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ENSINO INFORMAL E O USO RACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA

Kalinka Walderea Almeida Meiraa ( kwalderea1@yahoo.com.br)


Alexandre Sales Vasconcelos a (salles.alex@uol.com.br)
a
Universidade Estadual da Paraíba –UEPB

R ESUMO

No Brasil, a apresentação dos conteúdos re lacionados ao uso racional de energia através das
escolas, conta com uma estrutura ainda muito precária e que necessita ser revista. Com base
nesta constatação, buscamos identificar abordagens metodológicas que permitam considerar o
uso racional de energia como elemento integrador de temas transversais e formador de conceitos
baseados em elementos de planejamento do uso energético para a construção da cidadania. Este
trabalho, desenvolvido na Companhia Energética da Borborema (CELB), em parceria com a
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), através de seu Departamento de Física e com o apoio
das Escolas visitantes, através de seus alunos, objetiva avaliar a eficácia do programa educativo
de visitação a Exposição do Museu Interativo, Super Estação de Energia (CELB) no que diz
respeito a uma educação para a diminuição do desperdício de energia elétrica. Na implantação
dos programas de uso racional da energia, a educação é sempre mencionada como ferramenta
privilegiada para a condução das informações. As perdas pela não transmissão de conceitos ou
na difusão de conceitos equivocados, além de não contribuir para a construção da cidadania, gera
atitudes improdutivas em relação a utilização dos potenciais energéticos do país. Nesse sentido é
que, através da análise das contas de energia elétrica das famílias de alunos visitantes, após um
período de quatro meses subseqüentes a exposição, pretendemos investigar o alcance de
intervenções dessa natureza no tocante a modificação dos hábitos de utilização e controle do uso
da energia. Apesar do aluno permanecer apenas três horas na Super Estação de Energia durante
a sua visita, o trabalho mostrou-se positivo e importante quanto a questão da divulgação de
informações sobre o uso racional de energia junto a sua família. No entanto, ficou evidente que,
para uma maior eficácia do projeto, além do aluno, toda a família deveria participar do programa.

Palavra-Chave: Energia elétrica, ensino, cidadania.

1. INTRODUÇÃO

A história da humanidade tem se caracterizado pela interferência do homem na natureza, que a


transforma com a finalidade de aproveitar seus recursos para o atendimento de suas necessidades.
Os processos de ensino-aprendizagem no contexto da energia têm se mostrado como uma
ferramenta de intervenção social de grande importância, principalmente quando algumas iniciativas
que visam o melhor aproveitamento dos recursos naturais e a diminuição dos impactos ambientais,
vêm crescendo nos cenários nacional e internacional (DIAS, 1999).
Na implantação dos programas de uso racional da energia, a educação é sempre mencionada
como ferramenta privilegiada para a condução das informações. As perdas pela não transmissão de
conceitos ou na difusão de conceitos equivocados, além de não contribuir para com a construção da
cidadania, gera atitudes improdutivas em relação a utilização dos potenciais energéticos do país.
O uso racional da energia consiste em um esforço para utilização dos recursos energéticos
respeitando as condições para um desenvolvimento sustentável. Portanto, nos procedimentos
necessários à utilização eficiente da energia, devem ser considerados: a qualidade de vida, o respeito
ao meio ambiente e a atratividade econômica.
Apesar de nos últimos anos a presença dos programas de Conservação de Energia terem
aumentado junto a população brasileira, ela ainda, na sua maioria, não compreende os conceitos
relacionados à energia e ao seu melhor uso, diferentemente do setor industrial, que recebeu intenso
suporte e pressão do governo e de outras instituições para a adequação do uso da energia.
Os Programas de Conservação de Energia até então expostos foram realizados por equipes de
profissionais da área de Ciências Exatas, principalmente engenheiros, que normalmente possuem
pouco treino para lidar com processos educacionais.
É nas escolas de ensino fundamental e médio que se deve buscar uma reeducação da população
em geral, consideradas como fortes aliadas para a divulgação da questão do uso racional da energia. O
estreitamento entre professores e profissionais da área técnica poderá ser o elo que permita que o
espaço escolar se torne um local de reflexão e adequação da informação tecnológica ao público leigo e
principalmente de elaboração de abordagens interdisciplinares consciente com a realidade vivida pelos
alunos (PCNEM, 1998).
A modificação ocasionada no estilo de vida de um indivíduo através do processo educacional,
contextualizado na conservação de energia, proporciona uma postura consciente e duradoura. Dessa
forma, as atitudes do individuo ficam mediadas pelos conhecimentos sistematizados, havendo portanto
a conexão entre o que foi aprendido nos processos educacionais e nas atividades cotidianas.
Com base nessa demanda, buscamos identificar abordagens metodológicas que permitam
considerar o uso racional de energia como elemento integrador de temas transversais e formador de
conceitos, para que assim possamos discutir as questões energéticas nos vários níveis da educação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Uso Racional de Energia no Brasil


