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A ATUAÇÃO DO CENTRO DE AGRICULTURA ALTERNATIVA NO NORTE

DE MINAS COMO INCENTIVO À PERMANÊNCIA DO PEQUENO


PRODUTOR RURAL NO CAMPO E A PRÁTICA DE UMA AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL

ALVES, Carlos Henrique Silva Universidade


Estadual de Montes Claros
henrikcsa@yahoo.com.br
SILVEIRA, Gerlaine Soares
Universidade Estadual de Montes Claros
gerlainess@yahoo.com.br
GUIMARÃES, Márcia Aparecida Antunes
Universidade Estadual de Montes Claros
marciaantunesguimaraes@yahoo.com

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir a atuação do Centro de Agricultura Alternativa
do Norte de Minas (CAA-NM), como incentivo à permanência do pequeno produtor rural
no campo a partir de experiências agroecológicas. Para realizar esse trabalho utilizaram-se
como procedimentos metodológicos, revisão bibliográfica das obras de autores que discutem
sobre Modernização agrícola e Agroecologia; seguido de trabalho de campo no Centro de
Agricultura Alternativa (CAA-NM), no qual foi possível conhecer a história do CAA-NM,
bem como, os projetos agroecológicos desenvolvidos no meio rural. A partir das análises
feitas, pode-se constatar que o trabalho do CAA – NM juntamente com os pequenos
produtores rurais contribuiu para a formação de cooperativas, voltadas para a
comercialização de produtos advindos do cerrado e da caatinga. O uso de técnicas
agroecológicas possibilitou ao agricultor familiar produzir determinada cultura sem agredir os
recursos naturais, incentivando a permanência do sertanejo no campo, através da valorização
econômica dos seus produtos. No entanto, percebe-se que o trabalho realizado pela
entidade no Norte de Minas, ainda se restringe a alguns municípios, devido o seu pouco
reconhecimento na região e pela falta de recursos suficientes para atender os pequenos
produtores rurais do Norte de Minas.

PALAVRAS – CHAVE: Norte de Minas, Expansão agrícola, Agroecologia, Economia,


Cooperativas.

INTRODUÇÃO

Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3

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Desde os primórdios da humanidade, o homem se vê na necessidade de adequar o
meio em que vive ao seu modo de vida, acentuando uma contínua modificação do espaço,
fator condicionante para o seu desenvolvimento e progresso. Graziano Neto (1985, p. 79),
atesta que,

A espécie humana, como as demais, necessita enfrentar as adversidades da


Natureza para assegurar sua perpetuação. A diferença, no entanto, entre o
homem e os demais seres vivos é que aquele faz sua própria história,
modificando constantemente as condições naturais de vida, propiciando
situações mais favoráveis para sua reprodução.

Diante das transformações modeladoras do espaço, as atividades agrícolas


desenvolvidas pelo homem foram adaptadas através da criação de instrumentos de trabalho
eficientes, a fim de garantir o aumento da produção, diminuindo a dependência em relação
aos aspectos naturais.
O crescimento da produção agrícola é consequência da inserção de novas tecnologias
no campo, com o propósito de aumentar a produção de alimentos em larga escala e estimular
o desenvolvimento da economia mundial. Nas palavras de Corrêa (1999, p. 50),

As especializações produtivas criadas podem estar associadas às novas


demandas da produção agrícola regional, referenciadas agora a novos
patamares tecnológicos e de renda e a novos padrões socioculturais. São, em
realidade, atividades criadas no âmbito da industrialização do campo.

