MAT–0334 — Análise Funcional

Lista 2 - Exercício 18

Aluno: Leonardo Takashi Teramatsu

Professor(a): Mary Lilian Lourenco
Número USP : 9797083

Exercício 18
Seja E um espaço normado e F um subespaço fechado de E. Dizemos que x ≡ y(modF ) ⇐⇒ x − y ∈ F
(a) Mostre que ≡ define uma relação de equivalência.
Solução. Logo:
i. (Reflexiva):
De imediato, podemos ver que vale x ≡ x(modF ), pois x − x = 0 ∈ F devido ao F ser um
subespaço.
ii. (Simetria):
Se x ≡ y(modF ) ⇐⇒ x−y ∈ F , como F é um subespaço, então vale (y −x) = (−1)(x−y) ∈ F ,
ou seja, y ≡ x(modF ).
iii. (Transitiva):
Sejam x ≡ y(modF ) e y ≡ z(modF ), então temos que x − y ∈ F e y − z ∈ F , como F é um
subespaço, então teremos que (x − y) + (y − z) ∈ F , ou seja, x − z ∈ F , ou seja, x ≡ z(modF ).
Portanto ≡ é uma relação de equivalência.
(b) Considere E/F o espaço quociente de E módulo F , isto é, o conjunto de todas as classes que
equivalência [x] com [x] = {y ∈ E; y − x ∈ F }. Defina a seguinte função k[x]k∗ = inf{kyk; y ∈ [x]}
de E/F em R+ . Mostre que k.k∗ é uma norma em E/F .
Solução. Logo:
i. ∀λ ∈ K e ∀[x] ∈ E/F ,vale que
kλ[x]k∗ = |λ|k[x]k∗
Logo, note que, podemos expressar as classes de equivalência como [x] = x + F . Daqui pela
frente irei adotar essa notação pelo meus gosto mesmo. Então, podemos dividir em dois casos:
– Se λ = 0, então temos de imediato a igualdade, pois λ[x] = λx + F , então temos que
kλ[x]k∗ = kλx + F k∗ = kF k∗ = 0 = |λ|kx + F k∗ = |λ|k[x]k∗
– Se λ 6= 0, então, note que, para dado y ∈ λx + F , existe z ∈ F tal que y = λx + z =
λx+ λλ z = λ(x+ λz ), onde (x+ λz ) ∈ x+F . Isso para um y ∈ λx+F arbitrário. Então, temos
a seguinte igualdade de conjuntos {kyk; y ∈ λx + F } = {kλwk; w ∈ x + F } = {|λ|kwk; w ∈
x + F }. No caso, temos que kλx + F k∗ = inf{kyk; y ∈ λx + F } = inf{|λ|kwk; w ∈ x + F }.
No caso, basta mostrar que inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } = |λ| inf{kwk; w ∈ x + F }. Logo, note
que:
|λ|
inf{kwk; w ∈ x + F } 6 kwk, ∀w ∈ x + F =⇒ inf{kwk; w ∈ x + F } 6 kwk
|λ|
=⇒ |λ| inf{kwk; w ∈ x + F } 6 |λ|kwk, ∀w ∈ x + F
, onde |λ| inf{kwk; w ∈ x + F } é uma cota inferior de |λ|kwk, ∀w ∈ x + F . Daí, tomando o
ínfimo por cima teremos que
|λ| inf{kwk; w ∈ x + F } 6 inf{|λ|kwk; w ∈ x + F }
Agora, note que
inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } 6 |λ|kwk, ∀w ∈ x + F
então
1
inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } 6 kwk, ∀w ∈ x + F
|λ|
1
 1
no caso, |λ| inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } será uma cota inferior para todo kwk, w ∈ x + F , então
