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R ESUMO
No Brasil, a apresentação dos conteúdos re lacionados ao uso racional de energia através das
escolas, conta com uma estrutura ainda muito precária e que necessita ser revista. Com base
nesta constatação, buscamos identificar abordagens metodológicas que permitam considerar o
uso racional de energia como elemento integrador de temas transversais e formador de conceitos
baseados em elementos de planejamento do uso energético para a construção da cidadania. Este
trabalho, desenvolvido na Companhia Energética da Borborema (CELB), em parceria com a
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através de seu Departamento de Física e com o apoio
das Escolas visitantes, através de seus alunos, objetiva avaliar a eficácia do programa educativo
de visitação a Exposição do Museu Interativo, Super Estação de Energia (CELB) no que diz
respeito a uma educação para a diminuição do desperdício de energia elétrica. Na implantação
dos programas de uso racional da energia, a educação é sempre mencionada como ferramenta
privilegiada para a condução das informações. As perdas pela não transmissão de conceitos ou
na difusão de conceitos equivocados, além de não contribuir para a construção da cidadania, gera
atitudes improdutivas em relação a utilização dos potenciais energéticos do país. Nesse sentido é
que, através da análise das contas de energia elétrica das famílias de alunos visitantes, após um
período de quatro meses subseqüentes a exposição, pretendemos investigar o alcance de
intervenções dessa natureza no tocante a modificação dos hábitos de utilização e controle do uso
da energia. Apesar do aluno permanecer apenas três horas na Super Estação de Energia durante
a sua visita, o trabalho mostrou-se positivo e importante quanto a questão da divulgação de
informações sobre o uso racional de energia junto a sua família. No entanto, ficou evidente que,
para uma maior eficácia do projeto, além do aluno, toda a família deveria participar do programa.
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3. METODOLOGIA
1
Museus ou centros de ciências são denominações utilizadas por instituições de todo mundo e que, excetuando-se a
preocupação com as ciências de um modo geral, não as caracterizam de forma clara ou definida. Os objetivos, atividades,
público alvo, instalações, etc., variam de instituição para instituição, sobretudo no Brasil. De modo que museus e centros de
ciências são em linhas gerais, instituições de educação informal. (GASPAR 1993, p.34)
Inicialmente é exibido um vídeo educativo mostrando o objetivo do Programa do Governo
Federal o PROCEL nas Escolas: como a energia é gerada e distribuída, cuidados para evitar o choque
elétrico, dicas de uso racional de energia, e os problemas acarretados ao meio ambiente e a economia
do país pelas várias formas de geração de energia elétrica utilizadas, servindo de primeiro contato dos
alunos com o programa. Após a exibição do vídeo são ministradas palestras orientadas para a mesma
temática - combate ao desperdício de energia elétrica - provocando discussões acerca do tema.
No ambiente de exposição discute-se um pouco da história da eletricidade, curiosidades, como
evitar o choque elétrico, como energia é gerada e distribuída, reforçando-se sempre o uso racional de
energia. A cada exposição realizada na Super Estação é feito um registro fotográfico que possibilita
construir um histórico do desenvolvimento de todo o projeto. É neste ambiente que ocorre a maior
interação entre os alunos, seus colegas e os professores.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do estudo e foram avaliados a partir de suas contas mensais de energia elétrica
375 (trezentos e setenta e cinco) alunos de uma população de 500 (quinhentos) alunos, ou seja 75%
(setenta e cinco por cento) foram analisados e selecionados aleatoriamente durante visitas realizadas
nos meses de fevereiro, março, abril, agosto, setembro e outubro de 2005, conforme mostra a Tabela 1.
Analisando-se o mês de visita dos alunos à Super Estação de Energia em outubro na Tabela 3,
observa-se que dos quatro meses anteriores aos quatro meses posteriores ao mês de visita outubro, os
meses de junho, julho, agosto e setembro são considerados como de temperaturas mais baixas (em
azul), ou seja metade do período de análise.
Com a análise do mês de março percebe-se que existe apenas dois meses com temperaturas
mais baixas, mas neste mês de visita, o percentual de aluno que aumentaram seu consumo de energia
elétrica em suas residências em relação aos que diminuíram, não foi tão alto quanto no mês de visita
outubr o.