Os relatos his tóricos apresentados a seguir são baseados no trabalho de Dias (1999).
Em meados de 1975 iniciam-se as pesquisas sobre o uso racional de energia no Brasil pelo
Grupo de Estudos sobre Fontes Alternativas de Energia (GEFAE) em colaboração com o Ministério de
Minas e Energia (MME), que organizaram um Seminário sobre Conservação de Energia. Também em
1975 a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), obteve autorização da Presidência da República
para alocar recursos financeiros à realização do Programa de Estudo da Conservação de Energia.
Em 1984, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(INMETRO) implantou o Programa de Conservação de Energia Elétrica em Eletrodomésticos, tendo
por objetivo principal contribuir para a diminuição do consumo de energia elétrica nos
eletrodomésticos, como refrigeradores, congeladores, refrigeradores combinados e aparelhos de
condicionadores de ar domésticos. A partir de 1992, o programa foi renomeado Programa Brasileiro de
Etiquetagem, sendo preservadas as suas atribuições iniciais, às quais foram agregados os requisitos de
segurança e o estabelecimento de ações para a definição de índices mínimos de eficiência energética. O
programa é coordenado pelo INMETRO, o qual conta com a participação dos fabricantes de
eletrodomésticos e do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) da
Eletrobrás, instituído em 1985, que dentre os Programas de Uso Racional de Energia, merece destaque.
Segundo Dias (1999), ao se analisar a política energética brasileira, levando-se em conta os
principais programas de uso racional de energia, verifica-se a tentativa de mudança do comportamento
do consumidor através de três caminhos: o primeiro através de divulgação de informações a respeito
do uso eficiente de energia, por intermédio dos meios de comunicação de massa; o segundo, pela
determinação de parâmetros de consumo de energia para alguns equipamentos, como no caso de
etiquetagem; e o terceiro através de adequação no valor de venda da energia.
As propostas de convencimento do consumidor do uso racional de energia, da forma como são
apresentadas, têm produzido resultados satisfatórios, todavia existem um potencial de economia de
energia que deve ser explorado com ferramentas mais eficientes, por intermédio de processos que
contemplam a modificação de valores pessoais (perenes) e não apenas a mudança do comportamento
(não existe a garantia de novos valores pessoais), (DIAS, 1999).

2.2. A Educação e o Uso Racional de Energia


A educação aplicada ao entendimento da energia e seu uso eficiente, torna-se uma ferramenta
de considerável potencial de abrangência, tendo em vista o poder multiplicador que representam os
professores e estudantes. Entretanto o processo educacional deve ser avaliado permanentemente quanto
ao seu conteúdo, bem como na sua capacidade de sensibilização dos indivíduos. Uma informação
inadequada numa etapa da construção do conhecimento do indivíduo pode proporcionar efeitos
negativos de proporções indesejáveis.
Os consumidores necessitam ser educados acerca da importância do uso racional de energia,
mesmo que a economia obtida represente uma pequena fração dos custos operacionais de um negócio,
ou de uma residência (GELLER et al., 1998).
O processo de ensino-aprendizagem, levando-se em conta o uso da energia e suas
conseqüências, deve ser pautado pela compreensão dos elementos que participam na formação das
pessoas, através da construção de valores individuais que favoreçam a percepção e a aceitação do
conhecimento que ira conduzir o indivíduo a um comportamento coerente com o uso eficiente da
energia. Tais fatos são aceitos como bases que darão suporte à construção de um novo modelo
educacional.
A educação para o uso racional de energia deve, em primeiro lugar, buscar possibilidades para
que sejam identificados, ou pelo menos percebidos, os elementos que favorecem o surgimento de
barreiras e como contorna-las mediante um procedimento educacional. Neste sentido, um dos
caminhos a ser percorrido seria o do desenvolvimento de tópicos pertinentes à realidade local do
individuo para só então realizar a extrapolação para outros temas (contextualizar).
O professor, dentro dessa perspectiva, assume o papel de mediador entre as informações
presentes no ensino da conservação de energia e o universo conceitual do estudante, através da
demonstração, da participação, do questionamento e da informação propriamente dita. A partir de
diretrizes definidas segundo critérios estratégicos para o desenvolvimento sócio-econômico em
atividade de médio e longos prazos, o docente deve receber o suporte da sociedade como um todo. As
entidades públicas, em particular as universidades, em parceria com a iniciativa privada, possuem
potencial para oferecer auxílio às escolas, no desenvolvimento de um trabalho que atenda às
comunidades que compõem o ensino fundamental, médio e superior.
2.3. O Programa de Combate ao Desperdício de Energia
Em um país que persegue o desenvolvimento, não se pode atribuir à formação e/ou a
informação de seu povo apenas a obrigações escolares. O conhecimento científico precisa ser tratado
como um néctar cultural, ingrediente fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. Nesse
sentido a temática da divulgação científica tem voltado a tona e cada vez mais vêm se ampliando o
debate em busca de soluções para esse grave problema que, conforme a professora Ana Maria Sánchez
(2003), se agravou ainda mais a partir do século XX com a utilização de uma linguagem super
especializada pela ciência.
A Companhia Energética da Borborema (CELB), sentindo-se partícipe do problema e tendo em
vista a possibilidade de uma maior aproximação com a comunidade e com as escolas da cidade de
Campina Grande, decidiu participar de algumas ações no campo da divulgação da ciência em parceria
com o PROCEL. Este espaço, denominado Super Estação de Energia - CELB pode ser classificado
como um pequeno Museu de Ciências e Tecnologia 1 preferencialmente voltado ao conhecimento dos
mecanismos de geração de energia, visando combater o desperdício de energia elétrica.

