenta” para que o ser humano
possa ter contato com Ele sem ser destruído. Seria como um copo de suco, o
homem é o receptor, é a pessoa que bebe, já o líquido seria a essência de
Deus, um contato íntimo com Ele e o canudo que ele usa para beber desse
líquido é justamente o Espírito Santo, que nada mais é do que uma “ponte”
criada por Deus para que possamos, de um mundo cheio de impurezas, nos
ligar a Sua santidade.
Nunca, em nenhuma parte da bíblia, alguém orou para o Espírito Santo,
nenhum personagem bíblico teve um diálogo com o Espírito Santo e o
Espírito Santo nunca recebeu veneração por parte de ninguém. Tudo que
vemos a respeito do Espírito acontece “através” do Espírito, Deus falou
através do Espírito, curou através do Espírito, se manifestou através do
Espírito, ou seja, essa “ferramenta” nada mais é do que a própria conexão
entre Deus e o homem e não um ser independente.
O Ruach Elohim é a vontade de Adonai, Seu poder e Sua providência...
Shadal, Genesis 1:2

O Ruach é o próprio agir de Deus na terra, pois tal é ligado à Sua


vontade, Seu poder e Sua providência. Não existe um agir de Deus que não se
baseie em ao menos em uma das três coisas dessa lista. Toda vez que os
sábios mencionam o Ruach (Espírito Santo) é sempre devido a algo feito por
Deus.

Foram informados de todas as coisas através do Espírito Santo.


Likutei Moharan 19:3:6

Um dos níveis de revelação divina é justamente através do Ruach


Hakodesh, Espírito Santo.
Rabbeinu Bahya, Shemot 28:30:1

Então “o Ruach de Deus”, o qual é o Ruach Hakodesh, pairava (sobre as


águas) e se estendia sobre ela, e Ele (Deus) trazia vida através dele (Espírito
Santo).
Likutei Moharan 78:3:2

O Ruach Hakodesh era o espírito profético operando...


Bereshit Rabbah 85:9

Fica claro aqui que o conceito de Ruach Hakodesh é muito mais antigo
que a igreja, muito mais antigo que os profetas e muito mais antigo que a
promessa da vinda de um consolador. Quando os talmidim de Yehoshua
ouviram isso da boca de seu mestre, na verdade, não ficaram surpresos, pois
esse conceito já era bem comum no judaísmo do primeiro século. Quando
receberam o espírito conforme relatado em Atos, houve ali um contato mais
íntimo com o Criador em comparação ao que possuíam antes, a ligação que
Deus tem com a terra através do Espírito Santo se tornou uma ligação mais
interna, mais pessoal, mas isso não faz dele um deus, ou parte da trindade, o
Ruach HaKodesh é o termo utilizado para o mover de Deus nessa nossa
realidade.

Isso é demonstrado pelas próprias palavras de Yehoshua que, afirma que


heresias contra ele e contra o Pai serão perdoadas, se caso o Espírito Santo
fizesse parte da trindade e se houvesse alguma diferença entre os três, como
no caso das heresias, um deles automaticamente seria diferente e se um for
diferente, há uma quebra do conceito de unidade, pois a mesma se torna
relativa e Deus é absoluto.
O Ruach HaKodesh, em palavras resumidas, representa o mover de Deus
nessa terra, Sua vontade e Sua representação. Se olharmos para o Espírito
dessa forma, veremos que a heresia que não tem perdão não é uma heresia à
pessoa de Deus, mas sim à forma como Ele trabalha, se manifesta, decide,
julga, promete, se revela e todas as outras formas que Deus age nessa
realidade.
Isso torna as coisas muito mais complicadas, pois não se trata de ofender
a um ser, mas se trata de acharmos que temos a autoridade de julgar de certo
ou errado aquilo que Deus faz ou decide. Vou dar dois exemplos mais
práticos:

Deus criou o homem para se casar com mulher, essa é a decisão de Deus
nessa terra, a qual se manifestou e nos foi revelada através do Espírito Santo.
Quando alguém age de uma outra forma, é como se dissesse que aquilo que
foi determinado por Deus não é o correto, ele se sente no direito de ir contra
aquilo que foi entregue através do Espírito Santo.
Eis um pecado contra o Espírito que, segundo Yehoshua, é sem perdão.
Se olharmos bem, quantos ex-homossexuais conhecemos? Qual a quantidade
de doenças que os vêm matando atualmente? Só pensarmos com um pouco
de bom senso. É como se dissessem que Deus decidiu errado, cometendo
assim uma grande heresia contra o Espírito Santo, pois vão contra o que Deus
decidiu.
Outro ponto é acreditar que a Torah foi abolida, a obra máxima de
Adonai para essa terra. Simplesmente abolida, pois algum pai da igreja
decidiu assim. É como jogar na cara de Deus que aquilo que Ele manifestou e
decidiu para essa terra através do Espírito, Suas Leis, simplesmente
acabaram, pois não convém ou talvez sejam muito difíceis. Algo a se pensar.
Por último, quero colocar aqui a verdadeira função da vinda do Espírito
Santo no interior de cada ser humano, na forma chamada de “consolador”:

E colocarei dentro de vós o Meu Ruach (Ruach Elohim) e farei que


andeis nos Meus estatutos, e guardareis meus juízos, e os observeis.
Ezequiel 36:27

Segundo o próprio Adonai, através do Ruach HaKodesh falando pelo


profeta Ezequiel, nos é revelado a verdadeira função do Espírito Santo. A
promessa que Yehoshua faz, sobre a vinda do consolador, foi de uma
internalização do Espírito para que ele começasse a operar dentro do coração
de cada um, para que assim, segundo o prometido por Adonai, possamos
viver a Torah de uma forma natural e da forma estipulada por Ele. Que seja
em nossos dias.

PALAVRAS DA BOCA
“Julgados pelas palavras, condenados pelos atos”, uma declaração forte e
com uma aparência de simples interpretação, mas o que será que Yehoshua
quis ensinar ao alegar isso, o que seriam essas palavras e quais seriam esse
atos?
Para que possamos entender bem, devemos encaixar esse aviso dentro do
contexto no qual ele foi usado. Yehoshua estava dizendo que as palavras
contra o Espírito Santo não teriam perdão, sabemos que o Espírito Santo
nesse caso é um termo para representar o mover, as decisões e o método com
o qual Deus age e formou todas as coisas, ou seja, blasfemar o Espírito é o
mesmo que dizer a Deus que Ele está errado naquilo que Ele decide ser o
correto. Já agir contra o Espírito é tomar decisões contrárias ao que foi
determinado pelo Criador pelo simples fato de não haver concordância com
aquilo que Ele estipulou, mostrando assim que aquele que age contra Sua
Palavra sabe mais o que é melhor para si mesmo do que Aquele que o criou.

Como Rav. Hamnuna disse: “O começo do julgamento de um homem é


apenas através de suas palavras sobre a Torah”.
Talmud da Babilônia, Tratado Kiddushin 40b

A Torah Oral explica melhor as palavras de Yehoshua e confirma o que


foi visto até aqui, a Torah, além das Leis de Deus, é também o manual de
como agradar ao Criador e tudo sobre aquilo que Ele é, determinou e formou.
Quando usamos nossas palavras contra a Torah, não como um crítica ao livro
per se, mas sim de uma forma contrária ao conteúdo apresentado por ela, é o
mesmo que criticar o determinado por Deus, é criticar o próprio Espírito
Santo, pois é esse o nome dado a manifestação de Deus representada pela
Torah e é ai justamente o início do julgamento que o homem sofrerá. Aqueles
que ensinam qualquer coisa contra a Torah, ou ideologias que tentam
completá-La, como as leis rabínicas por exemplo, é como se dissessem a
Deus que Sua obra não é completa e que necessita da ajuda de homens. Esse
é a maior blasfêmia contra o Espírito Santo.
Após todo o julgamento vem a condenação e nesse caso virá de acordo
com os atos, se além de um ensino contrário ao estipulado por Deus, alguém
levar uma vida dessa forma, agindo contra aquilo que Deus determinou, a
condenação será certa. Se pensarmos friamente, é meio óbvio que o ensino se
reflete nos atos, pois aquele que ensina alguma coisa, como por exemplo a
abolição da Lei de Deus e que o cristão está liberto para comer bacon, essa
pessoa com certeza também come bacon, pois alguém que segue a Torah, de
forma alguma, ensinaria ou falaria algo contrário ao determinado por ela.

Yehoshua critica fortemente algumas leis rabínicas, mostrando que além


delas serem uma blasfêmia ao Espírito Santo, pois tentam completar a Torah,
também serão através dela que virá o julgamento de Adonai. Ele também
afirma que quem as ensinam serão julgados e quem as seguem serão
condenados. Não devemos esquecer que essas leis existem no judaísmo, pois
o mesmo não passa de uma religião, assim como o cristianismo, que possui
inúmeras leis e teologias não bíblicas, sendo assim, tal reprovação vale para
os dois lados.
◆◆◆
SEÇÃO XXVI
YONAH

Nesse tempo veio a Yeshua alguns dos fariseus e alguns dos sábios
dizendo: queremos ver sinal do céu por você.
E disse a eles: uma geração má e blasfema procura sinal, mas sinal
não será dado, exceto o sinal de Yonah.
Que quando estava dentro do peixe (Dagah) por três dias e por três
noites, também estará o filho do homem dentro da terra (enterrado) por
três dias e por três noites.
As pessoas de Niniveh se levantarão para julgar essa geração e a
condenarão pois fizeram Tshuvah pelas palavras de Yonah e eu sou
maior do que Yonah.
A rainha Sheba, em língua estrangeira Reizina de Ishtiriah, se
levantará para julgar essa geração e a condenará, pois ela veio do fim
da terra para ouvir a sabedoria de Shlomo e eis me aqui, maior que
Shlomo.
Quando o espírito impuro sai do homem, em lugares secos procura
descanso, mas não o encontra.
Então diz: voltarei a minha casa da qual sai, e ele vai e a encontra
vazia, segura e pronta.
Então leva sete espíritos piores que ele e que vão com ele e ali
ficam. E o estado novo do homem é pior que o seu anterior. Assim será
a essa geração má.
Mateus 12:38-45

SINAL DE YONAH

Yonah orou a Adonai, seu Deus, da barriga do peixe (Dagah)...


Jonas 2:2

Existe algo muito oculto nessas palavras de Yehoshua. Interessante como


ele escolhe alguns termos místicos para passar sua mensagem. A palavra
hebraica para "peixe" é DAG (‫)דג‬, uma palavra masculina, assim como em
português, porém nesse caso ele chamada peixe de DAGAH (‫)דגה‬, que é um
termo feminino e gramaticalmente incorreto em hebraico, como se ele
chamasse peixe de “peixa”.
O termo dagah aparece algumas poucas vezes no Tanakh e é alvo de
fortes especulações e comentários na literatura rabínica. Como a Torah não
explica de forma direta o que seria esse termo e os motivos de seu uso,
devemos olhar para a Torah Oral para entendermos as razões de Yehoshua ao
expor seu ensino usando esse termo estranho.

LEVIATAN
Leviatan é um mostro marinho citado no Tanakh e a sua imagem é
retratada pela primeira vez no livro de Jó nos capítulos 40 e 41 através de
uma breve descrição. Durante a idade média, Giordano Bruno em seu livro
Svmma Daemoniaca, o descreve como um demônio representando uma das
cinco pontas do baphomet, tal teoria foi rapidamente absorvida pela igreja
católica e passada adiante em todas as vertentes cristãs.
Muitos dos sábios alegam que o dagah que engoliu a Yonah era
justamente o Leviatan do livro de Jó. Ensinam que esse monstro foi criado
por Deus no quinto dia da criação, conforme relatado no primeiro capítulo de
Genesis, justamente com o propósito de engoli-lo e levá-lo a Niniveh, sendo
aprisionado por Deus logo após tal fato.
Por um outro lado, alguns sábios cabalistas fazem um comentário muito
interessante em uma passagem do livro de Números onde o termo dagah
também aparece:

Nós lembramos do peixe (dagah) que comíamos gratuitamente no Egito,


os pepinos, os melões, o alho-poró, as cebolas e o alho.
Números 11:5

Foi dito que: Dagah nesse versículo se refere às relações sexuais imorais
que a Torah ainda não havia proibido.
Talmud da Babilônia, Tratado Yoma 75a

Nesse caso temos o termo dagah não se referindo a peixe como forma de
alimento, nem ao monstro Leviatan, mas sim como um termo que caracteriza
o pecado da imoralidade sexual, do incesto, da orgia e de todo o tipo de
sodomia. Isso é interessante, pois caracteriza um dos pecados que fez com
que Deus decidisse destruir aquela cidade caso não se arrependessem.
Um segundo caso se encontra no livro do profeta Amós:
Adonai meu Senhor jura pela Sua Santidade: Vejam, dias virão sobre vós
nos quais vocês serão carregados em cestas e, até o último, em cestas de
peixe (dagah).
Amós 4:2

Carregados em cestas como peixes, cestas de terras idólatras (dagah).


Radak, Amós 4:2

Agora temos um caso diferente, o famoso comentarista Radak faz uma


analogia do termo dagah com idolatria, pois a promessa que Deus faz sobre a
ida do povo para terras babilônicas é que eles seriam levados a um lugar onde
a idolatria era praticada e onde não se conhecia ao Deus de Israel.
Agora o terceiro caso onde encontramos esse termo na Torah:

E os peixes (dagah) do Nilo morreram. O Nilo cheirava mal até que os


egípcios não podiam mais beber da sua água; havia sangue em toda terra do
Egito.
Êxodo 7:21

A Gemara responde: a baraita é difícil de acordo com o seguinte verso:


“E o peixe (dagah) que estava no rio morreu.”... ...a Gemara responde que
dagah se refere aos grandes e pequenos levados com o sangue da violência.
Talmud da Babilônia, Tratado Nedarim 51b

Agora a Gemara faz um alusão entre dagah e violência pelo fato do rio
Nilo ter se tornado vermelho, parecendo sangue. Se juntarmos os três,
veremos que dagah pode ser imoralidade sexual, violência e idolatria, nos
levando a um outro ensino da Torah Oral:

Rabbi Yohanan diz em nome de Rabbi Shimon ben Yehotzadak: Se


disserem a alguém: transgrida esse mandamento e você não será morto, ele
deve transgredir para não ser morto, exceto se for idolatria, imoralidade
sexual e derramar de sangue.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 74a

Esse é um ensinamento muito salientado por todos os rabinos, tantos os


fariseus quanto os modernos ortodoxos, é quase uma máxima judaica para
que o judeu saiba até onde pode ir com sua desobediência a Torah para
preservação da vida.
Isso nos revela os motivos que levaram a Deus decidir destruir a cidade
de Niniveh, violência, idolatria e imoralidade sexual, assim como foi com
Sodoma e Gomorra.
O desafio é conectarmos esse estudo com as palavras de Yehoshua. Ele
diz que o sinal que será dado aos que lhe enfrentavam seria apenas o sinal de
Yonah, e faz uma comparação de Yonah no interior do peixe com quando ele
estiver no interior da terra, claro que podemos ter um entendimento direto e
simples nesse caso, assim como Yonah ficou três dias na barriga de um peixe
e saiu vivo, Yehoshua também ficaria três dias debaixo da terra e sairia vivo.
Porém se pararmos naquilo que os olhos podem ver, vamos perder todo o
segredo que está por trás da terminologia usada por ele.
Os ensinos talmúdicos levantados até aqui são de conhecimento de
qualquer religioso estudioso da Torah. Yehoshua, ao mencionar o termo
dagah, trás à tona esses três pontos, imoralidade, violência e idolatria. A
forma mais fácil de entendermos é olhando para os reais motivos que
causavam todos esses debates entre Yehoshua e alguns dos fariseus, as leis
judaicas.

IDOLATRIA
Quando alguém tem algo na vida que é maior do que Deus e Sua palavra,
esse alguém corre o sério risco de cair em idolatria, se o emprego, o status, a
fama, o poder, o dinheiro, as posses, a família, ou qualquer outra coisa ligada
à essa vida terrena possuir um peso maior que a importância da Torah, esse
indivíduo se faz um idolatra.
A idolatria não é apenas adoração a falsos deuses, mas sim tudo aquilo
que toma o lugar que Deus deveria ter na vida do homem, se mandamentos
de Deus deixam de serem observados por motivos citados acima, esses
motivos se tornam mais importantes do que o que Deus quer dessa pessoa e
isso pode ser caracterizado como idolatria.
Se pensarmos friamente, os rabinos e fariseus, assim como os atuais
ortodoxos e inúmeros cristãos, colocam as leis humanas e a observância de
regras criadas por homens acima daquilo que é estipulado por Deus. Muitas
leis são criadas como cerca de proteção aos mandamentos da Torah, porém
muitas outras acabam substituindo aquilo que Deus determinou, a partir do
momento em que alguém segue alguma lei que não seja explícita na Torah e a
ensina como sendo de Deus, acaba cometendo idolatria, pois essas leis
tomam o lugar das reais, anulando assim a Torah.
As maiores discussões de Yehoshua com os fariseus abordavam
justamente as leis rabínicas, praticamente em todos os evangelhos, os debates
eram referentes a Torah Oral e aos costumes judaicos da Época e nada tinham
a ver com a Torah em si. Por esse motivo, Yehoshua usa o termo dagah, pois
acusa os fariseus de idolatras ao colocarem as leis que eles seguem acima da
pura observância da Torah. Tudo que toma o lugar de Deus ou de Sua Torah
é idolatria, até Rashi concorda com isso:

Daqui se deriva que quem nega a Torah, admite a idolatria.


Rashi, Deuteronômio 11:28:1

VIOLÊNCIA
Esse pode parecer um pouco estranho, pois seriam os fariseus assassinos?
Nesse caso um comentário do Talmud pode nos ajudar:

Aquele que publicamente fala mal de seu próximo, age como se


derramasse seu sangue.
Talmud da Babilônia, Tratado Bava Metzia 58b

Os fariseus e Yehoshua não só eram próximos, mas eram do mesmo


povo, da mesma terra, da mesma fé e mesmo assim, alguns versículos antes,
esses “irmãos” de Yehoshua conspiravam contra ele e criticavam abertamente
seus ensinos.
Com isso, temos mais um motivo claro da razão do uso do termo dagah,
pois a maledicência de alguns fariseus e saduceus, os faziam como
assassinos.

IMORALIDADE SEXUAL
Será que os fariseus, religiosos, justos e corretos em seus caminhos
praticavam atos de imoralidade sexual, do tipo sodomia ou incesto? Qual
prova Yehoshua tinha a esse respeito?

Rabbi Shimom diz: Nós podemos entender isso no próprio contexto onde
se encontra, como diz: “Eles (que praticam incesto e imoralidade) terão suas
almas cortadas”, pois é como a blasfêmia.
Mishnah Makkot 3:15
Rabbi Shimom faz uma afirmação muito interessante, ele diz que a
imoralidade sexual é como a blasfêmia. Quem conhece a Torah sabe que
existem diferentes tipos diferentes de pecados que, perante os olhos de Deus,
possuem o mesmo peso, como se um fosse o outro e o outro o um.
Se nesse caso olharmos a imoralidade sexual como um pecado de
blasfêmia, podemos voltar alguns versículos e entrarmos novamente sobre o
ensinamento do pecado contra o Espírito Santo, que nada mais é do que
negação e atos contrários àquilo que Deus determinou, o que também
podemos chamar de blasfêmia.
Então, acredito eu que, a acusação que partia de Yehoshua sobre os
fariseus é sobre o pecado de blasfêmia que cometiam contra Deus ao
colocarem as leis da halachah em maior destaque que as Leis Divinas e sua
autoridade por cima da do Todo Poderoso.
Temos aqui um ensino pesado por parte de Yehoshua que, na verdade,
não é um ensino, mas uma acusação indireta em relação aos pecados mais
condenáveis da Torah. Mas o ser humano não muda e tal ensino pode muito
bem ser encaixado na vida atual, pois quem não coloca alguma coisa
relacionada a vida nessa terra acima das coisas de Deus? Ou nunca falou mal
de ninguém? Ou aqueles que acabam cometendo imoralidades sexuais, a qual
se tornou muito comum e bem aceita em nossa sociedade? Ou pessoas
ligadas a religiões, que possuem diversos dogmas que acabam se
sobressaindo as Leis de Deus? O que será que ele falaria para nós se ele
estivesse hoje aqui? Seria dagah?
Yehoshua afirma que se as pessoas de Niniveh, as quais praticavam todas
essas coisas, se converteram (fizeram tshuvah) ao ouvir uma pregação muito
ruim de Yonah, os rabinos também deveria fazer tshuvah ao escutar a
Yehoshua, pois ele declara que é muito maior que um profeta, portanto, os
ninivitas terão moral de julgá-los no mundo vindouro.

TSHUVAH
O termo que aparece em português como “arrependimento” nesse caso,
assim como em muitos outros no livro de Mateus, é justamente uma palavra
hebraica chamada tshuvah. Esse termo, em uma tradução literal, significa
“resposta”, mas é um termo muito usado no meio rabínico, tanto do farisaico
quanto do moderno ortodoxo.
Quando alguém afirma que irá “fazer tshuvah” esse alguém está dizendo
que não irá apenas se arrepender, mas também irá mudar sua vida de acordo
com as ordenanças da Torah. O arrependimento que Yehoshua ensina em
todo o livro de Mateus não é bem aquele ensinado nos meios cristãos, que é
um sentimento de remorso confundido com arrependimento, mas o
arrependimento de Yehoshua é um que vai além do sentimento, é uma
atitude, é uma prova palpável do verdadeiro sentimento, é a pessoa largar
tudo que faz de errado para literalmente ter uma vida de acordo com a Torah.
Tshuvah não é apenas deixar de fazer o que Deus proíbe, mas também é fazer
aquilo que Ele manda fazer. Sem Torah não há tshuvah!
Quando Yehoshua alega que o povo de Niniveh fez tshuvah, ele não diz
apenas que eles largaram os atos imorais, mas alega que colocaram suas vidas
perante Deus através da Torah. Segundo a mentalidade de Yehoshua, sem
Torah, o verdadeiro arrependimento se torna relativo, pois não é algo que
pode ser comprovado na pele.
A RAINHA SHEBA
A bíblia apresenta uma rainha nunca antes mencionada, a qual, um
determinado dia, resolve sair de suas terras e viajar até Jerusalém para ouvir a
sabedoria do rei Salomão. Acompanhada por muitos servos e camelos, ela
leva ao rei uma grande quantidade de temperos, ouro e pedras preciosas
conforme relatado em 1 Reis 10 e Crônicas 9.
Porém o relato bíblico sobre essa estranha rainha acaba ai, mas outras
fontes judaicas apresentam histórias sobre quem ela era e adicionam detalhes
sobre essa visita a Jerusalém. No século 14 foram encontrados documentos
na Etiópia sobre uma rainha que tinha ido a cidade santa de Jerusalém, que
essa rainha “conheceu” ao rei daquele lugar e concebeu um filho chamado
Menelik.
Menelik quando atingiu a idade de 22 anos resolveu ir para Israel
conhecer ao rei, seu pai. O rei Salomão ficou encantado com sua presença e
fez de tudo para que ele ficasse e assumisse o reinado após sua morte, porém
o garoto resistiu e voltou a sua terra, então seu pai manda junto com ele
alguns guardas, sábios para conduzi-lo no ensino e a arca da aliança, para que
pudesse ter proteção no caminho, o que gerou uma teoria sobre o suposto
paradeiro da arca nos dias atuais, na cidade de Aksum, Etiópia.
Histórias a parte, a distância entre Aksum e Jerusalém é de exatos 3.409
km, o qual leva 26 dias viajando sem paradas, com paradas para descanso
leva em média 41 dias, 82 dias se contarmos com a volta. Segundo
Yehoshua, justamente por esse motivo, essa rainha já tem o mérito de julgar
àqueles que estão cara a cara com ele e relutam em escutá-lo.
ESPÍRITO IMPURO
Por último vemos o quão interessante é a forma que Yehoshua chama
esses espíritos que de certo são malignos. Não como demônios, nem como
imundos, mas os chama de impuros. O termo “impuro” ou “impureza” é algo
bem singular em toda a Torah e é para ela que devemos olhar.

Impureza
Um dos conceitos mais mal interpretados da Torah está contido nas
palavras Tum’ah e Tahara, traduzidos como Impuro e puro. Os dois maiores
erros que vejo são as confusões feitas entre impureza, pecado e a ideia de que
a impureza é algo relacionado a esse mundo terreno e não ao espiritual.
As leis de pureza e impureza da Torah estão dentro de uma categoria de
mandamentos chamado chukkim, que são mandamentos divinos sem que uma
razão tenha sido dada por Deus, não são racionalmente compreensíveis,
diferentemente de leis como “não matarás” ou “não roubarás” e justamente
por esse motivo é necessário um alto nível espiritual para que possa haver
uma total compreensão.
Os sábios explicam que tum’ah, impureza espiritual, pode ser definido
como “ausência de santidade”. Diferentemente do pecado, o qual leva a
morte, a impureza espiritual leva a um distanciamento de Deus, mesmo que a
vida continue, é uma vida vazia e sem paz.
Segundo a terminologia cabalística, as forças do mal são chamadas de
“outro lado”, elas são aquilo que estão “fora”, o que esta distante da presença
e santidade de Deus. Essas forças florescem em uma realidade aonde a
presença de Deus está mais “ausente”, “escondida”, lugares onde tem maior
espaço para “oposição” ao Criador.
A impureza espiritual acontece quando a pessoa empurra Deus para lá, se
afasta de Sua presença e acaba criando um vazio, um vácuo, e o lugar onde
Sua presença deveria estar, fica vazio. Isso pode acontecer com qualquer um,
com pessoas que servem a Deus, prestam culto a Deus, vivem longe do
pecado, mas por algum motivo, no interior delas, são vazias. Isso se dá pelo
fato que não usam aquilo que serve para santificá-las, ou seja, a Torah. A
Torah não serve apenas para ensinar o que é pecado, mas também é o manual
de como nos tornarmos santos, fechando a porta para toda impureza
espiritual.

E você deve observar meus estatutos e os fazer, Eu sou Adonai que te


santifica.
Levítico 20:8

Talvez agora possamos entender o porquê Yehoshua fala sobre os


espíritos impuros logo depois de falar sobre o dagah. Essa acusação foi
justamente pelo fato dos fariseus estarem colocando as leis rabínicas acima
das Leis da Torah e as ensinando como se fossem dadas pelo próprio Deus,
sendo assim, eles acabam deixando de seguir a Torah propriamente dita, a
qual santifica, para seguirem leis humanas, as quais não santificam, gerando
assim um certo tipo de impureza devido ao distanciamento, tornando o
interior de cada um deles um grande vazio da santidade de Deus e propício a
proliferação de espíritos impuros e não demônios.

Então, quando alguém tem algo na vida que está acima de Deus, de
sua Torah ou algo que a nulifique, esse alguém não é apenas um idólatra, mas
um terreno fértil para a proliferação desses tipos de espíritos, que não são
afastados através de oração apenas.
◆◆◆
SEÇÃO XXVII
NETILAT YADAYIM

Então veio a Yeshua os sábios e os fariseus lhe dizendo:


Por que seus talmidim não respeitam as TAKANOT dos antigos
concernentes a NETILAT YADAYIM antes de comerem?
E disse Yeshua a eles: Por que vocês não respeitam a Torah de EL por
causa das suas TAKANOT?
Mateus 15:1-3

Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e


lhe perguntaram:
Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não
lavam as mãos quando comem.
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o
mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
Mateus 15:1-3 ALMEIDA

Uma certa vez, um amigo meu cristão, me disse que jesus tinha abolido a
Torah e a prova disso era justamente o versículo em questão. Ele afirmou que
até os mínimos detalhes foram abolidos, como o mandamento básico de uma
simples lavagem de mãos antes de comer, conforme a Torah dos judeus
mandava.
O interessante é que esse cristão, não foi capaz de me mostrar aonde na
Torah estava esse mandamento referente ao lavar das mãos e por mais que
tentasse, nunca iria conseguir, pois tal mandamento não se encontra na Torah.
Hoje, no judaísmo ortodoxo, assim como no judaísmo farisaico, o lavar
das mãos, apesar da aparência de mandamento, nada mais é do que um ritual
criado pelos antigos rabinos. E como todos os rituais rabínicos, o Netilat
Yadayim, ou o lavar das mãos, é repleto de detalhes que devem ser
cuidadosamente observados.
O Netilat Yadayim foi definido devido a conceitos chamados Tum´ah
(impuro) e Taharah (puro). As leis referentes a esses dois termos são
consideradas leis supra racionais, ou seja, não necessitam explicações, pois
estão acima da razão pelo alto nível espiritual delas. A tum´ah é definida
como a ausência da Kedushah, que é a fonte onde emana toda a vida, o
próprio Deus. Uma vida que não é livre do que é impuro significa uma
ausência de santidade, uma ausência de Deus.
A Torah é muito detalhista em relação às impurezas, desde alguns
alimentos, a menstruação da mulher e o contato com cadáveres. A impureza é
algo que deve ser muito observado, já que, de certo, é muito importante para
o Criador.

Se os rolos (Torah) não se preocupassem como nada relativo a impureza


ou pureza, assim como o que é proibido e permitido, por que então está
escrito sobre isso lá?
Midrash Ruth Rabbah 2:14

Leis, o serviço de sacrifícios, pureza e impureza e as relações ilícitas são


as essências da Torah.
Mishnah Chagigah 1:8

O consenso da importância da pureza perante o Criador é enorme, claro


que a impureza não é tratada como pecado ou transgressão pela Torah, mas
quando o indivíduo, por algum motivo, se torna impuro, Adonai vira Sua face
em direção oposta às orações dessa pessoa até o fim do dia e por esse motivo,
existe uma grande preocupação por parte dos sábios em relação a impureza, o
que acabou os levando a criarem diversos rituais para "contorná-la".
O Netilat Yadayim, pelas leis rabínicas, é obrigatório principalmente
em dois momentos, ao acordar e antes das refeições.
Ao Despertar
Durante o sono, os rabinos acreditam que o espírito se eleva do corpo,
deixando-o “semi-vazio” e este vácuo causado pela ausência do divino,
possibilita a entrada de elementos impuros no corpo. Quando a alma volta,
esses elementos impuros deixam o corpo totalmente, exceto nos dedos das
mãos. Segundo as leis rabínicas, o único jeito de remover esses traços de
impureza é através da lavagem ritualística das mãos.
Normalmente, um judeu mais religioso tem uma pequena bacia de água
em baixo da cama, assim que acorda, antes mesmo de se levantar, já faz a
lavagem das mãos, pois acreditam que a benção matinal não pode ser recitada
se houver algum tipo de impureza no corpo, para que Deus não vire a face
para sua oração.

Nas Refeições
A lavagem ritualística antes das refeições não visa simplesmente limpar
as mãos, pois higiene é de senso comum, porém serve para purificar as mãos
para que elas não tornem o alimento impuro. Em outras palavras, segundo os
rabinos, as mãos não apenas podem sujar o alimento, mas também
impurificá-lo.
Outros casos onde o Netilat Yadayim é obrigatório: após cortar os
cabelos, as unhas, após necessidades fisiológicas, tirar sangue, relações
sexuais, mexer nos sapatos, tocar em partes cobertas do corpo e voltar de um
enterro.
Caso o alimento seja tocando após as situações acima, o alimento se
tornará impuro.

O RITUAL
Antes do ritual, as mãos já devem estar limpas, qualquer acessório, como
anéis e alianças, deve ser removido. Um recipiente específico para isso deve
ser segurado com a mão direita enquanto é enchido com exatos 86ml de água.
Depois de cheio, ele é passado para a mão esquerda e despeja-se a água sobre
o braço direito, lavando toda a mão, o punho e parte do antebraço. Depois o
recipiente é cheio novamente e o mesmo processo é feito na mão esquerda,
isso é repetido por três vezes em cada braço.
Existem muitos outros detalhes referentes a qualidade da água, a origem
da água, o recipiente a ser usado, a força na qual a água é despeja,
quantidades variáveis de água e etc.
Outro ponto muito importante é a benção que deve ser recitada durante o
ritual:

“Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do universo, que nos santificou
com Seus mandamentos e nos ordenou sobre o lavar das mãos.”
Brachat Netilat Yadayim

Temos que fazer uma análise muito cuidadosa aqui, pois existem
verdades misturadas com meias verdades. Como já explicado acima, a pureza
e o ritual de pureza, conforme descrito pela Torah, é de extrema importância
e deve ser levado muito a sério por qualquer pessoa que queira seguir as Leis
de Deus. Yehoshua de forma alguma iria contra tais regras, isso é
comprovado quando ele procura Yohanan, o imersor, pois o que os cristãos
conhecem como batismo, nada mais é do que a Torah descreve como Mikveh,
que é um ritual bíblico de purificação.
Existem dois pontos muito sérios aqui nos quais Yehoshua foi contra, a
primeira é relativa a necessidade da Netilat Yadayim antes das refeições. À
partir do momento em que um alimento é kasher, ou seja, determinado por
Deus como puro para consumo (Levítico 11), nada que homem algum possa
fazer, tornará esse alimento impuro. A partir do momento em que as palavras
que saem da boca do Criador determinam que o alimento é puro, sujeira
nenhuma ou impureza nenhuma ligada ao corpo do homem pode ser mais
forte do que as próprias palavras Dele, achar isso é um pensamento herege.
Yehoshua, ao negar essa tradição, deixa claro que algo determinado por
Deus não pode ser anulado ou modificado por conceitos criados por homens,
se o alimento é kasher segundo a Torah, impureza nenhuma pode alterar isso.
Por esse motivo que Yehoshua não se preocupou com o lavar ritualístico das
mãos, pois os alimentos que comiam já eram purificados segundo a própria
Torah.
O segundo problema é a própria brachah (benção) a ser recitada, onde a
mesma afirma que essa ordenança proveio de Deus, o que não é verdade. Tal
ordenança proveio de rabinos, que usurparam a autoridade de Deus para
beneficio próprio.
Yehoshua em nenhuma instante foi contra a Torah, ele era contra
determinadas leis rabínicas que, mesmo que indiretamente, iam contra as Leis
de Deus.
◆◆◆
SEÇÃO XXVIII
UMA PEQUENA DESONRA

Pois EL disse: honre seu pai e sua mãe e aquele que bate em sua mãe e
em seu pai deve ser levado a morte.
E vocês dizem que qualquer palavra que deve ser dita pelo homem a seu
pai e à sua mãe em relação a qualquer caridade a ser dada, o faz como um
pecador. Porém essa iniquidade será nula para ele.
Então, ele não honra a seu pai e a sua mãe e vocês desprezam a palavra
de EL por suas TAKANOT.
Mateus 15:4-6

Algumas coisas tem aparências muito estranhas. Nas traduções ocidentais


desses versículos, as palavras ficam completamente sem sentido, já no
original, nos é apresentado uma grande dificuldade nas palavras de
Yehoshua. Porém se observarmos alguns termos utilizados, talvez seja
possível ligar algumas pontas soltas.
Primeiro ponto a levarmos em consideração, e que poucos percebem, é
como Yehoshua mantém a punição à morte conforme ordenado pela Torah,
muitas pessoas acreditam que o novo testamento acabou com as sentenças de
morte de um deus antigo e desatualizado, que deu ao seu povo um livro de
leis cruéis e que foi completamente abolido pela compaixão de cristo. Mas
segundo as próprias palavras de Yehoshua, compaixão alguma deve ser dada
a quem bate no pai ou na mãe. Isso nos prova que até a pena de morte,
conforme determinado pela Torah, ele manteve e corroborou.

Quando alguém tiver um filho desobediente e rebelde, que não obedece à


voz de seu pai e à voz de sua mãe, e castigando-o eles, lhes não der ouvidos.
Então seu pai e sua mãe o pegarão e o levarão aos anciãos de sua cidade, e
a porta do seu lugar. E dirão aos anciãos da cidade: Esse nosso filho é
rebelde e desobediente, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um
beberrão. Então todos de sua cidade o apedrejarão até que morra; e tirarás
o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.
Deuteronômio 21:18-21

Yehoshua não aboliu nenhuma vírgula da Lei, nem ao menos as sentenças


mais pesadas que eram impostas aos desobedientes.
Continuando a análise para entendermos melhor sobre o que ele
estava falando, devemos olhar para dois termos relevantes, “caridade” e
“palavra dita”. Segundo as takanot dos rabinos, ou seja, seus costumes e
ensinos, todo aluno que entrasse sob a supervisão e tutela de um rabino, era
de praxe que todo os bens que esse aluno possuísse se tornassem propriedade
escola a qual ele agora fazia parte. Isso era tão comum que até o grupo
messiânico, liderado por Yaakov irmão de Yehoshua, tinha tal costume, por
isso eram chamados de evyonim, pois toda pessoa que se afiliava a esse
movimento doava todos os seus bens ao grupo. Por esse fato surgiram
diversos grupos católicos que agiam da mesma forma, a pessoa que se
afiliava a esses grupos, doava todos os seus bens para a igreja.
Até então tudo bem, o problema começa quando algumas escolas exigiam
os bens não só pertencentes ao aluno, mas os bens que lhe serão dados como
herança, mesmo sem tê-la ainda recebido, com seus pais ainda vivos. Muitos
começaram a doar previamente suas heranças, as terras e os bens dos pais,
para as escola rabínicas e isso gerava uma forte comoção local. O Talmud, de
uma forma bem sútil, fala sobre esse costume:

E Beit Shammai concorda com sua linha de pensamento: Não se pode


pedir para uma autoridade halakhica dissolver um voto de consagração de
propriedade.
Talmud da Babilônia, Tratado Nazir 9a

O proprietário lhe disse: eu juro pelo serviço do templo que foi assim. Eu
não tinha dinheiro disponível naquele momento, pois eu fiz voto de
consagração de toda minha propriedade devido a Hyrcanus, meu filho, que
entrou nos estudos da Torah e não queria deixar herança para ele.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 127b

Essa história relatada no Tratado Shabbat conta sobre um trabalhador que


trabalhou nas terras de uma pessoa por três anos e no final não recebeu seu
salário. Depois de um tempo, o proprietário junta o dinheiro, paga esse
trabalhador e então justifica que tinha jurado (palavra dita) suas posses
(caridade) por causa do comportamento do filho. Tal procedimento pode ser
feito pelo pai quando ele não quer deixar herança aos filhos ou pode ser feito
pelo filho, quando quiser comprometer a herança como um pagamento de
garantia a escola a qual ele ingressa.
Em alguns casos, após o juramento (palavra dita) de consagração
(caridade) de propriedade feito pelo filho em relação a sua futura herança, os
“novos donos” acabavam tomando as terras antes mesmo da morte dos pais,
antes que a propriedade se tornasse uma herança propriamente dita. Isso
claramente irritava a Yehoshua, assim como os ensinos dos fariseus de Beit
Shammai, que ensinavam que a partir do momento que o voto é feito, não
poderia mais ser anulado. Essa falsa “caridade” gerava danos aos pais desse
aluno e isso seria desonrar pai e mãe. Uma takanot que ia contra um
mandamento direto e claro da Torah. Essa quebra de mandamento, segundo
Yehoshua, não cairá sobre os ombros do aluno, pois será nula para ele, mas
sim sobre aqueles que ensinam leis que vão contra as Leis de Deus.
◆◆◆
SEÇÃO XXIX
A CANAANITA

E depois que disse, Yeshua foi de Galili para Tzot (Tyro) e Sodom.
E chegou perante ele uma mulher canaanita, das terras do leste, gritando
a ele: meu senhor, filho de David, tenha pena de mim, pois minha filha está
possessa por demônios.
E Yeshua não respondeu coisa alguma. E seus talmidim se aproximaram
dele e lhe disseram: nosso senhor, porque você abandoa essa mulher que
grita atrás de nós?
E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas
perdidas da casa de Israel.
E a mulher se prostrou e disse: meu senhor, me ajude.
E disse a ela Yeshua: não é bom que o homem pegue o pão de seus filhos
e o de aos cachorros.
E respondeu a mulher: Muitas vezes comem os cachorros os pãezinhos
que caem da mesa de seu senhor.
E respondeu Yeshua a ela: grande mulher de fé, sua fé lhe fez aquilo que
queria. E nessa hora sua filha foi curada.
Mateus 15:21-28

Nesse momento, Yehoshua viajava com seus talmidim para fora da terra
de Israel, eles vão para as cidades de Tzot e Sodom, as quais se encontravam
na região do Líbano moderno. É interessante nos atentarmos em algumas
histórias que relatam as diversas viagens de Yehoshua para fora de Israel e
como ele se portava nesses lugares.
É muito difícil não interpretar esse ocorrido como uma atitude
extremamente racista por parte dele, ele nem sequer queria dirigir a palavra a
essa mulher e relutou para atendê-la pelo fato de ser gentia. Isso é até certo
ponto compreensível, pois a promessa da vinda de Mashiach foi dada
primeiro ao Povo de Israel e só posteriormente deveria atingir ao povo gentio.
Porém, essa mulher ao chamar Yehoshua de filho de David, mostra que
possuía algum conhecimento das Escrituras e de certo sabia que a promessa
de Mashiach também chegaria aos não judeus. Ela devia conhecer a promessa
feita a Abraham que dizia que através de sua semente todos os povos da terra
seriam abençoados e foi provavelmente com essas palavras em mente que ela
teve coragem e fé para se aproximar dele.
Isso caracteriza duas coisas, ela não acreditava apenas que Yehoshua era
Mashiach e capaz de fazer milagres, mas mais do que isso, ela acreditava na
Torah, pois se não fosse pela fé que possuía na palavra de Deus, ser ou não
Mashiach se tornaria irrelevante e portanto ela não teria motivos para se
aproximar de Yehoshua. Então, essa fé que salvou sua filha, pela qual
Yehoshua a elogiou, seria uma fé mais no Tanakh do que na pessoa dele, pois
sem as escrituras, ela nunca o teria reconhecido.
Algo totalmente compreensível de uma perspectiva judaica, como
Ramban ensina:

Os maiores sinais e maravilhas vem pela fé no Criador e em toda a


Torah.
Ramban, Êxodo 13:16:1

De acordo com a percepção judaica sobre fé, a fé que essa mulher tinha e
a qual Yehoshua se referia, é justamente a fé em Deus e na Torah, pois foi
por ela que essa canaanita teve a ciência de reconhecê-lo através da sua
crença naquilo que está escrito. Claro que a fé em Mashiach é importante,
mas essa fé não tem base se antes não houver fé naquilo que fala sobre ele, as
Escrituras. Eu particularmente acredito que foi essa fé no Tanakh e no Deus
Único que salvou sua filha, ao invés de uma fé na pessoa de Yehoshua, da
forma como muitos entendem e ensinam.
Mas o que ainda não ficou claro é o motivo pelo qual Yehoshua foi tão
áspero com ela, passando uma imagem racista e fria em relação aos gentios.
Se entendermos que Yehoshua foi um rabino, educado segundo a Torah e as
tradições judaicas, ficará mais fácil de enxergamos o porquê ele agiu dessa
forma.
Dentro do rabinato, existe um costume muito forte em relação ao
tratamento que deve ser dado aos gentios que tentam de alguma forma se
aproximar do judaísmo, tanto para conversão, quanto para coisas simples
como um estudo ou explicação de algo relacionado a Torah, conforme
ensinado pela Torah Oral:

Prosélitos são tão duros para Israel quanto uma ferida.


Talmud da Babilônia, Tratado Yevamot 47b

Os juízes devem dizer a ele: O que te motivou a vir ao Povo de Israel?...


...Você não sabe o quanto o Povo judeu é perseguido?... ...Aceita o jugo da
Torah?
Talmud da Babilônia, Tratado Yevamot 47b

Esse capítulo do Tratado Yevamot trata da aproximação de gentios ao


povo judeu e de suas conversões, o judaísmo não é contra o proselitismo, mas
fortemente desencoraja o interessado a fazê-lo, pois são muitas regras a serem
observadas, portanto o Talmud estipula três perguntas que devem ser feitas
com o intuito de fazer o gentio a mudar de ideia, pois caso a pessoa se
converta e deixe de lado a Torah, segundo o próprio Talmud, ela se torna
como uma "ferida para Israel".
É de praxe muitos rabinos rejeitarem qualquer gentio que tente se
aproximar por três vezes, normalmente a primeira não dão atenção alguma ao
gentio, o rejeitando completamente, na segunda tentativa o rabino tende a
questionar seus motivos de forma crítica e na terceira ele refutará os motivos
apresentados pelo gentio. Caso esse gentio dê ao rabino respostas
satisfatórias, então esse rabino deve aceitar o que ele pede, pois isso prova
que existe um verdadeiro interesse.
Esse costume não engloba apenas a conversão, mas tudo aquilo que
envolve um gentio e um judeu, desde a conversão quanto a possibilidade de
frequentar uma sinagoga, aprender Torah e tudo referente a Israel.
Neste contexto, o encontro de Yehoshua com essa mulher gentia
reflete uma resposta natural de um rabino a um potencial novo seguidor
gentio. Como um bom rabino, Yehoshua rejeita a mulher por três vezes, a
primeira não respondendo, a segunda dizendo que ele veio apenas para o
povo de Israel e a terceira dizendo que o pão não deve ser dado aos
cachorros. Quando ele percebeu que a mulher se manteve fiel em sua crença,
ele aceita seu pedido.
A atitude de Yehoshua não foi uma atitude racista, mas foi de acordo
com aquilo estabelecido pelos costumes rabínicos, quando a mulher se
aproxima dele, ele de certo não estava com a intenção de não ajudá-la, mas
ele testou não só a fé dessa mulher, como também sua verdadeira intenção e
entendimento das Escrituras.
Aqui temos um exemplo claro de como Yehoshua era um rabino, sua
misericórdia recaiu sobre uma pessoa que possuía fé em Deus e
conhecimento da Torah Sagrada e por isso essa mulher teve sua filha liberta
da possessão demoníaca em que se encontrava.
Esse exemplo é muito útil, pois nos mostra como podemos atingir a
misericórdia e a bondade de Deus, a verdadeira graça.
◆◆◆
SEÇÃO XXX
CONECTAR

E eu lhe digo que você é rocha (‫ )אבן‬e eu construírei (‫ )אבנה‬sobre ti


minha BEIT TEFILAH. E os portões do Gehinam não prevalecerão perante
TI.
Pois eu lhe dou as chaves do Reino dos Céus. E tudo que você proibir na
terra será conectado no céu e tudo que você permitir na terra, será
desconectado no céu.
Mateus 16:18-19

ROCHA
Ao lermos as versões que foram traduzidas do grego, veremos um
trocadilho quase poético das palavras Pedro e pedra, porém como mostrado
no original, não foi bem isso que foi dito. É de comum consenso que essas
palavras de Yehoshua “deram” liberdade à igreja de Roma a dizer e a ensinar
que foi nesse momento em que Yehoshua criou a igreja, o que claramente
não é verdade.
Quando Yehoshua declara que Pedro seria a rocha, ele declara algo que
foi instantaneamente entendido pelo seu talmid, pois tais palavras nada mais
são do que uma terminologia rabínica muito usada quando alguém se torna
responsável por alguma coisa perante Deus, como por exemplo uma sinagoga
ou um grupo de estudos.

Quando o Bendito criou o mundo, Ele passou pelas gerações de Enoch e


do dilúvio, mas quando Ele viu que Abraham estava por vir, Ele disse:
“Olhe, achei a rocha na qual posso estabelecer o mundo”. Por tanto, Ele
chamou Abraham de “a rocha”.
Yalkut, Números 23:9

O hábito que os rabinos tinham de chamar de “rocha” todos aqueles que


criavam um linha de pensamento ou lideravam uma escola de Torah era
extremamente comum. A linguagem usada por Yehoshua simplesmente
definia que a nova comunidade messiânica a ser criada seria liderada por
Pedro. Não foi uma terminologia para fazer jogo de palavras com o nome de
Pedro, nem tão pouco palavras novas para a fundação de algo novo, no caso,
a igreja.
Um exemplo atual é justamente um dos maiores movimentos judaicos
ortodoxos do mundo na atualidade, chamado de Chabad-Lubavitch. Esse
movimento foi fundado sobre a “rocha” chamada Rabbi Menachem Mendel
Schneerson, também conhecido como Rebbe de Lubavitch, pois os membros
da Chabad seguem seus ensinos de Torah e sua visão sobre o judaísmo e
sobre a vida secular.

BEIT TEFILAH
Outro ponto crucial é aquilo que Yehoshua estabelece, não uma igreja,
mas sim uma Beit Tefilah, que obviamente é algo completamente diferente.
Uma Beit Knesset (Sinagoga) comum é basicamente a junção de uma Beit
Tefilah (casa de oração) e uma Beit Midrash (casa de estudo). Uma Beit
Tefilah tem duas funções, a primeira é que é ela que define a linha de
pensamento da sinagoga, se é ortodoxa, reformista, liberal, e através dessa
definição é que suas orações e rezas são estabelecidas. A linha que a sinagoga
segue é o que define a forma de oração, pois é através da oração que é
determinado a forma como as pessoas dessa comunidade se aproximam e se
relacionam com Deus.
O que Yehoshua define através de Pedro é a ideologia pela qual sua
sinagoga seguiria, em outras palavras, uma sinagoga messiânica, uma
comunidade que iria fazer orações através dos ensinamentos de Yehoshua ao
invés das orações já definidas por outros rabinos de sua época ou anteriores,
pois é a forma de oração que define o relacionamento do homem com Deus.
O que mais me intriga é que Yehoshua não cita nada a respeito de Beit
Midrash, o que mostra claramente que os estudo que são realizados em uma
sinagoga deveriam ser mantidos, ou seja, o ensinos da Torah Escrita e
daquilo que a Torah Oral ensina, quando não substitui a Torah Escrita, seriam
iguais a quaisquer outra sinagoga. Esses estudos deveriam ser mantidos como
já eram feitos em sua época, pois é na Torah que Deus se faz conhecido, é no
Tanakh que o Mashiach é profetizado e é na Torah Oral que se encontram
muitas explicações sobre a Torah Escrita.
Yehoshua não fundou igreja e nem tampouco outras religiões, mas sim
uma comunidade judaica que seguiria uma visão messiânica através dos
ensinos que ele trouxe. Tudo aquilo que já era costumeiramente ensinado foi
mantido. Infelizmente esse tipo de ensino é raramente visto em templos que
afirmam seguirem ao verdadeiro Yehoshua e é por isso que vemos tantas
igrejas serem engolidas pelo gehinam. Se tornar um seguidor de Yehoshua
exige primeiramente um entendimento dessas coisas.

CONECTAR E DESCONECTAR
Por anos esse texto tem sido alvo de muitas más interpretações. Como
Pedro foi considerado pela igreja católica como o primeiro papa, a igreja usa
muito desse texto para comprovar a autoridade que os descendentes em seu
cargo possuem, pois, segundo a igreja, essa autoridade foi passada para os
papas e através dela, eles fizeram o que todos sabem muito bem nesses
últimos dois mil anos.
Olhando para os verbos que ele usa nessa frase, dentro da mentalidade
judaica, vemos termos muito comuns. Nesse caso, o que temos como
“proibir” é LIKSHOR (‫)לקשור‬, que também pode ser traduzido como
“amarrar”, “linkar” ou “conectar”. No Caso de “permitir”, Yehoshua usa o
verbo LEHATIR (‫)להתיר‬, que também pode ser entendido como
“desembaraçar” ou “desconectar”.
Esses termos são muito usados pela Torah Oral quando se trata de
decisões legais, tanto likshor, quanto lehatir, eram usados para determinar o
que era permitido e o que era proibido em relação às Leis da Torah e é nisso
que devemos nos atentar.

Aquele que faz um voto de abstinência a leite é permitido (mutar – verbo


lehatir) comer coalho. Mas Rabbi Yose proíbe. Abba Shaul diz: “aquele que
faz um voto de abstinência a queijo, então é proibido (likshor), tanto salgado
quanto sem sal.
Mishnah Nedarim 6:5

Por toda a história, uma das funções mais essenciais do rabinato dentro de
uma comunidade é a interpretação das escrituras, tanto da Torah Escrita
quanto da Torah Oral. Podemos usar de exemplo a kashrut, a Torah
determina o que pode e o que não pode ser comido, existem também diversas
outras determinações em relação a ela que se encontram na Torah Oral,
porém se caso exista algum tipo de alimento que não é claramente tratado em
nenhuma das duas, cabe aos rabinos decidirem se é permitido ou proibido o
seu consumo.
Sobre eles estava a autoridade de permitir, ou conectar, e de proibir, ou
desconectar, pois essa “chave” lhes foi entregue pela comunidade ao qual eles
faziam parte. Ou seja, tais termos e tal autoridade é apenas sobre a
interpretação da Torah, a autoridade que foi dada a Pedro era sobre como
determinadas Leis deveriam ser seguidas, era ele que dava a palavra final
sobre qualquer dúvida que poderia existir dentro das Escrituras e tal
autoridade não poderia ser usada para decisões seculares, pois para esse caso,
a liderança estava com Yaakov, irmão de Yehoshua.
Essa autoridade não está com o papa, não está com os padres, nem com
os pastores, nem com os bispos, nem com os modernos “apóstolos”, assim
como com ninguém ligado a igreja, pois esses aboliriam a Torah, sendo
assim, tal poder de decisão é incoerente com a fé que professam. Fora que
Yehoshua prometeu essa autoridade a Pedro e não disse que ela seria herdada
por aqueles que o substituíssem.
◆◆◆
SEÇÃO XXXI
YOM KIPPUR

Nesse tempo disse Yeshua para Simon, chamado Pietros, se seu irmão
pecar contra ti descumprindo a Torah, o repreenda em privado. Se ele lhe
ouvir, você terá méritos pelo seu irmão.
E se ele não lhe ouvir, o repreenda perante outro, e se por todo
juramento ele não lhe ouvir, você adiciona mais um ou dois perante vocês,
sendo três testemunhas, pois com duas ou três testemunhas, a palavra será
estabelecida (TORAH)
E se com tudo isso ele ainda não ouvir, fale dele para a congregação e se
à congregação não ouvir, será banido como um que não respeita a Torah,
um inimigo e um cruel.
Amém (em verdade) eu digo a vocês que toda promessa que fizer na terra
será conectada no céu e toda promessa que for desfeita na terra será
desconectada no céu (KOL NIDREI)
E também eu digo a vocês que se quiserem dois dentre vocês trazerem
LASIM SHALIM nessa terra, tudo aquilo que pedirem, será de vocês pelos
céus.
E em todos os lugares, se dois ou três estiverem unidos sob meu nome, eu
estarei no meio deles.
Então se aproximou Pietros dizendo: meu senhor, se meu irmão pecar
contra mim, até sete vezes devo perdoá-lo
E lhe disse Yeshua: eu não lhe digo até sete, mas sim até setenta e sete.
Mateus 18:15-22

Eu decidi comentar essa parte porque, de acordo com o meu


entendimento particular, esse ensino ocorreu em uma época de Yom Kippur,
pois Yehoshua trata de temas típicos desse dia como o perdão, promessas,
repreensão e um termo oculto nas traduções, lasim shalim. Levantarei um a
um:

REPREENSÕES
A forma como Yehoshua aborda o Yom Kippur é exatamente como é
feito por qualquer rabino mundo afora, eles tratam de correções, quebras de
promessa, oferta e perdão, exatamente como aparece nesses versículos do
livro de Mateus.
O primeiro assunto abordado é justamente o mais delicado, pois corrigir
ao próximo é algo que muitos amam fazer, porém muito perigoso se não
soubermos uma forma correta de abordagem. Yehoshua é bem claro em
relação às atitudes das pessoas e mostra que há um limite para tudo nessa
vida, inclusive para receber o perdão de Deus. O indivíduo deve ser
repreendido por três vezes, a primeira em particular, a segunda com duas ou
três testemunhas e por último perante a comunidade, caso essa pessoa decida
se manter no erro ela deve ser lançada fora, fechando-lhe as portas para
seguir os caminhos do Criador, algo muito sério.

Existem diversas leis rabínicas em relação a como essa correção deve ser
feita e todas formuladas com base no seguinte versículo da Torah:

Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o


teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado.
Levítico 19:17

“por causa dele não sofrerás pecado”, pois se você não corrigi-lo, você
poderá ser punido por causa dele.
Ibn Ezra, Levítico 19:17

Em relação a mitzvah de repreensão, a Gemara entende que pelo fato de


existir a repetição do verbo “hokhe’ah tokhiah” é derivado pelos sábios que
alguém deve repreender o próximo diversas vezes se necessário. Um dos
sábios disse a Rava que “hokhe’ah” é a correção particular que deve ser
feita uma vez, e “tokhiah” é a obrigação de fazer uma correção pública com
testemunhas e então com a comunidade, e depois disso não existirá mais
obrigação.
Talmud da Babilônia, Tratado Bava Metzia 31a

Olha que fantástico, Yehoshua ensina duas coisas de senso comum


rabínico, a primeira é a necessidade da repreensão, para que não sejamos
punidos por não termos corrigido ao próximo como determinado pela Torah e
o segundo é a própria interpretação desse versículo (o qual deve ser lido em
hebraico), nele, o termo "repreender" aparece duas vezes seguidas, sendo a
primeira representando a repreensão particular e a segunda a repreensão
pública, com testemunhas e perante a comunidade, dando um total de três
repreensões, depois disso, “não sofreremos mais pecado por causa dele” e
Yehoshua ensina justamente isso, a Torah segundo uma interpretação
totalmente rabínica.

YOM KIPPUR
Conta a Torah que, após o pecado do bezerro de ouro, Moises ora e Deus
concede perdão ao povo no dia dez do sétimo mês bíblico chamado Tishrei.
Por isso essa data se tornou a data MAIS IMPORTANTE de todo o
calendário da Torah.

E esse deve ser para você um estatuto eterno: No sétimo mês, no décimo
dia do mês, você deve afligir sua alma. E nenhum trabalho será feito pelo
cidadão e pelo estrangeiro que estiver entre vós.
Levítico 16:30

Apenas no décimo dia deste sétimo mês é o dia do perdão (YOM


KIPPUR) (apenas aos que se arrependerem será garantido o perdão). Um
chamado santo deve ser para você. E você deve afligir sua alma e presentear
a Adonai com uma oferta queimada.
Levítico 23:27

Sobre o Yom Kippur, o grande rabino Maimônides, conhecido como


Rambam, escreve: “É o dia de arrependimento para todos, para o indivíduo
e para a sociedade, é o tempo de perdão para Israel. Por isso todos são
obrigados a se arrepender e a confessar os erros em Yom Kippur.”
O perdão recebido no dia de Yom Kippur é muito mais profundo e
elevado do que um perdão comum, pois é nesse dia em que Adonai e Seu
povo se tornam um e essa é uma união intocável pelo pecado. Os rabinos
ensinam que a pessoa deve primeiro se arrepender e então presentear a Deus
com uma oferta.
Na época do segundo Templo, essa oferta que era apresentada a Deus
durante o Yom Kippur tinha um nome próprio, chamada de "oferta de paz".
No primeiro século, por muitas vezes, era muito difícil para muitos judeus de
todo território de Israel e da diáspora irem até a cidade santa para prestar esse
sacrifício, além das longas distâncias e altíssimos gastos, por muitas vezes o
próprio Templo não conseguia atender a todos, portanto, os sábios tiveram o
entendimento de uma outra possibilidade de oferta de paz e chamaram-na de
Lasim Shalim, sendo a palavra Shalim derivada da palavra Shalom, e que
pudesse ser feito quando a pessoa não tinha acesso ao Templo, o qual se
encaixa perfeitamente nos dias de hoje, pois o Templo não existe mais.

Beit Shammai diz: eles trazem Lasim Shalim em Yom Kippur e não põe
suas mãos sobre ele, mas não precisam trazer ofertas queimadas. Beit Hillel
diz: podem trazer ambas Lasim Shalim e a oferta queimada e podem colocar
suas mãos por sobre elas.
Mishanah Chagigah 2

Tanto a Beit Shammai quanto a Beit Hillel concordam com o Lasim


Shalim, claro que discordam da forma, mas ambos sabem o quão importante
para todo o povo observar esse dia tão sagrado, portanto os dois rabinos
concordam com o sacrifício não queimado fora do Templo.
Yehoshua claramente tinha conhecimento sobre esse outro tipo de oferta,
e não apenas o conhecia, como também confirmou sua observância e deu a
ela um nível de importância muito acima do que encontrado em toda
literatura rabínica, dizendo que aquele que, em Yom Kippur, presenteia a
Adonai com um Lasim Shalim, receberá dos céus tudo o que pedir.
Mas o que seria esse tipo de oferta nos dias de hoje? Só olharmos para a
Torah, ela diz que deve ser uma oferta que nos aflija, que no caso mais
comum, o próprio jejum. Hoje em dia, todos que seguem a Torah e acreditam
no Criador, observam esse dia em total jejum e arrependimento, e é
exatamente isso que Yehoshua estipula como condição para que sejamos
atendidos pelos céus.

KOL NIDREI
Outro ponto que devemos levar em consideração é a abordagem que
Yehoshua faz sobre promessas, de uma forma muito estranha, entre dois
temas nada relacionados com promessas, que são a correção e a oferta, ele
traz esse conceito à tona. O Yom Kippur não é apenas um dia sobre perdão e
arrependimento, esse dia santo possui uma terceira faceta que poucos
conhecem, que é justamente sobre as promessas que fazemos.
Em todas as sinagogas, na noite de Yom Kippur, no ínicio dos serviços,
uma declaração chamada de Kol Nidrei (do aramaico, Todas as Promessas) é
recitada por todos ali presentes e ela permite a anulação dos votos e
promessas feitas e não cumpridas.
A declaração usada nos dias de hoje foi composta em torno de 590e.c.
durante a inquisição espanhola, onde o rei Ricardo da Espanha forçou a todos
os judeus se converterem ao cristianismo e assim usavam o Kol Nidrei para
fazerem a quebra dessa promessa que fizeram ao se converterem, apesar do
texto lido ser mais atual do que Yehoshua, o conceito que ele representa é
muito mais antigo.
Dentro do judaísmo, tanto as promessas quanto os juramentos são de
extrema importância e a Torah é muito explícita nesse ponto. A mesma
afirma que uma promessa feita na terra não pode ser quebrada, portanto, antes
de receber o perdão de Yom Kippur, todos devem desligar nos céus as
promessas não cumpridas feitas na terra.
Yehoshua aborda justamente esse tópico já que estão falando de Yom
Kippur, perdão e oferta. Não seria surpresa falar sobre as promessas e pelo
que entendo de suas palavras, uma oração para “desligamento” de promessas
não cumpridas, além de necessária, é válida e funcional, por isso ele alerta
que tudo que prometemos será ligado nos céus, porém se a desfizermos em
um Yom Kippur, ela será desfeita nos céus. Isso é de extrema importância.
Segue o Kol Nidrei:

“Todos os votos, promessas, juramentos, as anátemas, as interdições, os


empenhos e os compromissos que a nós mesmos impusermos, seja por voto
solene, juramento, anátema ou auto-proibição, a partir desse Yom Kippur até
o próximo Yom Kippur, que vem a nós em paz – todos eles são declarados
sem valor e considerados completamente nulos, não ocorridos e inexistentes.
Nossos votos não são votos, nossas promessas não são promessas e nossos
juramentos não são juramentos.”

Por fim, fica claro a abordagem do tema perdão, quando Pedro pergunta a
Yehoshua quantas vezes devemos perdoar e, diferentemente das traduções
em português onde ele diz setenta vezes sete, ele responde que é até setenta e
sete, o qual não deixa de ser inúmeras vezes.

Devemos sempre manter em mente que Yehoshua era judeu, nunca


deixou de ser judeu, não fundou religiões, não foi hippie e acima de tudo,
nunca aboliu a Torah, muito pelo contrário, a seguiu fielmente, observando e
ensinando tudo nela contido, assim como o Yom Kippur.
◆◆◆
SEÇÃO XXXII
ANOKHI

E em todos os lugares, se dois ou três estiverem unidos sob meu nome,


ANOKHI (‫ )אנוכי‬estarei no meio de vocês (‫)בתוככם‬.
Mateus 18:20

Um dos maiores problemas que encontro em traduções de textos do Yvrit


tanakhi (hebraico antigo) é a falta que esse idioma tem de pontuação. Textos
provenientes do Tanakh, do Talmud, do Midrash e outros contemporâneos,
não utilizam vírgulas, aspas, dois pontos e etc. Isso causa alguns problemas,
pois o tradutor necessita uma boa percepção quando há uma mudança de
assunto ou quando uma citação de terceiros é feita. É bem verdade que
algumas versões mais atuais da Torah possuem algumas pontuações que
foram ali colocadas pelos rabinos, mas em outras fontes antigas, que
raramente passam por revisões, não é encontrado esse “facilitador” de
compreensão.
E não é diferente com o livro de Mateus em sua versão hebraica, o texto
sofre fortemente por falta de pontuação, a única que esse manuscrito possui é
o ponto final, o qual foi adicionado pela pessoa que fez sua cópia. Isso causa
enormes problemas para quem for traduzi-lo, pois uma única vírgula, ou a
falta dela, pode mudar completamente a interpretação do que está escrito.
Essa passagem que temos acima sofre justamente desse problema, o
tradutor que traduziu esse livro para o grego e depois para o latim, ao que me
parece, escorregou nesse ponto ao traduzir as palavras de Yehoshua acima.
Se olharmos nas versões ocidentais, teremos a impressão que essa é uma
afirmação, dando a entender que se dois ou mais estiverem reunidos no nome
de Yehoshua, ele estará no meio deles, mas na verdade, o que temos aqui não
é uma afirmação, mas sim um citação do que já foi dito. Ou seja, faltou o
“dois pontos” e as “aspas”, sendo o versículo 20 uma continuação do “eu vos
digo” do versículo 19.
O que eu estou querendo dizer é o seguinte:

E eu vós digo: “Em todos os lugares, se dois ou três estiverem unidos sob
meu nome, ANOKHI (eu) estarei no meio de vocês”.
Yehoshua não diz que ele estará no meio, mas ele faz uma citação de algo
que foi dito por “anokhi”, que “anokhi” estará no meio daqueles que
estiverem unidos sob O nome daquele que diz “anokhi”.

ANOKHI
A palavra “EU” em hebraico é ANI (‫)אני‬, tanto no antigo quanto no atual,
tanto no Tanakh quanto no Talmud. Esse termo é sempre o mesmo e sempre
foi usado da mesma forma, se referindo a primeira pessoa da singular.
Porém, na Torah, quando Deus fala “EU”, Ele não só usa a palavra ANI
(‫)אני‬, mas também a palavra ANOKHI (‫)אנכי‬, principalmente quando Ele fala
que Ele é Deus ou fala sobre algum de Seus atributos. Esse é um termo muito
usado por Adonai quando Ele fala algo na primeira pessoa do singular.
Existem alguns casos onde outros personagens na Torah usam anokhi para
falarem algo, como Avraham e Moises por exemplo, mas esse termo é
conhecido como algo quase exclusivo do Criador, pois é a primeira palavra
que aparece nos dez mandamentos.

Anokhi (Eu) sou seu escudo...


Genesis 15:1

Anokhi (Eu) sou Adonai, seu Deus, que lhe tirou da terra do Egito.
Êxodo 20:2

Anokhi (Eu) sou Adonai, seu Deus...


Deuteronômio 5:6

Esses mandamentos Anokhi (Eu) eu ordeno hoje em seu coração.


Deuteronômio 6:6

Veja, nesse dia Anokhi (Eu) coloco perante ti a benção e a maldição.


Deuteronômio 11:26

Anokhi é um termo curioso, existem alguns comentários a seu respeito


pela literatura rabínica.

Rabbi Yohanan disse que a palavra anokhi é uma abreviação de: Eu


mesmo escrevi e dei (ana nafshi ketivat iehavit). Outros dizem que é uma
abreviação de: uma declaração prazerosa foi escrita e dada (amira
ne’emanim ketiva iehiva).
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 105a

Essa afirmação do Talmud fala sobre frases formuladas utilizando cada


letra da palavra anokhi, sendo que cada letra dessa palavra é usada como a
primeira letra das palavras que formam as frases citadas acima. Usando esse
tipo de pensamento, podemos também formar outra frase, mas dessa vez
usando as letras de forma invertida:

ANOKHI – Iehiva KHetiva Ne’emamim Amareha – “Foi escrito, foi


dado, suas declarações são fiéis.”

Essas declarações se referem justamente aos mandamentos da Torah. Por


um outro lado, existe um Midrash que explica a origem e o motivo do uso da
palavra Anokhi pela Torah, ele diz que essa palavra é de origem egípcia e
pelo fato do povo hebreu ter passado anos nas terras do Egito, o povo acabou
se acostumando com algum tipo de analogia entre Deus e a palavra Anokhi,
portanto Deus resolve se manifestar através dessa palavra, para que o povo
saiba o que está acontecendo. Porém o Midrash não explica se os egípcios
usavam essa palavra para se referirem de alguma forma a alguma divindade
que possuíam.

Rabbi Nehemiah disse: O que é “anokhi”? É uma palavra egípcia. Ao


que isso é comparável? A um rei, o qual teve seu filho capturado e mantido
por muito tempo com seus captores.
Midrash Tanchuma, Yitro 16:1

De qualquer forma, independente da origem da palavra ou do que ela


significa, o fato é que na mentalidade popular, o uso desse termo
automaticamente remota à Torah e as palavras ditas diretamente por Deus.
Por todo o livro de Mateus, a palavra EU, na forma ANI (‫)אני‬, aparece 111
vezes e em apenas uma única situação, o EU aparece como ANOKHI (‫)אנכי‬.
Essa única vez acontece exatamente no versículo que estamos analisando.
Isso mostra que ele, Yehoshua, não falava de si mesmo, pois para tanto, ele
usaria a palavra ANI (‫)אני‬, da forma como vem usando por todo o livro.
Quando Yehoshua cita Anokhi, ele remete às palavras de Adonai, pois a
outra palavra que ele diz, “estar no meio de vocês”, na forma como aparece
em Mateus, B’TOKH’KHEM (‫)בתוככם‬, é exatamente a mesma usada por
Deus no livro de Levítico quando Ele promete que estará para sempre no
meio do Povo de Israel:

Eu estarei para sempre presente em seu meio (B’TOKH’KHEM -


‫)בתוככם‬, Eu serei seu Elohim e vocês serão meu povo.
Levítico 26:11

Se colocarmos pontuação e usarmos o que vimos sobre Anokhi,


poderemos ler esse versículo sob outra perspectiva:

Yehoshua disse que Adonai diz: “Em todos os lugares, se dois ou três
estiverem unidos sob O meu nome, Anokhi (eu, Adonai) estarei no meio vós.”

Eu não tenho a intensão de desqualificar nenhuma crença a respeito da


presença de Yehoshua, ou jesus para alguns, no meio daqueles que se reúnem
em seu nome. A minha intenção com esse estudo é verificar os termos que ele
usou para fazer tal afirmação.
De certo, quando Yehoshua andou nessa terra, em suas orações, ele não
buscava a sua própria presença, pois se esse fosse o caso, qual a necessidade
que ele teria de orar? Ou de buscar a Deus? Se fosse sua presença o que
importava, então ele seria autossuficiente, sem necessidade nenhuma de
Adonai. Porém, nós vemos o contrário nas atitudes dele, por inúmeras vezes
ele se retira e entra em oração a Deus. Yehoshua ensina a orar a Deus
buscando Sua presença, em nenhum instante ele orienta a ninguém a orar
para ele, mas sim, para orar apenas para o Pai, que está no céu. Era a presença
do Pai que ele buscava e era sobre a presença do Pai que ele ensinava,
portanto, acredito eu que, quando ele fala sobre presença, é a aquela presença
que ele sempre ensinou e buscou.

Esse é o meu ponto.


◆◆◆
SEÇÃO XXXIII
SHALEM

Nesse tempo disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como um
rei que se assenta para fazer um levantamento com seus servos e ministros.
E quando começam a fazer o levantamento, vem um que deve dez peças
de ouro.
E ele não tem nada para dar e seu senhor ordena que ele seja vendido
junto com seus filhos e com tudo aquilo que ele possui para pagar (‫)לשלם‬
esse valor.
E o servo cai perante seu senhor e pede para que seja misericordioso
com ele e lhe dê tempo, pois pagará (‫ )ישלם‬todo o saldo devedor.
E então seu senhor teve pena dele e lhe perdoou todo o débito.
E saiu o servo e encontrou outro que lhe devia cem peças de prata e lhe
agarrou e o atacou e então disse:
Confie em mim e tenha paciência comigo, eu pagarei (‫ )אשלם‬tudo.
E ele não estava querendo ouvi-lo, então levou-o a prisão até que tudo
fosse pago (‫)שלם‬.
E viram os servos do rei o que foi feito e se enfureceram muito e foram
contar ao senhor deles.
Então o senhor chamou-o e disse lhe: servo maldito (ARUR), não lhe
perdoei de toda dívida que tinhas comigo?
Então porque não perdoou o servo quando ele lhe suplicou, assim como
eu lhe perdoei?
E seu senhor se irou com ele e comandou que fosse afligido até que todas
suas dívidas fossem pagas (‫)ישלם‬.
Assim fará a vocês o meu Pai no céu se não perdoarem ao homem e ao
seu irmão de coração completo (‫)שלם‬.
Mateus 18:23-35

Essas passagens servem como mais um prova do livro de Mateus ter sido
escrito em hebraico, o jogo de palavras que o autor usa, representando as
palavras de Yehoshua, é algo bem típico da língua hebraica e podemos vê-la
na repetição de palavras que possuem a mesma raiz. Esse repetição de
palavras provenientes da raiz (‫ם‬-‫ל‬-‫ )ש‬acontece seis vezes, sendo cinco delas
representando alguma conjugação do verbo “pagar” e a última, a conclusão
de seu ensino, o coração completo, coração Shalem (‫)שלם‬.
Uma das táticas de interpretação da Torah é o estudo de repetições de
palavras ou de termos que possuem a mesma raiz. Temos aqui um típico
ensino que diz mais do que os olhos podem ver. De uma forma direta, essas
passagens mostram algo que vai além do simples perdão, ensina caráter,
ensina que nenhum pecado cometido contra nós é maior do que os que
cometemos todos os dias contra Deus e, assim como Ele perdoa nossas
enormes falhas, devemos perdoar ao próximo as pequenas coisas que fazem
contra nós.
Para irmos um pouco além, devemos olhar os termos que se repetem,
assim será possível encontrar um significado além do que temos como
habitual. A raiz (‫ם‬-‫ל‬-‫ )ש‬pode formar diversas palavras com significados
diferentes.

- PAGAR (‫)לשלם‬
- COMPLETAR (‫)להשלים‬
- PAZ (‫)שלום‬

Uma outra palavra dessa raiz é SHALEM (‫)שלם‬, essa palavra aparece
em algumas passagens pelo Tanakh:

E Malkitzedek, o rei de Shalem, trouxe pão e vinho...


Genesis 14:18a

Shalem é o antigo nome da cidade de Jerusalém. Malkitzedek foi uma


pessoa de extrema importância em sua época, pois ele era um sacerdote do
Deus Vivo, ele conhecia os mandamentos divinos e as leis sobre sacrifício
muitos anos antes da Torah ter sido entregue ao Povo de Israel. O
interessante é que ele já conhecia a santidade que possuía a sua cidade, a
cidade de Shalem, na qual ele era rei. Os patriarcas, Avraham, Yaakov e
Itzhak, em algum momento de suas vidas, também tiveram alguma ligação
com esse lugar.

E Yaakov veio a Shalem, uma cidade de Shekhem, a qual esta na terra de


Canaã, quando ele veio de Padam-Aram e armou sua tenda defronte a
cidade.
Genesis 33:18
Jerusalém, Yerushalaim em hebraico, possui um significado que vai além
de cidade santa, ela representa o coração completo, o “coração shalem”,
como podemos ver:

O coração completo, é chamado de YeRuSHaLaiM (‫ – )ירושלים‬pois onde


tem YRah (‫ – ירא‬TEMOR), tem SHaLeM (‫ – שלם‬COMPLETUDE).

YR + SHLM (‫ ירא‬+ ‫ = )שלם‬YeRuSHaLaiM (‫)ירושלים‬.


Likutey Moharan 22:10:19

Se entendermos o “coração shalem”, “coração completo”, o qual Yehoshua


se refere, como um “coração Yerushalaim”, teremos as “entre linhas” dessa
mensagem. A palavra Shalem pode também ser entendida como
Yerushalaim. Yerushalaim, por sua vez, significa que a “completude” só é
possível através do “temor” a Deus. Ou seja, Yehoshua alega que o perdão de
Deus apenas será dado ao homem que perdoar ao próximo pelo temor a Deus
que ele tem no coração, se o perdão for dado por algum outro motivo, ele não
será válido perante os olhos do Criador.
Mas o que seria esse temor? Os sábios ensinam:

Shalem (completude) está nas mãos dos céus, exceto o Yrah (temor) aos
céus.

Essa é uma alegação muito profunda, ela ensina que tudo está no controle
de Deus, nossas vidas, nossos futuros, o que faremos ou deixaremos de fazer,
exceto a decisão de temer ou não a Deus, de aceitá-Lo ou de negá-Lo em
nossas vidas, todo o resto será decidido por Ele conforme essa escolha. Esse é
o verdadeiro livre arbítrio, essa é a única escolha que nos foi dada, um sim ou
um não a Deus.
Um coração shalem nada mais é do que um coração de alguém que
escolhe servir e seguir aos cominhos de Deus, aquele que perdoa por temor
aos céus é aquele que dá o perdão por amor, que esquece toda a ofensa, que
não guarda mágoas nem rancor e que transforma o antigo relacionamento em
algo novo. O verdadeiro perdão só é dado por aqueles que tem o coração
quebrantado por Deus, pois apenas essas pessoas conseguem chegar a um
nível espiritual suficientemente elevado para conseguirem perdoar
verdadeiramente ao próximo, pois a técnica do perdão verdadeiro, não faz
parte das características humanas, é um atributo dado por Deus àqueles que O
temem. Sendo assim, a mensagem de Yehoshua vai além do perdão, ele
afirma a necessidade de temermos a Deus, de seguirmos Seus caminhos e
Leis e através disso, receberemos de Deus a capacidade de perdoar ao
próximo verdadeiramente.
Uma passagem do livro de Salmos confirma isso. Apenas o coração que
teme aos céus pode se tornar capaz de perdoar, pois apenas esse coração pode
ser habitado pelo Deus Altíssimo:

Em Shalem está seu tabernáculo e o lugar de sua habitação em Zion.


Salmos 76:3

Um “coração shalem” é onde o tabernáculo de Deus repousará, aqueles


que não tiverem um coração nesses conformes, “será afligido nessa vida até
que todas as dívidas sejam pagas”. O recado é: escolher temer aos céus é a
única forma de termos uma vida sem aflições, em paz, em SHALOM, pois só
assim saberemos perdoar.

Não se trata de perdão, mas sim, de temor.

ARUR (‫)ארור‬
Existe um termo nessas passagens que chamou minha atenção, a palavra
ARUR (maldito) usada para se referir ao servo. Esse é um termo pouco usual,
e um tanto pesado, para chamar alguém de maldito. A palavra arur aparece
algumas vezes pelo Tanakh, sendo ela a primeira palavra que Adonai lança
sobre a serpente na história do Jardim do Éden. Se olharmos para a raiz da
palavra ARUR, veremos qual será o destino daqueles que não possuem um
“coração shalom”, que não escolhem o temor aos céus.
A raiz de ARUR (‫ )ארור‬são as letras ‫ר‬-‫ר‬-‫ א‬as quais podem ser
relacionadas com a raiz ‫ר‬-‫ר‬-‫ע‬, e que pode significar desolado, sem
companhia de outros, sem conexão com o futuro, sem prazer.
Yehoshua ensina que aqueles que não escolherem os caminhos de
Deus, não escolherem temê-Lo e por consequência, não souberem perdoar,
terão uma vida desolada, sem prazer, sem verdadeiros amigos, sem futuro, ou
seja, sem uma vida no OLAM HABAH e no final de tudo, seu nome será
esquecido, sendo apenas mais um número embaixo do céus. Nasceu, cresceu,
morreu e fim. Isso é confirmado no versículo 34, no qual Yehoshua diz que
tais pessoas serão afligidas, essa é a aflição que sofrerão.
É de extrema importância entendermos os termos utilizados, pois são
eles que, de uma forma indireta, explicam o ensino. O ensino sobre o perdão
é óbvio e claro a quem lê, mas entender que o perdão está vinculado ao
temor aos céus, a uma vida reta segundo os mandamentos de Deus e quem
não chegar lá terá uma vida desolada, só é possível quando nos aprofundamos
nos conhecimentos de Deus e de Sua Torah.
◆◆◆
SEÇÃO XXXIV
UMA SÓ CARNE

E lhes respondeu: não leram que foram feitos nos tempos antigo macho e
fêmea?
E disse: portanto deixa o homem a seu pai e a sua mãe e se junta a sua
mulher e serão uma só carne.
Por isso, eles não são dois, pois são uma só carne. E o que junta o
Criador, homem não consegue romper.
Mateus 19:4-6

Adonai criou na imagem digna Dele; Ele criou o homem numa forma
digna por parte de Deus; Ele os criou macho e fêmea.
Genesis 1:27

Esse menção da Torah que Yehoshua faz se dá durante uma discussão


entre ele e alguns fariseus sobre o porquê Moises autorizou ao homem dar
carta de divórcio a esposa. Claramente e como já visto anteriormente,
Yehoshua é contra o divórcio e suas ideias a esse respeito andam lado a lado
com os ensinos da escola Beit Shammai, sendo esse o único tópico em que
ambos concordam.
Apesar de óbvio o que Yehoshua ensina, sobre aquilo que Deus une
homem algum pode separar, a passagem que ele cita do livro de Genesis tem
um peso muito grande dentro da cultura e mentalidade judaica.
Todas as criaturas foram criadas macho e fêmea, essas criaturas,
independente do sexo, são autossuficientes, não necessitando da parte oposta
para se completarem. A sexualidade no mundo animal se dá apenas para a
reprodução e propagação da espécie, sendo que o macho só procura a fêmea
no momento do acasalamento.
Segundo os sábios, o mesmo não ocorre com o ser humano. O primeiro
homem foi criado como um ser híbrido, ele tinha em sua natureza tanto o
macho quanto a fêmea. Quando Deus resolve criar Eva, tirando de Adam
uma de suas costelas, Ele remove de Adam parte de sua essência, parte de sua
existência e ser. Isso torna a mulher parte do homem e não apenas um sexo
oposto, algo muito diferente no que temos no reino animal.
Isso é comprovado no livro de Genesis, capítulo 2:
‫ויאמר יהוה אלהים לא טוב היות האדם לבדו אעשה לו עזר כנגדו‬
E disse o Adonai Elohim Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma ajudadora-opositora a ele.
Genesis 2:18

Não sei se lhe pareceu estranho a forma como traduzi esse versículo,
mas mantive um termo que não aparece em nossas bíblias tradicionais, algo
que não estamos acostumados a ler. Graças aos nossos tradutores e milhões
de revisores, podemos ter acesso a uma bíblia que tenta ser coerente, mesmo
ao custo daquilo do que ela realmente nos quer ensinar.
Mas deixando os tradutores de lado e focando mais nas estranhezas da
linguagem bíblica como no versículo acima, no momento em que Deus
resolve criar a mulher, segundo o texto original, Ele cria uma ajudadora que
também é opositora. Antes que tiremos qualquer conclusão disso, Rashi irá
nos ajudar com um de seus comentários sobre essa passagem:

“Se o homem for digno, então sua mulher será uma azar (‫ )עזר‬-
ajudadora, mas se for indigno, então ela será um k´negdo (‫– )כנגדו‬
opositora”.
Rashi, Genesis 2:18

O comentário de Rashi é muito legal, mas me deixa na dúvida. Se o


que Adam realmente precisava era uma ajudadora, então por que Deus criou
também uma opositora?
Acredito que esse termo caracteriza bem o papel da mulher na vida do
homem, uma esposa não é como uma geisha japonesa por exemplo, alguém
que diz amém para tudo, que está sempre elogiando o marido e servindo
como um troféu na estante. Uma esposa genuína precisa saber dizer “não”
quando necessário, se tornando assim uma k´negdo para benefício do próprio
marido, caso contrário, ambos estarão vivendo uma grande ilusão.
Assim como “opositora”, k’negdo pode também significar “oposto”,
“outro lado”, assim como a esquerda é oposta a direita e ambas se
completam, a mulher é o oposto do homem, pois é o outro lado dele, o lado
que lhe falta.
HOMEM, MULHER E O CRIADOR
Portanto um homem deixa seu pai e sua mãe e se junta a sua mulher, e
eles se tornam um só carne.
Genesis 2:24

A afirmação de Yehoshua que homem nenhum pode separar o que


Deus juntou, parece um pouco estranha, pois quantos casamentos, algo que
supostamente Deus juntou, não acabam em separação?
Na verdade, eu acredito que essa afirmação vem através de algum
conhecimento que Yehoshua possuía. Ele não afirma que nenhum casamento
pode acabar, pois é esse casamento foi algo que Deus juntou, ele afirma que o
que Deus junta, homem nenhum pode separar, é diferente. Vamos ver:

Entre as palavras hebraicas para homem – ISH (‫ – )איש‬e mulher –


ISHA(‫)אשה‬, existe uma pequena diferença. Na palavra homem, temos a letra
YUD (‫)י‬, enquanto na palavra mulher, temos a letra HEI (‫)ה‬, o restante de
ambas as palavras são iguais (‫)אש‬. Ao juntarmos as letras HEI (‫ )ה‬e YUD (‫)י‬,
as quais diferenciam ambos os termos, teremos um dos nomes de Deus, HAI
(‫)הי‬.
Se tirarmos o YUD (‫ )י‬da palavra ISH (‫ )איש‬e o HEI (‫ )ה‬da palavra
ISHA (‫)אשה‬, simbolizando uma remoção de Deus da vida de um casal,
ambas as palavras se tornarão a mesma palavra, ESH (‫)אש‬, que significa
FOGO.
Em outras palavras, o ISH (‫ – )איש‬homem – e a ISHA (‫– )אשה‬
mulher – só podem se tornar verdadeiramente uma só carne quando HAI (‫)הי‬
– Deus – estiver no meio deles, caso contrário, a vida desse casal será apenas
ESH (‫ – )אש‬fogo – um verdadeiro inferno. Eu acredito que seja a isso que
Yehoshua se refere, o casamento que homem nenhum pode separar, é o
casamento que tem HAI no meio do casal, e não a qualquer casamento.

O LADO MÍSTICO DO HOMEM E DA MULHER


As palavras de Yehoshua, quando diz que “homem não consegue romper”
se referindo a união de um homem e de uma mulher, do macho e da fêmea,
me lembrou fortemente de alguns profundos e místicos ensinamentos no livro
Zohar HaKadosh, o qual também faz parte do Talmud.
O Zohar é muito delicado de se abordar e seu entendimento muito difícil,
portanto vou citar apenas alguns pontos que fazem referência ao tema em
questão.

“No início criou Elohim” é um segredo antigo, chamado de Chochmah


(sabedoria) que nesse caso foi chamado de “início”. O termo “criou” alude
a um segredo escondido, do qual tudo que existe se expandiu. O significado
desse segredo de Elohim é o que mantêm tudo que existe abaixo. O termo
céus (que está no plural) alude a união do macho e da fêmea, e é proibido
separá-los, mas deve-se combiná-los, pois eles são o segredo da voz e da
emanação do YUD – HEI – VAV – HEI – ADONAI, o qual é UM.
Zohar HaKadosh 1:15b

Esse texto faz parte de um livro proibido de ser estudado sem auxílio de
um mestre. Não quero me prender a todo o texto, mas se observarmos, ele faz
a mesma menção de Yehoshua sobre a união feita por Deus, do macho e da
fêmea, e da proibição de separá-los.
Segundo essa passagem, quando a Torah, em seu começo, ensina que
Deus criou os céus (plural) e a terra, de uma forma mística, esses “céus” não
representam apenas o céu físico, o céu dos anjos, o céu da habitação de Deus
e etc. Pois quando Deus começa a criação relatada na Torah, Ele já possuía
uma “habitação”, assim como os anjos. Sendo assim, esses “céus” que Ele
cria não são os céus que normalmente somos ensinados a respeito.
Os céus que ali estão, na verdade, é o conceito de macho e fêmea, algo
que vai além de do sexo de cada um, mas um conceito único e muito
profundo. Então, quando Deus cria os céus (conceito macho e fêmea), Ele
põe nesse conceito Sua Voz e a EMANAÇÃO de Seu Nome mais profundo,
o tetragrama, pois como Deus representa a verdadeira vida, vemos a vida
acontecendo através do macho e da fêmea, pois é através dessa criação
(macho e fêmea) que toda a vida na terra, em todos os reinos, se propaga, se
mantém e é gerada. Em outras palavras, a vida que esse Nome gera, o qual
emana pelo macho e pela fêmea, é o poder de Deus para que todos os seres
gerem vidas e se procriem, gerando filhos. Isso representa os “céus” criados
em Genesis 1:1.
É o relato de um dos poderes de Deus, o poder de trazer a vida,
sendo elucidado e chamado de “céus”, e então colocado nas mãos do
“conceito macho e fêmea”.

Em seguida, nos é ensinado que é proibido separá-los, isso porquê o


macho e a fêmea foram criados um e sempre serão um, até que em um
determinado momento da história, o próprio Deus resolve fazer uma
separação física desse conceito, criando a mulher à partir do homem. Quando
ambos se unem novamente, trazendo de volta à realidade deles aquilo criado
por Deus e onde emana o Nome acima de todos os nomes, a obra criativa de
Deus volta à suas origens. Por outro lado, quando há uma separação, essa
base onde está esse Nome é quebrada e a emanação de Deus deixa de existir
nessa realidade.
Por isso, o casamento deve ser definitivo, e casar pensando que se não der
certo existe o divórcio é entrar com o pé esquerdo em um ambiente santo.
Essa quebra traz consequências desastrosas em diversas áreas da vida. Eu
acredito que os ensinos de Yehoshua sobre união, de alguma forma, giravam
em torno dessa mentalidade.
◆◆◆
SEÇÃO XXXV
O HOMEM POBRE

E chegou a ele um rapaz e o reverenciou, dizendo: rabi, o que é bom


fazer
para se obter a vida eterna?
E respondeu a ele: o que se refere a bom? Não existe homem bom, pois
EL apenas é bom. E se quiser entrar na vida eterna, guarde as MITZVOT.
E disse a ele: quais são? E disse Yeshua: Não matarás, não roubarás,
não falará falso testemunhos contra seu vizinho.
Honre seu pai e sua mão e ame seu próximo como a ti mesmo.
E disse lhe o rapaz: tudo isso já observo, mas o que ainda me falta?
E Yeshua disse a ele: se quiser ser perfeito, vá e venda tudo o que é seu e
dê aos pobres e terás tesouro no céu e me siga.
E quando ouviu o rapaz, foi-se embora. Pois ele NÃO possuía muitas
propriedades.
Mateus 19:16-22

BOM
Essa é a famosa história do “homem rico”, o qual preferiu abandonar a
vida eterna em prol às suas supostas muitas riquezas. O mal uso dessa
passagem fortaleceu a crença cristã da necessidade da pobreza para se obter a
vida eterna, tal engano levou muitas pessoas para longe daquilo que Deus
queria dar a elas e enriqueceu a igreja romana durante quase toda a história
moderna. Nem a bíblia e nem Deus são contra posses e dinheiro, o que são
contra é justamente aquilo que o dinheiro representa para aqueles que o tem,
tornando-o muitas vezes um deus.
Acho importante olharmos para essa passagem com outros olhos,
olhos mais voltados ao judaísmo do século primeiro para podermos encontrar
um sentindo que pode ser muito mais profundo do que o usual que
encontramos no texto através de uma leitura simples.
Vamos prestar atenção na pergunta, o jovem questiona o que é BOM
fazer para se obter a vida eterna. Essa é um pergunta muito comum no meio
farisaico da época e de alguns meios ortodoxos atuais. Esse ideia de
perguntar sobre “o que é bom fazer” é um questionamento que deve ser feito
dentro de cada um, é um questionamento pessoal desenvolvido pelos rabinos
com base no livro de Miquéias, porém, pelo que podemos observar em
algumas passagens do Talmud, e no próprio livro de Mateus, ele foi
vastamente popularizado e acabou sendo usado em um sentido um pouco
distorcido daquilo que o rabinos queriam dizer.

Ele te disse, ó mortal, o que é bom e o que Adonai exige de você: faça
justiça, bondade e ande em modéstia perante seu Elohim.
Miquéias 6:8

A ideia inicial desse questionamento era justamente uma auto-análise


sobre se a vida de cada um está de acordo com aquilo que é bom, ou seja,
com os mandamentos. Porém o entendimento popular gerou, através desse
ensino, uma busca de mandamentos que seriam “bons” para garantirem uma
passagem direta para a vida eterna. Tais pessoas eram chamados pelos sábios
de “fariseus calculistas”, pois ficavam calculando o próprio mérito de acordo
com cada mandamento que cumpriam, algo como “jogar na cara” de Deus a
observância daquilo que Ele nos manda observar.
Devemos prestar muita atenção na resposta de Yehoshua, o primeiro
ponto que ele aborda é justamente aquilo que seria “bom”, de certo Yehoshua
sabia muito bem o que o rapaz queria dizer, mas o criticou de uma forma bem
rabínica pela forma que usou o termo “bom”. Como se Yehoshua dissesse:
“porque você usa “bom” dessa forma?”
Yehoshua claramente se opôs a sugestão do rapaz que afirmava que a
vida eterna seria obtida através de certos “mandamentos bons”, ou seja,
mandamentos observados para a obtenção da vida eterna, como se houvesse
um grupo de mandamentos específicos para isso. Essa mentalidade faz com
que o indivíduo busque mandamentos para seguir com o intuito de obter vida
eterna, outros, ele os segue para obter cura, outros servem para problemas
financeiros e assim por diante, o que, apesar de muito comum, não é uma
verdade bíblica. Yehoshua, assim como muitos rabinos de sua época, se
opunha fortemente a ideia de que existem níveis de mandamentos. Como já
vimos em outras passagens, os mandamentos leves são tão importantes
quanto os mandamentos pesados, por isso devemos ter muito cuidado com os
pequenos, para que não erremos nos grandes. Não existe um mandamento
“bom” para garantir ao homem a vida eterna, pois TODOS os mandamentos
são bons e devem ser observados, não para a vida eterna, mas pelo simples
fato de serem a vontade do Criador.
Em todas as religiões, inevitavelmente, existem pessoas que seguem ao
objeto de sua fé pelo puro e simples fato de esperarem por algo em troca,
alguma recompensa por parte do divino. Tanto no judaísmo quanto no
cristianismo, tal mentalidade não é diferente, por isso que não só Yehoshua,
como também diversos rabinos são totalmente contra tal comportamento.

Abençoado é o homem que se devota grandemente aos Seus


mandamentos.
Salmos 112:1

Abençoado é o homem que se devota aos Seus mandamentos e não às


recompensas de Seus mandamentos.
Talmud da Babilônia, Tratado Avodah Zarah 19a

Não sejam como servos que servem a seu mestre para receberem um
recompensa, mas sejam como servos que servem a seu mestre não pela
recompensa.
Pirkei Avot 1:3

Nessa ensino de Yehoshua, a maior lição que podemos tirar, muito mais
do que algo referente ao dinheiro per se, é a importância das mitzvot, todas as
mitzvot! Elas devem ser observadas por obediência e não como uma moeda
de troca e barganha com Deus. De acordo com Yehoshua, mesmo aquele que
observa à todas as mitzvot não é merecedor da vida eterna, observá-las é
apenas parte de nossa obrigação, a vida eterna é um dom gratuito de Deus.
Rabbi Hillel possuía o mesmo ponto de vista:

Se você observou muitas mitzvot (se você cumpriu muita Torah), não
pense que você tem algum mérito (que você mereça alguma recompensa),
pois obedecê-la (Torah) é o motivo pelo qual você foi criado.
Pirkei Avot 6:7

Não existe mandamento especificamente “bom” para algo, assim


como não existe homem algum bom, apenas EL, mais ninguém. Obedecê-Lo
plenamente é a ÚNICA coisa boa que podemos fazer para nós mesmo, sem
esperar nada em troca.

HOMEM RICO, HOMEM POBRE


Sem dúvida alguma esse rapaz que se aproxima de Yehoshua era um
conhecedor e observante da Torah, só pelo fato de reconhecer a Yehoshua
como rabino mostra que ele sabia muito bem aquilo que estava perguntando,
mas o interessante é a aparente surpresa que ele tem ao se deparar com a
resposta do rabino.
Yehoshua aborda um determinado grupo de mandamentos da Torah,
aqueles que são referente aos mandamentos “Homem x Homem”, que são os
mais difíceis de seguir e com as piores consequências caso sejam quebrados.
O relacionamento entre irmãos, para a Torah, é o segundo principal motivo
de sua existência, o primeiro é para que saibamos quem é Deus. O amar ao
próximo sobre todas as coisas é a representação de todos os mandamentos
referentes ao relacionamento entre homens, sem eles, o amar ao próximo é
inalcançável.
O rapaz, por ser uma pessoa inserida em um meio judaico, responde que
ele já observa a tudo isso e então, Yehoshua aborda um outro tema totalmente
diferente, já não fala mais de mitzvot, mas sim, de acúmulos de tesouros no
Reino dos Céus e é agora que entra uma outra confusão. Como já abordado
anteriormente, o Reino dos Céus não se trata do pós-vida ou da era de
Mashiach, mas sim a era a qual vivemos hoje, com acesso irrestrito a Deus, à
Sua palavra, à Sua verdade, uma era em que o mundo inteiro sabe ao menos o
que é uma bíblia. O que Yehoshua está dizendo é que, para sermos perfeito,
devemos nos atentar aos mandamentos de Deus, não nos apegarmos a bens
materiais e devemos seguir a Mashiach, assim juntaremos tesouros, tesouros
muito bem explanados em Levítico 26, tesouros que possuiremos e os
viveremos aqui nessa vida, para que possamos nos alegrar e entendermos o
verdadeiro intuito de Deus quando nos criou.
Por fim, apesar das traduções aos idiomas ocidentais tratarem o homem
como uma pessoa rica, no original, esse homem não possuía muitas
propriedades, o fato não é o rico ter dificuldades de entrar do céu, mas sim
qualquer um que tenha algum apego a bens materiais, seja ele rico ou pobre.