Esse processo de modernização agrícola foi difundido pela Revolução Verde, a partir
de 1950, através da utilização de novas técnicas no meio rural, como a mecanização, o uso
intensivo de insumos e o melhoramento genético de sementes, possibilitando uma rápida e
intensa expansão da fronteira agrícola e, consequentemente, acarretando o aumento da
produtividade voltada para a exportação.
O modelo desenvolvido pela Revolução Verde surge a princípio com a finalidade de
erradicar o problema da fome no mundo, no entanto, a modernização agrícola proposta, além
de dinamizar a produção de alimentos visava principalmente o aumento do lucro, gerando
certa controvérsia em relação a sua verdadeira intenção.
No Brasil, a modernização do meio rural, configura a transição de uma agricultura
rudimentar para uma agricultura mecanizada, não se restringindo apenas a utilização de

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equipamentos e produtos químicos no campo, mas também ao processo de fabricação dos
mesmos, constituindo um setor industrial voltado para atender as necessidades desse modelo
de produção agrícola.
Entretanto, o modo de produção desenvolvido através da Revolução Verde, apesar de
ter contribuído para o crescimento da economia, disseminou diversos problemas nos âmbitos
socioeconômico e ambiental. A partir desse incremento agrícola, ocorreu a substituição
gradativa da mão-de-obra do trabalhador pelas máquinas, acarretando num crescente índice
de desemprego na zona rural, culminando nos fluxos migratórios do campo para os centros
urbanos. Balsan (2006, p.128) destaca que esse,

Novo padrão de desenvolvimento econômico tem demonstrado exclusão do


homem do campo da geração de emprego, diminuição da renda, entre outros,
ocasionando conseqüentemente, desordem no espaço rural, decorrente da
competitividade do capitalismo.

Além disso, a expansão da fronteira agrícola tornou-se uma ameaça aos recursos
naturais, resultando no desmatamento, na poluição de mananciais, na degradação do solo,
devido o uso intensivo de insumos químicos, bem como, a mecanização nas lavouras de
diferentes culturas.
Diante das desigualdades sociais e dos problemas ambientais, decorrentes do
expansionismo agrícola, surge a necessidade de se criarem alternativas que ofereçam suportes
ao pequeno produtor rural, por meio de condições que permitam haver uma produção dos
cultivos, a partir de práticas menos agressivas ao meio ambiente.
Com isso, as Organizações Não Governamentais (ONGs) e entidades filantrópicas se
destacam, uma vez que trabalham no intuito de apresentar novas alternativas para promover
um desenvolvimento de maneira sustentável, a partir de práticas voltadas para a produção de
alimentos sem a aplicação de agrotóxicos e o uso de técnicas que não agridam o meio
ambiente. Sobre a atuação das ONGs no meio rural, Benthien (2007, p.25) afere que,

As ONGs brasileiras têm um papel importante no estabelecimento de práticas


agroecológicas, principalmente pela formação de grupos de assessoramento
e acompanhamento rural que levam aos agricultores informações sobre a
melhor forma de trato com a terra, além de auxílio no escoamento da
produção evitando perdas.

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Nesse contexto, surge no Norte de Minas, a idéia do Centro de Agricultura Alternativa
(CAA), uma organização não governamental que trabalha juntamente com o pequeno
produtor rural, comunidades tradicionais e assentamentos, a fim de desenvolver experiências
voltadas para a produção agroecológica, dando suporte para que o agricultor familiar
desenvolva sua produção sem afetar a biodiversidade dos ecossistemas.
Diante disso, o estudo em pauta tem como objetivo, discutir a atuação do Centro de
Agricultura Alternativa do Norte Minas como um incentivo à permanência do pequeno
produtor rural no campo a partir de experiências agroecológicas. A atuação do CAA na
região torna-se importante uma vez que os projetos desenvolvidos pela entidade, além de
promover a geração de renda para o pequeno produtor através da prática agroecológica,
atenuam os fluxos migratórios do campo para a cidade.
Diante das análises feitas pode-se constatar que a atuação do CAA no Norte de Minas
contribuiu para a formação de cooperativas, voltadas para a comercialização de produtos
advindos do cerrado e da caatinga. O uso das técnicas agroecológicas possibilitou ao
agricultor familiar produzir determinada cultura sem agredir os recursos naturais, incentivando
a permanência do sertanejo no campo, através da valorização econômica dos seus produtos.
No entanto, percebe-se que o trabalho realizado pelo CAA no Norte de Minas, ainda
se restringe a algumas cidades, devido o seu pouco reconhecimento na região inserida e pela
falta de recursos suficientes para atender os pequenos produtores rurais do Norte de Minas.

