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A Bíblia e o Suicídio

Defendendo a Fé Cristã / 27 de julho de 2017

Uma cartilha sobre suicídio do Centro de Valorização da Vida diz: “Pessoas de todas as idades e classes
sociais cometem suicídio. A cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo, totalizando quase um
milhão de pessoas todos os anos. Estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas tentam o suicídio a cada
ano. De cada suicídio, de seis a dez outras pessoas são diretamente impactadas, sofrendo sérias
consequências difíceis de serem reparadas.” De acordo com o Mapa da Violência 2014, nos últimos dez
anos, a taxa de suicídio de adolescentes com idades entre 10 e 14 anos aumentou 40% no Brasil, e entre
aqueles com idades entre 15 e 19 anos, 33%. Estima-se que, a cada dia, 28 brasileiros se suicidam e, para
cada morte, há entre 10 e 20 tentativas.
O suicídio é, portanto, um problema que a nossa sociedade precisa encarar. Mas o que a Bíblia diz sobre
isso?
A Escritura ensina que cada vida é preciosa aos olhos de Deus (Isaías 43:4), pois todos os seres humanos
foram criados à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26). O ato de tirar intencionalmente a vida de
alguém sempre foi visto como um grave pecado (Gênesis 4:8-12; Êxodo 20:13; Deuteronômio 5:17).
Aquele que comete suicídio mata a si mesmo, cometendo, portanto, uma terrível afronta à imagem do Seu
Criador que lhe deu a vida (Gênesis 9:6).
Ademais, só Deus dá a vida e só Ele pode tomá-la. Quem tira a sua própria vida, ou a vida de outra
pessoa, se coloca no lugar de Deus, reivindicando para si o direito de decidir quando uma vida deve
terminar (cf. Jeremias 10:23). Ou seja, comete blasfêmia.
A Bíblia não condena especificamente o suicídio em nenhum versículo, mas alguns textos-chave podem
nos ajudar a enxergar tal ato como um pecado gravíssimo:
“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais,
nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem
alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.” (1 Coríntios 6:9-10)
“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria;
ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas
semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o
Reino de Deus.” (Gálatas 5:19-21)
“… nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo.” (1 João 3:15)
“Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os
que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde
com enxofre. Esta é a segunda morte”. (Apocalipse 21:8)
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Felizes os que lavam as suas
vestes, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Fora ficam os
cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos
os que amam e praticam a mentira.” (Apocalipse 22:13-15)

Perceba que o assassinato é um pecado capaz de excluir da Vida Eterna aqueles que o cometem. Quem
cometem assassinato “e coisas semelhantes” não herdará o Reino de Deus. O suicídio é uma coisa
semelhante ao assassinato (na verdade, o suicídio é o assassinato de si mesmo, obviamente). Portanto, é
implausível que suicidas entrem no Reino, com exceção das crianças suicidas, afinal, o Reino dos Céus
pertence a elas (Mateus 19:14).
Algumas pessoas afirmam que se o suicida for cristão, ele pode ser perdoado e salvo, uma vez que o
único pecado sem perdão é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mateus 12:22-32; Marcos 3:22-30; Lucas
11:14-23). Mas o que é a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Depois que Jesus expulsou um demônio de dentro de um menino, os fariseus acusaram o próprio Jesus de
estar possuído por Belzebu, por meio de quem conseguia o Seu poder de expulsar os espíritos malignos.
Então Jesus disse-lhes que todo pecado e blasfêmia seria perdoado aos homens, mas a blasfêmia contra o
Espírito Santo não seria perdoada. Os fariseus estavam blasfemando contra o Espírito Santo, pois viam
Jesus realizar muitos sermões e milagres, mas se recusavam a crer. Atribuíram os feitos de Deus a Satanás
e não confessaram os seus pecados.
Na parábola do fariseu e do publicano que subiram ao templo para orar, vemos que o fariseu orava
agradecendo por não ser pecador como o publicano. Ele se achava santo, ao passo que o publicano orava
em seu íntimo, dizendo: “Deus, tem misericórdia de mim, porque sou pecador”. Jesus disse que o
publicano chegaria em casa justificado diante de Deus, mas o fariseu não, pois os que se humilham serão
exaltados, mas o que se exaltam serão humilhados (Lucas 18:9-14). Nesta parábola, vemos novamente
que um dos muitos pecados dos fariseus era não confessar seus pecados. De fato, eles estavam
blasfemando contra o Espírito Santo de Deus.
“Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda
injustiça.” (1 João 1:8-9)