A abordagem que apresento aqui é muito diferente da tradicional,


Yehoshua não é contra a riqueza e nem faz apologia a pobreza, mas sim ao
fato do individuo ter apegos a bens materiais, indiferente de sua classe social.
A vida eterna é garantida àqueles que procuram obedecer a Torah por amor e
não por recompensas, tendo tanto cuidado com os mandamento leves como
com os sérios. Devemos servir a Deus por amor para que possamos agradá-
Lo, quem procura o mandamento “bom”, procura apenas o que é bom para si
mesmo.
A tzedakah, apesar de ser algo de extrema importância, tanto na Torah
quanto na vida do judeu, não é o ponto principal do ensino de Yehoshua
nesse caso, ele aborda um ensino que se espalhou erroneamente em seus dias
e se tornou algo popular na mentalidade dos judeus do século primeiro, que é
a busca da salvação através de determinados mandamentos.
O rapaz também ilustra o interior de todo ser humano que, de alguma
forma, acaba se apegando demais a bens materiais, deixando muitas vezes de
lado a importância de se obedecer ao Criador, por isso que Yehoshua alerta
diversas vezes sobre o amor ao dinheiro e não ao fato de possuir dinheiro. E
por fim, ele fala sobre os grandes tesouros que teremos em vida, que são
parte da promessa de Deus àqueles que obedecem a Sua Torah.
Vamos olhar para a Torah e para o Talmud para termos alguns
exemplos daquilo que fez parte da educação, conhecimento e ensino de
Yehoshua:

E não terás outros deuses perante mim.


Êxodo 20:3

Onde aparece o termo “outros deuses”, é uma tradução incorreta e deve


ser traduzido como “outros ídolos”, sendo tudo aquilo que tenha mais
importância que Adonai.
Chizkuni, Deuteronômio 11:16

Você deverá observar minhas Leis e meus Estatutos, aqueles que as


buscarem, viverá; Eu sou Adonai.
Levítico 18:5

Esse versículo explica que as Leis e os Estatuto trazem vida àqueles que
os praticam. Vida nesse mundo e no mundo vindouro. Quem se agarrar no
profundo da Torah de Adonai irá apreciar vida eterna e nunca morrerá.
Ibn Ezra, Levítico 18:5

Os comentários rabínicos deixam muito mais claros aquilo que Yehoshua


vem ensinando sobre a Torah, primeiramente tudo aquilo que assume um
papel mais importante do que Adonai em nossas vidas, se torna um deus,
como nesse caso, o dinheiro.
Já o segundo comentário confirma a obediência a Torah para se obter a
vida eterna e não a alguns determinados mandamentos ou alguns tipos de
regras comportamentais que são definidas por homens.
◆◆◆
SEÇÃO XXXVI
ASHIR

E disse Yeshua a seus talmidim: amém (em verdade) eu digo a vocês que
é difícil um rico entrar no Reino dos Céus.
E ainda lhes digo que é mais fácil um camelo passar pelo olho de uma
agulha do que um homem rico entrar no Reino dos Céus.
E ouviram os seus talmidim e ficaram muito impressionados e disseram a
Yeshua: Se é assim, quem pode salvá-los?
Ele se virou dizendo: contra os homens, todas as coisas são difíceis, mas
contra Elohim todas as coisas são fáceis.
Mateus 19:23-26

Assim que o rapaz vai embora, Yehoshua vira para seus talmidim e
afirma que o acesso ao Reino dos Céus para os ricos é muito difícil. Claro
que a interpretação tradicional sobre os ricos tem muita validade, mas para
darmos continuidade a linha de pensamento usada até aqui, uma busca de
sentidos mais detalhados sobre essa explicação se faz necessária.
Para tanto, devemos olhar para o termo hebraico que Yehoshua usou para
se referir a uma pessoa rica, a palavra é ASHIR (‫)עשיר‬, que em uma tradução
direta realmente significa rico, porém essa palavra é usada pelos rabinos no
Talmud para se referirem a alguém mesquinho, ligado às coisas que o
dinheiro pode trazer. Acredito que Yehoshua, por também ser um rabino, usa
dessa terminologia não se referindo às pessoas financeiramente abastadas
mas sim, àquelas ligadas emocionalmente aos bens materiais.
Vejam só que interessante, Yehoshua não alega que essas pessoas irão
queimar no Gehinam, como muitos ensinam, mas sim que elas não farão
parte do Reino dos Céus. Isso implica que pessoas que servem ao dinheiro,
sendo gananciosas, idólatras ao trabalho, pessoas que tem necessidade de
posses, de poder e de bens, nunca poderão fazer parte do verdadeiro Povo de
Israel, nunca conseguirão conciliar suas vidas com a Torah eterna, nunca
poderão ver e vivenciar ao Criador e assim, de certo, não farão parte do Reino
de Mashiach e isso é um pouco mais profundo do que simplesmente queimar
no Gehinam.
Infelizmente homem nenhum pode ajudar ou salvar alguém que seja
assim, apenas Deus, porém Deus não salva a todos, Ele é bem seletivo, salva
apenas aqueles que Ele quer salvar, devemos ter isso sempre em mente, para
que isso nos motive a andarmos em Seus caminhos.

OLHO DA AGULHA
Muitas coisas que Yehoshua fala parecem desconexas ou novos conceitos
que ele formulava. A igreja católica sempre ensinou da importância de uma
vida simples, sempre prezou a pobreza, ensinou o quão pobre era jesus, como
era importante que os que queriam a salvação deveriam ser pobres. Tal ideia
é totalmente compreensível devido as palavras de Yehoshua, ao fazer uma
comparação de um rico entrando no Reino dos Céus com um camelo
passando pelo olho de uma agulha, algo impossível.
Mas interessante, será mesmo que uma pessoa que é rica não pode servir
a Deus verdadeiramente e ter um coração voltado a Ele? Isso é muito
estranho, assim como nenhuma folha cai da árvore sem que seja vontade do
Criador, ninguém fica rico que não seja pela Sua vontade. Ai vem a questão,
estaria Deus condenando essas pessoas ao permitirem que elas tenham
dinheiro? Acho bem difícil que esse seja o caso.
As palavras de Yehoshua aparentemente não deixam sombra de dúvida,
mas será isso mesmo que ele está dizendo sobre pessoas que possuem
dinheiro e bens materiais? Para sabermos a verdade, vamos dar uma olhada
em uma passagem bem parecida da Torah Oral:

Rava disse: Saiba que se esse for o caso, nunca é mostrado ao indivíduo
uma palmeira de ouro ou um elefante passando pelo olho de uma agulha em
um sonho, pois sonhos tratam da mente do indivíduo.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 55b

O costume rabínico de comparações de animais passando por “olho de


agulha” não era novidade para nenhum dos ouvintes de Yehoshua, pois a
Torah Oral já usava tais termos.
Essa parte do Talmud, a qual fala do elefante passando pelo olho da
agulha, está abordando temas referentes a mente humana e como ela é afetada
por fatores externos. A mente é uma coisa muito interessante tanto na Torah,
quanto na mentalidade rabínica, ela é o que muitos chamam de “coração” no
mundo ocidental. Quando Deus fala através do coração, na verdade é na
mente que Ele está falando, a fé que está no coração é algo definido pela
mente. A mente é o que chamamos de coração, tudo acontece através dela e é
justamente nesse conceito que devemos nos apegar para entender o que
Yehoshua e os rabinos de sua época ensinavam quando se referiam ao termo
citado acima.
Quando Yehoshua fala do “olho da agulha”, ele automaticamente se
refere a mente humana, de uma forma que é rapidamente associada às ações
da mente que tratam do “coração”. A alegação que o rico terá dificuldades em
entrar no Reinos dos Céus, ele não se refere ao rico que possui muito dinheiro
e muitas posses, mas ele se refere àquele rico que tem a riqueza dentro da
MENTE, dentro do CORAÇÃO. Pessoas que vivem para o dinheiro, ganho
pessoal, trabalho, sucesso, fama, ter carro caro, possuir mansões, conquista
financeira e todas as coisas do gênero, terão verdadeira dificuldade de
entrarem, pois um coração voltado a esses planos de vida, dificilmente terão
tempo e disposição para servirem a Deus.
Quando seus talmidim perguntam: “quem poderá salvá-los?”, Yehoshua
não responde nada a esse respeito, apenas diz que todas as coisas para os
homens são difíceis, mas fáceis para Deus e fim de papo, dando um
impressão que a salvação poderá nunca alcançá-los.
◆◆◆
SEÇÃO XXXVII
FIGUEIRA

E viu uma figueira perto da estrada e foi até ela e não encontrou nela
nada o além de folhas e disse a ela: não sairão nunca mais de ti frutos. E a
figueira secou imediatamente.
E viram seus talmidim e ficaram maravilhados e disseram: como a
figueira secou imediatamente?
E respondeu a eles Yeshua, dizendo: se houvesse fé em vocês, sem
nenhuma dúvida, não apenas a figueira faria, mas também se dissessem a
esse monte para partir e fosse para o mar, iria.
E tudo que pedirem em Tefilah com Emunah, receberão.
Mateus 21:19-22

A história da figueira relatada acima é bem conhecida pelos cristãos. Esse


fato ocorreu em um dia que Yehoshua teve fome e se aproximou de uma
árvore a procura de figos, ao não encontrá-los, ele amaldiçoa a figueira, a
qual seca imediatamente.
Acredita-se que esse incidente gerou uma lição sobre fé. Seus talmidim,
ao verem tal acontecimento, ficam estarrecidos e questionam a Yehoshua
como isso é possível e ele ensina que fazer tais coisas é possível a qualquer
um à partir do momento que fosse pedido através de Tefilah com Emunah.
Esses dois termos deixei em hebraico propositalmente, pois suas traduções
não revelam o profundo significado que cada um tem e acredito ser
importante dar uma atenção especial a ambos.

Tefilah
A tradução para tefilah seria oração ou reza, porém essa definição é
horrivelmente imprecisa. Uma oração trata de duas entidades distintas
estabelecendo uma comunicação, sendo uma delas inferior, fazendo um
pedido a uma superior. A palavra para isso em hebraico seria bakashah, do
verbo LEVAKESH (‫ – )לבקש‬pedir. Por outro lado, também existe o termo
SHEVACH (‫)שבח‬, que significa “adoração”. A tefilah é justamente a junção
desses dois conceitos, uma ligação de um ser inferior com um ser superior
através da adoração. Uma melhor palavra para definir tefilah seria
“comunhão”.
Tefilah nada mais é do que o despertar de um amor oculto dentro do
coração daquele que ama ao Criador através de uma “conversa” com ele, até
que o estado de união seja alcançado. A tefilah é o que torna os mandamentos
na vida de alguém algo vivo e prazeroso. Isso difere muito da reza
tradicional.

Emunah
Emunah, traduzido como “fé”, é algo que vai muito além disso. O
conceito básico de fé é aquilo que a pessoa crê mesmo sem vê-lo. Mas
entender a Emunah como algo que simplesmente se acredita é desvalorizar
seu real significado, pois como o rei Salomão disse, “os tolos também
acreditam”.
A Emunah é uma percepção da verdade que transcende a razão e isso só
vem através de três coisas, sabedoria, entendimento e conhecimento, por isso
que é dito que a fé vem pelo ouvir da palavra, pois sem esses três fatores
sobre a Torah, a fé nada mais será do que uma crença de tolo. Quando uma
pessoa tem a verdadeira Emunah, ela sente que o que ela acredita faz parte
intrínseca de sua própria existência, a ponto de, caso negue essa Emunah, ela
estaria negando a sua razão de existir. É muito mais profundo do que
acreditar em algo que não se vê.
Com essas definições fica mais fácil de entender o quão difícil é aquilo
que Yehoshua ensina.

Apenas aquele que que possui uma comunhão íntima com o Criador,
fazendo dela a verdadeira razão de sua existência nessa terra, é que vai
conseguir TUDO o que pedir.
A FIGUEIRA
A figueira nessa história não foi por acaso, pois ela tem uma
representação muito forte que pode ser associados com tefilah e emunah.
Para entendê-la é necessário entrarmos novamente naquilo que formava a
base dos ensinos e fé de Yehoshua, a Torah Oral.
Mas para que eu possa fazer uma associação mais profunda, vamos olhar
para um outro caso onde “figueira” aparece no livro de Mateus:

Da figueira aprendam pela mishnah, quando verem os ramos e sobre


eles as folhas, saibam que
Estão próximos aos portões.
Mateus 24:32-33

Nas traduções ocidentais, aonde deixei o termo original mishnah,


podemos encontrar palavras como “parábola” ou “lição”. Se repararmos bem,
isso é intrigante, pois a “parábola da figueira”, conforme o capítulo 24 do
livro de Mateus (acima), não é relatada nesse momento. Fora esse versículo
acima, o outro caso que vemos uma "figueira" é na historinha que vimos
anteriormente sobre a figueira que secou e ela não é uma parábola, então, o
que seria essa "parábola da figueira" de que Yehoshua fala? A sua afirmação,
na verdade, não é “parábola”, mas sim uma menção sobre a Torah Oral, onde
famosas mishnot sobre figueiras são relatadas.
Existem três coisas que devemos reparar, o que é a figueira, o que é o
fruto da figueira e o que significa os ramos e folhas, conforme mencionados
por ele.

Figo
Rabbi Hiyya Bar Abba disse que Rabbi Yohanan disse: qual o significado
do que está escrito: “aquele que guarda a figueira, comerá de seus
frutos”(Pv 27:18)? Por que as coisas da Torah são comparadas ao figo?
Assim como um pessoa que procura figos para comer e acha figos na
figueira, pois a figueira não está seca, assim é com a Torah. Toda vez que
uma pessoa meditar sobre ela, ele achará nela novos segredos.
Talmud da Babilônia, Tratado Eruvin 54a/54b

Segundo a Torah Oral, o fruto da figueira representa justamente a Torah e


aquilo que sai dela. Assim como qualquer um que procura figo, o encontra na
figueira, também será com a pessoa que procura segredos sobre Deus na
Torah, sempre os encontrará. O Talmud faz outra analogia:

Assim como o figo é um fruto que sempre se acha, também o fruto da


Torah sempre será achado pela pessoa que buscá-lo nela.
Ein Yaakov, Eiruvin 5:9

Ein Yaakov é uma compilação de materiais do Talmud junto a seus


comentários, o qual ensina que assim como aquele que tem fome e busca os
frutos da figueira, os quais dão sempre, aquele que busca a Deus sempre O
encontrará quando buscá-Lo na Torah.
Figueira
Por que a figueira é comparada à quem estuda a Torah? Pois
diferentemente de outras árvores, nas quais seus frutos podem ser colhidos
de uma só vez, o figo deve ser colhido pouco a pouco. Assim como quem
estuda a Torah, hoje ele estuda um pouco e amanhã mais um pouco, pois ela
não é aprendida em um ano ou dois.
Midrash Tanchumah, Pinchas 11:1

A meu ver, esse ensino do Midrash Tanchumah é fantástico. Ele compara


a pessoa que estuda a Torah com a própria figueira, pois para se tornar uma
árvore que sempre dê frutos, deve-se estudar sempre a Torah para dar frutos.
Assim como a figueira dá frutos aos poucos, aquele que estuda da Torah
também dará frutos aos poucos, pois é algo que transforma a vida e o
caminhar da pessoa, que são coisas que vem um passo por vez.
O Talmud confirma isso com uma passagem bem mística, porém
impressionante:

Aquele que sonha com uma figueira, recebe um sinal que a Torah está
dentro dele.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 57a

Se juntarmos tudo o que aconteceu em Mateus capítulo 21, teremos duas


respostas, a primeira é o porquê da figueira secar e o segundo é como teremos
nossos pedidos atendidos.
A figueira que Yehoshua secou era uma árvore que não dava fruto.
Primeiramente, como vimos acima, devemos entender que para ser uma
figueira, devemos estudar a Torah, essa figueira que secou pode ser vista
justamente como alguém que conhece a Deus e a Sua palavra e, apesar de ser
uma árvore bonita e pomposa, se não gerar frutos, ou seja, se não gerar
Torah, de nada essa árvore serve para Deus. Não adianta servir a Deus, alegar
que acredita em Yehoshua e ler a bíblia, se a vida não gerar frutos de Torah, a
pessoa se tornará seca.
Por outro lado, quando alguém conhece a Deus, tornando-se assim uma
figueira e começar a gerar frutos de Torah, esse alguém terá comunhão com
Deus. Sua vida e seu comportamento serão verdadeiras adorações ao
HaKadosh Baruch Hu, assim realizando tefilah. Então, quando os caminhos
da Torah se tornarem parte essencial de sua vida, ele receberá a verdadeira
emunah, chegando no ponto em que tudo o que pedir, receberá.
O ensino de Yehoshua sobre “fé” está totalmente conectado com aquilo
que acontecia a sua volta. O figo é a Torah, a figueira é aquele que segue a
Torah e aquele que atingir a ambos, a Emunah e a Tefilah virão.
Quem conseguir entender, que entenda.

Folhas e Ramos
Por último, em uma outra ocasião relatada no capítulo 23, tratando sobre
o fim dos tempos e a desolação que virá sobre o mundo antes da vinda de
Mashiach Ben David, Yehoshua usa novamente o exemplo da figueira.
Porém ele não fala sobre seus frutos e sim sobre folha e ramos, e ainda cita
que isso é conforme uma mishnah.
Eu acredito que Yehoshua se refere a um ensino da Torah Oral que
também foi compilado por Rabbi Eliezer em seu livro sobre comentários das
mishnot da Torah Oral. Rabbi Eliezer foi um grande sábio e discípulo do
grande Rabbi Yochanan Ben Zakai.
Rabbi Eliezer explica qual a associação ramos e folhas de uma figueira
tem com o fim dos tempos, assim como Yehoshua mencionou:

Rabbi Eliezer disse: quando os frutos da figueira sumirem e ficar apenas


uma árvore seca e então quando começarem a produzir ramos e folhas
frescas, esse é o sinal que não haverá mais mal, não haverão mais pragas e
não haverão mais infortúnios, como foi dito: “Eu crio novos céus”.
Pirkei Rabbi Eliezer, 51:3

Essa afirmação de Rabbi Eliezer é muito profunda e se enquadra bem


com as palavras de Yehoshua. É através desse rabino que poderemos ter um
aprofundamento sobre o que foi ensinado no livro de Mateus.
Rabbi Eliezer afirma que, quando NÃO houver mais frutos na figueira e
quando ela voltar a produzir folhas e ramos novos sem citar frutos, será um
sinal que em breve não haverá mais nada de ruim. Essa ideia do mal, das
pragas e dos infortúnios deixarem de existir se refere justamente a era de
Mashiach, ao fim dos tempos.
Interpretando as palavras desse rabino através do que vimos até aqui, a
era de Mashiach, o fim dos tempos, será anunciado quando as pessoas que
“conhecem” e “seguem” a Deus (figueiras) não produzirão mais frutos
(Torah), pois não acreditam na Torah ou acham que ela foi abolida. Serão
árvores bonitas, cheias de ramos e folhas novas, passando a impressão que
são árvores abençoadas, enquanto da verdade, não servem para nada.
Hoje vemos muitas igrejas e comunidades que são enormes, tem o serviço
que mais parece um show, líderes cheios de palavras bonitas, que nada mais
são do que armadilhas aos que aprendem com ele. Tudo o que ensinam geram
os frutos errados, uma figueira gerando maçãs é uma abominação, pois
deixaram a Torah de lado.
Era esse o sinal ao qual Yehoshua se referia, será que estamos sendo
testemunhas dessas figueiras em nossos dias?
◆◆◆
SEÇÃO XXXVIII
ASSASSINOS E MERETRIZES

Naquela mesma noite, disse Yeshua aos seus talmidim: qual a visão de
vocês? Existia um homem que tinha dois filhos, se aproximando de um, disse-
lhe: vá meu filho, hoje você trabalhará na minha vinha.
E respondeu: não tenho vontade. Mas depois disso, se arrependeu e foi.
E disse ao outro a mesma coisa, o qual respondeu: eis me aqui meu
senhor, e não foi.
Qual dos dois fez a vontade do Pai? E lhe disseram: o primeiro. E disse-
lhes Yeshua: amém (em verdade) eu digo a vocês que os assassinos e
meretrizes precederam a vocês no Reino dos Céus.
Yohanan veio a vocês ensinar o caminho Tzadik (TORAH) e não
acreditaram nele. Os assassinos e as meretrizes acreditaram nele, vocês
viram isso e não fizeram Tshuvah. Também depois de tudo, ainda não
acreditam nele. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.
Mateus 21:28-32

Essa pequena parábola tem um contesto simples, o filho que diz


“não” e depois muda de ideia, representa aquele que conhece a palavra de
Deus, mas decide não ouvi-la, levando uma vida conforme acha melhor, até
chegado um tempo que, percebe o erro e se arrepende.
Já o filho que diz “sim” e depois não vai, representa aquele que vive um
vida “santa” para os outros verem, mas por dentro é mau e nunca fará uma
verdadeira Tshuvah.
Porém, por mais uma vez, se compararmos o original com as traduções
ocidentais, vemos que perdemos al gumas revelações conectadas aos termos
que aparecem como “assassinos e meretrizes”. Tais termos já possuíam
significados ocultos dentro do judaísmo. Pelo fato da parábola citar uma
vinha e vinha representa Israel, gostaria de propor uma interpretação
diferente à essa parábola.

GENTIOS
Essa talvez seja a parte mais delicada de todo o livro de Mateus para se
expor. No capítulo 32, onde Yehoshua cita assassinos e meretrizes, a
interpretação mais comum que existe por ai é que o judaísmo proibia
conversão de pessoas que praticavam tais atos. Assassinos e prostitutas eram
proibidos de se converterem ou até mesmo de se arrependerem e buscarem
conserto para seus caminhos.
Mas eu acredito que isso não tenha sido o que Yehoshua quis dizer, eu
leio esse versículo e o imagino sendo ensinado de uma forma muito irônica,
irônica ao ponto de ser uma crítica pela mentalidade ridícula e repreensível de
alguns rabinos e sábios de sua época, e a qual, infelizmente, dura até os dias
de hoje em algumas comunidade judaicas.
Dentro da gíria praticada por alguns péssimos rabinos, o termo
“assassino” faz referência ao homem gentio, já o termo “meretriz” à mulher
gentia. Em algumas comunidades eram ensinados que todos os homens
gentios são assassinos e todas as mulheres gentias são prostitutas. Tal
pensamento lixo aparece no Talmud em alguns versos que foram anulados
por algumas comunidades judaicas pelo mundo, o que mostra extremo bom
senso. Não acho necessário colocá-las aqui, pois esse é não o intuito.

Em versões modernas do Talmud, essas passagens não são mais


encontradas, foram excluídas pelas comunidades judaicas há muitos anos, são
definições pobres feitas por rabinos esquecidos que não representam a
mentalidade e a fé judaica.
A meu ver, Yehoshua sabia disso e de uma forma indireta, ele diz que
aquelas pessoas que eles diminuem com apelidos pejorativos, os gentios no
caso, serão aquelas pessoas que farão Tshuvah de coração, pois serão elas que
darão verdadeiros ouvidos à palavra de Deus.
Eu vejo muito mais gentios voltados a Deus, amando-O e buscando-O do
que muitos judeus ortodoxos, que vestem uma máscara de santidade, mas por
dentro são traiçoeiros. Os verdadeiros assassinos e as verdadeiras meretrizes
são aqueles que se escondem atrás da santidade, ou como Yehoshua define,
os hipócritas.
Pela graça do Criador podemos encontrar verdadeiros seguidores de
Deus, dentre os gentios, dentre os judeus e dentre os ortodoxos. Não podemos
julgar um grupo pelas palavras ou atitudes de apenas um ou outro indivíduo.

Eu acredito que agora fica mais fácil de interpretar o exemplo que


Yehoshua deu. A vinha representa Israel, o primeiro filho que fala não, são
como os assassinos e as meretrizes que, a princípio agem mal, mas como
possuem um coração voltado a Deus apesar dos pesares, acabam indo
trabalhar, acabam se arrependendo e fazendo Tshuvah.
Já o segundo filho, o qual diz que vai, é como os que vestem a máscara da
santidade, mostram uma fidelidade a Deus, dizendo sim a tudo, mas quando
chega a hora que devem fazer algo, pulam fora.
Você deve se perguntar, por que eu associei o assassino e a meretriz aos
gentios já que, na época de Yehoshua, a Torah e o conhecimento sobre o
Deus de Israel ainda não tinham alcançado às nações, como poderiam eles
terem dito “não” e depois disseram “sim”?

O Santo, Bendito Seja, antes de dá-la a Israel, ofereceu sua Torah à


todas as nações e povos de todas as línguas, mas todos a recusaram.
Talmud da Babilônia, Tratado Avodah Zarah 2a

Segundo o Talmud, Deus, em algum momento da história ofereceu a


Torah aos gentios e eles a negaram, sendo aceita apenas pelo povo hebreu.
Então, segundo meu entendimento, esses gentios, que seriam os “assassinos e
meretrizes”, que um dia falaram não à Torah, estão agora retornando ao seus
caminhos e verdadeiramente indo trabalhar na vinha depois de muitos anos.
Por outro lado, muitos dos filhos de Israel que disseram sim, acabaram não
aceitando a Torah verdadeiramente.
◆◆◆
SEÇÃO XXXIX
DEUS DOS VIVOS

Neste dia, lhe chamaram os saduceus e os que não acreditavam na


ressurreição dos mortos e lhe perguntaram,
dizendo: rabi, disse-nos Moises que quando dois irmãos habitam juntos e
um deles morre, o qual não tem filho, o irmão deve tomar sua mulher e dar
continuidade em sua semente.
E eis que no meio de nós haviam sete irmãos e o primeiro tomou para si
mulher e então morreu sem deixar semente, então seu irmão tomou para si
sua mulher.
Assim com o segundo, o terceiro e ainda o quarto.
E depois a mulher morreu.
Já que ela foi de todos, ela será mulher de qual deles?
E respondeu Yeshua e disse a eles: vocês erram e não entendem os livros
e o poder de Elohim.
No dia da ressurreição, os homens não tomarão mulheres para si e nem
mulheres a homens, apenas serão como os anjos de Elohim que estão no céu.
Vocês não leram que, na ressurreição dos mortos, disse Adonai a vocês,
dizendo:
Eu Sou Adonai, Elohei Abraham, Elohei Itzhak e Elohei Yaakov. Por isso
não há Elohim dos mortos, mas Elohim dos vivos.
E ouviu a multidão e ficaram espantados com sua sabedoria.
Mateus 22:23-33

O clássico entendimento desse ensino é a refutação que Yehoshua faz


sobre a crença dos saduceus, os quais não acreditavam na ressureição dos
mortos. De uma forma um tanto irônica, eles abordaram Yehoshua e fizeram
uma pergunta que, a meu ver, foi um tanto maliciosa, pois qual seria o
interesse deles sobre algo que não acreditavam? Quem não crê em alguma
coisa, não demonstra interesse sobre ela, apenas a repudia.
Usando a lei do levirato (Deuteronômio 25) como exemplo, eles
questionam a Yehoshua sobre a vida após a morte, levando-o a declarar que
Deus não é Deus dos mortos e sim Deus dos vivos, dando a entender que
mesmo depois da morte, a pessoa contínua viva, não existindo a “morte
eterna” da forma como eles acreditavam.
Essa interpretação é extremamente correta a meu ver e não poderia ser
mais verdade, pois para Deus esse conceito de “vivo e morto” não existe, mas
sim o conceito “encarnado e desencarnado”, para Ele nenhuma alma morre
ou deixa de existir, tornando-O assim o Eterno Deus dos eternos vivos.
Porém existe algo curioso sobre a pergunta que Yehoshua faz no meio
dessa conversa, “vocês não leram que, na ressurreição dos mortos, disse
Adonai a vocês”. O Tanakh possuí diversos ensinos sobre ressurreição,
principalmente pelas bocas dos profetas, porém nenhum deles está
relacionado com o termo “Elohei Avraham, Elohei Itzhak, Elohei Yaakov”, e
da forma como Yehoshua o apresenta em seu ensino, nos mostra que essa
associação que ele faz, seria algo “a ser lido”.
Aonde será que essa associação, que pode ser lida, foi feita?

ELOHIM DOS MORTOS, ELOHIM DOS VIVOS


Yehoshua poderia muito bem ter usado um versículo de algum profeta
para falar sobre a ressurreição e como ela procederia, dessa forma teria
conseguido dar exatamente o mesmo recado e refutado a crença dos
saduceus. Porém os saduceus, por apenas acreditarem na Torah e não no
Tanakh, fizeram com que Yehoshua abordasse essa lição em livros que não
tratam diretamente de ressurreição e portanto, ele teve que ligar uma
passagem da Torah com algumas tradições de sua época que eram bem
conhecidas por todos, pois esse era o único jeito de ir contra a fé deles usando
o livro que eles acreditavam.

EU SOU, Ele disse, “o Elohim de seu pai, Elohei Avraham, Elohei Itzhak,
Elohei Yaakov”. E Moises escondeu sua face, pois estava com medo de olhar
para Adonai.
Êxodo 3:6

Deus quando aparece pela primeira vez a Moises, no meio da sarça


ardente, se apresenta de uma forma como se estivesse mostrando seu
Curriculum. Dentre diversas maneiras que Ele poderia se revelar como Deus,
como por exemplo, o Criador de todas as coisas ou o Deus que te salvou
durante sua infância, Ele prefere se apresentar dizendo primeiramente que é o
Deus de Amram (pai de Moises) e então o Deus dos patriarcas.
Esse é um versículo que possuí inúmeros comentários dos sábios, dentre
os muitos temas abordados, alguns se assemelham muito com o que
Yehoshua está falando:

“Eu Sou o Elohim de seu pai”, ao dizer essas palavras, Deus revelou a
Moises que seu pai já tinha morrido, pois temos uma tradição de que Deus
não associa seu nome aos vivos, já que não sabemos se essa pessoa
abandonará os caminhos de Deus antes que morra.
Chizkuni, Êxodo, 3:6

É necessário aqui uma análise cuidadosa para que um entendimento entre


o ocorrido com Moises, as palavras de Yehoshua e a tradição rabínica, sejam
coerentes.
O rabino Hezekiah Ben Manoah, o Chizkuni, em um de seus comentários,
menciona uma tradição antiquíssima dentro dos ensinos rabínicos, que é a
crença de que Deus não associa seu Nome aos vivos. Essa tese aparece em
diversos outros ensinos e comentários por toda a literatura rabínica. A meu
ver, quando Yehoshua cita que Deus não é Elohim dos mortos e sim Elohim
dos vivos, ele está se referindo justamente a essa mentalidade. Essa ideia de
Deus não associar Seu Nome aos vivos pode não ser boa, pois poderia afastar
muitas pessoas de um relacionamento íntimo e verdadeiro com Deus
enquanto vivas, algo que colocaria uma grande frustração naqueles que
possuem um amor ao Criador, pois poderiam pensar que nunca teriam uma
aproximação maior com Deus.
Mas interpretar dessa forma gera mais perguntas, pois os três patriarcas
citados por Yehoshua, Avraham, Itzhak e Yaakov já estavam mortos, tanto na
época dele quanto na época que Deus aparece a Moises, o que deixa essa
ideia ainda mais confusa.
O rabino Naftali Zvi Yehuda Berlin, também em um de seus comentários,
nos ensina algo muito interessante e que também fazia parte dos
conhecimentos dos antigos, algo que sustenta o entendimento que Yehoshua
tinha em relação ao dilema do Deus dos mortos e dos vivos.

Deus foi o escudo de Avrahan Avinu na guerra e em todos os lugares,


pois mesmo sem um rabino, passava noites e dias em busca da Torah, a qual
vinha de seus “rins”. E com Itzhak, Deus foi seu sustento, abençoou seu
trabalho e foi um imigrante em paz, pois dedicou sua vida a oração e às
mitzvot. E com Yaakov, graças a suas tzedakot e seus estudos em suas tendas
(Torah), Deus cuidou dele e deu um novo significado a seu nome.
Esse é o significado de Elohei Avraham, Elohei Itzhak e Elohei Yaakov,
pois cada um teve um caminho perante Deus e foram todos cuidados por Ele.
HaAmek Davar, Êxodus 3:6:1

Essa linha de pensamento é incrível e é bem provável que Yehoshua se


associava com ela. Ela ensina que Deus cuidou dos três patriarcas, de
Avraham, foi seu escudo durante as guerras, de Itzhak, foi seu sustento e de
Yaakov, Deus deu um novo significado a sua existência, lembrando que tudo
isso foi devido a observância dos mandamentos de Deus.
Não precisamos de muitos estudos para entendermos que todas essas
graças de Deus nas vidas desses três homens vieram enquanto eles estavam
vivos e não mortos, e por essa graça que lhes foram dada em vida, eles são
reconhecidos até os dias de hoje. Ou seja, Deus fez a grande obra enquanto
vivos e não mortos.
O que Yehoshua pode se referir aqui é que Deus se faz conhecido
associando Seu nome e Sua Chessed (graça) na vida dos vivos, pois é através
deles que Ele se faz reconhecido por todas as gerações.
Outra prova para refutar essa ideia era a forma como o próprio Deus fala
com o Povo de Israel:

Shma Israel: Adonai é o vosso Elohim, Adonai é Um.


Deuteronômio 6:4

Nessa passagem, dentre muitas outras, Elohim se associa com seus


ouvintes, o Povo de Israel, formado por uma multidão que ouvia essas
palavras enquanto viva, tornando-a ligada com Deus, pois assim como ele
disse ser “Elohim de seu pai” para Moises, agora ele diz: “VOSSO
ELOHIM” ao povo Dele.
É fantástico, alguns versículos acima, Yehoshua diz que eles erram e não
entendem os “livros”, nos revelando que seu ensino, nesse caso, iria contra
alguma tradição rabínica que ele não concordava. O termo usado por ele,
“livros”, se refere então à Torah Escrita, pois era o único livro que o saduceus
acreditavam. Yehoshua refuta uma tradição rabínica usando a própria Torah.
E como citado acima, mesmo que a pessoa esteja morta, estará morta na
carne, pois para Deus, tanto no Olam Hazeh quanto no Olam Habah, todos
estão vivos, não existe a ideia de “fim após a morte”.

DEUS DE AVRAHAM, DEUS DE ITZHAK, DEUS DE YAAKOV


Outra coisa interessante é que Deus não se apresenta como “Elohei
Avraham, Itzhak e Yaakov”, mas se apresenta como “Elohei Avraham,
Elohei Itzhak e Elohei Yaakov”. Com isso, ensinam nossos sábios que, se
pudéssemos perguntar para cada um deles quem foi Deus, teríamos três
respostas diferentes sobre o mesmo Deus.
O conceito do nome Elohim terminar com “IM” (plural de palavras
masculinas no hebraico) denota a relação pessoal que cada um tem com
Deus, como cada um O vê e como cada um O entende. Nunca haverão duas
pessoas com exatos mesmos conceitos sobre o Criador, pois Elohim é único
para cada um que O serve.
Por outro lado, o nome Adonai (tetragrama) é imutável e representa a
essência do Criador, esse é a forma como Ele mesmo se define, superando
qualquer conceito que o ser humano possa criar a Seu respeito.
Um cuidado muito grande deve ser tomado, pois a teologia cristã ensina
falsamente que pelo fato do nome Elohim ser no plural, representaria a
trindade, o que não é verdade e não pode ser provado através da bíblia.

DUPLA CONCLUSÃO
Esse ensino possui duas interpretações possíveis que são interconectadas,
uma aborda os vivos no Olam Hazeh e a outro aborda os vivos do Olam
Habah.
Os que estão vivos na carne, poderão sim ter seus nomes associados a
Elohim, poderão receber Sua graça, poderão ver Suas maravilhas, poderão ser
cuidados e tratados com o amor de Deus, tudo isso através de uma vida nos
conformes de Sua vontade.
Já no mundo espiritual, todos também estarão vivos, pois a ressurreição
dos mortos é uma realidade vastamente ensinada por toda a bíblia, pois toda
alma e espírito criados por Deus nunca deixarão de existir.
Com isso aprendemos que só existe o Deus dos vivos.
◆◆◆
SEÇÃO XL
MAIORES MANDAMENTOS

Rabbi, diga, qual a maior mitzvah (mandamento) na Torah?


E disse a ele: Amarás Adonai, seu Elohim, de todo coração e etc...
Esse é o primeiro
O segundo é esse, amarás seu próximo como a ti mesmo.
E sobre essas duas Mitzvot (mandamentos) se baseia toda a Torah e os
profetas.
Mateus 22:36-40

Toda vez que começo a escrever algum comentário sobre as palavras de


Yehoshua do livro de Mateus, a primeira coisa que vem na minha cabeça é
“versículo perigoso”. Infelizmente eu poderia começar toda explicação de
seus ensinos com essas palavras, pois de alguma forma, todos criaram fortes
conceitos errôneos que escravizam muitas pessoas.
Em distintas oportunidades, perguntei a alguns cristãos os motivos pelos
quais eles não seguiam as Leis da Torah e uma das respostas mais comuns
que recebibaseava-se justamente nessa passagem, pois, segundo eles, cristo
substituiu toda a Torah por esse dois mandamentos, dizendo que a partir do
momento em que a pessoa ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo, ele não precisa mais observar a Torah.
Como já mostrado em diversas partes desse livro, e declarado pelo
próprio Yehoshua no capítulo 5, ele não aboliu nada da Torah. O ensino
dessa passagem não só engloba a Torah, mas ele nada mais é do que um
antigo entendimento sobre ela.

OS MANDAMENTOS
A Torah possuí um total de 613 mandamentos, esses mandamentos não
são aplicáveis a todos os indivíduos. Existem mandamentos apenas para
homens, outros apenas para mulheres, outros para reis, sacerdotes, juízes e
etc. Com exceção dos mandamentos referentes à ética, moralidade sexual e
caráter, todos os mandamentos se encaixam em determinados grupos e não
são aplicáveis de uma forma geral.
Os mandamentos da Torah podem ser divididos em duas partes de duas
formas diferentes. A primeira divisão é entre os mandamentos positivos e os
mandamentos negativos, ou seja, aqueles que você DEVE fazer e aqueles que
você NÃO DEVE fazer.
Existem 365 mandamentos negativos, os quais não podem ser praticados,
representando um “não” por dia durante um ano. Os positivos dão um total de
248 mandamentos, os quais necessitam um cuidado e uma atenção à sua
observância, 248 também é o número total de ossos e órgãos que o corpo
humano possuí, algo como que se todo o corpo estivesse querendo dar um
“sim” para Deus.
A segunda divisão é feita de acordo com o tipo de mandamento, podendo
ser ele referente a um relacionamento “homem x Deus” ou um
relacionamento “homem x homem”. No primeiro grupo entram os
mandamentos referentes ao Shabbat, às festas, a kashrut, a tzedakah e etc. Já
no segundo, temos os mandamentos referentes à imoralidade sexual,
assassinato, roubo e etc. Essa divisão é representada pelas próprias tábuas da
Lei dada por Deus a Moises sobre o monte Sinai, na primeira tábua temos os
mandamentos referente a “homem x Deus” e na segunda, os mandamentos
referentes “homem x homem”.
A resposta que Yehoshua dá nessa passagem aborda essa segunda divisão
de mandamentos. Fazer tal abordagem em referência a Torah tem um
significado bem definido dentro da mentalidade judaica.
AMAR A DEUS
Shma Israel, Adonai é nosso Elohim, Adonai É UM. E amarás Adonai,
vosso Elohim de todo seu coração, de toda sua alma e de todo seu muito.
Deuteronômio 6:4-5

Essa passagem maravilhosa do livro de Deuteronômio, conhecido como


“shma”, é a máxima representação do Povo de Israel e a pedra fundamental
da fé judaica. Esses versículos são tão poderosos que são recitados três vezes
ao dia pelos judeus, são escritos dentro dos tefilim (filactérios) e dentro das
mezuzot colocadas nos umbrais das portas.
Quando Yehoshua cita esse versículo, além de afirmar a fé que tinha,
tanto por ser judeu, quanto por servir a um Deus único e indivisível, ele
automaticamente se refere a todos os mandamentos “homem x Deus”,
dizendo que para chegar a essa amor, é necessário antes observar a todas
essas ordenanças, pois só aqueles que amam muito a Deus, com todo seu
“muito”, realmente conseguem mudar o estilo de vida em pró desse Deus.
Como está escrito: “E amarás Adonai seu Elohim com todo seu
coração", isso significa com sua má inclinação e com sua boa inclinação,
pois ambas devem estar subjugadas a Deus. “com toda sua alma” significa
que você deve amar a Deus mesmo ao custo de sua alma. “com todo seu
muito” significa com todo seu dinheiro e posses. Outro entendimento: “como
todo seu muito” se sujeitando às mitzvot de Adonai.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 54a

O Talmud cita essa relação entre “amar a Deus” com as mitzvot “homem
x Deus”. O amar a Deus sobre todas as coisas deve ser através das
inclinações, vontades, sonhos e sentimentos, pois amar a Deus deve ser maior
que o amor próprio e por último, através da observância de TODOS os
mandamentos da Torah que se encaixam nos mandamentos referentes a
“homem x Deus”.

AMAR AO PRÓXIMO
Clássica afirmação rabínica, não só é citada por Yehoshua, mas
também por Paulo e inúmeros outros rabinos.
Yehoshua não se refere a um sentimento, pois amar a desconhecidos é
estranho a nossa natureza, mas o amor nesse caso, se refere às atitudes em
relação ao próximo e tais atitudes são definidas apenas pela Torah. Vamos
ver de onde ele tirou esse conceito:

Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas
amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Adonai.
Levítico 19:18

Rabi Akiva diz: Amar ao próximo é o maior princípio da Torah.


Talmud de Jerusalém, Tratado Nedarim 30b

Toda manhã, antes de suas preces, comprometa-se a amar seu próximo


como a si mesmo. Então suas preces serão aceitas e produzirão frutos.
Rabi Yitschac Luria

Você ouve o que dizem na academia celestial? Que amar seu próximo
significa amar totalmente o perverso assim como você ama o completamente
justo.
O Maguid de Mezeritch
Agora pergunto, será que todos esses sábios deixaram de seguir a
Torah porque acreditavam que "amar a Deus" e "amar ao próximo" são todos
os mandamentos que necessitamos? Ou será que eles entendiam que para
chegar a esses dois mandamentos precisaríamos do único caminho a ser
seguido que foi ensinado por Deus na Torah?
Sendo Yehoshua um judeu, que recebeu uma educação baseada na
Torah, no Talmud e nos sábios, não pensava da mesma forma que os rabinos
citados acima? Então por que muitos cristãos afirmam que essas duas leis
aboliram toda a Torah? Não faz sentido.

Ao citar “amar a Deus” e “amar ao próximo”, que representam o


pináculo de todos os mandamentos da Torah, Yehoshua afirma que não existe
mandamento mais ou menos importante, pois são todos importantes. Para
chegar ao total amor a Deus, da forma como Ele exige, é necessário a
observância dos mandamentos “homem x Deus” e para chegar ao verdadeiro
amor ao próximo, algo que transcende um sentimento, algo que aborda a
ética, o respeito, a educação, a compaixão, o carinho, a dedicação, o bom
senso, a ajuda, a Torah se faz necessária, pois foi através dela que tais
conceitos foram revelados ao mundo.
Em uma forma menos rabínica, a resposta de Yehoshua é: “Toda a
Torah”.

CONEXÃO RABÍNICA ENTRE AS DUAS PASSAGENS


“guardar ira”, se refere a problemas referente a dinheiro e não a
insultos pessoais.
Talmud da Babilônia, Tratado Yoma 23a

A vingança, quando se sobressai, causará a alma ser cortada e não terá


vida eterna.
Mishneh Torah, Rep 8:5

Quando amamos ao próximo é quando começamos a amar a Deus.


Yismach Yisrael, Haggadah Shel Pessach, Maror 1:2

Como está escrito: “E amarás Adonai seu Elohim com todo seu
coração", isso significa com sua má inclinação e com sua boa inclinação,
pois ambas devem estar subjugadas a Deus. “com toda sua alma” significa
que vocÊ deve amar a Deus mesmo ao custo de sua alma. “com todo seu
muito” significa com todo seu dinheiro e posses. Outra entendimento:
“como todo seu muito” se sujeitando às mitzvot de Adonai.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 54a

Segundo a mentalidade rabínica, amar a Deus com todo nosso “muito” é


quando não guardamos raiva em nosso coração. Amar a Deus com toda nossa
“alma” é nunca se vingar. Amar a Deus com todo nosso “coração” é amar ao
próximo, fazendo uma ligação entre Deuteronômio 6:4-5 e Levítico 19:18.
As duas frases de Yehoshua estão totalmente interligadas, não dá para
fazer um sem fazer o outro, não dá para amar a Deus sem amar ao próximo e
não dá para amar ao próximo sem os mandamentos da Torah. É uma escada,
primeiro adaptamos nossas vidas de acordo com a vontade do Criador, então
teremos atitudes honrosas perante o próximo, pois esses preceitos vão mudar
nossas vidas, atitudes e caráter, então chegaremos no ápice, amando a Deus
sobre todas as coisas e assim cumprindo Seus mandamentos de forma natural.

“amar a Deus” tem suas raízes nas mitzvot (mandamentos).


Likutei Moharan 93:1:3

Yehoshua não trocou toda a Torah por dois mandamentos. Esses


mandamentos na verdade, representam toda a Torah e para chegar a eles, uma
observância aos mandamentos de Deus se faz necessária. Aquele que declara
que segue a Yehoshua deve ter isso em mente, pois segui-lo é muito mais
complexo do que a igreja ensina. Se caso os líderes ensinassem sobre o
verdadeiro, a igreja perderia toda essa aparência apelativa que ela possui.

SHMA ISRAEL
Shma Israel, Adonai é nosso Elohim, Adonai É UM. E amarás Adonai,
vosso Elohim de todo seu coração, de toda sua alma e de todo seu muito.
Deuteronômio 6:4-5

Vou aproveitar a abordagem desse tema para poder entrar um pouco


mais afundo nos dois versículos que representam toda a fé judaica e a
unidade do Povo de Israel, esses dois versículos são recitados todos os dias e
são conhecidos como SHMA ISRAEL (ouça Israel).

1- SHMA (‫)שמע‬
A Torah não diz VEJA ISRAEL, mas sim, OUÇA ISRAEL. Isso é pelo
fato de que nosso conhecimento sobre Deus está baseado na percepção
sensorial. Durante a época anterior a entrega da Torah, pouco se sabia de
Deus, essa concepção de um Deus Único que reina sobre toda a terra, era
uma ideia muito abstrata e pouco coerente com a realidade humana e a
mentalidade comum pós dilúvio.
Para que Deus se fizesse conhecido, Ele teve que buscar homens, se
apresentar para eles e, através desses homens, realizar grandes feitos. Se
fizermos uma comparação da época de Abraham, de Moises e dos profetas
com os dias de hoje, a impressão que teremos é que, com o passar do tempo,
Deus foi se ocultando, suas “aparições” e grandes milagres foram se tornando
cada vez mais escasso, porém, por um outro lado, o acesso que um indivíduo
qualquer, seja ele quem for, pobre ou rico, branco ou negro, latino ou
asiático, tem à Palavra de Deus e ao conhecimento sobre quem Ele é, é
irrestrito. Por esse fato, a Torah comanda: OUÇA! Ouça quem é Deus, ouça o
que Ele fez, ouça Suas proezas, ouça Suas maravilhas, pois nos dias atuais é
através desse “ouvir” que Deus se faz conhecido na vida do homem.
Claro que Deus pode se revelar a quem Ele quiser, da forma que Ele
quiser e não só pela audição. Mas essa revelação não vem sem que antes
“ouçamos” Sua Palavra, sobre quem Ele é e como Ele trabalha, pois se Ele se
apresenta antes disso, muito dificilmente a pessoa que recebesse essa visão,
teria a capacidade de reconhecer a fonte dela.

2- UM (‫)אחד‬
Essa é uma afirmação que gera diversas teorias, principalmente por parte
daqueles que querem criar e justificar falsos deuses. A palavra ECHAD
(‫ – )אחד‬UM – não só significa que Deus é um, mas também representa a sua
essência, Ele é UM absoluto e não UM composto. Caso fosse Deus um UM
composto, então dentro dessa composição existiria um agrupamento, se existe
um agrupamento, significa que alguém teve que agrupá-lo, ou seja, se Deus é
um UM composto, alguém precisou compô-lo, o que nos mostra assim que
existe algo, ou alguém, maior do que Deus, pois foi capaz de ajuntar três em
um. A fé em um deus tri-uno e a fé em deus que não é absoluto é estranha,
pois suas composições precisaram ser criadas em algum momento. Se um
cria ao outro, então esse outro não possui o mesmo poder daquele que lhe
criou, quebrando assim a igualdade que deveriam ter para serem UM em
equilíbrio.
Se caso Deus fosse três em um, a palavra não seria ECHAD (‫ )אחד‬nessa
passagem, mas sim ACHER (‫ – )אחר‬sendo a diferença em uma única letra do
hebraico entre as duas palavras, o DALET (‫ )ד‬e o REISH (‫)ר‬.

3- AMARÁS (‫)אהבת‬
A palavra hebraica para amar mostra um significado muito mais profundo
daqueles que temos nos idiomas ocidentais. AHAVAH (‫ – )אהבה‬amor –
começa com a letra ALEF (‫ )א‬e toda palavra que sua raiz começa com essa
letra, trata de uma concepção individual, interna de cada um, algo reflexivo.
Já a junção da letras (‫)הב‬, sendo as letras restante da palavra AHAVAH,
temos como significado “doar”. Sendo assim, a palavra AHAVAH (‫)אהבה‬
significa algo como “doação de si mesmo”.
Quando a Torah comanda amarmos a Deus, ela não se refere a um
sentimento interno, mas sim para que doemos a nós mesmos para Deus, para
Sua vontade e para Seus planos.

4- TODO SEU CORAÇÃO (‫)לבבך‬


Nos entregarmos a Deus com todo coração não é algo simples, justamente
por causa da palavra “todo”. Isso só é possível através de um reconhecimento
da unidade absoluta do Criador, pois é através desse reconhecimento que o
ser humano poderá entender que “amar com todo o coração” nada mais é do
que entregar tanto a inclinação boa quanto a inclinação má que existem
dentro de cada ser humano nas mãos de Deus.
A verdadeira natureza dessa mitzvah engloba a ideia que estejamos
preparados e prontos para entregar a Deus nossos desejos, sonhos e vontades
e, se caso não estejam de acordo com aquilo que Deus quer, iremos
alegremente desistir dessas coisas.

5- TODA SUA ALMA (‫)נפשך‬


A alma representa a verdadeira essência do ser humano, é ela que define a
proximidade que poderemos ter com o Criador e Seus desígnios. Da forma
como o “coração” representa nossos sonhos e vontades nessa vida terrena, a
alma representa nosso ser, nossos pensamentos, nosso caráter, nossa devoção
e aceitação de Deus.
Segundo nossos sábios, é ai que entram os mandamentos, pois são através
deles que a pessoa demonstra verdadeira devoção a Deus, e não só, apenas
através deles que um relacionamento íntimo com Deus será estabelecido, ou
seja, é através dos milagres que ocorrem por causa de nossas obediência que
iremos reconhecer a Deus de uma forma irrevogável.
Entregar a alma a Deus é seguir a Seus mandamentos e a Sua Torah.

6- TODO SEU MUITO (‫)מאדך‬


Esse mandamento em hebraico pode ser interpretado de duas formas. O
“muito”, segundo os sábios, representa os bens materiais que um indivíduo
possui. Se entregar a Deus através de nossos bens materiais é usá-los para
servi-Lo, tendo a ciência de que tudo pertence a Ele e também, não quebrar
nenhum dos mandamentos para obtenção desses bens.
Mas além disso, o termo MEOD (‫ – )מאד‬muito – pode ir um pouco além,
pode representar um termo para medidas e quantidades. Isso significa que
devemos entregar a Deus tudo aquilo que possuímos e que possa ser
“medido”, ou seja, tudo.
◆◆◆
SEÇÃO XLI
O SENHOR DE DAVID

E ajuntou mais fariseus e perguntou Yeshua a eles.


Dizendo: O que, na visão de vocês, é o Mashiach? Filho de quem? E lhe
disseram: filho de David.
E disse a eles: Como David, pelo Espírito Santo, o chamava dizendo:
senhor.
Como está escrito: Adonai disse ao meu senhor, sente a minha direita e
farei seus inimigos o estrado de seus pés.
Se David o chamava de senhor, como poderia então ser filho?
E não puderam responder-lhe uma palavra e desde então, tinham medo
de perguntarem qualquer coisa.
Mateus 22:41-46

O novo testamento não é um livro que deve ser interpretado sem o uso do
Tanakh como base. Ao ler ensinos de rabinos como Yehoshua e Paulo, é de
extrema importância que, além de um conhecimento de Torah, é necessário
um maior aprofundamento sobre aquilo que formou a base da educação deles
e qual era a forma que eles interpretavam a Torah, pois o ensino de ambos é
fortemente influenciado pela visão que tinham em relação a Palavra de Deus.
A visão que alguém tem sobre a bíblia é formada por dois fatores, o fator
pessoal, que é a interpretação particular de cada indivíduo e o fator educação,
a forma como essa pessoa foi ensinada em relação as Escrituras. A Torah,
sem dúvida nenhuma, é a base para esses dois rabinos. O judaísmo deles
exercia enorme influência em tudo que faziam e ensinavam, pois, era a única
realidade que tinham, o mundo para eles, rabinos do primeiro século, era
visto através da ótica judaica. Portanto, a Torah Oral e a mentalidade rabínica
são as maiores fontes que devemos nos apoiar para entender os ensinos
provenientes dos dois, principalmente por Yehoshua, que apenas ensinou a
judeus.
Nesses versículos temos um clássico caso de confronto entre Yehoshua e
os sábios. Yehoshua começa indagando-os sobre quem, segundo a visão
deles, seria o Mashiach, através da resposta que eles deram, Yehoshua já cita
um Salmo de David e os questiona de uma forma que ficam sem palavras.
O Salmo apontado por Yehoshua, dizem os sábios, é um Salmo
messiânico, onde o rei David aparece chamando a Mashiach de senhor.
Yehoshua, se apegando nesse ponto, questiona os sábios como poderia David
chamar um descendente seu de senhor.

Por David. Um Salmo. Adonai disse ao meu senhor: “sente a minha


direita enquanto eu faço seus inimigos o estrado para seus pés”.
Salmos 110:1

Vamos reparar em alguns pontos nessa história do livro de Mateus.


Primeira coisa que devemos prestar atenção aqui é que, diferentemente de
outras ocasiões, Yehoshua NÃO afirma ser Mashiach, ele faz um
questionamento indireto e sem se comprometer. Isso refuta a tese de que ele
estava dizendo ser maior que David, pois essa versão só seria entendida pelos
seus talmidim, somente a eles Yehoshua tinha dito ser Mashiach, os sábios
ainda não tinham ouvido da boca dele.
Segundo, todo judeu sabe muito bem que Mashiach é maior que David, se
o intuito da pergunta de Yehoshua era ensinar esse tópico, sábio nenhum teria
ficado sem resposta. E por último, Yehoshua, ao fazer a pergunta sobre
Mashiach, induz os fariseus a responderem algo especifico, “filho de quem?”.
Yehoshua não queria saber quem era Mashiach para eles, mas ele queria
saber da origem de Mashiach. Só esses tópicos por si só, anulam a
interpretação teológica que simplesmente afirma que ele dizia aos fariseus
que é maior que David.
A resposta que precisamos se encontra em duas perguntas, por que
Yehoshua mencionou justamente esse Salmo e o que ele estava refutando em
relação aos ensinos dos sábios que os deixou sem resposta?

DAVID PELO ESPÍRITO SANTO


Yehoshua abre sua fala justificando o questionamento. Ele fala de como
David reconhecia a Mashiach como seu senhor e isso lhe tinha sido passado
pelo Espírito Santo.
Essa afirmação por si só já poderia ter dado o que falar, já que no Tanakh
não aparece nenhuma afirmação que esse reconhecimento de Mashiach por
parte de David lhe foi dado pelo Espírito Santo, porém isso já era de
conhecimento dos sábios. Existe na literatura rabínica algo que aborda essa
ideia de uma forma bem similar:

Da forma como alguém conversa de forma privada com seu Senhor é um


aspecto do Espírito Santo, assim como o rei David, de abençoada memória,
o qual teve grandes virtudes de acordo com o livro de Salmos.
Likutey Moharan, Torah 156:1

David, quando afirma as palavras de Adonai nesse salmo, com certeza


absoluta, lhe foram reveladas pelo Espírito Santo, assim como todas as suas
virtudes que são encontradas no livro de Salmos.
Essa passagem de Likutey Moharan se encaixa como luva naquilo que
Yehoshua afirmou, pois assim que ele disse que a revelação de David
provinha do Espírito Santo, ele cita justamente um Salmo na sequência. A
conexão que Yehoshua tinha com a Torah Oral e com os ensinos rabínicos
são impressionantemente fortes, por isso essa afirmação não causou
estranhezas entre os ouvintes.
UM SALMO DE DAVID
Entender o porquê o Salmo 110 se trata de um salmo messiânico pode
mudar muitas coisas em relação a interpretação das palavras de Yehoshua
neste caso. Para isso, será necessário uma análise estrutural da língua
hebraica usada nesse versículo, assim como algumas comparações com
versículos posteriores do mesmo capítulo.
Uma das formas de exegese rabínica é pela comparação de dois
versículos que utilizam de termos ou palavras parecidas. Em alguns casos
quando isso ocorre, é de costume de alguns rabinos separarem o versículo em
duas partes, parte A e parte B. Com o segundo versículo, o qual foi associado
ao primeiro, o mesmo é feito, divide-se em duas partes, parte A e parte B e
então, conecta-se a parte A do primeiro com a parte B do segundo, e vice-
versa, e assim muitas mensagens ocultas no Tanakh são reveladas.
Além desse método, uma análise de alguns termos desse versículo em seu
original será necessária. Toda palavra hebraica possui uma raiz, essa raiz
normalmente é formada por três letras que compõem essa palavra, quatro em
alguns poucos casos, e através dessas três letras, novas palavras podem ser
formadas. Essas novas palavras, por serem da mesma raiz da original, podem
ser substituídas no versículo em questão, trazendo um novo entendimento.
Vamos olhar para a palavra “meu senhor” que, segundo os rabinos, se refere
a Mashiach:

Por David, um Salmo, disse Adonai | Para o meu senhor (‫)אדני‬: “sente a
minha direita enquanto eu faço seus inimigos o estrado para seus pés”.
Salmos 110:1

Nessa passagem, a palavra “meu senhor” aparece como ADONI (‫)אדני‬,


que é uma forma contraída de ADON SHELI (‫)אדון שלי‬. A palavra ADON
(senhor) tem a mesma raiz da palavra DIN (‫ – )דין‬LEI - a qual também pode
ser YADIN (‫ )ידין‬que é uma forma conjugada do verbo JULGAR, conforme
aparece em Salmos 110:6:

‫ידין בגוים מלא גויות מחץ ראש על ארץ רבה‬


Julgarás (YADIN) as nações, empilhando corpos e quebrando cabeças
distantes e largas.
Salmos 110:6

Agora é possível fazer a divisão de ambos os versículos em partes A e


partes B, pois encontramos uma palavra que os conecta, ADON e YADIN. A
divisória deve ser realizada justamente onde as palavra ADONI (meu senhor)
e YADIN (julgarás) aparecem, pois são de mesma raiz.

Salmo 110:1

PARTE A = Por David, um Salmo, disse Adonai para (ou pelo).


PARTE B = Sente a minha direita enquanto eu faço seus inimigos o
estrado de seus pés.

Salmo 110:6

PARTE A = Julgarás a nações.


PARTE B = Empilhando corpos e quebrando cabeças distantes e
largas.

Um cruzamento entre A com o B oposto e B com o A oposto,


teremos:

1- Por David, um Salmo dito por Adonai, empilharei corpos e quebrarei


cabeças distantes e largas.

2- Julgarás as nações, sente a minha direita enquanto faço seus inimigos


o estrado de seus pés.
Olhando para o número 1, não temos um versículo muito estranho, já no
caso do número 2, aparentemente, ele perde completamente o sentido. Talvez
se o olharmos em hebraico, alguma coisa apareça por trás dessa definição
doida:

‫אשית איביך הדם לרגליך‬-‫ידין בגוים מלא שב לימיני עד‬


Esse é o número 2 em hebraico. Se pegarmos as primeiras letras das três
primeiras palavras (‫ )ידין בגוים מלא‬da esquerda para a direita teremos (- ‫ ב‬- ‫מ‬
‫ )י‬que representa:

Mashiach - ‫ משיח‬- ‫מ‬


Ben - ‫ בן‬-‫ב‬
Yosef - ‫ יוסף‬- ‫י‬

Agora temos um total sentido do que o Salmo fala, se pegarmos o número


2 e substituirmos os termos, teremos o motivo pelo qual esse salmo é visto
como um salmo messiânico:

Mashiach Ben Yosef sentará a minha direta enquanto faço seus


inimigos o estrado de seus pés.

E o versículo 7 continua, confirmando o analisado até o então:

‫כן ירים ראש‬-‫מנחל בדרך ישתה על‬


Ele beberá do ribeiro pelo caminho e ficará de cabeça erguida.
Salmos 110:7

Se pegarmos as primeiras letras das três primeiras palavras (‫ י‬- ‫ ב‬- ‫)מ‬,
porém dessa vez da direita para a esquerda, teremos novamente:

Mashiach - ‫ משיח‬-‫מ‬
Ben - ‫ בן‬- ‫ב‬
Yosef - ‫ יוסף‬- ‫י‬

Igualmente, se substituirmos as três primeiras palavras originais pelo


nome de Mashiach, teremos:
Mashiach Ben Yosef ficará de cabeça erguida.

Para finalizar, uma leitura interligada desses três versículos, 1, 6 e 7,


mostrará a verdadeira revelação de Mashiach, é impressionante:

Por David, um Salmo dito por Adonai: Maschiach Ben Yosef julgarás
as nações sentado a minha direita enquanto farei seus inimigos o estrado
para seus pés, empilhando seus corpos e quebrando suas cabeças distantes
e largas e Mashiach Ben Yosef ficará de cabeça erguida.

MASHIACH BEN YOSEF


Tudo até então é muito bacana, mas os salmos acima falam sobre
Mashiach Ben Yosef e o tratado no relato do livro de Mateus se refere a
Mashiach Ben David. Alguns tópicos sobre Mashiach já foram expostos no
começo desse livro, mas vamos repassar algumas coisas que possam
esclarecer o que acontecia entre aqueles sábios e Yehoshua.
Olhando apenas para Mashiach Ben Yosef, dizem os sábios que seu
principal objetivo é preparar o Povo de Israel (não estamos falando de judeus
aqui) para a redenção e levá-lo ao nível espiritual apropriado para a vinda de
Mashiach Ben David através do ensino de Torah. Essa redenção significa
arrependimento, a qual causará a vinda de Ben David. Conforme afirmam os
sábios:

“Ele anuncia salvação”, está escrito no singular porque se refere a


Mashiach Ben Yosef.
Kol HaTor 2:81

“Trará um redentor” – Essa é a missão de Mashiach Ben Yosef


Kol HaTor 2:84

Mashiach Ben Yosef preparará o mundo para a vinda de Ben David. Ele
realizará milagres, curas e maravilhas, sua figura causará discórdias e muitas
guerras, causando Edom a se levantar contra Israel, sendo ele destruído por
Mashiach Ben David. Isso é uma alegação interessante, pois o termo Edom,
na literatura judaica, se refere às nações cristãs, as quais são antissemitas em
suas essências.
Outro ponto sobre Mashiach Ben Yosef é que, para que sua obra seja
completa, ele deve conhecer a morte. Devemos ter em mente que não existem
dois Mashiachim (plural de Mashiach), mas apenas um. A distinção de Ben
Yosef e Ben David é dada pela diferença das missões dele. Enquanto o Ben
Yosef trará redenção a Israel e passará pela morte, Ben David trará o
julgamento sobre as nações, irá separar o bom do mal e irá reinar em
Jerusalém, trazendo uma era de paz ao mundo.

A “PEGADINHA”
Yehoshua quando questionou os sábios fez uma pegadinha, pela qual ele
queria mostrar, mesmo que de uma forma bem indireta, que sua missão de
Mashiach não era exatamente como eles esperavam.
Quando abordamos as discórdias entre Yehoshua e Yohanan, o imersor,
vimos que a visão e expectativa que Yohanan tinha em Mashiach não
estavam sendo “concretizadas” por Yehoshua, o que gerou dúvidas na cabeça
de Yohanan a seu respeito, isso porquê o imersor esperava um Ben David.
Essa expectativa não era apenas de Yohanan, mas de todo o povo judeu, de
todos os fariseus, de todos os rabinos e de todos os sábios, pois para eles
Mashiach Ben Yosef já tinha vindo, como dito por Rabbi Saadiah Gaon:

Rabbi Gaon nota que: Josué é Mashiach Ben Yosef, assim como Esdras e
Nehemias tiveram a missão de Mashiach Ben Yosef.
Kol HaTor 2:116

Para muitos dos sábios, Josué Bin Nun foi Mashiach Ben Yosef e
portanto, o Mashiach agora teria que vir na forma de Ben David.
Quando Yehoshua faz menção a esse Salmo, ele, de uma forma indireta,
estava apontando um erro de interpretação do judaísmo da época, a pergunta
que deixa os sábios sem resposta é justamente referente a obra que vinha
fazendo Yehoshua nos conformes ao esperado de Ben Yosef, o qual, os
rabinos já diziam que tinham vindo, causando grande confusão na mente
deles.
Os relatos dos feitos de Yehoshua no livro de Mateus são bem
compatíveis com as descrições rabínicas sobre Mashiach Ben Yosef, seus
ensinos, abertura de portas aos estrangeiros, redenção, salvação, morte e
trazer guerras. Fora o nome completo de registro de Yehoshua, Yehoshua
Ben Yosef.
Assim temos as respostas das perguntas iniciais, ele mencionou esse
Salmo para revelar que os ensinos rabínicos de que Mashiach Ben Yosef já
tinha vindo estavam equivocados e que sua missão era de Ben Yosef e não de
Ben David, como eles esperavam.

ARGUMENTOS
O Salmo 110 é um agregado de versículos místicos, o estudo que fizemos
sobre eles nos revela algumas coisas referentes as diferenças entre Adonai e
Mashiach, e qual o alcance de sua missão.
O Salmo nos conta que a missão de Mashiach será de julgar as nações, já
a de Adonai, de subjugar as nações sob seu pés. Mashiach, se fosse “deus”,
não necessitaria de Deus para subjugar as nações, ele faria por si próprio,
assim como assentar a direita de si mesmo é um tanto inexplicável.
A diferença entre um e outro é clara, de certo Mashiach tem uma alma
espiritualmente elevada e uma essência divina, porém Adonai é Deus e
Mashiach é Mashiach, sendo ele Ben Yosef ou Ben David.
◆◆◆
SEÇÃO XLII
TAKANOT

Sobre a cadeira de Moises se assentam os fariseus e os sábios.


E agora, tudo que ELE disse para vocês, observem e façam, porém as
suas TAKANOT e suas MA´ASSOT não as escutem, pois eles dizem mas não
fazem.
Eles exigem e colocam grande fardo (nos ombros de homens) que não
conseguem suportar, mas eles mesmos não pretendem sequer mover um dedo
(para fazê-las).
Mateus 23:2-4

Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.


Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais
conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos
homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Mateus 23:2-4 ALMEIDA
O capítulo 23 do livro de Mateus é repleto de ensinos diretamente
voltados aos talmidim de Yehoshua, logo no começo ele já caracteriza em
poucas palavras o tipo de instrução na qual ele se baseará. Infelizmente, o
tradutor que fez a tradução desse livro para o grego teve alguns problemas de
atenção referente a alguns pequenos detalhes da língua hebraica, a qual gerou
uma enorme bagunça nesse ensino.
Algumas bíblias em português possuem subtítulos entre versículos para
facilitar o entendimento daquilo que será abordado. No caso dessa parte, o
subtítulo que encontrei em diversas bíblias se refere ao ensino de Yehoshua
sobre a hipocrisia. Porém, se lermos com muita atenção a tradução que temos
em português, esse ensino sobre hipocrisia é um pouco obscuro, pois,
Yehoshua ao falar: “tudo que vos disserem, isso fazei e observai”, na
verdade, ele está ensinado não contra a hipocrisia, mas está fazendo apologia
a mesma, ou seja, ele ensina a seus talmidim a serem hipócritas, fazendo o
que os fariseus dizem, mas não fazer conforme eles fazem. Apenas nos basta
um pouco de bom senso e uma boa interpretação de texto para que possamos
enxergar esse absurdo que uma má tradução causou e que poucos percebem.
Para entendermos a origem do erro, devemos olhar para o texto em
hebraico, no versículo 3 temos:

‫כל אשר יומר לכם‬


KOL ASHER YOMAR LACHEM
Tudo que ele disse para vocês...

e o que o tradutor escreveu foi:

‫כל אשר יומרו לכם‬


KOL ASHER YOMRU LACHEM
Tudo que eles disseram para vocês...

Uma diferença de uma pequena letra hebraica, a letra VAV (‫)ו‬, que é
uma das menores letras do hebraico. Isso fez total diferença, pois YOMAR
(‫ )יומר‬significa DISSE, terceira pessoa do singular e YOMRU (‫)יומרו‬
significa DISSERAM, terceira pessoa do plural.
Yeshoshua, em nenhum instante, ensinou para que seguissem aos fariseus
e nem sobre hipocrisia, isso não fazia parte desse ensino, por isso ele faz uma
citação sobre a cadeira de Moisés, pois, apesar dos fariseus estarem agora
sentados sobre a cadeira de Moisés, ele (MOISÉS) ainda tem autoridade,
então façam e observem tudo o que ELE (MOISÉS) disse e não os que os
fariseus dizem.
Para que isso fique mais claro, devemos entender mais sobre os termos
utilizados por Yehoshua nessa parte, termos que foram pobremente
traduzidos por alguém que claramente não conhecia o judaísmo do primeiro
século.

TAKANOT x MA´ASSIM
Depois de instruir seus talmidim de fazerem e observarem o que disse
Moisés, Yehoshua continua dizendo que eles não devem fazer as Takanot e
Ma´assim dos fariseus. Apesar de tais termos terem sido traduzidos como
“obras”, suas versões originais são repletas de significados que não podem
ser traduzidos, isso mostra mais uma vez como o tradutor tinha um
conhecimento muito pobre sobre a sociedade na qual Yehoshua estava
inserido e como isso foi danoso para a formação da teologia cristã.
No jargão farisaico, o termo TAKANOT significa “decretos, reformas” e
mais especificamente “reformas sobre as leis bíblicas”. Como todos sabemos,
qualquer reforma busca algum tipo de mudança e com as TAKANOT não são
diferentes, são mudanças proposta pelos rabinos para adaptação de
determinadas leis ao cotidiano no qual elas estão inseridas.
Os rabinos distinguem muito bem as leis da Torah e as leis que eles
inventam, vou usar um bom exemplo muito comum no meio do judaísmo
ortodoxo dos dias de hoje.

...Não cozerás o cabrito no leite de sua mãe.


Deuteronomio 14:21b

De todo o caso, a Torah não proíbe apenas cozinhar carne no leite.


Porém, é proibido comer ambos juntos, mesmo se comer ambos sem salgar é
proibido pela lei rabínica, além disso, deve-se esperar entre comer carne e
leite.
Shulchan Arukh, Yoreh De´ah 87:4b
No judaísmo ortodoxo é expressamente proibido comer carne com
qualquer tipo de alimento derivado do leite. Para uma cozinha ser totalmente
kasher, de acordo com as leis judaicas, deve-se ter duas geladeiras diferentes,
uma só para carne e outra para produtos lácteos, assim como duas pias
diferentes, o contato um com o outro já torna o alimento impróprio para
consumo.
Tal regra foi baseada no versículo que temos acima, onde Adonai proíbe
cozer a carne do cordeiro no leite de sua mãe (também em Êxodo 23:19 e
Êxodo 34:26) e a partir daí, os rabinos criaram leis extremamente restritas em
relação ao consumo e até mesmo, o contato de carne com leite, essa proibição
engloba quaisquer tipo de carne, inclusive as de aves, que não são nem ao
menos mamíferos.
Tais costumes, dentre muitos outros, conhecidos como TAKANOT, são
os primeiros pontos que Yehoshua vai contra, alterações das leis da Torah por
mãos humanas. Ele não ensinava contra a Torah, como muitos pensam, mas
ele ia contra a alguns tópicos da teologia judaica, leis e teorias criadas por
homens. Devemos ter em mente que isso ocorre em todas religiões,
principalmente no cristianismo, por isso que existem diversas correntes
cristãs muito diferentes, devido as TAKANOT cristãs.
Esse termo aparece em uma outra passagem do livro de Mateus e
Yehoshua traz mais uma opinião a respeito das TAKANOT:
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o
mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
Mateus 15:3 ALMEIDA

E disse Yeshua a eles: Porque vocês não respeitam a Torah de EL


por causa das suas TAKANOT?
Mateus 15:3
Yehoshua acusa aqueles que seguem as leis feitas por homens, teologias,
teorias bíblicas e tudo aquilo que não está explicito na Torah de EL, como
sendo pessoas contrárias a Ele. Porém, por mais uma vez, somos vítimas de
más traduções feitas por pessoas claramente despreparadas.

Outro termos citado por Yehoshua é a palavra MA´ASSIM, tal termo era
muito comum no judaísmo do primeiro século e significa algo como
“precedentes” ou “atos feitos”. Esse termo é único e profundo, não me
surpreende que o tradutor para o grego não tinha a menor ideia do se tratava e
traduziu com o termo genérico “obras”. Mas quando Yehoshua menciona
isso, ele está falando de algo bem específico.
Para que possamos entender o que é Ma’assim, devemos olhar para
alguns exemplos. Quando um fariseu se depara com alguma situação, na qual
ele não sabe como a lei deve ser aplicada, ele vai sanar essa dúvida olhando
para as atitudes de seus precedentes, sendo eles sábios da Torah Oral ou
alguns de seus professores. Por suporem que os sábios e os mestres são
pessoas sem pecados, esse fariseu procura momentos nas vidas deles, onde
se depararam com uma mesma situação na qual esse fariseu se encontra e
assim, age da mesma forma que esse sábio ou rabino agiu.
Vamos a alguns exemplos no talmud:

Ma´asseh Rabi – Ma´asseh é um professor


Talmud da Babilônia, Tratado Sabbath 21a

Um exemplo um pouco mais prático. No Shabbat, além de ser


proibido trabalhar pela Torah, também é proibido fazer com que outros
trabalhem, sejam judeus ou gentios.
Vamos supor que esse fariseu precisa descer de um barco em um
Shabbat, então um gentio coloca uma rampa entre o barco e a praia para que
todos desçam. O gentio realiza um trabalho colocando a rampa e se o judeu
usá-la, poderia estar cometendo um pecado, então o que fazer?

Se um gentio fizer uma rampa em um Shabbat para desembarcar de um


navio, que o judeu desembarque apenas depois dele. Se a rampa foi feita
especificamente para o judeu, então é proibido. Houve um incidente no qual
Rabbi Gamliel e os anciães estavam viajando e um gentio fez um rampa em
um Shabbat para desembarque e Rabbi Gamliel desembarcou por ela.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 122a

Resolvido, basta a esse fariseu, que está com duvida no que fazer,
olhar para outros homens. Rabbi Gamliel realmente era um homem tzadik em
seu tempo, foi o grande mestre de Paulo e seu nome é mencionado no livro
de Atos.
Agora temos um ideia melhor do termo MA´ASSIM usado por
Yehoshua. É o habito de olharem para outros homens, que eram considerados
corretos, para saber o que fazer em relação as leis judaicas e TAKANOT.

EINAM OSSIM
Nas últimas palavras do versículo 3, aparecem algumas palavras
particularmente interessantes.

“Pois dizem, mas não fazem”

O que será que Yehoshua quis dizer com isso? O que eles dizem? O que
eles não fazem? A sensação que tenho, quando leio em hebraico, é que falta
alguma coisa, alguma informação ficou implícita naquilo que Yehoshua
estava falando.
Como já disse antes, além dos problemas das traduções, é impossível
entendê-lo sem um amplo conhecimento do Tanakh. Yehoshua faz uma
citação muito sutil, mas vastamente conhecida no meio judaico sobre o livro
de Reis, deixando o próprio livro de Reis dar o recado daquilo que ele quer
ensinar. Uma forma indireta, mas muito certeira.

Até os dias de hoje, eles fazem conforme os primeiros costumes; não


temem a Adonai e "não fazem" (einam ossim); como os estatutos, como as
ordenanças e como a Torah...
2 Reis 17:34a
Na época que esse livro foi composto, dez das tribos de Israel já haviam
sido exiladas e em seu lugar, o império Assírio trouxe pessoas de
descendência babilônica, de passado totalmente pagão, as quais acabaram
absorvendo diversos costumes judaicos e conhecimento do Deus de Israel e
da Torah, tais pessoas ficaram conhecidas mais tarde como os Samaritanos.
O problema é que, para uma mentalidade idolatra, adorar diversos
deuses é algo comum. Então, ao mesmo tempo que adoravam ao Deus de
Israel durante o dia, adoravam seus antigos deuses durante a noite e isso
gerou diversas repreensões por parte de Israel e do próprio Deus, uma delas é
a que lemos na passagem citada acima, onde, pelo fato de não temerem a
Adonai, muitos dos samaritanos continuavam na prática pagã que possuíam
antes de conhecerem ao verdadeiro Deus.
Mas o que quero abordar aqui é a forma como foi escrito esse
versículo, EINAM OSSIM é exatamente o mesmo termo usado por Yehoshua
no final do versículo 3, a tradução literal do hebraico por parecer um pouco
estranha, dá a impressão que os samaritanos não faziam de acordo com os
próprio costumes pagãos, porém é justamente o contrário, eles EINAM
OSSIM (não fazem) conforme a Torah.
Tal termo era de uso comum no judaísmo do primeiro século para
sutilmente se referir a alguém que não respeita e não observa a Torah.
Yehoshua estava dizendo que, assim como os samaritanos de antigamente
tinham costumes contrários a Torah, alguns dos fariseus tinham suas próprias
leis e estatutos, aos quais seguiam e ensinavam. Ao mesmo tempo que
falavam sobre a Torah, não faziam a Torah, pois não temiam a Adonai.
O que Yehoshua ensina é que, aquele que o segue, deve seguir o que
falou Moisés e não através de TAKANOT e MA´ASSIM. O mesmo também
é válido no cristianismo, que sofre do grande mal chamado teologia,
costumes cristãos e teorias doutrinárias, pois quem as fazem, além de não
seguir Torah, mostra falta de temor a Adonai, pois são claramente contrárias
a Torah.
Agora o versículo 4 fica claro. Tal verso foi vastamente usado por
muitos teólogos cristãos para afirmar que a Torah era um fardo, que era
colocado sobre os ombros e ninguém conseguia carregar. Mas o que
Yehoshua chamou de fardo foi justamente as leis rabínicas, que realmente
são um fardo, são tantas, mas tantas, que a pessoa que procura seguir a todas
não consegue fazer mais.nada, por isso que muitos dos ortodoxos de regiões
como Meah Shearim e Bnei Brakh não trabalham, pois não dá tempo.
Uma lei ou regra só se torna um fardo na vida de alguém quando essa
lei, de alguma forma, incomoda, proibindo ou inibindo algo que esse
indivíduo gosta de fazer. Se a as Leis da Torah representam um fardo na vida
de alguém, esse alguém precisa urgentemente revisar sua vida
comportamental perante o Criador, pois a lei aponta justamente aos nossos
erros e isso incomoda.
◆◆◆
SEÇÃO XLIII
TEVILAH

Vergonha a eles, sábios e fariseus, que dizimam menta, dill e romã.


Mas que cometem roubos. É melhor honrar as sentenças da Torah, que
são: Chessed, a verdade e a fé. A Torah é digna de ser seguida, nunca
se esqueçam disso.
Sementes de líderes cegos, quem anda no caminho estreito como um
mosquito e consegue engolir um camelo?
Vergonha a vocês fariseus e sábios, que submergem os copos e os
pratos por fora e por dentro está cheio de maldades e impurezas.
Hipócritas, primeiro limpem dentro de vocês e então serão puros
por fora.
Mateus 23:23-26

O que temos aqui, é uma mandamento da Torah, muito praticado por


judeus mais religiosos, sendo usado de exemplo para uma crítica ao
comportamento de algumas pessoas ao redor de Yehoshua. Esse mandamento
que ele menciona chama-se TEVILAH e trata da “kasherização” de utensílios
domésticos. Antes que algum utensílio possa ser usado em uma cozinha, ele
necessita atingir um certo nível de “santidade” e para tanto, necessita passar
por um ritual de imersão conforme determinado pela Torah:

Qualquer utensílio que aguente fogo, esses você deve passar por fogo e
eles serão purificados, exceto quando eles precisam ser purificados com a
água da separação, e tudo que não pode passar pelo fogo você deve passá-lo
por água.
Números 31:23

A halachah determina diversas regras sobre a imersão dos utensílios. O


lugar da submersão, também chamado de Mikveh, deve ser construído de
acordo com as medidas estipuladas pelos rabinos, a água que deve ser usada,
deve ser uma água proveniente de uma fonte natural, como da chuva por
exemplo, esse ritual é chamado de TEVILAH, proveniente da palavra
hebraica TOVEL – imergir.
Também segundo a halachah, nem todo utensílio deve passar pelo
processo de tevilah, apenas aqueles que não são fabricados por judeus ou se
já pertenceram a algum gentio. A tevilah não tem o propósito de lavar ou
limpar o item, é apenas um ritual para a purificação do mesmo, tornando
assim a cozinha kasher.

Ele também ressalta que utensílios provenientes de algum não judeu


estão sujeitos a imersão de acordo com os decretos rabínicos.
Problemas Halakhicos contemporâneos, Vol. V, Capítulo XII

A Torah realmente determina que todo utensílio adquirido deve passar


por uma imersão, mas só, não determina nada além disso. Com base nessa
mitzvah, os rabinos criaram inúmeras leis e regras em relação a esse ritual. De
qualquer forma, se é envolto de leis rabínicas ou não, Yehoshua não expressa
nenhuma opinião a esse respeito, mas pelo fato de citar tal determinação da
Torah, temos mais um prova da importância que ele dava até aos menores e
mais simples mandamentos da Lei, conforme já levantado antes.
Yehoshua usa a tevilah como um exemplo para atacar alguns fariseus, os
quais possuem aparência de justos, porém são podres por dentro. Tal crítica,
infelizmente, abrange a todas religiões e religiosos, pois muitos usam a
máscara da religião e de suas regras para esconderem suas verdadeiras faces.
Qualquer religião, seja ela qual for, é um terrenos fértil para o indivíduo
esconder sua verdadeira natureza usando regras, teorias e teologias criadas
pelo homem, por isso muitas se disseminaram tão rapidamente mundo afora,
muito mais rápido que aquilo que foi determinado por Deus em Sua palavra.
A Torah não é um livro que serve apenas para ser seguido, mas é um livro
que serve para ser seguido a partir do momento em que houver total fé e
certeza nela, para que assim, o observante possa ser purificado por dentro
através de seus ensinos.

MENTA, ROMÃ, DILL


Romã é uma fruta vastamente encontrada em Israel, dizem os sábios que
a romã representa a própria Torah, pois assim como a Torah possui 613
mandamentos, toda romã possui 613 sementes. O rei Salomão possuía um pé
de romã no jardim atrás de seu palácio e os entalhes no topo das colunas do
Templo eram de romãs, um símbolo muito usado dentro do judaísmo.
O dill, em hebraico é shevet. Shevet era um planta com um bom valor
econômico, sendo seu plantio a renda de muitas famílias em Israel, conforme
relatado pelo Talmud:

Ele disse a ele: nós temos um tipo de tempero chamado dill (shevet), o
qual pode ser colocado em pratos cozidos e sua fragrância se difunde. O
imperador o disse: nos dê um pouco disso.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 119a

Já a menta, nesse caso, aparece em hebraico como (‫ )נמנע‬que também


significa abstenção. Fica um pouco obscuro a real intenção de Yehoshua ao
usar esse termo, mas a menta não deixa de ser um tipo de erva do campo, o
qual é diretamente citado pela Torah:

Você deve separar todo ano um décimo de toda erva que nasce no
campo.
Deuteronômio 14:22

O que devemos observar é o motivo pelo qual Yehoshua cita


especificamente esses itens, ele poderia ter dito pratas, ou moedas, ou figos
ou qualquer outra coisa.

Esses são aqueles que nós somos lenientes com Demai (produtos dos
quais os dízimos devem ser tirados): figo selvagem, romã, maça, figos
brancos, fruta da sycamore, menta, dill e alcaparras.
Mishnah Demai 1

Essa passagem da Mishnah, que trata sobre dízimos, ressalta alguns itens
que exigem cuidados para se ter certeza se foram tirado o dízimo. Esse estudo
contínua de uma forma muito longa e relata o motivo de cada um desses itens
serem tão importantes e seus significados. O dízimo da romã representa os
10% que deve ser dado a Deus através do estudo da Torah, a menta
representa os 10% que devem ser dados a Deus através dos bens materiais e o
dill representa os 10% que devem ser dado a Deus através da abstenção dos
prazeres da carne, mesmo que não sejam proibidos pela Torah.
Yehoshua levanta um tema interessante, apesar de não estar falando
especificamente disso, ele cita tais itens, pois eram de comum conhecimento
e facilmente associados aos dízimos a Deus e a simbologia que cada um
tinha, Torah, dinheiro e prazeres.

CHESSED, VERDADE E FÉ
Antes de mais nada, a definição do termo hebraico Chessed é necessário.
Esse tópico já foi abordado nesse livro, porém o colocarei aqui mais uma vez.

Chessed, a graça
Em uma tradução direta, a palavra chessed é exatamente o que temos
hoje como graça, porém a graça bíblica não é bem aquela definida pela igreja.
Esse é um tema muito delicado, mas de vital importância, pois é a má
compreensão da graça que afasta muitos daqueles que buscam a Deus de
Seus verdadeiros caminhos. A graça na vida de muitos cristãos serve de
muleta e de desculpa, pois torna a fé e o servir a Deus tudo muito relativo.
A graça, ao contrário do que muitos acreditam não foi algo inventado pela
igreja, nem tão pouco algo inventado por Yehoshua, mas é um conceito
antiquíssimo que se encontra na própria Torah. Vamos abordar as principais
diferenças da graça cristã e da graça bíblica.
Contrariando o que muitos cristãos pensam, quando acreditam que a
graça foi algo que veio com jesus, a Torah já trazia esse conceito há muitos
anos antes:

Então orou: "SENHOR, Deus do meu senhor Abraão, dá-me neste dia
bom êxito e seja bondoso (chessed) com o meu senhor Abraão.
Genesis 24:12

Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tuas
misericórdias (chesssed).
Salmos 31:16

A palavra em hebraico para graça é CHESSED (‫)חסד‬. Se observarmos


essas duas passagens, uma da Torah e outra do Tanakh, veremos que o termo
graça aparece nas duas, porém, em suas respectivas traduções, temos outros
termos, bondade e misericórdia.
Rav Ben Iehuda em nome de Rav Pinchas diz: são 613 mitzvot
(mandamentos) de Hashem, sendo Seus santos mandamentos basicamente
duas leis. 365 são negativos, que realizando-os, estaremos em pecado
perante Aquele que É, Bendito Seja, e assim necessitaremos de Sua
CHESSED (Misericórdia). Outras 257 mitzvot (mandamentos) são positivos,
que realizando-os, teremos Sua CHESSED (bondade), onde teremos o favor
Daquele que É, Bendito Seja, para que vivamos a glória de Adonai sobre a
Terra.
Talmud da Babilônia, tratado Brakhot 2b

Segundo os sábios, o Talmud, a Torah e o Tanakh, a graça pode ser


entendida como duas coisas, a bondade de Deus e a misericórdia de Deus,
ambas são atributos gratuitos de Deus e de certo, homem nenhum os merece.
Ao mesmo tempo que a palavra CHESSED em hebraico se associa a duas
coisas distintas, acabam sendo também próximas, a obediência e a
desobediência.
Quando realizamos um mandamento positivo da Torah, aqueles que
Deus comanda que façamos, então, receberemos o CHESSED (bondade) de
Deus em nossas vidas. Se por outro lado, realizarmos um mandamento
negativo, ou seja, se fizermos aquilo que Deus manda não fazer e nos
arrependermos de tal ato, teremos a CHESSED (misericórdia) de Deus em
nossas vidas. Essa é a verdadeira graça de Deus.
A graça é algo totalmente e exclusivamente ligado a Palavra de Deus
e a Suas Leis, a verdadeira graça não existe sem a Torah. Diferentemente da
graça cristã, a graça bíblica exige obediência ao Criador, exige buscá-Lo,
exige seguir Seus caminhos e não é algo relativo, que existe apenas dentro do
ser humano, mas é algo que vai além do coração do homem, se torna palpável
e visível por todos muitas vezes. A graça existe desde quando a Torah foi
entregue. As Leis de Deus e a graça andam e sempre andarão de mãos dadas,
qualquer graça que não esteja ligada a Palavra de Deus é uma graça
mentirosa e manipuladora.

Verdade
A palavra verdade em hebraico é EMET (‫ )אמת‬e é uma das poucas
palavras sem plural na língua hebraica, pois verdade, só existe uma, a palavra
de Deus.

E por último, temos a fé, que é totalmente ligada a palavra de Deus:

A Torah representa a fé absoluta no Criador e a aceitação de Sua justiça.


Talmud da Babilônia, Tratado Pesachim 113b

Suas palavras deixam bem claro que por mais que cumpramos os
mandamentos de Deus, se não os fizermos de coração, com verdadeira fé no
Criador, de nada adianta.
Yehoshua levantou as maiores representações da Torah, a bondade e a
misericórdia de Deus, a única verdade acima de qualquer teologia humana e a
fé no Todo Poderoso. Essas são as maiores honras da Torah. Por isso,
segundo Yehoshua, ela é digna de ser seguida, que nunca nos esqueçamos
disso.
◆◆◆
SEÇÃO XLIV
LÍDERES CEGOS

Sementes de líderes cegos, quem anda no caminho restritos como um


mosquito e consegue engolir um camelo.
Mateus 23:24

Condutores cegos! Que coa um mosquito e engole um camelo.


Mateus 23:24 ALMEIDA

Eu coloquei a tradução do original lado a lado com a tradução mais


comum da língua portuguesa, justamente para podermos ver uma diferença
quase impercebível. Logo na primeira parte, na versão Almeida, Yehoshua
chama seus ouvintes de “condutores cegos”, pessoas que não enxergam e que
tendem a guiar outros pelos mesmos caminhos tortuosos. Já no original,
Yehoshua não os chama de “cegos”, mas sim de “sementes de líderes cegos”,
ou seja, ele ataca não sua plateia, mas sim aos sábios que educaram a muitos
que ali estavam, atacando assim não a pessoa, mas a linha de pensamento
farisaica a qual eles faziam parte. Pode parecer pouco, mas é interessante
entendermos essa diferença e qual é, segundo a mentalidade judaica, o
problema em se ter um líder “cego”.
Segundo a Cabala e o livro Zohar HaKadosh, existem 50 portões de
impurezas que representam atitudes extremamente mundanas, as quais levam
o indivíduo cada vez mais para baixo, sendo os mais profundos conectados
com a idolatria, sacrifício pagão e assassinato. Os sábios do Zohar contam
também que quem atinge o portão 50º não terá mais retorno e sua condenação
será eterna.
O Zohar afirma que o povo hebreu, quando estava no Egito, atingiu o 49º
portal, por esse motivo que a redenção e a entrega da Torah não aconteceram
naquelas terras. Para que Deus não perdesse Seus escolhidos, os tira no
momento exato de lá. Isso tudo aconteceu com o povo, pois eles não tinham
líderes espirituais aptos após Yosef, filho de Yaakov, e portanto sobraram
apenas aqueles que tinham pouco conhecimento de Deus que, segundo o
Zohar, eram “líderes cegos”. Esse termo não é criação desse livro, mas ele
retoma esse dizer do seio judaico e dá uma explicação mais mística para ele.
O mal que um cego (leia-se pecador) causa é misticamente explicado pela
Torah, no livro de Deuteronômio:

‫וירעו אותנו המצרים‬....


Os egípcios nos fizeram mal...
Deuteronômio 26:6a

Quando lemos essa passagem, logo entendemos que o Egito fez muito
mal ao povo hebreu, causou grande dor e sofrimento entre os descendentes de
Yaakov. Mas não é bem isso que está escrito literalmente na Torah.
Temos o termo (‫ – )אותנו‬otanu – traduzido como “nos”. Se fosse para
dizer que “nos fez mal” ou “nos faz qualquer coisa” deveria ser usado (‫– )לנו‬
lanu – no lugar de otanu. O significado com o uso do otanu muda um pouco,
a Torah não diz que “os egípcios nos fizeram mal”, mas sim “os egípcios nos
tornaram maus” e isso muda tudo.
O que a Torah está revelando aqui é que os egípcios não só fizeram mal
ao povo, mas também tornaram esse povo mal, longe de Deus e de Seus
caminhos. Mas a pergunta é: como os egípcios tornaram o povo mal? A
Torah também responde. A palavra usada nessa passagem, traduzida como
“fizeram mal” é (‫ – )ירעו‬yar’u – através da raiz dessa palavra, teremos o
termo (‫ )רעות‬que significa “companhia”, “influência”.
O mal que os egípcios causaram sobre o povo hebreu está bem claro e
detalhado na Torah, porém foi a influência que eles exerciam sobre o povo
que o tornou mal, levando-o aos mais baixos graus de impurezas.
Voltando a Yehoshua, quando ele chama o pessoal de “sementes de
líderes cegos”, ele afirma que os seus mestres eram cegos e por isso, aqueles
que o escutavam, foram feitos cegos e eles ainda farão seus seguidores cegos
e assim por diante, pois segundo a Torah, a companhia de “cegos” torna as
pessoas ao seu redor “cegas”, conforme aconteceu com o povo hebreu
enquanto estava no Egito.
Essa é uma lição que devemos adotar para a vida em relação a escolha de
amizades, relacionamento, líderes, igreja, sinagoga, o que for, pois eles
exercerão enorme influência sobre quem fica embaixo de suas asas. Portanto,
um conhecimento de Torah é essencial, pois é através dele que veremos se o
lugar que frequentamos realmente serve a Deus ou só possui aparência de
santo.

MOSQUITOS E CAMELOS
A diferença entre ambos é óbvia, o mosquito é um inseto minúsculo,
enquanto o camelo é um enorme animal. Mas Yehoshua, ao usar esses
termos, diz que esses líderes são tão restritos e exigentes que não deixam nem
ao menos um mosquito passar, e por outro lado, vivem uma vida tão sem
restrições que até camelos passam.
Mas me chamou muito a atenção essa comparação que Yehoshua fez, de
tantos opostos que ele poderia usar, abordou justamente o mosquito e o
camelo. Isso me fez lembrar de um pequeno ensino de uma compilação
judaica chamada Yalkut Shimoni:

O solo será amaldiçoado por você caso mude um mosquito na Torah. E


lhe trará condenações como um camelo...
Yalkut Shimoni Torah 32

Bom, vamos lá. Yehoshua primeiro diz que aqueles que vem de escolas
de cegos, também são cegos e ensinarão a outros a serem cegos. Então ele
critica a hipocrisia deles, dizendo que por fora são restritos, não deixando um
mosquito passar sequer, mas por dentro tão liberais que um camelo enorme
consegue passar. Eu vejo isso muito nos dias de hoje, existem muitos
pseudos-religiosos que tem uma pompa toda ortodoxa e quem vê de fora, tem
a impressão que levam uma vida nos conformes da Torah. Essas pessoas
acabam virando exemplos ao próximo e chegam até ao ponto de ensinarem
sobre toda a demanda da lei judaica com uma restrição ímpar. Mas por outro
lado, quando vem os problemas, principalmente financeiros ou quando muito
poder é colocado em suas mãos, esquecem completamente a Torah que
ensinam, são gananciosos, egoístas e arrogantes.
Isso não é algo exclusivo do judaísmo, podemos ver em toda e qualquer
religião, pessoas mostrando reverência e restrição em relação as regras
religiosas, mas por dentro são sujos e sacanas, ao ponto de todas essas
restrições se tornarem tão amplas em seus atos, que até um camelo passa.
Por outro lado, segundo a minha interpretação pessoal, ele usa esses dois
exemplos, pois ambos já possuíam essa analogia dentro dos ensinos
rabínicos. Essa analogia não trata apenas de serem restritos, mas também do
tamanho do erro em comparação ao tamanho do preço, ou seja, altera um
mosquito na Lei e o preço a pagar é do tamanho de uma camelo.
Usando um linguajar típico rabínico, ele consegue dar um recado mais
íntimo sobre hipocrisia e a cegueira, que nada mais é do que colocar as leis
humanas sobre as Leis de Deus, alterando-as de diversas formas e assim
amaldiçoando a terra e condenando àqueles que os escutam.