3. METODOLOGIA

3.1. Local de Execução do Trabalho


A pesquisa, realizada em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, através do
seu Departamento de Física, foi desenvolvida no espaço do Museu Interativo, Super Estação de
Energia (CELB), localizado na: Av. Elpídeo de Almeida, 1111, Catolé, Campina Grande, Paraíba.
A Super Estação de Energia conta com uma área aproximada de 60m2 destinada as exposições,
além de um auditório de 80 lugares utilizado para palestras e exposições de vídeos. O ambiente de
exposição conta com experimentos como: Máquina de Wimshurst, Gerador de Van De Graaff, Pilha
Humana, Eolípila de Heron, Gerador de Energia, Anel Saltante, Chispa Ascendente, Bobina de Tesla,
Globo de Plasma, Conjunto de Circuitos, Motor Elét rico(Princípio Básico), Teste de Coordenação,
Maquete de uma Usina Hidrelétrica, Maquete de uma Casa mostrando o consumo dos
eletrodomésticos e um quadro demonstrativo das várias Sub-Estações de energia elétrica do estado.
As escolas interessadas em participar do programa são contatadas por telefone e informadas
sobre o objetivo do projeto: combater o desperdício de energia elétrica através de ações educativas
desenvolvidas através da Super Estação de Energia. Os estudantes, média de 40 alunos diariamente,
são recepcionados em um auditório onde recebem informações sobre o programa, sendo selecionados
os alunos a serem investigados através das contas mensais de energia elétrica de suas residências, que
durante o contato por telefone com a escola é sugerido que esses alunos tragam no dia da visita a Super
Estação de Energia. O desenvolvimento do programa é coordenado por dois monitores estudantes do
curso de Licenciatura em Física da UEPB.

1
Museus ou centros de ciências são denominações utilizadas por instituições de todo mundo e que, excetuando-se a
preocupação com as ciências de um modo geral, não as caracterizam de forma clara ou definida. Os objetivos, atividades,
público alvo, instalações, etc., variam de instituição para instituição, sobretudo no Brasil. De modo que museus e centros de
ciências são em linhas gerais, instituições de educação informal. (GASPAR 1993, p.34)
Inicialmente é exibido um vídeo educativo mostrando o objetivo do Programa do Governo
Federal o PROCEL nas Escolas: como a energia é gerada e distribuída, cuidados para evitar o choque
elétrico, dicas de uso racional de energia, e os problemas acarretados ao meio ambiente e a economia
do país pelas várias formas de geração de energia elétrica utilizadas, servindo de primeiro contato dos
alunos com o programa. Após a exibição do vídeo são ministradas palestras orientadas para a mesma
temática - combate ao desperdício de energia elétrica - provocando discussões acerca do tema.
No ambiente de exposição discute-se um pouco da história da eletricidade, curiosidades, como
evitar o choque elétrico, como energia é gerada e distribuída, reforçando-se sempre o uso racional de
energia. A cada exposição realizada na Super Estação é feito um registro fotográfico que possibilita
construir um histórico do desenvolvimento de todo o projeto. É neste ambiente que ocorre a maior
interação entre os alunos, seus colegas e os professores.