Por conseguinte, o pecado da blasfêmia contra o Espírito é a dureza de coração, ou seja, quando o pecador
se recusa a ouvir a voz do Espírito Santo chamando-o ao arrependimento, e não confessa os seus pecados.
Por isso, Paulo advertiu sobre consciências insensíveis (1 Timóteo 4:2). O autor da carta aos Hebreus
falou de corações endurecidos (capítulo 3) e daqueles que não podem ser trazidos de volta ao
arrependimento (capítulo 6). João falou daqueles cujos pecados levam à morte, uma vez que eles
recusam-se a arrepender-se e a confessar esses pecados (1 João 1:5-10; 5:16-17). O próprio Jesus falou do
solo que foi pisoteado e compactado ao ponto em que nenhuma semente pode germinar nele (Lucas 8:5).
Cada passo que damos afastando-nos de Deus aproxima-nos do ponto sem retorno. Podemos perder o
poder moral para mudar e voltar ao Senhor. Portanto, uma vez que qualquer pecado não confessado gera a
morte (Provérbios 28:13; Salmo 32:3; 1 João 1:5-10; 5:16-17), é razoável concluir que o suicida, por não
ter tempo de pedir perdão, não pode ser salvo: “o homem está destinado a morrer uma só vez e depois
disso enfrentar o juízo” (Hebreus 9:27).
Mas e se ele pedir perdão antes de se matar? Se alguém faz algo errado, sabendo que é errado, ele não se
arrependeu genuinamente. Arrependimento é quando a pessoa entende que o que faz está errado e muda
de atitude. Pensar que basta pedir perdão antes de pecar é suficiente para ser perdoado é um raciocínio
totalmente equivocado, que não somente deturba o significado da palavra “arrependimento” como
também leva à conclusões absurdas: Será que um ladrão pode ser perdoado depois de ter roubado só por
que pediu perdão antes de roubar? Será que um adúltero pode ser perdoado só por que pediu perdão antes
de adulterar? Será que um idólatra pode ser perdoado só por que pediu perdão antes de idolatrar? Lembre-
se que a Escritura afirma que quem faz tais coisas não herdará o Reino (1 Coríntios 6:9-10; Gálatas 5:19-
21; Apocalipse 21:8; 22:15). De fato, Deus disse: “se o justo pecar, não viverá por causa de sua justiça. Se
eu garantir ao justo que ele vai viver, mas ele, confiando em sua justiça, fizer o mal, nada de justo que fez
será lembrado; ele morrerá por causa do mal que fez… Se um justo se afastar de sua justiça e fizer o mal,
morrerá” (Ezequiel 33:12-13,18).
É evidente que sempre há perdão para aqueles que se arrependem verdadeiramente e mudam de vida,
afinal, a graça salvadora de Deus está disponível a todos (Tito 2:11), uma vez que Cristo morreu pelos
pecados de todos (2 Coríntios 5:14-15; Hebreus 2:9; 2 João 2:2), porque Deus ama a todos e deseja a
salvação de todos (João 3:16; 2 Timóteo 2:4-6). O Senhor “não quer que ninguém se perca, mas que todos
cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9). Mas aquele que não confessa os seus pecados e não os
abandona não pode obter o perdão de Deus: “Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os
confessa e os abandona encontra misericórdia” (Provérbios 28:13).
Encontramos na Bíblia alguns casos em que pessoas que abandonaram o Senhor acabaram com a própria
vida. Saul e seu escudeiro se mataram para não cair nas mãos do inimigo (1 Samuel 31:4-5). Aitofel se
enforcou quando o seu conselho foi rejeitado (2 Samuel 17:23). Zinri, cercado pelo inimigo, queimou a
casa sobre si (1 Reis 16:18).
Quando demônios possuíam corpos de pessoas, eles frequentemente tentavam fazer com que a pessoa
cometesse suicídio. Quando um menino foi possuído, o demônio o lançava no fogo, para matá-lo
queimado, e na água, para matá-lo afogado (Marcos 9:14-29). Quando demônios possuíram o corpo de