Apesar de um ensino simples, quando olhamos para traduções ocidentais


que temos hoje, fica bem difícil de entender o básico muitas vezes.
◆◆◆
SEÇÃO XLV
DO LESTE A OESTE

Ainda disse a eles Yeshua: assim como o raio sai do leste e é visto no
oeste, assim será a vinda do filho do homem.
Mateus 24:27

Nada é por acaso, o acaso é algo que só existe no dicionário e na


imaginação popular. Yehoshua poderia ter usado diversos exemplos para
falar que a vinda do filho do homem será vista por toda a terra. Mas como ele
sempre fala em mistérios, precisamos olhar misticamente para a Torah para
entendermos seu linguajar místico.
O que mais me chamou a atenção foi que ele falou que será como um
raio, que saíra do leste com direção a oeste e isso tem uma conexão profunda
com algumas coisas sobre Deus.

A VOZ DE DEUS
E ouviram a voz de Adonai Elohim, que passeava no jardim pela viração
do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença de Adonai Elohim,
entre as árvores do jardim.
Genesis 3:8

Esse é um versículo cheio de mistérios, até porque se fizermos uma


tradução ao pé da letra, vai dar um tom totalmente sem sentido em
comparação àquilo que estamos acostumados a ler. Vou colocar a tradução
no sentido literal e quero poder analisar alguns termos utilizados.

E ouviram a voz de Adonai Elohim se retraindo em direção ao vento do


dia e se esconderam, o homem e sua mulher, de perante da face de Adonai
Elohim no meio das árvores do jardim.
Genesis 3:8

Apesar de parecer algo sem pé nem cabeça, temos grandes mistérios


escondidos nessa passagem. Infelizmente com as traduções perdemos esse
acesso. Se prestarmos a atenção, temos uma ideia completamente nova
daquilo que estava acontecendo, Adam e Eva não simplesmente ouviram a
voz de Deus ecoando pelo jardim, como quando alguém que está na sala
chama alguém que está no quarto quando a janta está pronta, mas eles sentem
a voz de Deus ecoando para fora do jardim, como se ela estivesse se
retirando. Pergunto, será que isso que a Torah chama de voz, é realmente
uma voz no sentido literal da palavra?
O verbo usado para movimento em hebraico é LALECHET (‫)ללכת‬,
porém nessa passagem temos a palavra MITHALEKH (‫ )מתהלך‬sendo
utilizada como verbo de movimento, o que é pouco usual. A diferença entre
um e outro é que no caso de mithalekh, o espaço onde o movimento acontece
é limitado dentro de uma determinada área. Podemos entender daí que o
movimento feito pela “voz” de Deus se move de uma forma, como que, ela se
retirasse de uma área determinada onde ela já “habitava”.
Outro termo interessante é o LERUACH HAYIOM (‫– )לרוח היום‬
vento do dia - esse termo só pode significar duas coisas, ou “direção que
nasce o sol, Leste” ou “direção que o sol se põe, Oeste”. Segundo a tradução
aramaica de Onkelos, esse termo se refere ao lugar onde o sol se põe. Então,
a “voz” de Deus que se movia em movimento de retirada do lugar pré-
determinado onde já se encontrava, se movia em direção a Oeste. Se
olharmos para o Templo de Salomão, a única coisa que temos hoje é apenas
um muro que fazia parte do Templo, esse muro hoje é importante, pois,
segundo os sábios, a presença de Deus está ali, porque quando ela saiu do
Templo, saiu em direção a esse muro e como foi o último lugar do Templo
que ela tocou (pelo fato do muro ser a “borda” da área sagrada do Templo) ali
ela manteve parte de Sua presença. E esse muro é justamente o MURO
OESTE. Resumindo, a voz nada mais é do que a Shekhinah de Deus, Sua
presença, que saiu do jardim pelo lado Oeste, assim como ocorreu no
Templo.
Gosto de lembrar de uma história que ouvi uma vez, ela dizia que
quando chegava a hora da oração da tarde no Templo em Jerusalém, a
inclinação da incidência dos raios solares vinham do Oeste, de uma forma
que quando batiam nas colunas de bronze do Templo, davam a sensação que
estavam acesas como fogo, lembrando a Shekhinah de Deus em forma de
coluna de fogo enquanto o povo estava no deserto.
Outra linha de pensamento que devemos lembrar é o padrão que Deus
age. Deus age em ciclos, a vida criada por Deus é definida em ciclos em
todas as áreas. Temos noites e dias, semanas, meses, anos, tudo se repete.
Histórias bíblicas se repetem, o mover de Deus sempre segue um padrão.
Hoje estamos por baixo, amanhã estaremos por cima, tudo é um círculo, se
algo acaba pelo lado esquerdo, quando recomeça, de certo recomeçará pelo
lado direito. Sendo mais direto, se realmente a Shekhinah de Deus foi embora
pelo Oeste, acredito eu que voltará pelo Leste, assim como o nascer e pôr do
sol.

Vamos ver o que as escrituras falam a respeito:

E os que assentarão as suas tendas diante do tabernáculo, a Leste, diante


da tenda da congregação, para a banda da nascente...
Números 3:38a

Então, me levou à porta, à porta que olha para o caminho do Leste.


E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do Leste; e a sua
voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua
glória.
Ezequiel 43:1-2

Depois disso, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas
águas de debaixo do umbral da casa, voltada para o oriente; porque a face
da casa olhava para o oriente, e as águas vinham de baixo, desde a banda
direita da casa, da banda do sul do altar.
Ezequiel 47:1

O Tabernáculo e o Templo estavam virados para o Leste esperando a


vinda da Shekhinah, temos também Ezequiel alegando que a Shekhinah de
Deus virá pelo Leste. Por isso que muitos sábios oravam voltados a Leste,
pois aguardavam a volta da Shekhinah de Deus.
Então, entendo que o sentido estabelecido por Deus é do Leste para
Oeste, assim como o movimento da terra em relação ao sol. E veja que legal,
temos algumas passagens que falam sobre ir em direção a Leste, ou seja, na
direção oposta do movimento da Shekhinah do Criador, fazendo a alusão de
ir contra Deus:
E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao leste do jardim do
Éden...
Genesis 3:24a
Adam foi expulso do jardim em direção ao Leste. Quando o povo de
Israel foi levado ao exílio babilônico, também foi em direção ao Leste. Ou
seja, quando vamos em direção contrária àquilo que Deus determina sempre
acabará em exílio, ser lançado fora e separado da benção. Isso tudo foi
estabelecido por Deus exatamente naquele momento, por isso sua “voz” foi
para Oeste e a expulsão de Adam foi para o Leste, sentidos opostos.
Talvez Yehoshua faça uma associação da vinda do filho do homem
com o retorno da Shekhinah.
◆◆◆
SEÇÃO XLVI
ZODÍACO

Nessa hora, depois desses dias, escurecerá o sol, a lua não refletirá sua
luz, as estrelas cairão dos céus e todas as hostes (chail) do céu tremerão.
E então aparecerá o sinal do filho do homem no céu e todas as famílias
da terra chorarão e verão o filho do homem entre as nuvens do céu com uma
grande hoste (chail) e com uma aparência terrível.
E enviará seus anjos com um trombeta e com grande voz para juntar
todos seus escolhidos dos quatro ventos dos céus, de um lado ao outro dos
céus.
Mateus 24:29-31

Todo estudo que é feito referente a profecias ainda não realizadas, tanto
as do Tanakh quanto as do novo testamento, não passam de especulações. Se
fizermos uma busca sobre esse versículo, encontraremos milhões de
diferentes interpretações, as quais acabam deixando as palavras de Yehoshua
cada vez mais nebulosas.
Acredito que, ao invés de olharmos para o futuro correndo atrás da
profecia, melhor olharmos para trás, buscando a fonte dela.
Nesse momento, Yehoshua faz uma citação de uma profecia dada pelo
profeta Isaías que trata de um momento futuro ao seu tempo. O misticismo
que envolve qualquer profecia encontrada no Tanakh torna sua interpretação
possível apenas quando o fato profetizado ocorre, realmente entrar nesse
assunto é muito difícil.
Porém, algo me chamou muita a atenção no versículo comentado por
Yehoshua, pois em cima dele foi-se criado muita mística, ele serviu como
uma das bases para o pensamento rabínico cabalista antigo comprovar a ideia
da existência e da influência que o zodíaco exerce sobre os homens.
Antes de mais nada, gostaria de deixar claro que não sou astrólogo, não
me interesso por esse assunto e pouco conheço a seu respeito, sendo esse
pouco que sei provém de ensinos e concepções formadas através dos rabinos.
Tais ideias podem divergir pouco, ou muito, da astrologia moderna ocidental,
aquelas que encontramos pela internet ou em livros que abordam esse tema.

O ZODÍACO JUDAICO
Dizem os sábios que a ideia da existência de um zodíaco, o qual exerce
influência no caráter comportamental do ser humano, foi desenvolvida pelos
judeus através de revelações de segredos do livro de Genesis. Tais ensinos
são conhecido como Sefer Yetsirah e apesar de nunca ter sido escrito, é o
quinto “livro” mais antigo dos judeus.
Por todo o Tanakh encontramos descrições de como Deus canaliza Sua
força e vontade divina em nosso mundo através de corpos celestiais,
causando uma forte influência em nosso comportamento. Tal conceito, dentro
do judaísmo, não é uma forma de nos conhecermos, como fazem os
astrólogos, mas sim o conhecimento de um obstáculo que devemos superar.
Pois através da observância da Torah estaremos plugados com o sobrenatural,
com a verdadeira vontade divina, a qual nos fará vencer as influências das
forças astrológicas.
Assim como existem 12 signos definidos pelo judaísmo, existem 12
meses no ano, 12 raízes de alma, 12 tribos de Israel e etc. O signo indica uma
força e características ocultas dentro de cada indivíduo que devem ser
vencidas e não aceitas.

O ZODÍACO NAS PROFECIAS


Agora posso trazer a passagem de Isaías mencionada por Yehoshua e
veremos que ela possuí um termo muito bizarro.

‫יגיה‬-‫כובי השמים וכסיליהם לא יהלו אורם חשך השמש בצאתו וירח לא‬-‫כי‬
‫אורו‬
As estrelas e constelações dos céus não darão sua luz, o sol escurecerá
quando surgir e a lua não refletirá seu brilho.
Isaías 13:10

Yehoshua faz uma citação do versículo de Isaías quase em sua íntegra, a


não ser por um termo adicionado por ele, traduzido como hostes nos
versículos 29 e 30 (ver acima). A palavra CHAIL (‫ )חיל‬tem alguns
significados, como "força", "hostes", "força que mantém algo unido", porém
seu significa em aramaico é o substantivo coletivo para astros que, em outra
palavra, significa "constelação", o que nos leva ao entendimento que, assim
como Isaías, Yehoshua também está falando de algo oculto.

No versículo de Isaías, a palavra traduzida como “constelações”, em


hebraico, é KSILIM (‫)כסילים‬, plural de KSIL(‫ )כסיל‬e não CHAIL (‫)חיל‬
conforme usado por Yeshohua.
KSIL não significa “constelação”, mas é o nome de uma estrela
especifica, localizada no Polo Sul. Essa estrela é conhecida como “o sinal que
os camelos morrerão”, pois ela só se torna visível no hemisfério norte em
pleno verão, quando os camelos ficam expostos a temperaturas extremas e
morrem devido ao calor.

Assim como no versículo de Isaías, nomes de estrelas associadas a


constelações são mencionadas por outras três vezes pelo Tanakh:

As estrelas e Ksilim dos céus não darão sua luz, o sol escurecerá quando
surgir e a lua não refletirá seu brilho.
Isaías 13:10

Aquele que fez Kimah e Ksil. Aquele que transforma a profunda


escuridão no amanhecer e o dia escuro em noite. Aquele que invoca as águas
dos mares e as despeja por cima da terra – Seu nome é Adonai.
Amós 5:8

Aquele que fez AS, Ksil, Kimah e Chadrei Teman.


Jó 9:9

Você pode amarrar cordões na Kimah ou desfazer os reinos de Ksil?


Jó 38:31

Nessas quatro menções, existem quatro nomes estranhos que foram


traduzidos de forma aleatória porque os trautores não conheciam seus
verdadeiros significados, esses termos são: Ksil, Kimah, AS e Chadrei
Teman.
Esses termos ocultos só podem ser compreendidos através da mística e do
conhecimento de astrologia dos antigos sábios. As associações que possuem
com o zodíaco revelam coisas profundas:

ESTRELAS E SIGNOS
KSIL
Estrela no coração da constelação de Scorpio, ponto equinocial do
Sul. Durante muito tempo a constelação de Libra era considerada sendo parte
da constelação de Escorpião, sendo a primeira o centro da segunda. Segundo
o grande rabino cabalista Ibn Ezra, Ksil era a estrela do coração de Escorpião,
representando o centro dessa constelação, que agora pertence a constelação
de Libra.

LIBRA (mês: TISHREI) – O período de Libra é o mais delicado, é a


época que tem duas festas importantes, o Rosh Hashanah (ano novo) e dez
dias depois, o Yom Kippur (dia do perdão). Ensinam nossos sábios que esses
dez dias entre uma festa e outra é justamente o período em que os céus
estarão abertos para que possamos refletir sobre nossos pecados e pedir
perdão verdadeiramente por eles, chegado o dia de Yom Kippur, Deus dará a
sentença, por isso temos uma balança como símbolo desse signo.

AS
Próximo a Ursa Maior, Polo Norte. AS pode ser entendida como uma
estrela chamada “eta geminorum” e fica próxima a constelação de Touro. Sua
posição mais exata a coloca dentro da constelação representada pelo signo de
Gêmeos, a qual também pode ser visto de ambos os hemisférios.

GÊMEOS (mês: SIVAN) – Esse é o mês considerado o mês que


representa o aprendizado a caminhar nos trilhos da Torah. Nesse período
temos a celebração da festa de Shavuot. O símbolo de gêmeos se dá devido as
duas tábuas da lei, pois foi nessa época que a Torah foi entregue.

KIMAH
Estrela também conhecida como Ari, ponto equinocial Norte. Essa
estrela é localizada dentro de uma constelação chamada pelo nome Áries.

ÁRIES (mês: NISSAN) – O primeiro mês do signo judaico. Nesse


período temos a celebração da festa de Pessach. Deus definiu esse mês como
sendo o primeiro mês dos meses (Ex 12:2) e por esse fato, se tornou o
primeiro signo do zodíaco. Seu símbolo é um cordeiro, símbolo o qual é a
representação do próprio Pessach (Ex 12:3-5).

CHADREI TEMAN
Estrela também conhecida como Spica, Polo Sul. A estrela mais
importante dentro da constelação de Virgem.

VIRGEM (mês: ELUL) – Época que antecede a de Libra, na qual sairá


nossa sentença. Por isso nesse período devemos ter um comportamento
humilde e inocente para nos prepararmos para o dia do perdão. O símbolo de
uma virgem representa justamente isso, pureza e inocência perante o Criador.
Essa ideia é mostrada pelo próprio rei Salomão, quando ele escreveu –
ani ledodi Vedodi li - dando o nome do mês de Elul (‫ )אלול‬através das inicias
das palavras desse versículo:

‫אני לדודי ולדודי לי‬


Eu sou de meu amado e meu amado é por mim.
Cantares 6:3

Nessa época preparatória é quando devemos ter uma vida totalmente


voltada para Deus e assim Ele será por nós.

KSIL E O YOM KIPPUR


O Yom Kippur é a data mais importante da Torah, é uma ordenança
representada pelos sacrifícios que eram levados ao Templo. A estrela de Ksil
tem uma simbologia associada ao Yom Kippur, pois faz parta da constelação
que é representada por uma balança, fazendo assim uma referência ao dia do
julgamento de Deus.
A palavra Ksil aparece em um outro lugar da Torah, mas dessa vez não
como uma estrela ou constelação, mas em referência ao korban, ao sacrifício:

‫כסילים‬-‫ואת שתי הכלית ואת החלב אשר עלהן אשר על‬...


E os dois rins e a gordura que estão sobre eles, isso é os flancos
(Ksilim); e a protuberância no fígado, o qual ele deve remover com os rins.
Levítico 3:4

Nessa passagem temos a associação de Ksil com o sacrifício a ser


levado ao Templo, lembrando que essas regras que estão na Torah eram para
ser observadas tanto em Pessach quanto em Yom Kippur.

CUIDADOS
O zodíaco judaico é muito diferente daquele praticado pelo misticismo
moderno. Um cuidado é muito importante, pois é uma faca de dois gumes,
assim como pode ser interessante conhecer as definições de caráter que eles
apresentam, os quais podem ser precisos até certo ponto. Usá-los para
previsão do futuro, como um mapa astral ou até mesmo saber como vai ser o
dia ou a semana, é adivinhação, algo proibido pela Torah.
A intenção desse estudo não é explicar como será essa profecia, pois
qualquer um que explicá-la não estará fazendo nada além de especulações, só
saberá como será quem estiver lá naquele momento. Mas é interessante como
Yehoshua possuia uma forte ligação mística com o misticismo judaico.
Ninguém sabe o dia, apenas Deus, mas tem algo que podemos aprender
com isso. Yehoshua cita uma profecia que fala sobre KSIL, uma estrela que
faz parte da constelação de Libra e em seguida alega que os anjos virão
tocando trombetas, tocando o shofar. A festa mais importante que está no
período de Libra e que se toca o shofar é justamente o Rosh Hashanah e o
período de dez dias antes do Yom Kippur. Talvez isso seja uma dica da época
do ano que tudo isso irá ocorrer, pois os fins dos tempos para Yehoshua nada
mais é do que o dia do julgamento de Deus, sendo assim, eu partiularmente
entendo que a vinda de Mashiach será em Rosh Hashanah e o julgamento
final após dez dias, em Yom Kuppur.

O SIGNO DE YEHOSHUA BIN NUN


Como mencionado anteriormente, a sabedoria em relação aos signos
servem para que saibamos como combater àquilo que estamos fadados. Os
rabinos ensinam que pela observância da Torah e, consequentemente, a
obtenção de um estado espiritual elevado, não estaremos mais subjugados às
constelações, nem tampouco ao destino e ao acaso. Não seremos pessoas que
nascem, crescem e morrem, mas seremos pessoas grandemente usadas por
Deus, contrariando tudo aquilo que o ser humano determina como “natural”.
Um bom exemplo disso é Josué Ben Nun e a forma que Moises o instruía
para selecionar homens para ir consigo às batalhas:

Moises disse a Josué: escolha para nós alguns homens e saia e batalhe
contra Amalek. Amanhã eu ficarei no topo no morro, com a vara de Adonai
em minhas mãos.
Êxodo 17:9

“escolha para nós alguns homens”. Moises se referia a homens nascidos


no segundo mês de Adar, pois pessoas nascidas nesse mês não tinham medo
de feiticeiros e bruxas. Tais pessoas não eram influenciadas por forças
negativas das doze constelações do zodíaco.
Chizkuni, Êxodo 17:9:1

Temos aqui um comentário muito estranho em relação a essa passagem


de Êxodo. Chizkuni afirma que Moises queria homens nascidos no segundo
mês de Adar, pois não seriam influenciados pelo zodíaco.
O calendário judaico, diferentemente do ocidental, não é solar e sim
lunar, os dias começam e terminam conforme a lua aparece e vai embora, o
que causa um descompasso com os meses do calendário solar, pois os meses
lunares possuem vinte e nove dias e meio. Para que isso seja corrigido, um
mês chamado Segundo Adar, que seria o décimo terceiro mês, é adicionado
ao calendário anual a cada três anos. Mês em que, dizem os sábios, Josué
nasceu.
Por existirem apenas doze signos, aqueles que nascem no mês de
Segundo Adar não estão sob nenhum tipo de influência do zodíaco e por isso
eram homens valentes, pois seu espírito não estava sob determinações
astrológicase por esse motivo, Josué se tornou um líder valente e forte,
conquistou a terra de Israel e foi grandemente abençoado por Deus, pois não
estava sob influências externas, é o exemplo de como deve se tornar o
homem que usa a palavra de Deus para vencer a influência dos signos, todos
devem ser iguais a ele.
Portanto, aqueles que não nasceram nesse mês devem seguir aos
caminhos de Deus para que, através deles, possam ser transformados e
elevados, deixando de lado uma vida pré determinada para uma vida guiada
pelo Criador.
◆◆◆
SEÇÃO XLVII
ARREBATAMENTO SEGUNDO YEHOSHUA

O arrebatamento é um conceito escatológico criado pelo cristianismo para


definir como será o fim daqueles que aceitam a essa fé. Segundo essa ideia,
jesus viria dos céus e chamaria a igreja, levando os cristãos para fora dessa
realidade terrena, elas iriam juntos a ele para a Jerusalém celestial, onde tudo
é perfeito, lá seria a nova habitação da igreja junto com jesus.
Enquanto isso, na terra, aconteceria a tribulação, onde o anti-cristo iria
trazer sofrimento aos que não aceitaram esse jesus como salvador,
principalmente aos judeus. Após sete anos, jesus voltaria para a terra para
trazer julgamento sobre as pessoas más que aqui ficaram e condenar a satan.
Existem muitas passagens que serviram de base para a formação dessa
ideia teológica, mas da mesma forma que foi possível desenvolver esse
conceito através delas, é também possível refutar esse conceito usando as
mesmas passagens, pois se tratam de versículos fora de contexto,
interpretadas por mentes que pouco conhecem a verdadeira fé daqueles que
os escreveram.
De qualquer forma, Yehoshua fala algumas coisas a respeito desse grande
momento e pelo que me parece, não está muito de acordo com esse conceito
cristão.

Ainda disse Yeshua a seus talmidim: assim como nos dias de Noach, será
nos dias do filho do homem.
Antes do dilúvio, comiam e bebiam, eram frutíferos e se multiplicavam
até o dia que Noach entrou na arca.
E não sabiam até que veio o dilúvio sobre eles e levou os não Tzadikim,
assim será a vinda do filho do homem.
Se houver dois cultivando um campo, aquele que é Tzadik ficará e aquele
que é mal será levado.
Duas mulheres estão trabalhando em um moinho, uma será levada e a
outra deixada. Isso porque os anjos, no fim do mundo, irão levar embora do
mundo as pedras de tropeço, separando assim os bons dos maus.
Mateus 24:37-41

Essa é a genealogia de Noach, Noach homem tzadik; ele era inculpável


em seus dias; Noach andava com Deus.
Genesis 6:9

Deus disse a Noach: Eu decidi colocar um fim em toda a carne, pois o


mundo está cheio de iniquidades por causa dela, irei destruí-la junto com a
terra.
Genesis 6:13

TZADIK (TZADIKIM, plural) – Palavra hebraica normalmente


traduzida para o português como “justo”. Tal termo é vastamente usado por
todo o Tanakh em referencia à pessoa que segue a Torah. Quanto mais tempo
desprendido ao entendimento e a observância das Leis de Deus, segundo o
próprio Criador, maior Tzadik será essa pessoa.

Já ouvi diversas explicações e estudos em relação ao que a igreja chama


de arrebatamento. Apesar de pequenas diferenças em alguns pontos entre
esses estudos dos teólogos cristãos, o resumo é que jesus virá buscar a igreja
para levá-la morar em uma Jerusalém que se encontra em algum lugar no
espaço.
Mas o que me deixa mais indignado é como uma teologia dessa, que vai
de encontro com as palavras daquele que supostamente viria buscá-los, pode
se sustentar tão fortemente na mente de milhões de cristãos. Acho que não é
necessário fazermos uma análise muito profunda em relação ao que está
escrito para que possamos ver isso.
Yehoshua usa a história de Noach como exemplo. Apesar da igreja
interpretar esse ensino como um comparativo entre os dias de Noach com os
dias atuais, não era bem a isso que Yeshohua se referia. Noach vivia em uma
época em que a iniquidade e o pecado imperavam, Deus resolve destruir tudo
e começar de novo, então manda um dilúvio para levar aqueles que viviam
no pecado. Por outro lado, Noach, homem tzadik, ficou vivo e continuou
nessa terra, pois era uma pessoa que seguia as Leis de Deus.
Da mesma forma, Yehoshua afirma que será assim nos dias do filho
do homem, que nada mais é do que um outro termo em referência ao fim dos
tempos. Os que serão levados serão os pecadores e os tzadikim ficarão, algo
totalmente contrário a ideia do arrebatamento cristão. Yehoshua fala isso de
uma forma bem clara e direta.
O último versículo possuí uma enorme diferença em relação as traduções
ocidentais, Yehoshua fala que as “pedras de tropeço” serão levadas para
separar os bons dos maus. Um ensino tão simples e tão direto, não entendo
como a teologia do arrebatamento se sustenta frente as palavras de Yehoshua,
o qual seria o personagem principal dessa teoria. Fora tudo isso, será mesmo
que Deus vai levar alguém morar no céu? Será que isso faz sentido?
Morar no Céu
Gostaria de abordar um pouco esse conceito cristão de “morar no céu”,
para tanto, vamos olhar a alguns versículos do Tanakh e do novo testamento:

Há muitas moradas onde vive meu Pai, e vou aprontá-las para a vossa
chegada. Quando tudo estiver pronto, então virei para vos levar, para que
possam estar sempre comigo onde eu estiver. Se assim não fosse, eu próprio
vos teria dito claramente.
João 14:2

Esse é o texto áureo do cristianismo para defender a doutrina de “morar


no céu”. Mas dois pontos que devemos levar em consideração ao analisarmos
essa passagem. Essas palavras foram ditas pelo próprio Yehoshua a seus
seguidores, veja, se a missão de Mashiach é reinar nessa terra por mil anos,
tendo seu governo a partir de Jerusalém e se há uma promessa que ele e seus
seguidores estarão juntos, então, fica meio óbvio que ninguém irá morar no
céu, mas sim, nessa terra, sob seu governo. Pois como pode ele estar na terra
e seus seguidores no céu? Não faz o menor sentido.
Outro ponto a se observar é a razão de Yehoshua ter usado essas palavras
como uma forma de consolo aos seus discípulos. Toda vez que ele usava a
expressão “casa de meu Pai”, ele não se referia ao céu, mas ao Templo em
Jerusalém e isso fica claro em inúmeras passagens pelas escrituras. Quando
Yehoshua diz que “na casa de meu Pai há muitas moradas”, ele aborda um
desejo antigo dos judeus de morar no Templo de Deus:

Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do


Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do
Senhor, e habitar no Seu Templo.
Salmos 27:4

O consolo que Yehoshua traz através dessas palavras é justamente a


possibilidade daqueles que seguem a Deus, de morar no Templo, em outras
palavras, na Nova Jerusalém, pois é o lugar onde será reconstruído o Templo.
Uma vez em nova Jerusalém, salvo estará.
A concepção de “morar no céu” não nasceu no cristianismo, vem de
culturas muito mais antigas como a de Nimrod por exemplo, que edificou
uma torre para que pudesse chegar no céu e lá habitar. Essa necessidade de se
morar no céu que existe dentro do ser humano supri um certo descaso em
relação a situação da vida nesse mundo terreno, do quanto ir para o céu
poderia ser a solução de todos os problemas aqui presente. Mas pessoas que
buscam a isso, se esquecem de que a missão do homem que serve a Deus
nessa terra é de aperfeiçoá-la, estabelecendo nela o Reino de Deus através da
sua obediência aos mandamentos e de seus testemunhos. O plano de Deus
nunca foi de tirar o homem da terra pra colocá-lo em algum outro lugar, pois
a terra foi criada por Deus pensando na gente.
Seguem mais algumas passagens sobre o assunto:

Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.
Salmos 115:16

Os Tzadikim herdarão a terra e habitarão nela para sempre.


Salmos 37:29

E produzirei descendência a Jacó, e a Judá um herdeiro que possua os


meus montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão
ali.
Isaías 65:9

Temos que ter muito cuidado com alguns conceitos enraizados em nossa
educação religiosa, não é porque os ouvimos a vida toda que os fazem
verdade. Se nesse caso a teoria do arrebatamento estivesse correta, os Salmos
seriam uma mentira, tudo seria uma mentira, a Torah, o Tanakh, os ensinos
de Yehoshua, os profetas, tudo.

“ARREBATAMENTO” SEGUNDO O JUDAÍSMO


Toda vez que o novo testamento trata do assunto “arrebatamento”, ele
trata na verdade de um conceito muito antigo dentro da fé judaica e que foi
um pouco mal interpretado pela igreja. Esse conceito que veremos faz toda a
diferença, pois é a ele que Yehoshua se referia, é nele que todos os seus
talmidim acreditavam e é sobre ele que o livro de Apocalipse foi escrito.
Pureza leva a separação, separação leva a santidade, santidade leva a
modéstia, modéstia leva ao medo de pecar, medo de pecar leva a piedade e
piedade leva ao Espírito Santo. O Espírito Santo leva a ressureição e
ressurreição começara quando vier Elias, de abençoada memória, Amém.
Mishnah Sotah 9:15

Essa mishnah mostra como o comportamento leva ao Espírito Santo, o


Espírito Santo leva a ressurreição e a ressurreição começará quando vier
Elias, como Elias é o percursor de Mashiach, então, a ressurreição se dará nos
dias de Mashiach, ou era messiânica.

HaKadosh Baruch Hu, como punição por Adam ter comido do fruto da
árvore, declarou que todo homem deve passar pela morte até quando vier
Mashiach e a ressurreição dos mortos ocorrer.
Rav Moshe Feinstein, Choshen Mishpat II 73 32

Esse fenômeno nada mais é do que a ressurreição dos mortos, segundo a


fé judaica, quando Mashiach chegar para julgar as nações, todos os mortos
voltarão para serem julgados. Eles se encontrarão com ele nos céus, pois
receberão a sentença primeiro e os que forem considerados tzadikim,
ressuscitarão e viverão com Mashiach nessa terra. Então Mashiach julgará
aos vivos, os maus serão lançados fora e os tzadikim receberão a mesma
forma física que os que ressuscitaram e todos reinarão com Mashiach por mil
anos.

Esses não terão lugar no mundo vindouro: Aquele que diz que a
ressurreição dos mortos não é da Torah.
Mishnah Sanhedrin 10:1

Mexer com conceitos nunca é fácil, principalmente quando se trata de


conceitos religiosos. Infelizmente todo ser humano tem o costume de seguir
pelo caminho mais fácil, é muito mais fácil aprender ouvindo do que
aprender estudando. Todos nós temos a tendência de entrarmos em lugares
onde a palavra de Deus é ensinada, ouvir a mensagem e por algum motivo,
ter essa interpretação que ouvimos como verdade absoluta, principalmente
quando a ouvimos por longos anos.
Esses conceitos devem ser quebrado e vencidos, principalmente quando
vão de encontro com a bíblia. Veja pelos próprios ensinos de Yehoshua, o
que ele mais fez? Justamente bateu de frente e refutou muitos dos ensinos,
costumes, teologias e teorias da fé judaica que iam contra a bíblia.
Imaginem se Yehoshua viesse nos dias de hoje e fosse um cristão, será
que ele não seria contra esse monte de ideias teológicas criadas por homens?
Será que ele não seria contra essa infinidade de padres, reverendos e pastores
que se apegam mais a igreja per se do que na bíblia? Todos aqueles
problemas que Yehoshua teve com os fariseus de sua época são justamente os
mesmos problemas que ele teria com o cristianismo nos dias atuais, nem vou
citar o judaísmo, pois o judaísmo não acredita em seu ministério. Os fariseus
hipócritas de hoje em dia são os padres, os pastores e todos os líderes de
comunidades que ensinam a abolição da Torah, a teologia da substituição, a
teologia da dispensação e tudo aquilo que foi criado pela má interpretação
bíblica. Sempre é bom pensar nisso
◆◆◆
SEÇÃO XLVIII
PESSACH

Vocês não sabem que daqui dois dias será Pessach e o filho do homem
será entregue às mãos dos judeus para ser pendurado?
Mateus 26:2

O Pessach é uma festa bíblica que representa a saída do Povo de Israel do


Egito conforme relatado no livro de Êxodo. Existe muita confusão entre
Pessach e Páscoa, pois ambas caem em datas muito próximas, mas a Páscoa
em nada se relaciona com o Pessach bíblico. A celebração do Pessach é tão
importante e intrínseca no povo judeu que, segundo uma pesquisa feita em
Israel, 98% da população celebra o Pessach de alguma forma, tanto judeus
quanto não judeus residentes neste pais.
As raízes que o Pessach possuí são muito profundas, é um tempo de
celebração da saída da “casa da escravidão”, “do fim do jugo” e “da
liberdade”. Tudo em torno de sua celebração é simbólico e sempre
relacionado ao relato da Torah, desde as dez pragas que assolaram ao Egito
até a travessia do Povo de Israel pelo mar de juncos.

Adonai disse a Moises e Aharon na terra do Egito. Esse mês deve marcar
para vocês o começo dos meses. Deve ser o primeiro dos meses do ano para
vocês. Fale para toda comunidade de Israel e diga que no décimo desse mês
cada um deve tomar um cordeiro por família, um cordeiro por casa.
Êxodo 12:1-3

A redenção do Egito e a entrega da Torah estabelece a identidade do


Povo de Israel como “servos de Adonai” e não “servos de servos”. O grande
sábio, chamado Maharal de Praga, explicava em suas aulas que a saída do
Egito marcou a natureza do Povo de Israel e essa transformação é reafirmada
em todo Pessach. Apesar das muitas conquistas e escravidão que o Povo de
Israel passou, a natureza de homens livres que possuem nunca foi alterada.
O Pessach, mais do que uma saída para a liberdade, representa a natureza
e qualidade de um povo livre para servir ao Deus Verdadeiro, pois Deus
liberta Seu povo do Egito todos os dias. O milagre do Pessach não é uma
celebração de algo que aconteceu, mas é uma celebração de algo constante
em nossas vidas.
Na época de Yehoshua, a celebração de Pessach, com todos os costumes
judaicos, já era muito popular. Flavius Josefvs estimou que no Pessach do
ano 29 e.c., que é muito provável que seja o mesmo ano que Yehoshua entrou
em Jerusalém para celebração da festa, haviam mais de três milhões de
pessoas na cidade em observância a essa data. O Talmud também relata um
fato interessante sobre esse ano.

Os sábios ensinam que o rei Agrippa quis colocar seus olhos na multidão
de Israel. Ele disse ao sumo-sacerdote para ficar de olho nos cordeiros de
Pessach e que contasse quantos animais seriam trazidos. O sumo-sacerdote
contou os pares de rins antes de serem queimados e sua contagem foi de seis
milhões de rins, como cada animal possui dois rins, a população ali presente
era de três milhões de pessoas, o dobro do número dos que saíram do Egito.
Talmuda da Babilônia, Tratado Pesachim 64b

Yehoshua entra em Jerusalém nesse mesmo período para a observância


dessa festa. A famosa santa ceia não foi uma ceia, mas foi um “seder de
Pessach” (celebração judaica de Pessach), o famoso partir do pão, não foi um
pão, mas sim uma “matzah”, a reunião de Yehoshua e seus talmidim não foi
uma ocasião de despedida antes de sua morte, mas sim uma observância de
um mandamento da Torah.
Portanto, acho importante alguns esclarecimentos em relação a alguns
termos e costumes descritos no livro de Mateus.

SEDER SHEL PESSACH


E no primeiro dia da festa dos pães não levedados, se aproximaram os
talmidim de Yeshua, dizendo: Aonde devemos preparar o lugar para o
SEDER de PESSACH?
Mateus 26:17

O Seder Shel Pessach (ordem do Pessach) é a forma estabelecida para a


celebração dessa festa. Durante séculos, essa celebração não possuía regras
definidas em relação ao que deveria ser feito nesse dia, até que o rei Josias
instituiu as reformas relatadas em II Reis 23 e determinou a forma de
celebração do Seder como conhecemos hoje, ali ele começou ser criado.
Durante o segundo Templo, a forma como a festa era observada já estava
bem definida e regulada, tanto pela Torah Oral quanto pelas escolas
rabínicas. Yehoshua irrefutavelmente segue essas regras como veremos mais
adiante.
O Seder é muito longo para ser descrito, mas ele determina os tipos de
alimentos simbólicos que devem ser comidos, intercalando com a leitura da
Torah sobre as passagens onde essas simbologias se encontram. Durante o
Seder, um livro chamado Hagadah Shel Pessach é lido.
A Hagadah é um livro que foi introduzido pela grande assembleia há
quase dois mil e quinhentos anos atrás e nele se encontram a história da saída
do Egito, salmos e canções para recitar durante a festa, ela também determina
a ordem que cada alimento deve ser comido e sua representação simbólica.
Nessa passagem, os talmidim de Yehoshua o questionam onde ele
gostaria de realizar esse Seder Shel Pessach, com certeza, além do relatado
pelo livro de Mateus, eles entoaram os Salmos, cânticos, abençoaram a Deus,
leram a Hagadah, comeram os alimentos simbólicos e estudaram o livro de
Êxodo. Ninguém ali abriu ovo de chocolate.

ALIMENTOS DE PESSACH
E respondeu a eles: aquele que mergulhar o Karpas na água salgada
junto a mim, é aquele que passa as informações a meu respeito. E ninguém
pôde reconhecê-lo, pois se tivessem o reconhecido, o teriam destruído.
Mateus 26:23

Os alimentos simbólicos que são comidos em um Seder Shel Pessach são:


Matzah (pão ázimo), Maror (erva marga), Charosset (mistura de maçã com
nozes), Zeroah (um osso com carne), Beitzah (ovo cozido) e Karpas (legume
cozido). No centro da mesa é colocado uma tigela com água salgada que é
usada justamente para mergulhar o Karpas.
A água salgada simboliza as lágrimas derramadas pelo Povo de Israel em
seus anos de escravidão, é o símbolo da tristeza que o povo passou.
Dentre tantas formas de provar quem era o traidor, Yehoshua resolve
usar justamente essa água salgada, talvez para mostrar a sua tristeza e seu
choro por ter sido traído.

MATZAH
Enquanto comiam, Yeshua pegou a MATZAH, abençoou e partiu
entregando aos talmidim e disse: tomem e comam, esse é meu corpo.
Mateus 26:26

A matzah é um tipo de pão sem fermento, mais parece um biscoito e é


produzido sob rigorosa supervisão rabínica. Esse tipo de pão é consumido
durante o Pessach em observância a um mandamento da Torah:

Sete dias comerás pães sem fermento, porque apressadamente saíste do


Egito, para que se recorde do dia da tua saída da terra do Egito, todos os
dias da tua vida.
Deuteronômio 16:3

Vemos aqui mais uma restrita observância de Yehoshua da Torah, pois o


texto não afirma que ele comeu pão, que pelo qual estaria ele quebrando esse
mandamento da Torah, mas Mateus deixa bem claro que Yehoshua comia
matzah, conforme ordenado por Deus. Tal comparação pode ser interessante,
o novo testamento afirma que Yehoshua se tornou o cordeiro perfeito pois
não havia pecados nele, o fermento é biblicamente associado ao pecado,
como a matzah não possui fermento, seria ela “um pão sem pecado”, portanto
se encaixa com as palavras dele ao dizer que aquela matzah “é o corpo dele”.

Para terminar o assunto sobre Pessach, quero deixar um ensino de Rabbi


Gamliel, rabino de Paulo de Tarso.

Rabbi Gamliei costumava dizer: qualquer um que não mencionar essas


três coisas em um Pessach não cumpriu com sua obrigação, e elas são o
sacrifício de Pessach, a matzah e as ervas margas. O sacrifício, pois o
Onipresente passou por cima das casas do Povo de Israel. Matzah pois o
povo foi remido da escravidão e ervas amargas, pois Deus livrou da
amargura dos egípcios. Estamos obrigados a agradecer, orar, louvar,
glorificar, exaltar, engrandecer, abençoar e adorar AQUELE que faz todos
esses milagres. Ele nos traz da escravidão para liberdade, da tristeza para
alegria, da escuridão para luz, da servidão para redenção. Por isso devemos
dizer perante Ele, Halleluyah!
Mishnah Pesachim 10

Interessante, segundo Rabbi Gamliel, as três coisas que devem ser


mencionadas em um pessach são exatamente as mesmas três coisas citadas
por Mateus, a matzah, as ervas amargas e ele próprio, como sacrifício, seria
por acaso tudo isso?
◆◆◆
SEÇÃO XLIX
NOVA ALIANÇA

E pegou o copo, deu graças a seu Pai e deu a eles, dizendo: todos bebam
isso.
Esse é meu sangue, e a nova parte da aliança, que será derramada sobre
todos para a justificação dos pecados.
Mateus 26:27-28

Segundo a igreja, não estamos mais sob a Lei, mas sob a graça. A
aliança feita com Moises cumpriu seu papel e perdeu assim seu propósito,
sendo ela substituída por uma aliança superior através do ministério do jesus.
Sob essa nova aliança temos a salvação como um presente gratuito, ou seja,
sem que tenhamos que obter qualquer mérito perante Deus, sendo nossa
única responsabilidade é ter fé e ir a igreja. Através do Espírito Santo
compartilhamos a herança de cristo e as suas leis se tornaram superiores as
Leis do antigo povo de Deus, que perdeu sua posição ao não aceitarem e
matarem a cristo.
Porém toda essa baboseira teológica é baseada em interpretações
parciais e antissemitas de alguns pais da igreja e que acabaram se tornando
verdade absoluta em todas as vertentes cristãs. Yehoshua não fala em “nova
aliança”, mas ele fala da “NOVA parte da aliança”, pois uma aliança não
pode ser quebrada e nem tão pouco substituída.
Conhecer o berço dessa teologia é importante para o entendimento
dessas palavras de Yehoshua:

Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a
casa de Israel e com a casa de Judá.
Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela
mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha
aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz
o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e
eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
Jeremias 31:30-32
Essa é a promessa que Deus faz sobre a “nova aliança” que serve como
uma das principais bases para a formação dessa teoria cristã, mas para que
não caiamos mais em sofismas teológicos, vamos analisar essa passagem com
muito cuidado.

1)
Algo muito importante na bíblia é a diferenciação que ela ensina. De
um lado temos a casa de Israel, descendentes sanguíneos de Abraham. Do
outro lado, os gentios, que se aproximam de Deus e entram para o Povo de
Israel, apesar dos dois grupos fazerem parte de um mesmo povo, dentro desse
povo, existe e sempre existirá uma diferenciação, cada um com objetivos e
responsabilidades diferentes, não sendo um melhor que o outro.
Deus, ao fazer essa promessa através do profeta Jeremias, deixa bem
claro que essa “nova aliança” seria feita com a casa de Israel e com a casa de
Judá, olha só, não com o gentios diretamente, não com a igreja e nem tão
pouco com ninguém que não faça parte do Povo de Israel. Em outras
palavras, se o gentio quer fazer parte dessa “nova aliança”, ele precisa ser
enxertado na oliveira de Romanos 11, é imperativo que ele entre para o Povo
de Israel (não me refiro a judaísmo) e que faça parte da Casa de Israel, ai sim,
a promessa irá inclui-lo.

2)
Deus afirma que a aliança foi invalidada, foi quebrada, porém pelo
próprio Povo de Israel, pois não O obedeceram. Deus, em nenhum instante,
fala que Ele invalidou ou invalidará a aliança. Apesar de terem quebrado a
aliança, Deus desposa seu povo e isso é eterno e duvido que, Deus casado
com o Povo de Israel, terá alguma outra noiva, pois Ele é Fiel.

3)
Essa passagem anda de “mãos dadas” com Ezequiel 36, onde o profeta
afirma que a vinda do Espírito Santo será para colocar a Torah no coração do
povo de Deus.
Estou cansado de ouvir que seguir as Leis de Deus é se colocar embaixo
de um fardo, pois a Torah é um peso muito grande. A Lei revela o que existe
de errado dentro de nós, se determinada lei é difícil de seguir, significa que
ela afeta diretamente um lado nosso que devemos consertar.
Devemos ter a ciência que a função do Espírito Santo é justamente tornar
possível a nova aliança, que nada mais é do que aquilo que é determinado
pela Torah se torne tão intrínseco dentro de cada um, que a Lei será seguida
de forma natural, deixando de ser um jugo e se tornando um prazer, tornando
o nosso interior, pensamentos e atitudes totalmente de acordo com aquilo que
Deus quer de nós.
A morte de Yehoshua garantiu aos gentios o conhecimento sobre a Torah
e a possibilidade de entrada ao Povo de Israel e então, só assim, tornando-os
herdeiros da promessa da nova aliança.
Antes de terminar, vou trazer a mesma passagem de Jeremias 31, porém
em hebraico e assim veremos algumas diferenças que foram mortas com a
péssima tradução que temos hoje em dia:

‫להם לאלהים והמה יהיו לי לעםנתתי את תורתי בקרבם ועל לבם אכתבנה והייתי‬
Jeremias 31:33b

Eu dei - ‫נתתי‬
A minha TORAH- ‫את תורתי‬
Próxima a eles - ‫בקרבם‬
E sobre o coração deles - ‫ועל לבם‬
Eu A escreverei - ‫אכתבנה‬
E serei para eles por Deus - ‫והייתי להם לאלהים‬
E ele serão para mim por povo - ‫והמה יהיו לי לעם‬

Aí está a passagem no original com a tradução de cada palavra, o que


deixa ainda mais claro que a nova aliança que Deus promete é ter a Torah
dentro do coração, tornando-a algo natural dentro do nosso dia a dia e
comportamento, assim formando o verdadeiro Povo de Israel. Povo o qual
está de portas abertas aos gentios graças ao sacrifício de Yehoshua.
Esse entendimento diverge grandemente da mentalidade comum cristã, a
qual apregoa apenas a fé. A fé é algo totalmente relativa por si só, por isso
que a fé sem obras é morta, não obras que se faz em um templo, mas sim,
obras das Leis de Deus, a Torah.
Fazer parte da nova aliança é o gentio poder entrar no Povo de Israel pela
Torah, que chegou a ele graças a morte de Yehoshua.

JUSTIFICADO
Temos um enorme problema aqui, muitos afirmam que ninguém é
justificado pelas obras da lei, isso levou muitos ao entendimento de que a
Palavra de Deus, ou seja, a Torah, não justifica ao homem e por isso ela foi
abolida da vida do cristão. Talvez nesse caso, está certo tal afirmação, mas
talvez não certo de uma forma como imaginemos que esteja.
Para entendermos o que significa ser “justificado” vou propor duas
passagens da Torah:

Se houver contenda entre alguns, e vierem para serem julgados,


justificar-se-á ao inocente, e ao culpado condenar-se-á.
Deuteronômio 25:1

Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer


iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado cometido; pela
boca de duas ou três testemunhas se estabelecerá o fato.
Deuteronômio 19:15

Segundo a Torah, para que alguém fosse levado a juízo e condenado,


eram necessárias ao menos duas testemunhas que comprovassem seu pecado,
caso apenas uma comparecesse, o indivíduo seria inocentado, tornando-se
justificado.
Vamos imaginar a seguinte situação, Joãozinho mata uma pessoa em
Israel e tal fato é visto por uma pessoa. Ao ser levado perante o juiz, pelo fato
de ter havido apenas uma testemunha, ele é inocentado, ou seja, Joãozinho é
justificado, mesmo tendo cometido o crime e sendo culpado. Então, o que a
Torah define como “ser justificado” é quando alguém, mesmo que tenha
cometido um pecado, é inocentado e livre da punição, mesmo sem merecer.
Agora, devemos entender uma outra coisa que é normalmente confundido
com “ser justificado”, que é “ser santificado”. Segundo a Torah ser santo e se
santificar é seguir as Leis nela contidas, como o próprio Deus fala:

Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou Adonai vosso Deus


E guardei os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou Adonai que vos
santifica.
Levíticos 20:7-8
Santificar e justificar são coisas completamente diferentes e nenhuma
delas anula a Torah, muito pelo contrário.
◆◆◆
SEÇÃO L
OS IGNORANTES

Eis que um dos que estavam com Yeshua esticou sua mão, sacou sua
própria espada e atacou um dos sacerdotes, cortando fora sua orelha.
Mateus 26:51

Tem algumas coisas que, por mais que eu tente, não consigo entender.
Muitos dos ensinos e comentários cristãos, principalmente de padres do
catolicismo, tratam os alunos de Yehoshua de uma forma muito pejorativa,
toda vez que lia, me passavam a impressão que eram pessoas ignorantes, que
não sabiam ler e nem escrever, com pouca noção da vida e sem ideia alguma
de Torah e tradições judaicas. Ao conhecerem jesus, aprenderam sobre Deus,
receberam o Espírito Santo e se tornaram pródigos, por tal razão ganharam o
direito de se tornaram santos e dignos de adoração.
Mas teologia católica a parte, nenhum dos talmidim de Yehoshua era
ignorante, apesar de boa parte da população não saber ler, eles conheciam
muito bem a Torah e a Torah Oral, pois o método de aprendizagem era a
memorização daquilo que era ensinado oralmente. Tal conhecimento já
bastava, mesmo sendo pescadores, a cultura do povo e coisas relacionadas a
Deus, todo judeu, sem exceção, é letrado a respeito.
A prova disso vem do versículo acima, o corte da orelha do sacerdote não
foi acidental.

Moises então trouxe para frente os filhos de Aharon e colocou um pouco


do sangue na ponta de suas orelhas direitas...
Levítico 8:24a

Nenhum homem entre os descendentes de Aharon, o sacerdote que


possuir defeito físico estará qualificado a prestar oferta queimada a Adonai.
Levítico 21:21

Essa ordenança tem a intenção de incluir todos aqueles que tiverem


outros defeitos físicos que não foram incluídos no versículo 18.
Rashi, Levítico 21:21:1
Rava diz: por que o Misericordioso precisou escrever que defeitos físicos
causariam desclassificação em relação aos serviços do templo se caso esses
defeitos aparecessem em um sacerdote? Pois um defeito também
desqualificaria um animal para sacrifício.
Talmud da Babilônia, Tratado Bekhorot 43a

Bom, se fizermos uma ligação entre essas três passagens, veremos que os
sacerdotes eram ungidos em suas orelhas, em alguns capítulos mais tarde,
Deus proibiu qualquer sacerdote de prestar algum serviço no Templo caso ele
tenha algum defeito físico.
Rashi então explica o versículo 21, que além dos defeitos relatados nos
versículos 18 até o 20, o 21 inclui todo os outros que ali não foram listados e
por fim, a Torah Oral, ensina que o defeito não é aquele que a pessoa tem
antes de se tornar sacerdote, mas se esse defeito aparece durante seus anos de
serviço, esse sacerdote deve ser desqualificado.
Essa pessoa, que é identificada como Pedro em outro lugar, sabia muito
bem aonde atacar o sacerdote. O cargo desse homem, que teve a orelha
cortada, era de assistente do sumo-sacerdote, o que lhe trazia enorme
prestigio perante a comunidade. A perda da orelha lhe causaria uma
desqualificação instantânea e uma humilhação sem tamanho, que poderia ser
até pior que a morte.
Um pescador ignorante, sem estudo e sem conhecimento, jamais poderia
saber isso e ser tão preciso em sua ação. Nenhum que seguiu a Yehoshua, ou
qualquer outro rabino, era ignorante nas Leis de Deus. Sabiam e observavam
muito bem a Torah.
◆◆◆
SEÇÃO LI
DUAS FALSAS TESTEMUNHAS

Mas eles não encontraram nem ao menos uma, mesmo que eles tenham
providenciado muitas falsas testemunhas contra Yeshua. Finalmente duas
falsas testemunhas se apresentaram.
Mateus 26:60

Mateus relata que se apresentaram duas testemunhas durante o


julgamento de Yehoshua. Segundo a Torah, nenhum homem pode ser
condenado a morte se caso não houver no mínimo duas testemunhas.

Uma pessoa deve ser colocada a morte apenas pelo testemunho da boca
de duas ou três testemunhas. Ela não deve ser condenada pelo testemunho de
apenas uma pessoa.
Deuteronômio 17:6

Rabbi Shimon testemunhou um homem perseguindo seu amigo até as


ruinas. Correu atrás dele e encontrou seu amigo morto, enquanto o
perseguidor estava próximo ao corpo, segurando uma espada cheia de
sangue, rabbi Shimon disse: “Ó perverso, quem matou esse homem? Ou fui
eu ou foi você? Mas o que posso fazer? Teu sangue não foi entregue em
minhas mãos, porque a Torah diz: ´Com base em duas testemunhas, ele será
condenado a morte.´”
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 37b

O livro de Mateus, como todo o novo testamento, possui uma ligação


muito forte com o Tanakh e com o Talmud, a interpretação desses livros sem
o prévio preparo foi o que levou a criação de inúmeras religiões diferentes
provenientes dos ensinos do jesus e Paulo.
Aqui vemos que o autor do livro de Mateus faz questão de relatar a
necessidade de duas testemunhas na hora do julgamento de Yehoshua, isso
mostra a ligação que todos tinham com os mandamentos da Torah. Mas o
interessante aqui não é a ligação que ele faz com a Torah, mas sim com a
halachah, a lei judaica. Foi através dela que o autor de Mateus pode
classificar as testemunhas como "falsas" e foi isso que me deixou mais
curioso sobre o relato do julgamento de Yehoshua, pois o autor de Mateus
não apresenta em seu livro provas claras dessa sua acusação de serem
“falsas”.
Como, então, o autor do livro de Mateus chegou a conclusão de que essas
testemunhas eram “falsa”, já que Yehoshua tinha uma vida pública, era visto
e ouvido por todos? Oras, qualquer um que não concordasse com ele poderia
muito bem ser testemunha sem que seja uma testemunha "falsa", pois mesmo
se esse alguém testemunhe sobre Yehoshua de uma forma parcial, não deixa
de ser um testemunho sobre algo que viu e ouviu, não sendo assim um
testemunho falso.
Apesar de Yehoshua ter apenas declarado que o Templo seria
destruído e as testemunhas terem dito que ele disse que ele o destruiria,
segundo a Torah, as testemunhas não seriam “falsas” (‫)עד חמס‬, mas sim
“vãs” (‫)עד שוא‬. A Torah possui dois termos de testemunhas que não são
válidas, as “vãs”, que são as que mentem ou distorcem e as “falsas”, que são
aquelas que não possuem os requisitos para testemunhar. No caso de Mateus,
o autor as chama de “falsas”, então, ele não se refere as afirmações
incoerentes ou mentirosas dessas testemunhas, mas a outras coisas.
Para esclarecer o que aconteceu naquele momento, um entendimento
sobre algumas regras da halachah se faz necessários.
Dentro da halachah, existem diversas regras para que penas capitais
fossem aplicadas. O intuito dessas regras, as quais foram criadas pelos
rabinos com base direta nos mandamentos da Torah, era evitar ao máximo a
aplicação dessas penas.

PENA CAPITAL
REGRA 1
Duas testemunhas são maiores do que uma prova circunstancial. Ou seja, a
palavra de duas testemunhas tem um peso maior do que evidências concretas.

REGRA 2
Existem requisitos mínimos para testemunhas, ou seja, as testemunhas
devem ser “kasher”. Isso significa que não podem ser parentes uma das
outras ou possuírem alguma relação com o praticante do crime. Além disso, o
Talmud ainda impõe uma diversidade de razões para desclassificar alguma
testemunha, tornando a condenação ainda mais difícil.
REGRA 3
O aviso. Ninguém pode ser sentenciado a morte por um crime a menos
que tenha sido previamente advertido. Isso significa que as testemunhas, ao
presenciarem o crime, devem ao menos gritar a pessoa que o comete, para
alertar que o que está fazendo é errado.

REGRA 4
A aceitação. De todas as regras, essa é a mais absurda, pois aquele que
comete o crime, após ter sido avisado sobre o erro, ele deve acenar que
entendeu o aviso antes de cometer o crime, assim então, o tribunal poderá
condená-lo a morte.

Diferentemente do que muitas pessoas pensam, que a Lei de Deus é


punitiva e da aparência condenatória da Torah, o que temos aqui é justamente
o contrário, apesar de existirem penas de morte, para se chegar a elas, eram
requeridos uma série de fatores muito difíceis de se obterem, o que tornava a
condenação à morte algo muito raro.
Com base nessas regras, podemos agora tentar supor o motivo que
tornou essas testemunhas, "falsas testemunhas". Elas não são falsas por não
terem visto nem ouvido a Yehoshua, como muitos entendem. Pois o próprio
declara:

Depois disso disse Yeshua a multidão: como se fossemos ladrões vocês


vieram nos buscar com chicotes e espadas? Não estive eu com vocês,
ensinando no templo todos os dias e não representei ameaça?
Mateus 26:55

Já que essas testemunhas, provavelmente, ouviram e viram a Yehoshua,


não eram falsas. Então, devemos olhar para outros pontos que serviram para
fazerem delas "falsas testemunhas". O que me parece mais provável, nesse
caso, são as regras 3 e 4, pois eu particularmente não acredito que os ouvintes
de Yehoshua, ao aprenderem Torah com ele, o ficavam alertando sobre uma
possível condenação caso mantivesse seus ensinos, portanto, se uma
testemunha, mesmo que tenha testemunhado o caso, se não avisou o acusado
sobre o erro que cometia, ela não poderia se tornar testemunha válida e por
esse motivo que eu acredito que, as testemunhas que foram contra Yehoshua,
foram chamadas de "falsas testemunhas".
Yehoshua não foi condenado e morto pelos judeus de um modo geral,
mas sim pelos saduceus, os quais eram alvos de seus ensinos e críticas, isso
inclui os anciões, os sacerdotes, os líderes e o sumo sacerdote. Fora os
saduceus, alguns grupos de fariseus que também sofriam ataques por serem
hipócritas e colocarem as leis humanas acima da Torah.
Rabbi Elazar Ben Azarya diz: todo tribunal que condenar uma pessoa a
morte a cada sete anos, é um tribunal assassino.
Talmud da Babilônia, Tratado Makkot 7a
◆◆◆
SEÇÃO LII
ÚLTIMAS PALAVRAS

Os dois últimos versículos do livro de Mateus me causaram certo impacto


quando traduzi do original e os comparei com as traduções ocidentais.

Vão!
E observem (SHAMRU) todas as coisas (DEVARIM) conforme eu
comandei vocês, para sempre.
Mateus 28:19-20

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome


do pai, do filho e do espírito santo.
Ensinando-os todas as coisa que tenho mandando, e eis que estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
Mateus 28:19-20 ALMEIDA

É assustadora a diferença encontrada em dois míseros versículos, imagine


só o resto! Devemos olhar para diversos problemas quando tratamos desses
tipos de problemas, desde traduções de traduções, dificuldades apresentadas
na tradução de gírias e hábitos locais e readaptações para linguagens mais
modernas.
Porém nesse caso, não enfrentamos nenhum desses tipos de problemas,
pois essas duas passagens foram alteradas pela igreja católica em algum
momento da história. Essa não é uma afirmação minha, mas conforme
publicado pela Biblioteca Apostólica Vaticana há alguns anos atrás sob
ordem de João Paulo II, junto a outros versículos alterados. Algumas versões
de bíblia trazem na nota de roda pé quais seriam essas alterações feitas pela
igreja.
Esse papo de pai, filho, espírito santo é completamente estranho aos
judeus, principalmente do primeiro século. Tais termos não aparecem em
nenhum dos livros originais do novo testamento que já li até agora, não
fazem parte dos ensinos de Yehoshua e de nenhum de seus seguidores. Esse
conceito foi criado alguns anos mais tarde por Ignácio de Antioquia e
Tertullianvs, depois confirmado por Martyr Justus, João Crisóstomo e
chegando a sua concepção total através dos escritos de Tomás de Aquino,
homens que, apesar de uma aparecia bíblica, nada tinham em relação a
verdadeira palavra de Deus.
Em relação ao batismo, claro, é importante para o cristão, mas o uso dele,
principalmente pela igreja católica, era com a intenção de trazer o maior
número possível de pessoas sob o controle da santa sé. É bem interessante a
Roma fazer com que seus seguidores vão a outros povos e nações e os
batizem lá, pois por esse ato a pessoa se tornaria presa ao vaticano.
Infelizmente o batismo deixou de ser um ritual purificador, conforme vemos
na bíblia, e se tornou o método de conversão ao cristianismo e de salvação.

Mas quero olhar para o original e explicar dois termos importantes que
aparecem no último versículo. O primeiro deles é a palavra SHAMRU que é
uma forma conjugada do verbo LISHMOR (‫)לשמור‬.
Lishmor pode ser traduzindo como “observar”, “manter”, “preservar”. O
uso mais comum desse verbo é em referência a Torah, pois uma pessoa que
obedece as Leis de Deus é SHOMER TORAH (‫)שומר תורה‬. Os rabinos usam
esse verbo com tudo relacionado a Torah, SHOMER SHABBAT (observante
do Shabbat), SHOMER CHAGIM (quem celebra as festas) e etc.

Já a segunda palavra que temos é DEVARIM. Em uma tradução direta


significa “coisas”. Mas dentro da terminologia judaica, esse termo tem um
significado um pouco mais profundo, DEVARIM TORAH, ou “coisas da
Torah” que é um outro termo para os mandamentos que ali estão.
DEVARIM também é o nome em hebraico do livro de Deuteronômio,
que nada mais é do que uma repetição das Leis mais importantes que foram
dadas nos quatro livros anteriores a ele.

Juntando os dois pontos, quando Yehoshua ordena SHAMRU


DEVARIM, ele está comandando para que as coisas da Torah, ou seja, as
Leis da Torah, sejam observadas e guardadas. Porém, ele deixa bem claro,
“conforme eu comandei”, ou seja, conforme seus ensinos rabínicos.
A última ordem de Yehoshua no livro de Mateus é para que seus talmidim
sigam a Torah conforme a interpretação rabínica dada por ele.
Se tal conselho serviu para os talmidim mais próximos, acredito que
possa servir para os seguidores do verdadeiro Yehoshua dos dias de hoje.
◆◆◆
PARTE III
PARÁBOLAS
SEÇÃO I
O SEMEADOR

E disse a eles muitas coisas em alegorias (parábolas) e disse a eles: um


homem saiu de sua casa de manhã para plantar sementes.
E caiu dele sementes no caminho e foram comida pelos pássaros
E algumas caíram nas rochas, onde o solo não é profundo e quando
cresceram, secaram, pois o solo era raso
E veio o sol e esquentou e a queimou e a secou, pois não haviam raízes
E caíram dele algumas sementes entre os espinhos, e cresceram os
espinhos e ficaram por cima
E caíram dele algumas em terra boa e fizeram frutos e produziu o
primeiro cem, o segundo sessenta e o terceiro trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mateus 13:3-9

O uso de parábolas para passar algum ensino é algo bem usual entre os
rabinos, no próprio Talmud podemos encontrar vários exemplos. A parábola
é uma pequena narrativa baseada em simbolismos com o intuito de passar
uma lição de vida ou uma lição moral, a qual por muitas vezes é uma crítica à
sociedade ou a mentalidade comum da época. Yehoshua, quando fazia o uso
de tais métodos de ensino, estava na verdade fazendo uma crítica a ensinos e
pensamentos que eram comuns em seu tempo. De uma forma indireta, a
parábola é um ensino duro em relação a vícios e hábitos da sociedade na qual
essa parábola está inserida.
A parábola do semeador é uma das mais conhecidas no meio cristão, ela é
abordada em diversas pregações e ensinos, sempre com um foco diferente.
Para que possamos ter uma compreensão total daquilo que é ensinado através
dessa parábola, necessitamos entender que ela é uma pequena estória com
duas facetas, sendo a principal de caráter corretivo, ou seja, uma crítica
pesada, a outra é a solução que se deve adotar para que a correção possa ser
efetiva.

REVELAÇÕES PELAS ESCRITURAS


Para que possamos ter um claro e total entendimento de uma parábola, é
necessário estudá-la de acordo com o que as Escrituras ensinam. Devemos
compreender a forma como ela foi elabora, quem era o público alvo e
principalmente, qual era o conhecimento que as pessoas que a ouviam,
possuíam.
Os sábios ensinam que existem quatro níveis para o entendimento de
qualquer passagem nas Escrituras, esses níveis são conhecidos como
PaRDeS, que em aramaico significa “jardim”. Ter o entendimento desses
conceitos e usá-los para estudos bíblicos fazem muita diferença para uma
compreensão completa do texto.

A palavra PARDES é a junção de 4 palavras, PaRDeS:


1 – Pshat
2 – Remetz
3 – Drash
4 – Sod
Usarei essa metodologia para fazer uma abordagem diferente sobre
essa parábola. A cada nível veremos revelações diferentes, porém sempre
conectadas de alguma forma, nos revelando segredos ocultos nos ensinos de
Yehoshua.

1– Pshat = O “simples significado ou significado literal"; Assim é


ensinado para as crianças e adultos que ainda não estão familiarizados com a
Literatura da Torah. O ensinamento literal é o mais apropriado neste caso e o
mais superficial de todos, ele se atenta apenas ao que está escrito.
Se observarmos alguns versículos mais adiante, veremos Yehoshua
explicando aos seus talmidim o significado dessa parábola de uma forma
simples e direta, usando PSHAT:

Mas ouçam a parábola da semente.


O semeador é o filho do homem e a semente que caiu no caminho é todo
aquele que escuta sobre o Reino dos Céus, mas não o entende. Vem satan e
rouba do coração tudo o que foi semeado. Essa é a semente que caiu no
caminho.
E aquela que caiu sobre a rocha é aquele que escuta a palavra (ensino)
de EL e se alegra imediatamente.
E como ele não tem raízes pois é confuso, quando vem um pouco de
problema e distrações, satan usa isso para fazê-lo esquecer do que está em
seu coração.
E aquelas que caíram nos espinhos são os que escutam a palavra
(ensino) para ganho próprio, satan o faz esquecer o ensino de EL e não gera
fruto.
E aquelas que caíram em terra boa são aqueles que ouvem a palavra
(ensino) e a entendem e geram frutos, que são os Ma`assim Tovim. E sai do
primeiro cem, e do segundo sessenta e do terceiro trinta. O de cem é aquele
que purifica o coração e santifica o coração (Torah). O segundo é aquele
que se separa de mulher (Lv19) e o terceiro é aquele que se santifica no
matrimônio, no corpo e no coração.
Mateus 13:18-23

Já ouvi diversos ensinos a respeito dessa parábola, sempre com o mesmo


teor. Uma forma rasa de interpretação com diferentes enfeites ao redor. Se
nos prendermos apenas a explicação simples que Yehoshua deu, apesar de
muito válida, apenas teremos o entendimento superficial. Isso pode ser
comparado a uma fruta, que ao comê-la, comeríamos apenas sua casca. Essa
é a forma Pshat dessa parábola, a forma superficial, a casca.
2- Remetz = "Uma breve alusão ao significado da passagem através de
alegorias"; É um ensinamento mais profundo do que apenas o significado
literal. Esse nível é atingido por pessoas com melhor nível cultural e amplo
conhecimento da Torah.
O estudioso Mark Nanos, que traçou uma cronologia dos evangelhos,
afirma que essa parábola se deu por volta de um ano antes da entrada triunfal
de Yehoshua em Jerusalém, como essa entrada foi mais ou menos na época
de Pessach, então, essa parábola também foi ensinada em uma época próxima
a Pessach e é para ele que precisamos olhar.
Na celebração de Pessach, em todas as sinagogas pelo mundo, um livro
chamado Hagadah Shel Pessach é lido. Nesse livro, temos toda a narrativa da
saída do povo hebreu do Egito, abordando diversos mandamentos que estão
na Torah em relação a essa celebração, a Hagadah serve de guia para todo o
ritual de celebração. Dentre alguns costumes, existe um que diz que devemos
incentivar os filhos a perguntarem sobre os motivos dessa festa. O livro
orienta aos filhos a perguntarem aos pais quatro perguntas, simbolizando
assim, os quatro tipos de pessoas que existem dentro do Povo de Deus. Essa é
uma parábola fortemente ligada ao Pessach, pois, fora a época em que se
encontravam, a ordem em que a Hagadah apresenta os quatro tipos de filhos,
é justamente a mesma ordem que Yehoshua apresenta os tipos de solos
nessas parábola.

1º FILHO - She’eino Yodea Lishol (aquele que não sabe perguntar)


Segundo a Hagadah, esse é o pior tipo de filho, ele não sabe perguntar
porque não tem o menor interesse em perguntar, não se preocupa com as
coisas de Deus, com a Torah, com os ensinos, com as orações. Para ele é tudo
uma grande mentira e perda de tempo.
É como a semente que cai pelo caminho, é uma semente perdida. Escuta
sobre a Palavra de Deus, mas nem se dá o trabalho de entendê-la. Esse tipo de
pessoa é a que deve receber o tratamento mais duro, o Talmud faz dois
comentários interessantes a esse tipo de pessoa:

Não entregueis a um pagão as palavras da Lei ...


Não coloqueis coisas santas em lugares impuros...
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 20b

Pessoas com o coração fechado a Deus e que veem Sua Palavra como
perda de tempo, não tem solução, é bom mesmo que seja levado por pássaros,
pois é melhor longe.

2º FILHO –Tam (ingênuo)


O filho ingênuo, por sua falta de capacidade, os ensinos nunca geram
raízes. Ele aprende, é ensinado, mas por uma certa falta de interesse, esse
conhecimento não muda sua vida, pois é como a rocha que não tem solo
profundo e quase não gera frutos, e os que gera, acabam sendo queimados
pelos sol.
Este é aquele que precisa de exemplos de como viver, de como obedecer,
de como estudar. Ou seja, ele tem conhecimento, mas logo desanima.
O Talmud instrui a ensiná-lo mistérios da Torah, conversar com ele e
descobrir aquilo que o atraí em Deus e ensiná-lo a aplicar.
Esse necessita de amor, paciência e perseverança.

3º FILHO - Rashah (malvado)


O filho malvado é aquele que zomba e causa confusão. O interessante é
que para ser um gerador de problemas, essa pessoa necessita de
conhecimento daquilo que utiliza para zombaria, ou seja, o filho malvado é
conhecedor da palavra de Deus, sabe quem é Deus e é muito provável que,
em algum momento da sua vida, tenha sido uma pessoa que buscava ao
Criador. Mas devido a problemas externos, acabou se distanciando e
perdendo a fé, tornando-se um crítico que utiliza de seu conhecimento
anterior para causar problemas.
É como uma semente que gerou raiz, mas foi sufocada por aquilo que
estava externamente. A orientação talmúdica é que lhe “quebrem os dentes”,
mas de uma forma metafórica, onde a intenção é forçá-lo a largar os hábitos
ruins.
Diferentemente do primeiro filho, e apesar de ser taxado como o “filho
malvado”, esse tem solução, mesmo que de uma forma brusca.

4º FILHO – Adamah Tovah (terra boa)


Esse é o Chacham – o filho sábio. Ele pergunta: “Quais são os Testemunhos
(Edot), os Decretos (Chukim) e as Leis (Mishpatim) que o Eterno, nosso
Deus, nos ordenou?" A Hagadá nos orienta a dar a ele a seguinte resposta:
“De acordo com as leis de Pessach, não nos é permitido comer nada depois
do Corban shel Pessach, do sacrifício de Pessach”.
Esse é a pessoa que se interessa por todos os aspectos de Deus, desde Sua
Palavra, uma vida correta, oração, fé e até um autossacrifício por aquilo que
crê.

Agora sabemos quem são os "filhos de Pessach", que simbolizam os quatro


tipo de pessoas, os quatro tipos de solo aos quais Yehoshua se referia. Os que
não querem saber de Deus, os que aprenderam de Deus mas se
decepcionaram e se tornaram críticos, os que querem saber de Deus mas são
facilmente influenciadas pelo mundo e por último, aqueles que O buscam
verdadeiramente.
Mas tem algo que devemos prestar atenção, assim como todas as sementes
estavam dentro da mesma bolsa, esses quatro tipos de pessoas estão sob o
mesmo “teto”, ou seja, todos fazem parte de Israel. Yehoshua não fala do
pagão ou do ímpio, ele usa como exemplo as pessoas que supostamente estão
servindo a Deus.

3– Drash = “interpretação”; descobrir o significado através do Midrash


(exegese), analisando as palavras, as colocações, os formatos das Letras,
comparações de palavras, formas gramaticais e por ocorrências semelhantes
noutras passagens. Este nível está disponível para pessoas de grande
conhecimento da Torah, neste caso, destacando-as dos demais!
Existe um livro que tem ensinos muito anteriores a Yehoshua, datam da
época do retorno do povo judeu do exílio babilônico. É um livro de
comentários bíblicos com profundos conhecimentos e nunca foi traduzido em
sua totalidade para nenhum outro idioma. Os ensinos desse livro são por
vezes comentado no Talmud pelo Rabbi Hillel, o qual era mestre de
Yehoshua. Rabbi Hillel, de certo, não apenas fazia o comentava, como
também deveria ensiná-lo em suas Yeshivot (Escola de Torah), o que me leva
a crer que Yehoshua tinha plena ciência e conhecimento sobre o que é
abordado ali.
Para nossa terceira análise da parábola em questão, usarei esse livro pelo
qual teremos um aprofundamento muito maior no que foi ensinado pela
parábola. Para um melhor entendimento, vou separar os ensinos desse
Midrash de acordo com cada filho de Pessach, que representam os tipos de
solos.
Assim como o REMETZ nos revelou quais são os tipos de pessoas, o
DRASH irá nos revelar quais os problemas dessas pessoas, como elas
realmente agem para chegarem ao ponto em que estão e é agora que se torna
muito interessante. Em seu início, o Midrash Tanchumah fala sobre quatro
tipos de pessoas, três pelas quais Deus destruiria o mundo, mas devido ao
quarto tipo de pessoa, Ele resolveu manter Sua criação.

1º SOLO - She’eino Yodea Lishol (aquele que não sabe perguntar)


Já vimos que a semente que cai pelo caminho é aquela semente que
representa a pessoa que não se preocupa com Deus e nem com nada
relacionado a Ele, despreza tudo a seu respeito e repudia àqueles que O
seguem. O Midrash faz um comentário sobre um tipo de pessoa pela qual
Deus destruiria o mundo, interessante que aparece o termo “pássaro” nessa
passagem, que ajuda a fazer conexão com aquilo que Yehoshua disse.
E a todos, como os pássaros, como farias? Se fosse por eles, Tu
destruirias o mundo, pois NÃO SE PROSTRARÁS PERANTE OUTROS
DEUSES.
Midrash Tanchumah, 1 Bereshit Barah

Olha só, aquela semente que cai no caminho e é levada pelos pássaros são
aquelas pessoas que repudiam a Deus e agora sabemos o porquê. São pessoas
que possuem outros deuses, deus dinheiro, deus sucesso, deus trabalho, deus
aparência física, deus fama, deus poder, deus bebida, deus drogas.
Não servem a Deus, pois são pessoas extremamente mundanas, colocando
todas as coisas ligadas a essa existência pobre sobre o que realmente importa,
tornando essas besteiras os verdadeiros deuses dessa pessoa.
Todos aqueles que tem algo na vida que está acima de Deus ou da Palavra
Dele é como a semente que cai pelo caminho, é como o filho que não sabe
perguntar, é como aquele que é melhor ser levado embora, pois sua influência
idolatra contagia aos demais. Pessoas que tem o emprego, a família, o
dinheiro, os sonhos ou qualquer outra coisa que fique acima do Criador, nada
difere de um pagão.
Por esse tipo de pessoa, Deus destruiria o mundo!

2º SOLO - Tam (ingênuo)

E sobre os montes de rochas, como seriam? Não se fariam por servos,


Por essas pessoas Tu destruirias o mundo, pois SHMA ISRAEL.
Midrash Tanchumah, 1 Bereshit Barah

Pela citação de rochas nessa passagem já logo associamos com o filho


ingênuo, que representa a semente que cai sobre a rocha. Se prestarmos
atenção, o Midrash nos responde o motivo que esse filho é facilmente
influenciado pelo mundo e o porque ele precisa de melhores instruções. Essa
resposta está justamente na citação SHMA ISRAEL.
O SHMA é a máxima da fé judaica e os dois versículos mais importantes
da bíblia, ele está em Deuteronômio 6:4-5 e afirma basicamente duas coisas,
amar a Deus sobre todas as coisas e reconhecer que Ele é UM. Isso nos
mostra que o ingênuo é facilmente influenciado por não reconhecer essa
máxima, não reconhece a unicidade absoluta do Criador e não O serve de
toda alma e coração.
Isso acontece, pois quando aprendem a palavra, aprendem de fontes
duvidosas, caem em teologias humanas, em teorias criadas por homens e
levam isso como verdade absoluta. Vivem uma total má interpretação daquilo
que a bíblia ensina.
Pessoas assim acreditam em conceitos como a Teologia da substituição,
Teologia da dispersarão, trindade, etc. e por serem contos de fada, a
influência mundana acaba falando mais alto.
Com essas pessoas devemos ter paciência ao ensinar e, se possível,
ensinar o oculto e o intrigante da Torah.
Por esse tipo de pessoa, Deus destruiria o mundo!

3º SOLO - Rashah (malvado)


O filho mal, a semente entre os espinhos. É uma semente que deu raízes,
de alguma forma cresceu um pouco, mas os espinhos da vida acabaram
matando esse florescer e ele acaba se tornando um revoltado, um frustrado e
assim desconta tudo o que passou na fé que tinha, culpando a Deus por tudo
de ruim na sua vida.
O Midrash relata exatamente esse tipo de pessoa, que por frustrações na
vida acabam profanando o Nome Santo de Deus.

Para tudo que for torcido (conhecimento adulterado) será como pilhas de
espinhos, pois VOCÊ NÃO DEVE PROFANAR O MEU NOME SANTO. Por
essas pessoas Tu destruirias o mundo.
Midrash Tanchumah, 1 Bereshit Barah

As verdadeiras maldades são as atitudes que profanam o nome de Deus,


usam de Sua Palavra com ensinos torpes e destorcidos. Hoje é muito comum
vermos pessoas pegando passagens aleatórias e desconexas para criaram
falsas teologias, teorias e conceitos para obterem aquilo que querem para
ganho pessoal, assim como Yehoshua cita em sua explicação posterior.
Vamos lembrar algo, essas pessoas fazem parte do povo, não são todos
que se revoltam que se afastam, muitas vezes elas ficam infiltradas e causam
grande destruição. Hoje em dia, existem muitos líderes assim. Pessoas que
mesmo que declarem que servem a Deus, na verdade, O usa para seu próprio
beneficio, o qual normalmente é financeiro.
Por esse tipo de pessoa, Deus destruiria o mundo!

4º SOLO – Adamah Tovah (terra boa)


Em relação a terra boa, ao filho sábio, o Midrash traz à luz um ensino
fantástico:
E todos os atos da criação dirão, assim como já foi dito, eu confiarei
Nele. Serão como a terra boa e por causa deles, Tu NÃO destruirás o mundo.
Midrash Tanchumah, 1 Bereshit Barah

A terra boa, o verdadeiro sábio, é aquele que sabe colocar sua confiança
no Senhor, será através deles que o mundo se sustentará, será através deles
que o mundo conhecerá ao Criador, será através deles que Deus se revelará à
todas as nações.
E não para por aí, Yehoshua faz uma citação “sem pé nem cabeça” sobre
a terra boa envolvendo alguns números. O Midrash irá nos explicar o que faz
essas pessoas verdadeiramente sábias:

E seus méritos serão, trinta pelo Seus testemunhos, sessenta para por
Seus estatutos e cem pela Sua Torah.
Midrash Tanchumah, 1:2 Bereshit Barah

Incrível, o 30, 60, 100 que cristão nenhum nunca conseguiu explicar,
estão agora claros. Os números mostram o passo a passo da sabedoria.
Primeiro o 30, que representa os testemunhos de Deus, crer naquilo que Ele
fala, ter fé. Então vem o 60, os estatutos, que representam os “limites”, saber
até onde podem e não podem ir para não pecar. 100 representa a Torah,
quando a pessoa se envolver verdadeiramente com o Criador, se tornando a
verdadeira terra boa, o verdadeiro sábio.

Ame Adonai, seu Elohim, e guarde todos os dias os seus testemunhos, os


seus estatutos, os seus juízos e as Suas mitzvot (TORAH).
Deuteronômio 11:1
4- Sod = "segredo”; representa o significado místico e metafísico de uma
passagem. Trata-se de um conhecimento secreto, geralmente está mais para
as pessoas que estão com um nível muito avançado de conhecimento da
Torah e com um relacionamento profundo com o Criador. O Sod só é
alcançado por aqueles que são presenteados por Deus com esse dom único e
precioso.

Para nos aprofundarmos ainda mais, vamos analisar alguns detalhes.


Segundo Nano, esse fato aconteceu em um Pessach. O Pessach infelizmente é
lembrado pelos cristãos por causa da páscoa, mas o Pessach é uma data
icónica, é uma representação do verdadeiro poder e plano de Deus. Fora a
morte de Yehoshua, o Pessach possui diversas outras histórias, como a saída
do Egito e o sacrifício de Itzhak por exemplo. Mas eu gostaria de olhar para o
primeiro Pessach relatado na Torah, que acontece no livro de Genesis. Nesse
Pessach é o momento, na vida de Abraham, em que Deus aparece para ele,
exige dele um sacrifício e então, o patriarca adormece. Esse foi o primeiro
sacrifício de Pessach, a fonte, a primícia de todos os Pessachim, pois foi
através dessa data que Deus retificou o que havia prometido a Abraham, a
promessa de criar um povo e de tornar esse povo a bênção para todas as
nações.
Mas o que isso tudo tem a ver com a parábola de Yehoshua? TUDO! É só
olharmos para a promessa feita a Abraham:

Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o


amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão
abençoados.
Genesis 12:3

Para que eu possa deixar claro, devemos fazer uma análise da estrutura
gramatical hebraica usada nesse versículo. A Torah é quase toda escrita na
voz passiva, ao ler no original acaba sendo muito estranho algumas vezes,
porém, quando se trata de profecia o verbo é sempre conjugado no futuro. No
caso dessa promessa a Abraham, o verbo para “serão abençoados” é
NIVRKHU, porém conjugado na voz passiva de uma forma incomum, pois
se trata de uma promessa para o futuro e isso já nos mostra que existe algo
por trás. Toda palavra hebraica possui um shoresh, uma raiz, que é composta
de três a quatro letras, todas as palavras que usam da mesma raiz tem um
certo compartilhamento de significados. Se fizermos uma análise desse
verbo, na sua raiz, nos leva a uma outra palavra hebraica muito usada nos
Midrashim, que é MABRIKH, que significa “enxerto”, sendo assim, também
poderíamos ler essa promessa da seguinte forma:

Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o


amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão enxertados.
Genesis 12:3

Ou seja, a verdadeira benção que Deus promete é que todas as nações


poderão ser enxertadas na fé de Abraham. A maior benção que Deus pode dar
alguém é a oportunidade de torná-lo parte de Seu Povo, parte do povo de
Abraham.
Então, Deus promete a Abraham que, através da sua fé, todos aqueles
que crerem e obedecerem, como ele creu e obedeceu, poderão ser abençoados
com a oportunidade de serem enxertado no Povo de Israel. Sem conversão ao
judaísmo, sem leis humanas, sem leis rabínicas, sem religião, pois tudo isso
aconteceu na época em que Abraham era incircunciso, não existia judaísmo,
não existia igreja, apenas obediência a Deus e fé Nele.
A meu ver, o Reino dos Céus não é o pós vida, não é a era messiânica,
mas sim a era que estamos vivendo agora, onde o mundo todo tem acesso
livre ao verdadeiro Deus. Mas eu vejo o Reino dos Céus como algo mais
profundo que isso, eu o vejo como o verdadeiro Povo de Israel, e não me
refiro a judaísmo, não me refiro a cristianismo, pois Adonai não criou nada
disso. Ele criou um povo e Ele determinou o que faria com esse povo, o faria
o Povo de Deus, o Povo de Israel.

Se fizermos uma analogia das sementes e dos tipos de solo fora dos
contextos "Israel" e "filhos de Pessach", eu, particularmente, interpreto a
primeira semente como os pagãos, que sofrerão condenação eterna. A
semente que cai sobre a rocha, como os cristãos, pois seus ensinos não
possuem raízes e não passam de vaidades. O que é sufocado pelos espinhos
eu vejo como a sinagoga, pois os ensinos e leis rabínicas sufocam todos
aqueles que querem servir verdadeiramente a Deus e por último, a terra boa, é
o Povo de Israel, os quais não possuem religião, não possuem doutrinas
humanas e tem uma vida conforme a vontade do Criador, conforme a Torah.
O próprio Midrash Tanchumah termina o estudo relatado acima com uma
frase bem interessante:

David olhou para cima e disse: Quão grande é a sua bondade, a qual
você escondeu para aqueles que virão para a oliveira de Yaakov.
Midrash Tanchumah, 1:3 Bereshit Barah

Yaakov tem seu nome mudado para Israel, então, essa árvore de Yaakov
representa o Povo de Israel. O rei David alega que pessoas virão para essa
árvore, para esse povo. Existem os naturais, que poderão ser cortados caso
caiam em dogmas dos rabinos e tem os enxertados, que só serão enxertados
quando se livrarem dos dogmas cristãos. Esse pensamento era tão comum,
que até o rabino Paulo faz um comentário parecido em um dos seus livros,
Romanos capítulo 11.

E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste


enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira.
Romanos 11:17 Almeida

ENTENDENDO UMA PARÁBOLA DIFÍCIL


Yehoshua ensina que existem quatro tipos de pessoas dentro do Povo de
Deus, o primeiro é aquele idolatra, que tem as coisas mundanas como seus
deuses, são as sementes que caem em solo e são levadas pelos pássaros, esses
já estão condenados.
A segunda se refere às pessoas que aprendem a Torah, mas são fracas e
acabam caindo nas influências mundas, por possuírem raízes pequenas,
acabam sendo queimadas pelo sol. Com essas pessoas devemos ter paciência
e ensinar com amor, sobre o amor e a UNICIDADE do Criador.
A terceira é aquela que culpa a Deus por coisas ruins que passou pela
vida, tudo que aprendeu é sufocado por espinhos, por isso acaba blasfemando
a Deus e criando falsos dogmas, distorcendo o que é ensinado pelas
Escrituras. Essas pessoas tem jeito, mas não através de uma abordagem doce
e delicada.
Já as últimas são aquelas que verdadeiramente seguem a Deus, obedecem
sua Torah, procuram uma vida longe do pecado, tem fé Nele e sempre
buscam a correção em seus caminhos, é a parte do Povo que sustenta o
mundo.
Muitos já fazem parte natural desse povo, outros, os gentios, devem ser
enxertados para fazer parte. Infelizmente muitas igrejas ensinam que fazer
parte do Povo de Israel é estar sob maldição, ser escravo e desobediente a
Deus, pois jesus já resolveu todos esses problemas para eles. Eu vejo essa
teoria de ensino pior que o filho que não sabe perguntar.
Agora, a pergunta é: como entrar para esse povo?

E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para o servirem,


e para amarem o nome do Senhor (RASHAH - filho mal), e para serem seus
servos (TAM - ingênuo), todos os que guardarem o sábado, não o
profanando, e os que abraçarem a minha Torah (ADAMAH TOVAH - terra
boa),
Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de
oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar;
porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.
Isaías 56:6-7

Olha só, Isaías cita exatamente os três filhos, o RASHAH que ao invés de
profanar ao nome do Senhor, irá amá-Lo. O TAM que não O servia de todo o
coração, de toda a alma e de todo o muito (SHMA), agora se torna Seu servo
e finalmente aquele que é a terra boa, aquele que abraça a Torah. Deixando o
idolatra de fora.
Gentio, judeu, não importa, aquele que abraçar a Palavra do Criador com
amor, fé e retidão, é o verdadeiro Povo de Israel.
◆◆◆
SEÇÃO II
A BOA SEMENTE

E colocou perante eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é


como a pessoa que semeia boa semente.
E é quando os homens estão dormindo que vem seu inimigo e semeia
joio, em língua estrangeira beriyagah, dentre o trigo e se vai.
E quando cresce a erva fazendo frutos, ele vê o joio.
E se aproximam os servos ao senhor do campo e lhe dizem: nosso senhor,
não semeaste sementes boas? Da onde veio esse joio?
E disse a eles: meu inimigo fez isso e lhe disseram os servos: vamos
arrancar o joio.
E disse a eles: não, a não ser que arranquem também o trigo
Mas deixem que ambos cresçam juntos até a colheita e no tempo da
colheita eu direi aos ceifadores: Junte primeiramente o joio e o amarre em
feixes para serem queimados e o trigo ponham no celeiro.
Mateus 13:24-30

Essa é uma parábola de fácil entendimento, inclusive, alguns versículos a


frente, o próprio Yehoshua a explica a seus talmidim. A real função de uma
parábola é passar uma mensagem escondida atrás de alegorias e com essa não
é diferente. O interessante de observar, nesse caso, não é a mensagem que a
parábola quer passar, mas sim para quem ela foi endereçada.

Alguns termos que Yehoshua utiliza podem nos dar essa dica, palavras
como "trigo", "joio para ser queimado" e "celeiro" eram parte da linguagem
que Yohanan, o imersor, utilizava quando se referia a Mashiach:

O garfo para joeirar está em suas mãos para tratar sua eira, ele irá
juntar os grãos em seus celeiros e a palha (será queimada em fogo, aquilo
que não é útil).
Mateus 3:12

Yehoshua formula uma parábola usando a mesma linguagem e o mesmo


tema de Yohanan para mandar um recado para ele. De uma forma indireta,
Yehoshua reformula os ensino de Yohanan com o intuito de corrigir algum
ensino que o imersor plantou dentro do povo que o ouvia.
Pode parecer estranha essa ideia, mas existia um ponto muito forte nos
ensinos e na crença de Yehoshua que não andavam nos conformes com
aquilo que Yohanan ensinava, portanto, ele aborda indiretamente esse ensino
nessa parábola.

A ERA DE MASHIACH
Yohanan, o imersor, como todo bom judeu, inclusive nos dias modernos,
possuía uma visão apocalíptica em relação ao começo da era de Mashiach.
Acreditava que ele iria destruir os inimigos de Israel, restaurar a santidade do
Templo e governar todo o mundo a partir da cidade de Jerusalém. Para
Yohanan, a vinda de Mashiach representava uma imediata revolução na
história dos judeus e da humanidade:

E já chegou o machado que arrancará fora a árvore que não dá frutos


bons, cortada e jogada no fogo será.
Mateus 3:10a

O conceito que Yohanan possuía sobre o Reino dos Céus divergia muito
com o conceito de Reino dos Céus que Yehoshua pregava. A chegada desse
tempo, para Yohanan, representava o momento de Gog e Magog, a grande
batalha, a grande redenção.
Para Yehoshua, o Reino dos Céus é um fase transitória, a qual nos
encontramos hoje, que serve de preparação para a Era de Mashiach, é nessa
época do Reino dos Céus que a palavra de Deus atingiria a todos os gentios, o
mundo reconheceria a Deus como O Deus Único, a porta de entrada para o
Povo de Israel estaria aberta a todos e o conhecimento sobre o Deus Único se
tornaria vasto.
São duas definições muito diferentes, Yohanan acreditava em um
julgamento imediato, Yehoshua proclamava que ainda era necessário que o
mundo reconhecesse a Deus. Portanto, essa parábola foi ensinada por
Yehoshua para quebrar certos vícios que provavelmente alguns de seus
seguidores tinham, pois muitos deles eram ex-alunos de Yohanan. Mas
apesar de grande diferença, existe algo que as conecta, algo que torna tanto
Yehoshua quanto Yohanan corretos, o conceito de Mashiach Ben Yosef e
Mashiach Ben David.

YOSEF E DAVID
Rav. Hana Bar Bizna disse que Rabbi Shimon Hasida disse: tem o
Mashiach Ben David e o Mashiach Ben Yosef.
Talmud da Babilônia, Tratado Sukkah 52b

Segundo o judaísmo, não existem mais de um Mashiach, porém Mashiach


possuirá duas facetas, duas missões diferentes, a primeira o definirá como
Mashiach Ben Yosef e a segunda o definirá como Mashiach Ben David.
Os conceitos sobre Mashiach são fortemente abordados no Talmud e na
literatura judaica e por mais uma vez, é para elas que precisamos olhar.

Começa-se o diálogo entre Rabbi Nachman e Rabbi Yitschak da seguinte


maneira: Pergunta Rabbi Nachman a Rabbi Yitschak: Escuta, quando há de
vir esse Bar Naflê (filho dos caídos)?
Rabbi Yitschak: quem é esse filho dos caídos?
Rabbi Nachman: é o Mashiach!
Rabbi Yitschak: você chama o Mashiach de Bar Naflê?
Rabbi Nachman: Sim, porque está escrito em um passuk “eu levantarei a
tenda caída de David”.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 96b

Nessa passagem do Tratado Sanhedrin, Rabbi Nachman ensina que


Mashiach terá que cair para então poder se levantar como Ben David.
Yehoshua conhecia essa linha de pensamento, pois compararva sua morte e
retorno como alguém que caiu e se levantou, revelando a seus talmidim que
sua missão, naquele determinado momento, era de Mashiach Ben Yosef.

(Sl 126:6) “Aquele da preciosa semente irá chorando e voltará, sem


dúvida, com alegria” – De acordo com o comentário de Gaon, esse verso se
refere aos dois tipos de Mashiach. O primeiro se refere ao Mashiach Ben
Yosef e o segundo, ao Mashiach Ben David.
Kol HaTor 2:13

Segundo a interpretação de Gaon sobre Salmos 126:6, os verbos ir e


voltar, apresentados de forma conjuntas, mostram que Mashiach Ben Yosef
virá e irá embora chorando em tristeza e então, retornará em alegria como
Mashiach Ben David. Esse conceito também vai de acordo quando Yehoshua
ensinava que ele morreria e retornaria.

Há a unidade entre Mashiach Ben Yosef e Mashiach Ben David.


Kol HaTor 1:35

Nesse versículo temos a prova que não existem e nem existirão dois
Mashiachim, o Ben Yosef e o Ben David serão a mesma pessoa, porém com
objetivos diversos.

Mashiach Ben Yosef e Mashiach Ben David, o primeiro trará a redenção


e o segundo irá separar os indivíduos “por suas mãos”.
Kol HaTor 2:101
Agora temos a definição de sua missão. O Mashiach Ben Yosef virá
primeiro trazendo a redenção, será essa redenção a divulgação do Deus de
Israel aos gentios e consequentemente a abertura das portas para adoção
dentro do Povo de Israel.
Já Mashiach Ben David virá separar os indivíduos, esse conceito também
se encaixa nessa parábola quando Yehoshua afirma que virá separar o joio do
trigo.

A VISÃO DE YOHANAN
A relação de fé em Mashiach diferencia muito dentre os judeus, claro que
para o judaísmo ortodoxo, assim como para a maioria dos judeus, o Mashiach
é o redentor que está por vir. Porém, existem muitos outros que possuem sua
própria concepção de Mashiach. Já conheci alguns que alegavam que o
Mashiach Ben Yosef era justamente Moises, outros alegam que Mashiach
Ben Yosef foi o rebbe de Lubavitch e ainda há outros que acreditam que
Mashiach Ben Yosef não seria uma pessoa, mas sim uma realidade, sendo ela
a existência do próprio Estado de Israel.
Independentemente de como cada judeu define Mashiach, tal situação
poderia estar ocorrendo justamente com Yohanan, não nos é claro quem foi
Mashiach Ben Yosef para ele, mas pela sua relação com Yehoshua, ele
acreditava piamente que ele veio como Mashiach Ben David, aquele que iria
trazer a separação entre o tzadik e o impío.
Já para Yehoshua, esse não era o caso, ao ensinar essa parábola, ele dá o
recado a Yohanan que ele seria Mashiach Ben Yosef e ao invés de trazer a
“separação”, primeiramente ele deveria trazer a “redenção”, a qual serviria
para alcançar ao mundo todo. Essa “redenção” foi definida por Yehoshua
como Reino dos Céus.

Voltando a parábola, agora fica tudo muito claro. Primeiro vem o


semeador, Mashiach Ben Yosef, planta a semente, ensina sua Torah, a deixa
a disposição de todos e então se vai, se retira de cena. Nesse momento muitos
saberão dele, o reconhecerão e conhecerão a palavra de Deus, porém muitos
desses não serão nada mais do que uma “semente de satan”, serão o joio que
coexistirá junto aos tzadikim.
Então o semeador voltará ao campo, porém dessa vez como Mashiach
Ben David e dessa vez para trazer a separação, salvando os tzadikim
(observantes da Torah) e jogando na fornalha os impíos.
Interessante é que essa passagem se refere a dois tipos de pessoas que
estão juntas, cresceram no mesmo campo, lado a lado e isso mostra que
ambas possuem o mesmo acesso e conhecimento de Deus. Isso me lembra
uma outra passagem de Yehoshua:

Muitos dirão a mim naquele dia: senhor, senhor, não profetizamos em


seu nome, e no seu nome afastamos os demônios e não fizemos muitos sinais
em seu nome?
E então direi a eles: Nunca conheci vocês, desapareçam da minha frente,
todos que não praticam a Lei (Torah).
Mateus 7:22-23

Segundo Yehoshua, o joio fará maravilhas, expulsará demônios,


profetizará e fará muitos sinais, porém, pelo fato de não praticarem a Torah,
será expulso de sua presença. Palavras de Yehoshua, não minhas.
◆◆◆
SEÇÃO III
O GRÃO DE MOSTARDA

E ele colocou perante eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é
um grão de mostarda, que o homem toma e planta no campo.
E é a mais fina que todas as sementes no campo e quando cresce é maior
que todas as ervas e se torna uma grande árvore até os pássaros dos céus se
escondam dentro (de seus ramos).
Mateus 13:31-32

A Parábola do Grão de Mostarda é vastamente conhecida no meio cristão,


pelo menos uma vez na vida, todo cristão já ouviu alguma pregação baseada
nela e na grande maioria dos casos, ela vem vinculada a algum tipo de ensino
sobre a fé que, apesar de válido, o tema “fé” não é mencionado por
Yehoshua.
Portanto, essa parábola se torna muito perigosa, pois apresenta uma falsa
simplicidade, o que acaba gerando uma grande contradição e mal
entendimento do real motivo dela. Três pontos devemos nos atentar, o
objetivo da parábola, o motivo do uso da mostarda como exemplo e o que
seriam realmente essa árvore e essa semente de mostarda.

