2017.

1 Álgebra Linear A - MAT1250 35 PRODUTO INTERNO

Pontifí ia Universidade Católi a do Rio de Janeiro

Álgebra Linear A - MAT1250

AULA 18 - 18/MAI

Produto Interno
Ultima Revisão1 : 21 de Abril de 2017 11:16

cbna

Resumo
Vamos introduzir elementos de geometria na estrutura algébri a do Rn .

35 Produto Interno
Denição 35.1. (Produto interno) Dados u = (u1 , . . . , un ) e v = (v1 , . . . , vn ) vetores de Rn, o produto interno
de u e v é o número n
X
hu, vi = u1 v1 + · · · + un vn = ui vi
i=1

Exemplo 35.1. Se u = (1, 2, 1) e v = (0, −1, −1), então

hu, vi = h(1, 2, 1), (0, −1, −1)i = 1 · 0 + 2 · (−1) + 1 · (−1) = −3.

Se u = (3, 4) e v = (−4, 3), então

hu, vi = h(3, 4), (−4, 3)i = 3 · (−4) + 4 · 3 = 0.

Exer í io 35.1. Prove que, para todo u, v, w ∈ Rn e todo λ ∈ R, valem:

1. hu, vi = hv, ui;
2. hλu + v, wi = λhu, wi + hv, wi;
3. u 6= 0 =⇒ hu, ui > 0;
4. hu, ui = 0 ⇐⇒ u = 0.
Com o produto interno, podemos introduzir a noção de tamanho de vetores do Rn , que hamamos de norma:
Denição 35.2. (Norma) A norma de um vetor u ∈ Rn é o número real kuk = hu, ui.
p

Exemplo 35.2. Se u = (1, −2, 0), então

p p √
kuk = k(1, −2, 0)k = h(1, −2, 0), (1, −2, 0)i = 1 + (−2)2 = 5.

Denição 35.3. (Vetor unitário) O vetor u é unitário se kuk = 1.

1
Elaboração: Alessandro Gaio e Otavio Kaminski. Edição: Otavio Kaminski e Tiago Novello.
Reporte erros para: kaminskimat.pu -rio.br

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Exemplo 35.3. Se u =
 
5
−2
√1 , √
5
,0 , então
 
1 −2
kuk = √ , √ , 0

= 1.
5 5
Portanto u é um vetor unitário.
Exer í io 35.2. Mostre que, para todo u, v ∈ Rn e todo λ ∈ R, valem:
1. kuk = 0 =⇒ u = 0;
2. kλuk = |λ| kuk ;
3. ku + vk ≤ kuk + kvk .
A propriedade 3 é hamada desigualdade triangular e está demonstrada no m dessa aula.
Exer í io 35.3. Verique que se u 6= 0, então o vetor 1
kuk u é unitário.
Com a norma, podemos inserir no espaço uma maneira de medir distân ias, que hamamos de .
métri a

Denição 35.4. (Métri a) A distân ia entre u e v ∈ Rn é o número real d(u, v) = ku − vk.

Exemplo 35.4. Se u = (1, 2, 1) e v = (0, −1, −1), então
√ √
d(u, v) = ku − vk = k(1, 2, 1) − (0, −1, −1)k = k(1, 3, 2)k = 1+9+4= 14.

Exer í io 35.4. Mostre que, para todo u, v, w ∈ Rn , valem:

1. d(u, u) = 0;
2. u 6= v =⇒ d(u, v) > 0;
3. d(u, v) = d(v, u);
4. d(u, w) ≤ d(u, v) + d(v, w).
A propriedade 4 também é hamada desigualdade triangular e é uma onsequên ia da desigualdade triangular para
norma.
O produto interno também introduz uma noção de ângulo entre vetores.
Denição 35.5. Dados os vetores u, v ∈ Rn , o ângulo entre u e v é o número θ ∈ [0, π) tal que

hu, vi
cos θ = .
kuk kvk

Perguntas naturais: Por que ângulo está denido assim? O que essas denições algébri as de tamanho, distân ia
e ângulo têm a ver om as noções geométri as de tamanho, distân ia e ângulo já intuitivamente onhe idas?
Vamos relembrar a lei dos ossenos. Considere o triangulo

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b a

Na geometria Eu lidiana, vale a equação

a2 = b2 + c2 − 2bc cos θ.