podemos tomar um ínfimo por cima e, teremos
1
inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } 6 inf{kwk; w ∈ x + F } =⇒ inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } 6 |λ| inf{kwk; w ∈ x + F }
|λ|
Portanto, temos que inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } = |λ| inf{kwk; w ∈ x + F }.
Conclusão, temos que kλ[x]k∗ = kλx + F k∗ = inf inf{|λ|kwk; w ∈ x + F } = |λ| inf{kwk; w ∈
x + F } = |λ|kx + F k∗ = |λ|k[x]k∗ .
ii. (Desigualdade Triangular):
∀[x], [y] ∈ E/F, k[x] + [y]k∗ 6 k[x]k∗ + k[y]k∗
Logo, dados z ∈ [x] e w ∈ [y], temos que ∃r, t ∈ F tais que z = x + r e w = y + t. Daí, note que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } 6 kz + wk = k(x + y) + (r + t)k 6 kx + rk + ky + tk = kzk + kwk, z + w ∈ x + y + F
isso para z ∈ [x] e w ∈ [y] arbitrários. Então, teremos que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } 6 kzk + kwk, ∀z ∈ [x], ∀w ∈ [y]
Assim, fixado z ∈ [x] arbitrário, então dado w ∈ [y] temos que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } − kzk 6 kwk
para um w ∈ [y] arbitrário, então a desigualdade acima valerá para todo kwk, w ∈ [y], no caso,
inf{ksk; s ∈ x + y + F } − kzk é uma cota inferior para w ∈ [y], então tomando o ínfimo teremos
que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } − kzk 6 inf{kwk; w ∈ y + F }
Agora, note que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } − inf{kwk; w ∈ y + F } 6 kzk
para um z ∈ [x] arbitrário, então, novamente com o mesmo argumento, teremos que inf{ksk; s ∈
x + y + F } − inf{kwk; w ∈ y + F } será uma cota inferior para kzk, ∀z ∈ [x], então tomando
ínfimo por cima podemos concluir que
inf{ksk; s ∈ x + y + F } − inf{kwk; w ∈ y + F } 6 inf{kzk; z ∈ x + F }
ou seja
inf{ksk; s ∈ x + y + F } 6 inf{kwk; w ∈ y + F } + inf{kzk; z ∈ x + F }
ou seja
k[x] + [y]k∗ 6 k[x]k∗ + k[y]k∗
iii. k[x]k∗ = 0 ⇐⇒ [x] = 0, onde 0 = F ∈ E/F .
Logo, a volta é imediato, pois k[x]k∗ = kF k∗ = inf{kwk; w ∈ F } 6 k0k = 0, pois 0 ∈ F .
Então, k[x]k∗ = 0. Agora, falta provar a ida. Logo, k[x]k∗ = kx + F k∗ = 0. Então, para cada
n ∈ N, ∃wn ∈ F tal que
1
0 6 kx − wn k <
n
n→∞
, onde temos que wn −→ x, como (wn )n∈N ⊆ F e F é um subespaço fechado, então teremos
que x ∈ F . Portanto, temos que k[x]k∗ = kx + F k∗ = kF k∗ = 0.
Portanto, k.k∗ é uma norma em E/F .
(c) Se E é um espaço de Banach e F fechado em E, mostre que (E/F, k.k∗ ) é um espaço de Banach.
Solução. Seja (xn + F )n∈N ⊆ E/F uma sequência de cauchy. Dado  > 0. Para cada k ∈ N, ∃Nk ∈ N