O USO DA MOSTARDA
A Representação da Mostarda
A mostarda tem uma forte representação talmúdica, ela é citada em
diversos Tratados, abordando diversos tipos de coisas, desde uma
comparação devido ao tamanho de sua semente até seu manuseio em um
Shabbat, o interessante é que ela está inserida em alguns costumes dos judeus
e isso pode ter conexão com essa parábola:

E Rav. Mari disse que Rav. Yohanan disse: Aquele que está acostumado
a comer mostarda uma vez por mês, evitará que doenças aflijam sua casa.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 40a

Rabbi Yohanan fez uma afirmação muito interessante, apesar de não ser
claro os motivos que o levou a essa conclusão, é relatado em um dos Tratados
mais conhecidos do Talmud que o consumo da mostarda evita doenças, não
apenas àquele que a come, mas à toda sua casa. Tal afirmação não tem um
caráter físico, mas sim espiritual, pois como pode o consumo de mostarda por
um indivíduo livrar toda sua casa de doenças? Isso mostra a simbologia
mística que a mostarda tem.

O Valor da Mostarda
Nesse incidente, era possível para Rava comer sua carne até com
mostarda, pois Rava não era pobre.
Talmud da Babilônia, Tratado Chullin 133a

A mostarda, depois de pronta como tempero, era cara e vista como um


item de luxo. Como relatado no incidente acima, esse tal de Rava podia
consumi-la porquê não era pobre.
O uso da mostarda como exemplo nessa passagem, devido ao seu valor
financeiro, pode significar alguma coisa.

As Características da Mostarda
As cestas estavam cheias de sementes de mostardas, as quais eram
extremamente pequenas.
Talmud da Babilônia, Tratado Nazir 8a

Essa é uma afirmativa de consenso comum, a semente da mostarda, senão


a menor semente, é uma das menores dentre todas as sementes. Por isso que
Yehoshua a compara com a fé em alguns capítulos a frente.
Se juntarmos as três referências talmúdicas, teremos algo muito
pequeno, de extremo valor e de características espirituais importantes.
Observando esses três pontos, apenas uma coisa me passa na mente,
justamente o Povo de Israel. Israel tem um dos menores povos do mundo, um
pais pequeno e que representa um total de 0,2% da população mundial. O
Povo de Israel, por ser um povo que serve ao único Deus verdadeiro, é um
povo espiritual, toda concepção de milagres, anjos, maravilhas, criação, vida
eterna, salvação e etc., vem da espiritualidade desse povo, o que o torna o
povo mais espiritual entre todos os outros e consequentemente, por serem
escolhidos a dedo pelo Criador de todas as coisas, se tornaram um povo de
valor imensurável.
De uma forma indireta, a mostarda nada mais é do que a própria
representação do povo escolhido, ela representa as principais características
que o distingue de todo o resto do mundo.

Não é porque vocês são o povo mais numeroso que Adonai colocou Seu
coração sobre vós e lhes escolheu – de certo, vocês são o menor povo.
Deuteronômio 7:7

O nome Israel reflete a alta espiritualidade.


Or HaChaim, Genesis 47:28

O amor de Israel e seu valor é grande e não apenas emocional, pois são
grandes mestres da Torah.
Orot Israel 1:1

A ÁRVORE E A SEMENTE
Tanto a árvore, quanto a semente, devem ser levadas em consideração, a
semente realmente é uma das menores entre todas as outras sementes, mas o
fator relevante dela ser pequena é ligado ao tipo de árvore que ela se torna.
Ao fazer uma pesquisa on-line sobre "árvores de mostarda", iremos
encontrar uma árvore enorme, com folhas bem verdes e um tronco largo.
Essa árvore é chamada de Brasica Alba, também conhecida como árvore de
mostarda amarela e, por incrível que pareça, essa árvore é típica europeia, se
diferenciando muito daquela árvore encontrada no Oriente Médio, na qual
Yehoshua com certeza se baseou nessa passagem. A árvore de mostarda de
Israel se chama Sinapis Alba, ou árvore de mostarda branca, e não é bem uma
árvore, mas sim um arbusto.
Apesar de ser um arbusto grande, maior do que a maioria dos arbustos,
ele não é grande o suficiente para se tornar uma grande árvore e muito menos
possui folhagem suficiente para que pássaros se escondam. Através de uma
alusão de uma árvore fraca e pequena como sendo grande e forte, Yehoshua
nos mostra o milagre que Israel é, apesar de sua aparência fraca e pequena,
ele é capaz de esconder pássaros embaixo de seus ramos e se tornar
espiritualmente uma grande árvore.

OBJETIVO DA PARÁBOLA
No alto monte plantarei Israel, e produzirá ramos, e dará frutos, e se fará
um cedro excelente; e habitarão embaixo dele pássaros de todos os tipos, à
sombra de seus ramos habitarão.
Ezequiel 17:23
A Parábola do grão de mostarda, na verdade, não é uma parábola, mas
sim um midrash feito por Yehoshua em referência ao capítulo 17 do livro do
profeta Ezequiel.
O menor dentre todos os povos, espiritual por ter sido escolhido por Deus
e de grande valor por ter mantido os Seus caminhos, se tornará uma árvore
grande e forte e nele todas as nações poderão se esconder embaixo de seus
ramos.
O Reino dos Céus, para Yehoshua, é o momento em que vivemos agora, é
o momento em que as portas dos céus estão abertas a todos os gentios e a
Palavra de Deus está acessível a eles. A fé de Israel, a espiritualidade de
Israel e o Deus de Israel se tornaram conhecidos a todo o mundo. Nesse
momento, Israel se tornou um cedro sólido, pois tanto o cristianismo quanto o
islamismo beberam de suas águas, graças a sua existência, todo o mundo tem
acesso ao Deus Vivo.

Porém devemos olhar para os motivos de Yehoshua em trazer tal ensino,


e uma pessoa que entendeu bem essa parte foi um outro rabino, conhecido
como Paulo, quando escreve sua carta aos Romanos:

Se tu que foste cortado da oliveira brava e contra a natureza, foi


enxertado na boa oliveira, quantos mais esses, que são naturais, serão
enxertados na sua própria oliveira
Porque não quero que ignoreis esse segredo: que o endurecimento veio
em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
Romanos 11:24-25

Yehoshua explica que a profecia contida em Ezequiel não se refere a


soberania do Estado de Israel nem tão pouco do povo judeu, mas se refere a
soberania da fé e do livro desse povo. Ele explica que, através do
conhecimento e da observância da Torah, todos poderão ser enxertados na
oliveira, todos poderão fazer parte do verdadeiro Povo de Israel, estando
embaixo de seus ramos.
Isso responde nossa pergunta sobre o que seria essa árvore. Ela representa
justamente a força espiritual de Israel, pois mesmo sendo um pequenos
arbusto, ele se torna como se fosse a maior árvore do campo, capaz de
esconder os pássaros sobre seus galhos.
Esse midrash de Yehoshua é confirmado por outro profeta:
E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa de Adonai
no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros e correrão a ele
todas as nações. E irão muitos povos e dirão: Vinde, subamos ao monte de
Adonai, à casa do Deus de Yaakov, para que nos ensine seus caminhos e
andemos em sua Torah, porque de Sião sairá a lei e de Jerusalém a palavra
de Adonai.
Isaías 2:2-3

Fantástico! Yehoshua ensina que haverá um tempo onde a verdade será


entregue a todas as nações (quem não conhecer a bíblia hoje em dia?) e então
as nações irão correr para aprender a Torah de Adonai (esse tempo se iniciou
de uns anos para cá) e aqueles que se manterem nela, serão enxertados na
oliveira, ou seja, farão parte do Povo de Israel e é essa a verdadeira salvação.
Ser parte do povo é fazer parte do Reino dos Céus, o qual Yehoshua tanto
fala, pois foi através de sua morte que a Torah chegou aos gentios e não
graças aos judeus.
◆◆◆
SEÇÃO IV
TRÊS PEQUENAS PARÁBOLAS

Ainda disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como um


homem que encontra um tesouro escondido e na alegria do valor
(encontrado), vende tudo que tem e compra o campo para si.
E ainda o Reino dos Céus é como um mercador buscando pedras
preciosas.
E quando acha uma boa, vende tudo que tem e a compra.
O Reino dos Céus é como uma rede no meio da mar na qual todos os
tipos de peixes se reúnem.
E quando cheia, é puxada para fora, e os pescadores escolhem os
kasher entre eles e os ruins são jogados fora.
Assim serão os fins dos dias, sairão os anjos e diferenciarão os
maus dentre os tzadikim.
E serão jogados na pilha de fogo e ali terá choro e bater de dentes.
Mateus 13:44-50

TESOURO ESCONDIDO
A primeira parábola que nos é apresentada é uma comparação entre o
Reino dos Céus e um tesouro encontrado. Ela é bem clara e autoexplicativa
ao expor o valor que tem as coisas de Deus.
Mas essa parábola tem uma ponta solta, a qual deve ser conectada a sua
origem. Yehoshua não conta o motivo que esse tesouro foi escondido, mas é
claro ao afirmar que a pessoa que o encontrou, o escondeu novamente até que
pudesse adquirir o campo para si ao invés de simplesmente levar o tesouro
embora. Essa atitude estranha deve ter algum motivo.
O Talmud conta diversas anedotas sobre tesouros escondidos que são
encontrados, uma delas é sobre uma pessoa que herdou um campo todo mal
cuidado, por ter muita preguiça de cuidar, ela acaba vendendo-o por uma
quantia mínima. A pessoa que o compra, ao limpá-lo, encontra um baú com
uma quantia suficiente para construir um palácio. A pessoa que vendeu o
campo, ao ficar sabendo disso se arrependeu de ser preguiçoso. Um outro
caso envolve o comprador e o vendedor de um campo onde um tesouro foi
encontrado e ambos discutiam de quem era o dinheiro, Alexandre, o grande,
passava por perto e resolveram perguntar a ele, então Alexandre resolve casar
a filha de um com o filho do outro e assim o tesouro seria de ambos.
O Tratado de Bava Metzia tem um longo debate rabínico sobre como
proceder quando alguém resolve esconder algo de valor, desde o lugar que
ele deve ser escondido até a profundidade que deve ter o buraco caso a
pessoa decida enterrá-lo. Em um determinado ponto começa uma
argumentação sobre roubo, perda desse tesouro e também caso ele seja
encontrado por outra pessoa. Um rabino chamado Shmuel alega que se o
tesouro é encontrado em um terreno público, aquele que o encontra tem o
direito de ficar com o tesouro para si, caso seja encontrado em um terreno
privado, se ele quiser ficar com o tesouro, ele deveria comprar o campo
primeiramente.
Me impressiona a familiaridade que Yehoshua tinha com a Torah Oral e
como ele a usava, claro que a base de seu ensino é a Torah, mas ele nunca
deixou o Talmud de lado, pois usa aquilo que é determinado nesses livros
para formular seus ensinos e debates. Independentemente da forma que ele
desenvolveu essa parábola, ela nos ensina sobre uma pessoa que teve tanta
alegria ao achar um tesouro que, resolve reestruturar todas suas prioridades
para obter o campo, pois o Reino dos Céus tem um valor maior do que tudo
que ele tinha.

PEDRAS PRECIOSAS
Seguindo a mesma linha de pensamento da parábola anterior, Yehoshua
faz uma outra comparação entre o Reinos dos Céus e coisas terrenas de alto
valor. É sobre um mercador que fica impressionado com algumas pedras
preciosas que encontra, assim como na parábola anterior, resolve vender tudo
que tem para adquiri-las.
Talvez a diferença entre as duas parábola é que o homem da primeira, por
estar cavando buracos, não seja rico e o mercador da segunda, de certo, tinha
condições financeiras melhores. Isso mostra que o Reino dos Céus está aberto
a todos os tipos de pessoas e o sacrifício é igual para todos, ele deve ter um
valor maior do que qualquer coisa que alguém possa ter nessa terra, sendo
muitas ou poucas.
Essa é mais um parábola que se perde com a tradução, na maioria das
bíblias ocidentais, ao invés de pedras preciosas, aparece pérolas e isso causa
uma leve desconexão de um ensinamento talmúdico muito interessante.
A Torah é como um baú cheio de pedras preciosas.
Talmud da Babilônia, Tratado Taanit 21a

Não acredito que o Reino dos Céus seja a Torah per se, mas de certo é ela
que nos leva e nos mantém nesse reino.

REDE NO MAR
Nesse último fica interessante, justamente devido aos termos usados por
Yehoshua que tradução nenhuma manteve. Ele compara as pessoas que
entrarão no Reino dos Céus com peixes, mais especificamente com peixes
Kasher e peixes não kasher.
Na mentalidade judaica existem duas coisas que representam a
observância da Torah pelo indivíduo. A primeira delas é quando a pessoa diz
que é shomer Shabbat, em uma tradução direta, "observante do Shabbat", o
que é uma máxima da obediência a Torah, tal termo é sinônimo de ortodoxo.
Outro é o próprio termo kasher, esse termo não representa apenas a dieta
bíblica, mas também representa tudo que está nos conformes da Torah.

Rabban Gamliel os disse: Meu servo Tavi não era como os outros servos,
ele era kasher (de acordo com a Torah).
Mishnah Brakhot 2:7

Se alguém construir a sukkah entre as árvores, com elas servindo de


parede, essa sukkah é kasher.
Mishnah Sukkah 2:4

No primeiro exemplo temos o Rabbi Gamliel chamando o próprio servo


de kasher, isso nos ensina que tal termo se encaixa para pessoas, mostrando
que elas levam uma vida de observância a Torah, pois são de acordo com o
que ela estipula.
No segundo, há uma regulação sobre a construção de sukkah, se for entre
as árvores, essa sukkah é kasher, ou seja, está de acordo com o que a Torah
exige na construção dessas cabanas.
Os peixes nessa parábola são as pessoas e o kasher determina o
comportamento delas e o requerido para que sejam escolhidas. Em palavras
mais diretas, Yeshohua afirma claramente que o escolhido é aquele que é
kasher, aquele que leva uma vida conforme o determinado pela Torah. Isso é
confirmado no final, onde ele afirma que os anjos diferenciarão os maus
dentre os tzadikim e tzadik é um termo do hebraico bíblico que representa
justamente aquele que observa os mandamentos da Torah. Yehoshua nunca
poderia fazer tal afirmação se ele realmente tivesse abolido a Torah.
Yehoshua sem a Torah perde o sentido, tanto os seu ensinos, quanto a sua
existência. Infelizmente a igreja não entendeu isso.
◆◆◆
SEÇÃO V
RECOMPENSA

Depois disso disse Yeshua aos seus talmidim: o Reino dos Céus é como o
homem que é senhor em sua casa e levanta de manhã para contratar
serventes.
E os contrata por um dinar ao dia e os envia para sua vinha.
E sai na terceira hora do dia e vê outros parados no mercado
E diz a eles: venham vocês também para a minha vinha e lhes darei o que
for compatível a vocês.
E foram. Então saiu de novo ao meio dia e na hora nona e fez o mesmo. E
na décima primeira hora, saiu de novo e viu outros parados e disse a eles:
por que vocês estão parados no mercado todo o dia? E lhe responderam:
ninguém nos contratou. E disse a eles: vão vocês também a minha vinha.
E naquela noite, disse o senhor da vinha ao supervisor dos
trabalhadores: chame-os para que possa dá-los o salário. E começou pelo
último e terminou com o primeiro. O último recebeu um dinar.
E o primeiro achou que fosse receber mais, porém ele não deu a ninguém
nada além de um dinar.
E o primeiro murmurou sobre o senhor da vinha
Disse a ele: os últimos trabalharam apenas por uma hora e você os fez
como nós, que trabalhamos o dia todo no calor.
E respondeu a um deles, dizendo-lhe: não lhe fiz nenhuma injustiça, não
lhe chamei por um dinar?
Tome e se vá. Se eu quiser dar isso ao último como você.
Não posso fazer de acordo com meu desejo? Há algo de mal em seus
olhos enquanto estou sendo bom?
Então o primeiro será o último e o último será o primeiro. Muitos serão
chamados mas pouco serão selecionados.
Mateus 20:1-16

Essa é uma parábola que trata sobre recompensa, porém, mais importante
que a recompensa em si, são os motivos pelos quais essas recompensas são
dadas, assim como os personagens e a ambientação na qual essa parábola
acontece.
A primeira informação que temos é a de um senhor contratando serventes
para trabalhar na sua vinha. Na grande maioria dos casos, quando aparece
vinha no Tanakh, ela é automaticamente associada ao Povo de Israel, assim
como aparece no livro do profeta Isaías:

Deixe me cantar um canto para o meu amado sobre sua vinha, meu
amado tinha uma vinha sobre um frutífero monte.
Ele cavou o solo, retirou as pedras, e plantou videiras selecionadas. Ele
construiu uma torre de guarda em seu meio, ele até construiu uma prensa de
uvas, pois ele acreditava que nasceriam uvas, mas nasceram uvas selvagens.
Agora, habitantes de Jerusalém e Judah, sejam vocês os juízes entre eu e
minha vinha.
O que mais poderia eu ter feito pela minha vinha que eu falhei em fazer?
Por que quando acreditei que teria uvas, eu tive uvas selvagens?....
....Pois a vinha do Senhor das Hostes é o Povo de Israel...
Isaías 5:1-4 + 7

Deus criou para si não uma religião, mas um povo. Quando Ele tirou o
povo hebreu do Egito e entregou a Torah em suas mãos, eles se tornaram
oficialmente o Povo de Israel, os servos do Deus Vivos. A vinha representa
justamente esse povo. A construção da vinha, conforme relata o profeta
Isaías, se refere justamente a formação desse povo por Deus.
Nessa parábola, o senhor vai atrás de servos para trabalhar em sua vinha.
Os primeiros que ele encontra são os únicos que uma promessa de
recompensa é feita, são os únicos aos quais o dono da vinha promete pagar
um dinar. Eu acredito que é possível fazer uma associação a esses primeiros
trabalhadores com o povo hebreu, que receberam a Torah junto com toda as
promessas que nela estão, se tornando oficialmente a “vinha”.
Já os outros trabalhadores representam os gentios, os quais foram
chamados posteriormente para entrarem para o Povo de Israel. O interessante
a respeito deles é que, diferentemente dos hebreus, não lhes foram
prometidos nenhum tipo de recompensa específica. Eles simplesmente
tiveram uma disposição, que até um certo ponto é estranha, ao aceitarem a
entrar na vinha sem que nem ao menos um salário fosse acertado.
Hoje é muito difícil, mas muito difícil mesmo, ver um gentio que se
aproxima ou busca ao Deus Criador sem um motivo que o leve até Ele. Toda
vez que presenciei alguém iniciar uma busca a Deus, foram por motivos de
uma forma relativamente “egoísta”, alguns por causa de enfermidades,
outros por problemas financeiros e também aqueles que buscam uma solução
a um problema familiar. A realidade é que eu nunca testemunhei alguém que
nunca teve nenhum tipo de relação com Deus, acordar de manhã e resolver
começar a orar e ler a bíblia do nada. Uma pessoa com a vida excelente, sem
problemas e sem preocupação alguma, tomar uma atitude dessas é realmente
fora do usual.
Mas aparentemente é exatamente isso que ocorre com esses trabalhadores
que esse senhor vai chamando no decorrer do dia, eles simplesmente dizem
“sim” e partem para servir ao novo senhor sem acordo algum. Isso mostra
uma certa disposição de servir muito rara nos seres humanos, como se, mais
do que as bênçãos, o servir a Deus é a ÚNICA coisa que lhes importam.
Isso é algo que é comentado no Talmud, o servir a Deus apenas pelo fato
Dele ser Deus, o Criador. Mesmo que nunca seja abençoado por isso, só o
fato de servi-Lo é a maior benção:

Não sejam servos que servem ao mestre para receberem uma


recompensa, mas sejam servos que servem ao mestre não pela recompensa,
mas pelo temor aos céus.
Pirkei Avot 1:3

O temor aos céus, quem o tem, é o verdadeiro abençoado. Temor é


melhor que muita saúde, muito dinheiro, muita fama, muito poder, muita
influência; É o sinal do verdadeiro coração conforme o coração de Deus. Mas
o que me intriga é: o que torna uma pessoa com uma disposição igual a essa,
sem interesse em barganhas com Deus? Pensando a respeito, me veio uma
história a mente:

Portanto disse Adonai, o Deus de Israel: estou prestes a arrancar o reino


das mãos de Salomão, e lhe darei dez tribos.
I Reis 11:31

Após a morte do rei Salomão, devido aos incessantes pecados de idolatria


praticados pelo povo, Deus permite que o império Assírio invada o Reino de
Israel, onde se encontravam dez das doze tribos, e o destrói. O povo do reino
de Israel é levado cativo e dispersado mundo a fora. Em seu lugar, gentios
assírios são estabelecidos. Até os dias de hoje, ninguém sabe o que aconteceu
com o povo dessas dez tribos. Eles sumiram completamente do mapa, sendo
totalmente absorvidos por outras culturas e, com o tempo, se “tornaram”
gentios.
Os rabinos afirmam que, com a vinda de Mashiach, os descendentes
dessas dez tribos serão encontrados e restaurados à vinha, ao Povo de Israel.

Rabbi Eliezer diz: Assim como esse dia escurece e então se torna claro
novamente, assim será com as dez tribos, que mesmo que tenham caído na
escuridão, no futuro elas serão colocados novamente na luz.
Mishnah Sanhedrin 10:3

Os sábios ensinam que todos aqueles que pertencem a Casa de Israel,


possuem em suas almas uma fagulha divina, que é passada de geração em
geração. Essa fagulha que vem de Deus, é o que ajuda aos judeus a seguirem
a Torah, a servirem ao Deus Único e se manterem em Seus caminhos. Mesmo
quando um judeu cai em idolatria ou se converte a religiões idólatras, em
algum momento de sua vida, retornará ao Deus Vivo, isso por causa da
fagulha que lhes foi dada.
Agora, veja só, por certo essas pessoas das dez tribos também tinham essa
fagulha divina, e tal fagulha foi passada para todas suas gerações. Mesmo
perdidos pelo mundo e pela história, são almas ainda interligadas com Deus.
Sendo assim, talvez essas pessoas que tem uma facilidade natural de aceitar
ao Deus Vivo, mesmo sem nunca antes tê-Lo conhecido ou O servido, pode
ser por causa dessa fagulha, podem ser os descendentes perdidos de uma
dessas dez tribos.
Entenda, o que falo aqui é apenas um hipótese, não estou afirmando que
são, mas essa ideia pode ser totalmente compatível, pois ultimamente tenho
visto muitos gentios buscando ao Deus Verdadeiro por puro prazer e não por
bênçãos, estão se submetendo ao jugo da Torah por amor. Quando escutam
sobre Deus e Suas Leis, de uma forma inesperada, se enchem de alegria e
vontade de servi-Lo, sem ao menos se preocuparem com o que Ele pode dar.
Isso é fantástico, pois pode ser o verdadeiro sinal do fim dos tempos. Deus
restaurando Seu verdadeiro povo, acordado as tribos perdidas em diversas
partes do mundo para seguirem Seus caminhos e Sua Torah.
Não é porquê o indivíduo está em uma igreja ou em uma sinagoga que ele
possui esse amor, esse prazer, essa faísca dentro da alma. O que mais vemos
por aí são pessoas que servem a falsos deuses, abolindo a Torah, praticando
apenas religião, e quando são confrontados sobre essas coisas, se tornam
ariscas e agressivas.
Sendo assim, os primeiros são os judeus, os restantes são os gentios que
possuem uma fagulha divina dentro de si, que buscam servir a Deus e a
retornar a Seu Povo, sem promessas, sem recompensas, sem contratos, sem
nada, apenas pelo prazer de servir ao Deus Vivo.
(esse tema é abordado em outra parte desse livro).

MOTIVOS DA RECOMPENSA
Já discutimos o tema dessa parábola, mas ainda não abordei o motivo
que levou ao senhor da vinha a pagar o mesmo salário para trabalhadores
com cargas horárias diferentes.
No Midrash Shir HaShirim Rabbah, uma coletânea de ensinos rabínicos
sobre o livro de Cantares de Salomão, existe um conto muito similar a essa
parábola que Yehoshua elaborou. É muito provável que esse conto seja mais
antigo que Yehoshua e popularmente difundido entre os mais estudiosos. Ele,
mais tarde, é associado ao Rabbi Bon, conforme aparece em algumas partes
do Talmud de Jerusalém.
Apesar das semelhanças, a parábola de Yehoshua e esse Midrash são
usados com intenções diferentes de ensino, mas paralelamente podem ser
associados. Yehoshua, quando ensina essa parábola, conta com o prévio
conhecimento desse Midrash por parte de seus ouvintes e, para não ensinar
“mais do mesmo”, ele adiciona sua visão nessa parábola, sem explicar ao que
ela se refere, pois isso já deveria ser de conhecimento das pessoas ao seu
entorno.
Por serem muito antigos, os textos são de difícil tradução e estão em
aramaico. Segue da forma mais lógica que consegui:

É similar ao rei que possuía uma vinha, e contratou muitos trabalhadores


para trabalharem em sua vinha. Esse rei tinha um trabalhador que era
extremamente qualificado em seu trabalho, mais do que todos os outros
trabalhadores. O que o rei fez? Deu longos descansos a ele.
A noite é chegada e os trabalhadores vão receber seus salários e esse
trabalhador foi com eles e o rei lhe deu o salário completo. Os outros
trabalhadores começaram a proclamar, dizendo: Nós trabalhamos o dia todo
e esse aí só por duas horas e o rei lhe paga um salário completo!
O rei diz a eles: Por que vocês reclamam? Esse trabalhador trabalhou de
uma maneira qualificada. O que dói em vocês por trabalharem o dia todo?
Assim como Rabbi Bon filho de Rabbi Chiyya que teve qualificação espiritual
por ter aprendido Torah em dezoito anos enquanto os outros levavam cem
anos.
Shir HaShirim Rabbah 6:2

Esse Midrash não trata especificamente de recompensa, apesar de abordá-


la. O intuito desse ensino é mostrar a vantagem espiritual que o estudo da
Torah dá a quem a estuda, assim refletindo no mundo material, trazendo
enormes recompensas (entenda-se bênçãos). O exemplo é o próprio Rabbi
Bon, que por estudar Torah, foi tão qualificado em seu andar que podia fazer
em dezoito anos o que os outros levariam cem para fazer.
Podemos entender esse trabalhador qualificado como alguém que
estudava a Torah. As bênçãos que vinham sobre ele, conforme relatado em
Levítico 26, se refletiam no mundo material, tornando-o um bom
profissional, com reconhecimento por parte do rei, com possibilidade de
descanso para estudo e mesmo assim recebendo todo o salário.

Já no caso de Yehoshua, além do ensino dessa parábola, ele adiciona que


“os últimos serão os primeiros”. Segundo meu entendimento, esses últimos
são pessoas que superarão àquelas que possuem alta qualificação terrena. Ou
seja, uma pessoa passa a vida estudando; Faz faculdade, pós-graduação,
mestrado, doutorado e no final, acaba ganhando o mesmo, ou até menos que
um outro indivíduo que não tem nada desse preparo, porém, é uma pessoa
temente a Deus e que tem uma vida conforme a palavra do Criador. Isso lhe
tira de uma posição de inferioridade em comparação àquele que estudou, e a
coloca acima dele.
Isso é algo que podemos ver nos dias de hoje quando olhamos para o
Estado de Israel, que, apesar de ser um país “novo”, possui metade de todos
os prêmios Nobel do mundo, pessoas sem qualificação nenhuma se tornando
milionárias e mesmo sendo um lugar que não tem as melhores universidades
do mundo, o desenvolvimento tecnológico que acontece lá supera muitos
países que possuem os melhores cientistas do mundo. É um país que poderia
ser um dos últimos, mas por causa da Torah, são os melhores em muitas
áreas.
Assim, segue o verdadeiro “dinar” da parábola de Yehoshua:

E quando tudo passar, se você der ouvidos a voz de Adonai, seu Elohim,
observando e fazendo suas Mitzvot, as quais comandei nesse dia, o seu
Elohim lhe colocará sobre todas as nações da Terra.
E essas bênçãos virão sobre você e lhe tomarão, se você der ouvidos a
voz de Adonai.
Abençoado serás na cidade e no campo, abençoado será o fruto de seu
corpo, e o fruto de sua terra, e o fruto de seu rebanho, e crescerão suas
vacas e seus novilhos.
Bendito será seu cesto. Bendito serás ao entrar e ao sair. Adonai
entregará feridos os inimigos que se levantarem contra ti e por sete
caminhos fugirão de ti. Adonai colocará a benção em seus celeiros e em tudo
que puseres a mão e te abençoará na terra em que Ele lhe colocar...
...Adonai abrirá os tesouros dos céus, dando chuva a sua terra no seu tempo
e para abençoar a todas as obras de suas mãos e tu não tomarás empréstimo.
Deuteronômio 28:1-12

CHAMADOS x ESCOLHIDOS
Muitos ensinam que os que são chamados são os que estão longe da
igreja, que tiveram a oportunidade de ouvir sobre jesus e não o aceitaram,
enquanto os que estão dentro de algum templo seriam os verdadeiros
escolhidos. Mas na verdade, Yehoshua estava se referindo apenas a Israel, ele
baseou-se em uma passagem que se encontra no livro de Isaías:

Adonai Elohim, que criou Seu Povo, diz: “Não tenha medo, pois EU o
salvarei, EU TE chamarei pelo seu nome, E VOCÊ SERÁ MEU!
Isaías 43:1

Quem realmente Deus chamou foi o Povo de Israel, chamou-o para servi-
Lo e para ser Dele. A teologia dissemina o engano através da teologia cristã
da substituição, de como a igreja tomou o lugar de Israel e que essa profecia
agora se refere a igreja, pois os judeus negaram a jesus. Mas Deus não fala as
coisas e muda de ideia, quando Ele disse isso através do profeta Isaias, Deus
já sabia da rejeição que Yehoshua teria. Mesmo assim fez essa alegação em
referência ao Povo de Israel, a igreja nunca, jamais, tomará o lugar do Povo
de Israel perante o Senhor. Essa palavra profética de Isaías mostra que Deus
chamará Israel pelo nome, que ele será salvo pelo Criador, será pego pela
mão e será chamado Dele. O gentio que for adotado e enxertado no Povo de
Deus, também poderá ser incluso nessa promessa.
O chamados e não escolhidos, aos quais Yehoshua se refere, também
se encontram dentro do Povo de Israel, serão aqueles que Paulo menciona em
Romanos 11 quando alega que muitos galhos serão cortados fora da
“oliveira” para que outros sejam enxertados. Em outras Palavras, combinando
a passagem de Isaías com essa do livro de Romanos, vemos que quando o
gentio é adotado como filho e entra para o Povo de Israel, ele será
automaticamente salvo por Deus, será só Dele e será remido através de sua
obediência ao Todo Poderoso. Sempre devemos manter em mente que
Yehoshua pregou para a Casa de Israel e para a Casa de Yehudah, tudo aquilo
que falava era baseado na Torah, nos profetas e com o seu povo em mente. Se
não buscarmos o entendimento das palavras dele com esses dois pontos em
mente, faremos uma grande bagunça de interpretação.

Que o gentio, que entra para o Povo de Israel, nunca diga: “Adonai me
deixará a parte de Seu Povo”... ...O estrangeiro que Adorá-Lo, amar Seu
nome, ser seu servo, todos que observarem o Shabbat, não profanando-o e
que se associar a minha aliança. Eu o trarei para o meu monte santo e ele se
alegrará na minha casa de oração. Seus sacrifícios e ofertas queimadas
serão aceitas no meu altar, pois minha casa será chamada casa de oração de
todos os povos.
Isaías 56:3 + 6-7

Uma última observação: entrar para o Povo de Israel se refere a


aceitar a Torah e a aliança de Deus, e NÃO A SE TORNAR UM JUDEU.
Judaísmo é religião, o Povo de Israel é um povo. Não confundir alhos com
bugalhos.
◆◆◆
SEÇÃO VI
A VINHA

Nesse tempo, disse Yeshua a seus talmidim e com companhia dos judeus:
escutem a parábola do semeador. Um certo homem honrado plantou uma
vinha e a vedou em todo o entorno, construiu uma torre no meio, também
cavou uma vala, a confiou nas mãos de seus servos e tomou seu caminho.
E passado o tempo ao tempo da colheita do produto, mandou seus servos
aos inquilinos para receberem o produto.
E tomou os inquilinos aos seus servos e bateram no primeiro, mataram o
segundo e apedrejaram o terceiro com pedras.
E mandou outros muitos servos depois dos primeiros e fizeram com eles a
mesma coisa.
Por último resolveu mandar seu filho, dizendo: talvez vejam meu filho.
E viram os inquilinos o seu filho e disseram uns aos outros: esse é o
herdeiro, vamos matá-lo e herdaremos a sua herança.
Então o tomaram-no, lançaram-no pra fora da vinha e o mataram.
E agora quando o senhor da vinha vier, o que fará ele com eles?
E lhe responderam, dizendo: os maus serão destruídos e sua vinha será
dada a outros inquilinos, os quais lhe darão imediatamente sua parte nos
produtos.
E disse a eles Yeshua: não leram o que está escrito? A pedra rejeitada
pelos construtores se tornará a cabeça da quina. Isso é de Adonai
(tetragrama), é maravilhoso em vossos olhos.
Por isso lhes digo que o Reino dos Céus será rasgado perante vocês e
dado aos gentios que dão frutos. (rasgo do véu, abertura da onde estava a
Torah)
Aquele que cai sobre essa pedra, será rejeitado. Aquele que cai sobre
será quebrado.
E ouviram os líderes dos sábios e dos fariseus e entenderam que falava
sobre eles.
E se questionaram sobre matá-lo, mas temeram a multidão, para a qual
ele era um profeta.
Mateus 21:33-46

A meu ver, de todas as parábolas encontradas no livro de Mateus, essa é a


mais perigosa. A falsa impressão de simplicidade que ela passa, serviu de
base para os pais da igreja criarem uma falsa teologia cristã chamada
“teologia da substituição”.
Junto a essa teologia veio o antissemitismo, pois a sensação gerada nos
cristãos, que acreditam nessa teologia, é a de certa superioridade em relação
ao Povo de Israel. Uma má interpretação de textos da bíblia é um risco sem
igual, pois todas interpretações errôneas geram mentiras, mentiras geram
heresias, heresias geram teologias e teologias geram seitas e religiões pagãs.

Teologia da Substituição
Essa teologia, também conhecida como supersessionismo, sugere que a
antiga aliança do Sinai foi substituída por uma nova aliança feita através de
cristo. Essa “substituição” se deu devido a não aceitação de jesus por parte
dos judeus e portanto, Deus transferiu todas as promessas que tinha dada ao
povo judeu para a igreja, tornando-a o verdadeiro Israel de Deus.
Pais da igreja como João Crisóstomo, Justyn Martir, Agostinho de
Hipona, Orígenes e Martinho Lutero ensinam que as promessas, que
pertenciam a Israel, foram tiradas deles e dadas a igreja, pois Deus os puniu
por não terem aceito e terem matado a cristo. Por esse motivo, alguns deles,
como Lutero e Crisóstomo, incentivavam fortemente a seus seguidores a
perseguirem e castigarem aos judeus, pois se tornaram uma raça desgraçada
por Deus.
De uma forma ou de outra, direta ou indiretamente, muitas igrejas seguem
a essa teologia, o que gera um distanciamento enorme entre a igreja e a
vontade divina. Teólogos cristãos, assim como muitos líderes arrogantes de
diversas denominações, acreditam que são os donos da verdade, são
doutrinados em teologias mentirosas e acabam ensinando e defendendo tais
conceitos, ao ponto de se tornarem incrivelmente resistentes a qualquer ideia
que a Torah represente.
Essa é uma teologia fétida, além da enorme desgraça que trouxe ao povo
judeu, vai de encontro com o que o próprio Deus fala:

Assim diz Adonai, aquele que criou o sol para brilhar, que decretou que a
lua e as estrelas brilhem a noite, que agita o mar para que suas ondas rujam,
o Senhor dos exércitos: quando essas coisas deixarem de existir, declara
Adonai, deixarão os descendentes de Israel de ser uma nação perante mim,
serão para sempre.
Jeremias 31:35-36

A PARÁBOLA
Se seguirmos o “óbvio”, vamos entender que a vinha da parábola é a
promessa de Deus, os maus inquilinos são os judeus, o filho do rei é jesus, o
qual foi morto pelos judeus e o suposto novo inquilino, que receberá as terras
(promessas), é a igreja. Não posso negar que uma leitura sem uma
“bagagem” de conhecimento necessário sobre o judaísmo e sobre o contexto
social de Yehoshua leva justamente a esse entendimento. Porém, pelo fato
dessa interpretação ter gerado mentiras teológicas, já fornece motivos
suficientes para olharmos para essa parábola buscando outras interpretações.
Deus, jamais, substituirá o Povo de Israel. É incoerente com as promessas
feitas por Ele, se tal ideia fosse ensinada por Yehoshua, teríamos um grande
herege que realmente merecia ser morto por isso. Mas esse não é o caso,
Yehoshua se manteve na Palavra de Deus em todos seus ensinos, a ideia de
igreja não fazia parte de sua realidade, o Povo de Israel sempre foi o objetivo
de sua missão.

Os Alvos
Por esses motivos devemos olhar para essa parábola com mentes sem
vícios, devemos entender o que seria a vinha, os inquilinos, o filho e os novos
inquilinos. Primeiramente é vital o entendimento do contexto em que
Yehoshua estava inserido no momento dessa passagem e quem foram os
alvos dela.

E foi para o Mikdash ensinar Torah e se aproximaram dele os sábios e os


sacerdotes e os líderes do povo...
Mateus 21:23a

Uns versículos acima, Mateus relata que Yehoshua estava em Jerusalém,


estava ensinando próximo ao Mikdash (Templo) e dentre os muitos talmidim,
o autor é categórico em afirma que também estavam presentes os sábios, os
sacerdotes e os líderes, só essa informação já revela para quem era o recado.
Como já mencionado anteriormente, Yehoshua tinha dois inimigos,
alguns dos fariseus que colocavam suas autoridades acima da Torah e os
saduceus. Na época do segundo Templo, toda a política, serviços templários e
judiciário, estavam nãos mãos desse grupo, seus membros tinham total
controle sobre Israel e sobre o povo judeu. Eles decidiam quem era culpado
ou inocente, decidiam como a relação com o Império Romano deveria ser,
decidiam como o judaísmo deveria ser observado, escolhiam quem seriam os
sacerdotes, independente se fossem da tribo de Levi ou não, e decidiam quais
leis da Torah eram propícias a serem observadas. Eram pessoas que
enriqueceram muito e possuíam grande poder e influência. A morte de
Yehoshua foi “levada a cabo” quando ele começou a atacar aos saduceus,
causando revolta entre o povo pelas suas doutrinas e manipulações, que iam
de encontro com o determinado por Deus.

A Vinha
Dentro da literatura judaica, por muitas vezes, a vinha é uma simbologia
ao Povo de Israel. Tanto na Torah quanto no Talmud, muitas associações são
feitas entre os dois. Porém existem alguns poucos casos que, devido ao
contexto onde o ensino está inserido, a vinha possui outras representações
além de Israel.
Nesse caso, Yehoshua estava dentro de Israel, conversando com pessoas
de Israel sobre assunto concernentes a Israel. Usar a simbologia da vinha em
referência a essa terra seria incoerente, pois falar sobre Israel no meio de
israelenses não representa um risco e por esse motivo, o uso de uma parábola
seria desnecessário. Sendo assim, devemos ver a vinha com outra
representação que não Israel.
Um termo bem incomum é usado por Yehoshua nessa parábola. Esse
termo aparece quando ele inicialmente chama as pessoas que cuidavam da
vinha de “servos” e no versículo seguinte, começa a chamá-los de
“inquilinos”, esse termo em hebraico é EIRISIM (‫)עריסים‬. A palavra eirisim
aparece em uma passagem do Midrash, o qual a usa para fazer uma ligação
com “receber algo”, pois segundo o Midrash, “inquilinos” representam
pessoas que "recebem algo", que nesse caso, receberam a vinha:

Quando Deus se revelou a Moises no monte Sinai para dar a Torah a


Israel, Ele a ensinou a Moises na seguinte ordem: Torah, Mishnah, Talmud e
Aggadah. Moises disse a Deus: “Deus, devo escrevê-las?” E Deus
respondeu: “Eu não quero que você as dê a Israel de forma escrita, pois eu
sei que no futuro as nações irão reinar sobre eles e tomarão a Torah deles e
ela será degradada pelas nações, portanto lhe darei as Escrituras de forma
escrita, mas a Mishnah, Talmud e Aggadah lhe darei oralmente... ...Pois dei
as nações (EIRISIM -inquilínos) uma porção de meus mandamentos e eles a
degradaram, então dei novamente uma outra porção de meus mandamentos e
novamente eles os degradaram, então veio meu filho, Israel e tirou deles os
mandamentos, mas as nações decidiram matar Israel, meu filho.
Shemot Rabbah 47

Assim como na parábola de Yehoshua, onde os inquilinos "receberam


algo", nesse Midrash os inquilinos também "receberam algo". Shemot
Rabbah nos conta que Deus deu mandamentos a alguns "inquilinos" para
guardá-los, mas eles os desprezaram e os desobedeceram, então novamente
Deus dá seus mandamentos às outras nações, para que servissem de
"inquilinos" da vontade do Criador e então, por mais uma vez, as nações os
desrespeitaram, e finalmente Deus resolve dá-los a Israel e por esse motivo,
por terem a Torah de Deus como "inquilina" em suas vidas, os judeus sempre
foram um povo perseguido e morto.
Quando Yehoshua associa o “receber algo” com “se tornar inquilino”,
através da palavra EIRISIM (‫)עריסים‬, a multidão que o ouvia rapidamente
entendeu que a “vinha”, a qual Yehoshua se referia, era a própria Torah, os
mandamentos. Pois tal associação só foi possível pelos termos “midráshicos”
de Yehoshua, caso contrário, a "vinha" seria entendida como Israel.

O Filho
Por último, devemos olhar para a figura do filho. Não faria sentido
acreditar que Yehoshua seria o filho nesse caso, pois não entraria na lógica
do que levantamos até aqui.
Existe um outro Midrash muito conhecido que conta uma estória muito
parecida com a que Yehoshua contou:

Um rei tinha um campo e o deu ao seus servos, os quais começaram a


roubar dele – então foi passado a seus filhos, os quais foram pior do que os
primeiros. Quando nasceu um filho ao rei, o filho disse a eles: saiam de onde
me pertence... ...Você, Israel, foi escolhido pelo seu Deus para ser Seu filho,
Seu povo.
Sifrei Devarim 312:1

É inegável a similaridade que ambas parábolas possuem, por isso essa


ligação entre as duas pode ser útil. Em Sifrei Devarim temos a revelação de
quem seria esse filho e é justamente o Povo de Israel.
Conclusão
Yehoshua, em seu enorme conhecimento de Torah Oral, a usa em seus
ensinos para que eles falem por si só. Ele mandou um recado juntando
diversas estórias do Midrash. Primeiro ele monta um cenário de acordo com
o Sifrei Devarim, para mostrar que ele falava sobre Israel, o filho. Então
apresenta a vinha e os inquilinos através do Midrash Shemot Rabbah,
fazendo uma alusão da vinha com a Torah e os inquilinos representam as
nações ou, aqueles que fazem mal uso dos mandamentos de Deus. Dessa
forma, ele passou um recado sútil, porém direto, aos saduceus.

E ouviram os lideres dos sábios e dos fariseus e entenderam que falava


sobre eles.
Mateus 21:45

De acordo com Yehoshua, o poder de decisão das Leis de Deus, da


Torah, foram dadas aos saduceus (os quais foram servos um dia) por Deus,
assim como a vinha foi dada aos inquilinos (que são chamados de servos no
começo da parábola), porém eles foram maus, enriqueceram ilicitamente,
criaram conceitos que eram contrários aos mandamentos de Deus e tudo isso
estava matando o Povo de Israel, a podridão espiritual que existia pelo fato
deles estarem no controle, estava trazendo morte física ao próprio povo.
Portanto, o Rei (Deus) iria vir e tirá-los do poder, passando a vinha (i.e.
Torah) a novos inquilinos, os quais são os inquilinos até os dias de hoje, os
fariseus ortodoxos.
Após a queda do Templo e a destruição de Israel pelos romanos, os
saduceus desapareceram completamente, é um grupo que pouco se sabe a
respeito e sua existência não representa absolutamente nada na história dos
judeus, apenas uma memória. Por outro lado, tudo caiu nas mãos dos
fariseus, hoje em dia tudo é regulamentado pelos ortodoxos, as sinagogas são
lideradas por eles, os estudos são passados por eles, os casamentos, as
conversão, o Beit Din (casa da lei) e como deve ser relação do povo com a
Torah. Essa parábola, que mais foi uma profecia, se realizou.
Não se trata da igreja, não se trata de substituição, não se trata de cristãos,
não se trata de nada que a teologia cristã insiste em ensinar, mas sim de
grupos ideológicos dentro de Israel do primeiro século.
Pedra Rejeitada
A pedra que os construtores rejeitaram, se tornou a principal pedra de
quina.
Salmo 118:22

Todo o Israel será o principal edifício do mundo, pois os mandamentos


de Adonai, que foram rejeitados pelas nações, é sua pedra de quina.
Radak, Salmos 118:22

Mencionar essa passagem de Salmos fez total sentido, como é possível


ver pela explicação do grande sábio Rabbi David Kimchi, RaDaK.
Seria óbvio afirmar que essa pedra seria Yehoshua, pois ele foi rejeitado e
se tornaria a pedra de quina como muitos interpretam. Porém, se esse fosse o
caso, teríamos dois problemas. Primeiro, ele se tornaria a pedra de quina do
quê, da igreja? Se esse entendimento fosse correto, então cairíamos na
interpretação teológica descrita acima, teríamos novamente um entendimento
antissemita e pró teologia da substituição.
O segundo problema é sobre a rejeição que ele sofre. Ao estudarmos com
atenção, veremos que Yehoshua teve muitos seguidores e talmidim, o que
mostra claramente que ele não sofreu uma rejeição por parte do povo, sua
rejeição foi por parte daqueles da casa dos saduceus, dos líderes, dos
sacerdotes e dos juízes, assim como também por parte de algumas escolas
farisaicas e sábios, os quais se sentiam ofendidos quando Yehoshua os
criticava por serem hipócritas e por colocarem a sua autoridade acima da
Torah. O povo judeu, em geral, não o rejeitou, a ideia de um messias era
muito bem aceita entre os judeus e vemos isso pelo próprio Paulo, o qual
sempre era recebido em sinagogas por toda a diáspora quando ensinava sobre
Yehoshua.
A rejeição de Yehoshua por parte dos judeus veio muito depois, quando a
igreja os fez “engolir” um jesus criado por ela, que nada tinha a ver com
Yehoshua Ben Yosef, fora os dois mil anos de sofrimento que esse povo
passou “em nome de jesus”.
Mesmo Yehoshua não representando a pedra nesse caso, não desqualifica
seu ensino ou o torna menos valoroso, pois suas palavras, sua revelação dada
através da parábola, se cumpriu. A pedra de quina, mencionada pelo livro de
Salmos e por Yehoshua, é a Torah.
Os Gentios
Por isso lhes digo que o Reino dos Céus será rasgado perante vocês e
dado aos gentios que dão frutos. (rasgo do véu, abertura da onde estava a
Torah)
Aquele que cai sobre essa pedra, será rejeitado. Aquele que cai sobre
será quebrado.
Mateus 21:43

Yehoshua faz mais uma alusão, ele diz que o Reino dos Céus será
rasgado, assim como foram rasgadas as cortinas no templo no momento de
sua morte. Essa cortina é o que separava o Santo dos Santos do resto do
Templo, era depois dessa cortina que a Aron HaKadosh (arca da aliança)
ficava. Com essa afirmação, Yehoshua diz que no Reino dos Céus (tempo
que estamos agora) as cortinas que separam a arca do povo seriam rasgadas
perante os gentios, o que significa acesso as Escrituras, pois dentro da arca
ficavam os rolos da Torah, assim como ficam de forma simbólica em todas
sinagogas nos dias atuais.
Essa mensagem que Yehoshua passou também se concretizou, pois todo e
qualquer gentio tem acesso fácil a Torah.
Mas vamos prestar atenção em um pequeno detalhe, Yehoshua não fala
que a Torah (o entendimento dela) será dada aos gentios “para darem frutos”,
nem para os gentios que “darão frutos”, mas sim aos gentios que “DÃO
FRUTOS” (o verbo está no presente), ou seja, são aqueles gentios que já
conhecem a Torah e através dela já geram frutos. O “rasgar das cortinas” não
representa apenas o acesso a ela, mas a revelação e o entendimento dos
segredos da Torah e de Deus aos que já a praticam.

Pedra
Aquele que cai sobre essa pedra, será rejeitado. Aquele que cai sobre
será quebrado.
Mateus 21:44

A confirmação de tudo isso vem pelas últimas palavras de Yehoshua


quando ele conecta duas passagens do Tanakh:

Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos,
todos que tentarem cair sobre ela serão grandemente feridos. Todas as
nações da terra se unirão para combatê-la.
Zacarias 12:3

Muitos deles tropeçarão, cairão sobre e serão quebrados...


Isaías 8:15a

O primeiro versículo fala sobre a “pedra” e no segundo sobre “ser


quebrado” e a ligação é "cair sobre". A pedra é Israel, que é o filho do rei, o
qual todas as nações tentarão destruí-la. Já no segundo, se refere ao tropeço
dos saduceus e de todos aqueles que tentarem prejudicar Israel. Ou seja,
Yehoshua está afirmando que o saduceus são prejudiciais a Israel, porém, por
piores que sejam, não conseguiram destruir a Israel, nem entregá-lo a outra
nação (no caso, Roma) e eles serão "quebrados" por isso. Isso historicamente
aconteceu.

MORAL
Essa passagem se encaixa muito bem nos dias de hoje. É muito comum
vermos líderes, sejam eles pastores, padres, reverendos, rabinos, usando da
palavra de Deus para enriquecimento próprio, juntar seguidores, ganho de
poder e de influência. Deus entregou nas mãos desses homens a palavra Dele,
fazendo-os de inquilinos para que cuidem da vinha, da Palavra. Porém, eles a
usam de uma forma totalmente egoísta, materialista e para ganhos próprios,
assim como os maus inquilinos fizeram.
Assim como os maus inquilinos e os saduceus, eles serão destruídos pelas
mãos do próprio Deus, pois cuidam de ovelhas usando ensinamentos tortos e
viciados. Serão todos responsabilizados por isso.
◆◆◆
SEÇÃO VII
AS DEZ VIRGENS

Ainda disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como dez
virgens que pegaram suas lâmpadas e saíram para encontrar o noivo e a
noiva. (NO ORIGINAL EXISTE A NOIVA).
Cinco delas eram preguiçosas e tolas e cinco delas eram alertas e sábias.
As cinco tolas trouxeram suas lâmpadas mas não trouxeram o óleo.
E as sábias trouxeram os vasos de óleo juntos às suas lâmpadas.
E o noivo estava atrasado e todas elas pegaram no sono.
Então a meia noite, eis que era ouvida uma voz: eis que os noivos se
aproximam, venham encontrá-los.
Então vieram todas as virgens e acenderam suas lâmpadas.
As tolas disseram às sábias: nos de um pouco de seus óleos, pois nossas
lâmpadas estão sem.
E responderam as sábias, dizendo: vão por favor aos vendedores e
comprem deles, pois não temos suficiente para nós e para vocês, tememos
ficar sem.
E foi quando foram comprar, chegaram os noivos, e as virgens foram
com ele para a CHUPAH e fecharam o portão.
Então vieram as tolas e gritaram do portão, dizendo: nosso senhor, abra
para nós.
E lhes respondeu, de verdade eu digo pra vocês que eu não sei quem são.
Por isso tenham cuidado, pois não sabem nem a hora, nem o momento da
CHUPAH.
Mateus 25:1-13

Lembro de um certo dia, quando um cristão conhecido meu, me


explicou essa parábola pela primeira vez. Segundo ele, essa alegoria fala
sobre o fim dos tempos, sobre aquilo que ele definiu como “tribulação”, pela
qual os judeus e os que não servem a Deus irão passar.
O noivo foi definido como sendo o cristo, a noiva com a qual ele casou
seria a igreja e enquanto ambos estiverem dentro do hall (paraiso)
aproveitando a festa, as virgens que estavam do lado de fora representam os
judeus durante a tormenta definida pela escatologia cristã. Metade desse
grupo de judeus, os sábios, reconheceriam a jesus como o deus salvador,
enquanto o outro grupo, os tolos, não se dobrariam a tal ideia e portanto
estariam destinados ao fogo eterno.
Eu vejo essa interpretação como algo bem problemático. Primeiro porque
ela foi baseada em conceitos escatológicos não bíblicos e segundo pelo
simples fato de ensinar uma mentalidade muito antissemita. Duas perguntas
me passavam a mente quando ouvia a interpretação dada pelo meu
conhecido. Primeiro, por que a igreja seria toda especial e o verdadeiro povo
escolhido por Deus completamente diminuído, seria esse um sofrimeto para
terem uma lição por parte de Deus? E segundo, por que Yehoshua falaria de
igreja, algo totalmente fora de sua realidade? A impressão que passa é de uma
igreja arrogante, que acredita e ensina que sua fé está acima de outras
crenças, outros povos, da Torah, de Deus, de tudo.
Uma segunda interpretação que me foi passada fala que as dez virgens
tratam dos cristãos, sendo as sábias aquelas que frequentam a igreja, que
levam uma vida conforme o cristianismo, seguem o puritanismo humano e
pregam o evangelho, já as tolas são aquelas que aceitaram jesus mas se
desviaram da igreja. Ok, menos problemática que a anterior, mas eu
pergunto, será mesmo que Yehoshua estava falando de uma vida cristã, uma
vida de acordo com aquilo que foi criado e definido por mãos humanas em
Roma? Talvez devido as minhas limitações, eu não consigo achar em lugar
nenhum na bíblia, um ensino que diz que uma vida cristã é o que leva o
indivíduo à vida eterna. Também não acho nada a respeito do conhecimento
que Yehoshua tinha sobre do que viria ser a igreja.
Eu acredito que cada um tem que se manter naquilo que acredita, se a
pessoa concorda com as interpretações acima, amém, que viva de acordo.
Mas àqueles que buscam algo além do ordinário, eu gostaria de apresentar
uma interpretação que esteja nos conformes do judaísmo do primeiro século,
através da Torah e do Talmud, os quais formam a base de conhecimento e da
pessoa de Yehoshua.

A MENSAGEM
Essa parábola trata de um assunto em específico, a “precaução” . Os dois
tipos de pessoas, relatadas como “as virgens”, são diferenciadas de acordo
com o tipo de preparação que elas tinham e como essa preparação as deixaria
sempre prontas para uma emergência, que nesse caso, é a chegada dos
noivos.
Todo bom judeu aguarda ansiosamente a vinda de Mashiach e como não
se sabe a hora, o tema precaução é vastamente abordado no Talmud de
diversas formas, pois todos devem estar preparados para esse dia tão especial
e assim possam reconhecer e serem aceitos por Mashiach. A Torah Oral
relata uma outra parábola de um rabino muito famoso, chamado Rabbi Akiva,
o qual fala justamente sobre o mesmo tema que Yehoshua nessa parábola.
Lembrando que ambas as parábolas não são de períodos tão distantes.

Rabbi Akiva o respondeu: eu vou relatar uma parábola. Com o que isso
pode ser comparado? É como uma raposa que andava na beira de um rio e
vê um cardume de peixe fugindo de um lado para o outro.
A raposa disse a eles: do que vocês estão fugindo?
E eles disseram: estamos fugindo das redes que as pessoas jogam sobre
nós.
Ela disse a eles: vocês não querem vir para cá em terras secas, nós
poderemos morar juntos, assim como meus ancestrais moravam juntos a seus
ancestrais?
Um peixe lhe disse: você não é aquela que dizem ser um dos animais
mais sábios? Você não é sábia, você é tola. Se nós já estamos com medo
dentro da água, no nosso habitat natural que nos dá vida, imagine então em
um ambiente que nos causaria a morte certa.
A moral é: então também, nós Israel, que nos precavemos sentando e
estudando Torah e mesmo assim estamos sob forte risco, imagine se
fossemos tolos e não nos preparamos em não estudá-la? Seria abandonar
nosso habitat natural.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 61b

Essa parábola fala sobre precaução e o que ela seria. Rabbi Akiva usa de
exemplo um diálogo entre uma raposa e um peixe para mostrar que, o que
mantém o Povo de Israel vivo e preparado é se manter naquilo que o conecta
ao Deus Vivo, a Torah. Assim como é melhor para o peixe ficar dentro da
água, mesmo correndo o risco de cair na rede, é muito melhor para a pessoa
que serve a Deus se manter nos caminhos da Torah, mesmo que isso gere
algum risco. Essa precaução é o que mantém a pessoa consciente entre ficar
na água ou sair dela.

O preparo na Torah é a precaução de se manter longe da possibilidade


de pecar.
Rashi em referência a Brakhot 2a

TERMINOLOGIA
Antes de obtermos uma conclusão final, devemos também observar
alguns termos bem específicos utilizados nessa parábola.

Chupah
No judaísmo moderno, essa palavra é mais usada em referência a
pequena cabana em que os noivos ficam embaixo durante a cerimônia de
casamento. Mas de uma forma mais genérica, esse termo se refere ao
casamento em si. O casamento no judaísmo do primeiro século, desde a
cerimônia, passando pelas núpcias, pelas reuniões, pelas festas e etc. durava
sete dias.
Antes do matrimônio, existia um contrato entre a família do noivo e a
família da noiva, que era firmado um ano antes e durante esse tempo, o noivo
deveria preparar a casa e a forma de sustento, já a noiva deveria se preparar
para ser uma boa mulher ao seu marido. Todo esse processo, desde o contrato
até o final dos sete dias de festas, pode ser chamado de CHUPAH.
Algo interessante ocorre nessa parábola, algo que não aparece nas
outras traduções, o noivo chega com a noiva, ou seja, ele já está casado, isso
é comprovado pelo fato de chegarem a noite. Nenhuma celebração de
casamento judaico é feita durante a noite, sendo assim, seja lá o que for que
representa essas virgens, elas não podem ser a noiva e portanto, possuem um
outro papel nessa história.

Óleo
O Óleo possui uma conotação bem específica em toda a literatura
judaica. Existiam diversos tipos de óleos no primeiro século, sendo os dois
mais importantes o azeite (‫ – שמן זית‬shemen zait) que possuía diversas
funções, não apenas de acender um lamparina, e um óleo mais barato,
chamado apenas de shemen (‫)שמן‬, que provinha de gordura. Esse segundo
por ser um óleo mais barato, era usado apenas com uma função, de queima
para lamparinas. Esse óleo que Yehoshua cita é usado exclusivamente para
iluminar, portanto, é um grande representante para “luz”.

Sua Palavra é lâmpada para meus pés e luz para meus caminhos
Salmos 119:105
Óleo (shemen), isso é, a Torah
Bamidbar Rabbah 13:16

O Óleo (shemen) representa a própria Torah, assim como o óleo gera


a luz para iluminar nosso caminho, a Torah é a luz para iluminar nossas
vidas. Diferentemente do azeite, o qual tpossui outras atribuições além de
iluminar, o shemen possui uma única função, assim fazendo dele como uma
melhor representação da Torah, que tem como único propósito trazer a luz do
Criador sobre nossas vidas.

Carregar Vasos de Óleo


Por último, Yehoshua também relata que as sábias carregaram vasos
de óleo. Assim como o óleo representa a Torah, pois gera luz, o “carregar
óleo”, segundo a Torah Oral, é o estudo da Torah:

Foi ensinado em uma baraita que Rabbi Yehuda HaNasi disse: quando
estudamos Torah, é como carregar óleos.
Talmud da Babilônia, Tratado Shabbat 147b

A NOIVA
Segundo o cristianismo, a igreja é a noiva do cordeiro. Jesus um dia
voltará a essa terra para buscar sua noiva e levá-la para habitar com ele em
um plano diferente do terreno. A ideia de “noiva” nada mais é do que uma
simbologia ao povo, às pessoas que são escolhidas por Deus para receberem a
vida eterna.
Eu sei que a teologia cristã possui diversas teses para provar tal conceito,
mas gostaria de olhar uma coisa muito simples na bíblia:

Não será como a aliança que Eu fiz com os pais deles, quando os tomei
pela mão e os tirei da terra do Egito, uma aliança a qual eles quebraram,
mas mesmo assim eu me casei com eles, declara Adonai.
Jeremias 31:32

Claro que existiram diversos reis, como David e Salomão, que possuíram
diversas mulheres, mas olhando para as normas da Torah, para os ensinos de
Yehoshua e para a abordagem rabínica, a poligamia não parece ser aquilo que
Deus determinou. Deus realmente pode fazer o que quer, mas por
determinação própria, Ele decidiu se restringir a Sua palavra, ou seja, Deus
age conforme aquilo que está nas Escrituras. Agora, se a palavra determina a
monogamia, por que então, Deus, tomaria a igreja como noiva, já que Ele
está casado com o Povo de Israel, Sua eterna noiva?
Eu acho um pouco estranho essa teoria da igreja ser noiva, mas como já
disse, cada um tem que se manter naquilo que crê. Se Deus já casou e
Mashiach vem cuidar desse povo, então de certo, Mashiach vem para o Povo
de Israel, como o próprio Yehoshua afirmou que veio para as ovelhas
perdidas da Casa de Israel. Não é porque muitos não aceitaram a mensagem
messiânica de Yehoshua que Deus se divorciou desse povo para tomar outro
povo para si, pois se esse fosse o caso, o divórcio deveria ser algo normal
perante os olhos da bíblia e, apesar de aceito, não é bem visto.

A PARÁBOLA
Acredito que agora temos tudo que precisamos para “ligarmos os pontos”
e entendermos melhor aquilo que Yehoshua falava através de uma
perspectiva mais judaica.
Primeiramente temos o noivo, que é Mashiach, que chega com sua noiva,
o Povo de Israel (não me refiro a judaísmo ou membros da religião judaica) e
ao seus encontros vão as dez virgens.
Todas as dez sabiam quem era Mashiach e conheciam a Torah, pois todas
sabiam da necessidade do óleo e o carregavam. Diferentemente das tolas, as
sábias se precaviam, além de reconhecer a Mashiach e conhecer a Torah, a
estudaram e usavam de sua luz para iluminar seus caminhos, ou seja, usavam
a Torah para determinar o estilo de vida que levavam, seguindo suas Leis e
Ordenanças, da forma como foi ordenado por Deus e assim, estariam prontas
para a vinda de Mashiach, precavidas. As outras cinco, apesar de conhecerem
a Torah, esse conhecimento não foi suficiente, pois através dele não foi
possível uma mudança de vida de acordo com a vontade de Deus. Isso se dá
por diversos motivos, desde da pouca preocupação em relação as coisas de
Deus até uma crença na abolição da Torah.
Por fim, as dez se apresentam perante o noivo, as cinco primeiras são
convidadas para entrarem e se ajuntarem ao povo de Israel, e as cinco
últimas, Mashiach as olha e não as reconhece, pois não possuíam um
comportamento de acordo com aquilo que Deus determinou, com o "óleo".
A noiva, o Povo de Israel, representa aqueles que já são parte do povo
que Deus escolheu para Si e serão reconhecidos pelo Mashiach, já as 10
virgens representam os gentios, os quais serão reconhecido ou não através do
estilo de vida que levam e de acordo com o caminho trilhado por eles. Se esse
caminho é iluminado pelo “óleo”, entrarão.
◆◆◆
PARTE IV
CONCEITOS
SEÇÃO I
O MISTICISMO DE JOÃO

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era


Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se
fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos
cressem por ele.
Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao
mundo.
Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus.
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:1-14, ALMEIDA

João realmente é uma pessoa intrigante, dentre os quatro autores dos


quatro evangelhos, ele é o único que faz uma abordagem que não trata dos
feitos em si de Yehoshua. O livro de João trabalha um conceito singular, a
própria pessoa daquele que ele chamava de mestre, um lado mais humano ao
invés do lado rabino de Yehoshua.
Isso se dá ao fato de João possuir uma espiritualidade diferente dos outros
seguidores, ele tem um lado mais humano, mais ligado àquilo que os olhos
não veem, uma sensibilidade que comprova o misticismo pelo qual baseava
sua fé. Esse misticismo não é só comprovado pela forma que ele faz sua
abordagem, mas também pela linguagem que, de uma forma cabalística,
escreve seu livro.
Assim como o livro de Mateus foi escrito em hebraico, contrariando o
ensinado pela igreja, o livro de João também foi escrito em hebraico. Isso
posso afirmar, pois a Biblioteca Apostólica do Vaticano, sem saber o que era,
colocou em seu arquivo digital a cópia da primeira página do livro original de
João e por incrível que pareça, está em hebraico. Abaixo vou colocar a
tradução do original que eu mesmo fiz, ela deve ser comparada com a versão
acima, assim poderemos ver poucas, mas de extrema importância, mudanças
e acima da tradução do original, levantarei alguns estudos a respeito:

No princípio da Palavra, a Palavra estava junto a Elohim, e Adonai


(tetragrama) era a Palavra.
Ela estava no princípio com Elohim.
Todas as coisas foram feitas por ELA, e sem ELA nada do que foi feito, se
faria.
NELA estava a luz da vida, e a vida era a luz dos homens.
E a luz resplandece nas trevas, e pelos das trevas, ela não é
compreendida.
Houve um homem enviado de Deus, chamado Yohanan.
Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos
pudessem crer através dELA.
Não era ele a luz, mas para que testificasse através da luz.
Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao
mundo.
ELA estava no mundo, e o mundo foi feito através DELA, e o mundo não
A conheceu.
Então (apenas após tudo o relatado) veio um para aqueles que eram
seus, e os seus não o receberam.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Elohim, aos que entenderem seu ensino;
Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Adonai.
E a Palavra se fez como carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória
(da Palavra), como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:1-14, do original em hebraico
Agora, à partir da tradução original, vamos levantar alguns versículos
bíblicos considerados místicos na cabala para algumas comparações com as
palavras de João.

NO INÍCIO
No início criou Elohim os céus e a terra.
Genesis 1:1

No princípio da Palavra, a Palavra estava junto a Elohim, e Adonai era a


Palavra.
João 1:1

Logo no primeiro versículo nos é revelado a visão cabalística de João.


Conforme vimos nesse livro, esse “princípio” que João cita, não é o mesmo
“princípio” relatado em Genesis 1:1, mas é o “principio” que representa a
criação das Leis de Deus, da Torah, pois ele diz que esse é o “principio” DA
palavra, nos revelando assim o que já foi estudado na parte II, seção I.
Depois ele alega que Adonai (‫ )יהוה‬era a palavra, ele não diz que Elohim
era a Palavra, mas sim Adonai (‫)יהוה‬. Ele faz uma comparação da Torah com
o nome sobre todos os nomes, o tetragrama. Isso é algo que só pode ser
entendido através da Gematria:

TORAH (5‫ ה‬+ 200‫ ר‬+ 6‫ ו‬+ 400‫תורה( – ת‬

= 611 = 6 + 1 +1 = 8

ADONAI (26 = 5‫ ה‬+ 6‫ ו‬+ 5‫ ה‬+ 10‫= יהוה( – י‬


2+6=8

A Gematria nos revela que o valor absoluto do nome de Deus é o mesmo


valor absoluto da palavra Torah. João, ao afirmar que Adonai era a Palavra,
ele não alega que a Torah é um deus, mas ele demonstra, de forma mística,
que a essência que a Torah possuí é a mesma essência encontrada no nome
acima de todos os nomes, a essência Daquele que a criou.
Muitos acreditam que a Palavra, ou o Verbo, mencionado por João é o
próprio Yehoshua, mas tal ideia não é verdade, esse é um conceito formulado
por mentes ocidentais sem prévio conhecimento da mentalidade judaica. O
livro de João começa com a afirmação de que a Torah representa a essência
do Criador nessa terra.

ELE x ELA
Através da Torah, céus e a terra foram criados.
Likutei Moharan 54:6:2

Todas as coisas foram feitas por ELA, e sem ELA nada do que foi feito se
fez.
João 1:3

ELA estava no mundo, e o mundo foi feito através DELA, e o mundo não
A conheceu.
João 1:10

O livro Likutei Moharan é um livro cabalístico que trata de uma coletânea


de ensinos judaicos místicos, os quais provêm de mais de dois mil anos atrás,
porém compilados há apenas duzentos anos. Conforme podemos ver nas
palavras de João, elas estão de acordo com a mentalidade e crença mística
judaica.
Ele afirma que a Palavra, a Torah, estava no mundo, pois foi trazida até
nós através de Moises, então alega o que já vimos acima, que o mundo foi
criado através dela e por último, cita que o mundo não a conhecia, o que é
verdade, pois o conhecimento da Torah, durante o primeiro século, era quase
exclusivo aos judeus, pois ela não havia sido aceita pelo mundo gentílico,
como já visto anteriormente nesse livro.
Diferentemente da tradução parcial da igreja, ao invés da palavra “ela”,
encontramos a palavra “ele”. Isso muda tudo, pois João ainda não começou a
falar de Yehoshua. Se mantermos o “ele”, teremos a impressão que ele fala
de Yehoshua, o que tira a essência do texto. Nesse versículo, João ainda está
em seu argumento sobre a Torah, pois ela é necessária para provar que
Yehoshua é Mashiach.

VIDA E LUZ
NELA estava a luz da vida, e a vida era a luz dos homens.
João 1:4

Sua Palavra é lâmpada para meus pés e luz no meu caminho.


Salmos 119:105

Nunca me esquecerei de Sua Torah, pois por ela, Tu me deste a vida.


Salmos 119:93

João, ainda em seu argumento sobre a Palavra de Deus, cita dois salmos.
Ele associa a Palavra com a luz e com a vida, conforme vemos nos versículos
mencionados acima.
Diferentemente das traduções que temos, ele ainda não apresentou
Yehoshua em seu livro.

TREVAS
E a luz resplandece nas trevas, e pelos das trevas, ela não é
compreendida.
João 1:5

Através da sua Torah eu recebo entendimento, por isso eu odeio os falsos


caminhos.
Salmos 119:104

Essa é uma afirmação que vemos muito nos dias de hoje em lugares onde
cultos a Deus são prestados, lugares onde muitas pessoas não entendem a
Palavra de Deus. É muito comum líderes se aproveitando de versículos soltos
e desconexos de seus assuntos, usando-os com interpretações totalmente
errôneas, manipuladoras e pobres, para ludibriarem àqueles que os ouvem.
A afirmação que João faz é o mesmo que é ensinado pelo Salmo. Aqueles
que fazem isso é porquê não possuem entendimento, são das trevas e gostam
dos maus caminhos. Essa é uma alegação muito forte, pois parece que João já
sabia o que aconteceria com seu livro pelos próximos dois mil anos, muitos
em nome de “Deus” usam seus escritos para comércio e benefício próprio.

OS SEUS
Então veio um para aqueles que eram Seus, e os Seus não o receberam.
João 1:11

E eu os tomarei para serem MEU POVO.


Êxodo 6:7a
No 11 versículo temos a primeira menção sobre Yehoshua, é quando
ele finalmente entra em cena. João afirma o que todos sabemos. Ele veio para
aqueles que eram o Povo de Deus, mas esse Povo de Deus não o recebeu,
conforme profetizado pelo profeta Isaías.

PALAVRA COMO CARNE


E a Palavra se fez como carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória
(Palavra), como a glória do
unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João 1:14

Agora que começa toda a confusão trinitarista cristã. Quando João diz
que o verbo é deus e então diz que o verbo se fez carne, automaticamente
associou-se a ideia de uma jesus que é deus, ou que deus é jesus. Essa
interpretação através dos escritos de João, com base no original, com um
prévio conhecido da Palavra de Deus e da mística judaica, é completamente
incoerente e herética.
Primeiramente, vamos olhar para alguns costumes judaicos:

E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as


colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em
comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles
à circuncisão.
Gálatas 2:9

Essa passagem em Gálatas relata o momento em que Paulo finalmente


conhece e se submete aos apóstolos em Jerusalém. Uma coisa que poucos
reparam é a forma como Paulo se refere aos apóstolos, ele os chama de
“colunas”.
No Talmud é muito comum termos alguns “apelidos” dados a ilustres
figuras da história, quando o indivíduo tinha um nível espiritual alto, existia o
costume de apelidá-lo através de partes do Templo Sagrado ou de coisas
santas.

Quando vieram os patriarcas e se mostraram justos. Deus disse: “Neles


Eu estabelecerei Meu mundo”; Como está escrito em (1 Samuel 2:8): “Pois
as colunas da terra pertencem ao Senhor e sobre elas, Ele sustenta o
mundo”.
Midrash Exodus Rabbah 15:7

Outra passagem Talmúdica também mostra os alunos do rabino


Yochanan Ben Zakkai se referindo a ele como “a coluna do lado direito”, em
referência ao pilar do lado direito da porta do Templo.
Paulo, como um bom judeu e um profundo conhecedor do Talmud, se
dirige aos apóstolos como “colunas” em referência às colunas na entrada do
Templo Sagrado, as quais representavam a função do Templo de “sustentar”
o mundo.
Yehoshua usa da mesma terminologia quando se diz ser a “porta”, ele se
referia justamente a porta de entrada dos Santos dos Santos dentro do Templo
Sagrado onde se encontravam a Torah e a Shekhinah de Deus, fazendo assim,
uma analogia àquilo que seu ensino representava. Um costume rabínico por
parte de Paulo e de Yehoshua.
Como alegado em outros lugares, Yehoshua não possuia pecados, e como
o que define o pecado é a Torah, isso nos revela que ele levou a vida 100%
de acordo com o determinado pelas Leis de Deus. Quando isso ocorre na vida
de alguém, esse alguém é automaticamente chamado de “Torah” ou “Torah
Viva”. É muito comum vermos alunos de determinados sábios chamando
seus mestres com esses apelidos.
Com João não é diferente, como para ele, Yehoshua teve a vida de acordo
com os mandamentos de Deus, interpretou e ensinou Torah, é comum chamá-
lo de “Torah”, ou “Palavra”, ou “Verbo”, ou qualquer coisa parecida.
Outro ponto a se considerar é o termo “como”, esse termo é usado de uma
forma comparativa. João não afirma que a Torah em si se fez carne, mas ele
diz que Yehoshua viveu a Torah tão intensamente que foi como se ela tivesse
se feito como carne, pois era possível vê-la totalmente através da vida de
alguém, nesse caso, de Yehoshua.
Yehoshua faz o uso desse tipo de costume em outro lugar no livro de
João:

Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por


mim.
João 14:6 ALMEIDA

E sou o caminho à verdade que dá a vida. Ninguém vem ao Pai, senão


através disso.
João 14:6, do original em hebraico

É impressionante a discrepância que essa passagem possui em suas


traduções em frente ao original. Nas traduções temos três tipos diferentes de
adjetivos que não são dados à pessoas, apenas à coisas. Isso nos mostra que
Yehoshua usa desse costume de “apelidos” para se referir a si mesmo. O
interessante é que ele não se apelida três vezes, apenas uma, ao alegar que é o
caminho, os termos “verdade” e “vida” não se referem a ele, mas sim, aonde
ele como sendo o caminho, leva.
Vamos analisar esse três termos através da óptica judaica:

O caminho a ser escolhido é aquele onde o Santo, Bendito Seja, é feito


digno através desse caminho. O caminho a ser escolhido é aquele que
quando os mandamentos são realizados da forma apropriada.
Rabbeinu Yonah sobre Pikei Avot 2:1:1

E verdade (EMET) se refere apenas à Torah, como está escrito: compre


a verdade e não a venda, assim como sabedoria, orientação e entendimento.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 5b

Você deverá guardar minhas Leis e ordenanças, pelas quais, o homem


terá a vida eterna. Eu sou Adonai.
Levítico 18:5

Primeiramente vemos o comentário de Rabbeinu Yonah sobre a passagem


que se encontra em Pirkei Avot 2:1, que fala sobre quais caminhos devemos
escolher. Ele alega que deve ser aquele que dignifique a Deus, ele também
alega que o caminho é aquele onde os mandamentos são realizados de forma
correta.
Isso traz algum sentido à afirmação de Yehoshua em ser o caminho, pois
pelo clichê judaico, quando um rabino é reconhecido como o “caminho”, na
verdade, não é ele que é o caminho, mas sim seus ensinos sobre como
observar aos mandamentos da Torah de forma correta. Quando Yehoshua
faz tal afirmação, ele diz que a forma que ele vem ensinando Torah, é a forma
que ela deve ser seguida e observada e não conforme outros rabinos.
Então ele alega que, o seu ensino sobre Torah é o que levará a pessoa que
o segue a verdadeira verdade, a verdadeira EMET (verdade em hebraico), que
nada mais é do que a própria vontade de Adonai. A palavra EMET (verdade)
é uma das muito poucas palavras em hebraico que não possui forma no
plural, pois verdade só existe uma.
Por último, ele diz que essa verdade dará a vida. Conforme prometido por
Deus nos livro de Levitico, todo homem que observar Sua Leis terá a vida
eterna.

Traduzindo:

Eu sou o caminho, pois os meus ensinos de Torah são o que realmente


levará ao entendimento da verdade, ao entendimento verdadeiro da Torah e
o homem que os observar, terá a vida eterna. E ninguém virá ao pai se não
for através da observância da Torah, conforme eu ensino.
João 14:6 repaginado
◆◆◆
SEÇÃO II
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

Um breve estudo sobre a pessoa de João se fez necessário para que


possamos entender algumas coisas que ele escreveu no livro de Apocalipse.
Tal livro, sobre o fim dos tempos, é claramente um livro místico e
extremamente cabalista. Conceitos como previsão de futuro, revelação
divina, profecia, números que ele usa e termos como estrelas e bestas que se
levantam, não podem ser interpretados sem um prévio conhecimento da
mística judaica.
A forma como a fé de João era, é expressa dentro das palavras desse
livro, João não só trata de revelações que teve, mas usa de seu conhecimento
cabalístico para passar certos “recados”, sendo uma dessas formas o uso do
seiscentos e sessenta e seis.

Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da


besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e
sessenta e seis.
Apocalipse 13:18 ALMEIDA

Muitas especulações nasceram através dessa passagem, o número


seiscentos e sessenta e seis sempre foi um representação do próprio satan em
todas as culturas do mundo ocidental. A teologia ensina que esse número é o
que representa o anti-cristo e João estava tratando da época pré redenção
messiânica.
A meu ver, essa época que João se refere, tem acontecido há muitos anos
já e estamos ainda vivendo nela, apesar de muitos não perceberem, essa
profecia tem se realizado pelos últimos dois séculos. Para que possamos
entender melhor, vamos analisar através da mística judaica o número
mencionado por João.
ANTES DE COMEÇAR ESSE ESTUDO, DEVO DEIXAR CLARO
QUE ELE NÃO TRATA DE YEHOSHUA BEN YOSEF, O QUAL É
RELATADO NO LIVRO DE MATEUS. TRATAREMOS AQUI DE UM
OUTRO INDIVÍDUO QUE, APESAR DE ALGUMAS
SIMILARIDADES, NÃO É YEHOSHUA.
O livro de Apocalipse não é o primeiro a citar esse número, e com base
nesses outros versículos, de uma forma muito oculta, João também menciona
esse número para que, através de ensinos ocultos do Tanakh, o seu recado
possa ser desmistificado. De acordo com um dos tipos de análises cabalística
da Torah, uma comparação entre versículos deve ser feita quando elas
possuem termos não usuais em comum. Dentro desses versículos, onde esses
termos em comum aparecem, deve-se encontrar um outro termo que, de uma
forma oculta, faça parte da composição desse termo em comum.
Para explicar de uma forma mais prática, temos o 666. Em toda a bíblia,
esse número aparece três vezes, dentro dessas três passagens, devemos
procurar por outros termos que estão ligados a esse número e por esses novos
termos, teremos a mensagem a ser passada.

1º 666
Os filhos de Adonikam, seicentos e sessenta e seis.
Esdras 2:13

Uma passagem aparentemente inocente e que não chama atenção alguma,


porém dentro dela, há um termo importante para muitos cristãos.
O primeiro 666 que estamos procurando se encontra justamente
relacionado ao nome de Adonikam, que signifca é ADONI (meu senhor) +
KAM (levantou).
Kam (‫ )קם‬é a forma passada do verbo LAKUM (‫ – )לקום‬levantar
– esse verbo também pode ser usado para "ressuscitar" ou "levantar do
mortos". Ou seja, o versículo nos diz que os “filhos” desse "666" alegarão
que o senhor deles levantou dos mortos.
Quem levantou dos mortos? Yehoshua levantou dos mortos, assim como
uma outra figura que alega que também levantou dos mortos, jesus.

2º 666
O ouro que Salomão recebia todos os anos pesava seiscentos e sessenta e
seis talentos.
2 Crônicas 9:13
Nessa segunda passagem temos como único personagem o rei Salomão.
Salomão era filho do rei David, genealogia pela qual será reconhecido
Mashiach, Mashiach Ben David. Assim como Salomão foi aquele que herdou
o trono de seu pai, Mashiach também herdará esse trono.
A conexão que temos agora é em relação a Mashiach, que em outro
idioma, pode ser também chamado cristo.

3º 666
Ao ligarmos essas duas passagens, uma falando de uma pessoa que
ressuscitou, algo feito por Yehoshua e por jesus, conforme alguns alegam,
com a outra que trata de Mashiach ou cristo, encontraremos tanto Yehoshua
HaMashiach quanto jesus o cristo. Para que saibamos de quem o 666 se trata,
devemos olhar para a última passagem e, esse ciclo, é fechado pelo próprio
João no livro de Apocalipse, na passagem citada na abertura dessa seção:

Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da


besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e
sessenta e seis.
Apocalipse 13:18

Para que possamos entender o que define esse 666 de João, devemos
entender para quem era esse recado. O ciclo da mensagem se fecha
direcionando seu recado a um homem em Roma, ou seja, a um romano, que
em hebraico seria ROMITI (‫)רומיתי‬. Uma análise dessa palavra nos dará a
comprovação disso e um termo final sobre a pessoa a qual esse número se
refere:

ROMITI (‫)רומיתי‬

10‫ י‬+ 400‫ ת‬+ 10‫ י‬+ 40‫ מ‬+ 6‫ ו‬+ 200‫ר‬

=666

Se juntarmos teremos o recado, como o verdadeiro, YEHOSHUA BEN


YOSEF NÃO ERA ROMANO, esse 666 NÃO está falando sobre ele, o que
nos leva a entender que o 666 se trata de uma outra figura, o “jesus cristo
ROMANO”.
Apesar de muitas pessoas pensarem que o jesus cristo romano, criado
pela igreja em Roma, seja o mesmo Yeshua ou Yehoshua que viveu e
ensinou em Israel, eles definitivamente não são e isso nos é ensinado através
das palavras místicas de João em Apocalipse. Para que isso fique bem claro,
vamos analisar as diferenças entre ambos:
YEHOSHUA BEN YOSEF, MASHIACH

ERA JUDEU;
FILHO DE DEUS;
RABINO;
CONFIRMOU E ENSINOU A TORAH;
ERA FARISEU;
NÃO FUNDOU RELIGIÃO, APREGOOU A FÉ EM DEUS
ATRAVÉS DA TORAH;
FEZ MILAGRES ATRAVÉS DO PODER DE DEUS
ENTREGUE A ELE;
ENSINA QUE A SALVAÇÃO VEM APENAS ATRAVÉS DO
CRIADOR;
ABRIU AS PORTAS AOS GENTIOS;
FOI OBEDIENTE AO PAI;
NUNCA PEDIU ADORAÇÃO A ELE;
ERA UNGIDO ATRAVÉS DE SEU NOME;
MORREU PENDURADO;
PREGOU OBEDIÊNCIA;

JESUS CRISTO, O ROMANO

ERA EUROPEU;
FILHO DE ROMA;
CRISTÃO;
ABOLIU A TORAH;
ERA INIMIGO DOS FARISEUS E DOS JUDEUS;
FUNDOU O CRISTIANISMO EM CONTRA PONTO AO
JUDAÍSMO;
É MILAGREIRO, VENDE SUA IMAGEM COM
PROMESSAS DE MILAGRES;
ENSINA QUE A SALVAÇÃO VEM ATRAVÉS DE
ACREDITAR NELE E NA IGREJA;
FECHOU AS PORTAS AOS JUDEUS;
NÃO OBEDECEU AO PAI, POIS ABOLIU SUA PALAVRA;
EXIGE QUE SEJA ADORADO, POIS SE DECLARA dEUS;
TINHA UM NOME QUE NADA SIGNIFICA;
NÃO MORREU PENDURADO;
PREGOU PURITANISMO;

De um lado temos Yehoshua Ben Yosef, aquele que é relatado pelos


quatro evangelhos, aquele que aparece em visão a Paulo, aquele que morreu
em sacrifício, aquele que trouxe ao mundo gentílico a oportunidade de
conhecer ao Deus verdadeiro, que ensinou a verdadeira salvação, que revelou
os mistérios da Torah, que foi contra a hipocrisia, que derramou seu sangue
para a justificação daqueles que cressem em sua obra.
No outro lado temos um figura mítica, uma ideia, um conceito pagão
que nunca existiu, um ser criado por mentes provenientes de berços pagãos e
que fundaram a igreja, um jesus cristo que nada tem a ver com o que existiu,
um ser que se declarou deus, que serve como muleta em troca de devoção,
não exige obediência, não exige sacrifício, pode ser guardado em uma
caixinha quando não se necessita seu uso, para alguns é um hippie, para
outros um revolucionário, para outros um anarquista. Um ser de muitas
representações, um ser confuso e que veio para confundir. Esse falso messias
criado pela igreja é a verdadeira besta que vem assolado ao mundo ocidental
durante séculos.
Vemos também que João relata o alcance de seu poder:

E o nome da estrela era absinto, e a terça parte das águas tornou-se


absinto, e muitos homens morreram das águas porque se tornaram amargas.
Apocalipse 8:11

Segundo o censo realizado em 2017, o cristianismo possui 2,3 bilhões de


adeptos, representando 33% da população mundial, ou seja, a terça parte de
todos os homens da terra possui a fé nesse jesus cristo romano e estão
bebendo da água que ele oferece, achando que é a mesma oferecida pelo
verdadeiro Yehoshua.
Segundo João, o jesus cristo romano irá tomar o lugar dos mandamentos
de Deus. Como já visto anteriormente, a máxima representação da Torah é
Deuteronômio 6:4-5. Esses versículos são tão importantes que eles são
escritos em pequenos rolos e colocados dentro dos Tefilim (filactérios), o
interessante é a forma como o mandamento dos Tefilim nos é dado:

Amarre-os como um sinal em sua mão direita e que sirvam como um


símbolo em sua testa.
Deuteronômio 6:8

Por que colocá-los na mão direita e na testa? Pois a mão representa a obra
e a testa a mente, que é onde a fé é estabelecida. O mandamento é uma
representação de que a fé e as obras de nossas mãos devem ser apenas ao
Deus Único.

E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos,


lhes seja posto um sinal na sua mão direita, e nas suas testas,
Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o
sinal, ou o nome da besta, ou o número de seu nome.
Apocalipse 13:16-17

Esse jesus cristo romano quer estar no lugar onde os mandamentos e a fé


no Deus Único deveriam estar, na mente e no coração dos homens. Por ter
sido colocado nas mãos das pessoas, as fazendo “trabalhar” para ele, ele fez
com que a igreja e a sua figura fossem espalhadas por todo o mundo, e por ter
sido colocado nas testa, ele cegou a todos aqueles que acreditam nele. Ele é
completamente oposto a Yehoshua, é impressionante como ele ensina coisas
completamente diversas do verdadeiro e os que nele creem, não entendem as
palavras de Yehoshua, assim como não entenderão a esse livro.
Até uma grande teoria foi criada pela igreja a esse respeito para despistar
cada vez mais sobre o entendimento de Deus, o tal do chip que será
implantado nas pessoas. Isso apenas serve para atrair a atenção das pessoas
para bem longe da verdade, pois esse sinal já está nas mãos e nas testas de
muitos, há muitos anos.
Por final, João afirma que quem não tiver sua marca não poderá vender
nem comprar, bom, isso já aconteceu e aconteceu muito. Olhando para um
evento mais recente, o holocausto, durante muitos anos foi proibido em toda
Alemanha comprar ou vender quaisquer coisas aos judeus, pelo simples fato
de serem judeus e não cristãos, por não servirem ao jesus cristo romano,
assim como também foi durante a inquisição e o pogrom russo.
João nos revela que uma figura iria ser criada, uma figura que alegaria ser
messias, ter morrido na cruz, ter salvo a humanidade, porém nada disso ele
fez, ao invés, ele escravizou muitos na escuridão da ignorância, distantes do
verdadeiro Deus e exigiu adoração por parte de homens à sua imagem. Um
ser assassino, pois muitos morreram em seu nome, inquisição, pogrom,
holocausto, cruzadas, populacho cristão em Antioquia, condenação dos
judeus por parte dos líderes da reforma e por ai vai, tudo em nome de jesus
cristo. Essa é a verdadeira besta assassina.
Igrejas hoje em dia, em todas as partes do mundo, adoram e servem a esse
jesus cristo romano, tanto pelo convencimento quanto pelo “milagres” que
ele realiza em troca da crença nele, pois de certo, assim como relata João, lhe
foi dado esse poder, para que possa enganar a muitos.

666 x 999
(Isaías 60:22) “o menor se tornará milhares” esse verso é igual a 999, o
qual está dentro da sefira Yesod. Isso representa o começo da redenção e a
redenção os segredos referentes aos passos de Mashiach Ben Yosef.
Kol HaTor 1

O 999 é o grau mais alto de Mashiach Ben Yosef.


Gaon de Vilna

O verso “pelo qual serão salvos” é igual a 999.


Kol HaTor 2

A redenção virá gradualmente, sendo sua totalidade os 999 passos de


Mashiach Ben Yosef.
Gaon de Vilna

Dentro da mentalidade rabínica, Mashiach Ben Yosef, o qual declarou


Yehoshua ser, é representado pelo valor numérico 999. Esse número
representa a redenção e a salvação que Mashiach Ben Yosef trará, ou trouxe.
Segundo o grande sábio Gaon de Vilna, o 999 representa os passos de
Mashiach Ben Yosef e esse valor se encontra dentro da sefira Yesod, que
segundo a Kabbalah, representa o conhecimento daquilo que é espiritual,
daquilo que é oculto. Isso também se associa com Mashiach Ben Yosef, pois
é ele que trará a revelação espiritual da Torah.
O 999 possui os mesmos traços, o mesmo formato e o mesmo design do
666, porém são contrários, completamente inversos. Interessante como João,
autor do livro de apocalipse, escreve um livro cheio de mensagens
kabbalísticas. Com isso podemos ver que quando João fala do 666, ele fala de
algo, nesse caso, de alguém, muito parecdio, porém completamente oposto a
Mashiach Ben Yosef.
Se Yehoshua é Mashiach Ben Yosef, representado pelo número 999 e o
jesus cristo romano pelo 666, isso nos confirma que João já avisava que viria
um com os mesmos traços, mesmo formato e mesmo design que Yehoshua,
porém completamente contrário a ele.

A AUTORIDADE QUE O JESUS NÃO POSSUI


‫והיה האיש אשר אברח בו מטהו יפרח‬
E será que a vara do homem que eu estiver escolhido florescerá...
Números 17:20 (17:5 nas versões ocidentais)

Essa é uma passagem que conta como ocorreu a escolha de Aharon,


irmão de Moises, como sumo sacerdote. Assim como é um história cheia de
mistérios, também o versículo que a relata é cheio de mistérios. Apesar de ser
um texto que fala sobre Aharon, ele também fala sobre Mashiach, pois é um
versículo que trata de liderança.
Se olharmos para o termos MATERHU IPHRAKH ( ‫ )מטהו יפרח‬- sua
vara florescerá - e fizermos sua Gematria, teremos o seguinte:

MATERHU IPHRAKH (‫)מטהו יפרח‬


8‫ ח‬+ 200‫ ר‬+ 80‫ פ‬+ 10‫ י‬+ 6‫ ו‬+ 5‫ ה‬+ 9‫ ט‬+ 40‫מ‬
= 358

MASHIACH (‫)משיח‬
8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
=358

A vara que florescerá é o próprio Mashiach, porém, qual Mashiach, Ben


David ou Ben Yosef? Olhemos para as primeiras letras desse termo em
hebraico, fora da ordem:

‫ = בו מטהו יפרח‬a vara que florescerá


(‫)מ‬MASHIACH - (‫)ב‬BEN - (‫)י‬YOSEF

Podemos tirar duas lições com esse único versículo, a primeira é a relação
que Mashiach Ben Yosef tem com a vara de Aharon, a qual representava o
cargo de sumo sacerdote. Juntamente com a Ordem de Melekhtzadik, essa é
uma outra prova plausível da autoridade que Yehoshua tinha como sumo
sacerdote, mesmo sendo da tribo de Judah e não de Levi. É através da ligação
que ele possui com a autoridade sacerdotal de Aharon, conforme
misticamente representado por esse versículo, que muitos dos autores do
novo testamento o chamavam de sacerdote.
A segunda lição é a representação de autoridade que a “vara” possui e
como ela está conectada não só com Mashiach Ben Yosef, mas também,
segundo João, com Mashiach Ben David:

E com VARA de ferro regerá as nações...


Apocalipse 2:27a

Segundo meu entendimento, ambos os versículos falam da MESMA


VARA.
◆◆◆
SEÇÃO III
TRINDADE

Ouça Israel, Adonai é nosso Elohim, Adonai é UM.


Deuteronômio 6:4

Assim diz Adonai, o Rei de Israel, Adonai das hostes: Eu sou o primeiro e
o último, E NÃO há outro além de MIM.
Isaías 44:6

E a vida eterna é essa: que te reconheçam, apenas a Ti, como ÚNICO


DEUS VERDADEIRO, e a Yehoshua, a quem enviaste.
João 17:3

Todavia para nós há UM SÓ DEUS, o Pai, de quem é tudo e para Quem


nós vivemos; e um só mestre, Yehoshua, pelo qual são todas as coisas e nós
por ele.
1 Coríntios 8:6

Uma coisa é fato, e muitas pessoas fazem vista grossa para ela, a trindade
não é um termo, um conceito ou uma definição bíblica. Em nenhum lugar da
bíblia, tanto no Tanakh, quanto no novo testamento, existe essa ideia de três
deuses em um. Muito pelo contrário, se a trindade fosse válida, todo o resto
do Tanakh estaria errado. Deus, por toda a bíblia, tanto pelos profetas quanto
por outros homens relatados no Tanakh, nunca disse que Ele se faria homem
e viria à terra, tal ideia é uma das maiores heresias bíblicas e um conceito
errôneo intrínseco dentro da maioria dos cristãos.

RAIZ DA TRINDADE
A igreja, assim como toda sua teologia e teorias, nasceu em Roma,
conceituada através de homens de mentes e berços pagãos, longe do
conhecimento da verdadeira fé de Yehoshua, da Torah e do Povo de Israel. É
humanamente impossível, pessoas com tais mentalidades criarem um
conceito que seja coerente com o Único Deus Verdadeiro.
Roma, ao criar o cristianismo, buscava uma forma para unir as pessoas
novamente em um momento de declínio do império. O imperador então se
reúne com alguns homens, conhecidos como pais da igreja, e, em alguns
concílios, definem como essa nova fé seria. Para que ela fosse de fácil acesso
e de simples entendimento por todos, transformaram a antiga religião pagã
romana no que conhecemos hoje como igreja católica. Essa transformação na
verdade, foi apenas uma mudança no nome de faixada do antigo panteão
romano, todo o resto, a idolatria, as mentiras, as manipulações, os enganos, as
heresias e etc. continuaram exatamente iguais.
Uma dessas mudanças foi justamente em relação ao que eles tinha como
“tríade capitolina”. A tríade, antiga fé romana, trata da adoração a três seres
divinos supremos no Capitólio. O primeiro seria o deus principal, o pai, o
criador, chamado júpiter, uma releitura romana do deus grego zeus. Já o
segundo, chamado marte, era considerado deus filho, pois era o filho do deus
principal, júpiter. Por último, o deus quirino, que representava a realização da
vontade do deus júpiter na terra.
É clara a semelhança que eles tem com a trindade cristã, primeiro temos o
pai, júpiter, o criador. Em segundo temos seu filho, marte, que é considerado
o protetor daqueles que creem nele, fazendo um intermédio entre a
humanidade e a força punitiva de júpiter. E quirino, que realizava a vontade
de júpiter na terra, uma forma de mensageiro e também se encarregava de dar
poderes divinos aos homens. Segundo a trindade, existe o pai criador da terra
e dos homens, o filho jesus que é o intermediário e o espirito santo que
manifesta o poder de deus nos homens.
É inegável a similaridade que a tríade capitolina e a trindade possuem, se
fizermos uma análise um pouquinho mais profunda sobre a segunda figura de
cada, veremos o quão jesus e marte são similares. Marte era conhecido como
o deus da carnificina, assim como jesus causou a carnificina na inquisição, no
holocausto, no pogrom, nas perseguições e etc. Talvez, o jesus cristo romano
de muitas igrejas, seja apenas marte disfarçado. Muitos já morreram e muitos
ainda vão morrer em nome de jesus.

