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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo discutir a atuação do Centro de Agricultura Alternativa
do Norte de Minas (CAA-NM), como incentivo à permanência do pequeno produtor rural
no campo a partir de experiências agroecológicas. Para realizar esse trabalho utilizaram-se
como procedimentos metodológicos, revisão bibliográfica das obras de autores que discutem
sobre Modernização agrícola e Agroecologia; seguido de trabalho de campo no Centro de
Agricultura Alternativa (CAA-NM), no qual foi possível conhecer a história do CAA-NM,
bem como, os projetos agroecológicos desenvolvidos no meio rural. A partir das análises
feitas, pode-se constatar que o trabalho do CAA – NM juntamente com os pequenos
produtores rurais contribuiu para a formação de cooperativas, voltadas para a
comercialização de produtos advindos do cerrado e da caatinga. O uso de técnicas
agroecológicas possibilitou ao agricultor familiar produzir determinada cultura sem agredir os
recursos naturais, incentivando a permanência do sertanejo no campo, através da valorização
econômica dos seus produtos. No entanto, percebe-se que o trabalho realizado pela
entidade no Norte de Minas, ainda se restringe a alguns municípios, devido o seu pouco
reconhecimento na região e pela falta de recursos suficientes para atender os pequenos
produtores rurais do Norte de Minas.
INTRODUÇÃO
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Desde os primórdios da humanidade, o homem se vê na necessidade de adequar o
meio em que vive ao seu modo de vida, acentuando uma contínua modificação do espaço,
fator condicionante para o seu desenvolvimento e progresso. Graziano Neto (1985, p. 79),
atesta que,
Esse processo de modernização agrícola foi difundido pela Revolução Verde, a partir
de 1950, através da utilização de novas técnicas no meio rural, como a mecanização, o uso
intensivo de insumos e o melhoramento genético de sementes, possibilitando uma rápida e
intensa expansão da fronteira agrícola e, consequentemente, acarretando o aumento da
produtividade voltada para a exportação.
O modelo desenvolvido pela Revolução Verde surge a princípio com a finalidade de
erradicar o problema da fome no mundo, no entanto, a modernização agrícola proposta, além
de dinamizar a produção de alimentos visava principalmente o aumento do lucro, gerando
certa controvérsia em relação a sua verdadeira intenção.
No Brasil, a modernização do meio rural, configura a transição de uma agricultura
rudimentar para uma agricultura mecanizada, não se restringindo apenas a utilização de
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equipamentos e produtos químicos no campo, mas também ao processo de fabricação dos
mesmos, constituindo um setor industrial voltado para atender as necessidades desse modelo
de produção agrícola.
Entretanto, o modo de produção desenvolvido através da Revolução Verde, apesar de
ter contribuído para o crescimento da economia, disseminou diversos problemas nos âmbitos
socioeconômico e ambiental. A partir desse incremento agrícola, ocorreu a substituição
gradativa da mão-de-obra do trabalhador pelas máquinas, acarretando num crescente índice
de desemprego na zona rural, culminando nos fluxos migratórios do campo para os centros
urbanos. Balsan (2006, p.128) destaca que esse,
Além disso, a expansão da fronteira agrícola tornou-se uma ameaça aos recursos
naturais, resultando no desmatamento, na poluição de mananciais, na degradação do solo,
devido o uso intensivo de insumos químicos, bem como, a mecanização nas lavouras de
diferentes culturas.
Diante das desigualdades sociais e dos problemas ambientais, decorrentes do
expansionismo agrícola, surge a necessidade de se criarem alternativas que ofereçam suportes
ao pequeno produtor rural, por meio de condições que permitam haver uma produção dos
cultivos, a partir de práticas menos agressivas ao meio ambiente.
Com isso, as Organizações Não Governamentais (ONGs) e entidades filantrópicas se
destacam, uma vez que trabalham no intuito de apresentar novas alternativas para promover
um desenvolvimento de maneira sustentável, a partir de práticas voltadas para a produção de
alimentos sem a aplicação de agrotóxicos e o uso de técnicas que não agridam o meio
ambiente. Sobre a atuação das ONGs no meio rural, Benthien (2007, p.25) afere que,
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Nesse contexto, surge no Norte de Minas, a idéia do Centro de Agricultura Alternativa
(CAA), uma organização não governamental que trabalha juntamente com o pequeno
produtor rural, comunidades tradicionais e assentamentos, a fim de desenvolver experiências
voltadas para a produção agroecológica, dando suporte para que o agricultor familiar
desenvolva sua produção sem afetar a biodiversidade dos ecossistemas.
Diante disso, o estudo em pauta tem como objetivo, discutir a atuação do Centro de
Agricultura Alternativa do Norte Minas como um incentivo à permanência do pequeno
produtor rural no campo a partir de experiências agroecológicas. A atuação do CAA na
região torna-se importante uma vez que os projetos desenvolvidos pela entidade, além de
promover a geração de renda para o pequeno produtor através da prática agroecológica,
atenuam os fluxos migratórios do campo para a cidade.