Considere que b = kuk e c = kvk. Por onsequên ia temos a = ku − vk.

u u−v

A lei dos ossenos então  a:

ku − vk2 = kuk2 + kvk2 − 2 kuk kvk cos θ.
Lembrando que kwk2 = hw, wi, temos

hu − v, u − vi = hu, ui + hv, vi − 2 kuk kvk cos θ.

Usando as propriedades de produto interno,

hu, ui − 2hu, vi + hv, vi = hu, ui + hv, vi − 2 kuk kvk cos θ,

e então
hu, vi = kuk kvk cos θ.

Teorema 35.1. Os vetores não nulos u, v ∈ Rn são ortogonais (ângulo igual a π2 ) se, e somente se, hu, vi = 0.
Demonstração. [somente se℄ Se o ângulo entre u e v é π2 , então
π 
hu, vi = cos kuk kvk = 0 kuk kvk = 0.
2

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[se℄ Se hu, vi = 0 então

hu, vi = cos θ kuk kvk = 0
Como u e v são não nulos, resta que cos θ = 0. Como θ ∈ [0, π), temos que θ = π2 .
Denição 35.6. (Conjunto ortogonal) O onjunto {u1 , . . . , uk } ⊂ Rn é um onjunto ortogonal se
i 6= j =⇒ hui , uj i = 0.

Ou seja, o onjunto é ortogonal se seus elementos são dois a dois ortogonais. Não onfunda vetores ortogonais om
onjunto ortogonal.
Denição 35.7. (Conjunto ortonormal) O onjunto {u1 , . . . , uk } ⊂ Rn é um onjunto ortonormal se
i 6= j =⇒ hui , uj i = 0;

i = j =⇒ hui , uj i = 1.

Assim, o onjunto é ortonormal se, além de ser ortogonal, todos os seus elementos são vetores unitários.
Exemplo 35.5. A base anni a de Rn é um onjunto ortonormal.
Observação 35.1. Em R2 é fá il en ontrar vetores ortogonais. Sempre (a, b) e (−b, a) são ortogonais.
Exer í io 35.5. Seja {u1 , . . . , uk } um onjunto ortonormal e u = a1 u1 + · · · + ak uk . Mostre que aj = hu, uj i
para j = 1, . . . , k.
Teorema 35.2. Se {u1 , . . . , uk } é um onjunto ortogonal de vetores não nulos, então {u1 , . . . , uk } é LI.
Demonstração. Suponha a1 u1 + · · · + ak uk = 0. Então ha1 u1 + · · · + ak uk , uj i = 0. Mas então

a1 hu1 , uj i + · · · + aj huj , uj i + · · · + ak huk , uj i = 0

e assim aj huj , uj i = 0 =⇒ aj = 0, pois huj , uj i 6= 0

Teorema 35.3. (Desigualdade de Cau hy-S hwarz) Se u, v ∈ Rn , então |hu, vi| ≤ kuk kvk.
Demonstração. Como | cos θ| ≤ 1,

|hu, vi| = | cos θ kuk kvk | = | cos θ| kuk kvk ≤ kuk kvk

Com a desigualdade de Cau hy-S hwarz em mãos, podemos demonstrar a desigualdade triangular.
Demonstração. (Desigualdade triangular)

ku + vk2 = hu + v, u + vi
= hu, ui + 2hu, vi + hv, vi
≤ kuk2 + 2 kuk kvk + kvk2
= (kuk + kvk)2

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