IDEALIZADORES DA TRINDADE
Como já dito, a bíblia não é base da trindade, mas sim mentes humanas,
mentes doentes e deturpadas que conseguiram propagar o paganismo romano
a milhões de pessoas com uma máscara de um deus verdadeiro.
O conceito de jesus ser um deus não veio dos concílios, mas sim de
antigos pais da igreja. Vamos ver o que eles alegam a esse respeito.
Cristo é tanto deus, quanto o senhor de todas as hostes.
Justin Martyr, Diálogo com Trypho, c.36

Isaías prova que deus nasceu de uma virgem.


Justin Martyr, LXVI
Pois quem dirá que deus é um só? Pois ele é manifesto em três.
Hippolytus, Contra a Heresia do Um

Pois cristo é deus sobre tudo.


Hippolytus, Refutações, Livro X

Nenhum da trindade pode ser considerado maior ou menor que o outro.


Origen, De Principis, Livro I

Nós temos um médico que nos cura, o senhor nosso deus, jesus cristo.
Ignácio de Antioquia, Carta aos Efésios.

Mas nosso deus, jesus cristo, foi concebido pela virgem maria.
Ignácio de Antioquia, Cartas aos Efésios 18:2

Nós acreditamos em um deus, o pai todo poderoso, criador dos céus e da


terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis. Nós acredito em nosso senhor
jesus cristo, o filho único de deus, o qual é a substância de deus. Ele (jesus) é
o deus do deus, luz da luz, o verdadeiro deus do verdadeiro deus, nascido e
não feito.
O Credo de Nicéia, Base de Todo o Cristianismo

Eis alguns de muitos idealizadores do trinitaríssimo, o qual depois foi


adaptado por Roma. Me assusta termos como "deus nasceu de mulher", ou
"deus morreu", ou "jesus é o deus das hostes", tomando para si um declaração
feita pelo Deus Único no livro de Isaías. A verdadeira essência de um Deus
Único, de acordo com a fé cristã, sempre foi algo meio obscuro. Algo que é
tão claro em toda a bíblia, foi-se perdido devido a falta de conhecimento e do
paganismos que esses pais da igreja tinham. Como pode o conceito base da fé
cristã, idealizado em 325d.e.c. em Nicéia, alegar que jesus é o deus de deus?
Isso não faz o menor sentido com as Escrituras. Mas o que podemos reparar
em comum entre todos os idealizadores trinitaristas? Todos provem de berço
pagão, nenhum deles era judeu, nem judeu messiânico e nem ligados a
nenhum dos apóstolos. Todos de proveniência duvidosa.
Mas esses comentários, acima mencionados, tratam de ideias trinitaristas
realmente antigas, esse conceito de trindade foi se readaptando e sendo
reformulado pelos padres católicos ao longo dos anos. No século XII, um
famoso padre, chamado Thomas de Aquino, “modernizou” todo o conceito
cristão sobre a trindade e o tornou muito próximo ao que vemos hoje em
muitas igrejas. Em seu livro Deus Uno e Trinuo, ele alega o seguinte:

Com efeito diz Agostinho, o filho não gerou ao pai porque não lhe foi
conveniente. Ora, em deus não existe diferença entre o ser e o poder, assim
como nem em alguns sempiternos. Logo, o filho gerou outro filho, e assim,
existem dois filhos em deus. Portando mais pessoas do que três.
Thomas de Aquino, Deus Uno e Triuno, Artigo 9:1

Além do mais, o pai gera o filho por natureza. Contudo, é a mesma


natureza do pai e do filho. Logo, como o pai gera, assim também o filho.
Logo, há em deus diversos filhos, assim há mais de três pessoas.
Thomas de Aquino, Deus Uno e Triuno, Artigo 9:10

Além do mais, para a perfeição da divina bondade, felicidade e glória, se


requer que haja em deus caridade verdadeira. Contudo, a verdadeira
caridade requer em deus o número três de pessoas. Com efeito, o amor pelo
qual alguém se ama somente a si mesmo é um amor privado e não a caridade
verdadeira. No entanto, deus não pode amar sumamente outro que não seja
sumamente amável. Portanto fica claro que a verdadeira caridade em deus
não pode ser suma se nele houver apenas uma pessoa, nem se houvessem
duas, por isso que são três.
Thomas de Aquino, Deus Uno e Triuno, Questão 9:2

Além do mais, requerem-se três coisas no amor, a saber, o que ama, o


que é amado e o mesmo amor. No entanto, os dois que se amam mutuamente
são o pai e o filho, o amor que é a ligação é o espirito santo. Logo, deus é
três pessoas
Thomas de Aquino, Deus Uno e Triuno, Questão 9:4

A meu ver, Thomas de Aquino vai longe demais, ele chega a um ponto
onde usa de conceitos humanos, ao invés de bíblicos, para comprovar a
existência da trindade. Ele chega ao ponto de afirmar que o filho poderia ter
criado o pai se ele quisesse. Se olharmos por esse ponto, que deus seria esse
que foi criado? Tudo que foi criado, além de ter um fim, tem alguém maior
do que ele, pois ele foi criado por alguém, então esse deus criado é um falso
deus.
Outras menções que ele faz é da multipluralidade de deus, como pode
haver diversos em deus? Isso é o que acontece quando mentes pagãs, ligadas
a religiões idolatras, sem conhecimento da verdade, tentam definir a Deus.
Infelizmente isso não é exclusivo aos pais da igreja, tais “fenômenos” ainda
ocorrem nos dias de hoje em diversos templos, através de diversos líderes.
Todas essas afirmações além de não serem conforme a bíblia, são contra a
bíblia, essa é a verdade essência do jesus cristo romano, criado por homens,
um deus que nasce, é criado, morre, é incoerente e ilusivo.

A TRINDADE E O COMPORTAMENTO DE YEHOSHUA


Basta apenas olharmos para como Yehoshua se portava, fica claro a
distinção que ele tinha em relação a Deus. Ele se declarou Mashiach através
da concepção judaica de Mashiach, pois era essa concepção que ele
acreditava e a única válida. Segundo essa concepção, Mashiach não é Deus,
ele como judeu, como seguidor da Torah e como Mashiach, jamais poderia
ter ao menos cogitado ser ou se declarar um deus, é incoerente com a fé, os
ensinos e o comportamento dele.
Por esse fato, a verdadeira fé cristã, se baseia fortemente nos ensinos de
Paulo, pois, como Yehoshua virou deus, a cadeira de Mashiach ficou vaga,
sendo tomada por Paulo. Esse é o grande problema, pois Paulo é um cara
com linguajar totalmente rabínico, o qual não pode ser entendido por aqueles
que não conhecem a Torah Oral, por esse fato, nasceram tantas heresias
através dos ensinos de Paulo. Se a igreja se baseasse nos verdadeiros ensinos
de Yehoshua, a fé dela seria totalmente diferente.
Vamos ver algumas atitudes de Yehoshua em relação a Deus:

E respondeu a ele: o que se refere a bom? Não existe homem bom, pois
EL apenas é bom. E se quiser entrar na vida eterna, guarde as MITZVOT.
Mateus 19:17

Nesse versículo vemos uma distinção clara, feita pelo própria Yehoshua,
entre ele e Deus. Ele deixa claro que APENAS DEUS é bom, o “apenas”
exclui a todos os outros seres, sejam eles quem for, e isso também exclui a
ele próprio, provando assim que existia uma distinção entre ambos.
Qualquer tipo de distinção quebra a teoria da trindade, pois a base dela é a
total igualdade entre os seres que a compõe.

E então dirá aos que estão a sua direita: bem vindos abençoados de meu
Pai e entrarão no Reino dos Céus que está preparado a vocês desde a
criação do mundo até agora.
Mateus 25:34

Por que “abençoados de meu Pai” e não “meus abençoados”? Talvez seja
porquê apenas o Pai abençoa, mesmo que através de seus enviados, como
Yehoshua por exemplo, a benção tem uma única fonte, Deus.
Isso é outro fator que distingue aos dois, indo contra a igualdade que os
membros da trindade possuem.

Então foi em frente bem devagar e caiu sobre sua face e orou e disse: se
possível que seja removido esse copo de mim, por favor. Mas de fato não seja
como eu quero, seja conforme Sua vontade.
Mateus 26:39

Pela oração de Yehoshua, vemos que ele não queria ser morto, vemos
que ele não se entregou por ninguém, porém, ele se entregou à vontade de
Deus e Deus, o entregou ao sacrifício. É muito diferente esse ponto de vista,
pois a honra por tal feito deve ser dada a Deus, com reconhecido do mérito de
Yehoshua por ter obedecido ao Pai, é sua obediência extrema que deve ser
observada aqui.
Isso também prova que ele estava claramente abaixo do poder e da
vontade divina, o que pode comprovar cada vez mais o seu declarado
messianismo.

Yeshua gritou em voz alta, na língua santa (hebraico): ELI ELI, por que
você me deixou?
Mateus 27:46

Se a trindade fosse uma realidade, teríamos ai o monólogo mais triste da


história nessa passagem.

Yehoshua foi judeu, rabino, fariseu, conhecedor da Torah Oral,


observante da Torah Escrita, servo do Deus Único, mestre naquilo que
ensinava e Deus se manifestava nessa terra através dele. Foi também através
de sua morte que o conhecimento da palavra e do Deus único chegou a todas
às nações, por esse motivo, todos aqueles que não provêm de berço judaico,
deve vê-lo e tê-lo como Mashiach, pois foi através dele que a salvação
chegou aos gentios.
Yehoshua foi uma pessoa elevada, a santidade e a obediência a Deus que
ele tinha, nunca antes foram vistas em nenhum ser humano. Porém acreditar
em Yehoshua como Mashiach não é adorá-lo, não é vê-lo como um deus, mas
sim acreditar em sua obra e seguir a seus ensinos, viver a Torah da forma que
ele a interpretou. Ele deve ser o rabino daqueles que nele creem.

YEHOSHUA COMO ELOHIM


Existe uma breve menção que associa a Yehoshua como Elohim. Apesar
de muitos acreditarem que Elohim é um dos nomes de Deus, na verdade, é
apenas um “título”, assim com a palavra “Deus”.

Eis que a moça está grávida e dará a luz a um filho e chamará seu nome
de Ym´Anu´El que é Elohim conosco.
Mateus 1:23

Esse versículo em Mateus, dentre outros, foi usado como base para a
concepção da ideia de um jesus deus, pois muitos entendem que esse “Elohim
conosco” significa que Deus virou homem e veio habitar entre nós.
O termo Elohim é um tanto confuso e já gerou muitas especulações do
meio cristão. Elohim, por ser uma palavra no plural, final ~IM é plural
masculino em hebraico, muitos alegam que se trata da trindade. Como já
disse antes, Elohim nao é um dos nomes de Deus. Se caso a palavra Elohim
fizesse alguém de “deus”, teríamos alguns probleminhas, vejamos:

Então disse Adonai a Moshe, eis que te faço Elohim sobre Faraó...
Êxodo 7:1a

Eu disse: vocês são Elohim, todos filhos do Altíssimo.


Salmos 82:6
Olha só, se ser chamado de Elohim fizesse alguém de deus, ou parte da
trindade, a trindade não seria trindade, mas sim um panteão cheio de deuses,
pois segundo a bíblia, Moises seria também um deus, assim como todos os
juízes de Israel que são relatados em Salmos 82.
Moises, mesmo feito de Elohim, não é Deus, também Yehoshua não
é, mesmo sendo feito como Elohim.
A palavra Elohim não é um nome, mas um tipo de apelido em referência
ao Deus de Israel. Elohim é uma palavra no plural, pois ela se refere a todos
os atributos que Deus possui, bondade, misericórdia, cura, julgamento,
salvação, amor, poder, glória, honra e por ai vai. Quando Deus dá autoridade
para algum homem realizar algo que só cabe a Ele realizar, esse homem é
feito de Elohim.
Vejamos Moises, Moises realizou diversos milagres, algo que só Deus
pode fazer, salvou o povo do Egito, algo que só Deus pode fazer, profetizou,
algo que só Deus pode fazer, ou seja, Moises realizou “coisas” exclusivas de
Deus, como se Deus emprestasse para ele Seu poder, tornando-o assim como
Elohim.
O mesmo acontece com os juízes de Israel, pois apenas Deus pode julgar,
sendo assim, quando os homens julgam, realizando algo que só Deus pode
fazer, são feitos de Elohim.
Yehoshua, ao realizar curas, expulsar demônios, revelar a Torah, entre
outras coisas, realizou feitos exclusivos de Deus, portanto, foi feito como
Elohim.

O SACRIFÍCIO E A TRINDADE
Este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está
assentado para sempre à destra de Deus.
Hebreus 10:12

Todo sacrifício prestado, seja qual for a religião ou seita, sempre é feito a
alguma autoridade superior. Nessa passagem em Hebreus, o autor alega que
ele foi um sacrifício pelos pecados, mas perante quem ele foi sacrifício? Se
ele fosse um deus, ele estaria se sacrificando a si mesmo para si mesmo? Aí é
estranho, pois em Mateus 26:39, ele pede a Deus afasta dele esse “copo”,
pois ele não queria se sacrificar. De certo, se dependesse dele e se fosse deus,
ele acharia outra forma para a remoção dos pecados.
Mas como ele foi obediente a Deus, ele se sujeitou ao sacrifício, não a ele
mesmo, mas ao Criador. A trindade não passa de dicotomia e blasfêmia.
◆◆◆
SEÇÃO IV
SHKUTZ SHOMEM

E esse BESSORAH será TEDARESH à toda a terra para que saibam de


mim todos os gentios e então virá o fim.
E esses serão os anti-Maschiach, esse é o SHKUTZ SHOMEM dito pela
boca de Daniel enquanto estava de pé no lugar santo. Quem ler que entenda.
Mateus 24:14-15

Shkutz Shomem é um termo que aparece apenas três vezes em todo o


Tanakh e muitas especulações foram criadas em torno dele. Tanto os rabinos
quanto os cristãos buscam uma compreensão, muitas vezes de forma mística,
do que Daniel estava falando.
Shkutz Shomem é traduzido nas línguas ocidentais como “abominação
da desolação” e é um termo que, eu particularmente, acho um pouco
estranho, não faz um sentido concreto e é algo difícil de visualizar
mentalmente. Por isso eu acredito que inúmeras interpretações místicas foram
criadas em torno desse termo. Tanto os rabinos quanto os cristãos possuem
diferentes entendimentos em relação a esse termo, vamos olhar para ambos e
no final, ver se algum bate com o que Yehoshua está falando.
Primeiro, os três versículos do livro de Daniel onde esse termo
aparece:

Durante uma semana ele fará uma aliança firme com muitos. Por meia
semana ele colocará um fim aos sacrifícios e às ofertas de alimentos. Na
quina do altar terá SHKUTZ MESHOMEM até que a destruição decretada
seja derramada sobre o SHOMEM.
Daniel 9:27

Forças serão guiadas por ele; eles irão profanar o templo, a fortaleza.
Eles vão abolir a oferta regular e estabelecerão a HASHKUTZ
MESHOMEM.
Daniel 11:31

Do tempo que a oferta regular for abolida, e SHKUTZ SHOMEM for


estabelecido, serão mil duzentos e noventa dias.
Daniel 12:11
O ENTENDIMENTO CRISTÃO
Existem basicamente duas interpretações cristãs sobre esses versículos
em Daniel. De um lado temos o entendimento de Roma e de outro, uma visão
apocalíptica conforme os cristãos, filhos da reforma.
A igreja romana se apega no entendimento proveniente dos ensinos
formulados pelos antigos pais da igreja. João Crisóstomo, em seu livro
Homilies no evangelho de Mateus, afirma que essas profecias de Daniel são
referentes a destruição da cidade Jerusalém no ano 70e.c. e o shkutz shomem
representa o exército que fez o cerco a cidade.
Outro famoso pai da igreja também concorda com essa interpretação,
Agostinho de Hipona faz um comentário em um de seus livros sobre esses
versículos do livro de Daniel:

Lucas foi testemunha clara de que a profecia de Daniel se cumpriu


quando Jerusalém foi destruída.
Pai da Igreja Agostinho de Hipona, vol. 6

Por um outro lado, o misticismo que toma conta da mentalidade e da fé de


muitas igrejas provenientes da reforma, como os protestantes, adventistas,
batistas e etc., se apegam em uma interpretação mais apocalíptica. Dizem que
o shkutz shomem é o próprio anticristo, que será um enviado de satan para
governar o mundo durante mil duzentos e noventa dias em paz e mil duzentos
e noventa dias em guerra. Ele enganará aos judeus, que o verão como
messias, porém nos últimos três anos e meio de seu governo, ele exigirá
adoração por parte dos judeus e será nesse ponto que eles terão os olhos
abertos.
Essa ideia de um falso messias enganando a judeus, enquanto a igreja é
arrebatada e toda a tribulação que os “deixados para trás” terão que viver sob
o governo de algum anticristo, foi elaborada por dois padres jesuítas. O
primeiro foi Francisco Ribera (1537-1591) e Manuel Lacunza (1731-1801),
que deu continuidade ao trabalho do primeiro.
Essas interpretações apocalípticas que eles criaram foram rejeitadas
rapidamente pela igreja católica e anos depois, no século XIX, foram
adotadas pelas igrejas provenientes da reforma. Dentro dessa teologia temos
poucas variações de como cada um crê, alguns dizem que a igreja será levada
antes da tribulação, outros no meio e outros no final dela. A verdade é que tal
teologia nada mais é do que uma interpretação humana sobre livros que a
mente do homem não consegue entender sem a revelação de Deus. Essas
teologias possuem um forte caráter apelativo, além de ideias apocalípticas
atraírem muita curiosidade por parte do público, o fator medo que elas geram
traz muitos para a igreja, não por amor, mas por
medo.
Essa interpretação dos padres pode até fazer algum sentido quando se
juntam alguns versículos espalhados pelo livro de apocalipse. A real é que
isso não é bíblico e é contrário aos ensinos rabínicos e de Yehoshua, como já
abordado posteriormente.

O ENTENDIMENTO RABÍNICO
Rabbi Akiva lhe disse: é uma mitzvah dar apelidos a ídolos.
Talmud da Babilônia, Tratado Avodah Zarah 46a

Então o templo queimará e sobre o altar a asa do shkutz shomem


passará.
R. Joseph Ibn Yahya, Daniel 9:27

Os rabinos ensinam que apelidos devem ser designados a ídolos para que
seu nome não seja pronunciado, assim, desonrando sua imagem. Ídolos e
falsos deuses nada mais são do que abominações perante o Criador.
Existia um deus dentro do panteão romano chamado júpiter, esse deus é a
versão romana do deus grego zeus. Dizem alguns estudiosos que júpiter era
conhecido como baal shamem (senhor dos céus) e o termo shkutz shomem é
uma distorção desse seu nome, um apelido negativo. Tal interpretação faz
sentido, já que Daniel afirma que após os términos dos sacrifícios, o shkutz
shomem seria estabelecido em seu lugar, pois com a destruição do Templo, os
sacrifícios pararam e em seu lugar, foi erguida uma estátua do deus júpiter, o
qual era tratado como shkutz shomem. Outro ponto interessante é que esse
fato só ocorreu depois que as boas-novas foram levadas ao mundo gentílico,
assim como Yehoshua afirma.
Se levarmos em conta esse fato histórico, o aviso que Yehoshua dava era
justamente sobre a destruição do Templo e o paganismo tomando seu lugar,
profecia que perdura até o dias atuais e só terminará com a vinda de
Mashiach.
Essa é a típica interpretação rabínica sobre a profecia de Daniel, a qual
faz total sentido. Daniel se referia a destruição do Templo, ao fim dos
sacrifícios e aos falsos deuses que seriam erguidos em seu lugar.
Diferentemente da interpretação cristã, essa profecia não trata de uma era
apocalíptica. Porém, o que ambas tem em comum é a ideia de que o
SHKUTZ SHOMEM só terá um fim na era messiânica.

GEMATRIA
A única forma de entendermos uma mensagem mística é analisando-a
através de ferramentas místicas. Calcular a Gematria de alguns termos pode
nos revelar uma coisa bem interessante sobre esse shkutz shomem.
Vamos fazer duas análises através da soma dos valores de suas letras, a
primeira é o valor absoluto que é a soma de cada número do valor total e o
valor reduzido é a soma da soma, até atingir um valor entre 1-9.

‫( שקוץ שמם‬shkutz shomem)


2246 = 600‫ ם‬+ 40‫מ‬+ 300‫ ש‬+ 900‫ ץ‬+ 6‫ ו‬+ 100‫ ק‬+ 300‫ש‬
2+2+4+6 = 14 (absoluto) | 1+4 = 5 (reduzido)

Pelo valor absoluto, shkutz shomem possui um valor de 14 e valor


reduzido de 5. Vamos olhar para o nome de jesus cristo, o romano, que em
hebraico seria yeshu kristos:

‫( ישו קריסטוס‬yeshu kristos)


761 = 60‫ ס‬+ 6‫ ו‬+ 9‫ ט‬+ 60‫ ס‬+ 10‫ י‬+ 200‫ ר‬+ 100‫ ק‬+ 6‫ ו‬+ 300‫ ש‬+ 10‫י‬
7+6+1 = 14 (absoluto) | 1+4 = 5 (reduzido)

Interessante que temos o mesmo valor absoluto de 14 e o mesmo valor


reduzido de 5, e isso é prova suficiente que existe uma ligação oculta entre os
dois. Se olharmos bem, é o jesus cristo criado por Roma que está no altar da
vida de muitas pessoas hoje em dia, ele tomou o lugar do Templo, o lugar de
Elohim, é adorado pelos cristãos, muitos oram para ele, fazem as coisas em
seu nome. Duas coisas são inegáveis: sendo ele ou não o shkutz shomem, ele
se assenta na quina do altar e o Templo foi destruído por aqueles que o
estabeleceram como deus, os romanos.

Forças (ROMA) serão guiadas por ele (jesus); eles (ROMA) irão
profanar o templo, a fortaleza. Eles (ROMA) vão abolir a oferta regular e
estabelecerão a HASHKUTZ MESHOMEM (jesus, o deus).
Daniel 11:31

Entramos nesse assunto por uma citação feita por Yehoshua. O que será
mais que ele pensa a esse respeito? Vamos analisar um versículo do original
com a tradução mais conhecida da língua portuguesa:

Pois muitos virão com meu nome dizendo: eu sou o Mashiach, e


desviarão a vocês.
Mateus 24:5

Muitos virão em meu nome, dizendo: eu sou o cristo e desviarão a muitos


Mateus 24:5 ALMEIDA

Uma palavra que muda tudo, Yehoshua não afirma que virão em nome
dele, como se esse alguém estivesse o representando. Ele diz que virão
usando o nome dele, ou seja, afirmando que é ele próprio.
jesus cristo veio afirmando que é Yehoshua Ben Yosef, porém não são a
mesma pessoa. O jesus é aquele sobre quem Yehoshua alertou, virão COM
meu nome e desviarão a muitos. Quem tem fé em Yehoshua como Mashiach
deve começar a prestar atenção em algumas coisas.

BESSORAH TEDARESH
Dois termos foram mantidos em seus originais. O primeiro, Bessorah,
significa boa-nova em hebraico, palavra que foi traduzida como evangelho,
porém essa tradução diminui o valor que a palavra Bessorah tem.
Bessorah (‫ )בשורה‬tem a mesma raiz que a palavra carne – BASSAR
(‫ – )בשר‬pois uma boa-nova de Deus não vem de graça, não vem sem que
alguém sofra na carne, seja qual for essa boa-nova. Todos os grandes homens
da bíblia, que receberam algo de Deus e levou essa boa-nova a humanidade,
sofreu e sofreu muito na carne. Por isso, quando a boa-nova vem sem um
preço a pagar na carne, essa boa-nova talvez não seja tão “boa” assim.
Já a palavra Tedaresh (‫)תדרש‬, traduzido como “pregar”, tem a mesma
raiz da palavra MIDRASH (‫ )מדרש‬e é agora que tudo muda.

Um Midrash é uma interpretação, uma exegese, um entendimento de


passagens da Torah. É o estudo que procura revelar e entender os ensinos
ocultos da Palavra de Deus. Sendo assim, quando Yehoshua afirma que a sua
boa-nova deve ser TEDARESH, um MIDRASH, ele se refere aos seus
ensinos, que eles devem ser vistos como um midrash, ou seja, como a
interpretação da Torah.
Isso confirma tudo que estamos vendo até agora, pois ele afirma agora
que sua interpretação da Torah é que deve ser ensinada, a verdadeira boa-
nova que ele trouxe é justamente a forma como ele ensinou que a Torah deve
ser vivida, através de seu midrash, de sua interpretação dela.
O que deve ser ensinado aos gentios é a Torah e, de acordo com o dito
por Yehoshua, a Torah deve ser nos conformes de sua interpretação. O sinal
do fim dos tempos é justamente o forte movimento do mundo cristão em
direção a Torah, como tem ocorrido de alguns anos para cá, de uma forma
sem precedentes.

Sem Torah, sem Bessorah!


◆◆◆
SEÇÃO V
ALGUMAS PROFECIAS

BEIT LECHEM DE EFRATAH


E você Beit Lechem de Yehudah, Ephratah, terra de Yehudah, você é a
mais jovem na terra de Yehudah, de você virá para mim aquele que reinará
em Israel.
Mateus 2:6

E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais


de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo Israel.
Mateus 2:6 ALMEIDA

E você, ó Beit Lechem Efratah, a mais jovem dos clãs de Yehudah, de


você virá para mim um para reinar Israel. Um o qual tem a origem antiga,
de tempos remotos.
Miquéias 5:1

Uma das profecias que Mateus menciona para provar o messianismo de


Yehoshua se encontra do livro de Miquéais, onde diz que aquele que reinará
sobre Israel virá de Beit Lechem, na região de Efratah. Porém, se
compararmos a tradução ocidental de Mateus com o livro de Miquéias, pode
gerar uma impressão que Mateus se equivocou, pois ele não menciona
Efratah conforme as palavras do profeta, dando assim a impressão de duas
Beit Lechem diferentes, algo que não ocorre no livro de Mateus em hebraico.
Mas o que me fez mencionar esse leve erro é que a menção dessa
palavra, deixada de lado pelo Almeida, é de extrema importância como
veremos a seguir.
Antes de mais nada, para que possamos ter um auxílio ao entendimento,
vamos olhar para um comentário de Rabbi Malbim sobre a profecia de
Miquéias que Mateus cita em seu livro:

E tu, Beit Lechem, afim de despertar as dez tribos espalhadas de Israel,


seu rei Maschiach Ben Yosef será feito valente por você até a restauração
total de Yehudah, feita por Mashiach Ben David.
Rabbi Malbim, Miquéias 5:1
Malbim explica que essa profecia não trata simplesmente de Mashiach,
mas de uma missão bem específica de Mashiach, a missão de despertar as
tribos perdidas de Israel. Já vimos nesse livro, PARTE 2, SEÇÃO V, O
REINO DE ISRAEL, que a missão de ajuntar as tribos perdidas de Israel é
referente a Mashiach Ben Yosef, portanto, é para ele que devemos nos
atentar.
Quando Mateus associa essa profecia a Yehoshua, ele automaticamente
declara que ele é o Mashiach Ben Yosef, o que, também é confirmado pelo
próprio Yehoshua:

E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas


perdidas da casa de Israel.
Mateus 15:24

Mas a pergunta é, como podemos provar que essa profecia de Miquéias


realmente trata de Mashiach Ben Yosef e qual a ligação que Beit Lechem, a
cidade onde Yehoshua nasceu, tem com Mashiach Ben Yosef?
Para que possamos entender o recado, não devemos olhar para a profecia
de Miquéias, mas sim, à outra passagem que se encontra no Tanakh:

Esses eram os filhos de Chur, o primogênito de Efratah, e pai de Beit


Lechem.
1 Crônicas 4:4b
Essa passagem muda tudo, Beit Lechem e Efratah não são apenas duas
localizações, mas são duas pessoas. Segundo o livro de I Crônicas, Efratah
era pai de Chur que era pai de Beit Lechem. É justamente essa passagem que
nos revela o que está acontecendo no livro de Mateus e a ligação que ele faz
de Yehoshua com Mashiach Ben Yosef.
Como profecias são revelações místicas, devemos analisá-las de forma
mística. A passagem em I Crônicas revela que Beit Lechem é filho de Chur,
que é o primogênito de Efratah. Já o profeta, faz um ligação direta entre o
neto e o avó, o que é bem comum no Tanakh, como se chamasse BEIT
LECHEM de filho de EFRATAH, sem fazer menção de Chur.
Com tudo isso em mente, vamos analisar essas pessoas pela Gematria e
veremos o recado que nos passa:
BEIT LECHEM BEN EFRATAH (‫)בית לחם בן אפרתה‬
+ 200‫ ר‬+ 80‫ פ‬+ 1‫ א‬+ 700‫ ן‬+ 2‫ ב‬+ 600‫ ם‬+ 8‫ ח‬+ 30‫ ל‬+ 400‫ ת‬+ 10‫ י‬+ 2‫ב‬
5‫ ה‬+ 400‫ת‬
= 2438 = 2 + 4 + 3 + 8 = 17
*Gematria com sofit

MASHIACH BEN YOSEF (‫)משיח בן יוסף‬


80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+ 6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 50‫ נ‬+ 2‫ ב‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
= 566 = 5 + 6 + 6 = 17
*Gematria sem sofit

Ambos possuem o valor de 17 pela Gematria, o que, a meu ver, confirma


muitas coisas. Mateus consegue usar a profecia para mostrar que Yehoshua
era o Mashiach Ben Yosef, pois vinha de Beit Lechem, assim como ensina o
Rabbi Malbim, que Mashiach Ben Yosef virá de lá. Mateus também
comprova que sua missão é exclusivamente para a Casa de Israel, assim
como mencionado por Malbim em seu comentário, por Miquéias, quando cita
que ele veio para ISRAEL e novamente conforme o próprio Yehoshua,
quando disse:

E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas


perdidas da casa de Israel.
Mateus 15:24

Isso tem um significado muito profundo e delicado. Muitos acreditam que


Yehoshua veio para salvar aos gentios, na verdade, não é bem essa sua
missão. Claro que muitos gentios tiveram acesso à bíblia e ao conhecimento
do Deus de Israel através de sua morte, mas isso foi apenas a “benção que
transbordou do copo”.
Pelo fato dos descendentes do Reino de Israel, das tribos perdidas, terem
sido espalhados pelo mundo e assimilados pelas culturas estrangeiras, eles se
tornaram “gentios” de uma certa forma. A missão de Mashiach Ben Yosef,
nesse caso, de Yehoshua, é justamente trazer essas pessoas de volta ao Deus
de Israel e à Torah. Como eles estão entre os gentios, foi justamente aos
gentios que a obra de Yehoshua atingiu, mas com a intenção de chegar à
essas tribos perdidas.
Não sabemos quem são os descendentes dessas tribos, mas conforme já
discutido nesse livro, essas pessoas possuem uma “fagulha” que foi dada a
todos os membro do Povo de Israel desde seus primórdios. Quando o
conhecimento do verdadeiro Yehoshua, da Torah e da vontade do Deus
Único lhes forem revelados, eles automaticamente sentirão algo queimando
dentro deles, o que os levará "de volta" aos caminhos da vontade do Criador.
Isso não acontecerá com todos que conhecem a Deus, a sua Palavra ou
estão em alguma igreja, pois conhecer a Deus, não os tornam servos Dele.
Haverão muitas pessoas que, apesar de ter lhes sido dada essa chance como
reflexo da busca às tribos perdidas, nunca aceitarão ao Deus de Israel da
forma que como Ele que ser aceito, por isso que existe um jesus cristo
romano, pois ele serve muito bem para essas pessoas.
Muitos nunca aceitarão um Maschiach que não está nos conformes da
teologia cristã, muitos nunca aceitarão um outro Deus que não seja o jesus
cristo romano, muitos nunca aceitarão o jugo da Torah, mesmo estando
dentro de templos, ouvindo, aprendendo sobre o Deus de Israel e conhecendo
a Palavra de Deus. Por outro lado, outros embaixo desse mesmo jugo, ao
ouvir sobre essas coisas, terão um despertar sem igual e rapidamente, sem
saber os motivos e sem que alguém os convençam, aceitarão todas essas
coisas e terão suas vidas imediatamente transformadas. Esses são os
descendentes das tribos perdidas de Israel e os alvos da obra de Mashiach
Ben Yosef.
Essa profecia de Miquéias também revela o porquê Yehoshua não foi
aceito pelos judeus, pois judeus, como os conhecemos hoje e como eram no
primeiro século, não são da Casa de Israel, mas sim da Casa de Yehudah, e
para a Casa de Yehudah, o Mashiach será o Mashiach Ben David, como a
própria Gematria nos revela:

YEHUDA (‫)יהודה‬
5‫ ה‬+ 4‫ ד‬+ 6‫ ו‬+ 5‫ה‬+ 10‫י‬
= 30 = 3 + 0 = 3

MASHIACH BEN DAVID (‫)משיח בן דוד‬


MASHIACH (‫)משיח‬
8‫ ח‬+ 10‫י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
= 358 = 3 + 5 + 8 = 16 = 1 + 6 = 7

BEN (‫)בן‬
700‫ ן‬+ 2‫ב‬
= 702 = 7 + 2 = 9

DAVID (‫)דוד‬
4‫ד‬+ 6‫ ו‬+ 4‫ד‬
= 14 = 1 + 4 = 5
TOTAL = 7 + 9 + 5 = 21 = 2 + 1 = 3
*Gematria com sofit

Pelo que podemos ver, para a Casa de Yehudah, para os judeus, o


Mashiach será em sua vinda como Mashiach Ben David, já para a Casa de
Israel, por estarem entre os gentios, virá como Mashiach Ben Yosef. Sua obra
atingirá à todas as nações com o intuito de acender a fagulha dentro dos
descendentes das tribos perdidas, se caso alguém entenda, mesmo não sendo
descendentes dessas tribos, também poderá ser enxertado na oliveira de
Israel.
Claro que tanto Maschiach Ben Yosef, quanto Mashiach Ben David são
os mesmos, apenas duas missões diferentes, isso é confirmado em outra
passagem do Tanakh:

David era o filho de um certo Efratita de Beit Lechem em Yehudah,


chamado Yessi. Ele tinha oito filhos, e nos dias de Shaul, esse homem já era
velho, avançado em idade.
I Samuel 17:12

Numa única passagem temos uma ligação entre Efratah e Beit Lechem
com o rei David. Efratah e Beit Lechem remontam a Mashiach Ben Yosef. Já
David, ao próprio Mashiach Ben David, mostrando assim, que ambos estão
interligados, são os mesmos.

CHORO DE RAMAH
Então cumpriu-se aquilo que disse o profeta Yrmiahu.
Uma voz ouvida de Ramah, lamentações e choro, Rachel chora pelo seu
filho e etc.
Mateus 2:17-18

Assim diz Adonai: uma voz se ouviu em Ramah, o gemido de muito choro
amargo, Rachel chorando os seus filhos. Ela não quer ser consolada, porque
estavam mortos.
Jeremias 31:15

Mateus cita essa profecia logo após o relato do massacre causado por
Horodos, quando, em busca de Yehoshua, ordena matar a todos os recém-
nascidos. O fato da profecia de Yrmiahu tratar de choro e morte de filhos, nos
passa a simples impressão de que essa menção foi feita por causa do ato
desse assassino.
Mas se observarmos bem a profecia, ela não faz muito sentido com o fato,
pois o que tem a ver a matriarca Rachel com o ocorrido, já que ela não estava
presente nesse momento?
Bom, Rachel era esposa de Yaakov, mãe de Yosef e Benjamim. A Torah
nos conta que quando o filho favorito de Yaakov, Yosef, foi levado ao
cativeiro, seus irmãos disseram a seu pai que ele foi morto e por anos,
Yaakov chorou a perda de seu filho. Muitos anos mais tarde, seus irmãos o
reencontram vivo no Egito e nos entrelaces dessa história, Benjamin, por ser
o mais novo, acabou servindo de instrumento de resgate para livrar a família
de Yaakov da fome e da morte.
Se fizermos uma simples conexão com o visto até então, as duas tribos
provenientes dos filhos de Yosef, pertenciam ao Reino de Israel, são duas das
tribos perdidas pelo mundo. Em contra partida, a tribo de Benjamim, assim
como a de Judah, faziam parte do Reino do Sul, o Reino de Yehudah, o qual
não foi assimilado pelas nações.
Com isso, podemos entender que, assim como um dia Yaakov chorou por
ter perdido Yosef, o choro de Rachel tem a mesma simbologia, a perca de seu
filho Yosef para as nações do mundo. Porém Benjamim, que representa o
Reino de Yehudah, de onde provém Mashiach Ben Yosef, servirá de
instrumento de resgate para Yosef e seus irmãos, para as tribos perdidas de
Israel, conforme temos visto até agora.
Essa ideia é confirmada pelo próprio profeta Yrmiahu nos dois versículos
seguintes a essa profecia mencionada acima:
Assim diz Adonai: acalme a voz de choro e as lágrimas de seus olhos,
porque há recompensa para o seu trabalho, diz Adonai, pois eles voltarão
das terras do inimigo. E haverá esperança no fim para os seus descendentes,
diz Adonai, porque seus filhos voltarão para o seu país.
Jeremias 31:16-17

Olha só, Yrmiahu, continuando sua profecia, diz que Adonai irá retornar
os filhos de Rachel das terras do inimigo, ou seja, aqueles que foram
assimilados pelas nações, retornarão. Adonai diz que eles voltarão para seu
país, para a terra de Israel. Outro ponto interessante é a palavra Ramah, existe
uma cidade no território de Benjamim chamada Ramah, a qual ficava
justamente na divisa com a tribo de Manasseh, um dos filhos de Yosef. Essa
cidade, depois da separação de Israel em dois reinos, acabou sendo anexada
ao território do norte, assim fazendo parte da tribo de Manasseh. Essa é a
cidade que fazia a conexão entre as duas tribos que representavam os filhos
de Rachel, Manasseh (Yosef) e Benjamim, e que acabou sendo perdida junto
com o resto do Reino de Israel.
O uso dessa profecia por Mateus vai muito além da atrocidade causada
por Horodos naquele momento, ela mostra que Mashiach Ben Yosef, que virá
do Reino do Sul, irá trazer de volta o filho perdido de Rachel, ou seja, ele
servirá de resgate às tribos perdidas.

**Tanto Mashiach Ben Yosef, quanto Mashiach Ben David, são da tribo
de Yehudah. Benjamim, nesse caso, é apenas uma representação do Reino do
Sul em contra partida ao Reino do Norte, não que Mashiach seja da tribo de
Benjamim.

VOZ DO DESERTO
Nesses dias veio Yohanan, o purificador, pregando no deserto de
Yehudah.
E dizia: façam Tshuvah que o Reino dos Céus está se aproximando.
Cumprindo o que foi dito por Isaías o profeta, uma voz chama do deserto
para voltar aos caminhos de Hashem e endireitar o caminho de nosso
Elohim.
Mateus 3:1-3

Essa profecia citada por Mateus, que se encontra no livro de Isaías,


também se refere à vinda de Yohanan, o imersor. O autor do livro de Mateus
faz uma conexão das palavras místicas do profeta com o ministério e o estilo
de vida do Imersor, o qual perambulava pelo deserto de Yehudah pregando o
conserto através da volta aos caminhos estipulados por Adonai.
A profecia a qual ele se refere é a seguinte:

Uma voz clama: preparem no deserto um caminho para Adonai,


preparem em áreas selvagens o Caminho para seu Elohim.
Isaías 40:3

Existe um Midrash sobre essa profecia e esse Midrash é coerente com a


forma pela qual Mateus interpretou as palavras do profeta, revelando o
entendimento comum sobre essas palavras de Isaías:
O que ele diz? Quando vê Israel se envolver em Torah diz: voz que
chama do deserto clama o caminho de Adonai, preparem um caminho para
seu Elohim nas áreas selvagens (Isaías 40:3). E a realidade de Seus
caminhos pela Tshuvah diz: “Bem-aventurado é o homem que confia em
Deus e o Senhor está em Sua confiança.
Otzar Midrashim, Perek Shirah 1:58

Tanto o Midrash, quanto Mateus, entendem que a voz que clama do


deserto e que busca a preparação dos caminhos de Adonai é justamente a
Tshuvah, o arrependimento e um envolvimento do povo com a Torah.
Isso era justamente o que Yohanan pregava, além de ser uma voz vinda
do deserto, ele ensinava a necessidade da Tshuvah para que seu Mikveh fosse
válido. A Tshuvah nada mais é do que uma forma de arrependimento que vai
além do sentimental, além do remorso, é um arrependimento palpável, é um
retorno às Leis de Deus. A Tshuvah que Yohanan pregava, pelo
entendimento judaico, o qual vemos pelo Midrash, se dá apenas através de
um envolvimento verdadeiro com a Torah.

O MASHIACH QUEBRADO
Para que fosse cumprido o que foi dito por Isaías.
Veja meu servo que escolhi, o escolhido com qual minha alma está
alegre, eu colocarei meu espírito sobre ele e ele justificará as nações.
E não temerá e não correrá e não será ouvido nas ruas.
E não quebrará o junco e nenhum linho irá romper até que ele estabeleça
a justificação eterna.
E em seu nome a esperança dos gentios.
Mateus 12:17-21

Esse é o Meu servo, o qual Eu escolhi, em quem Me alegro. Eu colocarei


Meu espírito sobre ele e ele ensinará o verdadeiro caminho para as nações.
Ele não gritará nem bradará, pois sua voz não será ouvida nas ruas.
Ele não esmagará nem um junco quebrado, nem escurecerá a luz fraca,
porém irá trazer o verdadeiro caminho.
Ele não se cansará, nem se quebrará, mas se manterá até que o
verdadeiro caminho seja estabelecido na terra e as nações distantes
esperarão por sua TORAH.
Isaías 42:1-4

A menção dessa profecia pelo autor do livro de Mateus já causou


muitos debates e discórdias entre judeus e cristãos. Os judeus alegam que
essa citação é um equivoco muito grande no livro de Mateus, pois essa
profecia não foi cumprida por jesus. Segundo a profecia, o servo escolhido
por Deus não poderia ser ferido sem que antes estabelecesse a paz. Como
sabemos que esse não foi o caso, pois o mundo não está e nunca esteve em
paz, segundo a argumentação dos judeus, através dessa profecia, jesus não
seria o Mashiach.
Já no lado cristão, eles afirmam que jesus estabeleceu sim a paz, porém
não a paz mundial conforme esperavam os judeus. A paz que alegam ter sido
estabelecida não seria bem uma “paz” em seu sentido literal, mas sim a
unificação dos gentios com os judeus num só povo, pois todos seriam filhos
de Deus através de jesus.
A meu ver, nenhuma das explicações são satisfatórias. Pelo lado dos
judeus, eles tem razão, jesus não cumpriu essa profecia, assim como
nenhuma profecia relativa a Mashiach, pois não é e nunca foi Mashiach.
Porém, não deixa de ser uma interpretação errônea, pois não aborda
Yehoshua e sim a figura mítica criada através dele. Pelo outro lado, os
cristãos acham que gentios e judeus serão todos iguais, ou melhores que ele,
mas a realidade não é bem essa, os cristãos que terão que ser mais iguais aos
judeus e não os judeus mais iguais que os cristãos, pode parecer a mesma
coisa, mas não é. Não que o judaísmo seja uma religião a ser seguida, mas a
Torah que os representa é o que permite aos judeus uma ligação mais intima
com o Criador.
Outro ponto a se considerar é que, Yehoshua não veio para todos e
quaisquer gentios, mas a um grupo bem específico que se encontra disperso
entre os gentios, o qual não é conhecido por ninguém. Obviamente que todos
aqueles que, mesmo sem fazerem parte direta desse grupo, poderão e serão
aceitos dentro do Povo de Israel.
Para que possamos entender o que acontece com essa profecia e os
motivos do autor do livro de Mateus de citá-la, devemos fazer duas
perguntas. Primeira, essa profecia realmente fala de Mashiach? Segunda, se
sim, sobre qual Mashiach?
Para respondermos a primeira, vamos olhar para o que alguns sábios
dizem no Talmud:

Aquele que vê um junco num sonho, deve se levantar mais cedo e recitar:
“não esmagará um junco que está quebrado”(Is 42:3), em honra a
Mashiach.
Talmud da Babilônia, Tratado Brakhot 56b

Rabbi Hiyya lhe disse: Não, isso se refere a outro versículo, aquele que
fala sobre Mashiach em Isaías 42:3.
Talmud da Babilônia, Tratado Yevamot 93b

Os sábios respondem a primeira pergunta e confirmam aquilo que muitos


negam, esses versículos falam de Mashiach e não sobre algum profeta ou
coisa do tipo. Agora, para que possamos entender exatamente ao que o
profeta Isaías se refere em suas palavras, devemos olhar para esses versículos
de uma forma um pouco mais mística.
No primeiro versículo, em sua língua original, temos o seguinte:

‫הן עבדי אתמך בו בחירי רצתה נפשי נתתי רוחי עליו משפט לגוים יוציא‬
Esse é o Meu servo, o qual Eu escolhi, em quem Me alegro. Eu colocarei
Meu espírito sobre ele e ele ensinará o verdadeiro caminho para as nações.
Isaías 42:1

Se pegarmos as primeiras palavras que aparecem nesse versículo e


buscarmos seu valor numérico, teremos:
‫הן עבדי אתמך‬
20‫ ך‬+ 40‫ מ‬+ 400‫ ת‬+ 1‫ א‬+ 10‫ י‬+ 4‫ ד‬+ 2‫ ב‬+ 70‫ ע‬+ 50‫ ן‬+ 5‫ה‬
= 602 =6 + 0 + 2 = 8

Interessante, pois esse valor absoluto é o mesmo valor absoluto da


palavra MASHIACH BEN YOSEF, como mostrado a seguir:

MASHIACH BEN YOSEF (‫)משיח בן יוסף‬


80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+ 6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 50‫ נ‬+ 2‫ ב‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
= 566 = 5 + 6 + 6 = 17 = 1 + 7 = 8

Isso nos revela que esse versículo trata de Mashiach Ben Yosef, não só o
primeiro versículo, como o segundo também, pois ao analisarmos o terceiro
versículo através da Gematria, da mesma forma que o anterior, veremos que a
profecia de Isaías muda seu objeto:

‫קנה רצוץ לא ישבור ופשתה כהה לא יכבנה לאמת יוציא משפט‬


Ele não esmagará nem um junco quebrado, nem escurecerá a luz fraca,
porém irá trazer o verdadeiro caminho.
Isaías 42:3

‫קנה רצוץ לא ישבור‬


2‫ ב‬+ 300‫ ש‬+ 10‫ י‬+ 1‫ א‬+ 30‫ ל‬+ 90‫ ץ‬+ 6‫ ו‬+ 90‫ צ‬+ 200‫ ר‬+ 5‫ ה‬+ 50‫ נ‬+ 100 ‫ק‬
200‫ ר‬+ 6‫ ו‬+
= 1090 = 1 + 0 + 9 + 0 = 10

MASHIACH BEN DAVID (‫)משיח בן דוד‬


4‫ ד‬+ 6‫ ו‬+ 4‫ ד‬+ 50‫ ן‬+ 2‫ ב‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
424 = 4 + 2 + 4 = 10

A partir do versículo três, Isaías não trata mais de Mashiach Ben Yosef,
mas sim de Mashiach Ben David. Como o autor do livro de Mateus cita
apenas os quatro primeiros versículos de Isaías 42, entendemos que os dois
primeiros tratam de Mashiach Ben Yosef e o terceiro e o quarto, de
Maschiach Ben David e, talvez seja por isso que existe, no meio dessa
profecia enigmática, algumas coisas que Yehoshua realmente não cumpriu.
Mas antes, vamos buscar confirmação do visto acima através de alguns
comentários rabínicos e Midrashim:

Mashiach Ben Yosef (v. 1 e 2)


Não devemos ter vergonha da geração de Mashiach. O Santo, Bendito
Seja, lhes disse: “Esse é Meu servo, Meu escolhido, aquele que agrada
minha alma, e etc” (Isaías 42:1). Nesse momento, o Santo, Bendito Seja, lhe
dirá: “Efraim, Mashiach, Meu Tzadik, Eu lhe concebi antes dos seis dias da
criação. Agora, minha tristeza se dá pelo que passarás...
Midrash Psikta Rabbati 36:1

Esse Midrash relata algumas coisas um tanto místicas. Primeiro, ele é


diretamente relacionado com a passagem que estamos analisando, como ele
mesmo menciona, Isaías 42:1. Então ele cita tanto a palavra “Mashiach”,
quanto o nome “Efraim”.
Efraim era o primogênito de Yosef e é através desse nome que muitos
Midrashim se referem a Mashiach Ben Yosef. Efraim se tornou um segundo
termo em referência a essa faceta de Mashiach, com isso, temos que esse
versículo fala justamente sobre Mashiach Ben Yosef.
Uma outra coisa que devemos observar é, quando o autor fala de uma
tristeza que Deus terá em relação a esse Mashiach. Isso se refere a morte dele.
“Ele ensinará o verdadeiro caminho para as nações”(Is 42:1), essa é a
Torah que todos desejarão ouvir, a sua Torah.
Rashi, Isaías 42:1

Como já vimos anteriormente, duas das principais missões de Mashiach


Ben Yosef é levar a Torah ao mundo gentílico e ensinar como ela deve ser
vivida, a interpretação de Torah feita por Mashiach é a interpretação que
“todos desejarão ouvir”.
Através do rabino Rashi, temos mais uma confirmação de que esse
versículo trata especificamente de Mashiach Ben Yosef.
Agora fica claro, ao lermos os dois primeiros versículos novamente,
vemos que o servo escolhido por Adonai é claramente o Mashiach, porém
Mashiach Ben Yosef, pois foi sua missão ensinar às nações os verdadeiros
caminhos, levar e ensinar a Torah. Se olharmos para Yehoshua e o vermos
como Mashiach Ben Yosef, o segundo versículo faz sentido, pois por mais
que ele pregou e ensinou, no final, não foi ouvido pelos judeus e não foi
compreendido pelos cristãos.

Mashiach Ben David (v. 3 e 4)


“Não será quebrado”, com o termo ‫ירוץ‬. A forma desse verbo nos remete
a ‫ירון‬, conforme aparece em Prov. 29:6 e o significado dessa "alegria" é que
ele não morrerá e nem será vencido pela violência de homens.
Ibn Ezra, Isaías 42:4

Nesse comentário fantástico, o rabino Ibn Ezra pega a palavra YARUTZ


(‫ – )ירוץ‬quebrado – e a compara sua forma com outra palavra YARUN (‫)ירון‬
– bradar - que aparece no livro de Provérbios, fazendo assim uma analogia
sobre essa faceta de Mashiach, comparando os dois versículos.

‫לא יכהה ולא ירוץ עד ישים בארץ משפט ולתורתו איים ייחילו‬
Ele não se cansará, nem se quebrará, mas se manterá até que o
verdadeiro caminho seja estabelecido na terra e as nações distantes
esperarão por sua TORAH.
Isaías 42:4

‫בפשע איש רע מוקש וצדיק ירון ושמח‬


A ofensa de um homem mal é uma armadilha para si mesmo, mas o tzadik
bradará em alegria.
Provérbios 29:6

Ibn Ezra confirma Mashiach Ben David através do óbvio, ele não
será a faceta de Mashiach que sofrerá, porém será aquele que se alegrará,
conforme vemos em Provérbios, pois não morrerá e não será vencido pela
violência dos homens (guerra de Gog e Magog que precederá Mashiach Ben
David, ele não será derrotado por ela).

Ele não será escurecido, pois será o verdadeiro Mashiach. As Leis de


Deus e a liderança de Mashiach será imposta até nas ilhas mais distantes do
mundo e a Torah e a adoração ao verdadeiro Deus será espalhada a todos
os cantos.
Malbim, Isaías 42:4

Também segundo Malbim, em seu comentário sobre o versículo quatro,


vemos que trata justamente da Era de Mashiach, a qual será governada por
Mashiach Ben David.
Porém, dentre tudo o abordado, eu acredito que o autor do livro de
Mateus teve um motivo a mais para citar essa profecia e esse motivo se auto
explica logo no começo das palavras do profeta:

Esse é O Meu servo....

Adonai não fala de dois servos, mesmo que o texto fale de Mashiach Ben
Yosef e Mashiach Ben David, ele é chamado de O servo, singular, mostrando
assim que tanto Ben Yosef, quanto Ben David, são uma mesma pessoa,
apenas com facetas, missões e épocas diferentes.
A intenção desse estudo não é de explicar a profecia, mas de entender a
razão pela qual o autor do livro de Mateus a usou para se referia a Mashiach.

◆◆◆
SEÇÃO VI
YEHOSHUA E OS JUDEUS

Todos sabem muito bem que jesus não foi aceito pelo judeus, não só não foi
aceito, como também nunca será. Missionários que vão em busca de judeus
para convertê-los ao cristianismo são verdadeiramente um grande problema,
pois essa gente tem a habilidade de desviar o verdadeiro povo de Deus dos
caminhos que Ele determinou.
O grupo americano “Jews for jesus” manda insistentemente missionários
cristãos para Israel para convencer ao povo que eles devem aceitar ao jesus
deles, tirando a Torah da vida daqueles que os ouvem e acabam caindo em
idolatria, assim como aconteceu quando os gregos invadiram Israel e
induziram a muitos judeus a se converterem aos deuses do panteão grego.
Tais atitudes representam um peso nas costas que os judeus tem que carregar,
espero que com a ajuda de Deus, eles nunca deem ouvidos a esse tipo de
gente.
Por um outro lado, se deixarmos a figura mítica de jesus cristo de lado,
aquela que foi criada pela igreja e serve de objeto de adoração por muitos, e
olharmos apenas para Yehoshua Ben Yosef, o declarado Mashiach Ben
Yosef, rabino, fariseu, morto no madeiro e que revolucionou a história da
humanidade, poderemos descobrir que existe um relacionamento entre ele e o
povo judeu que ocidental algum conhece.
Para que o mundo cristão nunca descobrisse, para que não fosse dado a igreja
uma falsa ideia de aceitação do jesus cristão por parte dos judeus, Yehoshua,
ou Yeshua, é secretamente citado em alguns livros dos judeus, porém, não
com seu verdadeiro nome, mas através de alguns “apelidos”, para que assim
não seja facilmente reconhecido. Obviamente que muitos dos judeus e
rabinos não acreditam que Yehoshua Ben Yosef tenha sido alguma forma de
Mashiach, porém existem diversos outros, inclusive judeus e rabinos
ortodoxos que o reconhecem como o Mashiach, ou ao menos como um irmão
judeu, que teria que vir e morrer para que então Mashiach Ben David pudesse
se levantar. Esses ortodoxos nunca reconhecerão isso abertamente.
Antes de olharmos para alguns textos rabínicos, devemos conhecer a forma
como Yeshua (contração do nome de Yehoshua) é chamado. O primeiro se
encontra no próprio Talmud:
Sobre o Mashiach, a Gemara pergunta: Qual o seu nome? A escola de
Rabbi Yannai diz: YNNON é seu nome, pois está escrito: que seu nome dure
para sempre, que seu nome exista tanto quanto o sol.
Talmud da Babilônia, Tratado Sanhedrin 98b

Segundo a escola de Rabbi Yannai, o nome de Mashiach é YNNON. Esse


nome, apesar de parecer estranho, é um nome cabalista para se referirem ao
nome Yeshua, pois pela Gematria temos o seguinte:

YESHUA (‫)ישוע‬
70‫ ע‬+ 6‫ ו‬+ 300‫ ש‬+ 10‫י‬
= 386 = 3+8+6 = 17 = 1+7 = 8

YNNON (‫)ינון‬
50‫ ן‬+ 6‫ ו‬+ 50‫ נ‬+ 10 ‫י‬
= 116 = 1+1+6 = 8

Tanto YESHUA quanto YNNON possuem o mesmo valor numérico, pois é


uma forma codificada de se referirem a ele.

Que seu nome seja eterno, assim como o sol, que YNNON dure para
sempre. E abençoara a todos os gentios e todos serão felizes.
Salmos 72:17

Essa passagem do livro de Salmos, quando traduzida de uma forma mais


literal, mostra que YNNON irá abençoar a todos os gentios e
“coincidentemente” foi isso que Yeshua fez, pois querendo ou não, foi
através dele que o conhecimento da Torah e do Deus de Israel espalhou pelo
mundo gentílico.
Durante a celebração do Rosh Hashanah (ano novo judaico) é costume a
leitura de um livro chamado Machzor Rabah Rosh Hashanah, esse livro é
como se fosse um tipo de guia para a celebração dessa festa, nele se
encontram os costumes, as orações, os toques do shofar e etc.
Porém, nesse livro, existe algo muito interessante, existe uma brakhah
(benção) que deve ser recitada entre o primeiro e o segundo toque do shofar,
conforme a seguir:
Que a Sua vontade, através do shofar que acabamos de tocar, seja
entrelaçada no véu pelo anjo designado por Ti. Assim como foste com Eliahu
(Elias), de abençoada memória e com Yeshua, o Sar HaPanim (minístro da
face), que também possamos ser dignos de sua compaixão. Pois Tu és
Adonai, o único digno de adoração.
Machzor Rabah Rosh Hashanah, TaSHRaT

Não vou mentir que quando estudei isso fiquei realmente surpreso, uma
oração entre o primeiro e o segundo toque do shofar, na qual, Yeshua é
mencionando. Não só mencionado, mas também chamado de Sar HaPanim,
que literalmente significa “Ministro da face”, essa é uma terminologia antiga
entre os rabinos para dizerem que Yeshua representou a “face” de Deus, ou
seja, representou a Sua verdadeira vontade em relação ao seu povo e em
relação à observância da Torah.
Não pensem que pelo fato dos judeus saberem sobre Yeshua, conhecimentos
que vão muito além daqueles que eu expus aqui, que eles são cristãos,
negativo, pois o judaísmo e o cristianismo pouquíssimas coisas possuem em
comum e ambos não devem ser confundidos. Esse exemplo que trouxe não
serve para mostrar ao mundo cristão que os judeus acreditam em jesus, pois
realmente não acreditam e nunca irão acreditar com ajuda de Deus. Eu trouxe
esse estudo para aqueles que tem os olhos abertos em relação ao verdadeiro
Yehoshua Ben Yosef, pois é justamente a esse que os judeus conhecem e se
referem.
◆◆◆
SEÇÃO VII
CONFIRMANDO A HIPÓTESE

Conforme visto na Parte II, seção V – O Reino de Israel, o Reino de Israel,


também conhecido como Reino do Norte, devido aos diversos pecados de
idolatria, foi invadido e destruído pelo império Assírio. A sua população, que
era formada por dez tribos e parte da tribo de Levi, foi levada em exílio e
dispersada pelo mundo gentílico. Essas pessoas, com o passar dos anos,
acabaram sendo assimiladas pelas culturas gentílicas e desapareceram
completamente, sendo esse o maior mistério concernente às tribos de Israel.
Nesta seção, uma hipótese foi apresentada, uma hipótese referente a um
levantar, como nunca visto antes, em todas as partes do mundo, que tem
acontecido na vida de muitas pessoas, onde essas pessoas estão deixando a fé
cristã de lado para buscarem uma vida conforme a Torah. Essa seção também
apresenta as três missões de Mashiach Ben Yosef, o qual, Yehoshua declarou
ser. Uma dessas missões é referente a encontrar e trazer de volta essas tribos
perdidas, ou seja, os descendentes dessas tribos que foram dispersos e
assimilados por culturas e religiões pagãs, serão identificados e trazidos de
volta para o seio do Povo de Deus.
Como prova disso, nos basta olhar para a vida e para os ensinos de Yehoshua.
Inegavelmente, foi através de sua vida e morte que o conhecimento do Deus
de Israel, dos profetas e da Torah chegou à todas as nações. Hoje, em
qualquer parte do mundo, todos tem ao menos a ciência sobre a existência de
um livro chamado "bíblia". Esse “milagre”, apesar de ser ensinado nos meios
cristãos que foi para salvar aos gentios, na verdade, não foi. Esse feito chegou
ao mundo gentílico pelo fato das tribos perdidas da Casa de Israel se
encontrarem nesses lugares. Por não saberem mais que eles fazem parte
desse Povo, a Torah e o conhecimento de Deus foram levados ao mundo para
que assim exista uma porta de entrada para essas pessoas começarem a voltar
aos caminhos do Criador.
Os sábios dizem que cada um dos seiscentos mil homens que se encontravam
no pé do monte Sinai, no momento em que a Torah foi entregue e disseram
“sim” a ela, receberam uma “fagulha” dentro de suas almas, algo que os
diferenciava como O Povo Escolhido. Também segundo os sábios, essa
"fagulha" é passada de geração em geração. Em outras palavras, os
descendentes dispersos dessas tribos perdidas, mesmo depois de muitos
séculos, ainda possuem essa "fagulha" interna que os conecta ao Deus
Verdadeiro e à Sua Torah.
Quando Mashiach Ben David vier, ele apenas ajuntará essas tribos embaixo
de suas asas, mas identificá-las não é sua missão, pois quando ele vier, todas
essas pessoas, de alguma forma, já terão estabelecido uma conexão real e
racional com a Torah, com o Deus Único e com Israel. Esse fenômeno que
presenciamos nos dias modernos, onde muitas pessoas do mundo gentílico
tem aceitado o “jugo” da Torah, tem abolido de suas vidas as práticas e
conceitos cristãos e tem se apegado aos mandamentos bíblicos, é o sinal da
aproximação da vinda de Mashiach Ben David. Isso acontece devido a essa
"fagulha" que existe dentro de cada uma dessas pessoas e que foi passada por
todas as gerações, remontando ao monte Sinai.
Essa "fagulha" é o verdadeiro sinal da vinda de Mashiach, quando essas
pessoas despertarem, e vão despertar, aos caminhos da Torah, então as
profecias do Tanakh se realizarão e elas serão trazidas de voltas a Israel, para
servirem a Mashiach pessoalmente. Esse foi o real motivo da morte de
Yehoshua e do conhecimento do Deus de Israel ter chegado aos gentios. Não
por eles, mas pelo fato de Deus estar buscando ao seu povo, aos descendentes
de Yaakov, as tribos de Israel, àqueles que um dia disseram SIM a Ele no pé
de um monte.
Por um outro lado, é sabido que as bênçãos de Deus sempre transbordam, por
isso as portas aos gentios, que não fazem parte dessas tribos, também estarão
abertas, pois haverão aqueles que entenderão e aceitarão a todas essas coisas,
com eles acontecerá conforme o descrito por Paulo, no livro de Romano, no
capítulo 11, onde ele afirma que muitos serão enxertados na oliveira. Essa
oliveira é o Povo de Israel, e o enxerto acontece através da Torah e do
reconhecimento do Deus Único de Israel, e isso só possível a eles devido a
morte de Yehoshua. Muitos, mesmo que não possuam a "fagulha", entrarão
nesse Povo e receberão de Mashiach a mesma "fagulha" daqueles que
estavam aos pés do monte Sinai. Uma "fagulha" que também será passada
por todas as gerações dessa pessoa, que deixará de ser um gentio e se tornará
um escolhido. Por isso que foi dito que muitos serão chamados, mas poucos
os escolhidos, pois muitos ouvirão essas coisas, mas irão preferir os dogmas
de religiões.
Muitos dos gentios acreditam cegamente que a igreja e o cristianismo são as
únicas e absolutas verdades, não acreditam na originalidade do evangelho,
exceto aquilo que foi afirmado pelos pais da igreja, não aceitam um Deus
Único, vivem sob doutrinas e dogmas humanos, criados por mentes viciadas
e pagãs e são doutrinadas através do medo de uma condenação eterna ou uma
vida sem as “bênçãos” que tanto buscam. A Torah para eles é algo do
passado, morto, abolido, seguem a um messias que consideram um deus,
condenam aos que seguem as Leis, vivem em puritanismo e buscam mais um
milagreiro do que um messias. Eu não sou ninguém para afirmar como será o
julgamento de Deus a esse respeito, mas de certo, essas pessoas não são
pertencentes às tribos, não são parte do verdadeiro povo escolhido. Para
esses, esse livro será como uma abominação, pois eles vivem o jesus mítico,
que nada tem a ver com Yehoshua Ben Yosef e tentarão convencer a muitos,
como já tem feito.
Reafirmo, Yehoshua veio para a Casa de Israel e não para os gentios que
nada tem a ver com o Povo Escolhido, porém, como ninguém sabe quem são
essas pessoas, apesar de não serem todos, pode ser qualquer um. Ele mesmo
afirma isso de uma forma bem clara:
E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas
perdidas da Casa de Israel.
Mateus 15:24

Se alguém que ouve sobre essas coisas e sente uma inquietação, uma
voz chamando, uma atração ao verdadeiro Deus, à Israel, à Torah e às Leis de
Deus, então é provável que esse alguém tenha essa "fagulha" dentro de si e
Deus, através de Mashiach, está finalmente chamando essa pessoa para voltar
pra casa, voltar para estar embaixo de Suas asas, chegou a hora. Caso não,
caso essa pessoa continue acreditando na fé cristã, então que ela se mantenha
naquilo que já crê.
Agora, vamos olhar para tudo isso através da Palavra do Criador, vamos
ver o que o Tanakh revela sobre as tribos de Israel e a obra de Mashiach Ben
Yosef a esse respeito.

1- O SEGREDO
‫כבד אלהים הסתר דבר וכבד מלכים חקר דבר‬
A glória de Deus está em esconder algo, mas a glória dos reis está em
descobrir esse algo.
Provérbios 25:2
Salomão afirma que a glória de Deus está em “esconder algo”, a forma
como ele se expressa no original, é algo que não vemos nas traduções
ocidentais. No hebraico, essa passagem gera um enorme mistério, pois fica a
dúvida: o que seria esse “algo que Deus escondeu”?
O termo que temos em português como “esconder algo”, no original é
HASTER DAVAR (‫ )הסתר דבר‬e é isso que devemos analisar:

HASTER DAVAR (‫)הסתר דבר‬


200‫ ר‬+2‫ ב‬+ 4‫ ד‬+200‫ ר‬+ 400‫ ת‬+ 60‫ ס‬+ 5‫ה‬
= 871

O Tanakh também nos conta que Josué, Yehoshua em hebraico, “trouxe”


as tribos para Israel. O termo utilizado para essa afirmação, em hebraico, é
ALIAT SHVATIM (‫ – )עלית שבטים‬trazer as tribos – e é essa umas das
missões de Mashiach Ben Yosef, “trazer as tribos” de volta para Israel.

ALIAT SHVATIM (‫)עלית שבטים‬


40‫ ם‬+ 10‫ י‬+ 9‫ ט‬+ 2‫ ב‬+ 300‫ ש‬+ 400‫ ת‬+ 10‫ י‬+ 30‫ ל‬+ 70‫ע‬
= 871

Olha só que interessante, segundo a Gematria, o segredo onde se encontra


a Glória de Deus é o justamente o retorno das tribos de Israel à Terra Santa.
Esse fenômeno discutido acima, que tem se tornado comum nos dias atuais, é
onde está a verdadeira Glória de Deus, a qual tantos buscam em lugares
errados.
Isso confirma que esse retorno faz parte dos planos escondidos de Deus.
Outro ponto é o nome de ambos que tiveram essa missão - Yehoshua.
Coincidência?

2- AS TRIBOS PERDIDAS
‫והיה כל אשר יקרא בשם יהוה ימלט כי בהר ציון ובירושלים תהיה פליטה כאשר‬
‫אמר יהוה ובשרידים אשר יהוה קרא‬
Mas todos que invocarem o nome de Adonai escapará, pois haverão
remanescentes em Zion e em Jerusalém, conforme prometeu Adonai.
Qualquer um que invocar Adonai, será aquele que estará entre os
sobreviventes.
Joel 3:5

Essa é uma passagem muito forte, uma profecia dada pelo profeta Joel em
relação ao fim dos tempos. Através da boca do profeta, Deus afirma que
APENAS aqueles que invocarem Seu Nome, escapará e sobreviverá.
Para entendermos o segredo dessas palavras, devemos fazer duas
perguntas. Para quem essa profecia foi feita e o que, exatamente, seria esse
"sobreviver".
Antes de continuarmos, vamos olhar para quem essa profecia foi feita.
Segundo o texto, a profecia é tanto para as pessoas de Zion, quanto para as
pessoas de Jerusalém. Jerusalém já é claro, capital do Reino de Yehudah,
representa os judeus. Agora, o que o profeta que dizer com Zion? Quem são
os que estão em Zion, já que os judeus são representados por Jerusalém?
Vamos fazer algumas comparações antes de tirarmos alguma conclusão:

ZION (‫)ציון‬
50‫ ן‬+ 6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 90‫צ‬
= 156

O valor da palavra Zion me levou a fazer uma associação a outro nome, o


qual, me revelou a quem essa profecia está se referindo:
YOSEF (‫)יוסף‬
80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+6‫ ו‬+ 10‫י‬
=156

Olha só, tanto YOSEF quanto ZION possuem uma conexão, ambos se
representam. Yosef é também um termo que representa a Mashiach, nesse
caso, Mashich Ben Yosef, assim como David representa Mashiach Ben
David.
Isso nos responde a uma das perguntas; Assim como Jerusalém representa
os judeus, o povo do Reino do Sul, Zion representa o Reino do Norte, as
tribos perdidas de Israel, as pessoas dispersas pelo mundo gentílico. Por isso
a profecia cita dois lugares diferentes, Zion e Jerusalém, pois ela fala com os
dois povos que formam as doze tribos de Israel, o verdadeiro Povo Escolhido.
Para que possamos continuar, vamos olhar para a Gematria de Mashiach
Ben Yosef, já que ele representa a Zion:

MASHIACH BEN YOSEF (‫)משיח בן יוסף‬


80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+ 6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 50‫ ן‬+ 2‫ ב‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
=566

O termo para “sobreviventes” que aparece nessa passagem, em hebraico,


é BASRIDIM (‫)בשרידים‬, o qual também pode significar “os restantes”. Esse
é um termo curioso, pois ele revela algo que vai muito além do que podemos
ler:

BASRIDIM (‫)בשרידים‬
40‫ ם‬+ 10‫ י‬+ 4‫ ד‬+ 10‫ י‬+ 200‫ ר‬+ 300‫ ש‬+ 2‫ב‬
=566

Olha só! Agora a passagem fica clara, vamos tentar uma releitura:

Mas todos que invocarem o nome de Adonai escapará, pois haverão


remanescentes das tribos perdidas de Israel e dos judeus, conforme
prometeu Adonai. Qualquer um que invocar Adonai, será aquele que
estará junto a Mashiach Ben Yosef.
E para confirmar a associação de Zion com o Reino do Norte, um Salmo:

Alegria de toda a terra é o monte Zion, nas terras do norte, a cidade do


grande Rei.
Salmo 48:3

A missão de Mashiach Ben David será de reinar sobre Jerusalém, em


Yehudah. A missão de Maschiach Ben Yosef será de reinar sobre Zion, em
Israel, como Ben David e Ben Yosef são a mesma pessoa, com diferentes
facetas, é ele o “grande Rei”, no singular, desse versículo. Mashiach
governará sobre a Casa de Israel e a Casa de Yehudah.

3- COMO E POR QUEM


‫הנני מביא אותם מארץ צפון וקבצתים מירכתי ארץ בם עור ופסח הרה וילדת‬
‫יחדו קהל גדול ישובו הנה‬
‫בבכי יבאו ובתחנונים אובילם אוליכם אל נחלי מים בדרך ישר לא יכשלו בה כי‬
‫הייתי לישראל לאב ואפרים בכרי הוא‬
Eu os trarei da terra do norte e os ajuntarei de todas as extremidades da
terra, haverão cegos e aleijados, grávidas e as em trabalho de parto; Uma
grande congregação voltará para cá.
Virão com choro e súplica e Eu os guiarei, aos ribeiros de águas, por
caminho direito, no qual não tropeçarão, porque Eu sou um Pai para Israel,
e Efraim é Meu primogênito.
Jeremias 31:8-9

Nesses dois versículos temos muitas informações importantes. A primeira


coisa que devemos prestar a atenção é referente a profecia que vem da
própria boca de Deus sobre o retorno das tribos. Ele não se refere nesse caso
ao retorno do exílio babilônico, pois para esse exílio foram apenas levados os
judeus, os povos das tribos de Yehudah e Benjamim, porém nesse caso, Deus
se apresenta como um Pai para ISRAEL, e isso já nos revela para quem é
essa mensagem.
Uma segunda informação se encontra no final do versículo nove, onde
Deus se refere ao Seu primogênito, Efraim. Efraim, na verdade, era o
primogênito de Yosef e temos ai a informação que precisamos, pois Deus se
refere justamente a Mashiach, que nesse caso, se apresenta como Ben Yosef.
Segundo a Gematria daquele que Efraim representa:

MASHIACH BEN YOSEF (‫)משיח בן יוסף‬


80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+ 6‫ ו‬+ 10‫ י‬+ 50‫ ן‬+ 2‫ ב‬+ 8‫ ח‬+ 10‫ י‬+ 300‫ ש‬+ 40‫מ‬
= 566

Isso nos prova, mais um vez, que essa missão de resgate das tribos
será feita através de Mashiach Ben Yosef.
Uma terceira informação pode ser tirada da frase “virão com choro e
súplica e Eu os guiarei”, pois é essa forma que as tribos perdidas ficarão
quando perceberem e entenderem quem são.
Segundo o grande sábio, Gaon de Vilna, o "choro" e a "súplica"
apresentados nesse versículo, estão ligados a Mashiach Ben Yosef, como
podemos ver a seguir:
"com choro e súplica Eu os guiarei" - essa frase tem o valor numérico de
(566), assim se referindo a Mashiach Ben Yosef, como quando afirmou
"Efraim é Meu primogênito".
Gaon de Vilna

“Com choro” se refere a alegria de voltarem a Israel, “com súplica” se


refere ao perdão de seus pecados passados. Isso tudo se dará através da obra
de Mashiach Ben Yosef.
Se olharmos para a obra de Yehoshua, faz total sentido, pois fora o
discutido acima, sobre o conhecimento de Deus alcançar o mundo gentílico,
Yehoshua fala muitas vezes sobre o perdão dos pecados através de sua morte
e o gozo que terão nele.

4- DE ONDE
‫עורי צפון ובואי תימן הפיחי גני יזלו בשמיו יבא דודי לגנו ויאכל פרי מגדיו‬
Acorde, ó vento Norte, pois vem do vento Sul algo que assoprará em meu
jardim para que seu perfume se espalhe novamente. Deixe meu amado vir
para esse jardim e apreciar seus frutos.
Cantares 4:16

Os termos “norte” e “sul” dessa passagem, se referem aos Reinos de


Israel (norte) e Yehudah (sul). Salomão diz que “algo” vem do sul em direção
ao norte, que esse “algo” irá fazer com que o jardim espalhe novamente seu
perfume e esse “algo” irá apreciar os frutos desse jardim. O que temos nessa
passagem como “algo”, nos é revelado por ela mesma.
Ao pegarmos as primeiras letras das primeiras quatro palavras em
hebraico, teremos:
400‫ ת‬+ 6‫ ו‬+ 90‫ צ‬+ 70‫ע‬
=566
566, como visto acima, é a Gematria de Mashiach Ben Yosef. O que esse
versículo nos revela é que ele virá do sul (Yehudah, um judeu) em direção ao
norte (Israel, tribos perdidas) e ele irá restaurar esse “jardim” (as tribos), irá
fazer com que seu perfume (glória de Deus - visto acima) se espalhe
novamente (chegando aos gentios não descendentes das tribos) e ele,
Mashiach, se alegrará com os frutos (servir a Mashiach) gerados por essas
tribos.
O Mashiach irá ao norte, e assim se iniciará o ajuntamento dos exilados
do norte.
Midrash Rabbah

E depois que disse isso, Yeshua foi de Galili para Tzot (Tyro) e Sodom
(cidades na região onde se encontrava o Reino de Israel).
Mateus 15:21

Pois os dias estão chegando, onde o guardião (MASHIACH) proclamará


sobre o monte de Efraim (Efraim - BEN YOSEF): Venham, vamos para Sião
(Israel), A Adonai, ao vosso DEUS.
Jeremias 31:6

5- BEN YOSEF PELO LIVRO DE MATEUS


Cumprindo o que foi dito por Isaías, o profeta, uma voz chama do deserto
para voltar aos caminhos de Hashem e endireitar o caminho de nosso
Elohim.
Mateus 3:3

‫קול קורא במדבר פנו דרך יהוה ישרו בערבה מסלה לאלהים‬
Uma voz clama no deserto: abram caminho para Adonai. Endireitarão
uma via na planície para nosso Elohim.
Isaías 40:3
Se pegarmos a versão original da profecia citada por Mateus, referente às
palavras do profeta Isaías, e analisarmos as palavras “Endireitarão uma via
na planície”, teremos algo muito interessante.
Para tanto, devemos utilizar as primeiras letras de cada uma das três
palavras, da esquerda para a direita, conforme destacado acima:

(‫)מ‬MASHIACH - (‫)ב‬BEN - (‫)י‬YOSEF

Apesar dessa profecia, como apresentada por Mateus, ter aparência de se


referir a Yohanan, na verdade, ela trata de Mashiach Ben Yosef, pois é ele
que preparará um caminho para Adonai.
Diferentemente das versões ocidentais, onde aparece a palavra “deserto”
duas vezes, no original, a segunda palavra traduzida como deserto, é planície.
No mapa geológico de Israel, basicamente, veremos que na região sul é
onde se encontra o deserto de Negev, território de Yehudah e boa parte das
planícies se encontravam onde era o Reino de Israel. Se relermos o versículo
de Isaías novamente, ficará mais fácil sobre o que o autor do livro de Mateus
estava falando:

Uma voz que virá de Yehudah, abrirá o caminho para (em direção a)
Adonai, (Mashiach Ben Yosef) endireitará um via (expressa) no norte
(tribos perdidas) para (em direção a) Adonai.

A construção de um caminho e a pavimentação de uma via para a


redenção dos exilados é parte da missão de Mashiach Ben Yosef.
Gaon De Vilna

6- YEHOSHUA VISTO EM YOSEF


(Gn. 48:2) Yosef reconheceu a seus irmãos, porém seus irmãos não o
reconheceram – Isso é uma das provas que Mashiach Ben Yosef irá
reconhecer a seus irmãos, mas seus irmãos não o reconhecerão. Esse é o
trabalho de satan, que esconde as características de Mashiach Ben Yosef,
para que seus passos e ensinos não sejam reconhecidos por causa da
idolatria.
Quando a Casa de Israel reconhecer a Yosef, teremos a completa
redenção.
Gaon De Vilna

O rabino Gaon de Vilna faz um comentário bem curioso. Ele afirma


que assim como Yosef reconheceu a seus irmãos, seus irmãos não o
reconheceram.
Claro que isso pode ser entendido sobre a relação entre os judeus e
Yehoshua, os quais não o reconheceram, porém, tem um pequeno detalhe que
devemos observar: ele cita CASA DE ISRAEL, ou seja, essa profecia não se
refere aos judeus da Casa de Yehudah, porém àqueles que pertencem a Casa
de Israel, às tribos perdidas.
A morte de Yehoshua serviu para levar o conhecimento do Deus de Israel
ao mundo gentílico, mas, como já visto, não devido aos gentios, mas sim para
os descendentes dessas tribos que estão misturados aos gentios. Claro que se
o gentio entender esse mistério, ele será enxertado em Israel.
Durante quase 2000 anos, esses descendentes não reconheceram a
Mashiach Ben Yosef, pois apenas enxergavam ao jesus, devido a satan e por
causa da idolatria. De uns anos para cá, um misterioso movimento de muitos
cristãos em direção a Torah tem ocorrido, e assim, se desvinculando do
cristianismo. Esse fenômeno é a glória de Deus (visto acima) e o verdadeiro
chamado divino.
Esse fenômeno, pelo qual muitas pessoas estão conhecendo a Torah,
culminará no reconhecimento por parte dessas pessoas que Yehoshua é
Mashiach Ben Yosef e não o jesus, no reconhecimento da unicidade de Deus
e na automática aceitação do “jugo” da Torah. Quando isso acontecer em
todo o mundo, a Casa de Israel deixará de ser uma nação exilada. Que seja
em nosso dias!

7- YEHOSHUA E GABRIEL, O ANJO


O livro de Mateus não menciona o nome do anjo que apareceu para
Miriam e para Yosef, pai de Yehoshua, porém, podemos encontrar em outros
livros que esse anjo era o anjo Gabriel.
Me intrigou, em um determinado momento, o motivo pelo qual Deus
resolveu enviar justamente o anjo Gabriel e não algum outro anjo, ou talvez
até um arcanjo. Fazendo essa pesquisa, descobri algo sobre o anjo Gabriel.
Ele é um anjo diretamente ligado a Mashiach Ben Yosef devido a Yosef,
filho de Yaakov.
Mas vamos devagar, primeiramente veremos algumas passagens que
temos no Tanakh para entendermos essa ligação do anjo com Yosef:

Enquanto estava em minhas orações, o homem Gabriel, quem eu havia


visto antes em visão, me foi enviado voando e chegou até mim bem na hora
da oferta da noite.
Daniel 9:21

A forma como Daniel trata essa anjo é bem única e singular, ele se refere
a ele como “o homem Gabriel”. Apesar de nenhum outro profeta tratar um
anjo dessa maneira, a Torah usa dos exatos mesmos termos, apesar de não
citar a palavra Gabriel, para contar uma outra aparição desse “homem”.

E o homem o achou perambulando pelos campos, e o homem lhe


perguntou: o que procuras?
Genesis 37:15

Essa passagem relata o momento em que Yaakov manda seu filho, Yosef,
procurar a seus irmãos que estavam pastoreando no campo, momentos antes
da sua venda como escravo para o Egito. Esse “o homem” nos é apresentado
da mesma forma como o “o homem” do livro de Daniel, apesar do livro de
Genesis não nos contar quem ele era, por analogia da exegese bíblica,
podemos definir quem seria esse "o homem" que falou com Yosef, através
das palavras de Daniel.
Yosef tem contato com o anjo Gabriel, pois um vínculo entre ambos foi
estabelecido por Deus. Contam nossos sábios que as revelações sobre os
sonhos que Yosef possuía eram trazidas diretamente do Trono de Deus pelo
anjo Gabriel, e também foi esse anjo que lhe ensinou a língua dos egípcios.
Para confirmarmos essa conexão, nos basta olhar para seus nomes:

GABRIEL (‫)גבריאל‬
30‫ ל‬+ 1‫ א‬+ 10‫ י‬+ 200‫ ר‬+ 2‫ ב‬+ 3‫ג‬
246 = 2+4+6 =12

YOSEF (‫)יוסף‬
80‫ ף‬+ 60‫ ס‬+6‫ ו‬+ 10‫י‬
156 =1+5+6 = 12

A ligação entre Yosef e o anjo Gabriel é bem conhecida entre os


estudiosos judeus. Isso gera um conexão entre Mashiach Ben Yosef e esse
mesmo anjo. Como Yehoshua afirmou ser Mashiach, Ben Yosef no caso,
uma ligação com esse anjo é de extrema importância, por isso que alguns
autores do novo testamento decidiram ser enfáticos em relação ao nome do
anjo.
Outro ponto a se observar é o motivo da aparição desse “o homem
Gabriel” para Daniel. Ele vem ao profeta justamente trazer a revelação de
SHKUTZ SHOMEM, algo já visto nesse livro e que se trata de um aparente
Yehoshua, mas que nada tem de Yehoshua.

MAIS ALGUMAS PALAVRAS DE YEHOSHUA


Antes de terminar esse tópico, levantarei mais dois curtos
comentários feitos por Yehoshua, os quais foram omitidos nas traduções
ocidentais, seguem conforme em seus originais:
Vão e estudem o que está escrito: quero bondade e não sacrifício, não
vim para restaurar os tzadikim, mas sim aos que se esqueceram da Lei.
Mateus 9:13

Yehoshua deixa novamente bem claro para quem ele realmente veio,
para àqueles que "se esqueceram da Lei". Acredito que já seja de fácil
compreensão que ele se refere a Torah quando usa o termo Lei. Em outras
palavras, ele vem especialmente para as pessoas que "se esqueceram" da
Torah.
Se alguém esquece algo, é porque esse alguém conheceu, aprendeu e
entendeu esse algo. Se as pessoas alvos de Yehoshua são aqueles que se
esqueceram da Torah, significa que esses alguéns um dia a conheceram, a
aprenderam e a seguiram.
Tudo que é relacionado a Deus, depois que aprendido, jamais pode
ser esquecido, mesmo que nunca seja praticado. Sendo assim, esse
"esquecimento" não se refere a um ato indivídual, mas a um acontecimento
que desconectou pessoas das Leis de Deus, os afastando e negando o acesso à
palavra do Criador. O que podemos entender nesse caso é justamente
referente às tribos perdidas de Israel, pois, ao serem assimiladas, perderam o
contato e o conhecimento sobre a existência do Deus Único de Israel. Através
dessa afirmação podemos entender que ele não veio para os tzadikim, os que
seguem e conhecem a Torah (judeus), mas sim aos que perderam o contato
com a Torah e portanto, a esqueceu com o passar dos anos (Israel).

Vão buscar os da Casa de Israel que se perderam.


Mateus 10:6

Esse versículo relata o momento em que Yehoshua envia seus


talmidim às outras cidades para que ensinem, curem e expulsem demônios. O
interessante é quem deveriam ser os principais alvos deles, as pessoas ligadas
as tribos perdidas da Casa de Israel.

Agora temos provas suficientes para entendermos a Mashiach Ben Yosef,


sobre sua missão, sobre as tribos perdidas de Israel e o quanto de Mashiach
Ben Yosef podemos ver na vida, nos ensinos e nas atitudes de Yehoshua,
conforme relatado no livro de Mateus. Algo irrefutável.
Que através desse livro muitos possam ter essa fagulha acessa,
entenderem o verdadeiro Yehoshua e se ligarem ao Deus de Israel e à Sua
Torah. Que essa leitura gere méritos perante o Criador.
Amém!

‫שלום עליכם‬
◆◆◆
PARTE V
O LIVRO DE MATEUS PORTUGUÊS
O EVANGELHO SAGRADO DE YESHUA O MASHIACH
SEGUNDO MATATYAH

Capítulo 1
Parte 1
1- Essas são as gerações de Yeshua, filho de David, filho de Abraham:
2- Abraham gerou a Itzhak e Itzhak gerou a Yaakov, Yaakov gerou a
Yehudah e seus irmãos.
3- Yehudah gerou a Peretz e Zerach de Tamar, Peretz gerou a Hetzron,
Hetzron gerou a Ram.
4- E Ram gerou a Aminadav e Aminadav gerou a Nachshon e Nachshon
gerou a Salmon.
5- Salmon gerou a Boaz de Rahav, a meretriz; Boaz gerou a Obed de Rut e
Obed gerou a Yesse.
6- Yesse gerou a David. De sua esposa, David gerou a Shlomo, da esposa de
Uriah.
7- Shlomo gerou a Rechoboam, Rechoboam gerou a Abia, Abia gerou a Asa.
8- Asa gerou a Yehosafat, Yehosafat gerou a Yoram, Yoram gerou a Uziah.
9- Uziah gerou a Hezekiah. (Uziah gerou a Yotam, Yotam gerou a Ahaz,
Ahaz gerou a Hezekiah).
10- Hezekiah gerou a Manasse, Manasse gerou a Amon, Amon gerou a
Yessiah.
11- Yessiah gerou a Yekhoniah e seus irmãos no exílio babilônico.
12- Yekhoniah gerou a Shealtiel, Sheatiel gerou a Zerubavel. (após o exílio)
13- Zerubavel gerou a Avihud, Avihud gerou a ET (Eliakim, Eliakim gerou a
Azor).
14- (Azor gerou a Zadok, Zadok gerou a) Akim, e Akim gerou a Elihud.
15- E Elihud gerou a Eleazar, e Eleazar gerou a Matan, e Matan gerou a
Yaakov.
16- E Yaakov gerou a Yossef. Yossef marido de Miriam (mãe de Yeshua) o
chamado de Mashiach. Em língua estrangeira, kristus.
17- E todas as gerações de Abraham até David foram quatorze gerações e de
David até o exílio babilônica foram quatorze gerações e do exílio babilônico
até Yeshua foram quatorze gerações.

Parte 2
18- E o nascimento de Yeshua foi dessa forma: foi quando sua mãe estava
noiva de Yosef, antes de Yosef conhecê-la, ela se encontrou grávida do
Espírito Santo.
19- E Yosef era um homem tzadik, e não quis ficar com ela, porém não quis
expô-la para não lhe trazer vergonha e não permitir que fosse morta, sendo
assim decidiu escondê-la.
20- Enquanto pensava sobre esse fato em seu coração, eis que um anjo foi
visto em seu sonho e lhe disse: Yosef filho de David, não temas em tomar sua
mulher Miriam que pelo Espírito Santo engravidou.
21- E ela dará luz a um filho e o chamará de Yeshua, pois ele salvará o meu
povo de suas iniquidades.
22- Tudo isso para concluir o que foi escrito pelo profeta sobre as palavras da
boca de Hashem.
23- Eis que a moça está grávida e dará a luz a um filho e chamará seu nome
de Ym´Anu´El que é Elohim conosco.
24- E acordou Yosef de seu sono e fez tudo que lhe foi ordenado pelo anjo de
Hashem e tomou sua mulher.
25- E não a conheceu até quando deu a luz a seu filho primogênito e chamou
seu nome de Yeshua.

Capítulo 2
Parte 3
1- E foi quando nasceu Yeshua em Beit Lechem de Yehudah, nos dias de
Horodos o rei, e eis que videntes de estrelas vieram do leste para
Yerushalaim.
2- Dizendo: onde está o rei dos judeus que nasceu. Vimos uma mudança no
leste (movimentação estrelar) e viemos (trouxemos) presentes importantes
para honrá-lo.
3- E ouviu Horodos o rei e teve pânico e todos habitantes de Yerushalaim
com ele.
4- E juntou todos seus nobres e perguntou a eles se sabiam em qual lugar
nasceu o Mashiach.
5- E responderam a ele em Beit Lechem de Yehudah, como escrito pela boca
do profeta.
6- E você Beit Lechem de Yehudah, Ephratah, terra de Yehudah, você é a
mais jovem na terra de Yehudah, de você virá para mim aquele que reinará
em Israel.
7- Então chamou o rei Horodos aos feiticeiros em secreto e os perguntou
sobre a observância do tempo da passagem da estrela. (quando observaram os
movimentos estrelares).
8- E os enviou para Beit Lechem e disse a eles: vão e perguntem sobre a
criança e no vosso encontro (feiticeiros com a criança) me informem e
também eu irei até ele para honrá-lo.
9- E ouviram ao rei e foram e eis que a estrela que viram no leste ia perante
eles até que chegaram no local. E quando chegaram em Beit Lechem parou
em lado contrário (em frente) do lugar que estava a criança.
10- E foi quando eles viram a estrela que foram tomados por uma alegria
muito grande .
11- E vieram até a casa e encontraram a Miriam, sua mãe, se ajoelharam
perante ele e o honraram e abriram suas sacolas e trouxeram a ele presentes
de ouro e incenso e mur, que em língua estrangeira é mirra.
12- E foram ordenados em sonho por um anjo que não voltassem de novo a
Horodos e retornaram para suas terras por outro caminho.

Parte 4
13- Enquanto iam, eis que o anjo de Hashem foi visto por Yosef: Levante e
tome o garoto e sua mãe e fujam para o Mitzraim (Egito) e lá fiquem até
quando eu falar contigo. Pois Horodos pergunta sobre o garoto para matá-lo.
14- E tomou o garoto e sua mãe.
15- E ficou ali até a morte de Horodos para cumprir o que foi dito pela boca
do profeta, do Mitzraim (Egito) chamei meu filho.

Parte 5
16- Então viu Horodos que os feiticeiros zombaram (‫ )שלעגו‬dele e veio uma
tristeza muito grande sobre ele. E estando muito triste em seu coração
comandou e enviou todos seus ministros a matarem todos os meninos de Beit
Lechem, e que matassem a todos os nascidos no tempo em que lhe falaram os
feiticeiros que nasceu o menino.
17- Então cumpriu-se aquilo que disse o profeta Yrmiahu.
18- Uma voz ouvida de Rama, lamentações e choro, Rachel chora pelo seu
filho e etc.
19- E foi quando morreu Horodos, o rei, que o anjo de Hashem foi visto em
sonho por Yosef em Mitzraim (Egito).
20- Dizendo: Levante, pegue o garoto e sua mãe e vá para a terra de Israel,
pois morreram os que buscavam o garoto para matá-lo.
21- E levantou e tomou o garoto e sua mãe e foram para a terra de Israel.
22- E ele ouviu que Horcanus, que se chama Argolaus, rei em Yehudah,
substituiu Horodos seu pai e temeu ir lá e o anjo em sonho lhe apressou para
ir a terra de Gilgal.
23- E veio e ficou na cidade chamada Notzrit (Nazaré) para realizar o que
disse o profeta que será chamado Notzeret (nazareno).

Capitulo 3
Parte 6
1- Nesses dias veio Yohanan, o purificador (batista) pregando no deserto de
Yehudah.
2- E dizia: façam Tshuvah que o Reino dos Céus está se aproximando.
3- Cumprindo o que foi dito por Isaías, o profeta, uma voz chama do deserto
para voltar aos caminhos de Hashem e endireitar o caminho de nosso Elohim.
4- E eis que Yohanan vestia-se de pele de camelo, e couro preto envolvia
seus lombos e sua comida eram gafanhotos e mel da floresta.
5- Então saiam de Yerushalaim para encontro dele e de toda Yehudah e de
todo o reino entorno do Yordan.
6- E então confessavam os seus pecados e entravam no miqveh do Yordan
por causa de sua palavra.

Parte 7
7- E viu que muitos dos Perushim, que em lingua estrangeira são os Farizei,
vinham ao mikveh e dizia a eles pelo espírito para que fugissem da ira vinda
de EL (alef-lamed) deveriam
8- Produzir os frutos da Tshuvah perfeita.
9- E não digam em vossos corações que Abraham é nosso pai. De certo digo
a vós que Elohim pode levantar seu filho Abraham dessas pedras.
10- (E já chegou o machado que arrancará fora a árvore que não dá frutos
bons, cortada e jogada no fogo será. E perguntavam-no a multidão o que
deveriam fazer. E Yohanan respondia a eles que quem tivesse duas camisas,
desse uma àquele que não tem nenhuma. E vinha o povo e se submergia.) E
muitos lhe perguntavam o que fazer e respondia a eles: arrependam-se, não
castiguem a homem nenhum e sejam satisfeito com sua porção. E todo o
povo estava pensando e achando em seus corações circuncisos que Yohanan
fosse Yeshua.
11- E Yohanan respondia a todos: Em verdade eis me aqui, submergindo
vocês na água da Tshuvah e depois virá um mais forte do que eu, o qual eu
não sou digno de desatar as sandálias dos pés, ele vos purificará com o fogo
do Espírito Santo.
12- O garfo para joeirar está em suas mãos para tratar sua eira, ele irá juntar
os grãos em seus celeiros e a palha (será queimada em fogo, aquilo que não é
útil).

Parte 8
13- Então veio Yeshua de Galil ao Yordan, no miqveh de Yohanan.
14- E Yohanan estava em dúvida em submergi-lo e disse: É mais propício
que eu seja submerso pelas suas mãos e você que vem até mim?
15- E respondeu Yeshua dizendo a ele: descanse, pois nós devemos cumprir
tudo aquilo que faz um tzadik (observar a Torah) e então foi submergido.
16- E imediatamente que subiu das águas, abriu-lhe os céus e viu-se o
Espírito de Elohim descendo como um pombo e pairando sobre ele.
17- E eis uma voz vinda dos céus, dizendo: Este é meu filho muito muito
amado e meu prazer está sobre ele.

Capítulo 4
Parte 9
1- Então Yeshua foi levado pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado
por satan.
2- E jejuou Yeshua por quarenta dias e quarenta noites e depois disso teve
fome.
3- O tentador se aproximou e lhe disse: Se você é filho de Elohim, diga para
essa pedra se tornar pão.
4- E respondeu Yeshua dizendo-lhe: Está escrito que não só pelo pão e etc.
5- Então satan o levou a cidade santa e ficaram sobre o lugar mais alto, sobre
todo o templo
6- E disse a ele: Se você é Elohim, pule para baixo, pois está escrito: Ele
ordenou aos seus anjos para lhe guardar em todos seus caminhos e etc.
7- E Yeshua respondeu a ele pela segunda vez, não tentará Adonai seu
Elohim.
8- E satan o carregou a um monte muito alto e lhe mostrou todos os reinos da
terra e suas glórias.
9- E lhe disse: Tudo isso lhe darei se você se render a mim.
10- Então Yeshua lhe respondeu: vá satan, que é satanás, pois está escrito que
apenas a Hashem orarás e apenas a Ele servirá.
11- Então satan o deixou e eis que anjos se aproximaram dele e lhe serviram
(ministraram).