A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO NORTE DE MINAS GERAIS

A inclusão do Norte de Minas, na área de abrangência da SUDENE (Superintendência


de Desenvolvimento do Nordeste), acentuou uma política de desenvolvimento regional,
através de investimentos não apenas no setor industrial, como também no setor agropecuário.
A esse respeito, Feitosa e Barbosa (2005, p. 7) ressaltam que,

A partir de 1965, quando a região é inserida dentro da área de atuação da


SUDENE, inicia-se um processo de modernização do campo, sob a égide
daquele organismo do Estado, principalmente através das linhas de
financiamento como FINOR (Fundo de Investimento no Nordeste) e FISET
(Fundo de Investimentos Setoriais). Podem-se verificar 4 (quatro) principais
pilares desse processo: agricultura/fruticultura irrigada, monocultura de
eucalipto, pecuária extensiva e monocultura de algodão.

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Esse processo de desenvolvimento é decorrente de incentivos do Estado, visando o
avanço econômico do Norte de Minas, região conhecida até então, por seu atraso, pobreza e
estagnação. Além da inserção de indústrias nos centros urbanos da região, o meio rural
recebeu maquinários agrícolas, no intuito de promover um aumento da produção e,
consequentemente, o aumento dos lucros.
Rodrigues (2000) afere que essa modernização agrícola no Norte de Minas, pode ser
percebida a partir do uso das tecnologias modernas, como a grande quantidade de tratores
no campo. Desse modo o processo de modernização do setor agropecuário na região se deu
em virtude das políticas adotadas no país, a fim de garantir um crescimento equilibrado entre
os diversos setores da economia.
A inserção de novas tecnologias no meio rural impulsionou uma nova configuração
socioespacial no Norte de Minas, permitindo a intensa exploração do cerrado através de
cultivos mecanizados nas grandes propriedades rurais. Com a expansão da fronteira agrícola
sobre o cerrado norte mineiro, os grandes latifúndios começaram a investir no reflorestamento
e no carvoejamento, ocasionando na perda da fitofisionomia típica do respectivo bioma
através do intenso processo de desmatamento.
Além dos danos irreparáveis ao bioma cerrado, a expansão da fronteira agrícola no
Norte de Minas, disseminou diversos problemas sociais, como o desemprego e os fluxos
migratórios do pequeno produtor do campo para os grandes centros urbanos. Sobre os
problemas sociais decorrentes da modernização agrícola, Andrades e Gamini (2007, p. 53)
explicam que,

Isso acontece porque os maquinários agrícolas desenvolvidos junto aos


pacotes tecnológicos são poupadores de mão-de-obra. Os que defendem o
uso destes maquinários acreditam na diminuição dos custos acarretados por
essa mão-de-obra, ou seja, estão preocupados apenas em priorizar as
demandas mercadológicas.

Os conflitos entre grandes latifundiários e agricultores tradicionais, vão se intensificar, na


medida em que os projetos agrícolas, bem como os projetos de irrigação e o reflorestamento,
ao serem desenvolvidos começam a afetar a vida dos pequenos produtores rurais. No intuito
de adquirir equipamentos modernos e insumos agrícolas para desenvolver a sua produção, o

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pequeno produtor rural, devido à falta de capital suficiente para se manter nesse modelo
desenvolvimentista, começa e se endividar.
Desse modo, a anexação de grandes áreas produtivas no Norte de Minas, além de
excluir o agricultor tradicional do referido sistema agrícola, culminou na desestruturação de
comunidades locais, que tinham como base de sua economia a agricultura de subsistência;
afetando também, o modo de produção tradicional do homem do campo, que aos poucos
perde a sua identidade cultural.
Nesse contexto, o trabalho do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas
(CAA-NM) se intensifica no intuito de desenvolver técnicas voltadas para uma produção
sustentável, sem provocar danos aos ecossistemas da região; e promover a permanência do
agricultor tradicional no campo, através da valorização econômica de seus produtos no
comércio regional.