Ainda observando-se a Tabela 3 e considerando agora os quatro meses anteriores e os quatro
meses posteriores ao mês de visita dos alunos em fevereiro, também percebi-se apenas dois mêses com
temperaturas mais baixas, o mês outubro e o mês de junho, ou seja tanto os meses de analise de visita
em fevereiro quanto de visita março possuem períodos maiores de temperaturas mais elevadas, onde
provavelmente se utilizam mais aparelhos domésticos tais como: geladeiras, ventiladores, etc., que
representam um belo percentual de aumento no consumo de energia elétrica nas residências. Mas
mesmo assim observa-se que o percentual de alunos que aumentaram o consumo de energia elétrica
nas suas residências no período de análise é bem menor ao do mês de outubro.
Tabela 3 – Temperatura média mensal (°C) da cidade de Campina Grande dos meses anteriores
e posteriores ao da visita dos alunos.
Mês de
Meses Anteriores à Visita Meses Posteriores à Visita
Visita
10/04 11/04 12/04 01/05 03/05 04/05 05/05 06/04
02/05
23,30 24,00 24,30 25,10 25,30 24,80 23,50 21,80
11/04 12/04 01/05 02/05 04/05 05/05 06/04 07/05
03/05
24,00 23,30 25,10 25,40 24,80 23,50 21,80 21,30
12/04 01/05 02/05 03/05 05/05 06/05 07/05 08/05
04/05
24,30 25,10 25,40 23,50 23,50 21,80 21,30 21,00
04/05 05/05 06/04 07/05 09/05 10/05 11/05 12/05
08/05
24,80 23,50 21,80 21,30 22,30 23,50 24,20 24,40
05/05 06/05 07/05 08/05 10/05 11/05 12/05 01/06
23,50 21,80 21,30 21,00 09/05 23,50 24,20 24,40 24,70
06/05 07/05 08/05 09/05 11/05 12/05 01/06 02/06
10/05
21,80 21,30 21,00 22,30 24,20 24,40 24,70 25,30
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
Observando-se relatórios realizados pelos alunos com o apoio dos professores que haviam
acompanhados os mesmos nas visitas à Super Estação de Energia e que são enviados pelas escolas
participantes, percebe-se que as escolas que participaram das visitas no mês de outubro enviaram
pouquíssimos trabalhos. Enquanto que, as que enviaram relatórios em maior número e em qualidade de
produção bem melhor aos demais trabalhos enviados, foram as que participaram das visitas nos meses
de agosto, setembro e fevereiro mostrando melhor resultado quanto a redução do consumo de energia
elétrica em suas residências.
Percebe-se como a Figura 7 que apenas 2% (dois por cento) do total de alunos participantes do
estudo permaneceram com o consumo de energia elétrica em suas residências inalterado e que 54%
(cinqüenta e quatro por cento) ba ixaram e enquanto que 44% (quarenta e quatro por cento)
aumentaram o consumo de energia elétrica.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Apesar do aluno permanecer por apenas três horas na Super Estação de Energia durante a sua
visita, esse trabalho mostra-se positivo e importante quanto a questão da divulgação e popularização de
informações sobre o uso racional de energia junto a sua família, mas, visto que para reduzir o consumo
de energia elétrica na sua residência com mais eficácia, se faz necessário, além do aluno, toda a sua
família participarem do Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica, podendo assim
favorecer a mudança de hábitos familiares no que se refere ao uso racional de energia elétrica.
Confirma -se com isso que este programa é viável e importante para a difusão de informações
sobre o uso racional de energia entre alunos e professores. Mas deixa-se claro que a educação deve ser
oferecida por quem tenha condições de respeitar o processo cognitivo, esteja atento aos processos
afetivos que possam surgir e que tenha o domínio necessário, conforme a área de atuação.
É através de projetos como estes interativos e didáticos aos conteúdos relativos as questões
energéticas, que os alunos adquirem uma visão mais completa e crítica do problema energético
brasileiro e que serviram num futuro próximo como elementos catalizadores para uma maior
conscientização e participação da sociedade no que se relaciona com o uso racional de energia.
Sugere-se que esse programa de combate ao desperdício de energia elétrica seja estendido para
o público em geral atendendo não apenas alunos e professores, mas sim, um número bem mais
diversificado de pessoas.
A participação das empresas públicas e privadas do setor energético deve se restringir ao
fornecimento de recursos e informações que colaborem com o sistema educacional. A estruturação de
uma proposta de Ensino do Uso Racional de Energia tem sua origem em ações governamentais,
impondo às empresas do setor energético uma atitude que pode não estar alinhada com seus objetivos
finais (produtos e serviços). Com isso torna-se fundamental a presença das instituições de ensino, em
todos os níveis de formação, pois o seu objetivo final e a própria Educação.
7. Referências
FONSECA, J. S.; MARTINS, G. A. Curso de Estatística. 6 ed. São Paulo: Editora Atlas, 1996. pg 178 á
181.