Parte10
12- E passaram dias e Yeshua ouviu que Yohanan foi levado à prisão e então
foi para Gilgal.
13- E passou por Nazarael e habitou em Kafar Nahum Raitah, que em língua
estrangeira significa Marítima, nos arredores das terras de Zevulum.
14- Para cumprir o que o profeta Isaías disse:
15- Terra de Zevulum e terra de Naftali, caminho do mar, além do Yordan,
Galil dos estrangeiros.
16- O povo que andava na escuridão viu uma grande luz, aqueles que
habitavam em uma terra de tremenda escuridão viu luz brilhar sobre eles.

Parte 11
17- Daqui em diante começou Yeshua a pregar e falar sobre o retorno a
Tshuvah, pois o Reino dos Céus havia chegado.
18- Foi Yeshua ao longo da beira mar de Galil e viu dois irmãos, Shimeon,
que se chamava Simon e também chamado de Pietros e Andireah, seu irmão,
jogando as redes ao mar pois eram pescadores.
19- E disse a eles, sigam-me e farei de vocês pescadores de homens.
20- E largaram suas redes naquele mesmo momento e foram atrás dele.
21- Ele virou de lá e viu outros dois irmãos, Yaakov e Yohanan, irmãos e
filhos de Zevadiel, em língua estrangeira, Zavaadah, e também seu pai, em
um barco, preparando as redes e os chamou.
22- Se apressaram a deixar suas redes e seu pai e foram atrás dele.

Parte 12
23- E acabou Yeshua na terra de Galil, ensinando nas comunidades e
trazendo a boa nova, que em língua estrangeira é Mavangeilio, do Reino dos
Céus e curando a todos os doentes e toda doença dentre o povo.
24- E chegou a notícia a seu respeito em toda a terra da Síria e foram-lhe
trazidos todos os doentes de todos os tipos de doenças, todos os possessos por
demônios , todos os que estavam aterrorizados por espíritos ruins e aqueles
que tremiam, e ele os curava.
25- Muitos iam atrás dele de Kapoli e Galil e de Yerushalaim, de Yehudah e
de além Yordan.

Capítulo 5
Parte 13
1- E passado esse tempo, vendo a multidão, subiu no monte e ali sentou-se e
se aproximaram seus talmidim.
2- E abriu sua boca e falou com eles dizendo:
3- (Abençoado aquele que tem o espírito humilde, dele é o Reino dos Céus)
4- Abençoado os que esperam, eles descansarão
5- (Abençoado os simples, pois herdarão a terra)
6- | versículo omisso |
7- | versículo omisso |
8- Abençoado o de coração e de esperanças inocentes, verão a Elohim
9- Abençoados os que buscam a paz, serão chamados de filhos de Elohim
10- Abençoados os perseguidos por serem tzadikim, deles é o Reino dos
Céus.
11- Abençoados serão vocês quando forem perseguidos e repreendidos e lhes
disserem muitas coisas ruins por causa da Torah, todas ditas falsamente.
12- Alegrem-se, sua recompensa será muito grande nos céus, porquê
perseguiram aos profetas.

Parte 14
13- Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: Vocês são sal no mundo,
se o sal perde o sabor, com o que salgará? Não terá utilidade para nada, será
jogado para fora para ser pisado por pés.
14- Vocês são luz do mundo, uma cidade construída sobre o monte não pode
ser escondida.
15- Não se acende uma lamparina para colocá-la em um lugar escondido
onde ela não pode iluminar. Mas se deve colocá-la em uma Menorah, para
iluminar a todos na casa.
16- Portanto, que sua luz brilhe perante todos os homens, para que vejam
suas boas obras, para que a glória e a honra sejam dadas ao vosso Pai, que
está no céu.
17- Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim, não pensem que vim para
violar a Torah, mas para observá-la em sua completude.
18- De verdade eu digo a vocês que até os céus e a terra (departam), um yud
ou uma nekudah não serão canceladas da Torah ou dos profetas e tudo será
cumprido.
19- E aquele que deixar de cumprir alguma Mitzvah (Torah), por menor que
seja e ensinar isso a outros, será chamado de HAVEL (abel, fútil, inútil,
vapor) no Reino dos Céus e quem observar e ensinar (Mitzvot da Torah),
grande será chamado no Reino dos Céus.

Parte 15
20- Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim, de verdade eu digo a vocês,
se não forem tzadikim maiores do que os fariseus e os sábios, não entrarão no
Reino dos Céus.
21- Não ouviram o que foi dito pelos antigos? Não assassinarás, e quem
assassina será culpado com pena de morte.
22- E eu vos digo que aquele que fica irritado com seu amigo será julgado
pelo tribunal e que chamar seu irmão de inferior será julgado pelo Kohel e
aqueles que o chamarem de tolo será julgado pelo fogo do Gehinam.
23- E ao aproximar-se próximo ao altar, se lembrar que tem contigo uma
disputa com seu amigo e ele estiver se queixando com você sobre isso.
24- Deixe sua oferenda ali, perante o altar, e vá agradá-lo antes. Depois então
ofereça sua oferenda.

Parte 16
25- Então disse Yeshua aos seus talmidim: vejam, se apressem a acalmarem
seus inimigos que andam juntos a seus caminhos, antes que eles te entreguem
ao juiz e este juiz lhe entregue ao servo que lhe colocará na prisão.
26- De verdade eu digo a vocês, não sairão de lá até pagar todo o dinheiro
devido.

Parte 17
27- Ainda disse a eles: ouviram o que foi dito pelos antigos, não adulterarás
28- E eu vos digo que todo que olhar para mulher e desejá-la, já adultera com
ela no coração.
29- E se sua direita te seduz, pegue-a e jogue-a fora de perante de ti.
30- E também se sua mão te seduz, corte-a. Melhor para ti perder um
membro do que todo seu corpo no Gehinam.

Parte 18
31- Ainda disse Yeshua aos seus talmidim: ouviram o que foi dito pelos
antigos, todo aquele que deixar sua mulher e enviá-la (embora), dará a ela
uma carta de divórcio (Gat Kritot), que em língua estrangeira é Libeila
Repudio.
32- E eu digo a vocês que todos que deixarem suas mulheres, dê a elas Gat
Kritot. Mas se for por causa de adultério, ele se torna adúltero e se torna
adúltero aquele que toma essa mulher para si.

Parte 19
33- Ainda ouviram o que foi dito pelos antigos: Não jure em meu nome
falsamente pois deverá responder a Adonai suas promessas.
34- E eu digo a vocês: Não jure em vão por nada, nem pelo céu que é o trono
de Elohim.
35- E nem pela terra que é o piso para seus pés, nem pela cidade dos céus
(Yerushalaim) pois é a cidade de Elohim.
36- E nem pela sua cabeça pois não podes fazer seu cabelo branco ou preto.
37- Mas sejam suas palavras sim, sim e também, não, não. Tudo adicionado a
isso é mal.
38- E ainda ouviram o que é dito pela Torah: olho dado por olho e dente dado
por dente.
39- E eu vos digo: não dê mal pelo mal mas quem bate na sua face direita, dê
também a esquerda.
40- E aquele que quiser se opor a ti no julgamento e lhe roubar sua camisa,
deixa também seu casaco.
41- E aquele que te pedir para ir com ele por mil passos, vá com ele por dois
mil.
42- Aquele que pede a você, o dê e aquele que quer tomar emprestado, não
evite.

Parte 20
43- Ainda disse Yeshua aos seus talmidim: ouviram o que foi dito pelos
antigos, e amarás aos que te amam e odiarás aos que te odeiam.
44- E eu digo a vocês: amarás seus inimigos e farás o bem para aqueles que
te odeiam e te enfurecem, orarás por aqueles que te perseguem e te oprimem.
45- Para que sejam filhos de vosso Pai no céu que faz o sol brilhar sobre os
bons e os ruins e traz a chuva aos maus e aos tzadikim.
46- Se amarem os que te amam, qual o ganho para vocês? Até esses
impudentes amam os que os amam.
47- | Versículo omisso |
48- Sejam inocentes pois vosso Pai é perfeito.

Capítulo 6
Parte 21
1- Cuidado para que não seja tzadik somente perante os homens para que te
louvem. E se fizer, não haverá mérito para ti de vosso Pai no céu.
2- Ainda disse Yeshua: quando fizer tzedakah, não faça proclamação nem
(sons) trombeta perante vocês como os hipócritas, em língua estrangeira,
Yipokratis. Os quais fazem suas tzedakot nas ruas e nos mercados onde são
vistos pelos homens. Porém eu digo a vocês que já receberam seus méritos.
3- E quando vocês fizerem tzedakah, que sua mão esquerda não saiba o que a
direita faz
4- Para que seja sua oferta em segredo e seu Pai que em segredo vê, te
complete (recompensa).

Parte 22
5- Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: no momento que orarem não
levantem a voz e não sejam como esses galhos soltos que oram nas
sinagogas, pelos cantos do pátio, orando com um discurso alto para que
sejam louvados pelos homens.
6- E nas orações de vocês, venham aos leitos e fechem as portas atrás de
vocês e orem ao seu Pai em segredo e seu Pai, que vê em segredo, irá te
completar (recompensar).
7- E quando vocês orarem, não multipliquem palavras como os hereges, que
pensam que serão ouvidos.
8- Não veem que vosso Pai no Céu sabe as coisas (que pedir) antes que sejam
pedidas por vocês?
9- E assim orarás: Pai nosso, Santo seja o seu nome
10- Abençoado seja Seu Reino e Sua vontade seja feita no céu e na terra.
11- E nos dê nosso pão sempre
12- E perdoe aos nossos pecados quando perdoamos aos que pecam contra
nós.
13- E não nos traga ao lado da tentação e nos guarde de tudo o que é mal,
amém.

Parte 23
14- Se perdoares aos homens suas falhas, vocês serão perdoados por vosso
Pai no Céu.
15- E se não os perdoarem, não serão perdoados de vossos pecados.

Parte 24
16- Ainda disse para eles que quando jejuarem não sejam como os hipócritas
que mostram a si mesmos como tristes e que mudam suas faces para que os
homens vejam que jejuam. Mas eu digo a vocês que já receberam o mérito.
17- E nos jejuns de vocês lavem suas cabeças.
18- Não pareçam aos homens que estão jejuando, mas ao Pai que está em
segredo e o Pai que está em segredo lhe completará (recompensará).

Parte 25
19- Ainda disse a eles: não se prendam ao acúmulo de tesouros na terra que
são comidos pela ferrugem e pelos vermes ou roubado pelos ladrões.
20- Façam para vocês tesouros no céu, no lugar em que a ferrugem e os
vermes não os comem e no lugar que ladrão não rouba.
21- Neste lugar que estará seu tesouro.
22- E a luz de seu corpo é seus olhos, se seus olhos olharem para frente, seu
corpo (caminho) não escurecerá.
23- E se a sua luz escurecer todos seus caminhos escurecerão.

Parte 26
24- Neste tempo disse Yeshua aos seu talmidim, não pode o homem trabalhar
(servir) para dois senhores a menos que ame um e odeie ao outro ou honre a
um e desonre ao outro. Não pode trabalhar (servir) a EL e ao mundo.
25- Portanto eu digo a vocês que não se preocupem com a comida para suas
almas e também não com a roupa para seus corpos. A alma é mais cara que o
alimento e o corpo mais que as vestimentas.
26- Observem aos pássaros no céu, não plantam, não colhem (do solo) e nem
ajuntam em galpões, porém é o vosso Pai exaltado que provém. Não são
vocês mais importantes do que eles?
27- Quem entre vocês em ansiedade pode aumentar um cúbito a sua altura.
28- Se for esse o caso, por que estais ansiosos por roupas? Vejam os lírios de
Sharom, que em língua estrangeiro é Guilion, nos campos.
29- E eu digo a vocês que nem o rei Shlomo, em toda sua glória, não estava
vestido assim (como os lírios).
30- Se (Deus) veste a palha que é deixada de fora do grão, que em língua
estrangeira é Penon, o qual está fresco hoje e seco amanhã e é jogado no
forno, então muito mais (Deus) irá vestir vocês que são de pequena fé.
31- Se caso EL pense em vocês, não se preocupem em dizer o que comerei
ou o que beberei.
32- Tudo aquilo que o corpo necessita, o vosso Pai sabe. Todas as coisas que
vocês precisam.
33- Busquem antes o Reino de Elohim e sejam tzadikim e todas essas coisas
lhe serão dadas.
34- Não se preocupem com o dia de amanhã pois o dia de amanhã se
preocupará por si mesmo. Basta a vocês hoje e seus problemas.

Capitulo 7
Parte 27
1- Não julgue para não ser julgado.
2- Através desse julgamento serás julgado e com essa medida serás medido.
3- E por que você vê a palha no olho de seu próximo e não vê a trave que está
nos seus olhos?
4- E como falarás para seu próximo: espere um pouco que arrancarei a palha
de seus olhos e eis que que a trave está em seus olhos?!
5- Hipócrita! Arranque antes a trave de seus olhos e então sim, arranque a
palha dos olhos de seu próximo.

Parte 28
6- Ainda disse a eles: não deem carne kasher aos cachorros, e não atire
(coisas sagradas) perante os porcos para que não as mastiguem perante ti e te
prejudiquem.
7- Perguntem a EL e serás dado a vocês, peçam e encontrarás, batam e abrirás
para vocês.
8- Tudo que perguntar (pedir) serás dado e ao que pergunta (pede) receberá e
encontrará, e ao que chama será aberto.
9- Quem no meio de vós, que o filho pede a vós um pedaço de pão, o dá
pedra?
10- Ou se pede peixe, o dá cobra?
11- E vocês que são um povo mal, vem e dão presentes bons perante vocês,
então muito mais o vosso Pai no Céu, que dá Seu Espírito bom para quem
pedi-lo.
12- E tudo o que desejar que os homens façam para você, faça a eles, essa é a
Torah e os profetas.

Parte 29
13- Nesse tempo disse Yeshua aos seus talmidim: venham pelo portão
estreito, pois o portão da desgraça é largo e profundo e a maioria vai por ele.
14- Quão estreito é o portão e pesado o caminho que leva à vida e quão serão
os poucos que o encontrarão.

Parte 30
15- Ainda disse a eles: cuidado com os profetas da mentira, que vem até
vocês com veste de algodão como ovelhas, mas por dentro são lobos
devoradores.
16- Pelas suas obras vocês o reconheceram, pode um homem pegar uvas de
espinhos ou figos de sarça?
17- Toda árvore boa faz fruto bom e toda árvore má faz fruto mal.
18- E a árvore boa não pode fazer fruto mal e a árvore má não pode fazer
fruto bom.
19- A árvore que não faz fruto bom é para ser queimada no fogo.
20- Por isso que pelos frutos (seus atos) é que vocês os reconhecerão.
21- Pois não são todos que dizem a mim: senhor, entrarei no Reino dos Céus
que entrarão, mas sim, os que fazem a Torah de meu Pai que está no céu, que
entrarão no Reino dos Céus!
22- Muitos dirão a mim naquele dia: senhor, senhor, não profetizamos em seu
nome, e no seu nome afastamos os demônios e não fizemos muitos sinais em
seu nome?
23- E então direi a eles: Nunca conheci vocês, desapareçam da minha frente,
todos que não praticam a Lei (Torah).

Parte 31
24- Ainda disse a eles: todos que escutam as suas coisas (Devarim Torah) e
as fazem é similar ao homem que constrói a casa em cima da pedra.
25- A chuva cai sobre ela e o vento bate nela e não cai, pois sua fundação é
na pedra.
26- E todos que ouvirem essas coisas (Devarim Torah) e não as fizerem é
similar ao homem que é tolo, que constrói uma casa sobre a areia.
27- Caem as chuvas e vem a enchente e a casa cai com uma grande queda.
28- Enquanto Yeshua estava dizendo essas palavras, todo o povo estava
impressionado com a sua conduta.
29- Pois estava pregando perante o povo com grande poder, e não como os
sábios.

Capítulo 8
Parte 32
1- E foi quando desceu Yeshua do monte e a multidão o seguiu.
2- E eis que um leproso veio e se prostrou dizendo: meu senhor, você poderia
me curar?
3- Estendeu Yeshua sua mão, tocando-o, disse: eu desejo que você seja
purificado e naquela hora o leproso foi purificado da sua lepra.
4- E disse Yeshua a ele: tenha cuidado ao contar isso aos homens, vá ao
sacerdote e ofereça uma oferenda como ordena a Torah de Moisés.

Parte 33
5- E foi quando vieram em Kafar Nahum Hamarta e veio a ele um ministro
sobre milhares e lhe implorou
6- Dizendo: meu senhor, meu filho repousa em minha casa com a doença da
contração, em língua estrangeira Piralshiza, e está fraco em sua doença.
7- E disse Yeshua (a ele): Eu irei e o curarei.
8- E respondeu o ministro de milhares dizendo: eu não sou digno que o
senhor venha embaixo de meu teto, apenas tome a decisão que ele será
curado.
9- Eu sou um homem pecador e eu tenho os fariseus sob a autoridade de
minhas mãos, tenho cavalos e cavaleiros, e os digo “vão” e eles vão,
“venham” e eles vem, e aos meus servos “faça isso” e eles fazem.
10- E ouviu Yeshua e se impressionou e disse aos que o seguiam: Eu digo a
vocês que não encontrei uma grande fé assim em Israel.
11- Pois lhes digo que muitos virão do leste e do oeste e descansarão com
Abraham, com Itzhak e com Yaakov no Reino dos Céus.
12- E os filhos do reino terão a escuridão do gehinam e lá terá choro e bater
de dentes.
13- E disse Yeshua ao ministro dos milhares: vá, pois enquanto crer, a fé fará.
Nesse momento o garoto foi curado.

Parte 34
14- Nesse tempo veio Yeshua a casa de Pietros e eis que sua sogra estava
deitada com febre.
15- E ele tocou a sua mão e a febre foi embora, então ela levantou e o serviu
(algo).
16- E no final da tarde vieram a ele os perturbados por demônios e os
curavam apenas pela sua palavra e todos os doentes foram curados.
17- Para concluir o que disse Isaías o profeta, de abençoada memória, nossas
doenças ele carregou e nossas dores ele tomou sobre si.

Parte 35
18- E foi depois disso, viu Yeshua a multidão ao seu redor e a comandou a ir
através do mar.
19- E se aproximou um sábio a ele e lhe disse: meu senhor, eu irei atrás de ti
a todos os lugares que for.
20- E respondeu a ele Yeshua: as raposas tem buracos e os pássaros ninhos,
mas o filho do homem, filho da virgem, não tem lugar para entrar (repousar)
sua cabeça.
21- Um de seus talmidim lhe disse, permita-me ir enterrar meu pai.
22- E lhe disse Yeshua, me siga e os mortos que enterrem aos mortos

Parte 36
23- E foi quando veio Yeshua e entrou em um barco e seus talmidim lhe
seguiram.
24- E veio uma grande tempestade no mar e vieram muitas ondas e o barco
estava para se partir.
25- E seus talmidim se aproximaram dele e lhe pediram dizendo: nosso
senhor, nos salve para que não pereçamos.
26- E disse a eles, por que vocês se olham? Que fé pequena. E levantou-se e
ordenou ao mar e aos ventos para se aquietarem e imediatamente se
aquietaram.
27- E as pessoas que lá estavam se maravilharam e disseram: quem é esse
que os ventos e o mar fazem sua vontade?

Parte 37
28- E foi quando atravessaram o mar e atravessaram a região do outro lado
do mar no reino de Garguizani, chamado em língua estrangeiro de Guinitaros,
e se debatiam dois homens possuídos por demônios que saiam das tombas e
nenhum homem podia atravessar por esse caminho.
29- E gritavam a ele dizendo: O que há entre nós, Yeshua filho de Elohim?
Vieste mais cedo para nossa tristeza e para nos destruir? E Yeshua disse a
eles: saiam daí hoste do mal
30- Ali próximos a eles haviam milhares de porcos se alimentando.
31- E os demônios suplicaram a ele: Temos que sair daqui, nos garanta
autoridade para entrarmos nesses porcos.
32- E disse a eles: Vão! E os demônios saíram dos homens e entraram nos
porcos e todos os porcos se agitaram, escorregaram para dentro do mar e se
afogaram dentro da água.
33- Aqueles que estavam alimentando aos porcos temeram, fugiram e
contaram a todos na cidade. Toda a cidade estava assustada.
34- E saíram para encontrar Yeshua. Eles o viram e lhe imploraram para que
não passasse pelas suas fronteiras.

Capítulo 9
1- E então Yeshua entrou em um barco, zarparam e voltaram à sua cidade.
2- E lhe-aproximaram em sua frente, um doente com doença de contração,
em língua estrangeira paralitiko, e estava deitado em seu leito. E viu Yeshua
a fé deles e disse ao doente: fortaleça-se meu filho. Pela fé de EL que seus
pecados foram perdoados.
3- E alguns sábios diziam no coração: isso é abusivo.
4- E viu Yeshua seus pensamentos e disse a eles: por que pensam o mal em
vossos corações?
5- É mais fácil dizer seus erros estão perdoados ou levante e vá?
6- Apenas para lhes informar que o filho do homem pode redimir o
sofrimento na terra. Então disse ao doente: levante-se, pegue seu leito e vá!
7- E levantou-se e foi para sua casa.
8- E viu a multidão e temeu muito e oravam a EL por dar aos homens
habilidade de fazer tais coisas.

Parte 38
9- E foi quando Yeshua passou de lá e viu um homem sentado sobre uma
mesa de negócios. Matatya era seu nome, em língua estrangeira, Mateo, e lhe
disse: siga-me e levantou e o seguiu.
10- E ele o levou a sua casa para comer. E na hora que comiam, eis que
homens loucos e maus estava na mesa e eis que jantavam com Yeshua e seus
talmidim.
11- E viram os fariseus e disseram aos seus talmidim: Por que o rabino de
vocês se assenta e come com os loucos e os maus?
12- E ouviu Yeshua e disse: os saudáveis não necessitam de médicos, só se
estiverem doentes.
13- Vão e estudem o que está escrito: quero bondade e não sacrifício, não
vim para restaurar os tzadikim, mas sim aos que se esqueram da Lei.

Parte 39
14- Então se aproximaram a ele os talmidim de Yohanan e lhe disseram:
Porque nós e os fariseus jejuamos muitas vezes e seus talmidim não jejuam?
15- E respondeu a eles Yeshua, dizendo: os amigos do noivo não choram
nem jejuam quando estão juntos a ele, virão os dias em que o noivo será
tirado deles. Então eles vão jejuar.
16- Ninguém desperdiça um pedaço de uma roupa nova em uma roupa velha
pois a força do pedaço (esticar) irá rasgá-la.
17- Nem colocam vinho novo em vasos antigos, pois eles (vasos antigos)
podem se quebrar mais facilmente, o vinho derramará e o vaso não servirá
mais. Mas o vinho novo é colocado no vaso novo para que ambos se
preservem.

Parte 40
18- E foi quando ele disse essas coisas a eles que se aproximou um ministro e
se prostrou e disse: meu senhor, minha filha morreu agora. Por favor venha e
coloque sua mão sobre ela e viverá.
19- E levantou-se Yeshua e foi com seus talmidim.
20- E eis uma mulher com fluxo abundante de sangue há doze anos e veio por
trás dele e tocou nos Tzitzit de seu Talit.
21- Ela dizia em seu coração: se eu tocar apenas em seu talit ficarei curada
imediatamente.
22- E virou sua face e disse a ela: seja forte minha filha, a fé de Adonai,
bendito seja (Baruch hu) te curou. Naquela mesma hora ela foi curada.
23- E foi quando chegou na casa do ministro e viu muitas pessoas chorando.
24- E lhes disse: saiam todos para fora e não chorem, pois a garota dorme e
não está morta. E estavam os olhos como se estivesse morta. E diziam: nós
vemos que ela está morta.
25- E na saída deles para fora, veio sobre ela Yeshua e tocou na mão dela e
levantou a garota.
26- E saiu essa história por toda essa terra.

Parte 41
27- E atravessou de lá Yeshua e eis dois cegos correndo atrás dele dizendo:
tenha piedade de nós filho de David.
28- E indo para casa, se aproximou dos cegos e disse:
29- A fé de vocês vos curou.
30- E os olhos dos dois foram abertos imediatamente e enxergavam. E os
ordenou dizendo: cuidado, para que o ocorrido não se torne conhecido.
31- E eles saíram e o fizeram conhecido por toda essa terra.

Parte 42
32- E saiu de lá Yeshua e chegou perante ele um homem abobado, tomado
por demônios.
33- E ele expulsou os demônios que estavam sobre ele. E se impressionou a
multidão e disse: nunca vimos algo assim em Israel.
34- E disseram os fariseus: de verdade ele expulsa demônios pelo nome de
demônios.
35- E ele circulou por todas as cidades e torres ensinando Torah nas
sinagogas e expulsando demônios e curando os doentes de todas as doenças.
36- E viu Yeshua a multidão e sentiu pena deles pois estavam desolados e
deitados ao redor como ovelhas sem pastor.
37- Então disse aos seus talmidim: Os grãos em pé (a serem cortados) são
muitos mas os ceifadores.
38- Supliquemos então ao senhor (Baal) dos grãos em pé para que ele envie
muitos ceifadores para ceifar os grãos.

Capítulo 10
Parte 43
1- Então chamou Yeshua seus doze talmidim e deu a eles a capacidade sobre
todos espíritos imundos, de expulsá-los dos homens e curar a todos os
doentes e toda praga.
2- Esses são os nomes dos doze enviados, chamados apóstolos, Simon
chamado Pietros e Andireah seu irmão.
3- Filipos e Bortolameios e Yaakov chamado Jimi e Yohanan seu irmão
filhos de Zevediel, Tomais e Matitiah chamado Matia, o qual era conhecido
como agiota e Yaakov Alufei e Treios.
4- Shimon o canaanita, em língua estrangeira é Simon Kananaios, e Yehudah
Eshkarioto que depois disso o traiu.
5- São esses os doze enviados por Yeshua e os ordenou que na terra dos
gentios não entrem e às terras samaritanas não irem.
6- Vão buscar os da casa de Israel que se perderam.
7- Vão ensiná-los que o Reino dos Céus se cumprirá.
8- Curem os doentes, restaurem a vida dos mortos, purifiquem aos leprosos e
expulsem os demônios dos homens e não recebam pagamento. Receberam de
graça, deem de graça.
9- Não juntem prata e ouro e não tenham dinheiro (mamon) em suas bolsas.
10- Nem troquem suas roupas, nem sapatos, nem a vara em suas mãos, pois o
que trabalha é digno de receber o suficiente para sua comida.
11- E em todas as cidades e todas torres que chegarem, saibam quem é a
pessoa boa dentre elas e ali fiquem até partirem.
12- E quando entrarem nas casas deles, os deem Shalom dizendo: Shalom
nessa casa e Shalom a todos que nela estão.
13- E se essa casa for digna, os vossos Shalom estarão sobre ela e se não for
digna, voltará o Shalom a vocês.
14- (quando) não vos receberem e (quando) não vos escutarem, saiam dessa
casa e sacudam os seus pés da sujeira.
15- Amem (em verdade) eu digo a vocês: melhor seria a Sodom (Sodoma) e a
Amura (Gomorra) do que a essa cidade neste dia,

Parte 44
16- Eis que envio vocês como ovelhas no meio de lobos, sejam astutos como
as serpentes e dóceis como as pombas.
17- Cuidado com os homens. Eles não vão te levar nas congregações e
sinagogas deles.
18- E a governadores e reis vocês poderão testemunhar sobre mim e aos
gentios dentre eles.
19- Quando cercarem a vocês, não pensem no que responder a eles, pois é
nessa hora de necessidade que a resposta virá até vocês.
20- Vocês não terão palavras, pois o Espirito Santo de meu Pai falará em
vocês.
21- Entregará o irmão a seu irmão a morte e o pai ao seu filho e levantarão
os filhos contra os pais e os levarão a morte.
22- E serão zombados e ficarão furiosos com vocês, todos os povos, por
causa de meu nome, pois quem resistir até o fim será salvo.

Parte 45
23- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: quando forem perseguidos em
alguma cidade, fuja para outra. Amem (em verdade) vos digo que não
completarão todas as cidades de Israel até que venha o filho do homem.
24- Não há talmid maior que seu rabino e nem servo maior que seu mestre.
25- Basta ao talmid ser como seu rabi, e o servo como seu mestre. Se o dono
da casa for chamado de Baal Zevuv, quanto mais os filhos dessa casa.
26- Não os temam em nada, pois não tem coisa que não será vista e nem
ficará escondida.
27- Eu vos digo na escuridão e vocês o digam na luz (o que escutarem nos
ouvidos, digam nos portões).
28- E não temam aos que assassinam, porquê por suas mãos não matam as
almas, temam aquele que pode, por sua mão, destruir a alma e o corpo no
Gehinam.
29- Não são dois pássaros vendidos por uma moeda? E só cai um deles na
terra se não pela vontade de vosso Pai que está no céu.
30- Não estão todos os cabelos nas cabeças de vocês contados?
31- Não temam, pois os homens são melhores que os pássaros.
32- Aquele que me dá complementos perante os homens, receberá meus
complementos perante o Pai no céu.
33- (VERSO OMISSO EXCETO POR): Aquele que me reduzir perante os
filhos...

Parte 46
34- Nessa hora disse Yeshua aos seus talmidim, não pensem que vim colocar
na terra (paz?), mas sim a desolação.
35- Eu vim separar o filho de seu pai e a filha de sua mãe.
36- O inimigo deve ser amado.
37- O que ama o seu pai e a sua mãe mais do que a mim, não sirvo a ele.
38- | Versículo omisso |
39- Aquele que ama sua alma a perderá, aquele que ama a mim, por mim a
achará.
40- Aquele que receber vocês, receberá a mim e aquele que me recebe,
recebe àquele que me enviou.
41- Aquele que recebe ao profeta pelo nome do profeta, recebe o mérito do
profeta e aquele que recebe ao tzadik pelo nome do tzadik recebe o mérito de
tzadik
42- Aquele que dá um copo de água fresca a um dos meus menores talmidim,
pelo nome do talmid, Amém (em verdade) eu digo a vocês que não perderão
o mérito.

Capítulo 11
Parte 47
1- E foi que Yeshua terminou de comandar aos seus doze talmidim que
partiram dali e começaram a ensinar e a reprovar em suas cidades.
2- E ouviu Yohanan enquanto estava na prisão sobre os feitos de Yeshua e
mandou dois de seus talmidim.
3- Dizendo a ele: você é aquele o qual estava por vir ou teremos esperança
por outro?
4- E respondeu a eles Yeshua: vão e contem a Yohanan sobre as coisas que
viram e sobre as coisas que ouviram.
5- Os cegos enxergam, e os mancos andam, e os leprosos estão puros, e os
surdos ouvem, e mortos estão revividos e os pobres estão comprometidos.
6- (Ashrei) Abençoado aquele que não fica confuso comigo.
7- E passado isso, Yeshua foi e começou a falar sobre Yohanan à multidão:
vocês viram o que no deserto? Moshlechet Baruach? (antigo conto popular
israelense).
8- Ou o que saíram para ver? Pensaram que Yohanan era um pessoa que
vestia roupas nobres? Os que se vestem com roupas nobres estão nos palácios
(não no deserto).
9- Então, o que vocês foram ver? Um profeta? De verdade digo a vós que
esse é maior que um profeta.
10- É sobre ele que está escrito para o meu bem: mando meu anjo que abrirá
o caminho perante mim.

Parte 48
11- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: eu falo pra vocês que entre todos os
nascidos de mulher, não levantou um maior do Yohanan o imersor.
12- De seus dias até agora, o Reino dos Céus tem sido oprimido.
13- Pois todos os profetas e a Torah falaram sobre Yohanan.
14- Se você recebê-lo, ele é Eliahu, que ainda estava por vir.
15- Quem tem ouvidos, ouça!

Parte 49
16- Ainda disse Yeshua: essa é uma geração onde garotos se assentam nos
mercados e ficam chamando uns aos outros.
17- Dizendo: nós discutimos e dançamos, porém não ensinamos e não
choramos.
18- E quando veio Yohanan que não comia nem bebia, falavam dele: está
possuído por demônios.
19- E os homens vão comer e beber e falam que ele é glutão, beberrão e
amigo de homens violentos e pecadores. Os tolos julgando os sábios.

Parte 50
20- Então começou a Yeshua amaldiçoar às cidades onde fez seus sinais e
não fizeram Tshuvah.
21- Vergonha a Borozoim e vergonha a Beit Saidah, pois se em Tzur e
Sadom, em língua estrangeira Tyrao Deiter e Sdoma, fossem feito os sinais
que foram feitos em vocês, todos voltariam a Tshuvah naquela mesma hora
em farrapos e cinzas.
22- Amém (em verdade) eu vos digo que mais fácil seria para Tzur e para
Sadom do que seria para vocês.
23- E você Kafar Nahum, irá ascender você ao céu? De lá será jogada para
baixo. Se em Sadom fosse feitos sinais que foram feitos em você, talvez fosse
poupada. Até o Sheol cairás.
24- Amém (em verdade) eu te digo, que mais fácil para a terra de Sadom no
dia do julgamento do que para você.

Parte 51
25- Neste tempo Yeshua se levantou e disse: eu (AVI) te abençoo Hashem,
(AVI) que criou os céus e a terra, por ter escondido essas coisas dos sábios e
dos prudentes e as revelou aos humildes.
26- De certo porquê isso era o certo perante Ti, meu Pai
27- Tudo que faço, foi dado a mim por meu Pai. E ninguém conhece ao filho
a não ser apenas o Pai. Ninguém conhece ao Pai a não ser o filho e a quem o
filho quiser revelar.
28- Venham até mim todos os fracos e os que trabalham duramente e eu
ajudarei a vocês a carregarem a injustiça sobre vós.
29- Tomem meu jugo como vosso jugo e aprendam minha Torah, pois sou
humilde eu sou bom e puro de coração e acharão repouso em vossas almas.
30- Apenas tem peso leve.

Capítulo 12
Parte 52
1- Neste tempo atravessou Yeshua no meio dos grãos em um dia de Shabbat
e seus talmidim estavam famintos e começaram a arrancar os grãos e a
debulhar os grãos em suas mãos e comeram-nos.
2- E viram os fariseus e disseram a ele: eis que seus talmidim fazem coisas
que não poderiam fazer no dia de Shabbat.
3- E respondeu a eles Yeshua: não leram o que fez David quando teve fome
com seus homens?
4- Na casa de Elohim comeram o Lechem Bela`az, que em língua estrangeira
é Paan Sagrah, e não poderiam comer exceto os sacerdotes apenas.
5- E também na Torah não leram que os sacerdotes do templo violam os
Shabbatot e eles ficam sem ter pecado?
6- Amém (em verdade) eu digo a vocês que o templo é maior do que isso.
7- Se vocês soubessem o que é isso: quero graça (chessed) e não sacrifício,
não teriam convencido aos inocentes.
8- Que o filho do homem é senhor do Shabbat.

Parte 53
9- E foram-se poucos dias e passou dali Yeshua e chegou na sinagoga deles.
10- E ali tinha um homem com a mão seca e perguntaram a ele dizendo: é
permitido no Shabbat curá-lo?
11- E disse a eles: quem entre vocês que tem uma ovelha que cai em um
buraco em um Shabbat e não a levanta?
12- Então melhor é o ser humano do que ela. Portanto é permitido e
necessário ao homem agir melhor no Shabbat.
13- Então disse ao homem: estique sua mão e ele esticou a mão e voltou a ser
como a outra.
14- E então os fariseus estabeleceram uma conspiração para matá-lo.

Parte 54
15- E foi depois disso que, Yeshua, sabendo sobre a conspiração, foi-se dali e
seguiram-no muitos doentes e curava a todos.
16- E ordenou dizendo para que não fosse revelado.
17- Para que fosse cumprido o que foi dito por Isaías.
18- Veja meu servo que escolhi, o escolhido com qual minha alma está
alegre, eu colocarei meu espírito sobre ele e ele justificará as nações.
19- E não temerá e não correrá e não será ouvido nas ruas.
20- E não quebrará o junco e nenhum linho irá romper até que ele estabeleça
a justificação eterna.
21- E em seu nome a esperança dos gentios.

Parte 55
22- Então foram trazidos a ele um homem cego e uma pessoa tola com um
demônio dentro e os curou, e isso foi visto.
23- E maravilhou-se a multidão e disse: não é esse o filho de David?
24- E se levantaram os fariseus e disseram: esse não expulsa demônios a não
ser pelo nome de Baal Zevuv, o demônio.
25- E sabia Yeshua seus pensamentos e disse a eles em parábola: todo o reino
dividido entre vós deverá ser desolado, assim como toda cidade ou casa onde
houver divisão não irá se sustentar.
26- E se satan expulsa outro satan, o reino entre eles como irá se manter de
pé?
27- E se eu expulso demônios por Baal Zevuv, então por que o filho de vocês
não os expulsam? Eles serão seus juízes.
28- E se eu expulso os demônios pelo espírito de Elohim, de verdade vem o
fim do reino (de satan).
29- Como pode vir um homem na casa de um homem grande e levar seus
bens se não o amarrá-lo antes? Assim poderá roubar sua casa.

Parte 56
30- Quem não está comigo, está contra mim. Quem não se junta a mim, nega
essa obra.
31- Portanto eu digo a vocês que todos os pecados e maldições serão
perdoados ao homem, mas a blasfêmia ao espírito de Elohim não será
perdoada.
32- E todas as coisas ditas contra o filho do homem serão perdoadas. E todas
as coisas ditas contra ao agir de Elohim (Espírito Santo) não serão perdoadas,
nem nesse mundo, nem no mundo vindouro.
33- Faça a árvore boa o fruto bom e a árvore má o fruto mal, pois
verdadeiramente pelo fruto conhecerás a árvore.
34- Famílias de serpente, como podem falar coisas boas sendo maus? De
certo quando a boca acorda, o coração fala.
35- Homem bom, do tesouro do coração traz o bom e o homem mal, da
maldade do tesouro do coração traz o mal.
36- Eu digo a vocês que de todas as coisas que o homem disser, deverá ele
prestar contas no dia do julgamento.
37- Pelas palavras de suas bocas serão julgados e pelo atos condenados.

Parte 57
38- Nesse tempo veio a Yeshua alguns dos fariseus e alguns dos sábios
dizendo: queremos ver sinal do céu por você.
39- E disse a eles: uma geração má e blasfema procura sinal, mas sinal não
será dado, exceto o sinal de Yonah.
40- Que quando estava dentro do peixe (Dagah) por três dias e por três noites,
também estará o filho do homem dentro da terra (enterrado) por três dias e
por três noites.
41- As pessoas de Niniveh se levantarão para julgar essa geração e a
condenarão pois fizeram Tshuvah pelas palavras de Yonah e eu sou maior do
que Yonah.
42- A rainha Sheba, em língua estrangeira Reizina de Ishtiriah, se levantará
para julgar essa geração e a condenará, pois ela veio do fim da terra para
ouvir a sabedoria de Shlomo e eis me aqui, maior que Shlomo.
43- Quando o espírito impuro sai do homem, em lugares secos procura
descanso, mas não o encontra.
44- Então diz: voltarei a minha casa da qual sai, e ele vai e a encontra vazia,
segura e pronta.
45- Então leva sete espíritos piores que ele e que vão com ele e ali ficam. E o
estado novo do homem é pior que o seu anterior. Assim será a essa geração
má.

Parte 58
46- Enquanto falava a toda multidão, eis que sua mãe e seus irmãos estavam
do lado de fora procurando-o para lhe falar.
47- E lhe disse um homem: eis sua mãe e seus irmãos procurando lhe ver.
48- E respondeu ao Maggid: quem são meus irmãos e quem é minha mãe?
49- E esticou suas mãos aos seus talmidim e disse: esses são meus irmãos e
mãe.
50- Todo que faz a vontade de meu Pai que está no céu, ele é meu irmão e
minha mãe.

Capítulo 13
Parte 59
1- E neste dia Yeshua saiu da casa e sentou a beira mar.
2- E se juntou a ele uma multidão até que precisou entrar em um barco e toda
a multidão ficou de pé do lado de fora (na beira mar)
3- E disse a eles muitas coisas em alegorias (parábolas) e disse a eles: um
homem saiu de sua casa de manhã para plantar sementes.
4- E caiu dele sementes no caminho e foram comida pelos pássaros.
5- E algumas caíram nas rochas, onde o solo não é profundo e quando
cresceram, secaram, pois o solo era raso.
6- E veio o sol e esquentou e a queimou e a secou, pois não haviam raízes.
7- E caíram dele algumas sementes entre os espinhos, e cresceram os
espinhos e ficaram por cima.
8- E caíram dele algumas em terra boa e fizeram frutos e produziu o primeiro
cem, o segundo sessenta e o terceiro trinta.
9- Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
10- E se aproximaram dele seus talmidim e lhe disseram: por que você fala
em alegorias (parábolas)?
11- E lhes disse: foi dado a vocês o Reino dos Céus para ser conhecido mas
não a eles.
12- A quem tem, será dado mais. A quem não tem, mesmo que acha que
tenha, será tirado.
13- Por isso falo em alegorias (parábolas) pois eles tem visão mas não veem,
eles tem audição mas não ouvem.
14- Para concluir o que disse o profeta Isaías: vá e diga a esse povo que
escuta o escutado mas não compreendem e veem o visto e etc. (não
entendem).
15- E engordará o coração deste povo, e os ouvidos ficarão pesados e seus
olhos cegos, para que assim não vejam.
16- Abençoados são seu olhos que veem e seus ouvidos que ouvem.
17- Amém (em verdade) eu digo a vocês que muitos profetas e tzadikim
desejaram ver aquilo que vocês veem, mas não viram e ouvir o que vocês
ouvem, mas não ouviram.
18- Mas ouçam a parábola da semente.
19- O semeador é o filho do homem e a semente que caiu no caminho é todo
aquele que escuta sobre o Reino dos Céus mas não entendem. Vem satan e
rouba do coração tudo o que foi semeado. Essa é a semente que caiu no
caminho.
20- E aquela que caiu sobre a rocha é aquele que escuta a palavra (ensino) de
EL e se alegra imediatamente.
21- E como ele não tem raízes pois é confuso, quando vem um pouco de
problema e distrações, satan usa isso para fazê-lo esquecer do que está em
seu coração.
22- E aquelas que caíram nos espinhos são os que escutam a palavra (ensino)
para ganho próprio, satan o faz esquecer o ensino de EL e não gera fruto.
23- E aquelas que caíram em terra boa são aqueles que ouvem a palavra
(ensino) e a entendem e geram frutos, que são os Ma`assim Tovim. E sai do
primeiro cem, e do segundo sessenta e do terceiro trinta. O de cem é aquele
que purifica o coração e santifica o coração (Torah). O segundo é aquele que
se separa de mulher (Lv19) e o terceiro é aquele que se santifica no
matrimonio, no corpo e no coração (Torah?).

Parte 60
24- E colocou perante eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é
como a pessoa que semeia boa semente.
25- E é quando os dois homens estão dormindo que vem seu inimigo e
semeia joio, em língua estrangeira beriyagah, dentre o trigo e se vai.
26- E quando cresce a erva fazendo frutos, ele vê o joio.
27- E se aproximam os servos ao senhor do campo e lhe dizem: nosso senhor,
não semeaste sementes boas? Da onde veio esse joio?
28- E disse a eles: meu inimigo fez isso e lhe disseram os servos: vamos
arrancar o joio.
29- E disse a eles: não, a não ser que arranquem também o trigo
30- Mas deixem que ambos cresçam juntos até a colheita e no tempo da
colheita eu direi aos ceifadores: Junte primeiramente o joio e o amarre em
feixes para serem queimados e o trigo ponham no celeiro.

Parte 61
31- E ele colocou perante eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é
um grão de mostarda, que o homem toma e planta no campo.
32- E é a mais fina que todas as sementes no campo e quando cresce é maior
que todas as ervas e se torna uma grande árvore até os pássaros dos céus se
escondam dentro (de seus ramos)
33- E disse a eles outra alegoria (parábola). O Reino dos Céus é como o
fermento colocado em três medidas de farinha e fermenta tudo.
34- Todas essas alegorias (parábolas) falou Yeshua a multidão e sem alegoria
(parábola) não falou ele com eles.
35- Para se completar o que foi dito de acordo com o profeta: a boca será
aberta por alegoria, com enigmas da antiguidade.

Parte 62
36- Então partiu Yeshua da multidão e foi para casa. E se aproximaram dele
seus talmidim e lhe perguntaram para explicar a alegoria (parábola) do joio.
37- E respondeu a eles dizendo lhes: Aquele que semeia a boa semente é o
homem.
38- O campo é esse mundo (Olam haze) e os frutos bons são os tzadikim e o
joio são os que abandonam os mandamentos de EL.
39- O inimigo que semeou é satan, o celeiro é o Olam Habah e os ceifadores
são os anjos.
40- Assim como os ceifadores coletam o joio para serem queimados, será o
fim dos dias.
41- O filho do homem enviará seus anjos para arrancarem de seu Reino todo
mal e todos aqueles que não fazem a Lei (Torah).
42- Serão jogados na pilha de fogo e ali haverá choro e dentes batendo.
43- Então os tzadikim irão brilhar como o sol no Reino do Pai deles, quem
tiver ouvidos para ouvir, ouça!

Parte 63
44- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como um
homem que encontra um tesouro escondido e na alegria do valor
(encontrado), vende tudo que tem e compra o campo para si.
45- E ainda o Reino dos Céus é como um mercador buscando pedras
preciosas.
46- E quando acha uma boa, vende tudo que tem e a compra.
47- O Reino dos Céus é como uma rede no meio da mar na qual todos os
tipos de peixes se reúnem.
48- E quando cheia, é puxada para fora, e os pescadores escolhem os kasher
entre eles e os ruins são jogados fora.
49- Assim serão os fins dos dias, sairão os anjos e diferenciarão os maus
dentre os tzadikim.
50- E serão jogados na pilha de fogo e ali terá choro e bater de dentes.
51- E disse a eles: vocês entenderam isso? E disseram: sim!
52- Por isso, todo estudioso da Torah, no Reino dos Céus, é como um certo
pai de criança, que tira de seu tesouro coisas novas e velhas.

Parte 64
53- E foi depois disso quando Yeshua terminou todas essas palavras, foi-se
dali.
54- E chegando em sua terra, ensinava as pessoas nas sinagogas. E os fariseus
ficavam maravilhados e diziam em seus corações: da onde vem essa
sabedoria e poder para fazer esses feitos?
55- É esse o filho do ferreiro e Miriam. Vocês não sabem de todas essas
coisas? Sua mãe é Miriam e seus irmãos Yosef, Shimeon e Yehudah.
56- E suas irmãs. Não conhecem a todos que estão conosco? E da onde vem
todos esses?
57- E isso os confundiu. E respondeu a eles Yeshua não há profeta que tenha
honra em sua terra, sua cidade e sua casa
58- E não quis fazer ali nenhuma sinal por causa da pequena fé deles.

Capitulo 14
Parte 65
1- Neste tempo ouviu Horodos Titrakah relatos sobre Yeshua
2- E disse a seus servos: eis que eu acredito que esses milagres são feitos por
Yohanan, o imersor.
3- Isso ocorreu pois Horodos percebeu que mantinha cativo Yohanan por
esses dias e isso porquê ele reprovou (a Horodos) para que não tomasse a
Ordisa como mulher, pois era mulher de seu irmão.
4- Yohanan dizia a ele: ela não é permitida a você.
5- Eis que Horodos quis matá-lo, exceto pelo temor ao povo, o qual
(acreditava) que era um profeta em seu meio.
6- No banquete da festa de aniversário de Horodos, chamou seus nobres do
reino para comerem junto a ele e enquanto comiam, sua filha dançava no
meio deles e alegrava a Horodos.
7- E ele jura que irá dá-la qualquer coisa que ela quiser.
8- E a garota, instruída pela sua mãe, pediu a cabeça de Yohanan o imersor
em um pote.
9- E o rei se entristeceu muito no momento em que a garota colocou perante
ele o que queria, porém ordenou que fosse feito.
10- E enviou para matar Yohanan na prisão.
11- E trouxe a cabeça de Yohanan em um pote, e entregou à garota e a garota
entregou à sua mãe.
12- E trouxeram os talmidim de Yohanan o seu corpo e o enterraram e os
talmidim de Yeshua lhe contaram o ocorrido.
13- Quando ouviu Yeshua, viajou dali de barco e foi até o deserto de
Yehudah
14- E quando saiu, viu um povo numeroso vindo atrás dele e ele estendeu sua
chessed e curou a todos de suas doenças.
15- E nessa noite, aproximou-se dele seus talmidim e lhe disseram: Esse
lugar é limitado e (o tempo) avança. Deixe que a multidão vá para suas torres
e tomem para si o que necessitam.
16- E respondeu a eles Yeshua: não precisam ir embora, deem pão para que
comam.
17- E eles responderam: não temos nada além de cinco pães e dois peixes.
18- E disse a eles: os tragam até mim.
19- E ordenou que o povo se sentasse sobre a grama. E enquanto sentavam,
tomou os cinco pão e os dois peixes e olhando para o céu (disse): Baruch
Atah Adonai. Os dividiu e deu aos seus talmidim e os talmidim os dividiram
e deram aos ajudantes (na distribuição).
20- Todos comeram e ficaram satisfeitos. Comeram quantos peixes quiseram.
Depois que terminaram, tomaram os fragmentos que restaram e encheram
doze cestas com eles.
21- E o número daqueles homens que comeram era de cinco mil homens, fora
as mulheres e crianças.

Parte 66
22- E depois disso, comandou aos seus talmidim entrarem no barco e irem à
cidade onde estavam antes, para onde a multidão se dirigia.
23- E depois que partiu a multidão, subiu sobre um monte e orou sozinho e
passou a noite sozinho.
24- E o barco estava no meio do mar e (os ventos) empurravam o barco, pois
os ventos estavam contrários.
25- Na quarta guarda da noite, veio Yeshua a eles andando pelo mar.
26- E quando seus talmidim o viram andando pelo mar, temeram muito e
pensavam que era um demônio, e pelo grande medo deles, começaram a
gritar.
27- E então respondeu Yeshua a eles dizendo: que a fé seja no meio de vocês,
pois sou eu, não temam.
28- E o respondeu Pietros dizendo: meu senhor, se é você mesmo, me
comande ir até você pelo mar.
29- E o disse Yeshua: vem! E Pietros desceu do barco, andou pelo mar e foi
até Yeshua.
30- E quando viu a força dos ventos, temeu muito, e começou a afundar e
gritou: meu senhor, salve-me!
31- Imediatamente, Yeshua esticou sua mão e o pegou, dizendo: homem de
pequena fé, por que duvidaste?
32- E quando subiu no barco, acalmou-se o vento.
33- E aqueles que estavam no barco o honraram dizendo: de verdade você é o
filho de Elohim.
34- | Versículo omisso |
35- E quando as pessoas reconheceram as pessoas do lugar, lhe enviavam de
todo o reino os doentes com todos os tipos de doenças.
36- E lhe imploravam, pois queriam tocar o tzitzit de seu talit, e quem tocava,
era curado.

Capítulo 15
Parte 67
1- Então veio a Yeshua os sábios e os fariseus lhe dizendo:
2- Por que seus talmidim não respeitam as TAKANOT dos antigos
concernentes a NETILAT YADAYIM antes de comerem?
3- E disse Yeshua a eles: Por que vocês não respeitam a Torah de EL por
causa das suas TAKANOT?
4- Pois EL disse: honre seu pai e sua mãe e aquele que bate em sua mãe e em
seu pai deve ser levado a morte.
5- E vocês dizem que qualquer palavra dita pelo homem a seu pai e à sua mãe
em relação a caridade a ser dada por ele, o torna um pecador. Criando assim
uma iniquidade.
6- Então, ele não honra a seu pai e a sua mãe e vocês desprezam a palavra de
EL por suas TAKANOT.
7- Seus hipócritas, eis a profecia de Isaías sobre vocês
8- E disse Adonai: pois esse povo se aproximou de mim com suas bocas e me
honram com seus lábios, mas seus corações estão longe de mim.
9- E a reverência que tem perante mim é ensinada através dos mandamentos
de homens (halachah).
10- E Yeshua voltou-se a multidão dizendo: escutem e considerem.
11- O que entra pela boca do homem não o impurifica mas o que sai da boca
do homem o impurifica.
12- Então seus talmidim se aproximaram dele e lhe disseram: saiba que os
fariseus ficaram perplexos por essas palavras.
13- E respondeu a eles Yeshua: toda planta que meu Pai no céu não plantou
será destruída.
14- Deixe-os, pois os cegos guiam aos cegos e se um cego guia a outro cego,
ambos cairão no buraco.
15- E lhe respondeu Pietros: meu senhor, nos explique esse enigma.
16- E respondeu Yeshua: vocês ainda estão sem conhecimento?
17- Vocês não entenderam que tudo que entra pela boca vai para o intestino e
então para o lugar natural?!
18- E o que sai pela boca vem do coração, e é isso que impurifica ao homem.
19- Pois quando o corações é impuro, ele traz enganos, assassinatos,
adultério, roubos, testemunhas de mentiras e maldições.
20- E todas essas coisas impurificam ao homem. De certo comer sem lavar as
mãos não impurifica ao homem.

Parte 68
21- E depois que disse, Yeshua foi de Galili para Tzot (Tyro) e Sodom.
22- E chegou perante ele uma mulher canaanita, das terras do leste, gritando a
ele: meu senhor, filho de David, tenha pena de mim, pois minha filha está
possessa por demônios.
23- E Yeshua não respondeu coisa alguma. E seus talmidim se aproximaram
dele e lhe disseram: nosso senhor, por que você abandoa essa mulher que
grita atrás de nós?
24- E respondeu a ele Yeshua: não fui enviado exceto para as ovelhas
perdidas da casa de Israel.
25- E a mulher se prostrou e disse: meu senhor, me ajude.
26- E disse a ela Yeshua: não é bom que o homem pegue o pão de seus filhos
e o dê aos cachorros.
27- E respondeu a mulher: Muitas vezes comem os cachorros os pãezinhos
que caem da mesa de seu senhor.
28- E respondeu Yeshua a ela: grande mulher de fé, sua fé lhe fez aquilo que
queria. E nessa hora sua filha foi curada.

Parte 69
29- E quando foi Yeshua dali, atravessou as montanhas de Golam e ali ficou.
30- E ele viu um numeroso povo que tinha (dentre eles) coxos, leprosos,
mancos e muitos outros. Eles caiam a seus pés e ele os curava.
31- E o povo se maravilhava ao ver os mudos falando e os coxos andando e
os cegos vendo: todos eles estavam abençoando a EL.
32- E então disse Yeshua aos seus talmidim: eu tenho misericórdia daqueles
que conosco estiveram esse dois últimos dias e não tiveram o que comer. Não
quero levá-los a jejuar para que não se enfraqueçam no caminho.
33- E responderam seus talmidim: aonde poderemos encontrar pão nesse
deserto para sustentar ao povo?
34- E respondeu Yeshua dizendo a eles: quantos vasos de pão vocês tem? E
responderam: sete e alguns peixes.
35- E comandou Yeshua ao povo sentar na grama.
36- E pegou os sete vasos de pão e cortou os pães e os deu aos seus talmidim
e eles deram ao povo.
37- E comeram todos e ficaram satisfeitos e ainda sobraram sete vasos.
38- E os que comeram foi de número quatro mil homens sem contar as
mulheres e crianças.
39- Depois disso entrou Yeshua e foi para a terra de Matzedoniah, na Grécia.

Capítulo 16
Parte 70
1- E foram até Yeshua os sábios e os fariseus, o tentando a lhes ensinar
alguns sinais dos céus.
2- E lhes respondeu Yeshua: seus hipócritas, falam essa noite que amanhã
será um dia claro pois os céus estão vermelhos.
3- E pela manhã vocês dizem: hoje choverá, pois os céus estão escuros.
Sendo assim, vocês conhecem as leis do clima dos céus, mas vocês não
conhecem as leis dos tempos.
4- A semente dos que fazem o mal pedem por sinal, e o sinal não será dado a
eles, apenas o sinal de Yonah, o profeta. Então se separou e foi-se.
5- E quando estava Yeshua na costa do mar, disse aos seus talmidim que
preparassem pão e entrou no barco com seus talmidim e seus talmidim se
esqueceram e não trouxeram pão no barco.
6- | Versículo omisso |
7- | Versículo omisso |
8- | A primeira parte é omissa | - E Yeshua lhes disse: vocês tem pouco
entendimento ao pensarem que vocês não tem pão.
9-12 - |Esses versículos estão com uma divisão diferente, por isso, os
apresentarei como apenas um único versículo| - Vocês não se lembram dos
cinco pães e dos quatro mil homens e de quantas cestas sobraram? Por isso
vocês deveriam entender que não me refiro ao pão físico, o que estou
querendo lhes dizer é para tomarem cuidado com a doutrina de muitos
fariseus e dos saduceus.

Parte 71
13- E saiu Yeshua para a terra da Syria e para a terra de Phylot, em língua
estrangeira Philipos e perguntou a seus talmidim dizendo: o que dizem os
homens sobre mim?
14- E disseram a ele: o que dizem é que você é Yohanan o imersor, e outros
dizes que você é Eliahu e ainda outros dizem que é Yrmiahu (Jeremias) ou
algum dos profetas.
15- E disse a eles Yeshua: e vocês o que dizem de mim?
16- E respondeu Simon, chamado de Pietros, dizendo: você é o Mashiach,
filho do Elohim vivo, que se manifestou nesse mundo.
17- E disse a ele Yeshua: abençoado seja Simon filho de Yonah, que não foi
revelado pela carne mas pelo meu Pai que está no céu.
18- E eu lhe digo que você é rocha e eu construírei sobre ti minha BEIT
TEFILAH. E os portões do Gehinam não prevalecerão perante TI.
19- Pois eu lhe dou as chaves do Reino dos Céus. E tudo que você conectar
na terra será conectado no céu e tudo que você desconectar na terra, será
desconectado no céu.
20- Então comandou aos seus talmidim a não dizerem que ele é Mashiach.

Parte 72
21- Daqui começou Yeshua a revelar a seus talmidim que era necessário que
ele fosse para Yerushalaim para que sofresse a injustiça de muitos, dos
sacerdotes e dos líderes do povo, até que o matassem e então se levantaria no
terceiro dia.
22- E se levantou Pietros dentre eles e sozinho começou a repreendê-lo
dizendo: longe de ti que seja assim contigo, meu senhor.
23- E se levantou Yeshua, lhe olhou e lhe disse: vá satan, não desobedeça,
pois você não tem conhecimento da Palavra de EL, apenas da palavra de
homens.
24- Então disse Yeshua aos seus talmidim: quem sair para me seguir,
despreze a si mesmo, ofereça a si mesmo a morte e siga-me.
25- Todos que querem salvar sua alma, a perderá pelo meu bem e aquele que
perde a vida nesse mundo pelo meu bem, salvará sua alma para o OLAM
HABAH
26- Qual mérito terá o homem que se lançar (ganhar?) no mundo, se isso lhe
fizer perder a sua alma para sempre? Qual bom benefício terá o homem com
as coisas do presente, que são estragadas, que causará a sua alma ser julgada
no Gehinam?
27- Pois o filho de EL veio em honra de seu Pai no céu com os anjos de EL
para recompensar a todo homem conforme sua obra.
28- Amem (em verdade) eu digo a vocês que tem alguns aqui nesse meio que
não sentirão o gosto da morte até que vejam o filho de ELOAH indo para seu
reino.

Capítulo 17
Parte 73
1- Passados seis dias, Yeshua tomou Pietros e também Yaakov, em língua
estrangeira Jimi, e Yohanan seu irmão e foram até um alto monte para
orarem.
2- E enquanto orava mudou o tom de sua face e brilhava como o sol e suas
vestes se tornaram brancas como a neve.
3- E com ele Moshe e Eliahu conversavam, contando a Yeshua tudo aquilo
que aconteceria em Yerushalaim e Pietros e seus parceiros estavam dormindo
mas sem estarem dormindo, estavam acordados sem estarem acordados.
Viram o corpo e dois homens que estavam juntos a ele.
4- Quando foram embora, disse Pietros para Yeshua: é bom estar aqui.
Vamos fazer aqui três tabernáculos. Um para ti, outro para Moshe e outro
para Eliahu, pois não sabia sobre o que estava falando.
5- Enquanto falava, eis que uma nuvem os cobriu e ficaram alarmados e
enquanto estavam sob a nuvem, ouviram uma voz dizendo: eis meu filho
amado e desejado. A ele escutem.
6- E ouviram os talmidim e caíram com a face no chão e temeram muito.
7- E quando a voz sumiu, disse-lhes Yeshua: levantem, não temam.
8- E levantaram seus olhos e não viram ninguém, apenas Yeshua sozinho.

Parte 74
9- E desceu Yeshua do monte e os ordenou dizendo: não digam a nenhum
homem o que viram até que o filho do homem se levante da morte.
10- E perguntaram os seus talimidim a ele dizendo: por que os sábios dizem
que Eliahu virá primeiro?
11- E os respondeu dizendo: realmente virá Eliahu e ele salvará o mundo
todo.
12- Eu lhes digo que já veio e não souberam e agiram com ele de acordo com
os próprios desejos. Assim como farão com o filho do homem.
13- Então entenderam os seus talmidim que se referia a Yohanan o imersor
enquanto falava.

Parte 75
14- E foi quando se aproximou a multidão e veio a ele um homem e se
ajoelhou sobre seus joelhos.
15- E disse: meu senhor, tenha piedade de mim e piedade de meu filho, pois
ele está aterrorizado por um espirito maligno e está muito doente. Ele bate os
dentes da boca, cai de seu lugar para o chão e algumas vezes cai no fogo e
algumas vezes na água.
16- E trouxeram-no aos seus talmidim, mas eles foram incapazes de curá-lo.
17- E respondeu Yeshua dizendo: geração má, vergonha sobre vocês, até
quando estarei entre vocês e até quando carregarei vossas cargas? Tragam-no
a mim.
18- | inclui Marcos 9:20-27|

O TEXTO DE MARCOS 9:20-27 ORIGINALMENTE FAZ PARTE


DESSE LIVRO DE MATEUS E FOI ALTERADO POR MOTIVOS
DESCONHECIDOS, PARA TANTO, NÃO VOU CONTINUAR
ENUMERANDO OS VERSÍCULO E COLOCAREI A HISTÓRIA DE UMA
FORMA DIRETA
MARCOS 9:20-27

E ele foi trazido a ele e imediatamente quando Yeshua olhou, satan o


tomou e o jogou no chão. E começou a rolar na sujeira.
E Yeshua perguntou ao pai do garoto: quanto tempo satan o tem tomado?
E respondeu o homem: já por um certo tempo, e além.
Por muitas vezes ele cai no fogo e na água para se possível destruí-lo.
Mas meu senhor, se você puder ajudá-lo de alguma forma, o ajude. E
encontrou o homem misericórdia em seus olhos e ele estava cheio de
compaixão por ele.
E disse a ele: se você puder acreditar, todas as coisas poderão acontecer,
pois para quem acredita, todas as coisas são fáceis.
E imediatamente começou o pai a chorar e gritou dizendo: meu senhor, eu
acredito, me ajude de acordo com minha fé.
E quando viu Yeshua que a multidão começava a se aglomerar, disse a
ele (satan): poderoso e silencioso, saia daqui, deste lugar e neste lugar nunca
mais retorne.
E satan saiu gritando e infligindo dor e deixou o garoto como morto e aos
olhos de muitos, estava morto.
Yeshua o pegou, levantou-o e ficou de pé.
E então Yeshua entrou em casa.

19- Então se aproximaram seus talmidim a Yeshua discretamente e disseram


a ele: não conseguimos nós expulsá-lo
20- E disse a eles: a fé de vocês é pequena. Amém (em verdade) eu digo a
vocês que se tivesse em vocês uma fé igual a um grão de mostarda, e se
dissessem a esse monte, parta, ele partirá. E nada será mantido fora de seu
alcance.
21- Porém esse tipo de demônio não sai exceto com oração e jejum.

Parte 76
22- E estavam em Galil quando disse: o filho do homem será entregue nas
mãos dos homens.
23- E será morto e se levantará no terceiro dia
24- E foram para Kafar Nahum Marthah e se aproximou um coletor de taxas
a Pietros e lhe disse: o rabino de vocês não tem o costume de pagar as taxas.
25- Isso lhes falou. Ele entrou em casa e lhe disse Yeshua: O que lhe parece a
vista Pietros? Os reis da terra, de quem tomam tributos? De seus filhos ou dos
estrangeiros?
26- E respondeu a ele: dos estrangeiros. E disse a eles Yeshua: se é assim, os
filhos estão livres, não fique preocupado por causa disso.
27- E disse a Pietros: vá ao mar e jogue um ganho de pesca e pesque com
isso, porquê na boca do primeiro peixe que você pescar, você encontrará uma
moeda de prata. A qual você dará por nós.

Capitulo 18
Parte 77
1- Nesse momento aproximaram seus talmidim a Yeshua e lhes disse: quem
vocês acham que é grande no Reino dos Céus?
2- E ele chamou um garoto e o colocou no meio deles.
3- E disse: eu digo que se não forem como esse garoto, não entrarão no Reino
dos Céus.
4- | Versículo omisso |
5- Quem recebe um garoto) como esse em meu nome recebe.
6- Aquele que faz um garoto como esse, que acredita em mim, tropeçar,
melhor seria se amarrasse uma pedra no pescoço e se jogasse no mar.
7- (Vergonha aos habitantes do mundo por causa da confusão, pois a
confusão precisa vir) Ele também disse: vergonha ao homem que for a causa
disso.
8- Se sua mão ou seu pé lhe faz tropeçar, corte fora. É melhor entrar na vida
cego ou manco do que tendo dois pés e duas mãos e ser dado ao fogo eterno.
9- Se seu olho for causa de tropeço, pegue-o e jogue-o longe de você. É
melhor entrar na vida com apenas um olho do que ter dois olhos e ser dado ao
Gehinam.
10- Cuidado para que não julgue um desses pequenos garotos. Eu lhes digo:
os anjos sempre observam os filhos de meu Pai
11- E o filho do homem parará de salvar os inimigos.

Parte 78
12- Qual a visão de vocês? Se tiver um homem cem ovelhas e se uma escapar
dele, não deixaria ele as outras noventa e nove nos montes e vai procurar a
rejeitada?
13- E se a encontrar, amém (em verdade) eu digo a vocês que se alegrará
mais do que as noventa e nove que não se perderam.
14- Por isso não quer o Pai que está no céu que nenhum desses garotos se
percam.

Parte 79
15- Nesse tempo disse Yeshua para Simon, chamado Pietros, se seu irmão
pecar contra ti descumprindo a Torah, o repreenda em privado. Se ele lhe
ouvir, você terá méritos pelo seu irmão.
16- E se ele não lhe ouvir, o repreenda perante outro, e se por todo juramento
ele não lhe ouvir, você adiciona mais um ou dois perante vocês, sendo três
testemunhas, pois com duas ou três testemunhas, a palavra será estabelecida
(TORAH)
17- E se com tudo isso ele ainda não ouvir, fale dele para a congregação e se
à congregação não ouvir, será banido como um que não respeita a Torah, um
inimigo e um cruel.
18- Amém (em verdade) eu digo a vocês que toda promessa que fizer na terra
será conectada no céu e toda promessa que for desfeita na terra será
desconectada no céu
19- E também eu digo a vocês que se quiserem dois dentre vocês trazerem
LASIM SHALIM nessa terra, tudo aquilo que pedirem, será de vocês pelos
céus.
20- E em todos os lugares, se dois ou três estiverem unidos sob meu nome, eu
estarei no meio deles.
21- Então se aproximou Pietros dizendo: meu senhor, se meu irmão pecar
contra mim, até sete vezes devo perdoá-lo
22- E lhe disse Yeshua: eu não lhe digo até sete, mas sim até setenta e sete.

Parte 80
23- Nesse tempo disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como um
rei que se assenta para fazer um levantamento com seus servos e ministros.
24- E quando começam a fazer o levantamento, vem um que deve dez peças
de ouro.
25- E ele não tem nada para dar e seu senhor ordena que ele seja vendido
junto com seus filhos e com tudo aquilo que ele possui para pagar esse valor.
26- E o servo cai perante seu senhor e pede para que seja misericordioso com
ele e lhe dê tempo, pois pagará todo o saldo devedor.
27- E então seu senhor teve pena dele e lhe perdoou todo o débito.
28- E saiu o servo e encontrou outro que lhe devia cem peças de prata e lhe
agarrou e o atacou e então disse:
29- Confie em mim e tenha paciência comigo, eu pagarei tudo
30- E ele não estava querendo ouvi-lo, então levou-o a prisão até que tudo
fosse pago.
31- E viram os servos do rei o que foi feito e se enfureceram muito e foram
contar ao senhor deles.
32- Então o senhor chamou-o e disse lhe: servo maldito, não lhe perdoei de
toda dívida que tinhas comigo?
33- Então porque não perdoou o servo quando ele lhe suplicou, assim como
eu lhe perdoei?
34- E seu senhor se irou com ele e comandou que fosse afligido até que todas
suas dívidas fossem pagas.
35- Assim fará a vocês o meu Pai no céu se não perdoarem ao homem e ao
seu irmão de coração perfeito.

Capítulo 19
Parte 81
1- E foi quando terminou essas palavras e atravessou de Galil e foi para ao
entorno das terras de Yehudah, no outro lado do Yordan.
2- E seguiu uma grande multidão, e curou a todos.
3- E chegaram os fariseus a ele, para testá-lo. E perguntaram-no dizendo: é
permitido deixar sua mulher por qualquer motivo e dá-la carta de divórcio?
(LEAH GAT)
4- E lhes respondeu: não leram que foram feitos nos tempos antigo macho e
fêmea?
5- E disse: portanto deixa o homem a seu pai e a sua mãe e se junta a sua
mulher e serão uma só carne.
6- Por isso, eles não são dois, pois são uma só carne. E o que junta o Criador,
homem não consegue romper.
7- E lhe disseram: sendo assim, porque comandou Moshe dar a carta (GAT
CARITOT) e mandá-la embora?
8- E disse a eles: Moshe, devido a obstinação de vossos corações, disse-lhes
para deixar suas esposas. Mas na eternidade não é assim.
9- Eu digo a vocês que todo aquele que deixa sua mulher e toma outra senão
por causa de adultério, comete adultério. E aquele que toma a mulher
divorciada, comete adultério.
10- E lhe disseram seus talmidim: se existe alguma coisa entre o homem e a
mulher, é melhor nem tomá-la
11- E disse-lhes: essas coisas não são para qualquer um, mas para aos quais
elas foram dadas.
12- Existem eunucos de nascença e esses não pecaram. E existem eunucos
feitos por eles mesmos, que subjugam seus desejos em pró do Reino dos
Céus. Quem conseguir entender, que entenda.

Parte 82
13- Então chegaram a ele crianças para que ele coloque sua mão sobre eles e
ore sobre eles e seus talmidim estavam dispensando-os.
14- E disse Yeshua a eles: permita aos garotos virem a mim e não entrarão no
Reino dos Céus aqueles que não forem como eles (crianças).
15- E colou sua mão sobre eles e foram dali.
16- E chegou a ele um rapaz e o reverenciou, dizendo: rabi, o que é bom fazer
para se obter a vida eterna?
17- E respondeu a ele: o que se refere a bom? Não existe homem bom, pois
EL apenas é bom. E se quiser entrar na vida eterna, guarde as MITZVOT.
18- E disse a ele: quais são? E disse Yeshua: Não matarás, não roubarás, não
falará falso testemunhos contra seu vizinho.
19- Honre seu pai e sua mão e ame seu próximo como a ti mesmo.
20- E disse lhe o rapaz: tudo isso já observo, mas o que ainda me falta?
21- E Yeshua disse a ele: se quiser ser perfeito, vá e venda tudo o que é seu e
dê aos pobres e terás tesouro no céu e me siga.
22- E quando ouviu o rapaz, foi-se embora. Pois ele NÃO possuía muitas
propriedades.
23- E disse Yeshua a seus talmidim: amém (em verdade) eu digo a vocês que
é difícil um rico entrar no Reino dos Céus.
24- E ainda lhes digo que é mais fácil um camelo passar pelo olho de uma
agulha do que um homem rico entrar no Reino dos Céus.
25- E ouviram os seus talmidim e ficaram muito impressionados e disseram a
Yeshua: Se é assim, quem pode salvá-los?
26- Ele se virou dizendo: contra os homens, todas as coisas são difíceis, mas
contra Elohim todas as coisas são fáceis.

Parte 83
27- Pietros respondeu-lhe dizendo: eis que deixamos tudo para irmos atrás de
você, o que será para nós?
28- E disse Yeshua: Amém (em verdade) eu digo a vocês que me seguem que
no dia do julgamento, quando sentar o homem sobre a cadeira de honra,
sentarão também vocês sobre as doze cadeiras, sobre as doze tribos de Israel.
29- Pois todo que deixa sua casa e também seus irmão e seu pai e sua mãe e
sua mulher e seus filhos pelo meu nome, receberão milhares iguais a eles e
herdarão o Reino dos Céus.
30- Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os
primeiros.

Capítulo 20
Parte 84
1- Depois disso disse Yeshua aos seus talmidim: o Reino dos Céus é como o
homem que é senhor em sua casa e levanta de manhã para contratar
serventes.
2- E os contrata por um dinar ao dia e os envia para sua vinha
3- E sai na terceira hora do dia e vê outros parados no mercado
4- E diz a eles: venham vocês também para a minha vinha e lhes darei o que
for compatível a vocês.
5- E foram. Então saiu de novo ao meio dia e na hora nona e fez o mesmo.
6- E na décima primeira hora, saiu de novo e viu outros parados e disse a
eles: por que vocês estão parados no mercado todo o dia?
7- E lhe responderam: ninguém nos contratou. E disse a eles: vão vocês
também a minha vinha.
8- E naquela noite, disse o senhor da vinha ao supervisor dos trabalhadores:
chame-os para que eu possa dá-los o salário. E começou pelo último e
terminou com o primeiro.
9- O último recebeu um dinar.
10- E o primeiro achou que fosse receber mais, porém ele não deu a ninguém
nada além de um dinar.
11- E o primeiro murmurou sobre o senhor da vinha
12- Disse a ele: os últimos trabalharam apenas por uma hora e você os fez
como nós, que trabalhamos o dia todo no calor.
13- E respondeu a um deles, dizendo-lhe: não lhe fiz nenhuma injustiça, não
lhe chamei por um dinar?
14- Tome e se vá. Se eu quiser dar isso ao último como você.
15- Não posso fazer de acordo com meu desejo? Há algo de mal em seus
olhos enquanto estou sendo bom?
16- Então o primeiro será o último e o último será o primeiro. Muitos serão
chamados mas pouco serão selecionados.

Parte 85
17- E Yeshua se aproximou a Yerushalaim e tomou seus doze talmidim em
secreto e lhes disse:
18- Eis que subimos a Yerushalaim e o filho do homem será entregue aos
líderes dos sábios e dos sacerdotes e eles o condenarão a morte.
19- E também o entregarão aos gentios para baterem e destruírem-no e no
terceiro dia.
20- Então veio a mulher de Zevediel com seus filhos e o reverenciaram e
fizeram-lhe um pedido.
21- E ele disse a ela: o que você quer? E ela disse: que você comande esses
meus dois filhos a sentarem do seu lado, um a direita e outro a esquerda, no
seu reino.
22- E respondeu a eles Yeshua: vocês não tem ideia do que pedem. Vocês
aguentariam a passar o sofrimento e a morte que irei passar? E responderam:
aguentaríamos!
23- E então disse a eles: bebam do meu copo, porém sentar na minha
esquerda ou também na minha direita, não posso eu dar a vocês, apenas
aquele que é correto perante meu Pai.
24- E ouviram e se enfureceram em seus olhos, os dois irmãos.
25- E Yeshua se aproximou deles e lhes disse: saiba que os príncipe dos
gentios tem domínio sobre eles e os seus grandes os buscam.
26- Não será assim entre vocês, pois o que quer ser grande no meio de vocês,
irá servir vocês.
27- E aquele que dentre vós quiser ser o primeiro será o servo de vocês.
28- Assim como o filho do homem não veio para ser servido, mas que possa
servir e dar sua alma como resgate a muitos.

Parte 86
29- Entraram em Yericho e uma multidão os seguia.
30- E eis que dois cegos saíram até eles no caminho. Ouvindo a voz da
multidão, perguntavam o que acontecia. E disse a eles: Yeshua, o profeta de
Natza´arit veio. Então gritaram, dizendo: tenha pena de nós.
31- E a multidão os repreendia e os silenciava e então gritavam e diziam:
senhor, tenha pena de nós.
32- E parou Yeshua e se aproximou e disse: o que vocês querem que seja
feito por vocês?
33- E disseram: senhor, que nossos olhos sejam abertos.
34- Yeshua teve pena deles e tocou os seus olhos e lhes disse: a fé de vocês
lhes curou. Imediatamente enxergaram e louvaram a EL e seguiram-no e todo
o povo louvou a EL à partir de então.

Capítulo 21
Parte 87
1- Eles se aproximaram de Yerushalaim e foram a Beit Peagui no monte das
olivas e enviou Yeshua dois de seus talmidim.
2- E disse a eles: vão até a fortaleza militar que está oposta a vocês e
imediatamente acharão lá uma jumenta e um burro. Desamarrem-nos e os
tragam até mim.
3- E se lhes disserem alguma coisa, diga que seu senhor precisa dela
imediatamente e lhes deixarão ir.
4- Tudo isso era pra completar a palavra do profeta dizendo:
5- Digam a filha de Zion, eis seu rei vindo a vocês, tzadik e vitorioso ele é,
humilde e cavalgando em cima de uma jumenta e em cima de uma sela de
uma jumenta.
6- E foram e fizeram como comandou Yeshua.
7- E trouxeram a jumenta e o burro e cavalgou Yeshua por sobre ela e os
outros colocavam suas vestes sobre eles. Então subiram (a Jerusalém).
8- E muitos da multidão esticavam suas vestes no caminho e outros galhos de
árvores para jogarem perante ele e por trás dele.
9- Chamavam dizendo: Hosheanah, salvador do mundo, bendito é o que vem
em nome de Adonai (tetra). Hosheanah, nosso salvador, seja glorioso nos
céus e na terra.

Parte 88
10- E foi depois disso que, tendo Yeshua entrado em Yerushalaim, todos da
cidade estavam ansiosos e diziam: quem é esse?

11- E dizia o povo um ao outro: é o profeta Yeshua de Natza´arit que é na


Galil.
12- E entrou Yeshua na casa de Adonai (tetra) e achou ali os vendedores e os
compradores. E virou as mesas das trocas de dinheiro e as cadeiras dos
vendedores de pombas.
13- E disse a eles: está escrito: minha casa será chamada de Beit Tefilah POR
todos os povos. E vocês fizeram dela uma caverna de homens violentos.
14- E se aproximaram dele os cegos e os mancos em Beit HaMikdash e ele os
curava.
15- E os líderes dos sábios e dos sacerdotes vieram para ver as maravilhas
que ele fizera. E os jovens gritavam de dentro do Mikdash, dizendo:
abençoado seja o filho de EL. Os sábios zombavam.
16- E disseram a ele: você não escuta o que eles estão dizendo? E respondeu
a eles e disse: ouvi. Vocês não leram que da boca das crianças e dos bebês se
estabelece a coragem
17- E partiu para fora e foi para Beit Chananiah (escola rabínica?) e passou a
noite ali e ali ensinava a eles sobre o Reino dos Céus.
18- E pela manhã retornou a cidade com fome.
19- E viu uma figueira perto da estrada e foi até ela e não encontrou nela o
que não fosse folhas e disse a ela: não sairá nunca mais de ti frutos. E a
figueira secou imediatamente.
20- E viram seus talmidim e ficaram maravilhados e disseram: como a
figueira secou imediatamente?
21- E respondeu a eles Yeshua, dizendo: se houvesse fé em vocês, sem
nenhuma dúvida, não apenas a figueira faria, mas também se dissessem a
esse monte para partir e fosse para o mar, iria.
22- E tudo que pedirem em Tefilah com Emunah, receberão.

Parte 89
23- E foi para o Mikdash ensinar Torah e se aproximaram dele os sábios e os
sacerdotes e os líderes do povo, dizendo: por qual poder que faz isso?
24- E respondeu Yeshua a eles dizendo-lhes: eu lhes perguntarei também
uma pergunta e se me disserem a resposta, também eu lhe direi por qual
poder eu faço.
25- O Mikveh de Yohanan, quando existia, era dos céus ou dos homens? E
resmungavam dentre eles dizendo: o que dizer? Se dissermos dos céus,
perguntará a nós o porquê não acreditávamos.
26- E se dissermos que era dos homens, temeremos a multidão pois todos
acreditam que Yohanan era profeta.
27- E disseram: não sabemos. E disse: também eu não direi a vocês com qual
poder eu faço.

Parte 90
28- Naquela mesma noite, disse Yeshua aos seus talmidim: qual a visão de
vocês? Existia um homem que tinha dois filhos, se aproximando de um,
disse-lhe: vá meu filho, hoje você trabalhará na minha vinha.
29- E respondeu: não tenho vontade. Mas depois disso, se arrependeu e foi.
30- E disse ao outro a mesma coisa, o qual respondeu: eis me aqui meu
senhor, e não foi.
31- Qual dos dois fez a vontade do Pai? E lhe disseram: o primeiro. E disse-
lhes Yeshua: amem (em verdade) eu digo a vocês que os assassinos e
meretrizes precederam a vocês no Reino dos Céus.
32- Yohanan veio a vocês ensinar o caminho Tzadik (TORAH) e não
acreditaram nele. Os assassinos e as meretrizes acreditaram nele, vocês viram
isso e não fizeram Tshuvah. Também depois de tudo, ainda não acreditam
nele. Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça.

Parte 91
33- (nesse tempo, disse Yeshua a seus talmidim e com companhia dos judeus:
escutem a parábola do semeador. Um certo homem honrado plantou uma
vinha e a vedou em todo o entorno, construiu uma torre no meio, também
cavou uma vala, a confiou nas mãos de seus servos e tomou seu caminho.
34- E passado o tempo ao tempo da colheita do produto, mandou seus servos
aos servos (da vinha) para receberem o produto.
35- E tomou os servos aos seus servos e bateram no primeiro, mataram o
segundo e apedrejaram o terceiro com pedras.
36- E mandou outros muitos servos depois dos primeiros e fizeram com eles
a mesma coisa.
37- Por último resolveu mandar seu filho, dizendo: talvez vejam meu filho.
38- E viram os servos o seu filho e disseram uns aos outros: esse é o herdeiro,
vamos matá-lo e herdaremos a sua herança.
39- Então o tomaram-no, lançaram-no pra fora da vinha e o mataram.
40- E agora quando o senhor da vinha vier, o que fará ele com eles?
41- E lhe responderam, dizendo: os maus serão destruídos e sua vinha será
dada outros servos, os quais lhe darão imediatamente sua parte nos produtos.
42- E disse a eles Yeshua: não leram o que está escrito? A pedra rejeitada
pelos construtores se tornará a cabeça da quina. Isso é de Adonai (tetra), é
maravilhoso em vossos olhos.
43- Por isso lhes digo que o Reino dos Céus será rasgado perante vocês e
dado aos gentios que dão frutos.
44- Aquele que cai sobre essa pedra, será rejeitado. Aquele que cai sobre será
quebrado.
45- E ouviram os líderes dos sábios e dos fariseus e entenderam que falava
sobre eles.
46- E se questionaram sobre matá-lo, mas temeram a multidão, para a qual
ele era um profeta.

Capítulo 22
Parte 92
1- E lhes respondeu Yeshua e ainda falou com eles por alegoria (parábola)
2- O Reino dos Céus é como um rei que faz uma CHUPAH
3- E manda seus servos (aos que foram convidados) a CHUPAH e não
vieram.
4- E mandou outros servos dizendo: digam aos convidados, eis que preparei
um banquete, sacrifiquei um boi e pássaros, tudo está pronto, venham a
CHUPAH.
5- Mas eles despistaram, e foram para a cidade, para seus negócios.
6- Outros (tomaram os servos) abusaram deles e os mataram.
7- E ouviu o rei e se irou, mandou embora os assassinos e queimou suas casas
com fogo.
8- Então disse aos seus servos, a CHUPAH está pronta, mas os convidados
não eram dignos.
9- E agora saiam pelos caminhos e todos que acharem, chamem para a
CHUPAH.
10- E saíram os servos aos caminhos e convidaram todos, bons e maus e a
CHUPAH se encheu com aqueles que comiam.
11- E veio o rei para ver os que comiam e viu ali um homem que não se
vestia com roupas de CHUPAH.
12- E disse a ele: meu amado, como você veio aqui sem roupas de
CHUPAH? E ele estava calado.
13- Então disse o rei aos seus servos: amarrem as mãos e os pés desse homem
e o atirem no mais baixo SHAOL, ali terá choro e dentes batendo.
14- Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.
Parte 93
15- Então foram os fariseus e se aconselharam para tomá-lo na fala.
16- E mandaram a ele seus talmidim, com assassinos de Horodos, dizendo:
rabi, nós sabemos que você é confiável, você fielmente estuda o TALMUD e
o caminho de Elohim, não tem medo de fazer nada e é imparcial.
17- Diga-nos sua visão, é certo dar taxa a Tzeizarei, ou não?
18- E reconheceu sua trapaça e disse: por que me provocam, seus hipócritas?
19- Me mostrem uma moeda de taxa. E lhe trouxeram uma.
20- E disse a eles: de quem é essa forma e de quem é essa impressão?
21- Disseram: Tzeizarei. Então disse a eles Yeshua: retornem a Tzeizarei o
que é de Tzeizarei e o que é de Elohim, a Elohim.
22- Eles ouviram e ficaram impressionados, então o deixaram e foram
embora.

Parte 94
23- Neste dia, lhe chamaram os saduceus e os que não acreditavam na
ressurreição dos mortos e lhe perguntaram,
24- dizendo: rabi, disse-nos Moshe que quando dois irmãos habitam juntos e
um deles morre, o qual não tem filho, o irmão deve tomar sua mulher e dar
continuidade em sua semente.
25- E eis que no meio de nós haviam sete irmãos e o primeiro tomou para si
mulher e então morreu sem deixar semente, então seu irmão tomou para si
sua mulher.
26- Assim com o segundo, o terceiro e ainda o quarto.
27- E depois a mulher morreu.
28- Já que ela foi de todos, ela será mulher de qual deles?
29- E respondeu Yeshua e disse a eles: vocês erram e não entendem os livros
e o poder de Elohim.
30- No dia da ressurreição, os homens não tomarão mulheres para si e nem
mulheres a homens, apenas serão como os anjos de Elohim que está no céu.
31- Vocês não leram que, na ressurreição dos mortos, disse Adonai a vocês,
dizendo:
32- Eu Sou Adonai, Elohei Abraham, Elohei Itzhak e Elohei Yaakov. Por
isso não há Elohim dos mortos, mas Elohim dos vivos.
33- E ouviu a multidão e ficaram espantados com sua sabedoria.

Parte 95
34- E quando viram os fariseus que os saduceus não tinha resposta, se
ajuntaram a eles.
35- E um sábio perguntou para tentá-lo:
36- Rabi, diga, qual a maior mitzvah (mandamento) na Torah?
37- E disse a ele: Amarás Adonai, seu Elohim, de todo coração e etc...
38- Esse é o primeiro
39- O segundo é esse, amarás seu próximo como a ti mesmo.
40- E sobre essas duas Mitzvot (mandamentos) se baseia toda a Torah e os
profetas.
41- E ajuntou mais fariseus e perguntou Yeshua a eles.
42- Dizendo: O que, na visão de vocês, é o Mashiach? Filho de quem? E lhe
disseram: filho de David.
43- E disse a eles: Como David, pelo Espírito Santo, O chamava dizendo:
Senhor.
44- Como está escrito: Adonai disse ao meu senhor, sente a minha direita e
farei seus inimigos o estrado de seus pés.
45- Se David o chamava de Senhor, como poderia então ser filho?
46- E não puderam responder-lhe uma palavra e desde então, tinham medo de
perguntarem qualquer coisa.

Capítulo 23
Parte 96
1- Então disse Yeshua ao povo e a seus talmidim.
2- Dizendo: sobre a cadeira de Moshe se assentam os fariseus e os sábios.
3- E agora, tudo que ELE (Moshe) disse para vocês, observem e façam,
porém as suas TAKANOT e suas MA´ASSOT não as escutem, pois eles
(fariseus) dizem, mas não fazem.
4- Eles exigem e colocam grande fardo (nos ombros de homens) que não
conseguem suportar, mas eles mesmos não pretendem sequer mover um dedo
(para fazê-las).
5- E todas suas MA´ASSOT, as fazem para serem vistos. Vestem Talitot
caros e Tzitzit longos.
6- Amam serem os primeiros nas casas festivas e estarem sentados nas
sinagogas nos primeiros lugares.
7- Para que se curvem perante eles nas ruas e os chamem de rabinos.
8- Vocês não querem ser chamados de rabinos, que um só seja o rabino de
vocês e o resto irmãos.
9- E de pai não chame homem algum na terra, apenas o vosso Pai que está no
céu.
10- E não sejam chamados de rabinos, pois o rabino de vocês é o Mashiach.
11- O maior entre vocês irá servir a vós.
12- Aquele que exalta a si mesmo será humilhado e o humilde será exaltado.

Parte 97
13- Vergonha a vocês fariseus e sábios, hipócritas, fecham o Reino dos Céus
aos homens e aos que querem entrar vocês não deixam que entrem.
14- Vergonha a vocês fariseus e sábios, hipócritas, devoram e dividem os
bens das viúvas através do DERESH ARUKH, por isso sofrerão grande
punição.
15- Vocês envolvem mar e terra para amarrar o coração de um homem nos
ensinos de vocês e quando ele estiver amarrado, será pior do que era antes.
16- Vergonha a vocês, cegos na cadeira, que dizem que aquele que jura pelo
templo não é obrigado (a cumprir), mas aquele que jura por qualquer coisa
que é consagrada ao templo é obrigado a pagar.
17- Homens loucos e cegos, qual é maior, o templo ou o que é consagrado ao
templo?
18- Aquele que jurar pelo altar não é obrigado a cumprir, mas aquele que jura
a trazer uma oferta é obrigado a cumprir?
19- O que é maior, a oferta ou o altar, o templo ou a oferta?
20- Aquele que jura pelo altar, jura por tudo que tem nele.
21- | Versículo omisso |
22- Aquele que jura pelo trono de Elohim, jura por aquele que no trono senta.

Parte 98
23- Vergonha a eles, sábios e fariseus, que dizimam menta, dill e romã. Mas
que cometem roubos. É melhor honrar as sentenças da Torah, que são:
Chessed, a verdade e a fé. A Torah é digna de ser seguida, nunca se
esqueçam disso.
24- Sementes de líderes cegos, quem anda no caminho estreito como um
mosquito e consegue engolir um camelo?
25- Vergonha a vocês fariseus e sábios, que submergem os copos e os pratos
por fora e por dentro estão cheios de maldades e impurezas.
26- Hipócritas, primeiro limpem dentro de vocês e então serão puros por fora.
27- Vergonha a vocês sábios e fariseus, hipócritas, que parecem sepulturas
bonitas e brancas por fora para homens, porém por dentro são cheias de ossos
dos mortos e imundice.
28- Assim parecem, por fora, Tzadikim aos homens, mas dentro são cheios
de hipocrisia e maldade.
29- Vergonha a vocês, hipócritas, fariseus e sábios, que constroem os
túmulos dos profetas e honram os monumentos dos sábios.
30- E dizem: se estivéssemos nos dias de nossos pais, nós teríamos assumido
os dias dos profetas (não permitindo que fossem mortos).
31- Assim vocês se tornam testemunhas contra vocês mesmos, pois são filhos
daqueles que mataram os profetas.
32- E vocês se comportam de acordo com o MA´ASSEH de vossos pais.
33- Serpentes, semente de víboras, como escaparão do julgamento do
Geihinam se não fizerem Tshuvah?

Parte 99
34- Nesse tempo disse Yeshua a multidão de judeus: é por isso que envio a
vocês profetas, sábios e sofarim (conhecedores de Torah). Alguns vocês
mataram, alguns vocês afligiram nas sinagogas e os prosseguiram de cidade
em cidade.
35- Sobre vocês estarão o sangue de todos os Tzadikim que escorreu pela
terra, desde o sangue de Hevel o tzadik, até o sangue de Zechariah, filho de
Barachiah, o qual vocês mataram entre o templo e o altar.
36- De verdade eu afirmo a vocês que todas essas coisas virão sobre vocês
ainda nessa geração.
37- E sobre Yerushalaim, que mata os profetas e remove aqueles que são
enviados. Quantas vezes eu quis juntar as vossas crianças, assim com um
galo junta seus pintinhos sob suas asas e vocês não quiseram.
38- Por isso vocês deixarão suas casas desoladas.
39- De verdade eu digo a vocês que vocês não me verão até que digam:
bendito é o nosso salvador.

Capítulo 24
Parte 100
1- E foi quando Yeshua saiu do templo e enquanto ia, seus talmidim se
aproximaram dele e lhe mostraram os prédios do templo.
2- E ele disse: veem tudo isso? Amem (em verdade) eu digo a vocês que tudo
será destruído e não restará pedra sobre pedra.
3- E ao sentar no monte das olivas, no lado oposto do templo, Pietros,
Yohanan e Anderiah, em secreto, lhe perguntaram: quando todas essas coisas
e como será o sinal que haverá aos nossos olhos? Ou quando vai começar
isso e quando será o fim do mundo e sua vinda?
4- E respondeu a eles Yeshua: cuidado, para que homem algum lhe desvie.
5- Pois muitos virão em meu nome dizendo: eu sou o Mashiach, e desviarão a
vocês.
6- E quando vocês ouvirem sobre guerras e companhia de exército, cuidado,
pois não sejam enganados, todas essas coisas virão no futuro, mas não será o
fim.
7- E levantarão gentios contra gentios e reino contra reino e haverão
tumultos, fome grande e tremores (terremotos) em lugares (diversos).
8- Tudo isso é o começo do sofrimento.
9- Então te amarrarão para tribulação e vão te matar. E para todos os povos
serão reprovação por causa de meu nome.
10- Então muitos serão perturbados, serão traiçoeiros uns com o outros e
serão irados entre vós.
11- E se levantarão profetas da mentira e desviarão a muitos.
12- E quando a maldade se multiplicar, o amor de muitos irá evaporar.
13- E quem esperar, no fim será salvo.
14- E esse BASSURAH será TEDARESH à toda a terra para que saibam de
mim todos os gentios e então virá o fim.
15- E esses serão os anti-Maschiach, esse é o SHAKUTZ SHOMEM dito
pela boca de Daniel enquanto estava de pé no lugar santo. Quem ler que
entenda.
16- Então quem estiver em Yehudah, fuja para os montes.
17- E aquele que estiver sobre a casa, que não desça para pegar nada em casa.
18- E aquele que estiver no campo não volte para pegar sua capa.
19- Pena daquelas que estiverem grávidas e cuidando de crianças nesses dias.
20- Orem a EL para que sua fuga não seja em um Shabbat.
21- Então haverá um grande infortúnio, como nunca houve desde a criação
do mundo até agora. E não haverá
22- Exceto que esse dias serão poucos, e não serão salvas todas as carnes,
apenas os eleitos e para eles esses dias serão poucos.
23- E nesse tempo se disserem a vocês: eis o Mashiach ou lá o Mashiach, não
acreditem.
24- Pois mashiachim falsos e profetas da mentira darão sinais e grandes
maravilhas, para que possam desviar os escolhidos.
VERSICULOS 25 e 26 ESTÃO INVERTIDOS
26- Então, se disserem a você: eis que está no deserto, não saia pra lá e eis
que está nos cômodos, não vá.
25- Estou eu dizendo a vocês antes que aconteça.

Parte 101
27- Ainda disse a eles Yeshua: assim como o raio sai do leste é visto no
oeste, assim será a vinda do filho do homem.
28- No lugar em que houve corpos, se juntarão abutres.
29- Nessa hora, depois desses dias, escurecerá o sol, a lua não refletirá sua
luz e as estrelas cairão dos céus e todas as hostes do céu tremerão.
30- E então aparecerá o sinal do filho do homem no céu e todas as famílias da
terra chorarão e verão o filho do homem entre as nuvens do céu com uma
grande hoste e com uma aparência terrível.
31- E enviará seus anjos com um trombeta e com grande voz para juntar
todos seus escolhido dos quatro ventos dos céus, de um lado ao outro dos
céus.
32- Da figueira aprendam pela mishnah, quando verem os ramos e sobre eles
as folhas, saibam que
33- Estão próximos aos portões.
34- Amém (em verdade) eu digo a vocês que essa geração atual não passará
até que essas coisas sejam realizadas.
35- Os céus e a terra passarão
36- E esse dia e esse momento, não há ninguém que saiba, nem os anjos no
céu, apenas o Pai.

Parte 102
37- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: assim como nos dias de Noach, será
nos dias do filho do homem.
38- Antes do dilúvio, comiam e bebiam, eram frutíferos e se multiplicavam
até o dia que Noach entrou na arca.
39- E não sabiam até que veio o dilúvio sobre eles e levou os não Tzadikim,
assim será a vinda do filho do homem.
40- Se houver dois cultivando um campo, aquele que é Tzadik ficará e aquele
que é mal será levado.
41- Duas mulheres estão trabalhando em um moinho, uma será levada e a
outra deixada. Isso porquê os anjos, no fim do mundo, irão levar embora do
mundo as pedras de tropeço, separando assim os bons dos maus.