um homem, as pessoas tiveram que mantê-lo acorrentado para que não se matasse, pois os demônios
faziam com que ele se cortasse com pedras entre os sepulcros e nas colinas. Mas quando Jesus mandou os
espíritos malignos para uma manada de porcos, os porcos imediatamente se jogaram de um penhasco
(Marcos 5:1-17). Isso demonstra que a intenção dos demônio era fazer isso com aquele homem, mas
Jesus não permitiu. O Senhor preferiu que os porcos morressem do que o homem, pois a vida humana
vale mais do que a dos animais (cf. Mateus 6:26; 10:31).
Satanás tentou Jesus no deserto e lhe incitou a cometer suicídio jogando-Se do alto do Templo, mas Jesus
se recusou, pois viu tal coisa como uma forma de tentar a Deus:
“Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: ‘Se você é o
Filho de Deus, jogue-se daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e
com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’.
Jesus lhe respondeu: ‘Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”. (Mateus 4:5-7)
Quem comete suicídio, portanto, está ouvindo a voz de Satanás. Os servos de Deus, porém, mesmo diante
de situações terríveis, não podem cometer suicídio. Jó, por exemplo, além de perder seu patrimônio e
todos os seus filhos tragicamente, foi vítima de doenças horríveis e dores incessantes. Ele disse que teria
sido melhor não nascer (Jó 3). Em outro trecho, ele disse que seria melhor morrer logo, e até pediu que
Deus tomasse sua vida (Jó 6:8-9). Contudo, Ele não procurou uma solução por meio de suicídio. Ele não
viu motivo para continuar vivendo (Jó 6:11), mas não tomou para si o direito de terminar sua vida. Elias,
em um momento de depressão, chegou até mesmo a pedir que Deus tomasse a sua vida, mas não ousou
tirar a própria vida (1 Reis 19:4). Jeremias amaldiçoou o dia de seu nascimento (Jeremias 20:14-18), mas
não cometeu suicídio. Paulo sofreu com seu espinho na carne, mas não tentou escapar pelo suicídio (2
Coríntios 12:7-10).
O Apóstolo Paulo impediu o suicídio de um carcereiro (Atos 16:28). Logo em seguida, Paulo, e também
Silas, apresentaram-lhe a solução: fé em Jesus Cristo (Atos 16:30-31).
O senhor Jesus disse que neste mundo teremos aflições, mas que devemos ter ânimo porque Ele venceu o
mundo (João 16:33). João nos disse: “O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que
vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo? Somente aquele que crê que Jesus é o Filho de
Deus” (1 João 5:4-5). Nossas aflições não devem ser motivo para recorremos ao suicídio. Devemos
encarar os problemas com fé em Jesus Cristo, porque Ele é Emanuel, o Deus conosco (Isaías 7:14;
Mateus 1:23), e nos ajudará. Portanto, devemos entregar os nossos problemas nas mãos de Deus em
oração, com fé, e esperar o Seu agir sem duvidar (Marco 11:24; 1 Pedro 5:7; 1 João 5:15). “Não andem
ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas
mentes em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6-7). E então poderemos dizer como Paulo: “Tudo posso naquele
que me fortalece” (Filipenses 4:13).
Jesus disse: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês
encontrarão descanso para as suas almas” (Mateus 11:28-29). Sempre que tivermos algum problema,
devemos ir a Cristo, pois Ele prometeu nos ajudar sempre: “Portanto, visto que temos um grande sumo
sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que
professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas
sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim sendo,
aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e
encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hebreus 4:14-16).

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