3.2. Análise dos Dados


Através do CDC(código do consumidor), código único para cada residência que consta na
conta de energia elétrica trazida pelos alunos durante a visita a Super Estação de Energia realizadas nos
meses de fevereiro, março, abril, agosto, setembro e outubro de 2005, obteve-se o histórico do consuno
do aluno através do banco de dados da CELB. Participaram do estudo 500 (quinhentos) alunos,
determinou-se o tamanho adequado de uma amostra aleatória simples para que a mesma fosse
representativa dessa referida população. Nesse caso, a determinação do tamanho de uma amostra
aleatória simples (FONSECA & MARTINS, 1995):
Como o tamanho da população era conhecido, a amostra aleatória simples foi de 374 (trezentos
e setenta e quatro) alunos, ou seja, 75%, o que superestimou o tamanho da amostra necessária para
representar a amostra total. Analisou-se um período total de oito meses, ou seja quatro meses
anteriores a visita do aluno à Super Estação de Energia e quatro meses posteriores. Fez-se uma média
dos quatro meses anteriores e comparou-se com a média dos quatro meses posteriores ao da visita do
aluno a Super Estação de Energia.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo e foram avaliados a partir de suas contas mensais de energia elétrica
375 (trezentos e setenta e cinco) alunos de uma população de 500 (quinhentos) alunos, ou seja 75%
(setenta e cinco por cento) foram analisados e selecionados aleatoriamente durante visitas realizadas
nos meses de fevereiro, março, abril, agosto, setembro e outubro de 2005, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Quantidade de alunos participantes e analisados mensalmente


Meses de Visita dos Alunos Participantes Analisados
Fevereiro 115 74
Março 81 53
Abril 85 37
Agosto 49 64
Setembro 71 61
Outubro 99 86
Totais 500 375
Observando-se a Tabela 2 fica claro que o mês de outubro de visita dos alunos foi o mês que se
mostrou em relação aos outros mêses com o maior percentual de alunos que aumentaram o consumo
de energia elétrica em suas residências.

Tabela 2 – Analise mensal do consumo de energia elétrica dos alunos estudados.


Meses de Visita dos Alunos Permaneceu Diminuiu Aumentou
Fevereiro 7% 53% 40%
Março 4% 53% 43%
Abril 3% 54% 43%
Agosto 0% 58% 42%
Setembro 0% 57% 43%
Outubro 0% 52% 48%
Totais 2% 54% 44%

Analisando-se o mês de visita dos alunos à Super Estação de Energia em outubro na Tabela 3,
observa-se que dos quatro meses anteriores aos quatro meses posteriores ao mês de visita outubro, os
meses de junho, julho, agosto e setembro são considerados como de temperaturas mais baixas (em
azul), ou seja metade do período de análise.
Com a análise do mês de março percebe-se que existe apenas dois meses com temperaturas
mais baixas, mas neste mês de visita, o percentual de aluno que aumentaram seu consumo de energia
elétrica em suas residências em relação aos que diminuíram, não foi tão alto quanto no mês de visita
outubr o.
Ainda observando-se a Tabela 3 e considerando agora os quatro meses anteriores e os quatro
meses posteriores ao mês de visita dos alunos em fevereiro, também percebi-se apenas dois mêses com
temperaturas mais baixas, o mês outubro e o mês de junho, ou seja tanto os meses de analise de visita
em fevereiro quanto de visita março possuem períodos maiores de temperaturas mais elevadas, onde
provavelmente se utilizam mais aparelhos domésticos tais como: geladeiras, ventiladores, etc., que
representam um belo percentual de aumento no consumo de energia elétrica nas residências. Mas
mesmo assim observa-se que o percentual de alunos que aumentaram o consumo de energia elétrica
nas suas residências no período de análise é bem menor ao do mês de outubro.