Parte 103
42- Então disse Yeshua a seus talmidim: portanto observem
(SHAMRU:LISHMOR – VERBO USADO PARA OBSERVANCIA DE
TORAH) comigo pois não sabeis a hora que virá vosso senhor.
43- Isso vocês sabem: se soubesse (o homem) a hora que viria o ladrão,
guardaria e não permitiria que cavasse sua casa.
44- Assim também estejam vós preparados, pois não sabeis a hora da vinda
do filho do homem.
45- O que vocês pensam do servo fiel e sábio que seu senhor põe sobre ele
seus filhos, para que os alimente no horário?
46- Abençoado o servo o qual obedece a seu senhor fazendo isso na hora em
que ele chega.
47- Amém (em verdade) eu digo a vocês que ele será colocado sobre suas
crianças.
48- Se o servo for mal e disser em seu coração: meu senhor se atrasa ao vir.
49- E começar a bater nos outros servos de seu senhor e a comer e a beber em
glutonia.
50- e chegando seu senhor no dia que não esperava, na hora em que não
sabia.
51- Ele será dividido e colocado no meio dos hipócritas, ali haverá choro e
bater de dentes.

Capitulo 25
Parte 104
1- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: o Reino dos Céus é como dez virgens
que pegaram suas lâmpadas e saíram para encontrar o noivo e a noiva.
2- Cinco delas eram preguiçosas e tolas e cinco delas eram alertas e sábias.
3- As cinco tolas trouxeram suas lâmpadas mas não trouxeram o óleo.
4- E as sábias trouxeram os vasos de óleo juntos às suas lâmpadas.
5- E o noivo estava atrasado e todas elas pegaram no sono.
6- Então a meia noite, eis que era ouvida uma voz: eis que os noivos se
aproximam, venham encontrá-los.
7- Então vieram todas as virgens e acenderam suas lâmpadas.
8- As tolas disseram às sábias: nos de um pouco de seus óleos, pois nossas
lâmpadas estão sem.
9- E responderam as sábias, dizendo: vão por favor aos vendedores e
comprem deles, pois não temos suficiente para nós e para vocês, tememos
ficar sem.
10- E foi quando foram comprar chegaram os noivos, e as virgens foram com
ele para a CHUPAH e fecharam o portão.
11- Então vieram as tolas e gritaram do portão, dizendo: nosso senhor, abra
para nós.
12- E lhes respondeu, de verdade eu digo pra vocês que eu não sei quem são.
13- Por isso tenham cuidado, pois não sabem nem a hora, nem o momento da
CHUPAH.

Parte 105
14- Ainda disse Yeshua aos seus talmidim outro exemplo: o Reino dos Céus
é como o homem que vai por uma jornada e chama seus servos e distribui
entre eles o seu MAMON.
15- Para um, deu ele cinco ouros, para o segundo deu dois ouros e um para o
terceiro, a cada de acordo com o que era propício.
16- E foi aquele que recebeu cinco ouros e fez outros cincos.
17- E aquele que recebeu dois ouros foi, comprou, vendeu e ganhou outros
cinco.
18- E o que recebeu um foi e enterrou na terra e escondeu o MAMON de seu
senhor.
19- Passados muitos dias, veio o senhor dos servos para receber o que eles
ganharam com seu MAMON.
20- E se aproximou o que recebeu cinco ouros e lhe disse: cinco ouro me
deste e dou para ti outros cinco ouros que ganhei.
21- E lhe disse seu senhor: verdadeiramente você é servo bom e fiel. E por ter
sido fiel no pouco, te colocarei no muito, venha para a alegria de seu senhor.
22- E também o que recebeu dois ouros se aproximou e disse: meu senhor,
dois ouros foi me dado e eis dois outros ouros que ganhei.
23- E lhe disse seu senhor: verdadeiramente você é servo bom e fiel. E por ter
sido fiel no pouco, te colocarei no muito, venha para a alegria de seu senhor.
24- Então se aproximou aquele que recebeu um ouro, dizendo: meu senhor,
eu sabia que você é duro e firme, e que arranca o que não plantou e junta o
que não separou.
25- Por isso lhe temi, eu fui e escondi o seu ouro, eis o que é seu,
26- E respondeu seu senhor e disse: servo mal e preguiçoso, pois já sabia que
arranco o que não plantei e junto o que não separei.
27- Portanto você deveria ter dado meu ouro para o meu negociador de ouro,
para que na minha vinda, recebesse o que é meu com lucro.
28- Portanto tirem de ti o ouro e será dado àquele que ganhou cinco ouros
29- Àquele que tem, será dado. Mas aquele que não tem, será tirado o que
deveria ser dado.
30- Ao servo preguiçoso, joguem-no na escuridão dos lugares mais
profundos, lá haverá choro e bater de dentes.

Parte 106
31- Ainda disse Yeshua a seus talmidim: na vinda do filho do homem em sua
revelação com seus anjos, sentará em seu trono de glória.
32- E serão ajuntadas todas as nações perante ele, e ele separará a todos como
separam as ovelhas das cabras.
33- E colocará as ovelhas a sua direita e as cabras a sua esquerda.
34- E então dirá aos que estão a sua direita: bem vindos abençoados de meu
Pai e entrarão no Reino dos Céus que está preparado a vocês desde a criação
do mundo até agora.
35- Pois tive fome e me deram o que comer, tive sede e me deram o que
beber, estava longe de casa e me acolheram.
36- Pelado e me vestiram, doente e me visitaram, estava na prisão e vieram
até mim.
37- Então responderão os tzadikim: nosso senhor, quando lhe vimos com
fome lhe satisfizemos e com sede e lhe demos o que beber?
38- Pelado e lhe vestimos?
39- Doente e lhe visitamos, na prisão e viemos até você?
40- E responderá o rei, dizendo: Amém (em verdade) eu digo a vocês que
todas as vezes que fizeram a algum irmão em necessidade e a alguém
pequeno, fizeram a mim.
41- E também dirá aos que estão a esquerda: apartai-vos de mim seus
malditos e vão ao fogo eterno, ao lugar preparado a vocês, com o satan e seus
anjos.
42- Pois tive fome e não me deram o que comer, tive sede e não me deram o
que beber.
43- Estava longe de casa e não me acolheram, pelado e não me vestiram,
doente e na prisão e não me visitaram.
44- Então eles também responderão, dizendo: quando lhe vimos, nosso
senhor, com fome e com sede, longe de casa, ou pelado, ou doente, ou na
prisão e não estávamos ali lhe servindo?
45- E responderá a eles, dizendo: eu lhes digo que toda vez que não fizeram
essas coisas a um necessitado, mesmo a um pequeno como esse, não fizeram
pra mim.
46- E então irão para o tormento eterno e os tzadikim para a vida eterna.

Capitulo 26
Parte 107
1- E foi quando Yeshua disse todas essas coisas a seus talmidim.
2- Vocês não sabem que daqui dois dias será Pessach e o filho do homem
será entregue às mãos dos judeus para ser pendurado?
3- Então se reuniram os mandantes dos sacerdotes e os lideres do povo na
corte do sumo sacerdote, chamado Kaiafash.
4- E se aconselhavam em como pegar Yeshua para matá-lo
5- E disseram: não pode ser durante a festa de Pessach para que não haja
tumulto dentro do povo.
6- E foi quando Yeshua estava em Kafar Nahum, na casa de Shimon, o
leproso.
7- E uma mulher se aproximou dele com um frasco de unguento e jogou
sobre sua cabeça enquanto estava reclinado a mesa.
8- E foi muito ruim para eles, pois foi desperdício.
9- Poderia ter sido vendido por um bom preço e ser dado aos pobres.
10- E Yeshua que sabia sobre os assuntos, disse a eles: vocês acusam a essa
mulher. De verdade ela fez um bom e maravilhoso ato para mim.
11- Pois os pobres estarão sempre com vocês e eu não estarei sempre com
vocês.
12- E colocou isso no meu corpo em referência a meu enterro.
13- Amém (em verdade) eu digo a vocês que em todo o lugar que contarem
esse BESSORAH, que seja feito em referência à minha memória.

Parte 108
14- Então foi um dos doze, que se chamava Yodeah Eshkarioto, ao sumo
sacerdote.
15- E disse: o que vocês me dariam se eu entregar Yeshua para vocês? E foi
combinado por trinta pratas.
16- E desde então, ele procurava um motivo para entregá-lo.
17- E no primeiro dia da festa dos pães não levedados, se aproximaram os
talmidim de Yeshua, dizendo: Aonde devemos preparar o lugar para a
HAGADAH de PESSACH?
18- E disse a eles: vão a cidade, a um certo homem que será um voluntário e
diga a ele que o rabino disse que seu tempo com você se aproxima e quero
observar o Pessach com meus talmidim.
19- | Versículo omisso |
20- E foi na noite que ele se sentou na mesa com seus doze talmidim.
21- E disse a eles enquanto comiam: digo a vocês que um dentre vós está
passando informações contra mim.
22- E se entristeceram muito e diziam um ao outro, dizendo: senhor, seria eu?
23- E respondeu a eles: aquele que mergulhar o Karpas na água salgada junto
a mim, é aquele que passa as informações a meu respeito. E ninguém pôde
reconhecê-lo, pois se tivessem o reconhecido, o teriam destruído.
24- E disse Yeshua a eles: é bem verdade que o filho do homem será como
está escrito sobre ele. Vergonha ao homem que trair o filho do homem,
melhor teria sido para ele se não tivesse nascido.
25- E respondeu Yodeah, o qual o vendeu, dizendo: rabi, seria eu esse? E
respondeu: você acabou de dizer.

Parte 109
26- Enquanto comiam, Yeshua pegou a MATZAH, abençoou EL e partiu
entregando aos talmidim e disse: tomem e comam, esse é meu corpo.
27- E pegou o copo, deu graças a seu Pai e deu a eles, dizendo: todos bebam
isso.
28- Esse é meu sangue, e a nova parte da aliança, que será derramada sobre
todos para a justificação dos pecados.
29- Eu digo a vocês que não beberei novamente do fruto dessa vinha até o dia
que beberei novamente com vocês no Reino dos Céus.
30- E foram e saíram para o monte das olivas.

Parte 110
31- Então disse Yeshua a seus talmidim: venham, todos vocês, fiquem de luto
por mim essa noite pois está escrito: bata no pastor e as ovelhas se
dispersarão.
32- E depois que eu levantar dos mortos, me revelarei a vocês em Galil.
33- E respondeu Pietros, dizendo-lhe: se eles estão de luto por sua causa, eu
nunca estarei de luto.
34- E disse Yeshua: Amem (em verdade) eu lhe digo que nessa noite, antes
que cante o galo, você me negará três vezes.
35- E disse a ele Pietros: se está afirmado para que eu morra com você, eu
não recusarei. E todos lhe disseram o mesmo.
36- Então foi Yeshua com eles a vila de Gie Shemanim e disse: sentem por
favor até que eu vá lá e ore.
37- E levou Pietros e os dois filhos de Zevediel e começou a ficar triste e com
problemas.
38- Então disse a eles: minha alma está de luto até minha morte, me deem
suporte e observem comigo.
39- Então foi em frente bem devagar e caiu sobre sua face e orou e disse: se
possível que seja removido esse copo de mim, por favor. Mas de fato não seja
como eu quero, seja conforme Sua vontade.
40- E veio a seus talmidim e os encontrou dormindo. E disse a Pietros: assim
você não conseguirá observar comigo por nem uma hora.
41- Observe (mandamentos) e ore para que não caia em tentação, pois
verdadeiramente o espírito está pronto para ir para seu Criador, mas a carne é
fraca e doente.
42- E foi novamente a orar, dizendo: se não for possível remover esse copo
do qual beberei, que seja feito de acordo com Sua vontade.
43- E retornou e os achou dormindo novamente pois seus olhos estavam
pesados.
44- E os deixando, foi orar pela terceira vez, de acordo com sua primeira
oração.

Parte 111
45- Então foi Yeshua foi a Galil (?) a seus talmidim e lhes disse: durmam e
descansem, eis que se aproxima o tempo no qual o filho do homem será
entregue nas mãos dos pecadores.
46- Levantem, vamos, pois aquele que me traiu se aproxima.
47- Enquanto ele falava, eis que Yodah Eshkarioto, um de seus doze
talmidim veio. E com ele uma grande multidão portando espadas e chicotes
enviados pelo sumo sacerdote e os príncipes das pessoas.
48- e o traidor deu-lhes um sinal: aquele que eu beijar será aquele a ser preso.
49- E imediatamente se aproximou de Yeshua e lhe disse: Shalom Aleikha
rabi, e o beijou.
50- E disse a ele Yeshua: meu amado, o que você fez? E se aproximaram,
esticaram suas mãos contra ele e o prenderam.
51- Eis que um dos que estavam com Yeshua esticou sua mão, sacou sua
própria espada e atacou um dos sacerdotes, cortando fora sua orelha.
52- E disse a ele Yeshua: retorne a espada a bainha, pois quem saca a espada,
cairá pela espada.
53- Você não entende que eu posso encontrar meu inimigos e comigo estarão
algo maior do que doze legiões de anjos?
54- E como as escrituras serão concretizadas? Isso tem que ser feito.
55- Depois disso disse Yeshua a multidão: como se fossemos ladrões vocês
vieram nos buscar com chicotes e espadas? Não estive eu com vocês,
ensinando no templo todos os dias e não representei ameaça?
56- De certo tudo isso está acontecendo para que as profecias dos profetas se
concretizassem e então todos seus talmidim o deixaram e fugiram.
57- Eles levaram Yeshua a casa de Kaiafash, o sumo sacerdote. Então todos
os sofarim e fariseus estavam reunidos.
58- Pietros o seguia de longe até a casa do sumo sacerdote. Ele entrou na casa
e se sentou ao lado do artesão para que pudesse ver até o fim.
59- Os sacerdotes chefes queriam encontrar falsas testemunhas para colocar
Yeshua a morte.
60- Mas eles não encontraram nem ao menos uma, mesmo que eles tenham
providenciado muitas falsas testemunhas contra Yeshua. Finalmente duas
falsas testemunhas se apresentaram.
61- Disseram: esse ai disse que tem o poder para destruir o templo de EL e
depois de três dias, reconstruí-lo
62- E o sumo sacerdote se levantou e lhe disse: você não responderá nada em
relação ao testemunho que esses dois estão levantando contra você?
63- Mas Yeshua não respondeu uma palavra. O sumo sacerdote lhe disse: eu
comando que você nos diga que é o Mashiach, o filho de EL.
64- Respondeu Yeshua a ele: você que diz. E ainda digo a vocês que ainda
verão o filho de EL sentado a direita do heroísmo de EL vindo do meio das
nuvens.
65- Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: vejam como esse aí
abençoa a Elohim (tom irônico?). Qual a necessidade de testemunhas? Eis
que todos vocês ouviram como abençoa a EL.
66- O que deve ser feito? Responderam: ele é culpado de morte.
67- Então cuspiram em sua face e lhe bateram nas costas, outros lhe deram
tapas na face.
68- Dizendo: diga-nos Mashiach, quem bateu em você?
69- E Pietros se levantou na entrada do pátio e se aproximou dele uma
mulher e lhe disse: você não estava com Yeshua de Galil?
70- E Pietros mentiu a ela perante todos, dizendo: mulher, eu não sei o que
você está dizendo.
71- E quando passou pelo portão, viu outra serva e ela disse a ele e a todos
que ali estavam parados: esse homem estava ficando com Yeshua HaNotzri.
72- E por outra vez negou a Yeshua com um juramento, que não o conhecia.
73- Depois de um pouco de tempo, aproximaram de Pietros aqueles que
estavam pelo pátio e lhe disseram: você é um do grupo desse profeta, pelo
seu linguajar você é um deles.
74- Então ele começou a negar e a jurar que ele nunca o tinha conhecido,
imediatamente o galo cantou.
75- Pietros se lembrou o que Yeshua lhe tinha dito, que antes do canto do
galo, ele o negaria três vezes. Então ele foi ao lado de fora e chorou com a
alma amargurada.

Capítulo 27
Parte 112
1- E passou a manhã e todos os chefes dos sábios e os anciões tomavam
conselho contra Yeshua que deveria, com certeza, ser colocado a morte.
2- Eles o levaram amarrado para a casa de Poitatz Pilat que era o
comandante.
3- E então quando viu Yehudah Eshkarioto que foi julgado, começou a se
arrepender. Ele devolveu os trinta denários ao sumo sacerdote e aos anciões
do povo.
4- E disse: eu derramei sangue inocente. Mas eles lhe disseram: o que nós
temos a ver? É problema seu.
5- Ele jogou as moedas no templo, foi, pegou uma corda e se enforcou.
6- Quando o sumo sacerdote recebeu as moedas, ele disse: não é possível que
coloquemos essas moedas no templo, pois elas são fruto de sangue, já que
foram dadas pelo sangue de Yeshua.
7- E se aconselharam e resolveram dá-las para um campo de um certo
fabricante de cerâmica, para que ele possa enterrar indigentes lá.
8- Por isso esse campo é chamado de tenda de sangue até os dias de hoje.
9- Então se completou o que disse o profeta Zechariah: e disse a eles: se é
bom a Seus olhos, multiplique meu méritos e não pare. Então pesaram meus
méritos em trinta pratas. E me disse Adonai: jogue dentro do pote, esse é para
aquele que trabalha com o barro.
10- Como o meu senhor comandou.
11- E Yeshua estava de pé perante Pilat, que lhe perguntou: você que é o rei
dos judeus? E disse Yeshua: você que está dizendo.
12- E quando Yeshua foi assediado pelo sumo sacerdote e pelos anciões do
povo por algumas coisas que Yeshua havia dito sobre eles, ele não
respondeu.
13- E Pilat lhe disse: você não vê quantas testemunhas existem contra você?
14- E Yeshua não lhe respondeu uma palavra e Pilat ficou excessivamente
impressionado com isso.
15- E no dia da honrosa festa de Pessach, era costume o comandante da
cidade dar ao povo algum prisioneiro que eles desejassem.
16- E nas mãos de Pilat havia um prisioneiro que era um pouco louco da
cabeça chamado Bar Baesh, acusado de assassinato e estava na prisão.
17- E quando estavam agrupados, Pilat lhes perguntou: qual devo libertar,
Bar Baesh ou Yeshua que é chamado de Mashiach?
18- Isso porquê Pilat sabia que ele foi pego devido ao ódio sem causa.
19- Enquanto estava sentado no trono, sua mulher lhe enviou uma mensagem
dizendo: eu lhe imploro que de forma alguma você diga alguma coisa contra
esse tazdik, pois nessa noite eu sofri muitas coisas em uma visão que tive por
causa dele.
20- E o sumo sacerdote e os anciões da lei reuniram as pessoas e os incitavam
a pedir por Bar Baesh para que Yeshua morresse.
21- Pilat disse a eles: qual deles devo eu libertar? E eles disseram Bar Baesh.
22- E disse a eles Pilat: se é assim, o que devo fazer com Yeshua chamado
Mashiach? E todos responderam: pendure-o.
23- E Pilat disse a eles: o que ele fez de mal? E eles vigorosamente gritaram:
pendure-o, pendure-o, pendure-o.
24- E Pilat percebeu que não tinha forças para resistir e não era possível fazer
paz com eles e antes que uma grande disputa com o povo pudesse acontecer
por causa disso, pegou água e lavou as mãos perante as pessoas e disse: eu
sou inocente, tomem cuidado com o que vocês estão fazendo.
25- E respondeu todo o povo, dizendo: seu sangue será sobre nós e sobre
nossa semente.
26- Então ele soltou Bar Baesh e entregou Yeshua a eles para que apanhasse
e sofresse a aflição para que pudesse ser pendurado.

Parte 113
27- Então os cavaleiros da corte levaram Yeshua sob guarda e vieram perante
ele uma grande companhia de muitas pessoas.
28- Eles vestiram Yeshua com roupa de seda e o cobriram com uma capa de
seda esverdeada.
29- Eles fizeram uma coroa de espinhos e colocaram sobre sua cabeça e
colocaram um junco em sua mão direita e se prostravam perante ele dizendo:
Shalom Aleikha, rei dos judeus.
30- Eles cuspiam em sua face e tomavam seu junco e lhe batiam na cabeça.
31- Quando eles zombavam dele, rasgaram suas vestes, o vestiram em suas
próprias roupas e deram ordens para pendurá-lo.
32- Conforme estavam saindo da cidade, eles encontraram um homem
chamado Shimon, o canaanita. E o forçaram a carregar a tábua.
33- Eles chegaram em um lugar chamado Gulgota, em língua estrangeira é
monte Kalvari.
34- E deram a ele vinho misturado com MARAH (liquido biliar que é
expelido junto a vomito ou um extrato de uma planta extremamente amarga).
Mas quando ele começou a beber, ele percebeu e não bebeu.
35- Quando foi pendurado no madeiro, distribuíram suas vestes.
36- | Versículo omisso |
37- Depois, colocaram por cima de sua cabeça um escrito que dizia: ZEH
YEHOSHUA NA´AZERET MELEKH ISRAEL.
38- Então dois ladrões estavam sendo pendurados com ele, um a sua direita e
um a sua esquerda.
39- Aqueles que passavam o zombavam e balançavam a cabeça.
40- Dizendo: veja, você que destrói o templo de EL e em três dias (o
reconstrói); salve a si mesmo; se você é o filho de EL, desça da árvore.
41- E o sumo sacerdote e os anciões do povo o zombavam, dizendo:
42- Outros ele salva, a si mesmo não pode salvar. Se ele for o rei de Israel,
que desça da árvore e iremos acreditar.
43- Já que ele confia em EL, deixe que se salve agora se assim desejar,
porque ele é o filho de Elohim.
44- Os ladrões que estavam sendo pendurados com ele disseram-no
exatamente essas mesmas palavras
45- Na sexta hora, escuridão veio sobre todo o mundo e ficou até a nona hora.
46- Yeshua gritou em voz alta, na língua santa (hebraico): ELI ELI, por que
você me deixou?
47- Um dos que estavam ali disse: ele está chamando por Eliahu.
48- Imediatamente pegaram um pão poroso, cheio de vinagre e lhe deram
para beber
49- Outros estavam dizendo: veremos se Eliahu irá vir e irá salvá-lo
50- Yeshua gritou novamente em voz alta e mandou seu espírito de volta ao
seu Pai.
51- Imediatamente a cortina do templo foi rasgada em duas partes, do topo
até embaixo, a terra tremeu e as rochas quebraram.
52- As covas se abriram e muitos dos que dormiam se levantaram.
53- Eles saíram de suas covas e depois entraram na cidade santa e foram
revelados a muitos.
54- O ministro de centenas e aqueles que com ele estavam olhando para
Yeshua, viram o terremoto e as coisas que foram feitas e estavam muito
temerosos, dizendo: verdadeiramente esse era o filho de Elohim.
55- Muitas mulheres estavam ali paradas, distantes, dentre elas aquelas que
serviram a Yeshua desde Galil até aquela hora.
56- Dentre elas estavam Miriam Magdaline, Miriam mãe de Yaakov e
Yosef, e a mãe dos filho de Zevediel.
57- Naquela noite, um homem rico veio. Seu nome era Yosef e era um talmid
de Yeshua (irmão de Miriam, tio de Yeshua).
58- Ele veio a Pilat e lhe pediu o corpo de Yeshua. Pilat comandou que fosse
dado a ele.
59- Yosef pegou e o enrolou em uma veste de seda muito fina.
60- Ele o colocou na sua própria tumba, a qual tinha sido recentemente
escavada na pedra e colocou uma grande pedra na entrada da tumba.
61- | Versículo omisso |
62- No dia seguinte do Pessach, o sumo sacerdote e alguns fariseus vieram
até Pilat.
63- Eles disseram a ele: nosso senhor, nós nos lembramos o que esse
mentiroso disse enquanto ainda estava vivo, que no terceiro dia ele levantaria
e voltaria a vida.
64- Portanto, comande que a tumba seja guardada até o terceiro dia, já que
talvez um de seus talmidim possa vir e roubá-lo. E depois disso vão dizer ao
povo que ele se levantou dos mortos. Se fizerem isso, a ultima perversão será
pior que a primeira.
65- Pilat lhes disse: peguem os guardas e o guarde o melhor que puderem.
66- Então completaram a estrutura da tumba, selaram-na e colocaram um
guarda ali.

Capitulo 28
Parte 114
1- No primeiro dia da semana, na virada do dia (sábado em torno das 18
horas) , Miriam Magdaline e a outra Miriam vieram ver a tomba.
2- Então tremeu a terra pois o anjo de Adonai desceu dos céus até a tumba,
removeu a pedra e ficou ali parado.
3- Sua aparência era como o sol e suas vestes como a neve.
4- De medo dele, os guardas desmaiaram e ficaram imóveis como se
estivessem mortos.
5- O anjo respondeu e disse as mulheres: não temam, pois eu sei que vocês
buscam a Yeshua que foi pendurado.
6- Ele não está aqui, pois está vivo como havia dito. Venham, portanto, e
vejam o lugar onde o senhor se levantou.
7- Vão imediatamente contar aos seus talmidim que o senhor já se levantou.
Ele estará perante vocês e vocês o verão conforme ele lhes disse.
8- As mulheres saíram da tumba com medo, pois tinha visto o anjo, mas com
muita alegria porquê o senhor tinha voltado a vida. Elas correram para contar
aos talmidim.
9- Enquanto iam, Yeshua atravessou perante elas, dizendo: Hashem (que o
Nome) lhes resgatem. E elas reverenciaram-no e se prostraram.
10- Então Yeshua lhes disse: não temam, digam aos meus irmãos para irem
para Galil para que me vejam.
11- Enquanto elas iam, alguns dos guardas entraram na cidade e relataram ao
sumo sacerdote tudo que havia ocorrido.
12- E eles foram se aconselhar com os anciões do povo. Então deram muito
dinheiro ao esses cavaleiros.
13- Dizendo-lhes: digam que os seus seguidores vieram a noite e o roubaram
enquanto vocês dormiam.
14- Se caso isso chegue ao ouvido de Pilat, lhe diremos para te deixarem em
paz.
15- Eles pegaram o dinheiro e disseram conforme foram instruídos. Esse é o
segredo maior entre os judeus até os dias de hoje.
16- Depois disso, quando os doze talmidim vieram a Galil, ele apareceu a
eles no monte onde eles oraram.
17- Quando eles o viram, se prostraram, porém haviam alguns deles que
duvidavam dele.
18- Yeshua se aproximou a eles e lhes disse:
19- Vão! (o resto foi adicionado pela igreja)
20- E observem (LISHMOR – verbo para observância da TORAH) todas as
coisas conforme eu comandei vocês, para sempre.
◆◆◆
PARTE VI
O LIVRO DE MATEUS HEBRAICO
‫הבשורה הקדושה של ישוע המשיח כפי מתתיה‬
‫פרק ראשון ‪1‬‬
‫‪1‬אלה תולדות יש׳׳ו בן דוד בן אברהם‪.‬‬
‫‪2‬אברהם הוליד את יצחק ויצחק הוליד את יעקב יעקב הוליד‬
‫את יהודה ואחיו‪.‬‬
‫‪3‬יהודה הוליד את פרץ וזרח מתמר פרץ הוליד את חצרון חצרון‬
‫הוליד את רם‪.‬‬
‫‪4‬ורם הוליד את עמינדב ועמינדב הוליד את נחשון ונחשון הוליד‬
‫את שלמון‪.‬‬
‫‪5‬שלמון הוליד את בועז מרחב הזונה בועז הוליד את עובד מרות‬
‫ועובד הוליד את ישי‪.‬‬
‫‪6‬ישי הוליד את דוד דוד הוליד את אשת שלמה מאשת אוריה‪.‬‬
‫‪7‬שלמה הוליד את רחבעם רחבעם הוליד את אביה אביה הוליד‬
‫את אסא‪.‬‬
‫‪8‬אסא הוליד את יהושפט יהושפט הוליד את יודם יורם הוליד‬
‫את עוזיה‪.‬‬
‫‪9‬עוזיה הוליד את חזקיה‪.‬‬
‫‪10‬חזקיה הוליד את מנשה מנשה הוליד את אמון אמון הוליד‬
‫את יאשיה‪.‬‬
‫‪11‬יאשיה הוליד את יכניה ואחיו בגלות בבל‪.‬‬
‫‪12‬יכניה הוליד את שאלתיאל שאלתיאל הוליד את זרובבל‪.‬‬
‫‪13‬זרובב׳׳ל הוליד את אביהוד ואביהוד הוליד את‪.‬‬
‫‪14‬אקים ואקים הוליד את אליהוד‪.‬‬
‫‪15‬ואליהוד הוליד את אלעזר ואלעזר הוליד את מתן ומתן הוליד‬
‫את יעקב‪.‬‬
‫‪16‬ויעקב הוליד את יוסף‪ .‬הוא יוסף איש מר׳׳ם הנקרא משיח‬
‫ובלעז קריס׳׳טוס‪.‬‬
‫‪)17‬וכל תולדות מאברהם עד דוד תולדות י׳׳ד ומדוד עד גלות‬
‫בבל תולדות י׳׳ד ומגלות בבל עד יש׳׳ו תולדות י׳׳ד‪.‬‬
‫פרק שני‬
‫‪18‬ולידת מיש׳׳ו היה בזה האופן( ויהי כאשר היתה אמו ארוסה‬
‫ליוסף קודם שידע אותה נמצאה מעוברת מרוח הקדש‪.‬‬
‫‪19‬ויוסף איש צדיק היה ולא רצה לישב עמה ולא לגלותה‬
‫להביאה לבושה ולא לאוסרה למות אבל היה רוצה לכסות עליה‪.‬‬
‫‪20‬ובחשבו בזה הדבר בלבו והנה מלאך נראה אליו בחלום ואמר‬
‫יוסף בן דוד אל תירא לקחת אשתך מר׳׳ים שמרוח הקדוש היא‬
‫מעוברת‪.‬‬
‫‪21‬ותלד בן ותקרא שמו ישו׳׳ע כי הוא יושיע את עמי מעונותם‪.‬‬
‫‪22‬כל זה לגמור מה שנכתב מאת הנביא על פי ה׳׳‪.‬‬
‫‪23‬הנה העלמה הרה ותלד בן וקראת שמו עמנואל שר׳׳ל עמנו‬
‫אלקים‪.‬‬
‫‪24‬ויקץ יוסף משנתו ויעש ככל אשר צוה אותו מלאך ה׳׳ ויקח‬
‫את אשתו‪.‬‬
‫‪25‬ולא ידע אותה עד שילדה בנה הבכור ויקרא את שמו ישו׳׳ע‪.‬‬
‫פרק שלישי ‪2‬‬
‫‪1‬ויהי כאשר נולד יש׳׳ו בבית לחם יהודה בימי הורודוס המלך‬
‫והנה חוזים בכוכבים באים ממזרח לירושלים‪.‬‬
‫‪2‬לאמר איה מלך היהודים הנולד‪ .‬ראינו סבבו במזרח ובמתנות‬
‫חשובות באו להשתחוות לו‪.‬‬
‫‪3‬ושמע הורודוס המלך ויבהל וכל יושבי ירושלים עמו‪.‬‬
‫‪4‬ויקבוץ כל גדוליו ויבקש מהם אם היו יודעים באיזה מקום נולד‬
‫המשיח‪.‬‬
‫‪5‬ויענו אליו בבית לחם יהודה ככתיב על פי הנביא‪.‬‬
‫‪6‬ואתה בית לחם יהודה אפרתה ארץ יהודה הן אתה צעיר‬
‫באלפי יהודה ממך לי יצא להיות מושל בישראל‪.‬‬
‫‪7‬אז קרא המלך הורודוס לקוסמים בסתר וישאל מהם היטב זמן‬
‫ראית הכוכב להם‪.‬‬
‫‪8‬וישלחם לבית לחם ויאמר אליהם לכו ושאלו היטב בעד הילד‬
‫ובמוצאכם אותו הגידו לי וגם אני אבא אליו להשתחוות‪.‬‬
‫‪9‬וישמעו אל המלך וילכו והנה הכוכב אשר ראו במזרח הולך‬
‫לפניהם עד בואם אל המקום‪ .‬וכאשר באו בית לחם עמד נגד‬
‫המקום אשר שם הילד‪.‬‬
‫‪10‬ויהי כאשר ראו את הכוכב שמחו שמחה גדולה עד מאד‪.‬‬
‫‪11‬ויביאו אל הבית וימצאהו ואת מר׳׳ים אמו ויכרעו לפניו‬
‫וישתחוו לו ויפתחו את אמתחותיהם ויביאו אליו מנחת זהב ולבונה‬
‫ומור בלעז מי׳׳רא‪.‬‬
‫‪12‬ויצוו בחלום לבלתי שוב אל הורודוס מהמלאך אמר להם ויפנו‬
‫דרך ארצם בדרך אחרת‪.‬‬
‫פרק רביעי‬
‫‪13‬המה הולכים והנה מלאך ה׳׳ נראה אל יוסף קום וקח את‬
‫הנער ואת אמו וברח למצרים ושם תעמוד עד אמרי אליך כי‬
‫הורודוס יבקש את הנער להרוג‪.‬‬
‫‪14‬ויקח את הנער ואת אמו‪.‬‬
‫‪15‬ויהי שם עד מת הורוד׳׳וס לגמור מה שנאמר על פי הנביא‬
‫וממצרים קראתי לבני‪.‬‬
‫פרק חמישי‬
‫‪16‬אז ראה הורודוס שראו אותו הקוסמים וירע אליו מאד‬
‫ויתעצב אל לבו ויצו וישלח לכל שריו להרוג לכל הילדים אשר‬
‫בבית לחם וגבוליה הנולדים מזמן אשר אמרו לו הקוסמים שנולד‬
‫הנער‪.‬‬
‫‪17‬אז נשלם הדבר מה שאמר ירמיה הנביא‪.‬‬
‫‪18‬קול ברמה נשמע נהי בכי תמרורים רחל מבכה על בניה וכו‪.‬‬
‫‪19‬ויהי כאשר מת הורוד׳׳וס המלך ומלאך ה׳׳ נראה בחלום אל‬
‫יוסף במצרים‪.‬‬
‫‪20‬לאמר קום קח את הנער ואת אמו ולך אל א׳׳י כי מתו‬
‫המבקשים את הנער להמית‪.‬‬
‫‪21‬ויקם ויקח את הנער ואת אמו וישובו אל א׳׳י‪.‬‬
‫‪22‬וישמע כי הורקנוס שמו ארגי׳׳לאס מלך ביהודה תחת‬
‫הורודוס אביו‪ .‬וירא ללכת שם ויזרזהו המלאך בחלום ויפן אל ארץ‬
‫הגלגל‪.‬‬
‫‪23‬ויבא וישכון בעיר הנקראת נאזרית לקיים מה שאמר הנביא‬
‫נאזרית יקרא‪.‬‬
‫פרק ששי ‪3‬‬
‫‪1‬בימים ההם בא יוחנן המטביל דורש במדבר יהודה‪.‬‬
‫‪2‬ואמר חזרו בתשובה שמלכות שמים קרובה לבא‪.‬‬
‫‪3‬לקיים מה שנאמר ע׳׳י ישעיהו הנביא קול קורא במדבר פנו‬
‫דרך ה׳׳ ישרו בערבה מסילה לאלקינו‪.‬‬
‫‪4‬והנה יוחנן היה לבוש מצמר הגמלים ועור שחור אזור במתניו‬
‫ומזונו הארבה ודבש היערים‪.‬‬
‫‪5‬אז יצאו אליו מירושלם ומכל יהודה ומכל המלכות סביבות‬
‫הירדן‬
‫‪6‬ואז מתודים חטאתם וטובלים בירדן על מאמרו‪.‬‬
‫פרק שביעי‬
‫‪7‬וירא כי רבים מהפרושים בלעז פאריזיאי ומן הפרושים באו‬
‫לטבילתו ויאמר להם לברוח מן הקצף לעתיד לבא מהאל‪.‬‬
‫‪8‬עשו פרי תשובה השלמה‪.‬‬
‫‪9‬ואל תאמרו בלבבכם אבינו אברהם‪ .‬אמן אני אומר לכם שיוכל‬
‫אלקים להקים את בנו אברהם מן האבנים האלה‪.‬‬
‫‪)10‬וכבר הגיע הגרזן לשרש העץ אשר לא יעשה פרי טוב יכרת‬
‫ובאש ישרף‪ .‬וישאלו לו החבורות א׳׳כ מה נעשה‪ .‬ויען להם יוחנן‬
‫מי שיש לו שתי כתנות יתן הא׳ למי שאין לו‪ .‬ויבאו העם להטביל‪(.‬‬
‫וישאלוהו רבים מה נעשה ויען להם תצטערו לשום איש ולא‬
‫תענשום ותשמחו בחלקיכם‪ .‬וכל העם היו חושבים ומדמים בלבם‬
‫נמול יוחנן הוא יש׳׳ו‪.‬‬
‫‪11‬ויוחנן ענה לכולם באמת הנני מטביל אתכם בימי תשובה‬
‫ואחר יבא חזק ממני שאיני ראוי להתיר שרוך נעלו‪ .‬והוא יטביל‬
‫אתכם באש רוח הקדוש‪.‬‬
‫‪12‬אשר בידו מזרה לזרות את גרנו ויאסוף הדגן לאוצרו והתבן‬
‫ע׳׳כ‪.‬‬
‫פרק שמיני‬
‫‪13‬אז בא יש׳׳ו מהגליל את הירדן להטביל מיוחנן‪.‬‬
‫‪14‬ויוחנן היה מספק להטבילו ויאמר אני ראוי להטביל מידך‬
‫ואתה בא אלי‪.‬‬
‫‪15‬ויען יש׳׳ו ויאמר לו הנח שכן אנו חייבים להשלים כל צדקה‬
‫ואז הטבילוהו‪.‬‬
‫‪16‬ומיד שעלה מן המים נפתחו לו השמים וירא רוח אלקים‬
‫יורדת כיונה ושרתה עליו‪.‬‬
‫‪17‬והנה קול מן השמים אומר זה בני אהובי מאד מאד נאהב‬
‫וחפצי בו‪.‬‬
‫פרק תשיעי ‪4‬‬
‫‪1‬אז לוקח יש׳׳ו ברוח הקדוש למדבר להתנסות מהשטן‪.‬‬
‫‪2‬ויצום מ׳׳ יום וארבעים לילה ואח׳׳ב נרעב‪.‬‬
‫‪3‬מקרב המנסה ואמר לו אם בן אלקים אתה אמור שהאבנים‬
‫האלה ישובו לחם‪.‬‬
‫‪4‬ויען יש׳׳ו ויאמר לו כתוב כי לא על הלחם לבדו וגו׳׳‪.‬‬
‫‪5‬אז לקח אותו השטן בעיר הקדוש ויעמידהו על מקום היותר‬
‫גבוה שבכל המקדש‬
‫‪6‬ואמר אליו אם אלקים אתה דלג למטה וכ׳ כי מלאכיו יצוה לך‬
‫לשמרך בכל דרכיך וגו‪.‬‬
‫‪7‬ויען אליו יש׳׳ו שנית לא תנסה את ה׳׳ אלקיך‪.‬‬
‫‪8‬וישא אותו השטן בהר גבוה מאד ויראהו כל ממלכות הארץ‬
‫וכבודם‬
‫‪9‬ויאמר לו כל אלה אתן לך אם תפרע אלי‪.‬‬
‫‪10‬אז ענה לו יש׳׳ו לך השטן בלעז שאטאנאס שכן כתיב את ה׳׳‬
‫אתפלל ואותו לבדו תעבוד‪.‬‬
‫‪11‬אז עזב אותו השטן והנה מלאכים קרבו אליו וישרפוהו‪.‬‬
‫פרק עשירי‬
‫‪12‬ויהי בימים ההם וישמע יש׳׳ו כי נמסר יוחנן במאסר וילך אל‬
‫הגלגל‪.‬‬
‫‪13‬ויעבור את נאזראל וישכון בכפר נחום ראיתה לעז מאריטמה‬
‫הקצה ארץ זבולון‬
‫‪14‬לקיים מה שאמר ישעיהו הנביא‬
‫‪15‬ארצה זבולון וארצה נפתלי דרך הים עבר את הירדן גליל‬
‫הגוים‪.‬‬
‫‪16‬העם ההולכים בחושך ראו אור גדול יושבי בארץ צלמות אור‬
‫נגה עליהם‪.‬‬
‫פרק י׳׳א‬
‫‪17‬מכאן ואילך התחיל יש׳׳ו לדרוש ולדבר חזרו בתשובה‬
‫שמלכות שמים קרובה‪.‬‬
‫‪18‬וילך יש׳׳ו על שפת הים הגליל וירא שני אחים שמעון שיקרא‬
‫סימ׳׳ון ונקרא פייט׳׳רוס ואנדיר׳׳יאה אחיו משליכים מכמרותיהם‬
‫בים שהיו דייגים‪.‬‬
‫‪19‬ויאמר להם לכו אחרי ואעשה אתכם מדייגים אנשים‪.‬‬
‫‪20‬ויעזבו מכמרותיהם באותה שעה וילכו אחריו‪.‬‬
‫‪21‬ויט משם וירא שני אחים אחרים יעקב ויוחנן אחים בני‬
‫זבדיאל בלעז זבאד׳׳או וזאב׳׳אדה ואביהם באניה מכינים‬
‫מכמרותיהם ויקרא אותם‪.‬‬
‫‪22‬וימהרו ויניחו מכמרותיהם ואת אביהם וילכו אחריו‪.‬‬
‫פרק י׳׳ב‬
‫‪23‬ויסב יש׳׳ו אל ארץ הגליל ללמד קהלותם ומבשר להם זבד‬
‫טוב לעז מאוונג׳׳יילייו ממלכות שמים ומרפא כל חולים וכל מדוה‬
‫בעם‪.‬‬
‫‪24‬וילך שמועתו בכל ארץ סור׳׳יא וישאו אליו כל החולים מכל‬
‫מיני חלאים משונים אחוזים השדים והנבעתים מרוח רעה‬
‫והמתרעשים וירפא אותם‪.‬‬
‫‪25‬וילכו אחריו רבות מקפ׳׳ולי והג׳׳ליל מירו׳׳שלם ויוד׳׳א ועבר‬
‫היר׳׳דן‪.‬‬
‫פרק י׳׳ג ‪5‬‬
‫‪1‬ויהי אחרי זה בעת ההיא וירא החבורות ויעל ההר וישב‪.‬‬
‫ויקריבו לו תלמידיו‬
‫‪2‬ויפתח פיו וידבר אליהם לאמר‪.‬‬
‫‪)3‬אשרי שפלי רוח שלהם מלכות שמים‪(.‬‬
‫‪4‬אשרי החוכים שינוחמו‪.‬‬
‫‪)5‬אשרי הענוים שהם ירשו ארץ‪(.‬‬
‫‪6‬‬
‫‪7‬‬

‫‪8‬אשרי זכי הלב והמה יראו אלקים‪.‬‬


‫‪9‬אשרי רודפי שלום שבני אלקים יקראו‪.‬‬
‫‪10‬אשרי הנרדפים לצדק שלהם מלכות שמים‪.‬‬
‫‪11‬אשריכם כאשר ירדפו ויגדפו אתכם ויאמרו אליכם כל רע‬
‫בעדי ויכזבו‪.‬‬
‫‪12‬שישו ושמחו ששכרכם רב מאד בשמים שכן רדפו הנביאים‬
‫פרק י׳׳ד‬
‫‪13‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו מלח אתם בעולם אם המלח‬
‫יבטל טעמו במה יומלח ואינו שוה כלום אלא שיושלך בחוץ להיות‬
‫מרמס רגלים‪.‬‬
‫‪14‬מאור אתם בעולם‪ .‬עיר בנויה על ההר לא תוכל להסתר‪.‬‬
‫‪15‬לא ידליקו נר להשים אותו במקום נסתר שלא תאיר רק‬
‫משימים אותו על המנורה להאיר לכל בני הבית‪.‬‬
‫‪16‬כן יאיר מאורכם לפני כל אדם להראותם מעשיכם הטובים‬
‫המשובחות ומכבדות לאביכם שבשמים‪.‬‬
‫‪17‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו אל תחשבו שבאתי להפר‬
‫תורה אלא להשלים‪.‬‬
‫‪18‬באמת אני אומר לכם כי עד שמים וארץ יוד אחת ונקודה‬
‫אחת לא תבטל מהתורה או מהנביאים שהכל יתקיים‪.‬‬
‫‪19‬ואשר יעבור מאמר א׳׳ מהמצוות אלו אשר אלמד אחרים בן‬
‫הבל יקרא‬
‫מלכות שמים והמקיים והמלמד גדול יקרא במלכות שמים‪.‬‬
‫פרק ט׳׳ו‬
‫‪20‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו באמת אני אומר לכם אם לא‬
‫תגדל צדקתכם יותר מהפרושים והחכמים לא תבואו במלכות‬
‫שמים‪.‬‬
‫‪21‬הלא שמעתם מה שנאמר לקדמונים לא תרצח ואשר ירצח‬
‫חייב הוא משפט מות‪.‬‬
‫‪22‬ואני אומר לכם שהמכעיס לחבירו חייב הוא למשפט ואשר‬
‫יקרא לאחיו פחות יחייב במשפט בהקהל ואשר יקראוהו שוטה‬
‫חייב לאש גהינם‪.‬‬
‫‪23‬ואם תקריב קרבנך למזבח ותזכיר שהיה לך עם חברך דין‬
‫והוא מתרעם ממך מאיזה דבר‬
‫‪24‬הנה קרבניך שם לפני המזבח ולך לרצותו קודם ואחר כך‬
‫הקרב קרבניך‪.‬‬
‫פרק ט׳׳ז‬
‫‪25‬אז אמר יש׳׳ו לתלמידיו ראה שתמהר לרצות שונאך בלכתך‬
‫עמו בדרך פן ימסור אותך לשופט וזה השופט ימסורך לעבד לתת‬
‫אותך לבית הסוהר‪.‬‬
‫‪26‬באמת אומר לך לא תצא משם עד תנתן פרוטה אחרונה‪.‬‬
‫פרק יז‬
‫‪27‬עוד אמר להם שמעתם מה שנאמר לקדמונים לא תנאף‪.‬‬
‫‪28‬ואני אומר לכם שכל הרואה אשה ויחמוד אותה כבר נאף‬
‫עמה בלבה‪.‬‬
‫‪29‬ואם יסיתך עיניך הימין נקר אותה ותשליכה ממך‪.‬‬
‫‪30‬וכן אם יסיתך ידך חתוך אותה‪ .‬טוב לך שתפסיד אחר‬
‫מאבריך מכל גופך בגהינם‪.‬‬
‫פרק י׳׳ח‬
‫‪31‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו שמעתם מה שנאמר לקדמונים שכל‬
‫העוזב אשתו ושלח לתת לה גט כריתות ובלעז ליבי׳׳ל ריפודייו‪.‬‬
‫‪32‬ואני אומר לכם שכל העוזב אשתו יש לו לתת לה גט כריתות‬
‫כי אם על דבר נאוף הוא הנואף והלוקח אותה ינאף‪.‬‬
‫פרק י׳׳ט‬
‫‪33‬עוד שמעתם מה שנאמר לקדמונים לא תשבעו בשמי לשקר‬
‫ותשיב לה׳׳ שבועתך‪.‬‬
‫‪34‬ואני אומר לכם לבלתי השבע בשום עניין לשוא לא בשמים‬
‫שכסא אלקים היא‪.‬‬
‫‪35‬ולא בארץ שהדום רגליו הוא לא בשמים שעיר אלקים היא‪.‬‬
‫‪36‬ולא בראשך שלא תוכל לעשות שער א׳׳ לבן או שחור‪.‬‬
‫‪37‬אבל יהיו דבריכם הן הן וגם לא לא‪ .‬כל הנוסף על זה הוא רע‪.‬‬
‫‪38‬ועוד שמעתם מה שנאמר בתורה עין תחת עין שן תחת שן‪.‬‬
‫‪39‬ואני אומר לכם לבלתי שלם רע תחת רע אבל המכה בלחיך‬
‫הימין הכן לו השמאל‪.‬‬
‫‪40‬ואשר ירצה לחלוק עמך במשפט ולגזול כתניך עזוב אליו‬
‫מעילך‪.‬‬
‫‪41‬ואשר ישאל אותך לילך עמו אלף פסיעות לך עמו אלפיים‪.‬‬
‫‪42‬השואל ממך תן לו והרוצה ללות ממך אל תמנע‪.‬‬
‫פרק כ׳׳‬
‫‪43‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו שמעתם מה שנאמר לקדמונים‬
‫ואהבת לאוהבך ותשנא לשונאך‪.‬‬
‫‪44‬ואני אומר לכם אהבו אויביכם ועשו טובה לשונאכם‬
‫ומכעיסכם והתפללו בשביל רודפיכם ולוחציכם‬
‫‪45‬למען תהיו בני אביכם שבשמים שמזריח שמשו על טובים‬
‫ורעים וממטיר על רשעים וצדיקים‪.‬‬
‫‪46‬אם תאהבו אוהביכם איזה שכר לכם? הלא עזי פנים אוהבים‬
‫אוהביהם?‬
‫‪47‬‬
‫‪48‬היו אתם תמיהים כאשר תם אביכם‪.‬‬
‫‪1‬השמרו פן תעשו צדקתכם לפני האדם להלל אתכם ואם‬
‫תעשו לא יהיה לכם שכר מאת אביכם שבשמים‪.‬‬
‫פרק כ׳׳א ‪6‬‬
‫‪2‬עוד אמר נהם יש׳׳ו כאשר תעשו צדקה לא תרצו להעביר כרוז‬
‫וחצוצרות לפניכם כמו החנפים בלעז איפוקראטיס שעושים‬
‫צדקתם ברחובות ובשווקים בעד שיראו אותם בני אדם‪ .‬אמן אני‬
‫אומר לכם שכבר קבלו שכרם‪.‬‬
‫‪3‬ואתם כאשר תעשה צדקה אל ידע שמאלך מה יעשה ימינך‬
‫‪4‬להיות מתנך בסתר ואביך הרואה הנסתרות ישלם לך‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ב‬
‫‪5‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו השעה שתתפללו אל תרימו‬
‫קול ואל תהיו כחנפים העצבים האוהבים להתפלל בבתי כנסיות‬
‫ובמקצוע חצרות ומתפללים בגבוהות שישמעו וישבחו בני אדם‪.‬‬
‫אמן אני אומר לכם שכבר קבלו שכרם‪.‬‬
‫‪6‬ואתה בהתפללך בא למשכבך וסגור דלתיך בעדך והתפלל‬
‫לאביך בסתר ואביך הרואה בסתר ישלם לך‪.‬‬
‫‪7‬ואתם כאשר תתפללו אל תרבו דברים כמו שהמינים חושבים‬
‫שברוב דברים ישמעום‪.‬‬
‫‪8‬ואתם אל תראו שאביכם שבשמים יודע דבריכם קודם‬
‫שתשאלו ממנו?‬
‫‪9‬וכן תתפללו אבינו יתקדש שמך‬
‫‪10‬ויתברך מלכותך רצונך יהיה עשוי בשמים ובארץ‪.‬‬
‫‪11‬ותתן לחמנו תמידית‪.‬‬
‫‪12‬ומחול לנו חטאתינו כאשר אנחנו מוחלים לחוטאים לנו‬
‫‪13‬ואל תביאנו לידי נסיון ושמרינו מכל רע אמן‪.‬‬
‫‪14‬אם תמחול לבני אדם עונותיהם ימחול אביכם שבשמים‬
‫עונותיכם‪.‬‬
‫‪15‬ואם לא תמחלו להם לא ימחול לכם עונותיכם לכם‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ג‬
‫‪16‬עוד אמר להם וכאשר תצומו אל תהיו כחנפים העצבים‬
‫שמראים עצמם עצבים ומשנים פניהם להראות צמותם לבני אדם‬
‫אמן אני אומר לכם שכבר קבלו שכרם‪.‬‬
‫‪17‬ואתם בצומכם רחצו ראשיכם‬
‫‪18‬שלא תראו מתענים לבני אדם אלא אביך שהוא בסתר ואביך‬
‫שהוא בסתר ישלם לך‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ד‬
‫‪19‬עוד אמר להם אל תרבו לצבור אוצרות בארץ כדי שיאכלנו‬
‫רקב ותולעה או יחפרו הגנבים ויגנבום‪.‬‬
‫‪20‬עשו לכם אוצרות בשמים במקום שרימה ותולעה לא יאכלם‬
‫ובמקום שהגנבים לא יחפרו ןיגנבו‪.‬‬
‫‪21‬באותו מקום שיהיה אוצרך שם‪.‬‬
‫‪22‬וניר גופך עיעיך אם עיניך לנוכח יביטו בל גופך יחשוך‪.‬‬
‫‪23‬ואם האור שבך מחשיך כל דרכיך יהיו חשוכים‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ה‬
‫‪24‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו לא יוכל איש לעבוד לשני‬
‫אדונים כי אם האחד ישנא והא׳׳ יאהב או לאחד יכבד ולאחד יבזה‬
‫לא תוכלו לעבוד האל והעולם‪.‬‬
‫‪25‬לכן אני אומר לכם שלא תדאגו למאכל לנפשותיכם ולא‬
‫במלבוש לגופכם שהנפש יקרה מהמזון והגוף מהמלבוש‪.‬‬
‫‪26‬הסתכלו בעוף השמים אשר לא יזרועו ולא יקצורו ולא יאספו‬
‫אוצרות ואביכם העליון מכלכל אתכם הלא אתם יקרים מהם?‬
‫‪27‬מי בכם מהדואגים שיוכל להוסיף בקומתו אמה אחת?‬
‫‪28‬א׳׳כ על מה תדאגו בלבוש ראו חבצלת השרון לעז גיל׳׳יון‬
‫החומש‪.‬‬
‫‪29‬ואני אומר לכם שהמלך שלמה בכל כבודו לא היה מלובש‬
‫כמוהו‪.‬‬
‫‪30‬ואם תבן הנשאר בקמות לעז פי׳׳נן אשר היום לחה ומחר‬
‫יבשה ומשימים אותה בתנור האל מלביש אותה כ׳׳ש אנחנו‬
‫מקטני אמנה‪.‬‬
‫‪31‬וא׳׳כ שהאל יחשוב מכם אל תדאגו לומר מה נאכל ומה‬
‫נשתה‬
‫‪32‬שכל אלה הגופים מבקשים‪ .‬ויודע אביכם שכל אלה אתם‬
‫צריכים‪.‬‬
‫‪33‬בקשו קודם מלכות אלקים וצדקתו וכל אלה הדברים ינתנו‬
‫לכם‪.‬‬
‫‪34‬אל תדאגו ליום מחר שיום מחר ידאגו ממנו די לו ליום‬
‫בצרתו‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ו ‪7‬‬
‫‪1‬אל תדינו פן תדונו‬
‫‪2‬באיזה דין תדונו ובאיזה מדה תמודו ימודד לכם‪.‬‬
‫‪3‬ולמה תראו קש בעין זולתך ולא תראה קורה שבעיניך?‬
‫‪4‬ואיך תאמר לזולתך כתר לי זעיר ואוציא קש מעיניך הנה‬
‫הקרה בעיניך‪.‬‬
‫‪5‬החנף תוציא קודם הקורה מעיניך ואח׳׳כ תוציא הקש מעין‬
‫זולתך‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ז‬
‫‪6‬עוד אמר להם אל תתנו בשר קדש לכלבים ואל תשימו פניכם‬
‫לפני חזיר פן יכרסמנו אותה לעיניכם ויחזרו אותה לקרוע אתכם‪.‬‬
‫‪7‬שאלו מהאל וינתן לכם בקשו ותמצאו דפקו ויפתחו לכם‪.‬‬
‫‪8‬כל השואל יקבל ולאשר יבקש ימצא ולקורא יפתח‪.‬‬
‫‪9‬מי בכם שיבקש בנו ממנו לפרוס לחם ויתן לו אבן?‬
‫‪10‬או אם יבקש דג ויתן נחש?‬
‫‪11‬ואם אתם עם היותכם רעים תבואו לתת מתנות טובות‬
‫לפניכם כ׳׳ש אביכם שבשמים שיתן רוחו הטוב למבקשיו‪.‬‬
‫‪12‬וכל מה שתרצו שיעשו לכם בני אדם עשו להם זאת התורה‬
‫ודברי הנביאים‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ח‬
‫‪13‬בזמן ההוא אמר יש׳׳ו לתלמידיו באו בשער הצר ששער‬
‫האבדון רחב ומצולה ורבים הולכים בה‪.‬‬
‫‪14‬כמה השער צר וכבד הדרך המשייר לחיים ומעטים המוצאים‬
‫אותה‪.‬‬
‫פרק כ׳׳ט‬
‫‪15‬עוד אמר להם הזהרו מנביאי השקר הבאים לכם במלבושי‬
‫צמר דומים לצאן שמתוכם זאבים טורפים‪.‬‬
‫‪16‬ובמעשיהם תכירום הילקוט אדם מן הקוצים ענבים ומן‬
‫הברקונים תאנים?‬
‫‪17‬שכל עץ טוב יעשה פרי טוב וכל עץ רע יעשה פרי רע‪.‬‬
‫‪18‬ועץ הטוב לא יוכל לעשות פרי רע ועץ רע לא יוכל לעשות‬
‫פרי טוב‪.‬‬
‫‪19‬וכל עץ אשר לא יעשה פרי טוב כאשר ישרף‪.‬‬
‫‪20‬לכן כפריים ר׳׳ל במעשיהם תכירום‪.‬‬
‫‪21‬שכל האומר אלי אדוני לא יבא במלכות שמים אבל העושה‬
‫רצון )תורת( אבי שבשמים יכנס במלכות שמים‪.‬‬
‫‪22‬רבים אומרים אלי ביום ההוא אדוני אדוני הלא בשמך נבאנו‬
‫ובשמך שדים הוצאתנו ואותות רבות על שמך עשינו?‬
‫‪23‬ואז אמר להם מעולם לא ידעתי אתכם סורו ממני כל פועלי‬
‫און‪.‬‬
‫פרק שלושים‬
‫‪24‬עוד אמר להם כל השומע דברים אלו ועושה אותם דומה‬
‫לאיש חכם שבנה בית בסלע‪.‬‬
‫‪25‬וירד הגשם עליו והרוחות מקישות אותו ולא יפול לפי שיסודו‬
‫אבן‪.‬‬
‫‪26‬וכל השומע אלה הדברים ולא יעשם דומה לאיש שוטה אשר‬
‫בנה ביתו על החול‪.‬‬
‫‪27‬וירדו גשמים ויבואו זרמים ויפילוהו נופל מפלה גדולה‪.‬‬
‫‪28‬ובעוד שיש׳׳ו היה מדבר דברים אלו כל העם היו תמהים‬
‫מרוב טוב הנהגתו‬
‫‪29‬לפי שהיה דורש להם בכח גדול שלא כשאר החכמים‪.‬‬
‫פרק ל׳׳א ‪8‬‬
‫‪1‬ויהי כאשר ירד יש׳׳ו מן ההר וחבורות אחריו‪.‬‬
‫‪2‬והנה מצורע אחד בא וישתחוה לו לאמר אדו׳ אם תוכל‬
‫לרפאת אלי‪.‬‬
‫‪3‬ויט יש׳׳ו את ידו ויגע בו לאמר רוצה אני שתטהר ובאותה‬
‫שעה נטהר המצורע מצרעתו‪.‬‬
‫‪4‬ויאמר אליו יש׳׳ו השמר לך פן תגיד לאדם ולך לכהן להקריב‬
‫קרבניך כאשר צוה משה בתורתכם‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ב‬
‫‪5‬ויהי כבואו בכפר נחום המרתה ויבא אליו שר המאות ויתחנן‬
‫לו‬
‫‪6‬לאמר אדוני בני שוכב בביתי מחולי הכווץ בלעז פירא׳׳לשיזה‬
‫ומתחלחל מהמחלה‪.‬‬
‫‪7‬ויאמר אלי יש׳׳ו אני אלך וארפאהו‪.‬‬
‫‪8‬ויען שר המאות ויאמר לו אדו׳ אינך ראוי שתבא תחת גגי אלא‬
‫שתגזור אומר וירפא‪.‬‬
‫‪9‬ואני אדם חוטא ויש לי ממשלת תחת ידי פירושים ופרשים‬
‫ורוכבים ואומר אני לא׳׳ מהם לך וילך בא ויבא ולעבדי עשו זה‬
‫ויעשו‪.‬‬
‫‪10‬וישמע יש׳׳ו ויתמה ולבאים אחריו אמר אמן אני אומר לכם‬
‫לא מצאתי אמונה גדולה בישראל‪.‬‬
‫‪11‬כי האומר אני לכם שיבואו רבים ממזרח וממערב וינוחו עם‬
‫אברהם ועם יצחק ועם יעקב במלכות שמים‬
‫‪12‬ובני המלכות יש לנו במחשכי גהינם ושם יהיה בכי ותחזק‬
‫שנים‪.‬‬
‫‪13‬ויאמר יש׳׳ו לשר המאות לך וכאשר האמנת יעשה לך‪ .‬ונרפא‬
‫הנער בעת ההיא‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ג‬
‫‪14‬בעת ההיא בא יש׳׳ו לבית פיטיירוס והנה חותנתו שוכבת‬
‫מקדחת‪.‬‬
‫‪15‬ויגע לידה ויעזבה הקדחה‪ .‬ותקם ותשרתהו‪.‬‬
‫‪16‬ויהי לעת הערב ויבאו אליו אחוזי השדים וירפאום במאמרו‬
‫לבד וכל החולי ריפא‬
‫‪17‬לגמור מה שנאמר ע׳׳י ישעיה הנביא ז׳׳ל אכן חליינו הוא נשא‬
‫ומכאובינו הוא סבלם‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ד‬
‫‪18‬ויהי אחרי זאת וירא יש׳׳ו חבורות רבות סביבותיו ויצוה ללכת‬
‫עבר הים‪.‬‬
‫‪19‬ויקרב חכם א׳׳ ויאמר לו אדו׳ אלך אחריך בכל מקום שתלך‪.‬‬
‫‪20‬ויען אליו יש׳׳ו לשועלים חורים ולעוף קנים ולבן אדם בן‬
‫הבתולה אין מקום להכניס ראשו‪.‬‬
‫‪21‬וא׳ מתלמדיו אמר לו עזוב אותי שאלך ואקבור את אבי‪.‬‬
‫‪22‬ויאמר לו יש׳׳ו בא אחרי ועזוב המתים לקבור מתיהם‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ה‬
‫‪23‬ויהי כאשר באו יש׳׳ו באניה ויבואו תלמידיו אחריו‪.‬‬
‫‪24‬ויהי סער גדול בים והגלים הולכים מאד והאניה חשבה‬
‫להשבר‪.‬‬
‫‪25‬ויקרבו אליו תלמידיו ויבקשו ממנו לאמר אדונינו הושיענו פן‬
‫נאבד‪.‬‬
‫‪26‬ויאמר אליהם למה תתראו מקטני אמנה‪ .‬ויקם ויצו לים‬
‫ולרוחות שינוחו ומיד נחו‪.‬‬
‫‪27‬והאנשים אשר שם שראו תמהו ויאמרו מי הוא זה שהרוחות‬
‫והים עושה רצונו‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ו‬
‫‪28‬ויהי כאשר עבר הים ויעבור עבר הים במלכות גארגיזאני‬
‫נקראים בלעז גייניטר׳׳ארוס ויפגעו בו שנים אחוזי שדים יוצאים‬
‫מהקברים משתגעים עד שלא יוכל איש לעבור בדרך ההיא‪.‬‬
‫‪29‬ויצעקו אליו לאמר מה לך עמנו יש׳׳ו בן אלקים באת קודם‬
‫הזמן לצערנו וגם להשמידנו? ויש׳׳ו אמר להם צאו משם מחנות‬
‫רעות‪.‬‬
‫‪30‬ושם קרוב מהם עדרי חזירים רבים רועים‪.‬‬
‫‪31‬ויפגעו בו השדים יען יש לנו לצאת מכאן תן לנו רשות לבא‬
‫באלו החזירים‪.‬‬
‫‪32‬ויאמר להם לכו‪ .‬ויצאו השדים מהאנשים ויבאו בחזירים וילכו‬
‫כל העדר בבהלה ונשמטו בים ומתו במים‪.‬‬
‫‪33‬ויפחדו הרועים ויברחו ויגידו בעיר הכל‪ .‬ותהום כל העיר‪.‬‬
‫‪34‬ויצאו לקראת יש׳׳ו‪ .‬ויראו אותם ויחלו פניו לבלתי עבור‬
‫בגבולם‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ז ‪9‬‬
‫‪1‬ואז יש׳׳ו בא באניה וישוטו וישובו לעירו‪.‬‬
‫‪2‬ויקרבו לפניו חולה א׳׳ מכווץ בלעז פארא׳׳לטיקו וישכב על‬
‫מטתו וירא יש׳׳ו אמונתם ויאמר לחולה תתחזק בני‪ .‬באמונת האל‬
‫כי נמחלו עונותיך‪.‬‬
‫‪3‬וקצת החכמים אומרים בלבם זהו מגדף‪.‬‬
‫‪4‬וירא יש׳׳ו מחשבותם ויאמר אליהם למה תחשבו רעה‬
‫בלבבכם‪.‬‬
‫‪5‬זהו קל לאמר נמחל עוניך או קום לך?‬
‫‪6‬רק להודיעכם שבן אדם יכול למחול עונות בארץ אז אמר‬
‫לחולה קום וקח מיטתך ולך‪.‬‬
‫‪7‬ויקם וילך אל ביתו‪.‬‬
‫‪8‬ויראו החבורות ויראו מאד ויהללו לאל אשר נתן יכולת לבני‬
‫אדם לעשות כאלה‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ח‬
‫‪9‬ויהי כאשר עבר יש׳׳ו משם וירא איש אחד יושב על שלחן‬
‫החלוף מתתיה שמו בלעז מאט׳׳יאו ויאמר לו לך אחרי ויקם וילך‬
‫אחריו‪.‬‬
‫‪10‬ויוליכוהו לביתו לאכול‪ .‬ויהי בעת אכלו והנה פריצים רבים‬
‫ורשעים בשלחן והנה סועדים עם יש׳׳ו ותלמידיו ‪.‬‬
‫‪11‬ויראו הפרושים ויאמרו לתלמידיו למה רבכם יושב ואוכל עם‬
‫הפריצים והרשעים‪.‬‬
‫‪12‬וישמע יש׳׳ו ויאמר בבריאים אינם צריכים רפואה כי אם‬
‫החולה‪.‬‬
‫‪13‬לכו ולמדו הכתוב כי חסד חפצתי ולא זבח ולא באתי להשיב‬
‫הצדיקים כי אם הרשעים‪.‬‬
‫פרק ל׳׳ט‬
‫‪14‬אז קרבו אליו תלמידי יוחנן ויאמרו לו למה אנו והפרושים‬
‫מתענים הרבה פעמים ותלמידך אינם מתענים‪.‬‬
‫‪15‬ויען להם יש׳׳ו ויאמר לא יוכלו חבירי החתן לבכות ולהתענות‬
‫בהיותו עמהם‪ .‬יבואו ימים וילקח מהם החתן ויצומו‪.‬‬
‫‪16‬לא יאבד איש חתיכת מלבוש חדש במלבוש ישן לחוזק‬
‫החתיכה משוך מהמלבוש הבלויה ויקרע יותר‪.‬‬
‫‪17‬ולא ישימו יין חדש בכלים ישנים פן ישברו הכלים וישפוך היין‬
‫והכלים יאבדו‪ .‬רק חדש בכלי חדש ושניהם ישמרו‪.‬‬
‫פרק ארבעים‬
‫‪18‬ויהי בדברו אליהם ויקרב שר אחד וישתחוה לו לאמר אדו׳‬
‫בתי אתה עתה מתה‪ .‬בא נא ושים ידך עליה והחיה‪.‬‬
‫‪19‬ויקם יש׳׳ו וילך הוא ותלמידיו עמו‪.‬‬
‫‪20‬והנה אשה אחת שופעת דם שתים עשרה שנה בא אחריו‬
‫ותגע בציצית בגדו‪.‬‬
‫‪21‬ואומרת בלבבה אם אגע בלבושו לבד ארפא מיד‪.‬‬
‫‪22‬וישב פניו ויאמר אליה התחזקי בתי בש׳׳ית שאמונתך רפאך‪.‬‬
‫באותה שעה נרפאת‬
‫‪23‬ויהי בבואו בית השר וירא אנשים רבים בוכים‪.‬‬
‫‪24‬ויאמר אליהם צאו כולכם חוצה ואל תבכו שהנערה ישנה ולא‬
‫מתה‪ .‬ויהי כמצחק בעיניהם‪ .‬ואומרים הלא אנו רואים שהיא‬
‫מתה‪.‬‬
‫‪25‬ובהוציאם אותם החוצה בא אליה יש׳׳ו ויגע בידה ותקם‬
‫הנערה‪.‬‬
‫‪26‬ותצא שמועה זאת בכל הארץ ההיא‪.‬‬
‫פרק מ׳׳א‬
‫‪27‬ויעבור משם יש׳׳ו והנה שני עורים רצים אחריו וצועקים אליו‬
‫חנינו בן דוד‪.‬‬
‫‪28‬ויהי הבית ויקרבו אליו העורים‪ .‬ויאמר‬
‫‪29‬אמונתכם תרפא אתכם‪.‬‬
‫‪30‬ותפקחנה עיני שניהם מיד ויראו‪ .‬ויצום לאמר השמרו פן יודע‬
‫הדבר‪.‬‬
‫‪31‬והם יצאו ויגלוהו בכל הארץ ההיא‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ב‬
‫‪32‬ויצא משם יש׳׳ו ויביאו לפניו איש אלם והשד בתוכו‪.‬‬
‫‪33‬ויוציא את השד וידבר האלם‪ .‬ןיפלאו החבורות ויאמרו לא‬
‫נראה כזה בישראל‪.‬‬
‫‪34‬ויאמרו הפרושים באמת בשם השדים מוציא השדים‪.‬‬
‫‪35‬ויסב כל הערים והמגדלים מלמד בבתי כנסיות ומבשר‬
‫בשורות ומרפא כל חולי וכל מדוה‪.‬‬
‫‪36‬וירא יש׳׳ו החבורות ויחמול עליהם שהיו יגיעים ושוכבים‬
‫כצאן אשר אין להם רועה‪.‬‬
‫‪37‬אז אמר לתלמידיו הקמה מרובה והקוצרים מעטים‪.‬‬
‫‪38‬חלו נא פני בעל הקמה וישלח הקוצרים רבים לקצור קומתו‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ג ‪10‬‬
‫‪1‬אז קרא יש׳׳ו לי׳׳ב תלמידיו ויתן להם יכולת על כל רוח‬
‫טומאה להוציא מהאדם ולרפאת כל חולי וכל נגע‪.‬‬
‫‪2‬ואלה שמות י׳׳ב השלוחים נקראו אפוסט׳׳ולוס סימ׳׳ון נקרא‬
‫פייטר׳׳וס ואנדר׳׳יאה אחיו‬
‫‪3‬פיליפ׳׳וס ובורטולאמיאוס יעקב נקרא גאי׳׳מי ויוחנן אחיו בני‬
‫זבדיאל טומא׳׳ס ומתתיה הוא מאט׳׳יאו מלוה בריבית בפרסום‬
‫ויעקב אלופיאי וטריא׳׳וס‬
‫‪4‬שמעון כנעני לעז סימ׳׳ון קאנא׳׳נאיוס ויוד׳׳א אסקאר׳׳יוטה‬
‫אשר אחר זה מסרהו‪.‬‬
‫‪5‬אלה שנים עשר שלח יש׳׳ו ויצו אליהם לאמר בארצות הגוים‬
‫אל תלכו ובערי השמרונים אל תבואו‪.‬‬
‫‪6‬לכו לצאן אשר נדחו מבית ישראל‪.‬‬
‫‪7‬ובשרו להם שתתקיים מלכות שמים‪.‬‬
‫‪8‬רפאו החולים והחיו המתים והנה טהרתם המצורעים והוציאו‬
‫השדים מבני אדם‪ .‬ואל תקבלו שכר‪ .‬חנם קבלתם ובחנם תתנו‪.‬‬
‫‪9‬אל תצברו כסף וזהב ולא ממון בכיסכם‬
‫‪10‬ולא חליפות שמלות ולא מנעלים ולא מקל בידכם‪ .‬ראוי‬
‫הפועל לקבל די אכילתו‪.‬‬
‫‪11‬ובכל עיר ובכל מגדל אשר תבואו מי האיש הטוב שבתוכם‬
‫ושם תנוחו עד שתצאו‪.‬‬
‫‪12‬ובבואכם אל הבית תנו להם שלום לאמר שלום בזאת הבית‬
‫שלום לכל היושבים בתוכה‪.‬‬
‫‪13‬ואם תהיה הבית ההיא ראויה תבא שלומכם עליה ואם לא‬
‫תהיה ראויה תשוב שלומכם לכם‪.‬‬
‫‪14‬ואשר לא יקבל אתכם ואשר לא ישמע אליכם תצאו מן הבית‬
‫ההיא והעתקם רגליכם מן העפר‪.‬‬
‫‪15‬אמן אני דובר אליכם יותר טוב יהיה אל סרום ואל עמורה‬
‫ביום ההוא מן העיר ההיא‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ד‬
‫‪16‬הנני שולח אתכם כצאן בין הזאבים תהיו ערומים כנחשים‬
‫ועניים כיונים‪.‬‬
‫‪17‬הזהרו בבני אדם‪ .‬לא ימסרו אתכם בקהלותם ובבתי כנסיותם‬
‫‪18‬ולפחות ולמלכים‪ .‬תוכלון בעדי להעיד להם ולגוים‪.‬‬
‫‪19‬כאשר יתפשו אתכם אם תחשבו מה שתאמרו שבשעה‬
‫שתצטרכו יבא לכם מענה‪.‬‬
‫‪20‬אינכם המדברים כי אם רוח קדשו של אבי הוא הדובר בכם‪.‬‬
‫‪21‬ימסור האח את אחיו למות והאב לבנו ויקומו הבנים על‬
‫האבות ויובילו אותם עד למות‪.‬‬
‫‪22‬ותהיו ללעג וזעוה לכל העמים על שמי אכן מי שיסבול עד עת‬
‫קץ יושע‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ה‬
‫‪23‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו כאשר ירדפו אתכם בעיר הזאת‬
‫ברחו לאחרת אמן אני אומר לכם לא תשלימו לכם ערי ישראל עד‬
‫כי יבא בן אדם‪.‬‬
‫‪24‬אין תלמיד גדול מרבו ולא הערד גדול מאדוניו‪.‬‬
‫‪25‬די לתלמיד להיות כרבו ולעבד כאדוניו‪ .‬אם לבעל הבית יקראו‬
‫בעל זבוב כ׳׳ש לבני ביתו‪.‬‬
‫‪26‬אל תראו מהם שאין דבר שלא יראה ולא נעלם‪.‬‬
‫‪27‬אני אומר לכם בחשך אמרו אותו באור‪.‬‬
‫‪28‬ואל תפחדו מהורגי שאין בידם להרוג הנפשות רק פחדו‬
‫לאשר יכולת בידו לאבד הנפש והגוף בגהינם‪.‬‬
‫‪29‬הלא שני צפורים אבדו בפרוטה אחת ולא תפול אחת מהם‬
‫על הארץ כי אם ברצון אביכם שבשמים?‬
‫‪30‬הלא שערות ראשיכם כלם ספורים?‬
‫‪31‬אל תראו שטובים מצפורים אדם‪.‬‬
‫‪32‬המשבח אותי בפני אדם אשבחנו לפני אבי שבשמים‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ו‬
‫‪34‬באותה שעה אמר יש׳׳ו לתלמידיו אל תחשבו שבאתי לשים‬
‫בארץ אלא חרב‪.‬‬
‫‪35‬באתי להפריד האדם הבן מאביו והבת מאמה‪.‬‬
‫‪36‬והאויבים להיות אהובים‪.‬‬
‫‪37‬האוהב אביו ואמו יותר ממני איני ראוי לו‪.‬‬
‫‪38‬‬
‫‪39‬האוהב את נפשו יאבדיה האובד אותי בשבילי ימצאנה‪.‬‬
‫‪40‬המקבל אתכם יקבל אותי והמקבל אותי יקבל את אשר‬
‫שלחני‪.‬‬
‫‪41‬המקבל נביא לשם נביא שכר הנביא והמקבל צדיק לשם‬
‫צדיק יקבל שכר הצדיק‪.‬‬
‫‪42‬והנותן כלי א׳׳ של מים קרים לאחד מתלמידי הקטנים לשם‬
‫תלמידי אמן אני אומר לכם שלא יאבד שכרו‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ז ‪11‬‬
‫‪1‬ויהי בכלות יש׳׳ו לצוות לשנים עשר תלמידיו ויעבור משם‬
‫ויצום ללמד ולהוכיח בעריהם‪.‬‬
‫‪2‬וישמע יוחנן בהיותו תפוס מעשה יש׳׳ו וישלח שנים מתלמידיו‬
‫‪3‬לאמר לו האתה הוא מי שעתיד לבא או נקוה אחר‪.‬‬
‫‪4‬ויען להם יש׳׳ו לכו והגידו ליוחנן את אשר ראיתם ואשר‬
‫שמעתם‬
‫‪5‬העורים רואים ופסחים הולכים והמצורעים נטהרים והחרשים‬
‫שומעים והחיים מתים והענוים מתפשרים‪.‬‬
‫‪6‬ואשרי אשר לא יהיה נבוך בי‪.‬‬
‫‪7‬ויהי המה הולכים ויחל יש׳׳ו לדבר אל החבורות מיוחנן‪ .‬לראות‬
‫מה יצאתם במדבר קנה מושלכת ברוח?‬
‫‪8‬או מה יצאתם לראות? התחשבו שיוחנן אדם לבוש בעדים‬
‫רבים? הנה לובשי הבגדים רבים בבתי המלכים‪.‬‬
‫‪9‬א׳׳כ מה יצאתם לראות נביא? באמת אני אומר לכם שזה גדול‬
‫מנביא‪.‬‬
‫‪10‬זהו שנכתב בעדו הנני שולח מלאכי ופנה דרך לפני‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ח‬
‫‪11‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו באמת אני דובר לכם בכל ילדי‬
‫הנשים לא קם גדול מיוחנן המטביל‪.‬‬
‫‪12‬מימיו עד עתה מלכות שמים עשוקה קורעים אותה‪.‬‬
‫‪13‬שכל הנביאים והתורה דברו על יוחנן‪.‬‬
‫‪14‬ואם תרצו לקבלו הוא אליה העתיד לבא‪.‬‬
‫‪15‬למי אזנים לשמוע ישמע‪.‬‬
‫פרק מ׳׳ט‬
‫‪16‬עוד אמר יש׳׳ו זה הדור אדמהו לנערים היושבים בשוק‬
‫קוראים זה לזה‬
‫‪17‬ואומרים שדנו ולא דקדקתם ספרנו לכם ולא בכיתם‪.‬‬
‫‪18‬כי בא יוחנן ואינו אוכל ושותה ואומרים עליו שהוא אחוז‬
‫משדים‪.‬‬
‫‪19‬ובן האדם בא לאכול ולשתות ואומר עליו שהוא זולל וסובא‬
‫ואוהב לפריצים וחוטאים והסכלים שופטים לחכמים‪.‬‬
‫פרק חמישים‬
‫‪20‬אז התחיל יש׳׳ו הנערים שנעשו מאותותיו ולא חזרו בתשובה‪.‬‬
‫‪21‬אי לך בורוזואים ואי לך בית שידה שאם בצור וסדום לעז‬
‫טיראו דיטיר או סדומה נעשו האותות שנעשו בכם היו חוזרות‬
‫בתשובה בזמן ההוא בשק ואפר‪.‬‬
‫‪22‬אמן אני אומר לכם יותר קל יהיה לצור וסדום אכן‪.‬‬
‫‪23‬ואתה כפר נחום אם לשמים תעלה? משם תורד‪ .‬שאם‬
‫בסדום נעשו מאותות שנעשו בך אולי תשאר‪ .‬עד שאול תורד‪.‬‬
‫‪24‬אמן אני אומר לך שיותר קל יהיה לארץ סדום ליום הדין‬
‫ממך‪.‬‬
‫פרק נ׳׳א‬
‫‪25‬בעת ההיא נתרומם יש׳׳ו ואומר אני ישתבח אני בורא שמים‬
‫והארץ שהסתרת דברים אלה מהחכמים והנבונים וגלית אותם‬
‫לעניים‪.‬‬
‫‪26‬אמנם כי כן ישר לפניך אבי‪.‬‬
‫‪27‬הכל נתון לי מאת אבי‪ .‬ואין מכיר את הבן אלא האב בלבד‬
‫ולאב אין מכיר הבן ולאשר ירצה הבן לגלותו‪.‬‬
‫‪28‬בואו אליו כל היגעים ונושאי העמל ואני אעזור אתכם לשאת‬
‫עולכם‪.‬‬
‫‪29‬צאו עולי עולכם ולמדו ממני ותכירו כי עני אני וטוב ובר הלבב‬
‫ותמצאו מרגוע לנפשותיכם‬
‫‪30‬רק ומשאי קל‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ב ‪12‬‬
‫‪1‬בעת ההיא עבר יש׳׳ו בקמות ביום השבת ותלמידיו רעבים‬
‫התחילו לעקור השבולים ולפרוך אותם בין ידיהם ולאכול אותם‪.‬‬
‫‪2‬ויראו הפרושים ויאמרו אליו הנה תלמידך עושים דבר שאינו‬
‫נכון לעשות ביום השבת‪.‬‬
‫‪3‬ויען להם יש׳׳ו ולא קראתם מה שעשה דוד כשהיה רעב‬
‫ואנשיו‬
‫‪4‬בבית האלקים שאכלו מלחם הפנים בלעז פא׳׳ן סאג׳׳רה‬
‫שאינו נאכל אלא לכהנים בלבד‪.‬‬
‫‪5‬וגם בתורה לא קראתם שהכהנים בבית המקדש מחללים‬
‫לפעמים השבתות ואין להם חטא?‬
‫‪6‬אמן אני אומר לכם שמקדש גדול ממנו הוא‪.‬‬
‫‪7‬אילו ידעתם מהו חסד חפצתי ולא זבה לא הייתם מחייבים‬
‫התמימים‪.‬‬
‫‪8‬שבן אדם אדון השבת‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ג‬
‫‪9‬ויהי לקצת הימים ויעבור משם יש׳׳ו ויבא בבתי כנסיותם‪.‬‬
‫‪10‬ושם אדם וידו יבשה וישאלוהו לאמר אם מותר בשבת‬
‫לרפאתו‪.‬‬
‫‪11‬ויאמר להם מי בכם שיש לו צאן אחת ותפול בשוחה ביום‬
‫השבת ולא יקימנה‪.‬‬
‫‪12‬כ׳׳ש האדם שהוא טוב ממנה‪ .‬לפיכך מותר לעשות ויש לאדם‬
‫לעשות יותר טוב בשבת‪.‬‬
‫‪13‬אז אמר לאיש נטה ידך‪ .‬ויט ידו ותשב כמו האחרת‪.‬‬
‫‪14‬ואז נוסדו הפרושים וינכלו אליו להמיתו‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ד‬
‫‪15‬ויהי אחרי זאת וידע יש׳׳ו ויט משם וילכו אחריו חולים רבים‬
‫וירפא את כולם‪.‬‬
‫‪16‬ויצום לאמר לבל יגלוהו‬
‫‪17‬לקיים מה שנאמר ע׳׳י ישעה‬
‫‪18‬הן נערי אשר בחרתי בחירי רצתה נפשי אתן רוחי עליו‬
‫ומשפט לגוים יגיד‪.‬‬
‫‪19‬ולא ירהה ולא ירוץ ולא ישמע אחד בחוץ‪.‬‬
‫‪20‬קנה רצוץ לא ישבור ופשתה כהה לא יכבנה עד ישים לנצח‬
‫משפט‬
‫‪21‬ולשמו גוים ייחלו‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ה‬
‫‪22‬אז הובא לפניו אדם אחד עור ואלם והשד בתוכו וירפא אותו‪.‬‬
‫וראו‬
‫‪23‬ונפלאו החבורות ויאמרו הלא זה בן דוד‪.‬‬
‫‪24‬וישכימו הפירושים וישמעו ויאמרו זה אינו מוציא השדים‬
‫אלא בבעל זבוב בעל השדים‪.‬‬
‫‪25‬וידע מחשבותם יש׳׳ו ויאמר אליהם במשל כל מלכות‬
‫שביניכם מחלוקת תשומם וכן כל עיר ובית שתפול מחלוקת‬
‫בתוכם לא יתקיים‪.‬‬
‫‪26‬ואת השטן מוציא שטן אחר מחלוקת ביניכם איך תעמוד‬
‫מלכותו?‬
‫‪27‬ואם אני מוציא השדים בבעל זבוב בנים שלכם למה לא‬
‫הוציאם ולזה יהיו הם שופטיכם‪.‬‬
‫‪28‬ואם אני מוציא השדים ברוח אלקים באמת בא קץ מלכות‪.‬‬
‫‪29‬ואיך יוכל איש לבא בבית גבור לקחת את כליו אם לא יקשור‬
‫אותו תחילה? ואח׳׳כ ישלול בביתו‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ו‬
‫‪30‬מי שאינו עמדי לנגדי‪ .‬הוא מה שלא יתחבר עמי יכפור‬
‫בפועל‪.‬‬
‫‪31‬כן אני אומר לכם שכל חטא וגדוף ימחל לבני אדם וגדוף‬
‫הרוח לא ימחל‪.‬‬
‫‪32‬וכל האומר דבר נגד בן האדם ימחל לו‪ .‬וכל האומר דבר נגד‬
‫רוח הקדוש לא ימחל לו לא בעה׳׳ז ולא בעה׳׳ב‪.‬‬
‫‪33‬עשו עץ טוב כפרי טוב או עץ רע כפרי רע שהאמת מן הפרי‬
‫יודע העץ‪.‬‬
‫‪34‬משפחת פתנים איך תוכלו לדבר טובות בהיותכם רעים?‬
‫והלא הפה מתעוררת הלב מדברת‪.‬‬
‫‪35‬אדם טוב מאוצר לב טוב יוציא טוב ואדם רע מאוצר לב רע‬
‫ווציא רע‪.‬‬
‫‪36‬אומר אני לכם שמכל הדברים אשר ידבר האדם חייב לתת‬
‫חשבון ליום הדין‪.‬‬
‫‪37‬על פי דבריך תהיה נשפט ועל פי מעשיך תתחייב‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ז‬
‫‪38‬בעת ההיא בא ליש׳׳ו קצת פירושים וחכמים לאמר נרצה‬
‫לראות אות מהשמים בעבורך‪.‬‬
‫‪39‬ויאמר להם דור רע וחנף מבקש אות ואות לא ינתן לו אלא‬
‫האות של יונה‪.‬‬
‫‪40‬שכאשר היה במעי הדגה ג׳ ימים וג׳ לילות כן יהיה בן אדם‬
‫בבטן הארץ ג׳ ימים וג׳ לילות בקבר‪.‬‬
‫‪41‬אנשי ננוה יקומו למשפט עם זה הדור וירשיעו אותו כי חזרו‬
‫בתשובה לדברי יונה ואני גדול מיונה‪.‬‬
‫‪42‬מלכת שבא בלעז ריזינה ׳׳די אישטריאה תקום למשפט עם‬
‫זה הדור ותרשיעם שבאה מקצות הארץ לשמוע חכמת שלמה‬
‫והנני גדול משלמה‪.‬‬
‫‪43‬וכיוצא רוח טומאה מהאדם הולך בציות מבקש מנוח ולא‬
‫ימצא‪.‬‬
‫‪44‬אז אומר אשיב לביתי אשר יצאתי ממנו ובא ומוצא אותו ריק‬
‫בטוח ונכון‪.‬‬
‫‪45‬אז יקח שבעה רוחות יותר רעים ממנו ובאים עמו ויושבים‬
‫שם ויהיה אחרית האדם רע מראשיתו‪ .‬כן יהיה לדור הרע הזה‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ח‬
‫‪46‬עודנו מדבר על כל החבורות והנה אמו ואחיו עומדים בחוץ‬
‫מבקשים ממנו לדבר עמו‪.‬‬
‫‪47‬ויאמר לו אדם אחד הנה אמך ואחיך מבקשים לראותך‪.‬‬
‫‪48‬ויען למגיד מי אחי ומי אמי‪.‬‬
‫‪49‬ויפרוש כפיו על תלמידיו ויאמרו אלו הם אמי ואחי‪.‬‬
‫‪50‬כל העושה רצון אבי שבשמים הוא אחי ואחיותי ואמי‪.‬‬
‫פרק נ׳׳ט ‪13‬‬
‫‪1‬ביום ההוא יצא יש׳׳ו מהבית וישב על שפת הים‪.‬‬
‫‪2‬ויתחברו אליו חבורות עד שנצטרך לבא באניה וכל החבורה‬
‫עומדת בחוץ‪.‬‬
‫‪3‬וידבר להם דברים רבים במשלים ויאמר להם איש יוצא מביתו‬
‫בבוקר לזרוע את זרעו‪.‬‬
‫‪4‬ובזרעו נפל ממנו בדרך ואכל אותו העוף‪.‬‬
‫‪5‬וממנה נפלה באבן שאין שם עובי עפר ובצמחו נתייבש לפי‬
‫שאין שם עפר לרוב‪.‬‬
‫‪6‬ובחום השמש עליו נשרף ונתייבש שאין לו שורש‪.‬‬
‫‪7‬וממנו נפל בין הקוצים ויגדלוהו הקוצים ויעמדוהו‪.‬‬
‫‪8‬וממנו נפל בארץ טובה ויעשה פרי ותבואה האחד מאה והשני‬
‫ששים והשלישי שלשים‪.‬‬
‫‪9‬למי אזנים לשמוע ישמע‪.‬‬
‫‪10‬ויקרבו אליו תלמידיו ואמרו לו תלמידיו למה תדבר במשלים‪.‬‬
‫‪11‬ויאמר שלכם נתן מלכות שמים להכיר ולא להם‪.‬‬
‫‪12‬למי שיש לו ינתן עוד ולמי שאין לו מה שהוא חושב ילקח‬
‫ממנו‪.‬‬
‫‪13‬לזה אני מדבר במשלים שהם רואים ואינם רואים שומעים‬
‫ואינו שומעים‬
‫‪14‬לגמור מה שנאמר ע׳׳י ישעיה הנביא לך ואמרת לעם הזה‬
‫שמוע שמוע ולא תדעו וראו ראה ואל וכו׳‪.‬‬
‫‪15‬השמן לב העם הזה ואזניו הכבד ועיניו השע פן יראה בעיניו‬
‫וכו׳‪.‬‬
‫‪16‬ואשרי עיניכם שרואות ואזניכם ששומעות‪.‬‬
‫‪17‬אמן אני דובר לכם שנביאים רבים וצדיקים התאוו לראות מה‬
‫שאתם רואים ולא ראו ולשמוע מה שאתם שמעים ולא שמעו‪.‬‬
‫‪18‬ואתם שמעו משל הזורע‪.‬‬
‫‪19‬הזורע הוא בן אדם והזרע שנפל בדרך כל השומע מלכות‬
‫שמים ולא יבין‪ .‬יבא השטן ויחתוף מלבו כל מה שנזרע בו‪ .‬וזהו‬
‫הזרע שנפל על הדרך‪.‬‬
‫‪20‬ואשר נפל על האבן הוא השומע דבר האל וקבלנו מיד‬
‫בשמחה‪.‬‬
‫‪21‬והוא בלא שורש ומבוכה ובבא מעט צער וצרה להם השטן‬
‫משכחו מלבם‪.‬‬
‫‪22‬ואשר נפל בקוצים זה השומע את הדבר ובחמדתו לאסוף‬
‫עושר השטן משכחו דבר האל ולא יעשה פרי‪.‬‬
‫‪23‬ואשר נפל בארץ הטובה הוא השומע את הדבר ומבין ועושה‬
‫פרי ר׳׳ל ממעשים טובים‪ .‬ויוציא מן הא׳׳ מאה ומן השני ששים‬
‫ומן השלישי שלשים‪ .‬הא׳׳ מאה זהו מטהרת הלב וקדושת הגוף‪.‬‬
‫ומהאחד ששים זהו מפרישות האישה‪ .‬ומהשלישי שלשים זהו‬
‫מקדושה בזיווג בגוף ובלב‪.‬‬
‫פרק ששים‬
‫‪24‬וישם לפניהם משל אחר‪ .‬מלכות שמים דומה לאיש הזורע‬
‫כשזרעו זרע טוב‪.‬‬
‫‪25‬ויהי כאשר בני אדם ישנים בא שונאו ויזרע על החטים זון בעז‬
‫ברייא׳׳גה וילך‪.‬‬
‫‪26‬ויהי כאשר גדולה העשב לעשות פרי וראה הזון‬
‫‪27‬ויקרבו עבדי בעל השדה אליו ויאמרו לו אדונינו הלא זרע טוב‬
‫זרעת‪ .‬ומאין היה הזון?‬
‫‪28‬אמר להם שונאי עשו זה ויאמרו לו עבדיו נעקור הזון‪.‬‬
‫‪29‬ויאמר להם לא פן תעקרו החטה‪.‬‬
‫‪30‬אלא הניחו זה וזה ויגדל עד הקציר ובעת הקציר אמר‬
‫לקוצרים לקטו הזון ראשונה וקשרו אותה חבילות חבילות לשרוף‬
‫והחטה תנו באוצר‪.‬‬
‫פרק סייא‬
‫‪31‬וישם לפניהם משל אחר‪ .‬מלכות שמים דומה לגרגיר חרדל‬
‫שיקח אותו אדם ויזרעהו בשדה‪.‬‬
‫‪32‬והוא דק מכל זרעונים ובגדלו יגדל על כל העשבים ונעשה עץ‬
‫גדול עד שעוף השמים יצאילו באנפא‪.‬‬
‫‪33‬וידבר להם משל אחר‪ .‬מלכות שמים דומה לשאור שמביא‬
‫אותו האלה בשלש סאים קמח ויחמיץ את כולו‪.‬‬
‫‪34‬כל המשלים האלה דבר יש׳׳ו לחבורות ובלי משל לא היה‬
‫דובר אליהם‪.‬‬
‫‪35‬לקיים מה שנאמר ע׳׳פ הנביא אפתחה במשל פי אביעה‬
‫חדות מני קדם‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ב‬
‫‪36‬אז נפרד יש׳׳ו מן החבורות ויבא אל הבית‪ .‬ויקרבו אליו‬
‫תלמידיו ובקשו ממנו לפרוש להם משל הזון‪.‬‬
‫‪37‬ויען להם ויאמר להם הזורע זרע טוב הוא האדם‬
‫‪38‬והשדה הוא העולם הזה ופרי הטוב הם הצדיקים והזון הם‬
‫הרשעים‪.‬‬
‫‪39‬והשונא שזרע אותו הוא השטן והקמה אחרית העה׳׳ב‬
‫והקוצרים הם המלאכים‪.‬‬
‫‪40‬וכאשר לקטו הקוצרים הזון לשרוף כן יהיה באחרית הימים‪.‬‬
‫‪41‬ישלח בן אדם את ממלאכיו לעקור ממלכותו כל רשע וכל‬
‫פועלי און‪.‬‬
‫‪42‬וישליחו אותם במדורת אש ושם יהיה בכי וחריקת שינים‪.‬‬
‫‪43‬אז יזהירו הצדיקים כשמש במלכות אביהם‪ .‬למי אזנים‬
‫לשמוע ישמע‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ג‬
‫‪44‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו מלכות שמים היא דומה לאדם‬
‫המוציא מטמון אשר יסתירוהו ובשמחת הממון ימכור כל אשר לו‬
‫ויקנה השדה בעדו‪.‬‬
‫‪45‬ועוד מלכות שמים דומה לאדם סוחר המבקש אבנים יקרות‪.‬‬
‫‪46‬וכאשר ימצא אחת טובה ימכור כל אשר לו ויקנה אותה‪.‬‬
‫‪47‬מלכות שמים דומה לרשת בתוך הים שכל מיני דגים נאספים‬
‫בה‪.‬‬
‫‪48‬וכאשר תמלא יוציאוה לחוץ ויוצאים הדייגים ובוחרים‬
‫הטובים בכליהם והרעים משליכים חוצה‪.‬‬
‫‪49‬כן יהיה באחרית הימים יצאו המלאכים ויבדילו הרשעים‬
‫מתוך הצדיקים‪.‬‬
‫‪50‬וישליכו אותם במדורות אש שם יהיה בכי וחריקת שינים‪.‬‬
‫‪51‬ויאמר להם הבנתם זה‪ .‬ויאמרו כן‪.‬‬
‫‪52‬לזאת כל חכם ידמה במלכות שמים לאדם אבי הטף המוציא‬
‫מאוצרו דברים חדשים גם ישנים‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ד‬
‫‪53‬ויהי אחרי זאת כאשר כלה יש׳׳ו הדברים האלה עבר משם‪.‬‬
‫‪54‬ובא לארצו והיה מלמד לאנשים בבתי כנסיות‪ .‬והפרושים‬
‫נפלאו ויאמרו בלבם מאין בה לזה החכמה וכח לעשות אלו‬
‫הפעולות‪.‬‬
‫‪55‬אין בן זה הנפח ומרים? הלא ידעתם שכל אלו אמו מרים‬
‫ואחיו ג׳ יוסף ושמע׳׳ון ויהוד׳׳ה‬
‫‪56‬ואחיותיו‪ .‬הלא ידעתם שכל אלו עמנו? ומאין בא לזה כל‬
‫אלה?‬
‫‪57‬והיו נבוכים בו‪ .‬ויען להם יש׳׳ו אין נביא שאין לו כבוד כ׳׳א‬
‫בארצו ועירו וביתו‪.‬‬
‫‪58‬ולא רצה לעשות שם שום אות למיעוט אמונתם‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ה ‪14‬‬
‫‪1‬בעת ההיא שמע הורוד׳׳וס טיטרא׳׳קה שמועות יש׳׳ו‪.‬‬
‫‪2‬ויאמר לעבדיו הנה אני מאמין שאלו הפלאות עושה יוחנן‬
‫המטביל‪.‬‬
‫‪3‬שהיה לפי שהורוד׳׳וס תפש ליוחמן בימים ההם ויאסרהו‬
‫במאסר לפי שהיה מוכיחו שלא יקח לאורדיסא לאשה שהיתה‬
‫אשת אחיו‪.‬‬
‫‪4‬והיה אומר לו יוחנן אינה ראויה לך‪.‬‬
‫‪5‬והנה הורוד׳׳וס היה רוצה להורגו לולי יראת העם שלנביא היה‬
‫ביניהם‪.‬‬
‫‪6‬ובמשתה יום הולד את הורודוס קרא לגדולי המלכות לאכול‬
‫עמו ובעוד שהיו אוכלים היתה בתו מרקדת ביניהם וייטב‬
‫להורודוס‪.‬‬
‫‪7‬וישבע לה שיתן לה את כל אשר תשאל ממנו‪.‬‬
‫‪8‬והנערה מיוסרת מיומה שאלה ראש יוחנן המטביל באגן א׳׳‪.‬‬
‫‪9‬והמלך נעצב מאד בעד השבועה שעשה בפני הקרואים ויצו‬
‫להעשות כן‪.‬‬
‫‪10‬וישלח לשחוט יוחנן בבית הסוהר‪.‬‬
‫‪11‬ויביאו ראש יוחנן באגן ויתנוהו לנערה והנערה נתנה לאמה‪.‬‬
‫‪12‬ויבאו תלמידי יוחנן וישאו הגוף ויקברוהו והתלמידים הגידו‬
‫הדבר ליש׳׳ו‪.‬‬
‫‪13‬וכשמוע יש׳׳ו נסע משם באניה וילך למדבר יהודה‪ .‬וכשמוע‬
‫החבורות וילכו אחריו מכל המדינות‪.‬‬
‫‪14‬וכשיצאו ראה אחריו עם רב ויט אליו חסד וירפא כל‬
‫מחלותם‪.‬‬
‫‪15‬ובעת ערב קרבו אליו תלמידיו ויאמרו לו זה המקום צר עובר‪.‬‬
‫עזוב החבורות שילכו במגדלים ויקחו הצורך אליהם‪.‬‬
‫‪16‬ויען להם יש׳׳ו אינם צריכים לילך תנו להם לאכל‪.‬‬
‫‪17‬והם ענו אין לנו בכאן כי אם חמש ככרות שני דגים‪.‬‬
‫‪18‬ויאמר להם הביאו אותם אלי‪.‬‬
‫‪19‬ויצו שישובו העם על העשבים‪ .‬וכשישבו לקח החמש ככרות‬
‫והשני דגים ובהיותו מביט לשמים ברך אותם ויחלקם ויתנם‬
‫לתלמידיו והתלמידים חלקו לסייעות‪.‬‬
‫‪20‬ואכלו כלם וישבעו‪ .‬וכן מהדגים אכלו כרצונם‪ .‬ואחר שתכלו‬
‫לקחו הפתיתים הנשארות וימלאו מהם שנים עשר סאים‪.‬‬
‫‪21‬ויהי מספר האוכלים חמשת אלפים אנשים מלבד הנשים‬
‫והטף‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ו‬
‫‪22‬ואחרי זה צוה לתלמידיו לכנס באניה וישליחו קודם ממנו‬
‫בעיר שהחבורות הולכות‪.‬‬
‫‪23‬ואחר שעזב החבורות עלה להר והתפלל לבדו ויהי לעת ערב‬
‫והוא לבדו עומד‪.‬‬
‫‪24‬והאניה באמצע הים וגליהם היו דוחפות אותה לפי שהרוח‬
‫היה מנגד‪.‬‬
‫‪25‬למשמרה הרביעית מהלילה בא להם יש׳׳ו הולך בים‪.‬‬
‫‪26‬וכאשר ראוהו תלמידיו הלך בים נבהלו בשר בחושבם שהיה‬
‫שד ומרוב פחדם היו צועקים‪.‬‬
‫‪27‬ואז ענה להם יש׳׳ו ויאמר להם יהיה אמונה בכם שאני הוא‬
‫ואל תיראו‪.‬‬
‫‪28‬ויען פייט׳׳רוס ויאמר לו אדו׳ אם אתה הוא צוה אותי לבא‬
‫אליך במים‪.‬‬
‫‪29‬ויאמר לו יש׳׳ו בא‪ .‬וירד פייט׳׳רוס מהספינה והלך בים ובא‬
‫ליש׳׳ו‪.‬‬
‫‪30‬ובראותו חוזק הרוח פחד מאד ובהתחילו ליטבע צעק ואמר‬
‫אדו׳הושיעני‪.‬‬
‫‪31‬ומיד יש׳׳ו האריך ידו ולקחו ואמר לו אדם מאמונה מעוטה‬
‫למה נסתפקת‪.‬‬
‫‪32‬וכאשר עלו באינה נח הרוח‬
‫‪33‬ואשר בספינה השתחוו לו ואמרו באמת אתה הוא בן אלקים‪.‬‬
‫‪34‬‬
‫‪35‬וכאשר הכירוהו אנשי המקום שלחו בכל אותו המלכות‬
‫והביאו לו כל החולים מכל מדוים‪.‬‬
‫‪36‬וחלו פניו ירצו לעוזבם יגעו בכנף מעילו וכל אשר נגע נתרפא‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ז ‪15‬‬
‫‪1‬אז בא אל יש׳׳ו החכמים והפרושים ויאמרו אליו‬
‫‪2‬למה עוברים תלמידך תקנות הראשונות שהם אינם רוחצים‬
‫ידיהם קודם האכילה‪.‬‬
‫‪3‬ויאמר להם יש׳׳ו ולמה אתם עוברים מאמרי האל בעד‬
‫תקנותיכם‬
‫‪4‬שהאל אמר כבד את אביך ואת אמך ומכה אביו ואמו מות‬
‫יומת‪.‬‬
‫‪5‬ואתם אומרים שאיזה דבר יאמר האדם לאביו ולאמו שבאיזה‬
‫נדבה שיתן בעד אותו חטא שיכופר לו אותו עון‪.‬‬
‫‪6‬ולא יכבד אביו ואמו ואתם מבזים אמרי אל בתקנותיכם‪.‬‬
‫‪7‬היו חנפים הנה ישעיה ניבא מכם ואמר‬
‫‪8‬כה אמר ה׳׳ יען כי נגש העם הזה בפיו ובשפתיו כבדוני ולבו‬
‫רחק ממני‬
‫‪9‬ותהי יראתם אותי מצות אנשים מלומדה‪.‬‬
‫‪10‬ויש׳׳ו קרא לסיעות ויאמר להם שמעו והביטו‪.‬‬
‫‪11‬הנכנס בעד הפה אינו מלכלך האדם אבל היוצא מהפה‬
‫מלכלך האדם‪.‬‬
‫‪12‬אז קרבו אליו תלמידיו ויאמרו לו דע שהפרושים נבוכים בעד‬
‫דבר זה‪.‬‬
‫‪13‬ויען להם יש׳׳ו כל נטיעה שלא נטעה אבי שבשמים תשחת‪.‬‬
‫‪14‬הניחו אותם שהעורים מדריכים לעורים ואם עור ידריך עור‬
‫אחר יפלו שניהם בבור‪.‬‬
‫‪15‬ויען לו פייט׳׳רוס אדוני פרוש לנו זאת החדה‪.‬‬
‫‪16‬ויען להם יש׳׳ו עדיין אתם מבלי דעת‪.‬‬
‫‪17‬לא תבינו אתם שכל הנכנס בעד הפה הולך לבטן והכל הולך‬
‫בעד המקום הטבעי?‬
‫‪18‬והיוצא בעד הפה מתנועע מהלב וזהו המלכלך האדם‪.‬‬
‫‪19‬לפי שמחלל הלב יוצא התרמית והרציחה והנאופים והגנבות‬
‫ועדות שקרים והקללות‪.‬‬
‫‪20‬וכל אלה הדברים הם המבלבלים האדם‪ .‬אמנם האכילה בלי‬
‫רחיצת ידים אינה מלכלכת האדם‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ח‬
‫‪21‬ואחר שאמר יש׳׳ו זה הלך בגלילי צור וסדום‪.‬‬
‫‪22‬ותבוא לפניו אשה כנענית באה מארצות מזרח צועקת אליו‬
‫אדוני בן דוד חנני שבתי אחוזת השדים‪.‬‬
‫‪23‬ויש׳׳ו לא ענה דבר‪ .‬ותלמידיו קרבו אליו ויאמרו לו אדונינו‬
‫למה אתה מניח לזאת האשה צועקת אחרינו‪.‬‬
‫‪24‬ויען להם יש׳׳ו לא שלחוני כי אם לצאן אובדות מבית ישראל‪.‬‬
‫‪25‬והאשה משתחוה לו ואומרת אדוני עוזרני‪.‬‬
‫‪26‬ויאמר לה יש׳׳ו לא טוב שיקח האדם הפת מבניו ויתננו‬
‫לכלבים‪.‬‬
‫‪27‬ותען האשה פעמים רבים אוכלים הכלבים הפתיתים‬
‫הנופלים משלחן אדוניהם‪.‬‬
‫‪28‬ויען לה יש׳׳ו אשה גדולה אמונתיך יעשה לך כאשר שאלת‪.‬‬
‫ומהעת ההוא והלאה נרפאת בתה‪.‬‬
‫פרק ס׳׳ט‬
‫‪29‬וכאשר הלך יש׳׳ו משם הלך עבר הגליל להר‪ .‬בעומדו שם‬
‫‪30‬ראה עם רב מביטים הרבה צולעים ומנוגעים ופסחים ורבים‬
‫אחרים ויפלו לרגליו וירפאם‪.‬‬
‫‪31‬והעם היו תמהים איך האלמים היו מדברים והפסחים‬
‫הולכים והעורים רואים וכלם משבחים לאל‪.‬‬
‫‪32‬אז אמר יש׳׳ו לתלמידיו יש לי רחמנות מהם שהם מיחלים‬
‫אותי זה שני ימים שעברו ואין להם מה שיאכלו‪ .‬ואיני רוצה‬
‫להוליכם בתענית יען לא יחלשו בדרך‪.‬‬
‫‪33‬ויענו לו תלמידיו ומאין אנו יכולים למצוא לחם במדבר הזה‬
‫לשביע לעם‪.‬‬
‫‪34‬ויען יש׳׳ו ויאמר להם כמה ככרים לחם לכם‪ .‬ויענו שבעה‬
‫ומעט דגים‪.‬‬
‫‪35‬ויצו יש׳׳ו לעם לישב ע׳׳ג העשבים‪.‬‬
‫‪36‬ולקח השבעה ככרות וישברם ונתנם לתלמידיו והם נתנו‬
‫לעם‪.‬‬
‫‪37‬ויאכלו כולם וישבעו והותר שבעה סאים‪.‬‬
‫‪38‬והאוכלים היו במספר ארבעת אלפים אנשים לבד הנשים‬
‫והטף‪.‬‬
‫פרק שבעים ‪16‬‬
‫‪39‬אחר זה נכנס יש׳׳ו בספינה ובא לארץ מאצידונייא‬
‫‪1‬ויבואו אליו החכמים והפרושים מנסים אותו וילמדם איזה אות‬
‫מהשמים‪.‬‬
‫‪2‬ויען להם יש׳׳ו חנפים אתם אומרים ערב מחר יום צח יהיה‬
‫לפי שהשמים אדומים‬
‫‪3‬ובבקר אתם אומרים היום ימטיר שהשמים חשוכים‪ .‬א׳׳כ‬
‫אתם יודעים משפט מראים השמים ואין אתם יודעים משפט‬
‫הזמנים‪.‬‬
‫‪4‬זרע מרעים שאל אות ואות לא ינתן להם כי אם אות של יונה‬
‫הנביא‪ .‬ואז נפרד והלך לו‪.‬‬
‫‪5‬וכאשר יש׳׳ו היה בשפת הים אמר לתלמידיו שיכינו לחם והוא‬
‫נכנס לספינה עם תלמידיו ותלמידיו שכחו ולא הכניסו שום לחם‪.‬‬
‫‪6‬‬
‫‪7‬‬