tal que ∀n 6 Nk , k(xn + F ) − (xNk + F )k∗ < 2k+1 , de forma que {N1 < N2 < ... < Nk < ...}. Agora,
tome um y1 ∈ xN1 + F arbitrário e fixamos ela. Agora:
– Para k = 2, seja w2 ∈ xN2 − xN1 + F tal que
1  1 1
kxN2 − xN1 + F k∗ 6 kw2 k < kxN2 − xN1 + F k∗ + < 2 + 2 = 2 ( + 1)
22 2 2 2
então ∃z2 ∈ F tal que w2 = xN2 −xN1 +z2 , daí definimos y2 = y1 +w2 = xN2 +(z1 +z2 ) ∈ xN2 +F .
2
 – Para k = 3, seja w3 ∈ xN3 − xN2 + F tal que
1  1 1
kxN3 − xN2 + F k∗ 6 kw3 k < kxN3 − xN2 + F k∗ + 3
< 3 + 3 = 3 ( + 1)
2 2 2 2
então existe z3 ∈ F tal que w3 = xN3 − xN2 + z3 , então definimos y3 = y2 + w3 = xN3 + (z1 +
z2 + z3 ) ∈ xN3 + F .
Assim, realizando essa construção de forma sucessiva conseguimos criar uma sequência (yk )k∈N ⊆ E,
onde y1 = xN1 + z1 e yk = yk−1 + wk , k > 2. Daí, quero mostrar que essa sequência é uma sequência
de cauchy em E. Logo, note que
1
kyk+1 − yk k = kwk k < k ( + 1)
2
então dados n > m, n, m ∈ N, existe p ∈ N tal que n = m + p.
kym+p − ym k = kym+p − ym+p−1 + ym+p−1 − ... + ym+1 − ym k
6 kym+p − ym+p−1 k + ... + kym+1 − ym k
1 1
6 m+p−1
( + 1) + ... + m ( + 1)
2 2
1 1
= ( + 1)(1 + ... + p−1 )
2m 2
∞
1 X 1
6 m
( + 1)( p−1
)
2 p=1
2
1
= ( + 1)
2m−1
1 m→∞
então, como temos 2m−1
( + 1) −→ 0, então (yk )k∈N será uma sequência de cauchy em E. Como
k→∞
E é um espaço de Banach, então existe y ∈ E tal que yk −→ y. Logo, y + F ∈ E/F será o ponto
candidato onde a sequência (xNk + F )k∈N irá convergir. Daí, como k.k∗ é uma norma, então ela será
contínua, então
lim k(y + F ) − (xNk + F )k∗ = lim k(y + F ) − (yk + F )k∗ = lim k(y − yk ) + F k∗ = kF k∗ = 0
k→∞ k→∞ k→∞
k→∞
, ou seja, temos que xNk + F −→ y + F . Como (xNk + F )k∈N é uma subsequência convergente da
sequência de cauchy (xn + F )n∈N , então a sequência de cauchy irá convergir dentro do espaço E/F .
Portanto, (E/F, k.k∗ ) é um espaço de Banach.
(d) Se E = `∞ e F = c0 , determinar k[x]k∗ quando x = (1, 1, ..., 1, ...) e quando x = (0, −2, 0, −2, ..., 0, −2, ...).
Solução. Logo:
– Para x = (1, 1, 1, ..., 1, ...):
Note que, y ≡ 0 ∈ c0 então kx + c0 k∗ 6 kx + yk = 1, considerando a métrica definida em `∞ .
Daí, se kx + c0 k∗ < 1, então existe yo ∈ c0 tal que kx + c0 k∗ 6 kx + yo k < 1. Daí, note que
|1 + yoi | 6 sup |1 + yoi | < 1, ∀k ∈ N
i∈N
i→∞ i→∞
daí, como yoi −→ 0, então temos que |1 + yoi | −→ 1. então teremos que para i → ∞
1 6 sup |1 + yoi | < 1
i∈N
absurdo. Poranto, temo que ter kx + c0 k∗ = 1.
– Para x = (0, −2, 0, −2, ..., 0, −2, ....), então, note que, kx + c0 k∗ 6 kx + 0k = kxk = 2. Daí,
novamente, se kx + c0 k < 2, então existe y ∈ c0 tal que kx + c0 k∗ 6 kx + yk < 2. Daí, temos que
| − 2 + y2k | 6 sup{| − 2 + y2k |, |y2k+1 |} < 2
k∈N
k→∞
então | − 2 + y2k | −→ | − 2| = 2. Então, teremos que
2 6 sup{|y2k+1 |, | − 2 + y2k |} < 2
k∈N
absurdo. Portanto, então kx + co k∗ = 2.