Tabela 3 – Temperatura média mensal (°C) da cidade de Campina Grande dos meses anteriores
e posteriores ao da visita dos alunos.
Mês de
Meses Anteriores à Visita Meses Posteriores à Visita
Visita
10/04 11/04 12/04 01/05 03/05 04/05 05/05 06/04
02/05
23,30 24,00 24,30 25,10 25,30 24,80 23,50 21,80
11/04 12/04 01/05 02/05 04/05 05/05 06/04 07/05
03/05
24,00 23,30 25,10 25,40 24,80 23,50 21,80 21,30
12/04 01/05 02/05 03/05 05/05 06/05 07/05 08/05
04/05
24,30 25,10 25,40 23,50 23,50 21,80 21,30 21,00
04/05 05/05 06/04 07/05 09/05 10/05 11/05 12/05
08/05
24,80 23,50 21,80 21,30 22,30 23,50 24,20 24,40
05/05 06/05 07/05 08/05 10/05 11/05 12/05 01/06
23,50 21,80 21,30 21,00 09/05 23,50 24,20 24,40 24,70
06/05 07/05 08/05 09/05 11/05 12/05 01/06 02/06
10/05
21,80 21,30 21,00 22,30 24,20 24,40 24,70 25,30
Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)
Observando-se relatórios realizados pelos alunos com o apoio dos professores que haviam
acompanhados os mesmos nas visitas à Super Estação de Energia e que são enviados pelas escolas
participantes, percebe-se que as escolas que participaram das visitas no mês de outubro enviaram
pouquíssimos trabalhos. Enquanto que, as que enviaram relatórios em maior número e em qualidade de
produção bem melhor aos demais trabalhos enviados, foram as que participaram das visitas nos meses
de agosto, setembro e fevereiro mostrando melhor resultado quanto a redução do consumo de energia
elétrica em suas residências.
Percebe-se como a Figura 7 que apenas 2% (dois por cento) do total de alunos participantes do
estudo permaneceram com o consumo de energia elétrica em suas residências inalterado e que 54%
(cinqüenta e quatro por cento) ba ixaram e enquanto que 44% (quarenta e quatro por cento)
aumentaram o consumo de energia elétrica.

Figura 7 – Análise do consumo de energia elétrica dos alunos

Percebe-se com isso a importância da escola como agente multiplicador em potencial de


informações quanto ao uso racional de energia, através dos seus professores e alunos.

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Apesar do aluno permanecer por apenas três horas na Super Estação de Energia durante a sua
visita, esse trabalho mostra-se positivo e importante quanto a questão da divulgação e popularização de
informações sobre o uso racional de energia junto a sua família, mas, visto que para reduzir o consumo
de energia elétrica na sua residência com mais eficácia, se faz necessário, além do aluno, toda a sua
família participarem do Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica, podendo assim
favorecer a mudança de hábitos familiares no que se refere ao uso racional de energia elétrica.
Confirma -se com isso que este programa é viável e importante para a difusão de informações
sobre o uso racional de energia entre alunos e professores. Mas deixa-se claro que a educação deve ser
oferecida por quem tenha condições de respeitar o processo cognitivo, esteja atento aos processos
afetivos que possam surgir e que tenha o domínio necessário, conforme a área de atuação.
É através de projetos como estes interativos e didáticos aos conteúdos relativos as questões
energéticas, que os alunos adquirem uma visão mais completa e crítica do problema energético
brasileiro e que serviram num futuro próximo como elementos catalizadores para uma maior
conscientização e participação da sociedade no que se relaciona com o uso racional de energia.
Sugere-se que esse programa de combate ao desperdício de energia elétrica seja estendido para
o público em geral atendendo não apenas alunos e professores, mas sim, um número bem mais
diversificado de pessoas.
A participação das empresas públicas e privadas do setor energético deve se restringir ao
fornecimento de recursos e informações que colaborem com o sistema educacional. A estruturação de
uma proposta de Ensino do Uso Racional de Energia tem sua origem em ações governamentais,
impondo às empresas do setor energético uma atitude que pode não estar alinhada com seus objetivos
finais (produtos e serviços). Com isso torna-se fundamental a presença das instituições de ensino, em
todos os níveis de formação, pois o seu objetivo final e a própria Educação.

7. Referências

BRASIL, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (MME). Balanç o energético nacional. Brasília:


MME, 2000. 154p.

DIAS, R. A. A conservação de energia. In: Impactos da substituição de equipamentos na conservação


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HOLANDA, M. R., BALESTIERIERI, J. A. P. Reduzir, reutilizar e reciclar para preservar. Jornal


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LA ROVERE, E. L. Conservação de energia em sua concepção mais ampla: estilo de desenvolvimento


a baixo perfil de consumo de energia. Editora Marco Zero/ FINEP, 1985, pp. 474-489.
GASPAR, A. Museus e centros de Ciências: conceituação e proposta de um referencial teórico. Tese
de Doutorado. São Paulo, FE-USP, 1993.

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ENSINO MÉDIO. Ministério da Educação.


Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Brasília. 1999.

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