Diante das análises feitas pode-se constatar que a atuação do CAA no Norte de Minas
contribuiu para a formação de cooperativas, voltadas para a comercialização de produtos
advindos do cerrado e da caatinga. O uso das técnicas agroecológicas possibilitou ao
agricultor familiar produzir determinada cultura sem agredir os recursos naturais, incentivando
a permanência do sertanejo no campo, através da valorização econômica dos seus produtos.
No entanto, percebe-se que o trabalho realizado pelo CAA no Norte de Minas, ainda
se restringe a algumas cidades, devido o seu pouco reconhecimento na região inserida e pela
falta de recursos suficientes para atender os pequenos produtores rurais do Norte de Minas.
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Esse processo de desenvolvimento é decorrente de incentivos do Estado, visando o
avanço econômico do Norte de Minas, região conhecida até então, por seu atraso, pobreza e
estagnação. Além da inserção de indústrias nos centros urbanos da região, o meio rural
recebeu maquinários agrícolas, no intuito de promover um aumento da produção e,
consequentemente, o aumento dos lucros.
Rodrigues (2000) afere que essa modernização agrícola no Norte de Minas, pode ser
percebida a partir do uso das tecnologias modernas, como a grande quantidade de tratores
no campo. Desse modo o processo de modernização do setor agropecuário na região se deu
em virtude das políticas adotadas no país, a fim de garantir um crescimento equilibrado entre
os diversos setores da economia.
A inserção de novas tecnologias no meio rural impulsionou uma nova configuração
socioespacial no Norte de Minas, permitindo a intensa exploração do cerrado através de
cultivos mecanizados nas grandes propriedades rurais. Com a expansão da fronteira agrícola
sobre o cerrado norte mineiro, os grandes latifúndios começaram a investir no reflorestamento
e no carvoejamento, ocasionando na perda da fitofisionomia típica do respectivo bioma
através do intenso processo de desmatamento.
Além dos danos irreparáveis ao bioma cerrado, a expansão da fronteira agrícola no
Norte de Minas, disseminou diversos problemas sociais, como o desemprego e os fluxos
migratórios do pequeno produtor do campo para os grandes centros urbanos. Sobre os
problemas sociais decorrentes da modernização agrícola, Andrades e Gamini (2007, p. 53)
explicam que,
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pequeno produtor rural, devido à falta de capital suficiente para se manter nesse modelo
desenvolvimentista, começa e se endividar.
Desse modo, a anexação de grandes áreas produtivas no Norte de Minas, além de
excluir o agricultor tradicional do referido sistema agrícola, culminou na desestruturação de
comunidades locais, que tinham como base de sua economia a agricultura de subsistência;
afetando também, o modo de produção tradicional do homem do campo, que aos poucos
perde a sua identidade cultural.
Nesse contexto, o trabalho do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
(CAA-NM) se intensifica no intuito de desenvolver técnicas voltadas para uma produção
sustentável, sem provocar danos aos ecossistemas da região; e promover a permanência do
agricultor tradicional no campo, através da valorização econômica de seus produtos no
comércio regional.
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Uma das finalidades do trabalho desenvolvido pelo CAA/NM é contribuir
para a construção de uma proposta de desenvolvimento regional
sustentável, protagonizada por agricultores, buscar demonstrar o desafio de
conceber e ter a agricultura e o extrativismo como atividades que não utilizem
somente a racionalidade econômica, mas também outras racionalidades,
ambiental e humana, mostrando que existem outros critérios de relações
humanas além do econômico, os quais sejam compatíveis com a cultura da
população local, articulando elementos suficientes para se ajustar às
condições econômicas globais sem perder de vista sua identidade.
Figura 01: Área de Conservação do Cerrado Figura 02: Área de Conservação do Cerrado
Autor: Alves, C. H. S. /2009 Autor: Alves, C. H. S./2009
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Figura 03: M udas de árvores frutíferas
Autor: Alves, C. H. S./2009
As práticas agroecológicas desenvolvidas juntamente com o pequeno produtor rural
possibilitaram ao mesmo desenvolver o cultivo respeitando as limitações do meio ambiente,
favorecendo a preservação dos ecossistemas. Caporal (2007, p.64) define a produção
agroecológica, como
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Figura 04: Plantação de Alho no CAA
Autor: Alves, C. H. S./2009
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Nisso, as ações e projetos desenvolvidos pela entidade, tendem a desenvolver a
produção agrícola, ser agredir o meio ambiente, diminuindo os fluxos migratórios do campo
para as cidades, uma vez que o pequeno produtor agrícola possui um meio de garantir renda
através da comercialização da sua produção na região.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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GONÇALVES, B. ROSA, H. S. Cooperativa Grande Sertão: articulando populações e
diversidades no Norte de Minas Gerais. Agriculturas: experiências em agroecologia. Rio
de Janeiro, v. 2, nº 2, p. 17-21, junho, 2005.
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