O CENTRO DE AGRICULTURA ALTERNATIVA DO NORTE DE MINAS


(CAA-NM) E A PRÁTICA AGROECOLÓGICA NO MEIO RURAL

O processo de desenvolvimento no Norte de Minas, além devastar o cerrado e a


caatinga, através da difusão de modernos sistemas de produção agrícola, culminou na
expulsão do pequeno produtor rural de suas terras. Diante dos intensos conflitos entre
agricultores tradicionais e grandes latifundiários decorrentes desses fatores, surge a
necessidade de se criar uma organização que desenvolva ações juntamente com os
agricultores tradicionais, para fortalecer a agricultura sustentável e frear o avanço dos grandes
empreendimentos agrícolas no Norte de Minas.
Nesse contexto é criado, em 1985, o Centro de Agricultura Alternativa (CAA), uma
entidade que trabalha em parceria com as comunidades rurais, quilombolas, bem como as
associações de pequenos produtores rurais e agroextrativistas, desenvolvendo projetos, no
intuito de buscar alternativas sustentáveis, a fim de garantir a permanência do pequeno
produtor rural no campo, através de práticas agroecológicas menos agressivas ao meio
ambiente e da valorização econômica de seus produtos no comércio regional, por meio do
trabalho realizado pelas cooperativas. Sobre a atuação do CAA-NM na região, Carrara
(2007, p.53) destaca que,

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Uma das finalidades do trabalho desenvolvido pelo CAA/NM é contribuir
para a construção de uma proposta de desenvolvimento regional
sustentável, protagonizada por agricultores, buscar demonstrar o desafio de
conceber e ter a agricultura e o extrativismo como atividades que não utilizem
somente a racionalidade econômica, mas também outras racionalidades,
ambiental e humana, mostrando que existem outros critérios de relações
humanas além do econômico, os quais sejam compatíveis com a cultura da
população local, articulando elementos suficientes para se ajustar às
condições econômicas globais sem perder de vista sua identidade.

Através dos conhecimentos técnicos associados ás experiências das populações


tradicionais, o CAA-NM desenvolve diferentes projetos baseando-se em alternativas
sustentáveis, permitindo ao agricultor tradicional, usufruir dos recursos naturais sem afetar o
meio ambiente.
Dentre as práticas e projetos desenvolvidos pelo CAA-NM, em parceria com as
comunidades tradicionais e extrativistas, se destacam a criação de áreas de conservação do
bioma cerrado (figuras 01 e 02) no Norte de Minas, o Programa de Formação e Mobilização
Social para a Convivência com o Semi-Árido (P1MC), o Projeto Viveiro, as práticas
agroecológicas e a criação de cooperativas para comercialização de produtos provenientes
do bioma cerrado.

Figura 01: Área de Conservação do Cerrado Figura 02: Área de Conservação do Cerrado
Autor: Alves, C. H. S. /2009 Autor: Alves, C. H. S./2009

O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido


ou “Programa Um Milhão de Cisternas” (P1MC), consiste na construção de recipientes para
armazenar a água da chuva captada através dos telhados, amenizando o problema da falta de
água na região.
O Projeto Viveiro (Figura 03) visa o cultivo de mudas de árvores típicas do cerrado,
como o umbu, a cagaita, o coquinho azedo, dentre outros; com a finalidade de incrementar a
renda familiar, através da comercialização dos frutos das respectivas mudas que são
distribuídas ao pequeno produtor rural pelo CAA-NM.