‫‪8‬ויש׳׳ו אמר להם אתם מעטי השכל חושבים שאין לכם לחם‪.‬‬
‫‪9-12‬ואין אתם זוכרים מהחמשה ככרות וארבע אלף איש וכמה‬
‫סאים נשארו? ולכן תבינו שאיני מדבר מהחלמיש וגם מהלחמים‬
‫הטבעיים אבל אני אומר לכם שתשארו מהנהגת הפרושים‬
‫והצדוקים‪.‬‬
‫פרק ע׳׳א‬
‫‪13‬ויצא יש׳׳ו אל ארץ סוריא׳׳ה וארץ פיל׳׳וף נקרא פיליב׳׳וס‬
‫וישאל לתלמידיו לאמר מה אומרים בני אדם בשבילי‪.‬‬
‫‪14‬ויאמרו אליו מהם אומרים שהוא יוחנן המטביל ומהם‬
‫אומרים שהוא אליהו ומהם ירמיהו או א׳׳ מהנביאים‪.‬‬
‫‪15‬ויאמר להם יש׳׳ו ואתם מה אומרים בשבילי‪.‬‬
‫‪16‬ויען שמעון נקרא פייט׳׳רוס ויאמר אתה משיח לעז קריסט׳׳ו‬
‫בן אלקים חיים שבאתה בזה העולם‪.‬‬
‫‪17‬ויאמרו אליו יש׳׳ו אשריך שמעון בר יונה שבשר ודם לא גלה‬
‫לך כי אם אבי שבשמים‪.‬‬
‫‪18‬ואני אומר לך שאתה אבן ואני אבנה עליך בית תפלתי‪ .‬ושערי‬
‫גהינם לא יוכלו נגדך‬
‫‪19‬לפי שאני אתן לך מפתחות מלכות השמים‪ .‬וכל אשר תקשור‬
‫בארץ יהיה קשור בשמים וכל אשר תתיר בארץ יהיה מותר‬
‫בשמים‪.‬‬
‫‪20‬אז צוה לתלמידיו לבל יאמרו שהוא משיח‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ב‬
‫‪21‬מכאן ואילך התחיל יש׳׳ו לגלות לתלמידיו שהוא צריך ללכת‬
‫לירושלם ולשאת עול רבים מהכהנים וזקני העם עד שיהרגוהו‬
‫ויום השלישי יקום‪.‬‬
‫‪22‬ויקחוהו פייט׳׳רוס בינו לבינו והתחיל להוכיח לאמר חלילה לך‬
‫להיות לך כן אדו׳‪.‬‬
‫‪23‬וישב יש׳׳ו ויבט אליו ויאמר לו לך השטן לא תמרה פי שאינך‬
‫מכיר דבר האל כי אם דברי השדם‪.‬‬
‫‪24‬אז דבר יש׳׳ו לתלמידיו מי שירצה לבא אחרי יבזה עצמו ויקח‬
‫את השתי וערב ר׳׳ל שקרב עצמו למיתה וילך אחרי‪.‬‬
‫‪25‬כל הרוצה להושיע נפשו יאבד אותה בעדי והמאבד את חייו‬
‫בעה׳׳ז בשבילי יושיע נפשו לחיי העה׳׳ב‪.‬‬
‫‪26‬מה בצע לאדם אם ירויח את כל העולם אם נפשו יאבד לעד‬
‫ואיזה תמורה טובה יעשה האדם אם בעד הדברים ההווים‬
‫והנפסדים יתן נפשו לדין גהינם‪.‬‬
‫‪27‬כי בן האל יבא בכבד אביו שבשמים עם מלאכיו להשיב לכל‬
‫איש כמפעלו‪.‬‬
‫‪28‬אמן אני אומר לכם שיש מהעומדים פה שלא יטעמו מות עד‬
‫שיראו בן אלוה בא במלכותו‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ג ‪17‬‬
‫‪1‬אתר ששה ימים לקח יש׳׳ו לפייט׳׳רוס וגם יעקב לעז גאי׳׳מי‬
‫ויוחנן אחיו ויוליכם אל הר גבוה משם להתפלל הוא‪.‬‬
‫‪2‬ובעוד שהיה מתפלל השתנה לפניהם וקרן עור פניו כשמש‬
‫ומלבושיו לבנים כשלג‪.‬‬
‫‪3‬אליהם משה ואליהו מדברים עמו והגידו ליש׳׳ו כל מה‬
‫שיקראהו בירושלם‪ .‬ופייט׳׳רוס וחביריו היו נרדמים‪ .‬נים ולא נים‬
‫תיר ולא תיר‪ .‬ראו גופו ושני אנשים עמו‪.‬‬
‫‪4‬וכאשר הלכו אז אמר פייט׳׳רוס ליש׳׳ו טוב להיות בכאן‪ .‬ונעשה‬
‫פה שלש משכנות לך אחד ולמשה אחד ולאליהו אחד שלא היה‬
‫יודע מה היה דובר‪.‬‬
‫‪5‬עודנו מדבר והנה ענן שכסה אותם ויבהלו עד מאד ובעוד‬
‫שהם תחת הענן שמעו מתוך הענן קול מדבר ואומר הנה זה בני‬
‫יקירי וחפצי בו אליו תשמעון‪.‬‬
‫‪6‬וישמעו התלמידים ויפלו על פניהם ארצה וייראו מאד‪.‬‬
‫‪7‬וכאשר נפסק הקול ויאמר להם יש׳׳ו קומו אל תיראו‪.‬‬
‫‪8‬וישאו עיניהם ולא ראו כי אם יש׳׳ו בלבד‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ד‬
‫‪9‬וירד יש׳׳ו מן ההר ויצו להם לאמר אל תדברו לאיש המראה‬
‫אשר ראיתם עד שיקום בן האדם מן המות‬
‫‪10‬וישאלוהו לו תלמידיו לאמר מה חכמים אומרים שאליה יבא‬
‫ראשונה‪.‬‬
‫‪11‬ויען להם ויאמר אמנם אליה יבא ויושיע כל העולם‪.‬‬
‫‪12‬אומר אני לכם שכבר בא ולא הכירוהו ועשו בו כרצונם‪ .‬פן‬
‫יעשו כבן אדם‪.‬‬
‫‪13‬אז הבינו התלמידים שבשבל יוחנן המטביל היה מדבר זה‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ה‬
‫‪14‬ויהי בבואו אל החבורות ויבא לפניו איש כורע על ברכיו‪.‬‬
‫‪15‬ויאמר אדוני חנני וחוסה על בני כי נבעת מרוח רעה וחולה‬
‫מאד וחורק את שיניו ומקטף בפיו ונופל מקומתו ארצה ונופל‬
‫פעמים באש ופעמים במים‪.‬‬
‫‪16‬והביאותיו לתלמידך ולא יוכלו לרפאתו‪.‬‬
‫‪17‬ויען יש׳׳ו ויאמר דור רע אוי לכם אתם הכופרים עד מתי‬
‫אהיה עמכם ועד מתי אשא טרחכם‪ .‬הביאוהו אלי‪.‬‬
‫מרקוס ט‪:‬כ עד ט‪:‬כ׳׳ה‬
‫והביאוהו אליו ומיד שיש׳׳ו ראהו השטן מכניעו ומפילו לארץ‬
‫והתחיל מתעפר ומתקצף‪.‬‬
‫ויש׳׳ו שאל לאבי הנער כמה זמן שהשטן לקחו‪ .‬והאב השיבו‬
‫מזמן פלוני והלאה‪.‬‬
‫והרבה פעמים הפילו באש ובמים בעניין יוכל השמידו‪ .‬ואם‬
‫אתה אדו׳ בשום עניין תוכל לעוזרו עזרהו‪ .‬וישא האיש חן בעיניו‬
‫ונתמלא רחמים עליו‪.‬‬
‫ואמר לו אם תוכל להאמין כל דבר תוכל להשלים לפי‬
‫שלמאמין כל הדברים קלים‪.‬‬
‫ומיד בכה בצעקה אבי הנער ואמר אדו׳ אני מאמין אמנם‬
‫עוזרני לפי אמונתי‪.‬‬
‫וכאשר ראה יש׳׳ו שהעם מתקבצים לזה ואמר לו חזק ואלם‬
‫הנני מצוך שתצא מכאן והלאה לא תשוב כאן עוד‪.‬‬
‫והשטן יצא צועק ומכאיב והנער נשאר כמה בעניין שרבים היו‬
‫אומרים שהוא מת‪.‬‬
‫ויש׳׳ו לקחו והעמידו וקם‪.‬‬
‫וכאשר נכנס יש׳׳ו לבית‬
‫מתתיה‬
‫‪19‬אז קרבו התלמידים ליש׳׳ו בסתר ויאמרו אליו מדוע לא נוכל‬
‫אנחנו להוציאו‪.‬‬
‫‪20‬ויאמר להם למיעוט אמונתכם‪ .‬אמן אני אומר לכם אם יהיה‬
‫בכם מן האמונה כגרגיר חרדל אם תאמינו להר הזה תאמרו סורו‬
‫ויסור וכל דבר לא יבצר מכם‪.‬‬
‫‪21‬וזה המין מן השדים לא יצא כי אם בתפילה וצום‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ו‬
‫‪22‬המה בגליל ויאמר יש׳׳ו בן האדם ימסר ליד בני האדם‪.‬‬
‫‪23‬ויהרגוהו וביום השלישי יקום‪.‬‬
‫‪24‬ויבואו כפר נחום מרתה ויקרבוהו מקבלי המכס לפייט׳׳רוס‬
‫ויאמר אליהם רביכם אוני נוהג ונותן מכס‪.‬‬
‫‪25‬ויאמרו כן‪ .‬ויבואו בבית והקדים יש׳׳ו לאמר אליו לפייט׳׳רוס‬
‫מה נראה לך פייט׳׳רוס מלכי ארץ ממי לוקחים מכס מן בניהם או‬
‫מן הנכרים‪.‬‬
‫‪26‬ויען אליו מן הנכרים‪ .‬ויאמר להם יש׳׳ו אם כן הבנים תפשים‪.‬‬
‫ויאמר לא תהיו בעבר זה נבהלים‪.‬‬
‫‪27‬ויאמר לפייט׳׳רוס לך לים והשלך חכה ואותו דג שתקח‬
‫ראשונה תמצא בפיו מטבע כסף ואותו תתן בעדינו‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ז ‪18‬‬
‫‪1‬בעת ההיא קרבו התלמידים אל יש׳׳ו ויאמרו אליו מי אתה‬
‫חושב שהוא גדול במלכות שמים‪.‬‬
‫‪2‬ויקרא נער אחד )קטן וישימהו בתוכם‪.‬‬
‫‪3‬ויאמר אני אומר אם לא תשובו להיות כנער הזה לא תבואו‬
‫במ׳׳ש‪.‬‬
‫‪4‬‬
‫‪5‬והמקבל נער א׳( כזה על שמי מקבל‪.‬‬
‫‪6‬ואשר יכשיל אחד מהנערים הקטנים המאמינים בי טוב לו‬
‫שיקשור פלח רכב על צוארו ויוטל במצולות ים‪.‬‬
‫‪)7‬אוי ליושבי תבל מפני המבוכות שצריכות המבוכות לבא‪(.‬‬
‫ויאמר אוי לאדם שיבא בשבלו‪.‬‬
‫‪8‬ואם ידך ורגלך יכשילך תכריתהו ותכשילהו ממך‪ .‬טוב לך לבא‬
‫בחיים עוד או פסח מהיות לך ידים ורגלים לתתך באש עולמית‪.‬‬
‫‪9‬ואם עיניך תכשילך ותקרה ותשליכה ממך‪ .‬טוב לך לבא בחיים‬
‫בעין אחד מהיות לך עינים ולתתך בגהינם‪.‬‬
‫‪10‬והזהרו פן תדינו אחת מהנערים הקטנים‪ .‬אומר אני לכם‬
‫למלאכיהם הם רואים תמיד בני אבי שבשמים‪.‬‬
‫‪11‬ובן אדם בטל להושיע האויבים‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ח‬
‫‪12‬מה יראה לכם אם יהיה לאיש מאה צאן ופרח אחת מהן הלא‬
‫יעזוב תשעים ותשעה בהרים וילך לבקש הנדחה‪.‬‬
‫‪13‬ואם ימצאנה אמן אני אומר לכם שישמח עליה יותר‬
‫מהתשעים ותשעה אשר לא נדחו‪.‬‬
‫‪14‬כן לא ירצה אב שבשמים שיאבד א׳׳ מהנערים‪.‬‬
‫פרק ע׳׳ט‬
‫‪15‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לשמעון נקרא פייט׳׳רוס אם יחטא לך‬
‫אחיך הוכיחנו בינו לבינך‪ .‬אם ישמע אליך קנית את אחיך‪.‬‬
‫‪16‬ואם לא ישמע אליך הוכיחנו בפני אחר ואם בכל אלה לא‬
‫ישמע לך תוסיף עוד אחד או שנים לפנים שנים או שלשה עדים‬
‫שעל פי שנים או שלשה עדים יקום דבר‪.‬‬
‫‪17‬ואם בכל אלה לא ישמע אמור אותו בקהל ואם לא ישמע‬
‫בקהל חשוב אותו כמנודה ואויב ואכזר‪.‬‬
‫‪18‬אמן אני אומר לכם שכל אלה אשר תאסרו בארץ אסור הוא‬
‫בשמים וכל אשר תתירו בארץ מותר יהיה בשמים‪.‬‬
‫‪19‬וגם אני אומר לכם אם ירצו שנים מכם לשים שלים בארץ כל‬
‫אשר יבקשו יהיה לכם מאת שבשמים‪.‬‬
‫‪20‬ובכל מקום שיתחברו שנים או שלשה על שמי שם אנכי‬
‫בתוככם‪.‬‬
‫‪21‬אז קרב פייט׳׳רוס אליו לאמר אדוני אם יחטא לי אחי עד‬
‫שבע פעמים אמחול לו‪.‬‬
‫‪22‬ויאמר לו יש׳׳ו איני אומר לך עד שבע כי אם עד שבעים‬
‫ושבעה‪.‬‬
‫פרק פ׳׳‬
‫‪23‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו מלכות שמים דומה היא‬
‫לאדם מלך יושב לעשות חשבון עם עבדיו ומשרתיו‪.‬‬
‫‪24‬וכאשר התחיל לחשוב בא א׳ שהוא חייב כעשרת אלפים‬
‫זהובים‪.‬‬
‫‪25‬ואין לו מה ליתן ויצו אדוניו למכור אותו ואת בניו ואת כל‬
‫אשר לו לשלם הממון‪.‬‬
‫‪26‬ויפול העבד לפני אדוניו ויתחנן לו לרחם עליו ולהמתין לו כי‬
‫הכל ישלם‪.‬‬
‫‪27‬ויחמול עליו אדוניו ומחל לו הכל‪.‬‬
‫‪28‬ויצא העבד ההוא וימצא אחד מחביריו שהוא חייב לו מאה‬
‫מעות ויחזק בו ויפגע לו לאמר‬
‫‪29‬חוסה עלי והמתן לי והכל אשלם‪.‬‬
‫‪30‬ולא אבה לשמוע לו ויוליכוהו לבית הסוהר עד שלם לו הכל‪.‬‬
‫‪31‬וראו עבדי המלך את אשר עשה ויחר להם מאד ויבאו ויגידו‬
‫לאדוניהם‪.‬‬
‫‪32‬אז קרא אותו אדוניו ויאמר לו עבד ארור הלא מחלתי לך כל‬
‫חוביך כאשר פייסתני‪.‬‬
‫‪33‬ומדוע לא מחלת לעבדך בהתחננו אליך כאשר מחלתיך?‬
‫‪34‬ויחר אף אדוניו בו ויצו לענותו עד ישלם לו כל החוב‪.‬‬
‫‪35‬כן יעשה לכם אבי שבשמים אם לא תמחלו איש את אחיו‬
‫בלב שלם‪.‬‬
‫פרק פ׳׳א ‪19‬‬
‫‪1‬ויהי כאשר כלה יש׳׳ו הדברים האלה עבר מן הגליל ויבא‬
‫לקצות ארץ יהודה אשר בעבר הירדן‪.‬‬
‫‪2‬וילכו אחריו חבורות רבות וירפא את כולם‪.‬‬
‫‪3‬ויגשו אליו את הפרושים לנסותו‪ .‬וישאלוהו לאמר אם מותר‬
‫לעזוב את אשתו בשום עניין וליתן לה גט‪.‬‬
‫‪4‬ויען להם הלא קראתם לעושיהם מקדם זכר ונקבה בראם‪.‬‬
‫‪5‬ואמר על כן יעזוב איש את אביו ואת אמו ודבק באשתו והיו‬
‫לבשר אחד‪.‬‬
‫‪6‬א׳׳כ אינם שנים כי אם בשר אחד ומה שחבר הבורא אין אדם‬
‫יכול להפריד‪.‬‬
‫‪7‬ויאמר לו אם כן מדוע צוה משה לתת גט כריתות ושלחה‬
‫מביתו‪.‬‬
‫‪8‬ויאמר להם משה לעקשות פה לבבכם אמר לכם לעזוב את‬
‫נשיכם‪ .‬ומעולם לא היה כן‪.‬‬
‫‪9‬אומר אני לכם שכל העוזב את אשתו ויקח אחרת אם לא‬
‫בשביל ניאוף הוא נואף והלוקח הגרושה ניאף‪.‬‬
‫‪10‬ויאמרו אליו תלמידיו א׳׳כ דבר אדם עם אשתו לא טוב לקחת‬
‫אותה‪.‬‬
‫‪11‬ויאמר אליהם אין דבר זה לכל אלא למי שנתן להם‪.‬‬
‫‪12‬שיש סריסים מתולדותם אלו הם אשר לא חטאו‪ .‬ויש‬
‫סריסים מעצמם שכובשים את יצרם בשביל מלכות שמים אלו‬
‫הם חכמים במעלה גדולה‪ .‬מי שיוכל להבין יבין‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ב‬
‫‪13‬אז הובאו אליו ילדים לשים ידו עליהם ולהתפלל עליהם‬
‫ותלמידיו מגרשים אותם‪.‬‬
‫‪14‬ויאמר אליהם יש׳׳ו הניחו הנערים לבא אלי ולא תמנעום‬
‫שמהם מלכות שמים‪ .‬באמת אני אומר לכם שלא יכנס במלכות‬
‫שמים אם לא כאלה‪.‬‬
‫‪15‬וישם ידו עליהם וילך משם‪.‬‬
‫‪16‬ויגש אליו בחור א׳׳ משתחוה לו ויאמר לו ר׳ איזה טוב אעשה‬
‫לקנות חיי העה׳׳ב‪.‬‬
‫‪17‬ויען אליו מה תשאל מטוב אין האדם טוב כי האל לבדו הוא‬
‫טוב‪ .‬ואם תרצה לבא בחיים שמור המצוות‪.‬‬
‫‪18‬ויאמר לו מה הן‪ .‬ויאמר לו יש׳׳ו לא תרצח לא תגנוב לא‬
‫תענה ברעך עד שקר‪.‬‬
‫‪19‬כבד את אביך ואת אמך ואהבת לרעך כמוך‪.‬‬
‫‪20‬ויאמר לו הבחור כל אלה שמרתי ומה יחסר לי עוד‪.‬‬
‫‪21‬ויאמר אליו יש׳׳ו אם תרצה להיות תם לך ומכור כל אשר לך‬
‫ותנהו לעניים ויהיה לך אוצר בשמים ובא אחרי‪.‬‬
‫‪22‬ויהי כשמוע הבחור הלך לפי שלא היה לו קרקעות רבות‪.‬‬
‫‪23‬ויאמר יש׳׳ו לתלמידיו אמן אני אומר לכם שכבד לעשיר לבא‬
‫במלכות שמים‪.‬‬
‫‪24‬ועוד אני אומר לכם שיותר קל לבא הגמל בעין המחט מן‬
‫העשיר במלכות שמים‪.‬‬
‫‪25‬וישמעו התלמידים ויתמהו מאד ויאמרו ליש׳׳ו א׳׳כ מי יוכל‬
‫להושיע‪.‬‬
‫‪26‬ויפן אליהם ויאמר נגד בני אדם הדבר קשה ונגד האלקים הכל‬
‫דבר קל להיות‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ג‬
‫‪27‬ויען פייט׳׳רוס ויאמר לו הנה עזבנו הכל לילך אחריך מה יהיה‬
‫לנו‪.‬‬
‫‪28‬ויאמר יש׳׳ו אמן אני אומר לכם שאתם ההולכים אחרי‬
‫שביום הדין כאשר ישב האדם על כסא כבודו תשבו גם אתם על‬
‫י׳׳ב כסאות שנים עשר שבטי ישראל‪.‬‬
‫‪29‬וכל העוזב ביתו גם אחיותיו ואביו ואמו ואשתו ובניו על שמי‬
‫יקבל כמותם ומלכות שמים ירש‪.‬‬
‫‪30‬רבים ראשונים יהיו אחרונים ורבים אחרונים יהיו ראשונים‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ד ‪20‬‬
‫‪1‬אחר זה אמר יש׳׳ו לתלמידיו מלכות שמים דומה לאדם יחיד‬
‫אדין ביתו המשכיר בבקר לשכור פועלים‪.‬‬
‫‪2‬והשכירם בדינר אחד ליום וישלחם לכרמו‪.‬‬
‫‪3‬ויצא בשלישית היום וירא אחרים עומדים בשוק בטלים‪.‬‬
‫‪4‬ויאמר להם לכו גם אתם לכרמי ובראוי אתן לכם‪.‬‬
‫‪5‬ויכלו‪ .‬ויצאו עוד בצהרים וגם בשעה תשיעית ויעש כן‪.‬‬
‫‪6‬ובאחת עשרה שעה יצא ג׳׳כ וימצא אחרים עומדים ויאמר‬
‫להם מדוע אתם עומדים בטלים כל היום‪.‬‬
‫‪7‬ויענו לו שלא שכרנו אדם‪ .‬ויאמר אליהם לכו גם אתם לכרמי‪.‬‬
‫‪8‬ויהי לעת ערב ויאמר בעל הכרם לניצב על הפועלים קרא‬
‫אותם ואתן להם שכרם‪ .‬ויחל באחרונים ויכל בראשונים‪.‬‬
‫‪9‬והאחרונים קבלו דינר אחד‪.‬‬
‫‪10‬והראשונים חשבו לקחת יותר והוא לא נתן לכולם כי אם‬
‫דינר‪.‬‬
‫‪11‬וילונו הראשונים על בעל הכרם‬
‫‪12‬לאמר אלו האחרונים עמלו שעה אחת והשוית אותם עמנו‬
‫שעמלנו כל היום והחורב‪.‬‬
‫‪13‬ויען לאדם מהם ויאמר לו אהובי איני עושה לך עול‪ .‬הלא‬
‫בדינר א׳׳ שכרתיך?‬
‫‪14‬קחנו ולך‪ .‬אם אני רוצה לתת לזה האחרון כמותך‬
‫‪15‬הלא אעשה כרצוני? הידע בעיניך כאשר אני טוב?‬
‫‪16‬כן יהיה אחרונים ראשונים והראשונים אחרונים‪ .‬רבים הם‬
‫הקרואים ומעטים הנבחרים‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ה‬
‫‪17‬ויקרב יש׳׳ו אל ירושלם ויקח את י׳׳ב תלמידיו בסתר ויאמר‬
‫אליהם‬
‫‪18‬הנה אנחנו עולים לירושלם ובן האדם ימסר לגדולי החכמים‬
‫והכהנים וייחייבוהו למות‪.‬‬
‫‪19‬וגם ימסרו אותו לגוים להכותו ולהשביתו וביום השלישי‪.‬‬
‫‪20‬אז בא אשת זבדיאל עם בניה משתחוה ומבקשת בקשה‬
‫ממנו‪.‬‬
‫‪21‬ויאמר אליה מה תרצי‪ .‬ותאמר שתצוה לשבת שני בני אלה‬
‫האחד לימינך והשני לשמאלך במלכותך‪.‬‬
‫‪22‬ויען להם יש׳׳ו לא תדעון מה תבקשון‪ .‬התוכל לסבול היסורין‬
‫והמיתה שאני עתיד לסבול? ויאמרו נוכל‪.‬‬
‫‪23‬ויאמר להם שתו כוסי והושיבו לשמאלי או גם לימיני אין לי‬
‫לתתה לכם כי אם לאשר הוא נכון לפני אבי‪.‬‬
‫‪24‬וישמעו העשרה ויחר בעיניהם בעניין שני אחים‪.‬‬
‫‪25‬ויקרבם יש׳׳ו אליו ויאמר להם דעו שנשיאי הגוים רודים בהם‬
‫וגדוליהם מבקשים לנפשם‪.‬‬
‫‪26‬לא כן יהיה ביניכם שהרוצה להיות גדול ביניכם ישקת אתכם‪.‬‬
‫‪27‬ואשר ירצה ביניכם להיות ראשון יהיה לכם עבד‪.‬‬
‫‪28‬ששר בן אדם לא בא שישרתוהו כי אם הוא לשרת ולתת‬
‫נפשו כופר לרבים‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ו ‪21‬‬
‫‪1‬וירקבו אל ירושלם ויבואו לבית פאגי להר הזתים וישלח יש׳׳ו‬
‫שנים מתלמידיו‪.‬‬
‫‪2‬ויאמר אליהם לכו אל המבצר אשר הוא נכחכם ומיד תמצאו‬
‫אתון אחת ועירה אחת‪ .‬והתירו אותם והביאום אלי‪.‬‬
‫‪3‬ואם יאמר לכם איש שום דבר אמרו לו שהאדון צריך להם‬
‫ומיד יעזוב אתהם‪.‬‬
‫‪4‬כל זה לקיים דבר הנביא לאמר‬
‫‪5‬אמרו לבת ציון הנה מלכך יבא לך צדיק ונושע הוא עני ורוסב‬
‫על אתון ועל עיר בן אתון‪.‬‬
‫‪6‬ויכלו ויעשו כאשר ציום יש׳׳ו‪.‬‬
‫‪7‬ויביאו האתון והעיר וירכב יש׳׳ו עליה והאחרים שמו עליהם‬
‫כליהם ומלבושיהם ויעלו למעלה‪.‬‬
‫‪8‬ורבים מהחבורה פורשים מלבושיהם בדרך ואחרים הסודרנא‬
‫ענפי העצים וישליכו לפניו ולאחריו‬
‫‪9‬קוראים לאמר הושענא מושיע העולם ברוך הבא בשם ה׳׳‬
‫הושענא מושיענו תתפאר בשמים ובארץ‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ח‬
‫‪10‬ויהי אחרי כן בבא יש׳׳ו ירושלם חרדה כל העיר לאמר מי‬
‫היא זה‪.‬‬
‫‪11‬ויאמר העם זה לזה יש׳׳ו הנביא מנאזא׳׳ריל אשר בגליל‪.‬‬
‫‪12‬ויבא יש׳׳ו בית ה׳׳ וימצא שם הקונים והמוכרים‪ .‬ויהפוך‬
‫לוחות השולחנים והמושבות מוכרי היונים‪.‬‬
‫‪13‬ויאמר אליהם כתיב כי ביתי בית תפלה יקרא לכל העמים‬
‫ואתם עשיתם אותה מערת פריצים‪.‬‬
‫‪14‬ויקרבו אליו עורים ופסחים במקדש וירפאם‪.‬‬
‫‪15‬ויבואו גדולי החכמים והכהנים לראות הפלאות שעשה‪.‬‬
‫והנערים קוראים במקדש ואומרים ישתבח בן האל‪ .‬והחכמים‬
‫ילעגו‬
‫‪16‬ויאמרו לו הלא שמעת מה אומרים אלו‪ .‬ויען להם ויאמר‬
‫שמעתי אלו‪ .‬הלא קראתם מפי עוללים ויונקים וסדת עוז?‬
‫‪17‬ויעזוב וילך חוצה אל בית חנניא וילך שם ושם היה דורש להם‬
‫ממלכות האל‪.‬‬
‫‪18‬ויהי בבקר וישב לעיר רעב‪.‬‬
‫‪19‬וירא תאנה אחת אצל הדרך ויגש אליה ולא מצא בה רק‬
‫העלים לבד‪ .‬ויאמר לה אל יצא ממך פרי לעולם‪ .‬ותיבש התאנה‬
‫מיד‪.‬‬
‫‪20‬ויראו התלמידים ויתמהו ויאמרו איך יבשה התאנה מיד‪.‬‬
‫‪21‬ויען יש׳׳ו ויאמר להם אם תהיה בכם אמונה בלי ספק לא‬
‫לתאנה בלבד תעשו כי אם תאמרו להר הזה שימוש ויבא בם‬
‫יעשה‪.‬‬
‫‪22‬וכל אשר תשאלון בתפלה יתהיו מאמינים תקבלון‪.‬‬
‫פרק פ׳׳ט‬
‫‪23‬ויבא אל המקדש ללמד ויקרבו אליו החכמים והכהנים וקציני‬
‫העם לאמר באיזה כח תעשה החיל הזה‪.‬‬
‫‪24‬ויען להם יש׳׳ו ויאמר להם אשאל מכם גם אני שאלה אחת‬
‫ואם תאמרו לי אותה גם אני אומר לכם באיזה כח אני עושה‪.‬‬
‫‪25‬טבילת יוחנן מאין היתה מן השמים או מן האנשים? ויתעצבו‬
‫ביניהם לאמר מה נאמר‪ .‬אם נאמר מהשמים יאמר לנו למה לא‬
‫תאמינו בו‪.‬‬
‫‪26‬ואם נאמר מן האנשים נירא מן החבורה שלכם מאמינים‬
‫שיוחנן נביא היה‪.‬‬
‫‪27‬ויאמרו לא ידענו‪ .‬ויאמר גם אני לא אומר לכם באיזה כח אני‬
‫עושה‪.‬‬
‫פרק צ׳׳‬
‫‪28‬בערב ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו מה נראה לכם‪ .‬איש א׳׳ היו‬
‫לו שני בנים ויגש האחד ויאמר לו לך בני היום לעבוד כרמי‪.‬‬
‫‪29‬ויאמר לו איני רוצה‪ .‬ואח׳׳כ נחם והלך‪.‬‬
‫‪30‬ויאמר לאחר כמו כן ויען אליו הנני אדו׳ ולא הלך‪.‬‬
‫‪31‬מי משניהם עשה רצון הבא? ויאמרו לו הראשון‪ .‬ויאמר להם‬
‫יש׳׳ו אמן אני אומר לכם שהפריצים והקדישות יקדמו אתכם‬
‫במלכות שמים‪.‬‬
‫‪32‬שבא אליכם יוחנן דרך צדקה ולא המנתם‪ .‬באו הפריצים‬
‫והקדישות והאמינו בו ואתם רואים ולא חזרתם בתשובה‪ .‬גם‬
‫אחרי כן לא נחמתם להאמין בו‪ .‬למי אזנים לשמוע ישמע בחרפה‪.‬‬
‫פרק צ׳׳א‬
‫‪)33‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לתלמידיו ולסיעת היהודים שמעו נא‬
‫משל הזורע‪ .‬אדם אחד נכבד נטע כרם וגדר אותו מסביב ויבן מגדל‬
‫בתוכו וגם יקב חצב בו ויפקידהו לעובדים וילך לדרכו‪.‬‬
‫‪34‬ויהי לעת אסוף התבואה שלח אל עבדיו אל העובדים לקבל‬
‫תבואתו‪.‬‬
‫‪35‬ויקחו העובדים את עבדיו ויכו את האחד ויהרגו את השני‬
‫והשלישי סקלו באבנים‪.‬‬
‫‪36‬וישלח עוד עבדים רבים מהראשונים ויעשו להם כמו כן‪.‬‬
‫‪37‬סוף דבר שלח להם בנו לאמר אולי יראו את בני‪.‬‬
‫‪38‬ויראו העובדים את בנו ויאמרו איש אל רעהו זהו היורש‪ .‬לכו‬
‫ונהרגהו ונירש נחלתו‪.‬‬
‫‪39‬ויקחוהו ויוציאוהו מן הכרם ויהרגוהו‪.‬‬
‫‪40‬ועתה כאשר יבא בעל הכרם מה יעשה להם?‬
‫‪41‬ויענו לו לאמר הרעים יאבדם ברעה וברמו יתן לעובדים‬
‫אחרים שיתנו לו חלק תבואתו מיד‪.‬‬
‫‪42‬ויאמר להם יש׳׳ו הלא קראתם הכתוב אבן מאסו הבונים‬
‫היתה לראש פנה מאת ה׳׳ היתה זאת היא נפלאת בעינינו‪.‬‬
‫‪43‬לזאת אני אומר לכם שתתקרע מלכות שמים מעליכם ותנתן‬
‫לגוי עושה פרי‪.‬‬
‫‪44‬והנופל על האבן הזאת ידחה ואשר יפול עליה יסדק‪.‬‬
‫‪45‬וישמעו גדולי הכהנים והפרושים משליו ויכירו שהוא מדבר‬
‫בעדם‪.‬‬
‫‪46‬ויבקשו להמיתו ויראו מהחבורות שלנביא היה להם‪(.‬‬
‫פרק צ׳׳א )צ׳׳ב( ‪22‬‬
‫‪1‬ויען יש׳׳ו ויאמר להם עוד בדברי משל‪.‬‬
‫‪2‬מלכות שמים דומה למלך אשר עושה חופה‪.‬‬
‫‪3‬וישלח את עבדיו בעד הקרואים לחופה ולא אבו לו‪.‬‬
‫‪4‬וישלח עוד עבדים אחרים לאמר אמרו לקרואים הנה הכנתי‬
‫המשתה וזבחתי שורים ועופות והכל מוכן‪ .‬בואו אל החופה‪.‬‬
‫‪5‬והם בזו וילכו מקצתם בעיר ומקצתם בעסקיהם‪.‬‬
‫‪6‬והאחרים )לקחו את עבדיו( והתעללו בם והרגום‪.‬‬
‫‪7‬וישמע המלך ויחר אפו וישלח הרוצחים ההם ואת ביתם שרף‬
‫באש‪.‬‬
‫‪8‬אז אמר לעבריו החופה מוכנת היא רק הקרואים לא היו‬
‫ראויים‪.‬‬
‫‪9‬ועתה צאו אל הדרכים וכל אשר תמצאו קראו לחופה‪.‬‬
‫‪10‬ויצאו עבדיו אל הדרכים ויקבצו כל הנמצאים טובים ורעים‬
‫ותמלא החופה מהאוכלים‪.‬‬
‫‪11‬ויבא המלך לראות האוכלים וירא שם אדם אשר לא היה‬
‫מלובש בגדי החופה‪.‬‬
‫‪12‬ויאמר לו אהובי איך באתה לכאן בלא לבושי החופה‪ .‬והוא‬
‫החריש‪.‬‬
‫‪13‬אז אמר המלך למשרתיו אסרו ידיו ורגליו והשליכוהו בשאול‬
‫תחתית ושם יהיה בכי וחרוק שינים‪.‬‬
‫‪14‬הקרואים רבים והנבחרים מעטים‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ג‬
‫‪15‬אז הלכו הפירושים ויועצו לקחתו בדבר‪.‬‬
‫‪16‬וישליחו אליו מתלמידיהם עם פרושים מהורוד׳׳וס לאמר רבי‬
‫ידענו שנאמן אתה ותלמוד באמונה דרך האלקים ואינך חושש‬
‫לשום דבר ולא נושא פנים‪.‬‬
‫‪17‬אמור מה יראה לך הנכון לתת מס לציזא׳׳רי אם אין‪.‬‬
‫‪18‬ויחרישו את נכלותם ויאמר למה תמיתוני חנפנים‪.‬‬
‫‪19‬הראו לי מטבע המס‪ .‬ויביאו לו‪.‬‬
‫‪20‬ויאמר אליהם למי הצורה הזאת והרשום‪.‬‬
‫‪21‬ויאמר לציזא׳׳רי‪ .‬אז אמר אליהם יש׳׳ו השיבו לציזא׳׳רי את‬
‫אשר לציזא׳׳רי לציזא׳׳רי ואשר לאלקים לאלקים‪.‬‬
‫‪22‬וישמעו ויתמהו ייעזבוהו וילכו‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ד‬
‫‪23‬ביום ההוא קראו אליו הצדוקים והכופרים בתחיית המתים‪.‬‬
‫וישאלוהו‬
‫‪24‬לאמר ר׳ אמור לנו אמר משה כי ישבו אחים יחדיו ומת אחד‬
‫מהם ובן אין לו שיקח אחיו את אשתו לקיים זרע אחיו‪.‬‬
‫‪25‬והנה שבעה אתים היו בינינו ונשא הראשון אשה ומת בלא‬
‫זרע ויבם אחיו את אשתו‪.‬‬
‫‪26‬וכן השני ושלישי עד השביעי‪.‬‬
‫‪27‬ואחריהם מתה האשה‪.‬‬
‫‪28‬שכבר היה לכולם אל מי מהשבעה תהיה האשה‪.‬‬
‫‪29‬ויען יש׳׳ו ויאמר אליהם תשגו ולא תבינו הספרים ועוז‬
‫האלקים‪.‬‬
‫‪30‬ביום התקומה לא יקחו האנשים נשים ולא הנשים אנשדים‬
‫רק יהיו כמלאכי אלקים בשמים‪.‬‬
‫‪31‬הלא קראתם מתחיית המתים שאמר ה׳׳ לכם שאמר‬
‫‪32‬אני ה׳׳ אלקי אברהם אלקי יצחק ואלקי יעקב‪ .‬וא׳׳כ אינו‬
‫אלקי המתים כ׳׳א אלקי החיים‪.‬‬
‫‪33‬וישמעו החבורות ויתמהו מחכמתו‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ה‬
‫‪34‬וכאשר ראו הפירושים כי אין מענה לצדוקים התחברו עבדיו‪.‬‬
‫‪35‬וישאלוהו חכם א׳׳ לנסותו‬
‫‪36‬ר׳ אמור איזה היא מצוה גדולה שבתורה‪.‬‬
‫‪37‬אמר לו ואהבת את ה׳׳ אלקיך בכל לבבך וכו‪.‬‬
‫‪38‬זו היא הראשונה‪.‬‬
‫‪39‬שנית דומה אליה ואהבת לרעך כמוך‪.‬‬
‫‪40‬ועל שתי המצוות האלה התורה כולה תלויה והנביאים‪.‬‬
‫‪41‬ויאספו הפרושים וישאלם יש׳׳ו‬
‫‪42‬לאמר מה יראה לכם מן המשיח ובן מי יהיה‪ .‬ויאמרו לו בן‬
‫דוד‪.‬‬
‫‪43‬ויאמר להם איך קראו אותו דוד ברוח הקדש לאמר אדון‬
‫‪44‬דכתיב נאם ה׳׳ לאדוני שב לימיני עד אשית אויביך הדום‬
‫לרגליך‪.‬‬
‫‪45‬אם דוד קראו אדון איך יהיה בנו?‬
‫‪46‬ולא יכלו להשיבו דבר מכאן ואילך פחדו לשאול ממנו דבר‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ו ‪23‬‬
‫‪1‬אז דבר יש׳׳ו אל העם ואל תלמידיו‬
‫‪2‬לאמר על כסא משה ישבו הפירושים והחכמים‪.‬‬
‫‪3‬ועתה כל אשר יאמר לכם שמרו ועשו ובתקנותיהם ומעשיהם‬
‫אל תעשו שהם אומרים והם אינם עושים‪.‬‬
‫‪4‬ודורשים ונותנים משאות גדולות לא יוכלו לסובלם והם אפי׳‬
‫באצבעם אינם רוצים לנוע‪.‬‬
‫‪5‬וכל מעשיהם עושים למראה עינים ולובשים מלבושים יקרים‬
‫וציציות נקראים פיב׳׳ליאוס גדולים‬
‫‪6‬אהבים להיות מסובים ראשונה בבתי משתאות ולהיות מושבם‬
‫בבתי כנסיות בראשונה‬
‫‪7‬ולהשתחוות להם בחוצות ולקוראם רבנים‪.‬‬
‫‪8‬ואתם אל תרצו להיות נקראים רבנים‪ .‬אחד הוא רבכם וכולכם‬
‫אחים‪.‬‬
‫‪9‬ואב אל תקראו לאדם על הארץ‪ .‬אחד הוא אביכם שבשמים‪.‬‬
‫‪10‬ואל תקראו רבנים שרבכם אחד הוא המשיח‪.‬‬
‫‪11‬הגדול ביניכם יהיה משרת אתכם‪.‬‬
‫‪12‬ואשר יתרומם ישח ואשר ישח ירום‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ז‬
‫‪13‬אוי לכם הפרושים והחכמים חנפים מלכות שמים בפני בני‬
‫אדם והרוצים לבא אינכם עוזבים אותם לבא‪.‬‬
‫‪14‬אוי לכם הפרושים והחכמים חנפים שאתם אוכלים וחולקים‬
‫נכסי הנשים האלמנות בדרש ארוך ובעבור זה תסבלו עונש ארך‪.‬‬
‫‪15‬סובבים הים והיבשה לקשור לב איש אחד באמונתכם וכאשר‬
‫יהיה נקשר יהיה רע כפלים מקודם‪.‬‬
‫‪16‬אוי לכם מושבי העורים אשר תאמרו שהנשבע בהיכל אינו‬
‫חייב ואשר ידור באיזה דבר שהוא נקדש לבניין ההיכל חייב לשלם‬
‫‪17‬משוגעים ועורים איזה יותר גדול ההיכל או דבר הנקדש‬
‫להיכל‬
‫‪18‬ואשר ישבע במזבח אינו חייב והנשבע שיקריב קרבן חייב‬
‫לתת‪.‬‬
‫‪19‬איזה יותר הקרבן או המזבח המקדש או הקרבן?‬
‫‪20‬אשר ישבע במזבח נשבע ובכל מה שבתוכו‪.‬‬
‫‪21‬‬
‫‪22‬ואשר ישבע בכסא אלקים נשבע בו וביושב עליו‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ח‬
‫‪23‬אוי להם לחכמים ולפרושים המעשרים הנמנע והשבת‬
‫והרמון והגוזלים ענבים אשר הוא יותר נכבד זהו משפטי התורה‬
‫והם החסד והאמת והאמונה‪ .‬אלו המאמרים ראויים לעשות ולא‬
‫לשכוח אותם‪.‬‬
‫‪24‬זרע מנהיגים העורים מדקדקים בדבר היתוש ובולעים את‬
‫הגמל‪.‬‬
‫‪25‬אוי לכם הפרושים והחכמים שתקנחו הכוסות והקערות‬
‫מבחוץ ותוכם מלא נבלה וטומאה‪.‬‬
‫‪26‬רחוף נקה תחלה מה שבתוכו להיות טהור אשר מבחוץ‪.‬‬
‫‪27‬אוי לכם החכמים והפרושים החנפים הדומים לקברים‬
‫המלובנים שידמו מבחוץ יבין לבני אדם ובתוכן מלאות עצמות‬
‫מתים ומטונפים‪.‬‬
‫‪28‬כן תראו אתם מבחוץ צדיקים לבני אדם ובקרבכם מלאות‬
‫חנפות ורשעות‪.‬‬
‫‪29‬אוי להם החנפים והפרושים והחכמים שתבנו קברי הנביאים‬
‫ותכבדו צאני הצדיקים‪.‬‬
‫‪30‬ותאמרו אם היינו בימי אבותינו לא היינו מניחים בימי‬
‫הנביאים‪.‬‬
‫‪31‬בזאת אתם מעידים על עצמכם שבנים אתם לאשר הרגו‬
‫הנביאים‬
‫‪32‬ואתם נוהגים במעשה אבותיכם‪.‬‬
‫‪33‬נחשים זרע צפעונים איך תנוסו מדין גיהנם אם לא תשובו‬
‫בתשובה‪.‬‬
‫פרק צ׳׳ט‬
‫‪34‬בעת ההיא אמר יש׳׳ו לחבורות היהודים לזאת הנני שולח‬
‫לכם נביאים וחכמים וסופרים‪ .‬ומהם תהרגו ומהם תכאיבו בבתי‬
‫כנסיותכם ותרדפוני מעיר אל עיר‪.‬‬
‫‪35‬עליבם דם כל צדיק הנשפך על הארץ מדם הבל הצדיק עד‬
‫דם צכריה בן ברכיה אשר הרגתם בין ההיכל ולמזבח‪.‬‬
‫‪36‬באמת אני אומר לכם שיבואו כל אלה על הדור הזה‬
‫‪37‬ועל ירושלים ההורגת הנביאים ומסלקת השלוחים כמה‬
‫פעמים רציתי לאסוף בניך כאשר תאסוף התרנגולת אפרוחיה‬
‫תחת כנפיה ולא רצית‪.‬‬
‫‪38‬לכן אתם תעזבו בתיכם חרבות‪.‬‬
‫‪39‬באמת אני אומר לכם לא תראוני מכאן ואילך עד שתאמרו‬
‫ברוך מושיענו‪.‬‬
‫פרק ק׳ ‪24‬‬
‫‪1‬ויהי כאשר יצא יש׳׳ו מן המקדש וכשהיה הולך נגשו תלמידיו‬
‫להראותו בניני המקדש‪.‬‬
‫‪2‬ויאמר תראו כל אלה אמן אני אומר לכם שהכל יהרס ולא‬
‫ישאר שם אבן על אבן‪.‬‬
‫‪3‬ובשבתו על הר הזתים נגד בית המקדש שאלו לו לו פיט׳׳רוש‬
‫ויחנן ואנדריאה בסתר מתי יהיה כל אלה ומה האות שיהיה‬
‫כשיהיו כל אלה הענינים או כשיתחילו ומתי יהיה תכלית העולם‬
‫וביאתך‪.‬‬
‫‪4‬ועין להם יש׳׳ו השמרו פן יתעה אתכם איש‬
‫‪5‬שרבים יבאו עם שמי לאמר אני הוא המשיח ויתעו אתכם‪.‬‬
‫‪6‬ואתם כאשר תשמעו המלחמות וחברת הצבאות השמרו פן‬
‫תהבלו שכל זה עתיד לבא אבל עדין אין התכלית‪.‬‬
‫‪7‬ויקום גוי על גוי וממלכה על ממלכה ויהיו מהומות רבות ורעב‬
‫כבד ורעש במקומות‪.‬‬
‫‪8‬כל אלה תחלת המכאובות‪.‬‬
‫‪9‬אז יאסרו אתכם לצרות ויהרגו אתכם ותהיו לחרפה לכל‬
‫העמים על שמי‪.‬‬
‫‪10‬ואז ירגזו רבים ויבגדו הם בהם ויתקצפו ביניהם‪.‬‬
‫‪11‬ויקומו נביאי השקר ויטעו את הרבים‪.‬‬
‫‪12‬וכאשר תרבה הרשעות תפוג אהבת רבים‪.‬‬
‫‪13‬ואשר יחכה עד התכלית יושע‪.‬‬
‫‪14‬ותדרש בשורה לעז אוו׳׳נגילי זאת בכל הארץ לעדות עלי על‬
‫כל הגוים ואז תבא התכלית‪.‬‬
‫‪15‬זה אנטיק׳׳ריסטוס וזהו שקוץ שמם האומר על פי דניאל‬
‫עומד במקום קדוש והקורא יבין‪.‬‬
‫‪16‬אז אשר ביודא ינוסו להרים‪.‬‬
‫‪17‬ואשר על הבית לא ירד לקרות שום דבר מביתו‪.‬‬
‫‪18‬ואשר בשדה לא ישוב לקחת כתנתו‪.‬‬
‫‪19‬הוי להרות ולמניקות בימים ההם‪.‬‬
‫‪20‬התפללו לאל שלא תהיה מנוסתכם בסתו ובשבת‪.‬‬
‫‪21‬שאז תהיה צרה גדולה אשר לא נהיתה מבראה העולם עד‬
‫עתה וכמוה לא תהיה‪.‬‬
‫‪22‬ולולי היות הימים ההם מעטים לא יושיע כל בשר רק בעבור‬
‫הנבחרים ימעטו הימים ההם‪.‬‬
‫‪23‬ובאותו הזמן אם יאמר איש לכם הנה המשיח או לשם לא‬
‫תאמינו‪.‬‬
‫‪24‬שיקומו משיחי שקרים ונבאי השקר ויתנו אותות ומופתים‬
‫גדולים בענין שאם יוכל להיות יבאו בטעות את הנבחרים‪.‬‬
‫‪26‬ואם יאמרו לכם הנו במדבר אל תצאו והנו בחדרים אל‬
‫תאמינו‪.‬‬
‫‪25‬הנני אומרו לכם קודם היותו‪.‬‬
‫פרק ק׳׳א‬
‫‪27‬עוד אמר להם יש׳׳ו לתלמידיו כמו שהברק יוצא במזרח‬
‫ונראה במערב כן תהיה ביאתו שלבן האדם‪.‬‬
‫‪28‬באיזה מקום שיהיה הגויה שם יתחברו הנשרים‪.‬‬
‫‪29‬ובאותה שעה אחרי הימים ההם יחשך השמש והירח לא יגיה‬
‫אורו והככבים יפלו מהשמים וחיל השמים יתנודד‪.‬‬
‫‪30‬ואז יראה האות שלבן האדם בשמים ויבכו כל משפחות‬
‫האדמה ויראו את בן האדם בעבי השמים בחיל רב ובצורה נוראה‪.‬‬
‫‪31‬וישלח מלאכיו בשופר ובקול גדול לאסוף את נבחריו מארבע‬
‫רוחות השמים מקצה השמים עד קצותם‪.‬‬
‫‪32‬מעץ התאנה תלמדו המשל כאשר תראו ענפיה ועלים‬
‫צומחים תדעו כי‬
‫‪33‬קרוב הוא לשערים‪.‬‬
‫‪34‬אמן אני אומר לכם שלא יעבור זה הדור עד שכל אלו‬
‫הדברים יהיו עשוים‪.‬‬
‫‪35‬והשמים והארץ יעברו‪.‬‬
‫‪36‬ומהיום ההוא ומהעת ההיא אין מי שיודע ולא מלאכי השמים‬
‫אלא האב בלבד‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ב‬
‫‪37‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו כאשר בימי נח כן תהיה בימינו שלבן‬
‫האדם‪.‬‬
‫‪38‬כאשר היו קודם המבול אוכלים ושותים ופרים ורבים עד יום‬
‫שבא נח בתיבה‪.‬‬
‫‪39‬ולא ידעו עד שבא המבול עליהם ושחיתם כן תהיה ביאתו‬
‫של בן האדם‪.‬‬
‫‪40‬אז אם יהיו שנים חורשים בשדה אחד האחד צדיק והאחד‬
‫רשע האחד ילכד והאחד יעזב‪.‬‬
‫‪41‬שתים נשים טוחנות בטחון אחת האחת תלכד והאחת תעזב‪.‬‬
‫וזה יהיה שהמלאכים בתכלית העולם יסירו המכשולים מהעולם‬
‫ויפרידו הטובים מהרעים‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ג‬
‫‪42‬אז אמר יש׳׳ו לתלמידיו לזאת שמרו עמי שלא תדעו אזו שעה‬
‫אדוניכם בא‪.‬‬
‫‪43‬זאת תדעו אם היה יודע איזו שעה הגנב בא ישמור ולא יעזוב‬
‫לחבור ביתו‪.‬‬
‫‪44‬כן אתם תהין נכונים שלא תדעו איזו שעה בן אדם עתיד‬
‫לבא‪.‬‬
‫‪45‬מה אתם חושבים מהעבר הנאמן והחכם ששם אותו אדוניו‬
‫על טפיו לתת אכלם בעתו?‬
‫‪46‬אשרי העבד ההוא שתצווהו אדוניו בבואו עושה כן‪.‬‬
‫‪47‬אמן אני אומר לכם שעל טפיו ישימהו‪.‬‬
‫‪48‬ואם יהיה העבד ההוא רע ויאמר בלבו אדוני מתמהמה ובא‬
‫‪49‬ויתחיל להכות עבדו אדוניו ויאכל וישתה עם הזוללים‬
‫‪50‬ובא אדוניו ביום אשר לא וחכה ובעת אשר לא ידע‪.‬‬
‫‪51‬ויפרידהו וישים חלקו עם החנפים שם יהיה בכי וחרוק שינים‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ד ‪25‬‬
‫‪1‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו מלכות שמים דומה לעשר בתולות‬
‫שלקחו נרותיהן ויצאו לקראת חתן וכלה‪.‬‬
‫‪2‬חמש מהן היו עצלות כסילות וחמש מהן זריזות וחכמות‪.‬‬
‫‪3‬החמש כסילות הוציאו נרותיהן ולא הוציאו שמן עמהן‪.‬‬
‫‪4‬והחכמות הוציאו שמן בכליהן עם נרותיהן‪.‬‬
‫‪5‬ויתמהמה החתן והנה כלן נתמהמהו ונשנה‪.‬‬
‫‪6‬ויהי בחצי הלילה והנה קול נשמע הנה החתן בא באו לקראתו‪.‬‬
‫‪7‬אז באו הבתולות כולנה והטיבו נרותיהן‪.‬‬
‫‪8‬ותאמרנה הבתולות הכסילות לחכמות תנו לנו משמנכם‬
‫שנרותינו נדעכו‪.‬‬
‫‪9‬ותעננה החכמות לאמר לכו נא אל המוכרים וקנו לכן כי אין די‬
‫בשמן שלנו ולכן‪ .‬נירא שיחסר לנו‪.‬‬
‫‪10‬ויהי כאשר הלכו לקנות בא החתן והמוכנות באו עמו לחופה‬
‫ונסגר השער‪.‬‬
‫‪11‬ואח׳׳כ באו הכסילות ותקראנה לשער לאמר אדוננו פתח לנו‪.‬‬
‫‪12‬ויען להן באמת אני אומר לכם איני יודע מי אתן‪.‬‬
‫‪13‬ועל כן השמרו לכם שלא תדעו היום והשעה שיבא החתן‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ה‬
‫‪14‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו דמיון אחר מלכות שמים דומה‬
‫לאדם הולך בדרך רחוקה ויקרא את עבדיו ויפזר להם ממונו‪.‬‬
‫‪15‬לאמר נתן חמשה זהובים לשני נתן שנים זהובים ולשלישי‬
‫אחד איש כראוי לו נתן להם‪ .‬וילך לדרכו‪.‬‬
‫‪16‬וילך המקבל החמשה זהובים והרויח חמשה אחרים‪.‬‬
‫‪17‬וכמו כן המקבל שנים הלך קנה ומכר והרויח חמשה אחרים‪.‬‬
‫‪18‬והמקבל האחד הלך וחפר בארץ ויטמון את ממון אדוניו‪.‬‬
‫‪19‬ואחר ימים רבים בא אדון העבדים ההם ויבקש מהם חשבון‬
‫הממון‪.‬‬
‫‪20‬ויגש המקבל החמשה זהובים אמר לו אדוני חמשה זהובים‬
‫נתת לי והא לך חמשה אחרים אשר רוחתי‪.‬‬
‫‪21‬ויאמר לו אדוניו אמנם עבד טוב ונאמן אתה‪ .‬ויען היית נאמן‬
‫במעט אשימך על הרבה בא בשמחת אדוניך‪.‬‬
‫‪22‬וגם המקבל שנים הזהובים נגש ויאמר אדוני שנים זהובים‬
‫נתת לי והנה שנים אחרים אשר הרוחתי‪.‬‬
‫‪23‬ויאמר לו אדוניו אמנם עבד טוב ונאמן אתה‪ .‬וכי היית נאמן‬
‫במעט אשימך על הרבה בא בשמחת אדוניך‪.‬‬
‫‪24‬ויגש המקבל האחד ויאמר אדוני ידעתי שעז וקשה אתה‬
‫ותקצור אשר לא זרעת ותאסוף אשר לא פזרת‪.‬‬
‫‪25‬ומיראתך הלכתי וטמנתי הזהוב שלך והא לך שלך‪.‬‬
‫‪26‬ויען אדוניו ויאמר עבד רע ועצל אחרי שידעת שקוצר אני‬
‫אשר לא זרעתי ואוסף אשר לא פזרתי‬
‫‪27‬לזאת היית חייב לתת נכסי לשולחני ובבואי הייתי מקבל את‬
‫שלי עם ריוח‪.‬‬
‫‪28‬לזאת קחו ממנו הזהב וחנותו לאשר רווח החמשה זהובים‪.‬‬
‫‪29‬לאשר יש לו תנתן לו ולאשר אין לו הראוי לו ילקח ממנו‪.‬‬
‫‪30‬והעבד העצל השליכהו במחשכי תחתיות ושם יהיה לו בכי‬
‫וחרוק שנים‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ו‬
‫‪31‬עוד אמר יש׳׳ו לתלמידיו ובבוא בן האדם במראהו עם מלאכיו‬
‫אז ישב על כסא כבודו‪.‬‬
‫‪32‬ויאספו לפניו כל הגוים ויפריד ביניהם כאשר יפריד הרועה בין‬
‫הכשבים ובין העזים‪.‬‬
‫‪33‬ויציג את הכשבים לימינו והעזים לשמאלו‪.‬‬
‫‪34‬אז ידבר לאשר לימינו בואו ברוכים ברוכי אבי וירשו לכם‬
‫ממלכות השמים המוכן לכם מבריאת העולם עד עתה‪.‬‬
‫‪35‬כי רעבתי ונתתם לי לאכול צמאתי ונתתם לי לשתות אורח‬
‫הייתי ותאספוני‬
‫‪36‬ערום ותלבישוני חולה ותבקרוני בבית הסהר הייתי ותבואו‬
‫אלי‪.‬‬
‫‪37‬אז יענו הצדיקים אדוננו מתו ראינוך והשבענוך צמנו‬
‫והשקתוך‬
‫‪38‬ערום וכסיתוך‬
‫‪39‬חולה ובקרנוך בבית הסהר ובאנו אליך‪.‬‬
‫‪40‬ויען המלך ויאמר להם אמן אני אומר לכם שבכל הפעמים‬
‫אשר עשיתם לאחד עני מאחד אלו הקטנים כאלו עשיתם לי‪.‬‬
‫‪41‬וגם ידבר לאשר לשמאלו סורו ממני ארורים ובאו באש‬
‫עולמית במקום מוכן לכם עם השטן ומלאכיו‬
‫‪42‬שרעבתי ולא נתתם לי לאכול צמאתי ולא השקיתם לי‬
‫‪43‬הייתי אורח ולא אספתם אותי ערום ולא כסיתם אותי חולה‬
‫ובבית ולא בקרתם אותי‪.‬‬
‫‪44‬אז יענו גם הם ויאמרו אליו מתי ראינוך אדוננו רעב וצמא או‬
‫אורח וערום וחולה או בבית הסוהר ולא היינו עמך משרתים‬
‫אותך‪.‬‬
‫‪45‬ויענה אליהם ויאמר אני אומר לכם שכל הפעמים אשר לא‬
‫עשיתם זאת לעני אחד מאלו הקטנים כאלו לא עשיתם אלי‪.‬‬
‫‪46‬וילכו אלה לדראון עולם והצדיקים לחיי עולם‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ז ‪26‬‬
‫‪1‬ויהי כאשר כלה יש׳׳ו לדבר כל הדברים האלה אמר לתלמידיו‬
‫‪2‬הלא תדעו שאחר שני ימים יהיה הפסח ובן האדם ימסר ביד‬
‫היהודים לצליבה‪.‬‬
‫‪3‬אז נאספו סגני הכהנים וגדולי העם בחצר נגיד הכהנים ושמו‬
‫קאיפש‪.‬‬
‫‪4‬ויועצו יחדיו לתפוש את יש׳׳ו בערמה ולהורגו‪.‬‬
‫‪5‬ויאמרו לא יהיה בחג פן שאון יהיה בעם‪.‬‬
‫‪6‬ויהי כאשר היה יש׳׳ו בכפר חנניה בבית סימון המצורע‬
‫‪7‬נגשה אליו אשה אחת בפך משיחה יקרה ותיצק אותו על‬
‫ראשו והוא מסבה לשלחן‪.‬‬
‫‪8‬וירע להם מאד מדוע האבדון הזה‬
‫‪9‬יוכל למוכרה במחיר רב ולתת לעניים‪.‬‬
‫‪10‬ויש׳׳ו היודע כל דבר לאיזה ענין נעשה אמר להם אתם‬
‫מאשימים את האשה הזאת‪ .‬באמת מעשה טוב ונפלא עשתה‬
‫עמדי‪.‬‬
‫‪11‬כי העניים יחיו עמכם תמיד ואני לא אהיה עמכם תמיד‪.‬‬
‫‪12‬ושמה זאת בגופי רומז לקבורתי‪.‬‬
‫‪13‬אמן אני אומר לכם בכל מקום אשר תקרא בשורה זו לעז‬
‫אוונגיל בכל העולם יאמר אשר עשה זאת בזכרי‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ח‬
‫‪14‬אז הלך אחד מהשנים עשר ששמו יודא אשכריוטו לגדולי‬
‫הכהנים‪.‬‬
‫‪15‬ויאמר מה תתנו לי ואני אמסור יש׳׳ו לכם‪ .‬ויפסקו אתו‬
‫שלשים כסף‪.‬‬
‫‪16‬ומכאן ואילך בקש ענין למסור אותו‪.‬‬
‫‪17‬וביום הראשון של חג המצות קרבו התלמידים ליש׳׳ו לאמר‬
‫אנה נכין לך אכילת הסדר הפסח‪.‬‬
‫‪18‬ויאמר להם לכו אל העיר לאיזה איש שידברו לבו לעשות‬
‫ואמרו לו כה אמר הרב זמני קרוב הוא עמך ויעשה פסח עם‬
‫תלמידי‪.‬‬
‫‪20‬ויהי לעת ערב והוא יושב לשלחן עם י׳׳ב תלמידיו‪.‬‬
‫‪21‬כאמר היו אוכלים אמר להם אומר אני לכם שאחד מכם‬
‫ימסרני‪.‬‬
‫‪22‬ויתעצבו מאד ויאמרו לו כל אחד לאמר אדוני האני זה‪.‬‬
‫‪23‬ויען להם הטובל קרפס עמי בקערה הוא ימכרני‪ .‬וכולם היו‬
‫אוכלים בקערה אחת‪ .‬לכן לא הכירוהו שאלו הכירוהו השמידוהו‪.‬‬
‫‪24‬ויאמר להם יש׳׳ו אמת שבן האדם הולך ככתוב בו אוי לאדם‬
‫ההוא אשר בשבילו בן אדם ימסר‪ .‬טוב לו שלא נולד לאיש ההוא‪.‬‬
‫‪25‬ויען יודא אשר מכרו ויאמר לו רבי האני זה ויאמר אתה‬
‫דברת‪.‬‬
‫פרק ק׳׳ט‬
‫‪26‬המה אוכלים ויקח יש׳׳ו מצה ויברך ויחלקהו ויתן לדלמידיו‬
‫ויאמר קחו ואכלו זה הוא גופי‪.‬‬
‫‪27‬ויקח את הכוס ויתן שבחים לאביו ויתן להם ויאמר שתו מזה‬
‫כולכם‪.‬‬
‫‪28‬זהו דמי מחלק מברית חדשה אשר ישפך בעבור הרבים‬
‫לכפרת עונות‪.‬‬
‫‪29‬אומר אני לכם לא אשתה אני מכאן ואילך מפרי הגפן הזאת‬
‫עד היום ההוא שאשתה אותו חדש עמכם במלכות שמים‪.‬‬
‫‪30‬וילכו ויצאו להר הזתים‪.‬‬
‫פרק ק׳׳י‬
‫‪31‬אז אמר יש׳׳ו לתלמידיו באו כלכם התעצבו עלי הלילה שכן‬
‫כתיב הך את הרועה ותפוצינה הרועים‪.‬‬
‫‪32‬ואחרי קומי מהמיתה אגלה לכם בגליל‪.‬‬
‫‪33‬ויען פיט׳׳רוש ויאמר לו אם כלם יעצבו עליך אני לא אתעצב‬
‫לעולם‪.‬‬
‫‪34‬ויאמר יש׳׳ו אמן אני אומר לך שבזה הלילה קודם קריאת‬
‫הגבר תכפור בי ג׳ פעמים‪.‬‬
‫‪35‬ויאמר לו פיט׳׳רוש אם יתכן לי למות עמך לא אכפור בך‪.‬‬
‫וכזה אמרו לו כל התלמידים‪.‬‬
‫‪36‬אז בא יש׳׳ו עמהם לכפר גיא שמנים ויאמר שבו נא עד‬
‫שאלך לשם ואתפלל‪.‬‬
‫‪37‬ויקח את פיטרוש ואת שני בני זבדאל והתחיל להתעצב‬
‫ולהיות זעף‪.‬‬
‫‪38‬אז אמר להם נפשי מתעצבת עד מות סמכוני ושמרו עמי‪.‬‬
‫‪39‬וילך לאט לאט מעט ויפול על פניו ויתפלל ויאמר אם יוכל‬
‫להיות הסר נא ממני הכוס הזה‪ .‬אמנם לא כמו שאני רוצה יהיה‬
‫אלא כרצונך‪.‬‬
‫‪40‬ויבא אל התלמידים וימצאם ישנים‪ .‬ויאמר לפיט׳׳רו כך‬
‫האינך יכול לשמור עמדי שעה אחת‪.‬‬
‫‪41‬שמרו והתפללו פן תבאו בנסיון שהאמת שהרוח נכון לילד לו‬
‫ראו את הבשר חלש וחולה‪.‬‬
‫‪42‬וילך שנית להתפלל לאמור אם לא תוכל להסיר הכוס הזה‬
‫אלא שאשתהו יהיה עשי כרצונך‪.‬‬
‫‪43‬וישב אחרי כן וימצאם ישנים שהיו עיניהם כבדים‪.‬‬
‫‪44‬ויעזוב אותם וילך להתפלל פעם שלישית כדברים הראשונים‪.‬‬
‫פרק קי׳׳א‬
‫‪45‬אז בא יש׳׳ו לגליל לתלמידיו ויאמר להם שנו ונוחו הנה הקרב‬
‫העת ובן האדם ימסר ביד החטאים‪.‬‬
‫‪46‬קומו ונלך שהנו קרוב מי שימסרנו‪.‬‬
‫‪47‬עודנו מדבר והנה יודא אסכריוטא אחד מי׳׳ב תלמידיו בא‪.‬‬
‫ועמו חבורה אחת רבה בחרבות ובשוטים שלוחים מאת גדולי‬
‫הכהנים ושרי העם‪.‬‬
‫‪48‬ואשר מסרוהו נתן להם אות אשר אשקנו הוא ותפשוהו‪.‬‬
‫‪49‬ומיד נגש אל יש׳׳ו ויאמר לו שלום עליך רבי וישקהו‪.‬‬
‫‪50‬ויאמר אליו יש׳׳ו אהובי מה עשית‪ .‬ויקרבו וישלחו ידם בו‬
‫ויתפשוהו‪.‬‬
‫‪51‬והנה אחד מאשר היה עם יש׳׳ו נטה ידו וישלוף חרבו ויך עבד‬
‫אחד מעבדי הכהנים ויכרות אזנו‪.‬‬
‫‪52‬ויאמר אליו יש׳׳ו השב חרבך אל נדנה שהשרופים חרב בחרב‬
‫יפולו‪.‬‬
‫‪53‬הלא תבין שאוכל לפגוע באויבי ואכן לי עתה יתר מי׳׳ב‬
‫לגיונות של מלאכים?‬
‫‪54‬ואיך ימלאון הכתובים? שכן ראוי לעשות‪.‬‬
‫‪55‬אחר אמר יש׳׳ו לחבורה כמו אם היינו גנבים באתם לקחת‬
‫אותי בחרבות ובשוטים‪ .‬והלא בכל יום הייתי עמכם במקדש‬
‫מלמדכם ולא עכבתוני?‬
‫‪56‬אמנם כל זה נעשה יען ימלאו הכתובים מהנביאים‪ .‬אז כל‬
‫תלמידיו הניחוהו וברחו‪.‬‬
‫‪57‬והם הוליכו ליש׳׳ו לבית קאיפש גדול הכהנים‪ .‬ואז כל‬
‫הסופרים והפרושים נקהלו‪.‬‬
‫‪58‬ופיט׳׳רוש היה הולך אחריו מרחוק עד בית גדול הכהנים‪.‬‬
‫ונכנס לבית וישב לו אצל האומנים עד יראה התכלית‪.‬‬
‫‪59‬וגדולי הכהנים והפרושים היו רוצים עדי שקר נגד יש׳׳ו יען‬
‫ימיתוהו‪.‬‬
‫‪60‬ולא היו מוצאים ואחד אשר הכינו הרבה עדי שקר נגד יש׳׳ו‪.‬‬
‫לסוף באו שני עדים שקרים‪.‬‬
‫‪61‬ויאמר זה אמר יש לי יכולת להשחית מקדש האל ואחר ג׳‬
‫ימים לתקן אותו‪.‬‬
‫‪62‬וגדול הכהנים קם ויאמר לו אינך עונה דבר נגד העדות שאלו‬
‫מעידים נגדך‪.‬‬
‫‪63‬ויש׳׳ו לא ענה דבר‪ .‬וגדול הכהנים אמר לו משביעך אני באל‬
‫חי שתאמר לנו אם אתה משיח בן האל‪.‬‬
‫‪64‬ויען לו יש׳׳ו אתה אומר ועוד אני אומר לכם עדין תראו בן‬
‫האל יושב לימין גבורת האל בא בעבי שחקים‪.‬‬
‫‪65‬אז גדול הכהנים קרע בגדיו ואמר זה ברך אלקים‪ .‬ומה לנו‬
‫צורך לעדים אחרים? והנה כולכם שמעתם איך ברך האל‪.‬‬
‫‪66‬מה יראה לכם שיתכן לעשות? והם ענו שחייב מיתה‪.‬‬
‫‪67‬ואז רקקו בפניו והלקוהו על שכמו ואחרים טבחו לו בפניו‬
‫‪68‬אומרים אמור לנו המשיח מי הכך‪.‬‬
‫‪69‬ופיט׳׳רוש היה עומד לפתח החצר ונגשה אליו שפחה אחת‬
‫ואומרת לו והאל אתה עם יש׳׳ו הגלילי היית עומד‪.‬‬
‫‪70‬ופיט׳׳רוש כחש לה בפני הכל ואמר לה אשה איני יודע מה‬
‫את אומרת‪.‬‬
‫‪71‬וכאשר עבר השער ראה שפחה אחרת ואמרת לעוברים שם‬
‫זה האיש היה עומד עם יש׳׳ו בנאצ׳׳רת‪.‬‬
‫‪72‬ופעם אחרת כחש יש׳׳ו בשבועה שלא הכירו‪.‬‬
‫‪73‬ואחר כן לזמן מעט נגשו אל פיט׳׳רוש העומדים בחצר ויאמרו‬
‫לו אתה הוא מחבורת זה הנביא שמדברך נכר שאתה מהם‪.‬‬
‫‪74‬אז התחיל לכפור ולישבע שבשום זמן לא הכירו‪ .‬ומיד קרא‬
‫התרנגול‪.‬‬
‫‪75‬ופיט׳׳רוש נזכר מאשר אמר לו יש׳׳ו שקודם קריאת הגבר‬
‫יכפור בו ג׳ פעמים‪ .‬ואז יצא לחוץ ובכה במרירות נפשו‪.‬‬
‫פרק קי׳׳ב ‪27‬‬
‫‪1‬ויהי בבקר כל גדולי החכמים והקדמונים לקחו עצה נגד יש׳׳ו‬
‫שמכל וכל יהרגוהו‪.‬‬
‫‪2‬וקשור הוליכוהו לבית פו׳׳טץ פילא׳׳ט שהיה גזבר‪.‬‬
‫‪3‬ואז כאשר ראה יודא אסכריוטא שהיה נדון התחיל לשוב‬
‫בתשובה‪ .‬וחזר השלשים דינרים לגדול הכהנים ולזקני העם‪.‬‬
‫‪4‬אמר אני חטאתי ששפכתי דם נקי‪ .‬והם אמרו לו מה לנו אתה‬
‫תראה‪.‬‬
‫‪5‬וזרק המעות במקדש והלך לו ולקח חבל אחת ותלה עצמו‪.‬‬
‫‪6‬וגדולי הכהנים כאשר לקחו המעות אמרו לא יתכן שנשים אלו‬
‫המעות במקדש שדמי דם הם שנתנו בעד דמי יש׳׳ו‪.‬‬
‫‪7‬ויועצו ויתנו אותם בעד שדה אדם יוצר חרס בעד שיגברו שם‬
‫הגרים‪.‬‬
‫‪8‬ולכן נקרא אותו שדה אהל דם היום הזה‪.‬‬
‫‪9‬אז נשלם מאמר זכריה הנביא ואומר להם אם טוב בעיניכם‬
‫רבו שכרי ואם חדלו‪ .‬וישקלו שכרי שלשים כסף‪ .‬ויאמר ה׳׳ אלי‬
‫השליכו אל היוצר‪ .‬וזהו מהאדם היוצר חרס‬
‫‪10‬כאשר אדוני צוה‪.‬‬
‫‪11‬ויש׳׳ו היה עומד לפני פילא׳׳ט ושאל לו האתה הוא מלך‬
‫היהודים‪ .‬ויש׳׳ו אמר אתה אומר‪.‬‬
‫‪12‬וכאשר יש׳׳ו היה רודף בעד גדולי הכהנים וזקני העם לשום‬
‫דבר שהיו אומרים עליו לא היה עונה‪.‬‬
‫‪13‬ופילא׳׳ט אמר לו אינך רואה כמה עדיות יש נגדך‪.‬‬
‫‪14‬ויש׳׳ו לא ענה אליו דבר ופילא׳׳ט היה נפלא מזה מאד‪.‬‬
‫‪15‬וביום החג הנכבד של פסח היה מנהגם שגובר העיר היה לתת‬
‫לעם אסור אחד מהאסורים אותו אשר ירצו‪.‬‬
‫‪16‬וביד פולא׳׳ט היה חבוש אחד שהיה כמעט שוטה שמו‬
‫ברבא׳׳ש‪ .‬ונלקח על רצחה ושם אותו בבור‪.‬‬
‫‪17‬וכאשר נאספו אמר להם פילא׳׳ט איזה מאלו תרצו שאינח‬
‫ברבא׳׳ש או יש׳׳ו שנקרא משיח‪.‬‬
‫‪18‬לפי שפילא׳׳ט היה יודע שעל שנאת חנם נלקח‪.‬‬
‫‪19‬ובעודו יושב בכסא אשתו שלחה לו שליח לאמר אחילה אני‬
‫ממך שבשום ענין לא תאמר דבר כנגד אותו צדיק שבזאת הלילה‬
‫סבלתי ענינים רבים במראה בעדו‪.‬‬
‫‪20‬וגדולי הכהנים וזקני הדת הקהילו לעם ישאלו את ברבאש‬
‫ושיש׳׳ו ימית‪.‬‬
‫‪21‬ויען להם פילא׳׳ט איזה מהמ תרצו שנניח‪ .‬והם אמרו‬
‫ברבאש‪.‬‬
‫‪22‬ויאמר להם פילאט א׳׳כ מה אעשה מיש׳׳ו הנקרא משיח‪.‬‬
‫וכולם ענו שיתלה‪.‬‬
‫‪23‬ופילא׳׳ט אמר להם איזו רעה עשה‪ .‬והם בחוזק היו זועקים‬
‫יתלוהו יתלוהו יתלוהו‪.‬‬
‫‪24‬ופילאט׳׳וש בראותו שלא היה תקומה ולא יכול להשלים שום‬
‫דבר עמהם קודם שיקום בעד זה קטטה גדולה בעם לקח מים‬
‫ורחץ ידיו בפני העם ואמר אני נקי מהם‪ .‬שמרו לכם מה תעשו‪.‬‬
‫‪25‬וענו כל העם ואמרו דמו יהיה עלינו ועל זרענו‪.‬‬
‫‪26‬ואז הניח לה ברבאש ומסר להם יש׳׳ו לקוי ומעונה שיתלוהו‪.‬‬
‫פרק קי׳׳ג‬
‫‪27‬אז פרשי החצר לקחו ליש׳׳ו במשמר ויקהלו בפני קהל רב‬
‫מעמים רבים‪.‬‬
‫‪28‬וילבישוהו ליש׳׳ו בגדי משי ויעטפוהו מעיל משי ירוק‪.‬‬
‫‪29‬ועשו עטרה מקוצים וישימהו על ראשו ושמו לו קנה אחת‬
‫ביד הימנית וכורעים היו מלעיגים ממנו שלום עליך מלך היהודים‪.‬‬
‫‪30‬ורוקקים לו בפניו והיו לוקיחם הקנה ומכים בראשו‪.‬‬
‫‪31‬וכאשר הלעיגו ממנו הפשיטו ממנו המעיל והלבישוהו מלבושו‬
‫וצוו לתלותו‪.‬‬
‫‪32‬ועודם יוצאים מהעיר פגעו באיש ששמו שמעון הכנעני‪.‬‬
‫ואנסוהו שיוליך הצליבה ר׳׳ל השתי וערב‪.‬‬
‫‪33‬ובאו למקים נקרא גולגוטא הוא הר קאלווארי‬
‫‪34‬ונתנו לו יין מזוג במרה‪ .‬וכאשר התחיל לשתות הרגישו ולא‬
‫ירצה לשתות‪.‬‬
‫‪35‬ואחר כאשר שמוהו בצליבה חלקו בגדו בגורל‪.‬‬
‫‪36‬‬
‫‪37‬ואחר הניחו לו על ראשו מכתב אחד שהיה אומר זה יש׳׳ו‬
‫נאזרת מלך ישראל‪.‬‬
‫‪38‬אז נתלו עמו שני גנבים האחר לימינו והאחד לשמאלו‪.‬‬
‫‪39‬והעוברים היו מלעיגים ממנו ומניעים ראש‬
‫‪40‬ואומרים ראה אפשר חרבת מקדש האל ובעוד שלשה ימים‬
‫תושיע עצמך ואם אתה בן האל רד מן הצליבה‪.‬‬
‫‪41‬וגדולי הכהנים וזקני העם היו מלעיגים ממנו ואומרים‬
‫‪42‬האחרים הושיע ועצמו לא יוכל להושיע‪ .‬אם מלך ישראל‬
‫הוא ירד מן העץ ונאמין‪.‬‬
‫‪43‬כי הוא נשען באל יושיעהו עתה אם ירצה שהוא אמר שהוא‬
‫בן האלקים‪.‬‬
‫‪44‬ואותם הדברים עצמם אמרו לו הגנבים שהיו נתלים עמו‪.‬‬
‫‪45‬ולשעה ששית נעשו חשוכות בכל העולם ועמדו עד שעה‬
‫תשיעית‪.‬‬
‫‪46‬יש׳׳ו צעק בקול גדול אומר בלשון הקודש אלי אלי למה‬
‫עזבתני‪.‬‬
‫‪47‬ואחד מהעומדים שם אמר זה קורא לאליה‪.‬‬
‫‪48‬ומיד לקח אספוג ומלאהו חומץ ונתן לו לשתות‪.‬‬
‫‪49‬והאחרים היו אומרים נראה אם יבא אליה ויושיעהו‪.‬‬
‫‪50‬ויש׳׳ו צעק פעם אחרת בקול גדול ושלח נשמתו לאביו‪.‬‬
‫‪51‬ומיד נקרע פרכת המקדש לשני קרעים מלמעלה למטה‬
‫ורעשה הארץ ונשתברו האבנים‪.‬‬
‫‪52‬והקברים נפתחו ורבים מישיני אדמת עפר קמו‪.‬‬
‫‪53‬ויצאו מקבורתם ואחר שחיו באו בעיר הקדש ונגלו לרבים‪.‬‬
‫‪54‬ושר המאה והעומדים עמו לשמור יש׳׳ו ראו הרעשת הארץ‬
‫והדברים שנעשו ויפחדו מאד ואומרים באמת זה היה בן האלוק‪.‬‬
‫‪55‬והיו שם נשים רבות שהיו עומדות מרחוק מאותן אשר שמשו‬
‫ליש׳׳ו מהגליל עד כה‪.‬‬
‫‪56‬ובכללן היתה מאריאה מגדלינה ומרים אם יעקב ויוסף ואם‬
‫בני זבדאל‪.‬‬
‫‪57‬ולעת ערב בא אדם עשיר שהיה מכרנאסיאה‪ .‬שמו יוסף והיה‬
‫תלמיד מיש׳׳ו‪.‬‬
‫‪58‬והלך לפילא׳׳ט ושאל לו הגוף מיש׳׳ו‪ .‬ופילא׳׳ט צוה שיתנוהו‬
‫לו‪.‬‬
‫‪59‬ויוסף לקחו וכרכו בבגד משי חשוב מאד‪.‬‬
‫‪60‬ושם אותו בקברו שהיה נחצב חדש מאבן ושם אבן גדולה על‬
‫פי הקבר‪.‬‬
‫‪61‬‬
‫‪62‬וממחרת הפסח גדולי הכהנים והפרושים באו לפילאט‪.‬‬
‫‪63‬ואמרו לךו אדוננו אנו מזכירים שזה השקרן היה אומר בעודו‬
‫בחיים שלקץ שלשה ימים יעמוד ויחיה‪.‬‬
‫‪64‬ולכן צוה לשמור קברו עד יום השלישי שבאולי איזה‬
‫מתלמידיו יבא ויגנוב אותו‪ .‬ואחר יאמרו לעם שעמד מהמות‪ .‬ואם‬
‫זה יעשו גדל יהיה עון האחרון מן הראשון‪.‬‬
‫‪65‬ופילאט אמר להם בקשו שומרים שמרו היותר טוב שתוכלו‪.‬‬
‫‪66‬והם שלמו בנין הקבר וחתמוהו והניחו שם שומרים‪.‬‬
‫פרק קי׳׳ז ‪28‬‬
‫‪1‬וביום הראשון מהשוע בהשכמה באו מרים מגדלינה ומרים‬
‫אחרת לראות הקבר‪.‬‬
‫‪2‬ונרעשה הארץ שמלאך ה׳׳ ירד מן השמים לקבר והפן האבן‬
‫ועמד‪.‬‬
‫‪3‬ומראהו היה כשמש ובגדיו כשלג‪.‬‬
‫‪4‬ומפחדו נבהלו השומרים ועמדו המתים‪.‬‬
‫‪5‬וענה המלאך ואמר לנשים אל תפחדו שאני יודע שאתן‬
‫מבקשות ליש׳׳ו אשר נתלה‪.‬‬
‫‪6‬איננו כאן שכבר חי כמו שאמר‪ .‬לכן בואו וראו המקום אשר‬
‫עמד שם האדון‪.‬‬
‫‪7‬ולכו מיד ואמרו לתלמידיו שכבר עמד שם הארון‪ .‬והוא יהיה‬
‫לפניכם ושם תראוהו כאשר אמר לכם‪.‬‬
‫פרק קט׳׳ו‬
‫‪8‬ויצאו הנשים בפחד מהקבר בעבור ראות המלאך ובשמחה‬
‫רבה לפי שהאדון עמד חי‪ .‬וירוצו לאמר לתלמידיו‪.‬‬
‫‪9‬והמה הולכות ויש׳׳ו עבר לפניהם אומר יושיעכן‪ .‬והם קרבו‬
‫אליו ויקדו לו‪.‬‬
‫‪10‬אז אמר להן יש׳׳ו אל תפחדו אמרו לאחי שילכו לגליל ושמה‬
‫יראוני‪.‬‬
‫‪11‬ובעוד שהן הולכות איזה מהשומרים באו לעיר והגידו לגדולי‬
‫הכהנים כל הנעשה‪.‬‬
‫‪12‬ויעדו לעצה עם זקני העם‪ .‬ויתנו ממון רב לפרשים‪.‬‬
‫‪13‬ואמרו להם אתם תאמרו שבאו תלמידיו לילה וגנבוהו‬
‫בעודכם ישנים‪.‬‬
‫‪14‬ואם זה יבא לאוזן פילאט אנו נדבר עמו בענין יניחכם‪.‬‬
‫‪15‬והם לקחו המטבע ואמרו כן כמו שלמדום‪ .‬וזה הדבר בסור בין‬
‫היהודים עד היום הזה‪.‬‬
‫‪16‬ואחר זה כאשר השנים עשר תלמידיו הלכו לגליל נראה להם‬
‫בהר‬
‫‪17‬אשר בו התפללו‪ .‬וכאשר ראוהו השתחוו לו ויש מהם‬
‫שנסתפקו בו‪.‬‬
‫‪18‬ויש׳׳ו קרב אליהם ואמר להם‬
‫‪19‬לכו אתם‬
‫‪20‬ושמרו אותם לקיים כל הדברים אשר ציויתי אתכם עד עולם‪.‬‬

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