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Figura 03: M udas de árvores frutíferas
Autor: Alves, C. H. S./2009
As práticas agroecológicas desenvolvidas juntamente com o pequeno produtor rural
possibilitaram ao mesmo desenvolver o cultivo respeitando as limitações do meio ambiente,
favorecendo a preservação dos ecossistemas. Caporal (2007, p.64) define a produção
agroecológica, como

Um processo de intervenção de caráter educativo e transformador, baseado


em metodologias da investigação-ação participante, que permitam o
desenvolvimento de uma prática social mediante a qual os sujeitos do
processo buscam a construção e sistematização de conhecimentos que os
leve a incidir conscientemente sobre a realidade, com o objetivo de alcançar
um modelo de desenvolvimento socialmente equitativo e ambientalmente
sustentável, adotando os princípios teóricos da Agroecologia.

As práticas agroecológicas adotadas pelo agricultor tradicional além de contribuir para


o desenvolvimento sustentável da produção agrícola, possibilitando a conservação do solo e
da vegetação nativa do cerrado Norte-Mineiro, instrui o pequeno produtor a desenvolver
práticas ecológicas nas áreas de cultivo agrícola, garantindo a sua renda familiar.
Com a produção agroecológica, o pequeno produtor rural, tem a possibilidade de
cultivar alimentos para o próprio consumo e comercializar os mesmos através de cooperativas
formadas por agricultores familiares interessados em inserir seus produtos no mercado
regional. Gonçalves e Rosa (2005, p.19), esclarecem que,

O trabalho central da Cooperativa é organizar a produção, fazer o


beneficiamento e encaminhar o produto ao mercado. Uma das primeiras
exigências é a de que os produtos sejam agroecológicos. Para isso a
cooperativa disponibiliza o acompanhamento técnico para capacitação e
monitoramento das propriedades.

No Norte de Minas, a Cooperativa Grande Sertão atua em parceria com o CAA-NM,


através da comercialização dos produtos e alimentos como polpas de frutas típicas do
cerrado, mel, rapadura, hortaliças, alho (Figura 04); ambos provenientes do sertão
norte-mineiro.

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Figura 04: Plantação de Alho no CAA
Autor: Alves, C. H. S./2009

Formada por agricultores tradicionais e agroextrativistas, a Cooperativa Grande Sertão,


além de dinamizar a economia das comunidades locais, garante a permanência do agricultor
no campo, permitindo ao mesmo, garantir sua renda familiar através da comercialização seus
produtos na região.
Diante do estudo realizado, pode-se constatar que a inserção dos modernos
empreendimentos agrícolas no Norte de Minas provocou sérios danos à biodiversidade
natural do cerrado e da caatinga e expulsou o pequeno produtor de suas terras, devido à falta
de perspectivas no meio rural. Para amenizar os problemas decorrentes desse processo de
modernização, o CAA-NM tem desenvolvido ações e projetos a fim de conservar e
preservar os ecossistemas naturais da região, possibilitando ao agricultor familiar produzir
determinada cultura sem agredir os recursos naturais, através da utilização de técnicas
agroecológicas.
O trabalho do CAA-NM incentivou a permanência do sertanejo no campo, através da
formação de cooperativas entre os próprios agricultores tradicionais e extrativistas, através da
comercialização e valorização dos produtos advindos do cerrado e da caatinga, no mercado
regional.
Percebe-se que a atuação do CAA no Norte de Minas, ainda se restringe a alguns
municípios, devido o pouco reconhecimento da entidade na região inserida e pela falta de
recursos suficientes para atender os pequenos produtores rurais da região. Nesse contexto
deve-se considerar a importância do trabalho do CAA-NM, uma vez que grande parte dos
municípios do Norte de Minas tem como base de suas economias a agricultura de
subsistência.

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Nisso, as ações e projetos desenvolvidos pela entidade, tendem a desenvolver a
produção agrícola, ser agredir o meio ambiente, diminuindo os fluxos migratórios do campo
para as cidades, uma vez que o pequeno produtor agrícola possui um meio de garantir renda
através da comercialização da sua produção na região.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a FAPEMIG e a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES)


pelo apoio financeiro.

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